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eA LY. OR oe DO BRASIL NUMERO DE Detalles de Ele- gancia e Me a da mu- famosas especialistas brasileiras — Elza Marzullo, autoridado de mérites in- © livro destina-se 4 aplicagio correta dos detathes de oleginci acérdo com os teados — Chapéus — Decates de acérdo com a tipe do reste, a confor= macho das partes que 0 Personalidade trabalho, com virles capt compécm, ctc., mos, per= tules sébre psicologia, me- O mais completo manual dicina ¢ o' tipes femi- a % cabelos. Do rte. Da ay DETALHES DE ELE- Pancis 210 gconuelal “pare ana ‘em geral, pois facilita-the GANCIA E BELEZA foi fpvalrdie tall O queda cals: di uum maior citculo de amplamento ilustrade por | tingio e canfianca prépria, As patia no meio onde vive! ee cl pase Peege ea maneiras digrias. Ensinamentos Prego — Cr$ 60,00 *§ 60,00. A Vida do Bebé Cuidemos da erlanga “com amor ¢ persaverangal ey Todor os dias, com pa~ cléncia e desvélo, tem a mae de vigiar seu bebs, Nao basta, porém, amor ‘iso sabér como guisr a cria¢io do filhinho. E nenhum livro brasileiro & mais completo do que A VIDA DO BEBE, do Dr. Rinaldo De Lamare, pedia~ tra muito co ido, que cond notivel volume téda a sua lenga cxporiéncia @ tados of conhecimentes moderne sdbro 0 assunto _ Este livre € q mais facil de ser manuseado. apresenta mais conselhos dteis, O que grificos o receitas. Um livea de utilida ‘todos os lares, Um conselheira das mies ¢ um amigo das criangas. Cr§ 60,00. para o euidado da mulher. A beleza dos olhos. Dos ra que a mulher lidade -marcante” ¢o} ias e grifices, cons ‘8 capitulos essenciais de BE- LEZA E PERSONALIDADE, de Verénica Dengel. mulheres de tédas as ragas @ de todos 05 gostos, o fanixou © seu livro consi doo melhor no género. Traducio © adaptacio para de Elza Marzul ‘Gr§ 80,00. A Arte de Sed ‘A mulher tem uma arma ps aprender a uss-la! Terry Hunt — com A ARTE DE SEDUZIR, onsina 4 muther come aproveitar suas qu dades inatss de bondade © seducio. Notivel pelo scu canteddo esta obra é uma simula de muitos anos de experiéncia de um perito no tratamento das mais famosas estrélas do ci- noma SEDUZIR nio 6 um compéndio do engodos © malicias. Pelo contririo, 6 um volume bem pensado, com mentos sdbro o comportamento da mulher tura déste livre 6 de gran- de proveite para a mulher “per= fo- Manual das Maes Um mestre ajud: mats a eriar 05 filho: Criar um fitho & das ta- mais dificeis © com- das, Além do earinko materno, da desvelada as- sistancia do pai e dos pa- rentes, © aovo ente precisa dos conselhor € da experiéncia de pessoas que sé especializa- ram no tratamento das criancas, Dai um novo ramo da medicina — 2 pediatri: deira Marques, conhecida autoridade ‘unto, reuniu em livro — MANUS MAES, 5 ultimos conhocimentos sébs tria e ofereceu as mies brasil tho notivel. Vasado em linguagem com tabelas, ilustracdes © regras ficeis de se- rem seg MANUAL DAS MAES é um ro- teiro para a mie no acompanhamento da vido ia do nascimenta até atin- Pre Em tédas as livrarias ou pelo Reembélsc Postal Rua do Livramento,. 203 - Rio de Janeiro Rie — Setembro de 1949 PEDIDO DE REVISTAS Sr. redator: ‘Vindo a mea conhecimento que, por geatilem do prezado amigo, esto sendo fornecidas gratuita- mente revistas As bibliotecas publ as, solicite seus bons oficios mo sentido de encaminhar um exem- lar mensalmente para a Biblioteca Pitlica Municipal de Sorocaba. Estou me dirigindo as demais firmas congéneres, a fim de, com 53e5 elementos gratuitos, propor- cionar mais oportunidades de lei- turas ¢ com isso fazer alguma pro- Paganda das editéras. ‘Conto, pois, com o apoio do cs- clarceido espirito do- distinto amigo. L. P. Nascimento Soracaba — Sio Paulo. % Até 0 momento nossa organisa- io 56 esté distribuindo revistas ds bibliotecas de hospitais e sanatdrios. CONCURSO DE CONTOS Sr. redator: Pego-the a finoza de me infor- mar qual a importincia que esta revista paga -a0s candidatos. vito- iosos no Concurso Permanente de Contos. Anésio Ribeiro Niterdi — E. R. * Pagamas Cr§ 200,00 pelos tra- balhos premiodos, logo apds a sua publicagao. Sr. redator: As docntes tuberculosas interna das n0 Pavilhio D. Leonor Men- des de Barros, vém fazer umy jus- to apélo 0 senhor no sentido de thes ser concedida uma assinatura gratuita desta muito apreciada re- vista, a fim de se recrearem nos momentos de so- lidio que ora atravessam com tio insidio- sa moléstia. Ou- trossim, avisamos 20. se- fnhor que 0 Pa- yilhio D. Leo- nor Mendes de Barros pos - Sul tuma —modes- ta biblio- teca, cujos volu- BASTA cle rossin! mes sio adquiridos por donativos Esperamos, pois, que o senhor se digne fazer de A CIGARRA uma colaboradora dessa nossa humilde biblioteca, Zélia Oliveira Sa , Campos do Jordio — S> Paulo. % Seu pedido foi tomado em con- siderasdo, ASSINATURA Sr, redator: Deparando-me com tm exemplar dA CIGARRA, logo fiquei con- vencido de que se tratava de uma excelente revista. Desejando estar em permanente contato com ela, ¢ come aqui néo hi agéncias de pu- blicagdes do Rio, venho solicitar do senhor algumas informagées 33- ‘bre o que deverei fazer para dela obter uma assinatura anual, Luis B, de Corvolhs Caroling — Maranhio, + Envie o importdncia respectiva em wale postal ou em carta com valor declarado, ou mesmo em che~ que, & nossa Administragdo, jun- tando seu nome e enderéco’ com plete. Sr. redator: Estou the fazendo esta carta para r do prezado amigo um ¢s- mento, s¢ possivel f6r, sdbre as condigées requeridas para ins- crigho de trabalhos no concurso permanente de contos promovido por esta revista, isto é limite de paginas, temas, ete. Elyol L. Braga Curitiba — Parana. «= WILSON'S ere. * 0 mimero de piginos no deve exeeder a seis ou sete, ndo $6 por conveniéneia de espace mas tamn- bém porque dentro désse limite 4 pode escrever, realmenie, um bom conto, Quanto ao tema, nba temos Preferéncia por nenhum, —conce= demos a mais ampla liberdade de escolha aos candidatos, ob- servondo-lies o~ penas que os re- ‘lize dentro do do es piri- to do nos- ga revista. FIXA COM SEGURANGA E MEGLTO AS DINTADURAS | Pest OM Um SU Ce A causa pode sero figado ome piLuLas ‘at Cae O JUBILO SIGNIFICA, AS VEZES, 5 3 DINHEIRO GANHO NAS APOSTAS:.. 5 oe) cae cal ne ESPLENDOR B MISERIA DE UMA Texto de HELIOPHILO TERRA CIDADE Fotos de XANDRE PoULes VENCEDOR APOSTA-SE MUITO, MAS E’ DIVERTIDO. No mais belo hipédrome de mundo, a apostas ascendem 9 mals de um mithbe de cruxciros. P OBESE dizer que o Rio é ainda o grande desconhesido da maioria dog brasilziros. Isto nos veio com mais {rea 4 men- te quando durante uma excursiio que empreendemos ao interior de Minas Gerais, foi-nos dado o prazer de palestrar com centenas d: eriadores de gado. A quase totalidade, a uma pergunta que levavamos & guisa de inquérit respondeu que 0 seu tinico dese- jo, se as condicées Ihes permi se uma visitinha 4 metrépole, tia de ver o mar ¢ 4 sta iment sido sem fim. Como quisésse- mos saber os motivos de prefe~ réncia tio exclusivista, éles nos explicaram: = Sim, 0 mar. HA mais algu- ma coisa que ver? Esta ignorincia da nossa terra, se bem que lamentivel, nfo che: ga porém a nos surpreender, Es- para o francés o Brasil & wina colnia africana, onde se fala telhano ¢ se com: gente no me das ras, © que Buenos com a Casa Rosada ¢ Don de permeio, € a nossa capi Isto se nos afigura mais um 9 blema de Tatitude © de pouea tr nastidade nas escola frances. com relaciic ao ensino da geogr: fia — matéria feita pat lar ¢ se conseguir médi que um menosprézo colctive con tra uma’ nacho tradicionalmente amiga, No Brasil, existem igual mente bacha faz Franga um juizo ainda jorative. O que importa no caso, € o que deve nos envergonhat, € a nossi tremenda ignorancia com rei réneia a nossa propria terra Pouico sabemos do imenso “hin terland” que nos cerca da mesni forma que os nossos homens ‘lo campo pouco ou quase nada sa- Wet idiee ads eseeyio ae” mar, que faz propaganda por conta prépria em virtude das «+ pecialissimas ho- mem em seu ~ de terra e vegetagio, de vegets- edo e terra, tudo o mais € tabi para o yaloroso brasileiro do in- terior. Nao existe aqui um servico i turismo que distribua folhetin= ilustrados sbre as nossas coisas A iniciativa particular, que outtos paises compreende o in terésse das grandes organizacé hoteleiras, ainda nao ultrapassow © baixe gabarito da publicidad chi mal orientada. O- propr cinema nacional, a quem caberis um papel de relevancia como ve culo de propaganda impliciia « gratuita, debate-se aos sdcos pontapés sdbre a estuea zero mereé de monopolizadores imp triotas, Em compensagio, om ismo estrangeiro faz dos filme: exportados uma excelente cab “e ponte para canalizar turi PO eneontro de siias coisas © di- wheiro para sua economia, Por conseniiéncia, enquanto sa- hemos tudo sébre a Torre Eiffel © 6 Portéo de Brandenburg: whoramos exatamente tudo en: relagao a0, arrdjo. de engenharia da ferro-carril Si0 Panlo-Rio Grande, Conhecemos 0 Federal Bureau of Investigation de cabe- $a para baixo, mas mantemos um alheiamento total & existéncia da Escola de Policia do Rio de Ja- , Nem mesmo as glorias na- cionais eseapam ao absurdo dés- se critério. seletive. Gastamos um més indagando de pessoas bem iiformadas sébre a circunfsrén- cia das eoxas de Ava Gardner ¢ wetite ha que anda até hoje a ae ag ROTARY CLUBE foi a maior dos Uitimos tempos. ‘A CONVENCAO DO. procura da graga dos conhecidos cretinos Abbot e Costello. No en- tanto, 56 nos foi dado conhecsr Portinari ¢ Niemeyer apis 0 vis- to de New York © Paris, Por sua vez, qualquer cidade- zinha americana ou curopéia ten a venda excelentes guias turisti- 08, ornados de fotografias ¢ com textos explicatives no verso, em dois ou trés idiomas, sem. omis- sio de uma planta geral que ner- mite ao visitante andar calma- mente pelo emaranhado de rit\< sem corer 0 riseo de se perd Aqui nada se féz nesse sen do, © nosso homem do interior (o estrangeiro tem cicerones, toméyeis, etc., ete.) se ve comp~ Jido quase sempre, a menos que tenha amigos na cidade, a bater pernas pelas ruas cm auténtico sydo"cego ¢ a consumir em pat ys inditeis um tempo muitas Jonge tem de subir ac phecer umas fatiazinh de. Se n&o, vit-se-4 ma contin- gencia de continuar as apalpade- Tas, entre 0 borborinho de pes~ soas ¢ a agte: ares m em dias de ay hocarra eseanca Lapa, dos que co- ros a dose de uma érmula secreta de uisque ordi- solugio. cuja compresnie 10% Nie seriam comunistas nério © 90% de fgua filtrada, 0 que j& nfo dei ser yma grande vantagem. I se ainda no rol das coisas p veis a suprema ventura de um mariposa o amar _perdidament® até © seu diltimo tostio. Se o caso porém nossos magazines a2 incluam de carteiras em meio as agloms- Fagbes dos pontos de embarque. ‘Vézes ha também — quero agora me referir aos provincianos que vém a metrépole tentar a vida — a irresistivel tentagio day quadr Ihas de chantagistas, Iuxuosa~ mente instaladas, que arranjam emprégo mediante fianga, que oseila entre cinco e dez mil cru- zeiros. Bstes voltam a terra sem ver o mar e com a dolorosa im- Bresso que os cariocas niio pas: sam de uns refinadissimos lard- los. Do Rio pouca coisa vém, Le- vam sempre a idgia de que as coisas bonitas ou nfo existem ou esifo cioramente reservada para ‘os futuros museus d= antigilida- des. Tudo é secreto, FALSAS LIQUIDACOES mio so raras entre nds, © povo paga trés vixes malt @ penta re os maiorés da América, pela variedade do Pouguissimos os homens do in- tetior, ¢ até mesmo os cariocas, que enquadram o Rio na conta de uma cidade incomensuravel mente bela e chcia de atrativ Que poucas cidades se thes igua- Ta em vida ¢jpujanca e nenhuma Ihe basta eal belezs, Que posnul récantos maravilhosos © costumes assaz pitorescos. Que é uma ci- dade cheia de mistérios, de pe- quenas coisas ocultas que o de- Ieite do visitante mais exigente, se conhecidas, Que seu novo nao The desmerece em exuberincia ¢ giéria. Que ao é, como se pro- pala, um aglomerado de tipinhos vulgares que s6 pensa em fut:bol eno Ref Momo, que nasce sam- bista € morre ‘indigente e que passa a vida a inventar piadas mais ou menos imorais. Que ¢ @ pagou duas igor @ movimento do sobretudo vivo, dz uma vivacida~ de que magnetiza © domina, a0 mesmo tempo sentimental e rispi- da, alegre ¢ valente. Que com o mesmo ardor que aiiui aos hipé- dromos + estadios na ansia de recordes de bilheteria correm pa~ ta atender 20 chamado da ph- tria, Na guerra passada bateram igualmente o recorde de partici- pagho na forea expedicionaria, Assim € 0 earioca, assim & 0 Rio, Preférfamos que a nossa his- ‘toria comecasse hf §0 anos an- tes, a fur bruxoteante dos fam- pebes © a0 doce rufdo de avelu- dadas berlindas, Aquela época, entre 1885 ¢ 1920, assinalow-se a idade de ouro do Rio, Pintar-se- vixes menos... Entretanto, ot wendss.O crime, bs vixes, compensa ia déste modo um retrato da ci- dade em sua adolescéncia. sonba- dora ¢ viril, rendilhada de boe~ (~ mia ¢ romance, de camaval de vyelhos ¢ dominds, de mulheres in~ Ps génuas ¢ homens delicados, Porque o Rio j& € balzaquiana com os primeiros fios brancos 2 the bordar o cabelo, Acs sonhos [7 douradas suceden Tio de Menezes e Guimaries Pas- sos cerrando 0 carrossel do cs- plendor. Apareceram outros, mas- carados ¢ sabujos, a pedinchar palmas num rodeio dem Vé-se uma academia, derradeiro baluarte da juventude —dourad prostituir-se pibl gando-se ditador siti ESTE FOL 0 QUARTEIRAO DA BOEMIA, na idade de ouro do Rio. Ci- dade Ex-Maravithosa, “Como osth barato dste artigo nesta casa!”... © ante é quase sempre um chamarix para atrair um freguex a ‘que rouba didriamente em tédas as mercadorias menos am ums NO QUARTEL como astes. CENTRAL DA ILHA DAS COBRAS hi jas sho legitimamente os precursores de uma geragio de algumas centenas der: s ¢ saudavais jados simples e braves UMA ESCOLA E MIL DESTINOS Texto de GASPAI No Corpo de Fusileiros Navois ha oportusidade para todo jovem po- bre do pats — Cursos téenicos-es- pecialisados dos mais perjeitos do Brasil — “Diga a mocidade bra- sileira, de morte ao sul, que preci« same de alunos para encher os nos- sos claros”” — diz 0 Alm. Silvia de Camargo — Uma nova turma de Aspirantes Fusileiros — Notas. ANDO D. Jofo VI partiu de Lisboa para o Brasil, acompanhou-o nessa viagem 0 “Corpo de Marinhelros-Puzileircs Navais”, sendo orlginado da Bri- guda Real da Marinha — criade RINO DAMATA — Fotos de IRINEU BARRETO naguela cidade por Carta Régia de outubro de 1797. Esta Briga- da chegou ao Rio de Janeiro a 7 de margo de 1806, tendo os ma~ rinhelros-fusileiros desembarcado e se alojado em edificios nas proximidades do atual Ministério Ga Marinha, restando ainda hoje uma pequena parte désses aloja~ mentos no prédio onde funciona a “AssoclacSo dos Suboficials da Armada”; mais tarde, 0 Cor= po de Marinheiros-Fuzileiros {oi transferido para a Fortaleza de So José da Dha das Cobras (atualmente Hospital Central da Marinha) . Voltando D, Jo&o para Portu- © DIA MILITAR do fusileiro naval comeca codo «, Arduo. Este cometairo 14 2 ordem da ia © prepara-se para cumpri-la. gal em 1821, deixou aqui no Bra ‘sil 9 Corpo de Marinhelros-Fuzi- Ietros — que no ano seguinte re- eebeu a denominacio de “Corpo de Artilharia da Marinna”, como recomhectmento pelos servigos, prestados. Em 1847 fol dissolvide © Corpo de Artilharia da Marinha, sendo entéo crlado 0 atual “Corpo de ‘Purileiros Navais!” — que por sua ‘ver ndo tardon a receber uma nova denominagéo, pasando a chamar-se “Batalhio Naval”, para mais tarde ser também dis- folvido e ressurgindo entéo com o nome de “Corpo de Infantaria da Marinha”. Em 1908, ainda hou- ve outras mudancas: © Corpo de Infantarla passou a chamar-t6 hovamente “Batalhéo Naval", para em principlos de 1924 de~ nominar-se “Regimento Naval”. E, finalmente no ano atribulade de 1932, apds uma série quase In~ termindvel de mudanga de nome, aumento © diminuighe do seu efe~ tivo, rectbeu o Regimento Nava! ‘a denominago que lhe fora dad ae 16 por voltas de 1847, isto &, “Corpo de Fuziletros Navais” Genominagilo essa que se mantem ‘até 0 nossos dias, com um efetl- vo de 3.010 pragas — metade Go de miuitas outras corporacses mt- Utares do pais € que, ao contra ro dos Fusllelros Navals, — um Pequeno grupo de homens ocupa~ dos em mile um afazeres, ga- mhando um ordenado Ingrato, in- significante, vive por ai afore de mfios abanando, na boa vida... NA ILHA DAS COBRAS Q atusi comandante do Corpo de Puailelros Navats ¢ 0 Almi- zante Silvio de Camargo — um hhomem jovem, culto ¢ de uma ‘Yersatilidade prodigioss. ize sér o “Benjamin” do Almiranta- do. Falando um inglés desemba- ragado e possuldor de um bom humor Inigualével, o Almirante EXEMPLO elissice da raga brasileira VELANDO pola nossa segurancs, OS FUZILEIROS sio estudantes atencicsos © ivider de conhecimento. | SAQ ALEM DISSO excolentes motoristas @ mecinicor competenter. © SERVICO DE SINALIZACAO. no quartel central da Iiha di Cobras opera com eficidncia. encanta logo & primeira vista, pols nfo possul o menor resqui- clo do eléssico carrancismo mili~ tar que é um verdadelro entrave hao somente 0 subaltemno, bem como ao civil, delxando-os infbi~ dos, sem jeito... © Almirante Silvio de Camargo encorejou-me a fazer um trabalho honesto, impo e sob um aspecto social dos mais aprectivels. — Meu caro amigo — disse o Almirante Silvio de Camargo, sente-se, figue & vontade, Depois, apontando para um quadro his- torleo A parede do seu gabineve de trabaiho, disse-me: — Repare bem: num pais como éase nosso, onde tudo muda, s0- mos a nica corporacko militar que tem conseguido conservar'o seu uniforme primitivo! Nao acha que é um verdadelro mila~ gre, hem? — acrescentou 8. Excia. Além do mais, veja bem! © Corpo de Puzileiras Navals é a mais tradicional, 2 mats antiga corporaglio militar do Brasil, di- B& aos leitores de sua revista, — Bem, esteja preparade para seguir comigo amanhi as 730 pata a Iha do Governador — eorescentou §. Bxois, Quero mostrar-Ihe “in loco" como os nossos rapazes se preparam mi~ ltarmente — disse-me ao se des- pedir, pondo-me & disposiclio do ‘Tte, Clemente Monteiro, oficial de dia e que fleou encarregado de mostrar-me as demais depen- | déncias do Quartel Central, bem como fornecer-me dados referen~ tes A inclustio dos candidatos ao Corpo de Fuzileiros Navals. COMO SE PREPARA UM FUZILEIRO © Tie. Clemente Monteiro é um jovem mineiro dé , bastante edueado, muito didati- co, Fol um dos bons alunos da Turma de Oficiais do Corpo de Fusileiros Navais — curso que vem sendo feito na Escola de As- pirantes na tha de Villegaignon. Bem, de entrada, os candida~ tos go alistamento devem apre- sentar-se volunthrlamente, pre- enchendo as seguintes condigbes: (a) ser brasileiro nato; (b) ser maior de 18 anos; (c) saber ler € escrever; (d) ter no minimo 1,62 de altura: (d) ter bons an- tecedentes — fOlha corrlda da Policia, eto. O candidato apresenta-s¢ a9 Q. Central na Tha das Cobras, entéo encaminhado ao ‘Tie. ‘Allstador, onde preenche ums fi- cha individual — disse 0 ‘Tie. Slemente Monteiro. Depois, mar- ca-se 9 data na qual o mesmo deve apresentar-se a fim de ser submetido 2 um exame de sele- OS FUZILEIROS do Brasil seguem os mesmos métodos de instrugio dos Famosos “U. §, M fines” dos EE UU, ita nos superio- VETERANOS ensinam aos recrutas m para a maior os mil e um sogredos de uma ti- is. hemisférios. _tiea de combate das mais apuradas. = li métodos de exercicios militares. SISCIPLINADOS ¢ obedientes, rccanhecem com gratidae iqucles que oF orientam no bam cumprimento dé sua clevada ¢ honrosa missio OE PRONTIDAO, pois o dia de APRENDENDO » mancjar com in- amanha é sempre obscura e ineerto, teira seguranga tanto as armas Bere 200 JUMAIBSNSIN = Coraguenyi dlaclplind 'a: caine, Bevncar'-coimo\ ou Tamers! gaew 18 go — que consta de uma prova de Portugués e outra de Aritmé- ties, demonstrando que sabe ler e escrever, Um teste de inteligén- eis, que equivale aos primelros anos de Curso Primério. Bem, os. candidatos aprovades nos dois exames preliminares serio sub- metides a um exame médico no @. Central; apis o exame mé- ico, serfio alistados, recebendo- nese momento niimero e farda- mento. Findas essas formalld: des, 0 candidato @ entregue & Cia, Escola. Comea entio o chamado periode bésico de for- magho — que consta de 13 sema- nas nas quais éle é submetido a um teste de verificag&o, para se constatar se él¢ realmente apro- veltou o perfodo de treinamento; ‘aprovando, passa a pronto. Nesse perfodo de formagiio o aluno co- mega pereebendo por més uns 300 cruzeiros _aproximadamente, — disse o Tte. Clemente. Mas, prefiro falar-Ihe isso depois; ponha-se primero em contato com o pessoal da Tha do Gover- nador. Temos 14 uma turma de 200 homens, aproximadamente, que esté em vias de terminar 0 erfodo bésieo de 13 semanas. Quando voltarem serio distribut- dos — acrescentou o Tte. Cle- mente Monteiro detejando-me uma fell viagem na manh& se- guinte, NA ILHA DO GOVERNADOR ‘No dia imediato, as 7.30 da manhf, o Almirante Silvio de Camargo me esperava em frente 90 prédio do Ministério da Mari- hs, acompanhado do seu aju- dante de ordens, o Cap. Rober- vale o Tte. Coronel Howard Kirges, do célebre Corpo de Fu- ailelros Navals dos Estados Un!- dos, que tanto se destacou no {il- timo conflito mundial por sua bravura. O Cel. Kirges é uma expécie de “instrutor-conselhel- ro" junto ao nosso Corpo de Fu- ileiros Navais. Em dols jipes rumamos para a Tha do Governador, onde um Destacamento de Pu- gileiros estéve em exercicio, E’ constituido por elementos da Cia. Escola, Servigo de Comuni- cago ¢ elementos dos diversos Servigos do Corpo de Fuziletros Navals. Essa tropa, num total de 200 homens, estéve sob o coman- do do Cap. Tie. (FN) Ives Ca- Jatl, Comandante da Cla. Esccla, ‘Apés Teceber as continéncias de estilo da tropa, o Almirante Sil- vio de Camargo cumprimentou seus subordinados, apresentando- me em ‘seguida ao Cap, Tt. Ca- Jatt, que disse: (Comma wa pic. 67) NA ESCOLA NAVAL, os aspirantes (FN) gstudam com afinco para. manter sempre bem alto @ nome do tradicional Corpe dé Fusileiros. ‘A CARTA MARITIMA para Gstes futuros oficiais de Corpo de Fusileiros Navais, ndo tem segredos. les a estudam em todos of detalhes Ee err CS ee ‘ Este romance, cuja parte final 6 hoje publicada, obteve o Prémio “Revista A CIGARRA” no Gran- de Concurso Literario promovido pela Emprésa Grafica “O CRUZEIRO" S. A. Romance de JOSE FERREIRA LANDIM XVIE Contei mew dinheira todo: 325 nil_réis, 0 daria mais para nada: tan- to importava perder tudo no jégo, conde me roubavam as claras, como atirur niigua as Gltimas notas, se- bentas ¢ esfoladas, © batelo, pesadissimo, continua- vaa subir o rio, beirando a,mar- gem, para evitar a correnteza, em plena’cheia, Por mais lentamente que avangassemos, a quitha rombu- ds levantava ondas coléricas, ati- rando-as de eneortra & mata, inut- dada até aos seus recesses. — Eh, bicho brabo! Tu tem & ‘que amansd,.. Nio me deixavam em paz. Dos 18 homens contratados em, Manaus, (ra tuo tnica “brabo", inadap- faclo @ regio, incapaz de bravatas, Gstrangeiro. em men pais, vitima marcada para todos os escarneos. Manelio, caboslo duro, capataz ch turma, veio para a proa ¢ sen- tou-se a mea lado, num saco de feijio. Desde a véspera que in- sistia_em vender-me um Colt 38, sem fazer questio do pagamento imediato, Que eu entrasse na mata sé com 8 roupa do corpo, era coisa que nig ‘spantava ninguém; mas entrar de- sarmado, era absurdo, = Aqui Promoti é 38, Juiz De- eit € 44, the os 325 mil e reeehi a arma, j4 muito usada, com duas cargas apenas; depois, Ge me ven- dkria a munigéo. = Que lugar & ésse? — Vamo entré no Rio Branco, mio demora muito, Aqui é 0 esti- rio do Cunhamutum, pegando com © juparanii do Cantagalo. Tocou a sineta da béin ¢ ale dei- ume na_proa; era da 1* mesa cu da 24. Um prato de arroz empapade, carne assada, carne co- vida, farinha digua ¢ café: até ali, cu havia comprado alguma coisa RESUMO DOS CAPITULOS PUBLICADOS um internato em So Paulo, um rapas érfdo termina os estudos secundiiries ¢ val seguir © curso de Direito. Sto os tos que Ihe custelamn 8 éstudes © suns férias so passadas no Barranco, fasenda lendiria os Mascarenhas, mantids nas velhas tradigées pelo capricho de aim Maguate ds indistria conhecide mil prodvos: “J. P.". No Barranco, o rapaz ereset ¢ se apatxcna, stmull fAneamente por duas mogas — Peruinha e Bily. Ao satr do Internato, 1% He © deciarn maior, the’ estabelece mesada e parte com tide a familia bara @ Buropa, Max na serra de Santos, 9 autotdvel tomba num abis~ ma ¢ 0 esiudanie driée 4 felte herdelro Unico da enorme. fortuna. de “3. BW", Vem estudiar DireRe no Rio, numa vida morigerada ¢ rotinel. ta Bnquanto isso, no Marranco relutam em acdlté-lo coma 0 nero “se- nhor'’ Peruinha une-se 8 éle stm reservas, ¢ Bilu, que estd no Blo mo: Fandd om 08 padrinhos, triunfa na sociedade eariora, Per outro lads, ‘as steledades comerciais, ax tébrieas, a plantagies — idan as emps sac de “J, Pi", vo sendo transformadas num tnieo edlficie, de pro. porebes exiraordindrias, na ensendn da Gloria. Z¢¢a continua série, ‘pelo irresoluto Nido quer impor-s ne Barranco, dnde realiza notdyels.tmelho: yamentes, stm quebrar as tradkcdes, No Rio, eneortra Sila varian vise © praiica desportos, namora ® estuda sem muito interés. Burge 0 Es fado Novo. Como “J, P."* havia sido integralista, o Barranco é invadido Zeca metide na cadela. Mas seu banquelro sabe como faser sanar © contratempo. Passados dois anos, quando ‘= fortuna se onsolida no imen- 80 edificio e tude the corre As maravithas, a vida parece exvauiar Peruinhs foge com um sueco, ilu fica notva no Rio © 0 Derranco 86 forma intelerivel Sem patente « sem amigos, seu refdgle é Beth, uma Unda debutante gri-fina, A pedido de Bilu, cede-the o solar histérico do Barranco, para que a moca © ce padrinhos Id se demorem numa temporada. Mas nio fesiste A saudade dos velhos tempos © volts, por ‘uns ins apenas: um ineidente fax rerlvér o amor por ilu, que em who entava sufocar, Também rem atrds. Zeca atrtdoa-te no Ge 0 golpe de misertcérdin: dands-se ha Amazéola. ela se comove: mas ¢ muito tarde pars veita- A carta de deepedida de Bila ¢ para dena tudo e parte sem desting, afun- $$ $$ melhor, no régatio que vinha a reboqud; mas jd nfo tinha mais um nique! Levanteime, desenferrujando. as pernas e olbei para o imenso len- gol digua: era impossivel divisar a outra margem, Pela primeira vez estava testemunhanda aquele espe- ticulo fluvial, que © préptio Ama- zonas me havia negado. — Té vendo 0 que & rio, seu Paulista? Gente do sul, braba, era panlis- ta, Mas dos 18 contratados ape- nas 2 cearenses ¢ um marinkeiro desertor stbiam, ao certo, 0 que havia no mundo, depois da Bahia. A China, S. Paulo ea Turaui ram terras demasiadamente di antes para que pudessem interes sar. — Luga bio de vé & Id em cima, 0 furo do Cujubim, — Lage do Ong... lembrou ou- tro, sentando-se no saco de fei- iio. Gostaria de saber pam onde ia aquéle feijo, que ja se esparrama- ya pelos furos no saco: eu ¢ que no comeria déle, As bagagens es- palhavam-se por téda a parte € ninguém parecia cuidar do que era seu; limpeza ¢ cuidado eram para as armas, o resto nio pagava a pena. — Deixa eu vé dese bicho.., Entreguei o Colt récem-adquiri- do ¢ 0 entendedor descarregau-o, de ao gatitho, tornau a carregar, mirou, travou a arma ¢ restituiu-d sem um comentario, (Conrtmia va who. 58) FAMILIA DE REFUGIADOS entra em conte que orcothew para sua nova pétria. Tr de uma fazenda do in eujo solo rico A PAISAGEM SE RENOVA aos olhos das criangas. Nie mais os campos devastados pela mai vel das guorras, mas sim uma riquissima terra banhada de fux, cheia de tranqillid abengoada por Deus, TRABALHO DE PIONEIROS 6 0 Nidades @ ax experangas @ 130 ir, de colaborar no angrandocimente do pode concorrer para © noiso socrguimento econdmi PROBLEMA do ikea dos chama- dos Deslocados da Guerra ¢, sob o aspecta so- cial ¢ humano, a mais importante “tarefa que a ONU esté realizando. Nenhuma cutra convulsio politi em téda a Histéria, desde que o mundo € mundo, registou nimero tio grande de refugiados, como a hheeatorbe que abalou a humanidade nos aflos dé 1939 a 1945,, Findo o conflito, sémente na Europa, ‘contaram-se pada menos de oito milhdes de deslo- eados ¢ refugiados, apenas na Alemanha, Austria ¢ Italia. Gente de tédas as religiGes ¢ de tédas as clas ses; homens, mulheres ¢ criangas; agricultores, pe quenos industriais ou simples operirios. Urgia, poi recolocar éssesmilhdes de humanos, ajudan do-os a encontrar 0 novo eaminho da vida, Os so- breviventes da gratde tragédia wniversal mio po- m sucumbir 4 mingua de auxilios, em plena paz. bem dizer. Se'o' conférte nie & grande, a poss tuasem uma docidids do trabalhar « de cons- 1 scolheu. £° uma gente forte, laboriosa, « que 0, Pode ser a solusia de um grave problema nacional. Foi enttio que comecou o trabalho gigantesco em rol 03 refugiados, levado a efeito inicialmente pela Admitistragio de Socorro ¢ Reabilitagio das Na~ ‘¢hes Unidas. Veio depois a UNRRA. Mas a assis- Xéncia era incompleta, dada 2° complexidade do Problema, Tornava-se necessirio algo mais, que pu- esse proporcionar aos refugiados, além do socorro imediato, a solusio definitiva da aflitiva situagio en gue se encontravam. E assim nasceu a Organizagio Internacional de Refugiados, fundada para auxiliar $ pessoas que a guerra ou sas conseqiiéncias ar- rancaram do solo natal, fazer voltar aos respectivas palses os que desejassem regressar, proteger e ajudar ‘08 que se recusassem a fazé-lo por motivos raciais, politicos ou religiosos, dar-thes, enfim, a oporttni- dade de se reestabelecerem em qualquer canto do Woxrneus wa whoa 32) ment, ajudande-os a arar a terra @ faxendo-a pro- dusir. A lembransa dos diss dramiticos da guerra se desfax neste serriso de confianga no futuro. OS CAMPOS SE ABREM para os homens tade. Aqui éles podario reconstruir crificadas pela guerra, trabalhan grande oportunidade que Ihés estamos oferecende. © CONGESTIONAMENTO do trifogo assume aspecto de calamidade publica, mas oferece, a0 mesmo tempo, DUAS PESSOAS mortas por dis sie at vitimas des automéveis de Rio, numa cidade de apenas 100 mil veiculos. A quem cabe a culpa? CAMINHO LIVRE PARA SUA EXCIA. Texto de WALTER ALENCAR Fotos de DANIEL LYNCH AS coisas anarquizad. sem solugao, €, no Ri Janeiro, 0 trétego um mal créni co ¢ irremediavel, Edgar Estréla aeusa a topografia da cidade (que é mineral, existe mas nao fala), nquanto os pedestres, mais ob- ivos, preferem debitar a cala- midade & permanéncia déste irr ] quieto senhor 4 frente da repac= tigdo de transito, A dar razio a ambos, 3 nds, infelizes péssinchados, $6 resta um consdlo — 0 de nio poder sait mais 4 rua na doce e je bitantes , Sob a vigncia da séea, quando raiava a teme de sair de casa sem uma ap: de seguro de vida no bélso, Ap ma indistargivel beleza panoramica has uma diferenga: 1 eram as “gangs” de Al Capone, Spike * Donnell ¢ Jack Zita a metra- F meio mundo por “conilito de isdigd0”; aqui sio os automé~ veis a fazer o mesmo servico em defesa da tese do “espaco livre Quinhentas pessoas morrem an. almente na Rio cm conseqiéncia de acidsntes automobilisticos, O eseore para 1949, até maio, id havia atingido a casa dos 200, Is- to, numa cidade que nio chega 3 possitir 100 mil veleulos, muito. E? exdgerado, Imaginem Se estivéssemos na situagiio de New York, cujo mimera de car~ Tos éxetde ao do Brasil inteito, Mas yoltemos ao prinetpio, Lo. calizadas as causas, conyéin es clarecer © seguinte: 0 St, Edgar Estréla continua firme no seu ra do ninguém" pela audicia dos motoristay Irrespon sivei CENA COMUM NO PANDEMONIO CARIOCA — © ville 6 ¢ criffeio ¢ nenhum twato rre com geleréncin a sua saida. A topografia por sua vez é a mesma ¢ no consta qu algum morro pretende motu pré- prio transferir-se de local. ‘Até mesmo o de Santo Anto- nio, cuja demoligio ¢ possivel alargamento das ruas Relaci ‘Henrique Valadar2s viria desato- gar o sistema Uruguaiana-Geta- Ho Vargas, continua 14, belo # fi oso, servindo de pasto 208 soldades da Policia Especial. AUTOMOVEIS © mais automéveis, a wpejando er navior no cais atsinor @ im Nésse ritmo, ‘A vida dos pedestres carioeas nio pode ficar Tanto verdade, que a coisa vai demorar ¢ que cntinuaremos A mercé dos truculentos “gosto- s” da GMC, & 0 fato da Ré- dio-Patrulha haver instalado no tépo dessa famigerada colina o seus carlssimos apetrechos de ré- dio-trai Ho. O substitutivo para a *solucio Santo Anténio” seria a Aveniaa Diagonal, destinada a cortar cidade da Lapa a Praca de Re- Piblica, formando um qnase tri- Angulo’ com as idas Ri parart? astassines, com onde vamos Seguranga”, transtormada em a mercé dos falsor chofores, Branco ¢ Getdlio Varga: 110 — no papel © na pei = E grande c bom. Apenay qua restriggoriha de ordem econd= O pla tal en- ‘Vargas thos da cara ¢ at obras de remate nay msversais. se arrastam com a velocidade de um chgado tri-centendrio. Mormente agors, Com empreendimertos inadiéveis em curso.¢ a Camara dos Verea- UM TESTE 4 mum ne dores funcionando a todo vapor nérios, zs da. Municipali dade vivem em constantes crises asmaticas a implorar 0 oxigénio de novos tributos. Ora, a aberty: ra da Diagonal importaré num vultoso adi capital, que ficaré imobilizado pelo ex- paca d= 1 ou 2 anos, até que » venda das freas desapropr traga_ alguna compensag justamente fsto que a Pret tena 4 49) FUTEBOL NA RUA, que ocupa Iugar de destaque entre os acidentes tttm como causa a imprudineia de peve. Quan ar providéne’ new look” do trifege da Rio de Janeiro. ULTIMA ETAPA da vida de um homem que acreditou numa “faixa de seguranca.” eve ae aes SP eee io — Setembro de 1949 LINGERIE TO QUE UMA CARICIA A PAISAGEM E' BELA: © mar, a praia @ © coquolral compSem um quadro de extraordinirio colorido. E' meira'que a imaginagio popular apelidou de “Gogé da Ema”. Com o seu talhe singular, que logo a destaca vos da afluéncia de visitantes & praia de Ponta Verde. Mais uma vex caprichou a naturera a favor do belo. CONCURSO PERMANENTE DE REPORTAGENS O GOGO DA EMA Reportagem de EMANUEL LEA‘ © norte da capital alagoana, ha uma ponta de praia, re~ conhecida nas cartas geogrilficas pelo nome de Ponta Verde. Ali, como em téda a extensio do li toral nordestino, desdobra-s: um intermindvel lengol de palmas verdes, que vai se sumindo na dis- tdncia que a vista nfo alcanga. Se bem que em seu conjunto os cogiteirais apreszntem uma bele- za singilar, tomada ¢ observada cada planta de per.si, deixa de oferecer qualquer interésse, mort mente nas zonas onde se torna- ram vulgarissimas, pela abundin- em que a0 encontradas, As- im sendo, em meio a infinidade de coqueiros que cobre béa par- te das Alagoas, ninguém haveria de supor que uma daquelas pal- miceas — uma entre milhares 0 centenas de milhares — chegaria a conquistar o seu pedestal de gloria ¢ passer 4 imortalidade, tal como os herdis de carne € 0880. Bste € 0 caso do Gogd da Ema, cantado aos quatro yentos como uma das maravilhas alagoa- nas. Na suposigio de que a sua fama tenba repercutido por ou- tras plagas do Brasil, estando embora mal divulgada’ nos seus pormenores, que venho elabo- rar esta singela reportagem, fi- tando esclarscer a uns ¢ levar a outros 0 conhecimento dessa dr- yore, que por estranho capricho da natureza, tem sido alvo da curiosidade de quantos passam pela nossa terra. Nasceu o Gogd da Ema na Ponta Verde, em meio a solidio dz uma praia esquecida e & quic tude de um mar sem ondas, Paar tado como tantos outros, «1 iguais condig6es ¢ com o me: mo fim de produzir frutos, acho entretanto, a natureza, por be! the dar uma forma esquisita aniea, torcendo-Ihe 0 sstipe co a facilidade de quem torce arame. Acredito que passow ter pos ignoto ¢ se se tratasse ‘uma histOria de fadas, diria me mo que choron a sua deformi de perante a clegancia retilin dos seus irmios, Entretanto, mesma natureza que the de aquela forma Smpar, tracara-li também um destino ‘nico. Um dia alguém i queiro fadado; ad forma, mas passou adiante se nenhum comentirio. Outro, p aqui que se acha 2 singular pal- das demais, & ela um dos moti- © trenco tem uma graga Gnica, rém, mais entusiasmado com a maravitha, passou adiante g novi ade, Aparecen entio um foté: grafo e bateu-Ihe uma chaoa Puseram-lhe depois um nome, que embora sem razSo de ser, co- Tow € foi divulgado com rapidez. Ponta Verde principio a ser freqiientada. As fotografias se reproduziram copiosamente © por tada parte passaram a ser en: conirados cartées © postais que expnham a sinuosidade do fend meno. Os turistas chegavam ¢ iam Jogo perguntando onde fica- Ya 0 estranho coqueiro quan- do, com a exigéncia natural dos ‘que mio so da terra, achavam miuito alarde por tio pdtica coi sa, terminayam cncantados com a beleza da Ponta Verde. A praia é realmente de nma grande beleza, O mar s2 asseme Tha a um Tago, porque suas on- das ficaram 14 longe na cadcia de arrecifes; sdmente na preamar, atiram-se suas figuas contra a praia, mas sem aquela firia ca racteristica, Quando baixam, mor- mente em certas époeas do ano, (Cow 4) CONTA UMA LENDA que a estranha palmeira foi plantada por ums moga do encantadora belexs, cuja alma nua a rondar estas paragent. | Conversa entre muttheres.... “lh! Sonia...experimentai usar Modess, ¢ nunca imaginei que pudesse ser confortavel, {do macio 4 Usando hd muitos anos & dle a primeira ve 4@ sabia que tinha ontrado. use também CINTO MODESS um descent. no repeeventa ape Representa. mais der que ameags permanente para sux endl Porque 4 sta. nunca poate estir eres do que score quando as mands paras agem. E mesmo quando 4 613 as Tas ign de teams inclusive madicas © outros gue poderio rewulkar em vériat eafermidades. Faieja 4 salvo dests S fipas—um com de Segurongo | ¢ vivo com Prostho | otmancee ameags 3 sua said ne ee a Amboi cin | Wildes = aes Gali Tridngule Patenteado ess € vsado apenas slionina « probless da lavagem um propuro Gohmmonafohien Mo, Anita Galviio — Consultora Ferninina de Jolinion & Fohnse Departamento 3-u- 734-Caixa Postal, 5020-5, Paulp Nome Mae as Ne Cited A GIGARRA - Magazine Refugiados de Guerra (Cownmungio x vhanea 25) undo onde possam trabalhar ¢ viver mente, A Organizagio Internacional de Refugiados ja vacaminhou ao Brasil perto de 17 mil refugiados, soloeados desde logo em diferentes regides. Nio se yeuse que ésses homens ¢ mulheres sejam trastes lumanos, como os que nos habituamos a ver, nos es de horrores sGbre os campos de concentracéo pazistas, Nada disso, E’ gente sadia e disposta 20 trabalho, téenicos, artesios, operirios e camponeses. A Comissio Mista’ Brasil — Organizagio Ine temacional de Refugiadas, com sede no Rio de Jax neiro, tem colocado dezenas désses refugiados em iricas © oficinas, com ordenados munea inferiores mil cruzeiros, Ainda hi poucos dias, um dipi"" (brasileirismo criado pelas iniciais DP, usa das internacionalmente para designar as “displaced persons”) conseguiu um lugar de mecanico de 6 cruzeiros. AO, I. R, unca deixa ao desam- paro os que dela se socorrem, & espera da oportue midade de uma nova rida, alimentando-os, vestindo- os © amparando-o5. Para isso mantém hospedarias a’ Sao Paulo, no Parana, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Estado do Rio, na Bahia em_Goids; unidades federativas que recebido maior contingente de imigrantes désse tipo. E’ pre- iso notar que, antes de ingressarem no pals, os “dix is" freqientaram, na Europa, cursos de Feadapta- ‘tranqiiila- namento elementar para os jovens operrios. A O. 1, R, mantém cursos de treinamento para as se- guintes profissoes: mecanico, ferreiro, pedreiro, car- teiro, eletricista, maquinista, bombeira, mecinico radio, sapateiro, alfaiate e soldador, Sio também vninistradas aus ‘de diversas linguas, inclusive 0 | portugués. Quanto is mulheres, seu treinamento & som especialidde para o servico doméstico, enferma- xem, costura € dactilografia. E’ claro que a2 O. I. R_ nio trabalha de olhos vendados, colocando refugiades coma objetos dentro de um saco vasio. O servigg € feito, mediante eri- ‘oriosa verificagio prévia das necessidades de cada regio, limitando-se 9 cnvio de deslocados 208 pe= dides formulades pelos interessados. Um exemplo do csplrito, que preside a organizagio, esti mi provi- ia tomada recentemente pela Comissio Mista, apés a visita do delegado inglés, Brigadeiro Dumon Stansby, & Amazonia, que sentiu “in loco” as ne- cessidades da regio, em contato direto com auto- ridades, comerciantes, industriais © agricultores. Nao satisfeito com isso, o General Stansby designou uma vmissio de quatro “dipis” — um agrénomo, um cngenheiro de estradas, um economista e um técni- co em agricultura — para obscrvarem como inte- ressados diretos, as condigdes de vida ¢ as possi- hilidades de colocagio de refugiades no Territério do Acre, A Comissio seguiu de avido, estudau 0 roblema ¢ regressou 20 Rio de Janciro, tendo apre- sentado um amplo relatério a respeito, que esté sen- slo devidamente estudado, 70% dos refugiados, colocados no Brasil, sic técnicos ¢ operirios de varia cspecialidade. Os agri- cultores completam os restantes 30%. E' bem de veR Que um térgo dos deslocados homens, do. grupo eperario, sie trabalhadores experimentados e com- petentes. Suas habilitagées variam do trabalho ma- La mecinica de aviagho. As ocupagies encoo- tradas com mais freqiiéncia sho as de alfaiate, sc- (Conceut xa phenwa 48) Traducio do Aurélio Bucraee do Holan’s Hustracie de Jeronimo Ribeirs Jr SEERE = ise 0 = Ei ‘teus @endolin nholag me recordam uma sinis- tra anedota da guerra, © senhor conhece « propriedade no subtirblo de mell. Lit morava eu por ocasil a chegada dos prussiant ‘Tinha entio como viginba uma espéele de louea, cujo espirito se desorientara aos golpes da des- ite e cinea anos no decorter de um més, 0 pal, 0 espis0 © @ fie tho recém-niascldo A morte, depois de ter entrade wolta quase Simpre mediatamente, como 3¢ ci pobre moga ficou de cams, Fou seis semanas g flo, Depo eomo 8 esta violénta crise suce- desse uma espécie de lassidiio tranqilla, osssaram-Ine os mov inentos: comla com difietiléad: sw The méxiam oe alhos. To- a beber de to quedava imével eomo dius as a vézes que procuravam fa- quando em quando, ou mas estagriada? wi-la levantar-sa, gritava como um pouco de carne {ria, Qu ‘Assim pastou quinge anos a quisessem mater, Delxaram- pascaria mesca ima desespera-dnerte e fechada em af mesma fg guerra; e mos primelros de dezembro os prussian traram. em. Gormell, e como 4¢ fésse om ne, pole, sempre deltade; sSare- Ga? Ninguém 0 0 Hirayem dos seus lenodis pera of ein nfo culdados de higiene e pera virar martes? © colchio, velhe erieds eordacho prect- Ric — Setembro de 1949 so8 eteritores france: ve pode ser comparada a notivel hebilidade no género. A © passar por ali, Bill Sharp FA ‘viu o Major Heitner em pt: $03, plantade num poste de pa rada, © major enrolays nervos hiente.a voluts esquerda d2 bigo- contemplava o desiile upte de carrcs, como $= ése espetéculo fésse para Ele de résse vital. De 6 cmpre considera jot devia estar a s6id0 o> all ma Sociedade Secreta de tistica, a fim de obter in sbre uma infinidade de coisas aves € indtels, tais como 0 ni evo de carros qu: podem ¢abi Avenida da Opera, ou a me ida, erm centimetros, da cintura dis costureirinfias que passam por 1k. — Mey caro amigo — disc o Major Heltner, respondendo & curigsidade de Sharp — aqui me vé, estou esperando. a ho- Ta de salda das costiireirinhas — Heitner, voct tem alguma pequend, trabalhande em. of de costura? ja nfo, Mas da heras, creio que sim: — All Voce est apenas, ini- Gian’ as manobras... = Espere — familiacmente qui a duse Hustragiéo de OREAMDO AL eOe, Pierre Veber ¢ um dos mais espirituo- 3 modernos © sua de Courteline, Tristan Bernard ¢ outros mestres no assun~ to, © conte que fe segue, imprevisto © gra~ cigsa como poucor, di uma brithante idsi de seu clevado senso de humor e de sua — Vinha comigo ¢ eu the explis earei tudo, E enquanto condusta Sharp em diresdo & Rua Aurea, explicay: Ihe a sua tétiea de conquistad "Voeé nfo vai pensar que um homein como ez, que viaja sem deseanto, possa ter wma ligagio permanents. Além disso, o amor nfio me agrada, desde que seja a conscoientia de um depdsito de dinheito, a minha alma roménti ea desfolha flores azul: sobre 0 camaradio que, em mim, no conse@us envelhever, Sou, por as- socledade a0 mais nao tivesse des- cober’ um truque | admirav: Procedo da-seguinte ma seis horas da tarde ponho-me a porta-de um “ateliér” de coste- ra, espreito a saida das peouenas ¢ examino-as com imparcialidade, como se nao estivssse interéssa- do _no assunto. Quando passa uma do tipo que me arada, digo para mim mes- mo: “E) esta. Toca a segui-lav até uma rua deserts.” Entio aproximosme © digothe com © tom do mais vive interésse: — Como. vai / Mari \Cowsinta na Fag 5 Ne 1 LT oP V a7) ae esi 1 ANTISSEPTICO ADSTRINGENTE BACTERICIDA timnves DUHYEA | IN aaizena Convenes: 12 I Coise Pe | Peco envio [°C MAGOS DA CULNARA® I, OB - Sto f ne, GRATIS, 0 ou DADE. 51400. PLT aD i | ! | | = DENTIC A CICARRA - Magaxina como. cliee Tiber da Ge de pedir-ihe noticias dela. ; Mei caro, preste bem atencial — No sti se tem um Segui nome. Conhecisa jf vai para umm més ¢ tenho uma grande simpa- tia por ela. Vou dizer-the como & Altura regular, cabelos. cass tanhos, olhos cinzentos ¢ 0 na iz um pouquinho arrebitado... — Ah! Deve sera Maria das 0 senhor osta dela? ato, met A Cait i curiosidade, Ela ga gid © apaixenado de sia aquela Maria ‘sons 2 dat assado, Entio, comeeo a improvisatt SSe gesio da i 4 m pone em tofos os metis jmpule sos", Deserevo-me, valorizo-mey pensa, intima a Marla tem sorte cm ser amada por um stjelta que io & nenhum toloe que, aléma eso, deve estar muito hem de Acha até que ela tem sorte demais, porque nao merece tan= E diz, entao, com ar enige mitico © pensativo que 0. senhor € que achou nela de extraor’ 2A beleza? Atencio, E' preeisn — Nio, 2 heleza, eurneo... Para rer frac elt Ro — Setembra de 1549 eve se ee 37. rid: tem de extractdinério, a ouvir cobras « lagartos s SAenas um certo qué =O stnhor nao < —Jé que o senior a quér tan Yarnas a um cinema. Aigumios ve~ “contentar, A Maria tem impin~ to assim, talvex cu nao faca her zés cear, ete, etc. Quando cla mis € nao tem cintura, Conii:~ em the contar tudo isso, Mas es- descobre o meu traque, jl nia. fo que o senor. Ftd acimta das minis forcds ver poe passar sem mi z minha) amiga fntima! ima deslealdade d2sias,e logo Mas — a, Shara [= Bein... Ela. 0 que se pode com quem! Com ium cavalhelro © qrugae aurea | chaar uma fela bonita... fio distinto coma o tenher! Bees = Nes isso, E depois, como a pe netmentey Ons 32 aise - De pe Et entio conitca @ acomodat Renare. meses peau Fedde. deixa miuito. a descr.” ag coisas, jamora’ com qualquer um, Sd pegs ig. porque ela-tie conta tudo.» “= ge "ei nda: a auerd! tatto’ alsin... ~ Com efeito, @ raion auaieseea Dez minutes depols vamos jan- : A Maria, até que acaba assim; tar juntos, de braco dado, Depois Ah, Si sre... Chino € —Q) que eit amo, (Principalmente @* a rua, tirou o chipén, aproximot- © fen nome? , E pricisaya chn- se: da pequens © disse gs. pula = Galo, Pome os mews desgoetnt... — vag fartdleas: ~= Carlora? Voc @ a Carloin? a primeira q sa ae aria? ‘A Lotinha? Be ail tseshe fab ee aaa — Son. Por. qué? Ela the dis Maria’ que me pegava. ORDER EA eee Bae cae ke uae Rigs memdeha “dicate kOe dew cm voz aita, re ticilo que tom pa oe a Ete, cles ete,cagsim do sea tie 68 pudeasem ouvir na -caleada do — Muitas coisas. Parcee que outro lado: Ce ee tae — A Maria?... Ah! Bo se «que... Bem, no posso rex — Nao diga bobagens,.. sc Fols ela: ccereeo aah petir 0 que cla disse... = Pilavra! Desde que comeca, HME! rou. encarrenonme de Estou aticando a vinganca, DA fi0s a convers%r, sent que Tomes 5.5 ginpeire que The. emprestia r.iultado instantineo. feitos um para:.o. outro: fa semana’ passa la, 0 senfor nao. Ela pensa: “Ah! Ela fé isso, — Posse dizer itso & Maria? pasta de um ladr4o muito reles!.. nfo é? Pols vou-the tomar o — Pode, Diga também que a O Major Heitner afastou-s? anaixonad — Entao comeco ach: interessante, inteligente... com passo largo... A ARTLUU TowwDi B A GIGARRA - Magezine VIAGEM ATRAVES DO CONTO MUNDIAL SUICA 4 profepdo da Sufge neu letras uaivereals wm processado male stravds de figures troledcs de uigee uatres do que propriamente de movimentos rériot ou de aa Mteratita «mn conjento; gata 4 pecuene e sobretudo de cordter acentuadamente jonaliste, 0 que tm difigultado sey maior eo" esimenta fora do pala. Por outro ledo, alguns dos grandes cecriteres ¢ origem rulga foram abror vidos pale erature fronceta #4 ela te INCOrBO- farcm definitiscmente: Benfarain Constant, Cher dulieg « e genebrino Jean Jacques Rourteau, Entre nei, € ma dinérice de um modo geral, es tefras nigco ado priticamente rejeridas xa cbra ou a0 some de um unico exsritor: 0 pentador Henti-Pré- Arilel, Eniretento, uo ledo do grande Amal, outros podem er eitador coma eseritores de boa repuieRlo pelo meno saropéic: Albert Haller, ¢ nopelista Rodotph Topifer, Keller « Edearg. Zod, que pertencem a um 46 tempo da Uteraturar: froa- care « siga. anton Hensel, gue aget representa €xte pequeno pals, # esoritor do cantfo germanica, ¢ @ be conte fol traduelde do, eriginal por Jodo Rt- iro, — HB Mures anos ha, vivia um piedoso bonzo em um Pequeno templo da Provincia de Honan, Tinha uma grande fama de santidade, tio perfeita era a sua Vida © tio austera ¢ grave a sua presenga. Levantava-se todos os dias ao romper d’alva e contituemente orava ¢ ouvia com paciéacia, das ra- parigas, as desassisadas histérias, ¢ das velhas os in- termingveis achaques, pois todo o mulherio sdirega- mente o buscaya como a um santo. E nfo sem in- timo prazer ouvia o piedoso vario tilintar as moedas na caixa das esmolas, Era éle em verdade wm espelbo dentre os da sua condiggo de bonzo que, segundo 2 lei, conscme a vida ta inagio absoluia, Por detris do altar do templo havia um timulo, cercade par tum gradil, entre cujas texas métiam os Grentes as mios para de leve tocar naquele tumor de terra que cobria os ossos sagrados de um memori- vel santo, ali enterrado. E com isto ganhavam a ab- solvigio dos iniuneros pecados « livravamese de fla- gelos da humanidade; pois € coisa sabida © poder ma Favilhoso das religuias dos restos corporais dos bem aventurados que se foram déste mundo. ‘Tinha 0 bono wm ajudante, como soem ter os da sta classe, € possula a mais um jumento branco, que por vézes montava, quando havia de visitar al- gum ficl impossibilitado ¢ distante; pots, segundo as leis divinas, nfo pode o bonzo mover-se por seu pro- prio pé, nem carregar pesos como qualquer mariola. Com, @ correr dos anos foram aumemtando 9 ful- gor ea fama da religuia santa ¢ do seu austero guar- digo. Corria jA que o prodigio ¢ milagre dos bentos ossor se haviam comunicado a pessoa mesma do bor 20, & que indimeros peregrinos, #6 com fitar-lhe as feigdes ou rocar-lhe a fimbria das vestes, baviam sa- rado de chagas e outros maleficios O templo se enchia; os crentes ai depuntam pata as deuses os frutos sumaremtos, o vinho propiciaté- rig, @ cage ¢ as viandas de regalo; ¢ o altar se atu- hava de oblagées ¢ oferendas. Quando acontecia ao bonzo fazer a reftiggo com @ Seu ajudamte (e © repasto nao consistia em mais do ‘que tim prato de arroz e agua da fonte), parecia aca- So que ali os deuses os fitavam com um sorriso cheia de graga e de bérigios. Era coisa em verdade mara- vilhosa o consumir-se de tantas viandas e guldsos s&- erificios, 0 esgotarem-se no alimento das santas te- lighias tantos regalos, sem que um pouco do vinho Rie — Sctembre do 1949 ia perfumogo ou uma migalha sequer de iguaria aprovei- fasse os seus servidores. No assentam em tun bonzo a séde de bebidas ca- pitoses © nem x gula ou cutro prazer da mesa, como 0 caso com o picador mundano. O bongs € como @ tanto que renuncion a tédas as vaidades e delicias Nerrenais. ‘Sem embargo, ja o bonzo santamente © cada yer nis engordando, enquanto © seu pobre ajudante, ow seeretirio, crispaya-se com o estémago ds costas, emagrecendo ¢ definhando a olhos vistos. Por ésse tempo — 6 grande desventura! — fome ¢ carestia cairam maquela terra, As gentes de maior Fiedade © f¢ ja nio se achavam em estado de ofere- er coisa alguna wos deuses, ¢ 0 jovem e magro a pirante, 2 quem nao se tinham comunicado as virtu Ges milagrosas do bonzo mestre, chegou a tal panto de consumpedo, que, em verdade, mais parecia um ¢s- queleto, de moreno que ere embranquecen como @ seu café coado trés vézes. .. E, todavia, o velho e sat~ fo bonze, preservado, rebolava, gordo coma um ¢0- chino, Uma manhd, quando faziam mecanicamente a ofa- go do costume, dewlhe ma fraqueza ao secretério, ue logo, esquecendo-se de seus votos, s¢ sain com di- ner: “Nao agiento mais. Qual é, pois, o teu segré- do, 6 Mestre, de engordarts, cada vee melhor, com tanto jejum? Per elguns mimutos ndo pode o bonzo falar, tal © espanto que Ihe causaram essas palavras. Mas logo 3 compos, ¢ disse em tom rijoe forte de ¢scarmento fitho! € pouca a tua f€! Trés vézes, to- dos os dias, toco levemente nas reliquias e oss0s do santo, que estdo por detris do altar, ¢ isso basta para urar as forgas Namu Aniida Butsu! ‘© jovem aprendiz pensou © considerou nestas sé- jas palayras, e resolvew experimentar em si mesmo 0 milagre e a virtude daquelas reliquias. E nfo passou idaguela tarde, que estando o Mestre aplicado a ou- vir historias lastimosas de algumas mulheres que vi ham queixar-se de costameiras desgragas, logo se en- faminhou o discipulo para 2 cova do santo, meteu a Conto de ANTON HENSEL mio pélas rexas do gradil ¢, remexendo o qué quer que bavia, deparou-se-the uma cabuga, como as que soem trazer peregrinos ¢ romeiros, — Grandes deuses! — exclartiou dle, — Bis uma reliquia sagrada. E’ o contedde dessa cabaca quem pot cérto tem levantado es férgas ao Mestre, fazete do-o tho mbicundo © gordo. O que serve ao grande molosso deve também servir ao. perro magro.. E ditas estas palavras, sacudii vascolej ando a ca lace, ¢, levando-a ao mariz, fol pensando: "Nao hae vera’ mal nenhum em tomar um trago dessa agua. milagrosa.” E respeitosamente tirou a rélba da abertura, que colow & béca, ¢, fechando os olhos, empinou-a téda, evotamente, E en verdads, sentit-se como que rei taurado! Pela noite, jd em adiantadas horas, crendo que @ Mestre dormia a sono sélto, levantot-se da came com todos os recatos e, pé ante pé, se esguelrou para, tras do altar, onde estayam as santas reliquias © a cabaga. Nio pode conter a. vollipia de repetir 0 prax zer pecaminoso que ja havia pela tarde ante: experi mentado — cis, porém, que se esbarra com o bonzo, que li estava sentado junto 40 gradil e tendo na mie a cabaca j& vazia... Vinham os déis 20 mesmo pote. — Meu filho! (disse o velbo com a vox qusse yelads) chegou agora o tempo de confessar-vos a verdade. As rendas déste templo nfo dio mais para dois; escasseam didivas e esmolas e, com a terrivel séca que hd, sfo dia a dia mais raros até mesmo os cardas do campo, de tal arte que 0 nosso fiel e servic gal jumento hi de fatalmente ficar em s6 pélo'e osso, Moitai a alimaria ames que motra ¢ bustai outra ter- Ta melhor, onde néo baja fome nem carestia, ¢ seja campo mais fecundo a tua devosio. Ide-vos ¢ deixai- me aqui motrer tranguilo no meu pésto, Eo velho Mestre, enfraquecido de jejuns ¢ ora- Ges, fci-se deitando sdbre © timulo do santo ¢ ador- meceu como um filho no regaga matern0, ‘Ag romper do: dia © jovem aspirante ao sacerdé- io pés-se de pé ¢ jd se aprestaya a partir, quando, ‘Som voz fraca, o imerrompeu o velho bonzo, dizendo: Iuustaagio br PERCY DEANE * 40 *Vinds wm moureote até 2 mim, para que you ob a béngio, pols sem ela nie lograreis a felici- fe. G moze obedecty ¢, de jotlios, engisinto o ve dito benzo @ abengoava, ia dizendo: “Quanto mais tempo aqui ficar, maior ha de ser a minha fome. De- ‘vo sair daqui ¢ bascar um lugar onde posta excereitar~ me na santidade da fé, com téda a purera dela, Oli! como € grande 0 apégo, o amor dos homens pela mén- tira © impostura!”” Assim pensiya a sés, mag ja alto reapandlem Ibéngaos do velho bonzo: Namw Amida Butcu! © tres vézes Noma Avnida Butsu! Despediuese entio do Mestre, sfioaton «jp 10, quie, dando costes 20 pequend templo, salu ore Jando pa esperanga de novos gastos, O javem » cerdote ld se foi, helo de Higsimas © suspiros, com siderando na sovinice © ayareza elo.antiga Mestre € segura crenga de que tamianha descaridade © tan- ta gula hmayia de ser casiigada ii tigadh pela justiga dos deuses. Abl lastimava-se 0 pobre rapaz. Eo guise dévetia mesmo, arrebatar aquelas sattas reliquias € depositiclas em lugar salito, ond: eu pudesse, desde 4% manbi até 2 noite, consagrar-lhes o fervor de pie- dosas meditagées. Por todos os modes quatios se consideram, temo dizé-lo, nfo passa aquéle mew vene- ravel Mestre de tetinado hipserit deuses, € quem esvazid-e devora as primlelas ¢ didi- vas, dos. crentes. E nestas consideragdes ia-se alastando, escaricha- do no jumenito, a otrerer ontras wrras novas. que yrocurava, onde cemcssem a fotic.e a saa tefrivcis, ende houyesse homens de ventce cheio' € mullieres votas ¢ pias, ¢ houvesse ocupagie para um sacerdote € um pasio milo ¢ relvosa, pars o misero jumen- finho, Um dia, estando j& muito sito 0 sol, o an que até entio se mastrara dindeyo e rijo, estroa a tre et das pernas,e, sibitimente, caindo: de joelhos “eo ino s¢ fizesse a siltima oragio", espichou-se moro. Foi uma grande desgraga essa que cutue 40 0¥ fonzo, estarrecido e por algum tempo sem faia. &, ‘mo cabo de tame pesar, ajoelkou-se ao lado da car- assa¢, levantando af mos, ron por aula alma da bésta, alma iniima, servigal ¢ vitunzda «as cgois- tos do homem, e enirecortava as rezas cam aquslas fortes: palavras: Name Amida Bute! Naniw Ainido Butsut Eniquanta assim se desatava na expanse idaquc- Ye dor, veio- ao or cee © info dis muletas, © os que a na. tiforcos loram lislmenia corostoa de | Nechucn do epllepe dave Shreza condscera, ali recobravam breve) o lugar pio. tornou-se afa- parade qua allvia om slatomas ‘ae Faro cose esobris | domorat a sve a axeeAt fala. Portento! As obra de om tia cn» ° eorrér do tempo, o jovem bonzo, © ‘Scajudante, ficou majestozo ¢ gor- em. pitblico, ¢ quando saia, ataixava o olhar para o chao, "es comia ou bebia, nada aceita- io arroz e um poco de térno. déle aglomierava-se 2 chusma de ay iblica Mio havia como resistir a dogura angélica do | mee sari Win dia, estando dle a cousiderar sobre as ale- “grias suavissimas do celibato e sobre o nada das coi- Dias déste mundo, velo-the 4 tembranga aquéle outro tlio bouzo da Provincia de Honan, 9 seu antigo msire, de quem em tho singulares citcunstincias ce aria Separado, ¢ assextou em iazer-the waa visita teiletiu tle, a ioanidade da doutri- Bi daquele sibio, quando disse que “ Marayilhosa fabedoria dos velios © desprezivel & a simplicida- dos moos”. Tiveo owtrora como impostor, porque, sem res- “prito 20 timuls santo ¢ falho de téda caridade, es- ) sonia a cabara onde se retonfortava. Mas, todavia, Shia cra mais que um parvo, que io cometia outro )) peeido sendo o da mesquinharia. Porém, eu! que fiz désie jumento um santo ¢ enganci a miles de ho- mens!....A minha visita hd de ser um ato de ox- piagio e hei de fevar a0 pobre e velho mestre alguns “tos meus escollidos. acepipes. © Agus dias mais tarde posece em -amninho 0 “boars, com a sud grande e costimiadg cifita de eren- © tes que‘iomavam a sj 05 mio poucos gastos das vi gens, © com isco acreditavam o remir © miais dos prado owe thes pesavam ovaima. U-sol esplendido morria e afurdava-se no seu su+ D daflo de nuvens de ouro, quando a procissio, eatim “i sea térmo, chegou 20 templozinha modesto aonde “e bonz outcora passara as horas chelas de paz do seu ficiado A porta estava o velho bonzo, que, para yr melhor, com a mio trémula fazia sombra Glhos agudos ¢ brilhant — Akl disse o velo ¢ algutbrado sacerdote, ‘Guando ja porto estavam os romeitos ¢ se apeava o Hoven € garde bonz0. Spent & pois, que agus cert foraiteirg.¢, aproxiinat j scuum bispo; sba'aptuas apankidos mas mm fntiiw ecarmecla daqucle POF 130 looges anos se dera por, satisieito x6 com fe mesiniitio temrplo. Depots, levantou-se © matt qué seus secvivais all trouxessem alguns vasos 0 acos de ouro¢ laca, onde vinham cs deli io “presentes, ¢ disse para os que o acompsnlavam: (de-v0s por uni pauca para o bazar préximo, ‘que de novo vos chame. Destiojestar a 46s um “Teomntato'com éste venerdvel mestre, # See len hasnt E assim s¢ fer. © velho levou-o para deatro da. capela, acocoratise, cottvidon o héspede a fazer @ mesmo, ¢ logo observoa: — Em verdade, Buda te abengoou, meu filhod jovem ¢ jé gordo bonzo tomou a um dos ser- vos uma garrafa de lianozkari (que tio flores em plena florescéncia), arrancou com os dentes a rélia, encheu dols copes do precicso licor ¢ ofereceu um ao velho méstre. E entio acocoros de novo, para contar a sua hist6ria. Com eilo e minucioso escripula ocultouo reen- contre na estrada com aquéle demmiolads bobo, mas @ ai préprio atribuiu a inventiva de utilizeree dx carcassa do jumento como ds sagrada reliquia. De- olhos fechados e pensativo, o velho mestre ‘ouvia o seu discipulo discorrer, mas interrompia-o, di+ endo desenganadamente: “Maravilhosa ¢ a sabedo- ria dos mogos, @ parva ¢ téla a simplicidade dos ve- thos.” fez eneher outro copo ¢ sorriu benivola- mente. Nisgo vig o béspede a Heonja de quem acsbava de receber tio preciosas datlivas, ¢ arrojou-se a achincalhar um pouco ao velho mestre, actescen- tando: — Em subsliueia, os sibios nip passa de uns incongcientes. A agudeza da mocidade 4 66 a tinica ‘oagaz de criar alguma cols, nova. Eis-te ai, com 35 ‘tag reliquias de um yerdadeiro santo, a passar ini- sériag, 0 paso. que eu tenho até o supérfluo, com « 5 carcassa de um asno morto, Confessa, pois. qi, com efeito, algo tens ‘de aprender do teu discipulo. Q velho examinou-o curiosumente ©, em vor grave: — Meu filho! — responden — ew nio te 9 teu sumtuoso templo, nem os | elogiiente primor da tua de figis ¢ conversos, nem ainda teu lindo enxas raparigas, pepilas ¢ novigas, E’ esse o fruto do teu trabalho (e etitre e:sas palavras, estendev.o copa c ie fo. encher de novo) . Quanto a mim, insplo.me ¢ es~ fr mais alta perieicao. de- 9 com tamanho oreul espeito da tia pio te persmndas, pif, que a tua ciéncia ¢ maior do que a minha. .A ideia que achasic, ¢ que julgaste nova, € tio velha coma aquiela serra que 1a vés a0 longe, ¢ € coisa que hi ¢ sempre howe, aqui ¢ em toda pute onde huwe & © howe erentes. EB em seguida, meio a sortir ¢ eatremostranda os agudos deittes, o vélho bonzo spantou como de lo par: o tamule onde cstavam’ a8 santas reliquias ¢ disse, ahaixando a yor: = Olta! os cssoxique ali citéo,.; sto da mle do tea jumentinhod ALVARO LINS ESCOLHEU Apélogo brasileiro sem véu de alegoria Conto de ANTONIO DE ALCANTARA MACH!DO Ilustragio de ARCINDO MADEIRA Rlo — Setembro de 1549 OS MELHORES CONTOS Com asta seedo estamos sem divida deseinvolvende am trabi- the cultural de grande importincia para os leitores: » da sele- ¢f0, feite ctravis de depoimentos dos nossot escritorcs mais re- Presentatives, dos contos que podem ser considerados os melito- ret da literature brasileira, Ao iniciormos esta enquéte, pracura- mos ouvir justamente we contisia, ¢ outro nome mois autorizado ndo hovia que o de Marques Redélo, autor de algumas legitimas obrasprimas no génera. Ble selecionou vm dos melhores traba- thes de Machado de Assis, 0 conto intitulado “Uns Bracos”, que apresentamor com ilustragio de Jerbnimo Ribeiro, Em sequido sum conto pouco comhecide de Afonto Avines, que fax parte de livro hoje muito rara, por indicacdo do ensaista Afonso Arinos de Melo Franco, seu sobritho, Ecte més foi por nés ow vidole escritor Alvaro Lint, a maior figura de critica de ficedo Que i6 Hvemos ¢ cuja hourase depoimento cabe-nos agradecer. De inteio, Alvore Line pensou em selecionar um dos contos de Ma- ehade de Assis, como conhecedor intime que 8 de sus obra; en- tretante, o fate de sero nome do avtor de “Wdrias Histérias’’ bastante lembrado em enguétes desta Haturcsa, fé= com que éle pensoste em outro confitia, J, Gnimardes Rosa que, com apenos im ero, se impés definitivamente coma mestre do canto. Eva viriude, porém, da extensto dos trabalhos do criador de “Sagara- na”, um outro autor joi por fim lembrade para a selegdo déste mte: Antonio de Alcantara Machado, em conto de sentido muito oportuna « dos mais coracteristices de suo arte. TRENZINHO recebeu em Magoari o pessoal do matadouro © tocou para Belém, Ja era noite, S6 se sentia o cheiro docs do sangue. As manchas na roupa dos passageiros ninguém via porque nfo havia luz. De vez em quando passava tma faguiha que a chaminé da locomotiva botava. E os vagoes no escuro, Trem misterioso, Noite fora noite dentro, O chefe vinha recolher os bilhetes de cigarro na béea. Chegava a passagem bem perto da ponta acesa e dava uma chupada para ferer mais luz, Via mal e mal 2 data ¢ ia guardando no bélso, Havia sempre uns que gritavam: = Vi pisar no inferno! Bile pedia perdio (ou nio pedia) continuava seu caminho, Os vagdes sacolejando. © trenzinho seguia danado para Belém por- que © maquinista nio tinha jantado até aquela hora, Os que nfo dormiam aproveitando a eseuri- 450 conversavam e até gosticalavam por férca do hébito brasileiro, Ow entio cantavam, assobiavam, S6 as mulheres se encolhiam com médo de algum desrespeito, Noite sem lua nem nada. Os fésforos ¢ que alumiavam um instante as caras cansadas ¢ a pre- tidfo feia cafa de novo. Ninguém estranhava. Era assim mesmo todos os dias. © pessoal do mata douro jé cstava atostumado. Parecia trem de car- ga o trem de Magoari, Porém aconteceu que no dia 6 de maio via- Java no peniiltima banco do lado dircito do se- gundo yagao um cogo de dculos azuis, Cego b: mo das margens do Werde de Baixo, Flautista de ‘profissio dera um concérto em Braganga, Parara em Magoari, Voltava para Belém com setenta ¢ quatrocentos no bélso. © taioca guia déle s6 dava ‘uma folga ‘no bocejo para cuspir. Baiano velho estava comttnte. Primeiro dew uma cotovelada nu setretirio € puxou conversa. Puxou A toa porque nfo veio nada. Ento princi piou a assbbiar. Assobiou uma vals (dessas que ‘vio sebinda, vio mbindo « depois descendo, vém ALVARO LINS descendo), uma polca, um pedago do “Trovadce”, Ficou quieto uns tempos. De repente dew umm coisa néle. Perguntou para 0 rapasi — 0 jornal néo di nada sobre a sucessio presidencial? Q rapaz tespondeu: — Nio sti: nés estamos no escura, — No escuro? =F. Ficou. matutando calado. Clarissimo que nie compreendia bem. Perguntou de novot — Nio tem luz? Bocejo. = Nio tem. Cuspada, Matutou mais um pouco, Pergunton de rovet — © vagio est no escuro? = Esti, De tanta indignacdo bateu com @ porrete mo soalho, E principiou 2 grita déle assim — Nio pode ser! Estrada relaxadal Que @ gue faz nio acende? NEo se pode viver sem luz! A luz € necessiria! A lur & @ malor dom da ni- fursza! Luzt Luz! Luz! E a lur nfo {oi feita, Continou berrando: Luz! Luz! Luz! $6. eseuridio respondia, Baiano velho estava fulo. Urrava, Voees per- guntaram dentro da noite: = Que & que hi? Baiano velho trovejou fio tem luz! Vozes concordaram: — Pois nao tem m*sme Foi preciso explicar que era um desafdro. Ho mem nio 4 bicho, Viver nas trevas é cuspir progresso da humanidade Depols 2 gente tem a obrigagdo de reagir contra os exploradore: de povo. No preco da passagem est& inchufda a lus © govérno ndo toma pravidéncias? N&o toma? torba ignara faré yaler seta dircitos vom dle (Cowocut xa rho, 48 A LOUCA (Concuysto pa pdc. 55) de rachar as pé- achava-me éstendida , inobilizado pela g6ta, quando ouvi o ritmico e pe- sado bater dos seus passos. De minha janela, vi-os passar, ‘Desfilavam interminavelmente, muito iguais, com é:ee moyimen- to de bonecos de engonco que thes 6 peculiar. Depois os che- fes distrituiram os homens pelos habitantes. Conberam-ine dezes- sete, A viginha, a iouca, tinha daze, entre os quais um coman- Gante, verdadeiro soldado, vio« Tento, brutal. Tudo decorren normalmente nos primeiros dias. Tinham dito go oficial que a mulher era doen~ te; e isco nfo o inguictou. Maa nao tardou que essa criatura, que ninguém via, o itritasse, « éle ge iiformou acérea de sua doenca; disseram-Ihe que, desde quinze anos, » pobre vivia aca- mada em conseqiiéneia de terri= vel desgésto. Certamente iio ‘acreditou em nada disso, e ima- ginou que era por altives que 2 infeliz intensaita nfo sais da cama — para nfo ver os prussin~ nos e no thes falar, nem hes ~—TIMPE seu SANGUE ara gozar porfeita snide, sor forte, fe disporicii; pars combater 0 Ler ‘gue; para ter ithos robustos ¢ normal para auxilisr o tratamento da sifilis {rmon, aes no chon ericaag ae iti Sonos ‘ta, indieanis“uenco ost tose mais fie 6) ance! Ossngus 4x bass GR-RO AME: depUTe aeL FONE com SALSA CAROBA ——MANAGA DE HOLLANDA (el; DROMOROL MENGE RRAENE AS — Beh # * ‘Exigi que cla o recebesse; Me geram=no entrar no quario da inulher. Falou-lhe, num tom as- ‘pero: — Pego-lhe, senliora, que s¢ tevante e desca para qué a ve- jam. ‘A louca yoltou para o homem Os seus olhos vagos, of seus olhos” vazlos, © no responten fie continuou: — Néo arimttirel insoiencia Se mio se levantar de boa von- fade, encontrare! um meio de fa- 2i-la passenr sbzinha, Ela nfo teve um gesto, s imével como se yendo-o, © oficial enfurecia-se, toman- do ésxe trangiiilo silénein por uma prOvA de supremo desprézo. E acrescentou: — Se a senhora niio se levan- tar aman... Sain. mpre néo estivesss No dia seguinte, a veina ria Ga, taqulota, quis vesti-la; mas a Touca se pos a grilar, debeten- o-se, Dentro em. pouso o ofieial subiu; ¢ 8 cmbregada, atirando- se-lhe aos joelhos, exelamou; — Ela nfo quer, mea senhor, dia no quer. Bercioe-Ihe; ¢ tao desaracada! © soldado, perplexo, nao ousa- Va fazé-le retirar do lelto por seus homens. De sibiio, porém, comegou a rire deu ortens em aleméo, E logo se viu sair um destaca- mento que segurava imi eolchso como quem leva um ferido. Nes. se lolto, que nfo fore desarren- Jado, © lonca, sempre stlenciosa, jazia serena, ineensirel 208. acon- tecimentos, “pols que a deixavam feltade. Um homem, atras, con- duria um pacote de vestes feral- ninas, Eo oficial, mnios: — Veremos se s senkora pede, ou néo, vestir-se sdainha e dar um curto passelo, Depois o cortefo afastou-se em Girerdio & floreste de Imauvitle. Duss horas mais tarde os s0i- dadoe voitaram abzinhes, estregando ‘as A CIGARRA-Mexi yuém vin mais a Tones, Que terlam feito’ dela? Aonde a teriam levado? Ninguém © soubs damais. ¥ “A neve agora caia dia e noite, sepultando a planicie © os bose ques sob um Jengol de musgo ge= lado. Os ébos vinham wlular a5 hossas portas. Pensava freqientemente na quela mulher desaparecida; e fi vérias tentativas junto a aytorl. dade prussina no sentido de ob- ter informacces, Estive na imi nénela de cer furilado, Voltou @ primavera. © exer- cito de ocupacto deixou # clda- Acasa de minha virinha continuava fechada; a relva bro- fava abundante nas aléias. A yelha cciada morrera duran- te o inverno, Ninguém mais se ccupava dessa aventura; somen+ te eu pensava isso continua. mente, Que teriam feito da mulher? Fugira atzaves dos bosques. En- contraram-na, depois, e a Inter- haram num hospital, sem que fosse possivel obter noticla a res- peito dele. Nada me vinha eli- ‘iar as diividas. Pouco a pouco, com 0 tempo, me trangtiilizel, Ora, no outono seguinte as ga- linholas passaram em massa: « como a géta me concedera pe- Guena trégua, arrastel-me até 9 floresta. JA tinha metado qua- tro ou cinco das aves do longo blco, quando abati uma que de- separeceu num {0:80 chelo de ra- mos. Ful obrigado a descer 1a bars apenhar a minha caga, En- contrel-a caida ao pé de uma ca- voira. E de repente a lembranca da lotica assaltou-me © goracto, Muttas outras pessoas haviam, eertamente, explrado no bosque naquele ano sinistro; mas, nfo sel por qué, eu estava certo, certo, sfirmo-Ihe, de que acaba- va de encontrar a cabeca da mi- ceravel manfaca. E de relance compreendi, attix vyinhel tudo, WDeltads, no coicnao, haviam-na abandonaco na flow sesta frin e deserta; 9, fiel & sus. idéia fixa, delxers-se morzer cob © espésso @ leve frouxel des ne ‘yes, sem mover brago nam pera, Denois os ‘@ devoraram, = 08 pdsseros seus ni- mhos com a 16 do lelto esfarra ado. Guardel essa triste ossada. E aco vols para que nossos filhos nunca mais saibam @ que ¢ a cuerra, *

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