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Redes sem fio para Automação Industrial: Estudo

e Aplicação.
Alexandre Baratella Lugli Hugo Viana Magalhães Seabra
Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel
baratella@inatel.br hugoviana85@yahoo.com.br

Abstract – The application of Communication


Wireless System in industrial segment has I. INTRODUÇÃO.
become the main option for the current
scenario. This choice is based on speed, time Este segmento de aplicação de produtos que
and simplicity that the field instruments can be utilizam ondas de rádio (RF) para se
installed in new automation networks or comunicarem tem atraído muitos investimentos
enhancement. This paper aims at presenting a de pesquisa e desenvolvimento tanto para
comparative study about technologies available fabricantes de produtos de automação quanto para
in the market, demonstrating a practical a área acadêmica.
application developed for validation and A introdução da comunicação sem fio
verification of specific parameters for Industrial (wireless) no segmento industrial vem trazendo
Wireless Communication. grandes benefícios ao processo produtivo, tais
como: redução no tempo de instalação, facilidade
Keywords – ISA SP100, Wireless Industrials de instalação, não há necessidade de criar
Networks, WirelessHart. infraestrutura para instalação, economia para
montagem em campo, possibilidade de instalação
Resumo – A aplicação do Sistema Wireless de em locais de difícil acesso, entre outros.
Comunicação no segmento industrial está se Com um aumento significativo da produção
tornando cada vez mais a única opção adotada industrial, grandes demandas de novas
perante o cenário atual. A escolha deste sistema implantações, novos Layouts industriais, grandes
está baseada na rapidez com que instrumentos plantas industriais com imensas áreas produtivas
de campo são instalados e no tempo gasto para e novas infraestruturas nos diversos segmentos
ramificação (ou criação) de uma rede industrial industriais, estão sendo demandadas. Houve um
para tal setor. O objetivo desse trabalho é grande interesse por parte das indústrias em
realizar um estudo comparativo entre os diversos utilizar instrumentos de campo que não
protocolos disponíveis no mercado e realizar demandam cabos para ser alimentados e nem para
uma aplicação prática para validar e verificar as se comunicarem com a planta de controle.
métricas dos parâmetros da rede em relação a Com o passar do tempo, estas novas
parte física e lógica. tecnologias de comunicação sem fio, voltado para
o segmento industrial, foi ganhando espaço
Palavras Chaves – ISA SP100, Redes Industriais perante o mercado consumidor. O que antes
Sem Fio, WirelessHart. muitos consumidores tinham dúvidas quanto à
questão de confiabilidade das informações vindas
do processo, capacidade de tráfego de
informações (uma vez que as redes de sensores
sem fio não demandam altas taxas de
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional transmissão), seguranças das informações
de Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do trafegadas, robustez, qualidade do serviço
Certificado de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas
Eletroeletrônicos, Automação e Controle Industrial. Orientador: Prof. Dr. implantado e capacidade de interação com a rede
Alexandre Baratella Lugli. Trabalho aprovado em 07/2014. cabeada já existente, não são mais empecilhos
para a escolha da tecnologia, pois, neste cenário,
surgiram padrões (protocolos) específicos para a
utilização da comunicação sem fio na indústria.

II. DESCRIÇÃO DAS REDES SEM FIO.

A. ZigBee

O ZigBee é um padrão de tecnologia para


comunicação sem fio que foi desenvolvido pela
ZigBee Alliance, junto ao IEEE, com um objetivo
de se obter uma nova tecnologia que oferecesse Figura 1: Topologias de redes Zigbee [4]
produtos de baixo custo, com baixo consumo de
energia, que não necessitasse de altas taxas de B. Bluetooth
transferência de dados (na faixa de 250 kbps) e de
aplicação não complexas, na qual seria utilizado O Bluetooth é uma tecnologia desenvolvida
controle de equipamentos eletroeletrônicos pela empresa Ericsson (1994) com o objetivo de
(segmento residencial). Este padrão se enquadra criar uma solução de transmissão sem fio
no grupo WLAN (Wireless Local Area (Wireless) segura, robusta, de baixo custo e com
Networking) na qual corresponde ao padrão IEEE pequeno alcance para conectar seus periféricos.
802.15.4. [1][2][3] Esse desenvolvimento ganhou força com as
É baseado no padrão IEEE 802.15.4, na qual empresas Nokia, IBM, Toshiba, Intel entre outras
todos os dispositivos que utilizam o Padrão e que posteriormente foi padronizada pelo IEEE
ZigBee operam na faixa de frequência ISM originando o padrão IEEE 802.15.1 obtendo uma
(Insdustrial, Scientific and Medical) em 2,4GHz solução totalmente aberta e padronizada. [8][9]
na qual não necessita de licença para Uma rede de dispositivo Bluetooth opera na
funcionamento. Para fazer a transmissão dos faixa de frequência ISM, utilizando a FHSS
dados, faz o uso da técnica DSSS (Direct (Frenquency Hopping Spread Spectrum) para
Sequency Spread Spectrum) tendo uma taxa de transmissão de dados. Esta faixa é dividida em 79
250 kbps. A faixa de frequência que o padrão Frequências diferentes para comunicação entre
ZigBee opera é divida em 16 canais. O protocolo mestre e escravo, espaçadas de 1MHz entre elas.
de acesso ao meio (canal) é o CSMA/CA A cada 1 segundo são feitos 1600 saltos de
(Carrier Sense Multiple Acess / Collision frequência de forma pseudo-aleatória. Esta
Avoidance). [4][5][7][27] sequência de salto é ditada pelo mestre no início
As topologias encontradas para a rede Zigbee da comunicação. [9][10][11][12]
são: Estrela (Star), Árvore (Tree) e Malha Uma rede Bluetooth é chamada de Piconet na
(Mesh). Já a estrutura da rede é dividida em dois qual um Mestre (Master) tem capacidade de
tipos de dispositivos, o FFD (Full Function controlar até sete Escravos (Slaves) ativos, sendo
Device), que funciona como coordenador de rede, que há possibilidade de haver até 255 escravos
podendo funcionar em qualquer topologia e ter inativos (08 bits) esperando comunicação. Assim,
acesso a qualquer dispositivo da rede, e o RFD eles podem se tornar um dispositivo ativo em
(Reduced Function Device) que são dispositivos apenas 2ms. Um mestre de uma Piconet pode
mais simples que podem operar somente na pertencer à outra rede de forma simultânea, mas
topologia Estrela. [1][2][3][4] não exercendo o papel de mestre em ambas as
A figura 1 ilustra a topologia de uma rede redes. Esta topologia de rede é conhecida como
Zigbee. [4] Scarttnet.
A figura 2 ilustra a topologia de uma rede
sem fio Bluetooth. [9]
perante aos diversos dispositivos de campo
(HART, PROFIBUS, FIELDBUS e DEVICENET)
existentes hoje no mercado. A rede (o protocolo
de comunicação ISA SP100) suportará os diversos
padrões de protocolos de comunicação acima
citados, provendo a comunicação segura e
confiável entre os dispositivos de campo e a rede
de controle/supervisão. [13][14][15][16]
[22][23][24]
Figura 2: Topologias de redes Bluetooth. [9] O comitê ISA-SP100 foi criado
exclusivamente para o desenvolvimento deste
Para diferenciar os tipos de dispositivo novo padrão de comunicação sem fio. Como se
Bluetooth, foram criadas três classes que os trata de um padrão que tende atender uma grande
diferenciam quanto ao alcance: [10][11][12] faixa de aplicação dentro da indústria, tais como,
controle de processos, identificação e
• Classe 01: alcance de até 100 metros. rastreamento de pessoas e equipamentos,
• Classe 02: alcance de até 10 metros. convergência entre diferentes padrões e
• Classe 03: alcance de até 1 metro. aplicações de longa distância, e por estas áreas
possuírem diferentes aspectos ambientais, o
É possível transmitir sinal de Dados e Voz padrão foi dividido em seis Classes de acordo
através Bluetooth em dois diferentes tipos de com o nível de restrição temporal (latência).
conexão: o SCO (Synchronous Connection- Estas classes ainda são subdivididas em 03
Oriented) e o ACL (Asynchronous Conneection- Categorias: Segurança (Safety), Controle e
Less). O primeiro refere-se a uma conexão Monitoramento. A Tabela I ilustra as
síncrona ponto-a-ponto entre mestre e escravo características e suas aplicações. [13][14][21][24]
sendo utilizada principalmente para transmissão Tabela I: Categorias do ISA SP100
contínua de dados, por exemplo, a voz. A taxa de [13][21][24] – Adaptado pelo Autor
transmissão, neste modo, é de 432kbps, sendo que
64kbps é pra voz. Já o segundo é uma
Categoria Classe Aplicação Descrição
comunicação ponto-multiponto realizada entre o
mestre e os demais dispositivos da rede. É Restrição
Ação
Segurança 0 temporal
utilizada para transferência de dados com taxa de Emergencial
sempre crítica
721kbps. No método SCO não é permitido o Restrição
reenvio de pacotes perdidos e no método ACL já Sistema de
temporal
1 Controle de
é permitido à retransmissão dos dados perdidos. Malha Fechada
normalmente
[10][11][12] crítica
Sistema de Restrição
Controle 2 Controle de temporal não
C. ISA SP100 Malha Fechada crítica
Restrição
Sistema de
O ISA-100 é um conjunto de padrões de 3 Controle de
temporal
comunicação sem fio desenvolvido pela quase
Malha Aberta
Sociedade Internacional de Automação (ISA). desprezível
Aplicações
[13][14][22][23][24] com
Exclusivamente para o ambiente industrial, a 4 Alerta consequências
norma pretende atender todas as áreas possíveis operacionais
Monitoramento
do segmento industrial, sendo a primeira baseada de curto prazo
nas reais necessidades dos desenvolvedores, Eventos
5 Registo menos
fabricantes e do próprio usuário final. Com isso,
urgentes
se trata de um padrão totalmente transparente
Para o desenvolvimento deste novo padrão, Utilizando a topologia Mesh para arquitetar
foram criados três frentes de trabalhos (grupos) sua rede, ela pode ser composta de Dispositivos
específicos, o ISA-SP100.11, o ISA-SP100.14 e o Finais (Instrumentos de Campo – HART,
ISA-SP100.21. Cada um destes grupos tem a PROFIBUS, FIELDBUS e DEVICENET),
responsabilidade de estabelecer um padrão que Roteadores de Backbone e Gateways.
definirá como será a implementação da tecnologia [15][16][21][22][23][24]
wireless em diferentes tipos de aplicações Os dispositivos finais podem ter a função
industriais. [13][21][24] roteador de mensagens ou simplesmente ser um
Instrumento de Campo Wireless ligado ao
• ISA-SP100.11: o objetivo do grupo é processo, sendo assim, estes não servem para
padronizar a comunicação sem fio dos rotear mensagens, não criando rotas alternativas
dispositivos voltados para controle e para trafegar informações, uma característica
medição na qual atuarão nas classes da marcante das redes que utilizam topologia Mesh.
categoria Controle. Os roteadores de Backbone fazem o
direcionamento das informações vindas da rede
• ISA-SP100.14: o objetivo do grupo é ou sub-redes de campo em direção à rede de
padronizar a comunicação sem fio dos automação principal. Já os Gateways têm uma
dispositivos na qual atuarão nas classes da função muito importante, que é fazer a interface
categoria Monitoramento. (tradução entre protocolos) entre todos os
dispositivos de campo, sejam eles HART,
• ISA-SP100.21: o objetivo do grupo é PROFIBUS, FIELDBUS e DEVICENET e a rede
padronizar a comunicação sem fio dos principal da planta em questão. [15][16]
dispositivos destinado ao rastreamento de Baseado do então padrão de referência OSI
objetos e pessoas em ambientes (Open System Interconnect), o padrão ISA-
industriais. SP100.11a é composto pelas camadas física,
enlace, rede, transporte e aplicação. [21][22][23]
O primeiro padrão de fato do ISA-100 saiu A camada física segue especificações do
quando os grupos ISA-SP100.11 e ISA-SP100.14 padrão IEEE-802.15.4 operando na faixa ISM em
se uniram, reunindo as características de ambos, 2,4GHz, faixa que é dividida em dezesseis canais
e, resultando no grupo ISA-SP100.11a. fazendo o uso da tecnologia FHSS e o DSSS
[13][21][24] (Direct Sequency Spread Spectrum) para
Este grupo definiu toda a transmissão dos dados, tendo uma taxa bruta de
estrutura/arquitetura desta nova tecnologia como 250kbps. O acesso ao meio é feito utilizando a
mostra a figura 3. [13][22] técnica TDMA, na qual estipula um tempo de 10
a 14ms (configurável) para a realização de
comunicação com os demais dispositivos da rede
em qualquer um dos dezesseis canais.
Exclusivamente para o padrão ISA-SP100.11a, os
saltos de frequências (Channel Hopping)
acontecem em três modos diferentes (Slotted,
Lento e Híbrido). Esta peculiaridade traz ao
protocolo uma maior segurança e robustez na
comunicação. [15][16][18][19]
Para a realização do endereçamento, a
camada de rede é baseada na IETF RFC 494
(6LoWPAN) que permite a implementação do
protocolo IPv6 sobre redes IEEE.802.15.4, na
Figura 3: Rede ISA-SP100.11a. [13][22] qual permite endereçamento IPv6 nos
dispositivos de campo, trazendo grandes
benefícios para a rede, como por exemplo,
podendo ter um grande número de dispositivos de O propósito deste novo padrão de
campo. Como o MTU (Maxumum transmission comunicação sem fio, totalmente voltado para o
Unit) do IPv6 é de 1280 bytes, é de segmento industrial, é de complementar os
responsabilidade da camada de rede fazer a dispositivos cabeados já instalados em campo e
desfragmentação/fragmentação dos pacotes IPv6 não em fazer uma substituição de tecnologia, uma
sendo que a MTU dos frames (conjuntos de time- vez que este padrão se mantém totalmente
slots) é de 127 bytes. [17][20][27] compatível com o padrão HART. Isto faz com
A camada de aplicação é responsável por que novas ampliações na planta industrial se
gerar, interpretar e responder a comandos tornarem economicamente viáveis. [33][34][36]
trocados entre os dispositivos (entre instrumentos O padrão WirelessHART atua na faixa de
de campo e/ou instrumentos de campo e frequência ISM em 2,4GHz, na qual utiliza a
Backbone) bem como reportar o estado de tecnologia FHSS (Frenquency Hopping Spread
funcionamento do dispositivo. É por onde o Host Spectrum) e o DSSS (Direct Sequency Spread
(dispositivo remoto – Mestre da Rede) irá acessar Spectrum) para transmissão dos dados. A taxa de
o instrumento de campo. Ela tem que suportar comunicação é de 250kbps. Para acessar os dados
todos os dispositivos (diferentes protocolos - transmitidos faz o uso da tecnologia TDMA
HART, PROFIBUS, FIELDBUS e DEVICENET) (Time Division Multiple Access). Esta tecnologia
propostos pelo padrão ISA-SP100.11a divide o canal de frequência em intervalos de
(Tunelamento). Uma característica muito tempo (slots) em 10ms, permitindo que cada
importante da camada de aplicação é o uso instrumento de campo (equipamento de rede) se
consciente do dispositivo (Eficiência Energética), comunique em um intervalo de tempo específico
ou seja, o protocolo desta camada tem que ter a estando este totalmente sincronizado com os
capacidade de extrair a informação o mais rápido demais instrumentos da rede. Isso garante a
possível para aumentar a vida útil das baterias. inexistência de colisões no tráfego de
[15][16][18][19][20] informações, uma vez que todos os dispositivos
se comunicarão no momento exato, estando em
D. WirelessHART modo de espera (standby) até que seja feito o
pedido para tal. [25][26][27][32][33][34][35][36]
O WirelessHART é uma tecnologia de A topologia utilizada pelo WirelessHART é a
transmissão de dados sem fio para redes de Malha (Mesh), onde, basicamente, é composto
automação industrial, no qual foi originado do por três tipos de dispositivos: [24][26][36]
então padrão de comunicação HART (Highway
Addressable Remote Transducer). Criado pela • Gerente de Rede: é o mestre de toda a
HCF (HART Communication Foundation), o comunicação na rede WirelessHART. Ele
protocolo WirelessHART foi totalmente é responsável por gerenciar (coordenar,
desenvolvido como intuito de manter total configurar e programar as comunicações)
compatibilidade com padrão HART, já existente e dos dispositivos da rede, analisar o
instalado em milhares de dispositivos inteligentes. desempenho da rede e gerenciar as rotas
[24][26][32][33][34][36] das informações.
Uma das motivações que levou o
desenvolvimento deste novo padrão de • Gateway: conecta a rede WirelessHART
transmissão sem fio com aplicação direta no com a rede de automação da planta
segmento industrial foi de tornar uma aplicação instalada. Ele fornece o acesso dos
antes totalmente inviável, seja na impossibilidade dispositivos de campo com o gerenciador
de infraestrutura (acesso) e/ou inviabilidade da rede. Também possui a função de fazer
econômica para instalação do equipamento em a interpretação de protocolos de diferentes
campo; em uma aplicação totalmente viável, redes.
segura, econômica e compatível com os
dispositivos de campo cabeados. [33][34][36]
• Instrumentos de Campo: são os de pedido de junção à rede. Caso autenticado, o
instrumentos que estão ligados ao instrumento é autorizado a conectar-se à rede. A
processo. Estes instrumentos podem ser distância máxima entre os instrumentos de campo
dispositivos WirelessHART puro ou em visada direta é de 250 metros (alcance
dispositivos de campo HART simples que máximo da topologia – indeterminado).
possua um adaptador WirelessHART [25][27][28][29][30]
acoplado. O protocolo WirelessHART é baseado no
modelo de referência OSI (Open System
A figura 4 ilustra uma arquitetura típica para Interconnect) na qual é composto por apenas
uma rede WirelessHART. [38] cinco das sete camadas existentes no modelo de
referência. As camadas deste protocolo são:
aplicação, transporte, rede, enlace e física.
[32][35][36]
Neste novo protocolo de comunicação
WirelessHART, a camada física agora se baseia
no padrão IEEE 802.15.4, na qual utiliza a técnica
FHSS ou DSSS para transmissão dos dados. A
camada de enlace é divida em duas subcamadas: a
de Controle de Enlace Lógico – LLC (Logical
Link Control), responsável por efetuar
verificações de erros nos pacotes transmitidos e a
de Controle de Acesso ao Meio – MAC (Medium
Access Control), responsável por receber e
entregar os dados ao meio na qual faz o uso da
Figura 4: Rede WirelessHART [38] técnica TDMA. A camada de rede foi incorporada
neste novo padrão para dar suporte à topologia de
Como características da rede Mesh, os rede Mesh. Sua principal função é de fornecer um
equipamentos de campo funcionam também perfeito roteamento dos pacotes que trafegam na
como roteadores de informações advindas de rede. A camada de rede deve ter o conhecimento
outros equipamentos de campo, criando, assim, de todos os equipamentos de campo (roteadores)
rotas redundantes administradas pelo gerenciador para escolher perfeitamente os caminhos em que
de rede. Isto faz com que a rede tenha grandes as informações irão percorrer não
extensões, podendo atender grandes plantas sobrecarregando algumas rotas e deixando outras
industriais. São equipamentos totalmente totalmente ociosas. Para isso, esta camada requer
inteligentes, pois tem a capacidade de reconhecer um ótimo algoritmo de roteamento, que tem a
e analisar dispositivos vizinhos (dentro do função de definir todo o caminho (roteamento)
alcance do raio) e fazer análise da rede e da dos pacotes. Escolha do melhor caminho,
potência do sinal para criação de rotas. Exige-se simplicidade, robustez, rapidez na convergência
no mínimo que um equipamento esteja no raio de para o caminho ótimo, flexibilidade, aceitar
alcance de três outros instrumentos (aplicação parâmetros de qualidade de serviços (QoS) e ser
das boas práticas) para realizar uma comunicação independente da tecnologia de rede são as
segura e sem qualquer possibilidade de perda de principais características dos algoritmos de
informação. Caso algum obstáculo interrompa a roteamento, sendo que a robustez é a mais
comunicação entre dois dispositivos, importante dentro delas. [25][31][35][36]
automaticamente a rede direciona o tráfego para
as rotas alternativas, já conhecidas pelo III. COMPARATIVOS ENTRE OS PADRÕES.
gerenciador da rede. A inclusão de um novo nó na
rede é de forma simples e automática. O novo A Tabela II ilustra um comparativo entre
equipamento de campo envia um pacote de dados características comuns aos padrões ilustrados
nesse trabalho, evidenciando cada protocolo. É
importante notar que o padrão ISA-SP100 ainda
não está totalmente normalizado e algumas
informações ainda não estão disponibilizadas.

Tabela II: Comparativo entre os padrões.

Figura 5: Equipamentos WirelessHART

O objetivo desta aplicação é realizar a


demonstração de alguns equipamentos da rede
WirelessHart, juntamente com o tráfego de
informações entre tais equipamentos.
O notebook está conectado à porta Ethernet
do controlador de rede, na qual faz uso da
ferramenta FBView, um analisador de linha da
rede WirelessHart (que permite visualizar todo o
tráfego de informações na rede). Com o uso de
um osciloscópio foi possível visualizar o
momento exato em que o Transmissor de
Temperatura WirelessHart TT400 envia suas
informações à rede. A figura 6 ilustra o sinal
IV. APLICAÇÃO transmitido pelo equipamento.

Para o desenvolvimento deste estudo de caso


(Aplicação Real) foi escolhido a rede
WirelessHart devido à disponibilidade de
equipamentos do laboratório de desenvolvimento
utilizado.
Para esta aplicação, a rede WirelessHart foi
estruturada com um Gateway DF100
(controlador da rede), um transmissor de
temperatura WirelessHart TT400, um notebook e
um osciloscópio, conforme mostra a figura 5.

Figura 6: Sinal WirelessHART Transmitido.

Os transmissores de uma maneira geral


trabalham sob o regime de exceção, ou seja, de
tempos em tempos, caso nenhum evento ocorra
(envio de uma informação contendo mudança no Figura 8: Tela do Controlador de rede, mostrando a
processo) o instrumento envia sinais ao configuração do transmissor de temperatura.
controlador de rede para informar seu estado
(Modo Burst). Nas redes WirelessHart é A figura 9 detalha uma parte do histórico de
altamente recomendado que todos os comunicação entre o instrumento de campo
instrumentos de campo trabalhem em Modo (sensor de temperatura) e o controlador de rede,
Burst. O intervalo de envio das informações neste contida na Ferramenta FBView. Verifica-se que
modo é configurado no momento em que tal há três mensagens de Burst ocorrendo a cada oito
instrumento está sendo adicionado e configurado segundos.
no controlador. Para esta aplicação, este tempo é
de oito segundos. A figura 7 mostra o intervalo
entre as transmissões.

Figura 9: Mensagens de Burst enviada do instrumento de


campo.

V. CONCLUSÃO

O cenário da aplicação de tecnologia de


comunicação sem fio no segmento industrial está
Figura 7: Intervalo entre os sinais de Burst. mudando de forma gradual. Este tipo de
comunicação voltado para este segmento está em
A figura 8 mostra a inserção do Transmissor um patamar muito avançado quanto à tecnologia
de Temperatura na rede WirelessHart e sua empregada.
configuração. Verifica-se que o instrumento foi O Wireless Industrial foi baseado em padrões
configurado no Modo Burst e com um intervalo de comunicação sem fio totalmente estruturado
de oito segundos entre cada envio de mensagens no mercado das comunicações, e fundido com
(Menssage Burst). questões técnicas e particularidades, juntamente
com as reais necessidades da indústria, surgiram
então, padrões específicos para atender esta fatia
de mercado.
Estes novos padrões (não todos) já foram
totalmente testados e aprovados por órgãos
específicos que comprovaram a eficácia dos
mesmos.
A aplicação direta destas tecnologias no
campo ainda possui certa resistência. Mesmo
sabendo que as questões apresentadas no início
deste trabalho já não são mais empecilhos, muitos
consumidores ainda ficam com certo receio em
fazer o uso desta tecnologia.
A implantação desta tecnologia no segmento
industrial ocorre nas ampliações fabris e nas
modernizações das plantas industriais já [15] COSTA, Márcio S. e AMARAL, Jorge L. M. Análises de Redes Sem
Fio Industriais – ISA100xWIRELESSHART. Intech, São Paulo, n. 140, p
existentes. 61-67, maio 2012.
É possível verificar na aplicação prática a [16] SILVA, Ivanovitch, et al. Tecnologias Emergentes para Redes
operação e funcionamento de um protocolo de Industrias sem Fio: WirelssHart vs ISA100.11A. In: VII Congresso Rio
rede industrial sem fio para automação industrial Automação. Rio de Janeiro. 2013.

e suas funcionalidades, evidenciando, assim, as [17] CHRISTIN Delphine, MORGE, Parag S., HOLLICK Mathias.
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[31] KUNZEL, Gustavo. Ambiente para Avaliação de Estratégias de
Roteamento para Redes WirelessHART. Dissertação de Mestrado.
UFRGS. 2012.

[32] Site da Internet: Emerson Process. Disponível em:


http://www2.emersonprocess.com/pt-BR/Pages/Home.aspx. Acessado em
Novembro de 2013.

[33] CASSIOLATO, César. Libertando o Poder do HART e


proporcionando benefícios aos usuários. Disponível em:
http://www.smar.com/brasil/artigostecnicos/artigo.asp?id=41. Acessado
em Novembro de 2013.

[34] CASSIOLATO, César. WirelessHART. Disponível em:


http://www.smar.com/brasil/artigostecnicos/artigo.asp?id=86. Acessado
em Novembro de 2013.

[35] CASSIOLATO, César. WirelessHART e o Modelo OSI. Disponível


em: http://www.smar.com/brasil/artigostecnicos/artigo.asp?id=87.
Acessado em Novembro de 2013.

[36] Site da Internet: HART Communication Foundation. Disponível em:


http://www.hartcomm.org. Acessado em Novembro de 2013.

[37] GINATTO, Alex. RAPHALOSKI, Evandro. O Protocolo


WirelessHART (Parte 1). Disponível em:
http://www.automacaoindustrial.info/o-protocolo-wirelesshart-parte-1/.
Acessado em Novembro de 2013.

[38] GINATTO, Alex. RAPHALOSKI, Evandro. O Protocolo


WirelessHART (Parte 2). Disponível em:
http://www.automacaoindustrial.info/o-protocolo-wirelesshart-parte-2/.
Acessado em Novembro de 2013.

[39] GINATTO, Alex. RAPHALOSKI, Evandro. O Protocolo


WirelessHART (Parte 3). Disponível em:
http://www.automacaoindustrial.info/protocolo-wirelesshart-3/. Acessado
em Novembro de 2013.

[40] GINATTO, Alex. RAPHALOSKI, Evandro. O Protocolo


WirelessHART (Parte 4). Disponível em:
http://www.automacaoindustrial.info/protocolo-wirelesshart-parte-4/.
Acessado em Novembro de 2013.

Prof. Dr. Alexandre Baratella Lugli.


Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel.
Coordenador e professor de curso superior e professor da pós graduação.
Av. João de Camargo, Número 510 - Santa Rita do Sapucaí – MG. CEP
37540-000 - Fone: (35) 3471 9262 - Fax: (35) 3471 9314.
baratella@inatel.br

Hugo Viana Magalhaes Seabra.


Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel.
Aluno da pós graduação.
Av. João de Camargo, Número 510 - Santa Rita do Sapucaí – MG. CEP
37540
hugoviana85@yahoo.com.br

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