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Anais do Quinto Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo –


Campus São Paulo
2020

ISSN 2526-7493
DIRETOR GERAL DO CAMPUS SÃO PAULO
Luis Claudio de Matos Lima Júnior

VICE-DIRETORA GERAL DO CAMPUS SÃO PAULO


Rebeca Vilas Boas Cardoso de Oliveira

DIRETOR DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO


José Carlos Jacintho

COORDENADOR DE FOMENTO
André Wagner Rodrigues de Sousa

COMITÊ CIENTÍFICO

André Wagner Rodrigues de Sousa Marcelo Augusto Monteiro de


Carla Cristina Fernandes Souto Carvalho
Caio Cabral da Silva Mario Sergio Cambraia
Cesar da Costa Miguel Angelo de Abreu de Sousa
Cristina Lopomo Defendi Osvaldo Canato Júnior
Daniel Teixeira Maldonado Patricia Andrea Paladino
Dariane Raifur Rossi Paulo Roberto de Albuquerque
Devanir Cabral Lima Morikawa Bomfim
Eduardo Alves da Costa Paulo Sérgio de Carvalho
Elaine Pavini Cintra Pedro Miranda Junior
Eliana Maria Aricó Rafael Cuerda Monzani
Fabiana Rodrigues de Sousa Rafael Ribeiro da Silva Soares
Fernanda Ferreira Boschini Ridnal João do Nascimento
Fernanda Luciana Peruzi Rodrigo Carvalho Sponchiado
Flaviana Rodrigues de Sousa Sara Dereste dos Santos Perseghini
Flavio Biasutti Valadares Tarcísio Fernandes Leão
Francisco Yastami Nakamoto Tatyana Murer Cavalcante
Gustavo Isaac Killner Thais Cristina Silva de Souza
José Carlos Jacintho Vandré Aparecido Teotônio da Silva
Leandro Daros Gama Vanessa Santana dos Santos
Lúcia Scott Franco de Camargo Azzi
Collet
Lucimara Del Pozzo Basso
Márcio Alves de Oliveira
Márcio Yuji Matsumoto
Marcio Vinicius Corrallo
Maria Helena Del Grande
APRESENTAÇÃO

O V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do Campus São Paulo (V EICPOG),


que ocorreu de forma virtual, foi um evento que teve como objetivo primordial divulgar as
pesquisas realizadas pelos estudantes e servidores do Campus São Paulo e se mostrou
como um espaço de oportunidades para debates entre pesquisadores.

Neste ano de 2020, devido aos problemas da pandemia do Covid-19, o número de trabalhos
apresentados foi menor que em 2019 e sem a apresentação de banners, no entanto, todos
os trabalhos foram apresentados com o mesmo entusiasmo e dedicação dos anos
anteriores. Por outro lado, o evento demonstrou que continua a desenvolver seu espaço de
intercâmbio de informações entre as atividades e pesquisas acadêmicas, científicas e
tecnológicas.

Cabe destacar que o sucesso do V EICPOG só foi possível devido ao empenho, dedicação
e colaboração dos alunos, professores e servidores administrativos do Campus São Paulo,
aos quais agradeço e convido a participarem do próximo EICPOG como autores, avaliadores
ou membros da comissão organizadora. É primordial essa união de esforços para a
consolidação da pesquisa no Campus São Paulo do IFSP.

Informações úteis

O evento ocorreu durante os dias 11, 12 e 13 de novembro de 2020, de forma virtual,


devido à necessidade de isolamento social provocada pela pandemia da covid 2019.

- 128 submissões
- 108 trabalhos aprovados
- 19 sessões
- Trabalhos do IFSP de diferentes campi, bem como trabalhos de outras instituições

Trabalhos convidados para publicar artigo científico na REGRASP e na POSGERE:


Iniciação Científica
Iniciativas para Educação de Jovens e Adultos no estado de São Paulo (1995-2018)
Mulheres cientistas silenciadas e o resgate histórico de contribuições da física teórica
brasileira Sonja Ashauer (1923-1948)
A reprodução do espaço na Metrópole Paulistana: o Projeto de Intervenção Urbana-Setor
Central para o Distrito do Pari
Análise geomorfológica para identificação de evidências de rearranjos de drenagem na
bacia do Rio Itatinga (Mogi das Cruzes-SP)
Em busca do -engo perdido: um estudo semântico-histórico
Extração de Naftoquinona Lapachol do Caule de Ipês e estudo de Reações de Ciclizações
em Meio Ácido
Luminescência opticamente estimulada de MgAl2O4:Ca
Veículo Autônomo com Controle Fuzzy
Turismo de base comunitária em unidades de conservação ambiental paulistas: do
mapeamento de iniciativas aos grandes desafios
Construção de um sistema vibratório para a produção de oscilações forçadas

Pós-graduação
As produções acadêmicas sobre o Ensino de História na Educação de Jovens e Adultos
Representações sociais de egressos/as das Licenciaturas em Ciências da Natureza e
Matemática do IFSP/SPO sobre políticas de ações afirmativas para acesso ao ensino
superior
Análise de videoaulas de astrobiologia para crianças propostas por um espaço de
educação não formal
A Gamificação na Matemática
O Ensino de Ciências como campo de intersetorialidade: o Programa Saúde na Escola, a
Base Nacional Comum Curricular e o Currículo da Cidade de São Paulo
Propriedades piezoelétricas de nanofibras poliméricas de fluoreto de polivinilideno (PVDF)
Concepções e reflexões sobre o uso de recursos didáticos visuais bilíngues para
estudantes surdos

Prof. Dr. José Carlos Jacintho


Diretor de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Campus São Paulo - IFSP
Presidente da Comissão Organizadora do EICPOG
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

TRANSTORNO DO DÉFICT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH, EDUCAÇÃO


E DIREITO:
COMO A ESCOLA LIDA COM ESTA QUESTÃO1

MATOS, Francisco de Castro2


MUSKAT, Mauro3

RESUMO

O tema da pesquisa é TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade,


Educação e Direito: como a escola pública lida com esta questão. Importantes fatos
foram tratados neste artigo, tais como: como a escola colabora para o diagnóstico dos
casos de TDAH entre seus educandos, como auxilia no tratamento (planejamento,
execução do planejamento e avaliação) rumo ao êxito do processo pedagógico e porque
a escola exclui (direta e indiretamente) estes alunos. Paulo Mattos (2003), existem
algumas doenças, os transtornos em Medicina, as quais o indivíduo carrega desde a
primeira infância, que podem ou não o acompanhar durante toda a vida, como o TDAH,
em que há por parte do indivíduo um exagero de desatenção e de inquietude. Todo
mundo é assim, porém no indivíduo com TDAH isto se destaca a mais do que nas
pessoas comuns. A desatenção, inquietude e impulsividade são os principais sintomas
que caracterizam o TDAH, o qual é reconhecido oficialmente por vários países e pela
Organização Mundial de Saúde, isto é, trata-se de um transtorno que causa preocupação
na comunidade médica, na área educacional e na configuração de direitos inerentes à
pessoa com TDAH no que se refere à dignidade desta, inclusive, sabe-se que estas
pessoas são protegidas por leis específicas e gerais, recebendo tratamento diferenciado
na escola (nos Estados Unidos, por exemplo, é assim).

Palavras-chave: TDAH – Educação – Direito.

INTRODUÇÃO

TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Educação e Direito:


como a escola pública lida com esta questão. Também trata de suas relações com o
desempenho escolar e a aprendizagem para o êxito do processo pedagógico é o objeto
(tema) de estudo para esta pesquisa idealizada, a qual tratará de fatos importantes, tais
como: como a escola colabora para o diagnóstico dos casos de TDAH entre seus
educandos, como auxilia no tratamento (planejamento, execução do planejamento e

1 Projeto de pesquisa para Doutorado pela UNIFESP, 2013, o qual se transformou em artigo científico a
posteriori.
2 Professor de Educação Básica e Superior. Especialista em Educação em Direitos Humanos pela UFABC e
Mestre em Hospitalidade pela UAM. São Paulo - SP, email:francisco.matos@aluno.ifsp.edu.br; MATOS,
Francisco de Castro.
3 Orientador.
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avaliação) rumo ao êxito do processo pedagógico e por que a escola exclui (direta e
indiretamente) estes alunos. O foco da investigação é uma análise das potencialidades da
escola pública para a questão do TDAH, o direito para o indivíduo com TDAH e como se
procede ou deveria proceder a educação nesta perspectiva. Uma das fontes primárias
motivadoras de tal estudo foi a colaboração científica do professor Paulo Mattos. Segundo
ele (2003), existem algumas doenças, os transtornos em Medicina, as quais o indivíduo
carrega desde a primeira infância, que podem ou não o acompanhar durante toda a vida,
como a Dislexia e o Autismo. São os transtornos do desenvolvimento, os quais nascem
com o indivíduo, ou seja, são inatos. Mattos cita outros transtornos do desenvolvimento
em que a pessoa segue seu curso normal na vida e, subitamente, se torna diferente,
como a Depressão. No TDAH, por exemplo, há por parte do indivíduo um exagero de
desatenção e de inquietude. Segundo Mattos (2003), todo mundo é assim, porém no
indivíduo com TDAH isto se destaca a mais do que nas pessoas comuns. A desatenção,
inquietude e impulsividade são os principais sintomas que caracterizam o TDAH, o qual é
reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial de Saúde, isto é,
trata-se de um transtorno que causa preocupação na comunidade médica, na área
educacional e na configuração de direitos inerentes à pessoa com TDAH no que se refere
à dignidade desta, inclusive, sabe-se que estas pessoas são protegidas por leis
específicas e gerais, recebendo tratamento diferenciado na escola (nos Estados Unidos,
por exemplo, é assim). Acredita-se que o TDAH é uma doença grave, que cerceia o
direito do indivíduo de se desenvolver com dignidade, cidadania e tendo uma vida plena e
satisfatória. Neste sentido, elaborar uma pesquisa que estabeleça relações entre as
causas de TDAH no interior de uma escola pública, enquanto instituição que tem como
principal função inserir indivíduos na sociedade, conscientes de seus direitos e
obrigações, para que exerçam sua cidadania, que é um direito fundamental assegurador
da dignidade da pessoa humana, conferidos na Constituição Federal de 1988, com
independência e os efeitos deste transtorno, que na maioria das vezes passa
despercebido por profissionais de educação em geral ou é confundido com outras
doenças, é plausível e pode colaborar para uma solidez do tema.

OBJETIVOS

Com base no tema proposto, estes foram os objetivos gerais são:


a) Analisar o projeto pedagógico escolar quanto à menção dos casos de TDAH.
b) Analisar a relação entre desempenho escolar e TDAH.
c) Analisar o papel desempenhado pelo professor nos casos diagnosticados com
TDAH.
d) Analisar os efeitos das ações educacionais e da inércia escolar para o
tratamento dos casos de TDAH diagnosticados.
Já os objetivos específicos estão a seguir:
a) Identificar os casos de TDAH entre os educandos;
b) Identificar os encaminhamentos feitos pelos gestores escolares a respeito dos
casos de TDAH existentes no interior da escola.
c) Identificar os efeitos provenientes das ações escolares para os casos de TDAH,
principalmente o rendimento escolar no processo ensino - aprendizagem;
d) Identificar o papel desempenhado pelo professor nos casos diagnosticados com
TDAH.

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METODOLOGIA

Na metodologia optou-se por um estudo em formato de uma pesquisa quantitativa,


com um questionário composto de perguntas fechadas e semi – abertas, consolidando os
itens, a seguir:
a) Entrevistas com a equipe gestora (diretor – coordenador pedagógico –
assistentes de direção/vice diretor e supervisor de ensino);
b) Entrevistas com profissionais da área médica e afins;
c) Entrevistas com os pais de alunos diagnosticados com TDAH.
Também se contemplou uma pesquisa qualitativa com bases estruturadas em
artigos científicos, teses de mestrado e doutorado, livros da área, disponíveis ou não na
internet.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escola, enquanto instituição social formadora de cidadãos e corresponsável pela


inserção do educando na sociedade, pode colaborar de forma objetiva para o tratamento
dos casos de TDAH em seus educandos de forma a fomentar educação de qualidade e
includente. Percebe-se a importância de se analisar o projeto pedagógico escolar quanto
à menção dos casos de TDAH, bem como a relação entre desempenho escolar e TDAH,
o papel desempenhado pelo professor nos casos diagnosticados com TDAH, os efeitos
das ações educacionais e da inércia escolar para o tratamento dos casos de TDAH
diagnosticados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

É necessário que o sistema educacional crie ferramentas de como identificar os


casos de TDAH entre os educandos, bem como os encaminhamentos feitos pelos
gestores escolares a respeito dos casos de TDAH existentes no interior da escola, os
efeitos provenientes das ações escolares para os casos de TDAH, principalmente o
rendimento escolar no processo ensino – aprendizagem, o papel desempenhado pelo
professor nos casos diagnosticados com TDAH e os direitos dos portadores de TDAH.

REFERÊNCIAS

MATTOS, P. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de


atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos.
Editorial, 2005.

OLIVEIRA, R. Avaliações externas podem auxiliar o trabalho pedagógico da escola? In:


EDUCAÇÃO: fazer e aprender na cidade de São Paulo. São Paulo: Fundação Padre Anchieta,
2008

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

DAS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA SÍNDROME DE


BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM1

PIRES, Cláudia Aparecida de Souza2


SARDINHA, Luís Sérgio
Del Tedesco, Tânia
LEMOS Valdir de Aquino

RESUMO

A Síndrome de Burnout (SD) é uma doença ocupacional reconhecida pela previdência


social. Pode ser definida como uma síndrome do esgotamento profissional. Pode atingir
profissionais em seu ambiente de trabalho, que envolvem o relacionamento intenso e
frequente e pode estar relacionada a outros transtornos mentais. Desta forma, pode
interferir no desempenho laboral, gerando danos físicos, mentais e sociais, ocasionando
absenteísmo e conflitos na equipe pelo forte desgaste emocional. O objetivo do presente
é descrever e discutir o Tratamento e a prevenção de Burnout em profissionais de
enfermagem. METODOLOGIA: O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, realizada
em 79 artigos científicos pesquisados em Sciello, Bvsalud, Pubmed, Scholar.
RESULTADOS/DESENVOLVIMENTO: A Síndrome de Burnout é integrada pela exaustão
emocional extrema, elevada despersonalização da profissão e baixa realização
profissional. Existem estratégias para o enfrentamento da síndrome e para as
intervenções ao profissional de enfermagem. Em relação as habilidades comportamentais
e cognitivas, destacamos a meditação, educação em saúde e atividade física. Ações para
melhoria da comunicação e trabalho em equipe, mudança das condições físicas e
ambientais na relação indivíduo, pacientes e organização. Assim, os programas de
práticas de Mindfulness são importantes para o tratamento. CONCLUSÃO: Pode-se
concluir que há condições de enfrentamento utilizadas pelos profissionais de
enfermagem, acometidos pela SD que não seja somente pela via farmacológica. Neste
sentido, sugere-se a prática do Mindfulness como tratamento que traz melhora e a
previne. Espera-se que medidas preventivas possam contribuir para subsidiar futuras
intervenções voltadas a saúde mental dos enfermeiros.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Qualidade de vida, Mindfulness, Enfermagem.

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Burnout é uma patologia ocupacional reconhecida pela previdência social


(1999), e pelo Decreto 3.048/1999. É estabelecida como síndrome do esgotamento
profissional, pelo Ministério da Saúde, e integra-se no Código Internacional de Doenças
(CID-10) com o código Z 73, no capítulo de "problemas associados" ao emprego ou ao
desemprego. Recebeu o código QD85 e está incluído na 11º Revisão de Classificação
Internacional de Doenças (CID-11), que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022.
Segundo APA (2014), a Síndrome de Burnout é caracterizada com sinais e sintomas
1 Trabalho de conclusão de curso.
2 Aluna de graduação do Curso de Psicologia do CUBC; Mogi das Cruzes; São Paulo; claufacul@gmail.com;
SARDINHA, Luís Sérgio Tania Del Tedesco; LEMOS Valdir de Aquino; professores do Curso de Psicologia
do CUBC; Mogi das Cruzes; São Paulo; sergio.sardinha@brazcubas.edu.br.
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psicológicos que se manifestam em virtude da má adaptação do trabalhador ao ambiente
laboral que seja excessivamente estressante. É na fase de exaustão emocional que se
manifesta o primeiro sinal da Síndrome de Burnout. Porém, sua evolução é de forma
crescente e acumulativa podendo levar até vários anos para manifestar-se. Pines (1989)
caracteriza um indivíduo que se revela desmotivado, pouco compreensivo, com
tratamento distante e desumanizado com outras pessoas e apontam a Síndrome como
cansaço emocional, despersonalização e frustração. Seguindo essa linha de raciocínio,
fontes literárias indicam que a terapia para o Burnout é realizada por grupo de
psicoterapia podendo utilizar de fármacos, caso a pessoa manifeste os sintomas de
desconfortos, oscilações na pressão arterial, insônia e afins. Pode-se também serem
utilizados analgésicos, complementações minerais, ansiolíticos e antidepressivos, de
acordo com os sintomas apresentados (SILVA et al., 2015). Ademais, neste momento, a
prática de Mindfulness tem sido motivo de estudo da área da psicologia institucional e do
trabalho. Alguns estudos têm discutido a importância do papel de Mindfulness no recinto
laboral, na eficácia das atividades, na saúde física e psicológica (DANE; BRUMMEL,
2013). As práticas de Mindfulness, ou atenção plena, podem ser definidas como técnicas
que auxiliam na consciência que emerge de focar a atenção, de forma intencional e sem
julgamento à experiência presente, momento a momento. Em linhas gerais as técnicas de
Mindfulness auxiliam e influenciam o equilíbrio entre os pensamentos e as emoções.

OBJETIVOS

Descrever sobre a Síndrome de Burnout e se apresenta sobre possibilidades de


tratamento e prevenção em profissionais de enfermagem.

MÉTODO

Para o presente estudo seguiu o modelo de revisão literária, em que é realizada a reunião
de estudos publicados que fundamentam o propósito de estudo. As palavras chave
utilizadas foram: Síndrome de Burnout, Profissionais da Saúde, Enfermagem, Trabalho e
Mindfulness. Foram triados dados a partir de 79 artigos, 48 livros e uma dissertação de
mestrado, de 11 sites científicos que responderam à questão norteadora deste estudo,
com acesso on-line e livre, que abordam a temática da Síndrome de Burnout, publicados
entre os anos de 1976 até 2018.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Síndrome de Burnout está relacionada ao trabalho e é motivada em razão das


exposições constantes às situações de estresse. Com o passar do tempo, esses fatores,
influenciam de forma negativa em todas as particularidades da vida do profissional,
podendo apresentar sintomas físicos, comportamentais, psíquicos e defensivos. Por outro
lado, a relação pessoa-instituição compreende as ações para melhoria da comunicação e
trabalho em equipe, entre outras. Assim, dentre as várias formas de intervenção, os
programas de práticas de Mindfulness têm sido apontados como um potencial tratamento
para o Burnout (LEITER, BAKKER; MASLACH, 2014). Leiter et. al. (2014) destacam a
importância de aprimorar mais estudos para reconhecer quais os mecanismos associados
ao sucesso do Mindfulness na prevenção e tratamento do Burnout. Destacando a sua
eficácia em vários aspectos, bem como o uso de técnica de relaxamento (diminuindo a
exaustão), a melhoria de estratégias focadas nas emoções (aumentando a eficiência e a
confiança) e o treino da atenção sem julgamento (evita sentimentos de cinismo). Segundo
Markus e Lisboa (2015), a prática do Mindfulness (estado de atenção plena no momento
presente) é apontada como estratégia que colabora para a performance no trabalho,
estruturação emocional, diminuição de exaustão emocional e Burnout, envolvimento no

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trabalho e melhora nos relacionamentos sociais. De acordo com Gouvêa et al. (2014) e
Barros et al. (2016) sugerem que as organizações de saúde, sendo que estes também
não estão isentos de doenças, deveriam estabelecer programas de saúde do trabalhador
que indiquem como poderiam obter e proporcionar um tratamento humanizado e que
proporcionem apoio psicológico e social aos profissionais, para que a saúde ocupacional
do trabalhador seja preservada e cuidada.

CONCLUSÕES

Pode-se concluir que existem métodos de enfrentamento, aplicadas aos profissionais de


saúde acometidos pela Síndrome de Burnout, onde indicam melhoras e previnem a
síndrome por meios de práticas de mindfulness além de atividades físicas regulares e
alimentação adequada. Os estudos denotam a utilização de técnicas cognitivo-com
portamentais e estratégias de enfrentamento diante de situações estressoras, como
condição para controlar as tensões e propõem vias de gestão do trabalho a serem
empregues diante de equipes expostas a ambientes estressores, mas não descrevem em
que proporção estas técnicas e estratégias empregues são efetivas na prevenção ou
tratamento com relação à síndrome. Ademais, é preciso divulgar, entre os profissionais,
informações e orientações, sobre Burnout e suas efeitos negativos para o ser humano e
para as organizações, assim como esclarecer a finalidade das estratégias de
enfrentamento como vias de combate efetivas diante dos déficits de saúde. Tais medidas
ajudam a prevenir o estresse ocupacional entre estes colaboradores, proporcionando
crescimento pessoal e profissional, beneficiando a instituição e a qualidade dos serviços
prestados.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, P. S; CARDOSO, T. A. O. Prazer e Dor na Docência: revisão bibliográfica


sobre a Síndrome de Burnout. Saúde Soc. São Paulo, v.21, n.1, p.129-140, 2012.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V- Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais. 4º ed. Porto Alegre: Armed, 2014.
BARROS, M. M. S. et al. Síndrome de Burnout em Médicos Intensivistas: Estudo em
UTIs de Sergipe. Temas em Psicologia, v.24, n.1, p. 377-389, 2016.
DANE, E.; BRUMMEL, B. Examining workplace mindfulness and its relations to job
performance and turnover intention. Human Relations, v.67, p.105-128, 2013.
GOUVÊA, P. B. Manifestações psicossomáticas associadas à síndrome de burnout
referidas por trabalhadores da saúde. Saúde, v.40, n.1, p. 45-52, 2014.
LEITER, M. P., BAKKER, A. B.; MASLACH, C. Burnout at work: a psychological
perpective. New York: Psychology Press, 2014.
MARKUS, P. M. N.; LISBOA, C. S. M. Mindfulness e seus benefícios nas atividades de
trabalho e no ambiente organizacional. EDIPUCRS, v.8, n.1, p.1 – 15, 2015.
PINES, A.; ARONSON, E. Career burnout: Causes and cures. New York: Free Press,
1989.
SILVA, R.N.S, SILVA L. P.S, COSTA, M.C.M, MENDES JR, Síndrome de Burnout em
profissionais da enfermagem. Revista Saúde em Foco, v.2, n.2, p.94-106, 2015.
SILVA, A. B. N.; MAXIMINO, D. A. F. M.; SOUTO, C.G.V.; VIRGINIO, N. A. Síndrome de
Burnout em Profissionais de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Ciênc.
Saúde Nova Esperança, v.1, n.1, p. 03-08, 2016.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NA INCLUSÃO DE AUTISTAS DE ALTO


FUNCIONAMENTO OU SÍNDROME DE ASPERGER NO ENSINO SUPERIOR

ROCHA, Ellen Miyake


PINHEIRO, Lucineide Machado

RESUMO

O artigo trata da importância do trabalho do docente na inclusão de autistas de alto


funcionamento no nível superior, não apenas no sentido de criar condições que permitam
o seu ingresso, mas também a sua permanência e desenvolvimento posterior. Para
demonstrar a relevância do papel do docente nesse sentido, realizou-se uma revisão
bibliográfica relacionada à inclusão desses indivíduos e estudo de casos de pessoas com
o Transtorno do Espectro Autista (TEA) que conseguiram conquistar padrões de
excelência no nível superior. Nesse caminho, verifica-se que um profissional com a
formação docente adequada e voltada à inclusão pode conquistar resultados
excepcionais.

Palavras-chave: Ensino superior, inclusão, Asperger, Transtorno do Espectro Autista.

INTRODUÇÃO

O tema desse trabalho é a importância do professor na inclusão de pessoas com


espectro autista de alto funcionamento, conhecido como síndrome de Asperger, no ensino
superior. Segundo Klin (2006, p. 11:
A síndrome de Asperger (SA) caracteriza-se por prejuízos na interação social, bem
como interesses e comportamentos limitados, como foi visto no autismo, mas seu
curso de desenvolvimento precoce está marcado por uma falta de qualquer
retardo clinicamente significativo na linguagem falada ou na percepção da
linguagem, no desenvolvimento cognitivo, nas habilidades de autocuidado e na
curiosidade sobre o ambiente. Interesses circunscritos intensos que ocupam
totalmente o foco da atenção e tendência a falar em monólogo, assim como
incoordenação motora, são típicos da condição, mas não são necessários para o
diagnóstico.

Essa dificuldade de socialização permanecerá por toda a vida das pessoas com
espectro autista. Muitas vezes, serão necessárias terapias e medicação para lidar com o
excesso de ansiedade, pânico e até depressão, devido às dificuldades de adaptação, por
não entenderem as interações sociais e não serem compreendidos por sua cegueira
social. Assim, para que consigam prosseguir no nível superior, sustentamos que o
educador tem suma importância nessa dinâmica, haja vista que sua função vai além de
mediar o processo de ensino-aprendizagem, isto é, estende-se na colaboração que
estabelece ao promover espaços de integração e socialização de alunos autistas de alto
funcionamento na instituição.
Atualmente, com a mudança do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM) em 2013, autismo e síndrome de Asperger são ambos considerados como
transtorno do espectro autista (TEA). Assim, as pessoas que antes eram classificadas
como Asperger, agora são caraterizadas no espectro leve (alto funcionamento).
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Espera-se com este estudo contribuir na reflexão da importância da formação
docente voltada à inclusão das pessoas com deficiência no ensino superior, no caso
específico, dos autistas de alto funcionamento, para que assim possamos vislumbrar
melhorias na educação e construir uma sociedade realmente igualitária.

OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo geral entender o papel do professor na inclusão
dos alunos autistas.

METODOLOGIA

Para a construção desse estudo, empregamos a metodologia qualitativa


exploratória e bibliográfica. Segundo Gil (2008, p. 27), “pesquisas exploratórias são
desenvolvidas com o objetivo de proporcionar a visão geral, de tipo aproximativo, acerca
de determinado fato; (...), quando o tema escolhido é pouco explorado”. Já a pesquisa
bibliográfica é definida por Severino (2007, p. 122) como “aquela que se realiza a partir do
registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como
livros, artigos, teses, etc (...)”.
Inicialmente, considerando a parte bibliográfica, buscamos estudiosos que
tencionam questões sobre Inclusão, Autismo e Formação de professores. Após a
pesquisa do panorama geral, buscamos biografias de pessoas no espectro autista que
conseguiram se desenvolver e se tornar referência em suas respectivas áreas de estudo.
Entre os repositórios de artigos disponíveis para pesquisa, por sua abrangência,
escolhemos: Scielo e Google Scholar, cujos resultados apresentam-se a seguir.
No Scielo utilizamos as palavras-chave: “ensino superior” + “transtorno do espectro
autista” + “inclusão” + “professor”, sem sucesso com qualquer resultado. Ao alterar a
seleção para as palavras-chave: “autismo” + “professor” + “inclusão” obtivemos 63
resultados, sendo que, infelizmente, os artigos tratavam apenas do ensino básico.
Já no Google Scholar, ao pesquisar os termos: “ensino superior”, “inclusão”,
“professor”, “autismo”, obtivemos 5.660 resultados. Sendo impraticável a leitura de todos,
foram selecionados alguns trabalhos relacionados à revisão bibliográfica.
Citaremos exemplos no trabalho que mostram a perspectiva do autista, em relação
à importância que o docente teve em sua vida acadêmica para que conseguisse
prosseguir, haja vista ser ter a visão não apenas dos especialistas, mas também conhecer
as histórias dos autistas. Por esse motivo- coletamos dados por meio de entrevistas,
filmes e bibliografias geradas por eles.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em vários dos materiais coletados para estudo, verificamos autores discutindo a


dificuldade de inclusão dos alunos quando não há formação docente inicial nesse sentido
e a necessidade de haver uma formação continuada, a fim de que os professores
repensem suas práticas pedagógicas e compartilhem experiências com seus pares,
desenvolvendo uma reflexão conjunta e também uma autorreflexão.
Além disso, ao avaliarmos as políticas públicas no Brasil com avanços desde a
Constituição Federal de 1988, não verificamos a sua efetividade, haja vista que, além de
legislar, é necessário criar condições políticas e econômicas para tal. Também notamos
uma convergência na opinião dos autores que identificam a necessidade de adaptação
dos currículos e materiais didáticos para cada público, ou seja, há uma crítica quanto à
homogeneização, sem se respeitar as especificidades de cada um. A crítica também se
volta às instituições educacionais que não modificam suas estruturas, apesar das leis
vigentes. Isso é ainda mais grave no ensino superior, pois a legislação só abarca a
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obrigatoriedade da matrícula, caso os requisitos sejam cumpridos, mas não prevê a
necessidade de dar condições a esses alunos após a maioridade.
Analisando os dados coletados, e tentando responder à questão levantada quando
propomos essa revisão bibliográfica, verificamos que o professor é de extrema
importância para a inclusão dos alunos com deficiência - Afinal, é ele que fará essa
mediação e aplicará uma intervenção inclusiva e de qualidade, não só por estar em
contato direto com os alunos, mas também por ter autonomia para decidir a melhor
prática pedagógica em cada situação - Por isso, defendemos a necessidade do professor
ter uma formação docente inicial e continuada adequada voltada à inclusão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

De acordo com o exposto, verificamos que, por mais que o Brasil tenha avançado
em políticas públicas em relação às pessoas com deficiência, em se tratando dos autistas,
ainda há um longo caminho para termos uma abrangente inclusão, que envolva qualidade
e alcance, dado o fato de as instituições não fornecerem subsídios suficientes para que
essas pessoas sigam em sua formação. Afinal não é só o direito ao acesso que deve ser
garantido, mas também a sua permanência, objetivo este que ainda não foi priorizado.
Percebemos em comum, nos casos de sucesso, que todos os estudantes autistas
tiveram um professor que acreditou em seu potencial e não os condenou a serem menos
do que poderiam se tornar. Todos tiveram a orientação necessária para que aprendessem
da melhor forma possível, o que possibilitou o desenvolvimento de seu potencial, a partir
do foco de interesse específico.
Esses professores tiveram um olhar humano, souberam respeitar as diferenças e,
acima de tudo, enfatizaram as possibilidades de cada um. Isso mostra o quanto é
importante o professor estar atento aos seus alunos, pois ele é o mediador que pode tanto
incluir quanto excluir as pessoas.
Com respeito, cooperação mútua entre docente e estudante e com diálogo é que
se constrói uma base sólida para que os autistas de alto funcionamento possam ser
incluídos, consigam alcançar o ensino superior e se desenvolvam plenamente.
Para isso, é necessário também que as instituições forneçam os subsídios e
principalmente acolham a diversidade. Dessa forma, todas as pessoas possam ter acesso
à educação de qualidade independente de suas diferenças.
Esse trabalho não tem a pretensão de ser conclusivo. Mas, sim uma forma de
refletir, de dar voz às pessoas que por muito tempo foram deixadas à parte, mostrando a
importância de uma sólida formação docente para que a inclusão se concretize.

REFERÊNCIAS

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2008.

KLIN, A. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatr. São
Paulo , v. 28, supl. 1, p. s3-s11, Maio, 2006 . Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462006000500002&lng=en&nrm=iso >. Acesso: 24/03/2020

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientifico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

DESAFIOS E TRANSTORNOS MENTAIS NA DOCÊNCIA SUPERIOR1

SILVA, Heliomar Pereira2


SARDINHA, Luís Sérgio; LEMOS Valdir de Aquino

RESUMO

As condições de trabalho, ou seja, as circunstâncias sob as quais os professores


do ensino superior mobilizam as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para
atingir os propósitos da produção escolar pode gerar sintomatologias ansiosas e
depressivas. A angústia psíquica, conhecida como transtorno psiquiátrico menor,
caracterizada pelo mal-estar indefinido, com consequências fisiológicas e psicológicas. O
objetivo deste trabalho foi verificar o que causa este sofrimento psíquico nos docentes de
ensino superior. O presente estudo tem como método a revisão bibliográfica de literatura.
A realização da pesquisa bibliográfica é fundamental para que se conheça e analise as
principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto. Os principais
resultados apontam que professores estão em constante sofrimento. Os professores
estão vulneráveis em sua atividade profissional, vivendo forte sentimento de incapacidade
e isto gera estresse, ansiedade e depressão, com consequente baixa qualidade de vida.
O atual destino do professor está gerando indefinição nas futuras gerações como incerta,
com o preocupante risco de não desenvolver. Conclui-se que os professores do ensino
superior apresentam sintomas clinicamente significativos de estresse, ansiedade e
depressão em função da carga excessiva de trabalho e a responsabilidade acadêmica.
Existe maior prevalência de transtornos mentais comuns nos professores que se
esforçam mais no trabalho (com maior frequência de estressores) e com pior qualidade de
vida.

Palavras-chave: Professor, Depressão, Ansiedade, Ensino Superior.

INTRODUÇÃO

De acordo com Codo (1999) além do intelecto, os professores utilizam toda sua
capacidade para o desempenho da sua atividade laboral, que a sua exposição incomum
coloca a sua saúde mental e física em situação de vulnerabilidade. Diante do exposto e
atual cenário, as instituições de ensino superior apresentam sobrecarga das
responsabilidades, as situações conflitantes, as pressões e a fragmentação do trabalho
dos professores tornando assim atuação totalmente desanimadora. Os docentes estão

1
Trabalho de conclusão de curso.
2
Aluno de graduação do Curso de Psicologia do CUBC; Mogi das Cruzes; São Paulo; heliomars@globo.com;
SARDINHA, Luís Sérgio; professor do Curso de Psicologia do CUBC e CUIB;
sergio.sardinha@brazcubas.edu.br; LEMOS Valdir de Aquino; professor do Curso de Psicologia do CUBC;
Mogi das Cruzes; São Paulo; aquino.lemos@terra.com.br.
Página 1 de 3
cansados, desanimados, desvalorizados e, sobretudo com transtornos psicológicos
causados pela somatização de patologias decorrentes dessa diversificação de fatores e
exposto a episódios emocionais extremos, o individuo experimenta em diversos
momentos a ansiedade e depressão em níveis gravíssimos As atividades atribuídas aos
professores de ensino superior em seu cotidiano passam por diversos elementos
estressores psicossociais, inerentes às características da função (MENDES; CLOCK;
BACCON, 2016). A depender do contexto social e institucional, os fatores que levam ao
estresse se diferenciam e se assemelham, acumulando-se a ponto de provocar o
sofrimento e o adoecimento desse profissional. Como vimos, a profissão docente em
ensino superior vem passando por diversas modificações de acordo com o passar do
tempo, de forma que as mudanças apresentam aos professores novos desafios para a
suas atuações à medida que vão se concretizando ao longo de sua carreira. Mudanças
econômicas, políticas, sociais e culturais apresentam atualmente uma nova conjuntura
que caracteriza a realidade do professor de ensino superior no Brasil.

OBJETIVOS

Descrever e discutir sobre adoecimento psicológico do professor em professores


do ensino superior.

MÉTODO

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica de literatura. A realização


da pesquisa bibliográfica é fundamental para que se conheça e analise as principais
contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto. Afirma que a pesquisa
bibliográfica pode ser realizada com diferentes fins (FARIAS FILHO, 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a elaboração do trabalho, constatou-se que há uma quantidade ainda


reduzida de publicações que abordem o adoecimento psicológico do professor de ensino
superior. No decorrer dos anos houve um número maior de publicação sobre o assunto.
Contudo, os estudos que apresentaram propostas de Atenção à saúde dos docentes de
ensino superior corresponderam apenas a 10% do total pesquisado. A maioria se detém
em apresentar apenas as doenças frequentes e os problemas geram o adoecimento
desse docente.
De acordo Trojan (2008), com, outro importante fator a ser considerado é a
exigência de atualização e preparação constantes dos professores, para poderem
desenvolver o trabalho diário e alcançarem melhores salários. Mészáros (2008) relata que
o sentido de que o ritmo acelerado de trabalho e o ambiente intranquilo e estressante são
fatores de suma importância a serem considerados para evitar o estresse entre estes
profissionais. No estudo de Abreu et al. (2011), sobre índice de depressão em
professores, 42% apresentaram sintomas depressivos leves e 8% sintomas depressivos
moderados. As pesquisas abordam a depressão entre professores, que estes relataram a
desvalorização profissional pela falta que sentem de serviços de apoio para resolver
problemas profissionais e pessoais e também uma falta de reconhecimento que se
concretiza no salário e também na imagem pública e prestígio, sendo fatores que podem
predispor à depressão e ao afastamento do trabalho.
Os resultados obtidos apontam para a necessidade do aumento do número de
pesquisas sobre da realização de mais estudos neste campo do conhecimento a fim de
melhor compreender os fatores que influenciam a depressão entre estes profissionais,
visando à adoção de medidas preventivas e que contribuam para a melhoria da qualidade
Página 2 de 3
de vida no ambiente de trabalho. A prevenção da depressão entre docentes pode ser
efetivada com a redução da carga horária docente e o pagamento de melhores salários
para esta classe profissional. Tais medidas estão relacionadas diretamente à criação de
políticas públicas de valorização do magistério pelo Governo Federal.

CONCLUSÕES

Pode-se concluir que professores do ensino superior apresentam adoecimento


psicológico tais como: estresse, ansiedade e depressão em função da carga excessiva de
trabalho e a responsabilidade acadêmica. Além disso, existem diversas informações que
podem identificar e minimizar os sintomas de ansiedade e depressão em professores de
ensino superior. Há maior prevalência de transtornos mentais comuns nos professores
que se esforçam mais no trabalho (com maior frequência de estressores) e com pior
qualidade de vida no domínio físico.

REFERÊNCIAS

ABREU F. R.P. et al. Índice de depressão em professores de um campus em implantação


da UFRN. Extensão & Sociedade, 2011; 3(3).

CODO, W. Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.

FARIAS FILHO, J. R. Ensaio Teórico sobre Pesquisa Bibliográfica em Estratégia de


Operações. Apostila da Disciplina de Gestão de Operações - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção. Niterói: UFF/TEP, 2009.

MENDES, T. C.; CLOCK, L. M.; BACCON, A. L. P. Aspectos positivos e negativos da


profissão docente: entre a satisfação e o desejo do professor. Com a Palavra o
Professor, Vitória da Conquista (BA), v. 1, n. 1, p. 74-97, Out. / Dez., 2016.

MÉSZÁROS I. Educação para além do capital. São Paulo: BOITEMPO, 2008.

TROJAN, R. M. Teoria e prática na formação docente: estudo das políticas educacionais


brasileiras e cubanas. Práxis Educativa, Ponta Grossa, PR, 2008; 3(1).

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

SOLUÇÕES VISUAIS PARA REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DE OBRAS FICCIONAIS


EM PROSA1

BENHOSSI, Flávia2
SANTOS, Carlos Vinicius Veneziani dos.3

RESUMO

Pensando em facilitar e aprofundar o estudo do espaço em obras ficcionais em


prosa, a proposta desta pesquisa é analisar e desenvolver soluções visuais e maquetes
acessíveis para representar obras literárias, verificando a efetividade e contribuição do
método para enriquecer a aprendizagem. A obra escolhida foi Vidas Secas de Graciliano
Ramos e partindo da leitura aprofundada do espaço, foram feitas análises e estudos de
maquetes pensadas de forma a abordadas sensorialmente as questões levantadas pelo
livro de forma a ser acessível universalmente. Constatou-se que a obra oferece elementos
que podem ser aproveitados em uma dimensão tátil, oferecendo outro tipo de experiência
dos elementos da narrativa, solidária à experiência verbal.

Palavras-chave: Arquitetura, Literatura, Espaços, Representação, Acessibilidade.

INTRODUÇÃO

É evidente a vantagem comunicacional da utilização de recursos das artes visuais


aplicados à linguagem para recriar e representar os espaços descritos por romances.
Deve-se considerar o notável potencial didático de imagens e maquetes que dialogam
com as percepções imaginativas dos leitores. A leitura das imagens, associada à leitura
dos textos, permite ao estudante uma aproximação mais efetiva com os conteúdos
propostos pela obra literária, e uma relação mais pessoal com a mesma, de acordo com
seu itinerário de assimilação.
Quando se trabalham as descrições arquitetônicas na literatura é muito importante
materializar e entender como esse espaço afeta o enredo e os personagens da trama. O
processo de criação dessas imagens mentais é muito complexo e diversas vezes
dificultado quando apenas a leitura é realizada. Para deficientes visuais, modelos
tridimensionais podem auxiliar na ampliação de seus conhecimentos e na formação do
espaço descrito em seu imaginário. Pensando em facilitar esse processo e permitir que
essas pessoas possam ir além dos audiobooks, convém entender como elas produzem a
imagem de espaços físicos. De acordo com Samain:
a maneira através da qual, desta vez, adquirimos “conhecimentos ou informações”
origina-se, “da observação e da experimentação’’ (ou da experiência). O ser
humano somente pode adquirir conhecimentos através dos seus órgãos sensoriais
ou através de seus próprios experimentos. De tal modo que não se pode falar de
uma epistemologia que não seja, por necessidade, vinculada e atrelada a um
constante e prévio trabalho de observação (SAMAIN, 2001, p. 7).
Com o intuito de tornar a leitura de obras ficcionais mais rica, evidenciando a
espacialidade da obra, propõe-se a criação de material que recupere as características
espaciais encontradas nas análises do livro selecionado.

1 Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica


2 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, IFSP, São Paulo, SP, flavia.benhossi@aluno.ifsp.edu.br
3 Doutor em Semiótica e Linguística, IFSP, São Paulo, SP, vinivs@ifsp.edu.br.
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OBJETIVOS

Para tornar o uso de representações gráficas visuais do espaço de romances


literários acessível a deficientes visuais, o objetivo é confeccionar maquetes sensoriais
que representem o espaço e a narrativa das obras escolhidas. A utilização de texturas,
cheiros, sons e outros aspectos sensoriais deve ser explorada ao tatear no manuseio da
maquete.
As maquetes produzidas serão testadas em salas de aula para verificar sua
eficácia na construção do imaginário do deficiente visual a respeito da narrativa enfocada.
A obra será apresentada a partir da maquete, e as reações da turma em sala serão
observadas, registradas e avaliadas, incidindo na avaliação das maquetes.

METODOLOGIA

Para realizar a análise do espaço no livro, utilizou-se a abordagem semiótica, que


consiste segundo Barros (2005) em explicar o sentido dos textos analisando o seu plano
de conteúdo, descrevendo o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz. A
semiótica concebe o plano de conteúdo como um percurso gerativo de sentido dividido
em três níveis: o nível fundamental, que consiste no estabelecimento de uma oposição
semântica mínima; o nível narrativo, constituído a partir de um sujeito que estabelece o
desenvolvimento da narrativa; o nível discursivo, aquele em que a estrutura narrativa é
assumida pelo sujeito da enunciação.
Após feita a análise, iniciou-se a produção de estudos de maquetes sensoriais por
meio de softwares de desenho (Photoshop), pensando-se já em materiais, formas e
texturas. Cada decisão do projeto de estudo buscou se fundamentar nas ideias contidas
no livro e nas análises realizadas. Para pensar nessas soluções, foi utilizado o quadro 2
de Material real X material simulado da ABNT 9050 apresentado pela Regina A. Dias et
al. (2014, p. 50). Nesse quadro foram elencados alguns materiais que podem ser
utilizados para simular sensações táteis da experiência cotidiana.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira etapa concluída foi a escolha da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos
como objeto de estudo. Vidas Secas é um romance que mostra a realidade no sertão ao
mesmo tempo que entra na subjetividade dos personagens, carregando-os de sensações
e reações ao sofrimento vivido. Segundo Piedade de Sá (2007, p. 68), “a paisagem em
Vidas secas, ainda que escassa, é de fundamental importância, porque o sertão é o lugar
de Fabiano. A sua vida e a de sua família se organizam em função da caatinga, das suas
condições climáticas e do arbítrio dos donos da terra”.
Figura 1 e 2 - Propostas de Maquetes acessíveis dos Capítulos Mudança e Fabiano

Fonte: Autoria própria


Para chegar em uma análise mais profunda, foram destacados em cada capítulo os
níveis fundamentais temáticos. Por exemplo, no capítulo Mudança, o texto se movimenta
em torno de um grande embate entre a vida e a morte, a natureza e a cultura. Neste
Página 2 de 3
capítulo, Fabiano fica em seus pensamentos oscilando entre identificar-se Bicho e
Homem, reflexão que retorna em vários momentos da obra e cuja representação é de
grande relevância para ser representada nas soluções de maquetes a serem produzidas.
No nível discursivo, os temas giram em torno da opressão e exploração do trabalho,
condição humana e valorização da educação.
Na Figura 1, a intenção foi estudar como colocar as ideias do capítulo Mudança em
uma maquete sensorial, explorando elementos que demonstram a ideia de uma oposição
entre a luta pela sobrevivência na seca e escaldante Caatinga e a esperança de vida que
a fazenda abandonada traz à família de Fabiano. Para isso, elegeram-se alguns materiais
como a lixa e argila para simular essas duas sensações importantes e centrais.
Já no segundo capítulo “Fabiano”, como proposto na Figura 2, o intuito foi
representar o grande embate que passa no consciente de Fabiano entre identificar-se
como Bicho ou como Homem. No nível narrativo, Fabiano, o sujeito, realiza atividades
para sua sobrevivência, trabalhando na fazenda; entretanto, ele sonda a possibilidade de
ter uma cultura letrada como, Tomás de Bolandeira, e a necessidade de se fixar a terra,
sendo submisso à animalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A obra escolhida se mostrou muito interessante em seu aspecto espacial e foi


possível explorar bastante seus aspectos sensitivos e sensoriais através das maquetes
sugeridas. Após a análise de todos os capítulos e execução dos projetos de maquetes, é
importante verificar o quanto as maquetes sensoriais podem ser benéficas para
aprendizagem e enriquecimento de obras literárias. Em nossa hipótese de trabalho
entendemos que as maquetes podem contribuir para a percepção de dimensões de
paisagens, de configurações de climas e de relação entre o ambiente e os personagens.

REFERÊNCIAS

BARROS, Diana Luz Pessoa De. Teoria Semiótica do Texto. 4. ed. São Paulo: Editora
Ática, 2005. p. 1-88.

DIAS, Regina Álvares; ESTANISLAU, Sarah S, Braga; BAHIA, Isabella Pontello.


Maquetes e mapas táteis: Diretrizes para projeto, seleção de materiais e técnicas. Ação
Ergonomica: Revista Brasileira de Ergonomia, v. 9, n. 1, p. 44-54, dez./2014. Disponível
em: http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/266/203. Acesso em: 20
mai. 2020.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 114. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 1-174.

SÁ, Piedade De. O espaço como elemento estruturador do romance e do filme Vidas
secas. Graphos: subtítulo da revista, João Pessoa, v. 9, n. 1, p. 67-77, jan./2007.
Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/graphos/article/view/4713. Acesso
em: 20 mai. 2020.

SAMAIN, Etienne. Gregory Bateson: Rumo a uma Epistemologia da Comunicação.


Ciberlegenda, no. 5, 2001. Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1268.pdf. Acesso em 8 nov 2019.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

REESTRUTURAÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA INCLUSIVA PARA


ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL (DV) ATENDENDO AS DEMANDAS ATUAIS DA
PANDEMIA DE COVID-19.
ARICÓ, Eliana Maria
DISIGANT, Isabela
RESUMO
A elaboração desde trabalho baseia-se na divulgação dos resultados parciais
obtidos por um projeto de iniciação científica desenvolvido no Instituto Federal de Ciência
e Tecnologia de São Paulo, que visa a elaboração de aulas de químicas devidamente
inclusivas para alunos com deficiência visual (DV), com a atenção necessária para as
dúvidas e dificuldades de todos os alunos na turma de inclusão. Na atuação deste projeto,
além do levantamento bibliográfico, foi idealizada a reelaboração da sequência didática
referente ao tema de ligações químicas seguindo os princípios de inclusão. Na concepção
desta sequência didática foi necessário conhecer as demandas do aluno com DV para o
aprendizado de tópicos de química do ensino médio, pesquisar as estratégias didáticas
para o ensino inclusivo já descritas na literatura e realizar as adaptações necessárias.

Palavras-chave: Ensino de Química; Educação Inclusiva, Deficiência Visual, Ensino


Híbrido, Ensino Remoto.
INTRODUÇÃO
Segundo Rosita (2019) a proposta da educação inclusiva pode ser compreendida
como a educação de boa qualidade para todos e com todos, buscando-se meios e modos
de remover as barreiras para a aprendizagem e para a participação dos aprendizes,
indistintamente. Garantir que os alunos com necessidades especiais participassem de
forma integral das aulas presenciais sempre foi um desafio e, com o advento da pandemia
de COVID-19, a dificuldade de se garantir a educação boa e de qualidade se agravou.
Ao analisarmos as necessidades dos alunos cegos, podemos destacar uma série de
adaptação que os recursos didáticos que devem seguir para garantir a qualidade
necessária para atender os alunos, dentre as necessidades Cerqueira e Ferreira (2000)
citam as principais, resumidas no quadro 1.
Quadro 1 – Principais adaptações do material didático para alunos com DV.
Materiais confeccionados e selecionados em
tamanho adequado às condições dos alunos.
- Materiais excessivamente pequenos não
Tamanho
ressaltam detalhes de suas partes.
- O exagero no tamanho pode prejudicar a
apreensão da totalidade (visão global).
O material didático deve possuir um relevo
Significação Tátil perceptível e contrastes do tipo: liso/áspero,
fino/espesso, que permitam distinções adequadas.
O material deve ser aceito pelo aluno atendendo às
Aceitação
suas necessidades e principais sensibilidades.
Os recursos didáticos devem apresentar um
Estimulação Visual contraste de cores afim de estimular a visão
funcional do aluno baixa visão.
O material deve representar de forma mais fidedigna
Fidelidade
possível o modelo original.
Os materiais didáticos devem ser funcionais e de
Facilidade de Manuseio
manuseio fácil.
Página 1 de 3
Os recursos didáticos devem ser confeccionados
Resistência
com materiais resistentes.
Os materiais não podem oferecer perigo para os
Segurança
estudantes.
Fonte: Os autores

Ao analisarmos todas as necessidades adaptativas deum aluno com DV,


percebemos que o desafio de implementar uma proposta remota a esses alunos exige de
um maior empenho dos professores, pois a modalidade tátil é de extrema importância para
esse aluno, uma vez que a sua percepção e interpretação ocorrem por meio da exploração
sensorial, como expresso no trabalho desenvolvido por Oliveira, Biz e Freire (2002).
Visamos adaptar a proposta inicial de trabalho, feita de forma presencial, para o novo
panorama enfrentado na escola, em que os alunos estão em aulas por meio remoto.
Devemos considerar que, ensinar remotamente não é sinônimo de ensinar à distância,
embora estas propostas de ensino estejam diretamente relacionadas, devido ao uso de
tecnologias digitais. Como apresentado por Garcia, et.al (2020) o uso de plataformas
digitais, assim como a inserção de ferramentas auxiliares são algumas das práticas que os
professores devem adotar para obtenção de êxito na utilização desta nova forma
emergencial de ensino.
A proposta da sequência didática não será completamente realizada de forma
remota, portanto, partes da sequência será desenvolvida com os alunos utilizando das
plataformas digitais e parte presencial, quando eles retornarem às aulas presenciais. A
abordagem pedagógica que apresenta parte do ensino presencial e parte do ensino em
atividades por meio por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação
(TDICs), segundo Bacich, (2015) é uma abordagem pedagógica intitulada como ensino
híbrido, que propõe uma mudança de foco no processo de aprendizado, No ensino híbrido,
o aluno e a forma que os processos serão trabalhados dentro e fora da sala de aula ganham
maior importância em relação à transmissão de conteúdos de forma tradicional, pois nessa
nova abordagem, a sala de aula passa a ser um local onde o aprendizado ocorre de forma
ativa sobre os tópicos abordados previamente com uso das tecnologias digitais.
Outro fator que também foi considerado na reestruturação dessa sequência didática
foi a identificação dos principais focos de dúvidas no estudo de química. No artigo de
Tümay, (2016) se argumenta, com base em ideias da filosofia da química, que o caráter
emergencial é um dos aspectos mais críticos da química afetando a epistemologia e a
ontologia da química (SCERRI, 2001, 2007;) e, portanto, deve ser levado em consideração
para a compreensão de muitas dificuldades de aprendizagem e equívocos no ensino de
química tanto para alunos normovisuais e para alunos com deficiência visual. Abarcar o
caráter emergencial da química, como proposto no trabalho de Tümay, (2016) exigem de
compreensões que vão além da visualização de fenômenos, uma vez que o estudo da
ciência química aspectos submicroscópicos, portanto ela lida com um mundo que não é
acessível aos olhos e exige dos alunos uma abstração diferenciada.
OBJETIVOS
Esse trabalho objetiva a reestruturação de uma sequência didática, para o ensino de
Ligações Químicas aos alunos de uma turma de inclusão de terceiro ano do ensino médio
contemplando atividades remotas.
METODOLOGIA
Na readaptação para meios digitais, fragmentos das atividades que seriam
realizadas presencialmente com os alunos, foram realocados em uma apresentação remota
que atende as necessidades dos alunos com DV, por meio da utilização de textos e áudio.
Toda a atividade proposta, será disponibilizada para os alunos, no formato de vídeos, em
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1 Trabalho de Iniciação Científica. 2 Professora Orientadora; Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de São Paulo IFSP; São Paulo-
SP; ARICÓ, Eliana Maria; Aluna Orientanda; Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de São Paulo IFSP; São Paulo-SP; DISIGANT,
Isabela.
que as letras foram adaptadas para garantir a compreensão dos alunos com baixa visão, e
em toda a apresentação temos a presença de um narrador, lendo os slides e áudio
descrevendo as imagens, tabelas e gráficos presentes no vídeo.
O arquivo foi dividido em duas etapas, a primeira consiste em orientações para os
alunos do funcionamento das aulas remotas. A segunda parte do material consiste em
módulos com os conteúdos que serão trabalhados, e as atividades que os alunos deverão
realizar. A entrega das atividades propostas deverá ocorrer até a aula presencial, de forma
remota, por meio de áudios ou textos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os desafios para a implementação da sequência didática proposta inicialmente para
ser trabalhada de forma presencial tiveram que ser reavaliados, pois foram ampliados uma
vez que as abordagens propostas inicialmente para essa atividade didática tiveram que
passar por alterações e a mudança principal a ser desenvolvida foi a reestruturação de
parte da sequência didática para ser trabalhada de forma remota, em um modelo híbrido
de ensino.
A parte com a qual decidimos trabalhar de forma remota, consiste em uma série de
indagações que os alunos deverão refletir, pesquisar e analisar referentes ao tema de
ligações químicas. Essa atividade será apresentada para eles por meio de um arquivo
power point devidamente adaptado, utilizando áudio descrições das imagens e a oralização
dos textos, para que, ao chegarem na aula presencial, que será realizada como uma prática
laboratorial alguns conceitos e ideias referentes ao tema já estejam parcialmente
desenvolvidos pelos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
Em decorrência do panorama atual da COVID-19 professores e alunos de
depararam com a necessidade de utilização de diferentes metodologias para dar
continuidade aos processos de aprendizagem. Nesse novo cenário, os materiais
disponibilizados para os alunos não atendem às necessidades dos alunos com DV, portanto
este trabalho se constituiu uma alternativa de uma forma emergencial de atender às
demandas desses alunos garantindo a sua participação inclusiva.

REFERÊNCIAS
BACICH, L; TANZI NETO A.; TREVISANI, F. M. Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia
na Educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
CERQUEIRA, J. B.; FERREIRA, M. A. Os recursos didáticos na educação especial. Rio de
Janeiro: Revista Benjamin Constant, 15. ed., abril de 2000.
Garcia TCM, Morais IRD, Zaros LG, Rêgo MCFD. Ensino remoto emergencial: proposta de
design para organização de aulas [monografia]. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do
Norte; 2020.
SCERRI, E. R. THE NEW PHILOSOPHY OF CHEMISTRY AND ITS RELEVANCE TO CHEMICAL
EDUCATION. Chem. Educ. Res. Pract., [S.L.], v. 2, n. 2, p. 165-170, 2001. Royal Society of
Chemistry (RSC). http://dx.doi.org/10.1039/b1rp90016a.
SCERRI, E. R.. The periodic table: Its story and its significance. Oxford: Oxford University Press,
2007.
OLIVEIRA, F. I. W. de; BIZ, V. A.; FREIRE, M. Processo de inclusão de alunos deficientes visuais
na rede regular de ensino: confecção e utilização de recursos didáticos adaptados. Núcleo de
Ensino/PROGRAD, p. 445-454, 2002.
TÜMAY, H. Reconsidering learning difficulties and misconceptions in chemistry: emergence in
chemistry and its implications for chemical education. Chemistry Education Research And
Practice, [S.L.], v. 17, n. 2, p. 229-245, 2016. Royal Society of Chemistry (RSC).
http://dx.doi.org/10.1039/c6rp00008h.

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1 Trabalho de Iniciação Científica. 2 Professora Orientadora; Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de São Paulo IFSP; São Paulo-
SP; ARICÓ, Eliana Maria; Aluna Orientanda; Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de São Paulo IFSP; São Paulo-SP; DISIGANT,
Isabela.
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

PESQUISA SOBRE AS DEMANDAS E AS PERCEPÇÕES DOS


PROFESSORES DE ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA QUANTO AO ENSINO DE QUÍMICA A
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL (ADV) EM TURMAS DE INCLUSÃO1

TAPETTI DE CARVALHO,Vitória.2
ARICÓ,Eliana Maria

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um questionário para
investigar, por meio de entrevistas, a percepção e as demandas dos professores de
química em turmas de inclusão da rede estadual e teve como motivação as observações
já realizadas ao longo de nossa pesquisa em atividades com turmas de inclusão ADV.
Pretendemos, com os resultados desse projeto, direcionar nossas pesquisas futuras para
estratégias pedagógicas que atendam às demandas imediatas dos professores de
química de turmas de inclusão e também obter subsídios para direcionarmos, dentro do
curso de licenciatura em química, nas disciplinas: Pratica de Ensino, Instrumentação de
Ensino e Educação Inclusiva, abordagens pedagógicas que sejam efetivamente úteis para
a atuação do professor na educação inclusiva de ADV.

Palavras-chave: Questionário, Turmas de inclusão, ADV.

INTRODUÇÃO

A educação inclusiva no Brasil é uma das prioridades do Plano Nacional de


Educação (PNE2014-2024) em vigor desde 2014. O PNE garante que os alunos com
qualquer deficiência tenham acesso à educação inclusiva, entretanto. Porém, isso não
garante o bom desempenho na aprendizagem, pois os professores enfrentam muitas
dificuldades, uma vez que em maioria, os professores não estão preparados
pedagogicamente para atender às demandas desses alunos e quando assumem turmas
de inclusão enfrentam também a falta de infraestrutura para desenvolver suas atividades
didáticas. Assim nasceu a ideia desse trabalho, e por meio de um questionário, procura-
se saber e entender um pouco sobre os pontos de vista dos professores que atuam ou já
atuou em turmas de inclusão com ADVs.
Para a capacitação do docente para atuação com ADVs, o ideal seria a sua
capacitação desde a formação inicial e um contínuo trabalho em especializações para o

1- PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA


2-Licencianda em Química; Ins tuto Federal de Educação, Ciência e tecnologia de São Paulo- campus
São Paulo; São Paulo; São Paulo; e-mail:tape .v@aluno.ifsp.edu.br TAPETTI DE CARVALHO,Vitória.
Doutora em Química Inorgânica USP/SP; Ins tuto Federal de Educação, Ciência e tecnologia de São
Paulo- campus São Paulo; São Paulo; São Paulo; e-mail:elianaarico@gmail.com;ARICO,Eliana Maria.
Página 1
preparo de um plano de aula adequado para turmas de inclusão, colocando um fim na
dificuldade do ensino e maior inclusão de ADVs.
No ensino de química são utilizadas muitas estratégias pedagógicas que contam
com aspectos visuais, como no reconhecimento de transformações por meio da
observação de fenômenos químicos, leitura de tabelas, e interpretação de gráficos.
Contudo, dados da literatura revelam que, os professores não se sentem preparados para
atuar com alunos com deficiências (BENITE et al. 2009; VILLELA et al 2010)
Ao observar o cenário nas salas de aula e a dificuldades enfrentadas tanto pelos
alunos quanto pelo professores, percebe-se que não é somente pela falta de estrutura
nas escolas e a dificuldade em encontrar livros didáticos apropriados para os diversos
níveis de deficiência visual, observa-se que a maioria dos professores da Rede Estadual
de ensino não se sente preparado para assumir uma turma, onde o ADV está incluído.

OBJETIVOS

Este projeto tem como objetivo o desenvolvimento de um questionário para


investigar, por meio de entrevistas, a percepção e as demandas dos professores de
química em turmas de inclusão da rede estadual e teve como motivação as observações
já realizadas ao longo de nossa pesquisa em atividades com turmas de inclusão ADV.
Toda esta pesquisa tem o objetivo de gerar sugestões de novas políticas públicas
que melhorem plenamente a formação dos professores, não estando somente garantido o
direito do aluno de estar na escola, mas a troca mútua entre aluno e professor no
processo de aprendizagem.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desse trabalho foi necessário inicialmente fazer o


levantamento do público alvo da pesquisa, ou seja, os professores de química das turmas
de inclusão com ADV em escolas da rede estadual nos bairros próximos do Campus do
IFSP. Para essa etapa do projeto seria necessário contactar a Diretoria Regional de
Ensino para obtenção do mapeamento de distribuição das escolas com turma de inclusão
com ADV.
Com base na metodologia de elaboração de questionário descrita na literatura (GIL
1999; VIEIRA 2009; CHAER; DINIZ e RIBEIRO 2012) foram propostas as questões que
comporão a principal ferramenta dessa pesquisa.
O questionário foi enviado para a Plataforma Brasil e autorizado, com o parecer do
CEP -32089920.2.0000.5473-, sendo aprovado para seguir as próximas etapas do projeto.
Após a aprovação as questões foram enviadas via plataforma digital para o grupo
teste. Com a pandemia do COVID-19, algumas alterações na metodologia foram feitas
entre elas o contato presencial com professores que atuam diretamente em turmas de
inclusão, por conta disso a pesquisa será realiza com professores do IFSP-campus São
Paulo, por email será enviado um questionário feito em uma plataforma digital.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As metas alcançadas até o momento foram: a continua pesquisa bibliográfica


relaciona a pesquisa, o contato com a Diretoria Regional de Ensino Guarulhos- Sul, segue
em anexo a carta entregue na escola que a DRE autorizou a realização da pesquisa,

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entretanto esse contato foi realizado antes da pandemia de COVID-19,ate o presente
momento aguarda-se a resposta da escola.
O questionário para testes está pronto e recebeu liberação do CEP para ser
encaminhado via plataforma digital para o grupo de teste.
O questionário é constituído por duas partes, a primeira parte apresenta questões
gerais para pedagogos e/ou licenciados. Na segunda parte as questões são direcionadas
para professores de química e aqueles que ministram aulas de química nas escolas, as
questões tem como objetivo compreender quais as mudanças necessárias a serem feitas
para melhorar a qualidade de ensino, dar suporte ao professor para melhor atender todos
os seus alunos, sem distinção. É importante salientar que os resultados mostrarão a visão
do professor sobre o que deve mudar durante a formação acadêmica, pois para atender
os direitos que todos têm de aprender, é necessária uma formação mais completa e
abrangente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Em virtude dos fatos mencionados, o projeto sofreu algumas alterações


importantes que levaram a mudanças significativas para a coleta dos dados, inicialmente
a pesquisa seria realizada com professores que trabalham em turmas de inclusão, seria
acompanhado o cotidiano das aulas para entender melhor as dificuldades enfrentadas por
eles, por conta da pandemia do Covid-19 o projeto está sendo realizado de maneira
remota com professores do IFSP. Com os resultados desta pesquisa espera-se ter uma
visão mais detalhada das demandas e dos desafios enfrentados pelos professores de
química para ensinar uma disciplina que utiliza de muitos recursos visuais.

REFERÊNCIAS

BENITE, A.M.C.; PEREIRA, L.L.S.; BENITE, C.R.M.; PROCÓPIO, M.V.R. e FRIEDRICH,


M. Formação de professores de ciências em rede social: uma perspectiva dialógica na
educação inclusiva. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 9, n.
3, 2009.

BRASIL Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB


9.394, de 20 de dezembro de 1996.

CHAER, G; DINIZ, R; &RIBEIRO, E. A. A técnica do questionário na pesquisa


educacional. Revista Evidência, Araxá, v. 7, n. 7, p. 251-266, 2011.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,
1999.

PNE2014-2024 http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf (acesso


em 10.09.2020).

VIEIRA, Sonia. Como elaborar questionários. São Paulo: Atlas, 2009.

VILELA-RIBEIRO, E.B.; BENITE, A.M. A Educação Inclusiva na percepção de professores


de Química. Ciência & Educação, v.16, n.3, 2010

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

CONCEPÇÕES E REFLEXÕES SOBRE O USO DE RECURSOS DIDÁTICOS VISUAIS


BILÍNGUES PARA ESTUDANTES SURDOS

GALHARDO, Marcos Antônio2


GOMES, Emerson Ferreira3

RESUMO

O estudo propõe algumas reflexões acerca do uso de recursos didáticos visuais


bilíngues para surdos disponibilizados nas mídias digitais em um contexto educacional.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho documental e que, por meio da
apresentação e discussão de uma imagem selecionada na internet, pretende-se abordar
questões linguísticas baseadas nos fundamentos culturais da autora Karen Strobel. O
resultado da referida pesquisa evidencia que muitos recursos visuais bilíngues para
surdos ignoram o uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras como instrumento
fundamental em sua elaboração. Neste sentido, percebemos que a Língua Portuguesa
ainda prevalece no processo de aprendizagem do estudante surdo.

Palavras-chave: Recursos Visuais – Mídias Digitais – Cultura – Bilinguismo

INTRODUÇÃO

A educação de surdos no Brasil nos últimos tempos vem ganhando destaque em


face da produção de trabalhos acadêmicos sobre a formação das pessoas surdas no
âmbito socioeducacional e cultural. Assim, surgiram inquietações sobre os recursos
visuais utilizados nos processos de ensino e aprendizagem com estudantes surdos, tanto
na perspectiva de uma proposta inclusiva quanto na proposta bilíngue. Ambas estão
asseguradas pela Lei 10436/02 que reconhece a Língua Brasileira de Sinais – Libras e
legitima sua forma de comunicação e expressão como capaz de transmitir ideias (BRASIL
2002).
A língua de sinais para surdos é o instrumento que possibilita a sua participação
em todas as esferas e é fundamental para seu desenvolvimento (QUADROS 2003),
portanto conhecer este povo por meio da sua língua permite um maior entendimento da
sua cultura.
Por sua vez, Strobel (2009) apresenta oito artefatos culturais que marcam a
comunidade surda, São eles: Experiência Visual, Linguístico, Familiar, Literatura Surda,
Vida Social e Esportiva, Artes Visuais, Política e Materiais.

21 Trabalho de conclusão desenvolvido para a disciplina Ciências, Arte e Mídia


Mestrando em Ensino de Ciências Matemática, IFSP; São Paulo; SP; marcosgalhardo@biologo.bio.br;
GALHARDO, Marcos Antônio.
3
Doutor em Ensino de Ciências e docente do programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e
Matemática do IFSP; São Paulo; SP; emersonfg@ifsp.edu.br; GOME, Emerson Ferreira.

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Segundo Strobel (2008)

Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim


de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais,
que contribuem para a definição das identidades surdas e das ‘almas’ das
comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os
costumes e os hábitos de povo surdo. (STROBEL, 2008, p.22)

Para o presente estudo foram selecionados somente dois artefatos, o Linguístico e o


Material como objeto de re flexão em produções visuais bilingues disponibilizadas nas
mídias virtuais.

OBJETIVOS

Propor uma reflexão sobre o uso de recursos visuais bilíngues para surdos no
contexto educacional, disponíveis nas mídias virtuais.

METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida com uma abordagem qualitativa de cunho documental.


Baseados em Bogdan e Biklen (1994) buscamos uma compreensão das questões
influenciadas pelo contexto social e cultural em que as ações humanas ocorrem. Em
suma, busca relacionar as concepções propostas pela autora com os recursos visuais
bilíngues disponíveis nas mídias virtuais.
A busca foi realizada pelo site de pesquisa “Google” por meio do descritor
“recursos visuais bilingues para surdos” e foi selecionada uma imagem para discussão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fundamentação dos artefatos culturais linguísticos e materiais segundo


Strobel (2009)

Artefatos materiais: auxiliam a acessibilidade do surdo na vida cotidiana e no


contexto educacional por meio de produções pedagógicas.
Artefatos Linguísticos: referem-se às utilizações e importância da língua de sinais
no processo de desenvolvimento do surdo e de sua aprendizagem.

Recursos didáticos visuais disponíveis nas mídias virtuais

A pesquisa nas mídias virtuais possibilitou encontrar um número expressivo de


material didático para surdos. Sendo assim, analisamos parte deste material, adaptado e
confeccionado com letra em forma de cubos, e utilizado com estudante surdo.
Na Figura 1, a letra A do alfabeto manual adaptado para surdos, baseado no
alfabeto da Língua Portuguesa utilizado no processo de alfabetização de alunos ouvintes.
Figura 1 Material adaptado Figura 2 Sinal Y em Libras

Página 2 de 3
Fonte: h ps://br.pinterest.com/pin/496381190160896063/ h ps://br.pinterest.com/pin/781444972812722533/

De acordo com Strobel (2009) e Quadros e Karnopp (2004) a Língua Brasileira de


Sinais permite uma maior compreensão do conceito. Neste sentido a figura 1, apresenta
em sua formação aspectos mais relevantes da Língua Portuguesa, quando mencionada a
letra “A” da palavra avião. A problemática encontra-se nos aspectos linguísticos da Libras,
pois a Letra “A” na palavra avião se relaciona com o sinal da letra A na língua de sinais.
Entretanto, quando se observa a formação do sinal da palavra avião, percebe-se que ele
é constituído pela letra Y, conforme indicado na Figura 2. Por fim, a análise revelou que
os aspectos linguísticos apresentados na Figura 1 não corroboram com os fundamentos
de Strobel (2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Dado o exposto, o material encontrado nas mídias digitais e abordado no presente


estudo, ao que parece, relega a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e suas
especificidades como fonte de instrução. Diante disto, é necessário refletir sobre
acessibilidade a este material, bem como à sua contribuição para o desenvolvimento
educacional do estudante surdo. Acredita-se ainda, que a pesquisa possa contribuir com
a ampliação de produções acadêmicas e elaboração de recursos didáticos visuais
bilíngues para surdos. E que favoreça a utilização de aspectos linguísticos da língua de
sinais no contexto educacional, de forma a potencializar o processo de ensino e
aprendizagem do estudante surdo.

REFERÊNCIAS

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação Qualitativa em Educação: uma


introdução à teoria e aos métodos. Porto – Portugal. Porto Editora, 1994.

BRASIL. Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. (2002). Dispõe sobre a Libras - Língua
Brasileira de Sinais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/
ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm>. Acesso em: 19 set. 2020.

QUADROS. Ronice Muller de, Situando as diferenças implicadas na educação de


surdos: inclusão/exclusão. Ponta de vista, Florianópolis, nº5, p.81-111, 2003

QUADROS, R. M. de & KARNOPP, L. Língua de sinais brasileira: estudos


linguísticos. ArtMed: Porto Alegre, 2004.

STROBEL, Karin. L. A imagem do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora


da UFSC, 2009

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

EXPERIMENTO REMOTO EM UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO INVESTIGATIVO COM


UM GRUPO DE ESTUDANTES SURDOS 1

SANTOS, Carolina Saraiva dos


MIRANDA JÚNIOR, Pedro

RESUMO

Em meio à pandemia da COVID-19, foi adotado o distanciamento social como


medida sanitária, e por conseguinte, as aulas presenciais nas escolas foram suspensas.
Atividades síncronas ou assíncronas, mediadas em libras, que exploram o uso de
imagens e simulações, através do ensino investigativo, contribuem para aprendizagem
química de estudantes surdos. Nesse contexto, foi desenvolvida uma atividade de
simulação em uma perspectiva investigativa, no sentido de contribuir na construção do
conhecimento possibilitando a discussão e formulação de hipóteses para a resolução de
questões problema apresentadas. Com os resultados iniciais da pesquisa, é possível
inferir que o experimento remoto possibilita a aprendizagem significativa dos estudantes,
a possibilidade de construção de conhecimento em conjunto, a partir de debates sobre os
resultados apresentados, bem como a possibilitar o acesso da representação visual do
experimento, atenuando os riscos da manipulação de reagentes no ambiente escolar.

Palavras-chave: simulação; ensino investigativo; surdos.

INTRODUÇÃO

O Ensino Investigativo pressupõe a utilização de problemas atrelados a situações


cotidianas, de conhecimento dos estudantes, para promover a reflexão crítica que resulte
na construção de conhecimento, e assim contrapor o ensino expositivo usual, no qual os
professores são os agentes do pensamento. A incumbência do professor no Ensino
Investigativo é a de orientar reflexões propostas na construção de novos conhecimentos,
e a dos estudantes, da reflexão crítica acerca do problema proposto, a partir de
conhecimentos prévios (CARVALHO, 2014).
Neste sentido, a construção do conhecimento científico depende da utilização de
atividades experimentais na confirmação de hipóteses, pois propiciam maior autonomia
na aprendizagem, uma vez que os estudantes podem manipular vidrarias, reagentes
discutir os resultados obtidos coletivamente, permitindo assim relacionar o que é previsto
teoricamente com o observado através da experimentação (GIORDAN,1999).
Em se tratando de ensino de ciências para surdos, há particularidades que devem
ser atendidas, e com a tradicional abordagem expositiva, a aprendizagem é dificultada,
pois é pouco dinâmica e não permite a interação ativa dos estudantes na construção do
conhecimento.
De acordo com a Lei 10.436, exarada em 24 de abril 2002, a Libras é
regulamentada como a língua oficial de comunicação com a comunidade surda, devendo
ser assegurada pelo poder público a sua difusão e uso. (BRASIL, 2002). O indivíduo

1 Especificação acerca da origem do trabalho (projeto de pesquisa, extensão, trabalho curricular, etc. ao
qual está vinculado).
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surdo tem como primeira língua, a libras, uma língua viso-espacial, nessa perspectiva, a
proposta educacional bilíngue reconhece o surdo como cidadão e assegura o seu direito
de se expressar em libras e usar a língua portuguesa, na modalidade escrita, como sua
segunda língua (QUADROS, 2004).
Em meio à pandemia da COVID-19, doença que assola vários países
mundialmente, e sendo o Brasil um dos países com maior número de casos da doença,
fez-se necessária a adoção de medidas sanitárias que diminuíssem a disseminação do
vírus, dentre elas o distanciamento social (VENAGLIA, 2020). Para ocorrer o
distanciamento social, as escolas do estado de São Paulo tiveram suas atividades
presenciais suspensas, consequentemente diversos novos dilemas surgiram nos
processos de ensino e aprendizagem, ao passo que atividades remotas foram
desenvolvidas e se faz necessário garantir a aprendizagem dos estudantes nesta nova
realidade.
Em detrimento destes acontecimentos, foi realizada a adaptação de uma
Sequência de Ensino Investigativa (SEI) para estudantes surdos com o tema “adulteração
de alimentos”, que inicialmente tinha sido desenvolvida para ser realizada
presencialmente, para agora ser realizada remotamente, por meio de uma simulação, a
partir de ferramentas de fácil acesso e de conhecimento dos estudantes. As simulações
são intermediárias entre a realidade e sua representação, que através da cognição,
estabelecem conexões entre o que é observado na realidade com o modelo
representacional utilizado na simulação (GIORDAN,1999).

OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é apresentar as potencialidades de uma


simulação investigativa remota, desenvolvida em uma SEI, com o tema adulteração do
leite no ensino de Química para um grupo de estudantes surdos em uma proposta
bilíngue.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido a partir dos pressupostos do ensino investigativo para o


desenvolvimento de uma SEI, em que uma das atividades é a simulação de um teste
sobre adulteração do leite.
Tendo como base que a construção de novos conhecimentos deriva de
conhecimentos prévios (CARVALHO, 2014), foi aplicado um questionário diagnóstico com
seis questões acerca do conhecimento prévio dos estudantes sobre a temática de
adulteração de leite e assim nortear o desenvolvimento da SEI, bem sondar o perfil dos
participantes da pesquisa.
Todas as atividades escritas na língua portuguesa no desenvolvimento da SEI,
foram igualmente apresentados em libras por meio de vídeos, para possibilitar a
compreensão do assunto estudado e promover maior autonomia aos estudantes.
A questão-problema investigada pelos alunos, foi apresentada por meio de uma
manchete de jornal que denunciava a adulteração de leite em um município fictício,
solicitando o auxílio dos estudantes para atuar como investigadores a partir de seus
conhecimentos químicos sobre o tema. A simulação de experimentos reais utilizados em
testes de qualidade do leite para identificação de adulterantes, foi desenvolvida no
aplicativo PowerPoint, com links que permitem a observação de uma representação de
resultados de experimentos com reagentes químicos identificam adulterantes do leite.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Página 2 de 3
Com base em resultados iniciais da aplicação da SEI, que ainda não foi finalizada,
é possível inferir que a atividade de simulação desenvolvida atendeu às expectativas
iniciais, por propiciar a visualização representacional do que é observado na realidade. A
atividade de simulação propicia o contato inicial entre sujeito e objeto, introduzindo a
representação gráfica de fenômenos que podem ser observados no macroscópico, mas
que por estarmos vivendo um momento atípico na história moderna, em decorrência da
pandemia, não seria possível. Também é possível destacar a característica do Ensino
Investigativo possibilitar o posicionamento dos estudantes como agentes do pensamento,
refletindo sobre possíveis variáveis para solucionar a questão-problema apresentada,
propiciando o diálogo e discussões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo apresentar o desenvolvimento de uma simulação


remota investigativa. As atividades ainda estão sendo desenvolvidas com um grupo de
estudantes surdos e, a partir dos resultados iniciais, é possível verificar que a SEI
promove a participação ativa e a curiosidade dos estudantes, contribuindo para o
processo de construção de conhecimento. A experimentação remota também propiciou a
visualização do de fenômenos observados no nível macroscópico, associando os
conhecimentos prévios para a resolução da situação problema, bem como o
aperfeiçoamento da prática docente, ao passo que novas demandas surgem na educação
e há demanda de diferentes estratégias nos processos de ensino-aprendizagem.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
- Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 25 dez. 2002.

CARVALHO, Anna Maria Pessoa. Ensino de Ciências e a proposição de sequências


de ensino investigativas. In: CARVALHO, Anna Maria Pessoa et al. Ensino de Ciências
por Investigação: Condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Cengage,
2014.

GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de Ciências. Química Nova da


Escola, São Paulo, 1999.

QUADROS, R. M. Educação de surdos: efeitos de modalidade e práticas pedagógicas.


In: MENDES, E. G.; ALMEIDA, M. A.; WILLIAMS, L. C. de A. (Org.). Temas em educação
especial IV. São Carlos: EdUFSCar, 2004.

VENAGLIA, Guilherme. Brasil passa Rússia e é segundo país com mais casos de Covid-
19 no mundo. CNN, São Paulo, 2020. Disponível em:
<https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/05/22/brasil-passa-russia-e-e-segundo-pais-
com-mais-casos-de-covid-19-no-mundo>. Acesso em: 15 set. 2020.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

AS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO


DE JOVENS E ADULTOS1

MATOS, Alexandre Oliveira Novaes de2


HETTI, Maria Patrícia Cândido3

RESUMO
Esta pesquisa procurou compreender o lugar do ensino de história na Educação de
Jovens e Adultos (EJA) nas produções acadêmicas das seguintes universidades: USP,
UNESP, UNICAMP e UNIFESP. Além disso, identificou as bases teóricas e aspectos
legais que fundamentam as pesquisas sobre o ensino de história na Educação de Jovens
e Adultos, os principais conceitos empregados nesses trabalhos e entendeu como Paulo
Freire é utilizado nessas produções. A metodologia consistiu no levantamento
bibliográfico dos trabalhos acadêmicos nessas universidades do período de 2000 a 2018.
Foram encontradas cinco produções acadêmicas, sendo quatro dissertações e um
trabalho de conclusão de curso de especialização. Cada uma contribuiu para analisar
como se discute o ensino de história na EJA e como tal temática é pouco priorizada e
suscita baixo interesse nas universidades.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Ensino de história; Produções
acadêmicas.
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa procurou entender qual é o lugar do ensino de história na
Educação de Jovens e Adultos (EJA), nas produções acadêmicas das universidades
públicas localizadas no Estado de São Paulo: Universidade de São Paulo (USP),
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
A relevância desta pesquisa é contribuir para o aprimoramento da concepção dos
docentes sobre educação de Jovens e Adultos, pois há pouca ou nenhuma discussão
sobre essa modalidade de ensino nas graduações e na formação continuada dos
professores, especificamente para docentes de história.
OBJETIVOS
Procurou-se conhecer o lugar do ensino de história na Educação de Jovens e
Adultos (EJA) nas produções acadêmicas da USP, UNESP, UNICAMP e UNIFESP.
Buscou-se também identificar as fundamentações teóricas e legais descritas nas
produções acadêmicas, examinar o período de produção das obras acadêmicas sobre

1
Trabalho de Conclusão de Curso da Especialização em Educação Profissional Integrada à Educação
Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA.
2
Pós-graduando da Especialização em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade
EJA – PROEJA; IFSP; São Paulo; Estado: São Paulo; alexclark1000bj@gmail.com
3
Orientadora Professora Dra. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo,
Câmpus São Paulo; Estado: São Paulo; patriciahetti2013@gmail.com
Página 1 de 3
este ensino, detalhar e classificar, organizando de acordo com a natureza do texto,
quantas produções acadêmicas foram produzidas a este respeito, e identificar os
principais conceitos utilizados nos trabalhos.
Outro objetivo importante nesse trabalho foi verificar como a teoria de Paulo
Freire é utilizada nos trabalhos acadêmicos encontrados, isto é, se o autor aparece como
apêndice nas pesquisas ou como ponto central e fundamento teórico nelas. Paulo Freire,
pensador referência na Educação de Jovens e Adultos trabalhadores no mundo deve ser
uma diretriz teórica para as produções acadêmicas sobre o ensino de história na EJA.
METODOLOGIA
A metodologia da pesquisa consistiu em levantamento bibliográfico das
produções acadêmicas sobre ensino de história na Educação de Jovens e Adultos, do
período de 2000 a 2018, nas seguintes universidades: USP, UNESP, UNICAMP e
UNIFESP. A pesquisa analisou a quantidade de trabalhos produzidos, assim como os
seus conteúdos de acordo com os objetivos explicitados anteriormente.
A procura pelas obras se deu inicialmente no banco de dados das produções
acadêmicas das respectivas universidades. Utilizando como palavras-chave na busca a
“EJA”, o “Ensino de História” e a “Educação de Jovens e Adultos”. Depois, utilizando as
mesmas palavras-chave, foi acessado o banco de teses da CAPES para complementar
as buscas anteriores. Nenhuma tese foi realizada. Somente quatro dissertações, na área
da educação, foram produzidas, duas pela UNESP e duas pela USP. Nenhum trabalho foi
produzido pela UNIFESP. Além disso, um trabalho de conclusão de curso de
Especialização em EJA foi produzido pela UNICAMP, de Ana Luiza Brandão Kashiwagura
“A prática pedagógica do ensino de História para Jovens e Adultos: Uma reflexão sobre
caminhos possíveis”, de 2009.
DISCUSSÕES

O trabalho “O processo de construção do conhecimento histórico para alunos em


Educação de Jovens e Adultos: um olhar para as práticas de Leitura e Escrita”, de
Josiane Soares de Faria Pádua, produzida na UNESP, de 2008, tem como linha de
pesquisa a História Cultural e os principais conceitos usados são: Leitura, História,
Narrativa, Experiência e Escrita. Nessa produção acadêmica utilizou-se como
fundamentação legal a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
A dissertação “O ensino de História na Educação de Jovens e Adultos: Uma
contribuição para a formação da Cidadania”, de Ana Maria Maciel Rinaldi, produzida na
UNESP, de 2016, tem como linha de pesquisa a Educação Popular e os principais
conceitos usados são: Direitos Humanos, Cidadania e Direitos Sociais. Utilizou-se como
fundamentação legal: Constituição; LDB; DCNEJA (Diretrizes Curriculares Nacionais para
a EJA); PNE (Plano Nacional da Educação); Proposta Curricular da EJA: 1ºSegmento;
BNCC (Base Nacional Comum Curricular); Declaração Universal dos Direitos Humanos;
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais): Ensino Fundamental em História.
O trabalho “Memória e Ensino de História: uma experiência na Educação de
Jovens e Adultos”, de Diógenes Nicolau Lawand, feita na USP, de 2004, tem como linha
de pesquisa a História Cultural e os principais conceitos usados são: Memória, Educação
Patrimonial e Patrimônio Cultural. Nessa obra acadêmica utilizou-se como fundamentação
legal: Constituição; LDB; PCN: Ensino Fundamental e Médio em História.
A dissertação “O pensamento conceitual e o ensino de história na educação de
jovens e adultos”, de Lucas Antonio Nizuma Simabukulo, feita na USP, de 2018, tem
como linha de pesquisa a Teoria Histórico-Cultural e os principais conceitos usados são:
Pensamento Conceitual, Escolarização, Conceitos Científicos e Espontâneos, Mediação,
Ideologia, Consciência histórica e Práticas sócio-discursivas. Utilizou-se como
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fundamentação legal: Constituição; LDB; PNE; Avaliação da EJA no Brasil: insumos,
processos, resultados; Reorganização da EJA - Educação de Jovens e Adultos: Rede
Municipal de Ensino de São Paulo; Educação de Jovens e Adultos: princípios e práticas
pedagógicas (São Paulo).
Sobre o conteúdo propriamente dito dos trabalhos acadêmicos produzidos, a linha
de pesquisa de cada um deles foi nomeada, explanada e defendida por cada autor
durante os seus respectivos trabalhos. Em relação aos conceitos das produções, não
foram necessariamente os únicos trabalhados pelos autores, mas são os que apresentam
maior relevância na construção de suas pesquisas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lugar do ensino de história na EJA nas produções acadêmicas da USP,
UNESP, UNICAMP e UNIFESP, que ficam localizadas no estado de São Paulo, é
bastante periférico conforme constatado. Somente cinco trabalhos foram feitos, entre os
anos 2000 e 2018, sendo quatro dissertações e um trabalho de conclusão de curso de
Especialização em EJA. Todas as produções acadêmicas citam Paulo Freire, o que
demonstra a sua relevância. Porém somente os trabalhos de Ana Luiza Brandão
Kashiwagura, “A prática pedagógica do ensino de História para Jovens e Adultos: Uma
reflexão sobre caminhos possíveis” e de Ana Maria Maciel Rinaldi, “O ensino de História
na Educação de Jovens e Adultos: uma contribuição para a formação da Cidadania”
utilizam Paulo Freire como ponto central. Os outros três trabalhos usam Paulo Freire
como apêndice. Por fim, cada trabalho mostrou a importância de se pensar o ensino de
história na Educação de Jovens e Adultos, mas as linhas de pesquisa são tão distintas
que não permitem um acúmulo significativo para aprofundar a discussão sobre o ensino
de história na EJA. É de extrema importância que se realizem mais trabalhos que
abordem este campo de estudo. Além disso, a EJA ainda se configura como uma
modalidade com pouco espaço nas políticas públicas.
REFERÊNCIAS
KASHIWAGURA, Ana Luiza Brandão. A prática pedagógica do ensino de História para
Jovens e Adultos: Uma reflexão sobre caminhos possíveis. 2009. 33 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Especialização em EJA) – Faculdade de Educação, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
LAWAND, Diógenes Nicolau. Memória e Ensino de História: uma experiência na
Educação de Jovens e Adultos. 2004. 290 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
PÁDUA, Josiane Soares de Faria. O processo de construção do conhecimento
histórico para alunos em Educação de Jovens e Adultos: um olhar para as práticas de
Leitura e Escrita. 2008. 124 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de
Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2008.
RINALDI, Ana Maria Maciel. O ensino de História na Educação de Jovens e Adultos:
Uma contribuição para a formação da Cidadania. 2016. 243 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Bauru, 2016.
SIMABUKULO, Lucas Antonio Nizuma. O pensamento conceitual e o ensino de
história na educação de jovens e adultos. 2018. 234 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

CONTRIBUIÇÕES DA INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E


ADULTOS¹

CEDRAN, Jaime da Costa²


SANTOS, Rogério³

RESUMO

A presente pesquisa buscou reunir diferentes contribuições científicas sobre a


interdisciplinaridade na educação de jovens e adultos que podem ser inseridas nas
práticas e nas ações docentes que trabalham com este público. Com base em
referenciais sobre a interdisciplinaridade e a educação de jovens e adultos no contexto
Brasileiro, objetivou-se compreender o processo de aprendizagem neste grupo, tomando
por base as legislações nacionais e internacionais que garantem o direito a educação e a
reparação de conhecimentos negados na fase de escolarização na “idade própria”.
Baseando que estudos desenvolvidos para educação de jovens e adultos provém de uma
filosofia progressista onde predomina o pragmatismo, ou seja, a educação valorizada pela
prática e pelo sentido social da vida, este estudo procurou defender a interdisciplinaridade
implícita dentro desta filosofia e a valorização de praticidade e uma educação voltada
para o diálogo onde as ações interdisciplinares destacada no referencial deste trabalho
possa ser percebida ou detectada pelo docente para garantir uma aprendizagem eficiente
para os Jovens e adultos.

Palavras-chave: Aprendizagem, Direitos, Disciplinaridade

INTRODUÇÃO

Para que se compreenda a educação de adultos no Brasil é de grande importância


um resgate histórico que vise os motivos que levaram os adultos a abandonarem os
bancos escolares na idade adequada de escolarização e os motivos que fizeram com que
retornasse a escola na idade adulta. Relacionando com as políticas sociais e as
legislações que se desencadearam e asseguraram os direitos dos adultos e jovens a uma
educação, são cruciais para relacionar com a prioridade de se desenvolver práticas
disciplinares que atendam os interesses deste público.

___________________

¹ Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do tulo de Especialista na Pós Graduação em
Ensino de Ciências - Polo UAB do Município de Barueri, Modalidade de Ensino a Distância, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Câmpus Medianeira.

²Doutor em Educação para Ciência e Matemá ca; Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);
Medianeira; Paraná; jaimecedran@u pr.edu.br; CEDRAN, Jaime da Costa.

³Pós Graduando em Ensino de Ciências; Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Medianeira;
Paraná; rogeriosenior@gmail.com ; SANTOS, Rogério.
A interdisciplinaridade é vista por muitos autores como um movimento dentro da
didática e da disciplina, que transforma a ciência e reconstrói o pensamento científico.
Assim está dentro do ensino, da pesquisa científica e na organização do conhecimento
(PAVIANI,2008). Com isso, a interdisciplinaridade pode atuar na educação de adultos
com o planejamento da aula e com a didática do ensino.
Nesta pesquisa as contribuições da interdisciplinaridade na educação de adultos
pode ser verificadas pelos estudos da filosofia progressista de Dewey tanto por Lidemam
que foi intitulado o pai da educação de adultos e também por Paulo Freire que teve
grande contribuição na educação de adultos no Brasil.

OBJETIVOS

O problema da pesquisa delimita-se ao estudo da Educação de Jovens e Adultos


(EJA) tratando-se de como a interdisciplinaridade pode contribuir para ajudar este público
na formação do conhecimento. Assim este trabalho consiste compreender o termo
interdisciplinaridade e as possíveis aplicações na EJA.
A proposição da interdisciplinaridade neste trabalho para a educação de jovens e
adultos é suas bases teóricas e análises que poderá fornecer para os docentes da EJA
em uma perspectiva de melhoria de suas práticas bem como uma forte aliada para
melhoria de aprendizagem.

METODOLOGIA

Este trabalho tem a característica de pesquisa qualitativa, pois visa descrever,


compreender e explicar as relações de estudos globais e locais, através de pesquisa
bibliográfica e documental. Assim em relação aos procedimentos é uma pesquisa
bibliográfica, porque busca o levantamento de referências teóricas da literatura específica,
bem como, uma pesquisa documental, no sentido de também buscar informações e
experiências sobre o assunto (GERHARDT et al, 2009).
Esta pesquisa tem como delineamento o acolhimento de informações sobre a
interdisciplinaridade explorando os conceitos deste tema e analisando sua aplicação na
área educacional e as bases teóricas e legais sobre a educação de Jovens e adultos no
Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A contribuição que a interdisciplinaridade pode proporcionar na EJA é a sua


atuação como ponte para entendimento das disciplinas entre si, a sua importância para
abranger temas e conteúdos permitindo desta forma recursos ampliados e dinâmicos,
onde as aprendizagens são desenvolvidas. Ela permite conceber o processo de
aprendizagem como propriedade do sujeito e implica valorizar o papel determinante da
interação com o meio social e, parcialmente com a escola.
As ações interdisciplinares mencionadas por Paviani (2008) tem uma forte ligação
com o trabalho de um docente na EJA, pois estas ações estão presentes nas atividades
de ensino, nas atividades de pesquisa, na sua prática profissional, na elaboração de
programas de ensino e na elaboração de programas de pesquisa. Deste modo a
interdisciplinaridade atua na produção de conhecimentos, na sistematização de
conhecimentos e nas atividades de ensino e pesquisa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

É possível verificar a possibilidade de se desenvolver uma prática diferenciada para


o ensino de adultos, e a interdisciplinaridade está implícita em muitas práticas e
pensamentos que condizem para a educação do público da EJA.
Os conhecimentos ligados às disciplinas em muitos casos não conseguem se
explicar com sua autonomia, assim a interdisciplinaridade busca dentro das ciências uma
explicação ou uma ligação que se emite ou evidencia para o exterior uma resposta,
principalmente situações que envolvem questões sociais.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e


Documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (orgs) Métodos de Pesquisa. Porto Alegre/RS: Editora da


UFRGS, 2009, 120p.

PAVIANI, JAIME. Interdisciplinaridade: conceitos e distinções / Aromilda Grassotti


Peixoto, Caxias do Sul, RS: Educs, 2008, 2.edição e revista.

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INICIATIVAS PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO
ESTADO DE SÃO PAULO (1995-2018) 1

SOUZA, Lucas Andrade de 2


SILVA, Caio Cabral da 3
SANTOS, Vanessa Santana dos 4

RESUMO
Esta pesquisa tem como objeto de estudo as políticas públicas para Educação de
Jovens e Adultos (EJA) no estado de São Paulo no período entre 1995 a 2018, com o
objetivo de analisar as iniciativas promovidas pela Secretaria de Educação do estado de
São Paulo (Seduc-SP), atreladas à gestão dos governos do PSDB (Partido da Social
Democracia Brasileira) no período. Trata-se de pesquisa longitudinal, de caráter quanti-
qualitativo com realização de estudo bibliográfico e documental. Os dados coletados na
pesquisa foram analisados com o intuito de conciliar o conhecimento científico com os
atos governamentais no estabelecimento de um diálogo entre governo e sociedade civil,
conforme os pressupostos de Lasswell (1936), buscando compreender as implicações
das decisões no campo das políticas públicas. Constatou-se que o atendimento para EJA
no estado de São Paulo foi marcado pela descentralização da Seduc-SP e adoção de
parcerias público-privado.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Políticas Públicas. Política Educacional.


Seduc-SP.

INTRODUÇÃO
Considerado o estado mais populoso do país, em 2018 o estado de São Paulo
possuía uma população estimada em 45,5 milhões de pessoas – cerca de 22% da
população nacional (IBGE, 2019). Apesar de apresentar taxas de analfabetismo inferiores
ao nível nacional e escolaridade média superior à maioria das unidades federadas, o
estado "abriga o segundo maior contingente de pessoas que não sabem ler ou escrever,
sendo superado apenas pela Bahia" (DI PIERRO; XIMENES, 2011, p. 4). O estado de
São Paulo tem sido governado nos últimos 25 anos pelo PSDB, o que em tese
possibilitaria a continuidade e consolidação das políticas públicas, em especial, as
educacionais. Diante deste cenário de continuidade de um mesmo partido político,
levando em conta a relevância do estado de São Paulo no cenário político-econômico
nacional, considera-se relevante o desenvolvimento de estudos que investiguem as

1 Trabalho produzido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica


do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (PIBIFSP), com dados da pesquisa
“Política educacional na rede estadual paulista (1995 a 2018)”, financiada pela Fapesp, Processo
2018/09983-0, coordenada pela Profa. Dra. Márcia Aparecida Jacomini.
2
Graduando em Licenciatura em Geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo (IFSP) – Campus São Paulo. E-mail: lucasemail03@gmail.com
3
Doutorando e mestre em Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
Federal de São Paulo (EFLCH-Unifesp), Técnico em Assuntos Educacionais do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). E-mail: cabralcaio@ifsp.edu.br
4
Doutoranda e mestre em Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
Federal de São Paulo (EFLCH-Unifesp), Professora do Departamento de Ciências Humanas do Colégio de
Aplicação João XXIII da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). E-mail: vanessa.santana@ufjf.br

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políticas públicas educacionais da Seduc-SP, mais especificamente na modalidade
Educação de Jovens e Adultos.

OBJETIVOS
Esta pesquisa tem como objetivo analisar as iniciativas para Educação de Jovens e
Adultos no estado de São Paulo, no período entre 1995 a 2018, interpretando qual o
tratamento adotado pelos governos do PSDB neste período para a modalidade.

METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa longitudinal, de caráter quanti-qualitativo, amparada em
estudo bibliográfico e documental com base em Flick (2009), desenvolvida a partir das
análises dos programas e projetos da Seduc-SP no campo da Educação de Jovens e
Adultos entre 1995 a 2018. Este projeto de iniciação científica integra um estudo maior
referente a uma pesquisa interinstitucional financiada pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), intitulada “Política educacional na rede
estadual paulista (1995-2018)”, que conta com a participação de professores da educação
básica, estudantes e docentes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante do avanço do neoliberalismo a partir de 1970, com a reconstrução do
aparelho estatal e o declínio do modelo do Estado de Bem Estar Social, fundamenta-se a
ideia de Estado mínimo e regulação de mercado no setor público (ABRUCIO, 2007). O
estado de São Paulo apresentou-se como um terreno fértil para implementação das
políticas de austeridade fiscal e desestruturação do Estado, consolidando-se a partir de
1990 algumas reformas econômicas e educacionais.
Governado pelo PSDB há 25 anos, as políticas educacionais no estado
alinharam-se à agenda neoliberal, o que confere à política educacional para EJA no
estado um processo de continuidade nos princípios que norteiam o partido. Com a
reorganização da rede (SÃO PAULO, 1996) e a municipalização do ensino (SÃO PAULO,
1996), extinguem-se as classes de EJA nas etapas de alfabetização e do Ensino
Fundamental I, priorizando apenas o oferecimento da EJA para o Ensino Fundamental II e
Ensino Médio pelo estado de São Paulo (VIEIRA, 2011).
Uma característica fundamental no que diz respeito às iniciativas no campo da
EJA entre 1995 a 2018, foi a adoção sistemática de parcerias público-privado para o
atendimento da modalidade no estado de São Paulo (PASTORE, 2014), evidenciando
uma desresponsabilização por parte do estado em relação ao tratamento da modalidade.
Além disso, amplia-se o atendimento via ensino semipresencial, telessalas e Centros
Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (CEEJAs), apesar de o atendimento
presencial ser ainda prioridade (VIEIRA, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
Ao longo do século XX a EJA ocupou um lugar de marginalidade nas políticas
educacionais do Brasil, reconhecendo-se apenas em 1988 a existência e o direito de
jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de concluir a educação básica (PAIVA,
2015).
Ainda que a educação seja assegurada como um direito de todos e dever do
Estado pela Constituição (BRASIL, 1988), muitos são os impedimentos para a plena
realização desse direito. No que diz respeito à Educação de Jovens e Adultos no estado

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de São Paulo, percebe-se que apesar dos avanços em relação à legislação nacional para
assegurar o direito de educação para todos, o estado tem priorizado uma agenda de
descentralização e parceiras no atendimento da modalidade (DI PIERRO, 2001),
refletindo a lógica da gestão neoliberal no setor público.

REFERÊNCIAS
ABRUCIO, F. L. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a
renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v.
41, n. spe, p. 67-86, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, DF, 5 out. 1988.

DI PIERRO, M. C. Descentralização, focalização e parceria: uma análise das


tendências nas políticas públicas de educação de jovens e adultos. Educação e
Pesquisa, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 321-337, jul./dez. 2001.

DI PIERRO, M. C.; XIMENES, S. B. Políticas e direitos educativos dos jovens e


adultos no estado de São Paulo: notas de pesquisa e relato de intervenção. In: Anpae,
25º Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, São Paulo, 2011.

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução Joice Elias Costa. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil em Síntese.


São Paulo: panorama [online]. Brasília, DF, 2019. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/panorama. Acesso em: 18 set. 2020.

LASSWELL, H. D. Politics: who gets what, when, how. Cleveland: Meridian, 1936.
PAIVA, V. História da educação popular no Brasil: educação popular e educação de
adultos. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2015.

PASTORE, J. D. Programa Alfabetiza São Paulo: análise da política estadual de


alfabetização de jovens e adultos (1997/2013). 171p. Dissertação [Mestrado] –
Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo (FEUSP), São Paulo, 2014.

SÃO PAULO. Decreto nº 40.673, de 17 de fevereiro de 1996. Institui o Programa de


Ação de Parceria Educacional Estado-Município, com o objetivo de desenvolver o ensino
fundamental através de ação conjunta dos poderes executivos Estadual e Municipal.
DOE, Poder Executivo, 106 (33).

_________. Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Resolução nº 169, de 20


de dezembro de 1996. Dispõe sobre as diretrizes para a continuidade do Programa de
Reorganização da Rede Estadual de Ensino, e dá outras providências. DOE, Poder
Executivo, 106 (223). SÃO PAULO, 1996.

VIEIRA, R. S. As relações federativas e as políticas de EJA no estado de São Paulo


no período 2003-2009. -171f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

“UM OLHAR PRAGMÁTICO SOBRE O TEMPO”


ANÁLISE DE RELATOS DE ALUNOS MADUROS DO ENSINO SUPERIOR DO IFSP1

SILVA, Maria Margarete Soares de Brito de Araújo2


PICCARDI, Tatiana3

RESUMO

Neste trabalho analisam-se narrativas de alunos que ingressaram nos Cursos Superiores
do IFSP-SPO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, câmpus
São Paulo), com idade superior a 45 anos, de modo a se depreender o perfil desse aluno
maduro sob um prisma histórico-narrativo. A presença deste aluno maduro na instituição
demarca um novo lugar, um fenômeno cada vez mais crescente: o novo envelhecimento.
Conhecer o percurso desse aluno através da linguagem é construir sua identidade. A abor-
dagem pragmática da linguagem norteia as análises, uma vez que por ela é possível com-
preender a linguagem como ação. Considerando que dizer também é fazer, será possível
analisar o modo como os narradores reconfiguram sua história de vida por meio do texto, e
como a narrativa afeta seus leitores/ouvintes. O presente projeto se encontra em andamen-
to, na fase de análise das narrativas.
Palavras-Chave: Maturidade, Ensino Superior, Linguagem, Narrativa.

INTRODUÇÃO

O número de alunos maduros aumentou consideravelmente nos últimos anos. As-


sim, sob olhares curiosos de alguns e a indiferença de outros tantos, surge a necessidade
de elencar dados específicos sobre esse aluno maduro que, em um primeiro momento, tal-
vez cause desconforto em colegas e professores, por considerarem que esse aluno madu-
ro não pertence àquele lugar.
Entretanto suas vozes contribuirão de maneira positiva e enriquecedora para a com-
preensão do fenômeno desse novo envelhecimento. Qual o contexto desse agente? O que
ele diz ou quer dizer? Que atos de fala enuncia? Como esses atos contribuem para a for-
ma-
ção de si mesmo e a formação do outro? Em que medida suas experiências constroem
uma nova história?
Foram coletadas, transcritas e analisadas sete narrativas de alunos com idade supe-
rior a 45 anos de idade. Estas narrativas foram recolhidas entre os meses de março e abril
de 2020 e as análises foram feitas tendo em vista os objetivos e a base teórica expostos no
texto de apresentação do projeto, cujos pontos principais estão relacionados mais adiante.

1 Projeto de Pesquisa de Iniciação Cien fica – PIBIFSP/2020


2 Licencianda em Letras; IFSP; São Paulo; São Paulo; m.margarete.soares@gmail.com; SILVA, Maria Margarete Soares B
A Silva.
3 Orientadora: Professora Doutora em Letras; IFSP; São Paulo; São Paulo; ta ana.piccardi@ifsp.edu.br; PICCARDI, Ta a-
na.
OBJETIVOS
O objetivo central deste trabalho é ouvir esse sujeito, aluno-maduro, no contexto do
ensino superior, e depreender os diversos papéis sociais que desempenha, e os desafios
que encontra nesse novo lugar majoritariamente ocupado por jovens. Tal objetivo será al-
cançado por meio da análise linguístico-discursiva das narrativas desses sujeitos coletadas
em entrevistas, conforme a base teórica descrita no projeto.
Os objetivos específicos deste trabalho são: (i) cooperar para a compreensão das
narrativas e relatos de vida como gênero discursivo específico, verificando como tais narra-
tivas se constroem; (ii) depreender quais elementos linguísticos e discursivos podem ser
caracterizados como constitutivos desse tipo de narrativa; (iii) verificar de que maneira tais
elementos atuam no texto e no contexto; e (iv) cooperar para uma maior compreensão do
público alvo com vistas a promover sua melhor inserção no universo acadêmico.

METODOLOGIA

As narrativas dos alunos maduros dos cursos superiores do IFSP-SPO constituirão a


história oral compilada desse grupo, e as entrevistas que deram base à coleta é seu princi-
pal instrumento de construção. Contribuíram para a compilação das narrativas as posições
esclarecedoras sobre uso de narrativas como metodologia de pesquisa de Clandinin e
Connely (2010, 2011).
Os alunos maduros convidados para participarem das entrevistas são alunos matri-
culados no ano letivo de 2020, em qualquer curso de graduação do IFSP, com idade supe-
rior a 45 anos.
Se encontra anexo o modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido utiliza-
do, redigido de acordo com a Resolução CNS (Conselho Nacional de Saúde) 466/2012.
Tal resolução, como diz o próprio texto, tem o objetivo central de "assegurar os direi-
tos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e
ao Estado".
Pelo fato de as coletas já terem sido realizadas, não foi possível cadastrar o projeto
na Plataforma Brasil e assim submetê-lo ao Comitê de Ética em Pesquisa do IFSP. No en-
tanto, ao se consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do IFSP a respeito, foi fornecida pelo
responsável a informação de que "como provavelmente não houve danos aos participantes
(pesquisa com risco mínimo, possivelmente não mais do que um cansaço ou algum risco
mínimo de constrangimento), não há prejuízo do ponto de vista de código civil ou algo do
tipo da legislação".4
As análises foram elaboradas de modo individual e comparativo, tendo como base
teórica linguístico-discursiva os autores relacionados no item seguinte.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As análises estão embasadas em noções específicas de dois autores. A primeira é
o conceito de Speech Act (ato de fala) do filósofo da linguagem inglês John Austin (1975),
que concebe a linguagem como ação. Austin distingue três atos que compõem o ato de
fala: ato locucionário, ato ilocucionário e o ato perlocucionário. Nos deteremos na aborda-
gem do ato perlocucionário como uma ferramenta importante e esclarecedora para as
análises.
A teoria das três mímeses de Paul Ricouer (1983), desenvolvida em sua obra Tem-
po e Narrativa (1983) nos fornece outro conjunto importante de conceitos. Nessa obra Ri-
coeur traz uma precisa reflexão sobre o “tempo” vivido” e as “narrativas”. O autor fala de

4 Informação encaminhada por email pelo Coordenador Adjunto do Comitê de É ca em Pesquisa do IFSP (h p://lat-
tes.cnpq.br/3663927641409877) em 04/09/2020.
uma mediação operada por um narrador, que caminha desde: a pré-figuração do mundo
(mímese1); para a construção do texto como configuração (mímese II) e a refiguração (mí-
mese III) como a recepção e interpretação da obra.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Até o presente momento, as análises em andamento demonstram que cursar uma
graduação na maturidade tem um significado de extrema importância para esses alunos.
Apesar de o ser humano possuir características próprias, com diferentes pontos de vista, e
ter diferentes percepções de mundo, algumas palavras apareceram repetidamente nos re-
latos analisados até o momento: “sonho” e “ideal”. Os relatos indicam que viver esses so-
nhos é ressignificação de suas próprias vidas.
Estão na base da mímese 1 de Ricouer, prefigurando o mundo para a construção
do texto. À medida que estas histórias orais são estudadas e expostas, somos diretamente
levados a compreender a construção identitária que promovem e a desenvolver uma per-
cepção mais clara sobre diferentes aspectos da sociedade.

REFERÊNCIAS
AUSTIN, John Langshaw. [1975]. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Tradução de Da-
nilo M. de Souza Filho. Porto Alegre: Artes médicas, 1990.
RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa (Tomo I). Tradução de Constança Marcondes César.
Campinas: Papirus,1994
MACHADO, Luís Eduardo Wexell; ALCARAZ, Lilian; BENÍTEZ, Irma. Relatos de experiên-
cias de ex-estudantes de português língua estrangeira: a construção do conhecimento por
meio da pesquisa narrativa. Revista Entre Línguas, v. 5, n. 1, 2019, p. 39-56.
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

EXPERIÊNCIAS COM TEATRO CIENTÍFICO À LUZ DE PAULO FREIRE1

LOBO, Leon Bareta2


CROCHIK, Leonardo

RESUMO

Este projeto de pesquisa utiliza intervenções desenvolvidas no contexto de um


projeto de extensão chamado Arte-Ciência na Escola como experiências que valem a
pena serem analisadas para (re)pensar algumas dinâmicas da educação. O projeto de
extensão mencionado consiste no desenvolvimento de intervenções que relacionem arte,
ciência, e educação, para serem realizadas em escolas públicas. As intervenções que
foram analisadas de maneira sistemática utilizam tanto textos teatrais abertos, quanto
características mais gerais de teatralidade e performatividade como forma de expressão
para discutir os conteúdos programáticos em sala de aula. O método de investigação
narrativa foi utilizado para realizar a análise das intervenções pesquisadas, e este
consiste na produção de narrativas que, ao mesmo tempo narram as experiências das
intervenções realizadas e produzem reflexões e análises diversas a respeito destas
experiências pedagógicas. Foi utilizado como material de pesquisa documentos e
imagens do Projeto Arte-Ciência na Escola, além de entrevistas com ex-bolsistas do
mesmo projeto de extensão. Para embasar as discussões, partimos de uma concepção
educacional freireana (FREIRE, 1986, 1987) e buscamos conectá-la com uma perspectiva
teatral desenvolvida pelo teatrólogo Augusto Boal, associada ao Teatro do Oprimido
(BOAL, 2005). Até o presente momento, foi realizada a pesquisa dos documentos
vinculados ao Projeto Arte-Ciência na Escola, foram realizadas diversas entrevistas com
ex-bolsistas do mesmo projeto e, a partir de todo esse material, foram produzidas 3
narrativas que descrevem, problematizam e propõem reflexões diversas sobre tais
experiências pedagógicas.

Palavras-chave: Arte-Ciência na Escola. Teatro e teatralidade. Paulo Freire. Augusto


Boal.

INTRODUÇÃO

Na pesquisa aqui relatada, as experiências pedagógicas desenvolvidas no projeto


de extensão Arte-Ciência na Escola e que tratam sobre teatro científico ou teatralidade
serão utilizadas como material de estudo para analisar as relações entre educador,
educando e objeto do conhecimento. Inicialmente foi realizada a sistematização dos
documentos associados às intervenções realizadas, e foram feitas entrevistas com ex-
bolsistas do mesmo projeto de extensão, para que pudessem auxiliar a análise das

1 Essa pesquisa é financiada pela bolsa PIBIFSP.


2 Graduação em andamento em Licenciatura em Física; IFSP; São Paulo; SP; leonbalobo@gmail.com;
LOBO, Leon Bareta.
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experiências pedagógicas, aprofundando as informações obtidas através dos
documentos, agregando sentidos diversos e ampliando os modos de se construir a
pesquisa utilizando outros pontos de vista como referência. Dentre as atividades
pesquisadas, faremos referência aqui, para exemplificar a abordagem da pesquisa, à
intervenção “Laboratório do Corpo 2”, que trata sobre o assunto centro de massa,
utilizando a vivência corporal de situações de equilibro como ferramenta pedagógica para
o ensino deste tema.

OBJETIVOS

Analisar, a partir da investigação narrativa, as experiências vividas em intervenções


pedagógicas que se utilizaram do teatro científico e teatralidade no Projeto Arte-Ciência
na Escola e refletir a respeito de seus possíveis desdobramentos, se baseando para isso
nas teorias desenvolvidas pelo educador Paulo Freire e o teatrólogo Augusto Boal.

METODOLOGIA

Para construir e desenvolver as discussões, o método de investigação narrativa


será utilizado para, simultaneamente, narrar as experiências educativas vividas e dar um
sentido singular que pode ser usado para construir um conhecimento acerca das
atividades realizadas (LIMA; GERALDI; GERALDI, 2015). Tal método consiste em
produzir uma narrativa sobre experiências vividas dentro do ambiente escolar, portanto,
não pesquisar somente sobre a escola mas também pesquisar com a escola (LIMA;
GERALDI; GERALDI, 2015), e, a partir dessa narrativa, por um lado, apontar caminhos
para pesquisas e projetos futuros e, por outro, se propor a compreender algumas
dinâmicas escolares não somente como um agente externo que emerge deste ambiente e
tenta entendê-lo, mas sim como um agente que primeiro imerge nessas dinâmicas e a
partir dessas experiências do vivido dá sentido(s) a elas, a fim de produzir lições e
entendimentos diversos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A pedagogia de Paulo Freire é uma pedagogia crítica, libertadora e humanizadora,


denominada por ele mesmo como a Pedagogia do Oprimido (FREIRE, 1987). Criticando
as relações de opressão pautadas pelas dicotomias que as reproduzem, a pedagogia do
oprimido visa, para se constituir plenamente, a superação dessas dicotomias. Sob a
máxima de que ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, as pessoas se
educam entre si mediatizados pelo mundo (FREIRE, 1987, p. 95), a pedagogia do
oprimido fundamenta-se na ideia do ser humano como um ser social, na participação ativa
do educando no processo de ensino-aprendizagem, e no diálogo freireano como método
para a superação das dicotomias.
De maneira similar, porém com outra temática, Augusto Boal discorre a respeito da
libertação do espectador. Segundo Boal, toda atividade teatral é necessariamente política
(BOAL, 2005), portanto, pode ser usada pelas classes dominantes como instrumento de
dominação, ou pelos oprimidos como arma de libertação. Para que haja a superação da
poética que serve aos interesses do opressor, para Augusto Boal, é necessária a
destruição das barreiras criadas entre ator e espectador, em outras palavras, todos

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presentes devem se constituir, de alguma forma, atores e espectadores: espectatores
(BOAL, 2005). O objetivo da Poética do Oprimido portanto é a libertação do espectador,
em um cenário onde ele pensa e age de forma autêntica e autônoma.
Relacionando as obras de Paulo Freire e Augusto Boal, podemos inferir que
ambos:
atuaram de modo crítico e participativo na construção de subsídios teórico-práticos
com vistas à revisão e transformação de práticas sociais excludentes, tanto no
campo educacional, quanto no contexto da cultura. (CANDA, 2012, p. 192)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos documentos e informações recolhidas durante o primeiro semestre


sobre as experiências pedagógicas que envolviam teatro e teatralidade no ensino de
ciências, e com o embasamento teórico mencionado na fundamentação teórica, a
produção de 3 narrativas foi realizada. A seguir, como exemplo, é possível encontrar um
fragmento de uma das narrativas que discorre a respeito da intervenção “Laboratório do
Corpo 2” .
“Por mais que todos os alunos estivessem refletindo sobre o assunto, e
entusiasmados para responder a pergunta, somente um deles, provavelmente o mais
extrovertido da sala, tentava realizar a ação com o próprio corpo. Qual a dificuldade de se
usar o corpo em uma sala de aula? De qualquer forma, o menino que se dispôs a
experimentar o fenômeno com o próprio corpo atendia as sugestões dos outros alunos de
como resolver o problema de levantar da cadeira. O corpo físico do menino que estava ali,
inventando e reinventando as sugestões dos amigos e amigas para que conseguisse
levantar, esse movimento de criação e recriação de ideias no espaço compartilhado da
sala de aula, com todos os alunos e professores envolvidos, recai em um outro lugar
sobre o que é aprender, o que é ensinar. Para que serve o corpo do aluno na sala de
aula? Se for somente para ver e ouvir aquilo que o professor gesticula e diz, a intervenção
aqui relatada é quase uma transgressão, ou, talvez, em alguns aspectos, até possa ser.”
O fragmento acima, em conjunto com as demais narrativas, nos permite inferir que
diversas intervenções realizadas no Projeto Arte e Ciência assumem a participação do
público de estudantes como atores que podem recriar a dramaturgia durante a
apresentação, constituindo tanto um teatro sem a presença de espectadores passivos,
quanto uma aula que pressupõe o engajamento corporal e intelectual dos estudantes.

REFERÊNCIAS

BOAL, A. Teatro do Oprimido e outras poéticas públicas. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 2005.
CANDA, Cilene. Paulo Freire e Augusto Boal: Diálogos entre educação e teatro. Natal:
Holos, v. 4, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro :
Paz e Terra, 1986.
LIMA, M.; GERALDI, C.; GERALDI, J. O trabalho com narrativas na investigação em
educação. Belo Horizonte: Educação em Revista, 2015.

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V Encontro de Iniciação Cien fica e Pós-graduação
IFSP - Campus São Paulo

ANÁLISE DOS DIÁLOGOS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO: A RELAÇÃO


DESENVOLVIDA ENTRE PROFESSORES E ALUNOS1

CORREIA LIMA, Rafael2


IGNACIO SAENZ, Faustino3
DA PAZ, Maria Glória4

RESUMO

O foco da pesquisa está na caracterização do diálogo no ensino pedagogicamente


praticado e externalizado no referencial empírico que mescla entre os resultados
coletados que podem reverberar boas ações, ou pelo contrário, resultar em aspectos
dificultadores que reverberam más ações e pouco aprendizado. O objetivo da pesquisa é
analisar os diálogos desenvolvidos na relação de professores e alunos, na prática
pedagógica para determinar os aspectos facilitadores ou dificultadores. Para isso, se
identificam falhas e interferências na relação professor-aluno, se reconhece causas
internas, interesses educacionais e causas externas, se comparam as descobertas
empíricas com as contribuições teóricas e se descrevem os acordos proporcionados pelo
diálogo no ensino. A metodologia proposta compreende duas etapas de coleta de dados,
sendo a de campo e a bibliográfica, com uma área de estudo qualitativo, um desenho de
pesquisa não experimental, feito em um único momento, transversalmente, com fatores
prospectivos. A amostra é não probabilística selecionada por conveniência e
intencionalidade entre professores de ciências humanas e sociais e seus respectivos
alunos do Ensino Médio. A pesquisa é realizada por meio de entrevistas
semiestruturadas, abertas, diretas e intensivas apresentadas por um roteiro de perguntas
e um roteiro de observação em sala de aula. Os dados são processados em transcrições
neopositivistas e interpretativas. Por fim, são apresentados os dados coletados de
professores e alunos, nos resultados que dão origem a aspectos facilitadores e/ou
dificultadores, dados coletados em referência à educação básica pública que intensifica
ainda mais a ação dialógica marcada por uma cultura de desigualdade social e muito
altruísta por seus atores.

Palavras-chave: Diálogos. Relação Professor-Aluno. Estratégias de Ensino. Aspectos


facilitadores. Aspectos dificultadores.

INTRODUÇÃO

1 Pesquisa de doutorado em Artes e Humanidades com menção em Ciências da Educação.


2 Autor, Mestre em Educação e Doutorando em Artes e Humanidades com menção em Ciências da
Educação; Universidad Nacional Rosário (UNR); Rosário, Santa Fé; Argentina; rafaclimarte@gmail.com;
3 Professor orientador, Professor Doutor; Universidad Nacional de Rosario (UNR);
ignaciofsaenz@gmail.com;
4 Professora coorientadora, Professora Doutora, Universidade do Estado da Bahia (UNEB);
gogodapaz@yahoo.com.br.

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O diálogo no ensino é um tema amplo e com múltiplas facetas e abordagens, razão
pela qual os estudos psicossociais e didáticos são propostos para alcançar o sucesso
educacional desta pesquisa.
No entanto, as bases teóricas centrais se encontram no livro “Pedagogia do
Oprimido” de Paulo Freire (2012) , que conversa com Vygotsky (1982) e Bruner (1997) em
seus respectivos conceitos teóricos de linguagem no ensino, apontando estudos já
realizados por Burbules (1999) que faz um percurso inteiramente voltado ao diálogo no
ensino, emergido pela temática, inclui relações estruturais e conceitos de ensino e
aprendizagem, para o campo educativo, com alunos e professores em dificuldades
dialógicas.
O tema da relação professor-aluno é especialmente tratado, pois engloba conceitos
fundamentais para a relação dialógica empírica. Os interesses e seus interessados são
nomeados por estarem diretamente envolvidos na instituição escolar, à docência e os
alunos que continuam a colecionar os legitimadores da ação pedagógica.
Faz-se necessário um percurso histórico e de políticas educativas pelo sistema
educacional brasileiro que apresenta características peculiares marcadas por mudanças,
objetivos e expectativas educativas de toda a nação brasileira.

OBJETIVOS

O objetivo geral da pesquisa é analisar os diálogos desenvolvidos na relação


professor-aluno a partir da prática pedagógica para determinar os aspectos facilitadores
ou dificultadores. Os objetivos específicos se centram em identificar as falhas e
interferências do diálogo na relação professor-aluno; reconhecer causas internas e
externas envolvendo os atores; Identificar os aspectos facilitadores e dificultadores do
diálogo pelos professores; Comparar os aspectos facilitadores e dificultadores do diálogo
no ensino; Descrever os acordos encontrados nas aulas dialogadas. A finalidade é
comprovar se a postura docente é um aspecto facilitador e a falta de significado por parte
dos alunos é um aspecto dificultador do processo de ensino e aprendizagem dialógico.

METODOLOGIA

A pesquisa será qualitativa, pois possibilita acesso a dados de comportamentos,


ponto de vistas e posicionamento dos entrevistados. O tipo de estudo é por natureza
bibliográfica com aspectos descritivos, o que permite descrever os fatos e fenômenos de
uma determinada realidade, para isso, o desenho da pesquisa será não experimental,
pois impossibilita manipular variáveis ou designar aleatoriamente indivíduos ou condições.
Será um corte transversal, porque em um único momento, também será possível calcular
os resultados.
A amostra será não probabilística, selecionada por conveniência e intencionalidade
envolvendo 5 professores de ciências humanas e 103 alunos do 3º ano do ensino médio,
com informações coletadas no segundo semestre de 2020.
As análises dos dados serão feitas por meio de entrevistas e de observação com
um roteiro de perguntas, semiestruturado, abertos e diretos para serem tratados por
meios neopositivistas e interpretativos, para isso, serão utilizadas táticas de significados
de Casilimas (2002), de identificação de padrões e tópicos, identificação e exame do nível
de plausibilidade dos achados, agrupamento, realização de contrastes e comparações,
achados de variáveis intervenientes.
Considera-se em risco mínimo, pois caso os entrevistados sintam-se qualquer tipo
de constrangimento ou desconforto deverão informar imediatamente ao pesquisador. O
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participante da pesquisa terá acesso aos resultados realizados durante a pesquisa e suas
informações serão confidenciais, sendo acessíveis apenas aos pesquisadores, que são
responsáveis pelo sigilo de seus dados.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Vygotsky (1982) traz aspectos estruturais, onde a interação social se destaca,


influencia inteiramente para o tema. Em sua teoria psicogênica, ele fala do
desenvolvimento da estrutura cognitiva humana como um processo que é feito na
apropriação da experiência histórica e cultural. Para o autor, o desenvolvimento e a
aprendizagem são processos concomitantes, interdependentes e recíprocos. Como
sujeito de seu conhecimento, o homem não tem acesso direto a objetos e eventos. Esse
acesso é mediado pela linguagem.
Para Freire (2012), os conteúdos programáticos trazidos e transformados pelos
próprios alunos, na Pedagogia do Oprimido, que na realidade chama de pedagogia da
liberdade, traz conceitos e possibilidades de reflexões entre o opressor e o oprimido e
suas situações concretas de opressão, fala da educação bancária e da emancipação do
sujeito. Desde os oprimidos sendo capazes de libertar-se e principais condutores para o
caminho da liberdade. Sua análise da educação bancária e dos principais alunos ganham
evidências nessa pesquisa para a concepção facilitadora do diálogo.
Em Burbules (1999) traz discussões de diálogo no ensino que inspira o tema pelo
trabalho de complexidade e espontaneidade como forma de comunicação pedagógica.
Principalmente em suas classificações dos quatro tipos de diálogos: Conversação,
Indagação, Debate e Ensino, com ênfase nas reflexões do diálogo crítico-convergente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A conclusão da pesquisa alcançará resultados importantes para a discussão do


diálogo no ensino, apontando os aspectos facilitadores e dificultadores, além de
recomendar a sequência de mais pesquisas com mais abordagens e recortes, sentidos e
buscas que possam resgatar informações para a efetiva ação pedagógica do diálogo no
ensino.
Entre os aspectos facilitadores a serem analisados estão as posturas e condutas
dos atores docentes frente ao processo de ensino e aprendizagem e entre os aspectos
dificultadores estão o processo de significação e divergências a serem analisados entre
os alunos.

REFERÊNCIAS

BRUNER, J. S. Atos de significação. Porto Alegre: Artmed, 1997.


CASILIMAS, C. A. S. Investigación cualitativa. Bogotá: ARFO Editores e Impresiones
Ltda, 2002.
BURBULES, N. C. El diálogo en la enseñanza: Teoría y práctica. Buenos Aires:
Amorrortu editores, 1999.
FREIRE, P. Pedagogía del oprimido. 2.ed. (Trad. Jorge Mellado). Madrid: Siglo XXI
editores, 2012.
VYGOTSKY, L. S. Pensamiento y Lenguaje. La Habana: Editorial Pueblo y Educación,
1982.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

EDUCAÇÃO FISICA NO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DOS MEMORIAIS DESCRITIVOS


PRODUZIDOS POR ESTUDANTES DO INSTITUTO FEDERAL1

FERREIRA, Victória Marzano Jacintho Ramos 2


MALDONADO, Daniel Teixeira3

RESUMO

O objetivo desse estudo foi compreender as percepções sobre a Educação Física


apresentadas por estudantes do Ensino Médio da rede federal de ensino. Foi realizada
uma pesquisa descritiva que contou com a participação de 10 discentes de um campus do
Instituto Federal de São Paulo. Os alunos produziram um memorial descritivo narrando as
suas lembranças sobre as aulas do componente curricular. A interpretação desses dados
foi realizada pela análise de conteúdo. Esses jovens vivenciaram os gestos de
diversificadas manifestações da cultura corporal, debateram sobre as relações entre
saúde e o esporte, analisaram os marcadores sociais de classe, raça e gênero que
atravessam as práticas corporais, realizaram atividades de ensino integrando os
conhecimentos da Educação Física com o seu curso de formação profissional e
reconheceram a importância da disciplina para a formação da sua cidadania.

Palavras-chave: Instituto Federal. Educação Física Escolar. Ensino Médio.

INTRODUÇÃO

Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia foram criados para


efetivar uma proposta de Ensino Médio integrado como possibilidade de oferecer uma
formação politécnica para a juventude, superando a dualidade histórica da educação que
separa a formação profissional e técnica da Educação Básica e, em consequência, no
plano epistemológico, as dimensões gerais, específicas, técnicas, políticas e culturais da
formação humana (FRIGOTTO, 2018).
Após a consolidação do projeto dos Institutos Federais como uma política pública
educacional que valoriza a carreira docente e compreende a formação integral do ser
humano com essência da educação básica, uma série de experiências educativas com a
tematização dos esportes, danças, lutas, ginásticas, jogos e brincadeiras no ensino médio
integrado foram publicadas na literatura da Educação Física, evidenciando a efetivação
de uma prática político-pedagógica crítica e reflexiva dos professores e das professoras
desse componente curricular que atuam nessas instituições de ensino espalhados por
todo o território nacional (MALDONADO, 2020).
Assim sendo, já temos evidências que os docentes de Educação Física que
lecionam nos Institutos Federais estão desenvolvendo projetos educativos inspirados
pelas propostas curriculares mais progressistas do componente curricular. Entretanto,
poucas pesquisas foram realizadas com os estudantes que estão participando dessas
aulas, com a intenção de compreender quais conhecimentos esses jovens estão
1 Projeto de iniciação científica realizado no Instituto Federal de São Paulo.
2 Estudante do curso de Mecânica do Instituto Federal de São Paulo. Bolsista do Programa de Iniciação
Científica do IFSP.
3 Doutor em Educação Física pela Universidade São Judas. Docente do Instituto Federal de São Paulo.
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acessando. Assim, surge a seguinte pergunta. Quais são as memórias dos jovens do
Ensino Médio das aulas de Educação Física na rede federal de ensino?

OBJETIVOS

O objetivo desse estudo foi compreender as percepções sobre a Educação Física


apresentadas por estudantes do Ensino Médio da rede federal de ensino.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa qualitativa com método do tipo exploratório descritivo
(GIL, 2008). Participaram do estudo dez estudantes de uma turma do curso de Mecânica
integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal de São Paulo – campus São Paulo, que
tiveram aulas de Educação Física com um docente que tematizou as ginásticas, as
danças, as lutas, os esportes, os jogos e as brincadeiras de diferentes culturas, além de
problematizar os marcadores sociais relacionados com essas práticas corporais, por um
período de dois anos (2018 e 2019). Esses jovens foram convidados para colaborar com
o estudo porque participaram efetivamente das aulas do componente curricular durante
esse tempo.
Foi solicitado que os discentes produzissem memorias descritivos, de acordo com
as orientações de Silva e Diehl (2010). Nesse documento, os jovens descreveram todas
as recordações que possuíam sobre as aulas desse componente curricular no Ensino
Médio. Os alunos e as alunas produziram esses memorias entre os meses de fevereiro e
abril de 2020.
A pesquisa foi desenvolvida por troca de mensagens eletrônicas entre
pesquisadores e discentes, por conta do isolamento social causado pela pandemia do
coronavírus. A participação foi voluntária e todas as informações pessoais foram mantidas
em sigilo, não sendo revelados os nomes dos participantes.
Para analisar as informações obtidas foi utilizada a técnica de análise de conteúdo,
proposta por Bardin (2009), seguindo os seguintes procedimentos: pré-análise,
exploração do material e tratamento dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise realizada, seis temas principais foram identificados. No primeiro,


ficou evidente que os jovens vivenciaram diversificadas manifestações da cultura corporal
durante as aulas do componente curricular, compreendendo que o corpo pode
movimentar-se de diferentes formas, expondo posicionamentos políticos e sociais e, por
conta disso, esses assuntos devem ser abordados no Ensino Médio. Na categoria
intitulada como saúde e práticas corporais, os discentes aprenderam a montar o próprio
treino, analisaram aspectos relacionados com a alimentação e debateram sobre a
utilização de substâncias anabolizantes no mundo esportivo. Em seguida, no terceiro
tópico, os marcadores sociais que atravessam os esportes foram problematizados,
possibilitando reflexões sobre as desigualdades e preconceitos da sociedade, que
acabam se refletindo nas práticas corporais.
Após descreverem os principais conhecimentos que aprenderam nas aulas do
componente curricular, os discentes mencionaram que as atividades curriculares
realizadas serviram de apoio para o desenvolvimento de um TCC, que foi proposto pelo
professor no início do ano letivo, levando a formação de um novo conceito de Educação
Física, pois na visão dos jovens essa matéria deve ser considerada muito mais do que
praticar esportes nas quadras.
Por fim, o sexto tópico abordou a relação da Educação Física com o curso de
formação profissional dos alunos entrevistados, fazendo com que eles chegassem a
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conclusão de que é preciso ter uma pensamento mais sistêmico, relacionando os temas
discutidos nas aulas de Educação Física com os aspectos mais amplos da vida em
sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Longe de fazer conclusões generalizantes, até por conta da característica de uma


pesquisa qualitativa, concluímos que as memórias dos alunos e das alunas dessa turma
de Ensino Médio sobre as aulas de Educação Física na rede federal de ensino fortalece a
produção acadêmica da área, que aponta para uma nova tradição político-pedagógica nas
aulas do componente curricular, onde as atividades de ensino desenvolvidas buscam
ampliar a leitura de mundo dos estudantes da Educação Básica sobre os aspectos
históricos, sociais, políticos, econômicos, biológicos e fisiológicos que atravessam as
práticas corporais.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurance. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA, 2009.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Projeto societário, ensino médio integrado e educação
profissional: o paradoxo da falta e sobra de jovens qualificados. In: FRIGOTTO,
Gaudêncio. Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia: relação com o
ensino médio integrado e o projeto societário de desenvolvimento. Rio de Janeiro: UERJ,
LPP, 2018. p. 41-62.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
MALDONADO, Daniel Teixeira. Professoras e professoras de Educação Física
progressistas do mundo, uni-vos! Curitiba: CRV, 2020.
SILVA, Lisandra de Oliveira; DIEHL, Vera Regina Oliveira. Da construção dos
procedimentos metodológicos à produção de conhecimento: compartilhando experiências
a partir da narrativa escrita. In: MOLINA NETO, Vicente; BOSSLE, Fabiano. O ofício de
ensinar e pesquisar na Educação Física Escolar. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 94-122.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A NOVA GESTÃO PÚBLICA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO ESTADO DE SÃO


PAULO1

CARDOSO, Paulo Vitor dos S.2


SILVA, Caio Cabral3
SILVA, Dilma Antunes4

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar como o governo do Estado de São Paulo,
durante a gestão do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) (1995-2018),
implementou políticas educacionais que se alinham com a reforma do Estado brasileiro
que teve início em 1990, chamada de Nova Gestão Pública (NGP), que propôs a adoção
da administração gerencial e lógica privada na gestão pública. Com isso, as gestões das
escolas se direcionaram para buscar por resultados, negligenciando os processos
formativos e sua responsabilidade de garantir uma gestão democrática (PERRELLA;
ALENCAR, 2019). A pesquisa é de cunho bibliográfico e documental e apresenta algumas
legislações homologadas na gestão do PSDB que corroboram com esse modelo de
gestão pública, ajudando a concretizá-lo no campo educacional e que parece estar sendo
implementado até os dias atuais.

Palavras-chave: Políticas Educacionais. Gestão por resultados. Nova Gestão Pública.

INTRODUÇÃO

Nos anos de 1990 entrou em curso uma reforma do Estado brasileiro chamada de
Nova Gestão Pública (NGP) que se colocou como “[...] reforma do setor público com base
em instrumentos da gestão empresarial que visa melhorar a eficiência e eficácia dos
serviços públicos [...]” (MARQUES, p. 2, 2020). No caso do do Estado de São Paulo, tem
relevância o fato de ser governado pelo mesmo partido político desde 1995, o que
pressupõe uma continuidade na orientação das políticas públicas, muitas vezes, com
reveses na Educação .

1 Trabalho produzido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica


do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (PIBIFSP), com dados da pesquisa
“Política educacional na rede estadual paulista (1995 a 2018), financiada pela Fapesp, Processo
2018/09983-0, coordenada pela Profa. Dra. Márcia Aparecida Jacomini.
2 Graduando em licenciatura em Geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo (IFSP). E-mail: paulovcs2@gmail.com
3 Doutorando e Mestre em Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
Federal de São Paulo (EFLCH-Unifesp), Técnico em Assuntos Educacionais do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). E-mail: cabralcaio@ifsp.edu.br
4 Doutora em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Professora da Universidade Federal de São Paulo. E-mail: antunes.dilma@unifesp.br
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A Lei de Diretrizes Bases educacionais, de 1996 (LDB 9394/1996) reafirma o
princípio constitucional de gestão democrática e delega aos estados e municípios a
responsabilidade sobre a gestão das escolas. Contudo, segundo Perrella e Alencar
(2009), o Estado paulista tem negligenciado a gestão democrática e efetivado uma gestão
por resultados. Assim, as políticas educacionais do Estado de São Paulo se apresentam
como uma ruptura do princípio constitucional de gestão democrática e, ao mesmo tempo,
uma continuidade do modelo gerencialista da NGP que adota práticas semelhantes ao
mercado (PERRELLA; ALENCAR, 2019).

OBJETIVOS

O objetivo deste texto é analisar como os governos do PSDB em São Paulo fazem
políticas educacionais orientadas pela NGP que leva as unidades escolares a adotarem
uma gestão por resultados, negligenciando a gestão democrática.

METODOLOGIA

Esse trabalho é de cunho bibliográfico e documental, realizado a partir da análise


de legislações do Governo de São Paulo no período em questão e de reflexões
apresentadas por outros autores que escreveram sobre o tema. Trata-se de um projeto de
iniciação científica que integra a pesquisa “Políticas Educacional na rede estadual paulista
(1995-2018)” financiada pela Fapesp.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Marques (2020) aponta que a NGP vem penetrando o campo da educação,


transportando seus princípios para políticas educacionais. Para mostrar como essa
agenda vem sendo adotada na rede educacional paulista, destacamos alguns princípios
colocados pela autora que foram implementados pela Secretaria de educação do Estado
de São Paulo (Seduc-SP), são eles: Normas e medidas de desempenho mais explícitas,
Ênfase no controle dos resultados e Restrição no uso de recursos públicos.
Através da Resolução SE nº 27/96, a Seduc-SP instituiu o Sistema de Avaliação do
Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) visando orientar ações voltadas ao
monitoramento de habilidades e competências, sob o pretexto da melhoria da qualidade
da educação. Perrella e Alencar (2019, p.86) consideram o Saresp como “antessala das
políticas de metas para a educação”, pois seria a partir desse sistema de avaliação que o
governo vê a necessidade de instituir um índice para as escolas.
Nessa perspectiva, é instituído pela Resolução SE nº74/2008 o Índice de
Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) que tem como intenção
“avaliar a qualidade das escolas estaduais no ensino fundamental e médio, fixar metas
específicas para cada unidade escolar para orientar a equipe da gestão na tomada de
decisões” (PERRELLA; ALENCAR, 2019, p. 85,). Esse cenário revela que as prioridades
da Seduc-SP não são os processos formativos e sim um gerencialismo que busca
resultados, como expresso no controle e padronização do currículo (SÃO PAULO, 2008a)
e nas bonificações por resultados para docentes, (SÃO PAULO, 2008b).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

É possível afirmar que as políticas educacionais dos governos PSDB no estado de


São Paulo foram orientadas pela NGP e, essa visão gerencialista da rede de educação,
tem levado as escolas de São Paulo a adotarem uma gestão por resultados e negligenciar
o princípio de gestão democrática.
Malaggi (2020) aponta que na pandemia a Seduc-SP usou de argumentos técnicos
para justificar a adoção de que colocam aulas remotas como uma “cura” para cumprir o
calendário letivo. Sem, no entanto, levar em conta desigualdades estruturais de um
território tão amplo como São Paulo e ignorando os processos formativos de alunos e
docentes da rede. Isso nos dá indícios de que as políticas educacionais do Estado de São
Paulo continuam alinhadas com a NGP e à gestão por resultado.

REFERÊNCIAS

PERRELLA, Cileda dos Santos Sant’Anna; ALENCAR, Felipe Willian Ferreira de. Gestão
democrática versus gestão por resultados: o IDESP como política da lógica de
mercado na rede estadual paulista. 2º Seminário Redefinições das fronteiras entre o
público e o privado: Implicações para a democratização da educação, p. 84-90, 2019.

MALAGGI, V. Tecnologia em tempos de pandemia: A Educação a Distância enquanto


panaceia tecnológica na Educação Básica. Criar Educação, Criciúma, v. 9, nº2, p. 51-79,
Edição Especial 2020.

MARQUES, L. R.. Repercussões da nova gestão pública na gestão da educação: um


estudo da rede estadual de Goiás. Educar em revista, v. 36, Coritiba, 2020.

SÃO PAULO. Resolução SE Nº 27, de 29 de Março de 1996. Dispõe sobre o Sistema de


Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. São Paulo, 1996.

SÃO PAULO. Resolução SE N° 76, de 7 de Novembro de 2008. Dispõe sobre a


implementação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino
Fundamental e para o Ensino Médio, nas escolas da rede estadual. São Paulo, 2008a.

SÃO PAULO. Lei complementar Nº 1.078, de 17 de Dezembro de 2008. Institui


Bonificação por Resultados - BR, no âmbito da Secretaria da Educação. São Paulo,
2008b.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE EGRESSOS/AS DAS LICENCIATURAS EM


CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA DO IFSP/SPO SOBRE POLÍTICAS DE
AÇÕES AFIRMATIVAS PARA ACESSO AO ENSINO SUPERIOR¹

FERREIRA, Monique Albuquerque²


JUNIOR, Pedro Miranda³

RESUMO

A presente investigação refere-se à seguinte problemática de pesquisa: Como


são as representações sociais de egressos/as das licenciaturas em áreas das ciências
naturais e matemática sobre as políticas de ações afirmativas para ingresso no ensino
superior? Os dados foram coletados, em uma visão qualitativa, por meio de questionários,
os quais foram analisados de acordo com a Teoria das Representações Sociais (TRS).
Foram analisadas as respostas de uma questão aberta apresentada a egressos/as dos
cursos de licenciatura em Biologia, Física, Química e Matemática do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São Paulo (IFSP/SPO). Como
principais resultados, evidenciamos a construção de três representações principais na
perspectiva desses/as estudantes.

Palavras-chave: diversidade étnica, relações raciais, formação de professores.

INTRODUÇÃO

Quando nos debruçamos para analisar contextos sociais sob a ótica das relações
raciais, é possível levantar as problemáticas das desigualdades enfrentadas pelas
pessoas pretas e indígenas no Brasil, que estão expostas a situações de discriminação
em diferentes esferas como educação, economia e acesso ao trabalho (MUNANGA,
2009). Com relação ao acesso ao ensino superior, dados estatísticos indicam que as
disparidades entre brancos e pessoas de grupos marginalizados vêm lentamente
diminuindo, fato possivelmente ligado à expansão de vagas no ensino superior, a partir de
2004, com as políticas de ações afirmativas (ARTES, 2004), alterando o perfil étnico-racial
discente do ensino superior brasileiro. A justificativa para o estudo está em acreditar que
trazer à tona reflexões sobre as relações raciais é uma forma de construir novas
narrativas sobre grupos historicamente subalternizados.

OBJETIVOS

Analisar as representações sociais de egressos/as das licenciaturas em ciências


da natureza e matemática sobre as políticas de ação afirmativa para ingresso no ensino
superior.

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METODOLOGIA

A pesquisa possui uma abordagem qualitativa, visto que a preocupação central


está em um nível da realidade com universos de significados, motivações, valores e
atitudes correspondentes ao profundo espaço das relações e construções sociais
(MINAYO, 2002). Por se tratar de uma investigação com o envolvimento de pessoa, o
projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do IFSP,
recebendo Certificado de Apreciação Ética de nº 21722619.1.0000.5473 em outubro de
2019.
Encaminhamos aos/as egressos/as dos cursos citados um questionário via
internet com questões fechadas e abertas, que nos permitiram traçar os elementos de
perfil. Na presente análise, selecionamos as respostas apresentadas à questão aberta
“como você avalia a política de cotas para ingresso no ensino superior de estudantes de
escolas públicas, negros, pardos, indígenas e deficientes?”. As respostas foram
analisadas com suporte teórico-metodológico da Teoria das Representações Sociais
(TRS), a qual propõe uma articulação entre o psicológico e o social (MOSCOVICI, 2007).
As relações sociais perpassam duas esferas: figurativa e simbólica. A primeira
corresponde ao objeto, enquanto a esfera simbólica surge na compreensão que o sujeito
faz do objeto (MOSCOVICI, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da pesquisa noventa e três egressos/as dos cursos de licenciatura


em Biologia, Física, Química e Matemática, concluintes entre os anos 2008 e 2019. Sobre
os critérios de classificação racial, utilizando as categorias apresentadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, observamos a representação de 53 egressos/as que
se autodeclararam brancos/as, 29 pardos/as, 6 pretos/as, 5 amarelos/as e a ausência de
indígenas. Além disso, destacamos que 61 egressos/as não utilizaram nenhum tipo de
ação afirmativa para ingressar no curso; 31 sujeitos utilizaram a reserva de vagas para
estudantes oriundos de escolas públicas e apenas 5 foram contemplados com a reserva
de vagas para estudantes pretos/as e pardos/as.
Notamos que nenhum egresso/a utilizou a reserva de vagas para estudantes
deficientes. Primeiramente, as respostas evidenciaram uma representação das cotas
como políticas essenciais para ascensão das minorias. Esse grupo de egressos/as realiza
ancoragem dos grupos apresentados com questões de exclusão racial enquanto
consequência de um processo histórico que desfavoreceu alguns grupos, deixando,
principalmente, pessoas pretas à margem.
Egresso/a: Avalio ser uma medida necessária e de grande importância
para o público em questão, haja vista a grande desigualdade econômico-
histórico-social à qual essa população foi exposta. Uma pequena medida
de garantir acesso a lugares que outrora não eram frequentados por tal
população.
No segundo eixo, as respostas evidenciaram uma representação das cotas como
um tipo de cuidado paliativo. Originada do latim pallium, a palavra é usada para referir à
proteção daqueles que a cura não acolhe. Um termo usualmente empregado na medicina
para referir doenças incuráveis (Hermes e Lamarca, 2013).
Egresso/a: Uma medida paliativa, mas necessária para minimizar os
efeitos do descaso com o ensino público que forma toda a população
pobre e carente.

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A palavra paliativa repetiu-se, fortalecendo a representação social que esse grupo
constrói: uma forma de alívio sem combater a raiz do problema. No terceiro eixo, as cotas
foram representadas como ruins e sem aplicabilidade. Uma evidência interessante, visto
que na teoria proposta por Moscovici, referencia-se a aparição representações geradas
por uma controvérsia social (CABECINHAS, 2004), surgindo em contextos sociais em que
existe oposição entre grupos (CABECINHAS, 2004).
Egresso/a: Não se aplica, pois a aprendizagem está disponível a todos.
Cotas colocam numa posição de diferenças e isso gera conflitos raciais
entre os próprios negros; afrodescendentes. A cor da pele não é parâmetro
de superioridade.
Assim, os/as egressos/as constroem uma visão simbólica que revela um aspecto
social significativo, a realidade em que as pessoas são vistas como seres individuais em
condições normais de temperatura e pressão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Foram evidenciados três eixos das Representações Sociais (RS) construídas


pelos egressos/as pesquisados/as quando questionados sobre as políticas de ação
afirmativa para ingresso no ensino superior. Consideramos que trazer à tona algumas
reflexões sobre as relações raciais é essencial para o debate do tema na sociedade e
assim levantar problemáticas capazes de mobilizar transformações sociais.

REFERÊNCIAS

ARTES, A. RICOLDI, A. M. Acesso de negros no ensino superior: o que mudou entre


2000 e 2010. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 45, n. 158, p. 858-881, out./dez.,
2015.

CABECINHAS, Rosa. Representações sociais, relações intergrupais e cognição


social. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 14, n. 28, p. 125-137, Aug. 2004 .

HERMES, H. LAMARCA, I. C. Cuidados Paliativos: uma abordagem a partir das


categorias de profissionais da saúde. Ciências e Saúde, v. 18, n. 9, p. 577–588, 2018.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Editora


vozes, 2002.

MOSCOVICI, S. Representações Sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis:


Editora Vozes, 2007.

MUNANGA, K. Negritude: usos e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

PRODUÇÃO DISCURSIVA DA REVISTA PLACAR SOBRE O FUTEBOL FEMININO:


ANÁLISE DAS REPORTAGENS DE CAPA DO RESPECTIVO PERIÓDICO1

OLIVEIRA, Mariana Gomes2


MALDONADO, Daniel Teixeira3

RESUMO

O objetivo foi compreender a produção discursiva da revista Placar sobre o futebol


feminino no Brasil nas reportagens publicadas nas capas do respectivo periódico ao longo
do tempo. Foi realizada uma pesquisa documental em todas as edições da revista Placar
existentes na biblioteca do Museu do Futebol localizado em São Paulo, exceto entre os
anos de 1887 a 1990, uma vez que o local de estudo foi fechado devido a pandemia do
coronavírus no momento da coleta de dados. Para interpretar os dados empregamos a
técnica de análise de conteúdo. O perfil das reportagens de capa sobre o futebol jogado
pelas mulheres publicadas na revista Placar foi mudando ao longo do tempo, já que nas
décadas de 1980,1990 e 2000, onde a sexualização do corpo das jogadoras era grande,
as capas seguiam o mesmo padrão. Conforme a revista muda seus hábitos ao retratar o
futebol feminino, isto é, na década de 2010 em diante, as reportagens das capas passam
a retratar temas efetivamente relacionados com a modalidade esportiva.

Palavras-chave: Revista Placar; Futebol Feminino; Sexualização da Mulher; Igualdade


de Gênero.

INTRODUÇÃO

O universo do futebol caracteriza-se por ser, desde sua origem, um espaço


eminentemente masculino, refletindo os valores socioculturais estabelecidos pela
sociedade. Dessa forma, a entrada das mulheres em campo transformou essa realidade.
As reações decorrentes dessa nova ordem social expressam muito bem as relações de
gênero presentes em cada comunidade, já que quanto mais machista, ou sexista, ela for,
mais exacerbadas serão as dificuldades das mulheres praticarem a respectiva
modalidade esportiva (FRANZINI, 2005).
Após observar uma mudança no comportamento histórico e social brasileiro em
relação a mulheres no esporte, principalmente no futebol, os professores e as professoras
de Educação Física decidiram pesquisar mais afundo essa questão.
Nesse contexto, o futebol feminino, nos últimos anos, teve a sua cobertura
ampliada pela mídia nacional e internacional, principalmente nas transmissões da Copa
do Mundo e Jogos Olímpicos. Todavia, mesmo com essa nítida ampliação midiática na
cobertura dos eventos relacionados com essa prática corporal, passamos a nos perguntar
como que ela foi retratada por uma das revistas mais importantes sobre o referido
esporte. Assim, escolhemos a revista Placar como objeto deste estudo, tendo em vista
que esse periódico é um dos mais antigas e prestigiados dentre o meio futebolístico.
1 Projeto de iniciação científica realizado no Instituto Federal de São Paulo.
2 Estudante do curso de Eletrônica do Instituto Federal de São Paulo. Bolsista do Programa de Iniciação
Científica do IFSP.
3 Doutor em Educação Física pela Universidade São Judas. Docente do Instituto Federal de São Paulo.
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OBJETIVOS

O objetivo foi compreender a produção discursiva da revista Placar sobre o futebol


feminino no Brasil nas reportagens publicadas nas capas do respectivo periódico ao longo
do tempo.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa documental, na qual se utiliza documentos como fonte
de informação (FLICK, 2009). Uma diversidade de fontes podem ser utilizadas na
realização deste tipo de pesquisa, sejam elas sonoras, visuais ou impressas (LAVILLE;
DIONNE, 1999). No presente estudo, utilizamos como fonte de informações todas as
edições da revista Placar existentes na biblioteca do Museu do Futebol localizado em São
Paulo, exceto entre os anos de 1887 a 1990, uma vez que o local de estudo foi fechado
devido a pandemia do coronavírus no momento da coleta de dados.
O estudo foi realizado no período de fevereiro a março de 2020. Após selecionar os
exemplares da respectiva revista, registramos as reportagens que versaram sobre a
participação das mulheres no futebol. No quadro 1, é possível identificar a quantidade de
periódicos analisados e de reportagens sobre o futebol feminino utilizadas.

Quadro 1 - Revistas analisadas sobre futebol feminino existentes na revista Placar.

DÉCADA REVISTAS REPORTAGENS UTILIZADAS


1980-1990 459 revistas Dez reportagens relacionadas ao
futebol feminino
1991-2000 148 revistas Onze reportagens relacionadas ao
futebol feminino
2001-2010 251 revistas Cinco reportagens relacionadas ao
futebol feminino
2011-2020 169 revistas Treze reportagens relacionadas ao
futebol feminino e uma revista só
sobre ele.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Para interpretar os dados empregamos a técnica de análise de conteúdo (LAVILLE;


DIONNE, 1999), procurando identificar as unidades de significado e as categorias
relacionadas com a participação feminina no futebol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O perfil das reportagens sobre o futebol jogado pelas mulheres publicadas na


revista Placar foi mudando ao longo do tempo. Na década de 80, logo após essa prática
esportiva na modalidade feminina ser descriminalizada, identificamos poucas matérias
que versavam efetivamente sobre o respectivo esporte, mas a prioridade editorial foi a
sexualização da mulher. Na década de 1990, esse fenômeno cresce em diversos quadros
da revista. Na década que se inicia-se nos anos 2000, nota-se uma mudança de
comportamento do comitê editorial do periódico, onde as reportagens relacionadas ao
futebol continuam escassas, mas a sexualização do corpo feminino diminui. A partir de
2010, mesmo com a insistente objetificação das namoradas e esposas de jogadores, por
exemplo, a postura do periódico é completamente diferente e começa a tratar mais do
futebol em si.
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Tendo isso em vista, identificamos quatro categorias nas quais as reportagens se
enquadram: sexualização da mulher na sociedade e... no futebol; luta pela igualdade de
gênero no futebol; jogos e campeonatos femininos de futebol; e a mulher na área
esportiva. No entanto, para esse documento, visamos explicitar o conteúdo empregado
nas capas das revistas.
A primeira capa com uma jogadora foi em 1984, mostrando Sally de calcinha e
camiseta. A reportagem correspondente falava sobre assuntos importantes, como a
solidão das jogadoras, mas também focava em tópicos não relacionados à prática, como
o cuidado com os seios. Em 1990, Taffarel é capa de uma edição, e ao seu lado posam
duas modelos de biquíni.
Em 1995 publicaram uma capa com quatro jogadoras da época – tocando o corpo
umas das outras - e roupa intima na parte inferior do corpo. Em 1996 Susana Werner é
capa da Placar, nua, apenas com uma bola de futebol frente aos seios. Também em
1996, Cleidy, bandeirinha, pousa de joelhos (vestindo um uniforme curto, justo e preto) ao
lado da manchete: “A juíza mais gostosa do Brasil”. Em 1997, novamente de biquíni, a
capa exibe quatro jogadoras com a manchete: “Gostosas - quem são as deusas do
futebol feminino?”
Em 2000, duas modelos são capa da revista para representar a rivalidade entre
Brasil e Argentina. Ambas de calcinha e top relacionados à seleção. Em 2019, Marta é
capa da edição especial Dossiê do Futebol feminino, dessa vez, propriamente vestida e
levantando uma bola. Também em 2019, marcando uma enorme conquista para o futebol
feminino, jogadoras aparecem numa capa de edição especial sobre os melhores do
século. Anteriormente, apenas homens eram indicados para rankings na revista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Nesse sentido, concluímos que a produção das capas da revista Placar sobre o
futebol feminino está diretamente conectada com o perfil editorial e de conteúdo do
respectivo período histórico. Como observado, nas décadas de 1980,1990 e 2000, onde a
sexualização do corpo das jogadoras era grande, as capas seguiam o mesmo padrão.
Conforme a revista muda seus hábitos ao retratar o futebol feminino, isto é, na década de
2010 em diante, as reportagens das capas passam a retratar temas efetivamente
relacionados com a modalidade esportiva, como o exemplo da capa relacionada ao
dossiê do futebol feminino. Consideramos que as alterações editoriais do periódico
possuem relação com a disseminação das teorias feministas e das conquistas dos direitos
das mulheres no século XXI.

REFERÊNCIAS

FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FRANZINI, Fábio. Futebol é “coisa para macho”? Pequeno esboço para uma história das
mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 25, n. 50, p.
315-328, 2005.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da
pesquisa em Ciências Humanas. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: UFMG,
1999.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

INVISIBILIDADE ATÉ QUANDO?1

SANTANA, Julia Soares2


SILVA, Fernanda Bueno3
SOUZA, Prof.ª Dr.ª Thais Cristina Silva de4;

RESUMO

Neste estudo de caso sobre as mulheres, na arquitetura e urbanismo, serão


retratadas as situações adversas que as mesmas são submetidas, tanto as que somente
utilizam da cidade quanto as que projetam o meio urbano. O objetivo desta pesquisa é
enaltecer mulheres importantes na área da arquitetura, além de analisar os problemas
sociais que essas profissionais enfrentam atualmente. A metodologia utilizada neste
estudo foi a elaboração de uma enquete on-line com mulheres profissionais ou estudantes
no campo da arquitetura e a realização de entrevistas com as arquitetas urbanistas
Terezinha Gonzaga, atuante no Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU e com
Regina Santos, que trabalha na Prefeitura de São Paulo. Os resultados são apresentados
e evidenciam-se alguns trechos das entrevistas que torna público tais fatos e as
problemáticas na área da construção civil. Por fim, pode-se perceber que a violência
invisível continua no ambiente de trabalho, e que as mudanças e transformações são
necessárias para se obter equidade, além disso praças e lugares mais acessíveis e
cidades incorruptíveis.

Palavras-chave: Arquitetura; Urbanismo; Mulheres; Representatividade; Cidades.

INTRODUÇÃO

Neste momento, há uma grande maioria de mulheres cursando Arquitetura e


Urbanismo no Brasil, elas são cerca de 67% do total dos estudantes neste curso
(LATERZA; MORENO, 2019). Desse modo, tornou-se necessário para essas futuras
arquitetas terem inspirações femininas e também representatividade. Em consequência
disso, a pesquisa tem como objetivo principal pesquisar arquitetas que foram e são
fundamentais para arquitetura; além de debater sobre a questão de gênero no ambiente
profissional e o papel da mulher dentro da área da construção civil e analisar o olhar
feminino sobre o meio urbano.
Segundo Ferradás (2016), é válido destacar que as mulheres ficaram designadas
aos espaços privados e domésticos por um tempo muito extenso da história. Com isso,
elas foram de forma extremamente lenta adentrando nos cursos, primeiro aqueles vistos
como “femininos” na época para, muito posteriormente, começarem a cursar outros sem
1
O projeto está vinculado à iniciação científica PIBIFSP 2020 denominada “Mulheres na Arquitetura”
desenvolvida no curso de Arquitetura e Urbanismo do IFSP.
2
Graduanda do curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo; IFSP; São Paulo; São Paulo;
julia.santana@aluno.ifsp.edu.br; SANTANA, Julia Soares.
3
Graduanda do curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo; IFSP; São Paulo; São Paulo;
ferbueno0208@gmail.com; SILVA, Fernanda Bueno.
4
Doutora e mestre na área de habitat; FAUUSP; Docente do IFSP; São Paulo; São Paulo;
thais.souza@ifsp.edu.br; SOUZA, Prof.ª Dr.ª Thais Cristina Silva de.
restrição. Portanto, as mulheres ainda se encontram em um cenário marcado por
discriminação ao longo de suas trajetórias profissionais.

OBJETIVOS

O principal objetivo deste trabalho científico é promover visibilidade para


profissionais do gênero feminino importantes na área da arquitetura e urbanismo. Além
disso, proporcionar uma análise crítica sobre as dificuldades sociais que as mulheres
enfrentam, tanto no ambiente profissional quanto no meio urbano, desde insegurança por
ser uma área da construção civil até andar pela cidade nos seus trajetos cotidianos.

METODOLOGIA

O desenvolvimento do estudo foi realizado a partir de análise de teses e artigos


acadêmicos, além de livros, publicações em jornais e revistas eletrônicas. O acervo virtual
de Universidades, ONGS e coletivos também foram consultados. Foram realizadas
entrevistas com arquitetas, em 2020. Além de palestras assistidas sobre o tema e um
questionário on-line aplicado pela plataforma Google Forms em função da pandemia
COVID-19.
A pesquisa foi aprovada pelo comitê de Ética e Biossegurança do IFSP (Instituto
Federal de São Paulo) e aprovada pelo CEP (Comitê de Ética em Pesquisa). O número
do CAAE (Certificado de apresentação para Apreciação Ética) é 33745720.9.0000.5473,
já o número do parecer é 4.141.118.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As perguntas elaboradas tanto para as entrevistas quanto para a enquete on-line,


obtiveram respostas que ajudaram no aprimoramento das ideias iniciais e moldaram a
construção de um artigo. O questionário, via internet, obteve 35 (trinta e cinco)
participantes, entre elas, a maior participação foi de mulheres já graduadas na área de
Arquitetura e Urbanismo.
A pergunta acerca da violência invisível foi realizada pelo formulário on-line em
decorrência da pandemia COVID-19, em que a maioria dessas profissionais, 71%,
reconhece a existência da mesma no ambiente de trabalho.
Acerca das referências femininas na Arquitetura, Gonzaga (2020) apontou as
arquitetas reconhecidas nos seus campos de atuação, como Lina Bo Bardi, Raquel Rolnik
e Ermínia Maricato, já Santos (2020) citou nomes menos conhecidos e colegas de
trabalho que ela admira. Além disso, as participantes do questionário on-line responderam
como referências arquitetas famosas, como Lina Bo Bardi e Zaha Hadid. É notório
ressaltar que há pouca variação de nomes e que várias delas indicaram colegas e
professoras como inspiração.
Por fim, a última questão abordada foi se as cidades são pensadas para as
mulheres. A arquiteta urbanista, Regina Santos (2020), declarou que os espaços públicos
não atendem às necessidades das mulheres, além de mencionar a falta de acessibilidade.
Já Gonzaga (2020) afirmou que o ambiente urbano não é feito para elas e tão pouco para
todos os homens, mas, sim, para o capital. Nas respostas do formulário, a maior parte –
83% do total – respondeu que as cidades não são feitas para o gênero feminino. Portanto,
é visível que em função da estrutura patriarcal, ao longo da História, a relação mulher e
ambiente urbano é afetada, muitas vezes, com espaços urbanos, praças, parques, ruas e
vielas sem iluminação pública adequada, calçamento apropriado e segurança pública
correspondente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Em suma, a pesquisa demonstra diversas discriminações sofridas pelas


profissionais mulheres ao longo de suas carreiras, tanto no formulário on-line – 71%
afirmaram terem vivenciado ou conhecerem alguma arquiteta que enfrentou a chamada
violência invisível (a falta de reconhecimento, das imposições ocupacionais, diferenças
salariais, além de tantas outras) – quanto na entrevista com a arquiteta Terezinha
Gonzaga, que compartilhou ter sofrido discriminação por colegas e pelos seus superiores.
Já na questão de representatividade, todas as respostas apontam a necessidade
de representatividade e referências femininas na área da construção civil, visto que elas
apresentaram poucos nomes conhecidos dentro da própria profissão.
Por último, várias respostas do questionário on-line (83%) e entrevistas negam
que a cidade seja feita para as mulheres. Muitas delas apontaram, como possível
solução, a participação de mulheres durante o desenvolvimento de projetos urbanos e
cargos importantes na Administração Pública. Ainda é válido destacar, segundo a
entrevistada Regina Santos (2020), que é imprescindível a participação não somente
feminina, mas de cidadãos, como um todo, na elaboração de projetos para um olhar mais
inclusivo nas cidades.

REFERÊNCIAS

FERRADÁS, María Novaes. Do Feminino para o Feminismo na arquitetura: A chave para


a verdadeira Mudança. Revista Arquitetas Invisíveis (Pioneiras), São Paulo, p. 11,
2016.
GONZAGA, Terezinha. Mulheres na Arquitetura. Entrevista cedida a Julia S. Santana;
Fernanda B. Silva. São Paulo, 2020. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1wUdAuw-HqrNwYgP1AnreJncOuUpVXHB/view?
usp=sharing. Acesso em: 08 jun. 2020.
LATERZA, Ana; MORENO, Júlio. Inédito: Visão completa sobre a presença da mulher na
Arquitetura e Urbanismo. CAU, 2019. Disponível em: https://www.caubr.gov.br/inedito-
visao-completa-sobre-a-presenca-da-mulher-na-arquitetura-e-urbanismo/. Acesso em: 11
maio 2019.
SANTOS, Regina Helena Vieira. Mulheres na Arquitetura. Entrevista cedida a Julia S.
Santana; Fernanda B. Silva. São Paulo, 2020. Disponível em: https://drive.google.com/file/
d/1f1f1XUrWo7wSt0wid74Lt997Nmb3ZuQ-/view?usp=sharing. Acesso em: 08 jun. 2020.
ROBÓTICA EDUCACIONAL E GÊNERO - Como trabalhar a representatividade
feminina na docência em disciplina com destaque majoritariamente masculino

TAQUES-VILLAGRÁN, Julyana Gomes1


KILLNER, Gustavo Isaac²
MOURA, Amanda do Rêgo³
RESUMO

Esta pesquisa buscou averiguar se a representatividade docente feminina na


robótica pode estimular que cada vez mais meninas possam se interessar por esse ramo
de estudo, ampliando a participação de mulheres na área de ciência e tecnologia. Para
tal, analisaram-se os dados referentes à participação de alunas e alunos num torneio de
robótica realizado entre alunos de uma escola em 2019. Os resultados indicaram que a
representatividade feminina na docência em áreas historicamente masculinizadas pode
encorajar meninas a ingressar nessas carreiras e que o desempenho dos estudantes
independe do seu gênero.

Palavras-chave: robótica e gênero; meninas e ciências; docência feminina.

INTRODUÇÃO

Segundo Cupani (2004, p. 508), numa perspectiva crítica a tecnologia não é


neutra, "[...] pois encarna valores antidemocráticos provenientes da sua vinculação com o
capitalismo e manifestos numa cultura de empresários, que enxerga o mundo em termos
de controle, eficiência e recursos". Essa cultura, por sua vez, carrega valores patriarcais
que minimizam a participação feminina na produção de ciência e tecnologia. Contudo,
“[...] se o conhecimento e a tecnologia são necessários para a nossa sociedade, tanto
homens quanto mulheres devem ter acesso a eles” (STEARN, 2018, p. 202). Poderia a
docência feminina na área de ciência e tecnologia contribuir para a superação dessa
invisibilização das mulheres na área de ciência e tecnologia?

OBJETIVOS

Nesta pesquisa busca-se identificar se a docência feminina em robótica pode ser


um fator estimulante para o ingresso de meninas em áreas majoritariamente masculinas.

METODOLOGIA

Esta pesquisa foi elaborada com 638 estudantes do 6º ao 9º ano de uma escola
da rede privada da cidade de São Bernardo do Campo (SP) e contou com a presença de
uma professora que leciona no período matutino e um professor que leciona no período
vespertino. O projeto de pesquisa passou pelo comitê de ética sendo aprovado em 30 de
janeiro de 2020, CAAE: 25967319.2.0000.5473, número do parecer: 3.816.159.

1³Estudante de graduação, Ins tuto Federal de Educação Tecnológica Campus São Paulo, Brasil. E-mail: amanda.moura@ifsp.edu.br , ORCID: 0000-
0003-1022-6444 ²Orientador- Doutor e professor de graduação e pós-graduação, Ins tuto Federal de Educação Tecnológica Campus São Paulo,
Brasil. E-mail: gustavoik@ifsp.edu.br , ORCID:0000-0002-7115-9444. ¹Estudante do ENCIMA, Programa de Mestrado Profissional em Ensino de
Ciências e Matemá ca, Ins tuto Federal de Educação Tecnológica Campus São Paulo, Brasil. E-mail: julyana.villagran@aluno.ifsp.edu.br ,
ORCID:0000-0001-6503- 8008.

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Em junho de 2019 iniciou-se o campeonato interno de robótica no colégio com
alunos e alunas dos dois períodos reunidos em grupos de 4 estudantes, sendo 201
meninos e 234 meninas, (período da manhã) e 110 meninos e 93 meninas, (período da
tarde). Para a etapa final foram destinadas 4 vagas de times para cada período, mesmo
que a quantidade de estudantes da manhã seja o dobro da quantidade de estudantes do
período da tarde. As eliminatórias tiveram duração de 2 meses até selecionar 8 times
finalistas, 4 treinados pela professora e 4 pelo professor. Portanto, no período matutino,
dos 435 alunos concorrendo às 16 vagas, 54% das competidoras eram meninas e 46%
eram meninos, enquanto no período vespertino, dos 203 estudantes que concorrem as
16 vagas destinadas ao período da tarde, 46% eram competidoras meninas e 54%
competidores meninos, culminando em um desequilíbrio entre a quantidade de vagas
ofertadas e o percentual de estudantes inscritos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

GRÁFICO 1: Divisão por gênero entre os times classificados pelo período matutino (treinados por uma

Fonte: Os Autores, 2020


Pode-se notar a princípio que a quantidade de alunos e alunas classificados em
ambos os períodos é a mesma (16 estudantes em cada período). No entanto, em relação
ao gênero estudantil, do total de 32 estudantes, 22 eram meninos (69%) e 10 eram
meninas (31%). Em relação ao gênero dos professores a distribuição mostrou-se bastante
diferente entre eles. Enquanto metade das alunas treinadas pela professora se
classificou, apenas metade da metade (12,5%) delas se classificaram quando treinadas
pelo professor, que classificou quase 90% de meninos.
GRÁFICO 2- Classificação final do campeonato de robótica

Fonte: Os Autores, 2020.

Na classificação final é possível verificar que, embora as meninas tenham se


apresentado em menor quantidade para a final do campeonato, ainda assim conseguiram

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ocupar as primeiras colocações recebendo medalhas de prata e bronze, sendo finalistas 7
meninos (32% do total de meninos da fase anterior) e 5 meninas (50% do total de
meninas da fase anterior). Na fase final percebe-se um aumento percentual significativo
das meninas, que agora correspondem a 42 % das vagas, contra 31% na fase anterior.
Considerando que a maior parte delas foi treinada pela professora, pode-se supor que a
docência feminina poderia ter influenciado as meninas a superar as barreiras da misoginia
em áreas técnicas como a robótica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O gráfico 1 mostra que na turma que tinha aulas de robótica com uma mulher,
números iguais de meninas e meninos participaram do torneio, sendo possível que uma
professora pode ter causado um impacto nas meninas, e feito com que se interessarem
mais pela área de estudo, direcionando-as a melhorar seu desempenho e incentivando-as
a buscar equidade nas aulas de robótica. Contrariando o argumento clássico de que “A
mulher pode ser educada, mas sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à
filosofia e algumas das artes”, (HEGEL, XIX, citado por SILVA, 2012), as mulheres podem
sim desenvolver habilidades para qualquer área que tenham interesse. Para tal é
necessário reconhecer que o “conceito de gênero é um instrumento de análise do impacto
das ideologias na estruturação do mundo social e intelectual, que se estende para muito
além dos eventos e corpos de homens e mulheres.” (SARDENBERG e COSTA, 2002,
p.15). O gráfico 2 permitiu analisar a importância da representatividade docente. Esta
pode ser um fator determinante para que meninas se sintam representadas e
estimuladas, refletindo no número de medalhas ganhas entre as primeiras colocações.
Separar profissões e áreas por gênero pode “Enfatizar o caráter fundamentalmente social
das distinções baseadas no sexo” (SCOTT, 1995, p. 72). Porém, tal entendimento nos
afasta das discussões que tendem a enfatizar os “papéis” destinados aos homens e as
mulheres na produção de ciência e tecnologia e no acesso a cargos de poder
“generificados”, constituídos e atravessados por representações de gênero que, ao
mesmo tempo, produzem, expressam e/ou (re)significam as referidas representações
(LOURO, 2004; MEYER, 2003; SCOTT, 1995). A representatividade pode ser uma saída
para que esse estigma seja quebrado. Isto posto, é admissível crer que faz sentido que
mulheres que estejam atuando em áreas consideradas masculinas sirvam de inspiração
para que meninas desenvolvam interesse por essas áreas e sintam que podem fazer
parte desse universo, particularmente quando tem professoras nas áreas técnicas.

REFERÊNCIAS
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Sci. stud. [online]. 2004, vol.2, n.4, pp.493-518.
LOURO, G. L. 2004. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós estruturalista. Petrópolis: Vozes.
MEYER, D. E. 2003. “Gênero e educação: teoria e política.” In: Louro, G.L.; Neckel, J.F. e Goellner, S.V. (Orgs.).
Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Rio de Janeiro: Vozes, pp. 9-27
SARDENBERG, C. M. B. e COSTA, A.A.A. 2002. “Introdução.” In: Costa, A.A.A.; Sardenberg, C.M.B. (Orgs.).
Feminismo, Ciência e Tecnologia. Salvador: REDOR/NEIM-FFCH/UFBA, pp. 11-21.
SCOTT, J.W.1995. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, Educação & Realidade, Vol. 20, no 2, pp.71-99.
SILVA, F. F. Mulheres na ciência: vozes, tempos, lugares e trajetórias. Tese (Doutorado em Educação em Ciências).
Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2012. Disponível em: <http://repositorio.furg.br/handle/1/5028>.
Acesso em: 12 set. 2020.
STEARNS, P. N. História das relações de gênero. Trad. De Mirna Pinsky. São Paulo: Contexto, 2018.

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REPRESENTAÇÃO FEMININA NA DOCÊNCIA E NA CIÊNCIA

MOURA, Amanda do Rêgo1


KILLNER, Gustavo Isaac²
TAQUES-VILLAGRÁN, Julyana Gomes³
RESUMO

Esta pesquisa investigou se o fato de uma turma de estudantes terem uma


professora de robótica pode influir na representação social que as meninas constroem
sobre as relações de gênero e a opção profissional. Para tanto, realizou-se um estudo de
caso envolvendo quatro turmas de 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola
particular no estado de São Paulo. Nesse estudo, aplicou-se um teste que permitiu a
identificação das representações estabelecidas pelos estudantes entre gênero e algumas
profissões. Os resultados indicaram que a presença de uma docente mulher pode
contribuir para desconstrução de percepções androcêntricas sobre a Ciência.

Palavras-chave: mulheres na ciência; ensino de ciências; docência feminina.

INTRODUÇÃO

Apesar de muitas narrativas, leis e currículos oficiais apontarem para uma


educação transformadora, a escola ainda pode ser considerada um ambiente reprodutor
de desigualdades e padrões androcêntricos presentes na sociedade (REIS; GOMES et al,
2009). Joan Scott afirma que “gênero é uma forma primária de dar significado às relações
de poder” (SCOTT, 1991, p.17) e também argumenta que, falar sobre gênero implica
pensar em conceitos e normatividades impostos por grupos privilegiados e expressos nas
práticas educativas que reforçam essas relações. A escassez de mulheres docentes em
áreas de exatas poderia ser um elemento do currículo oculto que reforça essa
reprodução, invisibilizando as mulheres nas ciências.

OBJETIVOS

Analisar se o gênero do docente pode influenciar a representação social construída


por estudantes do ensino fundamental sobre os papéis historicamente atribuídos a
homens e mulheres na produção do conhecimento científico.

METODOLOGIA

Esta pesquisa passou pelo comitê de ética sendo aprovado em 30 de janeiro de


2020, CAAE: 25967319.2.0000.5473, número do parecer: 3.816.159 e envolveu 82
estudantes do 9° ano do ensino fundamental de uma escola particular localizada na
cidade de São Bernardo do Campo (SP). Os alunos e alunas das turmas A, B e C dessa
escola cursam uma disciplina de robótica com uma professora enquanto a turma D tem
aulas com um professor. Após uma revisão bibliográfica sobre práticas escolares e a
1Estudante de graduação, Ins tuto Federal de Educação Tecnológica Campus São Paulo, Brasil. E-mail: amanda.moura@ifsp.edu.br , ORCID:
0000-0003-1022-6444 ²Orientador- Doutor e professor de graduação e pós-graduação, Ins tuto Federal de Educação Tecnológica Campus São
Paulo, Brasil. E-mail: gustavoik@ifsp.edu.br , ORCID:0000-0002-7115-9444. ³Estudante do ENCIMA, Programa de Mestrado Profissional em Ensino
de Ciências e Matemá ca, Ins tuto Federal de Educação Tecnológica Campus São Paulo, Brasil. E-mail: julyana.villagran@aluno.ifsp.edu.br ,
ORCID:0000-0001-6503- 8008.

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representatividade feminina, elaborou-se uma sequência didática baseada nos três
momentos de Delizoicov (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002), que de início
envolveu uma problematização realizada na forma de avaliação diagnóstica (pré teste),
composta por perguntas fechadas. A mesma atividade de pré teste foi aplicada
novamente no final da aula, em formato de pós-teste.
A sequência didática foi desenvolvida entre o pré e o pós teste, numa aula remota
realizada no pandêmico período de agosto de 2020 e, sendo assim, alguns alunos não
concluíram o pós teste solicitado em que deveriam relacionar novamente as atividades
propostas, o que gerou uma diferença na quantidade final de respostassem relação à
inicial, mas que não interferiu na análise quantitativa e qualitativa dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 mostra a porcentagem dos dados de todas as turmas analisadas,


referentes às relações estabelecidas entre rostos masculinos e femininos e a profissão
que deveriam exercer antes e depois da discussão sobre mulheres na ciência.

Tabela 1 - Porcentagem de alunos/as que relacionam uma profissão a um rosto, antes e depois da
aplicação da aula, referente ao primeiro exercício.
Atribuição a Atribuição a Atribuição a Atribuição a
Profissão rostos femininos rostos femininos rostos masculinos rostos masculinos
ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS
Inventor/a 39% 83% 61% 17%
Estilista 91% 67% 9% 33%
Botânico/a 70% 43% 30% 57%
Chef 14% 24% 86% 74%
Astronauta 27% 39% 73% 61%
Cientista da
45% 62% 55% 38%
computação
Fonte: Os Autores, 2020.

A tabela 1 indicou que as profissões atribuídas em maior quantidade aos rostos


femininos foram as profissões de estilista e botânica, enquanto para os rostos masculinos
foram as de inventor, chef e astronauta, referentes ao primeiro contato dos estudantes
com a atividade. A profissão de cientista da computação parece tender mais para o lado
masculino. Após a discussão a mudança nas atribuições apresentou-se principalmente na
profissão de ciências da computação, na qual os alunos identificaram o rosto feminino
como característico a uma cientista atuante nesta área e também passaram a considerar
um rosto masculino atuante em áreas como estilista e botânica, bem como o rosto
feminino atuante nas áreas científicas.

Tabela 2 – Porcentagem relacionada a quantidade de alunos/ as, separados por sala, que relacionaram
uma profissão a um rosto, antes da aplicação da aula, referente ao segundo exercício.
9°A 9°B 9°C 9°D
Atribuição a rostos
65% 53% 63% 38%
femininos (%)
Atribuição a rostos
35% 47% 37% 62%
masculinos (%)
Fonte: Os Autores, 2020.
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Para o segundo exercício era necessário que os estudantes associassem um rosto
(entre os vários apresentados) a um texto de uma produção científica, que descrevia o
desenvolvimento de um programa de computador capaz de reduzir o tempo de
diagnóstico da esquizofrenia, para antecipar tratamentos. Essa produção, foi desenvolvida
pela pesquisadora brasileira Natalia Mota, e abordada na discussão sobre mulheres na
Ciência, resultando que no pós teste, quase a totalidade de estudantes atribuíssem o
texto corretamente a ela. Ao observar os dados da tabela 2, pode-se notar que as três
primeiras salas que tinham aula com uma docente mulher, relacionaram majoritariamente
o texto de uma produção científica a uma figura feminina, enquanto a última turma (9ºD),
foi a única que associou o texto majoritariamente a uma figura masculina. Cada turma tem
em média 28 alunos matriculados e a quantidade de meninos e meninas presentes era de
50% em cada sala.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Considerando que os alunos e alunas não conheciam a maior parte das imagens
utilizadas, associar uma profissão ou produção científica a um rosto pode revelar
representações que relacionam uma profissão a um gênero, corroborando com Scott
(1991, p.15), ao indicar que “símbolos culturalmente disponíveis evocam representações
múltiplas”. A docência feminina numa área científica pode ser importante na formação da
subjetividade, pois como já apontava Sadker (1995), embora estejam sentados na mesma
sala de aula, meninos e meninas recebem educação diferente vindo de um mesmo
educador. Na tabela 1, as profissões parecem ter sido selecionadas de acordo com
papeis sociais que definem quais profissões são femininas e quais são masculinas, como
por exemplo, estilista para menina e astronauta para menino. Os dados relacionados a
profissão de chef pareciam estar “contaminados” pois os estudantes reconheceram a
figura e o selecionaram corretamente. A tabela 2, indicou que as turmas que têm aulas de
robótica com mulher atribuíram, em sua maioria, o texto científico a uma figura feminina,
diferente do observado com a turma que tem aula com homem. Isto sugere a importância
da docência e representação feminina nas áreas consideradas masculinizadas, pois
podem servir de símbolos que possibilitam desconstruir visões androcêntricas sobre a
ciência, incentivando o interesse das alunas por essas áreas de conhecimento.

REFERÊNCIAS
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. C. A. Ensino de ciências: fundamentos e
métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
REIS, A. P. P. Z. ; GOMES, C. A. Violência Simbólica nas Relações de Gênero: Práticas Pedagógicas
Reprodutoras de Desigualdades. In: IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro Sul
Brasileiro de PsicoPedagogia, PUCPR, 2009.
SADKER, M. Failing at fairness: how our schools cheat girls. New York: Touchstone, 1995.
SCOTT, J. W. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, Educação; Realidade, Vol. 20, no 2,
pp.15-17. 1991.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

MULHERES CIENTISTAS SILENCIADAS E O RESGATE HISTÓRICO DE


CONTRIBUIÇÕES DA FÍSICA TEÓRICA BRASILEIRA SONJA ASHAUER (1923-1948)1

BESSA, Vitória2
NORONHA, André

RESUMO
É reconhecida na área de ensino de ciências a importância didática de abordagens
históricas filosóficas. Muitos estudos apontam para as contribuições positivas de tal
abordagem, entre elas, elucidar o caráter construtivo e histórico da ciência. Dentro desta
temática, tem-se destacado os estudos sobre gênero e ciência, por exemplo, resgatando
os nomes muitas vezes esquecidos de cientistas mulheres e suas contribuições. Além
disso, também sublinha-se a importância de destacar contribuições nacionais para a
ciência. Na intersecção destes pontos, destaca-se a física brasileira Sonja Ashauer (1923-
1948). Investigamos neste trabalho possíveis episódios de efeito Matilda para com a
Ashauer em contribuições sobre o problema do elétron auto acelerado.

Palavras-chave: Efeito Matilda; Sonja Ashauer; mulheres na ciência.

INTRODUÇÃO
A importância da difusão da história da ciência, particularmente no âmbito
educacional e ao público leigo, foi amplamente discutida ao longo dos últimos anos,
consolida-se hoje como um consenso. Tal importância, entre outros pontos, também
reflete a preocupação na considerável presença de concepções inadequadas sobre a
ciência e cientistas nos ambientes escolares e na sociedade como um todo. Lederman
(2007, p.834), aponta que pela história da ciência pode-se compreender que a ciência
como um empreendimento humano, “praticada em um contexto cultural maior e que seus
praticantes são produtos desta cultura”, e ainda, “que a ciência afeta e é afetada por
vários elementos e esferas intelectuais da cultura na qual está inserida.”
As mulheres, devido a culturas patriarcais, são excluídas há séculos por políticas
sexistas que sempre as impediram de participar das ciências (GONÇALVES 2016). O
movimento feminista foi o maior responsável pela reivindicação dos direitos das mulheres
lutando pelo acesso à educação que até então era negado. Mesmo tendo acesso à
educação havia muitos obstáculos que impediam a participação das mulheres nas áreas
que eram consideradas exclusivamente ‘masculinas’, como por exemplo a pesquisa
científica, onde as mesmas só poderiam participar como assistentes de seus pais ou
maridos. Dentro desse cenário de exclusão muitas mulheres contribuíram para o avanço
da ciência como Rosalind Franklin que mapeou a estrutura do DNA, entretanto quem
levou os créditos de seu trabalho foram seus colegas (ver SAITOVICH et al 2015). Devido
a essas políticas sexistas ocorreu uma exclusão e apagamento de inúmeras mulheres
que assim como Rosalind tiveram seus trabalhos roubados, pois não eram consideradas
capazes de realizar contribuições significativas.
Sonja Ashauer (1923-1948) foi a primeira física brasileira a obter doutorado fora do
Brasil, e um das primeiras mulheres a obtê-lo em Cambridge, sob supervisão de Paul
Dirac. Seus trabalhos em física teórica tocaram pontos pioneiros, envolvendo problemas

1 Trabalho derivado do do projeto PIBIFSP de título “Mulheres cientistas silenciadas e o resgate histórico de contribuições à física
teórica da brasileira Sonja Ashauer: subsídios para enfraquecer estereótipos sexistas na ciência”
2 NORONHA, André; professor doutor, IFSP-SP, São Paulo, noronha @ifsp.edu.br; BESSA, Vitória; licenciatura em Física, IFSP-SP,
São Paulo, vitoria.bessa@aluno.ifsp.edu.br.
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até hoje debatidos como a do elétron auto acelerado. Ashauer faleceu muito jovem e em
circunstâncias pouco esclarecidas. Exploraremos neste trabalho que o desconhecimento
de suas contribuições à física teórica reflete uma transferência de seu mérito para
homens, fenômeno conhecido como efeito Matilda (ROSSITER 1993).

OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é, com base no fato de que algumas contribuições de
Ashauer foram relevantes para o desenvolvimento de tópicos específicos da física teórica
no início do século passado, evidenciar alguns possíveis episódios de efeito Matilda para
com a física brasileira. Iniciamos mostrando parte de um mapeamento de citações diretas
de seu trabalho de 1947 intitulado On the self-accelerating electron, chegando aos dias
atuais. Com este mapa, nos propusemos então a verificar a possibilidade de que
contribuições genuínas da física brasileira tenham sido associadas a autores masculinos.

METODOLOGIA
Como metodologia, realizou-se o mapeamento de citações dos papers de Ashauer.
No que refere a este, chamamos de ‘primeira camada’ o conjunto de citações diretas do
artigo de 1947 de Ashauer. A ‘segunda camada’ é o conjunto de citações dos trabalhos
que citaram Ashauer na primeira camada. A definição de camadas superiores segue este
mesmo raciocínio. Foram utilizadas as plataformas Google Scholar e o banco de dados
da Mathematical Proceedings of the Cambridge Philosophical Society:

1ª camada 2ª camada 3ª camada


On the Self-Accelerating Electron (1947) 2 21 >100
Tabela 1. Mapeamento de citações de artigo de Ashauer considerado neste trabalho.

Na análise deste paper de Ashauer é possível identificar contribuições pioneiras,


entre elas, a demonstração de características notáveis das chamadas “soluções não-
físicas” decorrentes do modelo de Dirac para força de reação e do problema do elétron
auto acelerado. Com efeito, podemos listar sinteticamente algumas contribuições em On
the Self-Accelerating Electron: 1) Ashauer utiliza-se exclusivamente do formalismo
quadridimensional relativístico, algo que nem todos os seus citadores (ou
contemporâneos) faziam; 2) Mostrar que uma escolha específica para as condições
iniciais do problema do elétron auto acelerado pode levar a uma imagem ‘mais física’, pois
o elétron tende à velocidade da luz (e não mais a uma velocidade infinita); 3) plotagem de
um gráfico do módulo do potencial vetor para as condições descritas em 2). Problemas
análogos (e também ainda não resolvidos) foram descobertos em outros campos, como
na teoria da relatividade geral. O próximo passo, com as principais contribuições de
Ashauer destacadas, foi identificar possíveis ocorrências do efeito Matilda. Tomamos aqui
a mesma definição estabelecida por Rossiter, de que efeito Matilda é a “subvalorização
sistemática de contribuições de mulheres para a ciência e literatura” (ROSSITER, 1993,
p.334).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a análise das camadas de citações e dos trabalhos em si, encontramos pelo
menos duas possíveis e sutis evidências de efeito Matilda para o caso de Ashauer:
1. Ainda na primeira camada, Steinwedel3 apresenta soluções exatas para o
problema do elétron auto acelerado utilizando formalismo tridimensional. Contudo, ao
discutir sobre as soluções ‘não-físicas’ do problema, isto é, soluções em que a velocidade
do elétron tende ao infinito (assim como a emissão de energia via radiação), Steinwedel

3Steinwedel, Helmut 1953. Strahlungsdämpfung und Selbstbeschleunigung in der klassischen Theorie des punktförmigen Elektrons.
Fortschritte der Physik, 1(1), p.7-27.
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comenta a possibilidade de “soluções fisicamente significativas” ao escolhermos
condições iniciais específicas. Neste momento, porém, ele não cita Ashauer
explicitamente, que contribuiu pioneiramente nesta questão específica4.
2. Na segunda camada, Wildermuth e Balmann5 referenciam apenas Steinwedel
(1953), sobre a ‘inevitabilidade’ da auto aceleração do elétron livre, já na introdução do
artigo. No artigo de Ashauer (1947), porém, mostra-se que mesmo para uma escolha ‘não
usual’ de condições iniciais e também para uma aproximação assintótica das equações
de movimento (algo que Steinwedel não explicita), o elétron livre também se auto acelera.
Isto é, a contribuição de Ashauer é original - ‘complementar’ àquelas de Dirac, Steinwedel
e outros -, porém não é mencionada pelos autores.

CONCLUSÃO
Esta pesquisa se propôs elaborar um conjunto de elementos para a representação
do efeito Matilda e como ele pode ter se caracterizado no caso de Sonja Ashauer. O efeito
acontece, na maioria das vezes de forma sutil, como uma referência que não é feita ou
uma contribuição científica que é atribuída a um homem. Esses casos passam
despercebidos pela academia e contribuem no apagamento de mulheres cientistas.
Existem diversos fatores que incentivam esse fenômeno, como a cultura patriarcal, notada
já há séculos (por exemplo, com Trotula de Salermo). Mulheres são apontadas como
‘menos produtivas’ que os homens e tendem a ser sub representadas, ocupando um lugar
de ‘assistentes’ (o que pode ser observado com casos históricos, como de Mary Horner
Lyell, Emillie du Châtelet, entre várias outras). Atualmente ainda existem políticas
sexistas que limitam a participação das mulheres dentro da ciência e torna-se
fundamental uma ampla discussão no meio educacional sobre os papéis de gênero,
história da ciência e principalmente sobre a representação de cientista sempre associada
a um homem.

REFERÊNCIAS

ASHAUER, S. On the self-accelerating electron. Mathematical Proceedings of the


Cambridge Philosophical Society, 43(4), pp.506-510, 1947.
GONÇALVES, C. Nem rosa, nem azul. A Física e a participação Feminina Nesta
Ciência Masculina, Instituto de Ciências Exatas e Naturais - ICEN, 2016.
LEDERMAN, N. G. Nature of science: past, present and future. In: ABELL, S.K. &
LEDERMAN, N.G. (eds.) Handbook of Research on Science Education. Mahwah, NJ:
Lawrence Erlbaum Associates, 831-880, 2007.
ROSSITER, M. The Matthew/Matilda Effect in Science. London: Social Studies of
Science, 23, 1993, pp.325–341.
SAITOVICH, E.; FUNCHAL, R.; BARBOSA, M.; PINHO, S. & SANTANA, A. (orgs).
Mulheres na Física, Casos históricos, panorama e perspectivas. São Paulo: Livraria da
Física, 2015.

4Mais especificamente, as contribuições de Ashauer seriam a escolha da condição inicial do tempo próprio como s = -∞ e também da
escolha de uma série semi convergente para a expressão analítica das equações de movimento do elétron no modelo de Dirac.
5WILDERMUTH K. & BAUMANN, K. Some remarks on the self-accelerating and similar effects in quantum field theory. Nuclear
Physics, 3, pp.612-623.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

FAZER CIDADE: A PRODUÇÃO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA


REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO1

SALA, Giulia Luppi2


LUCCHESE, Maria Cecília3;

RESUMO

A pesquisa de Iniciação Científica realizou levantamento de habitação de interesse


social construída na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), desde os mais antigos
feitos pelos órgãos de seguridade social, do início da década de 1930 (IAPE, IAPESE, IAPI,
etc.) passando pelas construções das habitações sociais da COHAB (órgão criado em 1965
e ainda existente). A partir dos dados levantados foram selecionados alguns conjuntos
habitacionais onde se avaliou sua qualidade urbana, analisando aspectos como
localização, infraestrutura, equipamentos sociais e de lazer, áreas verdes, barreiras
urbanas, entre outros. A partir da análise dos conjuntos, estes foram comparados e
qualificados de acordo com sua inserção urbana, considerada essa como fator dos
aspectos analisados.

Palavras-chave: RMSP, habitação, qualidade urbana, conjunto habitacional

INTRODUÇÃO

A pesquisa trata do levantamento e da análise da produção de conjuntos de


habitação de interesse social, partindo de uma visão ampla sobre as habitações existentes
na Região Metropolitana de São Paulo, chegando a um recorte sobre as habitações
existentes no vetor Tamanduateí, ou seja, habitações que se encontram próximas no correr
desse rio que cruza a cidade de São Paulo, vindo de outras cidades da RMSP.
A qualidade de um conjunto habitacional não deve ser definida apenas pela
qualidade de sua tipologia, é necessário também realizar uma análise a respeito de sua
inserção urbana. Com isso em vista, a pesquisa permitiu discutir e demonstrar como são
as inserções urbanas dos conjuntos escolhidos para análise, para assim poder comparar a
promoção dos diversos órgãos, e os períodos em que foram edificados.

OBJETIVOS

Os objetivos do projeto de pesquisa eram: realizar um levantamento de dados a


respeito da produção habitacional de alguns organismos de produção habitacional, produzir
fichas técnicas para os conjuntos habitacionais selecionados, elaborando mapas e análises

1
Projeto de Pesquisa PIBIC Instituto Federal de São Paulo – campus São Paulo
2
Discente; IFSP-SPO; São Paulo; São Paulo; luppigiulia1@gmail.com; SALA, Giulia Luppi;
3
Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo; IFSP-SPO; São Paulo; São Paulo;
cecilia.lucchese@ifsp.edu.br; LUCCHESE, Maria Cecília.
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específicas sobre cada um, realizar uma análise conjunta comparando os conjuntos
pesquisados, e desenvolver um mapa síntese com os conjuntos locados na RMSP.

METODOLOGIA

Iniciou-se pela leitura de literatura que pesquisou produção habitacional em São


Paulo, a saber BONDUKI (2013), que forneceu elementos para localizar conjuntos dos
IAP’s. Outro livro pesquisado, TRANI e GUSSONE (2016) permitiu levantar conjuntos do
CDHU. Conjuntos da COHAB-SP foram pesquisados na base de dados da PMSP,
GeoSampa e HAbitaSampa. Previa-se analisar conjuntos do programa Minha Casa Minha
Vida, mas os dados não foram informados pela Caixa Econômica Federal.
Com os conjuntos levantados, foi feita a escolha de quais seriam analisados, a partir
do vetor que aglutinasse mais conjuntos do centro para a periferia da RMSP. Para este foi
elaborada uma ficha de análise, inspirada na metodologia utilizada por FREITAS (2004).
Finalmente os conjuntos foram analisados e comparados a partir dos seguintes critérios:
facilidade de acesso, existência de barreiras urbanas que o isolam, existência de
equipamentos no seu interior, existência de área de lazer, existência de áreas de risco no
seu interior, localização do conjunto na malha urbana.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para realizar a análise conjunta dos empreendimentos estudados foi elaborada


primeiramente uma análise específica de cada conjunto, partindo do mais central até o mais
periférico da RMSP, e após realizou-se uma comparação geral entre eles.

Os conjuntos habitacionais analisados foram:


• IAPI (1940), que possui 522 unidades de moradias verticais, e que se localiza na
Avenida do Estado, no bairro do Cambuci, região central da cidade de São Paulo,
possui uma série de equipamentos dentro do seu perímetro.
• Cintra Gordinho, (COHAB, cujas primeiras unidades habitacionais são de 1987,
mas só foi regularizado em 2009), que se se localiza na margem do Tamanduateí,
no bairro Vila Prudente, na divisa entre a cidade de São Paulo e de São Caetano,
com 720 unidades, e que possui diversas barreiras em seu entorno, como o rio e
o shopping, e que também é demarcado como um ponto de alagamento
recorrente.
• Habitacional Heliópolis Gleba L (COHAB, 1988) localizado em Heliópolis, com
1270 unidades, foi um projeto experimental da COHAB, que locado na margem
do rio Ribeirão dos Meninos e rodeado de lotes de uso industrial e de solo
contaminado. O empreendimento conta com equipamentos institucionais dentro
de seu perímetro;
• SABESP 1 ou Redondinhos (COHAB, 2010) localizado em Heliópolis, com 304
unidades, projeto de Ruy Ohtake, também está na margem do Ribeirão dos
Meninos possui uma série de equipamentos dentro do conjunto, mas devido sua
localização e topografia, apenas possui um acesso ao condomínio;
• Vila Guiomar (IAPI, 1942) localizado em Santo André, com 1411 unidades difere
dos outros conjuntos analisados por se constituir em um bairro, com 4 tipos de
tipologias diferentes que desenham o traçado urbano de Santo André;
• CDHU São Bernardo do Campo A (CDHU,1988) localizado em São Bernardo do
Campo, com 50 unidades, o conjunto foi um marco para a CDHU por ser o primeiro
realizado com base em mutirão, porém o conjunto possui uma carência de

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equipamentos institucionais e é cercado por grandes lotes industriais, sendo uma
parte deles de solo contaminado;
• CDHU Santo André A, (CDHU, primeira fase em 1997, segunda em 2000 e terceira
em 2008) localizado em Santo André, com 2708 unidades, fica ao lado do Parque
Natural do Município de Pedroso, possui uma topografa bastante acidentada
possui diferentes tipologias e uma quantidade razoável de equipamentos.
A partir do estabelecimento dos critérios de qualificação, os conjuntos habitacionais
analisados ficaram qualificados do seguinte modo:
• Conjunto Habitacional Várzea do Carmo (IAPI, 1940) – Razoável
• Conjunto Habitacional Cintra Gordinho (COHAB, 1987/2009) – Razoável
• Conjunto Habitacional Heliópolis Gleba L (COHAB, 1988) – Ruim
• Conjunto Habitacional SABESP 1 (COHAB, 2010) – Ruim
• Vila Guiomar (IAPI, 1941) – Excelente
• Conjunto Habitacional São Bernardo do Campo A (CDHU, 1988) – Ruim
• Conjunto Santo André A (CDHU, 1997-2008) – Ruim

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Após a análise dos conjuntos selecionados, avaliando sua inserção urbana e os


equipamentos disponíveis, estes foram qualificados como: excelente, bom, razoável, ruim
e péssimo. Todos os conjuntos analisados possuem aspectos que diminuem sua qualidade
urbana, mas que diferem entre os critérios de avaliação elencados.
Não foi possível concluir nessa amostra se a pior ou melhor inserção urbana se
relaciona com a produção específica de um dos órgãos promotores ou de sua data de
construção, mas sim que esta depende bastante de sua localização física.
Portanto foi possível concluir que a qualidade urbana de um conjunto se relaciona
aos seus aspectos físicos e estruturais, como barreiras físicas, escassez de acesso e um
entorno que não se relaciona com o conjunto, e que nem sempre o projeto de arquitetos
renomados implica em uma melhor qualidade geral do conjunto.
O acesso às habitações foi um dos pontos mais analisados ao longo da pesquisa,
pois de modo surpreendente percebeu-se que nem sempre é algo que é levado em conta
quando se constrói uma habitação, por mais simples que seja o raciocínio. Além dos
acessos, outra característica marcante dos conjuntos analisados foi a quantidade de
barreiras físicas existentes no entorno dos conjuntos, sendo estas o próprio rio
Tamanduateí, ou em outros, as próprias vias que os circundam, o que nos levou a concluir
que esse aspecto precisa ser bem mais considerado no projeto de conjuntos habitacionais.

REFERÊNCIAS

BONDUKI, Nabil – Os pioneiros da habitação no Brasil 2 – Cem anos de política pública


no Brasil. São Paulo: UNESP/SESC, 2013. 512 p.
FREITAS, Eleusina Lavôr Holanda de - Como qualificar conjuntos habitacionais
populares. Brasília: Caixa Econômica Federal, 2004. 200p. 23cm
TRANI, Eduardo; GUSSONI, M. D. L. B; ORGANIZADORES.; CDHU 50 Anos:
Promovendo a Habitação Social no Estado de São Paulo. 1. ed. São Paulo: KPMO Cultura
e Arte, 2016. p. 1-452.
Sites:
COHAB SÃO PAULO - REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA. Balanço da Regularização a
partir de 2009. Disponível em:
http://www.servicos.cohab.sp.gov.br/regularizacao/balanco.aspx. Acesso em: 12 ago.
2019.
Página 3 de 4
GEOSAMPA MAPA. Mapa Digital da Cidade de São Paulo. Disponível em:
http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx. Acesso em: 23 abr.
2019.
HABITASAMPA. habitaSAMPA Mapa. Disponível em: https://mapa.habitasampa.inf.br/.
Acesso em: 5 ago. 2019.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A REPRODUÇÃO DO ESPAÇO NA METRÓPOLE PAULISTANA: O PROJETO DE


INTERVENÇÃO URBANA-SETOR CENTRAL PARA O DISTRITO DO PARI.1

ALVES, Bruna Ribeiro;2


SILVA, Marco Antonio Teixeira da3

RESUMO

A pesquisa consiste em, por meio de um estudo de caso, compreender os


processos de reprodução do espaço na metrópole paulistana na contemporaneidade
através das transformações e mobilizações espaciais promovidas por políticas de
desenvolvimento urbano. Assim, parte-se da análise do Projeto de Intervenção Urbana -
Setor Central (PIU-SCE) sobretudo as suas propostas para distrito do Pari, a fim de
investigar as transformações objetivadas pelo projeto sob a ótica do conceito de produção
e reprodução do espaço, além de abordar, no campo do planejamento urbano, os agentes
interessados e impactados na implementação e investimento da intervenção. Com isso,
por meio da análise geográfica, aspira-se apreender as lógicas de intervenção estatal
como discurso e como processo da reprodução do espaço.

Palavras-chave: planejamento urbano, reprodução do espaço, Projeto de Intervenção


Urbana - Setor Central, Pari.

INTRODUÇÃO

Um dos dispositivos do planejamento urbano utilizado pelo município de São Paulo


são as Operações Urbanas, cujas diretrizes se estabelecem pelo Plano Diretor
Estratégico (PDE) da cidade, com o intuito de intervir e mobilizar grandes parcelas do
espaço urbano, através regras urbanísticas específicas e fomento para investimento do
setor privado, o que viabiliza uma flexibilização da Lei de Zoneamento (Lei 16.402/16),
ocasionando transformações dos usos existentes e, assim, modificando a paisagem
urbana.
As diretrizes do PDE de 2014 (Lei 16.050/14) definem os Projetos de Intervenção
Urbana (PIU) como instrumentos para subsidiar e apresentar propostas referentes aos
perímetros de grandes transformações de ordenamento e reestruturação urbana, como
operações urbanas, áreas de intervenção urbana, áreas de estruturação local e
concessão urbanística. No âmbito da revisão da Operação Urbana Centro (Lei 12.349/97)
se insere o PIU Setor Central (PIU-SCE) (SÃO PAULO, 2019), que propõe intervenções
nos distritos da Sé, República, Santa Cecília, Brás, Bom Retiro, Pari, e parte dos distritos
do Belém e Mooca. Alguns dos argumentos da Prefeitura Municipal de São Paulo a
respeito da formulação do PIU-SCE, que está em processo de ser encaminhado à

1 Projeto de pesquisa na modalidade de iniciação científica, desenvolvido pelo Programa Institucional de


Iniciação Científica do Instituto Federal de São Paulo (PIBIFSP), em 2020;
2 Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia; IFSP; São Paulo; SP; ribeiro.bruna@aluno.ifsp.edu.br
3 Orientador Prof. Dr. Marco Antonio Teixeira da Silva; IFSP; São Paulo; SP; marcola@ifsp.edu.br.
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Câmara Municipal, são a necessidade de definição de um perímetro expandido para a
intervenção na área central do município, de uma formulação de um projeto estruturante
nesse perímetro e de incentivo ao atendimento habitacional, sua principal justificativa.
Dentre os distritos contemplados pelo PIU-SCE, nos interessa analisar nesta
pesquisa as propostas para o distrito do Pari, visto que concentra o maior número de
Projetos Estratégicos previstos pelo PIU-SCE e é classificado como Área de
Transformação em sua maior porção, a qual se projeta desenvolver altas densidades
construtivas e demográficas e alto grau de renovação imobiliária (SÃO PAULO, 2019), ou
seja, sujeito a transformações significativas no seu uso e ocupação.
O conceito de “produção do espaço” elaborado por Lefebvre (2013) compreende o
espaço como produto social, ao passo que determinado modo de produção se realiza
através da produção de suas relações sociais e de seu espaço. Com desenvolvimento do
modo de produção capitalista à escala mundial, a produção espacial ganha a dimensão
da sua reprodução, já que recria constantemente as condições de sua realização pela
reprodução do espaço a fim de realizar a reprodução do capital, o que coloca no centro do
processo a reprodução do urbano.
O processo de reprodução espacial da metrópole paulistana (CARLOS, 2016; FIX,
2001) tem se estruturado na articulação entre o setor público e o setor privado, sobretudo
com o mercado imobiliário, no modelo de Parceria Público-Privado (PPP), modelo
adotado como estratégia pelo PIU-SCE para alcançar os objetivos do projeto. O processo
se desenvolve a partir de uma dinâmica de construção, destruição e reconstrução de
parcelas do espaço, associadas diretamente ao fluxo de investimento do capital em um
movimento geográfico. Para tal, a conformação de uma legislação urbanística favorável é
essencial para a realização dessa mobilização espacial (ROLNIK, 2013), constituindo-se
como um campo de disputa de classe na política urbana.
As Operações Urbanas são utilizadas como instrumento desse processo, e como já
demonstrado no caso Operação Urbana Faria Lima (CARLOS, 2016; FIX, 2001),
provocam desapropriações e exclusão de parcelas da população residente, tanto do
processo de planejamento urbano, quanto do atendimento pelas ditas “requalificações”
urbanas. Nesse sentido, a lógica imobiliária utiliza discursos sustentados por
terminologias como “revitalização”, “revalorização”, “requalificação” e afins, como
justificativa e mecanismo de mobilização do espaço, objetivando interesses de
acumulação do capital, podendo provocar o processo de “gentrificação” (RIGOL, 2005).
Portanto, é nessa temática de investigação que se estabelece a pesquisa, a fim de
compreender como o PIU-SCE se insere no âmbito da reprodução do espaço na
metrópole paulistana, o que configura a área do distrito do Pari como relevante para ser
mobilizada nesse contexto, quais transformações espaciais e impactos se engendram
nesse processo, bem como quais agentes e interesses estão envolvidos no âmbito do
planejamento urbano.

OBJETIVOS

O objetivo geral da pesquisa pauta-se em, a partir da análise do PIU-SCE,


sobretudo suas propostas de intervenção para o distrito do Pari, compreender o processo
de reprodução do espaço na metrópole paulistana na contemporaneidade, considerando
o planejamento e legislação urbana como mobilizadores do processo.
Os objetos específicos da pesquisa compõem-se na: verificação dos atores
envolvidos no cenário de transformação da área da pesquisa e seus respectivos
interesses; compreensão das relações entre frações do capital, sobretudo imobiliário, e a
reprodução do espaço urbano na metrópole paulistana; entender qual é o caráter das
transformações espaciais fomentadas pelo projeto; examinar quais são os tipos de
investimentos propostos pela intervenção e se esses beneficiam ou não as populações
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residentes; se esses investimentos cumprem sua principal justificativa, o atendimento
habitacional; averiguar quais desdobramentos e tensões espaciais estão engendrados.

METODOLOGIA

A metodologia consiste no levantamento bibliográfico sobre os temas tangenciados


ao urbano, sobre a formação espacial da área que compreende o distrito do Pari para
apoiar a análise da sua morfologia urbana atual. Somado a isso, também se inclui o
levantamento e a análise da legislação urbana específica do PIU-SCE e de demais leis
que o subsidiam. No que se refere ao levantamento de dados, fontes como IBGE,
Fundação SEADE, Prefeitura do Município de São Paulo, Secovi-SP, entre outros, são
instrumentos para a análise da configuração socioeconômica e espacial da área de
estudo e para a produção de mapas e gráficos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os trabalhos de Lefebvre (2013; 2019) são a base do fundamento teórico que


orienta a pesquisa no que tange o conceito de produção do espaço e o fenômeno urbano.
Rolnik (2013) nos ampara sobre o processo de constituição da legislação urbanística da
cidade de São Paulo, ao passo que Carlos (2017) e Fix (2001) contribuem na assimilação
das estratégias do planejamento urbano na mobilização do espaço pelo Estado, setor
privado e mercado imobiliário, no sentido da reprodução do espaço, e Rigol (2005) nos
subsidia na compreensão acerca do conceito e do processo de gentrificação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Espera-se que os resultados obtidos possam contribuir para uma melhor


compreensão sobre o processo de reprodução do espaço na metrópole paulistana, e
como o PIU-SCE se articula a esse processo. Além de acrescentar ao debate da política
urbana ao investigar sobre os agentes e os interesses em torno da disputa urbana.
Espera-se também que a pesquisa traga contribuições para o pensamento sobre o
urbano, pois trata-se de um fenômeno complexo e que precisa ser entendido a partir de
análises mais específicas, mas que permitam a articulação de diferentes níveis de
análise. Esse potencial no nível específico é a principal contribuição que a pesquisa pode
conferir à complexa teia de relações que a metropolização contemporânea pressupõe.

REFERÊNCIAS

CARLOS, Ana Fani Alessandri. Espaço-Tempo da Vida Cotidiana na Metrópole. São


Paulo: Labur Edições, 2017.
FIX, Mariana. Parceiros da exclusão: duas histórias de construção de uma “nova cidade”
em São Paulo: Faria Lima e Água Espraiada. São Paulo: Boitempo, 2001.
LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2019.
______. La producción del espacio. Madrid: Capitán Swing, 2013.
SÃO PAULO (Cidade). PIU Setor Central: Minuta de Projeto de Lei, 2019. Disponível em:
<https://participe.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/minuta-piu-setor-central>. Acesso em:
jun/2020.
RIGOL, Serge. Gentrificação: conceito e método. In: CARLOS, A. F. A & CARRERAS, C.
Urbanização e Mundialização. São Paulo: Contexto, 2005.
ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de
São Paulo. São Paulo: Studio Nobel/FAPESP, 2013.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

HUMBOLDT NOS JARDINS DE BURLE MARX: A PAISAGEM


POÉTICA1

RIBEIRO, Breno2
GERALDINO, Carlos3

RESUMO
Este estudo, em andamento, consiste em afirmar por meio de pesquisa bibliográfica
se há, notadamente, uma correlação entre o conceito de paisagem que envolve o
pensamento de Humboldt na Geografia Moderna e a concepção de paisagismo
desenvolvido por Burle Marx. Nesse sentido, o objetivo principal é averiguar e compreender
quais são essas conexões científicas e artísticas e, principalmente, quais os pontos
conceituais em comum entre ambos que nos leva a indagar a existência dessa correlação.
Burle Marx nos livros Roberto Burle Marx: Arte & Paisagem (conferências escolhidas)
(1987) e Modernidade Verde: Jardins de Burle Marx (2009) apresenta seus principais
referenciais de formação. Nossa hipótese adveio da abundância de citações sobre von
Martius (autor da obra Flora Brasilienses) e outros viajantes naturalistas humboldtianos
nessas fontes empíricas. Além disso, o fazer artístico através das experiências sensíveis
com a natureza, nos remetendo a uma paisagem brasileira poética que mistura razão e
sensibilidade se apresenta com frequência nos discursos do Burle Marx. Sendo assim, o
que se vem notando nas nossas pesquisas das fontes empíricas, é que há sim no Burle
Marx o estudo científico biogeográfico em moldes naturalistas com uma descrição
romântica sobre a paisagem ganhando ela uma característica poética. Desta forma,
estudando os fios conectivos desta possível correlação de ambos no conceito de paisagem,
nos permitirá compreender a influência da Geografia sobre outros saberes, sejam eles
arquitetônicos, paisagísticos ou puramente artísticos que fazem parte da história brasileira
e que se fizeram presentes na personalidade de Burle Marx.
Palavras-chave: Humboldt; Burle Marx; Paisagem; Biogeografia.
INTRODUÇÃO
Alexander von Humboldt (1769–1859) foi um dos pilares na formulação da
Geografia Moderna influenciando diversos cientistas e artistas. O desenvolvimento de seus
estudos e métodos serão basilares para viajantes-naturalistas e artistas do século XIX e
sua influência permanece até hoje. Humboldt nos apresenta uma ciência que não é
puramente sistemática, e sim uma integração entre os estudos científicos com a arte; a
confluência entre racionalidade, empiria e estética sobre a compreensão da natureza
(RICOTTA, 2003). Sendo assim, o conceito de paisagem para Humboldt surge através do
diálogo entre a ciência geográfica e a arte (SILVEIRA e VITTE, 2011). Essa forma de

1
Este resumo é parte da discussão realizada no Trabalho de Conclusão de Curso no curso de Licenciatura
em Geografia no Instituto Federal de São Paulo (IFSP).
2
Discente do curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de São Paulo (IFSP); São Paulo,
SP; brenorib03@gmail.com; RIBEIRO, Breno Aurélio.
3
Doutor em Geografia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); São Paulo, SP;
carlosgeraldino@gmail.com; GERALDINO, Carlos.
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enxergar a paisagem e expor de forma estética e científica é um discurso marcante entre
as diversas expedições científicas multidisciplinares dos viajantes naturalistas que
penetram o território brasileiro no século XIX, grande parte de seus métodos são baseados
na ciência humboldtiana (KURY, 2001). Esses mesmos naturalistas que são verdadeiros
“cientistas-artistas” aparecem com veemência nas falas, conferências e bibliografias nas
fontes empíricas aqui usadas sobre o Burle Marx. Por isso, nossa hipótese é de que houve
em Burle Marx uma possível influência da percepção paisagística desenvolvida por
Humboldt devido as constantes referências de forma elogiosa aos viajantes-naturalistas,
principalmente o humboldtiano von Martius (TABACOW, 1987)4. Essa influência se faz
notável no próprio método de estudo da paisagem do Burle Marx: expedições científicas
nos biomas brasileiros para compreensão fisionômica da paisagem, sensibilidade estética
que a flora tropical provoca e a descrição da natureza (DOURADO, 2009). Deste modo,
nosso objetivo principal é investigar e compreender quais são essas conexões científicas e
artísticas e, principalmente, quais os pontos em comum entre Humboldt e Burle Marx que
nos leva a questionar os motivos desta correlação do conceito de paisagem. Portanto, caso
nossa hipótese corrobore que exista uma correlação entre ambos, podemos concluir a
influência da ciência geográfica desenvolvida por Humboldt sobre outros saberes científicos
e artísticos.
OBJETIVOS
O objetivo principal é investigar quais são os referenciais científicos e artísticos de
Burle Marx, interpretando como eles o influenciaram para assim corroborar se há,
notadamente, uma correlação entre a paisagem de Humboldt e a de Burle Marx.
Compreendo, assim, como ocorre a influência e a relevância da ciência geográfica sobre
outros saberes que envolvem arte, paisagismo e arquitetura.
METODOLOGIA
A metodologia consiste em pesquisa bibliográfica e partiu do levantamento
bibliográfico, localização das fontes, leitura, fichamentos e análise da literatura levantada.
Para a análise da ciência humboldtiana, seus métodos e conceitos foram utilizados obras
sólidas, sendo elas: A Invenção da Natureza: A Vida e as descobertas de Alexander von
Humboldt (WULF, 2019); Natureza, Ciência e Estética em Alexander von Humboldt
(RICOTTA, 2003) e o artigo científico Natureza em Alexander von Humboldt: entre a
ontologia e o empirismo (SILVEIRA e VITTE, 2011). Para captar a concepção de paisagem
do Burle Marx e seu fazer artístico, estamos usando como fonte empírica a obra organizada
por Tabacow (1987) Roberto Burle Marx: Arte & Paisagem (conferências escolhidas) que
reúne as próprias falas de Burle Marx e Modernidade Verde: Jardins de Burle Marx
(DOURADO, 2009) que é uma pesquisa consistente sobre a trajetória artística de Burle
Marx. Portanto, o objetivo é estabelecer um diálogo entre as obras e os artigos aqui
reunidos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nas obras que tratam sobre Burle Marx, é sempre colocado com grande relevância
o papel dos viajantes-naturalistas na sua formação científica e artística. Dourado (2009) ao
definir os conteúdos de seu trabalho de pesquisa, destaca como temática de capítulo a
“Descoberta da natureza” por Burle Marx. Essa descoberta, segundo ele, pela flora

4
Em uma conferência sobre “Conceitos de Composição em Paisagismo”, Burle Marx reforça a importância
dos viajantes naturalistas: “A Corte Imperial, a Missão artística francesa e os naturalistas do século passado
(Martius, Spix, Humboldt, Saint-Hilaire, Gardner e outros) foram fatores de completa modificação em relação
à construção da paisagem (MARX, 1954/1987, p.16).
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brasileira e tropical vem através de uma nova sensibilidade perante a natureza dos trópicos,
que vinha ocorrendo desde o século XIX. O século XIX no Brasil é marcado pelas
expedições de cunho científico e artístico para o conhecimento da paisagem e suas
características fisionômicas, um objeto de estudo frequente na Geografia desde o século
XIX. Nota-se, por exemplo, a constante repetição nas conferências do Burle Marx de
grandes nomes que estavam envolvidos nas expedições em território brasileiro que
carregavam os métodos de análise da paisagem de Humboldt, em um depoimento no
Senado Federal (MARX, 1976/1987, p.65) ele afirma: “As obras de Spix, Martius, Schott,
Gardner, Lund, o príncipe de Wied Neuwied, Saint-Hilaire, Langsdorff, Sellow [...], sejam
livros, anotações, desenhos, gravuras, constituem hoje verdadeiro monumento dedicado à
paisagem brasileira”. Dentre esses, alguns acabam recebendo um destaque maior: o
humboldtiano Martius.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pretende-se com este projeto concluir se é possível correlacionar a ideia de
paisagem de Humboldt com a de Burle Marx, pois Humboldt desenvolveu esse método de
análise paisagístico no século XIX na considerada Geografia Moderna que acaba por
influenciar diversos cientistas e artistas no mundo inteiro. Esses viajantes-naturalistas
humboldtianos também chegam ao Brasil através de expedições com interesses
governamentais trazendo um olhar de razão e sensibilidade sobre a paisagem dos trópicos,
basicamente um caráter estético sobre a fisionomia da paisagem, considerados quase que
um “cientista-artista”. Esse olhar vai influenciar culturalmente e intelectualmente o Brasil,
sendo base de estudos posteriores por outras áreas, sendo uma delas o ramo do
paisagismo que envolve a personalidade de Burle Marx.

REFERÊNCIAS
DOURADO, G. O. M. Modernidade Verde: Jardins de Burle Marx. São Paulo: Edusp:
Senac, 2009.
KURY, Lorelai. Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem.
Hist. cienc. saude, Rio de Janeiro, v. 8, supl. p. 863-880, 2001.
RICOTTA, L. Natureza, Ciência e Estética em Alexander von Humboldt. Rio de Janeiro:
Mauad, 2003.
TABACOW, J. (org.). Roberto Burle Marx: Arte & Paisagem (conferências escolhidas).
São Paulo: Nobel, 1987.
VITTE, A. C.; DA SILVEIRA, R. W. D. NATUREZA EM ALEXANDER VON HUMBOLDT:
entre a ontologia e o empirismo. In: Mercator, Fortaleza, v. 9, n. 20, p. 179-195, jan. 2011.
WULF, A. A Invenção da Natureza: A vida e as descobertas de Alexander von
Humboldt. 2. ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

TECNOLOGIA AFRICANA NAS CONSTRUÇÕES DOS QUILOMBOS BRASILEIROS1

SOUSA, Juliana Santana de 2


RODRIGUES, Pedro Henrique de Carvalho 3

RESUMO

Temáticas sobre a história da cultura afro-brasileira e africana, seja pelo seu


estudo direto ou resgatando as contribuições da população negra em diversas áreas da
sociedade são essenciais na educação brasileira. Entretanto, observa-se que a
historiografia da construção civil brasileira está baseada na sua origem branca e europeia,
deixando de lado muitas contribuições importantes. A pesquisa possui um enfoque na
tecnologia construtiva afro-brasileira de quilombos e tem como objetivo contribuir para a
discussão acerca das suas influências no Brasil. Com o estudo de bibliografia sobre
comunidades quilombolas e a análise das relações entre Brasil e África na construção
civil, é possível ampliar a reflexão sobre a herança dos princípios culturais africanos e
expressões da ancestralidade ainda presentes.

Palavras-chave: arquitetura brasileira; arquitetura afro-brasileira; quilombo; construção


civil.

INTRODUÇÃO

A educação exerce importante papel na transformação da sociedade e nesse


sentido é necessário que atue na formação de sujeitos protagonistas da mudança e
participantes do mundo em que vivem. Nesse processo, é imprescindível o papel das
discussões sobre as relações étnico-raciais, que ganha apoio com a promulgação da Lei
nº10.639 em 2003, que alterou a Lei nº 9.394 de 1996 e estabeleceu a obrigatoriedade do
ensino de história e cultura afro-brasileiras e africanas.
Ao abordar a origem cultural arquitetônica brasileira, por exemplo, pouco se
percebe da influência africana. Isso ocorre devido ao desinteresse e à escassez de
pesquisas sobre o assunto. A princípio, a diversidade cultural que os negros trouxeram
consigo, já que esses eram advindos de diversas regiões da África, é pouco mencionada
nos cursos na área de construção civil, mas é fato que cada tribo que veio para o Brasil
trouxe sua cultura e seus costumes e é muito importante entendê-los para entender a
origem do país. Relacionar os africanos e afrodescendentes na produção do
conhecimento técnico e tecnológico do Brasil ainda é uma tarefa árdua, uma vez que os
estudos da história das técnicas e das tecnologias, da arquitetura e da engenharia são
reduzidos (JUNIOR, 2010).
A exploração europeia no continente africano criou também deliberadamente a
desvalorização do desenvolvimento científico e tecnológico já existente na África. O

1 Este trabalho tem origem no projeto de iniciação científica “A cidade e os outros: o negro” do Câmpus São
Paulo do IFSP/PIBIFSP 2020.
2 Estudante de Arquitetura e Urbanismo; IFSP; São Paulo; SP; juliana.santana.sousa@gmail.com.
3 Mestre em Arquitetura e Urbanismo; IFSP; São Paulo; SP; pedrorodrigues@ifsp.edu.br.

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processo de dominação imposto pela conquista e o colonialismo europeu conduziram à
elaboração da perspectiva eurocêntrica do conhecimento, o que significou uma maneira
de legitimar as ideias e práticas de relações de superioridade/inferioridade entre
dominantes e dominados nas quais os povos conquistados e suas descobertas mentais e
culturais assumiam uma situação natural de inferioridade (QUIJANO, 2005). Com a
escravidão e a inserção africana, esse conhecimento, que gerou uma contribuição
também econômica, foi apagado de sua origem, quando não apropriado, com a finalidade
de negar a humanidade a esses (NASCIMENTO, 2018).

OBJETIVOS

O trabalho tem como objetivo aprofundar o estudo das relações entre a tecnologia
construtiva africana e a dos quilombos brasileiros, discutindo como a participação negra
na construção civil tem sido apresentada na história da arquitetura e investigando
arquiteturas quilombolas de diferentes períodos e regiões do país. Espera-se poder
contribuir com a construção de referencial teórico dentro da temática para a educação das
relações étnico-raciais especialmente nos cursos na área de construção civil.

METODOLOGIA

A elaboração da pesquisa apresenta-se com base em fontes escritas e produções


bibliográficas acerca das contribuições africanas para a construção civil brasileira e afro-
brasileira, com foco nas construções dos quilombos. Entende-se que o conteúdo
produzido sobre esse tema especificamente encontra-se disperso e muitas vezes não
sistematizado ainda. Assim, a abordagem da tecnologia construtiva nos quilombos como
foco para a pesquisa encontra uma maneira de construir e um modo de habitar negro que
apresenta as influências africanas ainda presentes. A opção por encaminhar o projeto de
pesquisa de uma forma que centraliza o referencial bibliográfico na arquitetura de
quilombo, por meio da exposição de relações, foi dirigida também pela pretensão de
trazer uma das formas de construção que desde o princípio foi constituída pelos africanos
e seus descendentes, e que não teve a contribuição negra questionada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A caracterização de cada quilombo estudado nas pesquisas analisadas é


explorada de diferentes formas, seja no contato direto com a história da região e
comunicação com os habitantes ou na leitura de fontes antigas, destacando-se nesse
conjunto os relatos de viajantes do período colonial. Dentre os quilombos estudados nas
análises, se encontram nos registros da região de Minas Gerais o Quilombo Ambrosio,
Quilombo Samambaia, Quilombo São Gonçalo, Quilombo dos Braços da Perdição e
Quilombo do Rio da Perdição; em Porto Alegre, a área Remanescente de Quilombo
Família Silva; em Goiás o Quilombo Kalunga; na Bahia o Quilombo Salamina Putumuju; e
no Espírito Santo o Quilombo de São Cristóvão. Apesar das referências apresentarem
uma conformidade acerca das origens étnicas africanas que chegaram ao Brasil durante o
tráfico escravista, sua diversidade é ampla e distinta nas variações culturais, assim como
se torna múltipla em suas ocupações e adaptações no solo brasileiro. Logo, as
construções de quilombos, pela perspectiva de seus fazeres tradicionais, arquiteturas ou
construções africanas pode ser abordada através de diversos aspectos como, por
exemplo, a tecnologia, as tipologias habitacionais.
Faria (2006) aponta que o pau-a-pique, técnica predominante em toda a costa da
África Ocidental, pode ter sido a que melhor se adaptou às novas condições que haviam
sido impostas no Brasil, como fatores ambientais como a disponibilidade de materiais, o
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tipo de clima, solo e vegetação. O estudo da arquitetura de grupos africanos, sobretudo
sudaneses e bantos, foi encontrado com frequência. Através das regiões presentes no
grupo sudanês, Pereira (2011) descreve características construtivas e tipológicas de
diferentes formas de habitar, os atributos que explanam sobre estudo de circulação e
ventilação em favor do conforto ambiental da casa, formatos de plantas de acordo com os
materiais e recursos naturais disponíveis e delimitações dos agrupamentos, retratados
dentro de uma perspectiva cultural específica de cada região, mas comum em seus
vínculos com a ancestralidade. Já Velame (2013), ao analisar o Quilombo Salamina
Putumuju, localizado em Maragojipe, na Bahia identifica que a arquitetura é o elo dos
núcleos que constituem o quilombo e a ancestralidade é cultivada de forma coletiva por
meio das formas de construir, das expressões volumétricas e estéticas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Por meio do estudo das comunidades quilombolas apresentados nos trabalhos e


referências que oferecem análises dessas relações entre Brasil e África, há possibilidade
de conhecer sobre a permanência das técnicas construtivas de origem africana e as
habitações. Sabe-se que a maneira de produzir edificações expressa bem o contato entre
distintos povos e as relações entre culturas ficam impressas nas formas arquitetônicas,
nos estilos e nas técnicas construtivas dos povos envolvidos. Também é possível ver a
produção das edificações como parte integral de uma identidade que reflete a natureza da
interação e assimilação cultural (FARIA, 2006). Além disso, a presença negra na
construção civil é afirmada em diversas outras expressões. Assim, este projeto pretende
valorizar a história e cultura dos afro-brasileiros e dos africanos na linha da educação e
contribuir, por meio da reconstituição dos múltiplos caminhos de sua presença, para a
construção de relações étnico-raciais positivas na área da construção civil.

REFERÊNCIAS

FARIA, Juliana Prestes Ribeiro de. Influência Africana na Arquitetura de Terra de


Minas Gerais. Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo - UFMG. Belo
Horizonte, 2011.
JUNIOR, Henrique Cunha. Tecnologia Africana na Formação Brasileira. 1. ed. Rio de
Janeiro: CEAP, 2010.
NASCIMENTO, Abdias do. O quilombismo. Petrópolis: Vozes.1980
PEREIRA, Vanina M. T. B. A herança da arquitetura africana nas comunidades
quilombolas. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História, São Paulo –SP, 2011.
Disponível em <
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1308185752_ARQUIVO_herancadaarq
uiteturaafricana.pdf>. Acesso em 17 Set. 2020.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder: eurocentrismo e América Latina. In:
LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos
Aires: CLACSO, 2005. Disponível em <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/
20100624103322/12_Quijano.pdf>. Acesso em 17 set. 2020
VELAME, Fábio M. Arquiteturas de terra do Quilombo Salamina Putumuju: O Valor
da Terra em Esquecimento. In: Anais do IX ENECULT - Encontro de Estudos
Multidisciplinares em Cultura, 4, 2013, Salvador, Bahia. Disponível em <
http://www.ixenecult.ufba.br/modulos/consulta&relatorio/rel_download.asp?
nome=47747.pdf>. Acesso em 17 Set. 2020.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

OS REFUGIADOS SÍRIOS NA CIDADE DE SÃO PAULO: QUADRO DA SITUAÇÃO


ATUAL EM SEUS ASPECTOS URBANOS E HABITACIONAIS 1

CAMPOS, Marina C.2


LUCCHESE, Maria Cecilia3
RIAL, Mariana F. P.4

RESUMO

A presente pesquisa tem como tema a fixação da população refugiada na metrópole


paulistana e objetivou compreender a distribuição geral de parte deste grupo no território.
Foi adotado como recorte do objeto de estudo um grupo social específico proveniente dessa
imigração forçada, os refugiados sírios, definido após análise de cenário dos refugiados
residentes na metrópole. A partir do levantamento e compilação de dados foi construído um
panorama atual na cidade de São Paulo, permitindo a compreensão das dinâmicas
socioterritoriais do processo migratório. A pesquisa tem sua relevância no oferecimento de
um estudo sobre a população refugiada síria no território paulistano, o que pode contribuir
tanto nessa compreensão quanto na formulação de políticas públicas direcionadas.
Palavras-chave: refúgio, sírios, São Paulo, planejamento territorial.

INTRODUÇÃO

A pesquisa teve como proposta a análise da população refugiada síria na cidade de


São Paulo, criando um quadro geral da distribuição dessa população no território ao longo
dos anos, levantando suas motivações, tanto de vinda para a cidade quanto de escolha de
região de moradia na mesma. O tema provém da atual crise dos refugiados, considerada
pela ONU a pior crise humanitária do século e com maior fluxo de refugiados desde a
Segunda Guerra Mundial. Países em desenvolvimento são os que mais acolhem refugiados
no mundo; o Brasil desempenha um importante papel nesta questão, visto que é o sexto
país que mais recebe solicitações de asilo. Segundo o Comitê Nacional para os Refugiados
(CONARE) São Paulo é o Estado que mais recebe solicitações de refúgio no país, e, como
tendência, a capital paulista é a que mais abriga pessoas nessa condição.
OBJETIVOS
O objetivo do trabalho foi a coleta, sistematização e espacialização de dados
referentes ao grupo estudado e sua fixação no território paulistano, com foco nos processos

1 Projeto de Pesquisa PIBIC Instituto Federal de São Paulo – campus São Paulo
2 Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo, IFSP-SPO; São Paulo-SP; marinaclembo@gmail.com;
CAMPOS, Marina C.
3 Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo, IFSP-SPO; São Paulo-SP; cecilia.lucchese@ifsp.edu.br;
LUCCHESE, Maria Cecilia.
4 Docente no ano de 2019 do curso de Arquitetura e Urbanismo, IFSP-SPO; São Paulo-SP;
maririal@hotmail.com; RIAL, Mariana F.P.
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contemporâneos. O resgate histórico desde a fixação das primeiras ondas migratórias até
a atual condição do refugiado sírio objetivou um panorama também comparativo.
A pesquisa visou produzir mapas e tabelas sintéticos do grupo definido, bem como
da mudança na sua fixação ao longo dos anos. Por fim, o trabalho buscou considerar, a
partir dos resultados, hipóteses a respeito dos motivos e condicionantes dessa distribuição.
A sistematização dos dados e a compreensão das razões para a distribuição espacial
podem, a nosso ver, contribuir para a formulação de políticas públicas direcionadas a esse
recorte populacional específico que são os refugiados.

METODOLOGIA
A pesquisa se iniciou pela atualização bibliográfica relativa à imigração forçada.
Seguiu-se o levantamento de dados gerais para o recorte do objeto e posterior
entendimento do grupo social em foco, como dados socioeconômicos em nível nacional e
específicos para a metrópole paulistana. Para a construção do panorama da população
refugiada síria em São Paulo foram analisadas as informações provenientes de três fontes
principais: o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR), o Núcleo de Estudos de
População Elza Berquó (NEPO) e, por fim, o Comitê Nacional para os Refugiados
(Conare)5. Os dados foram sistematizados por análises estatísticas em relação ao conjunto
da população e espacializados na metrópole. Estabeleceu-se um quadro da situação atual
e das questões urbanas ligadas a esse grupo social e, como produto, foram produzidas
tabelas e mapas síntese da população e de sua distribuição no território metropolitano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resgate histórico do processo migratório na cidade de São Paulo evidenciou


mudanças nos padrões de origem, condições sociais e mesmo de distribuição espacial
entre os grupos imigrantes ao longo do tempo. Para o presente trabalho os processos
migratórios mais relevantes são os contemporâneos, datados a partir de 1990, os quais
seguem um padrão distinto dos observados no século XIX e nas primeiras décadas do
século XX. Enquanto os imigrantes das primeiras ondas migratórias eram provenientes de
países centrais (europeus e asiáticos), os contemporâneos são em sua maioria
provenientes de países periféricos, latino-americanos e africanos. As razões para a
imigração estão centradas em questões socioeconômicas e ligadas às condições de vida
no país de origem. As razões específicas do refúgio, entretanto, diferem destas da
imigração em geral.
O refúgio é um tipo particular de movimento migratório. Como resultado do resgate
histórico do tema e das políticas atuais, identificou-se que o Brasil está envolvido com a
proteção dos refugiados desde a década de 50, além de fazer parte, desde 1958, do
Conselho Executivo do ACNUR. Em 1977 a ACNUR estabeleceu um escritório no Brasil,
no Rio de Janeiro. O último passo nacional para a proteção dos refugiados foi a aprovação
da Lei nº 9.474, que adotou oficialmente a definição da ACNUR de refugiado:

Pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores
de perseguição relacionados a questão de raça, religião, nacionalidade,
pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como
também devido à greve e generalizada violação de direitos humanos e
conflitos armados. (ACNUR)

5 ACNUR é o órgão que tem como missão dar assistência e proteção aos refugiados, além de ser responsável por
diversas informações e publicações a respeito dessa população; NEPO, a unidade de pesquisa interdisciplinar na área
de Demografia e Estudos de População da UNICAMP; CONARE é o órgão do Ministério da Justiça que delibera as
solicitações de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil.
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Após o recorte nos refugiados sírios foi aprofundada sua distribuição no território; o
levantamento da imigração árabe para o país e para São Paulo mostrou que sua fixação
inicial foi no centro da cidade. A partir dessa análise fez-se um comparativo com a
população síria refugiada vivendo atualmente em São Paulo, levando à conclusão da
pesquisa. A chegada da população refugiada síria contemporânea em São Paulo está
diretamente ligada ao embate que teve origem na Primavera Árabe. Em 2014 pela primeira
vez os sírios passaram a representar a maior parte dos refugiados reconhecidos pelo
governo brasileiro. Sua distribuição no território metropolitano se mostrou pouco uniforme,
mas ainda assim foi possível identificar núcleos específicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Os dados analisados demonstram que a população síria se dispersou no território


paulistano ao longo dos anos. São diversos os fatores que influenciam nesta dispersão:
relações de trabalho, polos comerciais, densidade populacional, valorização imobiliária e
assim por diante. Um dos aspectos mais relevantes é a valorização imobiliária da área
central, a qual eleva o custo de vida e faz com que os imigrantes forçados que chegam à
cidade com pouco capital optem pelas regiões periféricas, como a Zona Leste, um dos
locais com maior concentração dessa população. Pode-se estabelecer um paralelo com a
fixação dos imigrantes árabes nos séculos XIX e XX, também baseada no critério
econômico, porém, que à época os direcionava a áreas atualmente centrais, diferente do
que ocorre hoje com os refugiados.
Por fim, uma hipótese que pode ser sustentada a partir da pesquisa, levando em
conta as fontes primárias, bibliografia estudada e análise de dados é que a população síria
no Brasil e em São Paulo tende a aumentar nos próximos anos, devido: à concepção de
família por parte dos refugiados que aqui já estão fixados e que não pretendem voltar ao
país de origem, como mostram as entrevistas e as fontes estudadas; à continuidade dos
conflitos na Síria, que geram mais refugiados e, por fim, à política de refúgio do país.

REFERÊNCIAS

ACNUR. Resolução Normativa CONARE Nº 14 de 2011. Disponível em:


<https://www.refworld.org/docid/54e717134.html> . Acesso em: 14 setembro. 2019.
_______. Refúgio no Brasil: Uma análise estatística. Disponível em;
<https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/Estatisticas/Refugio_no_Brasil_2010_20
14.pdf?file=t3/fileadmin/Documentos/portugues/Estatisticas/Refugio_no_Brasil_2010_2014>.
Acesso em: 25 de agosto de 2019.
________. Statistical Online Database. 2018. Disponível em:
<http://popstats.unhcr.org/en/overview> . Acesso em: 12 agosto. 2019.
BAENINGER, R.; FERNANDES, D. Atlas Temático: Observatório das Migrações em São
Paulo – Migrações Refugiadas. Campinas, SP: NEPO/UNICAMP, 2017.
KHOURI, Juliana Mouawad. Pelos caminhos de São Paulo: a trajetória dos sírios e libaneses na
cidade. Dissertação (Mestrado em Estudos Árabes) – FFLCH, USP, São Paulo, 2013. Acesso em:
20 de outubro de 2019.
LIMA, João Brígido Bezerra; MUÑOS, Fernanda Patrícia; NAZARENO, Luísa de Azevedo;
AMARAL, Nemo. Refúgio no Brasil: caracterização dos perfis sociodemográficos dos
refugiados (1998-2014). Brasília : Ipea, 2017.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, Refúgio em números, 4ª edição, 2018. 46 slides. Disponível em:
https://www.justica.gov.br/seus-direitos/refugio/anexos/RefgioemNmeros_2018.pdf. Acesso em: 25
de agosto de 2019.
QUINGALIA, M. C. Com lenço e documento: Condições de vida da população refugiada síria
em São Paulo. Campinas, 20018. Disponível em
<http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332529/1/Quinaglia_MariliaCalegari_D.pdf>
Acesso em: 12 de setembro de 2019.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

MANGUETOWN, A CIDADE: A DINÂMICA URBANA DE RECIFE POR MEIO DA CENA


MANGUEBEAT1

BOMFIM, Paulo Roberto de Albuquerque2


MOSAGE, Larissa Zuque3

RESUMO

Esta pesquisa de caráter bibliográfico (ainda em desenvolvimento) tem por objetivo


apresentar uma interpretação geográfica da dinâmica urbana de Recife por meio da cena
Manguebeat - importante movimento cultural com grande repercussão no cenário musical
brasileiro - surgido no Recife na década de 1990. A partir da dimensão cultural, propõe-se
apreender um olhar crítico sobre a produção do espaço evidenciando as contradições
implicadas no tecido urbano implícitas nas produções do Manguebeat, compreendido
como vanguarda em contraposição à indústria cultural imposta. A hipótese da qual o
trabalho parte é que a cena Manguebeat articulou uma constante interação com a
produção do espaço geográfico do Recife propondo uma metáfora que ressignifica
problemáticas e representações enraizadas na cidade. Pretende-se contribuir para a
Geografia, trazendo uma interpretação do Manguebeat e da dinâmica urbana recifense à
luz da teoria crítica (BENJAMIN, 2015; CANDIDO, 2006; HARVEY, 2014; MORAES;
2002; SMITH, 1988).

Palavras-chave: Manguebeat. Geografia Crítica. Recife. Produção do espaço.

INTRODUÇÃO

Misturando ritmos musicais globais (rock, hip hop, funk e música eletrônica) com
ritmos locais (coco, maracatu, ciranda) as bandas e grupos musicais não são identificados
diretamente por uma sonoridade padronizada e sim por uma estética que dialoga
diretamente com espaços e problematizações criadas sobre o Recife. Ao fazer um breve
levantamento bibliográfico sobre o Manguebeat, é possível identificar o quanto ele vem
sendo estudado em diversas áreas das ciências humanas. No entanto, em que pese uma
1 Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica (PIBIFSP)
2 Professor doutor do Departamento de Humanidades do Instituto Federal de São Paulo, campus São
Paulo. E-mail: albuquerquebomfim@ifsp.edu.br
3 Graduanda em Licenciatura em Geografia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo – campus São Paulo. E-mail: larissa.mosage@aluno.ifsp.edu.br
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vasta produção de pesquisas nas ciências sociais em geral, na Geografia poucos
trabalhos foram destinados ao tema, sobretudo, os que o foram, estão no campo da
Geografia Cultural. Pretendemos contribuir com a discussão trazendo uma abordagem
referenciada na Geografia Crítica.

OBJETIVOS

Tem-se como objetivo principal realizar uma análise sobre as articulações dos
sujeitos, entendendo suas ações e relações com a dinâmica do espaço urbano. Parte-se
dos seguintes questionamentos: quais particularidades e problemáticas são existentes
nesse espaço urbano e foram percebidas pela cena mangue? Elas foram superadas ou
ainda fazem parte da realidade recifense? Dado o objetivo principal, estabeleceram-se
como os objetivos específicos traçados: (1) compreender qual é o cenário
socioeconômico e sociocultural da dinâmica urbana recifense que permite uma
apropriação e ressignificação por meio de uma articulação coletiva em forma de cena; (2)
investigar a articulação das ideais desenvolvidas sobre Recife entre a cena manguebeat e
a geografia institucional, exemplificada, no caso, pela obra de Josué de Castro (1908 –
1973).

METODOLOGIA

Pretende-se analisar a cena pela concepção de vanguarda, pelo caráter


emancipatório proporcionado pela arte. Para tal, parte-se de uma leitura crítica
(BENJAMIN, 2015; CANDIDO, 2006; MORAES, 1991) dos principais materiais produzidos
pelo Manguebeat e da utilização do romance Homens e Caranguejos (CASTRO, 2010)
como fio condutor para analisar as principais problemáticas histórica sociais enraizadas
no Recife, materializadas na produção do espaço e da natureza (SMITH, 1988).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O trabalho se desenvolverá em três partes: Manguetown, a cidade –


desenvolvimento desigual, Recife e suas representações históricas – Da Veneza
Americana à Manguetown e Mangue, a cena – o direito à cidade. Aqui, a ideia central é
utilizar como principal aporte teórico o geografo Neil Smith (1988) para a compreensão da
estrutura de produção do espaço e produção da natureza, como elas efetivamente
impactam no urbano e em quem está à margem do capital. Como aporte teórico para
analisar a produção cultural e como ela dialoga com a dinâmica urbana, vale-se
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concepções de leituras dialéticas de produções culturais da teoria crítica (BENJAMIN,
2015; CANDIDO, 2006; MORAES, 1991)

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A dinâmica histórica da cidade do Recife é apreendida nas letras e no próprio


manifesto Caranguejo com Cérebro da cena Manguebeat. Os integrantes que
encabeçavam a cena estavam atentos quanto as diferenças entre as representações da
metrópole, que escondiam as contradições sociais, em oposição à frágil realidade
socioespacial da cidade. A ideia era utilizar a metáfora da fertilidade do mangue e seu
cenário opressivo para desentupir as veias da cultura recifense. Este anseio não surge
aleatoriamente: pretende-se viabilizá-lo com um olhar sobre o processo que se manifesta
em diferentes escalas existente nas contradições sistemáticas inerentes à própria
produção do espaço no processo do desenvolvimento desigual, principalmente, como
afeta a realidade de quem vive na periferia da periferia da periferia do capital - bairros
periféricos de Recife, Pernambuco/ Nordeste, Brasil/América do Sul.

REFERÊNCIAS

ALVES, Cristiano Nunes. Recife, dinâmica urbana e cena manguebeat. RA'E GA: o
Espaço Geográfico em Análise, v. 35, p. 95-125, 2015.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto
Alegre: L&PM, 2015
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul,
2006.
CASTRO, Josué de. Homens e caranguejos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2010.
HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo:
Martins Fontes, 2014.
MORAES, Antônio Carlos Robert. Ideologias Geográficas, 2ª. ed. São Paulo: Hucitec,
1991.
SMITH, Neil. Desenvolvimento Desigual. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
TELES, José. Do frevo ao Manguebeat. São Paulo: Editora 34, 2000.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A CENTRALIDADE DA AVENIDA PAULISTA E SUAS POSSIBILIDADES DE ANÁLISE:


UM ESTUDO DE CASO DOS NÍVEIS E ESCALAS DE INFLUÊNCIA NO ENTORNO.1

AIUSO, Pedro Miguel Augusto2


SILVA, Marco Antonio Teixeira³

RESUMO

Esta pesquisa investiga as relações entre um dos lugares de destaque na cidade


de São Paulo, a Avenida Paulista, e seu entorno. Ao mencionarmos a famosa Avenida,
raramente se sabe o que se passa em seu entorno imediato. Neste sentido, cabe
pesquisar as diferentes morfologias que cercam a Paulista e em que nível suas condições
socioespaciais são determinadas pela centralidade que esta pressupõe. Objetiva-se
analisar as relações entre o capital em geral, e mais particularmente as frações financeira
e imobiliária, e a formação do espaço na região contígua à Avenida. O estudo da
formação histórica da região como metodologia, em diferentes momentos lança luz às
escalas e transformações entre a Avenida e o entorno. No tocante aos resultados,
pretende-se uma elaboração cartográfica que permita a análise geográfica que conduza
aos pressupostos conclusivos que a pesquisa possa elaborar. Ainda que sob limites
espaciais de escala, a centralidade como categoria de análise constitui a premissa
epistemológica, uma vez que se trata de um quadro regional, mesmo que restrito, cuja
polarização resultante situa-se na formação definida por processos históricos.

Palavras-chave: Avenida Paulista; Morfologia Urbana; Centralidade; Capital Financeiro;


Capital Imobiliário.

INTRODUÇÃO

“Não há urbano sem centro” nos diz Henri Lefebvre (LEFEBVRE, 2008a). Ao
mesmo tempo, o urbano pode pressupor muitos centros que, muitas vezes, não se
apresentam como centros geográficos do espaço urbano. Assim, essa pesquisa busca
investigar como a Avenida Paulista participa ativamente como centralidade dentro da
cidade, tendo como análise específica os resultados dessa influência na função exercida
pelos espaços subjacentes a ela, tanto durante o século XX quanto nos tempos atuais.
Nesse sentido, a centralidade é vista, portanto, para além da concentração de
infraestruturas, atingindo também a ideia de circulação financeira, onde a mais valia
passa a articular diversas escalas. (CARLOS; VOLOCHKO; ALVAREZ, 2015)

¹ Trabalho de Iniciação Cientifica do PIBIFSP 2020


² Licenciando em Geografia; IFSP-São Paulo - SP; pedroaiuso@hotmail.com; AIUSO, Pedro Miguel
Augusto;
³ Doutor em Geografia; IFSP-São Paulo - SP; marcola@ifsp.edu.br, SILVA, Marco Antonio Teixeira.
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OBJETIVOS

A pesquisa tem como objetivo geral analisar de que maneira a centralidade


pressuposta da Avenida Paulista influencia no seu entorno imediato, tanto no que diz
respeito à morfologia urbana quanto no papel das populações que ali habitam. Assim,
como objetivos específicos temos: analisar momentos durante o século XX em que a
presença e as demandas da população residente daquele local influenciou nas
imediações próximas como o Bexiga, Rua da Consolação e Rua Augusta, sendo que
todas esses trechos estão localizados nos bairros que circundam a avenida (Cerqueira
Cesar, Bela Vista e Consolação); analisar as formas de inserção das populações da
região na dinâmica de centralidade que a Avenida pressupõe; elaborar mapas da área de
estudo que demonstrem, por meio de dados oficiais e levantamentos desta pesquisa, as
escalas e níveis de influência da centralidade; apresentar como o conflito entre interesse
privado e estatal ditam à formação do espaço no recorte apresentado.

METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos da pesquisa, selecionamos referências bibliográficas


sobre o processo de metropolização e suas contradições vistas em Lefebvre (2008b),
Carlos; Volochko; Alvarez (2015) e Seabra (1988). Também procurou-se entender o
fenômeno de maneira particular na Avenida Paulista e seu entorno, como visto em Frúgoli
Jr. (2000), Limena (1997), Scarlato (1989), Teixeira (1984) e Tírico (1958). Houve a
necessidade de levantamento de dados que nos fornecesse apoio às formulações
teóricas e que revelassem os processos de formação dos bairros. Assim, fontes como o
IBGE, sobretudo Distritos Censitários e a Prefeitura do Município de São Paulo, foram
utilizadas. Como forma de sustentação das proposições dessa pesquisa também
utilizamos o Acervo online do Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados nos apresentam indícios de que a Avenida Paulista,


desde sua fundação, funciona como uma das centralidades influenciadoras nas
formações do espaço ao seu redor. Isso acontece porque muitas transformações foram
motivadas para atender a demanda de uma elite que a habitava, seja a cafeeira do início
do século XX, que influenciou no asfaltamento da região e mudança do local do Corso, ou
financeira já nos anos 70 que influenciou na arquitetura e instalações de bancos no local.
Contudo, é necessário ressaltar a influência de outros fatores na modelagem do recorte
estudado, como os interesses e projetos estatais.
Nesse sentido, nota-se que existem dentro do espaço urbano duas ordens que o
modelam. A ordem próxima que está atrelada às relações dos indivíduos em grupos mais
ou menos amplos, enquanto a ordem distante está atrelada às poderosas instituições
como o estado. (LEFEBVRE, 2008b).
A influência da centralidade em virtude das elites é exercida quando falamos das
instalações dos bondes elétricos e asfaltamento da região no início do século XX. As
mudanças ainda são notáveis nos arredores da avenida, como a mudança de função da
Rua da Consolação que passou a ter um caráter cultural onde outrora era um espaço
comercial. Enquanto isso, o Bexiga foi abrigo de imigrantes italianos que se instalavam
com suas quitandas para abastecer a necessidade da elite da região.
Em 1970, também se nota essa influência direta sob esses recortes. A construção
dos hotéis na região da Rua Augusta se destinava a atender uma demanda vinda
diretamente do processo de instalação da atividade financeira na Avenida Paulista. Era
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necessário instalar os executivos que chegavam ao novo “hot spot” dos negócios. Com
isso, outras instalações acabaram saindo do local, como o Colégio Des Oiseaux que
anunciou seu fechamento e saída da Rua Augusta em 1971.
Nota-se já nesse período e principalmente no século XXI o que Lefebvre traz como
uma das características do que é denominado por ele de “Centros”. O processo de
ressignificação em que os centros passam a ser o lugar do consumo e apresentam o
consumo do lugar. Exemplo disso é não só a ressignificação da “Casa das Rosas”
localizada na avenida, como também todo o processo de ambiente turístico, lugar onde se
consome produtos e a experiência do ambiente da elite paulistana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A maior contribuição nessa pesquisa é a tentativa de trazer à tona as


particularidades de um processo complexo que possui em suas escalas menores nuances
da lógica de formação do espaço na área urbana. Com esses resultados, interpretados a
partir da pesquisa, percebe-se a importância de se observar a construção do espaço
como o resultado de uma relação de interesses entre a iniciativa privada e os interesses
estatais, que hora se chocam e hora se juntam defendendo seus interesses. Assim,
entende-se a necessidade de analisar a Avenida Paulista como centralidade e como lugar
de tomada de decisões para cidade de São Paulo desde sua inauguração até os tempos
atuais.

REFERÊNCIAS

CARLOS, A.F.A.; VOLOCHKO, D; ALVAREZ, I.P. A cidade como negócio. São Paulo.
Contexto. 2015. p. 8- 12.

FRÚGOLI JR., H. Centralidade em São Paulo: trajetórias, conflitos e negociações na


metrópole. São Paulo: Cortez/Editora da Universidade de São Paulo, 2000.

LEFEBVRE, H. Espaço e Política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008a.

________________. O Direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2008b.

LIMENA, M. M. C. Avenida Paulista: as imagens da metrópole. São Paulo, Educ/Fapesp,


1997.
SCARLATO, F.C. Bixiga: Uma ideologia geográfica. São Paulo: AGB. Boletim Paulista
de Geografia, n° 67, 1° semestre, 1989.
SEABRA, O. C. L. Pensando o processo de valorização e a Geografia. São Paulo: AGB.
Boletim Paulista de Geografia, n° 66, 1° semestre, 1988.
TEIXEIRA, M. C. C. Avenida Paulista: a produção do espaço através do tempo. Revista
do Departamento de Geografia. São Paulo, FFLCH/USP, N°3, 1984.
TÍRICO, J. D. Rua da Consolação, uma das artérias da capital paulista. Boletim Paulista
de Geografia, São Paulo. v. 29, p.20-56, julho. 1958.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

BAIRRO DOS PIMENTAS – GUARULHOS:


METROPOLIZAÇÃO E CIRCUITOS DA ECONOMIA URBANA1

MONTEIRO, Gabriel de Oliveira2


SILVA, Marco Antonio Teixeira3

RESUMO

Guarulhos, assim como outras cidades que compõem a Região Metropolitana de São
Paulo (RMSP), se insere na lógica de metropolização. A modernização chega ao território.
Essa modernização se desdobra em circuitos da economia que refletem as contradições
no território usado. Investigamos o Bairro dos Pimentas, a partir do recorte territorial da
Estrada Juscelino Kubtischek de Oliveira, com intuito refletir sobre as desigualdades
territoriais ali produzidas.

Palavras-chave: Guarulhos, circuitos inferior e superior, Pimentas.

INTRODUÇÃO

A pesquisa tem como objeto de estudo o município de Guarulhos, o qual compõe


a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com a segunda maior população desta e
com uma lógica de modernização predisposta por sua inserção na metropolização de São
Paulo, fato que lhe atribui certas condições estruturais significativas, como, por exemplo,
a presença do Aeroporto Internacional de Guarulhos, entre outros objetos técnicos de
relevância na região metropolitana. Dito isto, essa lógica de modernização que é,
segundo Milton Santos, seletiva e não igualitária, engendra no território em Guarulhos
novas formas, funções e estruturas, as quais modificam as condições do que este autor
chama de território usado. A partir dessas premissas, cabe expor esse processo em um
recorte territorial específico, o Bairro dos Pimentas, na periferia do município, mais
especificamente a Estrada Juscelino Kubitschek, uma importante via dentro do Distrito
dos Pimentas em Guarulhos, que liga a periferia da cidade à zona leste do Município de
São Paulo, além de dar acesso a duas importantes rodovias, Rodovia Presidente Dutra e
Rodovia Ayrton Senna. O interesse nesse recorte parte das transformações
socioespaciais que ocorrem nas últimas décadas nesta área, o que nos remete a uma
investigação sobre este processo como um todo e suas particularidades. Em termos
teóricos, esta pesquisa adota um posicionamento que pressupõe que esse fenômeno de
modernização do território é acompanhado do crescimento da pobreza 4, o que Milton

1 Projeto de extensão, Programa Institucional de Iniciação Científica – PIBIFSP 2019 – campus São Paulo.
2 Graduando em licenciatura em geografia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia campus
São Paulo (IFSP); São Paulo - SP; e-mail: nilbielmont@gmail.com; Monteiro, Gabriel de Oliveira.
3 Doutor em Ciências: Geografia Humana. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia campus São
Paulo (IFSP); São Paulo - SP; e-mail: marcola@ifsp.edu.br. SILVA, Marco Antonio Teixeira.
4 A pobreza é vista aqui como relativa a uma parcela da sociedade. Não tratamos a pobreza como sinônimo
de miséria. “A pobreza existe em toda parte, mas sua definição é relativa a uma determinada sociedade [...]”
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Santos chama de involução metropolitana (SANTOS, 2012), e se reflete no que este autor
denomina circuitos da economia urbana, os quais são desdobramentos dessa
modernização. O circuito denominado superior opera com alto grau de tecnologia, capital
e organização, compreende as atividades modernas, resultado direto dessa
modernização. Outro circuito é o inferior, resultado também dessa modernização, mas
que opera com trabalho intensivo e capital escasso, embora com alguns elementos de
tecnologia.
Não pretendemos fazer uma mera classificação dos circuitos dentro do território.
Buscamos a reflexão sobre o território usado ou, conforme Milton Santos, o espaço de
realização da vida, que se compõe de sistemas de objetos e ações (M. SANTOS; M. L.
SILVEIRA, 2001). Nosso intuito é compreender, por essa lógica teórica, a dinâmica
contraditória que ocorre no território usado, se por um lado, o território ganha novos
equipamentos modernos e sistemas de engenharias, esse processo ocorre de forma a
(re)produzir desigualdades.

OBJETIVOS

A pesquisa tem como objetivo geral analisar os processos de modernização no


Bairro dos Pimentas, compreender como os resultados de novos sistemas de engenharia
e suas contradições dinamizam o território. No decorrer das últimas décadas a região
estudada passou por um processo de transformação, tanto no que se refere a
infraestrutura, como na própria dinâmica territorial. O Distrito ganha novos equipamentos
urbanos, que dão um novo uso ao seu território. Assim, lançamos um novo olhar sobre o
território usado, com intuído de compreender os processos que constituem e dinamizam o
objeto estudado.
Buscamos responder algumas perguntas, que emergem ao tentarmos chegar ao
nosso objetivo geral: como os circuitos da economia se relacionam e engendram o
território? Como esta nova mudança em infraestrutura dinamiza o território? Se a
Involução Metropolitana ocorre no território? Como o Pimentas em Guarulhos se insere
nessa lógica de metropolização contemporânea?

METODOLOGIA

Para a análise dos objetivos propostos, foram feitas coletas e análises de dados
bibliográficos; cartográficos e indicadores variados a respeito do Bairro dos Pimentas, do
município de Guarulhos e da Região Metropolitana de São Paulo; coleta e análise de
dados e imagens em campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A história de Guarulhos está muito ligada ao processo de formação da metrópole


paulistana, quase como uma extensão da cidade de São Paulo. A forte industrialização
dinamizada por São Paulo se expandiu nas cidades ao seu redor, dentre elas Guarulhos.
O papel das rodovias Dutra e Ayrton Senna também é um fator importante de atração
industrial. Além destes, a administração pública municipal incentiva a indústria na cidade
a partir de meados do Século XX (SANTOS, 2006), o que garantiu à cidade uma

(SANTOS, 1978, p. 18).


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característica industrial. Já o que ocorre neste século XXI, traz consigo aspectos
diferentes do que era Guarulhos no passado, o município vem se desindustrializando.
Desde 2008 a indústria deixou ser o setor que mais emprega no município, perdendo
lugar para o setor de serviços (Novaes, 2012). Mudanças acontecem em diversas áreas,
surgem possibilidades de transformações territoriais no sentido de uma reprodução
urbana, que combinam espaços industriais, comerciais e de serviços.
A transformação no município de Guarulhos segue uma lógica contraditória, ao
mesmo tempo em que o território ganha novos equipamentos, surgem outras formas de
distribuição da classe mais pobre, o circuito inferior. Vemos, também, um avanço no setor
de serviços, sobretudo no circuito inferior, fato que não exclui o aumento no circuito
superior, e uma retração no setor industrial. O recorte estudado, a Estrada Juscelino
Kubtischek, nos últimos anos ganhou diversos equipamentos, como exemplo, o Hospital
Municipal Pimentas e a Universidade de Federal São Paulo (Unifesp).
Concomitantemente, o número de camelôs e pequenos comércios que compõe o circuito
inferior aumentaram. Fato que marca o aumento da pobreza e o espaço com diferentes
capitais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O presente trabalho identificou que o Bairro dos Pimentas passa por um processo
de modernização que se intensifica nos últimos. Uma nova divisão territorial do trabalho
dinamiza o espaço, traz consigo suas contradições e torna possível a coexistência de
diferentes capitais no mesmo território. Agentes do circuito superior e inferior marcam o
fenômeno, a modernização acompanha o aumento da pobreza, a involução possibilita
novos usos ao território, desse modo, o espaço é dividido.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, D. C.; FERREIRA, J. A.; OLIVEIRA, E. S. Revelando a História dos


Pimentas e Região: Nossa Cidade, Nossos Bairros! São Paulo: Noovha América
Editora Distribuidora de Livros Ltda, 2014.
NOVAES, MARIA CRISTINA DE JESUS. A segregação socioespacial em Guarulhos e
a representação em mapas. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana).
Departamento de Geografia/ Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
GUARULHOS, PREFEITURA MUNICIPAL DE. Caderno Econômico de Guarulhos/ 1°
Edição – Março 2017
SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Identidade Urbana e Globalização: A formação
dos múltiplos territórios em Guarulhos SP. São Paulo: ABBABLUME, 2006.

SANTOS, M. O Espaço Dividido: Os Dois Circuitos da Economia Urbana dos Países


Subdesenvolvidos. 2 ed. São Paulo: Edusp, 2008.

SANTOS, M. Pobreza Urbana. 3 ed. São Paulo: Edusp, 2009.

SANTOS, M. Por uma economia política da cidade. São Paulo: Edusp, 2012.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

O MEIO URBANO E A CRIANÇA1

OKAZAKI, Maria Luiza2


RODRIGUES, Pedro Henrique de Carvalho3

RESUMO

Nas últimas décadas, as práticas culturais que ocorrem no contexto urbano têm
sido estudadas a partir dos olhares dos múltiplos atores que o compõem. Sabe-se que o
espaço tem papel fundamental na constituição dos indivíduos. O estudo desenvolvido
propõe o estudo do tema da criança em sua relação com o meio urbano com o intuito de
compreender melhor o espaço das cidades pela visão infantil. A pesquisa teve como
objetivo entender as desigualdades no acesso à cidade e à vida urbana pelas crianças
como elemento de restrição na concretização dos seus direitos sociais. Além disso,
procurou entender o papel potencial da participação infantil na renovação das cidades de
modo a construir espaços acessíveis a todos a partir da ideia de da inserção da criança
na sociedade como um ator social.

Palavras-chave: criança; infância; meio urbano; cidade;

INTRODUÇÃO

O termo cidade não significa somente o espaço físico de uma aglomeração


humana, mas também aquele ocupado pelas atividades sociais ao longo do tempo.
Assim, para sua compreensão, é necessário entender as relações que se constroem nela
e a constroem. Recentemente, pesquisas sobre gênero, raça, etnia, sexualidade e classe,
por exemplo, têm sido ferramentas poderosas para expandir o estudo dos atores na
criação desses espaços para incluir todos os que foram historicamente marginalizados.
Como essas abordagens recentes propõem reflexões sobre as próprias práticas,
elas nos ajudam a tomar consciência das limitações de nossas próprias experiências e
incentivam olhares em diferentes perspectivas, como a da criança. Sabe-se que o espaço
tem papel fundamental na formação das crianças e é nele que a criança produz relações
com o mundo e com as pessoas. Consequentemente, esse espaço ganha a qualificação
de ambiente e age como pano de fundo para as relações que se estabelecem, produzem
memórias que permanecem até mesmo na fase adulta (LIMA, 1989), podendo ser
possibilitador e estimulador do desenvolvimento desde que lhe seja dada tal perspectiva.
Especialmente no espaço público urbano, as crianças são estimuladas
constantemente e de várias maneiras a desenvolver a percepção, a coordenação motora,
a imaginação e a sociabilidade e assim aprendem a conhecer e participar da dinâmica de
viver na cidade (OLIVEIRA, 2004). Assim, é possível entender a importância do ambiente
em que a criança vive, pois ele está intrinsecamente ligado ao seu desenvolvimento.

1
Este trabalho tem origem no projeto de iniciação científica “A cidade e os outros: a criança” do Câmpus
São Paulo do IFSP/PIBIFSP 2020.
2
Estudante de Arquitetura e Urbanismo; IFSP; São Paulo; SP; malu.okazaki@gmail.com.
3
Mestre em Arquitetura e Urbanismo; IFSP; São Paulo; SP; pedrorodrigues@ifsp.edu.br
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No Brasil, a maior parte da população vive em áreas urbanas, o que implica
realidades muito diferentes a jovens dentro de uma mesma cidade. Grandes cidades são
valorizadas por ofertar uma grande rede de serviços públicos, mas, no entanto, a
distribuição desigual das oportunidades faz com que muitas crianças cresçam excluídas
das políticas públicas, em situação de vulnerabilidade. Portanto, ao dar visibilidade às
crianças nas cidades, percebem-se muitas fragilidades da sociedade atual. Crianças e
adolescentes estão entre os membros mais vulneráveis de uma comunidade e sofrem de
maneira desproporcional os efeitos negativos da pobreza e da desigualdade (UNICEF,
2012).
Além disso, é importante entender que o direito das crianças à cidade vai além do
acesso aos equipamentos públicos e abrange também o direito de participar de sua
construção. Dessa forma, independentemente da condição social ou da faixa etária a qual
pertençam, todos os cidadãos têm o direito de serem escutados e respeitados em suas
demandas (VICENTE, 2018). Entretanto, na relação entre infância e cidade, surgem
obstáculos limitadores de uma plena afirmação dos direitos da criança (SARMENTO,
2018). Assim, conhecer as crianças é essencial para a conhecer a sociedade nas suas
contradições e complexidade e é também a condição indispensável para a construção de
políticas para a infância capazes de reforçar e garantir os direitos das crianças e a sua
inserção plena na cidadania ativa (SARMENTO, 2004).

OBJETIVOS

A pesquisa tem como objetivo entender as desigualdades no acesso à cidade e à


vida urbana pelas crianças como elemento de restrição na concretização dos seus direitos
sociais e entender o papel potencial da participação infantil na renovação das cidades de
modo a construir espaços acessíveis a todos.

METODOLOGIA

Foi realizada pesquisa bibliográfica nas áreas da psicologia, sociologia, pedagogia


e da arquitetura e do urbanismo. Foram selecionados trabalhos que tratam do assunto do
desenvolvimento infantil ligado diretamente à cidade nesse campo recente e
transdisciplinar da construção histórica de representações sobre as crianças.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ideia de infância é resultado de uma construção social moderna. Nesse processo


foi elaborado um conjunto de procedimentos configuradores da administração simbólica
da infância, à qual foi atribuído papel inerente ao desempenho ativo pelas crianças de
papéis sociais imputados. Nesse sentido, Lima (1989) aponta que o poder da sociedade
de classes, das instituições representativas e dos adultos em geral, se apodera do espaço
da criança, transforma-o em instrumento de dominação na busca pela produção de
adultos domesticados, obedientes e disciplinados. E que, ao proceder dessa maneira,
afasta as crianças de áreas reservadas para os adultos, como a produção cultural e a
ação cívico-política (SARMENTO, 2004).

É por isso que o lugar da infância é (...) o espaço intersticial entre dois modos – o que é
consignado pelos adultos e o que é reinventado nos mundos de vida das crianças – e entre
dois tempos – o passado e o futuro. É um lugar, um entre-lugar, socialmente construído,
mas existencialmente renovado pela acção colectiva das crianças. (SARMENTO, 2004)

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Assim, as crianças devem ser reconhecidas como sujeitos conscientes de seus
contextos de vida, capazes de identificar os problemas que as envolvem e apontar
soluções para eles (VICENTE, 2018). Para isso, é necessário reconhecer que os desejos
e projetos infantis podem trazer uma leitura múltipla e complexa da cidade (VICENTE,
2018), o que faz das crianças potenciais protagonistas de ações potenciadoras da
democratização social e construtoras ativas dos seu próprio lugar na sociedade
contemporânea (SARMENTO, 2004). Entender como as crianças percebem suas formas
de vida na cidade é um aspecto central para o conhecimento das crianças e das cidades
(SARMENTO, 2018). Não se trata aqui de delegar às crianças a responsabilidade do
destino do mundo, mas, sim, de vislumbrar outras formas de sociabilidade política que as
incluam na agenda pública ou que ao menos lhe reconheça alguma forma de participação
(ARAÚJO, 2018). As experiências incentivam o modo de interpretação do indivíduo e é
possível inferir que se a criança passa a ser escutada, pode tornar-se um ser participativo
da construção uma qualidade de vida melhor as crianças que vivem e crescem nos
ambientes urbanos muitas vezes negligenciados por um sistema público ineficiente que
muitas vezes deixou de escutar suas reivindicações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Muitas transformações ocorreram ao longo do tempo modificando a forma de


pensar da sociedade sobre a criança e a infância e criando um novo contexto no qual elas
passam a ter direitos reconhecidos e passam a serem vistas como produtores de cultura
ativos e criativos, e não só um corpo que precisa ser cuidado. A pesquisa reuniu ideias de
como as crianças podem ter um poder de transformação no ambiente que vivem se a elas
for reconhecido esse direito. Percebeu-se a importância da compreensão e inclusão, o
que permite essa interação na busca pela construção de uma cidade mais justa,
entendida não apenas como um espaço físico apenas visitado por crianças, mas como
local em que as práticas sociais se entrelaçam e que as deve contemplar e potencializar
suas vidas. Nesse quadro, reconhece-se a importância de políticas públicas urbanas para
as crianças, já que a cidade ocupa um lugar central no poder e na governança e porque é
o espaço da inclusão ou exclusão na cidadania.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Vania C. de. Pensar a cidade, as crianças e sua educação. Revista


Educação (UFSM). Santa Maria, v. 43, n. 2, 2018. Disponível em
<doi:https://doi.org/10.5902/1984644429034>. Acesso em 17 set. 2020.
LIMA, Mayumi S. A cidade e a criança. São Paulo: Nobel, 1989.
OLIVEIRA, Cláudia. O ambiente urbano e a formação da criança. São Paulo: Aleph,
2004.
SARMENTO, Manuel J. As culturas da infância na encruzilhada da segunda
modernidade. In SARMENTO, M.; CERISARA, A. B. (orgs.). Crianças e miúdos:
Perspectivas sociopedagógicas da infância e educação. Porto: Asa, 2004.
SARMENTO, Manuel J. (2018). Infância e cidade: restrições e possibilidades. Revista
Educação. Porto Alegre, v. 41, n. 2, 2018. Disponível em <https://doi.org/10.15448/1981-
2582.2018.2.31317>. Acesso em 17 set. 2020.
UNICEF - FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. Crianças em um Mundo
Urbano - Situação mundial da infância 2012. Nova Iorque: UNICEF, 2012. Disponível
em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/PT-BR_SOWC_2012.pdf>. Acesso em: 22 out. 2019.
VICENTE, Paula M. Novos Olhares: uma leitura da cidade por suas crianças.
Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2018.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A IMPORTÂNCIA DOS INVENTÁRIOS PARTICIPATIVOS PARA O FUTURO DO


PATRIMÔNIO CULTURAL1

SANTOS, Karla Aparecida Albuquerque2


SOARES, Paloma Fernanda Monteiro3
SOUZA, Prof.ª Dr.ª Thais C. S. Souza4;

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo explicitar sobre o que é o patrimônio cultural, além
disso publicitar a valorização e a proteção da cultura ligada à gastronomia da região de
Silveiras, no Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. O foco desta pesquisa é a Farofa
de Iça, considerando a culinária uma herança simbólica, dessa forma, esta pode ser
definida como um patrimônio de bem imaterial, reconhecendo que a participação da
comunidade é essencial para a definição de um patrimônio cultural, pois somente quando
o indivíduo consegue se sentir pertencente a um espaço, ele conseguirá definir as suas
referências culturais, produzindo e transmitindo por gerações os seus costumes e as
tradições. Em função da pandemia de COVID-19, a metodologia utilizada e aplicada foi a
enquete via plataforma on-line. Os resultados demonstraram que a maioria da população
entrevistada reconhece o significado de bens imateriais, atribuem a culinária como um
atrativo turístico e reconhecem o valor do patrimônio cultural. Além disso, a pesquisa
demonstrou que as receitas culinárias se tornam um vínculo afetivo. Por fim, a pesquisa
corrobora a importância de produzir o inventário participativo e promover o registro dessa
cultura da culinária regional.

Palavras-chave: Patrimônio cultural; Gastronomia; Bem imaterial.

INTRODUÇÃO

O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, dos fazeres,
de expressões, de práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à
identidade desse povo (IPHAN, 2012) e sobre esta perspectiva foi analisada a “Farofa de
Içá” como um possível patrimônio cultural imaterial, já que a receita abrange as
características culturais, que proporcionam a identidade da comunidade da cidade de
Silveiras, no Vale do Paraíba, transcendendo gerações, mantendo as lendas e as cantigas
populares vivas até o presente, mesmo com as adaptações de preparo ou ingredientes de
acordo com os costumes das famílias baseadas em suas tradições. Relacionando-se

1 O projeto está vinculado à iniciação científica PIBIFSP 2020, denominada “Bens Imateriais: Novas
Descobertas Para Salvaguarda” desenvolvida no curso de Arquitetura e Urbanismo do IFSP, junto ao Núcleo
de Estudos do Patrimônio Imaterial e Material- NEPIM.
2 Graduanda de licenciatura em Geografia do Instituto Federal de São Paulo- IFSP; IFSP; São Paulo; São
Paulo; karla.albuquerque.1996@hotmail.com; SANTOS, Karla Aparecida Albuquerque.
3 Graduanda de licenciatura em Turismo do Instituto Federal de São Paulo- IFSP; IFSP; São Paulo; São
Paulo; palomamonteiro.contato@gmail.com; SOARES, Paloma Fernanda Monteiro.
4 Doutora e mestre na área de habitat FAUUSP; Docente do IFSP São Paulo; São Paulo; São Paulo;
thais.souza@ifsp.edu.br; SOUZA, Prof.ª Dr.ª Thais Cristina Silva de.
assim, de forma afetiva, a culinária regional com a população local, tendo a gastronomia
como um simbolismo, baseado nas memórias e sensações que o prato produz às pessoas,
seja a partir da ingestão do alimento ou através de ensinar a receita. Portanto, baseando-
se nesse entendimento, é possível compreender a importância de registros que
salvaguardam o patrimônio, sendo necessário um inventário participativo como um
instrumento para proteger o conhecimento e o reconhecimento do bem cultural de natureza
imaterial como, por exemplo, o inventário da cultura alimentar relacionada às farinhas de
milho e mandioca em Minas Gerais (IEPHA, 2019). O que pode ser considerado uma
relação de trocas simbólicas, a partir do reconhecimento dos bens culturais, que consistem
em nosso país, Bourdieu (2007) explicita que as funções sociais são cumpridas pelos
sistemas simbólicos, as quais tendem, no limite, a se transformarem em funções políticas.
Tais funções são representadas na Constituição Federal Brasileira (1988) pelos artigos:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso
às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira (BRASIL, 1988, art. 215-216).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) ainda define:


O patrimônio cultural de uma sociedade é também fruto de uma escolha, que, no
caso das políticas públicas, tem a participação do Estado por meio de leis,
instituições e políticas específicas. Essa escolha é feita a partir daquilo que as
pessoas consideram ser mais importante, mais representativo da sua identidade,
da sua história, da sua cultura. Ou seja, são os valores, os significados atribuídos
pelas pessoas a objetos, lugares ou práticas culturais que os tornam patrimônio de
uma coletividade (ou patrimônio coletivo) (IPHAN, 2012, p. 14).

Portanto, a participação da comunidade é fundamental para destinar a salvaguarda


de um patrimônio cultural, estabelecendo assim a identidade e a manutenção da
representação do bem imaterial como a “Farofa de Içá” para a comunidade de Silveiras. E
para isso, são necessários um diagnóstico da opinião da população nessas localidades, a
construção de mapas conceituais vinculados ao bem, a identificação do patrimônio, o
contexto formal em que essas tradições estão inseridas, como, por exemplo, leis
municipais, departamentos, uma equipe qualificada, canais de comunicação com a
sociedade, para que as transformações ocorram quando houver a demanda baseada
nesses dados.

OBJETIVOS

O objetivo primordial desta pesquisa é apontar a importância e o valor do patrimônio


cultural e entender, de forma crítica, como ocorre o processo de manutenção, de apoio, de
monitoramento e a salvaguarda.

METODOLOGIA

Foi conduzido um levantamento de informações nas cartas patrimoniais, em


legislação municipal, estadual e federal e em arquivos históricos. Sites e textos dos órgãos
estadual Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turismo do
Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), e federal o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). A metodologia aplicada e desenvolvida, em função da
pandemia de COVID-19, foi um questionário realizado via internet, pela plataforma Google
Forms, sobre a valorização do patrimônio cultural e bens imateriais. Divulgada por e-mail e
redes sociais, a pesquisa foi aprovada pelo comitê de Ética de Biossegurança do Instituto
Federal de São Paulo (IFSP) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O número do
certificado da apresentação para Apreciação Ética (CAAE) é 33908920.0.0000.5473,
parecer tem como o número 4.141.300.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O formulário on-line contou com 201 participações, com perguntas dissertativas e


outras alternativas relacionadas ao patrimônio cultural. Os resultados apresentam que 83%
afirmaram conhecer o significado de bens imateriais, 51,7% não conhecem o artigo 216 da
Constituição Federal, que reconhece e garante a proteção do patrimônio imaterial.
Direcionando a questão para a gastronomia, 100% consideram a culinária local um atrativo
turístico e 98% entendem que receitas culinárias se tornam um vínculo afetivo transmitido
por gerações. Deve-se ressaltar que uma pesquisa on-line acessa apenas um recorte
minoritário da população em decorrência do perfil de acesso à internet no Brasil (segundo
IBGE, a cada 4 pessoas 1 não possui acesso à internet), porém foi o recurso encontrado
para contornar a pandemia COVID-19 que ocorre em 2020. Adicionalmente, a pesquisa
bibliográfica sobre a “Farofa de Içá” mostra que é uma tradição que se perpetua nas
gerações, abarcando memórias, costumes, expressões e técnicas de colheita, sendo uma
construção cultural de vínculo afetivo da comunidade na região da cidade de Silveiras, no
Estado de São Paulo. Fazendo-se necessário para o aprofundamento do estudo a
construção de um inventário participativo, partindo das fichas de inventário que devem
consistir em informações que identificam e estabelecem as particularidades simbólicas,
históricas e os valores em conjunto com a comunidade local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Por fim, esta pesquisa demonstrou que a maioria das pessoas entrevistadas
desconhece os artigos previstos na Constituição Brasileira (1988), que garante a todos o
pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional. Por outro lado,
reconhecem o significado de bem imaterial, e que as receitas culinárias tradicionais se
tornam um vínculo afetivo transmitido por gerações. A “Farofa de Içá” se torna um indicador
futuro de ser um patrimônio de bem imaterial, a partir das coletas de dados e tendo como
referência a cooperação da comunidade, com a finalidade de organizar as informações em
um inventário participativo, promovendo o exercício de cidadania e com a ação social para
a salvaguarda do patrimônio e conhecimento para as gerações futuras.

REFERÊNCIAS

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Emendas Constitucionais
de Revisão. Diário Oficial da União. Brasília, 05 out. 1988.
BUSTAMANTE, Ana Maria Goulart; SILVA, Jorge Kleber Teixeira. Diversidade e patrimônio
cultural. In: IBGE. Brasil: Uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Rio de
Janeiro, 2016, p. 393-432.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Educação
patrimonial: Inventários participativos: Manual de Aplicação. Brasília: IPHAN, 2016.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. O registro do
patrimônio imaterial: Dossiê final das atividades da comissão e do grupo de trabalho do
patrimônio imaterial. 4. ed. Brasília: MC/IPHAN, 2006.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Patrimônio
cultural imaterial: Para saber mais. 3. ed. Brasília: IPHAN, 2012.
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS
GERAIS. Iepha-MG inicia cadastro para inventário relacionado às farinhas de milho e
mandioca em minas gerais. IEPHA, 11/10/2019.
http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/noticias-menu/464-iepha-mg-inicia-cadastro-para-
inventario-relacionado-as-farinhas-de-milho-e-mandioca-em-minas-gerais. Acesso em:
14/10/20.
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

O IMPRESSIONISMO, SUA INFLUÊNCIA NA ARTE BRASILEIRA E


DESDOBRAMENTOS NA CRIAÇÃO ARTÍSTICA1

MORAIS, Guilherme Fernandes2


NAKASHATO, Guilherme3

RESUMO

O presente trabalho de Iniciação Científica objetiva levantar uma perspectiva


analítica sobre a influência do movimento artístico impressionista no Brasil durante os
séculos XIX e XX. Munindo-se de referências históricas presentes em fonte bibliográficas
e em artigos acadêmicos de História da Arte, estabelecem-se comparações entre o
Impressionismo francês e brasileiro, identificando convergências e diferenças, e ainda,
considerando seus referenciais conceituais, artistas de destaque e obras. Seguindo a
teoria epistemológica da Abordagem Triangular (contextualização, leitura e produção
artística), como base metodológica da pesquisa, expôs-se o cenário histórico e artístico
transatlântico em sua época, caminhando para a compreensão da influência
impressionista no Brasil, incluindo o desenvolvimento de um processo autoral de criação
artística, a partir dos resultados e questionamentos obtidos da reflexão sobre a arte do
passado e do presente.

Palavras-chave: História da Arte; Impressionismo no Brasil; Criação artística.

INTRODUÇÃO

O Impressionismo constituiu-se como importante movimento artístico surgido em


Paris, na segunda metade do século XIX, em um cenário de grandes mudanças no
ambiente social, político e econômico da França, então governada por Napoleão III,
especialmente no âmbito das políticas públicas, sustentadas pelo acúmulo de riquezas do
imperialismo colonial francês do período. Paris, portanto, seguia em um processo
acelerado de implementação de infraestruturas urbanas, acompanhando a
industrialização produtivista, gerando abruptas mudanças no ambiente da cidade e no
modo de vida de seus cidadãos. Envoltos nesse contexto, artistas como Claude Monet,
Mary Cassatt, Pierre-Auguste Renoir e Berthe Morisot construíram uma nova poética no
circuito artístico, em que buscavam uma abordagem mais direta entre a produção da obra
e a realidade vivenciada, sem a necessidade de mediações preconcebidas. Utilizando
traços rápidos e com foco na disposição das cores sob a luz natural, essa nova poética
gerou grandes conflitos com a tradição da arte acadêmica, constituindo-se nos primeiros
passos de uma arte moderna, segundo o historiador Giulio Carlo Argan (1992). No Brasil,
ocorreram grandes mudanças históricas durante todo o século XIX, como a chegada da
corte portuguesa, em 1808, o processo de independência colonial em 1822 e a

1 Pesquisa de Iniciação Cien fica aprovada pelo edital PIBIFSP 2020. Orientador: Prof. Dr. Guilherme Nakashato.
2 Graduando curso de Arquitetura e Urbanismo – IFSP - Campus São Paulo; São Paulo; SP;
guilherme.morais@aluno.ifsp.edu.br
3 Doutor em Artes (ECA-USP); Docente do IFSP - Campus São Paulo; São Paulo; SP; nakashato@ifsp.edu.br.
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Proclamação da República em 1889, período em que o meio artístico oficial se
desenvolveu em estrita relação com o Estado durante todo o século, trabalhando na
construção de ideais nacionais, reforçados por meio da produção artística. Com o
crescimento do comércio de materiais de arte industrializados e a popularização da
pintura de paisagem, o Brasil viu surgir as associações ao movimento impressionista no
final do século XIX com artistas como Georg Grimm, Antônio Parreiras, Giovanni Battista
Castagneto, Georgina de Albuquerque e os irmãos João e Arthur Timóteo da Costa.

OBJETIVOS

Analisar os fundamentos e a história do Impressionismo, movimento que


representa uma ruptura dos padrões de arte do período do final do século XIX e início do
século XX, buscando compreender sua influência no Brasil, analisando e correlacionando
obras e artistas do período. Busca-se, também, compreender os possíveis
desdobramentos na arte atual brasileira, incluindo o desenvolvimento de uma produção
artística pessoal.

METODOLOGIA

A pesquisa apoia-se na teoria epistemológica da Abordagem Triangular


desenvolvida por Ana Mae Barbosa na década de 1980 (BARBOSA, 1999), em que o
estudo e a aprendizagem em arte se sistematiza em três bases de análise pela
experiência: a contextualização da arte (conhecimento sistematizado), a leitura de obras
(análise estética) e a produção artísticas (criação poética). Dessa maneira, foram
levantados e analisados materiais bibliográficos e imagéticos específicos e/ou
acadêmicos, majoritariamente por meio de acervos digitais online. A dimensão da criação
artística foca no processo autoral de criação, colocando em diálogo elementos
fundamentais destacados na pesquisa histórica e a observação crítica do contexto atual,
friccionando a pesquisa artística e estética, cujos resultados concretos estão em
desenvolvimento.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Considerando o cenário histórico no qual surge o Impressionismo, torna-se


imprescindível notar as mudanças de perspectivas da sociedade europeia do final do
século XIX. Como citado, as políticas públicas na França passaram por reestruturações
profundas, cuja capital, Paris, teve seus desenhos urbanísticos redesenhados, apoiados
em ideais pré-modernistas. Ademais, o meio cultural alterou-se radicalmente: com o
crescimento do mercado artístico internacional, apoiado pelo desenvolvimento dos
transportes e meios de comunicação, ampliou-se a oferta de materiais de arte
industrializados, facilitando a produção de pinturas ao ar livre, prática contrária à tradição
do ateliê acadêmico. Além disso, outras influências de novos modos de produção cultural
fizeram-se presentes, como a fotografia e a arte não-europeia, em especial as produções
japonesas (Argan, 1992). Assim, os artistas do movimento, sujeitos históricos de sua
situação sociocultural, construíram um espaço próprio, anti-acadêmico, essencialmente
pictórico, promovendo os primeiros passos para o estabelecimento de uma arte moderna,
como explicitado por Eduardo Ismael Murguia (1999).
No contexto brasileiro, a influência cultural francesa teve profundo enraizamento
considerando a rápida mudança de condições econômicas, sociais e culturais no século

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XIX: a chegada da coroa portuguesa contribuiu para o estreitamento das nossas relações
com o mercado europeu, facilitando a entrada de produtos industrializados de arte no
país, marcando a consolidação da França como referência artística no projeto civilizatório
do Estado. Como afirma Felipe Chaimovich (2017), o desenvolvimento da pintura de
paisagem, a partir do método de ensino do pintor alemão George Grimm, culmina para o
estabelecimento oficial do Impressionismo na Escola Nacional de Belas Artes em 1890-
1900, com destaque para as produções de Antônio Parreiras, Giovanni Battista
Castagneto, Georgina de Albuquerque e os irmãos João e Arthur Timóteo da Costa.
A partir de reflexões sobre a produção dos artistas do movimento impressionista e
suas influências, bem como no uso de cores, disposição e técnica, a pesquisa inclui o
desenvolvimento de um processo de criação artística pessoal, buscando um possível
diálogo com a contemporaneidade. Intenta-se produzir um trabalho que traga cores
observadas no céu cuja composição possa interagir com a luz natural por meio de placas
translúcidas, questão cromática tão interessada aos pintores impressionistas. Este
processo está em fase de testes (cor, materialidade e técnicas), em que realizaram-se
duas maquetes para estudo da volumetria e disposição das peças e cores, além da
produção de uma série de desenhos de estudo para produção. Procura-se ainda realizar
uma composição definitiva a partir dos resultados obtidos, que apresente as reflexões da
pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Tratando-se de um processo em andamento, a pesquisa tem gerado produções


que indicam o potencial da sistematização do trabalho científico. Uma monografia está
sendo produzida, consolidada, neste momento, em um capítulo completo sobre o
Impressionismo francês. Outro capítulo, focando a influência do Impressionismo na arte
brasileira, está em revisão. Por fim, um terceiro capítulo, descrevendo e analisando o
trabalho de criação artística pessoal, está sendo simultaneamente confeccionada com as
obras visuais. O processo de criação também está em desenvolvimento, finalizando a
fase de testes de materiais e croquis de projeto. Em breve as estruturas da instalação
artística poderão ser concretizadas, a despeito de todas as dificuldades de apresentação
em decorrência ao isolamento social pela pandemia de Covid-19.

REFERÊNCIAS

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos


contemporâneos. Trad. Denise Bottmann e Federico Corotti. São Paulo: Companhia das
Letras, 1992.
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. 4ª ed. São Paulo: Perspectiva,
1999.
CHAIMOVICH, Felipe. O impressionismo e o Brasil. São Paulo: MAM, 2017. Disponível
em: <https://mam.org.br/wp-content/uploads/2017/06/impressionismoPort.pdf >. Acesso
em: 02/11/19
MURGUIA, Eduardo Ismael. Cenário histórico do movimento impressionista. Impulso
(Piracicaba), Piracicaba, v. 11, p. 25-42, 1999. 14.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

FOTOGRAFIA E MEMÓRIA ESCOLAR: REVISITANDO A HISTÓRIA DO IFSP A


PARTIR DE SUA ICONOGRAFIA (1910-1975)1

FARIA, JAINE DE SOUZA2


NOGUEIRA, FAUSTO HENRIQUE GOMES3

RESUMO

O presente projeto de iniciação científica tem o propósito de refletir sobre a


utilização da imagem fotográfica como fonte nos estudos sobre memória escolar do
Instituto Federal de São Paulo através da análise de fotografias produzidas desde a sua
fundação até 1975, quando a instituição funcionava na rua General Júlio Marcondes
Salgado. Para a compreensão sobre a aplicação da iconografia como base em pesquisas
sobre a história da educação profissional e a influência da arquitetura, foram utilizadas
fotografias do acervo fotográfico do “Centro de Memória do IFSP – Professor Benedito
Ananias da Silva”, buscando revelar elementos importantes da cultura escolar, práticas
educacionais, a arquitetura e a utilização do espaço.

Palavras-chave: História do ensino profissionalizante; fotografia; arquitetura; memória.

INTRODUÇÃO

O Instituto Federal de São Paulo (IFSP) é uma instituição centenária. Sua história
inicia-se com a fundação das Escolas de Aprendizes Artífices a partir do decreto 7.566 de
23 de setembro de 1909, pelo então Presidente da República Nilo Procópio Peçanha
(1867-1924).
A Escola de Aprendizes Artífices de São Paulo foi inaugurada em 24 de fevereiro
de 1910, iniciando as suas atividades na Avenida Tiradentes nº 15, permanecendo neste
endereço até o ano de 1916. A partir desse momento a escola ocupou um prédio
arrendado pelo governo do Estado na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, nº 61. Nesse
mesmo ano foram iniciadas as obras para a construção de um novo prédio na Rua São
João, posteriormente, Rua General Júlio Marcondes Salgado, 234, bairro de Campos
Elíseos, sede da escola entre o início dos anos 1920 até 1975. Neste ano, a escola foi
transferida para o seu atual endereço, rua Pedro Vicente, 625.
Nesse sentido, a história da educação se ressente da carência de documentos que
possam revelar nuances das características do funcionamento das instituições
educacionais, principalmente pelo fato de muitos acervos escolares não terem sido
preservados. Ao mesmo tempo, as pesquisas acerca da história da escola, ou do ensino
profissional, tem se concentrado em documentos oficiais como legislação, currículos,
programas, etc, e não tem dado a mesma importância a outros documentos como as
fotografias, que apenas nas últimas décadas despertaram interesse por parte dos
1 Projeto de Iniciação Científica vinculado ao PIBIFSP.
2 Bacharelanda em Arquitetura e Urbanismo – IFSP, campus São Paulo
3 Doutor em História Social – USP; professor do IFSP, campus São Paulo.
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historiadores, que passaram a discutir novas abordagens e objetivos para a renovação da
história.

OBJETIVOS

Este projeto tem por objetivo resgatar a memória do Instituto Federal de São Paulo
através da análise de fotografias produzidas desde a sua fundação até 1975, revelando
elementos importantes da cultura escolar, práticas educacionais, a arquitetura e a
utilização do espaço, utilizando o acervo iconográfico presente no Centro de Memória do
IFSP – Professor Benedito Ananias da Silva.

METODOLOGIA

A metodologia empregada para a realização do projeto se divide nas seguintes


fases: primeiramente realizou-se o levantamento bibliográfico sobre a história do Instituto
Federal de São Paulo, desde a sua fundação como Escola de Aprendizes Artífices em
1909. Paralelamente, ocorreu a leitura e análise de bibliografia especializada sobre
fotografia e história e estudos acerca do uso da fotografia como fonte de pesquisa.
A partir da compreensão da história do Instituto, de suas mudanças e dos fatores
que influenciaram seu funcionamento, conjuntamente com o entendimento do uso do
acervo iconográfico em áreas de pesquisa e dos cuidados que se deve ter ao realizar uma
interpretação sobre cuja fonte é a fotografia, iniciou-se a interpretação dessas fotografias
utilizando tanto de registros do edifício, como das atividades e eventos que foram
realizados no período.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Através da utilização da fotografia para registrar momentos e fatos de períodos


importantes da história da instituição, foi possível observá-la de formas diferentes.
Segundo Kossoy (2001), a fotografia possui um papel fundamental enquanto possibilidade
inovadora de informação e conhecimento. Nesse sentido, utilizá-la é um meio eficiente
para a obtenção de representações e interpretações sobre um determinado passado ao
qual se está estudando.
Toda fotografia é um resíduo do passado. Um artefato que contém
em si um fragmento determinado da realidade registrado
fotograficamente. Se, por um lado, este artefato nos oferece indícios
quanto aos elementos constitutivos (assunto, fotógrafo, tecnologia)
que lhe deram origem, por outro o registro visual nele contido reúne
um inventário de informações acerca daquele preciso fragmento de
espaço/tempo retratado (KOSSOY, 2001, p. 47).
A fotografia como aliada no resgate da memória escolar se mostra eficaz,
principalmente tendo em vista que ela se constituiu como um instrumento utilizado no
cotidiano das pessoas, feito para guardar uma lembrança do momento. Esse registro do
cotidiano de uma instituição pode trazer noções sobre quais atividades eram realizadas,
como o conhecimento era transmitido, quais pessoas e grupos sociais frequentavam a
instituição, as relações sociais no interior das escolas, a utilização de espaços, entre
outros. No geral, revela características importantes para se conhecer o passado e a
cultura da entidade estudada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A partir da análise das fotografias disponíveis sobre o período estudado,


conseguimos verificar várias características da edificação, além de características
referentes à cultura escolar da Escola Técnica Federal de São Paulo, localizada na rua
General Júlio Marcondes Salgado, 234. A ornamentação era bastante simples em seu
interior, nas primeiras fotografias, mostrando uma maior preocupação com a alocação de
mobiliários, máquinas e instrumentos que seriam utilizados nas aulas de oficinas. Essa
realidade foi se transformando ao longo das décadas.
Embora o estilo arquitetônico da Escola de Aprendizes Artífices não possua as
mesmas características do estilo eclético com exuberante monumentalidade, como as
outras escolas estaduais que foram construídas durante a Primeira República, ainda
assim possui destaque na paisagem urbana no início do século XX, marcado
principalmente pelo início da urbanização da cidade de São Paulo. Sua construção denota
uma preocupação maior com os arranjos físicos e fácil localização aos alunos do que
propriamente sua arquitetura.

REFERÊNCIAS

BARROS, A. M. O tempo da fotografia no espaço da história: poesia, monumento ou


documento? NUNES, C. (org.). O Passado sempre presente. São Paulo: Cortez, 1992.
BENCOSTTA, Marcus Levy. Memória e cultura escolar: a imagem fotográfica no estudo
da escola primária de Curitiba. História. São Paulo, v. 30, n. 1, p. 397-41, jan. jun. 2011.
FONSECA, Celso Suckow da. História do ensino industrial no Brasil. Escola Técnica
Nacional do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 1961.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.
SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
SOUZA, R. F. Fotografias escolares: a leitura de imagens na história da escola primária.
Educar em Revista. Curitiba, n. 18, 2001, p. 75-101.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA PARA IDENTIFICAÇÃO DE REARRANJOS DE


DRENAGEM NA BACIA DO RIO ITAPANHAÚ (BIRITIBA MIRIM-SP)1

ASSUNÇÃO, Gustavo Cruz²


SANTOS, André Henrique Bezerra dos³

RESUMO

O trabalho procura fazer um estudo geomorfológico da bacia do Rio Itapanhaú afim


de localizar indícios de possíveis rearranjos de drenagem que podem estar relacionados a
gênese e desenvolvimento da Serra do Mar. Afim de obter esses indícios é possível
analisarmos elementos dos rearranjos de drenagem como cotovelo, knickpoints, padrões
anômalos, terraços fluviais rios subdimensionados em relação aos seu vales. Para
conseguirmos os dados e suas interpretações é necessário separarmos em etapas de
análise. São resultados da pesquisa. 1. Análise Morfométrica (mapas base e índices
numéricos), 2. Estudo de Fotografias Aéreas (refinamento imagético dos indícios
encontrados na morfometria), 3. Análise Sedimentológica (estudo parcial dos materiais
coletados em campo). Os resultados dos métodos desenvolvidos nos mostraram diversos
indícios dos rearranjos de drenagem que corroboram com a literatura em Small (1972) e
Bishop (1995). Na etapa morfométrica localizamos a presença de um vale seco ao norte da
bacia, um cotovelo que reverte o fluxo principal, também a caracterização da bacia com o
padrão barbed que também pode significar mudanças recentes na dinâmica litológica da
região. Na fase das fotografias pudemos refinar as formações de destaque da primeira
etapa além de encontramos um terraço fluvial que é de grande importância para a pesquisa.
Com uma visita ao local de estudo foi possível também colher material sedimentológico dos
locais pré-definidos e filtrados nas duas etapas anteriores para que posteriormente possa
ser comparado nos trazendo um diagnóstico mais preciso dos rearranjos na bacia.

Palavras-chave: rearranjo; bacia; fluvial; terraço

¹ Trabalho conjunto de pesquisas realizadas no PIBIFSP


² Licenciando em Geografia; IFSP-São Paulo - SP; gugacruzassuncao@gmail.com; ASSUNÇÃO, Gustavo
Cruz;
³ Professor do curso de Geografia (IFSP-SPO), Doutor em Geografia Física pela USP; IFSP- São Paulo-
SP; andrehbsantos@gmail.com; SANTOS, André Henrique Bezerra dos.

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INTRODUÇÃO

A pesquisa analisa a possível presença de rearranjos de drenagem na bacia


hidrográfica do rio Itapanhaú (Biritiba-Mirim-SP) e como eles influenciam na formação e
evolução da Serra do Mar. Formações morfológicas como colos, vales secos, cotovelos
previstas na bibliografia podem ser indícios dessas anomalias como (desvio, captura ou
decapitação) dos fluxos hídricos. Assim poderemos traçar com maior detalhe o
desenvolvimento da bacia desde sua gênese até a condição atual de funcionamento.

OBJETIVOS

O objetivo principal é obter indícios suficientes que corroboram com a hipótese de


existência dos rearranjos de drenagem na bacia do rio Itapanhaú. Essas anomalias são
demonstradas por meio da presença na área de indícios como ângulos retos, colos,
knickpoints e padrões anômalos presentes em Small (1972) e Bishop (1995). Avaliar de
maneira precisa os dados morfométricos e aerofotográficos a fim de construir material
embasado em fatores chave definidos na literatura e a partir disso visitar o local para
reconhecer os pontos e realizar a coleta de materiais para análise sedimentológica
permitindo agregar dados geomorfológicos e sedimentológicos ao estudo.

METODOLOGIA

A metodologia baseia-se em trabalhos como Santos (2017) e Oliveira (2003). Prevê


a primeira etapa como morfométrica com a construção de mapas base como (hipsométrico,
clinográfico e orientação de vertente) e análise de perfis longitudinais para a análise de
incisão fluvial, (ANTÓN et al, 2012), que gerarão estudos do (IC) índice de concavidade
proposto por Snow & Singerland (1987), (VF) profundidade do vale de Bull & McFadden
(1977) para definição da forma dos vales e construção de um histórico de potencialidade
do rio e por fim (RDE) declividade-extensão indicado por Hack (1973) que nos trará detalhes
relacionados a presença dos knickpoints e knickzonas. A segunda fase foi a obtenção de
fotografias aéreas para fotointerpretação proposta por Savigear (1965) a fim de encontrar
feições como feições dos vales, colos, terraços etc. Por final tem a análise sedimentar
baseada na visita de campo com pontos estratégicos prévios, nesses locais será realizado
tradagem e retirada do material para estudo preliminar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados nas análises morfométrica, aerofotográfica e visitas em


campo nos mostraram possíveis indícios dos rearranjos de drenagem. Na primeira parte
denominada morfométrica foi possível observar a existência de um vale seco ao norte da
bacia que permite a interpretação de reversão do fluxo e consequentemente a presença
de um cotovelo a presença do subdimensionamento de um rio possivelmente decapitado a
norte do cotovelo observando a formação da bacia a classificamos como ‘barbed’ padrão
que mais apresenta anomalias, assim achamos boa parte dos indícios que indica (SMALL,
1972) e Bishop (1995). Na segunda etapa com a aerofotografia baseada nos métodos de
Savigear (1965) foi possível detalhar melhor as formações do relevo e conseguimos
encontrar terraços fluviais no curso médio do rio Itapanhaú e seus afluentes,
importantíssimo aspecto para ser explorado na terceira etapa que pode nos aproximar da
hipótese de ocorrência dos rearranjos. Essa última etapa que consiste na visita de campo
para coleta de materiais com locais pré-selecionados, como o vale seco, cotovelo e o
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terraço fluvial resultado das análises anteriores. A coleta foi feita através de tradagens um
aspecto importante a destacar foi a presença de um terraço estrutural no fluxo hídrico
principal da bacia já que realizando várias tradagens nele atingimos o embasamento
rochoso em profundidades de aproximadamente 50 cm. Posteriormente com os materiais
tradados fizemos uma breve descrição deles, e eles apareceram com texturas areno-siltosa
e areno-argilosa com variantes de cores de tom marrom classificadas na Escala de Munsell.
CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Conseguimos nesse trabalho aplicar uma metodologia que possibilitou uma série de
resultados relacionados aos possíveis rearranjos de drenagem. Cada uma das etapas pode
nos trazer várias informações morfológicas relacionadas aos indícios estudados na
literatura, na etapa de morfometria apareceram as formações de (vale seco, cotovelo, rio
decapitado ao norte da bacia). O apuramento das análises imagéticas na segunda etapa
de aerofotografia teve o encontro de possíveis terraços no curso dos rios servindo de locais
que exploramos na visita de campo onde nesses pontos fizemos múltiplas tradagens para
análise do material sedimentológico, no material coletado encontramos texturas e cores
semelhantes em amostras de pontos diferentes. Com isso nossa hipótese de possíveis
ocorrências dos rearranjos está bem embasada já que encontramos bons indícios. A
finalização do projeto seria o aprimoramento do estudo sedimentológico em laboratório que
pode trazer novas convicções que corroborem com a hipótese da presença de anomalias
de drenagem na bacia do rio Itapanhaú.

REFERÊNCIAS

BISHOP, P. Drainage rearrangement by river capture, beheading and diversion. Progress


in Physical Geography, v. 19, p. 449-473, 1995

SMALL, R. J. The Study of Landforms: a Textbook of Geomorphology. Cambridge:


Cambridge, University Press, 1972.

SAVIGEAR R. A. G. A techinique of morphological mapping. 1965.

SANTOS, A.H.B. Condicionantes estruturais da drenagem e do relevo na cratera de


Colônia e entorno, São Paulo – SP, 2013

OLIVEIRA, D. Captura do Alto Rio Guaratuba: Uma proposta metodológica para o estudo
da evolução do relevo da Serra do Mar Boracéia- SP. 2003

TWIDALE, C. R. River patterns and their meaning. Earth-Science Reviews, v. 67, p. 159–
218, 2004

BULL, W. B.; McFADDEN, L. D. Tectonic geomorphology north and south of the Garlock
Fault, California. In: DOEHRING, D. O. (Ed.), Geomorphology in arid regions. Binghamton:
State University of New York, p. 115–138, 1977.

HACK, J. T. Stream-profile analysis and stream-gradient index. Journal Research U.S.


Geological Survey, v. 1, p. 421–429, 1973.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA PARA IDENTIFICAÇÃO DE EVIDÊNCIAS DE


REARRANJOS DE DRENAGEM NA BACIA DO RIO ITATINGA (MOGI DAS CRUZES E
BERTIOGA-SP)1

CHABARIBERY, Gabriella Valério2


SANTOS, André Henrique Bezerra dos3

RESUMO

Esse estudo visa localizar indícios da ocorrência de rearranjos de drenagem na


bacia do Rio Itatinga, em Mogi das Cruzes-SP. Essa bacia apresenta diversas anomalias
na sua drenagem, esta condicionada pela presença de falhas proterozóicas e sob clima
tropical úmido. A bacia se insere no contexto da Serra do Mar, que vem sofrendo uma
erosão fluvial do tipo regressivo. A drenagem e suas alterações, nesse ambiente, se
mostram fundamentais na evolução do revelo. Objetivou-se obter parâmetros que
auxiliem na identificação de evidências que comprovem a ocorrência de rearranjos. Para
isto, utilizou-se os procedimentos propostos por Oliveira (2003): fotointerpretação,
descrição geomorfométrica e trabalhos de campo para visualização e análise de
materiais. A interpretação dos resultados teve como base a contribuição de: Bishop
(1995), Small (1972) e Twidale (2004). Foram obtidos dados morfométricos e
morfológicos que guiaram os trabalhos de campo. Os resultados dão destaque para o
cotovelo do Rio Claro (afluente do Rio Itatinga), que é seguido por um vale seco e uma
drenagem de mesma direção e sentido, sendo um indício de um rearranjo.

Palavras-chave: rearranjos de drenagem; captura fluvial; Serra do Mar.

INTRODUÇÃO

A bacia do Rio Itatinga se localiza na divisa dos municípios de Mogi das Cruzes e
Bertioga - SP. Essa divisa é marcada pela crista que divide o planalto da escarpa da
Serra do Mar. O rio tem suas cabeceiras no planalto, mas altera seu curso, descendo
essa escarpa para a planície litorânea. Isso se relaciona com a erosão fluvial do tipo
regressivo presente na Serra do Mar. A drenagem é condicionada pela presença de
falhas e sob clima tropical úmido. Em sua drenagem é possível observar anomalias, tendo
destaque a inflexão do Rio Claro, seu afluente. Essa pesquisa tem seu enfoque nessa
inflexão, buscando obter parâmetros indicativos de que ela provém de um processo de
rearranjo de drenagem, definido como a transferência de parte de um fluxo, ou todo ele,
para outra bacia (BISHOP, 1995), e evidenciado pela presença de cotovelos, vales secos,
rupturas nos perfis longitudinais, rios desajustados aos seus vales, e correlação
sedimentológica entre depósitos fluviais das bacias envolvidas (SMALL, 1972).

1 Resultante de pesquisas de Iniciação Científica pelo PIBIFSP e PIVICT.


2
Graduanda no curso de Licenciatura em Geografia pelo IFSP – São Paulo, SP. E-mail:
gabriellachabaribery@gmail.com. CHABARIBERY, Gabriella Valério.
3
Professor do Departamento de Humanidades (DHU) do IFSP; Geógrafo e Doutor em Geografia Física pela
USP. São Paulo – SP. E-mail: andrehbsantos@gmail.com. SANTOS, André Henrique Bezerra dos.
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OBJETIVOS

A pesquisa tem como objetivos: avaliar se as anomalias de drenagem na bacia do


Rio Itatinga podem decorrer de rearranjos de drenagem; avaliar possíveis fatores que
contribuíram para a ocorrência dos referidos rearranjos, de ordem lito-estrutural, tectônica
e climática; reconhecer as feições tipicamente associadas a rearranjos de drenagem, tais
como: inflexões dos rios em ângulos retos, colos, gargantas, terraços, rios
subdimensionados em relação a seus vales, corredeiras ou cachoeiras e padrões de
drenagem do tipo “barbed”; reconhecer possíveis depósitos fluviais eventualmente
deixados nos trechos abandonados dos vales fluviais dos rios capturados, característica
sedimentológica considerada diagnóstica do referido fenômeno.

METODOLOGIA

A metodologia segue as propostas de Bishop (1995), Small (1972), Twidale (2004)


e Oliveira (2003); os procedimentos consistem no reconhecimento de feições e materiais
que podem evidenciar a ocorrência de rearranjos na drenagem, a partir do uso de
fotointerpretação, análise morfométrica e análises de campo. A primeira etapa realizada
consistiu na análise morfométrica por geoprocessamento. Foram utilizadas cartas
topográficas 1:10.000 e dados SRTM para elaboração de Modelo Digital de Elevação
(MDE). A partir dessa análise, as fontes fornecem atributos primários: cartas
hipsométricas, clinográficas e de orientação de vertentes; e atributos secundários, que
derivam destes primeiros, como cartas de espacialização de índices. A partir da
identificação dos cursos d’água através das cartas topográficas é feita hierarquização
conforme a proposta metodológica de Strahler (1957) e Horton (1945), para o
reconhecimento dos canais principais e divisão de sub-bacias. Outro procedimento
realizado é o reconhecimento dos padrões da drenagem, que podem fornecer
informações sobre a história geomorfológica dos rios, conforme a classificação de Twidale
(2004), Small (1972), e Zernitz (1932). São elaborados gráficos de perfis longitudinais,
para inspeção visual, e também o cálculo de índices derivados. São eles: Índice SL
(stream-length) ou RDE (Relação Declividade-Extensão), proposto por Hack (1973), que
relaciona a declividade e o comprimento do rio, buscando perturbações no perfil; Índice de
concavidade, proposto por Snow e Slingerland (1987), tendo como objetivo quantificar a
concavidade de um rio para avaliar o impacto da incisão fluvial no perfil; e Índice Vf,
traduzido como “índice da razão largura/profundidade do vale”, que permite diferenciar
vales muito estreitos e profundos, indicando uma atividade erosiva vertical maior
(menores valores), de vales largos, que indicam um maior rebaixamento da crista e maior
erosão lateral (altos valores). É também realizada análise hipsométrica que é o estudo da
distribuição da área da superfície de um terreno em respeito à elevação, representada na
forma de um gráfico de valores relativos, gerando uma curva hipsométrica, que permite a
obtenção de uma integral hipsométrica, fornecendo uma quantificação da distribuição de
elevações dentro da área da bacia (STRAHLER, 1952). A segunda etapa do trabalho
buscou uma descrição das feições geomorfológicas a partir da análise e interpretação de
fotografias aéreas utilizando estereoscópio de espelhos e consequente mapeamento. O
mapeamento é realizado com a sobreposição de overlays onde são traçados
manualmente as feições seguindo a proposta metodológica de Savigear (1965). O
mapeamento busca localizar feições de interesse, por exemplo, os terraços, rios
subdimensionados com relação aos seus vales, colos, rupturas nas vertentes, etc. A partir
disso é feito direcionamento dos trabalhos de campo, para reconhecimento da área, a
análise dos elementos geomorfológicos, e identificação de terraços para coleta de
sedimentos fluviais para descrição conforme proposto por Zaprowski et al. (2002), Suguio
(1973) e Pereira et al. (2005).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os cursos d’água da bacia foram primeiramente hierarquizados, e depois foram


selecionados cinco rios principais da bacia do Rio Claro, para análise dos perfis e cálculo
de índices. Foi reconhecido o padrão anômalo do tipo “barbed” nessa sub-bacia, pela
ocorrência de diversas inflexões. Em seguida foram obtidos produtos cartográficos
através de geoprocessamento e cálculo de índices. A carta de hipsometria revelou uma
variação, entre pontos acima de 1100m e outros de 650m, e a carta clinográfica indicou
declividade elevada em boa parte da bacia, e mostrou as larguras das planícies fluviais.
Nessa etapa, teve destaque a configuração “cotovelo, vale seco e rio subdimensionado
em relação ao vale”, servindo como um indício de um rearranjo de parte da drenagem do
Rio Jundiaí, adjacente ao Rio Claro. As cartas de orientação de vertentes foi utilizada para
reconhecimento de lineamentos, que indicaram um certo controle estrutural sobre a
drenagem; os lineamentos estão principalmente no sentido NE e NW, podendo
representar falhas, zonas de cisalhamento e fraturas. Foram elaborados perfis
longitudinais onde identificou-se rupturas, ou “knickpoints”, semelhante aos resultados do
índice SL ou RDE que quantifica e localiza essas anomalias no perfil. Dos resultados
obtidos pelo índice IC, todos foram positivos, portanto os rios apresentam perfil
longitudinal ligeiramente côncavo. Os índices mais altos de Vf se mostraram próximos à
desembocadura dos rios, onde estes parecem estar mais incisos. Todos esses dados
podem ser relacionados com eventos de incisão fluvial causados por rearranjos, que
culminam na formação de terraços. Na fotointerpretação, foram buscadas feições como
terraços; essa etapa ajudou a guiar os trabalhos de campo, que serviram para
visualização da área, principalmente do cotovelo da drenagem, e obtenção de amostras
de sedimentos fluviais para futuras análise dos materiais em laboratório.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram obtidas algumas evidências da ocorrência de um rearranjo no Rio Claro,


afluente do Rio Itatinga. A partir da carta hipsométrica e do mapeamento de feições por
fotointerpretação, ficou evidente a existência de um vale seco acima do cotovelo. Na
sequência, está o vale de um dos afluentes do Rio Tietê, nomeado de Rio Jundiaí, que,
visualizado em campo, tem uma drenagem pouco expressiva comparada com o vale
alargado, podendo ser considerado um rio “misfit”, que parece ter perdido parte da sua
drenagem a partir de um rearranjo. Seria ele então o rio “pirateado”. Os índices mostram
descontinuidades nos perfis e indícios de eventos de incisão fluvial que podem estar
associados a processos de rearranjos.

REFERÊNCIAS

BISHOP, P. Drainage rearrangement by river capture, beheading and diversion. Progress


in Physical Geography, v. 19, p. 449-473, 1995
SMALL, R. J. The Study of Landforms: a Textbook of Geomorphology. Cambridge:
Cambridge, University Press, 1972.
SAVIGEAR R. A. G. A techinique of morphological mapping. 1965.
SANTOS, A.H.B. Condicionantes estruturais da drenagem e do relevo na cratera de
Colônia e entorno, São Paulo – SP, 2013
OLIVEIRA, D. Captura do Alto Rio Guaratuba: Uma proposta metodológica para o estudo
da evolução do relevo da Serra do Mar Boracéia- SP. 2003.
TWIDALE, C. R. River patterns and their meaning. Earth-Science Reviews, v. 67, p. 159–
218, 2004.
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ESTUDO COMPARATIVO DE FEIÇÕES ANELARES CONCÊNTRICAS NAS
CRATERAS DE IMPACTO: 1

ARAGÃO, Gustavo Sousa2


SANTOS, André Henrique Bezerra dos

RESUMO

Esta pesquisa visa fornecer elementos que possibilitem a compreensão do papel


dos impactos de asteroides na evolução do relevo e na distribuição da rede de drenagem,
e para tecer as análises, debruçar-se-á sobre as crateras brasileiras confirmadas, sendo
elas: Araguainha, Vista Alegre, Vargeão, Cerro do Jarau, Serra da Cangalha, Riachão e
Santa Marta, buscando destacar possíveis padrões em sua formação e aspecto, e a
relação entre elas. A análise compreende aspectos das feições presentes nas crateras e
em seu entorno, a forma como a distribuição das drenagens se comporta, seus padrões
em relação à estrutura de impacto. Para explicar as feições presentes, utiliza-se a Teoria
da Craterização, e busca destacar elementos formados neste processo, sendo eles, uma
herança para os processos geomorfológicos posteriores, impactando diretamente nas
feições presentes hoje. No desenvolvimento da pesquisa são utilizadas ferramentas de
geoprocessamento, no caso, o programa Quantum Gis, modelos digitais de elevação
(MDE), e cartas topográficas.

Palavras-chave: Crateras de Impacto – Padrão de Drenagem – Rearranjo de drenagem.

INTRODUÇÃO

Todos os dias diversos meteoritos entram em contato com a nossa atmosfera,


porém, poucos são os objetos que sobrevivem. Esses poucos “sobreviventes” possuem
dimensões significativas para entrar em contato com o solo. A dificuldade de se encontrar
fragmentos ligados à formação das crateras é enorme na Terra. A energia gerada no
próprio impacto é intensa, parte da rocha alvo e do projétil é evaporada instantaneamente.
Essas estruturas foram formadas a milhões de anos, portanto, a erosão acaba apagando
seus vestígios mais visíveis (FRENCH, 1998). Outra dificuldade é a pequena ocorrência
dos impactos de grandes asteroides, poucos são os corpos que “sobrevivem” ao atrito
com a atmosfera, desses poucos, somente uma pequena quantidade se mantém intacta
até a colisão com o solo (FRENCH, 1998). Diversas estruturas de impacto foram sendo
descobertas ao longo dos últimos 50 anos, como a cratera de Chicxulub, localizada no
México, que possui mais de 180 km de diâmetro. Esta cratera teria sido fruto de um
impacto ocorrido entre o Cretáceo e o Terciário, conforme proposto por Hildebrand et al
(1991) e estaria vinculada a grande extinção dos dinossauros. Ao todo, mais de 150
crateras foram identificadas no mundo todo neste período (FRENCH, 1998). No Brasil

1 Projeto de Iniciação Cien fica


2
Aluno do curso de Licenciatura em Geografia; IFSP; São Paulo; SP; aragaogust@gmail.com; ARAGÃO,
Gustavo Sousa;
Professor do Departamento de Humanidades; IFSP; São Paulo; SP; andrehbsantos@gmail.com; SANTOS,
André Henrique Bezerra dos.
Página 1 de 3
temos 7 crateras confirmadas conforme Crosta (2018): Araguainha (MT e GO), Vargeão
(SC), Vista Alegre (PR), Cerro do Jarau (RS), Serra da Cangalha (TO), Riachão (MA) e
Santa Marta (PI).
As crateras de impacto são geradas a partir da colisão de asteroides ou cometas
grandes o suficiente para resistir ao contato com a atmosfera, se mantendo praticamente
intactos e com pouca alteração na sua velocidade até o contato com o solo. Segundo
French (1998), o processo de formação da cratera é dividido em três estágios: Contato,
escavação e modificação.

OBJETIVOS

Está pesquisa visa fornecer elementos que auxiliem na compreensão do papel


dos impactos meteoríticos na evolução do relevo, utilizando-se das sete crateras até
então confirmadas em território brasileiro, sendo elas: Araguainha, Vargeão, Vista Alegre,
Cerro do Jarau, Serra da Cangalha, Riachão e Santa Marta. O objetivo da pesquisa é
identificar se nas estruturas de impacto brasileiras existe um padrão em suas drenagens,
e para tal, será analisada a morfologia do relevo e das drenagens presentes em cada
uma.
METODOLOGIA

O método adotado utilizou-se de ferramentas de geoprocessamento para delimitar


e analisar a morfologia do relevo e das drenagens presentes, juntamente com o auxílio
das cartas topográficas de escala 1:50.000 de cada região. O procedimento foi feito com
auxílio do programa Quantum Gis para trabalhar os dados SRTM e a sua extensão
TAUDEM para a delimitação das drenagens. Para melhor observar feições anelares nas
crateras, foram utilizados mapas clinográficos, que possibilitam a visualização das
declividades presentes. Adotou-se o método proposto por Howard (1967) para
estabelecer assim os padrões de drenagem das sete crateras trabalhadas. O método
consiste na análise dos ângulos de junção entre os canais fluviais e na ocorrência de
orientações preferenciais das linhas de drenagem para estabelecer os padrões. Na etapa
posterior, analisaram-se os diâmetros das áreas que apresentam padrão de drenagem
anelar em cada cratera. Os valores foram comparados com os diâmetros da respectiva
cratera de impacto, buscando verificar se existe uma correlação entre as variáveis. Ainda
no entorno da cratera, buscaram-se indícios de canais fluviais com evidências de captura
ou desvio fluvial, que possam por sua vez, indicar alterações na drenagem após o
impacto. A morfologia será analisada com base nas cartas hipsométricas, clinográficas,
de orientação de vertentes e os lineamentos. Este último, importante para verificar
influências de estrutura derivadas dos impactos no entorno da cratera.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O desenvolvimento do projeto partiu inicialmente de um levantamento teórico, no


qual foram selecionados textos base para compreender a formação das crateras, a
diferença entre os tipos de cratera existentes e as etapas de desenvolvimento das
mesmas, para tal, o trabalho de French (1998) foi de grande relevância. Nesta atividade
também foi analisado o texto de Crosta (2018), que pontua as crateras confirmadas ate
então em território brasileiro e tece analises mais detalhadas de cada uma delas,
explicitando o tipo de rocha presente, profundidade e circunferência.

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O segundo passo baseou-se na busca de dados e a criação dos mapas base.
Nesta etapa, buscaram-se imagens de satélite do banco de dados TOPODATA para
alimentar o sistema do programa QGIS. Os dados trabalhados compreendem a área da
estrutura de impacto e a área ao redor de uma a duas vezes a circunferência da cratera.
As imagens do TOPODATA são separadas por quadrantes, o que demandou uma junção
das mesmas para abarcar a área a ser trabalhada para cada cratera. Foi feito o
tratamento das imagens para a projeção plana e posteriormente, utilizando a ferramenta
TAUDEM no programa, gerou-se os mapas hipsométricos e de drenagens das sete
crateras confirmadas em território brasileiro. Os mapas hipsométricos permitem que
sejam visualizadas as diferenças de elevação do terreno com base em cores.
O terceiro passo consistiu na construção dos mapas de lineamentos presentes
nas drenagens, foram identificados primeiramente os lineamentos gerais de toda a área
ao entorno das crateras e posteriormente foram priorizados os lineamentos concêntricos e
radiais da estrutura de impacto, a fim de identificar possíveis interferências do impacto do
projétil pelos entornos e/ou a formação de múltiplos anéis de impacto. As analises
revelaram a presença de anéis concêntricos nas estruturas de Araguainha, Vargeão,
Cerro do Jarau, Serra da Cangalha e Riachão. Esses anéis variam de extensão, mas em
média se expandem a aproximadamente duas vezes o diâmetro da estrutura. O mesmo
formato não foi identificado em Vista Alegre e Santa Marta. Os padrões de drenagem
seguiram a análise anterior, demonstrando um formato anelar e radial nas formações que
foram identificadas a presença de anéis concêntricos. Já as estruturas que não possuem
essa mesma característica, tivemos a presença de padrões mais dendríticos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O trabalho teve como objetivo identificar feições que demonstrassem a


interferência das estruturas de impacto. Os padrões de drenagem identificados são
diretamente influenciados pela formação das crateras, que possuem padrão radial nas
estruturas de Riachão e Cerro do Jarau, ambos identificados fora da borda central, ou
padrão anelar nas estruturas de Araguainha, Serra da Cangalha e Vargeão, se
expandindo do centro da estrutura para fora. Esse tipo de estrutura possibilita a
modificação de toda a estrutura de drenagem presente anteriormente, e, portanto, é
bastante importante que passos seguintes sejam adotados para identificar os possíveis
rearranjos presentes nas regiões de impacto de asteroides.

REFERÊNCIAS

CROSTA, A. P.; REIMOLD, W. U.; VASCONCELOS, M. A . R.; HAUSER, N.; OLIVEIRA,


G. J. G.; MAZIVIERO, M. V.; GÓES, A. M. Impact cratering: The South American
record – Part 1. Chemie der Erde. 10.1016/j.chemer.2018.06.001.
FRENCH, B, M. Traces of Catastrophe: a handbook of shock-metamorphic effects in
terrestrial meteorite impact strutuctures. Houston: Lunar and Planetary Institute, 1998.
TWIDALE, C. R. Rivers patterns and their meaning. Earth-Science Reviews, v. 67, p.
159-218, 2004.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

O FUNDO DO MAPA: O ENSINO DE CARTOGRAFIA NO CURRÍCULO PAULISTA DA


GESTÃO DÓRIA1

AVERSAN, Debora2
MARTINS, Isabel²

RESUMO

Com a proposta de reformulação da educação em 2017, por meio da criação da


Base Nacional Comum Curricular (BNCC), tivemos a elaboração de um novo Currículo
Paulista que foi vigorado em 2020 em todo o estado de São Paulo. Essa pesquisa procura
analisar especificamente o Currículo Paulista de Geografia em especial o conteúdo de
cartografia nos Anos Finais do Ensino Fundamental. O objetivo principal do nosso estudo
é averiguar se as mudanças ocorridas nos conteúdos de cartografia do Currículo Paulista
de Geografia (2020) Anos Finais, contemplam a cartografia escolar crítica. Para tanto
elaboramos uma tabela com os conteúdos referentes a cartografia no Currículo Paulista
de Geografia (2020), realizamos uma pesquisa bibliografia de autores que trabalham
principalmente com a cartografia escolar e por meio destes, fizemos o tratamento e
análise dos dados. Como resultado dessa análise, obtivemos que o conteúdo de
cartografia previsto no Currículo Paulista de Geografia (2020) contempla parcialmente os
objetivos da cartografia escolar crítica e que o principal responsável para que esses
objetivos sejam alcançados é o Professor. O currículo Paulista (2020) deve andar em
paralelo a formação do docente, para que haja um ensino-aprendizagem crítico.

Palavras-chave: Ensino de geografia, Cartografia escolar, Mapa temático e Currículo de


geografia.

INTRODUÇÃO

Essa pesquisa tem como objeto de estudo a cartografia escolar e o seu ensino, no
contexto do Currículo Paulista de Geografia vigorado no ano de 2020 e os materiais
elaborados para a disciplina geográfica, do Ensino Fundamental Anos Finais. Para a
realização dessa análise foram utilizados como referência, autores que discutem sobre o
ensino de cartografia e que embasam a nossa hipótese de que as mudanças ocorridas no
Currículo Paulista de Geografia, especialmente na cartografia do Anos finais do Ensino
Fundamental, pouco ou nada contemplam as propostas da cartografia escolar critica.

1 O presente trabalho é resultado de pesquisa de iniciação científica que realizamos ao longo do ano de
2020 por meio do Programa Institucional de Iniciação Científica do IFSP (PIBIFSP).
2AVERSAN, Debora Regina. Mestre em Geografia Humana, professora do curso de Licenciatura em
Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo; IFSP; São Paulo, SP. E-
mail: debora_aversan@hotmail.com
² MARTINS, Isabel Manzano. Graduanda em Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo; IFSP; São Paulo, SP. E-mail: bel.manzano.martins@gmail.com
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OBJETIVOS

O Objetivo geral da pesquisa tem como perspectiva analisar o Currículo Paulista de


Geografia (2020) e os materiais elaborados para a disciplina, em especial os conteúdos
de cartografia para o Ensino Fundamental Anos Finais. Objetivos específicos são:
identificar as mudanças sofridas na disciplina de Geografia a partir da publicação do
Currículo Paulista; levantar dados que permitam investigar e/ou evidenciar as mudanças
que ocorreram no conteúdo de cartografia; e analisar criticamente quais as possíveis
implicações dessa mudança no ensino da cartografia escolar.

METODOLOGIA

A nossa metodologia de pesquisa pautou-se em três etapas: primeiro, fizemos a


pesquisa bibliográfica de autores que trabalham com a cartografia escolar e o ensino de
cartografia, sobretudo os Anos Finais do Ensino Fundamental; em seguida fizemos uma
análise do Currículo Paulista de Geografia Anos Finais do Ensino Fundamental e
realizamos o levantamento de dados referentes ao conteúdo de cartografia; por fim
fizemos o tratamento e análise dos dados coletados, por meio dos autores pesquisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como primeira etapa de análise construímos uma tabela de comparação entre as


habilidades do Currículo Paulista de Geografia e da Base Nacional Comum Curricular,
ambos nas unidades temáticas referentes a cartografia, dos Anos Finais do Ensino
Fundamental. Depois das habilidades serem estruturadas na tabela, realizamos uma
análise teórica detalhada, por meio dos autores levantados. Por fim trouxemos por meio
do estudo “O ensino de cartografia que não está no currículo: olhares cartográficos,
“carto-fatos” e “cultura cartográfica” do autor Jörn Seemann (2011), propostas de
habilidades que não conseguimos identificar no Currículo Paulista de Geografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Essa pesquisa nos possibilitou compreender que a orientação curricular


apresentada no Currículo Paulista (2020), traz uma perspectiva crítica, no campo da
geografia. Porém ao analisarmos o seu conteúdo, verificamos certa contradição entre a
orientação e o que é proposto para o cotidiano escolar. Isso quer dizer que o conteúdo
cartográfico em sua maioria não possui um aprofundamento e direcionamento reflexivo,
contribuindo negativamente para o ensino da cartografia escolar, pois muitas vezes os
mapas aparecem como mera ilustração de conteúdos. O levantamento teórico do
Currículo Paulista de Geografia (2020) se apoia principalmente na formação docente, o
professor que irá chegar nos resultados propostos, sem levar em conta se esse
profissional possui uma formação que irá abranger essas habilidades e proporcionar um
ensino crítico.

REFERÊNCIAS
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BRASIL. Base Nacional Comum Curricular De Geografia Do Ensino Fundamental
Anos Finais. Disponível em: <
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
> Acesso em: 17 de Setembro 2020.
CASTELLAR, Sonia Maria Vanzella. Currículo, Educação Geografia e Formação
Docente: Desafios e Perspectivas. Rio de Janeiro: Revista Tamoios, 2006. Disponível
em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/tamoios/article/view/611/643> Acesso
em: 07 Dezembro 2019.
ESTADO DE SÃO PAULO. Currículo Paulista. Secretaria da Educação do Estado de
São Paulo. Disponível em: <https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/ > Acesso
em: 17 Setembro de 2020.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia Escolar Crítica. Rio de Janeiro:
Universidade Federal Fluminense, 2007. Disponível em: <
http://bocc.ubi.pt/pag/francischett-mafalda-cartografia-escolar-critica.pdf> Acesso em: 09
Dezembro 2019.
HOLZER, Werther, A geografia de Eric Dardel. IN: CÔRREA, Roberto Lobato. Matriz da
geografia cultural - Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001.
MOREIRA, Ruy. “O pensamento geográfico brasileiro: As matrizes da renovação”. São
Paulo: Editora Contexto, 2009.
SEEMANN, Jörn. O ensino de Cartografia que não está no currículo: olhares
cartográficos, “carto-fatos” e “cultura cartográfica”. IN: Ensino de geografia: novos
olhares e práticas. / Flaviana Gasparotti Nunes (Organizadora). – Dourados, MS: UFGD,
2011. Disponível em:
<http://biblioteca.clacso.edu.ar/Brasil/fch-ufgd/20170914051835/pdf_56.pdf#page=38>
Acesso em: 07 Dezembro 2019.
SIMIELLI, Maria Helena. A cartografia no ensino fundamental e Médio. IN: A geografia
na sala de aula, CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.), p. 92-109. São Paulo: Editora
Contexto, 1999. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3469140/mod_resource/content/1/SIMIELLI%2C
%20Maria%20Elena%20Ramos.%20Cartografia%20no%20ensino%20fundamental%20e
%20m%C3%A9dio.pdf> Acesso em: 23 Outubro 2019
ZUCHERATO, B.; DE FREITAS, M. I. C. Considerações sobre algumas técnicas de
elaboração de mapas em Anamorfoses: Análise sobre a utilização desse tipo de
representação no material didático do Estado de São Paulo. São Paulo: Revista Brasileira
de Cartografia, v. 66, n. 4, 4 set. 2014. Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/revistabrasileiracartografia/article/view/44681> Acesso
em: 24 Julho 2020.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

CORRELAÇÃO EM ARTIGOS DE OPINIÃO: PROPOSTA DIDÁTICA1

RODRIGUES, Pedro de Oliveira2


DEFENDI, Cristina Lopomo

RESUMO

Este trabalho visa apresentar parte de uma pesquisa de natureza quantitativa e


qualitativa que levantou, analisou e categorizou em 40 artigos de opinião publicados na
Folha de São Paulo, entre dezembro de 2019 e abril de 2020, as ocorrências do
fenômeno sintático “correlação”. A fundamentação teórica é na esteira da linguística
funcionalista norte-americana, tomando-se como base os trabalhos de Módolo (2004,
2005, 2016), Rodrigues (2007), Rodrigues & Rosário (2017) e, da semântica
argumentativa, o trabalho de Pauliukonis (2001). Neste recorte, o objetivo foi o de
ressaltar a função e força argumentativa da correlação a partir da elaboração de
exercícios que permitem a alunos do Ensino Médio compreenderem e apropriarem-se do
fenômeno em sua produção textual. Como resultados, obteve-se a produção de um
conjunto de exercícios encadeados voltados à análise de 3 textos retirados do corpus,
focando na construção argumentativa desses textos e em como a correlação contribui
para ela. A conclusão obtida é que a correlação, como fenômeno que relaciona elementos
linguísticos em termos de mútua dependência sob vário matiz lógico-semântico, cumpre
importante papel na argumentatividade dos textos ao estabelecer gradação e ênfase
nesses elementos e essa estratégia deve ser efetivamente trabalhada na produção textual

Palavras-chave: Funcionalismo; Correlação; Argumentação.

INTRODUÇÃO

A correlação, conforme Módolo (2004, 2005, 2016) e Rodrigues (2007), é um


fenômeno sintático-textual que se realiza por pares de elementos conectivos que
relacionam porções linguísticas criando, entre elas, uma relação de interdependência que
leva a uma ênfase, em geral, do segundo termo introduzido. A correlação é um recurso
especialmente frequente em textos apologéticos, opinativos, em que se visa convencer a
um outro sobre determinado ponto de vista.

1 Resultado parcial da Iniciação Científica “O fenômeno da correlação sintática e sua aplicação na


produção textual”, com bolsa do PIBIFSP 2020, orientada pela Prof.a Dr.a Cristina Lopomo Defendi.
2 Licenciando em Letras; IFSP: Câmpus São Paulo; São Paulo; SP; rodrigues.pedrodeoliveira@gmail.com;
RODRIGUES, Pedro de Oliveira; Doutora em Filologia e Língua Portuguesa FFLCH/USP; IFSP: Câmpus
São Paulo; São Paulo; SP; crislopomo@ifsp.edu.br; DEFENDI, Cristina Lopomo.
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Entretanto, determinando a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) como
processos sintáticos apenas a coordenação e a subordinação, a correlação foi, muitas
vezes, não incluída nos programas de ensino de Português (RODRIGUES, 2007). Nesse
contexto é que se insere a presente pesquisa, acrescentando à discussão da correlação e
elaborando possíveis ferramentas que contribuam à sua apropriação, pelo estudante de
Ensino Médio, no contexto da produção textual argumentativa.

OBJETIVOS

O objetivo da pesquisa é investigar e analisar a correlação em seu papel na


estruturação de períodos e parágrafos e, consequentemente, na estruturação de textos,
considerando a atuação dos pares correlativos como operadores argumentativos
(PAULIUKONIS, 2001). Neste recorte, especificamente, almeja-se elaborar exercícios de
cunho didático, voltados ao Ensino Médio, que insiram a correlação como um mecanismo
sintático-textual com potencial argumentativo a ser usado na elaboração de textos.

METODOLOGIA

Para a elaboração das questões, selecionaram-se três textos que foram:


analisados individualmente, levando em conta a autoria, o estilo, o contexto histórico, o
meio de veiculação e sua organização discursiva-argumentativa; organizados
decrescentemente em sua prototipia quanto ao gênero trabalhado. Sendo constatadas as
características do texto, as questões foram desenvolvidas considerando um percurso de
análise do nível macrotextual ao microtextual-sintático, iniciando, portanto, no exame da
tese principal, das informações usadas em sua contextualização e dos argumentos
mobilizados, chegando ao levantamento e distinção dos operadores argumentativos, entre
eles os pares correlativos, à análise dos sentidos produzidos por esses e à comparação
entre os pares correlativos e os conectivos coordenativos e subordinativos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com Módolo (2005) e Pauliukonis (2001), os pares correlativos são úteis
à criação de Polifonia, nos termos da semântica argumentativa, em que o enunciador
apresenta, na primeira parte, frequentemente, argumentos propostos por vozes outras
que não a dele, enquanto apresenta, na segunda parte, a voz própria, dando ênfase a
esta. A aplicação de princípios funcionalistas, como a Iconicidade (RODRIGUES;
ROSÁRIO, 2017), possibilita notar que esta ordenação não é gratuita, refletindo o que é
mais importante para o enunciador e, também, o que ele considera novo na interação
mediada pelo texto. Entre as questões elaboradas, pede-se ao aluno, p. ex., justificar se
os pares correlativos aditivos contêm em si uma negação da expectativa do leitor e
comentar trechos em que ficam mais evidentes, com a correlação, as vozes de terceiros
nos textos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O aluno, cumprindo as questões propostas, deverá ser capaz de, ao terminá-las,


reconhecer como se estruturam e como se caracterizam os pares correlativos, bem como
as suas nuances de sentido em relação a outros conectivos similares e seu especial valor
à argumentação e, se for o caso, empregá-los, com propriedade, em sua própria
produção textual. A correlação deve ser pautada no Ensino Médio pelo fato de que é
processo sintático-textual propriamente argumentativo, assim sendo importante para que
o aluno aprimore sua capacidade de convencimento e persuasão nos usos que faz da
língua.

REFERÊNCIAS

MÓDOLO, M. A gramaticalização das conjunções correlativas no português. 2004.


Tese (Doutorado em Letras) — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

MÓDOLO, M. A estrutura correlativa aditiva 'não só...mas também' de uma perspectiva


multissistêmica. Estudos linguísticos, v. 34, p. 171-176, 2005. Disponível em:
http://www.gel.hospedagemdesites.ws/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-
estudos-2005/4publica-estudos-2005-sumario.htm. Acesso em: 19 out. 2020.

MÓDOLO, M. As construções correlatas. In: NEVES, M. H. M. (org.). A construção das


orações complexas. São Paulo: Contexto, 2016. p. 191-203.

PAULIUKONIS, M. A. L. A estrutura correlativa como operador discursivo na articulação


de cláusulas. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 5, n. 9, p. 119-125, 2001. Disponível em: http://
periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/11729. Acesso em: 19 out. 2020.

RODRIGUES, V. V.. Correlação. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. F. (org.). Ensino de


gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007. p. 225-235.

RODRIGUES, V. V.; ROSÁRIO, I. C. Correlação na perspectiva funcionalista. In:


RODRIGUES, V. V. (org.). Articulação de orações: pesquisa e ensino. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2017. p. 39-57.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ASPECTOS ESTILÍSTICOS E DISCURSIVOS DO CONTO


UMA BRANCA SOMBRA PÁLIDA
FERREIRA, Beatriz Souza1
PINTO, Mayra 2

RESUMO

Este trabalho constitui parte de uma iniciação científica em fase de conclusão e


analisa, por meio de pesquisa documental, alguns aspectos estilísticos e dialógicos do
conto Uma branca sombra pálida (1995), da escritora Lygia Fagundes Telles. Como ponto
central da narrativa, está a relação de tensão entre a voz da narradora, que defende a
concepção hegemônica heteronormativa de sexualidade e as demais vozes presentes no
conto. Para analisar as relações dialógicas da narrativa, empregou-se o conceito de
polêmica velada, categoria discursiva proposta por Mikhail Bakhtin (2010, 2015) em sua
teorização acerca dos discursos bivocais, entre as distintas vozes discursivas. Parte-se do
pressuposto de que o material verbal que constitui um discurso é o cenário para o evento
da experiência social que ele retrata, na vida nasce a tensão dialógica que tornar-se-á
palavra na poesia (VOLÓCHINOV, 2013). E para a análise dos aspectos estilísticos,
parte-se das considerações teóricas de Martins (2012), especialmente no concernente à
estilística da enunciação. Procurou-se compreender de que modo os temas da vida, a
intolerância e a opressão na relação mãe e filha, estão constituídos e são tratados no
conto.

Palavras-chave: Discurso. Marginalidade. Polêmica. Relações dialógicas.

INTRODUÇÃO

Na abordagem dos pensadores do Círculo de Bakhtin, a noção de alteridade é


fundamental porque a finalidade da linguagem não pode ser outra senão a da
comunicação, e as relações entre os distintos enunciados são, para esses teóricos,
denominadas relações dialógicas, as quais são inerentes à linguagem por meio das
interações discursivas e portanto, estão presentes em quaisquer manifestações
linguísticas. Segundo Volóchinov (2013), é da palavra na vida que os escritores partem
para lançar a palavra na literatura, de modo que observar a literatura é uma forma de
conhecer a própria realidade, uma visão de mundo e até mesmo de saber como a
sociedade está estruturada.
Na obra Introdução à estilística, Martins (2012, p. 234) faz uma abordagem da
enunciação em seus aspectos afetivos e, conforme afirma a autora: “A
linguística/estilística da enunciação se interessa pelo nível de subjetividade do discurso”.
Assim, para se compreender os elementos que exprimem os níveis de subjetividade de
um dado discurso, a linguística da enunciação volta-se para as marcas que se encontram
1 Graduanda em Letras e bolsista do programa de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São Paulo. E-mail: beatrizszf@gmail.com.
2 Professora Doutora do quadro permanente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo. Coordenadora do GP/CNPq/IFSP Grupo de Estudos da Linguagem - GELIFSP. E-mail:
mayralvornozz@gmail.com.
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no enunciado, como o contexto, os participantes do discurso e outros elementos mais
(MARTINS, 2012).
Em Aspectos do conto (1993), Cortázar (1993, p. 150) afirma que um conto é “uma
síntese viva ao mesmo tempo que uma vida sintetizada, algo assim como um tremor de
água dentro de um cristal, uma fugacidade numa permanência.”, para dizer que como um
autor dispõe de curto espaço para atingir seu fim estético, é necessário que ele
aprofunde-se no pequeno recorte o qual optou por descortinar, uma vez que ele dispõe de
breve espaço para seu propósito. Mas para o crítico argentino, a questão que torna um
conto exitoso, marcante, não é o tema, mas sim o tema e a técnica, o estilo, sobre o todo
do conto. Nessa perspectiva, para Cortázar (1993, p. 156), em primeiro plano está o autor
com seus valores estéticos e a seguir vem “o tratamento literário do tema, a forma pela
qual o contista, em face do tema, o ataca e situa verbal e estilisticamente, estrutura-o em
forma de conto, projetando-o em último termo em direção a algo que excede o próprio
conto”.
Considerando as proposições de Volóchinov e de Cortázar acerca da palavra na
literatura e da forma conto, respectivamente, e as ideias de Martins acerca da estilística
da enunciação, pensando na história da sociedade brasileira, que possui um acentuado
histórico de desigualdade social, de discriminação e de exclusão dos indivíduos
subalternos em relação aos valores hegemônicos preponderantes, pode-se observar a
atemporalidade da obra de Lygia Fagundes Telles, escritora paulistana que refletiu sobre
o que apreendeu na sociedade, e que pode ser observado tanto nos contos quanto nos
romances. Por isto, far-se-á uma leitura de um conto da autora, com vistas a evidenciar a
construção estilística dessa exclusão social de mulheres marginalizadas e evidenciar as
relações dialógicas presentes na narrativa.
Para atingir tal propósito, essa pesquisa partirá da abordagem estilística de Martins
(2012), dos estudos de Volóchinov (2013) e dos estudos de Bakhtin (1988, 2010, 2015),
além da contribuição de outros autores que auxiliam no desenvolvimento de nossas
reflexões, como Cortázar (1993) e Freud (2011).

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é investigar como a discriminação de gênero está


construída estilisticamente em um conto de Lygia Fagundes Telles, ilustrando como a
forma dialoga com o conteúdo temático, elucidando também as relações dialógicas das
vozes discursivas presentes no conto, além de evidenciar que a narrativa compõe um tipo
de discurso ao qual Bakhtin (2015) denomina polêmica velada.

METODOLOGIA

Esta pesquisa está sendo desenvolvida por meio de estudo qualitativo, tendo
caráter documental. Para atingir nosso propósito, destacaremos elementos formais e
temáticos do conto em análise e aplicaremos as proposições teóricas da estilística da
enunciação de Martins e dos pensadores do Círculo de Bakhtin, acerca de relações
dialógicas e tipos de discurso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisar uma produção literária pelo viés estilístico permite observar como a
manipulação linguística pode reforçar determinados efeitos de sentido, seja por meio das
formas, ou por meio da entonação, revelando visões de mundo, preconceitos, valorações
Página 2 de 3
e sobretudo, o poder da linguagem. Já a análise dialógica conforme proposta por Bakhtin
mostra-se ferramenta profícua na leitura e compreensão do caráter das relações sociais,
das vozes discursivas, dos distintos discursos, pois, por meio dessa teoria são analisados
tanto os aspectos linguísticos quanto os aspectos de cunho social circunscritos na criação
verbal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Espera-se com este trabalho contribuir para a diversidade de discussões acerca


dos discursos na narrativa, para afinal compreender de que forma a linguagem constitui
uma visão de mundo de distintos sujeitos. Com essa abordagem, ressalta-se ainda a
importância da tipologia discursiva para realçar determinados efeitos de sentido,
acentuando as relações de tensão, de interdiscursividade, de interação entre os distintos
enunciadores na atividade da comunicação.

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes,
2010.

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de


Janeiro: Forense Universitária, 2015.

BAKHTIN, Mikhail. O problema do conteúdo, do material e da forma. In: BAKHTIN, Mikhail.


Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Tradução de Aurora Fornoni
Bernardini et al. São Paulo: Hucitec, 1988. p. 13-70.

CHEVALIER, J. ; A. GHEERBRANT A. Diccionario de los simbolos. Trad. Manuel Silvar y Arturo


Rodríguez. Barcelona: Editorial Herder, 1986.

CORTÁZAR, Júlio. Alguns aspectos do conto. In: CORTÁZAR, Júlio. Valise de cronópio.
Tradutor: Davi Arrigucci Jr. e João Alexandre Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 1993. p. 147-163

FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu. In: Obras completas Vol. 15 (1920-
1923). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras, 2011. p. 9-46.
JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Trad. Maria Lúcia Pinho. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1964.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO NA TERCEIRA VIAGEM DA OBRA VIAGENS DE


GULIIVER: UMA LEITURA PESSIMISTA DA NATUREZA HUMANA.

SOUTO, Carla Cristina Fernandes1


PACHECO, Juliana Naseh²

RESUMO

A presente pesquisa bibliográfica analisa a construção dos espaços na narrativa da


terceira viagem da obra Viagens de Gulliver (2010), a fim de investigar as construções de
sentidos que a abordagem do espaço literário dispõe na narrativa. Sob o viés da Teoria da
Literatura, o método de pesquisa consiste na relação entre a estrutura e a construção do
texto com a instância narrativa, a linguagem e a sociedade na qual a obra nasce. Os
resultados do trabalho confluem para a conclusão de que os espaços referentes à terceira
parte de Viagens de Gulliver representam, mais do que meras paisagens e ambientações,
uma leitura pessimista sobre a natureza humana.

Palavras-chave: Espaço literário, natureza humana, metaforização espacial.

INTRODUÇÃO

O enredo da obra Viagens de Gulliver (2010) se popularizou por meio de


adaptações para o público juvenil, para a televisão e para o cinema, tornando-se parte do
imaginário ocidental. No entanto, a terceira e a quarta viagens do livro não são tão
conhecidas do grande público, bem como a tradução integral do texto. Com o intuito de
ampliar as pesquisas a respeito da construção do espaço literário, o objetivo da pesquisa é
analisar a sua construção na terceira viagem de Gulliver.
Para empreender semelhante tarefa, o recorte escolhido foi a terceira viagem da
personagem Gulliver, que passa por Laputa, a ilha voadora; Balnibari e sua metrópole,
Lagado; Maldonada; Glubbdubdrib, onde podiam ser evocados os mortos de todos os
tempos; Luggnagg, em que ele conhece os imortais Struldbruggs; e finalmente o Japão, de
onde parte para a Inglaterra, parando antes na Holanda. A obra é narrada em primeira
pessoa, do ponto de vista da personagem protagonista Gulliver, cujo corpo cresce e

1 Professora Doutora; Membro do grupo de pesquisa GPLEC IFSP; São Paulo; São Paulo;
carla.souto@ifsp.edu.br; SOUTO, Carla Cristina Fernandes.
2 Estudante do curso de Licenciatura em Letras; Membro do grupo de pesquisa GPLEC IFSP; São Paulo;
São Paulo; julinanaseh@gmail.com; PACHECO, Juliana Naseh.

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encolhe, sobe e desce, sujeitando-se a tempestades marítimas e a desmandos das
realezas locais, o que favorece a ideia de espaço como focalização.
Ademais, este projeto analisa o elemento espaço da terceira parte de Viagens de
Gulliver (2010) não somente como mais um componente da narrativa, mas sim como uma
ferramenta semântica que, dentre suas possíveis significações, representa a realidade, que
neste caso é a realidade da natureza humana. Por meio da ficção, que aqui se faz pelos
elementos espaciais, é como se a viagem empreendida pelo protagonista fosse de fato uma
travessia bastante acidentada e desafiadora pela natureza humana e pela sua organização
em grupos sociais.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Analisar a construção dos espaços na narrativa da terceira viagem da obra Viagens


de Gulliver (2010), sob o viés da Teoria da Literatura, com ênfase na construção do espaço
como representação social.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Estudar o elemento espaço na terceira viagem da obra Viagens de Gulliver (2010)


e sua construção de sentidos;
 Trabalhar a fundamentação teórica da questão do espaço no gênero narrativo;
 Problematizar a questão do espaço literário e seu suporte teórico em relação ao
ensino e aprendizagem de Literatura;
 Discutir o papel da literatura e das obras canônicas na sociedade em que nasceram
e na sociedade contemporânea;
 Discutir a construção de estereótipos de gênero;
 Aprofundar a construção de metodologias para a abordagem das Teorias da
Literatura na sala de aula;
 Divulgar a pesquisa feita através de artigo ou de apresentação em evento científico.

METODOLOGIA

O método de pesquisa investiga a construção do espaço literário na obra Viagens


de Gulliver (2010) sob o viés da Teoria da Literatura, relacionando a estrutura e a
construção do texto com a instância narrativa, a linguagem e a sociedade na qual a obra
nasce.
A estratégia metodológica consiste na leitura do material sugerido na
fundamentação teórica; na apresentação de fichamentos; na discussão com o professor
orientador a respeito de cada etapa do projeto; na revisão e refacção da produção escrita
do aluno.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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São utilizados os conceitos de espaço literário desenvolvidos por Luís Alberto
Brandão na obra Teorias do espaço literário (2013), que mostram quatro modelos de
abordagem do espaço na literatura: representação, linguagem, focalização e estruturação
do texto, sob o viés da Teoria Literária. A ênfase da análise é a representação do espaço
conforme as teorias de Carlos Reis e Ana Cristina Lopes (1988), abordando o estudo da
espacialidade ficcional como meio de representação da atmosfera humana, social,
psicológica e ideológica, e considerando a construção desta como um processo de
investidura sociológica, uma vez que é desencadeado do contexto social e, portanto,
ideológico, em que a obra foi produzida. Também será considerada a abordagem de Michel
Foucault (1999), que ressalta a importância das metáforas espaciais para o entendimento
da linguagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Os resultados do trabalho confluem para a conclusão de que os espaços referentes


à terceira parte de Viagens de Gulliver (2010) representam, mais do que meras paisagens
e ambientações, uma leitura pessimista sobre a natureza humana.
A análise do espaço do primeiro destino de Gulliver, Laputa, elucida questões que
podem ser consideradas como metáforas críticas à alienação humana, uma vez que a
alienação dos laputianos é o resultado de uma obsessão que, ao contrário de produzir a
excelência, produz a incompetência. Já o estudo espacial do continente de Balnibarbi
inferem críticas à ciência e à política da sociedade humana, enquanto que no espaço social
de Glubbdubdrib revelam-se elogios às políticas antigas. Por fim, os aspectos espaciais do
reino de Luggnagg indicam pessimismo em relação a raça humana, pois critica a
insatisfação perpétua da humanidade diante de seu desejo mais universal: a vida eterna.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Luis Alberto. Teorias do espaço literário. São Paulo: Perspectiva, 2013.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado. 13.ed. Rio de Janeiro:
Graal, 1998.
REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina Macário. Dicionário de teoria da narrativa. São Paulo:
Ática, 1988.
SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver. Organização, introdução e notas Robert DeMaria
Jr.; Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras,
2010.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

“O DIÁRIO DE NISHA”: MEMÓRIA E IDENTIDADE SOB A PERSPECTIVA DA


INTERCULTURALIDADE.1

COSTA, Viviane da Silva2


LIMA, Kelly Mendes3

RESUMO
Partindo dos conceitos de Memórias Literárias, Identidade Cultural e Interculturalidade na
Educação, este trabalho apresenta resultados parciais de projeto de pesquisa bibliográfica
(âmbito do PIBIFSP/2020) cuja proposta é realizar uma análise da obra de Veera
Hiranandani: O Diário de Nisha, publicada originalmente nos EUA, em 2018.
Pretendemos explorar seus recursos formais (expediente mais do que necessário, já que
se trata de um livro assaz peculiar: um diário publicado como romance em formato de
cartas da garota Nisha à sua mãe, já morta), refletir sobre os procedimentos de
construção da personagem/narradora, investigar as questões identitárias relevantes (com
o pano de fundo da guerra indo-paquistanesa de 1947, experienciada pela família da
autora e base para a criação ficcional de seu texto) e pensar propostas de aplicação das
discussões levantadas para o contexto de sala de aula, recorrendo a críticos de
orientação sociológica e propondo uma leitura interdisciplinar, em busca de conexões
histórico-sociais na análise estética. O trabalho mostra-se relevante, pois, além de
desenvolver análise de questões da teoria literária, prepara o futuro docente de Língua
Portuguesa a pensar ações de interculturalidade na prática educacional, por meio da
literatura infantojuvenil.
Palavras-chave: Memórias literárias, Identidade Cultural, Interculturalidade.

INTRODUÇÃO

O diário de Nisha (2019), da escritora estadunidense Veera Hiranandani, é um


romance de literatura infanto-juvenil peculiar. Possui uma estrutura não convencional: é
um diário fictício escrito por uma menina de doze anos no formato de cartas destinadas à
mãe, já falecida. Como contexto e condutor dos acontecimentos, há a guerra indo-
paquistanesa (1947), e o leitor acompanha a jovem e seus familiares diretamente
afetados por ela. Merece destaque ainda que a família da autora do livro viveu situações
semelhantes às contadas ficcionalmente no livro.
Trata-se, assim, de obra rica em possibilidades de análise, como a que
pretendemos expor. Selecionamos as questões de memória e identidade e, por ser um
texto literário, aspectos relevantes de sua estrutura: os diferentes gêneros escolhidos para
sua composição (romance, diário e carta), a elaboração da personagem principal e o foco
narrativo.
Nosso principal objetivo é, então, operar uma análise literária a partir da
interculturalidade. Como possiblidade de aplicação desse estudo, intencionamos refletir
sobre sua viabilidade para o trabalho em sala de aula como contributo para uma
educação intercultural.
Para tanto, selecionamos conceitos e textos fundamentais, como o exposto abaixo.
1 Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica – PIBIFSP/2020, vinculado ao grupo de estudos GPLEC.
2 Licencianda em Letras; IFSP; São Paulo; São Paulo; viviaanecosta95@gmail.com; Costa, Viviane da
Silva.
3 Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa Letras/USP; IFSP; São Paulo; São
Paulo; kellyml333@gmail.com; Lima, Kelly Mendes.
No campo literário, para entender melhor ‘memórias literárias’, foi necessária a
obra Mutações da Literatura no Século XXI, de L. Perrone-Moisés (2016), e, para
abarcar os saberes da escrita memorialística, o livro Becos da Memória, de C. Evaristo
(2017), foi utilizado. A obra de E. Bosi (1995) Memória e Sociedade contribuiu mais
especificamente no processo de lembranças e recordações compreendendo que,
trabalhar com narrativas, é trabalhar com histórias. Para analisar o processo de
construção da personagem, o que também envolve um olhar específico ao procedimento
do foco narrativo, se faz necessária a proposta teórica de B. Brait em A Personagem
(2006), e também a de A. Candido e outros com a obra A Personagem de Ficção (2009).
Admitimos a importância de compreender a personagem e o narrador quando ambos se
esbarram nos processos criativos e literários, e Brait (2006) afirma que “qualquer tentativa
de sintetizar as maneiras possíveis de caracterização de personagens esbarra
necessariamente na questão do narrador” (p.52), tendo em vista que ele é o principal
responsável por revelar ou ocultar informações ao leitor, especialmente nesse caso, em
que se apresenta como um narrador- personagem, que interpreta a realidade por um viés
particular.
Quanto aos aspectos sociológicos, optamos por seguir o conceito de
interculturalidade desenvolvido por N. Canclini (1997) e por A. Moreira e V. M. Candau
(2012) na obra Multiculturalismo, em que abordam uma relação intrínseca entre
educação e cultura e um olhar atento a respeito da perspectiva intercultural. As
abordagens de identidade pós-moderna de S. Hall em A Identidade cultural na pós-
modernidade (2002), e o conceito de pós-modernidade fragmentada e líquida de
Bauman, em Modernidade Líquida (2001), foram utilizados para entender como a
identidade não é algo fixo ou permanente, mas sim uma interação e parte do indivíduo,
compreendendo, por fim, que é um processo, como o que ocorre com Nisha, com sua
família e, no mundo não ficcional, com todos.

OBJETIVOS

O objetivo geral do trabalho é realizar uma análise literária da obra O Diário de


Nisha (2019) sob a perspectiva da interculturalidade.
Como se trata de texto ficcional em formato de diário e cartas baseado em
memórias de eventos reais relacionadas a questões identitárias, outros aspectos são
relevantes e se constituem como objetivos específicos: i) analisar os efeitos da utilização
dos gêneros diário, memórias literárias (especificamente a autoficção) e romance epistolar
na construção do romance, ii) analisar a construção da personagem, o que implica
observar o procedimento do foco narrativo e iii) investigar teorias de identidade cultural
para relacionar com as projeções narradas pela protagonista.
Por fim, como o livro também permite refletir acerca de tolerância, empatia e
superação, já que o enredo se passa em meio a uma guerra por motivos religiosos e
políticos, faz-se possível – e tornou-se outro objetivo específico – a aplicação do conceito
de interculturalidade na educação, relacionando teoria e prática no estudo de produção de
literatura infanto-juvenil.

METODOLOGIA

A pesquisa é de natureza fundamentalmente bibliográfica e exige como material as


fontes que constam das Referências (selecionadas de acordo com os eixos conceituais
mais importantes para a análise pretendida) e outras. Já a estratégia metodológica parte
de leitura, fichamento e discussões dos textos para embasar a análise da obra em foco.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A leitura do Diário de Nisha implica um estudo inicial sobre as escolhas formais da
autora. Se, por um lado, existe a possibilidade de trabalhar um diário como forma
autobiográfica, a própria escritora classifica a obra como ‘romance’, o que indica seu
caráter ficcional. Ao mesmo tempo, Hiranandani aponta que a história apresentada no
enredo, além de verossímil, foi inspirada na vivência da família paterna. Trata-se de uma
tentativa de construção da memória coletiva de um grupo que sofreu consequências
traumáticas do contexto. Sendo assim, é inegável o diálogo memória-identidade.
Pensamos na teoria da identidade enfatizada pelos Estudos Culturais. Neste
aspecto, nos valemos, mais especificamente, das identidades pós-moderna, fragmentada
e líquida, de acordo com as considerações de Bauman (2005) e Hall (2002), uma vez que
o corpus traz à tona conflitos que as personagens enfrentam ao reivindicarem identidades
diferentes das estereotipadas, numa busca pelo autoconhecimento e pela aceitação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Diário de Nisha, um romance relatado em primeira pessoa pela menina Nisha e


com base em experiências familiares pessoais da autora Hiranandani, é uma obra
excepcional para se aprofundar nas questões sociais, memorialísticas e identitárias. Um
verdadeiro espelho que reconstrói cultura, fatos históricos, conflitos políticos,
perseguições, acontecimentos reais – e ficção. A obra é sensível ao mostrar a crise de
uma família de refugiados e acaba mesclando a luta com a esperança. É uma história
necessária e perspicaz, e ao longo do desenvolvimento do projeto está sendo possível
fazer uma análise com profundidade e detalhamento.
Em suma, nota-se que O Diário transcende o momento histórico nele apresentado,
e manifesta a vulnerabilidade da situação humana e o discernimento do viver. As
memórias permitem-nos adentrar os acontecimentos, concretizando-se em narrativas,
fazendo com que essas vivências aproximem leitor e obra, revelando valores únicos sobre
guerras, morte, violação dos direitos humanos e aspectos positivos como igualdade e
respeito.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. A modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar, 2001.
______. Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução de Carlos Alberto Medeiros.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
BRAIT, Beth. A personagem. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006.
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da
modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo:
EDUSP, 1997.
CANDAU, Vera Maria; MOREIRA, Antonio Flávio. Multiculturalismo: Diferenças Culturais
e Práticas Pedagógicas. Editora Vozes Limitada, 2012.
CANDIDO, Antonio (Org.). A personagem de Ficção. São Paulo: Perspectiva, 2009.
EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tadeu da Silva. 7.
ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
HIRANANDANI, Veera. O diário de Nisha. Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2019.
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

EM BUSCA DO -ENGO PERDIDO:


UM ESTUDO SEMÂNTICO-HISTÓRICO1

SANTOS, Alice Pereira2


GENEROSO, Thamara P. O.3

RESUMO

A pesquisa objetiva, em um âmbito geral, buscar as origens do sufixo -engo, uma


vez que não há estudos que tenham como foco a análise desse sufixo especificamente.
Assim, principiar-se-á a investigação pelos meios de entrada do sufixo na Língua
Portuguesa, levantando hipóteses por meio da recolha de usos em corpora históricos
disponibilizados por grupos de investigação em Morfologia Histórica, como o GMHP, e
pela inventariação de vocábulos em dicionários, como o Houaiss. A seguir, serão
analisadas semanticamente as construções com o sufixo -engo, buscando os valores
atribuídos ao longo do tempo, a figuração da pejoratividade e, estruturalmente, serão
analisadas as classes gramaticais das palavras primitivas e das palavras derivadas. Por
fim, realizar-se-á o estudo morfológico dos vocábulos, como a continuidade da derivação,
formações com o sufixo em outras línguas e sua produtividade.

Palavras-chave: Sufixo; -engo; Morfologia histórica; Etimologia.

INTRODUÇÃO

Existem, ainda, áreas pouco exploradas da morfologia, tanto em relação a


aspectos sincrônicos quanto no que diz respeito aos processos históricos pelos quais a
língua foi se modificando. Da mesma forma em que há a necessidade de conhecer o
passado de um povo para compreender melhor as bases de determinadas convenções,
práticas e políticas, é importante que seja conhecida a história de um idioma, suas
influências, seu sistema, suas regras de encadeamento. Assim, é possível ampliar e
aprofundar os conhecimentos sobre um dos principais elementos culturais que
fundamentam a construção da identidade e da subjetividade: a língua.
Na comunidade científica linguística, há pesquisadores que visam explorar a
história da Língua Portuguesa e, para tal fim, organizam grupos de pesquisa dedicados
aos estudos diacrônicos. É o caso, por exemplo, do GMHP (Grupo de Morfologia Histórica
do Português), sediado na USP (Universidade de São Paulo), cujas pesquisas serão
essenciais ao desenvolvimento deste trabalho, bem como a metodologia seguida,
apresentada por Viaro (2014). Contudo, nem todos os sufixos presentes no português
foram ainda explorados em pesquisa mais aprofundada, devido a seu grande número e
1
Projeto de pesquisa de Iniciação Científica vinculado ao PIBIC no IFSP, campus São Paulo..
2
Doutora em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo; IFSP; São Paulo; SP;
alicesnt@ifsp.edu.br; SANTOS, Alice Pereira.
3
Estudante do curso de Licenciatura em Letras; IFSP; São Paulo; SP; tpogeneroso@gmail.com;
GENEROSO, Thamara P. O.

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ao extenso processo que o estudo de cada um deles demanda. Um desses sufixos
inexplorados é o -engo, presente em construções como mulherengo, verdoengo e
realengo.
Mesmo sem uma investigação aprofundada do referido sufixo, há diversas
hipóteses a respeito de sua origem, bem como de sua significação, as mudanças sofridas
ao longo do tempo e a carga valorativa de pejoratividade que o acompanha. Presume-se,
por exemplo, que seja oriundo do alemão, mas não são citadas fontes que comprovem as
especificidades da teoria, como o período em que foi incorporado pela língua portuguesa.
Já sobre sua significação, afirma-se que designava pertencimento, como em realengo,
não é explícito, entretanto, o processo de transformação sofrido pelo sufixo que o levou a
ser empregado na formação de palavras de cunho pejorativo, como mulherengo.

OBJETIVOS

A partir da investigação a respeito do emprego do sufixo -engo, buscar suas


origens etimológicas, o processo de entrada na Língua Portuguesa, sua produtividade na
criação de novos vocábulos em português e sua presença em outros idiomas. Por meio
de análise semântica e levantamento diacrônico em corpora históricos e dicionários,
apurar a significação das formações em -engo e sua mutação ao longo do tempo, bem
como a constituição da pejoratividade.
● Verificar o percurso do sufixo -engo na Língua Portuguesa por meio de
levantamento diacrônico com base em dicionários e pesquisas lexicográficas.
● Analisar a produtividade do referido sufixo em construções em português ao longo
da história da língua.
● Organizar semanticamente os resultados obtidos a fim de apurar a existência de
alterações na carga valorativa do emprego de -engo.
● Realizar o estudo morfológico dos vocábulos, como a presença ou ausência de
vogal de ligação e formações com o sufixo em outras línguas.

METODOLOGIA

Como estratégia metodológica, principiar-se-á a investigação por analisar as


palavras terminadas em -engo encontradas no Dicionário Houaiss. Após a coleta dos
dados, referentes à datação, acepção e etimologia, fornecidas pelo Dicionário, será
possível definir em quais palavras tal terminação desempenha papel de sufixo. A seguir,
serão analisadas semanticamente as construções com o sufixo -engo, buscando os
valores atribuídos ao longo do tempo, a figuração da pejoratividade e, estruturalmente,
serão analisadas as classes gramaticais das palavras primitivas e das palavras derivadas.
Em seguida, será realizada a recolha de usos em corpora históricos. Essa etapa,
conjuntamente com a inventariação de vocábulos em dicionários, permitirá o
levantamento de hipóteses sobre as alterações semânticas sofridas pelo sufixo em
estudo. Por fim, realizar-se-á o estudo morfológico dos vocábulos, como a continuidade
da derivação, a presença ou ausência de vogal de ligação, formações com o sufixo em
outras línguas e sua produtividade com o apoio teórico de autores que analisam o sufixo,
seu uso e a expressão da pejoratividade, como Sandmann (1991) e Viaro (2014).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao abordar a formação do português, detendo-se mais apuradamente no português


no contexto românico, Basseto (2001) explana brevemente sobre os substratos,
superstratos e adstratos que incorporaram, constituíram e agregaram elementos à Língua
Portuguesa. Um dos exemplos que esmiúça em sua abordagem lexical diz respeito aos
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povos germânicos que estabeleceram-se por um longo tempo na Península Ibérica
durante os séculos IV e V. Segundo o teórico, dos visigodos, alguns elementos
linguísticos foram incorporados, inclusive morfológicos, como o sufixo -engo. O autor
ainda propõe uma observação para a peculiaridade de empréstimos morfológicos advindo
de substratos e superstratos. Já de acordo com Teyssier (2001), o vocabulário oriundo
dos povos germânicos incorporado à língua que viria a se tornar o português tinha como
principais campos semânticos eventos relacionados ao modo de vida da época.
Entretanto, não é citada pelo teórico nenhuma influência visigoda ou sueva em quaisquer
aspectos linguísticos para além do lexical.
Já em relação ao cunho pejorativo adquirido pelo sufixo -engo ao longo do tempo,
aspecto pelo qual é conhecido na atualidade, ao tratar dos meios pelos quais a
pejoratividade é expressa, Sandmann (1991) aborda diversos sufixos que se ligam a
certos vocábulos e criam um novo sentido de cunho desdenhoso, ou mesmo ofensivo.
Mesmo não sendo tão produtivo na Língua Portuguesa, o sufixo em questão tem
participação de destaque na criação de vocábulos pejorativos, como o famoso termo
mulherengo. O autor afirma que a carga negativa expressa na pejoratividade não se
encontra vinculada ao sufixo propriamente, e sim ao contexto e fatores culturais, aspectos
que ainda busca-se elucidar ao longo do projeto e sobre o qual já foi levantada hipótese.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez que a pesquisa ainda está em andamento, não há conclusões


peremptórias sobre o assunto aqui tratado. As considerações mais relevantes até o
momento dizem respeito primeiramente, à origem, que não parece ser a grande questão.
Não há muitas línguas que dispõem do sufixo -engo em sua estrutura e, provavelmente,
dentre as opções, nenhuma registra um uso tão antigo quanto no alemão. A indagação
divide-se, pois, em dois segmentos: quando e como. Devido à escassa documentação,
visto que os primeiros registros escritos do galego-português datam do século XIII, é
pouco provável que o sufixo tenha sido incorporado à Língua Portuguesa no século V com
a invasão dos povos germânicos.
O desenvolvimento da pejoratividade, por sua vez, pode ter sua origem em um elo
que envolve fatores históricos, linguísticos e culturais. De realengo, que indica
pertencimento, a mulherengo, um adjetivo pejorativo, o salto é enorme em diversos
aspectos, somente o sufixo, -engo, permanece o mesmo. A busca, portanto, é por aquilo
que os une, que sirva como elo e justifique a passagem de um afixo que designava posse
a um que passa a adjetivar, após formação, substantivos de características duvidosas. O
termo bordalengo exerce esse papel, pois tem seu início como adjetivo que indica
pertinência, relativo a bordel, e passa a ser, em função da atividade desenvolvida na
localidade, realizada por mulheres, tomado como pejorativo, constituindo um vínculo entre
o local e seus frequentadores, os “mulherengos”.

REFERÊNCIAS

BASSETO, Bruno Fregni. Elementos de filologia românica. São Paulo: Edusp, 2001.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Editora Objetiva, 2001.
SANDMANN, Antônio José. Competência lexical: produtividade, restrições e bloqueio.
Curitiba: Editora UFPR, 1991.
TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
VIARO, Mário E; FERREIRA, Michael J; GUIMARÃES FILHO, Zwinglio O. Derivação ou
terminação: limites para a semântica, lexicologia e morfologia históricas. In: VIARO, Mário
E. (org.). Morfologia histórica. São Paulo: Cortez, 2014.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

AO GALEGO PORTUGUÊS E ALÉM:


MAPEAMENTO DAS MUDANÇAS LINGUÍSTICAS EM LIVROS DIDÁTICOS DO
PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO1

SANTOS, Alice Pereira2


SOUZA, Pedro Júnior Virgulino de3

RESUMO

Percorrendo o caminho da descrição, apresenta-se aqui, parcialmente, os resultados da


pesquisa Análise da História da Língua Portuguesa em Livros Didáticos utilizados nas
escolas públicas brasileiras, especificamente os dados obtidos sobre a História Interna.
Ou seja, com base nos estudos de Teyssier (1994), Mattos e Silva (2002, 2006), Basso
(2014), objetivou-se descrever como as transformações da língua são definidas e
ilustradas de acordo com os campos da fonologia, da morfologia, da sintaxe, da
semântica, num corpus composto pelos volumes I de seis coleções aprovadas pelo PNLD
de 2018. Observou-se, igualmente, como o conteúdo é valorizado nos exercícios
propostos e nas questões retiradas dos vestibulares, presentes no fim dos capítulos do
referido corpus. O produto preliminar evidencia uma história da língua, majoritariamente,
fragmentada e com apagamentos histórico-linguísticos significativos. Essa comprovação
alimenta a hipótese segundo a qual o desconhecimento da história do português por
usuários brasileiros contribui para uma não identificação com essa língua, uma lacuna na
aprendizagem e na percepção da língua em movimento.

Palavras-chave: História; Língua Portuguesa; Mudança Linguística.

INTRODUÇÃO

Percebe-se, nos últimos anos, uma valorização dos livros didáticos como corpus
para pesquisas cientificas e para trabalhos descritivos dentro dos cursos de graduação,
levando, nesse último caso, o graduando a confrontar a teoria apreendida com os
materiais basilares ao ensino. Dentro deste movimento, nota-se, igualmente, uma
segmentação da história da língua portuguesa nos livros didáticos que contrasta com os
projetos acadêmicos da área desenvolvidos no Brasil. Segundo a hipótese seguida por
este estudo, o silenciamento do percurso e da evolução histórica do português, no meio
escolar, tem por consequências o desenvolvimento de uma não identificação do falante
com sua língua, o descarte de uma metodologia de ensino que possibilita a construção de
um pensamento crítico, complexo, linguístico. O problema posto é facilmente encontrado
em diálogos cotidianos dos falantes que demonstram um desconhecimento da história da
1 Resultado parcial de Iniciação científica.
2 Doutora em Filologia e Língua Portuguesa/USP; Docente/IFSP/Câmpus São Paulo; São Paulo: São Paulo;
e-mail: alicesnt@ifsp.edu.br.
3 Licenciando em Letras /IFSP/Câmpus São Paulo: São Paulo; e-mail: pvirgulino992@gmail.com.
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língua materna mesmo depois de anos de ensino e embora a dominem, independente das
suas variantes. Desvelando, assim, a ineficácia do ensino da variação de maior prestígio
desassociada da variação materna do aluno e, conforme defendido aqui, desprovido de
uma reflexão histórica. As transformações ocorridas na língua, por sua vez, são
associadas, de acordo com a linguística histórica (Mattos e Silva, 2008, p.10), aos
eventos sociais e embora essa concepção seja o alicerce desta pesquisa, por questões
temporais, compartilha-se, apenas, os dados referentes aos fatores intralinguísticos.
Como a maioria dos livros didáticos começam a apresentar a língua dos brasileiros a
partir da língua literária e utilizam as canções trovadorescas como ilustração das
mudanças históricas, optou-se por evidenciar titularmente a viagem, realizada pelo
corpus, ao galego-português. Mas, historicamente, é necessário ir além, porque os
movimentos intralinguísticos, precursores da língua lusitana e brasileira, começaram no
latim vulgar e continuam em construção/evolução no português contemporâneo.

OBJETIVOS

Dentro da pesquisa anteriormente citada, mapeou-se, como subobjetivo, a História


Interna da Língua Portuguesa nos Livros Didáticos disponibilizados aos alunos e
professores das escolas públicas brasileiras no triênio 2018-2020. Ou seja, como, nos
volumes I, constroem-se os conceitos e as exemplificações das transformações fônicas,
mórficas, sintáticas e semânticas do latim ao galego-português, do português antigo ao
contemporâneo.

METODOLOGIA

Para a realização de tal intento, percorreu-se, metodologicamente, os caminhos da


descrição do corpus. No entanto, como a escolha metodológica fornece mecanismos de
organização dos dados que permitam explicitar as relações estatísticas, organizou-se a
coletânea documental de acordo com o número de exemplares adquiridos pelo Plano
Nacional do Livro Didático, segundo os dados estatísticos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação. Com esse método, torna-se palpável as relações entre a
escolha dos documentos e a presença suprimida, ou não, do conteúdo. Para isso,
considerou-se que dentro da proposta do Plano Nacional do Livro Didático os exemplares
são adquiridos em conformidade com as escolhas de cada escola. Posteriormente,
realizou-se uma análise prototípica seguida da descrição de outros cinco volumes. Após a
descrição, os dados foram confrontados com os estudos da história da língua, realizados
por Teysier, Mattos e Silva, Basso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos seis volumes analisados, que correspondem a 65,14% do total de exemplares,


destacamos o processo de esfriamento do discurso, coerente com o público alvo ao qual
se destina o material, ou seja, as nomenclaturas das mudanças fônicas, por exemplo,
desaparecem4. A definição de mudança linguística é majoritariamente apresentada sob a
concepção de variação histórica, sendo exemplificada no confronto entre as escritas das
canções trovadorescas com o português contemporâneo5. A mudança sintática é
apresentada apenas por um material. Os livros detalham os processos de formação de
4 (BARRETO, 2016, p. 198), (CAMPOS, 2016, p.129), (CAMPOS. et al. 2016, p. 51).
5 (AMARAL, 2016, p. 161), (BARRETO, 2016, p. 58, 198), (CEREJA, 2016, p. 201) (ABAURRE, 2016, p.
132).
Página 2 de 3
palavras sob a concepção de língua em movimento, mas as demais mudanças mórficas
não são expostas. E, por fim, as mudanças semânticas são observadas sincronicamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Dos seis volumes analisados, que correspondem a 65,14% do total de exemplares,


destacamos o processo de esfriamento do discurso, coerente com o público alvo ao qual
se destina o material, ou seja, as nomenclaturas das mudanças fônicas, por exemplo,
desaparecem. A definição de mudança linguística é majoritariamente apresentada sob a
concepção de variação histórica, sendo exemplificada no confronto entre as escritas das
canções trovadorescas com o português contemporâneo. A mudança sintática é
apresentada apenas por um material. Os livros detalham os processos de formação de
palavras sob a concepção de língua em movimento, mas as demais mudanças mórficas
não são expostas. E, por fim, as mudanças semânticas são observadas sincronicamente.

REFERÊNCIAS

ABAURRE, M.L.M. Português: contexto, interlocução e sentido. 3. ed. São Paulo:


Moderna, 2016. 1 v.
AMARAL, E. et al. Novas Palavras. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 1 v.
BARRETO, Ricardo Gonçalves. Ser Protagonista: língua portuguesa, ensino médio. 3.
ed. São Paulo: edições SM, 2016. 1 v.
BASSO, R.; GONÇALES, R. História concisa da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes,
2014.
BRASIL, Ministério da Educação. PNLD 2018: língua portuguesa – guia de livros didáticos
– Ensino Médio. Distrito Federal: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
2017.
CAMPOS, Maria Inês Batista. Esferas da linguagem. São Paulo: FTD, 2016. 1 v.
CAMPOS, Elisabeth. et al. Vivá: Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2016. 1 v.
CEREJA, William Roberto. Português Contemporâneo: diálogo, reflexão e uso. São
Paulo: Saraiva, 2016. 1 v.
FNDE. Dados Estatístico. Disponível em:
http://www.fnde.gov.br/index.php/programas/programas-do-livro/pnld/dados-estatistios.
Último cesso em: 26/06/2020.
MATTOS E SILVA, R.V. Caminhos da linguística histórica. São Paulo: Parábola
Editorial, 2008.
MATTOS E SILVA, R, V. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São
Paulo: Contexto, 2006.
MATTOS E SILVA, R, V; MACHADO FILHO, A.V.L (Orgs.). O português quinhentista:
estudos linguísticos. Salvador: UFBA/UEFS, 2002.

Página 3 de 3
ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
ABORDAGEM DA LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL​1

SILVA, Natalya Reis da 2​

RESUMO

Por meio de pesquisas bibliográficas, documental e descritiva, o artigo propõe a


análise do ensino da língua inglesa na educação fundamental. A partir de dados oficiais,
procura-se enfatizar a relevância do inglês nos âmbitos acadêmico e profissional, bem
como observar a abordagem do ensino dessa língua estrangeira nas escolas públicas e
analisar a competência dos alunos nesse idioma após a conclusão do ensino
fundamental. Objetiva-se, ainda, propor dois novos métodos para o ensino do inglês na
educação pública e avaliar os impactos que essa nova modalidade traria para o indivíduo
e para a nação. Apoiando-se em teóricos interacionistas, a hipótese de uma solução de
melhoria do inglês, em escolas públicas, tem por finalidade maximizar o
ensino-aprendizagem e também a aplicabilidade da língua inglesa pelos alunos.

Palavras-chave: ​Inglês. Educação fundamental. Ensino-aprendizagem. Metodologia.

INTRODUÇÃO

Atualmente, as redes de comunicação têm se expandido, o que acarretou o


“encurtamento” da distância entre as nações. Com essa realidade, torna-se necessária a
instauração de um idioma que facilite as interações entre os diferentes povos, e a língua
inglesa tem sido protagonista nesse espaço. É inegável a importância do inglês para o
crescimento individual e nacional. Igualmente, é a chave de entrada para um mundo em
ascensão, exige-se, cada vez mais, o domínio desse idioma na vida pessoal, acadêmica e
profissional. Cotidianamente, estamos cercados pela influência da língua inglesa exposta
em diferentes mídias e tecnologias, também adotamos termos que passam a ser
frequentemente utilizados, tais como: ​air bag​, ​crush​, ​drive-thru​, entre muitos outros.
No entanto, dados apontam que somente 5% da população brasileira sabe falar
inglês, semelhantemente, fatos demonstram que alunos do 9º ano apresentam um nível
de inglês abaixo do exigível. Dito isso, o contexto demonstra a necessidade de um ensino
eficaz do inglês, mais especificamente na etapa do ensino fundamental (6º a 9º ano) que
é o primeiro patamar que trabalha essa língua estrangeira moderna e onde há a atuação
direta do Estado, só assim, poderemos realmente alcançar, individual e coletivamente, a
ordem e o progresso.
Para tanto, será, primeiramente, enfatizado a importância do inglês no mundo
moderno, esclarecendo que esse idioma já não é mais um diferencial, mas um requisito,

1
​Pesquisa de Iniciação Científica.
2
Discente em Tecnologia em Gestão de Turismo; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP); São Paulo-
SP; ​rnreissilva@gmail.com​; ​SILVA, Natalya Reis da​.
Página ​1​ de ​3
logo, é uma disciplina que deve ser abordada como básica na escola. No segundo
momento, os objetos de estudos serão os documentos norteadores que regulam o ensino
do inglês na educação fundamental, observando suas propostas e expectativas quanto a
essa prática. Posteriormente, comparar-se-á as propostas desses documentos
norteadores com a realidade do ensino dessa língua estrangeira moderna na educação
fundamental, evidenciando estatísticas e fatos desse processo de ensino e aprendizagem.
Em seguida, com base nos dados sobre o ensino de inglês, será proposta uma hipótese
de solução que considere o contexto social e que seja realizável tanto do ponto de vista
da sociedade, da escola, do aluno e do professor, tal hipótese de solução estará pautada
em algumas ideias de Jean Piaget -psicólogo suíço- e Lev Vygotsky - psicólogo russo. Por
fim, ressaltar-se-á o possível reflexo da solução apresentada - para o ensino do inglês -
no âmbito profissional, educacional e, concomitantemente, nacional.

OBJETIVOS

A principal finalidade é analisar a(s) causa(s) da defasagem no ensino e


aprendizagem de inglês no ensino fundamental, igualmente, formular uma possível
hipótese de solução. Especificamente, objetiva-se ressaltar a importância da língua
inglesa no mundo contemporâneo, bem como a necessidade do seu ensino nas escolas
e, ainda, atentar-se ao desempenho do inglês dos alunos do ensino fundamental;
também, destacar os reflexos de uma mudança no ensino do inglês para a sociedade e
nação.

METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica, documental e descritiva sobre o desempenho do inglês


dos alunos do ensino fundamental do 6º ao 9º ano, também sobre a situação do docente
e o contexto escolar. Mediante análise entre o esperado no ensino e aprendizagem de
inglês e o desempenho real desse processo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Observância de dois documentos normativos brasileiros que são referência na


prática docente: Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs). Também conterá dados da organização internacional do Reino Unido,
British Council, que coopera com o Brasil em diversas áreas, inclusive na língua inglesa e
educação. Ademais, serão utilizados dados complementares da ONU (Organização das
Nações Unidas) e teorias dos psicólogos interacionistas Jean Piaget e Lev Vygotsky.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante o estudo proposto, busca-se identificar as falhas que fazem com que os
alunos concluam o ensino fundamental sem um repertório satisfatório da língua inglesa.
Também, com base nos documentos normativos brasileiros analisados, elaborar uma

Página ​2​ de ​3
possível solução que inverta o quadro atual, afirmado pela British Council sobre o ensino
do inglês na educação pública brasileira. Por fim, espera-se compreender o complexo
quadro do processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa e considerar suas
variáveis na elaboração de uma proposta que maximize o desempenho dos alunos nessa
área, enfatizando seus reflexos futuros.

REFERÊNCIAS

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. Disponível em:


<​http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/​>. Acesso em: 18 de ago. de 2020.
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. PCN ensino fundamental (6º ao 9º ano)​.
Disponível em:
<​http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/biblioteca-de-apoio/pcn-ensino-fu
ndamental-6-ao-9-ano/​>. Acesso em: 18 de ago. de 2020.
BRITISH, Council. ​Demandas de aprendizagem de inglês no Brasil​. Disponível em:
<​https://www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/demandas_de_aprendizagempesquisa
completa.pdf​>. Acesso em: 20 de ago. de 2020.
BRITISH, Council. ​O ensino do inglês na educação pública brasileira​. Disponível em:
<​https://www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/infografico_oensinodoinglesnaeducaca
opublicabrasileira.pdf​>. Acesso em: 20 de ago. de 2020.
MUNDORH. ​Apenas 5% na população brasileira fala inglês​. Disponível em:
<​https://www.mundorh.com.br/apenas-5-da-populacao-brasileira-fala-ingles/​>. Acesso em:
25 de ago. de 2020.
JN. ​Maioria dos alunos do 9º. ano tem nível elementar de inglês​. Disponível em:
<​https://www.jn.pt/nacional/educacao/maioria-dos-alunos-do-9-ano-tem-nivel-elementar-d
e-ingles-4668831.html​>. Acesso em: 25 de ago. de 2020.
MCLEOD, Saul. ​Teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget​. Disponível em:
<​https://www.academia.edu/40117754/Teoria_do_Desenvolvimento_Cognitivo_de_Jean_
Piaget​>. Acesso em: 08 de set. de 2020.
VYGOTSKY, L. S. ​A formação social da mente​. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
BEAR, Teddy. Afinal, qual a importância do inglês na infância? Disponível em:
<​https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/teddy-bear/noticia/2019/01/23
/afinal-qual-a-importancia-do-ingles-na-infancia.ghtml​>. Acesso em: 18 de set. de 2020.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ​17 objetivos para transformar nosso mundo​. Disponìvel
em: <​https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/​>. Acesso em: 19 de set. de 2020.

Página ​3​ de ​3
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

HIDRÓLISE ÁCIDA DO ANTI-INFLAMATÓRIO NIMESULIDA VISANDO-SE A SÍNTESE


DE AMIDAS DE ESTRUTURAS QUÍMICAS RELACIONADAS 1

SCHIESS, Mariana Caprio 2


NASCIMENTO, Danilo Machado 3
de CARVALHO, Paulo Sérgio 4

RESUMO

A nimesulida é um anti-inflamatório não-esteroidal (AINE) indicado para


tratamentos de médio e longo prazo de doenças crônicas, como as doenças reumáticas.
Por conta das intensas atividades farmacológicas, esse fármaco é um alvo interessante
para modificações estruturais no intuito de sintetizar novas substâncias com as mesmas
atividades e menores efeitos colaterais. Neste trabalho foram estudadas reações de
hidrólises da nimesulida em meio ácido visando-se obter a 2-fenóxi-4-nitroanilina, que
seria um bom substrato para a síntese de amidas de estruturas relacionadas à da
nimesulida. As reações de hidrólises foram realizadas sob aquecimento na presença de
solução aquosa de ácido sulfúrico. Embora muito tempo tenha sido consumido com o
estudo dessas hidrólises, que foram mais difíceis que o esperado, foi possível a obtenção
da 2-fenóxi-4-nitroanilina desejada. Essa anilina foi caracterizada pelo ponto de fusão e
por espectroscopia no infravermelho.

Palavras-chave: anti-inflamatório, nimesulida, hidrólise.

INTRODUÇÃO

A nimesulida, N-(2-fenoxi-4-nitrofenil)-metanossulfonamida, é um anti-inflamatório


muito utilizado no tratamento de inflamações diversas, especialmente as crônicas, como
são as doenças reumáticas (RAINSFORD et al, 2005). Esse anti-inflamatório não-
esteroidal (AINE) atua inibindo seletivamente a enzima COX-2, razão pela qual essa
substância não provoca danos à mucosa estomacal, o que ocorre frequentemente com os
AINES comuns, que são inibidores das enzimas COX-1 e COX-2. Portanto, a nimesulida
tem modo de ação similar ao dos coxibes, a classe de anti-inflamatórios mais moderna
existente (SHI & KLOTZ, 2008).
Apesar da ampla prescrição como anti-inflamatório em diversos países, esse
medicamento vem sendo proibido em vários outros devido a casos severos de
hepatotoxicidades (YANG et al, 2010). Entretanto, além das propriedades anti-
1
Bolsa PIBIFSP/IFSP-2018
2
Licencianda em Química, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email: marianaschiess@gmail.com
3
Licenciando em Química, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email: danilo.m.nascimento@hotmail.com
4
Professor Doutor, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email: paulo.carvalho@ifsp.edu.br

Página 1 de 3
inflamatórias, pesquisas recentes demonstram que a nimesulida e muitos derivados dela
apresentam atividades antitumorais. Várias substâncias estruturalmente relacionadas à
nimesulida foram sintetizadas e os testes in vitro e in vivo comprovaram as atividades
inibitórias do crescimento de células de câncer de mama (ZHONG et al, 2012).
Em decorrência das atividades farmacológicas potentes, a nimesulida tem sido um
alvo frequente para pesquisas envolvendo modificações estruturais visando a descoberta
de novos medicamentos (CIGNARELLA et al, 1996). Essas modificações estruturais
envolvem a substituição do grupo nitro por outros substituintes insaturados, a troca do
grupo sulfonamida por outros substituintes oxigenados e a substituição de anéis
aromáticos por outros heteroaromáticos como a piridina (JULÉMONT et al, 2004).

OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo o estudo de reações de hidrólises da nimesulida


em meio ácido visando a obtenção da 2-fenóxi-4-nitroanilina. Essa anilina pode ser
utilizada como material de partida para a síntese de amidas e de sulfonamidas de
estruturas químicas relacionadas à nimesulida.

METODOLOGIA

Reações de hidrólises da nimesulida (3,24 mmol) em H2SO4/H2O (3:1), sob refluxo


a 110-120 °C, foram realizadas deixando-se o meio reacional nessas condições em
tempos variados. Após o resfriamento, a solução foi neutralizada com solução aquosa de
NaOH 6 mol/L e extraída com CHCl3. As fases orgânicas foram secadas sobre Na2SO4
anidro, filtradas e o solvente foi evaporado. Das soluções aquosas houve precipitações
adicionais após repouso por alguns dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A reação de hidrólise ácida da nimesulida foi executada em condições variadas


tentando-se encontrar aquela que daria melhores resultados. Uma vez que sulfonamidas
são mais difíceis de sofrer hidrólises que amidas, não foram tentadas condições
utilizando-se ácido clorídrico aquoso e aquecimento brando, as quais normalmente são
suficientes para a hidrólises de amidas.
Experimentos foram realizados utilizando-se soluções de H2SO4/H2O na proporção
de 3:1 e aquecimento sob refluxo, a 110-120°C. Quando o aquecimento foi realizado por 4
horas, observou-se que o meio reacional ficou fortemente escuro ao término da reação,
indicando possível decomposição das substâncias orgânicas. Apenas alguns miligramas
de cristais foram obtidos após extração com clorofórmio.
Com o experimento onde o tempo de aquecimento foi reduzido para uma hora, ao
término da reação, o meio reacional estava um pouco mais claro. Após extração com
clorofórmio, obteve-se 9% de rendimento de um composto cristalino amarelo, que, após
análise por ponto de fusão e por espectroscopia no infravermelho, foi caracterizado como
a anilina desejada.
No experimento onde o tempo e reação foi reduzido para 15 minutos foi verificado
resultado similar ao anterior, levando-se a um rendimento de 10% da anilina desejada.
Uma vez que o clorofórmio parecia não ser um solvente adequado para a
solubilização da anilina, foi realizado um experimento onde a extração com este solvente
Página 2 de 3
não foi realizada e a fase aquosa originada após a adição de solução de hidróxido de
sódio 6 mol/L foi deixada em repouso alguns dias para a precipitação do produto. Neste
caso, obteve-se uma massa de 2,5 g de uma mistura de cristais amarelos da anilina
desejada e de um sólido inorgânico cristalino branco, possivelmente o sulfato de sódio
decaidratado. Ainda que as condições ideais de hidrólise não tenham sido até o momento
alcançadas, os resultados obtidos são animadores, pois as análises por ponto de fusão e
por espectroscopia no infravermelho das duas melhores amostras obtidas, indicaram que
a anilina desejada foi obtida com alto grau de pureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Reações da nimesulida em meio ácido, especificamente ácido sulfúrico e água na


proporção de 3:1, sob refluxo a 110-120°C, durante 15 min a 1 hora, levam à hidrólise do
grupo metanossulfonila e à formação da 2-fenóxi-4-nitroanilina, a qual é um promissor
substrato para a síntese de amidas de estruturas relacionadas à da nimesulida. As
reações de hidrólises não estão ainda totalmente otimizadas e o isolamento da anilina
produzida foi prejudicado pela co-precipitação de sulfato de sódio decaidratado, mas os
resultados obtidos são animadores, pois a anilina desejada foi obtida em certos
experimentos com grande pureza, conforme caracterização por espectroscopia no
infravermelho.

REFERÊNCIAS

CIGNARELLA, G.; VIANELLO, P.; BERTI, F.; ROSSONI, G. Synthesis and farmaco-
logical evaluation of derivatives structurally related to nimesulide. European Journal of
Medicinal Chemistry, v. 3, p. 359-364, 1996.
JULÉMONT, F.; de LEVAL X.; MICHAUX, C.; RENARD, J.-F.; WINUM, J.-Y.; MONTERO,
J.-L.; DAMAS, J.; DOGNÉ, J.-M.; PIROTTE, B. Design, Synthesis, and Pharmacological
Evaluation of Pyridinic Analogues of Nimesulide as Cyclooxygenase-2 Selective Inhibitors.
Journal of Medicinal Chemistry, v. 47, n. 27, p. 6749-6759, 2004.
RAINSFORD, K.D.; BEVILACQUA, M.; DALLEGRI, F.; GAGO, F.; OTTONELLO, L.;
SANDRINI, G.; TASSORELLI, C.; TAVARES, I. G. Em Nimesulide, RAINSFORD, K. D.
ed., Basel: Birkhäuser Verlag, 2005, p. 133-244.
SHI, S.; KLOTZ, U. Clinical use and pharmacological properties of selective COX-2
inhibitors. European Journal of Clinical Pharmacology, v. 64, p. 233-252, 2008.
YANG, M.; CHORDIA, M. D.; LI, F.; HUANG, T.; LINDEN, J.; MACDONALD, T. L.
Neutrophil- and Myeloperoxidase-Mediated Metabolism of Reduced Nimesulide: Evidence
for Bioactivation. Chemical Research In Toxicology, v, 23, p. 1691-1700, 2010.
ZHONG, B.; CAI, X.; CHENNAMANENI, S.; YI, X.; LIU, L.; PINK, J. J.; DOWLATI, A.; XU,
Y.; ZHOU, A.; SU, B. From COX-2 inhibitor nimesulide to potent anti-cancer agent:
Synthesis, in vitro, in vivo and pharmacokinetic evaluation. European Journal of
Medicinal Chemistry, v. 47, p. 432-444, 2012.

Página 3 de 3
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

EXTRAÇÃO DE NAFTOQUINONA LAPACHOL DO CAULE DE IPÊS E ESTUDO


DE REAÇÕES DE CICLIZAÇÕES EM MEIO ÁCIDO 1

SCHIESS, Mariana Caprio 2


de CARVALHO, Paulo Sérgio 3

RESUMO

O lapachol é uma naftoquinona natural encontrada em diversas espécies de


árvores da família das Bignoneacea, Verbenaceae e Proteaceae que apresenta atividades
biológicas relacionadas a seu alto potencial oxidativo e sua relevante atuação no
tratamento de doenças virais, moluscoidais e tripanossidas, motivos pelos quais o
composto vem sendo estudado. Essa substância pode ser extraída da serragem do caule
de ipê e serve de matéria-prima para a síntese de derivados, como a α-lapachona e a β-
lapachona, compostos que têm apresentado um maior potencial biológico. O isolamento
do lapachol foi realizado por meio de extração ácido-base com solução de carbonato de
sódio 1% e posterior acidificação com ácido clorídrico 6 mol/L. A caracterização desse
composto quinônico foi feita por espectroscopia no infravermelho e também por
cromatografia de camadas delgadas (CCD), mediante comparação dos dados obtidos
com aqueles provenientes de uma amostra padrão do lapachol.

Palavras-chave: naftoquinonas, lapachol, Ipê, extração ácido-base.

INTRODUÇÃO

O lapachol, cuja nomenclatura IUPAC é 2-hidróxi-3-(3-metil-2-butenil)-1,4-


naftoquinona, é uma naftoquinona natural presente em diversas espécies vegetais. Este
composto é encontrado em representantes das famílias Proteaceae, Verbenaceae e,
principalmente, Bignoneaceae, pois estas últimas apresentam, dentro do gênero Tabeluia
sp, diversas espécies de Ipê que contém o lapachol em seu cerne, em maior ou menor
concentração (SILVA, 2003).
Estudado desde o final do século XX, o lapachol é um composto de grande
destaque farmacológico devido ao seu alto potencial oxidativo. Esta propriedade torna-o
capaz de participar de processos redox, atuar em processos bioquímicos vitais e interagir
com algumas células, levando-as a apoptose. As principais atividades biológicas que
apresenta estão relacionadas ao tratamento de doenças virais, moluscoidais e
tripanossidas (NIEHUES, 2012).

1
Bolsa PIBIFSP/IFSP-2019
2
Licencianda em Química, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email:
3
Professor Doutor, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email:

Página 1 de 3
Por ser um composto de alto potencial farmacológico e por estar distribuído
naturalmente em sua forma sólida, o isolamento do lapachol tem sido descrito em
referências diversas. O composto pode ser obtido a partir do caule de Ipê, por métodos de
extração ácido-base com carbonato de sódio, e utilizado a fim de alcançar derivados de
melhor potencial farmacológico, como a α-lapachona e a β-lapachona (SILVA, 2003).

OBJETIVOS

Este trabalho teve por objetivo isolar o lapachol de amostras de caule de Ipê por
extração ácido-base, caracterizá-lo por meios espectroscópicos e submetê-lo a reações
em meio ácido visando a obtenção dos derivados α-lapachona e β-lapachona.

METODOLOGIA

Utilizou-se os reagentes carbonato de sódio anidro P.A. (“Vetec”) e ácido


clorídrico 37% (Sigma-Aldrich) e preparou-se respectivamente uma solução aquosa de
carbonato de sódio 1% e uma solução aquosa de ácido clorídrico 6 mol/L. A primeira
amostra de madeira (M1) foi obtida na casa de chás “Santos Flora”, a segunda (M2) foi
obtida no “Depósito Material Construção Patriarca” e as últimas amostras (M3 e M4)
foram obtidas em uma madeireira em Campinas-SP; todas sem passar por quaisquer
tratamentos. Trituraram-se as madeiras utilizadas no estudo, a fim de aumentar a
superfície de contato e facilitar o processo de extração com a solução básica.
Na primeira etapa, 100 gramas de serragem foram misturadas com 500 mL de
solução de carbonato de sódio 1%, sob agitação ocasional durante 45 minutos. O líquido
resultante, de coloração avermelhada, foi filtrado duas vezes (sobre gaze e pressão
reduzida) e, em seguida, submetido à adição gota a gota de solução de ácido clorídrico 6
mol/L, até a formação do sólido e a mudança da cor da solução para amarelo. O sólido se
acumulou na superfície da mistura e foi separado para outro recipiente com o auxílio de
uma espátula.
Após a extração, os sólidos amarelos foram submetidos à caracterização por
comparação ao padrão de lapachol (Sigma-Aldrich) por cromatografia em camada
delgada (CCD) com placas de sílica-gel 4,5 cm x 4,0 cm (Merck) e mediante
espectroscopia no infravermelho (IV) (4000-650 cm-1) em um aparelho Nicolet IS5 da
“Thermo Scientific”. Em seguida, deveria ser realizada a ciclização do lapachol por meio
de catálise com ácido sulfúrico concentrado; entretanto, devido ao enorme tempo gasto
na otimização do isolamento do lapachol, essa etapa ainda não foi realizada, tendo sido
feito apenas um estudo sobre as condições adequadas para essa reação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira extração envolveu a amostra M1. Após o período de permanência na


solução básica, obteve-se um filtrado de coloração castanha, o qual, após adição de HCl
6 mol/L, rendeu um precipitado que apresentou um aspecto de terra, um sólido amorfo de
coloração marrom. Da mesma forma, o teste com a amostra M2 parecia ser mais
promissor, no entanto, este também não foi bem-sucedido. O filtrado apresentou
coloração avermelhada, característica do ânion do lapachol, porém, o sólido resultante da
precipitação exibiu um tom marrom um pouco mais claro que o anterior. Ao ser submetido
Página 2 de 3
à CCD junto ao padrão de lapachol, obtiveram-se manchas em diferentes alturas e,
portanto, valores de rf não compatíveis.
Seguiu-se então para a extração do lapachol a partir da amostra M3. Em alguns
minutos de repouso, a solução extratora de carbonato de sódio se tornou avermelhada e
ao final dos 45 minutos de repouso com agitação ocasional, percebeu-se a intensificação
dessa coloração. Após a remoção da serragem por filtração e a acidificação do meio,
obteve-se uma solução amarelada com precipitados marrons ao fundo (taninas) e
amarelos na superfície. Os sólidos amarelos foram separados, secados, pesados (42 mg)
e submetidos à CCD junto ao padrão do lapachol. Obtiveram-se valores de rf compatíveis
entre o sólido extraído e o padrão e um rendimento de 0,04%.
A fim de melhorar os resultados da extração com M3, fez-se uma segunda
extração com esta madeira, modificando-se a forma de recolhimento do sólido amarelo. A
mudança resultou em 57 mg de lapachol com rendimento um pouco maior (0,06%) e um
sólido de melhor pureza, conforme verificada pela mancha na CCD.
Para a amostra M4, utilizou-se as mesmas técnicas aplicadas na extração
anterior. Ao final do processo, obtiveram-se 417 mg de sólido. Entre todas as extrações
executadas, esta foi a de maior rendimento (0,42%). Submetendo-se uma amostra deste
sólido a CCD, verificou-se a total concordância entre os valores de rf para as manchas do
padrão e da amostra.
Após a etapa de extração e caracterização inicial, submeteram-se os sólidos
obtidos das amostras M3 e M4 à espectroscopia no IV. Todos os espectros foram
completamente sobreponíveis ao espectro do padrão e mostraram bandas características
em 3348 cm-1, da função fenol, e em 1659 cm-1, concordante com a função cetona
conjugada do anel quinônico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Foram realizadas extrações com quatro diferentes amostras de madeira e apenas


duas delas apresentaram lapachol em sua composição. A substância extraída apresentou
a coloração amarela esperada e precipitou juntamente com outros compostos fenólicos
denominados de taninas.
Análises por CCD das amostras obtidas comparadas a de uma amostra padrão
de lapachol indicaram a concordância dos valores de rf. Caracterizações por
espectroscopia no infravermelho das amostras obtidas por extração forneceram espectros
totalmente sobreponíveis ao da amostra padrão, levando à conclusão de que as amostras
obtidas realmente eram de lapachol com alta pureza. Devido ao tempo dispendido na
obtenção de amostras de madeiras e na otimização do processo de extração, não foi
possível realizar os estudos de ciclizações em meio ácido, que deveriam levar a
compostos como a α-lapachona e a β-lapachona.

REFERÊNCIAS

NIEHUES, M.; BARROS, V. P.; EMERY, F. da S.; DIAS-BARUFFI, M.; ASSIS, M, das D.;
LOPES, N. P. Biomimetic in Vitro Oxidation of Lapachol: A Model to Predict and
Analyse the in Vivo phase I Metabolism of Bioactive Compounds, European Journal of
Medicinal Chemistry, v. 54, p. 804-812, aug. 2012.
SILVA, M. N.; FERREIRA, V. F.; SOUZA, M. C. B. V. Um Panorama Atual da Química e
da Farmacologia de Naftoquinonas com Ênfase na β-Lapachona e Derivados.
Química. Nova, v. 26, n. 3, p. 407-416, 2003.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

SÍNTESE DO LUMINOL E APLICAÇÕES EM REAÇÕES QUIMILUMINESCENTES 1

SEIGIURA, Rafael Hideki 2


de CARVALHO, Paulo Sérgio 3

RESUMO

A síntese do luminol foi realizada partindo do anidrido ftálico, como reagente inicial,
em 3 etapas. A primeira etapa envolveu uma reação de nitração aromática, obtendo o
ácido 3-nitroftálico. A partir desse ácido, foi realizado uma segunda etapa com a
utilização de um sal de hidrazina para a formação da ftalazida correspondente. Em
seguida, essa ftalazida foi submetida a uma reação de redução, levando à obtenção do
luminol. Finalmente, de posse do produto desejado, realizaram-se testes qualitativos de
luminosidade com agentes oxidantes, sem a adição de corantes, o que provocou uma
intensa luminosidade. Repetindo-se o teste com a adição de corantes diversos, não
houve mudanças significativas, com exceção da fluoresceína, que levou a uma coloração
verde intensa.

Palavras-chave: quimioluminescência, luminol, corantes.

INTRODUÇÃO

Quando uma radiação eletromagnética luminosa é produzida a partir de uma


reação química ela é chamada de quimioluminescência, ocorrendo esse fenômeno a
partir da absorção de energia suficiente para transformar a substância luminescente em
um complexo ativado, o que torna essa substância em um produto eletricamente excitado
(FERREIRA e ROSSI, 2002).
Em excesso, essa energia presente no estado excitado da substância em singletos
ou tripletos é dissipada como ondas eletromagnéticas, provenientes da quebra de
ligações muito energéticas, como a de peróxidos, emitindo luz e voltando para o seu
estado fundamental (Santos et al. 1993). Esse fenômeno tem aplicação em áreas
diversas, como na determinação de peróxidos, nas reações enzimáticas, determinação de
acidez em alimentos, entre outras aplicações (PETRE e HUBCĂ, 2013). Apesar das
diversas aplicações citadas acima, a mais notória está na perícia criminal, sendo que a
utilização do luminol permite a detecção eficaz de resíduos de sangue em tecidos ou
outros materiais mesmo após várias lavagens (VIDOTTO e QUEIROZ, 2013).

OBJETIVOS

1 Bolsa PIBIFSP/IFSP-2019
2 Licenciando em Química, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email: rafael.seigiura@gmail.com
3 Professor Doutor, IFSP, campus São Paulo, São Paulo – SP; email: paulo.carvalho@ifsp.edu.br
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Este trabalho teve como objetivo a síntese do luminol partindo como o anidrido
ftálico como reagente inicial e precursor do ácido 3-nitroftálico, visto que este ultimo
possui um alto custo no mercado, inviabilizando, muitas vezes, a sua compra. O luminol
obtido após três etapas de síntese, foi caracterizado por análises qualitativas consistindo
de reações de quimioluminescência na presença ou ausência de corantes diversos.

METODOLOGIA

Para a obtenção do ácido 3-nitroftálico, utilizou-se uma amostra de 29,90 g de


anidrido ftálico, em uma reação de nitração aromática com 30 mL de ácido nítrico
concentrado e 30 mL ácido sulfúrico concentrado. Realizou-se esta reação em uma
capela, devido a alta liberação de gases tóxicos e deixou-se cerca de 3 horas. Ao final da
reação, o filtrou-se o produto por pressão reduzida, obtendo-se 15,82 g de sólido
(rendimento de 54%). Deixou-se o líquido filtrado restante em repouso por mais uma
noite, obtendo-se mais 7,24 g do sólido, porém com mais impurezas.
Após obter ao ácido desejado, utilizaram-se 2,509 g dessa amostra para reagir
com 1,760 g de sulfato de hidrazina e 2,515 g de acetato de sódio, dissolvendo-se em 10
mL de água. Após o início da ebulição, adicionaram-se 12,5 mL de glicerina, e o meio
reacional foi deixado novamente sob aquecimento até a ebulição total da água, atingindo-
se cerca de 200 oC e mantendo-se 8 minutos nesta temperatura. Por fim, adicionaram-se
40 mL de água e, após filtração, obtiveram-se 1,875 g da ftalazida desejada (rendimento
de 77%).
Preparou-se o luminol com o produto obtido na etapa anterior. Utilizaram-se 1,504
g de 5-nitro-ftalo-hidrazida, que reagiram com 7,5 g de ditionito de sódio, deixando-se o
meio reacional sob aquecimento por alguns minutos e adicionando-se 12,5 mL de ácido
acético glacial em seguida. Após a evaporação do ácido acético, filtrou-se o resíduo,
obtendo-se 1,087 g de luminol com um rendimento de cerca de 84%.
Com o luminol obtido, realizaram-se os testes de quimioluminescência com uma
solução de luminol e uma solução de um agente oxidante, sendo utilizado para este
experimento uma solução de ferricianeto de potássio 0,092 mol.L -1 e peróxido de
hidrogênio 3%. Utilizaram-se corantes diversos para os testes, como identificadores de
pH com cores características como a fenolftaleína e o vermelho de metila, além da
fluoresceína.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira etapa da reação demorou a ser realizada, pois levou-se muito tempo
para se adquirir o reagente anidrido ftálico e mais ainda para se adequar a capela do
laboratório de Química à realização de reações de nitração. Metodologias diversas para
essa etapa foram pesquisadas na literatura sendo encontrados três diferentes métodos.
O primeiro foi o de Petre e Hubcă (2013), que utilizava da naftalina como material de
partida. Esse método foi descartado, pois além dos vapores da nitração, havia o vapor da
sublimação da naftalina, e a utilização de cromatos, substâncias tóxicas ao ser humano e
ao meio ambiente, que inviabilizavam a estratégia. Outra metodologia encontrada foi a de
Culhane e Woodward (1941), que também foi descartada, uma vez que utilizava o ácido
nítrico fumegante, que aumentaria muito a produção de vapores corrosivos, além de ter
um poder oxidante muito mais forte, podendo ter produtos indesejáveis. Finalmente, o
método escolhido foi o de Littman (1925), que utiliza apenas o ácido nítrico e sulfúrico
concentrados. Vencida esta etapa, a obtenção do luminol através de reações de

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condensação do ácido 3-nitroftálico com hidrazina e da subsequente redução da ftalazida
intermediária com ditionito de sódio foi realizada de forma relativamente fácil.
Os testes de luminescência foram realizados misturando-se a solução de luminol e
a solução do agente oxidante. Ao misturar as duas amostras, uma luz característica foi
visualizada, sendo ela branca-azulada, que durou alguns segundos. Os resultados dos
testes de luminescência na presença dos corantes não foram satisfatórios, pois não
houve mudança na coloração da luz emitida. A exceção foi a fluoresceína, onde uma luz
verde intensa foi emitida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

As principais dificuldades para a realização deste projeto foi a reação de nitração


do anidrido ftálico, que dependia desse reagente e de capela em bom estado de
funcionamento. Vencidos esses problemas, a nitração foi realizada e as etapas
subsequentes para a síntese do luminol foram executadas de maneira relativamente
simples.
Os resultados dos testes qualitativos de luminescência foram realizados
misturando-se a solução do luminol à solução oxidante e a emissão de uma luz branca-
azulada permitiu a confirmação de que a amostra obtida na síntese era mesmo o luminol.
Embora a maioria dos testes de luminescência na presença de corantes não tenha levado
a alterações perceptíveis dos resultados, a presença de fluoresceína produziu a emissão
de uma luz verde intensa.

REFERÊNCIAS

CULHANE, P. J.; WOODWARD, G. E. 3-Nitrophthalic Acid, Organic Syntheses, col. v.1,


p. 408-410, 1941.
FERREIRA, E. C.; ROSSI, A. V. A quimiluminescência como ferramenta analítica: Do
mecanismo a aplicações da reação do luminol em métodos cinéticos de análise, Química
Nova, São Paulo, v. 25, n. 6, p.1003-1011, 2002.
LITTMANN, E. R. The preparation of 3-nitrophthalic acid, Journal of the American
Chemistry Society, v. 47, n. 7, 1980-1981, 1925.
PETRE, R., HUBCĂ, G. A performing synthesis strategy of luminol, a standard
chemiluminescent substance, UPB Scientific Bulletin, Series B: Chemistry and
Materials Science, v. 75, n. 1, 23-34, 2013.
SANTOS, R. M. S.; SANTOS, M. F.; COSTA, M. F. D.; Quimioluminescência e
Bioluminescência; Química nova; v.16, n. 3, p. 200-209, dez. 1993.
VIDOTTO, A.; Técnica de quimioluminescência em manchas de sangue: o uso de
luminol para a sua identificação. Orientador: Paulo Roberto Queiroz. 2013. Dissertação
(Pós-graduação em farmácia e química forense) - Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, Goiás, 2013.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

EFEITO DO pH E DO TEMPO DE AQUECIMENTO NA DISSOLUÇÃO DE


ALUMÍNIO EM DIFERENTES PANELAS DO METAL 1

LIMA, Gabrielle Silva2


SOARES, Rafael Ribeiro da Silva3

RESUMO

O alumínio é um elemento químico abundante e amplamente utilizado, seja em sua


forma metálica (Al) ou em sua forma iônica (Al3+). Além da extensa e óbvia utilização na
metalurgia, é empregado na indústria farmacêutica, na indústria têxtil, na área de
cosméticos, no tratamento de água, em aditivos alimentares, na confecção de embalagens
e de utensílios domésticos, como panelas do metal. A cocção de alimentos em panelas de
alumínio pode contribuir para o aumento da concentração do íon metálico no organismo
humano e alguns estudos relatam que a sua ingestão pode contribuir para o
desenvolvimento de doenças degenerativas, dentre elas, a doença de Alzheimer. Essa
pesquisa tem como objetivo a quantificação da dissolução de alumínio para o meio aquoso
em panelas do metal, em diferentes condições, simulando o cozimento dos alimentos.

Palavras-chave: Alumínio, dissolução, panelas, tempo, pH.

INTRODUÇÃO

O alumínio (Al) é um dos metais mais abundantes da crosta terrestre e é de grande


importância econômica. O minério que dá origem ao alumínio é a rocha bauxita e para a
obtenção do alumínio metálico, a bauxita passa por um processamento químico, conhecido
como processo Bayer, se transformando em alumina calcinada. A alumina, por sua vez,
passa por um processo eletrolítico, conhecido como Hall-Héroult, que dá origem ao
alumínio metálico (LEE, 1999).
O metal é usado desde estruturas em aviões, navios e automóveis até em bens de
consumo. Além da sua extensa utilização na indústria metalúrgica, existem muitas formas
de contato humano com este elemento químico, pois o metal é amplamente utilizado na
indústria farmacêutica, na indústria de papel e na indústria têxtil, além de estar presente no
refino de açúcar, em aditivos alimentares, em cosméticos, em diversas embalagens, no
tratamento de água potável e na confecção de utensílios domésticos (LEE, 1999).
O uso de utensílios domésticos e panelas de alumínio podem contribuir para o
acúmulo do metal no organismo, pois pode ocorrer a contaminação dos alimentos por

1 Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica e Tecnológica; bolsista PIBIFSP 2020.


2 Graduanda em Licenciatura em Química; IFSP; São Paulo; SP; gbybilima@gmail.com; LIMA, Gabrielle
Silva.
3 Professor EBTT; IFSP; São Paulo; SP; rarisiso@ifsp.edu.br; SOARES, Rafael Ribeiro da Silva.
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alumínio durante o processo de cozimento, por conta da possível corrosão da camada
superficial de óxido (GREGER, 1993). Dessa forma, a preparação e o armazenamento de
alimentos em recipientes de alumínio podem contribuir para o acúmulo de pequenas
quantidades do metal no corpo, trazendo algumas consequências para a saúde humana.

OBJETIVOS

O objetivo desta pesquisa consiste na determinação da dissolução de alumínio no


meio aquoso em panelas do metal, em diferentes condições de pH e temperatura,
simulando o cozimento de alimentos.

METODOLOGIA

Neste projeto pretende-se quantificar a dissolução do alumínio metálico em água,


em diferentes tipos de panelas do metal (alumínio batido, polido, areado, etc.), avaliando-
se diferentes faixas de pH (meio ácido, neutro e básico) e aquecendo as soluções em
diferentes tempos (variando-se em minutos a horas). O uso de um planejamento fatorial
auxiliará na condução dos experimentos e análise dos futuros resultados. Para a
determinação do alumínio em solução aquosa foi escolhido o método colorimétrico com o
corante Eriocromocianina R, com o uso de um espectrofotômetro de absorção na região do
UV-Vis. Todas as análises deverão ser realizadas no Laboratório de Química do Campus
São Paulo do IFSP.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O cozimento de alimentos em panela de alumínio pode ocasionar a contaminação


dos alimentos pelo metal e contribuir para o acúmudo de alumínio no corpo humano. O
alumínio pode ser absorvido pelas vias respiratória, cutânea ou oral; porém, a via oral é a
responsável pela maior parte da ingestão diária de alumínio, seja por meio de aditivos
alimentares, da água tratada, ou de alimentos possivelmente contaminados por utensílios
domésticos ou embalagens do metal (ROSALINO, 2011).
Após ser absorvido pelo trato digestivo, o alumínio entra na corrente sanguínea e
cerca de 80 % dele é transportado junto com a transferrina, uma proteína transportadora
de ferro no plasma. O alumínio restante é transportado para o soro sanguíneo por meio da
proteína albumina. Cerca da metade do alumínio presente no soro sanguíneo é eliminado
pela urina, enquanto que o restante é acumulado nos ossos. Uma pequena parte do
alumínio presente no sangue pode ser transportada para o cérebro e, uma vez presente no
cérebro, o metal se torna acumulativo (KAWAHARA et al., 2007). Embora o alumínio não
seja um elemento essencial para nenhum organismo, durante muito tempo os íons Al3+
foram considerados inofensivos. No entanto, desde as últimas décadas, sabe-se que ele
pode provocar alguns efeitos nocivos no organismo (BONDY; CAMPBELL, 2017).
A exposição ao alumínio provoca alguns efeitos como encefalopatia, distúrbios
psicomotores, danos no tecido ósseo (sob a forma de osteomalacia) e danos do sistema
hematopoiético (sob a forma de anemia hipocrômica). A encefalopatia é uma das principais
suspeitas da neurotoxicidade do alumínio, pois evidencia que o metal é capaz de se

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acumular no cérebro e induzir a degeneração neurofibrilar e a morte neuronal. Sendo assim,
vários estudos afirmam que o consumo de alimentos e água contendo altos níveis de
alumínio podem apresentar potenciais riscos para o desenvolvimento das doenças
degenerativas (CAMPBELL et al., 2004; ROSALINO, 2011).
A doença de Alzheimer pode ser entendida como uma desordem neurodegenerativa
caracterizada pela perda progressiva da memória e de outras habilidades cognitivas. Essa
desordem está relacionada com a diminuição geral de tecido cerebral e com a perda de
neurônios, especialmente no hipocampo e no cérebro anterior basal. Em alguns estudos
experimentais realizados com ratos, a exposição ao alumínio constatou uma redução
significativa no peso do cérebro dos ratos. Apesar de todos os estudos na área, a relação
entre a exposição ao alumínio e a doença de Alzheimer ainda é bastante discutida. A
pesquisa é dificultada, pois a atividade cerebral dos camundongos não retrata a função
cerebral do organismo humano (BONDY; CAMPBELL, 2017).
As panelas, assadeiras, frigideiras e os demais utensílios de alumínio, incluindo os
talheres, são amplamente utilizados nas cozinhas convencionais e nas cozinhas industriais,
devido à sua leveza e durabilidade. A excelente condutibilidade térmica do metal distribui
uniformemente o calor da chama, proporcionando um cozimento uniforme dos alimentos.
Porém, é importante ressaltar que a preparação e o armazenamento de comida em
recipientes de alumínio podem contribuir com pequenos aumentos nas quantidades do
metal, na ordem de 2 mg g-1 de alimento. No preparo de alimentos ácidos, cozidos por um
longo período de tempo em panelas do metal, pode haver uma dissolução de até 17 mg de
alumínio em uma porção de 100 g de alimento, pois o meio ácido favorece a dissolução do
metal (GREGER, 1993).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Com a realização deste projeto, espera-se quantificar a dissolução do alumínio em


água através da simulação de cozimento de alimentos em diferentes panelas do metal. A
ideia de variar diferentes valores de pH e de tempo de aquecimento proverá um panorama
das condições estudadas que mais propiciam a dissolução de alumínio.

REFERÊNCIAS

BONDY, S. C.; CAMPBELL, A. Aluminum and Neurodegenerative Diseases. 1. ed.


Elsevier Inc., 2017. v. 1
CAMPBELL, A. et al. Chronic Exposure to Aluminum in Drinking Water Increases
Inflammatory Parameters Selectively in the Brain. Journal of Neuroscience Research.
v. 75, p. 565–572, 2004.
GREGER, J. L. ALUMINUM METABOLISM. Annual review org., v. 13, p. 43–63, 1993.
KAWAHARA, M. et al. Aluminum and Human Health: Its Intake, Bioavailability and
Neurotoxicity. Journal of Environmental Biology, v. 18, n. 3, p. 211–220, 2007.
LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa. 5. ed. São Paulo: Blucher, 1999.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

APLICAÇÃO METALOFÁRMACA DE COMPLEXOS COM METAIS DO BLOCO D:


UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA1

SILVA, Gabriel Brito2


JÚNIOR, Pedro Miranda3

RESUMO
A Química apresenta diversas subáreas, dentre elas a bioinorgânica, responsável
pelo estudo de metalofármacos. Devido à relevância deste tema, uma revisão bibliográfica
pode contribuir para compreensão das diferentes abordagens de pesquisas desenvolvidas
com metalofármacos. Neste trabalho é apresentada uma revisão bibliográfica realizada
em dois importantes periódicos nacionais no período de janeiro de 2010 a novembro de
2019 sobre a aplicação metalofármaca de compostos de coordenação de metais do bloco
d. O estudo foi realizado tendo como base as seguintes categorias para análise:
distribuição por ano; distribuição geográfica; distribuição por aplicação; e metais
pesquisados. Observa-se que a temática, embora seja relevante, não apresenta ainda
grande destaque nas revistas selecionadas.

Palavras-chave: Química bioinorgânica. metalofármacos, compostos de coordenação.

INTRODUÇÃO
Atualmente, a química inorgânica é uma área bastante vasta, pois abrange
diversas subáreas, tais como: organometálicos, catálise, bioinorgânica e supramolecular
(BERALDO, 2011). No que diz respeito à subárea de bioinorgânica, ela é responsável
pelos estudos da aplicação de íons inorgânicos nos seres vivos. Dado que diversos
elementos desempenham papéis importantes nos mais diversos sistemas biológicos, na
medicina, há a produção de fármacos que podem contem íons metálicos em suas
constituições, denominados assim, metalofármacos. Esses compostos possuem efeitos
diretos ou não no organismo humano, atuando como: suplementos, agentes terapêuticos
ou inibidores de enzimas (BENITE, 2007).
Apesar de sua grande abrangência, a quantidade de pesquisas na área de química
inorgânica é menor se comparada às outras grandes áreas. Com isso, a promoção de
divulgação de trabalhos de pesquisa desta área em periódicos científicos se torna
necessário e imprescindível (TOMA, FERREIRA, SERRA, 2002). No Brasil, há dois
periódicos bem sucedidos, com grande importância para o crescimento da Química em
território nacional (TORRESI et al., 2007), ambos pertencentes à SBQ – Sociedade
Brasileira de Química, sendo eles “Química Nova” e “Journal of the Brazilian Chemical
Society”.

1
Projeto de Pesquisa.
2
Licenciando em Química; IFSP; São Paulo; SP; gabrielbritosilva0@gmail.com; SILVA, Gabriel Brito.
3
Professor Doutor do departamento de Ciências e Matemática; IFSP; São Paulo; SP; pmirajr@gmail.com;
JÚNIOR, Pedro Miranda.
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OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica em dois
periódicos nacionais para analisar a relevância da temática “metalofármacos” com
complexos de metais do bloco d.

METODOLOGIA
Primeiramente, foram selecionados artigos publicados no período de janeiro de
2010 a novembro de 2019 em dois importantes periódicos nacionais, a “Química Nova” e
o “Journal of the Brazilian Chemical Society”, utilizando a base de dados Scielo –
Scientific Eletronic Library Online. Para a pesquisa foram utilizadas como palavras-chave:
coordenação (coordination), metais de transição (transition metals) e complexos
(complexes) que poderiam ser encontradas no título ou resumo. Dentro dos artigos
obtidos foram selecionados aqueles correspondentes a aplicações metalofármacas. Como
resultado, foram obtidos 26 artigos, sendo 2 correspondentes ao periódico Química Nova
e 24 ao Journal of the Brazilian Chemical Society. Para melhor apresentação dos dados,
eles foram classificados em categorias a serem analisadas: distribuição por ano,
distribuição geográfica, distribuição por aplicação e metais pesquisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os resultados obtidos foi realizado um painel com gráficos (Figura 1).

Figura 1 - Painel de gráficos para os resultados obtidos

Fonte: AUTOR, 2020

Analisando a Figura 1, para a distribuição por ano, observa-se que a revista


Química Nova aparece apenas nos anos de 2010 e 2011, enquanto a revista Journal of
the Brazilian Chemical Society aparece com uma frequência anual maior, dentro do
período selecionado. A variação da quantidade de manuscritos sobre o tema escolhido
pode estar associada à quantidade de manuscritos publicados anualmente para cada
revista, que oscila bastante.
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No que se refere à distribuição geográfica, observou-se que, majoritariamente, os
artigos eram de autores brasileiros, com destaque para a região sudeste, responsável por
cerca de 80% dos manuscritos nacionais. A grande contribuição desta região pode estar
associada ao fato de que grandes instituições de ensino superior tradicionais se
encontram lá, tais como USP, UFMG e UFRJ. Não houve artigos oriundos das regiões
norte e centro-oeste. A quantidade de artigos internacionais corresponde a 23% do total.
De acordo com os metais pesquisados, observou-se que os íons mais estudados
eram os bivalentes, com aparecimento de íons trivalente (Co 3+) e tetravalente (Pt4+). O
metal mais pesquisado foi o cobre. A aplicação desse metal é ampla, podendo ser
utilizado em diversos segmentos como artesanato e agricultura (LEE, 1999). Além disso,
sua importância bioinorgânica é alta, uma vez que alguns compostos são capazes de
quebrar a molécula de DNA, atuando como agentes antitumorais (RODRIGUES; SILVA;
GUERRA, 2012; MARTINS et al., 2017; FRANCISCO et al., 2010). Atenta-se, também,
para a platina, metal utilizado na síntese do primeiro composto de coordenação utilizado
no tratamento de câncer, a cisplatina (BENITE; MACHADO; BARREIRO, 2007). Os seus
estudos na área bioinorgânica são vastos, posto que diversos complexos com atividades
antitumorais foram sintetizados a partir da cisplatina (SILVA; GUERRA, 2010; SILVA et
al., 2010). Evidenciando a pesquisa relativa ao rutênio (terceiro mais pesquisado), os
estudos a seu respeito cresceram com a implementação do laboratório de cinética e
mecanismo de reações inorgânicas (TOMA, FERREIRA, SERRA, 2002).
No que diz respeito às distribuições por aplicação, a maior parte dos artigos tinha
por finalidade a síntese de agentes antitumorais, para doenças como leucemia e câncer
de mama. Há, também a presença de artigos referentes à produção de antibióticos para
tratamento de tuberculose e para inibição de micróbios. Na aplicação “diversos” há
estudos sobre fungicidas, anti-inflamatórios e agentes terapêuticos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
A química bioinorgânica é uma área vasta que estuda a aplicação de íons
inorgânicos nos seres vivos. Dentre suas diversas aplicações, encontram-se os
metalofármacos, que são compostos que possuem íons metálicos em sua constituição.
Esta pesquisa tinha por objetivo analisar a relevância dessa aplicação em dois periódicos
nacionais. Observou-se que tal temática não é muito abordada, baseando-se na
quantidade de manuscritos publicados, dentro do período selecionado. No entanto, não
há inviabilização da sua relevância para os seres humanos, uma vez que ela promove a
obtenção de agentes antitumorais, antibióticos, entre outros.
REFERÊNCIAS
BENITE, A. M. C.; MACHADO, S. P.; BARREIRO, E. J. Considerações sobre a Química
Bioinorgânica Medicinal. Revista Eletrônica de Farmácia, v.4, n.2, p. 131-142, 2007.
BERALDO, H. Tendências atuais e as perspectivas futuras da química inorgânica. Cienc.
Cult., São Paulo, v.63, n.1, p.29-32, Jan. 2011.
FRANCISCO, Acácio I. et al. Theoretical studies of the tautomerism in 3-(2-R-
Phenylhydrazono)-naphthalene-1,2,4-triones: synthesis of copper(II) complexes and
studies of antibacterial and antitumor activities. J. Braz. Chem. Soc., São Paulo, v. 21, n.
7, p. 1293-1302, 2010.
MARTINS, Darliane A. et al. Copper(II) Nitroaromatic Schiff Base Complexes: Synthesis,
Biological Activity and Their Interaction with DNA and Albumins. J. Braz. Chem. Soc., São
Paulo, v. 28, n. 1, p. 87-97, jan. 2017.
RODRIGUES, M. A.; SILVA, P. P.; GUERRA, W. Cobre. Quím. Nova na Escola. v.34,
n.3, p.161-162, 2012.
SILVA, P. P.; GUERRA, W. Platina. Quím. Nova na Escola. v.32, n.2, p.128-129, 2010.

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SILVA, P. P. et al. Platinum(II) compounds of tetracyclines as potential anticancer agents:
cytotoxicity, uptake and interactions with DNA. J. Braz. Chem. Soc., São Paulo,
v.21, n.7, p. 1237-1246, 2010.
TOMA, H. E.; FERREIRA, A. M. C.; SERRA, O. A. Desenvolvimento da Química
Inorgânica no Brasil. Quím. Nova, São Paulo, v.25, supl. 1, p.66-73, Maio 2002.
TORRESI et al. A IMPORTÂNCIA DAS REVISTAS QUÍMICA NOVA E JOURNAL OF THE
BRAZILIAN CHEMICAL SOCIETY NO CRESCIMENTO DA ÁREA DE QUÍMICA NO
BRASIL. Quím. Nova, São Paulo, v.30, n.6, p.1491-1497, 2007.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

REAÇÕES DE OXIDAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS UTILIZANDO O


HIPOCLORITO DE SÓDIO COMERCIAL1

SPIRLANDELI, Caroline Borges2


SOARES, Rafael Ribeiro da Silva3

RESUMO

Dentro do escopo das reações orgânicas, as reações de oxidação-redução se


destacam por conseguir transformar os grupos funcionais das moléculas. Usualmente, o
agente oxidante ou redutor é um composto inorgânico que pode gerar resíduos tóxicos,
como o dicromato ou o permanganato de potássio. O hipoclorito de sódio é um agente
oxidante que apresenta uma alternativa mais econômica e mais limpa para realizar
algumas transformações químicas com moléculas orgânicas. A presente pesquisa visou
utilizar o hipoclorito de sódio comercial para efetuar reações de oxidação com substâncias
orgânicas presentes no laboratório do IFSP, produzindo novos substratos que poderão
ser úteis para futuras pesquisas e aplicação em aulas de Química Orgânica Experimental
no Curso de Licenciatura. O hipoclorito de sódio foi padronizado por volumetria de
oxidação-redução antes de cada reação e as reações de oxidação em meio alcalino a
quente da p-nitroacetofenona e da p-metoxiacetofenona produziram os respectivos ácidos
benzoicos. A oxidação do álcool benzílico e do benzaldeído produziu quantidade
significativa de ácido benzoico em um tempo rápido. A oxidação da vanilina não ocorreu
como o esperado: ao invés de se produzir o ácido vanílico, houve a formação de um
composto clorado e a manutenção do o grupo aldeído na molécula.

Palavras-chave: Hipoclorito, síntese, oxidação, Química Orgânica.

INTRODUÇÃO

De acordo com Solomons (2011), Química Orgânica é a química dos compostos


que contêm o elemento carbono, sendo estes essenciais para a vida do nosso planeta. A
síntese orgânica tomou espaço e, ao longo do tempo, os produtos encontrados através
desta foram diversos, mostrando diferentes complexidades dos compostos (CORREIA et
al, 2002). As reações de oxidação-redução fazem parte das reações químicas mais
usuais e com maior importância. Nestas reações, ocorre a migração de elétrons de uma
substância para outra (FREITAS, 2007). O conceito de oxidação, em Química Orgânica, é
bastante amplo, mas destaca-se a oxidação de alcoóis para aldeídos, cetonas ou ácidos
carboxílicos, onde se observa um ligeiro aumento do teor de oxigênio nessas moléculas
(ZORZANELLI & MURI, 2014).
As oxidações de alcoóis são feitas em meio aquoso usando-se uma metodologia
clássica com oxidantes inorgânicos, tais como o permanganato de potássio, o dióxido de
manganês, o dicromato de potássio e o trióxido de cromo. Porém, tais compostos são

1 Projeto de Pesquisa: Iniciação Científica – PIBIFSP2019.


2 Graduanda em Química; IFSP; São Paulo, spirlandelifsp@gmail.com; SPIRLANDELI, Caroline Borges.
3 Professor EBTT; IFSP; São Paulo, rarisiso@ifsp.edu.br; SOARES, Rafael Ribeiro da Silva.
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prejudiciais ao meio ambiente, já que seus usos geram resíduos contendo metais
pesados como manganês e cromo, sobretudo cromo hexavalente, que contribuem para a
degradação do planeta (SILVA & JONES, 2001).
Em geral, a água sanitária comercial possui um teor de cloro ativo em torno de
2,5%, é alvejante e tem alto poder germicida. Além disso, o hipoclorito de sódio (NaOCl, o
seu componente majoritário) pode ser utilizado como reagente químico em várias reações
- incluindo as de oxirredução -, tendo como principais vantagens o seu baixo custo e o
oferecimento de baixo risco ao meio ambiente e à saúde humana (SANTOS et al., 2009).

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho consiste na utilização da solução comercial de hipoclorito


de sódio na preparação de novos substratos orgânicos de interesse experimental em
Química Orgânica, substituindo métodos clássicos que são inviáveis ecológica e
economicamente.

METODOLOGIA

Para a determinação do teor de cloro ativo no hipoclorito de sódio comercial foi


feita uma padronização por análise volumétrica com a técnica de iodometria. Essa
padronização aconteceu anteriormente a todos os experimentos que utilizaram a solução
comercial de hipoclorito.
Três acetofenonas p-substituídas foram usadas para o processo de oxidação com
o hipoclorito de sódio em meio alcalino, via reação do halofórmio: a p-nitroacetofenona, a
p-aminoacetofenona e a p-metóxiacetofenona. Utilizou-se 40 mL de solução de hipoclorito
para cada 0,02 mol de substrato e 5 mL de NaOH 10% sob aquecimento e agitação por
uma hora. Após esse tempo, resfriou-se o meio reacional e tornou-se ácido com a adição
de HCl concentrado até pH 2, para a formação do precipitado, sendo este filtrado a vácuo
e posteriormente seco ao ar livre. Também se testou a reação com a p-(N-
acetil)aminoacetofenona, derivado acetilado da p-aminoacetofenona, produzido pela
reação com anidrido acético e ácido sulfúrico concentrado como catalisador.
Já na oxidação do álcool benzílico, do benzaldeído e da vanilina, somente o agente
oxidante foi utilizado (40 mL de hipoclorito para cada 0,01 mol do substrato), também com
agitação e aquecimento brando em banho-maria por uma hora. Ao término da reação, o
meio foi acidificado até pH 2 para a precipitação dos sólidos, posterior a filtração a vácuo
e secagem ao ar livre. Realizaram-se análises espectroscópicas e de ponto de fusão para
a caracterização de todos os sólidos formados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A padronização da solução comercial de hipoclorito de sódio pelo método da


iodometria mostrou que o teor de cloro ativo (Cl2) na solução era aproximadamente 7% e
se manteve constante por um bom período de tempo, o suficiente para a realização dos
experimentos.
A formação do ácido p-nitrobenzóico foi bem sucedida, com rendimento de 91%.
Seu ponto de fusão foi determinado igual a 240 ºC, estando dentro da faixa de 239 – 242
ºC, o valor teórico para a substância e seu espectro de infravermelho foi adequado.
O ácido p-metoxibenzoico foi obtido com 87% de rendimento e seu ponto de fusão
experimental foi de 180 ºC, sendo que a literatura mostra uma faixa de 182 – 185 ºC. A
amostra sólida foi submetida à análise de CG-EM e mostrou a presença de um único pico
no cromatograma, cujo espectro de massas foi comparado ao ácido p-metoxibenzóico
com 84% de similaridade. O espectro de infravermelho também confirmou a estrutura do
produto obtido.
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No caso dos derivados nitrogenados – primeiramente a p-aminoacetofenona,
depois o seu derivado N-acetilado, produzido justamente para diminuir a reatividade do
composto precursor – não foi bem sucedida; o meio reacional apresentou-se com aspecto
carbonizado, ocorrendo severa decomposição das substâncias e impossível recuperação
de algum produto orgânico.
Para as reações de oxidação do álcool benzílico e do benzaldeído, obteve-se um
rendimento de 34% e 39%, respectivamente, em termos de ácido benzoico. O sólido
branco obtido possuía cristalinidade e seu ponto de fusão foi determinado em 122 ºC,
sendo compatível com o valor da literatura na faixa de 121 – 123 ºC. Em ambos os casos,
o hipoclorito de sódio não foi muito eficiente como oxidante, promovendo rendimentos
baixos de produto de oxidação.
A oxidação da vanilina não ocorreu como se esperava. Com o objetivo de se obter
o ácido vanílico (p.f. 208 – 210 ºC) pela oxidação da função aldeído a ácido carboxílico,
obteve-se, na realidade, um sólido cristalino com ponto de fusão experimental de 164 ºC e
rendimento de 88%, sendo caracterizado pela espectrometria de massas como sendo a 5-
clorovanilina, evidenciando que o hipoclorito promoveu a reação entre o cloro ativo e o
anel aromático.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A utilização do hipoclorito de sódio como agente oxidante é um bom exemplo da


chamada “Química Limpa”, em que são usados reagentes eficientes, baratos, acessíveis
e, principalmente, que não agridam o meio ambiente ou que, pelo menos, reduzam os
resíduos gerados. Este oxidante foi satisfatório na transformação da maioria dos
substratos testados, em reações rápidas e eficazes, com exceção dos compostos
aromáticos nitrogenados. Os substratos utilizados nessa pesquisa encontravam-se sem
uso e em relativa quantidade no Laboratório de Química do IFSP, então o projeto
conseguiu dar uma perspectiva de utilização para os mesmos.

REFERÊNCIAS

CORREIA, C. R. D. et al. Vinte Cinco Anos de Reações, Estratégias e Metodologias em


Química Orgânica. Química Nova, v.25, n.1, p.74-81, 2002.
FREITAS, M. S. Remoção de microcistinas e saxitoxinas por meio de oxidação com
hipoclorito de sódio: Avaliação em escala de bancada. 2007. Dissertação (Mestrado) -
Tecnologia Ambiental e Recursos Híbridos, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
SANTOS, A. P. B. et al. Oxidação do borneol à cânfora com água sanitária – um exemplo
simples, de baixo custo e limpo. Química Nova, v. 32, n. 6, p. 1667-1669, 2009.
SILVA, F. M. da; JONES, J. Jr. Reações Orgânicas em Meio Aquoso. Química Nova,
v.24, n. 5, p. 646-657, 2001.
SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC,
2011.
ZORZANELLI, B. C.; MURI, E. M. F. Oxidação de Alcoóis em Química Verde. Revista
Virtual de Química, v.7, n. 2, p. 663-683, 2014.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA:
ESTUDO DO PROCESSO DE OXIDAÇÃO AVANÇADO PARA O TRATAMENTO
DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS NO MEIO AMBIENTE

ALMEIDA, Elizabeth Gonzaga


AVEIRO,Dr. Luci Rocha

RESUMO

Neste trabalho estuda-se uma forma mais adequada para tratar os resíduos
de antibióticos produzidos pelos laboratórios didáticos de Química e Biologia do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP- SPO). O
seu descarte inapropriado gera impacto significativo ao meio ambiente, sendo
assim, se faz necessário realizar pesquisas que resultem em tratamentos eficazes.
O tratamento do resíduo ocorrerá pela aplicação dos processos de oxidação
avançada (POAs), mais especificamente os processos Fenton e foto-Fenton, que
produz o radical hidroxila, principal responsável pela mineralização do poluente até
a formação de água, dióxido de carbono dentre outras substâncias simples e íons
inorgânicos.

Palavras-chave: Divulgação científica, Processo de Oxidação Avançada,


Antibióticos, Fenton e foto-Fenton

INTRODUÇÃO

As bactérias são seres que existem em diversos ambientes do planeta,


inclusive nos seres vivos mais complexos. Nos humanos são encontradas na pele,
nas mucosas e podem cobrir o trato intestinal. Muitas bactérias são inofensivas e
até benéficas para a vida humana, fornecem nutrientes ou proteção contra doenças
e patógenos, como a flora intestinal que contém milhares de espécies de bactérias
que auxiliam no funcionamento do intestino. Esses seres têm como características
seu curto tempo de vida, sua reprodução acelerada trocando material genético e
podem sofrer mutações frequentes (SANTOS, 2004). Essas características
favorecem as bactérias a se adaptarem e evoluírem em determinados ambientes
que antes poderiam ser hostis, como um ambiente que tenha antibióticos.
Segundo DIAS (2011) os antibióticos fazem parte da vida cotidiana do
homem moderno, pois eles tem a função de combater as infecções geradas por
bactérias. A problemática é que eles são introduzidos continuamente no meio
ambiente, solo e águas, devido ao seu despejo em corpos hídricos. Também podem
ser encontrados em efluentes hospitalares e em efluentes pertencentes a indústrias
farmacêuticas. Uma vez entrando em contato com as bactérias, faz com que elas se
tornem resistentes à essas drogas, ou seja, tornando-se superbactérias (SANTOS,
2004).
As bactérias fazem parte do meio ambiente, então pensando nesta
problemática é mais adequado desenvolver formas de impedir que os antibióticos
estejam nos corpos hídricos e de tratar os solos e águas já contaminados por
antibióticos. Uma forma de tratar ambientes contaminados por antibióticos é usando
os processos de oxidação avançados, mais precisamente o processo Fenton e foto-
Fenton, que vão produzir um radical hidroxila (HO●) que é altamente oxidante
promovendo a degradação da matéria orgânica até formar água, dióxido de
carbono e íons inorgânicos provenientes da molécula orgânica (COSTA, 2013).

OBJETIVOS

Estudar qual processo de oxidação avançada, o Fenton ou Foto-Fenton, são


mais adequados para a degradação de resíduos de antibióticos.
1. Avaliar a eficácia dos processos oxidativos avançados (POAs) Fenton, foto-
Fenton em efluente modelo, ou seja, com ciprofloxacino.
2. Aplicar o POA mais eficaz no tratamento de efluentes armazenados no IFSP/
SPO e comparar com o desempenho deles na mineralização do sistema
modelo.

METODOLOGIA

Os tratamentos Fenton e foto-Fenton com os efluentes modelo, serão realizados


conforme descrito em Paulino e colaboradores (2015), com o corante azul de
metileno e o ciprofloxacino grau analítico em solução aquosa, a fim de definir os
principais parâmetros dos tratamentos, como por exemplo, a relação ótima de
concentração entre os reagentes de Fenton [H2O2]/[Fe2+] . Inicialmente será avaliada
a eficácia do processo Fenton, foto-Fenton na degradação do corante azul de
metileno, espera-se resultados semelhantes a referência Paulino e colaboradores
(2015). Depois pretende-se estudar a eficácia dos processos Fenton e foto-Fenton
no efluente modelo com antibiótico, que é o ciprofloxacino definindo parâmetros a
degradação dos resíduos de antibióticos armazenados no IFSP.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo SANTOS (2004) as superbactérias se tornaram um dos principais


problemas de saúde pública no mundo, vem afetando países desenvolvidos e não
desenvolvidos. Mas o que a população sabe sobre essa problemática? Como a
população pode ajudar nesta questão? Qual a importância deste conhecimento
circular em todas as camadas da sociedade? Segundo o artigo 27 da declaração
universal dos direitos humanos, diz que “Todo ser humano tem o direito de
participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de
participar do processo científico e de seus benefícios” (Unesco 1998), isto
significa que é um direito humano ter acesso a ciência e as tecnologias, este acesso
é um processo necessário para a formação do cidadão, assim a população pode
contribuir com as tomadas de decisões que são necessárias para solucionar
problemas (CANDOTTI, 2002), como por exemplo, a problemática dos resíduos de
medicamentos oriundos do uso doméstico.
Segundo Brito (2012), o processo Fenton corresponde a uma reação redox que
gera uma quantidade proporcional de radical hidroxila a quantidade de reagente
usado. A reação ocorre em meio ácido, onde os íons de ferrosos (Fe2+) agem como
catalisadores na decomposição do peróxido de hidrogênio (H2O2). O radical gerado
é extremamente reativo, sendo capaz de oxidar efetivamente boa parte da matéria
orgânica encontrada em efluentes (Fioreze, 2013). A seguir a reação para a
obtenção do radical
H2O2 + Fe2+ → Fe3+ + OH- + HO● (Eq. 1)

Esta reação é favorecida cineticamente, tendo uma constante K= 76 L mol -1 s-1


a 300 C e pH entre 2,5 a 3,0. Íons ferrosos são facilmente doadores de elétrons
para sistemas radicalares, paralelamente pode ocorrer a decomposição do radical
hidroxila (Brito, 2012)
HO● + Fe2+→ Fe3+ + OH- (Eq. 2)
O radical hidroxila é pouco seletivo na decomposição da matéria orgânica,
podendo então, agir por meio de vários mecanismos diferentes, (Brito, 2012) como
adição nucleofílica, abstração de hidrogênio, substituição no anel aromático,
produzindo compostos orgânicos oxidados. A reação á seguir ilustra a ação do
radical hidroxila no efluente orgânico:
HO● + R → R● + H2O (Eq. 3)

Segundo Araújo (2016) no processo foto-Fenton ocorre a aumento da formação


de radicais hidroxila, pois neste processo o radical hidroxila pode ser formado em
reações envolvendo peróxido de hidrogênio e radiação ultravioleta. O peróxido de
hidrogênio quando combinado com a radiação ultravioleta causa uma reação
indireta e com mais eficiência devido ao fato de que o potencial de oxidação do
radical hidroxil é E0 = +2,80 V, podendo assim, promover oxidação mais enérgica
(BRITO & SILVA, 2012).
H2 O2 + hv → 2HO∙ (Eq. 4)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Torna-se inadequado que uma problemática tão importante quanto o descarte


inadequado de medicamentos, principalmente de antibióticos, possibilitando o
desenvolvimento de superbactérias devido ao despejo de resíduos de antibióticos
no meio ambiente seja discutida somente entre o meio científico, trazer essa
realidade para a população faz com que outros meios discutam e desenvolvam
medidas para solucionar essas questões e outras. É direito do cidadão ter acesso
ao desenvolvimento científico e os pesquisadores precisam pensar em formas de
torná-lo popular e com uma linguagem acessível.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, K.S.; ANTONELLI, R.; GAYZADECZKA, B. ; GRANATO, A. C.;


MALPASS, G. R. P.
Processos oxidativos avançados: uma revisão de fundamentos e aplicações
no tratamento de águas residuais urbanas e efluentes industriais.
disponivel em: <http://www.scielo.br/pdf/ambiagua/v11n2/1980-993X-ambiagua-11-
02-00387.pdf>

BRITO, N. N. De.; SILVA, V. B. M. Processos Oxidativos Avançados e sua aplicação


ambiental. Revista Eletrônica de Engenharia Civil, n.3, v.1, p.36-47, 2012.

CANDOTTI, E. Ciência na educação populaR. Ciência e Público caminhos da


divulgação científica no Brasil, 2002 Disponível em: <http://www.redpop.org/wp-
content/uploads/2015/06/Ci%C3%AAncia-e-P%C3%BAblico-caminhos-da-divulga
%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica-no-Brasil.pdf> Acesso em: 20 agosto 2020.

COSTA, M.P.D; PANCOTTO, J.V.S; ALCANTARA, M.A.K; CAVALCANTI, A.S;


GUIMARÃES, O.L.C; FILHO, H.J.I. Combinação de processos oxidativos
fotoirradiados por luz solar para tratamento de percolado de aterro sanitário:
catálise heterogênea (TiO2) versus catálise homogênea (H2O2). disponivel em:
<http://www.scielo.br/pdf/ambiagua/v8n1/21.pdf>

DIAS, J. A. F. Tratamento de Efluentes da Indústria Farmacêutica por


Processos Avançados de Oxidação disponivel em: <https://bibliotecadigital.ipb.pt/
bitstream/10198/2851/3/Jorge_Dias_MEQ_2011.pdf>

PAULINO, T. R. S. ARAÚJO, R. S. SALGADO, B. C. B. Estudo de oxidação


avançada de corantes básicos via reação Fenton (Fe2+/H2 O2 )
<http://www.scielo.br/pdf/esa/v20n3/1413-4152-esa-20-03-00347.pdf>

SANTOS, N. Q A RESISTÊNCIA BACTERIANA NO CONTEXTO DA INFECÇÃO


HOSPITALAR Disponível em:
<https://www.scielo.br/pdf/tce/v13nspe/v13nspea07.pdf>. Acesso em: 07 maio
2020.

UNESCO. Declaração dos Direitos humanos. Brasília. 1998 Disponível


em:<https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000139423> Acesso em: 20 agosto
2020.
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

Termoluminescência de Al2O3:C,Mg1

MUNOZ, Juan Matheus2


YOSHIMURA, Elisabeth Mateus3
TRINDADE, Neilo Marcos4;

RESUMO

O óxido de alumínio dopado com carbono e magnésio (Al2O3:C,Mg), também


conhecido como FNTD (Fluorescent Nuclear Track Detector) é amplamente estudado como
material dosimétrico, tendo demonstrado aplicabilidade para um amplo espectro de
radiações, com destaque para dosimetria de nêutrons. Neste trabalho, foram investigados
os parâmetros cinéticos das curvas termoluminescentes de Al2O3:C,Mg, como energia de
ativação, fator de frequência e ordem cinética do pico, exposto às radiações beta e
ultravioleta (UV). As exposições foram realizadas em temperatura ambiente, utilizando de
uma fonte de 90Sr/90Y (10 mGy/s), e de uma lâmpada de mercúrio BOIT-LUB01 (254 nm).
Os parâmetros cinéticos das curvas termoluminescentes (TL) foram obtidas por métodos
bem descritos na literatura. Foram obtidos três picos TL situados em torno de 325 K (I), 350
K (II) e 375 K (III), e um pico principal em torno de 450 K (IV). Os parâmetros calculados,
com base nos diferentes métodos apresentaram valores coerentes com os obtidos na
literatura, e próximos para ambas exposições, sendo os valores mais próximos da literatura
obtidos para o pico dosimétrico do material exposto à radiação beta.

Palavras-chave: TL; Al2O3:C,Mg; radiação beta; radiação ultravioleta; dosimetria.

INTRODUÇÃO

O material Al2O3:C,Mg é amplamente estudado no ramo da dosimetria, sendo


sensível a um amplo espectro de radiações, com destaque na dosimetria de nêutrons
(AKSELROD; SYKORA, 2011).
Para estudar a influência das radiações beta e UV no Al2O3:C,Mg, foi utilizada a
técnica de termoluminescência (TL). A TL é um fenômeno que ocorre com a liberação de
cargas armadilhadas em estados metaestáveis devido à realização de estímulos térmicos
no material após a exposição deste à radiação. Conforme as cargas são desarmadilhadas,
o material emite uma resposta luminescente, com intensidade descrita por parâmetros

1 Projeto de pesquisa financiado pela agência FAPESP; número de processo: 22375-2/2019.


2 Estudante de Licenciatura em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
(IFSP); São Paulo; SP; jaunmatheus8@gmail.com; MUNOZ, Juan Matheus;
3 Docente do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP); São Paulo; SP; e.yoshimura@if.usp.br;

YOSHIMURA, Elisabeth Mateus;


4 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo; São Paulo; SP;

ntrindade@ifsp.edu.br; TRINDADE, Neilo Marcos.


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cinéticos denominados como energia de ativação (E), fator de frequência (s) e ordem
cinética (b) (CHEN; MCKEEVER, 1997).
Recentemente, (TRINDADE et al., 2020) evidenciou a sensibilidade de Al2O3:C,Mg
à radiação UV, e uma possível relação entre as armadilhas responsáveis pela resposta
termoluminescente do material para as exposições às radiações beta e UV.

OBJETIVOS

De forma geral, os objetivos deste trabalho foram investigar as respostas


luminescentes de Al2O3:C,Mg exposto às radiações beta e ultravioleta.
Os objetivos específicos foram:
(i) Obter as curvas TL de Al2O3:C,Mg após às exposições às radiações beta e
ultravioleta;
(ii) Verificar o comportamento do sinal TL em função da dose de radiação beta e
do tempo de exposição à radiação UV;
(iii) Obter os parâmetros cinéticos que descrevem as curvas TL a partir de
métodos estudados na literatura.

METODOLOGIA

As amostras monocristalinas de Al2O3:C,Mg foram cedidas pela Divisão de


Crescimento de Cristais Landauer (Stillwater, OK, EUA). O cristal foi produzido pelo Método
Czochralski.
O material foi exposto à radiação beta por meio de uma fonte de 90Sr/90Y, com taxa de dose
de 10 mGy/s, incorporada ao leitor TL em temperatura ambiente variando de 10 a 60
segundos de exposição, com incremento de 10 segundos. A exposição à radiação
ultravioleta (UV) foi realizada com uma lâmpada da marca BOITTON, modelo BOIT-LUB01,
λ = 254 nm, acoplado a um recipiente metálico onde a amostra era posicionada. A
exposição UV variou de 10 até 60 segundos. As medidas de TL foram realizadas com leitor
comercial TL/OSL Risø (modelo DA-20), com filtro de ultravioleta, Hoya U-340 (espessura
de 7,5 mm; janela de transmissão dentro de 290-370 nm), e uma máscara com abertura de
5 mm. Após cada exposição à radiação, o material foi aquecido de 273 K até 573 K, com
taxa de aquecimento de 1 K/s.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As medidas TL obtidas apresentaram três picos TL secundários em torno de 325 K


(I), 350 K (II), 375 K (III) e um pico TL principal em 450 K (IV) para exposições à UV e beta.
Com base nas relações de dose-resposta para radiação beta e tempo de exposição-
resposta para radiação ultravioleta tomadas a partir da integral da curva foram obtidas
relações lineares utilizando de uma função de ajuste (𝐼(𝑡) = 𝑎 + 𝑏 ⋅ 𝑡), obtendo coeficientes
de correlação de R2=0,999 para ambos ajustes, conforme apresentado na Figura 1.

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Figura 1. Dose-resposta de Al2O3:C,Mg exposto à radiação beta, e tempo de exposição-resposta de
Al2O3:C,Mg exposto à radiação ultravioleta para o material exposto até 60 segundos para ambas radiações,
com os ajustes lineares para UV e beta.

Os valores dos parâmetros cinéticos apresentaram compatibilidade para os picos


dosimétricos (𝐸 ∼ 1,43 eV, 𝑠 ∼ 1014 s-1, 𝑏 = 1) para ambas exposições. Também para
ambas exposições, os demais picos apresentaram cinéticas de primeira ordem (pico I),
ordem geral (pico II) e segunda ordem (pico III), e valores de energias de ativação
compatíveis para cada pico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O material apresentou sensibilidade às radiações beta e UV, e quatro picos


termoluminescentes situados nas mesmas temperaturas para ambas exposições. Os
métodos investigados foram suficientes para obtenção dos parâmetros cinéticos, e
permitem a construção das curvas TL para ambas exposições. A análise dos parâmetros
cinéticos dos picos permite considerar que as armadilhas responsáveis pela resposta do
material à radiação beta também são responsáveis pela resposta à exposição UV. O
material apresenta linearidade para a relação da integral da curva em função do tempo de
exposição para ambas radiações nos períodos investigados.

REFERÊNCIAS

AKSELROD, M. S.; SYKORA, G. J. Fluorescent nuclear track detector technology – A new


way to do passive solid state dosimetry. Radiation Measurements, v. 46, n. 12, p. 1671–
1679, 2011.
CHEN, R.; MCKEEVER, S. W. S. Theory of Thermoluminescence and Related
Phenomena. [s.l.] WORLD SCIENTIFIC, 1997.
TRINDADE, N. M. et al. Thermoluminescence of UV-irradiated α-Al2O3:C,Mg. Journal of
Luminescence, v. 223, n. 117195, 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.jlumin.2020.117195>.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

INVESTIGAÇÃO DO EFEITO DE RADIAÇÃO IONIZANTE NAS BANDAS DE


ABSORÇÃO ÓPTICA DE BeAl2O4: Cr3+ 1

SILVA, Alexia Oliveira2


DARDENGO, Stephanie Lins3;
TRINDADE, Neilo Marcos4

RESUMO

A alexandrita (BeAl2O4: Cr3+) é uma das variedades do crisoberilo que recentemente


vem sido estudada para atuar como um material dosimétrico. Esta pesquisa propôs
investigar os efeitos da radiação ionizante nas principais bandas de absorção óptica em
alexandritas naturais e sintética. Os dados foram obtidos através da técnica de absorção
óptica na faixa do visível, com objetivo de estudar os efeitos, da pré e pós-irradiação beta,
nos centros absorvedores na alexandrita. A composição química das amostras foi obtida
através da microanálise pela microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os resultados
demonstram um espectro de absorção padrão da alexandrita com a migração do Cr3+ do
sítio Al2 para o sítio Al1 após a irradiação. A caracterização química constatou a presença
do cromo e ferro na sua composição, e algumas fases de apatita. Os resultados alcançados
estão de acordo com a literatura.

Palavras-chave: absorção óptica, alexandrita, radiação ionizante, dosimetria.

INTRODUÇÃO

Os efeitos danosos causados por radiação ionizante exigiram a criação de um


sistema que estabelece um padrão apropriado para a proteção de profissionais expostos a
radiações, portanto houve um aumento no uso da dosimetria ionizante. De acordo com
pesquisas recentes (DARDENGO et al., 2020; TRINDADE et al., 2019), a alexandrita tem
potencial para atuar como material dosimétrico de radiações ionizantes, ou seja, um
detector de radiação. Um dos importantes fatores é a sua natureza química, BeAl 2O4:Cr3+,
que contém 19,8% em peso de BeO e 80,2% em peso de Al2O3, ambos óxidos utilizados
comercialmente como dosímetros (YUKIHARA; MCKEEVER, 2011), além de apresentar
um aumento linear do seu sinal luminescente em função da dose de radiação ionizante beta
absorvida (TRINDADE et al., 2019). Entretanto, as pesquisas feitas com a alexandrita na
área de dosimetria, até o momento, não focaram na caracterização dos principais íons
absorvedores, portanto o uso da absorção óptica visa complementar o estudo desse
mineral.
A alexandrita natural (BeAl2O4: Cr3+) é um cristal que pertence à classe do
crisoberilo, contendo cromo na sua composição. Com a distorção do oxigênio na estrutura

1
Esse trabalho consiste em um projeto de pesquisa financiado pelo IFSP
2
Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP);
São Paulo; SP; alexia.o@aluno.ifsp.edu.br; SILVA, Alexia Oliveira
3
Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP);
São Paulo; SP; dardengo@protonmail.com; DARDENGO, Stephanie Lins.
4
Doutor em Ciência e Tecnologia de Materiais; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo (IFSP); São Paulo; SP; ntrindade@ifsp.edu.br; TRINDADE, Neilo Marcos.
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cristalina, acaba-se formando dois sítios distintos: Al1 (centro de inversão) e Al2 (plano de
reflexão) que podem ser ocupados pelo cromo ou ferro. É conhecido que a inserção dos
íons Cl3+ no sítio Al2 atribui propriedades ópticas à alexandrita. Neste projeto foi estudado
o espectro de absorção óptica da alexandrita visando analisar o comportamento dos íons
absorvedores pré e pós-irradiação, uma vez que a técnica consiste na incidência de uma
fonte de luz no cristal resultando uma absorção seletiva, que causa transições eletrônicas
únicas de cada elemento, formando um espectro de absorção característico.

OBJETIVOS

De forma geral, o objetivo deste trabalho foi interpretar o espectro de absorção óptica
na região do visível da alexandrita.
O objetivo específico foi realizar medidas de espectroscopia de absorção óptica
(visível) a fim de analisar os centros absorvedores dos minerais e investigar, a partir do
espectro, os efeitos pré- e pós-irradiação.

METODOLOGIA

Amostras distintas para comparação foram usadas: uma rocha proveniente da Bahia
de cor esverdeada, que foi cortada, obtendo amostras com faces paralelas; e uma amostra
sintética, crescida por H. P. Jenssen and R. Morris (Allied Signal Inc, U.S.A.), pelo método
de Czochralsky. Para observar as inclusões do mineral, as amostras foram submetidas à
Microscopia Eletrônica de Varredura (SEM)/Espectrometria Dispersiva de Elétrons (EDS)
para a caracterizar as fases menores associadas nas gemas. Então, foi utilizado o
espectrômetro de fluorescência de raios X Bruker S8 Tiger WD e, após isso, as amostras
foram revestidas de carbono para SEM/EDS e fotografados a uma tensão de aceleração
de 20 kV. Foram usadas imagens a partir de elétrons retro espalhados (BSE) em
complementar a caracterização química por EDS. As medidas de absorção óptica da região
espectral do ultravioleta (UV) ao visível foram realizadas dentro da faixa de 350 a 750 nm,
com auxílio do espectrofotômetro UV- 2600 da SHIMADZU. A tomada de dados foi obtida
previamente por outros integrantes do grupo. A partir dos dados, foram feitas as
decomposições da banda A pelo OriginLab para estimativa dos íons de cromo em ambos
os sítios de alumínio. O material foi exposto à 10 Gy utilizando uma fonte beta 90Sr/90Y
incorporada no equipamento Risø, com taxa de dose 10mGy/s, em temperatura ambiente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O EDS teve resultados satisfatórios em relação a homogeneidade da amostra.


Houve a presença dos elementos oxigênio e alumínio, os principais compostos do
crisoberilo. Pode-se medir uma pequena porcentagem do cromo e ferro em diferentes
pontos analisados, na ordem de 1 ou 2%, havendo maior presença do ferro do que do
cromo. Também há fases de apatita. O berílio não pôde ser detectado por EDS.
A análise de absorção óptica trouxe resultados satisfatórios, já previstos pela literatura
(TRINDADE, 2009). O seu espectro pode ser visto na Figura 1.

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Figura 1: Banda A das amostras de alexandritas. Amostra S se refere a amostra sintética e a amostra A-E
se referem a amostras naturais.

A banda de absorção óptica, representada entre 500nm e 660nm em todas as


amostras, é denominada banda A. De acordo com a literatura (TRINDADE, 2009) a banda
A é a superposição de duas curvas do espectro de absorção do Cl3+ nos sítios Al1 e Al2,
com uma distribuição próxima de 25% no sítio de Al1 e 75% em Al2. Portanto, ao decompor
a banda A para cada amostra, pode-se determinar a porcentagem dos íons de cromo em
cada sítio e a influência da irradiação beta nessas amostras. Os resultados dessa
deconvolução são mostrados na Tabela 1.

Tabela 1: Análise da área sob a curva da banda A das amostras de alexandrita (Figura 1)

Banda A Área total


média (u.a)

Amostras Cr3+ em Al1 Cr3+ em Al2 Banda A


(%) (%)
A 25,34 74,66 23,74
B 35,18 64,82 11,45
C 24,13 75,87 31,13
D 20,64 79,36 6,91
E 23,25 76,75 26,83
Média das 26,57 73,43 21,95
amostras
A-E
S 22,28 77,72 16,82
Natural 37,60 64,40 6,20
irradiada à
10 Gy

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O objetivo foi estudar os principais íons absorvedores e os centros de cor do material.


A análise química nas amostras naturais mostrou que há a presença de impurezas na rede
cristalina, como apatitas, e cromo e ferro na composição, característico da alexandrita. O
espectro de absorção óptica apresentou concordância com a literatura. Pode-se notar que

Página 3 de 4
inicialmente em todas as amostras, há uma distribuição aproximada de 75% e 25% em
cada sítio. Após a irradiação de 10Gy, aparentemente houve uma migração dos íons Cr3+
do sítio Al2 para o sitio Al1, portanto, indicando uma possível deterioração das propriedades
ópticas do material, que será investigado futuramente com mais profundidade.

REFERÊNCIAS

DARDENGO, S. L. et al. Investigação da termoluminescência de alexandrita


(BeAl2O4:Cr3+). BRAZILIAN JOURNAL OF RADIATION SCIENCES, v. 02, p. 1–18, 2020.
TRINDADE, N. M. Investigações das Propriedades Ópticas e Elétricas em Alexandrita
Natural e Sintética. Bauru: Universidade Estadual Paulista (UNESP), 4 fev. 2009.
TRINDADE, N. M. et al. Thermoluminescence and radioluminescence of alexandrite
mineral. Journal of Luminescence, v. 206, p. 455–461, 2019.
YUKIHARA, E. G.; MCKEEVER, S. W. S. Optically Stimulated Luminescence:
Fundamentals and Applications. West Sussex: UK: John Wiley and Sons, 2011.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

LUMINESCÊNCIA OPTICAMENTE ESTIMULADA DE MgAl2O4:Ca1

SOUSA, Thaina de2


SANTIAGO, Daniel Lazaro3
TRINDADE, Neilo Marcos4

RESUMO

As cerâmicas à base de aluminato de magnésio dopado com cálcio (MgAl2O4:Ca)


são materiais sintéticos de baixo custo e apresentam boa resistência mecânica e
térmicas, características imprescindíveis a um bom dosímetro. No entanto, não há
estudos aprofundados em relação aos efeitos de radiação ionizante beta em pastilhas de
MgAl2O4:Ca utilizando da técnica de Luminescência Opticamente Estimulada (OSL).
Estudos recentes mostraram que essas cerâmicas exibem curva de decaimento OSL
proporcional à dose beta absorvida. As medidas OSL foram realizadas usando um leitor
Risø (modelo DA-20). O trabalho analisou a forma dessa curva em função da dose de
radiação, dessa forma, contribuindo com conhecimento desse novo material na área de
dosimetria.

Palavras-chave: aluminato de magnésio, OSL, luminescência, dosimetria

INTRODUÇÃO

A dosimetria é a determinação da dose de radiação ionizante absorvida no


ambiente, em atividades médicas e tecnológicas. O desenvolvimento de materiais
dosimétricos funcionais e de baixo custo é extremamente chamativo, pois esta ciência
abrange diversas áreas, desde a radiologia até viagens espaciais, avaliando a radiação
em que os médicos e os astronautas estão expostos (YUKIHARA et al., 2014). O material
em consideração neste trabalho é o espinélio de magnésio e alumínio (MgAl 2O4), que é
um óxido isolante com importantes aplicações elétricas e ópticas (Kim et al., 1999). De
acordo com a literatura (YOSHIMURA; YUKIHARA, 2006), o MgAl 2O4 já foi amplamente
investigado com a utilização da técnica da termoluminescência (TL), e mostrou possuir
boas características dosimétricas. Nesse trabalho, afim de estudar a resposta desse
material à radiação ionizante, foi usada a Luminescência Opticamente Estimulada (OSL),
método ainda pouco aplicado para o MgAl2O4. A OSL é um fenômeno que ocorre com a
liberação de cargas armadilhadas em níveis de energia metaestáveis devido à realização
de estímulos ópticos no material previamente exposto à radiação ionizante (YUKIHARA et
al., 2014). Assim, o trabalho analisou a forma da curva OSL do MgAl2O4 dopado com Ca,
1 Esse trabalho consiste em um projeto de pesquisa financiado pela bolsa PIBIFSP.
2 Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP);
São Paulo; SP; thaina_de_souza@hotmail.com ; DE SOUSA, Thaina.
3 Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP);
São Paulo; SP; daniel.santiago13@hotmail.com ; SANTIAGO, Daniel Lazaro.
4 Docente do Ins tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;
ntrindade@ifsp.edu.br ; Trindade, Neilo Marcos.
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em função da dose de radiação ionizante, com o propósito de verificar a aplicabilidade
deste material como dosímetro.

OBJETIVOS

De forma geral, o objetivo deste trabalho foi investigar a resposta luminescente de


MgAl2O4:Ca com foco em aplicação para materiais dosimétricos. Os objetivos
específicos foram:
(I) Investigar o efeito da radiação ionizante beta em pastilhas de MgAl 2O4:Ca por
meio de OSL;
(II) Correlacionar e ampliar os conhecimentos sobre esse material, principalmente
quanto a resposta luminescente e o uso em dosimetria de radiações.

METODOLOGIA

A amostra de MgAl2O4:Ca utilizada nas medidas foi sintetizada pelo método de


precursores poliméricos, e com formato de pastilha cerâmica obtida pela técnica de
sinterização a laser. A amostra foi doada pela Universidade Federal do Sergipe. As
irradiações foram realizadas à temperatura ambiente utilizando a fonte beta 90Sr/90Y
incorporada do leitor TL / OSL (taxa de dose de 10 mGy/s). Os sinais OSL foram
detectados com um tubo fotomultiplicador (PMT) atrás de um filtro óptico de banda larga
transmissor de ultravioleta (UV) (Hoya U-340, 7,5 mm de espessura e 45 mm de
diâmetro). As medidas OSL foram realizadas utilizando um leitor comercial de TL/OSL
automatizado produzido pelo Laboratório Nacional Risø (modelo DA-20). A luminescência
é estimulada utilizando diodos emissores de luz azul (470 nm, FWHM = 20 nm)
distribuindo 80 mW/cm2, em modo de estimulação contínuo (CW-OSL). Para bloquear a
luz de estimulação e transmitir parte do sinal OSL, foi utilizada uma máscara de 5 mm. A
tomada de dados foi obtida previamente por outros integrantes do grupo. A partir dos
dados, foi realizada análise das curvas OSL e a resposta da amostra para diferentes
doses.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Figura 1 - Curvas OSL pelo tempo de Figura 2 - Integrais das curvas OSL, e
estimulação de MgAl2O4:Ca exposto de intensidades iniciais pela dose
0,02 a 1 Gy de radiação beta. absorvida de MgAl2O4:Ca para doses
entre 0,02 a 1 Gy de radiação beta.

Conforme figura 1, a intensidade da luminescência apresenta decaimento


exponencial típico de OSL. Através da figura também é perceptível que a intensidade da
OSL varia linearmente em função da dose recebida. Foram calculados os valores das
integrais de cada curva OSL, assim como os valores da intensidade inicial, com o objetivo
de compará-los em função da dose absorvida pela amostra, os resultados foram
expressos na figura 2.
Como as medidas foram tomadas para apenas uma amostra, a incerteza foi
calculada com base na distribuição de Poisson, de acordo com a Equação 1 (SPIEGEL;
STEPHENS, 2000).
σ= √ λ (Equação 1)

Onde σ representa a incerteza e λ o valor experimental. Os parâmetros das


linearizações apresentadas na Fig. 2 estão disponíveis na Tabela 1.

Tabela 1: Parâmetros das linearizações da dose resposta de MgAl2O4: Ca pela


intensidade inicial e pelas integrais, apresentado na Fig. 2.

Parâmetro Integral Intensidade inicial


Coeficiente linear
(3,380 ± 0,139) ∙ 103 ( 8,083 ± 1,037 ) ∙ 101
(contagens)
Coeficiente angular
(contagens/Gy) (7,168 ± 0,071) ∙ 104 (8,896 ± 0,065) ∙ 103
Coeficiente de
0,9991 0,9995
correlação

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Página 3 de 4
Conforme os parâmetros obtidos representados na Tabela 1, os ajustes
apresentaram índices de correlação muito próximos de 1, e no caso da intensidade inicial,
um baixo coeficiente linear, sendo que essas características são muito importantes para
um possível dosímetro.
O material MgAl2O4:Ca apresentou resposta OSL para exposição à radiação beta,
além de uma boa linearidade para a dose-resposta investigada até o momento. Futuras
investigações serão feitas a fim de medir o fading, a repetibilidade e reprodutibilidade do
material.

REFERÊNCIAS

YOSHIMURA, E. M.; YUKIHARA, E. G. Optically stimulated luminescence of magnesium


aluminate (MgAl2O4) spinel. Radiation Measurements, v. 41, n. 2, p. 163–169, 2006.
Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.radmeas.2005.09.001>.
YUKIHARA, Eduardo G.; MCKEEVER, Stephen WS; AKSELROD, Mark S. State of art:
Optically stimulated luminescence dosimetry–Frontiers of future research. Radiation
Measurements, v. 71, p. 15-24, 2014. Disponível em: <
https://doi.org/10.1016/j.radmeas.2014.03.023>.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

CARACTERIZAÇÃO DO MONOCRISTAL Al2O3:C,Mg PARA DOSIMETRIA UV


UTILIZANDO A TÉCNICA OSL

SANTIAGO, Daniel Lazaro1


MUNOZ, Juan Matheus2
TRINDADE, Neilo Marcos3

RESUMO

Este trabalho propõe uma investigação das características dosimétricas de radiação


UV em cristais de óxido de alumínio dopado com carbono e magnésio (Al2O3:C,Mg),
utilizando a técnica de Luminescência Opticamente Estimulada (OSL). Estudos anteriores
mostraram que o Al2O3:C,Mg apresenta características que possibilitam seu uso como
dosímetro OSL para radiações ionizantes, entretanto há apenas um registro de
investigação utilizando radiação UV. Esse trabalho irá analisar a forma e a intensidade da
curva OSL do Al2O3:C,Mg em função de tempos de exposição à radiação UV, e investigar
os parâmetros que descrevem a curva OSL. Dessa forma pretende-se contribuir com
conhecimento desse novo material na área de dosimetria, em especial em relação a
sensibilidade à radiação UV.

Palavras-chave: Al2O3:C,Mg, exposição UV, Luminescência Opticamente Estimulada,


Dosimetria.

INTRODUÇÃO

A radiação ultravioleta na faixa C (UVC) é utilizada em diversas aplicações práticas,


como o seu uso na indústria alimentícia, em bronzeamento artificial (Vecchia, et al. 2007) e
durante a pandemia de COVID-19, vem sendo utilizada por profissionais da saúde na
descontaminação de mascaras (Narla, et al., 2020). Para uso de uma fonte de UVC, são
recomendadas práticas de segurança em relação a exposição à radiação para indivíduos
ocupacionalmente expostos, visto que o contato excessivo com a radiação UV pode causar
uma série de problemas de saúde (Vecchia, et al., 2007).
Tendo em vista o risco a saúde pública, se torna necessária a busca por novos
materiais que possam servir como dosímetros para a radiação UV. Além disso, apesar do
grande número de publicações sobre o Al2O3:C,Mg na área de dosimetria, há apenas um
trabalho especifico (Trindade et al., 2020) que estuda a influência da radiação UV nesses
detectores com uso da técnica de termoluminescência. Deste modo, o foco do projeto é
investigar o Al2O3:C,Mg como um possível detector de UV utilizando a técnica OSL.

1 Aluno de Licenciatura em Física; IFSP; São Paulo; SP; e-mail; daniel.santiago13@hotmail.com


² Aluno de Licenciatura em Física; IFSP; São Paulo; SP; e-mail; jaunmatheus8@gmail.com
3
Orientador, Professor Doutor, IFSP, São Paulo, SP, email: ntrindade@ifsp.edu.br
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OSL é um fenômeno de luminescência que ocorre durante a iluminação de materiais,
geralmente cristais, isolantes e semicondutores que haviam sido previamente expostos a
radiação ionizante (Yukihara; Mckeever, 2011). Atualmente OSL é bastante utilizada em
aplicações nas áreas de dosimetria pessoal, médica e espacial (Yukihara; Mckeever, 2011),
porém existem apenas dois dosímetros OSL disponíveis comercialmente, o Al2O3:C e o
óxido de berílio (BeO) (Yukihara; Mckeever, 2011).
Considerando resultados bem descritos na literatura (Akselrod, 2018) para a
exposição do Al2O3:C,Mg à radiação beta, foi realizada uma análise comparativa das
curvas OSL obtidas para as exposições às radiações beta e UV.

OBJETIVOS

A revisão na literatura mostra que, no caso da luminescência opticamente estimulada


(OSL), ainda há poucos estudos sobre Al2O3:C,Mg, portanto, um amplo campo de pesquisa.
De forma geral, o objetivo deste trabalho foi investigar a resposta OSL de Al2O3:C,Mg com
foco em aplicação para materiais dosimétricos.
Os objetivos específicos foram:
(i) Investigar as propriedades OSL de Al2O3:C,Mg exposto previamente a
radiação UV e beta.
(ii) Correlacionar os resultados OSL de Al2O3:C,Mg obtido após a exposição à
radiação UV com os resultados obtidos para radiação beta.

METODOLOGIA

A amostra utilizada foi um cristal de Al2O3:C,Mg produzido pelo método Czochralski,


doada pela Divisão de crescimento de cristais Landauer (Stillwater, OK, EUA). A iluminação
ultravioleta foi efetuada por uma lâmpada da marca Boitton, modelo BOIT-LUB01, com
dimensões de 8x7x25 cm3, possuindo uma lâmpada na faixa UVC (254 nm) (114 mW/m²),
com 6W de potência a uma distância de 30 cm da amostra. As irradiações beta foram
realizadas à temperatura ambiente utilizando a fonte 90Sr/90Y incorporada do leitor TL/OSL
(taxa de dose de 10 mGy/s).
As medidas OSL foram realizadas utilizando um leitor comercial de TL/OSL
automatizado produzido pelo Laboratório Nacional Risø (modelo DA-20). Foi utilizado o filtro
Hoya U-340 (espessura de 7,5 mm; janela de transmissão dentro de 290-370 nm) em frente
do tubo fotomultiplicador. Nas medidas OSL a luminescência foi estimulada utilizando
diodos emissores de luz azul (470 nm, FWHM = 20 nm) distribuindo 80mW/cm 2, em modo
CW-OSL (Constant Wave).
A tomada de dados foi obtida previamente por outros integrantes do grupo. A partir
dos dados, foi feita a análise das curvas OSL, foram calculadas as integrais e o valor inicial
de cada curva usando o software OriginLab e foram obtidos os parâmetros dos ajustes de
cada gráfico.

RESULTADOS

As curvas OSL para a radiação UVC (Fig. 1) apresentaram o comportamento


exponencial característico, sendo que a intensidade do sinal OSL aumentou em função do
tempo de exposição no caso da UVC.

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Figura 1: Tempo de decaimento da Figura 2: Ajuste de saturação para a integral
intensidade OSL para cada tempo de OSL em função do tempo de exposição ao
exposição UV. Fonte: autor. UVC. Fonte: autor.

Ao relacionar a integral OSL em função do tempo de exposição (Fig.2), foi notada


uma saturação do sinal OSL depois de um tempo, a saturação apresentou comportamento
exponencial. O ajuste exponencial foi feito utilizando a equação representada a seguir:

𝐼 (𝑡) = 𝑎(1 − 𝑒 −𝑏𝑡 ) (Equação 1)

Onde I(t) é a intensidade OSL, t é o tempo de exposição a UV, a é uma constante


de proporcionalidade e b um parâmetro livre. O coeficiente de correlação (R2) do ajuste foi
de 0,99.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em geral, os resultados obtidos para os testes com UVC foram similares aos com a
radiação beta. O material Al2O3:C,Mg apresenta boa aplicabilidade como dosímetro de UV
utilizando da técnica de OSL, além de apresentar coeficientes de correlação satisfatórios
para as curvas ajustadas. Mais testes serão feitos a fim de investigar as propriedades OSL
do Al2O3:C,Mg para a radiação UVC e beta.

REFERÊNCIAS

AKSELROD, Mark; KOUWENBERG, Jasper. Fluorescent nuclear track detectors–Review


of past, present and future of the technology. Radiation Measurements, v. 117, p. 35-51,
2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.radmeas.2018.07.005>.

NARLA, Shanthi et al. The importance of the minimum dosage necessary for UVC
decontamination of N95 respirators during the COVID‐19 pandemic. Photodermatology,
photoimmunology & photomedicine, 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.1111/phpp.12562>.
TRINDADE, Neilo Marcos et al. Thermoluminescence of UV-irradiated α-Al2O3: C, Mg.
Journal of Luminescence, v. 223, p. 117195, 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.jlumin.2020.117195>.
Página 2 de 4
VECCHIA, Paolo et al. Protecting workers from ultraviolet radiation. Oberschleißheim,
Germany: International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection, 2007.
YUKIHARA, Eduardo G.; MCKEEVER, Stephen WS. Optically stimulated luminescence:
fundamentals and applications.John Wiley & Sons, 2011.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

Revisão Bibliográfica sobre Dosimetria de Radiação Ultravioleta1

COSTA, Fábio Pelizer2


TRINDADE, Neilo Marcos3

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a dosimetria de


radiação ultravioleta (UV), mediante o levantamento de artigos científicos, trabalhos
acadêmicos e livros sobre o tema. A dosimetria da radiação UV enfrenta dificuldades
decorrentes dos instrumentos disponibilizados, sendo a utilização de materiais
luminescentes a alternativa mais viável encontrada atualmente. Os materiais
luminescentes, em regra, são estimulados por fonte térmica ou luminosa, por intermédio
dos métodos da Termoluminescência (TL) e da Luminescência Opticamente Estimulada
(OSL), respectivamente. Neste trabalho foi realizada uma revisão do material teórico
disponível sobre os métodos da TL e da OSL a sua respectiva aplicação à dosimetria da
radiação UV.

Palavras-chave: radiação ultravioleta; dosimetria; termoluminescência; luminescência


opticamente estimulada

INTRODUÇÃO

A radiação ultravioleta (UV) possui características positivas para a manutenção da


vida terretres, com destaque para o campo da saúde, possuindo bom potencial para
inativação de microorganismos, como fungos (SILVA, 2017) e bactérias (NEVES, 2018) o,
e para o campo indústrial, para descontaminação de alimentos como frango (HAUGHTON
et al., 2011) e ovos (PANINI, 2019 e no tratamento de água (SILVA, 2018). Apesar dos
benefícios trazidos pela radiação UV, sua exposição prolongada pode trazer outros efeitos
agudos e crônicos à saúde humana, atingindo os olhos, o sistema imunológico e, sobretudo,
a pele, podendo acelerar o seu envelhecimento e danificar a fibra de colágeno, além de
destruir a vitamina A nela localizada, provocando danos ainda maiores (SINGH et al., 2014).
Dentro desse contexto, é necessária a obtenção da dosagem de uma radiação
fornecida ao sistema (SOUZA et al., 2019), área conhecida como dosimetria, permitindo a
compreensão de seus efeitos na saúde de seres vivos, suas interações com materiais e no
meio ambiente. No caso da dosimetria da radiação ultravioleta há dificuldade em relação à
instrumentação para monitoramento da exposição ocupacional, à calibragem e à
comparação das medições obtidas por tais instrumentos, existindo múltiplas diferenças
entre os tipos de equipamentos, fabricantes e modelos, além de não existir padronização
dos detectores, o que impossibilita uma comparação adequada (ALVES, 2018).
Nessa revisão foi dado o foco em materiais luminescentes, que são utilizados em
1Projeto de pesquisa voluntário PIVICT 2020
2Aluno de Licenciatura em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo;
SP; p.costa@aluno.ifsp.edu.br; COSTA, Fábio Pelizer.
3 Professor Doutor; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;

ntrindade@ifsp.edu.br; TRINDADE, Neilo Marcos.


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larga escala, e são materiais que são estimulados por energia térmica ou luminosa,
processos denominados, respectivamente, de Termoluminescência (TL) e da
Luminescência Opticamente Estimulada (OSL) bem como as vantagens e desvantagens
destes métodos.

OBJETIVOS

O presente trabalho realizou uma revisão bibliográfica sobre a dosimetria de


radiação ultravioleta, com ênfase na utilização de materiais luminescentes, por meio da TL
e da OSL, possuindo os seguintes objetivos específicos:
• Realizar uma revisão bibliográfica sobre dosimetria de radiação ultravioleta;
• Expor as principais características, vantagens e desvantagens da TL e da OSL,
principalmente quanto à dosimetria da radiação UV.

METODOLOGIA

As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados bibliográficas: Biblioteca


Digital da USP; Biblioteca Científica Eletrônica Online (SciELO); arXiv; e Períodicos CAPES,
além de pesquisa em acervo junto à biblioteca do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo. Os termos “radiação ultravioleta”, “dosimetria”, “luminescência”,
“termoluminescência” e “luminescência opticamente estimulada” foram pesquisados. Ao
finalizar as pesquisas em cada base, as referências duplicadas foram excluídas. Foram
selecionados artigos escritos em inglês, português ou espanhol. O material selecionado
compreendeu as produções científicas e acadêmicas publicados entre 2010 a 2019,
abordados de forma analítica.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os materiais mais utilizados para a detecção de radiação são os luminescentes, já


que possuem aplicação na proteção radiológica pessoal, ambiental, médica e na dosimetria
espacial (SOUZA et al., 2019 apud MCKEEVER et al., 1995). O fenômeno da luminescência
consiste no processo em que o material absorve energia e emite radiação visível ou quase
visível (SMITH; HASHEMI, 2012). Esse fenômeno ocorre em razão da recombinação de
elétrons, que ficam ligados ao átomo e podem ter diversos níveis discretos de energia
(estados quantizados de energia permitidos ao elétron) com buracos (ausência de elétron
na banda de valência) com seus respectivos pares de carga oposta após a excitação por
uma radiação ionizante responsável pela transferência de energia capaz de permitir a
transição do elétron para outro nível ou banda (ALVES, R., 2016).
Quando ocorre o agrupamento de átomos em sólidos, os níveis energéticos são
definidos pela combinação dos potenciais de ligação dos elétrons, sendo o último nível de
energia completamente preenchido de elétrons chamado de banda de valência (BV) e o
seguinte de banda de condução (BC), sendo a transição do elétron a transferência da BV
para a BC, criando-se um par elétron-buraco, em que os buracos (que são considerados
partículas, pois apresentam comportamento similar ao de um elétron de carga positiva)
permanecem na BV e os elétrons realizam uma transição para os estados de energia da
BC, sendo este par elétron-buraco responsável por exercer o papel de “armadilha de
elétrons” (ALVES, R., 2016).
É possível observar diversas vantagens nos materiais luminescentes, como baixo
custo, facilidade de obtenção, fácil tratamento térmico de reutilização, estabilidade de
armadilha dos elétrons ou buracos nas armadilhas à temperatura em que o material vai ser
utilizado etc., sendo, contudo, difícil encontrar um material que apresente todas essas
características de forma simultânea (BRAVIM, 2010 apud CAMPOS, 1998), além de serem
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observadas desvantagens como sensibibilidade à luz UV, instabilidade de armazenamento
e o tempo para leitura de dose (BRAVIM, 2010 apud OBERHOFER e SCHARMANN, 1981).
Entre eles, temos os dosímetros por estimulação térmica, denominada Termoluminescência
(TL) e por luz, por meio da Luminescência Opticamente Estimulada (OSL).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O levantamento realizado permitiu concluir que os materiais luminescentes são


utilizados em larga escala na campo da dosimetria radiológica, inclusive em relação à
radiação UV, possuindo uma série de vantagens que fazem que com que continuem sendo
amplamente utilizados.

REFERÊNCIAS

ALVES, N. Síntese e Estudo das Propriedades Luminescentes de Cristais LaAlO3:C


para Aplicação em Dosimetria da Radiação Ultravioleta. Tese (Doutorado em Ciências
e Técnicas Nucleares). Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2018.
ALVES, R. H. de C. Aplicação da técnica de luminescência opticamente estimulada
em fototerapia para determinar a energia entregue em meios iluminados com laser
ou LED nas faixas do vermelho e infravermelho. Dissertação (Mestrado em Ciências).
Instituto de Física, Universidade de São Paulo, 2016.
BRAVIM, A. Avaliação de dosímetros termoluminescentes empregando objetos
simuladores equivalentes à água para aplicação na dosimetria de feixes clínicos de
elétrons. Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear). Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
HAUGHTON, P. N. et al. Efficacy of UV light treatment for the microbiological
decontamination of chicken, associated packaging, and contact surfaces. Journal of Food
Protection, v. 74, n. 4, p. 565–572, 1 abr. 2011
NEVES, A. C. Avaliação da radiação ultravioleta na inativação de microrganismos
presentes em óleo diesel. Cascavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2018.
PANINI, A. R. Ozônio e radiação ultravioleta na higienização da casca de ovos
comerciais. Araçatuba: Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UNESP), 2019.
SILVA, A. L. Potencial da radiação ultravioleta na inibição de fungos leveduriformes e
filamentosos. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2017
SILVA, U. N. DE M. A Radiação UVC como alternativa no tratamento de água.
Universidade Federal de Campina Grande, 2018.
SINGH, B. P. et al. An assessment of ozone levels, UV radiation and their occupational
health hazard estimation during photocopying operation. Journal of Hazardous Materials,
v. 275, p. 55–62, 2014.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciências dos materiais. 5a
ed. Porto Alegre.
SOUZA, S. O. et al. Novos Materiais Dosimétricos para Aplicações em Física Médica.
Revista Brasileira de Física Médica, 2019.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ESTUDO DE UM DETECTOR DE RADIAÇÃO BETA E ULTRAVIOLETA


UTILIZANDO PASTILHAS DE ALEXANDRITA1

NUNES, Matheus Cavalcanti dos Santos2


YOSHIMURA, Elisabeth Mateus3
TRINDADE, Neilo Marcos4

RESUMO

A alexandrita é um mineral que recentemente vem sendo estudado na área de


dosimetria, apresentado resultados promissores para a detecção de radiação beta. Com o
aumento do uso de fontes artificiais de radiação ultravioleta (UV) que podem causar câncer
de pele, eritema e inflamação dos olhos, se faz necessário buscar por novos materiais para
detecção de UV. Dessa forma, nessa pesquisa, foram desenvolvidas pastilhas com
proporção de 20% em peso de alexandrita incorporado numa matriz polimérica fluorada,
para investigação como um potencial detector de UV e radiação beta. A exposição à
radiação UV foi realizada com uma lâmpada com comprimento de onda de 254nm (UVC) e
a irradiação beta foi feita utilizando uma fonte 90Sr/90Y. As amostras foram estudadas com
o uso da técnica de luminescência opticamente estimulada (OSL), com estimulação de
diodos na faixa do azul. As curvas OSL e a integral foram investigadas em função do tempo
de exposição ao UV e beta. Os resultados mostraram que o formato da curva de decaimento
OSL é independente do tempo de exposição a UV ou beta e que a área da curva OSL variou
linearmente com o tempo de exposição tanto à radiação beta quanto para UV, porém, para
tempos longos de exposição ao UV percebe-se que a curva tende a saturar.

Palavras-chave: alexandrita, pastilhas, ultravioleta, radiação beta, OSL.

INTRODUÇÃO

De acordo com pesquisas recentes (DARDENGO et al., 2020; NUNES et al., 2020),
a alexandrita tem potencial para atuar como material dosimétrico de radiações ionizantes.
Um dos importantes fatores é a sua natureza química, BeAl2O4:Cr3+, que combina os dois
óxidos comercialmente disponíveis como dosímetros, o BeO e Al 2O3 (YUKIHARA;
MCKEEVER, 2011), sugerindo naturalmente este mineral para aplicações dosimétricas.
Porém, as pesquisas feitas com a alexandrita na área de dosimetria até o momento,
focaram em analisar sua resposta termoluminescente (TL) em relação a radiação beta. Na
literatura encontram-se poucos estudos sobre a resposta da luminescência opticamente
estimulada (OSL) do BeAl2O4:Cr3+ para radiações ionizantes como raios X, radiação gama
e até mesmo não-ionizante como ultravioleta.
A radiação UV, utilizada em fontes artificiais tais como no bronzeamento artificial,
soldagem industrial com arco de xenônio e na fototerapia, podem contribuir de forma

1Esse trabalho consiste em um projeto de pesquisa financiado pela agência FAPESP.


2Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;
matheuscavalcanti68@gmail.com ; Nunes, Matheus Cavalcanti dos Santos.
3Docente do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP); São Paulo; SP; e.yoshimura@if.usp.br; Yoshimura,

Elisabeth Mateus.
4Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;

ntrindade@ifsp.edu.br; Trindade, Neilo Marcos.

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significativa para os riscos de superexposição. Esse excesso de exposição pode causar
câncer de pele, eritema e inflamação dos olhos (OLIVEIRA; FARIA, 2011). Nesse contexto,
a busca por métodos de medição e novos detectores para avaliar a exposição à radiação
ultravioleta têm-se tornado cada vez mais importante.
Dessa forma, as pastilhas de alexandrita serão estudadas com o uso da técnica OSL
para exposições de radiação beta e ultravioleta. A OSL surge da recombinação de cargas
opticamente liberadas de níveis de energia metaestáveis dentro do material que foi
previamente irradiado (YUKIHARA; MCKEEVER, 2011).

OBJETIVOS

De forma geral, o objetivo deste trabalho foi produzir detectores OSL de alexandrita
natural brasileira e investigar suas propriedades luminescentes quando submetidas a
radiações de diferentes energias, como no caso do ultravioleta e da radiação beta.

METODOLOGIA

Os compósitos de alexandrita-polímero foram produzidos utilizando uma amostra de


alexandrita natural brasileira. Essa amostra natural foi pulverizada manualmente, e o pó
obtido foi peneirado resultando em grãos menores que 0,35 mm. Em seguida, esse pó foi
misturado com uma matriz orgânica à base de um polímero fluorado. Neste trabalho, 5
pastilhas com 20% de alexandrita foram utilizadas.
A irradiação beta foi realizada à temperatura ambiente utilizando a fonte beta 90Sr/90Y
incorporada do leitor OSL (taxa de dose de 10 mGy/s) dentro de um tempo de exposição
de 20 a 300s (faixa de dose de 0,2 a 5,0 Gy). Já a exposição ao UVC foi executada em
diferentes intervalos de tempo, de 20 a 300 s, com a amostra sendo colocada em frente a
lâmpada a uma distância de cerca de 30 cm. O sistema de iluminação ultravioleta utilizado
foi a lâmpada Boitton, modelo BOIT-LUB01, no espectro da faixa UVC (254 nm) com 6W
de potência.
Os parâmetros das curvas OSL foram analisados pelo software OriginLab e pela
linguagem R com o software R Studio. O pacote “Luminescence” apresentado na linguagem
de programação R é uma coleção de várias funções R para fins de análise de dados de
luminescência dos materiais, e forneceu a função de deconvolução das curvas decaimento
OSL, assim como seus parâmetros baseados no algoritmo de Levenberg Marquardt
(LEVENBERG, 1944).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1 - Média da área da curva OSL de 3 pastilhas em função do tempo de exposição ao UVC
(círculos pretos) e a beta (triângulos vermelhos). Fonte: Autor.
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Na figura 1, a área da curva OSL média obtida para os dois tipos de radiação (UVC
e beta) em função do tempo de exposição foi apresentada. Nesse caso, os pontos
experimentais representam uma média dos valores da integral da curva OSL para UVC
(círculos pretos) e para beta (triângulos vermelhos). Foi possível perceber que para a
exposição beta as pastilhas apresentaram uma curva de dose-resposta linear, porém, no
caso da exposição ao UVC é notável que a curva se mostrou linear até 60s, porém o
restante da curva tende a uma exponencial.
A Figura 2 mostra um exemplo de deconvolução das curvas de decaimento OSL por
60 segundos de exposição UVC e beta.

Figura 2 - Componentes obtidas para as pastilhas de alexandrita. Fonte: Autor

As curvas exponenciais podem ser caracterizadas como componentes de


decaimento rápido (curva azul), médio (curva preta) e lenta (curva verde). Observe que a
soma dos componentes (curva vermelha) está muito próxima dos resultados experimentais.
Para todos os tempos de exposição entre 100s e 500s, 3 componentes de decaimento
exponencial foram necessários para obter ajustes com um R2> 0,985.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
As pastilhas de alexandrita mostram ser sensíveis a radiação beta e ultravioleta. A
integral OSL mostrou que, na exposição beta, as pastilhas apresentam resposta linear em
função da dose crescente, porém, na exposição ao UVC, apesar de também apresentar
uma linearidade entre 20 e 60s, uma curva de saturação é obtida com tempos de exposição
mais longos, e essa curva pode ser caracterizada com um ajuste exponencial.
As análises das componentes das curvas mostraram que para a exposição a beta e
a UVC, as pastilhas possuem 3 componentes, sendo elas uma rápida, uma média e uma
lenta. Esses ajustes demonstram que a alexandrita, independentemente do tempo de
irradiação, pode possuir pelo menos 3 centros de luminescência.

REFERÊNCIAS

DARDENGO, S. L. et al. Investigação da termoluminescência de alexandrita (BeAl 2O4:Cr3+). Brazilian


Journal of Radiation Sciences, v. 2, 2020.
LEVENBERG, K. NOTES-A METHOD FOR THE SOLUTION OF CERTAIN NON-LINEAR PROBLEMS IN
LEAST SQUARES*. Quarterly of Applied Mathematics., v. 2, p. 164–168, 1944.
NUNES, M. C. S. et al. Characterization of the optically stimulated luminescence (OSL) response of
beta-irradiated alexandrite-polymer composites.Journal of Luminescence, v.226, p 6–11, 2020.
OLIVEIRA, V. H.; FARIA, L. O. Study of the luminescence of LaAlO3 material doped with optically
active trivalent ions for application in dosimetry of gamma and UV radiation. Belo Horizonte: Centro de
Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), 2011.
YUKIHARA, E. G.; MCKEEVER, S. W. S. Optically Stimulated Luminescence: Fundamentals and
Applications. West Sussex: UK: John Wiley and Sons, 2011.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

MEDIDAS DE SEÇÃO DE CHOQUE DE PRODUÇÃO DE RAIOS X POR IMPACTO DE


ELÉTRONS

DARDENGO, Stephanie Lins1


BARROS, Suelen Fernandes2

RESUMO

Medidas de seção de choque de ionização por impacto de elétrons são importantes


tanto para a fundamentação fenomenológica do processo de colisão elétron-átomo,
quanto para a aplicação em diversas áreas tecnológicas. Este trabalho tem por objetivo
fornecer dados de seções de choque de produção de raios x K do Cu e do Pd por impacto
de elétrons com energias de 10 a 100 keV, e está dividido em duas etapas: a primeira
consiste no processo de calibração de energia, resolução e eficiência do Silicon Drift
Detector (SDD), empregado nas medidas se seção de choque. Nesse processo foram
empregados alguns raios x e γ das fontes de 241Am, 133Ba e 57Co, cujos picos foram
ajustados com uma função de distribuição gaussiana; a segunda etapa da pesquisa
consiste na análise dos espectros de raios x do Cu e do Pd obtidos com o SDD durante
irradiações realizadas no acelerador Microtron de São Paulo, localizado no Instituto de
Física da Universidade de São Paulo, em particular, em obter estimativas para as áreas
dos picos de raios x Kα e Kβ do Cu e do Pd. Os resultados de seção de choque serão
comparados com os dados existem na literatura, quando houver, e com as previsões
teóricas obtidas com a Aproximação de Born de Ondas Distorcidas (DWBA).

Palavras-chave: ionização atômica, seção de choque, raios x, eficiência de detectores,


SDDs.

INTRODUÇÃO
O conhecimentos das seção de choque de ionização, que são obtidas a partir das
seções de choque de produção de raios x, são de suma importância, tanto para uma
melhor compreensão do processo de colisão léptons-átomos, quanto pela possibilidade
de aplicação em diversas áreas que vão desde a física médica à astrofísica. Mesmo tendo
sido objeto de estudo desde meados do século passado, existem grandes limitações nos
dados de seções de choque, como por exemplo, a existência de dados de um número
limitado de átomos, sendo os principais apenas referentes a camada K. Além disso,
também vemos problemas como a baixa precisão nestes dados (10~20%) e
discrepâncias nos dados entre diferentes grupos de estudos, que vão além das
estimativas de erro experimental (LLOVET, 2014).
Quando partículas com energia suficiente para ionizar os elétrons das camadas
mais internas colidem com os átomos, esses elétrons podem ser ejetados do átomo,
deixando-o em um estado instável. Para retornar ao seu estado fundamental, esse átomo

1
Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;
dardengo@protonmail.com ; Dardengo, Stephanie Lins.
2
Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); Itaquaquecetuba; SP;
suelen.barros@ifsp.edu.br; Barros, Suelen Fernandes
*Esse trabalho consiste em um projeto de pesquisa voluntário (PIVICT).
Página 1 de 3
emite um conjunto de fótons que constituem os picos de raios x característicos daquele
átomo (EINSBERG, 1979). No espectro obtido, além da parte discreta que representa os
raios x emitidos pelo átomo, existe uma parte contínua devido a radiação bremsstralung,
que ocorre quando partículas carregadas do feixe são aceleradas (nesse caso, pelo
potencial atômico), sendo essa parte do espectro de raios x caracterizado, principalmente,
pela energia do feixe de partículas carregas, pelo número atômico do alvo, pela energia
do feixe de partículas carregadas e pela posição de detecção dos raios.
Os espectros de raios x por impacto de elétrons deste trabalho foram obtidos no
acelerador Microtron de São Paulo, localizado no Instituto de Física da Universidade de
São Paulo, com o auxílio de detectores semicondutores do tipo Silicon Drift.
Quando a espessura do alvo irradiado é suficientemente fina de modo que as
perdas de energia no alvo possam ser desconsideradas, as seções de choque de
produção de raios x experimentais podem ser estimadas por meio da expressão:

Nx
σ x=
N e ℵd ε PE
(1)

em que N x corresponde a área do pico de raio x analisada, N e é o número de elétrons


incidente no alvo, ℵ é o número de átomos por unidade de volume no alvo, d é a
espessura desse alvo, e ε PE corresponde a eficiência de pico do detector para a energia
do raio x analisada. É evidente, portanto, que para obter medidas de seção de choque de
produção de raios x, é necessário antes realizar a calibração do sistema de aquisição, a
saber: a calibração de energia, resolução e eficiência do detector.

OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é obter dados de seção de choque de produção de raios
x K para Cu e Pd por impacto de elétrons com energias desde o limiar de ionização K
destes elementos até 100 keV. Para tanto, algumas etapas intermediárias são
necessárias: 1) compreender os processos físicos que estão envolvidos na detecção de
raios x com detectores semicondutores; 2) calibrar o sistema se aquisição em energia,
resolução e eficiência; 3) conhecer a nomenclatura de raios x e as transições envolvidas
em cada pico; 4) Obter estimativas de áreas dos picos de raios x com boa precisão.

METODOLOGIA
A aquisição dos espectros tanto para a calibração dos detectores, quanto das
medidas por impacto de elétrons foram realizadas em colaboração com o laboratório do
Microtron de São Paulo, localizado no IFUSP durante campanhas de irradiação feitas em
2016 e 2017. O procedimento de análise dos dados deste trabalho foi dividido em duas
etapas:
Etapa 1: calibração do sistema de aquisição: foi realizada a calibração do Silicon
Drift Detector (SDD) empregado durante as medidas de raios x. Esse processo foi
realizado usando-se picos de raios x e gama de fontes de 241Am, 133Ba e 57Co. Os
espectros de cada fonte tiveram seus picos identificados de acordo com as bases de
dados (DDEP, Laboratoire National Henri Becquerel; DESLATTES et al., 2003). Tanto os
picos de raios x quanto os de raios gama foram ajustados com uma forma gaussiana e
então os parâmetros ajustados, posição do centroide, dispersão e área da gaussiana
foram empregados para se realizar a calibração de energia, resolução e largura.
Etapa 2: consiste na análise dos espectros de Cu e Pd dos raios x K. Para calcular
as seções de choque, é necessário obter as áreas dos picos de raios x. Como existem
diversos efeitos, como o espalhamento Compton e a radiação bremsstralung, as funções
de ajuste para obter as áreas dos picos precisam incluir além de uma distribuição que
seja adequada para o pico, funções que descrevam corretamente a componente contínua
Página 2 de 3
do espectro, bem como efeitos secundários que podem estar presentes, com uma boa
qualidade de ajuste os mesmos. A qualidade dos ajustes realizados foi avaliada a partir
da análise dos resíduos reduzidos do ajuste e do teste do qui quadrado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1: (a) calibração de energia e (b) calibração de resolução.

Para a calibração de energia (fig. 1a), foi utilizada a função E ( x )=a+ bx . As


estimativas obtidas foram a=−0,02 ( 2 ) keV e b=0,012779 ( 9 ) keV/canal. Aos dados de
resolução (FWHM) (fig. 1b) foram ajustados os parâmetros da expressão
FWHM 2 ( E )=8 ln 2 ( μ+ ρE ), sendo o termo FWHM a largura meia altura do pico. Utilizando
como referência, as energias dos raios x Kα1 do Fe, o valor dado pela função de
calibração foi de 133 eV para o detector SDD.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado para a calibração de resolução e eficiência mostra que o detector SDD
é apropriado para realizar as análises posteriores dos picos de raios x K do Pd e Cu, uma
vez que é possível resolver os picos Kα e Kβ , além de possuir boa eficiência na energia
desses picos. Aos dados experimentais de eficiência será ajustado um modelo analítico
(Seltzer, 1981), de modo a ser possível estimar a eficiência do detector com boa precisão
nas energias dos raios x estudados. Neste momento estão sendo obtidas as estimativas
de área desses picos de raios x, e os resultados finais de seções de choque de produção
de raios x serão apresentados no evento.

REFERÊNCIAS

DDEP, “Laboratoire National Henri Becquerel”, Recomemded data. Disponível em:


<www.nucleide.org>. Acesso em: 29 jun. 2020.
DESLATTES, R. D. et al, “X-ray transition energies: new approach to a comprehensive
evaluation,” Rev. Mod. Phys, v. 75, no. 1, p. 35, 2003.
EISBERG, R.; RESNICK, R. Física Quântica - Átomos, Moléculas, Sólidos, Núcleos e
Partículas. Rio de Janeiro: Elsevier, 1979.
LLOVET, X. et al. Cross Sections for Inner-Shell Ionization by Electron Impact. Journal of
Physical and Chemical Reference Data, v. 43, n. 1, 16 jan. 2014.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DOSIMÉTRICAS DE FLUORAPATITA


NATURAL1

SILVA, Guilherme Paulino dos Santos2


YOSHIMURA, Elisabeth Mateus3
TRINDADE, Neilo Marcos;4

RESUMO

A fluorapatita Ca5(PO4)3X é uma das principais fontes de fosfatos na natureza e


possui propriedades luminescentes diversas. Assim, este trabalho buscou investigar a
termoluminescência de uma amostra de fluorapatita natural brasileira, submetida a
radiação beta. Para isso, as medidas foram realizadas por meio de um leitor comercial
Risø TL/OSL equipado com uma fonte beta 90Sr/90Y, utilizando diferente doses (1 à 5 Gy).
A curva TL obtida apresentou três picos em 350 K, 470 K e 570 K (taxa de aquecimento
de 1 K/s). Estes picos foram analisados, o que permitiu a determinação dos respectivos
valores de energia de ativação e a ordem cinética. Por fim, a resposta TL (área sob a
curva) demonstrou um comportamento linear em relação a variação da dose,
característica desejável para um dosímetro.
.
Palavras-chave: Fluorapatita; mineral; termoluminescência; radiação ionizante.

INTRODUÇÃO

O nome apatita é comumente utilizado para se referir de maneira genérica a três


fosfatos diferentes, descritos pela formula geral Ca5(PO4)3X, hidroxiapatita (X = OH),
clorapatita (X = Cl) e fluorapatita (X = F). Por ser o mais abundante mineral dos depósitos
fosfáticos, as apatitas são, consequentemente, a principal fonte de fosfato na Terra.
Devido a capacidade de incorporar diversos ativadores, este mineral possui propriedades
luminescentes diversas (HUGHES; RAKOVAN, 2002). Em virtude destas propriedades,
este trabalho propõe uma investigação da fluorapatita, através da técnica de
termoluminescência (TL).
A TL pode ser entendida como a emissão de luz mediante o estímulo térmico.
Porém diferentemente da incandescência, esta emissão está diretamente ligada a
absorção previa de radiação ionizante (MCKEEVER, 1985). Este fenômeno é possível
devido a presença de defeitos na rede cristalina de materiais isolantes ou
semicondutores. Estes defeitos podem gerar níveis energéticos entre a banda de valência
e a banda de condução, que atuam como armadilhas dos portadores de carga (elétrons e
buracos) (MCKEEVER, 1985). O estímulo térmico, então, desarmadilha os portadores de
carga, podendo resultar numa recombinação, e emissão de luz. Deste modo, a
1 Esse trabalho consiste em um projeto de pesquisa financiado pela agência FAPESP.
2 Estudante de Lic. Em Física; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo;
SP; p.guilherme@aluno.ifsp.edu.br ; SILVA, Guilherme Paulino dos Santos;
3 Docente do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP); São Paulo; SP; e.yoshimura@if.usp.br;
YOSHIMURA, Elisabeth Mateus;
4 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;
ntrindade@ifsp.edu.br; TRINDADE, Neilo Marcos.

Página 1 de 3
investigação deste fenômeno geralmente é feita através de uma curva TL, construída a
partir intensidade da luz emitida em função da temperatura. A partir dessa curva é
possível obter parâmetros importantes quanto ao processo de transferência de cargas no
material estudado; entre eles a energia de ativação das armadilhas, e a ordem cinética
(relacionada às probabilidades de recombinação e rearmadilhamento) (MCKEEVER,
1985).
De todo modo, uma vez que o número de portadores de carga armadilhados é
resultado de uma irradiação anterior, é possível estabelecer uma relação entre o sinal TL
e a dose absorvida, permitindo assim a utilização desta técnica para fins dosimétricos.

OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo geral investigar a resposta TL de uma amostra
de fluorapatita natural, com o intuito de avaliar suas potencialidades como material
dosimétrico. Como objetivos específicos, buscou-se estudar a resposta do material para
diferentes doses de radiação beta e obter parâmetros cinéticos dos picos TL.

METODOLOGIA

Para o estudo proposto neste trabalho foi utilizada uma amostra natural de
fluorapatita, provinda do território nacional. Para garantir maior homogeneidade nos
resultados e adequação ao porta amostra do equipamento, uma lasca do material,
cortada paralelamente ao plano (001), foi pulverizada em partículas menores que
0,075mm.
Para realizar as medidas TL foi utilizado um leitor universal TL/OSL Risø (modelo
DA-20), equipado com uma fonte beta 90Sr/90Y. Com o intuito de avaliar a resposta do
mineral quando exposto a diferentes doses, a irradiação da amostra foi feita a
temperatura ambiente utilizando doses de 1 à 5 Gy. O estímulo térmico, por sua vez, foi
realizado da temperatura ambiente a 673 K, a uma taxa de aquecimento constante de 1
K/s. Assim, o sinal TL do mineral foi analisado através da área sob os picos identificados,
em função da dose de radiação beta utilizada.
Em complemento, foi realizado o estudo cinético dos picos observados. Para
tanto, a curva referente a dose de 1 Gy foi analisada com o auxílio do software R, através
do pacote tgcd (TL glow curve deconvoluation) (KITIS; GOMEZ-ROS; TUYN, 1998). Neste
método, é feito um ajuste da curva experimental, considerando uma equação de cinética
ordem geral, permitindo a análise dos picos separadamente. Com isso foi possível obter
para cada pico seus respectivos parâmetros cinéticos, ordem cinética (b) e nergia de
ativação (E).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura 1a mostra que a curva TL da fluorapatita apresentou três picos,


aparentemente constantes, em ~ 350 K (pico I), 470 K (pico II) e 570 K (pico III). A figura
também mostra um aumento na resposta TL da amostra, característica importante no
contexto da dosimetria. Em complemento, na figura 1b fica evidente que esta relação
entre o sinal e a variação da dose obedece a um comportamento linear.

Página 2 de 3
(a) (b)
Figura 1 – Análise da curva TL em função da dose. 1a Curva TL da fluorapatita para
doses de 1 à 5 Gy. 1b Variação do sinal de cada pico (área sob a curva) em função da
dose. Fonte – Autor

A análise por meio do pacote tgcd apresentou FOM menor que 5%, indicando um
bom ajuste entre os dados experimentais e as curvas simuladas. Através desta
deconvolução computacional, foi possível identificar que os três picos observados
obedecem as seguintes ordens cinéticas e energias de ativação: E = (1,04 ± 0,03) eV e b
= 1.9 para o primeiro pico, E = (0.79 ± 0.02) eV e b = 1.2 para o segundo pico, E = (0,84
± 0.03) eV e b = 1.0 para o terceiro pico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível identificar na curva TL da amostra de fluorapatita, três


picos com energia de ativação E entre 0,79 - 1,04 eV, sendo dois deles (II e III) de
primeira ordem e outro (I) de segunda ordem. As análises feitas também permitiram
concluir que o sinal de cada pico cresce linearmente em função do aumento da dose de
radiação beta, indicando a possibilidade da utilização do mineral como material
dosimétrico.

REFERÊNCIAS

HUGHES, J. M.; RAKOVAN, J. The Crystal Structure of Apatite, Ca5(PO4)3(F,OH,Cl).


Reviews in Mineralogy and Geochemistry, v. 48, n. 1, p. 1–12, 2002.
KITIS, G.; GOMEZ-ROS, J. M.; TUYN, J. W. N. Thermoluminescence glow-curve
deconvolution functions for first, second and general orders of kinetics. Journal of
Physics D: Applied Physics, v. 31, n. 19, p. 2636–2641, 1998.
MCKEEVER, S. W. S. Thermoluminescence of Solids. Cambridge: Cambridge
University Press, 1985.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

MACROS NO IMAGEJ

SOCIARELLI, Giovanna1
ARAKI, Sergio Yoshinobu
FUJITA, Isac Kiyoshi

RESUMO

O efeito moiré é um efeito óptico resultado da formação de duas grades, uma fixa e
uma móvel que, com movimento relativo entre elas, geram franjas com diferentes padrões
- claros e escuros, largos e estreitos - chamados franjas que podem verificar, por
exemplo, a perfilometria de corpos e objetos, o que é importante para realizar um controle
geométrico. As técnicas de moiré têm vastas aplicações por terem um baixo custo e alta
versatilidade. São vantajosas por serem realizadas através de ensaios não destrutivos e
gerar imagens de fácil interpretação. No entanto, essas imagens devem ser tratadas por
softwares específicos, como o ImageJ, em um processamento repetitivo e demorado. Isso
faz com que a aplicação em processos que exijam rapidez diagnóstica seja dificultada.
Logo, há a necessidade de um estudo que procure otimizar tempo no processamento de
imagens. O presente projeto tem como objetivo a melhoria da velocidade do
processamento, realizando o tratamento através de macros, ferramenta essa que é
disponibilizada pelo próprio software, tornando-o bem mais rápido, podendo ser utilizado
nas mais variadas aplicações. Para isso, foi realizado um experimento com a técnica de
moiré de projeção. Os objetos de estudo foram a mão e um mancal. Os resultados
mostraram que foi possível realizar a macro de forma satisfatória, ou seja, o processo se
tornou mais rápido e prático. O único porém é que ainda é necessária a utilização de
outro software (Idea) para terminar o processo.

Palavras-chave: Efeito moiré, ImageJ, Processamento de Imagens, Macros, Programação.

INTRODUÇÃO

As técnicas perfilométricas são um exemplo de técnicas ópticas de medição de


superfícies e contorno de objetos - que vêm sendo utilizadas como alternativa para a
medição de deformações, movimentos, posições relativas de elementos de máquinas,
topografia de corpos (perfilometria) e relevo. Pode-se encontrar a Holografia, o Speackle,
a Fotoelasticidade Clássica e o Efeito moiré LINO (2002).
Dentro dos métodos fotoelásticos, o método de moiré é o mais versátil MAZZETI
(2004), o que condiz com o estudo de HU (2001) apud. LINO (2002) de que a técnica de
moiré (TM), é a mais utilizada devido a sua simplicidade e rapidez nas medições. A
versatilidade e baixo custo de equipamento da TM são atrativos para que mais estudos

1
SOCIARELLI, Giovanna. Estudante técnico integrado em mecânica do Ins tuto de Educação, Ciência e Tecnologia –
Campus São Paulo (IFSP). Email: giovanna-sociarelli@hotmail.

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estejam surgindo na área GAZZOLA (2013). Os resultados dessas técnicas podem ser
validados por modelos computacionais ANDONIAN (2008).
O efeito moiré é resultante da interferência geométrica entre duas ou mais grades
de amplitudes próximas sobrepostas, gerando padrões de linhas mais largas e escuras,
as quais geram padrões denominados por franjas padrões de moiré (GAZZOLA, 2011).
LINO (2002) expõe em sua tese a necessidade de trabalhos futuros no
desenvolvimento de programas específicos que possibilitem a aceleração e
automatização do processo de geração de Modelos Digitais topográficos. HERTZ (2005)
manifesta a necessidade de desenvolver um software que permita a análise das imagens
de moiré em três dimensões. CARDOSO (2013) também sugere a necessidade de
correlacionar moiré com imagem digital.
A argumentação desses pesquisadores evidencia a necessidade do
desenvolvimento de um programa (ou subprograma) que torne a análise das imagens
quase instantânea. O projeto está inserido nessa lacuna que atrasa os estudos e
implementações das Técnicas de moiré.
O ImageJ é um software de domínio público desenvolvido pela Java no NIH Image
(National Institutes of Health), utilizado para o tratamento de imagens, existindo a
possibilidade de rodar diversos formatos de imagem, fazer medições, alterar o tamanho,
plotar de 2D para 3D, a execução de macros entre diversos outros comandos.

OBJETIVOS

O objetivo geral do projeto é automatizar o processamento de imagens necessário


nas Técnicas de moiré para que se obtenha resultados rápidos, tornando o processo
viável em aplicações que exijam rapidez diagnóstica.

METODOLOGIA

Os ensaios de moiré de projeção foram realizados no departamento de mecânica


do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus São Paulo
(DME/IFSP). A metodologia foi classificada em três partes: montagem dos aparatos,
ensaios e tratamento das imagens.
Os aparatos para a realização de moiré de projeção são simples. O projetor
multimídia é posicionado para executar as grades de moiré sobre o objeto que é colocado
em frente ao anteparo. A câmera é posicionada de forma que obtenha as imagens em
linha reta ao objeto.
Foram tiradas 5 fotos, 4 com o objeto e 1 somente com os retículos que, quando
subtraídas, permitem a verificação do deslocamento do plano, logo é possível verificar a
perfilometria do objeto.
Nesse ensaio foram utilizados como objeto de estudo: um mancal de um DAV
(Dispositivo de Assistência Ventricular), uma mão e o pé de uma estudante.
O tratamento das imagens obtidas no ImageJ é realizado simultaneamente à
execução da macro, pois a melhor forma de programá-la é utilizando o comando Record.
Esse comando grava todos os processos utilizados dentro do programa para o tratamento
das imagens e salva-as em formato de texto específico para que seja possível rodá-la
outras vezes no sistema, o que automatiza o processamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Para a realização da macro, as imagens foram retiradas de COSTA G. (2020) e
ARAÚJO K. (2020). Isso dispensou a necessidade de realizar um experimento próprio.
A macro foi realizada usando o comando record - assim como exemplificado na
metodologia. Ou seja, o tratamento foi feito manualmente e, dessa forma, a macro ficou
registrada, sendo necessário apenas salvá-la.
Para fazer a pausa e selecionar a área de interesse, foi necessário editar a macro
prévia e, assim, colocando a macro de recorte - extraída de LINO (2008). Não foi possível
utilizá-la de maneira “bruta”, no entanto, com alguns ajustes ela começou a rodar.
Outros testes também foram realizados na tentativa de otimizar a macro.
Primeiramente com o filtro gaussian blur, a ideia seria pará-la para dosar o filtro. Para
isso, foi utilizada a macro do próprio ImageJ “AnimatedGaussianBlur.ijm”.
A macro padrão não fazia o desejado e não foi possível editá-la para tal. Logo, o
processo idealizado não teve sucesso. De qualquer forma, outras macros retiradas de
fóruns de ImageJ foram testadas, mas também não obtiveram sucesso.
Outro ponto, que estava entre os testes desejados, era a troca do processo do
software Idea para o próprio ImageJ. Não foi encontrado nenhum plug in que produzisse o
efeito unwrapp. Ou seja, o Idea ainda se faz necessário para a obtenção da perfilometria.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A macro do ImageJ foi bem sucedida, sendo possível, inclusive, a pausa para
seleção da área de interesse - diversificando a possibilidade de usos dela, entretanto não
foi possível pausar a macro para observar a dosagem do filtro gaussian blur, porém é
possível editá-la para aumentar o diminuir sua intensidade e, assim, rodá-la com o efeito
desejado.
Também não foi possível realizar o processamento do Idea no ImageJ, o que
“atrasa” o processo. De qualquer forma, essa macro economiza tempo do usuário que
deseja tratar as imagens.
Apenas alguns segundos são necessários para um processo que durava alguns
minutos. Após isso, o restante do tratamento não é tão trabalhoso, logo, a macro colabora
da rapidez de obtenção dos resultados.

REFERÊNCIAS

GAZZOLA J, AFFONSO EA, FABBRO IM. “Aplicação da técnica óptica de moiré de


sombra na determinação do mapa de deformações de corpos carregados axialmente.”
Sinergia, São Paulo, v.14, n.3, set./dez. 2013: p.211-216.
GASVIK, K. J. “Moiré techniques by means of digital image processing”. Applied
Optics. Washington. v.22, n.23, p.3543- 3548, set., 1983.
IMAGEJ versão 1.46R- de domínio público e com créditos para o National Institute
of Health, USA.
LINO, A. C. L. “Técnica óptica de moiré visando a aplicação no estudo de
superfícies irregulares”. 2002. 86p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) -
Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
MAZZETI Filho, V. “Utilização da Interferometria de moiré no Estudo de Tensões
Dinâmicas em Discos Flexíveis”. 115 p. Dissertação de Mestrado em Engenharia
Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, 2004.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ANÁLISE PERFILOMÉTRICA NO EIXO DO DISPOSITIVO DE ASSISTÊNCIA


VENTRICULAR UTILIZANDO A TÉCNICA DE MOIRÉ DE PROJEÇÃO

ARAUJO, Karen R.
FUJITA, Isac F.
ARAKI, Sergio Y.

RESUMO
Pacientes que sofrem com Insuficiência Cardíaca (IC) necessitam de uma bomba
para auxiliar o coração e a circulação do sangue ser completa, este aparelho seria um
Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV). Por ser uma doença crônica, os pacientes
ficam com o DAV implantado durante alguns anos e/ou para a vida toda. O dispositivo é
composto por dois eixos cerâmicos alojados no interior da bomba que podem entrar em
atrito com os mancais, este atrito com o passar do tempo pode gerar um desgaste
liberando partículas no sangue do paciente, prejudicando sua saúde e reduzindo sua
qualidade de vida. O eixo é uma peça de material cerâmico (Alumina), cilíndrica e
milimétrica, o que dificulta sua análise, mas com o avanço das técnicas ópticas, sua
análise e observação pode ser mais fácil e completa. Para a análise e realização do
projeto foi utilizado a técnica moiré de projeção, que trabalha com captura e tratamento de
imagens por software. A técnica consiste em uma projeção de grades sobre um aparato
com o objeto que é fotografado quatro vezes com quatro tipos de grades e uma sem, para
assim as imagens serem tratadas pelo imagej e o Idea. O resultado pode ser obtido em
2d, 3d e em forma de gráfico, dando maior possibilidade de análise. Após a realização do
experimento foi possível visualizar a peça por completo, que apresentou contorno de
fabricação. A técnica de moiré se mostrou eficiente, podendo ser uma ferramenta de
auxílio de análise topográfica em superfícies de pequenas dimensões, assim como o eixo
que foi utilizado no experimento.

Palavras-chave: técnica de moiré, análise, topografia, desgaste, eixo.

INTRODUÇÃO

As mortes por enfermidade são maioria no mundo, e são as doenças cardiovasculares


que mais matam. Dentre essas doenças, a insuficiência cardíaca (IC), seu diagnóstico é
primordialmente clínico, por meio da história e do exame físico. Há três modalidades de
tratamentos: com remédios, mudança de estilo de vida e o tratamento cirúrgico. O
tratamento cirúrgico deve ser reservado apenas àqueles pacientes que foram analisados
por um especialista e tiveram os seus casos considerados refratários, outro tratamento
indicado para a IC é o Suporte Circulatório Mecânico (SCM), um termo utilizado para
tecnologias aplicadas para o bombeamento artificial do sangue. Quando essa tecnologia é
usada para assistência circulatória a um dos ventrículos, o termo utilizado é Dispositivo de
Assistência Ventricular (DAV) (Nakka, 2007).
Os DAVs são aparelhos que auxiliam o coração a bombear sangue, da principal
câmara bombeadora de sangue do coração, o ventrículo esquerdo, para o resto do corpo.
Existem dois subtipos dos DAVs: o pulsátil e as bombas centrífugas implantáveis. O
segundo tipo são as bombas de fluxo contínuo, como as axiais e as centrífugas
Página 1 de 3
implantáveis. Geralmente, essas bombas são menores que as pulsáteis, possuem uma
confiabilidade maior por serem simples e requerem um sistema de controle de fluxo mais
dinâmico (Florentino, 2018). As bombas centrífugas possuem eixos que podem ser de três
tipos: cerâmicos-poliméricos, de levitação magnética, ou levitação hidrodinâmica (Bock,
2008). O estudo analisará o desgaste do eixo no mancal, conforme o tempo de uso, pois
este libera partículas do mancal, que contamina o sangue do paciente e prejudica sua
saúde.
Um tipo de análise seria por meio das técnicas ópticas, estas são de fácil aplicação,
baixo custo e precisas. Devido a sua natureza de não-contato, os métodos ópticos não
alteram a resposta dos objetos alvos de estudo. Logo, os resultados obtidos pelos
métodos ópticos representam dados com maior realidade (Fujita, 2015). Uma técnica
óptica possível para obter a deformação do eixo com precisão, seria a Técnica de moiré
de projeção. A Técnica de moiré é caracterizada por ser um efeito resultante da
interferência geométrica entre duas ou mais grades de amplitude, gerando padrões de
linhas, seu tipo deve estar de acordo com o estudo a ser realizado. O efeito moiré se dá
quando duas grades de linhas são sobrepostas e tem posição relativa deslocada, que
produz ondas padrões, gerando as franjas padrões (Fujita, 2015). Com a técnica de moiré
de projeção, o possível desgaste no eixo poderá ser analisado em sua profundidade. A
projeção irá mostrar o efeito do desgaste no eixo, podendo futuramente ser evitado.

OBJETIVOS

A obtenção dos mapas de perfil e os modelos digitais topográficos do eixo cerâmico


pela técnica de moiré de projeção, após os tratamentos das imagens capturadas do eixo
de um Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV), para interpretar se houve um
desgaste comparando o eixo retirado da bomba de um coração artificial com um nunca
utilizado. Após a análise, comparar com outra técnica já utilizada, a fim de validar a
técnica de moiré para a análise de pequenas dimensões.

METODOLOGIA

Os ensaios de moiré de projeção para análise de desgaste foram realizados no


laboratório de ensaios do departamento de mecânica do Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus São Paulo (DME/IFSP). Os aparatos são
simples e de rápido preparo. O projetor multimídia deve ser direcionado para o anteparo,
para a projeção das grades de moiré. Os eixos devem ficar na frente do anteparo para
que a projeção seja sobre eles. Por último, a câmera fotográfica é posicionada em linha
reta ao objeto.
Os ensaios foram realizados com um retículo com densidade de 120, para possibilitar
maior detalhamento do diagnóstico do desgaste do eixo. Foram tiradas cinco fotos para
serem tratadas, uma somente com o retículo e quatro com o retículo projetado sobre o
objeto que, quando subtraídas, permitem a verificação do deslocamento do plano, logo é
possível verificar a perfilometria do objeto. A câmera utilizada nos ensaios tinha uma
resolução de 20.2 Mpixel, e ficou a 8cm do aparato, já o projetor ficou a 13.05cm, dando
um resultado satisfatório.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Os resultados foram satisfatórios, dando visibilidade do contorno de fabricação que
surgiu e um pequeno furo, como mostra as imagens a seguir:

Figura 1. Análise topográfica do eixo sem uso. Fonte: Autores, 2020.


Figura 2. Análise topográfica do eixo utilizado. Fonte: Autores, 2020.

Por fim, foi possível observar que não foi apresentado um desgaste no eixo, mas
apenas o contorno de fabricação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Podemos observar que o perfil do eixo foi obtido pela técnica de moiré de projeção
e que com isso podemos validar a técnica de moiré de projeção para auxílio de análise de
pequenas dimensões, como os eixos do DAV utilizado no estudo, pois seus resultados
são satisfatórios.

REFERÊNCIAS
NAKA, Yoshifumi. Mechanical Circulatory Support Theraphy in Advance Heart
Failure. Londres: Imperial College Press, 2007
FLORENTINO, Pâmela Catherine; FILHO, Wilson Campos; ORTEGA, Fernando; ARAKI,
Sergio Yoshinobu; BOCK, Eduardo Guy Perpetuo. Dilatometria da Zircônia pelo
Processo de Colagem de Barbotina em Moldes de Gesso para Eixos no DAV. The
Academic Society Journal, 2018.
BOCK, Eduardo Guy Perpétuo. Projeto, Construção e Teses de um Dispositivo de
Assistência Ventricular: Bomba de Sangue Centrífuga Implantável. Tese de
Doutorado em Engenharia Mecânica - Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade
Estadual de Campinas, 2011.
FUJITA, Isac Kiyoshi. Aplicação de Técnica de Moiré de Sombra na Medição de
Tensões em Elementos Estruturais Submetidos a Ensaio de Tração. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Agrícola - Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade
Estadual de Campinas, 2015.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS ÓPTICAS PARA LEVANTAMENTO DE SUPERFÍCIES


CORPORAIS

COSTA, Giovanna da Silva Gomes da


FUJITA, Isac Kiyoshi
ARAKI, Sergio Yoshinobu

RESUMO

As técnicas perfilométricas são utilizadas para a extração da superfície


tridimensional ou contorno topográfico de objetos. Essas técnicas permitem analisar objetos
ou ambientes do mundo real, coletando dados sobre suas formas e gerando modelos
topográficos passíveis de serem usados numa grande variedade de aplicações Assim
levantou-se a hipótese de que a Técnica de moiré pode ser aplicada com resultados
satisfatórios na geração de Modelos Digitais de Elevação ou Topográficos de superfícies
irregulares como a anatomia humana. Esse método é baseado no deslocamento das
grades de 90°, projetando-as separadamente direto sobre o objeto utilizando-se de um
projetor de multimídia. Os resultados poderão viabilizar o uso da técnica de moiré de phase-
shifting para aplicação médica ortopédica, e com isso obter melhores resultados e mais
rápidos.
Palavras-chave: Técnicas ópticas, técnicas de moiré, phase-shifting.

INTRODUÇÃO

As técnicas ópticas podem ser de grande eficiência em diagnósticos clínicos,


principalmente na área da ortopedia. Conforme a evolução dos exames em ortopedia foi
possível oferecer às novas gerações a possibilidade de não repetir os erros passados e
copiando os acertos, aperfeiçoando-os para oferecer maior conforto aos pacientes.
De acordo com Karam (2005), “Neste século surgiram novas técnicas, aparelhos,
exames, internet e grande aprofundamentos nos estudos biomecânicos. Temos de
repensar a forma pela qual os futuros ortopedistas adquirem seus conhecimentos e lidam
com a velocidade da informação e das novas técnicas.”
O diagnóstico por imagens tem passado por grandes transformações nos últimos
dez anos, determinadas especialmente pela revolução tecnológica no campo da informática
e da descoberta de novas fontes de energia para obtenção de imagens do corpo humano.
As imagens obtidas através de novas técnicas tecnológicas reúnem muitos princípios e
qualidades da modalidade ideal, o que inclui a obtenção de imagens eficientes, precisas
em relação aos aspectos anatômicos, com riqueza de detalhes tridimensionais. O objetivo
desses diagnósticos, ilustrados por casos clínicos, é fornecer ao profissional uma noção

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geral da importância e das principais aplicações dessas técnicas no contexto da Ortopedia
(Rejane Faria, 2004).
O objetivo de um teste diagnóstico ou exame complementar, como aqueles por
imagens, é o de adicionar informações não detectadas pelo paciente nem pelo profissional
(condições subclínicas) a esta escala de probabilidades, para se chegar a um diagnóstico
final. Sendo assim, não se pode esquecer que as imagens, por mais que envolvam alta
tecnologia, continuam sendo exames complementares, cuja indicação deve estar baseada
em um criterioso exame clínico e análise do seu custo/benefício.

OBJETIVOS

O objetivo será implementar as técnicas ópticas, nesse caso as técnicas de moiré


de projeção, em diagnósticos clínicos ortopédicos. Essa técnica visa acelerar o processo
de diagnóstico via levantamento topográfico utilizando as técnicas de moiré.

METODOLOGIA

A Técnica de moiré, apesar de ser conhecida há certo tempo, somente nos últimos
anos vem sendo estudada mais a fundo, devido ao avanço das tecnologias de captura e
processamento de imagens. Essa técnica está baseada na fenomenologia moiré e que se
caracteriza por um efeito resultante da interferência geométrica entre duas ou mais grades
de amplitudes próximas sobrepostas, gerando padrões de linhas mais largas e escuras,
denominadas de franjas de moiré e estão relacionadas com a deformação do objeto
(GAZZOLA et al. 2013). Para os nossos resultados serão utilizadas a técnica de moiré por
phase-shifting. Esse método é baseado no deslocamento das grades de 90°, projetando-
as separadamente direto sobre o objeto utilizando-se de um projetor de multimídia. Quanto
às grades LINO (2002) cita que esse ensaio necessita da projeção de 3 ou 4 imagens, com
pequenos deslocamentos das franjas entre si, para obter os mapas de fase e a superfície
de contorno dos objetos estudados.
Os ensaios de moiré de projeção para levantamento de superfícies corporais foram
realizados no departamento de mecânica do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia de São Paulo, Campus São Paulo (DME/IFSP).
Estes ensaios dividiram-se em dois segmentos: coleta de dados de ensaios de
phase-shifting, isso é, as imagens necessárias para o experimento e ensaios experimentais
usando técnicas ópticas de moiré de projeção, e tratamento de imagens no computador
pelos softwares ImageJ e Idea.
Para todos os ensaios de phase-shifting utilizaram a câmera fotográfica de 12 e 20.2
MP, além disso tivemos que mudar a posição do aparato para obter melhores resultados.
A câmera fotográfica ficou posicionada a 60 cm do anteparo, conseguindo um ótimo foco,
tiradas fotografias do pé e da mão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estas desempenharam resultados satisfatórios em relação aos outros ensaios feitos


anteriormente. Entretanto as fotos do pé não puderam ser utilizadas, devido às sombras e
perfilometria dos ossos da região do tornozelo e peito do pé. Com isso observamos que a

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mão teve um ótimo estudo de topografia, podendo observar a sua extensão total, sem
muitas falhas. Podemos observar nas imagens a seguir:

Figura 1. Análise topográfica das fotos tiradas do pé. Fonte: Autores.

Como pode-se ver na imagem, as sombras impossibilitaram o melhor estudo da


superfície do pé, dificultando o tratamento da imagem e a retirada da sua topografia. Outro
problema seria a estrutura óssea do pé, a qual produz essas sombras e atrasam o processo
de captura de imagem.

Figura 2. Análise topográfica das fotos tiradas da mão. Fonte: Autores.

Diferente dos resultados do pé, as fotos da mão desempenharam um resultado


satisfatório, pois podemos observar claramente a topografia, sem complicações. Talvez
com o melhor posicionamento e regulagem de luz, as imagens fiquem mais definidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Com isso, podemos concluir que a técnica de Moiré pode ser aplicada em áreas sem
influência de sombras e sem ossos aparentes. Talvez se os aparatos e aparelhos forem
otimizados, isto é, com maior tecnologia, poderemos no futuro aplicar essa técnica em
outras regiões além dos pés e mãos.
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REFERÊNCIAS
KARAM, Francisco C.; LOPES, Maria Helena I. Ortopedia: origem histórica, o ensino no
Brasil e estudos metodológicos pelo mundo. p. 174 Scientia Medica, Porto Alegre:
PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005

LINO, Antonio Carlos L. Técnica Óptica de Moiré Visando a Aplicação no Estudo de


Superfícies Irregulares. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade
de Engenharia Agrícola - UNICAMP, 2002

RIBEIRO-ROTTA, Rejane Faria. Técnicas Tomográficas Aplicadas à Ortodontia: a


Evolução do Diagnóstico por Imagens. Rev. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial vol.9
no.5 Maringá Sept./Oct. 2004

FUJITA, Isac Kiyoshi. Aplicação de Técnica de Moiré de Sombra na Medição de


Tensões em Elementos Estruturais Submetidos a Ensaio de Tração. Dissertação de
Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola -
UNICAMP, 2015

GAZZOLA, Jonathan. Aplicação da Técnica Óptica de Moiré como Método


Fotomecânico para Qualificação e Quantificação de Tensões. Tese apresentada à
Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas, 2013.

PORTO, Flávia; GURGEL, Jonas Lírio; FARINATTI, Paulo de Tarso Veras Topografia de
Moiré como Método de Avaliação Postural: Revisão do Estado da Arte. Rev. bras.
geriatr. gerontol. vol.14 no.3 Rio de Janeiro, 2011

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

INTEGRAÇÃO DO ALGORITMO DE ESTIMAÇÃO E O CONTROLE DE UMA BOMBA


DE SANGUE IMPLANTÁVEL1

SANTOS, Tamires Flores dos2


LEÃO, Tarcisio Fernandes3
RESUMO
O DAV (Dispositivo de Assistência Ventricular), é responsável por promover
suporte circulatório aos ventrículos que demonstram falhas de funcionamento, podendo
ser este suporte na área de terapia de destino ou como ponte para transplante cardíaco.
Dessa forma, este estudo de caso busca demostrar como a implementação da Técnica de
Controle Automático (TCA) é responsável por melhorar a relação entre a rotação da
bomba de assistência ventricular e o sistema fisiológico. Este projeto de pesquisa possui
como propósito principal, desenvolver um algoritmo, através de um programa, que seja
capaz de presumir a pressão diferencial da bomba de sangue centrífuga (BSC) e integrá-
lo ao controle de fluxo, permitindo que, ao ser aplicado no dispositivo, faça-o funcionar de
maneira harmoniosa e de acordo com as necessidades e atividades do paciente.
Palavras-chave: DAV; TCA; Bombas de assistência ventricular, BSC.
INTRODUÇÃO
Os DAV são ferramentas destinadas a assistência circulatória auxiliar, podendo
ser definidas através de um conjunto de instrumentos e técnicas propícios de assegurar
as condições hemodinâmicas de um paciente por um período estabelecido e substituir de
maneira total ou parcialmente as funções de bombeamento do coração (PIERCE,2011).
A primeira aplicação do conceito de circulação do sangue realizada por uma equipe
de bombeamento, foi desenvolvida em 1934 por Dr. DeBakey. Este médico desenvolveu e
apresentou a considerada primeira bomba sanguínea extracorpórea, por princípio de
bombeamento peristáltico. Tal bomba ficou conhecida como bomba de roletes
(DEBAKEY, 1934).
O equipamento era composto por um elemento para bombear sangue e um
elemento para efetuar a oxigenação dele, mantendo os padrões para manutenção da vida
enquanto o coração e o pulmão eram mantidos fora de circulação. (DEBAKEY, 1934).
Como resposta aos problemas observados nos dispositivos pulsáteis, foram
criadas as bombas de sangue axial, que, comparadas com as pulsáteis apresentam
dimensões reduzidas, a não necessidade de utilização de válvulas cardíacas artificiais,
baixos índices de hemólise e fácil operação (DEBAKEY, 1934).
Os DAV podem ser classificados quanto à sua posição em relação ao corpo,
podendo ser: para corpóreo, parcialmente implantáveis e totalmente implantável.
Para realizar o controle da rotação nos dispositivos é utilizada a Técnica de
Controle Automática (TCA). A TCA da rotação de bombas de sangue é composta por 3
camadas, interrelacionadas, que propiciam o controle do DAV, considerando sua

1 Projeto de Iniciação Científica (IC) vinculado ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica
(PIBIFSP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus São Paulo.
2 Graduanda: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo; São Paulo; SP; tamires-
flores@hotmail.com.
3 Professor Doutor; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo; São Paulo; SP;
leao@ifsp.edu.br.
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interação com o sistema fisiológico do paciente. A principal interação entre o organismo e
o DAV se dá por meio do sistema de regulação da pressão arterial média, elemento
indispensável do controle circulatório a qual o TCA atua (SILVA, 1991).
O TCA contém três modos de controle: rotação, automático e automático pulsado,
onde, o médico opta pelo modo de controle de acordo com a fase do implante e o perfil do
paciente. O controle de rotação é o modo convencional de controle, e é utilizado durante o
implante; o controle automático é utilizado logo após a estabilização do quadro clínico do
paciente; o controle automático pulsado, é usado em pacientes que não se observa a
abertura da válvula aórtica (LEÃO,2020).
OBJETIVOS
Elaborar uma aplicação em FPGA da TCI (Técnica de Controle Inteligente),
especialmente, do sistema de estimação e sua integração com o controle de fluxo.
Estudar a programação de aplicações em FPGA para a plataforma de
desenvolvimento, e, a partir deste estudo, elaborar um programa destinado a obtenção e
condicionamento de sinais.
Desenvolver programa capaz de estimar a pressão diferencial da bomba de sangue
rotativa e sua integração com o controle de fluxo.
METODOLOGIA
Para lograr tal propósito, realizou-se uma revisão bibliográfica baseada em artigos
científicos e teses, conforme as necessidades do projeto, optando pelo aprofundamento
do conhecimento sobre os dispositivos de assistência ventricular (DAV), bem como o
estudo da técnica de controle automático, estudo que possibilita a interação entre o
organismo do paciente a ser tratado e o DAV escolhido para o tratamento. Com o
conhecimento reunido, efetuou-se testes de programas e simulações no MATLAB &
Simulink na plataforma online disponibilizada pelo site da MathWorks.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a etapa de ambientação com a fisiologia cardiovascular e o DAV, foram
efetuadas diversas pesquisas e leituras de documentos como artigos e teses relacionadas
ao assunto do projeto, com a finalidade de adquirir e aprofundar os conhecimentos a
respeito da funcionalidade dos dispositivos vasculares e sua interação com o organismo
dos pacientes a qual serão submetidos ao tratamento.
Com o êxito na revisão integrativa da literatura, iniciou-se a fase de ambientação
com o software a ser trabalhado no projeto. Utilizou-se o MATLAB na versão Online
R2020a, onde o contato foi feito de forma teórica e introdutória, fazendo uso de tutoriais
explicativos e testando exemplos propostos pela plataforma.
Durante as simulações utilizou-se um arquivo de estimador da vazão dem um
tanque, e, através da função Interp2 calculou-se a interpolação entre duas variáveis,
como verificado em Figura 1, Figura 2 e Figura 3.

Figura 1 – Gráfico resultante


da interpolação.

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Figura 2 – Tabela com os testes Figura 3 – Processo de
de interpolação Interpolação.

Fonte: Autora.

Fonte: Autora. Fonte: Autora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo possibilitou obtenção de conhecimento a respeito dos
dispositivos de assistência ventricular e de seus benefícios no tratamento de pacientes
com doenças cardiovasculares, bem como o funcionamento da TCA e como a sua
implementação pode contribuir para uma melhor operação da bomba de sangue fazendo
com que o sistema ajuste a rotação de maneira fluída com o sistema fisiológico, sendo
desnecessário a utilização de sensores
Uma vez que o projeto em questão ainda se encontra em desenvolvimento, há o
avanço na fase de programação em busca de um algoritmo capaz de estimar, de maneira
eficiente, a relação entre corrente, rotação e vazão, antes vista no MATLAB, para logo
após, poder dar prosseguimento e desenvolver um programa estimador da pressão
diferencial da bomba de sangue rotativa e sua integração com o controle de fluxo.
REFERÊNCIAS
GALANTIER, João Galantier. Avaliação do emprego clínico do dispositivo de assistência
ventricular InCor como ponte para o transplante cardíaco. Universidade de São Paulo,
2007.
ACACIO, Márcio Roberto Alves. LEÃO, Tarcísio Fernandes. APLICAÇÃO DE
DISPOSITIVO DE ASSISTÊNCIA VENTRICULAR (DAV) PARA MELHORIA NA
QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.POSGERE
(ISSN 2526-4982), v. 1, n. 4, 2017.
ANDRADE, Aron. BOCK, Eduardo. FONSECA, Jeison. LEÃO, Tarcísio Fernandes.
UTIYAMA, Bruno. In vitro evaluation of multi-objective physiological controlo f the
centrifugal blood pump. Wiley Online Library, São Paulo, 16 January 2020. Disponível em:
<https://onlinelibrary-wiley.ez338.periodicos.capes.gov.br/doi/full/10.1111/aor.13639>.
Acesso em: 25 de set. de 2020.

Página 3 de 3
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

IDENTIFICAÇÃO DE MOVIMENTOS COM SENSORES REALSENSE

Da Fonseca Dias, Renan1


LEÃO, Tarcísio²
AGUIAR, Wagner³

RESUMO

As tecnologias existentes na detecção de imagem estéreo se utilizam de sensores com


câmeras que permitem calcular a profundidade e desta forma permitir que os dispositivos
consigam visualizar, interagir e aprender com o ambiente de forma 3D, essa detecção
pode ser realizada em ambientes internos ou externos, com muita ou pouca luz e
proporcionar a interação e imersão naturais e intuitivas. Este trabalho passa pela
utilização do sensor RealSense®, na análise de movimentos do corpo humano, que pode
ser definido fisicamente como um sistema composto de vários segmentos, podendo ser
articulados ou estáticos. O dispositivo apresentado a seguir tem como objetivo fazer a
captação dos movimentos, em conjunto com os segmentos que compõem toda a
estrutura biomecânica para que os dados coletados sejam analisados e desenvolvidos.
Entre as características abordadas pelos dispositivos pode-se identificar imagens de
curto e longo alcance, esse estudo tem embasamento nas principais características do
sensor integrado aos programas de processamento de imagens. O estudo das
características de operação, gravação e armazenamento de imagem do sensor, a
manipulação e tratamento dos dados das imagens, bem como o estudo das técnicas de
pré-processamento e de processamento da imagem utilizando as câmeras de captura de
movimento Intel RealSense®, e Microsoft Kinect.

Palavras-chave. Biomecânica, RealSense®, Sensor de movimento, profundidade

INTRODUÇÃO

A detecção da imagem é importante em diversos segmentos, como em aplicação


industrial, sistemas robóticos, veículos autônomos e em diversas aplicações no dia a dia.
Existem diversos sensores e dispositivos com esse objetivo, entre eles podemos citar o
MICROSOFT® Kinect™ (MICROSOFT, 2011), o Pro Xtion LETV™, fabricado pela

1 Estudante de Engenharia de Controle e Automação do campus São Paulo do Instituto Federal de São
Paulo (IFSP); São Paulo; SP; Da Fonseca Dias, Renan
2
Coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação do campus São Paulo do Instituto Federal
de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP; Campo, A. B.
³ Professor do curso de Engenharia de Controle e Automação do campus São Paulo do Instituto Federal de
São Paulo (IFSP); São Paulo; SP; Campo, A. B.
Restrito Página 1 de 4
LETV™ (ASUS,2020), um outro dispositivo é o Orbbec® Persee™ .A Microsoft tem
atualmente o Azure Kinect DK (AZURE, 2020), já a Intel lançou a linha Intel®
RealSense™, com três modelos de sensores com proposta diferentes de aplicações. Para
se determinar a profundidade estéreo é utilizada a relação entre uma disparidade (d) e a
profundidade (z) pode ser parametrizada (1). A distância focal do sensor de imagem (f) é
em pixels, enquanto a linha da base entre a câmera (B) está na profundidade desejada
em unidades (normalmente m ou mm). (KELSELMAN,2020)
(f . B)
z= (1)
d

Por princípio, as três câmeras que recebem a informação da imagem, RGB (color),
a infravermelha estereoscópica para profundidade e um projetor laser para a câmera
escanear as cenas 3D (câmera intel®RealSense™, 2020). Além disso, podemos pegar a
derivada, δz / δd e substituindo na relação entre z e d para gerar uma relação de erro com
a distância.
2
|ϵz|= z .|ϵd| (2)
f .B

Como os erros no espaço de disparidade normalmente são constantes para um


sistema estéreo, as características das imagens e a qualidade do algoritmo de
correspondência, podemos tratar j e δj como uma constante em sistemas passivos. Neste
trabalho o sensor utilizado é o da Intel o modelo Intel® RealSense D435i (INTEL, 2020).

OBJETIVOS

O objetivo geral é desenvolver a integração do sensor RealSense® e o sistema de


processamento no auxílio de identificação de imagens. Como objetivos específicos há o
estudo das características de operação, gravação e armazenamento de imagem do
sensor; a manipulação dos dados das imagens; o estudo das técnicas de pré-
processamento; estudo das técnicas de processamento da imagem; a implementação de
um algoritmo computacional para aquisição e processamento da imagem; e, por fim, a
verificação do desempenho do sistema em testes de bancada.

METODOLOGIA

O modelo D435 é uma câmera de profundidade que deve ser utilizada em


aplicações em movimento rápido. O modelo D435i, possui todos os recursos da câmera
D435 com a adição de uma unidade de medida inercial (IMU) que é utilizada na detecção
de movimentos e rotações em 6 graus de liberdade (6DoF), onde combina uma variedade
de sensores com giroscópios para detectar rotação e movimento em 3 eixos, além da
inclinação guinada e rotação. (INTEL, 2020)

Intel® RealSense™ D435i (INTEL, 2020)

Restrito Página 2 de 4
Os sensores da Intel® RealSense™ podem ser programados utilizando o SDK 2.0
que é um código aberto e permite uma grande variedade de linguagens e plataformas
populares de programação. Ele é composto dos seguintes componentes:
SRC, que é o diretório principal para acesso à câmera e permite o controle do
APIs, para a depuração na coleta de logs ou informações o aplicativo inclui um
visualizador Intel® RealSense™ para acesso a funcionalidade da câmera e uma
ferramenta de teste de qualidade de profundidade.
A câmera usa visão estéreo no cálculo da profundidade, que consiste em um
gerador de imagem esquerdo, um direito e um projetor infravermelho, com a função de
melhorar a precisão da profundidade em cenas de baixa textura, as câmeras esquerda e
direita enviam os dados para o processador poder calcular a profundidade de cada pixel,
onde os valores são processados para gerar os quadros de profundidade que juntos
geram um fluxo de vídeo de profundidade. (DATASHEET INTEL-REALSENSE, 2020)
A câmera para streaming foi configurada e a renderização de dados de
profundidade e RGB na tela. Um OpenGL para renderização de plataforma cruzada e
GLFW no gerenciamento de janela foi concedida com o uso do OpenCV.

(câmera intel®RealSense™, 2020)


h ps://so ware.intel.com/content/www/xl/es/develop/ar cles/realsense-r200-camera.html

Inicialmente incluímos a API Intel® RealSense™ para várias plataformas, onde as


funcionalidades são fornecidas por um único cabeçalho, em seguida uma biblioteca
auxiliar curta para encapsular e renderização OpenGL. Isto permitiu abrir uma nova janela
e preparar as texturas para renderização, em seguida uma API que converte a imagem
em tons de cinza em RGB e a amostra imprime taxas de quadros de cada fluxo habilitado.
A cada conjunto de quadros aplicamos os filtros colorizer e rats_printer e renderizou-se as
imagens pela classe de janela obtendo o sistema transformado em example.hpp que seria
o formato adotado para a leitura dos dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conseguiu-se obter os dados da imagem capturada e a partir desse ponto foi


realizada uma análise mais detalhada, inclusive utilizando-se do recurso da inteligência
artificial. Não foi possível fazer a verificação do desempenho do algoritmo, já que havia a
necessidade de comparação com outras unidades familiares. Existem vários conjuntos de
dados padrões propostos, mas a análise foi realizada somente com esse conjunto. Outra
verificação realizada é com relação a resiliência ao ruído, onde pode-se afirmar que o
conjunto possui uma webcam compacta e de ótima qualidade mostrando que o sistema
teve uma ótima performance.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Restrito Página 3 de 4
A proposta tinha como estudo o funcionamento da câmera de profundidade Intel®
RealSense™ D435i e foi atingido onde armazenamos e gravamos os dados obtidos pela
câmera. Foi fácil perceber a necessidade de um estudo mais aprofundado das técnicas de
processamento da imagem e a implementação de algoritmos computacionais nessa
análise. Não foi possível afirmar o desempenho do sistema na bancada, já que havia a
necessidade de comparação com outros sistemas similares.

REFERÊNCIAS

ASUS, Use Xtion PRO developer solution to make motion-sensing applications and
games https://www.asus.com/3D-Sensor/Xtion_PRO/ . Acessado em 12 de setembro
2020

AZURE, Microsoft. Disponível em https://docs.microsoft.com/pt-br/azure/kinect-dk/ .


Acessado em 31 de julho de 2020

DATASHEET INTEL-REALSENSE, disponível em:


https://dev.intelrealsense.com/docs/intel-realsense-d400-series-product-family-datasheet.
Revisado em junho de 2020 e acessado em: 10 julho de 2020

INTEL, Architecture and techonology realsense. Disponível em:


https://www.intel.com.br/content/www/br/pt/architecture-and-technology/realsense-
overview.html. Acessado em 15 de setembro de 2020

INTEL APPLICATIONS, building your own depth applications. Disponivel em:


https://www.intelrealsense.com/developers/. Acessado em 20 de março de 2020.

KELSELMAN, L.; WOODFILL, J. I.; JEPSEN, A. G.; BHOWMIK, A. Intel R RealSenseTM


Stereoscopic Depth Cameras. Accepted to CCD 2017, a CVPR 2017 Workshop Cornell
University.

MICROSOFT, Kinect for Windows SDK. Disponível em: https://www.microsoft.com/en-us/


download/details.aspx?id=44561. Acessado em 12 de setembro 2020

SDK, In: WIKIPEDIA : the free encyclopedia. Wikimedia, 20209. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Kit_de_desenvolvimento_de_software>. Acesso em: 10 de
agosto de 2020

Restrito Página 4 de 4
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-
Graduação IFSP – Campus São Paulo

SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO POSTURAL


COM SENSORES

BRIZUELA, Ramon Matheus Rodrigues


CUARELLI, Gilberto

RESUMO
A pesquisa tem como foco a analise de um sensor de movimentos do corpo humano,
onde os resultados são integrados ao um grupo de trabalho responsável por fornecer
ferramentas necessárias para encontrar o equilíbrio postural. A captura de dados e
produção das respetivas análises gráficas dos resultados serão feitas através de
aplicativos desenvolvidos. Esse sistema desenvolvido será capaz de calcular informações
sobre o descolamento do centro de massa (CoM) de um paciente, onde o modelo
detalhado é criado através do tratamento de dados do sensor de movimentos que
possibilita a criação desse modelo, na forma de esqueleto digital. Essas informações
adquiridas serão utilizadas pelo fisioterapeuta como ferramenta para compor o seu
diagnóstico.

Palavras-chave. Sensor de movimento; equilíbrio postural; esqueleto digital; centro


de massa.

INTRODUÇÃO

O corpo humano está constantemente sujeito a forças externas e internas, que


aceleram o corpo em torno de seu centro de massa. Quando em pé, o corpo sempre
ajusta seu equilíbrio e pode-se observar uma pequena oscilação postural onde a mesma
pode ser verificada por vários métodos (CRÉTUAL 2015).
O equilíbrio do corpo é controlado por três sistemas sensoriais. São eles, o sistema
vestibular (controla a posição e movimento da cabeça), o visual e o proprioceptivo
(percepção do próprio corpo, através de músculos, nervos, pele), conforme. O
comprometimento postural do indivíduo pode ocorrer da alteração proprioceptiva
(percepção da postura e da movimentação do corpo), vestibular (vertigem), ou visual
(relações espaciais), o que pode causar problemas de equilíbrio e interferir na qualidade
Página 1 de 3
de vida (MASSUKAWA ODA; GANANÇA, 2015).
Todos os seres vivos executam movimentos involuntários, sejam elas realizadas por
órgãos internos, ou pelo sistema que controla o equilíbrio. Este fenômeno é chamado de
"motilidade". A motilidade humana provém da coordenação do sistema
musculoesquelético, sob o controle do sistema nervoso central e periférico, com sua
densa rede de sensores fisiológicos. Desta forma, o controle da postura (equilíbrio
estático) e a locomoção (equilíbrio dinâmico) são duas atividades fundamentais para o
sistema motor do corpo humano. A execução de um movimento, gera uma perturbação
da postura, o que requer ajustes para compensar essa interrupção e manter o equilíbrio
(ROUIS 2015).
A manutenção do equilíbrio e da orientação corporal em humanos é garantida pelo
adequado funcionamento do sistema de controle postural. A pesquisa nesse tema tem
despertado interesse em profissionais de diversas áreas, tais como, Fisioterapia,
Educação Física, Engenharia, Física, Medicina, Psicologia. Várias técnicas têm sido
estudadas e consequentemente resultados variados têm sido apresentados (ROUIS
2015).

OBJETIVOS

Este trabalho está inserido em um grupo de pesquisa, o qual visa oferecer uma
ferramenta que auxilie no diagnóstico para a reabilitação de pessoas com algum tipo de
deficiência, em seu equilíbrio postural, ou dificuldades de locomoção. Serão pesquisados
os atuais trabalhos relevantes da área para compor a base de desenvolvimento a ser
seguida com auxílio dos principais sensores de movimento do mercado serão estudadas
e confirmadas suas especificações técnicas.

METODOLOGIA

Os materiais utilizados mais relevantes são os sensores de movimento, os quais


foram estudados os principais existentes no mercado. Como exemplo é citado o sensor
da Microsoft, produto desenvolvido inicialmente para uso em jogos, mas rapidamente foi
identificado como um poderoso sistema de captura de movimentos do corpo humano. O
sensor Kinect, em sua versão 2.0, gera, a uma taxa de amostragem de 30Hz, dados
representando as coordenadas (x; y; z) de 25 pontos calibrados em locais específicos no
corpo humano. O sensor está equipado com um algoritmo de reconhecimento de um perfil
representado por uma pessoa em pé, faces e vozes. Pode capturar até 6 pessoas
simultaneamente, cada uma com 25 articulações. Entretanto, a versão V1.0 deste sensor
Página 2 de 3
permite apenas a identificação de 2 pessoas com 20 pontos cada (MICROSOFT, 2020).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a captura de dados referentes à posição 3D de um paciente deve ser realizada


uma análise mais detalhada, inclusive utilizando-se do recurso da inteligência artificial.
Existe a possibilidade de fazer a verificação do desempenho do algoritmo com vários
conjuntos de dados padrões propostos, e com um trabalho de pesquisa em paralelo de
nosso grupo, que estuda o comportamento dos sensores Intel – RealSense, é possível
fazer uma análise comparativa. O objetivo é comparar as características desses dois
sistemas (INTEL, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Os resultados esperados no final do trabalho de pesquisa serão divulgados por


publicações de artigos científicos e apresentações em congressos. A equipe de trabalho,
como um todo, espera desenvolver um produto que atenda às especificações necessárias
à área da Fisioterapia e, oferecer um sistema de baixo custo, em comparação aos
métodos atuais e de fácil utilização, portanto, é planejado um grande potencial de
inovação a ser desenvolvido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRÉTUAL, A. Which biomedical models are currently used in standing posture


actual. Neurophysiologie Clinique, Rennes, v. 45, n. 4/5, p. 285-295, 2015.

INTEL, RealSense Datasheet, disponível em:


<https://dev.intelrealsense.com/docs/intel-realsense-d400-series-product-family-
datasheet>. acesso em: 10 julho de 2020.

MASSUKAWA ODA; GANANÇA, Posturografia dinâmica computadorizada na


avaliação do equilíbrio corporal de indivíduos com disfunção vestibular, UNIFESP,
Audiol., Commun. Res. vol.20 no.2 São Paulo abr./jun. 2015.

MICROSOFT CORPORATION. Kinect for Windows SDK. Disponível em:


<https://developer.microsoft.com/pt-br/windows/kinect/> Acesso em: 02 julho. 2020.

ROUIS A. Évaluation de l’équilibre postural par capteurs embarqués: application


au yoga. Toulon: Universidade de Toulon, 2015.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

LEVANTAMENTO DE SUPERFÍCIES UTILIZANDO TÉCNICAS DE MOIRÉ PARA FINS


ORTOPÉDICOS1

MATIAS, Gabriela Rodrigues2


FUJITA, Isac Kiyoshi3

RESUMO
Com o avanço constante da tecnologia a ortopedia tem desenvolvido diversos
métodos para a análise de traumas ou doenças, desse modo o estudo a seguir tem como
objetivo auxiliá-la por meio da obtenção de superfícies utilizando as técnicas de moiré
para verificação de anomalias. Para este, foi realizado principalmente o levantamento
bibliográfico das principais fontes acadêmicas de pesquisas, assim como o estudo de
conceitos que envolvem de forma profunda as aplicações de moire para superfícies
orgânicas e inorgânicas abrangendo o estudo postural de uma superfície no plano frontal,
sagital e transverso. Assim verificando com a utilização de softwares e através da técnica
das franjas de moiré como estas são capazes de levantar uma superfície a partir de uma
fotografia. Podendo concluir desse modo a possibilidade e a necessidade de
aprimoramento do levantamento de superfícies, que diante dos resultados, se apresentou
promissor e uma contribuição para o desenvolvimento de novos métodos de análises
ortopédicas.
Palavras-chave: Moire, Ortopedia, Superfícies, Topografia.

INTRODUÇÃO
O levantamento de superfícies se apresenta com extrema importância em
diversos setores de estudo, como por exemplo na geografia para a compreensão de
fenômenos terrestres. Todavia a aplicação da análise de superfícies também é de suma
importância para a área da saúde, incluindo a Ortopedia se trata da especialidade médica
que cuida da saúde relacionadas aos elementos do aparelho locomotor, como ossos,
músculos, ligamentos e articulações (Ministério da Saúde). Pois por meio da análise de
superfícies da pele e da estrutura óssea, se torna possível identificar diversos tipos de
lesões, sejam estas leves ou mais intensas. A partir das técnicas envolvendo as franjas
de moiré, foi realizada uma tentativa de obter superfícies orgânicas com a finalidade de
contribuir para os estudos e exames na área da ortopedia. Esse levantamento tem como
objetivo auxiliar em diversas áreas da ortopedia, porém o foco de estudo foi a análise
topográfica da planta dos pés. Desde a proposta de TAKASAKI (1970) no emprego da
topografia de moiré para a análise da superfície do corpo humano, outros autores
publicaram estudos com o objetivo de explicar, aperfeiçoar e empregar o método. A
topografia de moiré, se trata de um método para análise dos contornos externos de uma
superfície qualquer, através de um fenômeno óptico no qual franjas são geradas na
superfície do corpo a ser estudado. Estas franjas representam um estudo tridimensional
semelhante as linhas de contorno usadas em mapas topográficos, em que cada linha

1 Projeto de Pesquisa e Extensão.


2 Estudante – Bacharelado em Engenharia Mecânica; IFSP; São Paulo; SP;
gabriela.matias@aluno.ifsp.edu.br; MATIAS, Gabriela Rodrigues.
3 Mestre – IFSP Campus SP; São Paulo; SP; ifujita@ifsp.edu.br; FUJITA, Isac Kiyoshi.
Página 1 de 3
corresponde a uma profundidade. O método de moiré por phase-shifting é baseado no
deslocamento das grades de 90º, projetando as separadamente direto sobre o objeto
utilizando se de um projetor de multimídia. Quanto às grades, LINO (2002) cita que esse
ensaio necessita da projeção de 3 ou 4 imagens com pequenos deslocamentos das
franjas entre si, para obter os mapas de fase e a superfície de contornos dos objetos
estudados. Desse modo foi realizado o levantamento de superfícies através das técnicas
de moiré com foco em superfícies orgânicas para averiguar se as técnicas são realmente
um meio mais econômico de aplicação para análises ortopédicas.

OBJETIVOS
Objetivo Geral: Realizar o levantamento topográfico de partes ortopédicas.
Objetivos Específicos: Aplicar técnicas de moire de projeção para levantamento
topográfico de partes do corpo humano.

METODOLOGIA
Para a compreensão dos fenômenos trabalhados no tema, inicialmente foi
realizada uma busca bibliográfica pelos conceitos e aplicações já realizada das técnicas
de moiré.A partir desse desenvolvimento teórico se deram inícios as realizações
experimentais. Nas quais inicialmente foram feitos os registros de imagens contendo as
franjas de moiré, em seguida foi feito um tratamento dessas imagens por meio dos
softwares ImageJ para o tratamento de fases e Idea para a obtenção das superfícies a
partir das fases.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Á partir das técnicas de moiré com phase-shifting foi realizado um tratamento das
imagens a fim compreender se havia ou não a capacidade dos levantamentos de
superfícies auxiliarem em exames ortopédicos. A partir das imagens obtidas, as únicas
que permitiram um tratamento adequado e o estudo do levantamento de superfícies foi a
técnica de moiré de projeção. Os experimentos consistiram em desenvolver uma prótese
para testar a capacidade das técnicas trabalhadas em levantar a superfície do arco
plantar de um pé. A partir do tratamento de fases da captura através da técnica de moiré
de projeção, foi possível obter a diferença de fases o arco plantar de uma prótese
elaborada para estudo (Figura 1). Como o foco de estudos da ortopedia se baseia em
uma superfície de características orgânicas, foi realizada a mesma experimentação
anterior, porém com um corpo de estudo orgânico, tendo como corpo de prova uma mão
humana (Figura 2).
Figura 1 – Fases da prótese analisada. Figura 2 – Fases do corpo orgânico analisado.

Fonte: Autoria Própria.


A partir do tratamento de fases utilizando o software ImageJ, foi feito o
levantamento de suas respectivas superfícies a partir do software Idea. Obtendo como
resultado as Figuras 3 e 4 dispostas a seguir, que indicam a aplicação do levantamento
de uma superfície inorgânica e uma superfície orgânica.
Página 2 de 3
Figura 3 – Superfície obtida da prótese de estudo. Figura 4 – Levantamento de Superfície Orgânica.

Fonte: Autoria Própria


O levantamento de superfície consiste em poder verificar a diferença entre os
relevos presentes no objeto analisado, como podemos ver nas Figuras 3 e 4. Na Figura 4
principalmente na região superior dos dedos um levantamento muito similar a superfície
real trabalhada, houve defasagens em outras regiões, que ocorreu como consequência da
qualidade das imagens obtidas. Porém por meio das imagens é possível notar as
diferenças dos relevos tanto para o corpo de prova orgânico quanto para o inorgânico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
Tendo como principal objetivo o levantamento de superfícies orgânicas por meio
da aplicação das técnicas de moire, foi possível concluir o objetivo. Todo o estudo aqui
elaborado foi construído a partir da utilização de definições e experimentos previamente
estabelecidos com relação as técnicas de moiré de projeção. Desse modo, concluiu se
que as técnicas de moiré podem ser aplicadas como importante objeto de estudo para
levantamento de superfícies, e como demonstrado pelos resultados obtidos, a obtenção
de superfícies orgânicas é possível a partir deste método. Logo esta pode contribuir para
o estudo ortopédico de análise de lesões, a partir do levantamento de superfícies se torna
possível identificar até mesmo antes da lesão se tornar mais prejudicial, podendo ser
tratada previamente. A técnica apresentada então pode auxiliar e contribuir para o
desenvolvimento de estudos mais complexos do ramo da ortopedia, envolvendo o
levantamento das superfícies.

REFERÊNCIAS
AFECÇÕES Osteomusculares/Musculo Esquelético. Ministério da Saúde. Disponível em
<https://www.saude.gov.br/atencao-especializada-e-hospitalar/especialidades/traumatol
ogia-e-ortopedia/afeccoes-osteomusculares-musculo-esqueletico>. Acesso em 12 de
dezembro 2019.
TAKASAKI H., "Moiré Topography," Appl. Opt. 9, 1467-1472 (1970).
LINO, Antonio Carlos Loureiro. Técnica óptica de Moiré visando à aplicação no estudo de
superfícies irregulares. 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Faculda-
de de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

MEDIÇÃO DE RUGOSIDADE UTILIZANDO SPECKLE DE LASER VERMELHO

OLIVEIRA, Suzana Navarro


ARAKI, Sergio Yoshinobu

RESUMO

Speckle é um padrão óptico consequente da interferência ondulatória no meio


físico. A Interferência ondulatória resulta da soma das oscilações luminosas, ou seja,
consiste na redistribuição espacial da quantidade de energia na região de sobreposição
entre os feixes de luz. Uma das aplicações da técnica de Speckle que se destaca na
mecânica experimental é na metrologia óptica, com a medida de pequenas deformações
e deslocamentos. As técnicas tradicionais de medição de rugosidade baseiam-se no
contato mecânico de uma agulha de medição e sua translação ao longo de uma
superfície. É de suma importância para a indústria garantir a qualidade do acabamento
superficial das peças, visto que, influencia em diversas propriedades, como por exemplo,
resistência à fadiga, corrosão, desgaste, atrito em partes móveis, design, bem como
também na durabilidade das ferramentas de corte. Para garantir que as pequenas
tolerâncias impostas serão atendidas, existem os rugosímetros, equipamentos de
metrologia os quais medem a rugosidade de uma superfície através de um apalpador.
Porém a metodologia empregada faz com que seja somente possível a medição após o
processo de produção. O objetivo é aplicar a técnica óptica de medição de rugosidade na
superfície dos corpos de provas de latão. Comparando para comprovação da validade
para os padrões de tolerância de rugosidade das indústrias, demonstrando a sua
eficiência e melhorando os processos de controle de qualidade e manutenção de
ferramentas.

Palavras-chave: Padrão Speckle, Rugosidade, Metrologia Óptica, Controle de Qualidade.

INTRODUÇÃO

Durante qualquer processo de usinagem, todas as peças que estão sendo


fabricadas ou ferramentas utilizadas acabam sendo sujeitas a quantidade significativa de
força, variedade de cargas mecânicas, térmicas, químicas e tribológicas, gerando
desgaste, e quando não reparado, gera comportamento inesperado da ferramenta ou
peças com qualidade inaceitável. Por isso, desde o final dos anos 1970, tem-se buscado
desenvolver sistemas capazes de realizar monitoramento que vise prever a quebra
iminente de uma ferramenta.
Utilizando uma tecnologia inovadora para a época, Clarke e Thomas (1979)
desenvolveram uma nova metodologia baseando-se na Análise de Escaneamento a Laser
(do inglês LSA – Lasering Analysis Sca) de Westberg (1967) que fora concebido para
Página 1 de 3
identificar defeitos de fabricação em peças metálicas. Já que métodos tradicionais para
medidas de rugosidade não são aplicáveis para medidas durante o processo, Goch et al.
(1999) constataram que o método laser é o que melhor se ajusta a esta necessidade.
Quando um feixe de luz coerente é espalhado por uma superfície com rugosidades
da ordem do comprimento de onda incidente ocorre a formação de uma estrutura granular
no espaço livre à qual é dado o nome de speckle. Trata-se de um fenômeno de
interferência, tipicamente ondulatório, observável não apenas no visível, mas também em
outras partes do espectro eletromagnético e na acústica. (Muramatsu e Silva, 2007).

OBJETIVOS

O objetivo dessa iniciação científica é pesquisar e desenvolver um método para a


leitura de rugosidade em peças e ferramentas não destrutivo, utilizando a interferometria
speckle de laser vermelho, atingindo resultados satisfatórios para os padrões de
tolerância das indústria, visando seu acabamento e propriedades, e aumentando a
agilidade nos processos de controle de qualidade.

METODOLOGIA

A captação dos padrões Speckle serão realizadas no departamento de mecânica


do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus São Paulo
(DME/IFSP).
Para realização do estudo, precisamos posicionar o laser vermelho e a frente uma
lente para aumentar sua projeção, possibilitando que o laser atinja os corpos de prova.
Em seguida posicionamos a câmera para obtenção de imagens, em diagonal ao corpo de
prova. Como no esquema representado na Figura 1.

Figura 1. Arranjo experimental feito em laboratório no DME/IFSP. Fonte: Autores, 2020.


Todas as peças foram medidas por um rugosímetro digital demonstrado na figura
2, possibilitando a determinação da rugosidade de todas as peças, para ser efetuada a
comparação.

Página 2 de 3
Figura 2. Medição da rugosidade de uma peça através de um rugosímetro digital. Fonte:
Autores, 2020.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização dos experimentos para a obtenção dos padrões, as imagens


foram submetidas a tratamento a fim de gerar gráficos (figura 3) e superfícies (figura 4),
para a comparação dos resultados obtidos pelo rugosímetro, mantendo ambos na escala
μm.

(3) (4)
Figura 3. Gráfico representativo gerado pelo software da peça 5. Fonte: Autores, 2020.
Figura 4. Superfície representativa gerada pelo software da peça 2. Fonte: Autores, 2020.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Esperava-se desenvolver um método óptico de medição de rugosidade, através da


análise de padrões de Speckle. Utilizando os parâmetros de rugosidade Rq e Ra, que
consiste na raiz quadrada da média dos quadrados e na média aritmética, a metodologia
apresentou resultados com erros percentuais de 0%-1% em rugosidades >2,0 μm, 25%-
50% em rugosidades >1,0 μm e 65% em rugosidades <0,5 μm, resultados muito
eficientes considerando que Rq tende a acentuar os picos, pois eleva ao quadrado o erro.
Sendo assim, o método mostrou-se eficiente para medições de peças de superfícies
fundidas, desbastadas, usinadas em geral, superfície de referências, eixos, chavetas e
alojamento de rolamentos.

REFERÊNCIAS

MURAMATSU, M. DA SILVA, E. M. O Fenômeno do Speckle como Introdução à


Metrologia Óptica no Laboratório Didático. Revista Brasileira do Ensino de Física,
Vol.29, No.2, p283-286. São Paulo, Brasil. 2007.
BORBELY, A.B. Medida de Rugosidade por Correlação Angular de Speckle. São
Paulo, Brasil. 2005.
Clarke, G. M.; Thomas, T. R. Roughness Measurement with a Laser Scanning
Analyser, Wear, Vol. 57, No.1, p. 107-116.1979.
Goch, G.; Peters, J.; Lehmann, P.; Liu, H. Requirements for the Application of Speckle
Correlation Techniques to On-Line Inspection of Surface Roughness, Annals of the
ClRP, Vol. 48, No. 1, p. 467-470.1999.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

AVALIAÇÃO DE DISTÚRBIOS ELÉTRICOS NO MONITORAMENTO DE CARGAS


RESIDENCIAIS

MONZANI, Rafael Cuerda


SOUZA, Victor Barbaro de

RESUMO

Atualmente o mundo está passando por um momento em que qualquer diminuição


de gastos se faz relevante, sendo assim, decidiu-se estudar métodos de avaliar o
consumo elétrico residencial, com o objetivo de oferecer sugestões de mudança de
hábitos que podem influenciar diretamente no valor da tarifa de energia do consumidor.
Este trabalho de pesquisa de iniciação científica consiste em estudar padrões de
consumo de energia elétrica e, por meios computacionais, desenvolver rotinas
matemáticas que analisem dados como corrente elétrica, potência ativa e reativa, para
identificar quais cargas são usadas em cada momento por meio de distúrbios na rede
elétrica e, assim, calcular a demanda de energia elétrica no decorrer do dia, oferecendo
também aos moradores quanto cada carga influencia individualmente no consumo total de
energia. Com esse estudo detalhado do padrão de energia, os consumidores terão
condições de elaborar políticas de economia e migrar da tarifa convencional para a tarifa
branca, caso seja vantajoso para o seu padrão de consumo.

Palavras-chave: Monitoramento do consumo, distúrbios elétricos, economia de energia,


rotinas matemáticas, tarifa branca.

INTRODUÇÃO

A ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) concluiu


em estudos anuais que o Brasil é um dos países que tem o custo mais alto de energia
elétrica, quando comparado aos outros países da AIE (Agência Internacional de Energia)
(ABRADEE, 2017).
Sabe-se também que os consumidores atualmente não possuem meios viáveis de
inspecionar seu próprio consumo de energia, tendo apenas o valor total do consumo no
decorrer do mês, o que não é muito útil, pois com esse valor não é possível definir quais
cargas gastam estão influenciando mais no consumo de energia e quais são os horários
de maior consumo, quando a rede elétrica pode ficar sobrecarregada.
Com isso, trabalhos acadêmicos anteriores se propuseram a desenvolver uma
solução viável, capaz de monitorar o consumo de uma residência, armazenando valores
instantâneos de corrente, tensão, e a fase entre eles, possibilitando o cálculo da potência
ativa e reativa a cada 1 (um) segundo.
Tal projeto, além de monitorar o consumo, foi projetado para armazenar tais dados,
de modo que possam ser analisados quando se fizer necessário, como por exemplo neste
trabalho atual de iniciação científica, onde tais informações são a base para os estudos
que estão sendo desenvolvidos.

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As cargas elétricas de uma residência podem ser identificadas por meio da forma
de onda do seu transitório de partida (SULTANEM, 1991) ou transição de borda (HART,
1992).

OBJETIVOS

Tendo uma base de dados de corrente elétrica, potência ativa e reativa de uma
residência, obtida em trabalho anterior, este projeto de iniciação científica visa o
desenvolvimento de rotinas capazes de avaliar distúrbios elétricos no monitoramento de
cargas residenciais.
Para isso, os objetivos específicos incluem:
1) Identificação e classificação dos sinais elétricos da base de dados;
2) Identificação de fenômenos que indiquem eventos na rede elétrica, como por
exemplo transitórios e presença de componentes harmônica no sinal da
corrente elétrica;
3) Estudo de diferentes tipos de cargas em regime permanente. Dentre elas as
com característica linear, não linear e com característica multinível;
4) Estimar o consumo médio de cada carga;
5) Formular soluções para a redução do valor da tarifa de energia.

METODOLOGIA

Para tal projeto de iniciação científica, fez-se necessário o uso de um computador,


que pode ser do tipo desktop ou notebook, além de software de programação para análise
e tratamento de dados. Nesse caso, foi escolhido um computador notebook, com
processador Pentium, 8GB de memória RAM, e sistema operacional Windows 10. Para o
desenvolvimento das rotinas, foi escolhido o software MatLAB, devido sua grande
popularidade no meio acadêmico, além de sua grande facilidade para a exibição de dados
por meio de gráficos, que podem ser construídos com uma sintaxe muito simples.
Para a identificação de eventos, foram desenvolvidas rotinas capazes de verificar
alterações nos valores das potências ativa e reativa no decorrer do tempo. Tais rotinas
foram projetadas de modo a diferenciar eventos reais de ruído, ou até mesmo medições
erradas. Além de distinguirem o tipo de carga que está sendo acionada, como por
exemplo se foi uma carga com característica linear ou não linear em regime permanente.
Para o desenvolvimento das rotinas, foram isolados eventos com as mesmas
características, começando dos casos mais simples, ou seja, dos eventos com
caraterística linear, que são identificados por sua forma de onde ser um pulso, que dura o
tempo em que a carga estiver acionada.
Após a criação de rotinas separadas, que identificam corretamente eventos com as
mesmas características, desenvolveu-se uma rotina completa, capaz de unir todas as
sub-rotinas anteriores, diferenciando o tipo de carga, de acordo com seu comportamento
em regime permanente.

RESULTADOS

As rotinas desenvolvidas são capazes de identificar com boa margem de precisão


os distúrbios no monitoramento do consumo de energia elétrica, ainda sendo testadas
apenas na base de dados previamente obtida de trabalho acadêmico anterior.

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Ao fim deste trabalho, espera-se que sejam desenvolvidas rotinas mais completas,
capazes também de calcular o consumo de cada caga, além do horário em que são
utilizadas.
Tais resultados serão utilizados para elaborar políticas de economia eficientes para
o consumidor, que terá plenas condições de diminuir o valor da sua tarifa de energia
elétrica.
Outra possibilidade é verificar se haverá benefício a migração da tarifa comum para
a tarifa branca, que cobra mais barato pelo uso da energia elétrica em horários fora do
horário de ponta.

CONCLUSÃO

Este projeto, devido a previsão de impactar diretamente no consumo de energia


dos consumidores, pode facilmente se transformar em um produto comercial, de baixo
custo e fácil de ser usado, visto que as rotinas são automáticas.
Tornando-se um produto, sua utilização poderá ser feita por todos que tiverem um
conhecimento suficiente para interpretar os resultados apresentados pelas rotinas,
podendo ser usado por engenheiros, tecnólogos ou até técnicos.

REFERÊNCIAS

ABRADEE. Comparação Internacional de Tarifas de Energia Elétrica 2017. Disponível


em: <http://abradee02.org/site/arquivos/Cartilha_Internacional_Tarifas_ ABRADEE-
2017_Web.zip> Acesso em Fevereiro/2020.
HART, G. W. "Nonintrusive appliance load monitoring" Proceedings of the IEEE, vol. 80,
no. 12, pp. 1870-1891, Dec 1992.
SULTANEM, F. "Using appliance signatures for monitoring residential loads at meter panel
level," IEEE Transactions on Power Delivery, vol.6, no.4, pp. 1380-1385, Oct 1991.

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IFSP – Campus São Paulo

AMPLIFICADORES MAGNÉTICOS COMO AMPLIFICADOR DE PEQUENOS


SINAIS

COSTA, Ricardo
RODRIGUES, Omar

RESUMO

Neste projeto, pretende-se resgatar a tecnologia dos amplificadores magnéticos,


demonstrá-la, desenvolver e caracterizar um sistema amplificador magnético aplicado
como amplificador de pequenos sinais.
Essa tecnologia caiu em desuso devido ao advento da eletrônica de potência, porém
ela vem ressurgindo nas últimas décadas em decorrência do desenvolvimento de novos
materiais magnéticos disponíveis no mercado para aplicação específica em amplificação
magnética com maior eficiência.
Amplificadores Magnéticos apresentam os seguintes atributos vantajosos em favor
de seu emprego como amplificadores de pequenos sinais, tensões e correntes: robustez
perante vibrações mecânicas; sobrevivência mais provável em situações de sobrecarga e
surtos de energia do que os dispositivos semicondutores de potência; escalabilidade em
direção a potências da ordem do MegaWatt (nível de potência que apenas os MagAmps
podem alcançar); menor perda energética (dissipação em forma de calor);

Palavras-chave: Amplificador, Magnético, MagAmps.

INTRODUÇÃO

O amplificador magnético (MagAmp) assim é chamado pois utiliza a interação da


corrente elétrica com o magnetismo num meio material ferromagnético. É uma tecnologia
próxima à dos transformadores, só que utilizada, neste caso, como um controlador e não
como alimentador. É um regulador de corrente que emprega o enrolamento controlador –
como uma reatância indutiva controlada por corrente - usualmente posto em série com a
carga. O MagAmp “mínimo” é constituído de um indutor com núcleo ferromagnético
projetado para ser percorrido por corrente alternada vinda de uma fonte independente. O
indutor citado é o enrolamento atuador que será controlado por um enrolamento
percorrido por corrente DC (ou “quase” dc), com o objetivo de controle e polarização
magnética do núcleo.

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Esse enrolamento de controle atua no ponto de “polarização” da curva
característica (BxH)do núcleo magnetizável, levando controladamente o fluxo magnético
do núcleo em direção à saturação. Isso modula a indutância do enrolamento atuador,
posto que a sua indutância depende da derivada da curva de polarização (“mi” relativo, de
símbolo µ) no ponto de polarização magnética determinado pela corrente de controle,
então o aumento na corrente de controle leva o indutor atuador à saturação, abaixando
sua indutância e consequentemente diminuindo a reatância, o que permite o aumento da
corrente entregue à carga.
A corrente alternada do enrolamento atuador tem o inconveniente de induzir
tensões alternadas no enrolamento de controle, o que pode se mostrar indesejável do
ponto de vista de projeto do controlador que injeta corrente contínua nesse enrolamento,
mas é possível contornar tal inconveniente por dois métodos básicos:

a- Utilização de dois enrolamentos de controle independentes


magneticamente, nos quais se aproveita os dois enrolamentos atuadores para controlar
uma mesma carga e se conecta os enrolamentos de controle em “contra-série”, o que
permite um bom cancelamento líquido da componente de tensão alternada induzida;

b- Usar um único circuito magnético com geometria projetada para que o fluxo
magnético alternado seja nulo no ponto do circuito magnético no qual o
enrolamento de controle manifesta o seu “fluxo magnético” de controle voltado a
saturar o caminho de fechamento do circuito magnético produzido pelo enrolamento
atuador.

OBJETIVOS

Estudar configurações de Magamps e adotar uma configuração como amplificador de


pequeno sinal, com faixa de trabalho de 0 a 15kHz.

METODOLOGIA

● Caracterização do material ferromagnético para determinar a regra de projeto dos


reatores saturáveis usados como AMPLIFICADORES
● Caracterização dos requisitos da corrente de controle para modulação do fluxo da
bobina de controle.
● Estudo para determinar a conveniência de emprego de bobina de polarização em
separado da bobina de controle.
● Estudo para determinar a caracterização do circuito suporte para a frequência de
trabalho.
● Caracterização do circuito de controle para o amplificador.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Usando todo conhecimento adquirido após estudos a respeito do assunto para


iniciar a pesquisa foi feito um levantamento dos materiais que poderiam ser usados no
núcleo do MagAmp e através de um catálogo de núcleos ferromagnéticos (THORNTON,
2015), foi definido o núcleo que seria usado. Para um melhor funcionamento o material

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escolhido foi o Ferrite, pois suas propriedades trariam maiores benefícios para o MagAmp
(Maior Fator de Indutância) e um núcleo sem gap para manter o Fator de Indutância alto.
O circuito trabalha como um modulador AM, onde o áudio (pequeno sinal) faria a
modulação de um sinal com característica de portadora da modulação A.M., vindo de um
oscilador definido em 30kHz, pois o máximo de sinal que poderia ser modulado com
precisão seria de 15kHz, valor próximo do limite audível pelo ser humano.
Após definir o núcleo usado, como existem tensões induzidas na bobina de
controle que podem acabar interagindo com o áudio que entra diretamente como tensão,
para trabalhar com mais facilidade o Magamp, foi feito um circuito que injetaria o áudio
por uma fonte de corrente, o tornando imune às tensões variáveis.
O MagAmp então, funcionaria como uma forma de modulador A.M. com as 2
bobinas funcionando em contra-série, cada uma modulando para um lado do sinal,
definindo assim sua configuração.
Utilizamos então 4 diodos de efeito rápido “D1, D2, D3 e D4” para retificar o sinal
modulado pois diodos normais não conseguiriam realizar essa função e um capacitor
após o autofalante para interromper o nível DC restante junto a um indutor de choque
onde a componente DC que tem de fluir em paralelo com o ramal "falante + capacitor de
bloqueio DC". Esse choque tem alta reatância para o áudio, mas baixa para o DC.
resultando no sinal vindo da bobina de controle modulado e amplificado.

Após obter controle das características do Magamp, conseguimos obter o sinal


modulado, que ainda precisava ser retificado para obtermos apenas o sinal que seria
injetado no auto falante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Após alguns testes vimos o sinal aplicado ao auto falante, que era claramente
audível, como as componentes oriundas dos 30kHz estão em uma frequência não audível
elas não apresentam nenhum problema no resultado final e usando um auto falante de 8
Ω a amplificação foi suficiente para tornar o sinal claramente audível, assim amplificando
o sinal que entrou no MagAmp o tornando um amplificador mais robusto que os
amplificadores feitos totalmente a base de transistores.

REFERÊNCIAS

Mali, Paul. Magnetic amplifiers: Principles and applications. Nova Iorque: John F. Rider
Publisher, Inc, Agosto de 1960. 101 páginas.

Newton da Silva. Amplificador Magnético Aplicado à Regulação de Tensão em um


Conversor Foward. Florianópolis, Dezembro de 1994.

THORNTON. CATÁLOGO DE FERRITE. São Paulo, 2015. Disponível em: <


https://www.thornton.com.br/pdf/CATALOGO%20THORNTON.pdf >. Acesso em: 4 abril.
2019.

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IFSP – Campus São Paulo

APLICAÇÃO DE REDES NEURAIS NO CONTROLE DE FILTROS ATIVOS NA


CORREÇÃO DE PERDAS TÉCNICAS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO ELÉTRICAS

SOBRAL, David Santos


CAMBRAIA, Mario Sergio

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar os conceitos relacionados a redes


elétricas, seus componentes, suas perdas energéticas e soluções, baseadas em redes
neurais artificiais, capazes de abrandar desperdícios energéticos na linha de transmissão
elétrica, sendo estes desperdícios medidos pelo fator de potência. Os métodos utilizados
neste trabalho referem-se ao estudo de caso da diminuição de harmônicos em linhas de
transmissão, que por sua vez possuem cargas reativas conectadas constantemente ou
esporadicamente, por meio de redes inteligentes, assim como a exposição de pesquisas
bibliográficas referentes ao tema, denotando as mudanças do fator de potência em relação
ao uso da solução retratada. As redes inteligentes citadas neste trabalho controlam
elementos chamados de filtros harmônicos, onde são separados em dois grupos gerais,
conhecidos como filtros ativos ou passivos, sendo suas aplicações distintas e diferem-se
para cada situação enfrentada na área de engenharia elétrica/eletrônica e projetos.

Palavras-chave: Redes Elétricas, Redes Neurais, Harmônicos, Filtros Harmônicos, Fator


de Potência.

INTRODUÇÃO

Rede neural é definida por ser um processador paralelo com informações


distribuídas, sendo formada por unidades de processamento simples (neurônios artificiais,
projetados a partir do conhecimento de neurônios biológicos). Este processador têm uma
propensão natural para o armazenamento de conhecimento experimental, tornando-se
disponível e aplicável ao mundo. Se assemelha ao cérebro humano por dois aspectos: o
conhecimento da rede é adquirido de seu ambiente por um processo de aprendizagem e a
existência da conexão entre neurônios, podendo ser intensa ou não, conhecidas como
pesos sinápticos e servem para armazenar o conhecimento adquirido (HAYKIN, 2007).
O uso de redes neurais varia entre diversas propriedades úteis e capacidades,
sendo alguns exemplos a não-linearidade, mapeamento de entrada-saída, adaptabilidade,
resposta a evidências, informação contextual, tolerância a falhas, entre outras. Em todas
as aplicações, as redes neurais são capazes de realizar a generalização, que se refere ao
comportamento da rede neural produzir saídas adequadas para entradas que não estavam
presentes durante o processo de aprendizagem (treinamento da rede neural) (HAYKIN,
2007).
Todo este avanço na ciência da computação, assim como em todo o dispositivo
eletroeletrônico, foi possível graças à energia elétrica, que é imprescindível à vida moderna,
presente em numerosas áreas, como o transporte, iluminação, força motriz, climatização,
segurança, entre outras aplicações. Visto que a energia elétrica é amplamente utilizada,
todas as etapas de sua geração, transmissão, distribuição e comercialização são
fundamentais para a garantia de seus benefícios para a população (CAMBRAIA, 2018).
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Como todo tipo de energia, a energia elétrica também sofre perdas energéticas em
suas etapas, como na distribuição. Um dos problemas nesta etapa é causado pelas
quantidades elevadas de energia reativa, proveniente do consumo de lâmpadas de
descarga, transformadores, motores e outros dispositivos na linha de transmissão. Essas
condições podem gerar um aumento nas correntes que circulam nas redes de distribuição
de energia elétrica, afetando as concessionárias e os consumidores, acarretando também
em uma instabilidade no aproveitamento dos sistemas elétricos. Através do controle dos
perfis de tensão, do Fator de Potência (FP) e da minimização de perda de potência ativa
nas linhas de transmissão, pode-se melhorar o desempenho da rede (MOREIRA, 2015).
Pode-se reduzir as perdas relacionadas aos excedentes reativos, que geram um
baixo FP em redes de distribuição de energia, de modo sistêmico ao utilizar-se recursos da
área de inteligência artificial, que abrange diversos conceitos de algoritmos inteligentes e
capazes de realizar a generalização, tais como algoritmos genéticos, redes neurais, árvores
de decisão, entre outros.
Este agente inteligente à ser utilizado, como uma rede neural treinada para este
intuito, é capaz de realizar o controle de Bancos de Capacitores (BC’s) e, com isto, controlar
a energia reativa capacitiva presente no sistema elétrico, reduzindo a corrente nas linhas
de distribuição e alterando o FP para o melhor aproveitamento da energia elétrica
(CAMBRAIA, 2018).
Portanto, este projeto de pesquisa torna-se relevante por reunir, estudar e aplicar
conceitos de tecnologia atuais, como redes inteligentes e inteligência artificial, afim de
solucionar um dos maiores problemas atuais, que dizem respeito a qualidade de sinal
elétrico que utilizam as grandes empresas e metrópoles.

OBJETIVOS

Identificar os conceitos relacionados a redes elétricas (seus componentes, etapas


e transmissão) e suas perdas por meio de estudo e resumo bibliográfico, assim como os
termos relativos a redes neurais.
Desenvolver o modelo de uma rede neural, utilizando como referência os dados
encontrados em (CAMBRAIA, 2018) para treinamento, baseado no levantamento dos
conceitos obtidos sobre energia elétrica, perdas energéticas e redes neurais.
Aplicar e verificar o funcionamento e o desempenho da rede neural diante de dados
não utilizados no processo de aprendizagem.

METODOLOGIA

Para tal objetivo, pesquisou-se estudos e trabalhos relacionados ao tema desta


pesquisa científica, afim de reunir materiais e utilizar os conceitos para direcionarem a
fundamentação teórica utilizada, gerando relatórios que resumiam os trabalhos
pesquisados para filtrar as informações à serem utilizadas. Uma vez que os conceitos
reunidos sobre os sistemas estudados (Redes Elétricas), as causas das perdas energéticas
nestes sistemas (Harmônicos e Cargas Reativas) e possíveis soluções (Filtros Harmônicos)
para o problema encontrado, baseou-se no conjunto de dados reunidos para iniciar o
aprendizado e elaboração de uma rede inteligente capaz de controlar os filtros
anteriormente estudados.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao realizar o levantamento bibliográfico, obtiveram-se como resultados alguns


trabalhos relacionados com a pesquisa, sendo agentes inteligentes aplicados ao sistema
elétrico. Alguns exemplos são a correção automatizada do fator de potência de um sistema
elétrico utilizando um microcontrolador realizada por (BORGES, SEMENSATO, 20--),
automação da redução de perdas técnicas nos sistemas elétricos por meio de redes neurais
feita por (CAMBRAIA, 2018), utilização de algoritmos genéticos para proteção e estimação
de harmônicos em sistemas elétricos realizada por (SOUZA, 2008) e a alocação de bancos
de capacitores em sistemas elétricos por meio de algoritmos genéticos realizada por (BEÊ,
2007).
Após o levantamento de trabalhos relacionados durante a primeira etapa, realizou-
se uma descrição detalhada dos conceitos encontrados durante a pesquisa como objetivo
da segunda etapa, definindo e compreendendo-os para utilizar melhor na correção das
perdas, sendo eles: Redes Elétricas, Fator de Potência, Banco de Capacitores, Distorções
Harmônicas e Filtro de Harmônicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho possibilitou a centralização de estudos dos elementos


gerais e específicos para o abrandamento de harmônicos nas redes de distribuição
elétricas, moldando-se como uma referência de estudo iniciais para o estudo de caso que
aborda a qualidade de sinal da rede elétrica, principalmente em redes que utilizam cargas
reativas.
Uma vez que o trabalho em questão ainda se encontra em desenvolvimento, há o
estudo das aplicações de redes inteligentes capazes de abrandar os distúrbios encontrados
nas redes elétricas, onde todo o material para a fundamentação teórica está sendo utilizado
nesta etapa para melhor identificação dos resultados obtidos, como o indicador de carga
reativa na linha, chamado de Fator de Potência.

REFERÊNCIAS

HAYKIN, Simon. Redes neurais: princípios e prática. trad. Paulo Martins Engel. - 2.ed. -
Porto Alegre: Bookman, 2007.

CAMBRAIA, Mario Sergio. Automação da redução de perdas técnicas nos sistemas


reticulados de distribuição utilizando redes neurais artificiais em redes inteligentes
(smart grid). 2018. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

BORGES, Diego Garcia; SEMENSATO, Marcelo. Correção Automatizada Do Fator De


Potência E Atenuação Das Componentes Harmônicas, 20--.
MOREIRA, H. L. Otimização da operação de sistemas de distribuição radiais usando
um algoritmo genético especializado. 2015. 91p. Dissertação (Mestrado) Universidade
Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Ilha Solteira. 2015.
SOUZA, Silvio Aparecido de. Algoritmos genéticos aplicados à proteção e estimação
de harmônicos em sistemas elétricos de potência. 2008. Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo.

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IFSP – Campus São Paulo

MONITORAMENTO E ANÁLISE COMPARATIVA


ENTRE MODELOS DISTINTOS DE REFRIGERADORES 1

BARUCH, Luccas Matsumoto Omena2


MONZANI, Rafael Cuerda³

Formulário de avaliação III EICPOG


RESUMO

Os refrigeradores estão presentes em 95% das residências do Brasil segundo a


ELETROS (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), e este
número aumenta de forma linear desde 2001; quando políticas econômicas proporcionaram
o aumento da produção e do mercado desses eletrodomésticos. De acordo com uma
pesquisa realizada pelo LabEEE (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações), o
uso de refrigeradores caracteriza uma parcela significativa do consumo de energia elétrica
residencial, atingindo em torno de 25% do total consumido. Este artigo estuda o consumo
de energia de diversos tipos de refrigeradores, verificando fatores de caráter qualitativo
como característica de funcionamento, modelos e quantitativos como capacidade, número
de portas e comportamento dos residentes. A obtenção dos sinais de tensão e corrente e
aspectos como potência ativa e reativa, fator de potência, correntes harmônicas serão
responsáveis para a construção do perfil elétrico de cada refrigerador; alguns desses dados
foram adquiridos por meio de um analisador de energia e outros foram fornecidos. Com
base nesses recursos uma avaliação dos diferentes modelos monitorados ocorrerá,
estabelecendo uma análise comparativa entre capacidade, consumo e eficiência.
Palavras-chave: Refrigeradores, Consumo de energia, Perfil elétrico, Monitoramento de
energia elétrica.

INTRODUÇÃO

Em 2019, segundo a ELETROS (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos


Eletroeletrônicos), foi registrado um crescimento de 5% no setor de eletroeletrônicos, e
dentro desta esfera destaca-se o avanço dos produtos de uma subdivisão do setor
chamada de “Linha Branca”. Produtos como fogões, máquinas de lavar e refrigeradores
compõe essa linha, que em 2019 teve um aumento de 7,8% em relação ao ano de 2018,

1 Projeto de Iniciação Científica com financiamento do programa PIBIFSP do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus São Paulo
² Estudante do curso de Bacharelado de Engenharia Eletrônica; IFSP; São Paulo; SP;
luccasbaruch@gmail.com; BARUCH, Luccas Matsumoto Omena Baruch
³ Professor Doutor do Departamento de Elétrica do IFSP; São Paulo; SP; cuerda@ifsp.edu.br; MONZANI,
Rafael Cuerda

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onde neste, em específico foram produzidas 14,6 milhões de unidades, número que no ano
seguinte cresceu para 15,8 milhões de unidades fabricadas (Mercado&Consumo, 2020).
Com o crescimento dessa área, torna-se cada vez mais comum se deparar com produtos
como refrigeradores em que, de acordo com a ELETROS, mais de 95% dos domicílios
brasileiros os possuem, tornando seu mercado maduro e consolidado, composto por muitas
empresas nacionais e estrangeiras. Conforme estudos realizados pelo Laboratório de
Eficiência Energética em Edificações, em média, mais de 25% do consumo residencial de
energia elétrica decorre do uso de refrigeradores.Tendo em vista esse cenário, surgiu a
motivação em criar um projeto com o objetivo de monitorar e analisar a assinatura elétrica
da carga dos refrigeradores, fazendo uma relação entre as informações elétricas com
seus aspectos físicos e funcionais. Podendo avaliar diferentes tipos de refrigeradores com
características distintas, observando o consumo de energia de cada um. Elementos como
sinais de tensão e corrente serão fundamentais para a realização do projeto juntamente
com a potência ativa e reativa, fator de potência e correntes harmônicas de cada
aparelho. Com esses dados é possível desenvolver análise e avaliação dos modelos
monitorados, comparando-os em consumo, eficiência e capacidade.

OBJETIVOS

Esse projeto tem como objetivo fazer o monitoramento e análise comparativa entre
modelos distintos de refrigeradores elétricos. Os objetivos específicos compreendem em:
ter o contato com o medidor eletrônico de energia elétrica e a tomada inteligente
desenvolvidos em trabalhos anteriores; uma pesquisa bibliográfica sobre medidas elétricas;
monitorar diferentes tipos de refrigeradores, considerando dimensão, marca, tipo; analisar
os fenômenos (transitórios, presença de harmônicas, e outros) que auxiliem na comparação
entre diferentes modelos; estudar a característica não linear em regime permanente; avaliar
o consumo médio por refrigerador considerando as diferentes características presentes e
obter uma análise comparativa considerando diversos atributos (volume, característica
frost-free, marcas).

METODOLOGIA

Para viabilizar o estudo, foi necessária uma pesquisa bibliográfica acerca das
medidas elétricas, logo após um contato com o medidor eletrônico de energia elétrica, este
contato mostra que ele fornece as informações detalhadas do uso de energia elétrica, como
tensão, corrente e harmônicas. Esses dados são armazenados na memória interna e depois
podem ser acessados para análise e estudo dos equipamentos monitorados. Em seguida
foi realizado um estudo onde treze diferentes tipos de refrigeradores foram monitorados,
cada qual com suas características físicas e de funcionalidade, além de marcas e
capacidade distintas. Dados como potências (ativa, reativa e aparente), fator de potência,
tensão, corrente e distorções totais harmônicas de corrente e de tensão foram adquiridas
nas medições de cada modelo. Com o uso desses elementos foi elaborado um gráfico
para cada refrigerador que mostra as potências ativa e reativa ao decorrer do tempo como
pode ser visto na figura abaixo (Figura 1).

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Figura 1: Gráfico obtido de um Refrigerador Consul 2 portas com capacidade de 460L. Fonte: Autor

Ainda, análises complementares acerca de estudos de transitórios devido a partida dos


compressores foram consideradas, contudo não foram observadas variações entre os
diferentes modelos observados. E por fim, um estudo sobre características não lineares
em regime permanente foi feito mostrando que as cargas não-lineares causam distorções
na rede elétrica, como era de se esperar, visto que os refrigeradores usam cargas como
motores em seus compressores, com desempenho distinto dependendo do tipo, modelo e
ano de fabricação. Desse modo, sistemas não-lineares produzem sinais harmônicos que
podem provocar distorções no sinal elétrico de acordo com a intensidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O projeto encontra-se em fase de desenvolvimento, ainda é necessário fazer uma


avaliação do consumo médio por refrigerador considerando as diferentes características
presentes. Além disso, obter uma análise comparativa considerando as diferentes
características (volume, característica frost-free, entre outros). Os resultados iniciais
indicam uma grande presença de harmônicas nos sinais de saída, além de uma série de
fenômenos elétricos entre eles: afundamentos de tensão, elevações de tensão,
transitórios; além de muitos não atuarem linearmente. O estudo ainda efetuará análises
em relação às harmônicas presentes nos refrigeradores a fim de comparar os diferentes
tipos analisados.

REFERÊNCIAS

ANEEL. Resolução Normativa n. 043/2013. Tarifa Branca. Disponível em:


http://www.aneel.gov.br. Acesso em junho/2020.
BOYLESTAD. Robert L. Introdução à Análise de Circuitos – Prentice Hall/Pearson, 10ª. Ed,
2004
HART, Daniel W. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. Porto Alegre, RS:
Bookman, 2012.
Mercado&Consumo. Setor de eletroeletrônicos cresce 5% em 2019. Disponível em:
https://www.mercadoeconsumo.com.br/2020/01/29/setor-de-eletroeletronicos-cresce-5-
em-2019/
MONZANI, Rafael Cuerda. Monitoramento não invasivo e identificação do consumo de
energia individual de cargas residenciais. Campinas, SP, 2016
RASHID, Muhammad Harunur. Eletrônica de potência: circuitos, dispositivos e aplicações.
São Paulo, SP: Makron, c1999.

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IFSP – Campus São Paulo

PROPRIEDADES PIEZOELÉTRICAS DE NANOFIBRAS POLIMÉRICAS DE


FLUORETO DE POLIVINILIDENO (PVDF)1

SILVA, Ana Neilde Rodrigues2


SOUZA GOMES DA SILVA, José Augusto3
TRINDADE, Neilo Marcos4;

RESUMO

A eletrofiação foi reconhecida como uma técnica eficiente para a fabricação de


nanofibras poliméricas. Vários polímeros foram eletrofiados com sucesso em fibras
ultrafinas nos últimos anos. O estudo das aplicações potenciais baseadas em tais fibras,
especificamente na biomedicina, eletrônica, nanofiltros e em sensores foram realizados por
diversos pesquisadores. Esse trabalho visa apresentar uma breve revisão dos métodos
para obtenção das nanofibras, variações do setup exploradas, parâmetros que influenciam
no processo, métodos de caracterização e propriedades piezoelétricas das fibras de
Fluoreto de Polivinilideno (PVDF).

Palavras-chave: Eletrofiação Nanofibras; Fluoreto de polivinilideno; Propriedades


piezoelétricas.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a Nanotecnologia é de grande interesse para a comunidade científica,


incluindo o desenvolvimento de materiais, associado às diversas áreas como medicina,
eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais.
Nesse contexto, elaborar estruturas estáveis e com performance melhores do que se
estivessem em sua forma "normal”, vem possibilitando a produção estruturas cada vez
menores e consequentemente com comportamentos específicos na nanoescala
(MEDEIROS et al., 2009; KWANKHAO, 2013). Porém, a capacidade de criar estruturas e
materiais, combinando ferramentas e técnicas para a disposição ordenada de cada átomo
ou molécula, estabelece um grande desafio tecnológico (HUANG et al., 2003; MA et al.,
2011). Nesse cenário, o método de eletrofiação ganha um grande destaque (VENTURELLI,
R. B., & GRIPA, 1974; KWANKHAO, 2013).
A eletrofiação ou electrospinning é uma das técnicas mais versáteis para a obtenção
de estruturas longas e fibrosas com diâmetros em escala micro e nanométrica (HUANG et
al., 2003; GARG; BOWLIN, 2011). O processo foi estudado inicialmente com mais detalhes

1
Esse trabalho consiste em uma revisão bibliográfica do tema proposto no Mestrado Acadêmico em
Engenharia Mecânica.
2
Doutora em Engenharia Elétrica; PSI - EPUSP e DSE - Fatec; São Paulo; SP; neilde@lsi.usp.br; SILVA,
Ana Neilde Rodrigues.
3
Mestrando em Engenharia Mecânica; IFSP; São Paulo; SP; jasgdasilva@gmail.com; SOUZA GOMES DA
SILVA, José Augusto.
4
Doutor em Ciência e Tecnologia de Materiais; IFSP; São Paulo; SP; ntrindade@ifsp.edu.br; TRINDADE,
Neilo Marcos.
Página 1 de 3
por Zeleny (ZELENY, 1914) e posteriormente registradas em uma série de patentes
depositadas por Formhals (FORMHALS, 1930, 1937).

OBJETIVOS

De uma forma geral, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da pesquisa e
desenvolvimento das aplicações das nanofibras obtidas por eletrofiação, estudando a
síntese, caracterização, áreas de utilização, desempenho das fibras poliméricas
eletrofiadas e parâmetros que influenciam no processo.

METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento na literatura de modo a detalhar as bases


fundamentais para o processo de eletrofiação de membranas poliméricas com
propriedades piezoelétricas, tais como o fluoreto de polivinilideno (PVDF). As buscas se
concentraram nas seguintes bases de dados bibliográficas: Periódicos CAPES; e Biblioteca
Científica Eletrônica Online (SciELO), além de pesquisas em monografias, dissertações e
teses na área do tema proposto. Os termos “eletrofiação”, “fluoreto de polivinilideno” e
“propriedades piezoelétricas” foram pesquisados. O material selecionado compreendeu as
produções científicas e acadêmicas publicados até o momento, abordados de forma
analítica.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A eletrofiação é uma técnica que utiliza forças eletrostáticas para a produção de


filamentos fibrosos com diâmetros na escala micro e nanométrica. Essa técnica tem
recebido considerável atenção devido ao baixo custo dos materiais envolvidos, fácil
montagem e manuseio (MELO, 2012).
Basicamente o processo constitui-se de três etapas:
(i) dissolver o polímero completamente em um solvente apropriado para formar uma
solução polimérica com viscosidade adequada;
(ii) colocar a solução resultante em um capilar e;
(iii) submeter a solução a uma diferença de potencial.
Com a aplicação da tensão elétrica, utilizando a fonte de alta tensão DC, cria-se um
campo de elétrico entre o capilar (que contém a solução com o polímero dissolvido em
solvente adequado) e a placa coletora. Na montagem do arranjo experimental, um dos
terminais da fonte de alta tensão é conectado à agulha da seringa e o outro é conectado à
base metálica ou coletor. O campo elétrico formado nesse caso contribuirá para o
aparecimento de forças eletrostáticas e de arraste que agirão sobre a solução polimérica.
O fluxo inicial pode ser dado pela própria ação da gravidade, bomba dosadora ou pelo
manipulador do processo. Quando o campo elétrico aplicado for maior que a tensão
superficial da solução, o líquido será expelido na forma de um jato do capilar e, devido às
instabilidades de origem viscoelásticas, divide-se em um grande número de fibras (HUANG
et al., 2003; MELO, 2012; ZADOROSNY, 2013).
Ao longo dos anos, pesquisas relacionadas ao assunto demonstraram que, por conta
da sua elevada relação de superfície/volume e o seu alto desempenho, as fibras
eletrofiadas poderiam ter um grande potencial em diversas aplicações (HUANG et al.,
2003). As propriedades dos materiais utilizados no processo podem ser promovidas nas
fibras eletrofiadas, podendo atuar, por exemplo, como sensores, dispositivos eletrônicos,
baterias ultrafinas, nanoesferas do tipo casca-núcleo para carregamento de partículas e
substâncias, micro/nanoemulsões estáveis, produção de meios de encapsulamento e
Página 2 de 3
liberação de fármacos mais eficientes (VENTURELLI, R. B., & GRIPA, 1974; COSTA et al.,
2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A análise da revisão bibliográfica do estado da arte na produção de nanofibras


poliméricas aponta para um crescente interesse em se estudar esse material. As nanofibras
poliméricas são obtidas principalmente por eletrofiação, assim o aprofundamento no estudo
desta técnica também desperta interesse, pois o perfeito controle da mesma permite a
produção das fibras com as características específicas.

REFERÊNCIAS

COSTA, R. G. F. et al. Eletrofiação de polímeros em solução: parte II: aplicações e


perspectivas. Polímeros, v. 22, n. 2, p. 178–185, 13 mar. 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
14282012000200013&lng=pt&tlng=pt>.
GARG, K.; BOWLIN, G. L. Electrospinning jets and nanofibrous structures.
Biomicrofluidics, v. 5, n. 1, p. 013403, mar. 2011. Disponível em:
<http://aip.scitation.org/doi/10.1063/1.3567097>.
HUANG, Z.-M. et al. A review on polymer nanofibers by electrospinning and their
applications in nanocomposites. Composites Science and Technology, v. 63, n. 15, p.
2223–2253, nov. 2003. Disponível em:
<https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0266353803001787>.
KWANKHAO, B. Microfiltration Membranes via Electrospinning of Polyethersulfone
Solutions Microfiltration Membranes via Electrospinning of Polyethersulfone
Solutions. 2013. Dissertação (doutorado em Ciências Naturais). Departamento de Química
da Universidade de Duisburg-Essen, 2013.
MA, Z. et al. Silver nanoparticles decorated, flexible SiO2 nanofibers with long-term
antibacterial effect as reusable wound cover. Colloids and Surfaces A: Physicochemical
and Engineering Aspects, v. 387, n. 1–3, p. 57–64, 2011. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1016/j.colsurfa.2011.07.025>.
MEDEIROS, E. S. et al. Solution blow spinning: A new method to produce micro- and
nanofibers from polymer solutions. Journal of Applied Polymer Science, v. 113, n. 4, p.
2322–2330, 15 ago. 2009.
MELO, E. J. M. V. C. F. de. Preparação de Nanofibras de Compósitos Poliméricos por
Eletrofiação e sua Caracterização. 2012. Dissertação (mestrado em Química).
Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco, 2012.
VENTURELLI, R. B., & GRIPA, S. Electrospinning: an Alternative for Nonwovens’
Production, 1974. . Disponível em:
<https://periodicos.unifebe.edu.br/index.php/revistaeletronicadaunifebe/article/viewFile/61
6/431>.
ZADOROSNY, L. Produção e caracterização de micro e nanofibras de Poli(fluoreto de
vinilideno) - PVDF obtidos pela técnica de fiação por sopro em solução. 2013.
Dissertação (mestrado em Ciências dos Materiais). Depertamento de Engenharia da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho, 2013.
ZELENY, J. The Electrical Discharge from Liquid Points, and a Hydrostatic Method of
Measuring the Electric Intensity at Their Surfaces. Physical Review, v. 3, n. 2, p. 69–91, 1
fev. 1914. Disponível em: <https://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRev.3.69>.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

Inteligência Artificial no Diagnóstico de Máquinas Rotativas com Armazenamento


de Dados em Nuvem1

RIBEIRO, Gabriel Felipe 2


DA COSTA, Cesar3

RESUMO

O monitoramento, a detecção de falhas e o diagnóstico de motores de indução


elétricos estão se tornando, cada vez mais, questões importantes no campo de manutenção
de máquinas elétricas, com novas técnicas de processamento de sinais e novos métodos
analíticos para análise da corrente de estator de um motor de indução. O monitoramento
da máquina desempenha um papel crucial na detecção de falhas incipientes e, desta forma,
o processo de manutenção é agora um fator crítico de sucesso no ambiente industrial, e a
combinação ideal de técnicas e procedimentos, bem como a implementação de novas
ferramentas de análise e diagnóstico, em equipamentos com novas tecnologias, devem ser
revisados constantemente. A aplicação de inteligência Artificial para monitoramento e
detecção de múltiplas falhas de barras rompidas em motores de indução pode, de fato,
tornar o diagnóstico de falhas menos dependente da experiência humana, uma vez, que
permite a integração do conhecimento e da experiência humana no sistema de diagnóstico
integrado. A contribuição deste trabalho é a utilização de inteligência Artificial (Redes
Neurais), para detecção de múltiplas barras rompidas em motores de indução,
automaticamente. Outra contribuição é a implementação de um processador FPGA
baseado em inteligência Artificial, para o diagnóstico automático e on-line de falhas de
barras rompidas do rotor, em tempo real. Os testes para validar a pesquisa serão
desenvolvidos no Laboratório do Grupo de Máquinas Elétricas do IFSP, Campus São Paulo.

Palavras-chave: Detecção de falhas, FPGA, Inteligência Artificial e Dados em Nuvem.

INTRODUÇÃO

Os motores de indução com o rotor tipo de gaiola de esquilo são robustos, confiáveis
e baratos. Portanto, eles são largamente utilizados em processos industriais e de produção.
No entanto, as suas falhas elétricas e mecânicas, que muitas vezes perturbam a
produtividade e requerem manutenção, apresentam um desafio especial na produção. Na
literatura, as falhas do rotor tipo gaiola de esquilo têm se mostrado responsáveis por uma
grande proporção de falhas de motores de indução, ocasionalmente, sendo uma das
principais causas de parada de máquina no campo. O MCSA (Motor Current Analysis
Signature) pode ser classificado como um dos métodos de detecção de falhas em motores
1
Projeto de Pesquisa
2
Aluno do curso de Engenharia de Controle e Automação, IFSP, São Paulo, SP, GFELIPERIBEIRO@HOTMAIL.COM
3
Prof. Doutor Titular, IFSP, São Paulo, SP, ccosta@ifsp.edu.br
Página 1 de 4
de indução mais promissores, com capacidade para detectar vários tipos de falhas em
máquina rotativa de indução. Este método baseia-se na análise espectral dos sinais de
corrente, no estado estacionário do estator, no domínio da frequência. A análise espectral
da corrente do estator, utilizando a Transformada Rápida de Fourier (FFT) é aplicada para
o diagnóstico de ruptura da barra do rotor. Em um motor de indução trifásico, com um rotor
tipo gaiola de esquilo, as barras do rotor quando quebram ou racham no anel de terminação
do rotor, causam perturbações no fluxo magnético gerado, alterando o espectro de corrente
do rotor.

OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma bancada de ensaio de máquinas


rotativas e o protótipo de um instrumento (hardware e software), baseado em inteligência
Artificial e embarcado em dispositivo FPGA (Field Programmable Gate Array), que permita
diagnosticar automaticamente múltiplas falhas em rotores tipo gaiola de esquilo, em
motores de indução, online, em tempo real. Para isso, tem se como objetivos específicos:

• O desenvolvimento e implantação de uma Bancada de ensaios de máquina rotativa,


montada no Laboratório de Máquinas do IFSP, Campus São Paulo;

• O desenvolvimento de uma solução de coleta de dados, em tempo real, a partir do


monitoramento dos sinais de corrente provenientes do estator de um motor de indução,
utilizando um sensor de corrente tipo efeito hall;

• O desenvolvimento de um modelo básico de sistema de processamento e análise de


sinais, baseado na técnica MCSA - Motor Current Signature Analysis, desenvolvido em
software LABVIEW;

• O desenvolvimento de um sistema baseado em inteligência Artificial, aplicado no


reconhecimento automático de múltiplas falhas em rotores de indução, tipo gaiola de
esquilo, embarcado em dispositivo FPGA.

METODOLOGIA

A metodologia a ser adotada neste projeto seguirá os seguintes passos:

Revisão da literatura: a primeira parte da revisão da literatura está focada na teoria


necessária para entender as principais tecnologias de aquisição e processamento de sinais
para monitoração de falhas em máquinas elétricas de indução, inteligência Artificial e
sistemas embarcados em FPGA. A teoria é baseada principalmente em autores que fizeram
uma contribuição do estado da arte em diagnostico de máquinas com inteligência Artificial.
Coleta de dados: dando sequência a revisão da literatura será realizada uma coleta
de dados em campo, principalmente em diagnostico de máquinas elétricas de indução com
inteligência Artificial. Para focar a pesquisa, optou-se por estudar apenas alguns estudos
de casos. Os estudos de casos são em nível industrial, onde usa-se inteligência Artificial no
diagnóstico de máquinas rotativas de indução como exemplos.

Página 2 de 4
Modelagem e validação do projeto: por meio da triangulação de dados, ou seja, a
partir das diferentes fontes de informação, dá-se início a modelagem do sistema proposto,
utilizando-se as tecnologias selecionadas na revisão da literatura. A validade do modelo é
garantida pela revisão contínua dos vínculos entre problematização, finalidade,
metodologia e questões de pesquisa. O modelo será validado com simulações e testes
experimentais do sistema. Para esta finalidade será utilizada uma bancada de testes
existente no Laboratório do Grupo de Máquinas, no Campus São Paulo do IFSP.
Especificação do hardware e software: há um cenário de hardware e software
necessário para a implementação do sistema proposto, para funcionar de maneira
adequada, conforme a modelagem. Nesta etapa deve-se especificar o FPGA. Esta fase do
projeto fornece uma especificação de requisitos de hardware, software e competências,
que são essenciais para o sucesso da implementação do sistema proposto.
Implementação da solução proposta e testes: nesta etapa do projeto, será
montado um protótipo real para implementação em hardware e software do modelo
especificado na fase (3). Claramente, há uma série de fatores importantes a considerar
para permitir um sucesso na adoção das tecnologias especificadas. Além disso, há
problemas comuns que podem resultar em taxas de falhas significativas considerando a
implementação do projeto. Esta fase fornece a implementação e testes do projeto proposto,
bem como os fatores críticos que existem para implementação do sistema.
Validação dos testes: esta etapa final da pesquisa tem o objetivo de validar todo o
projeto e garantir que o sistema proposto tenha a capacidade de se adaptar mais
rapidamente às mudanças do mercado e criar um processo automático de diagnóstico de
maquinas baseado em inteligência Artificial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho poderá ser utilizado em pesquisas sobre máquinas elétricas, inteligência


artificial e FPGA na graduação, pós-graduação e também nas disciplinas experimentais nos
cursos de engenharia de controle e automação, e na engenharia eletrônica, beneficiando
tanto a pesquisa quanto o ensino no IFSP. A inovação deste projeto reside no estudo e
implantação de um sistema automático de diagnóstico de falhas em máquinas elétricas,
utilizando dispositivo FPGA e inteligência artificial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Com este projeto foi possível desenvolver a implantação de um sistema automático


de diagnóstico de falhas em máquinas elétricas rotativas, através da utilização do FPGA e
do conceito da inteligência artificial, além disso ao final do projeto o conceito de dados na
nuvem será agregado. Devido ao cenário atual, ainda há a inviabilidade de usar o
laboratório no momento, entretanto após liberado serão feitos os ajustes finais para a
conclusão desse projeto.

Página 3 de 4
REFERÊNCIAS

AZGOMI, H. F., POSHTAN, J., POSHTAN, M “Experimental validation on stator fault


detection via fuzzy logic”, 3rd International Conference on Electric Power and Energy
Conversion Systems (EPECS), IEEE 2013, pp. 1- 6, 2013.

DA COSTA, SANTIN, C. O. “FPGA Design Approach of Digital Control of Three Phase


Induction Motor”. 2017 - Brazilian Power Electronics Conference (COBEP), Juiz de Fora,
2017, pp. 1 – 6, 2017

GEORGOULAS G., TSOUMAS, I. P., DAVIU, J. A. A., ALARCON, V. C. “Automatic pattern


identification based on the complex empirical mode decomposition of the startup
current for diagnosis of rotor asymmetries in asynchronous machines”, Industrial
Electronics, IEEE Transactions on, Vol. 61, No 9, pp. 4937-4946, 2014.

LIN, F. J., HUNG, Y. C., HWANG, J. C., TSAI, M. T. “Fault-tolerant control of a six-phase
motor drive system using a Takagi-Sugeno-Kang type fuzzy neural networks with
asymmetric membership functions”. Power Electronics, IEEE Transactions on, Vol. 28,
No 7, pp. 3557 – 3572, 2013.

MEDINA, L. M. C., TRONCOSO, R. J. R., CABAL, E. Y., MAGDALENO, J. J. R., ALMARAZ, J. R.


M. “FPGA- based multiple channel vibration analyzer for industrial applications in induction
motor failure detection”. Instrumentation and Measurement, IEEE Transaction on, Vol. 15, No 1,
p. 63- 72, 2010.

OVIEDO, S. J, QUIROGA, J. E, BORRAS, C. “Experimental evaluation of motor current


signature and vibration analysis for rotor broken bars detection in an induction
motor”, Proceeding of the 2011 International Conference on Power Engineering
(POWERENG), Vol. 1, Malaga, Espanha, May, pp. 1 – 6, 2011.

SAGHAFINIA, A., KAHOURXADE, S., MAHMOUDI, A., HEW, W. P., UDDIN, M. N.


“Online trained fuzzy logic and adaptive continuous wavelet transform based high
precision fault detection of IM with broken rotor bars”, Industry Applications Society
Annual Meeting (IAS), 2012 IEEE, pp. 1 – 8, 2012.

YEPEZ, E. C., RODRIGUES, M. V., TRONCOSO, R. J. R., PEREZ, A. G., RIOS, R. A. O.,
VIDALES, H. M., SALAS, R. A. “FPGA- based entropy neural processor for on line
detection of multiple combined faults on induction motors”. Mechanical Systems and
Signal Processing, Vol. 30. p. 123-130, 2012.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

Aplicação de Servo Drives em Juntas Rotativas de Robôs Industriais.1


SANTOS JUNIOR, Valdir A.
COSTA, Cesar 3

RESUMO

A Robótica é uma ciência multidisciplinar e envolve disciplinas como controle,


servomecanismo, programação e microcontroladores. Entretanto, os robôs industriais são
constituídos de cinco ou seis graus de liberdade articuladas por juntas rotativas
eletromecânicas, comandadas por Servo drives. Um Servo drive ou Servo conversor é um
amplificador eletrônico especial usado para alimentar sistemas de juntas robóticos. Um
Servo drive monitora o sinal de feedback da junta do robô e ajusta continuamente o desvio
do comportamento esperado do Servo motor. Os sistemas servos podem ser usados em
usinagem CNC, automação de fábrica e robótica, entre outros usos. Sua principal vantagem
sobre os motores CA tradicionais é a adição de feedback ao motor. Esse feedback pode
ser usado para detectar movimentos indesejados ou para garantir a precisão do movimento
comandado. O feedback geralmente é fornecido por um sensor tipo encoder. Assim sendo,
o Grupo de Máquinas Elétricas do IFSP, Campus São Paulo, por meio desta Iniciação
Cientifica, resolveu desenvolver um Kit didático de Servo drive, para o ensino de
acionamento de juntas robóticas e aplicações em Servo acionamento (robôs e máquinas
CNC). O Kit didático deverá ser utilizado nas aulas práticas dos cursos de Engenharia
Eletrônica e Engenharia de Controle e Automação. Os testes para validar a pesquisa serão
desenvolvidos no Laboratório do Grupo de Máquinas Elétricas do IFSP, Campus São Paulo.

Palavras-chave: robôs, kit didático, servo drive.

INTRODUÇÃO

A Robótica é o ramo da Ciência, Engenharia e tecnologia que, unindo eletrônica,


mecânica e software, desenvolve máquinas capazes de realizar atividades de forma
programada. Os robôs já são amplamente utilizados na indústria, principalmente para
realização de tarefas repetitivas que requerem precisão de posicionamento. Por exemplo
soldagem de chapas da carroceria de um carro, aplicação em pintura, manuseio de peças
em linha de produção etc. [BARRIENTOS et al, 2007].
Dentro dessa área, tem-se o servo drive como instrumento de intermediação de
comandos ao servo motor. Um servo drive recebe um sinal de comando de um sistema de
controle, amplifica o sinal e transmite a corrente elétrica para um servo motor, a fim de
produzir um movimento proporcional ao sinal de comando. Normalmente, o sinal de

Página 1 de 4

1 Projeto de pesquisa
2 Aluno do curso de Engenharia de Controle e Automação, IFSP, São Paulo, SP, valdir.junior@aluno.ifsp.edu.br
3 Prof. Doutor Titular, IFSP, São Paulo, SP, ccosta@ifsp.edu.br
comando representa a velocidade desejada, mas também pode representar o torque ou a
posição, dependendo de como ele foi configurado e para qual processo ele está sendo
utilizado. Um sensor conectado ao servo motor (encoder) detecta a posição real do motor
e o envia de volta ao Servo drive. O Servo drive então compara a posição atual com a
posição programada enviada para o motor. Em seguida, altera a tensão, frequência ou
largura do pulso enviados para o motor, a fim de corrigir qualquer desvio da posição
comandada.
A característica principal dos robôs está associada ao movimento de sua junta
rotativa aliado a precisão. Uma máquina robótica normalmente é desenvolvida para realizar
algum tipo de movimento, onde se espera precisão de posicionamento. Normalmente o
movimento é produzido por um sistema de controle, motor elétrico e um sensor de posição
/ velocidade, que atuam sobre uma junta rotativa (Figura 1), provocando o movimento do
braço robótico. A cada junta rotativa de movimento, normalmente está associado um
equipamento denominado servo drive. O controle de posicionamento da junta é feito pelo
servo drive em malha fechada. O servo acionamento em malha fechada nada mais é do
que medir a posição da junta rotativa, via sensor de posição da junta, e corrigir esta posição,
caso ela não esteja onde se deseja [MATARIC, 2014].

Figura 1- Sistema de controle de uma junta rotativa.

OBJETIVOS

O objetivo principal desta pesquisa é desenvolver um kit didático, baseado em Servo


drive, para aplicação em acionamento de juntas rotativas de Robôs Industriais.
Objetivos Específicos

 Especificar um dispositivo eletrônico servo drive para aplicação em acionamento de


juntas rotativas de robôs;
 Desenvolver rotinas de software necessárias para atuarem sobre juntas rotativas de
movimento do braço de um robô;
 Desenvolver um painel elétrico que permita configurar e simular diversas atividades
de uma junta rotativa como controle de velocidade, posicionamento, controle de
torque e aceleração;
 Desenvolver material didático em forma de apostilas, que possam ser utilizados nas
aulas práticas e teóricas, nas disciplinas de Servomecanismo, Controle e Robótica
dos cursos de Engenharia do IFSP.
Página 2 de 4
METODOLOGIA

Para o controle dos movimentos são necessárias rotinas de software que atuam
sobre cada junta rotativa de movimento. Quando o software é embarcado no robô, ou seja,
opera dentro do módulo eletrônico do robô, ele é chamado de firmware. O firmware do robô
tem de ser capaz de controlar cada junta rotativa individualmente ou realizar movimentos
combinados de duas ou mais juntas para obter trajetórias complexas do braço robótico
[NIKU, 2013].
Esta tarefa normalmente é dividida em módulos de software e hardware para facilitar
a tarefa de programação. Serão criados módulos específicos e mais simples que se
encarregam de apenas controlar o Servo motor da junta em função do sinal lido no sensor
de posição/ velocidade. A trajetória então é passada para o servo drive que se encarrega
de combinar os movimentos das juntas para obter a trajetória desejada. Por fim, o servo
drive de cada junta, fica controlando a posição / velocidade do servo motor da junta em
função do sinal de posição/velocidade informado pelo sensor. A Figura 2 apresenta o Kit de
servo drive, já implementado nesta Iniciação Cientifica, a partir de materiais fornecidas pela
em presa japonesa YASKAWA. Nesta etapa final da pesquisa tem-se como objetivo validar
todo o projeto e garantir que o sistema proposto atenda todos os requisitos de projeto,
especificados em todas as etapas anteriores.

Figura 2- Sistema de acionamento com Servo drive da empresa Yaskawa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa está sendo realizada no laboratório de Máquinas Elétricas do


Departamento de Eletrotécnica do Campus São Paulo. Atualmente estão sendo
desenvolvidos os materiais didáticos, com os procedimentos das aulas práticas que
utilizarão o kit desenvolvido.
A inovação deste projeto reside no estudo e implantação de um Kit Didático, para
ensino de aplicação de Servo Drives em juntas rotativas de Robôs Industriais

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CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
O projeto tornou viável uma parceria didática entre os professores do Campus São
Paulo e a empresa japonesa YASKAWA. O trabalho poderá ser utilizado em pesquisas
sobre Robótica, Servoacionamento e Controle/ Acionamento de Máquinas Elétricas na
graduação e pós-graduação e nas disciplinas experimentais nos cursos de engenharia de
controle e automação, e na engenharia eletrônica, beneficiando tanto a pesquisa quanto o
ensino no IFSP.

REFERÊNCIAS

BARRIENTOS, A., PENIN, L. F., ARACIL, R. “Fundamentos de Robótica”.2. a Ed.,


Editora McGraw-Hill, Espanha, 2007.

AZEVEDO, H. “Integração de Sistemas Cognitivo e Robótico por meio de uma


Ontologia para Modelar a Percepção do Ambiente”. Tese de Doutorado do Programa
de Pôs Graduação em Ciência da Computação e Matemática, USP- São Carlo, 2018.

MATARIC, M. J. “Introdução a Robótica”.2. a Ed., Editora Blucher UNESP, São Paulo,


2014.

NIKU, S. B. “Introdução a Robótica – Análise, Controle e Aplicações”.1. a Ed., Editora


LTC, Rio de Janeiro, 2013.

SANTOS, W. E. “Robótica Industrial - Fundamentos”.1. a Ed., Editora Saraiva, São


Paulo, 2015.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

REVISÃO SISTEMÁTICA RÁPIDA:


LEVANTAMENTO DE DADOS NA ÁREA DE ROBÓTICA MOLE1
PISTORI, João Carlos2
CAMPO, Alexandre Brincalepe3
RESUMO
Este relatório apresenta uma diretriz para revisões sistemáticas rápidas
apropriada para pesquisas sobre atuadores moles na área de robótica e na área de
engenharia. Uma revisão sistemática é um meio de avaliar e interpretar todas as
pesquisas disponíveis relevantes para uma questão de pesquisa específica, área de
tópico ou fenômeno de interesse. As revisões sistemáticas visam apresentar uma
avaliação detalhada de um campo de pesquisa usando uma metodologia confiável,
rigorosa e auditável. A diretriz apresentada neste relatório foi derivada de outras diretrizes
existentes usadas por pesquisadores da área de medicina e foi adaptada para pesquisa
nas áreas de robótica mole e de engenharia.
Palavras-chave: Revisão sistemática, Soft Grippers, Atuadores moles
INTRODUÇÃO
Uma revisão sistemática utiliza-se de métodos sistemáticos para a avaliação de
um conjunto de dados de diferentes pesquisas e estudos, buscando coletar toda
evidência empírica e avaliando e sintetizando-a através de critérios pré-estabelecidos
para fornecer resultados e conclusões confiáveis (ELLIS; VENTER; VENTER, 2020).
A principal justificativa para a realização de revisões sistemáticas está no fato de
que a maioria das pesquisas começa com algum tipo de revisão da literatura, mas se
essa revisão não está completa, completa e imparcial, ela tem pouco valor científico. A
revisão sistemática sintetiza o trabalho e o conhecimento existente de forma considerada
completa. Elas devem ser realizadas de acordo com uma estratégia de busca pré-
definida, enquanto que essa estratégia de busca deve permitir a avaliação da completude
da busca.
Como revisões sistemáticas costumam ter longa duração para que possam ser
concluídas, existe também o conceito de revisões rápidas (em inglês, rapid reviews), que
consistem em revisões sistemáticas com menor rigor metodológico, permitindo que sejam
finalizadas em um tempo menor com menor uso de recursos. A forma de execução é
variável e geralmente envolve avaliação de uma menor variação de resultados, seleção
de estudos e extração de dados por poucos pesquisadores e busca de artigos em poucas
ou uma única base de dados.
OBJETIVOS
Desenvolver um processo de revisão rápida da área de robótica mole, definindo o
portal de busca, o tema abordado e os critérios de inclusão e exclusão.

1 Projeto de pesquisa de iniciação científica.


2 Graduando em Eng. de Controle e Automação; IFSP; São Paulo; São Paulo; joaocpistori@gmail.com;
PISTORI, João Carlos.
3 Doutor; IFSP; São Paulo; São Paulo; brinca@ifsp.edu.br; CAMPO, Alexandre Brincalepe.
1
METODOLOGIA
O processo da revisão sistemática rápida foi iniciado por uma busca no portal de
periódicos da CAPES, sem indicar uma base em específico. Foram utilizadas as palavras-
chave “ring gripper”, “soft gripper”, “pneumatic hyperelastic actuator”, “bending actuators”
e “soft grippers”. Foram visualizados os resumos dos artigos encontrados e observados
se possuíam o tema de robótica de materiais moles voltado a um estudo sobre materiais
hiperelásticos ou a atuadores moles. Se o artigo possuía esse tema, a leitura era
realizada e os seguintes critérios eram utilizados para validar se o artigo seria incluso no
trabalho ou não:
● Realização do desenvolvimento de um atuador mole ou estudo comparativo entre
tipos de atuadores moles;
● Testes experimentais e/ou simulação computacional;
● Material hiperelástico utilizado;
● Publicado no ano de 2018 ou 2019.
Através da leitura, foram elaborados 4 gráficos que apresentam objetivamente os
dados mais importantes da revisão, apresentados na figura 1 da seção dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram levantados 7 artigos, sendo eles os artigos de: GUO et al., 2018; DANG et
al., 2019; SOUHAIL; VASSAKOSOL, 2018; GALLEY et al., 2019; MIRON; BÉDARD;
PLANTE, 2018; DANG et al., 2018 e SCHREIBER; MANNS; MORALES, 2019.

FIGURA 1 - Gráficos obtidos com os dados da revisão sistemática.


No geral, esses artigos apresentam atuadores moles em formato de anel ou em
formato de dedos, silicones variados, partes rígidas presentes ou ausentes e entre outras
características que podem auxiliar no desenvolvimento de um atuador mole para outros
pesquisadores.

2
CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
A revisão levou a um conjunto apropriado de artigos como base, mostrando
informações importantes que auxiliam nas escolhas das características do atuador
durante seu desenvolvimento, bem como metodologias apropriadas como a parte
experimental e a simulação computacional.
REFERÊNCIAS
ELLIS, David Rostin; VENTER, Martin Philip; VENTER, Gerhard. Soft Pneumatic
Actuator with Bimodal Bending Response Using a Single Pressure Source. Soft
robotics, [S. l.], 2020. DOI: 10.1089/soro.2020.0017. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1089/soro.2020.0017>.
GUO, J.; ELGENEIDY, K.; XIANG, C.; LOHSE, N.; JUSTHAM, L.; ROSSITER, J. Soft
pneumatic grippers embedded with stretchable electroadhesion. Smart Materials and
Structures 2018. DOI: 10.1088/1361-665x/aab579. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1088/1361-665x/aab579>.
DANG, Yu; STOMMEL, Martin; CHENG, Leo K.; XU, Weiliang. A Soft Ring-Shaped
Actuator for Radial Contracting Deformation: Design and Modeling. Soft robotics, [S.
l.], v. 6, n. 4, p. 444–454, 2019.
SOUHAIL, Amir; VASSAKOSOL, Passakorn. LOW COST SOFT ROBOTIC GRIPPERS
FOR RELIABLE GRASPING. Journal of Mechanical Engineering Research and
Developments 2018. DOI: 10.26480/jmerd.04.2018.88.95. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.26480/jmerd.04.2018.88.95>.
GALLEY; GALLEY; KNOPF; KASHKOUSH. Pneumatic Hyperelastic Actuators for
Grasping Curved Organic Objects. Actuators 2019. DOI: 10.3390/act8040076.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.3390/act8040076>.
MIRON, Geneviève; BÉDARD, Benjamin; PLANTE, Jean-Sébastien. Sleeved Bending
Actuators for Soft Grippers: A Durable Solution for High Force-to-Weight
Applications. Actuators 2018. DOI: 10.3390/act7030040. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.3390/act7030040>.
DANG, Yu; STOMMEL, Martin; CHENG, Leo K.; XU, Weiliang. A Soft Ring-shaped
Actuator: FE Simulation and Motion Tracking. 2018 25th International Conference on
Mechatronics and Machine Vision in Practice (M2VIP) 2018. DOI:
10.1109/m2vip.2018.8600836. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1109/m2vip.2018.8600836>.
SCHREIBER, Florian; MANNS, Martin; MORALES, Jorge. Design of an additively
manufactured soft ring-gripper. Procedia Manufacturing 2019. DOI:
10.1016/j.promfg.2018.12.023. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1016/j.promfg.2018.12.023>.

3
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

CAMPO, Alexandre B.
FERNANDES, Letícia B. de S.

VEÍCULO AUTÔNOMO COM CONTROLE FUZZY

RESUMO

O projeto trata da construção de um veículo elétrico autônomo capaz de percorrer


um percurso pré-estabelecido, que conta com obstáculos semelhantes aos encontrados em
situações reais de trânsito. Para a sua orientação, o veículo conta com sensores que
possibilitam a medição de seu posicionamento em relação a uma linha demarcada no piso.
O projeto foi desenvolvido através do uso de sensores infravermelhos posicionados na
região frontal do veículo e, a partir dos sinais indicados por estes, são tomadas decisões
quanto ao direcionamento do veículo. O projeto foi desenvolvido com o uso de um hardware
que permite a execução embarcada do código do algoritmo do controle difuso. O hardware
oferece a possibilidade de execução de códigos escritos em linguagem de programação
gráfica (LabVIEW), além de permitir a execução de processos em tempo real. O projeto foi
executado inicialmente com sensores infravermelhos, mas está previsto o uso de sistemas
com processamento de imagens no futuro.

Palavras-chave: Veículo elétrico autônomo, processamento de sinais, controle Fuzzy.

INTRODUÇÃO

Veículos autônomos destacam-se na área de Inteligência Artificial por


apresentarem a capacidade de responder a estímulos e tomar decisões a respeito do
ambiente à sua volta de forma inteligente.
Dentre os diversos tipos de sensores a serem utilizados para essa aplicação, este
projeto dá destaque à implementação de uma matriz de cinco sensores de infravermelho,
que são utilizados com o objetivo de identificar uma faixa preta demarcada no piso. Esses
sensores funcionam ao emitir um conjunto de sinais em infravermelho, que são refletidos
pelo piso e lidos pelo receptor, localizado nos sensores. A partir das características das
ondas lidas, os sensores conseguem, então, realizar a diferenciação entre o piso e a faixa
preta sobre ele.
O veículo utiliza um algoritmo de controle Fuzzy, técnica que busca receber
informações vagas ou imprecisas e, a partir delas, produzir respostas precisas e específicas
à situação-problema. No veículo, o algoritmo é responsável por interpretar as informações
recebidas pelos cinco sensores e gerar respostas que serão aplicadas no controle da
direção do robô autônomo.
Primeiro, o sinal de entrada (input) passa por um processo de fuzzificação, para,
em seguida, ser submetido a um conjunto de regras, que determinam o valor de saída. Esse
valor passa por um processo de defuzzificação, e pode ser então aplicado ao sistema para
o qual foi projetado.

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Dessa forma, será possível a criação de um veículo autônomo funcional que seja
capaz de desviar de obstáculos, sejam eles móveis ou fixos, e que respeite algumas regras
básicas de trânsito pré-estabelecidas.

OBJETIVOS

O principal objetivo desse projeto é a elaboração de um veículo autônomo que seja


capaz de percorrer um circuito urbano a partir de comandos resultantes de técnicas de
controle Fuzzy. De maneira mais específica, os objetivos incluem: a análise de estratégias
e a identificação de componentes eletrônicos e mecânicos para a construção de veículo; a
compreensão da teoria e a aplicação de técnicas Fuzzy para o controle de movimento e
sensoriamento do veículo.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do projeto, todas as etapas foram estruturadas com base


em pesquisas nas áreas de controle e condução autônoma.
A porção sensorial principal do veículo corresponde a uma matriz de cinco sensores
de infravermelho localizados na parte frontal inferior do veículo, com o objetivo de coletar
informações a respeito do posicionamento do veículo sobre a pista.
Tais informações são responsáveis por informar a localização dos sensores em
relação à linha, ou seja, o erro do sistema, que vai de 4 (valor correspondente ao maior
erro, para o lado direito) até -4 (o maior erro obtido do lado esquerdo do veículo).
Esse erro é, então, usado como entrada de um algoritmo Fuzzy, que produz como
saída um valor que é incrementado aos valores de PWM dos motores, com o objetivo de
manter o veículo centralizado na pista. O incremento pode apresentar valores de -0,01 –
para valores negativos de erro – a 0,01 – para erros positivos.
Nas Figuras 1 e 2 abaixo, está representado o algoritmo utilizado, com suas regras
de funcionamento e seu sistema de testes, além do painel frontal da parte programática do
veículo, ambos produzidos a partir da ferramenta LabVIEW.

Figura 1 – Algoritmo Fuzzy

Fonte: O autor

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Figura 2 – Painel de controle

Fonte: O autor
Na Figura 1, é possível observar os parâmetros utilizados pelo controlador, além
das regras de processamento e o sistema de teste próprio da ferramenta. Na Figura 2,
observa-se o gráfico do erro pelo tempo, além dos valores de incremento no PWM dos dois
motores: esquerdo e direito. É o incremento do PWM que manterá o veículo centralizado
na pista, sem ultrapassar os limites laterais estabelecidos.
Com o sucesso encontrado na utilização de um controlador Fuzzy para o controle
do veículo descrito, é esperada a inserção de técnicas de processamento de imagem em
uma versão final do projeto, que substituirá a matriz de sensores infravermelhos por uma
câmera.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Por meio da versão de teste realizada com o robô seguidor de linha, foi possível
verificar a eficácia e a validade do algoritmo de controle em uma situação semelhante
àquela a qual será submetido o veículo autônomo na versão final do projeto.
Dessa forma, será possível, sem alterações muito significativas, realizar a transição
entre a versão de testes e a versão final, com a inserção das técnicas de processamento
de imagem, além da eventual utilização de outros sensores que poderão mostrar-se úteis
a situações específicas.
Entretanto, a transição requisitará eventuais alterações de parâmetros do algoritmo,
tanto em sua entrada quanto em sua saída, de maneira a adequar-se à nova situação-
problema apresentada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desse projeto, é esperada a obtenção de um veículo capaz de identificar


obstáculos como semáforos de trânsito, pedestres na pista, faixas de pedestre, curvas, e
que seja capaz de tomar ações de forma inteligente como o objetivo de respeitar regras de
trânsito urbano estabelecidas a priori. Tais objetivos deverão ser alcançados por meio de
técnicas de processamento de imagem e algoritmos de controle, de forma inteiramente
autônoma.

REFERÊNCIAS

KLIR, George J. YUAN, Bo. Fuzzy Sets and Fuzzy Logic: Theory and Applications. Rio de
Janeiro: Editora Prentice-Hall do Brasil, 1995.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

IMPLEMENTAÇÃO DE ROTINAS DE CONTROLE PARA OS DSP TEXAS


INSTRUMENTS ATRAVÉS DO SIMULINK 1

MENESES, Vinícius Nascimento 2


DAINEZ, Paulo Sérgio3.

RESUMO

Este trabalho trata do desenvolvimento de uma metodologia para realização da


programação de Digital Signal Processors (DSPs) da Texas Instruments utilizando-se de
ferramentas disponibilizadas pela MathWorks, desenvolvedora do software
Matlab/Simulink®. No caso, a família de DSPs utilizada neste estudo possui diversas
funcionalidades e aplicações distintas. Entretanto, pelo fato de haver uma carência de
suporte técnico e de informações sucintas e direcionadas para a implementação de
lógicas de controle de motores de indução trifásicos com rotor do tipo gaiola de esquilo,
tema esse largamente estudado em instituições de ensino de nível superior com foco na
análise e controle de máquinas elétricas, fez-se necessária a implementação de uma
sequência organizada e de simples execução, com componentes gráficos, possibilitando
a facilitação na elaboração de novos estudos por parte de bolsistas de iniciação científica,
mestrandos e doutorandos que não possuam afinidade com a linguagem de programação
nativa dos DSPs da Texas Instruments.

Palavras-chave: Motor de Indução Trifásico, DSP, Controle, Texas Instruments, Matlab®.

INTRODUÇÃO

Os motores elétricos de indução com rotor do tipo gaiola de esquilo são as


máquinas elétricas mais difundidas no mercado, com utilização desde baixas potências,
como em aplicações domésticas, até altas potências, como em aplicações industriais,
possuindo, desta forma, diversos locais em que podem ser empregados. Assim sendo,
controlá-los de maneira eficiente é algo de crucial importância. Para tanto, a utilização de
microcontroladores de alto poder de processamento, como os DSPs, se mostra uma
opção confiável. Sob esta prerrogativa, neste trabalho foi abordado o estudo de uma
forma prática e organizada de programar tais DSPs, mais especificamente da Texas
Instruments, para facilitar a implementação de rotinas de controle difundidas na literatura
e associadas a tais motores.
OBJETIVOS

1 Projeto desenvolvido em Iniciação Científica com bolsa de estudos do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica e Tecnológica do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo
(PIBIFSP)
2 Estudante do curso de Engenharia de Controle e Automação, IFSP – São Paulo/SP. e-mail:
vinicius.meneses@aluno.ifsp.edu.br
3 Professor Doutor do Departamento de Elétrica do IFSP – São Paulo/SP, e-mail: dainez@ifsp.edu.br
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Realizar toda a parametrização do computador pessoal ou laptop utilizado, bem
como do Software Matlab®, para possibilitar a utilização do Simulink® na geração de
códigos e programação direta de DSPs Texas Instruments.

METODOLOGIA

Dado que a programação em ambiente nativo da Texas Instruments, o software


Code Composer Studio®, possui grau de complexidade elevado e poucas referências
objetivas quanto a mostrar como esta programação deva ser executada e integrada para
desenvolvimento de rotinas de controle específicas, dificultando que estudantes de nível
superior possam utilizá-la em projetos comuns às suas atividades curriculares, foi
procurada outra opção de programação que fosse mais acessível. Em fóruns e na
documentação ofertada pela MathWorks, desenvolvedora do Matlab®, identificou-se a
existência de um pacote de ferramentas do Simulink® com suporte para programação
direta dos DSPs da Texas Instruments. Assim, foi feita uma verificação, dentro deste
pacote, de alguma aplicação que possuísse relação com o controle de motores, sendo
encontrado um modelo de referência, o qual foi analisado e manipulado de acordo com a
necessidade da iniciação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a organização das informações, foi possível implementar rotinas controle de


forma visual com os diagramas do Simulink®, além de uma gravação automática das
informações no DSP, sendo esta completamente realizada pelo Matlab®. Como exemplo,
têm-se a rotina de partida direta via Soft Starter (SS), cujo diagrama de blocos
apresentado na figura 1 foi implementado dentro da estrutura padrão fornecida pela
MathWorks, mostrada na figura 2.

Figura 1 – Diagrama de blocos da partida direta via SS implementada por meio dos blocos de funções
dedicadas à programação de DSPs Texas Instruments.

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Figura 2 – Diagrama de blocos de rotina controlada por interrupção de hardware disponibilizada pela
MathWorks, na qual foi implementada a rotina do SS.

No caso, todas as ferramentas encontradas na biblioteca destinada à programação


de dispositivos Texas Instruments possuem uma configuração que já vem alinhada com o
objetivo a qual elas se destinam, restando ao usuário apenas indicar alguns parâmetros
dados como específicos à cada aplicação. Por exemplo, o bloco “Interrupção de
Hardware” da figura 2 apresenta os parâmetros mostrados na figura 3, os quais são
melhor detalhados no menu Help. Esta forma de interação faz com que o programador
não necessite de conhecimento avançado na linguagem de programação empregada pela
Texas Instrumentos no Code Composer Studio®, tornando a aplicação facilitada.

Figura 3 – Exemplo de Menu de Configuração de Um Bloco de Programação dos DSPs Texas Instruments.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Desenvolveu-se, então, um método visual e de maior acessibilidade para


programação de DSPs Texas Instruments, permitindo a abrangência de sua utilização.

REFERÊNCIAS

MATHWORKS. Embedded Coder Support Package for Texas Instruments C2000


Processors. Help Center, 20xx. Disponível em:
https://www.mathworks.com/help/supportpkg/texasinstrumentsc2000/index.html?
s_tid=CRUX_topnav. Acesso em: 15 abr. 2019.
MATHWORKS. PDF Documentation for Embedded Coder Support Package for Texas
Instruments C2000 Processors. Help Center, 20xx. Disponível em:
https://www.mathworks.com/help/pdf_doc/supportpkg/texasinstrumentsc2000/index.html.
Acesso em: 17 abr. 2019.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

SIMULAÇÃO E CONTROLE DA MÁQUINA DE RELUTÂNCIA1

FERNANDES, Solon Bonifácio2


DAINEZ, Paulo Sergio3

RESUMO

Neste trabalho realizou-se o estudo da máquina de relutância (MR), com o objetivo


de desenvolver e implantar seu modelo computacional e de controle no software MatLab/
Simulink. O trabalho divide-se em três partes: criação do modelo da MR, desenvolvimento
do sistema de acionamento e controle da máquina e a realização de simulações
computacionais do sistema integrando a máquina e controle. O modelo desenvolvido
baseou-se em equações eletromecânicas que descrevem o funcionamento da máquina
de relutância em função da tensão e corrente aplicada em seus terminais. Para a
validação do modelo utilizou-se parâmetros físicos de uma máquina real e as formas de
onda de indutância e derivada de indutância obtidas nas simulações foram então
comparadas com as formas de onda da máquina de relutância de onde os parâmetros
foram utilizados. O sistema de controle desenvolvido e implantado baseia-se na injeção
de corrente em uma fase quando a derivada de sua indutância é positiva, em seguida, o
mesmo procedimento ocorre, porém, desta vez outra fase recebe a injeção de corrente,
esta rotina é repetida até que o motor alcance a velocidade desejada. As simulações do
sistema completo, integrando máquina e controle de velocidade, realizaram-se ao
configurar uma velocidade referência em rpm a qual o modelo computacional deveria
seguir mesmo com a inserção de torque de carga no sistema.

Palavras-chave: máquina de relutância, simulação, modelo computacional,


matlab/simulink.

INTRODUÇÃO

MRs possuem rotores compostos apenas por um núcleo de ferro de pólos


salientes, o que as tornam robustas, de elevada confiabilidade e menor necessidade de
manutenção. Seu custo de produção é menor que o de máquinas de indução ou imã
permanente, isso ocorre devido à ausência de bobinas ou imãs na constituição de seu
rotor. Porém, as MRs costumam ter maior volume e torque pulsado para uma mesma
potência que as máquinas anteriormente citadas. Teorias de funcionamento de MRs são
conhecidas desde o início do século passado (De Paula, 1993), contudo, dificuldades
tecnológicas associadas ao controle e acionamento restringiram seu uso, pois essas
máquinas não funcionam quando conectada diretamente à rede elétrica. O que viabiliza
sua aplicação nos dias de hoje é o avanço e desenvolvimento de chaves eletrônicas de
potência (IGBTS e MosFets) e de processadores digitais (microcontroladores e DSPs) (De
Paula, 2000). A MR traz uma relação de custo benefício entre volumes de cobre e ferro

1 Projeto de Iniciação científica enquadrado no programa PIBIFSP e vinculado ao Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo.
2 Graduando do curso de Engenharia Eletrônica; IFSP; São Paulo; SP; e-mail: solon.b@aluno.ifsp.edu.br;
FERNANDES, Solon Bonifácio.
3 Professor Doutor do Departamento de Elétrica do IFSP, São Paulo, SP, e-mail: dainez@ifsp.edu.br;
DAINEZ, Paulo Sergio.
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(Miller, 2001) que dificulta sua comparação com outras máquinas elétricas, além disso,
esta máquina ainda é relativamente pouco estudada por ser pouco aplicada no mercado.

OBJETIVOS

A implementação do modelo computacional da MR e de seu controle no software


Matlab/Simulink foi o principal objetivo deste trabalho. Houve objetivos secundários que
foram alcançados a partir do principal, como: desenvolvimento do modelo do sistema de
controle, as simulações do sistema completo, integrando modelo da máquina e controle, a
eficiência do método de controle utilizado e o comportamento da máquina, analisando
fatores como torque produzido, rotação máxima e corrente de partida.

METODOLOGIA

O comportamento de uma MR pode ser descrito por três equações: elétrica,


mecânica e de torque eletromecânico (Miller, 2001), respectivamente, (1), (2) e (3)

dI S ω R∗d LS ( θ )
V S =RS I S + LS ( θ ) + ∗I S (1)
dt dθ
d ωR
J =T EM −T C −T B (2)
dt
1 2❑
I ∗dL ( θ )
2 S (3)
T EM =

Desenvolveu-se o modelo computacional a partir dessas equações, onde VS e IS


são os vetores da tensão e corrente, RS e LS são as matrizes da resistência e da
indutância todos da parte fixa da máquina, o estator. Já ωR e θ são a velocidade e a
posição angular e J o coeficiente de inércia da parte móvel da máquina, o rotor. As
variáveis, TEM, TC e TB, representam respectivamente o torque eletromagnético, o torque
de carga e o torque de atrito.
A indutância do estator (LS) é a soma da indutância de dispersão (Lls) com a
indutância de magnetização (Lm). As matrizes de resistência e de indutância do estator
que compõem as equações matricias (1) e (3), apresentam o seguinte formato:

rs 0 0 l ls 0 0 lm 0 0

[ ] [ ] [ ]
R s= 0 r s 0 ; Lls = 0 l ls 0 e Lm= 0 l m 0
0 0 rs 0 0 l ls 0 0 lm

A implantação das equações (1), (2) e (3) no Matlab/Simulink ocorreu por blocos
funcionais e para sua equivalência com uma máquina relutância real, adotou-se
parâmetros físicos (Tabela 1) de um motor real (Erro: Origem da referência não
encontrada).

Tabela 1: Parâmetros físicos do motor adotado. Fonte: Autor.

Tensão de terminal (VS) 24 V Constante de inércia (Jm) 1*10-3 Kgm2


Resistência do estator (R) 0,1 Ω Indutância máxima (LMAX) 75 µH
Constante de atrito (Bm) 10*10-6 Indutância mínima (LMIN) 5 µH

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Figura 1: Motor de relutância com 3 fases, 6 pólos no estator e 4 pólos no rotor. Fonte: Miller, T.J.E, 2001.

Os dados da Tabela 1 foram inclusos na programação que conecta os blocos


funcionais citados anteriormente e para comprovar o funcionamento do modelo
computacional, adicionou-se um controle teste de tensão que regula a injeção de tensão
nas bobinas do estator do motor. Com este controle, pôde-se levantar curvas de
indutância e de derivada de indutância e compará-las com as obtidas do motor de onde
os parâmetros físicos foram retirados. O método de controle desenvolvido efetivamente
implantado no modelo computacional consiste na injeção sucessiva de corrente nas três
fases da máquina de acordo com a posição de alinhamento dos pólos salientes do rotor e
do estator. Para testar o controle configurou-se uma velocidade de 100 rpm e após 1
segundo de ativação da máquina uma carga de 0,5 N.m foi introduzida no sistema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O funcionamento do modelo foi comprovado pelas formas de ondas de indutância e


de derivada de indutância semelhantes às encontradas na teoria para motores de
relutância. O teste do controle de velocidade demonstrou que mesmo após a entrada do
torque de carga no sistema, a máquina foi capaz de seguir à velocidade de referência de
100 rpm escolhida anteriormente (Figura 2), comprovando assim que a integração e o
modelo de máquina e controle funcionaram da maneira desejada.

Figura 2: Resposta da máquina com torque de carga. Fonte: Autor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Os objetivos inicialmente almejados foram alcançados, pois ocorreu o


desenvolvimento do modelo máquina-controle e a implantação no software
Matlab/Simulink. As simulações realizadas comprovaram o funcionamento demonstrando
o comportamento do modelo e do controle quando um torque de carga foi adicionado.
Após a aplicação desse torque o controle de velocidade foi ativado e a saída observada
foi capaz de seguir a referência de 100 rpm.

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REFERÊNCIAS

DE PAULA, Pedro P. Análise e Projeto de Um motor de Relutância chaveado com o


auxílio de Método dos Elementos Finitos. Dissertação de Mestrado, Universidade de
SãoPaulo – USP, 1993.
DE PAULA, Pedro P. Aspectos de Projetos, Simulações e Operação de Geradores e
Motores de Relutância Chaveados. Tese de Doutorado, Universidade de SãoPaulo –
USP, 2000.
MILLER, T.J.E. Electronic Control of Switched Reluctance Machines. Reed
Educational and Professional Publishing Ltd. Oxford, 2001.

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ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO DIGITAL: ESTUDO PARA
APRIMORAMENTO DA COMPREENSÃO, ORGANIZAÇÃO E
ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO 1

FREITAS, Kawam Oliveira2


RODAS, Cecilio Merlotti3

RESUMO

O objetivo da proposta desta pesquisa exploratória e descritiva é a criação de um


modelo estruturacional da informação dentro de um ambiente informacional
visando melhorar principalmente aspectos relacionados à encontrabilidade da
informação nesses ambientes. Para que seja atingido o objetivo serão utilizadas
ferramentas gratuitas que darão subsídio para a obtenção de dados e a construção
dos wireframes que posteriormente virão a se tornar protótipos navegáveis. A
metodologia utilizada para que seja possível o cumprimento da proposta terá como
princípio uma capacitação teórica, testes no website do IFSP Campus Votuporanga
e a criação de um modelo estruturacional para ambientes informacionais digitais,
baseado nos conceitos da Arquitetura da Informação. A partir dos resultados,
espera-se definir padrões para a construção de um ambiente informacional digital
de fácil navegabilidade e encontrabilidade da informação.

Palavras-chave: Arquitetura da Informação, Encontrabilidade da informação,


Ambientes informacionais digitais, Usabilidade.

INTRODUÇÃO

Estamos no século XXI e vivemos um momento que pode ser considerado como a
“era da informação”, isso por conta da explosão de dados digitais que são gerados a
cada minuto por meio de diversos ambientes digitais presentes na Web. Entender
as informações como recursos é essencial para a sobrevivência de uma
organização. Se isso não acontecer, inevitavelmente haverá inadequação,
subutilização e desperdício dos recursos técnicos, acúmulo de informações
armazenadas em meios estagnados e incompatíveis, falta de conhecimento dos
acervos informacionais, tais como arquivos digitais e analógicos encontrados em
bibliotecas/museus ou nos websites (CLANCONI, 1991).

Para Molina (2008) a ineficiência dos sistemas informáticos e a falta da estruturação


são empecilhos diante a crescente quantidade de informações produzidas, isso
dificulta que o organizador da informação tenha ferramentas eficientes para
trabalhar.

1 O projeto em questão é um projeto de pesquisa


2 Cursando Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio no IFSP Campus Votuporanga;
Votuporanga; SP; kawam.o@aluno.ifsp.edu.br; FREITAS, Kawam Oliveira.
3 Doutor em Ciência da Informação; IFSP - Campus Votuporanga; Votuporanga; SP;
cecilio.rodas@ifsp.edu.br; RODAS, Cecilio Merlotti.
Entendido uma parte do contexto da importância da informação e da sua
organização, a principal motivação que levou à realização deste projeto foi o
entendimento de Rodas et. al (2017) da necessidade da criação de um modelo que
possa melhorar aspectos da encontrabilidade da informação (findability) do website
do IFSP Campus Votuporanga, alvo do referido estudo. Assim, por meio da criação
do modelo supracitado, busca-se para o website em questão uma melhora na
encontrabilidade da informação e na experiência do usuário em geral, visto que
estes são quesitos relevantes para que um website ofereça uma experiência
agradável e eficiente para o usuário.

OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa consiste em desenvolver um modelo


estruturacional para ambientes digitais informacionais que siga as recomendações
da Arquitetura da Informação e que seja usado para reestruturar a informação no
website do IFSP Campus Votuporanga.
METODOLOGIA

Primeiramente tem sido feita uma revisão bibliográfica que envolve estudar
disciplinas para a capacitação em áreas de conhecimento relacionadas ao tema do
projeto de pesquisa. Além disso, já iniciou-se a realização de testes específicos para
a avaliação do website do IFSP Campus Votuporanga. Deu-se início ao
desenvolvimento de um modelo estruturacional para o website do IFSP Campus
Votuporanga com o objetivo de estruturar a informação da melhor maneira possível
dentro deste ambiente informacional digital. Finalmente, prevemos a realização de
testes comparativos, os quais devem consistir na análise das diferenças produzidas
após a aplicação do modelo desenvolvido para o website para que seja possível
observar e comprovar as mudanças e possíveis melhorias ocorridas neste ambiente
informacional.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para Wurman (1996, p.16), o criador do termo “Arquitetura da Informação”


(AI), a finalidade dessa área se constitui em “organizar os padrões inerentes dos
dados e criar a estrutura ou mapa da informação de forma a permitir que outros
encontrem seus próprios caminhos para o conhecimento, tornando o complexo em
claro”. Conforme Van Dijck (2003), em sua obra, a AI é centrada em organizar as
informações de modo que os usuários consigam o que buscam e atinjam seus
propósitos. Já para Silva, Sousa e Monteiro (2018, p.49), os principais objetivos da
Arquitetura da Informação são: “Possibilitar acesso à informação de maneira
estruturada e compreensível, ampliar a navegabilidade nos suportes informacionais
e aprimorar a recuperação das informações”.

Como caracteriza Morville e Rosenfeld (2002), a AI é dividida em quatro


componentes. Eles reúnem todos os elementos de interação do usuário com o
ambiente informacional de um determinado website e servem como molde
organizacional para o trabalho do arquiteto, sendo eles: Sistema de Organização -
organiza a informação de forma a torná-la facilmente compreensível e de fácil
encontrabilidade; Sistema de Navegação - especifica os padrões de navegação
que serão vistos pelos usuários de forma que eles possam se mover pelo espaço
informacional e hipertextual; Sistema de Rotulação - define a forma padrão de
representação da informação e o ícone para cada elemento de informação;
Sistema de Busca - auxilia o usuário a pesquisar uma informação no website ou
aplicativo que contenha grande quantidade de informações.

Juntos, os sistemas de organização, de navegação e de rotulação fornecem


os elementos necessários para o usuário executar a navegação pelas categorias e
reúnem os principais elementos de interação do usuário. Somados, estes três
sistemas dão origem à estrutura do website (REIS, 2007).

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

As atividades desenvolvidas até o momento, entre elas a avaliação de usabilidade


supracitada, fizeram parte de atividades consideradas importantes, pois conseguiu-
se encontrar inúmeros pontos negativos no ambiente do website do IFSP Campus
Votuporanga. Contudo, observou-se também pontos positivos, mostrando que já há
uma certa preocupação para se conseguir desenvolver um ambiente ajustado para
os usuários. Sendo assim, pretende-se efetuar a realização de mais testes para se
chegar a mais resultados, os quais auxiliarão na conclusão.

Desse modo esperamos propor um modelo estruturacional para ambientes


informacionais digitais que promova uma melhor encontrabilidade da informação e
consequentemente uma melhor experiência do usuário ou, ao menos, mitigar esses
empecilhos encontrados pelos usuários durante sua navegação.

REFERÊNCIAS

CLANCONI, Regina de Barros. Gerência da informação: mudanças nos perfis


profissionais. Ciência da informação, v. 20, n. 2, 1991.

MOLINA, Letícia Gorri. Portais corporativos: tecnologia de informação e


comunicação aplicadas à gestão da informação e do conhecimento em
empresas de Tecnologia de Informação. 2008. Tese de Doutorado. Dissertação
de Mestrado (Mestrado–Ciência da Informação). Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Filosofia e Ciências. Marília.

REIS, Guilhermo Almeida dos. Centrando a Arquitetura de Informação no


usuário. 2007. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

ROSENFELD, Louis; MORVILLE, Peter. Information architecture for the world wide
web. 2. ed.[s.i]: O'Reilly Media, Inc., 2002.

RODAS, Cecílio Merlotti et al. Encontrabilidade da informação: uma análise a


partir da tecnologia de eye tracking. 2017.

SILVA, Edilene Maria; SOUSA, Marckson Roberto Ferreira de; MONTEIRO,


Samuel Alves. Arquitetura da informação em repositórios institucionais: desafios e
perspectivas. Investigación bibliotecológica, v. 32, n. 76, p. 45-61, 2018.
Disponível em: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-
358X2018000300045. Acesso em 02 jul. 2020.
V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

AS AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO NA ESFERA PÚBLICA: O CASO DE UM


HOSPITAL MUNICIPAL1

MONTEIRO, Luciano Araujo2

RESUMO

O presente relatório visa a analisar a eficiência das avaliações de desempenho


que são utilizadas na instituição onde atuo – um Hospital Municipal – e, ato contínuo,
refletir sobre alternativas para torná-las mais confiáveis. Para tanto, utilizamo-nos de
bibliografia específica, presente em artigos científicos e material bibliográfico, assim como
de dados estatísticos governamentais. Foram evidenciados os motivos que tornam
inadequados os modelos de avaliação vigentes, dentre os quais o constrangimento
sofrido por subordinados em relação à sua chefia imediata (pois se tratam de pesquisas
nominais) e a falta de órgãos isentos para tomada de decisão. Sendo assim, torna-se
imperativo que tais pesquisas sejam alvo de estudo por uma empresa privada e idônea, a
fim de que seja assegurada a confidencialidade dos dados obtidos e que, de fato, elas
possam servir como indicador para revelar os problemas institucionais.

Palavras-chave: Avaliações de Desempenho. Condições de Trabalho. Pesquisas.

INTRODUÇÃO

O presente relato técnico é analisar as avaliações de desempenho profissional


que, na teoria, são estruturadas para melhorar as condições de trabalho. Contudo,
conforme ficará claro na sequência deste trabalho, nem sempre é isso que ocorre,
principalmente na esfera pública. Nesse sentido, as avaliações de desempenho tornam-se
um: "ritual anacrônico", nas palavras de Thomaz Wood Jr3(2014), pois não refletem as
reais condições do ambiente profissional.

O móvel que me motivou a realizar esta investigação foi o fato de ter lidado com
avaliações de desempenho na instituição onde atuo (denominada aqui de Hospital
Municipal4) e que não agregam na melhoria das condições de trabalho na instituição
citada.

OBJETIVOS
1
Trabalho de Conclusão de Curso, realizado para obter a aprovação no curso de pós-graduação em Gestão
Pública, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Osasco; São Paulo. Orientador: André
Rosemberg.
2
Graduado em História, com Certificação em Patrimônio, pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) e mestrando pelo Departamento de História da mesma Universidade; Guarulhos; São Paulo e-
mail: lucianoaraujomonteiro@yahoo.com.br; lucianoaraujomonteiro@gmail.com.
3
Lanço mão deste autor por sua experiência em Estratégias e Estudos Organizacionais, voltados à área de
Administração de Empresas.
4
Com o intuito de não sofrer perseguição em meu ambiente de trabalho, fiz a omissão do nome da
instituição.
Página 1 de 3
Analisar as avaliações de desempenho profissional difundidas na esfera pública.
É também um objetivo adicional desta pesquisa a possibilidade de se pensar em formas
para que esse tipo de pesquisa se torne mais confiável.

METODOLOGIA

A metodologia escolhida faz uso de textos acadêmicos, isto é, fontes


bibliográficas e artigos científicos, tendo por foco a pesquisa qualitativa5. Este estudo
também se justifica pela carência de trabalhos acadêmicos realizados com avaliações de
desempenho na esfera pública, conforme evidenciamos na disciplina: Planejamento
Estratégico Governamental, ministrada no curso de pós-graduação em Gestão Pública.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O modelo de avaliação utilizado pelo Hospital Municipal se caracteriza por


perguntas fechadas, que são respondidas usando numeração, de 1 (menor nota) até 5
(maior nota). Trata-se de um modelo usado para a avaliação da chefia imediata por seus
subordinados (o contrário também acontece) e para analisar essa instituição
estruturalmente. Exemplos de perguntas realizadas:

 Abertura à mudanças: consegue se adaptar a situações novas e mudanças no


trabalho, buscando entender e atender novas demandas e prioridades;
 Criatividade: busca realizar inovações no seu trabalho, visando melhorá-lo
constantemente;
 Liderança: atuo de forma a inspirar credibilidade junto à equipe.
Esse método de perguntas fechadas e com escala de notas atribuídas é
conhecida por Escala Gráfica e que possui como vantagens: “Permite aos avaliadores um
instrumento de avaliação de fácil entendimento e avaliação simples; Proporciona pouco
trabalho ao avaliador no registro de avaliação” (FETRANSPOR, 2010, p. 26). Contudo, no
Hospital Municipal, essas pesquisas geralmente são nominais, isto é, apresentam o nome
dos avaliadores e dos avaliados, um fato que implica em constrangimento para os
subordinados, pois estes podem vir a sofrer perseguições no ambiente de trabalho, por
parte de seus superiores, por estes terem recebido uma avaliação contrária à desejada.
Por outro lado, podemos perceber que, no âmbito do funcionalismo público também há
uma espécie de troca de favores, isto é, existem subordinados que avaliam bem suas
respectivas chefias com o intuito de serem beneficiados com notas maiores, assim como
há situações em que funcionários diminuem a nota de seus superiores, uma vez que
receberam avaliações abaixo do desejado.
Durante meu tempo de permanência na farmácia hospitalar (um ano) foi
constatado que é comum a falta de medicamentos de uso contínuo, por conta de um
serviço ineficiente voltado à logística de compras e de distribuição. Um fato que nos
obrigava a realizar trocas de recursos medicamentosos com outras instituições
hospitalares ou, em último caso, comprar remédios em grandes redes de drogarias para

5
Pelo escopo do trabalho, pelo fato de cada setor do Hospital Municipal se caracterizar por um
funcionamento diferente e pela falta de tempo hábil, a proposta de realizar pesquisas quantitativas foi
ignorada, embora devamos destacar aqui a sua importância.

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uso emergencial, fato que ocasionava prejuízos financeiros para os cofres do Hospital
Municipal. Mesmo existindo na avaliação das condições estruturais o tópico:
“Disponibilização de Materiais de Consumo: os materiais de uso diário e contínuo estão
disponíveis em quantidade suficiente para a realização do trabalho?”, fomos obrigados a
atribuir a maior nota, pois a antiga coordenadora abusava das prerrogativas de seu cargo,
constrangendo seus subordinados.
A falta de dados confiáveis, que poderiam ser obtidos com as avaliações de
desempenho, dificulta a resolução de problemas cotidianos, como as más condições de
trabalho. De acordo com Bergue (2014), o ser humano é regido pelo trinômio:
necessidades, satisfação e motivação, sendo que, essas necessidades variam de um
indivíduo para outro, assim como sua intensidade. Tais pontos devem ser levados em
consideração ao trabalharmos com avaliações de desempenho, a fim de que estas nos
mostrem resultados mais próximos da realidade de uma instituição pública. Embora este
estudo tenha sido finalizado, ele deve ser estimulado ainda mais no meio acadêmico,
dada a carência de trabalhos que problematizam este tema na esfera pública.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Com a finalidade de trabalhar, de forma efetiva, com as informações obtidas por


avaliações no Hospital Municipal, seria interessante que estas fossem coletadas por uma
instituição privada e idônea e que estivessem disponíveis para a sociedade civil e para o
Conselho Gestor da Saúde, pois é um direito do cidadão 6 receber informações confiáveis
e um dever fiscalizar os órgãos públicos, por meio desses informes, divulgados de forma
online. Penso numa instituição privada, pois, se fosse criada uma Comissão Interna, com
o intuito de trabalhar com esses dados, não haveria grande confidencialidade dessas
informações no espaço institucional e seria possível a adulteração de informações
coletadas. Também foi pensado na possibilidade de uma empresa privada trabalhar com
as avaliações de desempenho, pois no Hospital Municipal verifiquei que a Ouvidoria7
interna não age de forma efetiva para resolver problemas cotidianos.

REFERÊNCIAS

BERGUE, S. T. Comportamento Organizacional. Universidade Federal de Santa


Catarina. PNAP. Santa Catarina. 2014.
BRASIL. Lei de Acesso à Informação nº 12.527/2011.
FETRANSPOR. Avaliação de Desempenho e Potencial. UCT. Rio de Janeiro. 2010. 1.
ed.
WOOD JR, T. Ritual Anacrônico. Carta Capital. São Paulo. 13 ago. 2014.

6
Isso se tornou possível graças a Lei de Acesso à Informação nº 12.527/2011, em que a publicidade dos
atos públicos é regra e seu sigilo é exceção.
7
A Ouvidora não é rígida com relação aos casos de desrespeito de profissionais para com pacientes dessa
instituição, tanto que, é comum o reclamante (paciente ou familiar) formalizar a denúncia (não há dados
estatísticos sobre isso). Após isso, o profissional da área de saúde responsável formaliza uma resposta e o
caso é arquivado na maior parte das vezes, sem que exista uma solução. Ademais, só tive conhecimento de
uma situação em que a denúncia foi adiante, pelo fato do reclamante ter ameaçado entrar em contato com o
prefeito.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

IDENTIFICAÇÃO E MITIGAÇÃO DOS GAPS DE QUALIDADE NOS PROCESSOS


DA TERAPIA OCUPACIONAL NO ATENDIMENTO PRESENCIAL EM UM CONTEXTO
DE PANDEMIA¹

SILVA, Juan Andrade - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São


Paulo – câmpus São Paulo
JACINTHO, José Carlos – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo – câmpus São Paulo

RESUMO

Este trabalho aborda a qualidade na prestação dos serviços de terapia ocupacional


de forma presencial em um contexto de pandemia, passando pelo estudo e compreensão
da qualidade funcional, do conceito dos gaps de qualidade e da importância da
identificação e mitigação destes nos processos de atendimento da TO. O trabalho tem
como objetivo auxiliar os prestadores de serviços a alcançar maior eficiência na execução
dos atendimentos. É proposto uma metodologia de avaliação da expectativa dos
pacientes e percepção deles sobre estes, descritos passo a passo até a parte de
elaboração de estratégias para mitigação dos gaps.

Palavras-chave: Gaps, SERVQUAL, Qualidade e Saúde.

INTRODUÇÃO

A qualidade na prestação de serviços vem há muito tempo recebendo atenção das


empresas e instituições, não apenas como estratégia de diferenciação dos concorrentes,
mas sim como ponto chave para estar em funcionamento. O setor de serviços de saúde
possui características bem diferente de outros setores, pois está diretamente ligada a vida
humana.
De acordo com Grönroos a qualidade possui duas dimensões diferentes: a
qualidade técnica e a qualidade funcional, sendo necessário compreender e alcançar
ambas para alcançar a satisfação do cliente. A qualidade técnica se refere ao resultado
do processo da prestação do serviço, na área de saúde podemos citar como exemplo a
precisão no diagnóstico e a eficiência dos procedimentos, Já a qualidade funcional se
refere a maneira como esse procedimento é executado, ou seja, a maneira como serviço
é entregue ao cliente.
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) define a terapia
ocupacional como “profissão de nível superior voltada ao estudo, à prevenção e ao
tratamento de indivíduos com alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras,
decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas”.
Como é possível notar na definição, é um serviço de extrema importância para a
população, existem atendimentos que não podem ser interrompidos mesmo estando em
um conto de pandemia da COVID-19.
Para manter a integridade do paciente e alcançar maior qualidade funcional é
essencial identificar e mitigar os gaps de qualidade. Um gap pode ser explicado como

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uma lacuna entre a expectativa do cliente e o a percepção dele sobre o serviço.
Parasuraman, Zheitaml e Berry desenvolveram um modelo de avaliação de qualidade em
serviços de saúde que se baseia na análise das expectativas sobre os serviços de saúde
e da percepção dos usuários sobre estes, após diversos estudos e refinação do modelo
definiu-se como os principais critérios: Tangibilidade, Confiabilidade, Responsividade,
Garantia e Empatia. A partir dessas cinco dimensões desenvolveram a metodologia
SERVQUAL, um questionário composto por 22 itens que se encontram dentro das cinco
dimensões, com escala que pode ir de 1 até 7 em cada item para avaliar a percepção do
cliente em relação ao serviço prestado.

OBJETIVOS

Este trabalho tem como principal objetivo desenvolver um conjunto de


procedimentos para identificar e mitigar os gaps da qualidade em serviços de saúde na
terapia ocupacional no contexto de pandemia da COVID-19 ou similares, afim de melhorar
os processos hospitalares, contribuindo assim para maior eficiência no atendimento aos
pacientes, proporcionando um atendimento cada vez mais seguro e adequado a partir da
coleta e análise dos dados.

METODOLOGIA

A metodologia adotada para elaboração do conjunto de procedimentos para


identificação e mitigação do gaps, teve como primeiro passo um profundo estudo de toda
a literatura da área de qualidade, qualidade em serviços e posteriormente teve foco na
qualidade em serviços de saúde, também foram dedicadas muitas horas para estudar e
compreender a COVID-19 e seus impactos nos serviços de saúde, passando pelo estudo
de material disponibilizado pelas autoridades de saúde e artigos ligados ao tema.
A partir de todo conhecimento adquirido foi discutido uma forma de avaliar a
qualidade funcional a partir da adaptação da metodologia SERQUAL para fazer uma
análise e assim identificar e mitigar os gaps no atendimento presencial de Terapia
Ocupacional em um contexto de pandemia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado deste trabalho, compreendemos que no momento atual ao


identificar os gaps na prestação de serviços de terapia ocupacional de forma presencial
em um contexto de pandemia, é essencial dar foco na parte da segurança do paciente,
desta forma foi desenvolvido o seguinte modelo para orientar qualquer prestador de
serviço a identificar e mitigar seus gaps de qualidade:
Primeiro passo - Elaboração do questionário: É necessário elaborar um
formulário com 15 a 20 itens fundamentados nas cinco dimensões: confiabilidade,
receptividade, segurança, empatia e tangibilidade. Sendo necessário dar uma atenção
maior nos itens da dimensão de segurança, visto que estamos em um momento de
pandemia e este é um ponto crucial para garantir a integridade do paciente.
Em cada um destes itens deve colocar um campo para o cliente avaliar a
expectativa em relação ao serviço prestado e outro campo com perspectiva do serviço
efetivamente prestado, devendo estes campos serem preenchidos com nota de 1 a 7.
Segundo passo – Aplicação do questionário: Deve se aplicar o questionário aos
pacientes de forma contínua para coleta dos dados. E deve orientá-los sobre a forma
correta de fazer o preenchimento, devendo serem preenchidos primeiros os campos de
expectativa para só depois de passar por todos itens, serem preenchidos os campos de
perspectiva.

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Terceiro passo – Análise dos dados coletados: Os dados devem ser analisados
a cada mês, e fazer a comparação da média de expectativa e da média de percepção de
cada item, assim identificando onde há os principais gaps no serviço prestado.
Quarto passo – Mitigação dos gaps: Neste último passo, com principais dados
dos gaps em mãos, é necessário elaborar estratégias direcionadas atacar os itens críticos
e assim diminuir essas lacunas entre a expectativa do cliente e da percepção do serviço
prestado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O trabalho é essencial para ser utilizado em estudos elaborados por prestadores do


serviço de TO e de pesquisadores da área, pois proporciona um passo a passo para fazer
a identificação dos gaps e é esperado que assim sejam mapeadas todas as lacunas
existentes processo de atendimento. Com o conjunto de procedimentos propostos neste
trabalho é esperado que tenha papel fundamental no contexto de pandemia, pois a partir
deste pode ser observado se estão sendo aplicados sendo aplicadas todas as medidas
para garantir a integridade do paciente em um ambiente com alto risco de contaminação.

REFERÊNCIAS

PENA, Mileide Morais et al. O emprego do modelo de qualidade de Parasuraman,


Zeithaml e Berry em servicos de saúde. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, 2013.

PARASURAMAN, A; ZHEITMAL, V.A; BERRY L.L. SERVQUAL: a conceptual model of


service quality and its implications for future research. J Mark. 1985;49(1):41-50.

GONZALES, W.S; BRUNO, D.M; BORGES, F.H. Aplicação do método Servqual: Um


estudo de satisfação do cliente em um estacionamento de veículos leves. XXXVI
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Joinville, SC, Brasil, Outubro de 2017.

COFFITO; Terapia Ocupacional; Disponível em: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?


page_id=3382>. Acesso em: 02/09/2020.

GRONROOS, C. Marketing: Gerenciamento e Serviços. 2. ed.p 77-89. Elrevier, 1995.

GRIEBELER, Deize. Qualidade na Prestação de Serviços Fisioterápicos – Um Estudo


de Caso Sobre Expectativas e Percepções de Clientes. 2006. Dissertação de
Mestrado - UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.

MINISTÉRIO DA SAÚDE; Orientações para manejo de pacientes com COVID-19;


Disponível em: <https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/June/18/Covid19-
Orientac--o--esManejoPacientes.pdf>. Acesso em: 05/09/2020.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PAULISTAS: DO MAPEAMENTO DE INICIATIVAS AOS GRANDES DESAFIOS1

KOGA DI NAPOLI, Érika Sayuri2


UYETI, Joyce Hiromi3

RESUMO
Esta pesquisa fomenta discussões acerca dos benefícios, avanços e desafios do
Turismo de Base Comunitária (TBC) dentro ou no entorno de Unidades de Conservação
Paulistas (UC). Objetivou-se ainda compreender a evolução do TBC no Brasil e no
Mundo, mapear as iniciativas e estabelecer as relações entre os agentes principais:
comunidades, governo e visitantes. De acordo com a metodologia empregada, com
utilização de dados primários e secundários, foi possível elucidar o mapeamento de 25
comunidades que exercem atividades de TBC dentro e no entorno de 29 UC paulistas.
Conforme entrevistas com lideranças de cinco comunidades e de um gestor público de
uma UC, foi possível constatar que as populações mais organizadas internamente ou bem
relacionadas com redes de TBC e com o poder público são mais fortalecidas e obtém
resultados de benefícios e avanços, enquanto que em casos de maiores desestruturações
internas ou de relações apresentam grandes desafios para o desenvolvimento do TBC.

Palavras-chave: Turismo de Base Comunitária; Turismo Comunitário; Unidades de


Conservação Paulistas; Comunidades Tradicionais.

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos as iniciativas chamadas Turismo de Base Comunitária, Turismo
Comunitário ou Turismo Rural Comunitário — neste artigo utilizaremos a sigla TBC —
ganham visibilidade como formas de resistências delineadas por estratégias culturais e
políticas enraizadas localmente, frente aos padrões convencionais do turismo
massificado. Estas iniciativas são apontadas como oportunidades para melhorias de
qualidade de vida por grupos sociais, tais como: pescadores artesanais, etnias indígenas,
agricultores familiares, populações extrativistas, camponeses e diversos outros que vivem
em situação de vulnerabilidade social e ambiental (MORAES et al. 2017).
A presente pesquisa analisou e mapeou as diversas atividades turísticas de TBC
que são elaboradas dentro ou no entorno das Unidades de Conservação (UC), sendo
realizadas pelos grupos sociais — neste artigo sendo comunidades tradicionais. No caso,
as UC são áreas protegidas fundamentais para garantir a conservação de áreas naturais
e a relação com as comunidades tradicionais que realizam atividades turísticas sendo um
aspecto importante a ser estudado. Essas relações devem evoluir para que ocorra
benefício mútuo e gerando consequências benéficas para a visitação também.
Assim, o estudo salientou que diversos benefícios e avanços do TBC, ocorrem
dentro das dimensões da Sustentabilidade e que a temática pode ser fortemente
explorada ainda com outros desdobramentos e contribuições para a área do turismo.

OBJETIVOS

1 Esta pesquisa é resultado de projeto de pesquisa.


2 Mestre em Hospitalidade; IFSP; São Paulo; SP; kogadinapoli@ifsp.edu.br.
3 Bacharel em Jornalismo e cursando tecnólogo em Gestão de Turismo; IFSP; São Paulo; SP;
joyce.uyeti@gmail.com.
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O presente estudo teve o objetivo geral de discutir e analisar os benefícios,
avanços e desafios do TBC dentro ou no entorno de UC do estado de São Paulo. Já os
objetivos específicos, nortearam: 1. Compreender a evolução e os contextos atuais do
TBC no Brasil e no Mundo; 2. Mapear TBC que acontecem dentro ou no entorno de UC
paulistas; 3. Caracterizar algumas comunidades e ilustrar quais são as ações turísticas
aplicadas por estas; 4. Identificar possíveis ações públicas para a condução do TBC
dentro e no entorno das UC; 5. Estabelecer relações entre os agentes: comunidades,
governo e visitantes/ turistas, por meio dos fatores de sustentabilidade.

METODOLOGIA
A primeira parte da pesquisa foi elaborada com dados secundários de fontes
bibliográficas e documentais em livros, artigos, registros oficiais e sítios eletrônicos que
pudessem apresentar algumas iniciativas de TBC e UC paulistas existentes.
Anteriormente à doença COVID-19, seriam feitas pesquisas de campo em
comunidades tradicionais, contudo adaptou-se o planejamento por conta das medidas de
distanciamento social no Estado de São Paulo. Deste modo, realizou-se a coleta de
dados primários através de entrevistas por videoconferência com as lideranças
comunitárias de diferentes regiões: quilombola (Quilombo da Fazenda), caiçara
(Comunidade do Marujá), indígena (Aldeia Boa Vista), rural (Comunidade do Rio Preto) e
urbana (Comunidades Cantinho do Céu e Lagoa Azul). Além disso, também foi
entrevistado o gestor público de uma UC (Área de Proteção Ambiental Quilombos do
Médio Ribeira). Assim, optou-se por utilizar a análise de conteúdo, baseada no roteiro
elaborado por Laurence Bardin, para expor os resultados finais em forma de tabela,
relacionando-os com as oito dimensões da Sustentabilidade de Ignacy Sachs.

DESENVOLVIMENTO DO TBC
As pesquisas bibliográficas revelaram que o TBC surge na contramão do turismo
de massa, sendo um forte aliado do turismo sustentável. Ações de TBC destacadas
ocorrem principalmente na América Latina, pelo fortalecimento e articulação com redes de
TBC, associativismo ou cooperativismo das comunidades tradicionais, com processos
influenciados pelas peculiaridades de cada região (GRACIANO; HOLANDA, 2020).
Já no Brasil, as atividades de TBC tiveram crescimento vertiginoso por meio de
políticas públicas como o edital Nº001/2008, pelo Ministério de Turismo, que selecionou
50 projetos com aporte de R$ 150 mil para cada. Contudo, a não continuidade de ações
do tipo, culminaram na queda e desaparecimento de algumas atividades. No estado de
São Paulo, houve uma política pública com o projeto “Circuito Quilombola Paulista” —
Decreto n° 61.880, de 21/03/2016 — contudo, a falta de apoio e acompanhamento
também resultou no desaparecimento de ações ou estagnação do crescimento do TBC.
MAPEAMENTO DE AÇÕES DE TBC NAS UC PAULISTAS
Conforme o estudo foram mapeadas 25 comunidades, totalizando 71 ações de
TBC contabilizadas em 29 UC paulistas. Nesta parte, foi observada uma grande
dificuldade para encontrar dados precisos que corroborem com a identificação das
atividades de TBC que acontecem dentro ou no entorno das UC, assim grande parte das
informações foram coletadas pela internet por meio de sites, de mapeamentos do Instituto
Socioambiental e de alguns documentos oficiais do Governo do Estado de São Paulo,
com decretos de criação de UC. A coleta de dados desta fase da pesquisa resultou na
elaboração final de uma tabela das atividades de TBC.
SUSTENTABILIDADE DENTRO DAS COMUNIDADES
Em conformidade com a apuração pelas entrevistas, destaca-se que as atividades
de TBC nas comunidades convergem com três dimensões da Sustentabilidade:

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CULTURAL — Para a liderança da Aldeia Boa Vista, o TBC ajuda no fortalecimento
cultural das 52 famílias que vivem no local: foi algo fundamental, pois a gente não precisa
ficar necessariamente saindo e as pessoas vêm conhecer a realidade de cada dia nosso.
[…] temos o coral que apresenta nossas músicas guaranis e é formado por crianças,
jovens e adultos; Também oferecemos culinária e a gente faz uma vivência.
ECOLÓGICA — Já o líder da Comunidade Cantinho do Céu, contou sobre duas
atividades que auxiliam com ações ecológicas: a gente tem um projeto social que é o
'Remada na Quebrada', uma escola de canoagem, com barcos feitos de garrafas pets
encontradas na represa [Billings]. Outro trabalho, é a 'Sua Lixeira, que é um sistema útil
ambiental e as lixeiras são feita com as garrafas que a gente encontra também.
ECONÔMICA — O jovem liderança do Quilombo da Fazenda, salienta os
benefícios do TBC na parte econômica: o TBC trouxe pra comunidade uma geração de
renda e emprego. Além de gerar renda também traz o mínimo impacto de turismo de
massa, pois turistas mais conscientes buscam a comunidade para vivenciar o nosso
modo de viver. Eles deixam renda, vem pra comprar o artesanato, pra conhecer a dança e
para conhecer a culinária quilombola.
Além destas três, o estudo relacionou oito dimensões da Sustentabilidade
propostas por Sachs (2004), e, as expandiu por meio da categorização das entrevistas
com base na análise de conteúdo de Bardin (2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme levantamento e análise dos materiais, de fato o TBC contribui para as
dimensões da sustentabilidade. Os benefícios e avanços do TBC dentro e no entorno de
UC acontecem quando as comunidades e iniciativas são fortalecidas por meio de redes
de TBC, organização interna ou com a gestão pública mais acessível e que presta maior
comunicação ou suporte. Os desafios foram fortemente observados nos casos estudados,
em por exemplo, na Comunidade do Marujá e na Comunidade do Rio Preto, nas quais o
protagonismo destas não são desenvolvidos por diversos fatores internos e que também
não contam com aportes de redes de TBC ou políticas públicas para incentivar seus
crescimentos e desenvolvimentos de atividades. A temática se apresentou com um ótimo
condutor de geração de mudanças e fortalecimento das comunidades, podendo ainda
explorar: aprofundamento do mapeamento de TBC paulista e também em outros estados;
formas divulgação, um exemplo é o Projeto “Circuito Quilombola Paulista”; indicação de
novas políticas públicas para o desenvolvimento desse segmento; redes de TBC ativas
em âmbito nacional e ações que podem contribuir para o desenvolvimento destas.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. (2016). Análise de Conteúdo. São Paulo: Almedina.
GRACIANO, P. F.; HOLANDA, L. A. (2020). Análise bibliométrica da produção científica
sobre turismo de base comunitária de 2013 a 2018. Revista Brasileira de Pesquisa em
Turismo, São Paulo, 14 (1), p. 161-179, jan./abr.
MORAES, E. A.; IRVING, M. A.; SANTOS, J. S. C.; SANTOS, H.Q.; PINTO, M.C. Redes
de turismo de base comunitária: reflexões no contexto latino-americano. Revista
Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.9, n.6, nov-2016/jan-2017, p.612-623.
SACHS, I. (2004). Desenvolvimento: Includente, Sustentável, Sustentado. Rio de
Janeiro: Garamond.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

SUSTENTABILIDADE E ECONOMIA CIRCULAR: UM ESTUDO DAS


FRONTEIRAS TECNOLÓGICAS

MENDES, Henry Andrade Prandi


JACINTHO, José Carlos
RESUMO

Na natureza os processos não geram resíduos, há um fluxo harmônico de materiais


e energia. No entanto, nos processos desenvolvidos pelos seres humanos o modelo é de
extração, produção, utilização e deposição, ancorado em combustíveis fósseis. É comum
a produção de bens de curta duração e exploração excessiva dos recursos naturais,
provocando danos ao meio ambiente por gerar grandes quantidades de resíduos e
poluição. Assim, o sistema econômico degrada o ambiente e compromete a capacidade
de satisfazer as necessidades das pessoas. Desse modo, esta pesquisa propõe um
modelo de desenvolvimento de processos que migrem para uma economia circular à
redução da dependência de materiais primários e de energia não renovável. Para
alcançar este objetivo, este trabalho tem como finalidade fazer uma discussão sobre o
processo de reciclagem das latas de alumínio como um sistema produtivo dentro dos
parâmetros da economia circular. Em princípio foram realizadas pesquisas teóricas
exploratórias em artigos que tratam do ciclo de obtenção das latas de alumínio, sejam por
meio do alumínio primário ou reciclado, de modo a analisar o quesito economia linear
versus economia circular e seus aspectos sustentáveis. Pelo viés econômico, temos a
reciclagem como um processo viável, uma vez que minimiza os impactos do descarte
descontrolado sobre o meio ambiente, todavia ainda é um processo com forte
embasamento na economia linear. O questionamento é se não haverá alternativas que
sejam mais eficientes e eficazes para que se possa aproveitar as latas de alumínio de
modo a contribuir com os fundamentos da economia circular.

Palavras-chave: Economia Linear; Economia Circular; Latas de alumínio; Reciclagem,


Sustentabilidade

INTRODUÇÃO

A economia circular tem sua origem relacionada com a publicação do artigo “The
Economics of the Coming Spaceship Earth”, do economista norte-americano Kenneth
Boulding, em 1966. Desde então, o tema vem atraindo cada vez mais atenção: na China,
a economia circular faz parte da Lei de Promoção da Produção Limpa, promulgada em
2002; a Comissão Europeia adotou formalmente a economia circular como
enquadramento conceitual em 2014, e, mais recentemente, na Índia, em 2016 (EMF,
2016).
Por outro lado, em 2010, a Fundação Ellen MacArthur adotou a economia circular
de forma conceitual e fez com que esta ganhasse destaque como um modelo para
aproveitar ao máximo o produto, tendo ciência que os recursos naturais são limitados e
escassos.
Desse modo, os milhões de consumidores que vão entrar no mercado durante as
próximas décadas vão exercer uma enorme pressão sobre os recursos, caso não sejam
alterados os padrões de produção e consumo lineares atuais. A economia circular é um
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caminho em potencial para que a sociedade reduza sua dependência de materiais
primários e de energia não renovável.
Essa pesquisa tem como embasamento teórico, o desenvolvimento sustentável e
os princípios da economia circular, de modo a criar um amplo redesenho de processos,
produtos e modelos de negócios, de modo a entender o desenvolvimento sustentável
como "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades".
Desse modo a pesquisa levanta uma discussão sobre o modelo de trabalho a ser
desenvolvido nos processos de reciclagem das latas de alumínio e se este é o melhor
processo de produção para representar um sistema produtivo dentro dos parâmetros da
economia circular. Assim, pode-se buscar o entendimento de como ocorre a integração
entre a sustentabilidade e a economia circular por meio do embasamento em critérios e
indicadores técnico-econômicos identificados nas fronteiras estratégicas e tecnológicas.

OBJETIVOS

Propor um modelo de trabalho que desenvolva processos de integração entre a


sustentabilidade e a economia circular, embasado em critérios e indicadores técnicos e
econômicos, identificados nas fronteiras estratégicas para exploração dos procedimentos
de projetos, fabricação, serviços e logística reversa.

METODOLOGIA

Foram realizadas pesquisas bibliográficas exploratórias como o principal caminho


metodológico, já que as pesquisas de campo ficaram comprometidas, devido ao
distanciamento social, somente sendo possível a contribuição com a arrecadação de latas
de alumínio, solicitadas aos alunos o IFSP e que serão utilizadas para a continuidade das
pesquisas de campo. Por outro lado, o projeto teve como base para conhecimento os
conceitos sobre economia circular obtidos em um curso sobre economia circular e a
participação em webinar’s. Esses conhecimentos foram o embasamento que contribuíram
para a consolidação da base teórica

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi escolhido como base o Diagrama da borboleta para ser um fator comparativo

Figura 1 Diagrama Borboleta Fonte:Ellen MacArthur Foundation (2017).

Baseado no diagrama borboleta discutimos o ciclo da lata de alumínio. Após a coleta,


o primeiro passo é o compartilhar, porém esse passo não se aplica a esse sistema por ser
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inviável o compartilhar de uma lata de alumínio. O segundo passo, na economia circular,
é o manter e prolongar, que pode ser obtido ao reformular o design da lata, ou seja,
desenvolver um design que seja durável e que permita a reutilização do produto. O quarto
passo é a reutilização e redistribuição, no caso da lata de alumínio podemos torná-la
retornável, visando prolongar sua vida útil e reutilizar a embalagem. Outro ponto
importante ponto do diagrama é a renovação e remanufatura, o que nos faz voltar ao
conceito de design uma vez que, ao produzirmos a lata de alumínio seria possível fazer
um design com tampa removível, criando novas opções de utilização. Por fim, se
necessário a reciclagem das latas, com a ideia de “lata vira lata’’, isto é, após ser
reciclada a lata se tornaria lata novamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

O uso da reciclagem é um meio da economia circular utilizado para que a lata de


alumínio volte ao inicio do processo e se torne alumínio, é um meio viável por conta do
baixo uso de energia em sua fundição para se tornar alumínio secundário.
Apesar de ser um dos passos da economia circular ainda é muito próximo do
conceito da economia linear. O diagrama borboleta mostra que é o último passo a ser
utilizado e o quanto de potencial econômico e sustentável está sendo perdido no processo
ao reciclar a lata de alumínio antes de passar por todas as etapas da economia circular.

REFERÊNCIAS

MACARTHUR, E. Uma economia circular no Brasil: Uma abordagem exploratória inicial


Ilha de Wight. 2017.

MACARTHUR, E. Conceito. Ilha de Wight. 2010.

VERRAN, G, O. KURZAWA, U. PESCADOR, W, A. Reciclagem de Latas de Alumínio


Visando Melhor Rendimento e Qualidade Metalúrgica no Alumínio Obtido. Santa
Catarina. 2005
MACARTHUR, E. Towards the circular economy. Ellen MacArthur Foundation. Ilha de
Wight. 2015.

LIMA, P. SOUZA, N. Estudo comparativo entre a fabricação de latas de alumínio a


partir do alumínio primário e do alumínio reciclado. São José Dos Campos. 2015

MACARTHUR, E. Rumo à economia circular: O racional de negócio para acelerar a


transição. Ellen MacArthur Foundation. Ilha de Wight. 2015

ROGERS, D.S.; TIBBEN-LEMBKE, R. S. - Going Backwards: Reverse Logistics Trends


and Practices- University of Nevada, Reno Center for Logistics Management - Reverse
Logistics Executive Council, 1998

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CULTIVANDO SABERES AGROECOLÓGICOS: CONSTRUÇÃO SOCIAL E
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DA HORTA DA BIBLIOTECA MUNICIPAL ÉRICO
VERÍSSIMO, PARADA DE TAIPAS, SÃO PAULO/SP

SANTOS, Tamires Codato dos


SILVA, Andre Eduardo Ribeiro da

RESUMO

A agricultura urbana e a produção orgânica de alimentos expandem seus


horizontes num contexto mundial marcado por intensa urbanização e acirradas
discussões envolvendo temáticas acerca da saúde humana e meio ambiente. A partir
dessa discussão, hortas comunitárias e hortas pedagógicas vêm sendo implementadas
em praças, escolas, e em áreas e prédios públicos. Essas hortas envolvem a participação
da comunidade, favorecendo um aprendizado significativo sobre alimentação saudável,
cultivo de plantas, agroecologia e cultura regional, além de promover a mudança nos
hábitos alimentares, desenvolvendo o convívio social e estabelecendo o resgate da
cultura agrícola. A partir de mobilizações populares do bairro de Parada de Taipas, na
região noroeste da cidade de São Paulo, a Horta Comunitária e Pedagógica da Biblioteca
Érico Veríssimo desempenha um papel centralizador junto à comunidade e escolas do
entorno, a promoção da educação ambiental e a cooperação entre os moradores locais.
Pretende-se desvendar o processo de construção social e formação pedagógica da Horta
Comunitária e Pedagógica da Biblioteca Érico Veríssimo a fim de compreender em que
sentido a horta contribui para a construção de práticas e saberes agroecológicos.

Palavras-chave: ​Agricultura Urbana, Hortas Pedagógicas, Educação Ambiental,


Agroecologia Urbana, Horta Comunitária.

INTRODUÇÃO

Dentro do âmbito escolar, as hortas pedagógicas desempenham um papel


importante para o ensino de educação ambiental, pois esta busca a construção de novos
conceitos e mentalidades, que possam contribuir para uma mudança paradigmática. A
Educação Ambiental (EA) possui caráter multidisciplinar e transversal, e ainda para a
Geografia, a EA possui um papel de análise dos problemas ambientais no espaço urbano
e no espaço rural e sobretudo o desenvolvimento e formação de cidadãos conscientes
acerca da temática dos problemas ambientais, da sustentabilidade e preservação.
(BORTOLOZZI e PEREZ FILHO, 2000)

OBJETIVOS

Desvendar como Horta Comunitária e Pedagógica da Biblioteca Érico Veríssimo


contribui para a construção de práticas e saberes agroecológicos a partir do
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acompanhamento de atividades pedagógicas, documentos, fotografias, entrevistas com
gestor, agentes públicos da biblioteca e frequentadores do espaço público. Buscar, por
meio da aplicação de questionários, testemunhos orais dos agentes sociais envolvidos, a
reconstrução de sua formação, suas demandas e interconexões, e a sua construção de
práticas e saberes agroecológicos. Construir uma discussão integrada sobre agricultura
urbana e orgânica a partir das esferas pedagógica, econômica, socioambiental e cultural
em contraponto ao paradigma dominante da Revolução Verde, esta última apoiada no
consumo desenfreado de agroquímicos, na dependência energética e tecnológica da
utilização de combustíveis fósseis, acirrando as agressões ao meio ambiente e a saúde
humana.

METODOLOGIA

As ações do Projeto de Iniciação Científica envolvem um conjunto de propostas,


apoiadas a partir de atividades semanais abrangendo:-a confecção e aplicação de
questionários e coleta de testemunhos orais de agentes, gestor e comunidade do entorno
da Horta Comunitária e Pedagógica da Biblioteca Érico Veríssimo. Outrossim, envolve o
levantamento da bibliografia, estudo e análise sobre as temáticas de agricultura urbana,
agroecologia e hortas pedagógicas. O Projeto de Iniciação Científica faz parte de um
Projeto de Pesquisa docente mais amplo intitulado “Práticas e Saberes Agroecológicos na
Metrópole de São Paulo: territorialidades e redes das hortas comunitárias” apoiadas nas
discussões, projetos de pesquisa e de extensão do grupo de pesquisa do CNPq
“Território, Agricultura e Migrações na Metrópole de São Paulo na Contemporaneidade”,
que pretende desvendar a dimensão territorial, a articulação sócio-político-ambiental e a
importância econômica, para fins de abastecimento local, das hortas comunitárias
orgânicas da metrópole de São Paulo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O movimento de criação das hortas pedagógicas urbanas vai de encontro ao atual


modelo agroalimentar brasileiro, com a utilização de grande quantidade de tecnologia e
agrotóxicos, abrindo espaço para a implementação de modelos alternativos de produção
apoiados, vinculados ao saber camponês (MOREIRA, 2000).
A importância dessas práticas por uma visão social, está no fortalecimento de
estratégias coletivas de populações marginalizadas socialmente que, encontram na horta
comunitária, um espaço para estreitar os laços de convivência e autogestão das
comunidades.
A construção de uma horta comunitária e pedagógica em uma biblioteca se faz
importante no sentido de ter uma integração da cultura, buscando o reforço do valor
cultural e do pertencimento da comunidade. A livre circulação e envolvimento de pessoas
promove um conhecimento autônomo que é mais facilmente desenvolvido neste tipo de
espaço.
Além disso, o caráter multidisciplinar dos estudos sobre agricultura urbana
articula-se de forma conjunta às demandas dos movimentos apoiados em práticas e
saberes agroecológicos, uma vez que o caráter desta expansão se apoia, sobretudo,
numa dimensão coletiva e na aproximação com técnicas e saberes tradicionais
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(sobretudo, dos povos originários e camponeses), princípios ecológicos e valores culturais
com o avanço da capitalização e tecnificação da agricultura (ALTIERI, 2012).
  Desenvolvem-se múltiplas ações que Horta Comunitária e Pedagógica da
Biblioteca Érico Veríssimo, como cultivo de alimentos sem agrotóxicos, a acolhida de
escolas públicas do entorno, com o objetivo de promover o acesso à informação de
produtos orgânicos para as crianças, cultivando hortaliças, temperos e ervas orgânicas,
desenvolver a consciência sobre conservação e manutenção do meio ambiente, além de
promover a participação de diferentes grupos, a valorização das trocas de experiência e
de conhecimentos entre participantes.
A horta está localizada da Biblioteca Municipal Érico Veríssimo, inaugurada em
1985, é o lugar central das atividades culturais do bairro. E mais uma vez, foi graças a
pressões populares que esta foi construída. Desenvolve ações com a comunidade e
parceiros, como atividades de mediação de leitura, desenho, dança, capoeira,
musicoterapia, teatro, contação de histórias, oficinas de poesia, artes plásticas, horta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Os resultados alcançados por esse projeto de iniciação científica serão convertidos


na produção de artigo científico a partir das informações levantadas por meio de
questionários e registros orais junto aos agentes, gestor e comunidade da Horta
Comunitária e Pedagógica da Biblioteca Érico Veríssimo, contendo todo o material
cartográfico resultante da aplicação de questionários e colheita de testemunhos orais,
revelador do processo de construção da horta comunitária e pedagógica, refletido durante
o Projeto de Iniciação Científica. Além disso, participação e apresentação em eventos
científicos temáticos durante o período da bolsa de estudos, participando de amplos
espaços de diálogo científico.

REFERÊNCIAS

ALTIERI, M. ​Agroecologia​: bases científicas para uma agricultura sustentável. São


Paulo: Expressão Popular, 2012.
BORTOLOZZI, A; PEREZ FILHO, A. ​Diagnóstico da Educação Ambiental no ensino
de Geografia. ​Cad. Pesqui., São Paulo. n. 109, p. 145-171, Mar. 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742000000100007&lng=
en&nrm=iso>. Acesso em 23 de Outubro de 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742000000100007.
MOREIRA, J. R. ​Críticas ambientalistas à Revolução Verde​. In: Estudos Sociedade e
Agricultura. Revista semestral, 15, outubro, p.p.39 - 52, 205p, 2000.
NAGIB, G. ​Agricultura Urbana como Ativismo na Cidade de São Paulo​: o caso da
Horta das Corujas. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). São Paulo:
FFLCH/USP, 2006.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ANÁLISE DE VIDEOAULAS DE ASTROBIOLOGIA PARA CRIANÇAS PROPOSTAS


POR UM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL1

BATISTA, Denilson Rodrigues2


PERTICARRARI, André

RESUMO

Buscamos nos valer de audiovisuais produzidos por um espaço de educação não


formal sobre Astrobiologia com cunho didático para analisar como podem contribuir com a
curiosidade e levar à alfabetização científica. Assim, selecionamos videoaulas disponíveis
no “Sabina em casa” voltadas para alunos do Fundamental I e analisamos alguns dos
seus aspectos: linguagem; uso de imagens e animações; e a abordagem. Para isso,
consideramos o conteúdo, os aspectos técnico-estéticos, a proposta pedagógica e o
público a que se destina. As videoaulas apresentam dinamismo, envolvem o espectador
na narrativa, têm imagens reais, desenhos ou animações, tratam adequadamente dos
conceitos científicos; porém, necessitam complemento de um mediador/professor, além
de requererem conhecimentos prévios, sinalizando a importância da mediação na sua
discussão e aprofundamento para a compreensão e apreensão por parte do estudante.
Palavras-chave: Astrobiologia; Educação não formal; videoaulas

INTRODUÇÃO

A Astrobiologia deu um salto após o homem tocar o solo lunar. Mais de 50 anos
depois, a nova geração recebe com naturalidade o tópico “viagem espacial”. Além disso,
por meio dos noticiários e documentários é possível visitarmos muitos planetas,
acompanharmos asteroides, coletarmos pistas sobre a origem do Sistema Solar. Os mais
variados recursos midiáticos (rádio, jornais, televisão, sites na internet) tratam sobre os
temas: exoplanetas, sistemas estelares, existência de água em outros corpos celestes
etc. São muitas as informações que fazem parte do cotidiano dos estudantes e, na
maioria das vezes, chegam às salas de aula. E é nesse momento que tais informações
têm o potencial de tornarem-se conhecimento.

Para tanto, e nesse contexto de uso dos recursos tecnológicos e midiáticos na


educação, insere-se o vídeo didático, uma vez que “as linguagens de áudio e de vídeo
têm permeado boa parte das relações entre as pessoas” (GOMES, 2008). E, assim, ao se
valer de audiovisuais sobre Astrobiologia com cunho didático isso pode contribuir com a
curiosidade e levar à alfabetização científica das crianças. Entendemos, ainda, que:
o processo de alfabetização científica demanda a promoção de diálogos e
aproximações entre a cultura que nossos estudantes já carregam e a cultura
científica (...) a apropriação de saberes relacionados a termos e conceitos
científicos, a compreensão de aspectos referentes à natureza da ciência, as

1 Dissertação de mestrado pelo Instituto Federal de São Paulo – sem financiamento. Ensaio produzido na
disciplina Ciência, Arte e Mídia: Interfaces Socioculturais no Ensino de Ciências (ENCIMA/IFSP).
2 Mestrando em Ensino de Ciências e Matemática no Instituto Federal de São Paulo (ENCIMA/IFSP); São
Paulo; SP; denilson.robatista@gmail.com; BATISTA, Denilson Rodrigues.
Doutor em Biologia; professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP);
São Paulo; SP; aperticarrari@ifsp.edu.br; PERTICARRARI, André
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relações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente; a promoção de
condições necessárias à realização de leituras críticas da realidade e a
intervenção social em uma perspectiva emancipadora e de inclusão social
(MARQUES; MARANDINO, 2018).

É neste viés que o uso de audiovisuais didáticos produzido por um espaço de


educação não formal pode ser um grande aliado e dar suporte ao aprendizado escolar,
em especial na educação e alfabetização científica das crianças.

OBJETIVOS

Durante a pandemia do Coronavírus que ocasionou a oferta de material


educacional no suporte ao ensino remoto, buscou-se selecionar videoaulas de
Astrobiologia (Fig. 1) do "Cientista Mirim" disponíveis no “Sabina em casa” (Sabina Escola
Parque do Conhecimento em parceria com o Planetário e Cinedome de Santo André
Johannes Kepler), voltadas para alunos do primeiro ciclo do Fundamental I e analisar
alguns dos seus aspectos, tais como: linguagem, pela natureza narrativa dos vídeos; uso
de imagens e animações e como isso pode contribuir com a fala; e a abordagem didática
para este público.
Figura 1 – Temas das videoaulas propostas por um espaço não formal para fins educativos
Aula/Tema (Duração ’min.’’seg.)
1. O que é Astrobiologia (5’26’’) 2. A Terra (5’15’’)
3. Eventos astronômicos (4’52’’) 4. Os Extremófilos (7’50’’) 5. Planeta Marte (6’29’’)
6. Luas do Sistema Solar (5’38’’) 7. Exoplanetas (6’55’’) 8. Equipamentos (2’36’’)
9. A Lua (6’07’’) 10. Mundo Microscópico (4’02”) 11. Cometas (18’18’’)

Fonte: Próprio autor (Videoaulas disponíveis em: <http://sabinaemcasa.com.br/>).

METODOLOGIA

Ao analisar as videoaulas foram utilizadas as categorias propostas por Gomes


(2008) para audiovisuais didáticos: conteúdo, aspectos técnico-estéticos (linguagem,
roteiro, estrutura narrativa, formato e produção), proposta pedagógica, material de
acompanhamento e público a que se destina. Um aspecto considerado foi a ambientação
das videoaulas na Sabina, espaços internos e externos, e no Planetário Johannes Kepler.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma característica das videoaulas é o dinamismo evidenciado pelo tempo curto


que, em geral, não ultrapassa seis minutos de duração (Fig. 1), exceto quando acontecem
atividades práticas ou demonstrações como na aula sobre extremófilos, na qual são
observados tardígrados ao microscópio óptico; ou na aula sobre cometas, na qual é
realizada a “fabricação” de um cometa com elementos que podem ser utilizados em casa
(água congelada, tinta guache etc) e simulam aqueles que fazem parte da sua
composição.

Essa linguagem dinâmica dos recursos audiovisuais atinge o olhar da criança que,
em geral, chega à escola conhecendo imagens provindas de aparatos tecnológicos como
a televisão e o computador. Conforme Penteado (2003) fica evidente a importância dos
audiovisuais na educação, pois a criança interage frequentemente com produtos culturais,
seja nos livros literário, didático, de história em quadrinhos, seja em audiovisuais.
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O roteiro das videoaulas é feito de modo a envolver o espectador, começando com
o cenário de fundo que pode simular uma sala de comando de missões espaciais ou
mesmo o solo de Marte. No desenrolar da narrativa, o professor Marcos Pedroso, com
linguagem que visa motivar, informar e sensibilizar, faz uma introdução ao que será
abordado, acompanhada de desenhos ou animações. Há, também, exemplos de
personagens de filmes (os centauros de Percy Jackson), relacionando mitologia grega
aos nomes das constelações, criando uma associação mais perceptível.

As videoaulas apresentam qualidade satisfatória no tratamento dos conceitos


científicos abordados, se utilizando da narrativa envolvendo o espectador e fazendo
adequação do conteúdo e da linguagem, em suas diferentes formas, ao público a que se
destina. Para Moran (1995) a retórica apresentada pelos audiovisuais – narrativa pautada
na sequência de fatos – é adaptada à sensibilidade humana. Assim, as videoaulas podem
se aproximar dessa sensibilidade.

Entretanto, com relação às informações, os vídeos mostram-se com quantidade


considerável, necessitando complemento de um mediador/professor, além disso, as
crianças requerem informações prévias que facilitem a compreensão de cada videoaula.
Tal fato vai ao encontro de Moran (1995), que traz as tecnologias educacionais como o
vídeo, nos ambientes escolares, como meio de aproximação do cotidiano do estudante,
porém apenas essa inserção não modifica a relação pedagógica. Assim, seu uso como
ferramenta pedagógica requer um planejamento com uma proposição definida pelo
mediador/professor, devendo acompanhar as etapas no desenvolvimento do aprendizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

São muitas as possibilidades do uso de videoaulas como forma de contribuir para a


alfabetização científica de crianças, pois podem aproximá-las da cultura e dos conceitos
científicos. Contudo, o entendimento pressupõe conhecimentos prévios para compreender
a singularidade de temas, aspecto que sinaliza a importância de um professor ou outro
mediador na abordagem prévia e na discussão e aprofundamento das videoaulas para
uma melhor compreensão e apreensão por parte do estudante.

REFERÊNCIAS

GOMES, Luis Fernando. Vídeos didáticos: uma proposta de critérios para análise.
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 89, n. 223, p. 477-492,
set./dez. 2008.
MARQUES, Amanda Cristina Teagno Lopes; MARANDINO, Martha. Alfabetização
científica, criança e espaços de educação não formal: diálogos possíveis. Educação e
Pesquisa, São Paulo, v. 44, 2018.
MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação, São Paulo,
ECA-Ed. Moderna, [2], p. 27-35, jan./abr. 1995.
PENTEADO, Heloisa Dupas. De cabeça aberta para a educação. Revista Comunicação
& Educação, São Paulo, ano IX, n. 26, jan./fev., 2003.

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TEATRO CIENTÍFICO NA PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DE ENERGIA:
RESULTADOS DE UMA INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Doutor - IFSP; São Paulo; professor.danielmoura@gmail.com; MOURA, Daniel.


Graduanda em física - IFSP; São Paulo; leticia.fig.santos@gmail.com; ​SANTOS, Letícia​.

RESUMO

Este trabalho traz uma proposta teatral, feita a partir de uma revisão bibliográfica,
que tem o intuito de promover o uso racional de energia e contribuir com o
desenvolvimento sustentável. A proposta é voltada para ser aplicada em ambientes
escolares, com a participação de adolescentes entre 12 a 15 anos de idade. A
importância da pesquisa se dá pelo fato de que o consumo de energia aumenta com o
passar dos anos devido a vários fatores, para atender a esta demanda, causa-se pressão
crescente sobre o meio ambiente. Por meio da conscientização dos problemas gerados
pelo alto consumo energético, pode-se contribuir com a diminuição do desperdício de
energia. Assim, pensou-se em usar o teatro científico como método de conscientizar
alunos da educação básica quanto ao uso de energia.
Palavras-chave: ​Meio ambiente, Energia, Teatro científico, Conscientização, Ensino.

INTRODUÇÃO

A cada ano que passa o consumo energético aumenta. Isto ocorre devido a
diversos fatores, dentre os quais podemos destacar: desenvolvimento tecnológico;
aumento na densidade demográfica; clima, que promove o uso de ventiladores e ar
condicionado; cultura, dentre outros. O problema é que a medida que a demanda por
energia cresce, é necessário criar novas fontes geradoras, aumentando assim a pressão
sobre o meio ambiente (GUENA, 2007). Para reduzir a curva de aumento da necessidade
de construir novas usinas e minimizar o problema; é possível fazer uso de mecanismos de
base comportamental, visando modificar hábitos e padrões de utilização da energia.
De acordo com Moreira (2013), o teatro científico se aproxima do teatro didático de
Bertolt Brecht. Brecht acreditou que a arte poderia proporcionar a reflexão necessária
para a construção de uma nova sociedade. O teatro brechtiano cria um diálogo entre
palco e platéia valorizando a consciência crítica dos espectadores, os entendendo como
seres responsáveis por suas próprias decisões. Para Brecht qualquer tema pode estar no
teatro, ele constrói significados a respeito do mundo que o cerca, a partir de suas próprias
vivências (COSTA, 2006). Pode-se inclusive trabalhar o tema ambiental, principalmente
no que diz respeito à energia, levando o espectador a repensar as suas ações diante do
meio em que vive.
Tendo em vista o poder transformador da sociedade que a linguagem teatral
possui, trazemos uma proposta teatral para se trabalhar com alunos da educação básica,
que visa conscientizar sobre a necessidade de se evitar o desperdício de energia. A
proposta consiste na elaboração e apresentação de uma peça de teatro científico pelos
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alunos. Com intenção de ajudá-los neste propósito o professor ofertaria oficinas semanais
para desenvolver habilidades e fazer discussões sobre energia e sociedade.

OBJETIVOS

Apresentar uma proposta que visa promover o uso racional de energia.

METODOLOGIA

No primeiro semestre deste ano fez-se uma revisão bibliográfica sobre dois temas
centrais: teatro e sociedade e teatro científico. A partir das informações obtidas, criou-se
uma proposta teatral para trabalhar energia e sociedade em escolas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as possibilidades de se trabalhar com esse teatro na educação formal, está


a de levar os alunos a desenvolverem e a atuarem em espetáculos. A proposta
apresentada nesta seção vai nesta linha. Para sua realização são necessárias 60 horas
divididas em duas horas semanais, com no máximo 20 participantes com idade entre 12 a
15 anos. A estrutura básica de cada encontro de 120 minutos é descrita na tabela 1.

Tabela 1. Atividade de cada encontro.


TEMPO OBJETIVOS METODOLOGIA / ATIVIDADES
-Proporcionar vínculo entre
  Os participantes sentam numa roda e narram o que vivenciaram
os envolvidos na atividade
no encontro passado. A troca de experiências irá proporcionar
teatral;
(20 min.) maior vínculo entre os participantes.
- Acolher os participantes. 
Ainda sentados em forma de roda, começar uma discussão
sobre o tema energia. Por exemplo: O que é energia? Onde ela
 
está? Ela tem alguma forma? Levar essa discussão de maneira
- Desenvolver saberes
dialógica, tentando analisar o conhecimento prévio dos alunos
(30 min) sobre energia.
sobre o assunto. A ideia é que eles não se sintam em uma aula
  tradicional. Pode-se usar experimentos, adaptações de jogos
educacionais etc. 
Começar com um jogo teatral de aquecimento corporal,
explorando as relações entre o corpo e o espaço. Por exemplo:
- Aquecer o corpo.
  -Explorar possibilidades de
Os jogadores permanecem silenciosamente sentados e sentem
aquilo que está em contato com seus corpos, como suas roupas
expressão corporal.
(20 min) e acessórios e elementos do espaço. Depois eles caminham e
  investigam fisicamente o espaço com as partes de seus corpos,
como se o espaço fosse uma substância desconhecida.
Começar com um jogo de desenvolvimento de história ou de
elementos que a constituem, como os personagens, cenário,
- Desenvolver cenas. local etc. Outra atividade que pode ser feita é a partir da
(20 min)
discussão sobre energia e jogo de desenvolvimento de história,
os alunos se dividirem em grupos e desenvolverem pequenas
cenas para apresentação.
(30min) - Analisar cenas teatrais. Cada grupo criado apresenta a cena desenvolvida, para os
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- Contribuir com melhoria outros grupos depois de terem conversado e ensaiado entre si.
de cenas. Após cada apresentação, os participantes espectadores
apresentam críticas do que viram, contribuindo para melhoria da
cena dos colegas.

Espera-se que no decorrer dos encontros os alunos desenvolvam habilidades para


a criação de um espetáculo teatral. Para as primeiras 30 horas do projeto, propõe-se foco
na improvisação de cenas (sugere-se utilizar atividades apresentadas na obra de Spolin
(2001) para trabalhar esta competência) e criação de pequenos roteiros baseados nas
discussões, sobre energia, que são realizadas no início e no final de cada encontro. Cada
grupo encena o seu roteiro aos demais participantes da oficina e em seguida discutem os
resultados.
Nas 30 horas restantes, os alunos trabalharão na criação de um roteiro único. As
improvisações e discussões realizadas nas primeiras horas de trabalho são a base para o
desenvolvimento do roteiro final. A peça final desenvolvida pode ser apresentada em
diversos ambientes, inclusive em eventos de teatro científico. Após a apresentação,
pode-se promover uma discussão com o público sobre o uso racional de energia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A proposta teatral apresentada por este trabalho permite discorrer sobre a


problemática energética semanalmente com os participantes da mesma, tendo potencial
de trazer novos saberes e competências em torno do tema energia. Desta forma, ela pode
promover o uso racional de energia.

REFERÊNCIAS

COSTA, Rodrigo. ​Tempos de resistência: ​Os tambores de Bertolt Brecht ecoando na


cena teatral brasileira sob o olhar de Fernando Peixoto. Dissertação de mestrado.
Universidade Federal da Uberlândia, Minas Gerais, 2006. Disponível em:
<​http://clyde.dr.ufu.br/bitstream/123456789/16353/1/RFCostaDISSPRT.pdf​> Acesso em:
02 julho 2020.
GUENA, A. M. O. ​Avaliação ambiental de diferentes formas de geração de energia
elétrica​. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 146 f. 2007. Disponível em:
<​https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85134/tde-14052007-224500/publico/Ana
MariadeOliveiraGuena.pdf​> Acesso em: 01 setembro 2020.
MOREIRA, Leonardo. ​O teatro em museus e centros de ciências: ​Uma leitura na
perspectiva da alfabetização científica. Tese de doutorado. Faculdade de educação da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em:
<​https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-04112013-114701/publico/LEO
NARDO_MACIEL_MOREIRA.pdf​> Acesso em: 02 julho 2020.
SPOLIN, Viola. ​Jogos teatrais: ​o fichário de Viola Spolin. São Paulo: Editora Perspectiva,
2001.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

OS JOGOS NA EDUCAÇÃO: METODOLOGIA MIND LAB 1

GOMES, Emerson Ferreira 2


MATSUMOTO, Marcio Yuji 3
PAES DE BARROS, Marcos 4

RESUMO

A pesquisa exploratória de abordagem quali-quantitativa analisa a metodologia


Mind Lab. A análise documental e de conteúdo de livros e artigos científicos apontam um
significativo aumento de proficiência em diferentes áreas do saber devido à aplicação da
metodologia inspirada na Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, que utiliza jogos
educacionais, métodos metacognitivos e mediação.

Palavras-chave: Jogos; Mind Lab; Metacognição; Mediação.

INTRODUÇÃO

A Mind Lab é uma empresa israelense que atua em Pesquisa e Desenvolvimento


de tecnologias educacionais por meio do Programa MenteInovadora, uma proposta
curricular-pedagógica para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais,
emocionais e éticas, por meio de jogos de raciocínio, com ênfase na aprendizagem com
significado e no papel do professor mediador (FONSECA, 2017, p. 11), estruturado em
cursos que contemplam as demandas de cada faixa etária, com materiais didáticos para o
aluno e para os professores (GARCIA et al, 2013, p.16).

OBJETIVOS

O objetivo do estudo é compreender a metodologia Mind Lab que aborda jogos na


educação, suas bases teóricas e quais os resultados de sua aplicação, corroborando para
o projeto de pesquisa de mestrado intitulado “Matematicando no Parque: Motivação no
Ensino de Matemática em Espaço não Formal”.

METODOLOGIA

1 Trabalho curricular da disciplina Ciência, Arte e Mídia: Interfaces Socioculturais do Mestrado Profissional
em Ensino de Ciências e Matemática.
2 Doutor em Ensino de Ciências; Universidade de São Paulo (USP); São Paulo; SP;
emersonfg@ifsp.edu.br; GOMES, Emerson Ferreira.
3 Doutor em Química; Universidade de São Paulo (USP); São Paulo; SP; matsumoto@ifsp.edu.br;
MATSUMOTO, Marcio Yuji.
4 Mestrando em Ensino de Ciências e Matemática; Instituto Federal de São Paulo (IFSP); São Paulo; SP;
paes.barros@aluno.ifsp.edu.br; PAES DE BARROS, Marcos.
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A pesquisa tem caráter quali-quantitativa exploratória (CRESWELL; CLARK, 2007
apud SOUZA; KERBAUY, 2017, p.38). Os dados coletados são provenientes de
observação e pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos. Os dados foram
submetidos à análise documental e de conteúdo (BARDIN, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A “Metodologia Mind Lab” é baseada em três pilares: a utilização de diferentes


jogos de raciocínio como recursos didáticos; a organização de processos mentais e
atitudinais por meio de métodos metacognitivos e; as ações mediadoras do professor
(GARCIA et al, 2013, p.16).
É importante ressaltar que não são “aulas de jogo” e sim aulas com jogo. O intuito
não é formar jogadores, mas contribuir para a formação de pessoas capazes de raciocinar
sobre a realidade e sobre si mesmo, para resolver problemas encontrados no dia a dia de
forma madura. (FONSECA, 2017, p.13).
Na “Metodologia Mind Lab”, os Jogos de Raciocínio são recursos didáticos
aplicados em sequências didáticas com objetivos claros em relação ao desenvolvimento
das habilidades cognitivas, emocionais, sociais e éticas (GARCIA et al, 2013, p.25). Eles
são utilizados na construção de estratégias e métodos, conhecimentos e reflexões e que
extrapolam a situação de jogo (GARCIA et al, 2013, p.25).
São dezenas de títulos de jogos incorporados em um currículo que abrange da
Educação Infantil até o Ensino Médio. Podemos citar como alguns exemplos: Abalone,
Damas; Quoridor, Octi, Ilha do Tesouro, Hora do Rush, Lobo e Ovelhas...
Os métodos metacognitivos desenvolvidos pela Mind Lab, nomeados por
metáforas, são ferramentas internas construídas a partir das experiências vividas na
situação de jogo, que organizam os pensamentos, sentimentos, atitudes e ações,
favorecendo a metacognição (GARCIA et al, 2013, p.25). São eles: Árvore do
Pensamento; Aves Migratórias; Detetive; Escada; Espelho; Filmadora; Filtro; Pintor;
Semáforo e Tentativa e Erro (GARCIA et al, 2013, p. 131).
Cada método apresenta características próprias e desenvolvem habilidades
específicas, como por exemplo, o método do semáforo é composto por três fases:
Vermelho (Pare); Amarelo (Pense) e; Verde (Faça). O método do semáforo, “recomenda
parar antes de agir, organizar os pensamentos e atuar de forma consciente e com
responsabilidade” (FONSECA, 2017, p.17). As habilidades desenvolvidas nesse método
são: controlar a impulsividade; prestar atenção ao entorno; distinguir características
relevantes e irrelevantes; fazer escolhas a partir dos dados; elaborar um novo plano
diante de mudanças no contexto e; atuar de maneira crítica (GARCIA et al, 2013, p. 134).
Teorias de desenvolvimento propostas por autores interacionistas, como Piaget,
Vygotsky e Feuerstein, entre outros, aliadas às necessidades específicas para a
apropriação de conceitos e conteúdos escolares, orientados pelos Parâmetros e Diretrizes
Curriculares Nacionais, compõem a proposta curricular da Mind Lab e do Programa
MenteInovadora. (GARCIA et al, 2013, p. 26)
O Programa MenteInovadora é baseado na Teoria da Modificabilidade Cognitiva
Estrutural (MCE) de Feuerstein, que tem como premissa que todo ser humano pode
modificar suas estruturas cognoscentes, ou seja, pode “aprender a aprender” (GARCIA et
al, 2013, p. 30).
Feuerstein defende que é possível desenvolver a inteligência, entendida como
modificável, por meio de intervenções mediadas, ou seja, quando um ser humano se
interpõe, intencionalmente, entre o mediado e o conhecimento para ampliar as
possibilidades de aprendizagem (MEIER; GARCIA, 2011 e GARCIA et al, 2013, p.31).
Existem diversos estudos que avaliam a aplicação da Metodologia Mind Lab em
parceria com diversos institutos de pesquisa e universidades como o INADE (Brasil), o
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IPRASE (Itália), a Universidade Northumbria (Inglaterra) e a Universidade de Yale
(Estados Unidos) (FONSECA, 2017, p. 28).
Segundo os estudos feitos em Yale por Green e Gendelman (2004), a aplicação da
Metodologia Mind Lab colaborou para suprimir disparidade entre as salas, melhorando os
resultados escolares e no próprio jogo.
O INADE, em parceria com a Mind Lab do Brasil, promoveu um ciclo de estudos
exploratórios com o objetivo de levantar dados e informações em relação ao impacto da
utilização da Metodologia do Programa MenteInovadora (GARCIA et al, 2013, p.14).
De acordo com a pesquisa, foi aferido um aumento de proficiência de 184% em
Matemática, 478% em Língua Portuguesa e 162% em Ciências da Natureza com a
utilização da metodologia (GARCIA et al, 2013, p. 46).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A ludificação tem se consolidado como uma forte tendência na educação,


sobretudo nas últimas décadas, impulsionada por grandes avanços tecnológicos, mas a
Mind Lab apresenta uma proposta diferenciada.
A metodologia Mind Lab se baseia em três pilares: jogos educacionais, métodos
metacognitivos e professor mediador. Tem inspiração na teoria do desenvolvimento
humano interacionista, forte influência da Modificabilidade Cognitiva Estrutural de
Feuesrtein e no Brasil, teve seu currículo adaptado à legislação vigente.
Os resultados dos estudos sugerem que quanto mais tempo o aluno participa das
aulas da Metodologia do Programa MenteInovadora, maior o impacto positivo nos seus
níveis de proficiência nas diferentes áreas do saber.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.


FONSECA, Amarylis Pereira. Impasses da relação entre docência e o lúdico: Um
estudo da Metodologia Mind Lab na Educação Infantil. 2017. 77 f. Monografia
(Licenciatura em Pedagogia) - UFRJ. Rio de Janeiro, 2017
GARCIA, Sandra; ABED, Anita; SOARES, Tufi; RAMOS, Mozart. O prazer de ensinar e
de aprender: contribuições de uma metodologia no aprimoramento das práticas
pedagógicas. São Paulo: Mind Lab Brasil & INADE, 2013. Disponível
em: https://conteudo.mindlab.com.br/hubfs/Inade_19.rar. Acesso em: 20 ago. 2020.
GREEN, Donald; GENDELMAN, Dan. Can a curriculum that teaches abstract
reasoning skills improve standardized test scores? Connecticut, EUA: Yale University,
2004. Disponível em: https://conteudo.mindlab.com.br/hubfs/Report%20Yale%20(Eng)-
1.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020.
MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da aprendizagem: contribuições de
Feuerstein e Vygotsky. Curitiba: Edição do autor, 2007.
SOUZA, K. R., & KERBAUY, M. T. M. (2017). Abordagem quanti-qualitativa:
superação da dicotomia quantitativa-qualitativa na pesquisa em
educação. EDUCAÇÃO E FILOSOFIA, 31(61), 21-44. https://doi.org/10.14393/REVED
FIL.issn.0102-6801.v31n61a2017-p21a44

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

O LÚDICO NA SALA DE ESCAPE ROOM PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS DA


NATUREZA1

NIKITIN, Patricia Marcondes 2


ADINOLFI, Valéria Trigueiro Santos3

RESUMO

Com a preocupação de motivar o engajamento dos alunos nas aulas o presente


estudo propõe uma reflexão sobre a utilização da sala de escape room relacionada ao
ensino de ciências da natureza para alunos do ensino médio. Trata-se de um
levantamento qualitativo de cunho bibliográfico com a relação entre os conceitos do jogo,
lúdico, gamificação e a educação. O resultado demonstra que a gamificação, o jogo e a
sala de escape room podem contribuir para o ensino de ciências promovendo o
engajamento dos alunos tornando as aulas mais dinâmicas favorecendo o processo de
ensino e aprendizagem dos mesmos. Há uma necessidade de mudança no cenário
educacional neste ano de 2020 que está atípico e desafiador.

Palavras-chave: Escape room, lúdico, gamificação, jogos.

INTRODUÇÃO

Os estudantes do século XXI estão inseridos em um mundo mais tecnológico em


que se faz necessária mudanças na dinâmica das aulas para que se aproximem da
realidade do aluno. Neste cenário o pluralismo metodológico produz resultados mais
satisfatórios que as abordagens tradicionais. Os jogos são instrumentos capazes de
transformar uma aula com uma metodologia ativa, dinâmica melhorando as relações entre
os alunos e entre professores e alunos, trabalhando neste contexto diversas
competências e habilidades dos mesmos e retomando o lúdico para a sala de
aula. (KISHIMOTO, 2011)
Porém para que estas transformações aconteçam se faz necessária uma
conscientização para uma inovação nas didáticas das aulas com o uso do lúdico.

1
Recorte da Pesquisa de Mestrado no projeto O uso de jogos de simulação, Escape Room, como
ferramenta interdisciplinar de ensino para alunos do ensino médio.
2
Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática; IFSP; São Paulo; SP; patricianikitin@gmail.com;
NIKITIN, Patricia Marcondes
3
Docente do Programa do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática; IFSP; Campus São
Paulo, vtrigueiro@ifsp.edu.br

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OBJETIVOS

Propor uma reflexão acerca da utilização de jogo – neste caso uma sala de escape
room – para a aprimorar o processo de ensino e aprendizagem de conteúdos de ciências
da natureza no ensino médio.

METODOLOGIA

Este estudo envolve uma abordagem qualitativa que se caracteriza por buscar uma
compreensão mais profunda dos sentidos do objeto de estudos " [...] por ser uma forma
adequada para entender a natureza de um fenômeno social [...]." (RICHARDSON,1999, p.
79 Apud ADINOLFI, 2014, p. 88). Neste trabalho a metodologia qualitativa permite
compreender e cientificar os sentidos do jogo no processo de aprendizagem, sua
potencialidade na construção do conhecimento e compreensão do mundo de forma lúdica
(KISHIMOTO, 2011). Realizou-se análise conceitual da ludicidade, da gamificação e da
escape room e suas relações com a educação com o intuito e utilização como estratégia
de ensino no contexto educacional – em especial com alunos de ciências da natureza do
ensino médio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Levantamento pela plataforma Google Trend realizado em 27/09/2020 nota-se que


após uma leve queda pela busca do termo “o lúdico na educação” como indica o gráfico 1
e “gamificação na educação” como indica o gráfico 2 há um aumento sustentado de
pesquisas sobre o tema, com pode ser visto a seguir:

Entretanto, quais os sentidos desses termos e quais os possíveis impactos na


educação? Para conceituar e analisar os dois conceitos foi feito levantamento
bibliográfico.
A ludicidade é relacionada à reação ao modelo tradicional de ensino, com o jogo
aparecendo como uma alternativa viável, livre de pressões e obrigatoriedade, mas com
regras delimitadas que favorecem a construção de conhecimentos prévios em
conhecimentos mais elaborados. Jogos são acompanhados de sentimentos de tensão e
alegria que fazem com que o jogador se insira no processo de modo intenso e totalitário.
(HUIZINGA, 1993).
Já gamificação é um termo relacionado ao uso de elementos do jogo em um
ambiente que não é jogo com o objetivo de gerar engajamento e incrementar a
participação nas mais diversas atividades cotidianas (FADEL, 2014). Esses elementos
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são associados ao melhor engajamento dos alunos, como por exemplo, em uma sala de
escape room.

Escape room como abordagem lúdica para o ensino de ciências:

Uma modalidade em alta no país são as salas escape room, um jogo em que os
participantes devem escapar da sala, em um período curto de tempo após desvendarem
as pistas e descobrir os enigmas que vão surgindo à medida que os participantes da sala
vão explorando o ambiente. Por definição, salas de escape room são:
“Jogos baseados em equipes de ação ao vivo, onde os jogadores descobrem
pistas, resolvem quebra-cabeças e realizam tarefas em uma ou mais salas para
cumprir um objetivo específico (geralmente escapar da sala) em uma quantidade
limitada de Tempo''. LÓPEZ-PERNAS, 2019

Essa estratégia pode ser utilizada tanto na modalidade de ensino híbrido como no
modelo presencial e permite o desenvolvimento de competências como a investigação de
situações-problema, avaliação e aplicações do conhecimento científico e tecnológico e
proposição de soluções, conforme a BNCC, competência 3 – Ciências da Natureza e
Suas Tecnologias – Ensino Médio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Um ensino de Ciências da Natureza significativo, lúdico e engajador é desafiador


aos professores, necessita de tempo e muito estudo. Entretanto, os alunos do século XXI
anseiam por aulas dinâmicas e diversificadas. O aumento da busca por termos como
ludicidade e gamificação na educação mostra que há espaço e necessidade de se refletir
sobre o tema. Engajamento, participação e solução de enigmas são trabalhadas inclusive
em consonância com a BNCC. Assim, uma sala de escape room permite aos alunos
investigar uma situação problema e levantar hipóteses sob uma perspectiva científica.
REFERÊNCIAS

ADINOLFI, Valéria Trigueiro Santos. Educação em valores e bioética - formação de


engenheiros. 2014. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. doi:10.11606/T.48.2014.tde-30032015-
141638. Acesso em: 2020-10-20

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ensino Médio. Brasília: MEC. Versão
entregue ao CNE em 03 de abril de 2018
HUIZINGA, J. Homo Ludens; o jogo como elemento da cultura. 4. Ed. Tradução João
Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 1993.

KISHIMOTO, T M, Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação, Cortez Editora, São


Paulo, 2011

LÓPEZ-PERNAS, Sonsoles et al. Examining the use of an educational escape room


for teaching programming in a higher education setting. IEEE Access, v. 7, p. 31723-
31737, 2019

FADEL, L.M., ULBRICHT, V.R.,BATISTA, C.R., VANZIN, T. Gamificação na educação,


Pimenta Cultural, São Paulo, 2014.
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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

A GAMIFICAÇÃO NA MATEMÁTICA1

SILVA, Ana Paula Freire da2


OLIVEIRA, Rebeca Vilas Boas Cardoso de3

RESUMO
O presente trabalho tem o intuito de pesquisar como está sendo discutida a gamificação
na matemática, compreendendo quais atividades e recursos estão sendo utilizados nas
atividades gamificadas em sala de aula. Nessa pesquisa, explicamos o surgimento da
gamificação no contexto educacional e, de modo qualitativo e exploratório, selecionamos
e analisamos vídeos disponíveis no Youtube que apresentam o uso dessa metodologia
ativa. Concluímos que existem poucas abordagens da gamificação na matemática quando
comparadas com a educação e/ou o ensino, e delineamos os recursos mais utilizados.
PALAVRAS-CHAVES: gamificação na matemática; metodologia ativa; vídeos.

INTRODUÇÃO

Apesar de a natureza dos jogos remeterem ao entretenimento, os


desenvolvedores de games e de jogos de diversão se utilizam de referenciais diversos
para contextualizarem a história, a narrativa e os personagens, elementos estes que
podem contribuir para a promoção da aprendizagem (MATTAR, 2020).
Conforme Kishimoto (1999), a criação dos jogos educativos teria surgido no
Instituto Jesuítas no século XIV, com o objetivo de enriquecer a ação didática por meio de
atividades envolvendo o lúdico. Dickmann (2020) salienta que a aprendizagem com jogos
educativos tem o objetivo central na necessidade pedagógica como, por exemplo, a Torre
de Hanói com a necessidade pedagógica no raciocínio lógico, na contagem dos
movimentos e no levantamento de hipóteses com as trocas das peças.
A gamificação se utiliza de vários elementos dos jogos de entretenimento, com
foco na necessidade pedagógica, visando o engajamento e a interação dos alunos
(DICKMANN, 2020), assim como habilidades cognitivas, sociais e motoras (FADEL et al.,
2014). Desde 2010, essa metodologia ativa vem sendo discutida, buscando compreender
o processo, as potencialidades e responsabilidades com a aprendizagem (FADEL et al.,
2014).
Tendo em vista, que segundo Andrade et al. (2020) nossos alunos são das
gerações Z (2000 a 2009) e Alpha (à partir de 2010) considerados nativos digitais, pois
nasceram na era da tecnologia e buscam informações com rapidez, as metodologias
ativas surgem com várias possibilidades tecnológicas que dialogam com a vivência desse
aluno.
O trabalho é um recorte de pesquisa que busca compreender a gamificação e sua
relação com a matemática. Segundo Fadel et al. (2014), atividades gamificadas poderiam
envolver os alunos, proporcionando aprendizagem com aulas dinâmicas, visto que é uma
forma divertida de entretenimento com engajamento em que são desafiados e embarcam

1 Dissertação de mestrado pelo Instituto Federal de São Paulo.


2 Mestranda IFSP; São Paulo; SP; aninha.teacher@gmail.com; SILVA, Ana Paula Freire da;
3 Orientadora Dra. OLIVEIRA, Rebeca Vilas Boas Cardoso de – Instituto Federal de São Paulo (IFSP), São
Paulo; SP; rebecavilasboas@ifsp.edu.br.
na história e narrativa dos personagens. O objetivo do aluno é vencer o jogo com
motivações extrínsecas, mas ao alcançar as metas ele adquire aprendizagem intrínsecas
de acordo com o objetivo da atividade. Além disso, os autores enfatizam que a
gamificação aborda o erro de um modo positivo, possibilitando, por meio dos feedbacks,
sua reflexão e, em muitas situações, de modo colaborativo com outros jogadores/alunos,
sua superação.

OBJETIVOS

O objetivo da pesquisa é compreender discussões acerca da gamificação no


ensino da matemática, de que forma a metodologia tem sido abordada em sala de aula
dos ensinos fundamental II e médio, compreendendo quais atividades e recursos estão
sendo desenvolvidos com essa metodologia.

METODOLOGIA E ANÁLISE DE RESULTADOS

A pesquisa é qualitativa e exploratória. Para a coleta de dados, foram realizadas


buscas sobre vídeos do Youtube para compreender as discussões e as propostas de
atividades gamificadas na matemática divulgadas nesta plataforma.
Buscamos analisar o conteúdo dos vídeos, primeiramente, selecionando-os pelo
título com os descritores [Gamificação na matemática] e [Gamificação matemática].
Houve muitos resultados, pois o Youtube realiza pesquisas abrangentes, sem
possibilidades de filtros avançados. Então, por meio da descrição dos vídeos, adotando
critério de escolhas e observando se há exemplos de atividades ou aplicação em sala de
aula com os ensinos fundamental II e médio, obtivemos a seleção de 6 (seis) vídeos: 1
(um) de 2018, 1 (um) de 2019 e 4 (quatro) de 2020, conforme quadro abaixo:

QUADRO 1: Seleção de Vídeos


Título do vídeo Atividade Canal Ano

Gamificação com Geogebra Aplicação do jogo dos Professor 2018


(Atividade 1) personagens com grupo do Rafael Costa
sétimo ano. Utilização de
Power point e Geogebra

Gamificação em sala de aula Gamificação com o Kahoot Estante do 2019


com Kahoot! #01 Ferramentas do Educador
Educador

Esquenta ECMAT 13/08 - O Jogo D.O.M. um game em 2020


Apps e Gamificação no Ensino da gênero plataforma que ECMAT IFPB
Matemática aborda funções quadráticas CZ

17/09 - ATPC - Ciências da Natureza e Relato de gamificação CMSP - 2020


Matemática - Jogos, atividades lúdicas utilizada com gincana e Formação de
e gamificação disputa em grupos Professores

Palestra: Gamificação no Ensino de Relato de gamificação em Semana Geek 2020


Ciências e Matemática grupos com matrizes – IFRN

RE Gamificação como estratégia para Relato de gamificação com SENID UPF 2020
o ensino e a aprendizagem da Kahoot e Socrative
matemática
Fonte: O próprio autor

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Para a pesquisa não delimitamos período, e é possível percebermos a atualidade
das discussões e aplicações da gamificação na matemática. O contexto atual de
pandemia, pode ser um indicativo para a crescente utilização da metodologia ativa em
2020, com o ensino ocorrendo por meio de aulas remotas. Também reflexo desse
cenário, as metodologias ativas sempre são pautadas nos espaços de formação de
professores, como a Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC), da rede estadual de
ensino, e lives de
eventos científicos, que buscam explicar, exemplificar com relatos de experiências e
instrumentalização, apresentando novas possibilidades de ensino aos professores.
Entre os vídeos identificados, 4 (quatro) deles apresentavam atividades com
recursos tecnológicos, e 2 (dois) indicavam a gamificação sem recurso digital.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/ CONCLUSÃO

A partir da análise dos vídeos, percebe-se que é recente prática da gamificação


como metodologia de ensino da matemática. Nesse momento de aulas remotas, parece
haver uma tendência de aumento em pesquisas com a metodologia ativa gamificação por
meio de tecnologia, buscando disseminar e discutir conhecimentos que possibilite a
construção de atividade gamificadas, a fim de promover o engajamento, a interação e
aprendizagem entre os alunos. Compreendemos ser relevante pesquisas que possibilitem
a discussão e divulgação de atividades gamificadas com aplicações em sala de aula com
o propósito de auxiliar e subsidiar novas possibilidades de ensino na matemática,
envolvendo também a formação de professores para uso dessa metodologia em suas
aulas de matemática.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, L. G. S. B.; AGUIAR, N. C.; FERRETE, R. B.; SANTOS, J. Geração Z e as


metodologias ativas de aprendizagem: Desafios na Educação Profissional e
Tecnológicas. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica. Vol. 1, 2020.
DICKMANN, I. Vídeo do Youtube (01:48). [SEMANA GAMEDUCAR] JOGOS
EDUCATIVOS. Publicado pelo canal Ivânio Dickiman. Disponível em: <https://youtu.be/
MXV9MHODkgc>. Acesso em 14 set.20.
FADEL, L.M.; ULBRICHT, V.R.; BATISTA, C.R.; VANZIN, T. Gamificação na educação,
Pimenta Cultural, São Paulo, 2014.
KISHIMOTO, T. Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3ª edição,
SP: Cortez, 1999.
MATTAR, J. Vídeo do Youtube. (26:12). Games e Gamificação em Educação. Publicado
no canal do João Mattar. Disponível em:< https://youtu.be/YzAWCSvEJQI>. Acesso em
26 set.20.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

O método de separação de variáveis para resolução da equação da onda:


o problema da corda elástica vibrante1

NASCIMENTO, João Paulo Silva do2


SANTOS, Flávia Milo dos3

RESUMO

Este trabalho baseia-se em uma ampla pesquisa bibliográfica desenvolvida


durante um projeto de iniciação científica sobre equações diferenciais parciais e
problemas envolvendo movimentos ondulatórios. Um dos estudos desenvolvidos durante
esse projeto está relacionado com a construção e solução do modelo matemático que
descreve as vibrações transversais de uma corda elástica com os dois extremos fixos,
como uma corda de violino, por exemplo. Esse modelo resulta em uma equação
diferencial parcial, conhecida como equação da onda unidimensional. Nesse trabalho será
apresentada a solução do modelo para a corda elástica vibrante, fixada nas extremidades,
utilizando o método de separação de variáveis e séries de Fourier.

Palavras-chave: equações diferenciais parciais, equação da onda, método de separação


de variáveis, modelagem matemática, séries de Fourier.

INTRODUÇÃO

No campo da física clássica o conceito de onda é extremamente importante para


o estudo de movimentos ondulatórios. Diversas situações envolvem esses movimentos
como, por exemplo, a perturbação gerada pelo impacto de uma pedra lançada sobre a
água.
Dada a relevância do tema, iniciou-se um projeto de iniciação científica onde
foram estudados os modelos matemáticos aplicados aos movimentos ondulatórios, com
um estudo amplo das equações diferenciais parciais e dos métodos de resolução. Como
um dos resultados desse projeto, nesse trabalho será apresentada a solução, utilizando o
método de separação de variáveis e séries de Fourier, para o modelo matemático que
descreve uma corda elástica, presa nas extremidades, e vibrando em um plano vertical.

1 Projeto de Iniciação Científica.


2 Estudante do curso de Licenciatura em Matemática; IFSP; São Paulo; SP;j.nascimento@aluno.ifsp.edu.br;
NASCIMENTO, João Paulo Silva do.
3 Professora Doutora; IFSP; São Paulo; SP; flaviamilo@ifsp.edu.br; SANTOS, Flávia Milo dos.
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OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é apresentar a solução da equação da onda que modela


o problema da corda elástica vibrante, com extremidades fixas, utilizando o método de
separação de variáveis e séries de Fourier.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho é baseada em


pesquisa bibliográfica, que teve início com um projeto de iniciação científica sobre o
estudo de equações diferenciais parciais em problemas envolvendo movimentos
ondulatórios.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nessa seção será apresentado o modelo, e sua resolução, para o problema da


corda elástica vibrante, com extremidades fixas, com base nas referências de Figueiredo
(2014), Gondar e Cipolatti (2016), Iório (2005), Iório Jr. e Iório (2013), Kreysig (2009),
Thornton e Marion (2014) e Vaz Jr. e Oliveira (2016).
Considere o movimento de uma corda elástica sujeita a pequenas vibrações
transversais, como uma corda de violino. Considere a corda situada ao longo do eixo 𝑥 ,
com comprimento 𝐿 e com extremidades fixas. A corda é estendida e então, em um dado
instante 𝑡, é solta, deixando-a vibrar. O problema consiste em determinar a deflexão da
corda 𝑢(𝑥, 𝑡) em um ponto 𝑥 e em qualquer instante 𝑡. O modelo para esse problema é
dado pela equação diferencial parcial
𝜕2𝑢 2
𝜕2𝑢
= 𝑐 , 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝐿, 𝑡 > 0 (1)
𝜕𝑡 2 𝜕𝑥 2
sujeita às condições de contorno (extremidades fixas)
𝑢(0, 𝑡) = 0, 𝑢(𝐿, 𝑡) = 0, 𝑡 > 0 (2)
e às condições iniciais (deflexão inicial e velocidade inicial, respectivamente)
𝜕𝑢
𝑢(𝑥, 0) = 𝑓(𝑥),(𝑥, 0) = 𝑔(𝑥), 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝐿 (3)
𝜕𝑡
onde 𝑓 e 𝑔 são funções contínuas. Na equação (1), 𝑐 2 = 𝑇⁄𝜌, em que 𝑇 é a tensão na
corda e 𝜌 é a massa por unidade de comprimento do material da corda.
Pelo método de separação de variáveis, tomando a solução da forma 𝑢(𝑥, 𝑡) =
𝐹(𝑥)𝐺(𝑡) na equação da onda (1), segue que
𝐺 ′′ (𝑡) 𝐹 ′′ (𝑥)
𝐹(𝑥)𝐺 ′′ (𝑡) = 𝑐 2 𝐹 ′′ (𝑥)𝐺(𝑡) ⟹
𝑐 2 𝐺(𝑡)
=
𝐹(𝑥)
=𝜆 (𝜆 constante) (4)

Dessa forma, 𝐹(𝑥) e 𝐺(𝑡) satisfazem as equações diferenciais ordinárias


𝐹 ′′ (𝑥) − 𝜆𝐹(𝑥) = 0 (5)
e
𝐺 ′′ (𝑡) − 𝜆𝑐 2 𝐺(𝑡) = 0. (6)
Utilizando as condições de contorno (2), resulta que 𝐹(0) = 0 e 𝐹(𝐿) = 0. Então, a
equação diferencial (5) sujeita a essas condições tem como solução os autovalores
𝑛𝜋 2
𝜆𝑛 = − ( ) , 𝑛 = 1,2, …, e as autofunções
𝐿

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𝑛𝜋𝑥
𝐹𝑛 (𝑥) = 𝐵𝑛 sen , 𝑛 = 1,2, … (7)
𝐿
onde 𝐵𝑛 são constantes.
Uma solução geral para equação (6), com 𝜆 = 𝜆𝑛 é da forma
𝑛𝜋𝑐𝑡 𝑛𝜋𝑐𝑡
𝐺𝑛 (𝑡) = 𝐶𝑛 sen + 𝐷𝑛 cos , 𝑛 = 1,2, … (8)
𝐿 𝐿
onde 𝐶𝑛 e 𝐷𝑛 são constantes.
Logo, para cada 𝑛, as soluções da equação (1) que satisfazem as condições de
contorno dadas em (2) são
𝑛𝜋𝑐𝑡 𝑛𝜋𝑐𝑡 𝑛𝜋𝑥
𝑢𝑛 (𝑥, 𝑡) = (𝑎𝑛 cos + 𝑏𝑛 sen ) sen , 𝑛 = 1,2, … (9)
𝐿 𝐿 𝐿
onde 𝑎𝑛 = 𝐷𝑛 𝐵𝑛 e 𝑏𝑛 = 𝐶𝑛 𝐵𝑛 , e

𝑛𝜋𝑐𝑡 𝑛𝜋𝑐𝑡 𝑛𝜋𝑥
𝑢(𝑥, 𝑡) = ∑ (𝑎𝑛 cos + 𝑏𝑛 sen ) sen . (10)
𝐿 𝐿 𝐿
𝑛=1
Utilizando as condições dadas em (3) e a equação (10), resulta
∞ ∞
𝑛𝜋𝑥 𝜕𝑢 𝑛𝜋𝑐 𝑛𝜋𝑥
𝑢(𝑥, 0) = ∑ 𝑎𝑛 sen = 𝑓(𝑥) e (𝑥, 0) = ∑ 𝑏𝑛 sen = 𝑔(𝑥). (11)
𝐿 𝜕𝑡 𝐿 𝐿
𝑛=1 𝑛=1
Dessa forma, 𝑎𝑛 e 𝑏𝑛 podem ser obtidos a partir dos coeficientes de uma série de
Fourier. Assim,
2 𝐿 𝑛𝜋𝑥 2 𝐿
𝑛𝜋𝑥
𝑎𝑛 = ∫ 𝑓(𝑥) sen 𝑑𝑥 e 𝑏𝑛 = ∫ 𝑔(𝑥) sen 𝑑𝑥. (12)
𝐿 0 𝐿 𝑛𝜋𝑐 0 𝐿
Portanto, a solução do problema é dada pela série apresentada em (10) com os
coeficientes dados em (12).

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Com este trabalho, obtido a partir de um projeto de iniciação científica, foi


discutido o modelo matemático para descrição do movimento ondulatório observado no
problema da corda elástica vibrante com extremidades fixas, utilizando o método de
separação de variáveis e séries de Fourier para sua resolução. A partir desse modelo,
outros problemas podem ser abordados com alterações nas condições de contorno e nas
condições iniciais apresentadas nesse trabalho.

REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO, D. G. Análise de Fourier e Equações diferenciais parciais. 4.ed. Rio de


Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada, 2014. (Projeto Euclides).
GONDAR, J. L.; CIPOLATTI, R. Iniciação à Física Matemática: modelagem de
processos e métodos de solução. 2. ed. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e
Aplicada, 2016. (Coleção Matemática e Aplicações).
IÓRIO, V. EDP: Um curso de graduação. 2.ed. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática
Pura e Aplicada, 2005. (Coleção Matemática Universitária).
IÓRIO JR., R.; IÓRIO, V. M. Equações diferenciais parciais: uma introdução. 3. ed. Rio
de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada, 2013. (Projeto Euclides).
KREYSZIG, E. Matemática Superior para a engenharia. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009.
THORNTON, S.T.; MARION, J.B; Dinâmica clássica de partículas e sistemas. São
Paulo: Cengage Learning, 2014.
VAZ JR, J.; OLIVEIRA, E. C. Métodos matemáticos. v.2. Campinas: Ed. Unicamp, 2016.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA VIBRATÓRIO PARA A PRODUÇÃO DE


OSCILAÇÕES FORÇADAS1

MATIAS, Gabriela Rodrigues2


da ROCHA, Carlos Antônio3

RESUMO
Este projeto se propõe a construir um experimento apropriado para as aulas de
laboratório que são normalmente oferecidas em cursos de ensino médio e graduação.
Este experimento está baseado em oscilações forçadas amortecidas de (a) um pêndulo
simples ou um pêndulo físico com um sistema de vibração no seu ponto de apoio ou (b)
um sistema massa-mola com vibração mecânica no ponto de fixação da mola. Essa
vibração no ponto de apoio deve possuir frequência variável de modo a permitir a
observação do fenômeno de ressonância. As oscilações serão monitoradas por um
frequencímetro, de modo a localizar a frequência de ressonância e compará-la com o
resultado teórico previsto. O objetivo principal é oferecer a possibilidade aos alunos de
poder observar o fenômeno da ressonância em um sistema mecânico in loco.

Palavras-chave: Oscilações Forçadas, Construção, Ressonância.

INTRODUÇÃO
As vibrações ou oscilações são fenômenos constantes em nosso dia-a-dia e se
fazem presentes até mesmo em ações da natureza, como quando uma pedra cai em um
lago formando ondas concêntricas que se propagam pelo lago, por exemplo. Estas são
extremamente importantes de serem exploradas em diversas áreas, tal como a análise
matemática e física delas, que é de extrema relevância para os estudos de Engenharia
Moderna.
O projeto proposto consiste na análise de sistemas vibratórios/oscilatórios em
geral, por fenômeno oscilatório estamos considerando tudo aquilo que se move em dois
sentidos de forma alternada em torno de uma posição de equilíbrio, tais como o Oscilador
Harmônico Simples, Oscilador Harmônico Amortecido e a partir desses conceitos
compreender a base para as Oscilações Forçadas. Abordando os sistemas tanto
mecânicos quanto eletrônicos, para, por fim realizar a construção de um sistema capaz de
realizar oscilações forçadas.
Para uma análise dos sistemas oscilantes, sejam eles mecânicos ou elétricos, se
torna necessário compreender o estudo e a aplicação das Equações Diferenciais.
Para trabalhar todos os temas que contemplam a fundamentação teórica
necessária para a construção do sistema vibratório para a produção de oscilações
forçadas, é preciso analisar cada um individualmente e, desse modo, cada conceito e
definição utilizados para os fenômenos oscilatórios.

1 Projeto de Iniciação Científica.


2 Estudante – Bacharelado em Engenharia Mecânica; IFSP; São Paulo; SP;
gabriela.matias@aluno.ifsp.edu.br; MATIAS, Gabriela Rodrigues;
3Doutor – IFSP Campus SP; São Paulo; SP; carlosrocha@ifsp.edu.br; da Rocha, Carlos Antonio;
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OBJETIVOS
O objetivo geral desse projeto é o estudo da oscilação harmônica forçada e a
observação do fenômeno da ressonância. Nesse sentido será construído um dispositivo
mecânico para fornecer a oscilação externa ao sistema.
Em particular, os objetivos específicos são
a) Resolver a equação diferencial pelo método da variação das constantes, de
modo que seja possível aplicar as equações necessárias conforme a definição
teórica do fenômeno das oscilações mecânicas.
b) b) Estudar os possíveis sistemas mecânicos que possam fornecer a oscilação
forçada ao sistema e
c) Construir o oscilador harmônico amortecido que possa contribuir para a
aplicação do conteúdo de oscilações harmônicas durante a apresentação da
disciplina de física teórica e experimental durante as aulas ministradas para o
Ensino Médio Técnico e para o Ensino Superior.
METODOLOGIA

O desenvolvimento do projeto se deu inicialmente por meio de pesquisas


bibliográficas referentes a produções acadêmicas que abordam o assunto em questão e
suas bases de estudo sendo estas as Oscilações. A partir do estudo bibliográfico foi
possível iniciar a aplicação dos conceitos teóricos para a construção a ser elaborada, de
modo que foi feita uma análise das equações de principal relevância para a compreensão
do sistema a ser elaborado.
Por fim foi determinada a construção a ser realizada, seguida dos estudos dos
elementos que constituem a construção e a atuação deles em cada equação já
previamente estudada, fundamentando o trabalho experimental que parte das bases
predefinidas pelos estudos bibliográficos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Se tratando de sistemas mecânicos podemos abordar, por exemplo, um sistema
massa-mola ou mesmo um pêndulo simples em que ambos realizam o movimento
harmônico simples (MHS) e o fenômeno oscilatório é analisado em um contexto ideal,
onde temos um Oscilador Harmônico Simples (OHS). Ao ser aplicada uma força que
impulsiona o movimento inicial, o corpo permanece em MHS eternamente; todavia em
situações reais existem perdas de energia, logo se tratam de Osciladores Harmônicos
Amortecidos (OHA), onde a energia se dissipa e o movimento é finito, eles são
caracterizados como: critico, supercrítico ou subcrítico. Para tentar manter as Oscilações
constantes, se torna necessária uma ação de força externa que compense a energia
dissipada, nesse caso temos uma Oscilação Harmônica Forçada.
1. Oscilador Harmônico Simples (OHS)
Consiste em um sistema que, quando deslocado de sua posição de equilíbrio,
sofre uma força restauradora F proporcional ao deslocamento x.
2. Oscilador Harmônico Amortecido
Os sistemas oscilantes ideais discutidos até o momento não possuíam atrito.
Nesses sistemas, as forças são conservativas, a energia mecânica total é
constante e, quando o sistema começa a oscilar, ele continua oscilando eternamente,
sem nenhuma diminuição da amplitude. Contudo, os sistemas reais sempre possuem
alguma força dissipativa, e a amplitude das oscilações vai diminuindo com o tempo, a
menos que seja fornecida alguma energia para suprir a energia mecânica dissipada
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(YOUNG, FREEDMAN, 2008). A diminuição da amplitude provocada por uma força
dissipativa é chamada de amortecimento e o movimento correspondente denomina-se
oscilação amortecida (YOUNG, FREEDMAN, 2008). Esse movimento pode ser
caracterizado de três formas: o pequeno amortecimento, o amortecimento crítico e o
superamortecido.
3. Oscilador Harmônico Forçado
A partir do conceito de Oscilador Harmônico Amortecido foi possível verificar que
as oscilações reais sofrem dissipação de energia, de modo que o movimento ocorre em
um tempo finito. Todavia se pode aplicar uma força externa que garanta que o movimento
continue ocorrendo, obtendo assim um Oscilador Harmônico Forçado. A força externa que
garante a continuidade do movimento é chamada e força propulsora.
Quando aplicamos esta força variando periodicamente com uma frequência
angular ωd ao oscilador amortecido, o movimento resultante se trata de uma oscilação
forçada (YOUNG, FREEDMAN, 2008). Portanto, diferente do oscilador amortecido que
possui uma frequência angular natural ω’, o forçado possui a frequência angular da força
propulsora ωd.
A partir de todos os conceitos aqui estabelecidos se deu início ao
desenvolvimento e construção do sistema oscilatório, que segue sendo projetado, tendo
como base para sua estruturação as fundamentações teóricas para nortear a captação de
dados que seguirá após a finalização da construção que está sendo desenvolvida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
A partir do estudo das oscilações, tendo como base as oscilações simples e
amortecidas, foi possível dar continuidade a compreensão dos conceitos envolvidos para
a análise das oscilações forçadas, de modo que a partir de toda instrução teórica se deu
início a análise da construção experimental do sistema.
A partir do seguimento da conclusão e toda coleta de dados necessária para seu
estudo, espera-se que, ao final do projeto, os resultados encontrados para a amplitude de
ressonância e os parâmetros de amortecimento sejam razoáveis quando comparados
com as previsões teóricas. Espera-se também que a metodologia aplicada possa ser
utilizada em qualquer laboratório de Física dos campus do IFSP e que seja uma
experiência interessante e atraente por possibilitar a visualização do fenômeno da
ressonância.

REFERÊNCIAS
HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J. – “Fundamentos de Física 2” - São Paulo:
Livros Técnicos e Científicos Editora, 4a Edição, 1996.
NEGRINI, Patrick Luiz. Aplicações de equações diferenciais em sistemas oscilantes.
Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis, julho de 2000.
RAMALHO, NICOLAU E TOLETO. Os Fundamentos da Física, Vol. 03, 9ª Edição. 2007,
Editora Moderna.
YOUNG, Hugh. FREEDMAN, Roger. Física de Sears & Zemansky: Volume II:
Termodinâmica e Ondas. 14ª Edição. 2008. Editora Pearson.

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Impressão 3D de relógio astronômico mecânico tipo Tellurion: revelando as
‘engrenagens’ do sistema Terra-Lua-Sol e potencialidades no ensino da Física​1

PAULINO, Laura
NORONHA, André

RESUMO

O uso de tecnologias digitais na educação demonstra-se atualmente como um


consenso na literatura especializada de ensino de ciência. Ainda que esses recursos não
sejam suficientes, por si só, para lidar com êxito os mais diversos e complexos problemas
educacionais, podem se somados a outras metodologias e abordagens para enriquecer
experiências educacionais. Neste trabalho propomos ilustrar os procedimentos e
modelagem 3D de peças de um relógio anual mecânico tipo Tellurion, com 12,375 ciclos
lunares por ano e atraso da ordem de horas por ano. Os modelos 3D construídos, assim
como guias de montagem e de conceitos envolvidos no projeto serão fornecidos em sítio
público.

Palavras-chave: ​tellurion; tecnologias digitais; modelagem 3D.

INTRODUÇÃO

Relógios astronômicos, Tellurions e Orrerys estão entre os mais antigos


mecanismos no mundo feitos pela humanidade. Um exemplo extremamente interessante
é o mecanismo grego conhecido como Anticítera (~200 a.C.), outro é o relógio
astronômico chinês de Su Song (~1000 d.C.). Tais aparatos mecânicos, além de
ornamentais e de enorme relevância para a história da ciência e tecnologia (ver USHER
1993; BUICK 2014), têm enorme poder didático. Podem ser discutidos por meio deles:
relações de engrenagens, razões de giro, ciclos lunares, leis de Kepler, gravitação
newtoniana, astronomia e sua história, entre outros. A construção de tais aparatos pode
ser então um instrumento didático bastante eficaz, e, com o uso de tecnologias digitais
atuais é possível sua modelagem e impressão 3D. Neste trabalho propomos a
apresentação de modelos 3D das principais peças de um relógio anual mecânico tipo
Tellurion, com uma precisão teórica de funcionamento com atraso de apenas poucas
horas por ano.

OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é o de ilustrar os procedimentos e resultados de


modelagens 3D de peças de um relógio anual mecânico tipo Tellurion com desvio de

1
Trabalho originado do projeto de pesquisa PIBIFSP 2020 intitulado “Impressão 3D de relógio
astronômico mecânico tipo Tellurion: revelando as ‘engrenagens’ do sistema Terra-Lua-Sol e
potencialidades no ensino da física”.
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poucas horas por ano, explorando suas potencialidades didáticas, históricas, razão de
rotações e sua verossimilhança com o fenômeno físico real (sistema Terra-Lua-Sol).

METODOLOGIA

Para a modelagem 3D a ser descrita das peças de um Tellurion, foi necessário


manipular a linguagem relativamente simples de modelagem 3D da plataforma online
TINKERCAD. Por ser uma plataforma de fácil acesso com a principal finalidade de ensino,
o banco de dados já contava com diversas formas pré prontas para montagens e
modelagens 3D. Como, por exemplo, boa parte das engrenagens utilizadas para o projeto
que originou este trabalho, com exceção das maiores peças, as quais tinham seus
modelos 3D divididos de forma a ser compatível com os portes usuais de impressoras 3D.
Em síntese, há duas grandes partes do relógio a serem modeladas: a parte ‘superior’
contendo as engrenagens principais, assim como os modelos esféricos da Terra, Lua e
Sol; a parte ‘inferior’ referente ao sistema de transmissão.
Uma questão muito importante na produção do Tellurion é sua verossimilhança
com a realidade em termos de duração. O sistema Terra-Sol é o mais antigo exemplo do
chamado ‘problema de Kepler’. O número de ciclos lunares (mês sinódico) a cada ano
solar é, aproximadamente 12,368266. Este número deve ser levado em conta na
construção das engrenagens do Tellurion, pois a razão das engrenagens associadas à
Lua e ao ano solar deve ser o mais próximo possível dele. Neste trabalho, usamos a
razão 99/8, que proporcionaria um erro equivalente a aproximadamente 5 horas por ano
com o funcionamento do relógio impresso.
Outra parte fundamental do relógio anual é o sistema de transmissão. A
problemática central que justifica a necessidade do sistema de transmissão em um relógio
do tipo Tellurion reflete o fato de que velocidade angular da Terra ao redor do Sol é
extremamente baixa (aproximadamente 0,0000019 rpm), inalcançável para nenhum motor
DC. Para um sistema de transmissão, a variável ​r é ​ a razão do número de dentes da
engrenagem de transmissão menor com o número de dentes da engrenagem de
transmissão maior (sendo ambos parte de uma célula de transmissão), e a variável ​n é o
número de acoplagens de células, deve satisfazer. Uma solução satisfatória e factível é
r = 9 fornecendo ​n = 6. Com isso, as engrenagens das células de transmissão foram
modeladas com a seguinte quantidade de dentes, 99 na maior e 11 e na menor. Sete
células são ligada, alternativamente com a acoplagem da maior engrenagem com a
menor, acarretando as ​n = 6 reduções de rotação. Esse sistema de transmissão foi
projetado tendo em vista motores DC de baixa rotação e alto torque, que seriam ligados
então na primeira célula do conjunto. Os eixos 2 e 3 na imagem direita da figura 1 servem
apenas de guias para as engrenagens de transmissão. A última célula do sistema se
acopla ao ponteiro do relógio (peça 10 da imagem esquerda da figura 1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Assim, com o uso da plataforma TINKERCAD, foi possível obter o seguinte


resultado, referente à modelagem 3D das peças (comparar com informações na Figura 1):
3x engrenagens de 182mm e 10mm de espessura, de massa estimada aproximadamente
280g (1, 2 e 3); 1x engrenagem externa de raio externo 800mm e raio interno 750mm e
10mm de espessura, de massa estimada aproximadamente 650 g (5); 2x engrenagens
menores de 60.6mm e 27mm de espessura (4); 1x ponteiro (aproximado de um
paralelepípedo) de lados 850x46x20mm, de massa estimada aproximadamente 520g
Página 2 de 4
(10); 1x 'prato' de diâmetro 130mm e altura 29mm (6); 1x disco fino (apoio da Lua) de
120mm e espessura 5mm (7); cilindros variados de suporte (11, 12, 13, 14 e 2 e 3 da
segunda imagem); 2x esferas ocas (Terra e Sol) 80mm de diâmetro (8 e 9), 1x esfera oca
(Lua) de 20mm de diâmetro, e; 6x engrenagens 'duplas' (transmissão) de 180mm + 23mm
e 5mm de altura, de massa estimada aproximadamente 150 g (cada célula) (1 da
segunda imagem).

Figura 1: Modelos 3D das peças do Tellurion

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

As etapas de elaboração e todos os modelos 3D criados no projeto, serão


apresentados e organizados em materiais textuais e vídeos a serem publicados, em
mídias sociais, páginas institucionais, entre outros. O caráter de inovação do presente
trabalho é evidente considerando-se o uso de tecnologias muito recentes (modelagem e
impressão 3D) em projetos com alto potencial didático. Muito embora não possa
enquadrar-se como um ‘produto’ ou ‘serviço’, a modelação 3D do Tellurion pode ser um
instrumento muito enriquecedor no ensino de ciências e tecnologia. É importante salientar
que o projeto original previa também a impressão e montagem de um Tellurion funcional
na forma de um relógio de parede. Contudo, devido ao contexto de distanciamento social,
não foi possível realizar essas etapas com a impressora 3D ​DaVinci ​(XYZ, sem ano)
disponível no laboratório LIFE do IFSP campus São Paulo. É razoável supor que as
etapas de impressão e montagem trariam outras questões de debate não apresentadas
neste trabalho, relativas a, por exemplo, problemas de impressão, limitações do
equipamento, efeitos advindos da carga usada para impressão, entre outros. O trabalho
apresentado neste texto pode abrir espaço para outras iniciativas envolvendo modelagem
e impressão 3D. Por exemplo, pode-se pensar uma modelagem também de engrenagens
e mecanismos referentes às órbitas de Vênus e Mercúrio. Com isso, pode-se vislumbrar a
comparação entre os tempos de órbita dos três primeiros planetas do sistema Solar,
tornando o aparato ainda mais esteticamente atrativo e didaticamente poderoso.

REFERÊNCIAS

BUICK, T. Orrery: A Story of Mechanical Solar Systems, Clocks, and English


Nobility. Springer: Nova Yorque, 2014.
USHER, A. P. Uma história das invenções mecânicas. Trad.: ESTEVES, L. Rev.
técn.: BUTTON, S. T. Campinas: Papirus, 1993.

Página 3 de 4
XYZ Printing. ​da Vinci 1.0 Pro User Manual​. Disponível em
https://images-eu.ssl-images-amazon.com/images/I/B1I4x6vzOeS.pdf​, acesso em
novembro de 2019. Sem ano.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDATICO COM MATERIAL DE BAIXO CUSTO:


EXPERIMENTOS DE FÍSICA COM ABORDAGEM EPISTEMOLÓGICA1

RIBEIRO, Gabriel Henrique2


GAMA, Leandro Daros3

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar as etapas da construção de


roteiros de cunho experimental, visando o aproveitamento dos professores das escolas
públicas de ensino fundamental e médio na parte de utilização de experimentos práticos e
de baixo custo nas aulas de física e ciências, utilizando o livro O que é ciência afinal? de
Alan Chalmers, como base epistemológica para a análise das construções dos roteiros.

Palavras-chave: Roteiros Experimentais, epistemologia e experimentos de baixo custo.

INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho tem como pilar fundamental a necessidade de se trazer


alternativas palpáveis para os professores, me incluo nesse grupo, para o ensino de física,
utilizando experimentos de baixo custo e fácil reprodução, visando a utilização no ambiente
escolar, e salientar a importância das atividades experimentais no contexto didático
metodológico para a aprendizagem significativa dos conceitos das Ciências com ênfase na
Física, segundo LEIRIA E MATARUCO (2015).
A abordagem epistemológica utilizada na pesquisa, tem como enfoque a apuração
e análise do método empregado na construção dos roteiros, visto que a abordagem
meramente experimental também pode acarretar algumas concepções e perigosas
divagações acerca do assunto ensino de física/ciências.
A necessidade de aulas expositivas e com um caráter investigativo no ensino de
ciências, principalmente o de Física, levou a construção dessa abordagem que
primariamente tem como objetivo auxiliar professores que não tem formação especifica,
mas que acabam lecionando sobre Física no ensino médio, a aplicar experimentos simples
e diretos que elucidem os fenômenos e efeitos da Física no cotidiano dos alunos,
abrangendo a área de atuação, que em muitas vezes é limitada, escassa, pouco produtiva
e criativa.
ARAÚJO E ABIB (2003) apontam que o uso de atividades experimentais, como a
construção e utilização de experimentos científicos como estratégia de ensino na disciplina
de Física pode ser considerado como uma das melhores maneiras de diminuir as
dificuldades no ensino e aprendizagem de modo significativo e consistente para os alunos,
mas também para os professores que a aplicam.

1 Projeto de pesquisa do PIBIC, IFSP, Câmpus São Paulo


2 Licenciando em física, bolsista do PIBIC, IFSP, São Paulo - SP, gabriel.ribeiro@aluno.ifsp.edu.br;
3 Professor orientador do PIBIC, IFSP, São Paulo - SP, leandro.gama@alumni.usp.br.

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OBJETIVOS

Apresentar soluções didáticas para o problema da alocação indevida de professores


em turmas de física e ciências. O público-alvo dessa abordagem como já citado, são os
professores do ensino básico que não tem formação específica em física ou em ciências,
que são dispostos em funções que não dominam, e não conseguem vencer o tradicional e
ineficaz modelo de ensino livro-lousa.
Os objetivos a curto prazo podem ser definidos como a construção de roteiros que
permeiam toda a física clássica, com experimentos que possam elucidar e disseminar os
conteúdos trabalhados pelos professores. Outro objetivo latente e necessário a curto prazo
é a distribuição dos roteiros, algo que mais a frente vai ser explorado, mas que pode ser
tratado em um posterior projeto. Um objetivo a longo prazo, pode ser a confecção de
roteiros de experimentos de física moderna, um passo ambicioso, mas que também pode
render bons frutos para a educação cientifica no ensino básico.

METODOLOGIA

Após a leitura e análise de discurso sobre os aspectos das concepções sobre o tema
ciências na educação básica e principalmente em escolas de âmbito público, construímos
os roteiros experimentais utilizando o livro do filosofo Alan Francis Chalmers, ‘O que é
ciência, afinal? Na sua obra, Chalmers, traça uma linha temporal com os principais
pensamentos filosóficos que guiaram a construção epistemológica do avanço científico. No
primeiro capítulo, chamado Indutivismo: Ciência como conhecimento derivado dos dados
da experiência, Chalmers divide seu raciocínio em cinco etapas a serem exploradas no
livro, começando com a primeira, Concepção do senso comum amplamente aceita, onde,
destaca pontos essenciais do desdobramento da construção cientifica como obra humana,
partindo do pressuposto que o conhecimento científico é conhecimento provado e que as
teorias científicas são rigorosamente derivadas da experiência. Um dos pontos essenciais
para o início da nossa investigação é tal afirmação, onde o autor afirma que o conhecimento
é fruto da experiência, e sem o ato de produzir, o resultado que deriva do aprender/descobrir
pode ser carente. No decorrer do livro, Chalmers descontrói tais opiniões a fim de
demonstrar o perigo em assumir tais dogmas na ciência, muitas vezes chamado de
princípio da objetividade, tal princípio considera confiável apenas aquele conhecimento que
é provado objetivamente e esse pode ser o principal entrave para o ensino de física e
ciências utilizando experimentos, ou seja, podemos entrar facilmente em um campo
nebuloso que pode confundir e enganar os professores.
Para começar a constituir um perfil epistemológico norteador das construções futuras
de alguns roteiros, utilizamos os textos de Chalmers e o livro Elementos da Física de
Napoleão L. Fernandes, livro que conta com diversos experimentos que abarcam todo o
espectro da física do ensino médio, experimentos estes que são de simples criação e
execução contando com materiais de baixo custo e de fácil aquisição, respeitando a
temática do projeto. Também nos baseamos em algumas literaturas, experiências próprias
adquiridas ao decorrer do curso, e troca de experiências com os demais professores do
Instituto, a fim de tentar transmitir o conhecimento adquirido em quase 4 anos de curso para
os demais professores.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram sólidos, a construção dos roteiros nos forneceu um


escopo experimental maior do que quando iniciamos a pesquisa, ponto positivo para um
futuro professor de física que necessita de alternativas para o ensino dessa disciplina.
Uma possível tentativa da divulgação dos roteiros é a inserção de tecnologia QR
Code. A ideia consistiu em transformar os roteiros em um QR Code para que o professor
possa ter acesso aonde e quando ele precisar do material. Uma iniciativa que pode facilitar
e de certo modo, aliar o ensino de ciências de baixo custo com a utilização de ferramentas
tecnológicas para sua facilitação. Tais esforços foram necessários visando a disseminação
do projeto, visto que, de nada adianta a construção dos roteiros sem que possa ser
democratizada a sua utilização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Um ponto a ser levantado é a projeção do projeto a outros colegas, para que possam
produzir seus próprios roteiros experimentais, alguns com fins de reprodução, como no
nosso caso, outros para utilização própria em suas regências futuras.
Paralelo aos nossos esforços, uma colaboração entre
os projetos de ensino e pesquisa, do Instituto, pode ser
interessante, visando a troca de informações e experiências
pessoais, e talvez uma participação conjunta que gere mais
frutos para enriquecer os trabalhos voltados para o tema de
experimentação na educação de ciências.
O QR Code contém todos os roteiros em formato PDF,
para a sua utilização e aprofundamento. Esperamos que a
iniciativa alcance o máximo possível de professores e auxilie
na exploração dos conteúdos didáticos do ensino regular.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Mauro S. T.; ABIB, Maria Lúcia V. S.. Atividades experimentais no ensino de
Física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Revista Brasileira de Ensino de
Física, v. 25, n.2, p. 176, jun, 2003.

LEIRIA, T. F. ; MATARUCO, S. M. C. O Papel das Atividades Experimentais no


Processo Ensino-Aprendizagem de Física. In: Educere - XII Congresso Nacional de
Educação, 2015, Curitiba - Paraná. Anais do Congresso Nacional de Educação
(EDUCERE) [recurso eletrônico]. Curitiba: Editora Universitária Champagnat, 2015. p.
32214-32227.

CHALMERS, Alan. O que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

FERNANDES, Napoleão L.; CARVALHO, Odair B. Elementos da Física. São Paulo: LPM,
1972.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ESTUDO EXPERIMENTAL DAS ROTAÇÕES DE BLOCOS PRISMÁTICOS


REGULARES

BERTUOLA, Alberto Carlos


FALCARI, Derick

RESUMO

Esse trabalho é uma investigação sobre a tendência de movimento de rotação


de um bloco prismático regular poligonal, inicialmente em repouso sobre uma
superfície de apoio rígida, horizontal e rugosa. O aparato experimental utilizado
permite o bloco prismático girar em torno de um eixo fixo, que passa por uma das
suas arestas, quando submetido a uma força externa conhecida. Conjectura-se que a
força de resistência ao movimento de rotação é diretamente proporcional ao peso
do bloco e inversamente proporcional à distância entre o eixo de rotação e o plano
vertical que passa pelo centro de gravidade, paralelo a esse eixo. Para testar estas
afirmações, um aparato experimental adequado será construído especialmente para
este projeto e os dados experimentais coletados. Eles serão combinados com uma
modelagem teórica para obter a constante de proporcionalidade denominado, nesse
trabalho, de coeficiente de resistência ao movimento de rotação. Ele é obtido para
os blocos prismáticos, constituídos de números variados de faces laterais e, então,
testados em várias situações experimentais. Fazendo o prisma rolar várias vezes em
torno dos eixos consecutivos de rotação é possível entender o conceito de eixo
instantâneo de rotação, em um rolamento de um cilindro, sobre uma superfície
horizontal. Isso é realizado uma maneira experimental e pedagógica, como um caso
limite de um prisma poligonal, considerando este cilindro, equivalente a um prisma
poligonal, com uma área de secção de infinitos lados.

Palavras-chave: bloco, rotação, resistência, instantâneo, eixo.

INTRODUÇÃO

Com o aparato experimental, devidamente construído especialmente para esse


projeto, utilizado permite-se o bloco prismático girar em torno de um eixo fixo em uma das
suas arestas, assim que aplicada uma força externa conhecida. Dessa maneira ao
combinar os dados experimentais obtidos com uma modelagem teórica obtém-se a
constante de proporcionalidade denominado, alterando a cada passagem os blocos
experimentados constituídos de números variados de faces laterais, de maneira a
preservar um peso e altura base para todos blocos e, então, testados nas mesmas
situações experimentais (fixos à base e com atrito reduzido por rolamentos), com o
propósito da comparação entre a relação da área da base e o eixo instantâneo de
rotação.

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OBJETIVOS

O objetivo principal é a construção de um equipamento que permite o estudo do


movimento de rotação de um bloco prismático regular.
Para conseguir completamente o pretendido são necessários os seguintes
objetivos adjacentes:
1) Planejamento, construção e montagem do aparato experimental.
2) Modelagem teórica utilizando as equações dinâmicas para o movimento
de um corpo rígido.
3) Filmagem do movimento, de preferência, utilizando um smartphone.
4) Coleta e tratamento dos dados experimentais.
5) Ajuste dos pontos experimentais por uma curva teórica.
6) Estudo assintótico do movimento de rolamento de um cilindro
Seguindo estas etapas, garante-se um trabalho científico básico e padrão, mas
inserido na pedagogia contemporânea.

METODOLOGIA

Os materiais utilizados são aqueles destinados para construção dos


componentes, que servirão na montagem do aparato experimental. Um dos
componentes são blocos prismáticos regulares, construídos em várias formas e
constituídos por um único material plástico, cuidadosamente usinados nas oficinas
mecânicas. Uma polia pequena é acoplada ao plano de apoio, que suporta um cabo,
que por sua vez, une o bloco prismático com uma massa pendular.
A metodologia mais próxima indicada às pesquisas desenvolvidas é aquela
conhecida como aprendizagem direta, na versão TEAL (Technology-EnhancedActive
Learning), classificada como uma variante da SCALE-UP metodologia
(HENRIQUES; PRADO; VIEIRA, 2014). No entanto, a própria pesquisa científica
implica e permite uma educação sólida (DEMO, 2014), cujo aprendizado é
duradouro, acompanhando o estudante por toda vida (ZANATTA, 2012). Um projeto
de iniciação científica é uma proposição em que se estabelece uma situação
problema (MACEDO, 2012). A investigação para resolver o problema, neste projeto,
é a aprendizagem ativa na versão BYOD (ALLAN, 2017; FAIRFA-VA-EDUCATION,
2014), que é uma sigla com significado Bring Your Own Device, em que novas
tecnologias são bem-vindas ao laboratório.
Dois professores colaboradores se comprometeram em auxiliar o estudante
pesquisador nas usinagens necessárias, que serão realizadas nas máquinas das
oficinas do IFSP.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As condições de equilíbrio estático de um sistema mecânico contendo um


corpo rígido são geralmente estudadas em clássicos livros textos de engenharia
(HIBBELER, 2011) ou de Física (NUSSENZVEIG, 2002), de forma bem teórica
incluindo longas listas de exercícios, que são propostos como tarefas para os
estudantes. Mais precisamente, a força resultante e o momento total das forças que
atuam no sistema são nulos. A dinâmica de rotação também é tratada em livros de
engenharia (BORESI; SCHMIDT, 2003), que após a apresentação dos enunciados,
reescrevendo a segunda lei de Newton para as rotações ou incluindo a energia
rotacional na equação da conservação da energia mecânica, longas listas de
exercícios são propostas para o estudante trabalhar. No entanto existe a
possibilidade de complementar esta metodologia tradicional, introduzindo um
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ensaio experimental de fácil realização e que apresenta uma riqueza para ser
explorada didaticamente. O aparato experimental é um bloco prismático, cuja área
de secção é um polígono que pode ter quatro, seis, oito ou dez lados, com uma das
suas arestas, de uma face lateral, vinculada à uma superfície rígida, horizontal e
rugosa. O aparato experimental é também projetado para que o bloco possa ser
submetido a uma força paralela à superfície de apoio, com intensidade controlada,
para que o bloco possa ser colocado em um estado de iminência de movimento de
rotação. A constante de proporcionalidade entre força de resistência ao movimento
de rotação e o peso é, neste trabalho, reconhecido como o coeficiente de resistência
ao movimento de rotação. Essa experiência revelará de maneira eficaz, a
dependência desse coeficiente com o coeficiente de atrito estático, já bem conhecido
na literatura e estudado de uma maneira moderna em recente pesquisa
(FERNANDES, 2019). Por meio desse dispositivo que submete o bloco a uma força
externa, o bloco pode rotacionar várias vezes em torno de consecutivos eixos de
rotação. Conforme o número de lados do polígono aumenta, menor é distância do
eixo de rotação com o plano vertical que contém o centro de massa do prisma e é
paralelo ao eixo de rotação. A filmagem dos consecutivos movimentos de rotação
permite um estudo da dinâmica rotacional, por exemplo, obter o tempo de queda
em relação ao número de lados do bloco poligonal e interpretar de forma pedagógica
experimental, o conceito de eixo instantâneo de rotação em um rolamento de um
cilindro (NUSSENZVEIG, 2002). As análises das filmagens serão realizadas com um
software (BEZERRA; LENZ; OLIVEIRA; SAVEDRA, 2011) adequado e, a partir das
análises, os dados experimentais relevantes coletados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Devido ao cenário atual, onde não pudemos utilizar dos laboratórios do instituto
para usinarmos o aparato necessário, chegamos até onde momentaneamente podemos
nas metas propostas para esse projeto, mas continuamos a trabalhar no desenvolvimento
do planejamento para usinagem da base e dos acessórios que aperfeiçoam a eficácia do
conjunto, assim teremos uma usinagem mais precisa e rápida do que o previsto
anteriormente às melhorias e com os acessórios propostos melhoramos a eficácia do
aparato, consequentemente melhorando também os dados obtidos e os resultados. Com
a flexibilização da quarentena, conseguimos usinar todos blocos prismáticos planejados
com precisão, passando então ao desenvolvimento da base e acessórios.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e


Documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Biblioteca Universitária. Serviço de


Referência. Catálogos de Universidades. Apresenta endereços de Universidades
nacionais e estrangeiras. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/>. Acesso em: 19 maio
1998.

ALLAN, L. BYOD na próxima aula. Disponí vel em: https://exame.abril.com.br/blog


/crescer-em-rede/byod-na-proxima-aula/. Acesso em 26 de set. 2019.

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BEZERRA JÚ NIOR, A. G.; LENZ, J. A.; OLIVEIRA, L. P.; SAVEDRA, N. Manual para
Usuários Iniciantes no software Tracker. Curitiba: Úniversidade Tecnolo gica
Federal do Parana, 2011.

BORESI, A. P.; SCHMIDT, R. J. Dinâmica. São Paulo: Thomson, 2003.


DEMO, P. Educação Científica. Revista Brasileira de Iniciação Científica, v.1, n.1,
2014.

FERNANDES, D. O.; BERTUOLA, A. C. Deslizamento do bloco retangular: estudos


experimental, teórico e computacional. REGRASP, V. 4, p. 4, 2019.

HENRIQUES, V. B.; PRADO, C. P. C.; VIEIRA, A. P. Carta ao Editor: Aprendizagem


Ativa,
Revista Brasileira de Ensino de Física, vol.36, n.4, p. 4001, 2014.

HIBBELER, R. C., Estática: mecânica para engenharia. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2011.

MACEDO, L., Educação Continuada, Situação-Problema. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=BIv7RaojvjI&t=653s. Acessado em 02 de nov.
2019.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 1: Mecânica. São Paulo: Editora


Edgard Blücher Ltda, 2002.

ZANATTA, B. A. O legado de Pestalozzi, Herbart e Dewey para as práticas


pedagógicas escolares. Teoria e Prática da Educação, v.15, n.1, p. 105, 2012.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

VIBRAÇÃO EM UMA CORDA TENSIONADA PRODUZIDA POR UM


GERADOR COM CONTROLE CONTÍNUO DE FREQUÊNCIA

BERTUOLA, Alberto Carlos


VASSALLO, Rocco Giovanni Cortez

RESUMO

Esse trabalho é uma atividade prática destinada para a construção de um aparato


experimental com a finalidade de ser utilizado nos laboratórios de física experimental, uma
vez que há uma deficiência estrutural nos laboratórios. O aparato é composto por uma
corda submetida a uma tração conhecida e vinculada a um motor com sua velocidade de
rotação controlada continuamente por um dispositivo elétrico. O motor controlado dessa
maneira é, nesse trabalho, denominado de frequencímetro. Ele é um motor de
parafusadeira que inicialmente tinha uma variação mínima na frequência giratória, que era
controlado por um gatilho. Modificando os circuitos internos da parafusadeira, é possível
ter um controle mais linear da velocidade de rotação. Um mecanismo deve ser construído
para transformar o movimento de rotação do motor em um movimento oscilatório, que será
responsável pela geração de ondas em uma corda tracionada. Para certas frequências, a
corda esticada vibrará em ressonância, mostrando os nós e ventres de ondas harmônicas.
Após a construção do aparato, os dados experimentais serão coletados a partir das
filmagens realizadas com um smartphone e, então, a teoria vigente das ondas estacionárias
será colocada em teste.

Palavras-chave: vibrações, ondas estacionárias, frequência ondulatória.

INTRODUÇÃO

Com uma corda de densidade e comprimento conhecidos, é possível fixar suas


extremidades em dois pontos com uma determinada tração. Com um dos pontos fixo e o
outro preso a um mecanismo oscilatório, a corda vibrará de acordo com a frequência do
mecanismo. Em frequências específicas, a corda vibrará de modos conhecidos, produzindo
ondas estacionárias, que podem ser visivelmente identificadas e caracterizadas pela
quantidade de nós e ventres. O objetivo desse estudo será construir um mecanismo que
converte o movimento circular de um motor em movimento oscilatório, além de um sistema
de controle contínuo da rotação do motor com a finalidade de variar a frequência de
oscilação que esse sistema transmite à corda.
Posto isso, esse projeto irá contribuir ao estudo de vibrações mecânicas e ondas
estacionárias, sendo possível, após a construção do aparato, coletar dados experimentais
e investigar os conceitos por trás desse fenômeno físico, tais como: frequência de
oscilação, número de ondas, comprimento e amplitude da onda, e período de oscilação.
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OBJETIVOS

O objetivo mais geral é a construção de um equipamento para o estudo das


vibrações em cordas, com um gerador de ondas com controle contínuo de frequência.
Para conseguir completamente o pretendido são necessários os seguintes objetivos
adjacentes: transformar um motor de parafusadeira em um gerador de ondas com variação
contínua de frequência; planejar e construir um mecanismo que transforme o movimento
de rotação em um movimento de oscilação e o aparato experimental com as partes elétrica,
eletrônica e mecânica; colocar em funcionamento o aparato, filmar as vibrações na corda,
coletar os dados experimentais e conferir o modelo físico das cordas vibrantes. Seguindo
estas etapas, garante-se um trabalho científico clássico e, ao mesmo tempo,
modernamente adequado.

METODOLOGIA

O procedimento empregado foi o que o estudante pesquisador investiga, elabora


soluções, trabalha e conclui. Devido à presente situação em que o Instituto Federal de São
Paulo se encontra, não foi possível a utilização da oficina para a implementação do projeto.
Em virtude disso, toda a realização ocorreu na casa do estudante, onde não há devida
estrutura, equipamentos para esse tipo de trabalho e orientação necessária. Apesar dessa
dificuldade, o projeto continua em desenvolvimento. As técnicas empregadas foram de
desenho em software e de processos de usinagem como cortes com serra, furação,
desgaste com limas e lixamento.

RESULTADOS

A aquisição dos materiais envolvidos para a pesquisa foi bem ocorrida por ter
cumprido um importante critério do trabalho: a sustentabilidade, uma vez que a maioria dos
materiais utilizados estão sendo reciclados ou foram retirados de sucatas.
O sistema de controle de frequência do motor funcionou da forma desejada, de tal
maneira que foi possível controlar a velocidade com baixas e altas rotações e, por
consequente, sendo possível vibrar a corda de várias maneiras diferentes.
O protótipo do aparato construído funciona de forma adequada para o propósito ao
qual foi construído: gerar ondas estacionárias. Após a realização de testes simulando uma
aula experimental de física e da coleta dos dados experimentais, foi comprovado que o
mecanismo gera ondas de forma consistente e estável – o que é essencial para o uso
didático – e que os resultados empíricos obtidos são coerentes com o modelo físico,
comprovando a teoria das ondas estacionárias.
Apesar de o mecanismo cumprir com o que foi proposto, imprecisões de ±0,5mm na
construção do sistema fazem com que ele tenha que ser ajustado e lubrificado após o uso.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com resultados encontrados e com os testes feitos, prevê-se que o


aparato desenvolvido contribuirá nas aulas práticas de física, ajudando o professor, que
terá mais estrutura para ministrar a aula, facilitando o aprendizado do estudante, qual
conseguirá enxergar, analisar e investigar de forma empírica o fenômeno físico estudado.
Por infelicidade, devido à presente situação em que o Instituto Federal de São Paulo se
encontra, não foi possível utilizar o projeto em uma das aulas e fazer as devidas conclusões
sobre o mecanismo.

REFERÊNCIAS

YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física II: Termodinâmica e ondas. 12 ed. São
Paulo: Addison Wesley, 2008.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 2: Fluídos-Oscilações e Ondas-Calor.


São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 2002.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

ANÁLISE DA BNCC ENQUANTO DOCUMENTO BASE DE MATRIZES DE


REFERÊNCIAS: ESTUDO DOS ITENS DO ENEM DE 2015 A 2019

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São


Paulo; SP; beatriz.ribeiro@aluno.ifsp.edu.br; RIBEIRO, Beatriz da Costa
Dra.; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP); São
Paulo; SP; epcintra@gmail.com; CINTRA, Elaine Pavini
Universidade de São Paulo (USP); São Paulo; SP; emmanuela.marq@gmail.com;
MARQUES, Emmanuela Gracina Florian

RESUMO

Diante das mudanças preconizadas pela BNCC, surge como demanda a


elaboração de uma nova matriz de referência para o ENEM. Os itens de Ciências da
Natureza do ENEM dos anos de 2015 a 2019 foram classificados e descritos de acordo
com a Taxonomia de Bloom Revisada (ANDERSON et al., 2001) e com as habilidades
cognitivas de baixa demanda (lower-order cognitive skills, LOCS) e alta demanda (higher-
order cognitive skills, HOCS), proposta por Tsaparlis e Zoller (2003), para mapear o perfil
das provas aplicadas neste período. Os resultados mostram que os itens de Química,
Física e Biologia seguem um padrão quanto à dimensão do conhecimento e do processo
cognitivo abordados ao longo dos anos. Como próxima etapa da pesquisa propõe-se a
identificação da proximidade ou distanciamento do que avaliamos hoje e do que deverá
ser considerado nas avaliações elaboradas a partir de matrizes de referência baseadas
na BNCC.

Palavras-chave: ENEM; BNCC; Taxonomia de Bloom Revisada.

INTRODUÇÃO
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tem como objetivo avaliar o
desenvolvimento de competências e habilidades essenciais para um estudante ao término
da escolaridade básica. É composto por 180 questões de múltipla escolha divididas em
quatro áreas do conhecimento e suas tecnologias: Matemática, Ciências da Natureza,
Ciências Humanas e Linguagens e Códigos, além da redação. O exame é estruturado
com base em uma Matriz de Referência que leva em conta a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e outros documentos oficiais.
A reforma do Ensino Médio (EM), atual Lei número 13.415/2017, foi estabelecida
com o propósito de melhorar os índices de qualidade de ensino das escolas públicas do
Brasil. Nesse cenário, em 2018, é lançada a última versão da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) para o Ensino Médio, propondo modificar os atuais currículos de forma
a atender as necessidades estabelecidas pela Reforma, no sentido de estabelecer uma
flexibilização curricular, o que pode, nesse sentido, exigir reestruturação de matrizes de
avaliações vigentes como a do ENEM.
A Taxonomia de Bloom Revisada (ANDERSON et al., 2001) é um sistema de
categorização que classifica atividades de ensino de acordo com domínios cognitivos e
dimensão do conhecimento. Essa Taxonomia está estruturada em uma tabela
bidimensional e apresenta categorias ordenadas com certa hierarquia de complexidade e
abstração. (SILVA; MARTINS. 2014) As linhas apresentam a dimensão do conhecimento
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(o que ensinar) e as colunas apresentam a dimensão do processo cognitivo (a atividade
cognitiva envolvida). Cada verbo da tabela descreve um processo cognitivo e cada um
desses verbos apresenta associado a si ainda dois ou mais processos cognitivos mais
específicos.
Outra estratégia utilizada para classificação dos itens foi proposta por Tsaparlis e
Zoller (2003). Essa estratégia consiste em analisar as habilidades cognitivas com base na
atividade que deve ser realizada pelo estudante. Itens que exigem um menor esforço do
estudante como, Lembrar, Entender ou Aplicar um conceito ou fórmula são considerados
como habilidades cognitivas de baixa demanda (lower-order cognitive skills, LOCS), já os
itens que exigem um conhecimento além da simples aplicação do conceito como Analisar
ou Avaliar um problema são considerados como habilidades cognitivas de alta demanda
(higher-order cognitive skills, HOCS).

OBJETIVOS
Neste projeto propõe-se, utilizando como referencial metodológico a Taxonomia de
Bloom Revisada (ANDERSON et al., 2001), inferir sobre os conhecimentos e habilidades
avaliados nas provas de Ciências da Natureza, aplicadas no ENEM no período de 2015 a
2019. Em uma próxima etapa da pesquisa será verificada a consonância destas provas
com a Matriz de Referência vigente e, finalmente, identificar elementos presentes na
BNCC que podem fornecer subsídios para a elaboração de uma Matriz de Referência
para o Ensino Médio, na área das Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Objetivo específico: Classificar e descrever os itens de Ciências da Natureza do
ENEM dos anos de 2015 a 2019 de acordo com a Taxonomia de Bloom Revisada e com
as habilidades cognitivas de Tsaparlis e Zoller (2003).

METODOLOGIA
Os itens de Ciências da Natureza das provas do ENEM (caderno azul) dos anos de
2015 a 2019 foram classificados e descritos de acordo com a Taxonomia de Bloom
Revisada. A descrição foi feita por meio de uma sentença que se inicia com o verbo
seguido do objeto de conhecimento e do contexto. Foram também classificados pela
disciplina (Química, Física ou Biologia), pela dimensão do conhecimento (Factual,
Conceitual ou Procedimental) e pela dimensão do processo cognitivo (Lembrar, Entender,
Aplicar, Analisar ou Avaliar)
Essas descrições e classificações foram realizadas pela bolsista do projeto e
discutidas e avaliadas por um painel de especialistas formado por pelo menos três
integrantes do grupo de pesquisa.
Os itens foram também analisados de acordo com a demanda cognitiva, ou seja,
itens classificados como Lembrar, Entender ou Aplicar enquadram-se na categoria de
habilidades cognitivas de baixa demanda e processos mais complexos, como Analisar e
Avaliar são considerados habilidades cognitivas de alta demanda.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
As classificações de todos os itens foram organizadas em tabelas que apresentam
o número do item, a disciplina, a frase descritiva composta por verbo, objeto do
conhecimento e contexto, a dimensão do conhecimento e a dimensão do processo
cognitivo. Por fim, todos foram compilados no modelo da Tabela Bidimensional.
Nos anos analisados observou-se a variedade dos processos cognitivos exigidos
nos itens de Química, com destaque para os processos Entender e Lembrar. Em Física é
possível notar uma ocorrência maior de itens relacionados ao Aplicar, ao passo que em
Biologia o que prevalece é o Entender, seguido de Lembrar. Todos esses processos são
tidos como habilidades cognitivas de baixa demanda.
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Quanto ao tipo de conhecimento os itens de Química privilegiam o conhecimento
Conceitual, que busca interligar fatos, conhecer modelos e estruturas. Os de Física quase
não abordam conhecimentos Factuais, mas sim os Conceituais e Procedimentais. Já os
itens de Biologia, em sua maioria, estão ligados ao conhecimento do tipo Factual, que
envolve apenas lembrança de conhecimentos anteriores.
Provas que apresentam somente itens com baixa demanda cognitiva não são
eficazes para distinguir estudantes de alta proficiência dos de baixa proficiência (ZOLLER
et al., 1997), por isso, destaca-se a importância da presença de itens classificados como
Analisar e Avaliar, mesmo que em menor quantidade, para que essa distinção entre a
proficiência dos estudantes, essencial em uma prova como o ENEM, seja bem sucedida.
Esses resultados apontam testes com um olhar bastante aguçado para os
conhecimentos específicos de cada disciplina, sempre aplicados em uma situação-
problema bem específica. As Competências Gerais (CG) e Específicas (CE) da BNCC
propõem um ensino numa perspectiva mais holística, com um olhar para além do
conhecimento e o do pensamento científico. Nessa perspectiva, a nova matriz do ENEM
provavelmente deverá contemplar aspectos como a capacidade de argumentação,
habilidades de comunicação com diferentes linguagens, produção do conhecimento a
partir de tecnologias digitais de informação, entre outras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO
Os resultados obtidos com as classificações são resultados parciais. É possível
observar que os itens de Ciências de Natureza nos anos analisados privilegiam
demandas cognitivas mais baixas, apesar de também apresentarem aqueles de maior
demanda, tornando possível a distinção entre a proficiência dos alunos.
Quanto ao tipo de conhecimento há maior frequência dos conteúdos Conceituais
nos itens de Química, Factuais nos itens de Biologia e nos de Física tanto os Conceituais
como os Procedimentais.
Após feito esse mapeamento das provas, será realizado o estudo mais
aprofundado das habilidades e competências da BNCC com o objetivo de estabelecer
uma relação entre a BNCC, a atual matriz de referência do ENEM e os itens analisados
de acordo com a Taxonomia Revisada de Bloom.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, L. W. et. al. A taxonomy for learning, teaching and assessing: A revison
of Bloom’s Taxonomy of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley Longman,
2001.
SILVA, V. A.; MARTINS, M. I. Análise de questões de Física do ENEM pela Taxonomia
de Bloom Revisada. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências. Belo Horizonte. v.16.
n. 3. p. 189-202, 2014.
TSAPARLIS, G.; ZOLLER, U. Evaluation of higher vs. lower-order cognitive skills-
type examinations in chemistry: implications for university in-class assessment and
examinations. University Chemistry Education, Cambridge, v. 7, n. 2, p. 50-57, 2003.
ZOLLER, U. et al. Student self-assessment of higher-order cognitive skills in college
science teaching. Journal of College Science Teaching, v. 27, n. 2, p. 99, 1997.

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humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade
para lidar com elas” (BRASIL, 2018, p. 10). Está competência, dialoga com os objetivos
do PSE de contribuir com a formação integral dos estudantes (BRASIL, 2007).
No CCSP Ciências Naturais, o eixo temático Vida, Ambiente e Saúde, ao longo de
todo o ensino fundamental aborda aspectos fisiológicos dos sistemas do corpo humano,
bem como sua interação com o meio ambiente. A alimentação, atividade física e cuidados
à saúde também estão contemplados e especificados nos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento (SÃO PAULO (Cidade), 2019), juntamente com o ODS correspondente.
Sendo o PSE um programa intersetorial entre educação e saúde, faz se necessário
identificar as relações existentes entre as 12 ações do programa com a BNCC e o CCSP,
concretizando a integração e intersetorialidade visando à formação integral dos alunos.

OBJETIVOS

Identificar as relações entre as 12 ações do PSE, com as competências e


habilidades da BNCC para Ciências da Natureza e os objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento do CCSP para Ciências Naturais.

METODOLOGIA

Neste estudo, utilizou-se a análise de conteúdo (BARDIN, 1977), para comparar as


12 ações do PSE com as competências e habilidades da BNCC para a área de Ciências
da Natureza, bem como com os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento do CCSP
para a disciplina de Ciências Naturais através das categorias: “saúde, doença, promoção
à saúde, bem estar e alimentação”, buscando estabelecer relações diretas entre os
temas. As 12 ações do PSE são:

I. Ações de combate ao mosquito Aedes aegypti;


II. Promoção das práticas corporais, da atividade física e do lazer nas escolas;
III. Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas;
IV. Promoção da cultura de paz, cidadania e direitos humanos;
V. Prevenção das violências e dos acidentes;
VI. Identificação de educandos com possíveis sinais de agravos de doenças em
eliminação;
VII. Promoção e avaliação de saúde bucal e aplicação tópica de flúor;
VIII. Verificação e atualização da situação vacinal;
IX. Promoção da alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil;
X. Promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis sinais
de alteração;
XI. Direito sexual e reprodutivo e prevenção de DST/AIDS; e
XII. Promoção da saúde ocular e identificação de educandos com possíveis sinais
de alteração (BRASIL, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Comparando as 12 ações do PSE com o componente curricular de Ciências da


Natureza na BNCC foram identificadas relações com uma competência e 15 habilidades
no decorrer do ensino fundamental.
De acordo com Silva e Garcia (2020), a BNCC:
possui muitas carências no conteúdo relacionado a temática saúde, além da
presença discreta ou total ausência de discussões importantes como o papel de
gênero, sexualidade, saúde mental e social. As abordagens são divididas entre
componentes biológicos e não-biológicos, sem articulação entre eles, o que
permitiria uma compreensão integral do tema pelo estudante e proporcionaria que
ele estivesse apto a tomar as decisões necessárias em sua vida acerca de sua
saúde e da sua comunidade (SILVA; GARCIA, 2020, p. 344).
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A maneira como a BNCC aborda a temática da saúde não é clara, seja como
Educação para a Saúde ou Educação em Saúde e a apresentação dos temas pode
transmitir ideias voltadas aos paradigmas do higienismo ou da saúde coletiva.
No CCSP – Ciências Naturais, as 12 ações do PSE estão relacionadas com 18
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento em todo o ensino fundamental, exceto no
9º ano, todos no eixo temático Vida, Ambiente e Saúde. Estes 18 objetivos que se
relacionam com as ações do PSE, interagem com sete ODS, com destaque para o ODS 3
– Boa Saúde e Bem-estar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A BNCC, o CCSP, os ODS e o PSE apresentam entre outros princípios


fundamentais a formação integral dos estudantes, porém para que o PSE possa ser
desenvolvido é necessário aproximação entre os serviços de educação e saúde. Presente
em mais de 95% dos municípios brasileiros, as ações do PSE precisam relacionar as
competências e habilidades da BNCC e na cidade de São Paulo com os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento do currículo paulista para que as ações desenvolvidas
pelos profissionais de saúde em parceria com os profissionais de educação resultem em
aprendizagem significativa aos estudantes.
Considerando a disciplina de ciências naturais, é fundamental que a ação do PSE a
ser desenvolvida se relacione diretamente com as mesmas competências, habilidades ou
objetivos que o professor esteja trabalhando com os alunos naquele momento, sendo
necessário planejamento e organização prévia entre profissionais de educação e saúde.
Entretanto, as ações do PSE, embora mais próximas da disciplina de ciências naturais,
podem e devem ser abordadas em conjunto com outras disciplinas, fomentando assim a
interdisciplinaridade, a intersetorialidade resultando na formação integral dos estudantes.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: 70, 1977.


BRASIL. Decreto no. 6.286. Institui o Programa Saúde na Escola - PSE, e dá outras
providências. 6 dez. 2007.
BRASIL; MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Base
nacional comum curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2018.
BRASIL; MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria
Interministerial no 1.055, de 25 de abril de 2017. Redefine as regras e os critérios para
adesão ao Programa Saúde na Escola – PSE por estados, Distrito Federal e municípios e
dispõe sobre o respectivo incentivo financeiro para custeio de ações. 2017.
SILVA, M. S.; GARCIA, R. N. Base Nacional Comum Curricular: uma análise sobre a
temática saúde. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 19, n. 2, p. 320–
345, 2020.
SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Educação. Coordenação Pedagógica.
Currículo da Cidade: Ensino Fundamental: componente curricular: Ciências da Natureza.
2.ed. São Paulo: SME/COPED, 2019.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

“ORIGENS”: CRIACIONISMO E PSEUDOCIÊNCIA EM MÍDIAS SOCIAIS1

GERALDINO, Carlos Francisco Gerencsez²


ARBEX, Rafaela Luiza³

RESUMO

O ensino informal de biologia tem crescido atualmente, já que os alunos têm


buscado complementar as aulas do ensino formal por meio de mídias sociais. Porém
essas mídias nem sempre apresentam um material preciso cientificamente. A partir disso,
esta pesquisa tem como objeto a série “Origens”, apresentada via YouTube pela emissora
Novo Tempo, sendo esta analisada pelo referencial de Mario Bunge sobre ciência e
pseudociência. Portanto, busca-se saber se há intencionalidade por parte da série de
passar um conteúdo pseudocientífico como ciência. A hipótese deste trabalho é de que há
essa intencionalidade, e há uma deturpação da teoria evolutiva a fim de convencer que o
design inteligente é mais adequado como explicação científica. Dessa forma, essa
pesquisa se debruça sobre a 4ª temporada da série, a assistindo sistematicamente, de
forma a analisá-la à luz do referencial de Mario Bunge e levantando os argumentos
apresentados nos vídeos. Os resultados parciais apontam que essa série apresenta
elementos pseudocientíficos, mostrando uma possível intencionalidade por parte da
produção da série. Esses resultados podem contribuir com o ensino de ciência,
mostrando aos professores como a pseudociência atinge as salas de aula e os
preparando para lidar com elas.

Palavras-chave: ensino de biologia; criacionismo; pseudociência; YouTube; Mario Bunge.

INTRODUÇÃO

Desde o surgimento da ciência como campo de conhecimento, existe o debate


sobre como definir seus limites, e diversos pensadores propuseram suas teorias. Karl
Popper (1902-1994), em sua teoria, mostra que o limite seria a falseabilidade, logo para
ser ciência deveria haver a possibilidade de determinada teoria ou método ser mostrado
como falso (SCHMIDT; SANTOS, 2007). Essa proposta foi base para a teoria de Imre
Lakatos (1922-1974), ele desenvolveu um método de pesquisa para testar teorias
científicas, tendo em vista a falseabilidade proposta por Popper (CHALMERS, 1993).
Thomas Kuhn (1922-1996) também propôs sua teoria, esta baseada na construção de
paradigmas na ciência. Dessa forma, os trabalhos dos cientistas estariam conectados,
sendo baseados no paradigma vigente até que haja descobertas que derrubem esse
paradigma, criando um novo paradigma que guiaria as próximas pesquisas (MENDONÇA,
2012). Com base nos trabalhos desses autores, Mario Bunge (1919-2020) criou sua teoria

1 Projeto realizado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBIFSP)
2020.
² Doutor em Geografia; IFSP; São Paulo; SP; carlosgeraldino@gmail.com
³ Graduanda em Ciências Biológicas; IFSP; São Paulo; SP; rafaela.arbex@aluno.ifsp.edu.br
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sobre a demarcação da ciência. Em sua obra Seudologia e Ideologia (1985), Bunge
aborda os trabalhos de demarcação anteriores, e assim o autor propõe seus critérios de
definição da ciência. Bunge elabora uma lista de características que o campo do
conhecimento deve ter, e em cima disso cita o que define que esse campo seja científico,
não científico ou pseudocientífico. A pseudociência, segundo Bunge, se define por um
campo que não tem o arcabouço teórico-prático científico, porém distorce seus
componentes para se passar como científico e ter status como tal perante a sociedade.
As pseudociências podem ser nocivas à sociedade, já que prejudica a ciência e seu
crescimento, tem um fácil poder de convencimento sobre as pessoas e contam com o
apoio de ramos poderosos da sociedade.
Já como fonte empírica, este trabalho tem como campo de fundo o crescimento do
criacionismo no cenário atual. O criacionismo é a concepção cristã baseada na bíblia para
o surgimento da vida como vemos hoje. A influência do cristianismo na sociedade
interfere em vários aspectos, incluindo educação. Dorvillé (2010) mostra que alunos de
matriz cristã já estão chegando até mesmo na graduação de biologia com pensamentos
criacionistas, apresentando argumentos como “não imagino o homem vindo do macaco”.
O criacionismo é dissipado sob a forma do design inteligente (DI). O design inteligente
descreve a presença de um criador inteligente por trás da criação da vida como é vista
hoje. Os três pilares do DI é a complexidade irredutível, a complexidade especificada e a
antevidência genial. Esses pilares demonstram que a vida foi pensada de forma que cada
componente tem uma função específica, sem a qual o todo não funcionaria, e de forma
que possíveis necessidades já foram pensadas e corrigidas na criação (BRAGA, 2016).
O espaço informal de ensino de biologia também é campo de fundo desse trabalho.
Segundo Almeida et al (2015), os alunos procuram vídeos na plataforma YouTube de
modo a complementar o ensino formal, já que os vídeos tendem a ser mais dinâmicos e
ilustrativos, porém deve ser mediado por professores para haver um filtro de conteúdo
adequado. Sob esse cenário, o objeto de estudo deste trabalho é a série “Origens”
disponibilizada na plataforma YouTube pelo canal Novo Tempo, pertencente à Igreja
Adventista do Sétimo Dia. O canal conta com 123 mil inscritos e a série, com 8
temporadas, aborda assuntos científicos. A temporada selecionada para este trabalho é a
4ª, intitulada “Filosofia das Origens”.

OBJETIVOS

Dado que o ensino formal de biologia tem sido complementado pelos espaços
informais de ensino, e nestes há uma pluralidade de conteúdo, e disponibilização de
material adventista nesse espaço com abordagem de conteúdo científico, procura-se
saber: há uma intencionalidade na manipulação de conteúdo científico para passar uma
pseudociência para um público possivelmente receptivo? E qual a argumentação utilizada
para isso?
Dessa forma, a hipótese deste trabalho é de que há uma intencionalidade, e esta
refuta a teoria da evolução e caracteriza uma pseudociência como ciência, usando o
design inteligente para propagar o criacionismo. O objetivo deste trabalho é aprofundar
uma análise sistemática sobre os vídeos, se baseando na demarcação de Mario Bunge.
Assim, será possível entender como se dá a abordagem de temas científicos e se esses
vídeos se caracterizam como científico, não-científico ou pseudocientífico.

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METODOLOGIA

Este trabalho utiliza a demarcação de ciência e pseudociência estabelecidos por


Mario Bunge (1919-2020) em seu livro Seudociencia e ideologia, de 1985. Nesse livro,
Bunge define 11 parâmetros para definir o que é ciência e quais quebras desses
parâmetros define uma pseudociência. A fonte empírica deste trabalho são os vídeos
produzidos pela rede Novo Tempo, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, onde na
temporada 4 são exibidos 7 episódios sobre a origem e evolução da vida, abordando
desde a vida de Charles Darwin até as questões sociais da ciência e da teoria da
evolução.
A metodologia desse trabalho se baseia em assistir sistematicamente os vídeos da
série, tendo como base a demarcação de ciência e pseudociência de Mario Bunge. Dessa
forma, é levantado os elementos de apresentação que constituem o vídeo, além dos
argumentos de refutação da teoria da evolução, possibilitando uma análise de se esses
componentes se caracterizam como ciência ou pseudociência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados parciais dessa pesquisa mostram evidências de que a produção do


vídeo se utiliza de elementos pseudocientíficos para justificar o design inteligente para
refutar a teoria da evolução. Esse resultado se mostra, por exemplo, quando os
especialistas da série se utilizam de forças sobrenaturais para explicar o surgimento da
vida, enquanto Mario Bunge aponta que essa justificativa não pode ser considerada
científica. Esse resultado também se mostra na caracterização de Mario Bunge sobre as
pessoas que produzem o campo de conhecimento. Na ciência, o campo é composto por
investigadores que procuram meios de adquirir informação, enquanto na pseudociência é
composto por uma junção de crentes. No caso do vídeo, os especialistas acreditam na
presença de um criador inteligente, mesmo que não haja como provar. Sendo assim, os
resultados parciais dessa pesquisa corroboram a hipótese apresentada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho tem mostrado uma tendência de pseudociências crescerem na


sociedade, interferindo nas salas de aula. Com isso, espera-se poder colaborar com a
preparação de professores para lidar com pseudociências, tanto diretamente com os
alunos quanto indiretamente com a sociedade. As pseudociências podem ser danosas,
tanto para a ciência quanto para a educação, e é fundamental que o profissional que
lidará com isso tenha uma base para poder entender o que é e como combater essa
questão.

REFERÊNCIAS

CHALMERS, F. O que é ciência afinal? 2 ed. Sidnei: Editora Brasiliense, 1993. 210 p.
BUNGE, Mario. Seudociencia e ideología. Madrid, Alianza Editorial, 1985.
MENDONÇA, André Luis de Oliveira. O legado de Thomas Kuhn após cinquenta anos.
Scientiae Studia, São Paulo, n. 3, v. 10, p. 535-60, 2012.
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos. O pensamento epistemológico de Karl
Popper. ConTexto, Porto Alegre, v. 7, n. 11, jan, 2007.
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BRAGA, Lucas. Entre a fé e a ciência: uma análise sobre a teoria do design
inteligente. 2016. 1 recurso online (154 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade
Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP.
Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/305055>. Acesso
em: 10 ago. 2020.
ALMEIDA, Ítalo D'Artagnan et al. Tecnologias e Educação: O uso do YouTube na sala de
aula. II Conedu, Campina Grande, v. 1, n. 1, p. 1-12, out. 2015.
DORVILLÉ, Luís Fernando M. Religião, escola e ciência: conflitos e tensões nas
visões de mundo de alunos de uma licenciatura em ciências biológicas. 2010. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.

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ALFRED RUSSEL WALLACE E O "PURO” DARWINISMO​1

LEITE, Thainá Silva​2


GERALDINO, Carlos Francisco Gerencsez​3

RESUMO
Darwinism (1889) é um livro publicado pelo naturalista Alfred Russel Wallace
(1823-1913), trinta anos após Charles Darwin (1809-1882) ter finalizado ​On the Origin of
Species (1859), livro em que é apresentada a Teoria da Evolução por Seleção Natural.
Nesse contexto, foi realizada a leitura da obra de Wallace e caracterizada a estrutura
apresentada pelo autor de modo que foi possível comparar suas concepções às ideias
defendidas por Charles Darwin. Os objetivos deste estudo foram explicitar o período em
que o livro ​Darwinism (1889) foi publicado e verificar, em linhas gerais, os temas
abordados Ainda que a sua intenção fosse permitir que o leitor entendesse o pensamento
de Darwin a partir de novos fatos e com o respaldo de novas teorias, em alguns aspectos,
Wallace apresenta discordâncias. Nesse sentido, merece atenção as ideias de herança
de caracteres adquiridos pelo uso e desuso, a luta entre indivíduos para acessar parceiros
do sexo oposto e a origem das faculdades intelectuais e morais humanas. Portanto, assim
como os demais naturalistas contemporâneos, Wallace adotou diversos aspectos da
teoria de Darwin, rejeitou alguns e acrescentou muitas outras novas características.

Palavras-chave: ​Wallace; Darwin; evolução.

INTRODUÇÃO
Darwinism (1889) é um livro publicado pelo naturalista Alfred Russel Wallace
(1823-1913), trinta anos após Charles Darwin (1809-1882) ter publicado ​On the Origin of
Species (1859), livro em que é apresentada a Teoria da Evolução por Seleção Natural.
Neste livro, Darwin (1859) aponta que a “seleção natural” é o principal mecanismo de
manutenção das características favoráveis à sobrevivência e reprodução dos seres vivos
no ambiente natural. Ao longo do tempo, quando acumuladas, estas variações permitiriam
o surgimento de organismos tão distintos de seus ancestrais que poderiam ser
classificados como uma nova espécie. Além de dados da Geologia, Biogeografia,
Embriologia, Morfologia etc., Darwin propõe uma analogia com a “seleção artificial” com o
intuito de apresentar quais seriam “os meios de modificação e de coadaptação” (p. 1).
Segundo o naturalista, os animais domésticos e as plantas cultivadas são importantes
1
Este resumo vincula-se ao projeto de iniciação científica intitulado ​A concepção de espécie em Alfred
Russel Wallace​, na categoria PIBIFSP, em realização por Thainá Silva Leite, sob a orientação do Prof. Dr.
Carlos Francisco Gerencsez Geraldino, entre 01/03/2020 e 30/11/2020.
2
Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas - IFSP/SPO. Bolsista PIBIFSP.
(slthaina@outlook.com).
3
Doutor em Geografia. Professor do Departamento de Humanidades do Instituto Federal de São
Paulo/Campus São Paulo. (carlosgeraldino@gmail.com).

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fontes de estudos para explicar o problema da origem das espécies, mesmo que estes
estudos sejam “[...] ordinariamente muito desprezados pelos naturalistas” (p.1). Ele
também aponta que o ​Origin seria apenas o resumo de um estudo ainda maior, pois, além
da saúde fragilizada, as pesquisas de Wallace teriam sido decisivas.
E é reivindicando o posto de “advogado do puro Darwinismo” que Alfred Wallace
apresenta o intuito de sua obra. Em 1889, a “teoria de Darwin”, como o próprio Wallace
atribui, já não era mais amplamente questionada por ser uma “heresia científica”, as suas
objeções eram pontuais aos meios que as espécies se modificam, e não se realmente
existia a descendência com modificação. ​A sua intenção era permitir que o leitor
entendesse o pensamento de Darwin a partir de novos fatos e com o respaldo de novas
teorias. O livro é estruturado em quinze capítulos que trazem discussões envolvendo o
que são e qual a origem das espécies, a variabilidade das espécies na natureza e de
animais domesticados e plantas cultivadas, a hibridização, como animais e plantas se
modificam originando novas variedades e espécies, a origem e uso das cores no reino
animal e a distribuição geográfica dos seres vivos.

OBJETIVOS

O principal objetivo dessa pesquisa é explicitar o período em que o livro ​Darwinism


(1889) foi publicado. Para isso, estabeleceu-se como objetivos específicos: verificar, em
linhas gerais, os temas abordados na obra; listar e analisar pontos de convergência e
divergência entre as ideias de Wallace e aquelas propostas por Charles Darwin no ensaio
On the Origin of Species​ (1859).

METODOLOGIA

Este estudo se enquadra na modalidade exploratório-descritiva e será analisado


qualitativamente, a partir de leitura e análise do ensaio ​Darwinism ​(1889), escrito por
Alfred Russel Wallace. A verificação e a discussão das principais concepções
apresentadas por Wallace foram realizadas com base em especialistas no tema, tais
como: Carmo e Martins (2006), Carmo (2011), Kutschera e Hossfeld (2013). Após a
verificação das abordagens, realizou-se uma breve comparação com o livro ​On the Origin
of Species (1859) escrito por Charles Darwin. Em outro momento do projeto,
relacionaremos com os aspectos históricos e filosóficos sobre a(s) concepção(ões) de
espécie em Wallace.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como nos apresentam Carmo (2011), Kutschera e Hossfeld (2013), ao contrário de


Darwin, o naturalista tinha uma posição mais radical. Para ele, a herança de caracteres
adquiridos pelo uso e desuso não tinha tanto efeito no processo evolutivo. Naquele
período, Wallace era adepto à “teoria da continuidade do plasma germinativo”
desenvolvida por August Weismann (1834-1914), biólogo alemão e, assim como Wallace,
defensor da seleção natural como o elemento primordial na teoria de Darwin. Weismann
(1885) propôs uma separação entre ​o soma (células que compõe o corpo) e o germe
(células reprodutivas), de forma que as alterações que ocorrem no soma não
influenciariam o germe, e somente as mudanças presentes no plasma germinativo
poderiam ser transmitidas. Logo, Wallace (1889) defendia que não são todos os
caracteres que os descendentes herdariam de seus progenitores e os efeitos do ​uso e
desuso seriam superados pela seleção e variação. Enquanto Darwin sempre defendeu a
hipótese da pangênese. De acordo com Polizello e Martins (2012), Darwin considerava
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que gêmulas, pequenas unidades presentes em todo o corpo e que circulava pelo
sangue, eram herdadas sem formar células, mas, caso necessário, sempre estariam
prontas para fazê-lo. Essa hipótese explicaria a variabilidade dos seres vivos e a herança
de caracteres adquiridos. Outros aspectos também não eram correspondentes, como
algumas explicações atribuídas à seleção sexual. Segundo Darwin (1859), esse
mecanismo atua sobre as chances de acesso a parceiros do sexo oposto. Não
dependendo, portanto, da luta pela existência, mas da luta entre machos para assegurar o
acasalamento com a fêmea. Dessa forma, o sucesso na fertilização ocorre a partir do
desenvolvimento de alguns atributos fenotípicos, como a cor e a ornamentação. Contudo,
para Wallace (1889), a maior parte dessas características estaria predominantemente
relacionada com a proteção ou o reconhecimento entre a mesma espécie, ou seja, seria
mais provável que a seleção natural estivesse agindo. De acordo com Carmo e Martins
(2006), Wallace não dispensa a seleção sexual, mas minimiza seus efeitos. Além disso,
Wallace tinha uma opinião contrária a Darwin sobre a origem da natureza moral e das
faculdades mentais dos humanos. Segundo ele, a seleção natural seria inadequada para
explicar essa origem, sendo preciso recorrer a “[...] alguma outra influência, lei ou agente”
(p. 436), ou seja, à existência de uma essência espiritual intrínseca aos humanos. No
Quadro 1,​ podemos observar algumas das principais diferenças apresentadas por ambos
os naturalistas:

​Quadro 1. ​Diferenças entre Charles Darwin e Alfred Russel Wallace


IDEIAS DARWIN WALLACE

Herança de Não influenciava no processo


Influenciava no processo evolutivo e
caracteres evolutivo e a teoria da continuidade do
poderia ser explicada pela hipótese
adquiridos pelo uso plasma germinativo apresentaria mais
da pangênese.
e desuso efeito.

Chances de acesso
Mais provável que a seleção natural
a parceiros do sexo Atribuídas à seleção sexual.
estivesse atuando.
oposto

Origem das
faculdades A seleção natural era adequada para Apenas outra influência, lei ou agente
intelectuais e morais explicar. seria adequado para uma explicação.
humanas

(Organizado por Thainá Leite a partir de DARWIN, 1859 e WALLACE, 1889).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo geral, em ​Darwinism​, Wallace considerou muitos aspectos de ​Origin​,


como a constante luta pela existência e o princípio de divergência de caracteres. Assim
como Darwin, ele compreendia que o aumento do número de organismos na natureza, em
decorrência da disponibilidade de recursos naturais e da predação, levaria às
competições intraespecífica e interespecífica. Ele também considera que exista as
preservação e a transmissão aos descendentes de características consideradas
vantajosas. E a seleção artificial era utilizada como analogia para explicar como a seleção
natural pode atuar. Tal como Martins (2019) afirma, em ​Origin​, Darwin não escreve uma
proposta absoluta, mas inaugura um programa de pesquisa capaz de receber
contribuições dos mais diversos cientistas. Assim como Wallace, os demais naturalistas
contemporâneos também adotaram diversos aspectos da teoria de Darwin, rejeitaram
alguns e acrescentaram muitos outros novos aspectos.
Página ​3​ de ​4
REFERÊNCIAS

CARMO, V.A.; MARTINS, L.A.C.P. Charles Darwin, Alfred Russel Wallace e a seleção
natural: um estudo comparativo.​ Filosofia e História da Biologia, ​v. 1, n. 1, p. 335-350,
2006.

CARMO, V.A. ​Episódios do ensino da Biologia e o ensino da ciência: as


contribuições de Alfred Russel Wallace.​ 199 f. il. 2011. Tese de Doutorado. Faculdade
de Educação da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo.

DARWIN, C. The Origin of Species; And, the Descent of Man. 1. ed. London:​Modern
library, ​1859.

KUTSCHERA, U; HOSSFELD, U. ​Alfred Russel Wallace (1823–1913):​ the forgotten


co-founder of the Neo-Darwinian theory of biological evolution. Theory in Biosciences
v.132, p. 207–214, 2013.

MARTINS, L.A.C.P. Darwin e os darwinistas.​ Revista USP,​ n. 123, p. 119-130, 2019.

POLIZELLO, A.; MARTINS, L.A.C.P. Modelos microscópicos de herança no século


XIX. ​Filosofia e História da Biologia,​ v. 7, n. 2, p. 137-155, 2012.

WALLACE, A.R. Darwinism: An exposition of the theory of natural selection with some of
its applications. 2. ed. London: ​Macmillan and Co.​, 1889.

WEISMANN, A. The continuity of the germ-plasm as the foundation of a theory


of heredity. ​Essays upon heredity and kindred biological problems,​ v. 1, p. 163-254,
1885.

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V Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação
IFSP – Campus São Paulo

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE CONCEPÇÕES DE SENSO COMUM DE


ALUNOS DO ÚLTIMO ANO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS DO IFSP SPO

MARTINS, Leonardo Caetité1


KIRKORIAN, José Paulo Cury2

RESUMO

Este trabalho apresenta a proposta de investigação que estamos desenvolvendo,


em nível de Iniciação Científica, a respeito das concepções apresentadas por alunos do
último ano do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas no Instituto Federal de São
Paulo – Campus São Paulo, sobre Biologia Evolutiva. Analisando respostas dadas por um
grupo de quarenta alunos a um teste diagnóstico elaborado por nós, pretendemos
identificar se, em suas explicações, esses alunos utilizam concepções de senso comum
ou não. Espera-se que alunos de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas,
devido à constante relação com os modelos científicos, tenham conseguido superar suas
concepções alternativas e utilizem os conceitos científicos adequadamente. Assim,
acreditamos que a análise das formas de explicação e a identificação de concepções de
senso comum utilizadas pelos estudantes podem fornecer elementos importantes sobre o
processo de ensino e aprendizagem e apontar para possíveis necessidades de sua
readequação.

Palavras-chave: Concepções de senso comum; concepções alternativas;

Biologia Evolutiva.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe uma investigação das concepções a respeito de temas


de Biologia Evolutiva de alunos do último ano da Licenciatura em Ciências Biológicas do
Instituto Federal de São Paulo – Campus São Paulo. Nessa perspectiva, busca-se
verificar se as explicações dos alunos nessa área da Biologia são afetadas por
concepções de senso comum e a natureza dessas concepções. As concepções de senso
comum foram muito estudadas entre as décadas de 1980 e 2000, principalmente na
Física, evidenciando de forma categórica que o conhecimento construído pelos indivíduos
no convívio social e na sua interação com o mundo é muito estruturado e constitui o seu
sistema de referências para explicar as situações e fenômenos com que se defronta no
dia-a-dia. Assim, essas explicações intuitivas podem representar um obstáculo importante

1
Aluno de Lic. em Ciências Biológias; IFSP, campus São Paulo; e-mail: leonardo.caetite@aluno.ifsp.edu.br
2
Professor Doutor, IFSP, campus São Paulo. Email: gircoreano@ifsp.edu.br
Página 1 de 3
ao correto entendimento das concepções científicas (Bachelard, 1996). Consideramos
que a existência de concepções em outras áreas do conhecimento, como a Biologia,
também seria relevante para o processo de ensino- aprendizagem e nos propusemos a
investigar sua natureza nessa ciência.
Para tanto, inicialmente, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica sobre
concepções espontâneas na Biologia. Em seguida, desenvolvemos um instrumento de
tomada de dados denominado teste diagnóstico, que é utilizado para obter as formas de
explicação dos estudantes frente a determinado tema. Através da análise e categorização
das respostas dadas no teste diagnóstico, esperamos poder identificar modelos de senso
comum usados pelos alunos.
A identificação de concepções de senso comum pode dar informações importantes
para o redirecionamento e mudanças em planejamentos didáticos que, levando em conta
tais conhecimentos, e auxiliem os estudantes a superarem suas explicações espontâneas
e apreender de forma significativa os conceitos científicos que estudamos nas escolas.

OBJETIVOS

Objetivo geral:

 Identificar e categorizar as concepções utilizadas por alunos do último ano do curso


de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de São Paulo –
Campus São Paulo sobre Biologia Evolutiva;

Objetivos específicos:

 Realização de um levantamento bibliográfico sobre concepções de senso comum


na área de Biologia e elaboração de um teste diagnóstico para verificar a
ocorrência das concepções de senso comum utilizadas pelos estudantes do curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas.
 Analise e categorização das formas de explicação usadas pelos estudantes da
amostra sobre Biologia Evolutiva, identificando os modelos explicativos.

METODOLOGIA

A pesquisa é de natureza qualitativa, na qual o pesquisador realizou um


levantamento bibliográfico de pesquisas que tratavam de concepções de senso comum
para a fundamentação teórica. Não encontramos questionários ou questões diagnósticas
na literatura consultada que nos servissem de parâmetro, apenas encontramos
informações sobre tipos de respostas espontâneas em diversos campos da Biologia.
Dessa forma, elaboramos o nosso teste diagnóstico, constituído por quatro questões
objetivas, com fundamento em Oliveira (2005) e Pozo (1998), e cinco frases de
Verdadeiro ou Falso, com fundamento Axt (1986) e Chaer (2012). Também nos
baseamos em formatos de questões propostas por Viennot (1979), ainda que esta última
referência seja voltada para temas da Física. O grupo participante da pesquisa é
composto por quarenta alunos do último ano do curso de licenciatura em Ciências
Biológicas do IFSP, campus São Paulo. Em função da pandemia de Coronavírus, o teste
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foi adaptado para aplicação via formulários Google (Google Forms) para ser resolvido
anônima e individualmente. O projeto foi aprovado pelo conselho de ética conforme
parecer número 4.295.653.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi elaborado o instrumento de tomada de dados ( o teste diagnóstico) , que pode


ser acessado pelo endereço eletrônico https://forms.gle/vz4aV8d5CNy13JKf6 .
Até o momento da escrita deste trabalho, tivemos dez respondentes. Usamos
essas respostas para aferição da adequação do teste e consideramos que as questões
permitem seu correto entendimento pelo respondente e as respostas obtidas podem
fornecer dados relevantes. Dois resultados já nos chamaram a atenção: o entendimento
de que a ideia de caracteres adquiridos é um pensamento exclusivamente lamarckiano,
sendo que a frase usada na questão cinco é de Darwin, e que lembra-se de duas das
premissas de Lamarck, mas não de todas as quatro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

Estamos em fase de coleta de dados e pretendemos empreender as análises das


respostas de forma sistemática a partir de fins de outubro de 2020.
Acreditamos que o teste pode ser um instrumento útil para outros professores,
tanto para conhecer o que seus alunos pensam, como atividade para discussão dos
conceitos abordados. Com a conclusão da pesquisa, esperamos também fornecer uma
matriz de dados sobre concepções alternativas no contexto de Biologia Evolutiva. Essa
matriz de dados pode possibilitar aos professores que forem trabalhar esse assunto, o
conhecimento de ideias que podem ser obstáculo ao correto aprendizado dos seus alunos
e lhe possibilitar escolher caminhos para superar tais dificuldades.

REFERÊNCIAS

AXT, Rolando. Conceitos intuitivos em questões objetivas aplicadas no concurso


vestibular unificado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ciência e
Cultura, Porto Alegre, v. 38, n. 3, p. 444-452, 1986.
BACHELARD, G. A formação do espírito científico – Contribuição para uma
psicanálise do conhecimento. Tradução: Estela dos Santos Abreu, Rio de Janeiro,
Contraponto Ed. Ltda, 1996.
CHAER, G.; DINIZ, R. R. P.; RIBEIRO, E. A. A técnica do questionário na pesquisa
educacional. Revista Evidência, v. 7, n. 7, 2012.
OLIVEIRA, Silmara. S. de. Concepções alternativas e ensino de biologia: como
utilizar estratégias diferenciadas na formação inicial de licenciados. Educar em
Revista. Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, n. 26. P 1-18, 2005.
POZO, Juan. I. A aprendizagem e o ensino de fatos e conceitos. In: COLL, C. et al. Os
conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artes médicas, 1998. páginas. 17-71.

VIENNOT, Laurence. Spontaneous reasoning in elementary dynamicsç.


European Journal of Science Education, Abingdon, UK, v. 1, n. 2, p. 205-221, 1979.
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