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CIN II – espécie humana à exploração de materiais

As máquinas simples
O sonho de ir cada vez mais além e ser cada vez mais forte, levou o ser humano a criar dispositivos capazes
de aumentar a sua força.
Mas à medida que foi criando novos objectos encontrou novas desafios e teve necessidade de criar novas
máquinas.
Uma das máquinas mais antigas, e mais simples, e também a mais utilizada pelos povos das primeiras
civilizações foi o plano inclinado.
Os egípcios utilizaram-na na construção das pirâmides, verdadeiros colossos com mais de uma centena de
metros de altura. Notável!
Alavancas, roldanas, cunhas, plano inclinado…, são exemplos de máquinas simples.

Que soluções encontrou o ser humano para reduzir o esforço físico e ajudar nos trabalhos do dia-a-
dia?
Depois de identificares objectos que se utilizam, ou utilizaram, no dia-a-dia e que suportam o seu
funcionamento em máquinas simples, regista-os em imagem.
Faz acompanhar cada imagem do princípio, ou da lei, que suporta o seu funcionamento.

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Máquinas simples
Picareta (ferramenta análoga ao martelo que consiste em uma cabeça de metal pontiaguda fixada na ponta
de um cabo comprido feito usualmente de madeira. Seu principal uso é quebrar pedras e rochas, tendo
sendo muito utilizada em minas e obras para escavação de túneis onde o trabalho para quebrar as pedras
era manual antes da introdução das modernas escavadeiras)

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Arquimedes esclareceu o princípio geral da alavanca, cuja aplicação instintiva remontava aos primeiros
tempos da humanidade, transformando esta velha inspiração técnica numa ideia clara e com base
científica.
A partir do século II a. C., assiste-se ao aparecimento de instrumentos concebidos pela razão para um
fim prático preciso, instrumentos capazes de diminuir o esforço físico: pé-de-cabra (tipo de alavanca
de metal que possui uma das extremidades semelhante a um pé de cabra. É utilizado para arrancar
pregos e abrir caixas de madeira)

Tal como o balancé (máquina simples, equipamento de lazer desportivo infantil, que consiste de uma tábua
longa e estreita equilibrada no seu ponto central usando o princípio da alavanca. Geralmente um balancé
está equipado com assentos e manípulos em cada ponta e fixo no fulcro. Duas pessoas de pesos comparáveis
sentam-se nas extremidades do balancé e alternadamente impelem-se para cima por flexão dos joelhos,

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fazendo descer a extremidade oposta) e a picota, o pé-de-cabra é um exemplo de uma alavanca inter-fixa.
Esta máquina simples permite aumentar de forma significativa a força exercida sobre o prego. Neste tipo
de alavanca o fulcro encontra-se entre a força resistente e a força exercida.

Três balancés montados na mesma base Balancé de segurança, com molas

O ser humano sabe aproveitar as leis que regulam o funcionamento das alavancas e concebeu engenhos, bem
simples, que o ajudam nas suas tarefas diárias.

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A alavanca é um objecto rígido que é usado com um ponto fixo apropriado (fulcro) para multiplicar a força
mecânica que pode ser aplicada a um outro objecto (resistência). Há vantagem mecânica, e é um exemplo do
princípio dos momentos. O princípio da força de alavanca pode também ser analisado usando as leis de
Newton.

Princípio do funcionamento de uma alavanca

A força aplicada em pontos de extremidade da alavanca é proporcional à relação do comprimento do braço


de alavanca medido entre o fulcro e o ponto da aplicação da força aplicada em cada extremidade da
alavanca.

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A equação fundamental das alavancas é:

F1D1 = F2D2

ou

onde: Fp é a força potente; Fr a força resistente; OP o braço potente; e OR o braço resistente.

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As alavancas podem ser classificadas em:

Inter-fixa: onde o ponto fixo fica Inter-resistente: onde o peso Inter-potente: onde a força F2
entre o peso F1 e a força F2 que representa a resistência F1 está entre o peso F1 e o ponto fixo
está entre a força F2 e o ponto
fixo

Balancé Carrinho de mão Pinça

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Alavanca inter-fixa Alavanca inter-resistente Alavanca inter-potente

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Tesoura de podar (objecto utilizado para cortar materiais de pouca espessura e que não requerem grande
força de corte, como por exemplo papel, cartão, tecidos, arames, cabelo ou unhas, entre outros. A tesoura
é constituída por duas lâminas, articuladas numa charneira. As lâminas, que podem ou não ser muito afiadas,
cortam o material em questão através da acção de forças mecânicas de corte, aplicadas segundo um
princípio de alavanca. Assim, serão tanto mais eficazes quanto mais próximo o objecto a cortar estiver da
sua articulação).

Tesoura de podar Vários tipos de tesoura

À semelhança do pé-de-cabra estamos perante uma alavanca inter-fixa.


Utilizada no campo nas tarefas de corte de arbustos ou na poda, a tesoura é uma máquina de extrema
utilidade.

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Outras máquinas simples:

Picota Cunha Pá
Método de tirar água de poços Tipo de plano inclinado duplo que se Existem diversos tipos de pás, sendo
movimenta para realizar o trabalho. Se sua a mais tradicional delas utilizada
borda for bem estreita ou muito afiada, para cavar. Outra também muito
será necessária aplicação de menos força. comum é a pá de lixo
Como exemplo, temos: machado, prego,
formão

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Nora
Engenho ou aparelho para tirar água de poços ou cisternas. É constituído por uma roda com pequenos
reservatórios ou alcatruzes.
Possui uma haste horizontal acoplada a um eixo vertical que por sua vez está ligado a um sistema de rodas
dentadas. Este sistema faz circular um conjunto de alcatruzes entre o fundo do poço e a superfície
exterior. Os alcatruzes descem vazios, são enchidos no fundo do poço, regressam e quando atingem a
posição mais elevada começam a verter a água numa calha que a conduz ao seu destino. O ciclo de ida e
volta dos alcatruzes ao fim do poço para tirar água mantém-se enquanto se fizer rodar a haste vertical e o
poço tiver água.
Tradicionalmente as noras são engenhos de tracção animal. Estes engenhos vieram em muitos casos
substituir a picota anteriormente utilizada como engenho principal para tirar água na Península Ibérica
onde se pensa que tenham sido introduzidos pelos árabes

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Forquilha Pico Mola

Sacho Tenaz Chave-inglesa

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Polia ou roldana é um disco que pode girar em torno de um eixo que passa por seu centro. Além disso, na
periferia desse disco existe um sulco, denominado gola, no qual passa uma corda contornando-o
parcialmente.
As roldanas, quanto aos modos de operação, classificam-se em fixas e móveis. Nas fixas os mancais de seus
eixos permanecem em repouso em relação ao suporte onde foram fixados. Nas móveis tais mancais se
movimentam juntamente com a carga que está sendo deslocada pela máquina.
Uma roldana fixa muda o sentido de uma força
Uma roldana é uma roda que pode girar em torno de um eixo, tendo um sulco em volta (como um carretel
achatado) pelo qual passa uma corda.

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Caso (A)
A roldana fixa (eixo fixo) muda o “puxão” do homem para baixo na corda em um “puxão” para cima. Neste
caso mudou-se apenas o sentido da força aplicada.
Caso (B)
As duas roldanas fixas mudam as forças para baixo dos pesos em forças para cima na janela.

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Caso (C)
Roldana móvel (eixo móvel). As duas partes da corda suportam o peso de 10 kgf. Logo a força para levantar
o corpo é de 5 kgf. Uma roldana móvel simples (ausência de atrito) dobra a força que se exerce sobre ela.
Caso (D)
Combinação de roldanas. Três partes da corda suportam o peso de 15 kgf. Logo a força para levantar o
corpo é de 5 kgf. Note que a roldana fixa, mais próxima do tecto, serve apenas para mudar o sentido da
força (também pode mudar a direcção da força, depende da posição relativa da mão). A roldana móvel
(inferior) suporta o peso do corpo (15 kgf), logo na linha de acção da corda está uma “carga” de 5 kgf. Na
ausência de atrito, esta roldana combinada ou composta reduz a 1/3 a força que deve exercida.
As oficinas de automóveis usam combinações de roldanas para levantar motores de automóveis.

Máquinas simples, tais como as roldanas são úteis porque


• mudam o sentido da força (roldana fixa);
• multiplicam forças (roldana móvel);
• podem mudar as distâncias ao longo das quais as forças actuam (combinação de roldanas).

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Eis algumas ilustrações:

Na roldana ou polia fixa, numa das extremidades da corda aplica-se a força motriz F (aplicada, potente) e
na outra, a resistência R. Na roldana móvel, uma das extremidades da corda é presa a um suporte fixo e na
outra aplica-se a força motriz F. A resistência R é aplicada no eixo da polia.
Na roldana ou polia fixa a sua função, como máquina simples, é apenas a de inverter o sentido da força
aplicada, isto é, aplicamos uma força de cima para baixo numa das extremidades da corda e a roldana
transmite à carga, para levantá-la, uma força de baixo para cima.
Isso é vantajoso, porque podemos aproveitar o nosso próprio peso (ou um contrapeso) para cumprir a
tarefa de levantar um corpo.

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Equilíbrio das roldanas


Para qualquer efeito de cálculo a roldana fixa comporta-se como alavanca inter-fixa de braços iguais e a
roldana móvel comporta-se como alavanca inter-resistente cujo braço da potência é o dobro do braço da
resistência (muitos autores/investigadores não incluem as roldanas como máquina simples fundamental por
considerarem as roldanas como simples aplicações das alavancas).

Na roldana móvel com corda de ramos não paralelos, como se mostra na ilustração, a resolução do problema
torna-se mais complexo.

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Associações de roldanas
A roldana móvel raramente é utilizada sozinha. Normalmente vem combinada com uma roldana fixa,
conforme se ilustra.

F = R/2.
Assim, para que a carga suba de 1 m o operador deve
“puxar” o seu ramo de corda para baixo, de 2 m.

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O acréscimo sucessivo de roldanas móveis, como se indica na sequência, leva-nos à montagem de uma talha
exponencial.

Na talha exponencial
• com uma roldana fixa e duas roldanas móveis tem-se F = R/4 = R/22 ;
• com uma roldana fixa e três roldanas móveis tem-se F = R/8 = R/23;
• e assim sucessivamente, de modo que para n roldanas móveis tem-se: F = R/2n.

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Existem muitos planos inclinados que são muito usados pelas pessoas.

Rampa – A rampa é o exemplo clássico do plano inclinado, pois sem ela, teríamos que deslocar objectos
verticalmente, como para colocar móveis e máquinas numa viatura de transporte (por exemplo de
mudança). Seria necessário usar uma força maior do que a usada numa rampa.

Cunha – A cunha é um objecto que possui dois planos inclinados segundo um determinado ângulo agudo, e
serve para cortar vários materiais, entre eles a madeira. O machado é um tipo de cunha, por exemplo.

Parafuso – Se observarmos um parafuso, perceberemos que ele possui um plano inclinado, que é a rosca.
Ela ajuda a que o parafuso “penetre” por exemplo na madeira sem se usar muita força.

Plano inclinado na história da humanidade


Acredita-se que os egípcios tenham construído as pirâmides usando o plano inclinado, no modo de uma
rampa.
Acontece que os blocos das pirâmides chegavam a pesar toneladas e seria muito difícil, por exemplo,
para os egípcios levarem esses blocos para o topo das pirâmides sem usar essas rampas.
Mas isto ainda é um mistério, pois a rampa teria que ser muito comprida para que fosse possível os
egípcios transportarem esses blocos até o topo da pirâmide.

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Enquadramento histórico
As pirâmides são estruturas monumentais construídas em pedra e têm uma base rectangular e quatro
faces triangulares (por vezes trapezoidais) que convergem para um vértice. Acredita-se que as
pirâmides do Egipto Antigo eram edifícios funerários, embora alguns especialistas acreditem que além
de servirem de mausoléus eram também templos religiosos. No interior havia (?) várias câmaras onde se
acredita que fossem guardados grandes tesouros.
Os egípcios utilizaram o plano inclinado na construção das pirâmides, verdadeiros colossos com mais de
uma centena de metros de altura. Não deixa de ser algo admirável numa altura em que não se dispunham
dos meios mecânicos que hoje conhecemos. Tanto quanto se sabe as únicas ferramentas que possuíam
eram a alavanca e o plano inclinado, manipuladas por milhares de homens.
Foram construídas há cerca de 2.700 anos a.C. A época em que atingiram o apogeu, período por
excelência, foi de 2686-2345 a.C. As grandes pirâmides, construídas há mais ou menos 5.000 anos,
continuam desafiando o tempo e despertando admiração pela civilização Egípcia.
Daí que a mais antiga máquina simples e também a mais utilizada é o plano inclinado.

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O trabalho da construção das pirâmides exigia a orgulhosa ambição dos faraós.


Mais de 2 milhões de blocos de granito com cerca de 16 toneladas cada foram transportados utilizando
alavancas, planos inclinados e rolos sob os blocos.
Esses blocos eram puxados por cordas por escravos (?) [prisioneiros de guerra (?), homens bem
remunerados (?), …].

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Rodas e Eixos
Com a finalidade de multiplicar forças, constituindo assim uma máquina simples, pode-se associar rodas e
eixos.
Duas rodas acopladas a um mesmo eixo ou duas rodas acopladas por correia são exemplos de dispositivos
simples capazes de multiplicar forças.

Rodas acopladas a um mesmo eixo têm mesma velocidade angular, mesmo período e mesma frequência
(figura lado esquerdo): ω1 = ω2; v1/r1 = v2/r2; v1/v2 = r1/r2

Para rodas acopladas por correia (eixo diferente), as velocidades lineares dos pontos das rodas, em
contacto com a correia, têm o mesmo valor. As velocidades angulares são inversamente proporcionais aos
respectivos raios (figura lado direito): v = v1 = v2; ω1r1 = ω2r2; ω1/ω2 = r2/r1

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Uma aplicação imediata do acoplamento de rodas num mesmo eixo encontra-se no sarilho ordinário.
Consta de um cilindro horizontal de raio r, sobre o qual se enrola uma corda, por meio de uma manivela que
faz girar o cilindro. A força P é aplicada à manivela de raio R (uma roda) e a resistência Q à extremidade
livre da corda.

O sarilho ordinário pode ser visto como uma alavanca Inter-fixa:

P.R = Q.r

P = Q.(r/R)

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Quando se agrupam rodas através de uma correia, os esforços que se opõem à força transmitida podem
ser tais que fazem a correia deslizar.

Nessas situações é conveniente usar rodas dentadas (engrenagem por corrente).

A bicicleta, pelo seu sistema de transmissão mediante rodas dentadas e corrente, é exemplo de tal
situação.

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