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ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
FACULDADE SÃO BRAZ
CURITIBA/2018
Sumário
Apresentação ................................................................................... 03
Iconografia ....................................................................................... 04
Aula 1 – Concepções de alfabetização e letramento ........................ 05
Aula 2 – Necessidade de repensar o termo alfabetização ................ 20
Aula 3 – Considerações históricas sobre a alfabetização no Brasil . 33
Aula 4 – Métodos de alfabetização utilizados no Brasil .................... 46
Aula 5 – Elementos psicolinguísticos relacionados à alfabetização 60
Aula 6 – Diferenciação nos modos de representação da escrita ....... 73
Aula 7 – Metodologia da alfabetização ............................................. 82
Aula 8 – Práticas pedagógicas ......................................................... 94
Referências ...................................................................................... 104
Apresentação
VOCABULÁRIO
Indica a utilização de um termo, palavra ou expressão no
texto.
IMPORTANTE
Indica pontos de maior relevância no texto.
REFLITA
Questionamentos e reflexões sugeridas pelo autor, mas não
é necessário respondê-los.
SAIBA MAIS
Oferece novas informações que enriquecem o assunto:
textos, artigos, reportagens escritas etc.
CURIOSIDADES
Indica alguma curiosidade a respeito do tema de estudo, mas
que não está contemplado na ementa.
MÍDIAS
Indica sugestões de vídeos ou reportagens para
conhecimento complementar.
LINK
Vídeos e textos para aprofundar o assunto.
Dica: Para facilitar clique com o botão direito do mouse e abra
uma nova janela.
Aula 1 – Concepções de alfabetização e letramento
Diante das diferentes lembranças que podemos ter de nossa própria fase
da alfabetização, aparece a primeira noção do quanto as formas de se alfabetizar
acontecem, suas interfaces, a questão sociocultural e econômica que a
permeiam e as várias concepções originadas nas últimas décadas, além das
críticas referentes ao processo de alfabetizar ou mesmo a distância existente
entre ensinar e aprender.
Estudante, você conhecerá a amplitude deste processo no decorrer deste
estudo.
Alfabetização, uma reflexão sempre necessária
A partir dessa percepção, inicia-se um novo olhar para o aluno, que passa a
ser reconhecido como estudante, capaz de interferir e produzir o próprio
conhecimento. É importante observar que não fora desqualificado o papel do
professor, o que na verdade passou a ser reconhecido, é que ambos, professor
e estudante, exercem papel fundamental na aprendizagem.
Síntese
Atividades de Aprendizagem
O que é Letramento?
Exemplo:
O sujeito que entra para as estatísticas como pessoa alfabetizada pode ser o
mesmo que apresenta dificuldade em atividade simples de leitura simples, como
a leitura de um anúncio de compra ou venda de um item de uma página de mídia
social.
A capacidade de compreensão do que se expressa no pensamento de
quem fala ou daquele que escuta resulta no que é definido por letramento. Logo,
temos definido que alfabetização se caracteriza pela ação de ensinar ou
aprender a ler e escrever, enquanto que letramento é a condição daquele que
além de saber ler e escrever ainda as pratica dentro da sociedade, se dedica às
práticas de leitura e escrita, é capaz de ler, interpretar e produzir leituras e
escritas de maneira a serem compreendidas.
Com a definição de letramento não temos somente o ganho de mais uma
palavra ou conceito, temos um novo olhar sobre o estudante e novas
responsabilidades. É enxergar o contexto que ele está inserido; quais as suas
necessidades, identificar o que já alcançou dentro da leitura e escrita e oferecer
oportunidades e condições para que este continue se desenvolvendo.
Diferente do termo alfabetizar, o conceito letramento apresenta
questionamentos a serem observados, pois não temos como concluir que o
indivíduo já completou o processo de letramento; por exemplo, existem pessoas
que no decorrer de sua aprendizagem já conseguem escrever ou interpretar um
bilhete ou uma pequena mensagem, mas ainda sentem dificuldade em
compreender um artigo de jornal. Ler e escrever envolve um conjunto de
habilidades a serem aprendidas e desenvolvidas constantemente.
Segundo Soares (1998, p. 47),
Qual a idade certa para a alfabetização e letramento?
Síntese
Atividades de Aprendizagem
Aprender o código alfabético a princípio não era uma ação escolar, era
uma prática realizada em família, repassada por aqueles que tinham o domínio
sobre a leitura e a escrita. Baseava-se em regras simples, tais como:
Ao falar de imprensa,
provavelmente pensamos em canais
de comunicação: sejam eles de
televisão, rádio ou jornal. No
entanto, o nome imprensa foi dado
originalmente à máquina de
impressão tipográfica.
Art. 1.º – Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverá escolas
de primeiras letras que forem necessárias.
BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. In: LIMA, N. dos S. Um século de ensino primário.
Natal: Typografia d’A República, 1927.
Outro fato importante para ser destacado pela inserção desta lei é o
primeiro passo para o acesso das meninas às escolas, não para o aprendizado
das letras a princípio, mas para as práticas domésticas.
Art. 11.º – Haverá escolas de meninas nas cidades e vilas mais populosas,
em que os Presidentes em Conselho, julgarem necessário este
estabelecimento.
BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. In: LIMA, N. dos S. Um século de ensino primário.
Natal: Typografia d’A República, 1927.
Nesta aula, você pôde saber um pouco mais do cenário histórico que se
constituiu a alfabetização no mundo, valorizada a partir da escrita primitiva até a
constituição do código escrito e sua socialização. Vimos a história da
alfabetização, assim como as formas de ensinar desenvolvidas no Brasil até
meados da década de 90.
Você viu que muito do atraso tido na educação atual é herança de um
extenso período de abandono e descaso com a situação educacional, pouco
investimento em ensino público, assim como, por muitos anos, não quererem a
ascensão das classes mais desfavorecidas.
Atividades de Aprendizagem
Você viu, nesta aula, alguns dos descasos com a educação brasileira De acordo
com o que aprendeu, o que precisaria ser feito para que tivesse educação com
qualidade para todos os cidadãos?
Aula 4 – Métodos de alfabetização utilizados no Brasil
Nesta aula, você vai ver quais são os métodos de alfabetização utilizados
no Brasil desde o período colonial até as formas sugeridas e usadas atualmente.
Estudaremos a importância e o reflexo desses métodos na educação atual, de
acordo com os estudos de importantes nomes da educação.
Métodos de alfabetização
Método Sintético
Bastão /
Caixa-alta
Cursiva
Maiúscula Letra Script
Cursiva
Minúscula
Método Analítico
O método de histórias ficou conhecido no século XX, mas não foi usado
em grande escala no Brasil por ser entendido como uma forma de ensinar muito
avançada para o ensino da época. Uma das dificuldades trazidas pelos
professores diante deste método é a falta de suporte presente no livro didático,
o que gerava certa insegurança no trabalho desenvolvido.
No Brasil, a maior ênfase do trabalho do francês ocorreu em Minas Gerais,
onde foram desenvolvidos materiais específicos para seu trabalho “O livro de
Lili”, por exemplo, é um dos materiais utilizados na formação de alfabetizadores
no período de 50 anos (1920 – 1970).
Clique aqui para ver um pouco mais sobre “O livro de Lili”.
Mudança de foco
Síntese
Atividades de Aprendizagem
Psicologia
Psicogênese
A teoria cognitiva tem sua origem nos Estados Unidos com vários teóricos,
dentre eles destacam-se: Piaget, Vallon e Vigotsky. Apesar de algumas
ramificações e diferenças entre si, todos se preocuparam em compreender a
ação da criança em seu processo de construção do conhecimento.
Para Piaget, a criança nem sempre tem domínio total dos desafios que se
apresentam durante seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, essa
insegurança com o novo ou falta de total compreensão pode gerar na criança a
desistência daquele processo ou a modificação do que é apresentado, essa
maneira de modificar se caracteriza pelo que é chamado de acomodação.
Toda construção de pensamento, para Piaget, deve passar pelo processo
de acomodação, uma forma de desequilíbrio no pensamento da criança, para
depois passar pela assimilação e, depois, a aprendizagem. A acomodação é
necessária, pois se o meio não oferece novos desafios, temos somente um
processo de assimilação de conhecimentos, sem instigar na criança a
formulação do próprio pensamento. “Maturação, experiência ativa, equilibração
e interação social são as forças que moldam a aprendizagem” (PIAGET apud
LEFRANÇOIS, 2008, p. 260).
Fornecer desafios para o aluno é essencial para que ele saia da zona
de conforto e leve a elaboração do pensamento. Para essa elaboração,
ele precisará observar e interagir com o meio, enriquecendo seu
processo de aprendizagem.
Exemplo
A criança conhece a composição figurativa de árvore. Quando ela ouve a palavra
árvore, sua mente lhe mostra essa informação, no entanto, o objeto árvore pode
estar ligado a outro contexto desconhecido. A árvore conhecida pela criança é
aquela grande e com folhas verdes. Nesse momento, é apresentado a ela um
outro tipo de árvore, um Ipê amarelo, grande, mas com cor amarela. Apesar de
parecer simples, para a assimilação dessa nova informação, a criança passará
pelo processo de desequilíbrio do conhecimento (o que é novo), para a
equilibração de um novo conceito de árvore, que também poderá ser amarela.
Estágio Sensório-motor
Estágio Pré-operátório
[...] é bem difícil imaginar que uma criança de 4 ou 5 anos, que cresce num
ambiente urbano no qual vai reencontrar, necessariamente, textos escritos em
qualquer lugar (em seus brinquedos, nos cartazes publicitários ou nas placas
informativas, na sua roupa, na TV etc.) não faça nenhuma ideia a respeito da
natureza desse objeto cultural até ter 6 anos. (FERREIRO & TEBEROSKY, 1999,
p. 29).
Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever
coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de
alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da
possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras
crianças que necessitam da escola para apropriar se da escrita. (Ferreiro, 1999,
p. 23)
As autoras, ao utilizarem a criança como agente do seu próprio
aprendizado, se opõem ao uso de conteúdos prontos e cartilhas oferecidas aos
alunos, visto que esses métodos reforçam apenas a memorização por parte da
criança e não a interação e descoberta do meio. Dentro da concepção da
psicogênese, a sala de aula por si só torna-se um ambiente alfabetizador quando
está equipada com formas criativas e motivadoras que envolvam os alunos.
A partir da escola entendida como ambiente que favorece a aquisição e a
troca de experiências para o aprendizado, temos uma mudança em sua
configuração, desde a disposição das carteiras em sala de aula até a colocação
de objetos que propiciem a curiosidade e a manipulação deles pelas crianças. O
professor também passa a exercer a função do mediador do conhecimento,
apresentando formas criativas de levar as crianças a observar e construir
hipóteses, estimulando o gosto pela busca do aprendizado.
O professor não exerce apenas o papel de lançar novos desafios, faz uma
função muito mais importante, isto é, precisa observar constantemente a
formulação do pensamento da criança em seus estímulos e respostas de forma
que ela compreenda como está em seu desenvolvimento cognitivo, e, a partir da
observação, fornecer e estimular de modo que favoreça o que já está em
desenvolvimento, além de retomar e auxiliar na aquisição do pensamento em
pontos que apresentaram dificuldades.
Síntese
Olá! Seja bem-vindo à sexta aula. A partir de agora, você vai aprender como
funciona o processo de alfabetização dentro do conceito de desenvolvimento
cognitivo de Jean Piaget e as descobertas psicolinguísticas de Emília Ferreiro e
Ana Teberoski.
Bom estudo!
Níveis de Escrita
A criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria escrever certo
conjunto de palavras e está oferecendo um valiosíssimo documento que
necessita ser interpretado para poder ser avaliado. Essas escritas infantis são
consideradas como grafismo, puro jogo, o resultado de fazer como se soubesse
escrever. (FERREIRO, 1995, p. 16)
Períodos de desenvolvimento
Período Pré-silábico
CAMILA
Palavra: BOLA
Hipótese: CMIA
Sem distinguir a relação de escrita e fala é comum que o aluno faça a
simulação de uma leitura passando o dedinho por cima das palavras. Na
hipótese de leitura poderá relacionar a quantidade de palavras faladas pelo
espaçamento entre as palavras dentro de uma frase.
Dentro do período pré-silábico é bastante comum o que chamamos de
“realismo nominal”, a criança compreende que a escrita é feita por letras, no
entanto ela ainda recorre ao uso da representação da figura a qual a palavra
significa, utilizando uma quantidade de letras correspondentes ao que a figura
representa.
CASA:
Hipótese:
ABCAEILMIOHACOL
FORMIGA:
Hipótese: AM
Período Silábico
Palavra: ÁRVORE
Hipótese: ABOE
É comum na transição do período pré-silábico para o período silábico haver
maior utilização de vogais na formação das palavras, principalmente se for
apresentado à criança a formação de palavras pela união de consoante vogal.
Dentro do período silábico, a criança faz aos poucos a compreensão da
escrita como representação da fala e compreende a formação de cada som
como a união de duas letras, normalmente formada pela união de consoante
com vogal. Em muitos sistemas de ensino, é comum observar a apresentação
das famílias silábicas para que as crianças compreendam a formação de silabas.
Período Silábico-alfabético
CASA= KSA
Período Alfabético
Dificuldades de Aprendizagem
Síntese
Atividades de Aprendizagem
Prática pedagógica
Atualização pedagógica
A avaliação não é tudo; não deve ser o todo, nem na escola nem fora dela; e se
o frenesi avaliativo se apoderar dos espíritos, absorver e destruir as práticas,
paralisar a imaginação, desencorajar o desejo, então a patologia espreita-nos e
a falta de perspectivas, também. (MEIRIEU, 1994)
Atividades de aprendizagem
Prática Pedagógica
Estratégias flexíveis
Segundo esta teoria, um iceberg flutua deixando à vista somente 10% de seu
volume total, restando, assim, 90% abaixo da superfície do mar.
A formação do leitor
Atividades sugeridas
Atividades de Aprendizagem