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be hes ce GF I ets 7 A 7" onto DE VISTA Como delimitar um trabalho cientifico: do tema ao problema Uma das dificuldades de comunicacéo escrita de ~ gagdes do jormalista: Quem? O qué? Quando? Co- atuais ¢ futuros cientistas ¢ humanistas ¢ a formu- “mo? Por qué? Se sita formulago no responder sa- 7S laglo, precisa, especifica do que tradicionalmente ~'tisfatoriamente a pelo menos trés das perguntas- < 0 leigo chama de “assunto”. Assim, pesquisadores | chave do jornalismo, vocé ainda ndo terd formula- % costumam “queimar” seus neurénios para desco- © do um problema, mas um tema ou um embrifio de af brit 0 titulo adequado para seus escritos. Esse mes-. problema. Empenhe-se, portanto, em acrescentar = mo desafio gera ansiedade nos universitdrios, par-,/-a seu titulo provisbrio os dados indispensdveis a Hicularmente os de pés-graduacao, quando se depa-*” caracterizagdo do mesmo como um problema. ram com a exigéncia de apresentarem os temas de 2. A formulagfo pode ser ampliada em duas ou seus projetos de pesquisa ou de dissertagdo de mes- * trés unidades informacionais? Imagine que seu ti- trado, Em cursos ministrados a pés-graduandos das” tulo fosse “As minorias lingijisticas”. Como ope- dieas de letras, cigncias humanas ¢ sociais temos.."racionalizar. essa redaZo? Respondendo Onde? <2 observado que 2 dificuldade de delimitar um pro-~: (na Regio Sul do Brasil, por exemplo) e O qué? blema decorre, em grande parte, do fato de 0 alu- (a situagdo dessas minorias face aos contatos lin- . Ro nfo ter aprendido a traduzir uma idéia ou men-.” giiisticos com o portugués). As duas perguntas-cha- ‘sagem do nivel cognitive bem. abstrato ao concré- “ve do jornalismo ajudam a expandir o titulo, dan- to ou, ém termos educacionais, a “operacionali- do.the 2 especificidade desejével para que assuma ” gar” um-tema, convertendo-o em problema. AtéSa condigio de verdadeito problema. = ‘mesmo professores de lingua portuguesa parecem 3. O texto de seu tema nfo estard a exigit um nfo ter adquirido essa estratégia de concretizag20 subt(tulo? Em caso afirmativo, ponha-te no lugar de temas, a julgar pelo predominio, nos exames de seus leitores e acrescente esse subtitulo, Supo- Westibulares, de temas propostos aos examinandos nha que seu titulo seja A criatividede verbal na na prova de redacdo: pede-se ao vestibulando que . Escola. Vocé aplica o questiondrio do jornalismo Produza um texto sobre “O dever de votar”, “A _¢ verifica que apenas O qué? e Onde? esto respon- poluigéo ambiental", “Viver em harmonia”. Esses didas. Decide, entfo, acrescentar um subt{tulo: A * itens constituem, na realidade, dreas temsticas ou \influéncia da motivago intrinseca no desempenho informacionais, “povoadas” por intimeros proble- “de alunos de 19 grau. A Ultima etapa desse proces- ; Mast Nao € de estranhar, conseqientemente, que "so serd a integragdo do subtitulo no titulo, chegan- tantos alunos sejam avaliados desfavoravelmente: © do-se a diversas altemativas, das quais duas seriam: 5 pede-sehes que abordem assuntos complexos, \4 morivagdo intrinseca de alunos de 19 grau e sua tmultifacetados; a rigor, “conjuntos de problemas". criatividade verbal ou A motivapdo intrinseca ea Se, por um lado, a metodologia do ensino de * eriatividade verbal de alunos de 19 grau. lingua matema nfo tem identificado e contribu{do _ Délcio Vieira Salomon, em Como fazer uma para a resolugto do problema de como transfor. monografia (Belo Horizonte, interlivos, 1974), ‘mar-se um tema em um problema, a psicologia cog- ”, afirma que “escother_ um assunto ¢ descobrir um “| nitiva, através da andlise de problemas, oferece uma ©: problema televante que mere orientarSo sobre como proceder na ocasito de pre-- cientificamente ¢ tenha condigdes de cisar “‘delimitar um tema”. Eis, em sintese, 0 pro- : do tecnicamente em fungdo da pesquisa” (p. 229). sSeedimento a seguir: aplique-se uma lista-padrfo “Esse “ato de especificacdo" a que Salomon se refe- (aqui testrita a 3 perguntas-chave}: 2re constitui uma das estratégias cognitivas que I. A tedacio (do titulo do trabalho, do projeto, ®aparentemente muito poucas pessoas sabem “ati- de tese, de livto, de artigo) responderia as seis inda-y/"var" em proveito de sua eficdcia comunicacional AC1A E CULTURA, 37(8), AGOSTO DE 1985 1295 esctita. Até que ponto o sistema educacional leva ve: Quais as causas deste problema? Quando e on- © estudante a optar por formulagbes genéricas, de- de se originou 0 problema? Que mudangas resulta- masiado -abstratas, conceitualmente densas? Por 1am? Como ele se compara ou se relaciona a outros que pesquisador inexperiente encontra, muitas problemas semelhantes, andlogos? Quais as solu- vezes, obstdculos 20 tentar percorrer 0 caminho g6es possiveis ¢ as preferiveis? Por qué? do “tema” 20 “problema”? Eis um problema a _ Uma das contribuigdes da psicologia cognitiva mais para interdisciplinaristas interessados. “Séplicada’& comunicasao escrita € um enfoque cen No preparo do pesquisador ¢ crucial também “‘trado na andlise de problemas. Isto pressupde a ca- -Sensibilizé-lo quanto a dois tipos bdsicos de abor- ;/pacidade lingilistica de formular, explicitar cada * dagem de problemas:.a) estéticae }) dinamica, problema como tal, evitando recorrerse a formu- % __No primeiro caso, da perspectiva estdtica, as ‘lagdes vagas, imprecisas, incompletas. Saber redi- > perguntaschave do pesquisador limitam.se a: git um problema, atribuindo-lhe as caracteristicas * Quais as caracteristicas distintivas de meu proble- | espectficas que o delimitam, ¢ uma das competén- © ma? Quais os dados relevantes para focalizélo? *cias bésicas do pesquisador. Ja € tempo de, na for- Quem est4 envolvido no problema? Que requisi- magdo de cientistas, humanistas, educadores cui- tos devem ser satisfeitos para a compreensio ¢ a’‘'dar-se seriamente desse problema. possivel soluco do problema? 8 No segundo caso, da abordagem dindmica ou Francisco Gomes de Matos “Y relacional, acrescentarseiam estas perguntas-cha- : Letras ¢ Puicologa,

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