Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula 01
Aula 01
7 CEDERJ
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
MÓDULO 1 - AULA 1
Objetivos
• Definir os conceitos de orientação, direção e módulo de um segmento.
Para saber mais...
• Analisar a noção de equipolência entre segmentos orientados. Sobre a noção de vetor e as
suas implicações no
• Apresentar a noção de vetor no plano. desenvolvimento da
Matemática, consulte:
http://www-groups.dcs.
st-and.ac.uk/~history/
Em 1832, Giusto Bellavitis publicou uma obra sobre Geometria onde HistTopics/Abstract_
apareceu explicitamente a noção de vetor. linear_spaces.html
Figura 1.1: Segmento de extremida- Figura 1.2: Percurso de A até B: Figura 1.3: Percurso de B até A:
des A e B. segmento AB. segmento BA.
9 CEDERJ
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
Figura 1.5: Segmentos orientados de igual sentido. Figura 1.6: Segmentos orientados de sentidos opostos.
CEDERJ 10
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
MÓDULO 1 - AULA 1
Figura 1.7: Segmentos orientados de igual sentido. Figura 1.8: Segmentos orientados de sentidos opostos.
Lembre que...
Com essa construção, se PB ⊂ PD ou PD ⊂ PB , dizemos que AB e CD Com respeito a um sistema
têm o mesmo sentido. Se PB 6⊂ PD e PD 6⊂ PB , dizemos que AB e CD têm de coordenadas cartesianas
escolhido no plano, a
sentidos opostos. distância de um ponto A de
coordenadas (x0 , y0 ) a um
Observação. ponto B de coordenadas
(x1 , y1 ), é
Se AB e CD têm sentidos opostos e A 6= C, então PB ∩ PD é a região do
|AB| = d(A, B)
plano limitada pelas retas r e s. No entanto, se A = C, PB ∩ PD = r = s. q
Você sabe que o comprimento = (x1−x0 )2 +(y1−y0 )2 .
Proposição 1.1
Sejam A, B, C e D pontos do plano (colineares ou não). Então:
11 CEDERJ
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
Paralelogramo.
Um paralelogramo é um
quadrilátero de lados opostos
paralelos.
Um quadrilátero ABDC é
um paralelogramo se, e
somente se, as diagonais AD
Figura 1.11: ABDC não é um paralelo-
e BC se intersectam ao meio. Figura 1.10: Paralelogramo ABDC.
É importante observar a gramo.
ordem em que são nomeados (⇒) Se AB ≡ CD então os segmentos estão contidos em retas paralelas
os vértices, o quadrilátero
ABDC não é o mesmo que o
e, como têm o mesmo módulo e o mesmo sentido, o quadrilátero ABDC é
quadrilátero ABCD. No um paralelogramo e, as suas diagonais AD e BC, cortam-se mutuamente ao
primeiro os lados são os
segmentos AB, BD, DC e meio.
CA, enquanto que, no
Compare as Figuras 1.10 e 1.11 para se convencer de que a orientação dos seg-
segundo, os lados são AB,
BC, CD e DA. mentos é importante. Na Figura 1.11, AB e CD têm orientações contrárias e, portanto,
No paralelogramo ABDC da
não podem ser equipolentes.
Figura 1.10, as diagonais se
intersectam no ponto M . (⇐) Reciprocamente, se AD e BC têm o mesmo ponto médio então
Logo, |M A| = |M D| e
|M B| = |M C|. ABDC é um paralelogramo. Logo AB e CD têm o mesmo sentido, o mesmo
O quadrilátero ABDC da módulo e a mesma direção. Portanto AB ≡ CD.
Figura 1.12 não é um
paralelogramo. As diagonais (b) A, B, C e D estão contidos numa reta ` (Figura 1.13).
não se intersectam
mutuamente ao médio. Consideremos um sistema de coordenadas na reta `. Sejam a, b, c e d
as coordenadas dos pontos A, B, C e D, respectivamente.
Então, |AB| = |b − a| e |CD| = |d − c|.
Se AB ≡ CD, então |AB| = |CD| e portanto |b − a| = |d − c|.
Como AB e CD têm o mesmo sentido, b − a e d − c são números reais
Figura 1.12: Qua-
drilátero ABDC. com o mesmo sinal (ambos positivos ou ambos negativos).
CEDERJ 12
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
MÓDULO 1 - AULA 1
Proposição 1.2
Se AB é um segmento orientado e C é um ponto do plano, então apenas um
segmento orientado com origem em C é equipolente a AB.
13 CEDERJ
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
Convenção.
• Um segmento AB onde A = B é chamado um segmento nulo. Os segmentos
nulos têm módulo zero e não têm direção nem sentido.
• Se A é um ponto do plano, designamos por AA o segmento nulo de origem
e extremidade A.
• Todos os segmentos nulos são considerados equipolentes.
• No que se segue, passaremos a considerar um sistema (ortogonal) de coor-
denadas cartesianas no plano com origem no ponto O. Os pontos do plano
são identificados por suas coordenadas.
Proposição 1.3
Sejam A = (a1 , a2 ), B = (b1 , b2 ), C = (c1 , c2 ) e D = (d1 , d2 ) pontos no plano
cartesiano, então:
AB ≡ CD ⇐⇒ (b1 − a1 , b2 − a2 ) = (d1 − c1 , d2 − c2 )
Exemplo 1.1
Sejam A = (1, 0) e B = (−1, 1) pontos do plano. Determinemos o ponto
P = (x, y), tal que OP ≡ AB.
Solução: Segundo a Proposição 1.3, AB ≡ OP se, e somente se, (−1 − 1, 1 −
0) = (x − 0, y − 0) = (x, y) = P . Portanto, P = (−2, 1).
CEDERJ 14
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
MÓDULO 1 - AULA 1
15 CEDERJ
Note que...
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
plano?
Na verdade, o que desenhamos são apenas os representantes dos vetores,
isto é, segmentos orientados.
Pela Proposição 1.2, temos:
Dados um vetor → −
a e um ponto A, existe um único ponto B, tal que o
−−→
segmento AB representa o vetor → −
a . Isto é, →
−
a = AB .
Vejamos agora como representar os vetores em termos de coordenadas
de um sistema cartesiano dado.
Definição 1.3 (Coordenadas e módulo de um vetor)
−−→
Sejam A = (a1 , a2 ) e B = (b1 , b2 ) pontos do plano, e →
−
a = AB . Dizemos que
(b1 − a1 , b2 − a2 ) são as coordenadas do vetor →
−
a , e escrevemos:
→
−
a = (b1 − a1 , b2 − a2 )
Observação.
As coordenadas de um vetor →
−
a não dependem do segmento escolhido para re-
presentá-lo e são as coordenadas do único ponto P , tal que
→
− −−→
a = OP .
−−→ −−→
De fato, se C = (c , c ), D = (d , d ) e →
1 2 1
−
a = CD = AB , então,
2
CD ≡ AB e, pela Proposição 1.3:
(b1 − a1 , b2 − a2 ) = (d1 − c1 , d2 − c2 ).
Para saber mais... −−→
Outros matemáticos, como Seja agora P = (x, y), tal que → −
a = OP . Então, AB ≡ OP e usando
os franceses Victor Poncelet
novamente a Proposição 1.3, temos:
(1788-1867), Michel Chasles
(1793-1880) e o alemão (b1 − a1 , b2 − a2 ) = (x − 0, y − 0) = (x, y) = P .
August Möbius (1790-1868),
continuaram os estudos de Exemplo 1.2
Bolzano. Em 1827, Möbius
Sejam os pontos A = (0, 1), B = 1, − 21 e C = (−1, 1).
publica o seu livro Der
barycentrische Calcul, um −−→
Determinemos as coordenadas do vetor AB , o (único) ponto D, tal que
tratado geométrico sobre as −−→ −−→ −−→ −−→
transformações das linhas e AB = CD e o ponto P , tal que AB = OP .
cônicas. Nesta obra, −−→
destaca-se a manipulação Solução: As coordenadas do vetor AB são
−−→
dos vetores para determinar AB = 1 − 0, − 21 − 1 = 1, − 23 .
as coordenadas baricêntricas −−→ −−→
de um triângulo. Dez anos Seja D = (d1 , d2 ), tal que CD ≡ AB. Isto é, AB = CD .
depois, em 1837, Möbius
publicou outro livro no qual Pela Proposição 1.3, temos (d1 − (−1), d2 − 1) = 1, − 32 .
a noção de vetor é aplicada
diretamente à resolução de
Portanto, d1 = 0, d2 = − 12 , e D = 0, − 12 .
−−→
problemas de Estática.
Segundo vimos na observação anterior, P = 1, − 23 , pois P e AB têm
coordenadas iguais.
CEDERJ 16
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
MÓDULO 1 - AULA 1
Exemplo 1.3
Sejam A = (1, 2), B = (3, 1) e C = (4, 0). Determine as coordenadas do
−−→ −−→
vetor → −
v = AB e as coordenadas do ponto D tal que →−
v = CD .
−−→
Solução: Temos → −
v = AB = (3 − 1, 1 − 2) = (2, −1) . Além disso, se D =
(d1 , d2 ) então:
→
− −−→ −−→
v = AB = CD ⇐⇒ AB ≡ CD
⇐⇒ (2, −1) = (d1 − 4, d2 − 0)
⇐⇒ 2 = d1 − 4 e − 1 = d2 − 0
⇐⇒ d1 = 2 + 4 = 6 e d2 = −1 + 0 = −1 .
Portanto, D = (6, −1).
Resumo
Nesta aula, analisamos o significado de direção, sentido e módulo de um
segmento no plano e definimos a relação de equipolência entre dois segmentos
orientados.
Você viu o significado da relação de equipolência entre segmentos orien-
tados do ponto de vista tanto geométrico quanto analı́tico (em coordenadas).
Definimos a noção de vetor no plano e observamos que as coordenadas
de um vetor não dependem do representante do vetor.
Exercı́cios
17 CEDERJ
Vetores no Plano - Segmentos Orientados
Auto-avaliação
Se você entendeu as noções de direção, sentido e módulo de um seg-
mento orientado assimilando bem o significado da relação de equipolência,
então conseguiu resolver os exercı́cios 1, 2 e 3. Se você resolveu os exercı́cios
4 e 5, entendeu a noção de vetor e aprendeu a determinar as coordenadas de
um vetor. Se você entendeu a equipolência e a sua relação com o paralelo-
gramo, então resolveu os exercı́cios 6 e 7. Se ainda tiver dificuldades, volte e
reveja com cuidado os conceitos apresentados na aula. Não esqueça que há
tutores que poderão ajudar a eliminar as suas dúvidas. Desde já, lembre-se
de discutir os conteúdos com seus colegas.
CEDERJ 18