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Fortaleza
2012
VALDÊNIA FERREIRA PINHEIRO
Fortaleza
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências Humanas
CDD 651.3741098131
VALDÊNIA FERREIRA PINHEIRO
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues (Orientador)
Universidade Federal do Ceará
_____________________________________________________
Profa. Dra. Sônia Maria Araújo Castelo Branco
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_____________________________________________________
Profa. Dra. Márcia Gardênia Lustosa Pires
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)
A Deus, a minha família e aos meus amigos,
pela força, apoio, incentivo e companheirismo.
Sem eles nada disso seria possível.
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido Áquila, com quem compartilho grandes sonhos há quase dez anos. Juntos, já
realizamos muitos e um realizaremos logo, logo..., aí seremos três e depois seremos quatro.
Obrigada, meu amor, pelo carinho e paciência nos momentos de dificuldade.
Aos meus irmãos Alessandra, Levi, Raquel e Lucas, pela compreensão nos momentos em que
precisei me ausentar.
Aos meus sobrinhos Davi, Felipe, Júlia, Isabele e Heloísa, por me proporcionarem o prazer de
ser tia.
À minha grande amiga Gardênia, que há muito tempo considero irmã. Muito obrigada pela
verdadeira amizade e pela fundamental ajuda na concretização desse trabalho. Sem você,
minha amiga, as dificuldades teriam sido imensamente maiores.
À minha outra amiga-irmã Anita, pela acolhida nos vários momentos em que eu precisei.
Amiga, o melhor é saber que posso contar com essa amizade e esse apoio sempre.
À minha querida amiga Claudiana Rogério, que atualmente vive longe, em Curitiba, mas que
não sai do meu coração nunca. Obrigada, amiga, pelos mais de dez anos de amizade.
À querida profa. Sônia Castelo Branco, pela extrema sensibilidade e alegria com que conduz a
vida e pelo grande incentivo para que não paremos por aqui e que continuemos na busca de
novos saberes. Profa. Sônia, obrigada pelos vários momentos em que a senhora, com a sua
alegria e bondade, tornou essa caminhada mais leve.
À amiga Josy Kelly, que além de compartilharmos o mesmo ambiente de trabalho, dividimos
também, nesses mais de dois anos, as alegrias e as infindáveis dúvidas e discussões sobre os
nossos objetos de estudo.
5
À amiga Sheila Cajaty, pela pronta ajuda nos últimos momentos dessa caminhada, que por
vezes, foi tão cansativa.
Por fim, a todos os Secretários Executivos da UFC que possibilitaram a realização desse
trabalho, respondendo ao questionário de pesquisa, que bem sei o quanto é difícil devido às
muitas tarefas do dia-a-dia.
Quem não dominar questões da educação não
poderá nunca participar com proveito de seu
planejamento, mesmo que domine alguns
elementos teóricos sobre metodologias,
processos, instrumentos e técnicas.
Danilo Gandim
RESUMO
This study examines the working conditions of Executive Secretaries at the Federal
University of Ceará (UFC). Interest in this problem stems from the need to understand the
impacts to workers after the changing world of work demanded by phenomena such as
globalization and neoliberalism, where the public sector, inserted in this context, also suffers
the consequences of this new world order being pressured to conform to existing models.
Specifically for the professional executive secretarial, are required new knowledge and new
requirements, and, in many situations, the conditions necessary for the completion of this
work is not satisfactory. Thus, the objective of this study was to analyze the conditions -
objective and subjective - the work of professional executive secretarial work at the Federal
University of Ceará (UFC). The especifics objectives were defined to characterize the profile
of the executive secretaries at the institution; analyze the objective conditions regarding
ergonomic hazards and physical infrastructure, and to analyze the subjective aspects such as
the degree of autonomy, participation in decision making and recognition, and others. This
research uses in its theoretical, studies by Antunes (2007), Harvey (2005), Alves (1997),
Nonato Jr. (2009), Iida (2005), among others. The research is based on the goals classified as
exploratory and descriptive, based on technical procedures classified as a case study using the
questionnaire for data collection. This questionnaire was divided into three parts: 1. Asked to
characterize the professional profile 2. Closed questions about the objective and subjective
conditions, presented through a Likert scale consisting of five response items, and 3. Open
question about the working conditions. To present the data we have used descriptive statistics
and the results were demonstrated by graphs. The survey results reveal a context where the
working conditions of Executive Secretaries, especially with respect to physical
infrastructure, are considered satisfactory in the opinion of professionals, however, some
aspects that affect the subjectivity of these professionals need to be observed, especially with
relation to interpersonal relationships and lack of recognition and appreciation by the
institution.
1INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 17
1.1 Considerações gerais ..................................................................................................... 17
1.2 Problema de pesquisa ................................................................................................... 19
1.3 Objetivos ........................................................................................................................ 21
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 21
1.3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 21
1.3.3 Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 22
2 NOVAS CONFIGURAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO E IMPLICAÇÕES
PARA OS TRABALHADORES NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO: BREVES
CONSIDERAÇÕES ...................................................................................................... 25
2.1 Reestruturação Produtiva: do Fordismo à Acumulação Flexível............................. 25
2.2 Educação para a competitividade na chamada Sociedade do Conhecimento:
reformas políticas no campo educacional em tempos neoliberais ........................... 30
3 O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ ............................................................................................... 39
3.1 Profissão de Secretariado: origem e contexto histórico ............................................. 39
3.2 Histórico da profissão no Brasil ................................................................................... 40
3.3 Principais fatores que contribuíram para a transformação do perfil do profissional
de secretariado ............................................................................................................... 45
3.4 O perfil atual e a formação do Secretário Executivo ................................................. 47
3.5 As universidades federais: espaços de atuação do profissional de Secretariado
Executivo ........................................................................................................................ 53
4 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................. 57
4.1.1 Aspectos metodológicos da pesquisa ............................................................................. 57
4.1.2 Ambiente de investigação ............................................................................................... 58
4.1.3 Coleta de dados e procedimentos para análise.............................................................. 59
4.2 Método Proposto ........................................................................................................... 63
4.2.1 Etapa 1 – Definição e caracterização do campo de investigação ................................. 63
4.2.2 Etapa 2 - Identificação dos Secretários Executivos na estrutura organizacional da
UFC ................................................................................................................................ 63
4.2.3 Etapa 3 – Descrição do perfil e das atribuições dos profissionais de secretariado
executivo na UFC ........................................................................................................... 64
4.2.4 Etapa 4 – Definição dos aspectos para análise das condições objetivas de trabalho dos
profissionais de Secretariado Executivo na UFC, sob a perspectiva do ambiente físico
......................................................................................................................................... 65
4.2.5 Etapa 5 – Definição dos aspectos para a análise das condições subjetivas de trabalho
dos Secretários Executivos na UFC, sob a perspectiva dos sujeitos ............................ 65
4.2.6 Etapa 6 – Desenvolvimento do instrumento de coleta de dados ................................... 65
4.2.7 Etapa 7 – Aplicação dos questionários com os Secretários Executivos ....................... 66
4.2.8 Etapa 8 – Análise dos Resultados .................................................................................. 66
5 APLICAÇÃO DO MÉTODO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................... 69
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 123
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 128
APÊNDICE .................................................................................................................. 134
ANEXO ........................................................................................................................ 138
17
1 INTRODUÇÃO
1.3 Objetivos
1
A data que simboliza o início do fordismo foi em 1914, quando Henry Ford introduziu o dia de trabalho de oito
horas e cinco dólares como recompensa par os trabalhadores da linha automática de montagem de carros que
ele estabelecera no ano anterior em Dearbon, Michigan (HARVEY, 2005, p. 121)..
26
capitalista apresenta um caráter cíclico, necessário para atender às forças produtivas de cada
época, sendo marcado por rupturas e continuidades.
Como salienta Frigotto (2003, p. 65), as crises que o sistema capitalista enfrenta,
de tempos em tempos, não advêm de fatores exógenos, mas do próprio caráter contraditório
desse processo de produção que, ao tentar se perpetuar como modelo hegemônico, aprofunda,
cada vez mais, os antagonismos sociais.
Desse modo, os períodos comumente conhecidos como de crises mais graves da
história do capitalismo compreendem a grande crise ocorrida no final da década de 1920 e
início da década de 1930 e a atual crise iniciada em meados dos anos 1970.
Nesse sentido, como forma de superar a crise de 1929 o sistema capitalista
implementou uma reestruturação no sistema de produção fundamentada no modelo fordista,
criado por Henry Ford, que era baseado em elementos constitutivos básicos dados pela
produção em massa, através da linha de montagem e de produtos mais homogêneos; através
do controle dos tempos e movimentos, pelo cronômetro taylorista, e da produção em série
fordista; pela existência do trabalho parcelado e pela fragmentação das funções; pela
separação entre elaboração e execução no processo de trabalho; pela existência de unidades
fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição/consolidação do operário-massa, do
trabalhador coletivo fabril, entre outras dimensões (ANTUNES, 2007, p. 25).
Cabe esclarecer que Henry Ford (1863-1947) é considerado o pioneiro da
indústria automobilística dos Estados Unidos que, imbuído do propósito de reduzir os custos
da produção, idealizou o modelo de produção em massa, aparelhado com tecnologia capaz de
desenvolver, ao máximo, a produtividade dos operários. Propunha, ainda, um trabalho
altamente especializado, com cada operário realizando uma única tarefa, com boa
remuneração e jornada de trabalho de oito horas (GIL, 2001).
A divisão do trabalho estabelecida por Henry Ford permitiu considerável ganho
em produtividade e o dia de oito horas e cinco dólares tinha, dentre outros propósitos, o
intento de impor ao trabalhador a disciplina necessária à operação do sistema de linha de
montagem de alta produtividade (HARVEY, 2005).
Era, ainda, tarefa de Ford garantir que os trabalhadores disponibilizassem renda e
tempo de lazer suficiente para que consumissem os produtos produzidos em massa que as
corporações fabricavam em quantidades cada vez maiores, além de outras orientações que
procuravam moldar o trabalhador. Consequentemente, as exigências de controle humano
necessárias ao êxito dessa forma de produção de mercadorias trariam, posteriormente,
profundos problemas sociais, psicológicos e políticos para a classe trabalhadora.
27
Ainda de acordo com Harvey (2005), o que havia de especial em Ford era sua
visão e seu reconhecimento de que produção de massa significava consumo de massa, um
novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do
trabalho, em síntese, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada e modernista.
Esse período ficou conhecido como o ‘período de ouro’ do capitalismo
(CHESNAIS, 1996), em razão das altas taxas de crescimento registradas nessa fase. Cabe
esclarecer que a emergência dessa fase promissora fundamentou-se no ideal keynesiano,
como forma de superar a crise iniciada nos anos 1930, que conduziu o capitalismo a um
período de recessão. O empenho para responder a essa crise se efetivou num conjunto de
políticas econômicas pautadas no pensamento de John Maynard Keynes 2, que defendia a
intervenção estatal para combater o desemprego.
Após um longo ciclo de expansão e de certa estabilidade econômica, contando
com a política de pleno emprego e a instauração do Estado de bem-estar social nos países de
capitalismo avançado, o colapso do sistema fordista de produção deu início a um período de
mudanças e incertezas sendo, entretanto, a rigidez desse modelo de gestão industrial a causa
do seu declínio. Assim, mais uma vez, é necessária uma reorganização, agora, diferenciada da
lógica que presidiu o modelo fordista de produção de base taylorista e ideais keynesisanos.
Segundo Mészáros (2002, p. 796), a atual crise, iniciada em meados da década de
1970, “tem um caráter estrutural e não está presa apenas às suas contradições mais
superficiais, mas sim, à própria estrutura do sistema capitalista.” O referido autor aponta
quatro aspectos que caracterizam a crise como estrutural e não cíclica, quais sejam: 1) em
termos de produção, seu caráter é universal, ou seja, não está restrita a esferas ou ramos; 2)
seu alcance é global, não se restringe a um conjunto de países; 3) sua escala de tempo não é
limitada, é extensa ou permanente; 4) seu modo de se desdobrar é ‘rastejante’, ao contrário
das erupções e dos mais dramáticos colapsos do passado.
Em decorrência disso, emergiu uma reestruturação produtiva, tendo como principal
premissa superar a produção rígida e em massa, através da constituição das formas de
acumulação flexível e dos modelos alternativos ao Taylorismo/Fordismo, dentre os quais se
destaca, para o capital, especialmente, o Toyotismo (HARVEY, 2005).
Segundo Rodrigues (2006), o toyotismo, ou modelo japonês, é uma forma de
organização e de gestão do trabalho e da produção, que se apoiou na recomposição das tarefas
2
John Maynard Keynes (1883-1946) é considerado um dos mais célebres economistas da primeira metade do
século XX. Seus estudos sobre o emprego e o ciclo econômico e as políticas por ele sugeridas conduziram a
um novo relacionamento, de intervenção, entre o Estado e a economia de um país.
28
flexíveis, posição muito reduzida dos sindicatos na sociedade, nova e mais marcada divisão da
classe trabalhadora, entre trabalhadores centrais e periféricos, um grau maior de
individualismo e diversidade social, domínio do consumo sobre a produção, etc.
(COGGIOLA, 2003, p. 462).
De acordo com Arraes Neto (2006), esse novo modelo de organização do trabalho
e do ambiente levaram à flexibilização nas relações de produção e a mudanças
organizacionais e administrativas necessárias à reorganização da estrutura econômica sob um
novo paradigma. Sendo assim, a reestruturação atual do setor produtivo irá exigir pessoas
mais preparadas/capacitadas para atenderem aos processos sociais determinados pelos
avanços tecnológicos e pelas novas formas de organização social e política da produção, no
estágio em que se encontra a organização do capital. Como assevera Harvey (2005, p.150-
151),
Ressalte-se, ainda, com base no referido autor, que na fase atual do capitalismo
registram-se dois ‘desenvolvimentos paralelos’, da maior importância: as informações, como
uma mercadoria muito valorizada e o conhecimento que se torna, também, uma mercadoria.
Notoriamente, o acesso privilegiado a informações de qualquer espécie
(conhecimentos científicos e técnicos, políticas de governo e mudanças políticas) repercutem,
de forma significativa, em mercados extremamente competitivos, nos quais o privilégio a
determinadas informações implica na capacidade de respostas que os mercados necessitam em
virtude das mudanças constantes nos diversos âmbitos - moda, gostos, iniciativas dos
competidores - como elementos cruciais para a sobrevivência corporativa. Dessa forma, a
ênfase na informação gerou um amplo conjunto de consultorias e serviços especializados em
fornecer informações constantes sobre tendências de mercado. Consequentemente, o acesso
privilegiado a informações pode criar situações de vários lucros, em particular, em mercados
monetários e financeiros (HARVEY, 2005).
Paralelamente, o acesso ao conhecimento, científico e técnico, que há muito se
mostra importante no mercado competitivo, apresenta uma renovação dos interesses e da
ênfase em um mundo de rápidas mudanças no qual “o conhecimento da última técnica, do
mais novo produto, da mais recente descoberta científica implica a possibilidade de alcançar
uma importante vantagem competitiva” (HARVEY, 2005, p. 151).
30
[...] foram tão intensas as modificações, que se pode afirmar que a classe-que-vive-
do-trabalho sofreu a mais aguda crise deste século, que atingiu não só a sua
materialidade, mas teve profundas repercussões na sua subjetividade e, no íntimo
interrelacionamento destes níveis, afetou a sua forma de ser.
acumulação nos níveis obtidos nos modelos anteriores (BRITO, 2005). O surgimento dos
novos modelos de gestão empresarial e de pessoas, bem como os novos processos de trabalho
adotados pelas organizações, como os Programas de Qualidade Total (QT), Reengenharia,
Planejamento Estratégico, dentre outros, tem como finalidade a melhoria dos resultados e
envolve todos os membros da organização, independente do nível hierárquico.
Dos trabalhadores, são exigidos novos requisitos, que procuram articular
habilidades cognitivas (leitura e interpretação de dados com o objetivo de transformá-los em
ação) e comportamentais (responsabilidade, comprometimento, capacidade para o trabalho em
equipe, motivação, iniciativa e autonomia. De acordo com Cardozo (2008, p. 170):
reforma intelectual e moral que visam à construção de outra cultura do trabalho. Essas
estratégias de dominação supõem a socialização de valores políticos, sociais e éticos e a
produção de padrões de comportamento compatíveis com as necessidades de mudança na
esfera da produção e na reprodução social. Para os trabalhadores, além dos impactos objetivos
dessas transformações (desemprego, precarização do trabalho, dos salários e do sistema de
proteção social), observa-se ainda a fragmentação das formas históricas de organização dessa
classe.
Na opinião de Alves (1997, p. 173), observa-se a constituição de um ‘novo
trabalhador coletivo’, mais flexível, ou seja, precário, múltiplo, heterogêneo (e, por que não,
heterônomo). Não se trata, apenas, da constituição de uma força de trabalho mais qualificada,
inserida num efetivo processo de intelectualização do trabalho manual, mas principalmente, a
proliferação de uma força de trabalho mais precária, subcontratada, temporária, parcial e o
mais. Dessa forma, o perfil do ‘novo trabalhador coletivo’, criado pela série de
transformações produtivas que ocorrem no mundo capitalista, é dúplice e contraditório.
Nesse sentido, percebe-se que as mudanças mais recentes operadas no mundo do
trabalho afetam diretamente a classe trabalhadora, implicando em suas condições concretas de
existência, bem como em sua subjetividade, repercutindo, também, na consciência política e
ideológica do trabalhador.
Dessa forma, é necessário, não somente, conhecer e questionar as implicações
objetivas e subjetivas do fenômeno da reestruturação produtiva na vida dos trabalhadores,
procurando perceber as novas investidas do capital, notadamente, na formação do trabalhador,
ou seja, na educação formal ou em outros processos educativos, como capacitações,
treinamentos e outras formas de qualificação para o trabalho, que interferem na subjetividade
da classe trabalhadora.
Tais questões constituem esclarecimentos necessários para que se possa buscar
uma melhor compreensão sobre até que ponto o trabalhador é afetado (objetiva e
subjetivamente) pelas transformações do mundo da produção, principalmente, quando precisa
dar respostas criativas e dedicar cada vez mais tempo ao trabalho, mesmo com todos os
avanços tecnológicos.
Esse contexto societário recente requer esforço teórico para que se perceba a
dimensão das consequências dessas transformações, em que os campos da educação e da
cultura também são demandados a se reorganizarem em atendimento às novas necessidades
do mercado, tendo, nas políticas neoliberais, a forma encontrada de alinhar o Estado aos
preceitos da esfera econômica e dos determinantes de um mundo globalizado.
35
devendo, por isso, ser uma dimensão considerada nas políticas e nos programas de
ajuste e de estabilização demandados pelo processo de reestruturação do Estado, na
antiga perspectiva (agora atualizada) de que o desenvolvimento econômico
propiciado pelo desenvolvimento técnico-científico garantirá, de forma isolada, o
desenvolvimento social (CABRAL NETO; RODRIGUEZ, 2007, p. 13-14) .
[...] incremento dos fluxos de capitais que levanta a bandeira da abertura comercial,
da transnacionalização produtiva e da desregulamentação financeira ao redor do
mundo capitalista, desconstruindo toda e qualquer barreira à livre valorização do
valor que assume dimensões planetárias nunca vistas. (ALVES, 1997, p. 166).
requer a percepção de que estas são advogadas e implementadas com vistas a favorecer
condições de enfrentamento dos desafios demandados pela nova ordem econômica mundial.
Assim, se evidencia um plano de reformas educacionais nos mais diferentes países, dentre os
quais se destacam os da América Latina (KRAWCZYK; VIEIRA, 2008). Essas reformas se
justificam em consequência da necessidade de utilização do conhecimento instrumental para
inserção competitiva dos países latinoamericanos no mercado mundial.
A partir do final dos anos 1960, as reformas marcaram o contexto político
educacional em vários países da América Latina, como forma de regulação política e
estratégia de mudança com características específicas na condução dessas políticas de acordo
com a realidade configurada em cada país. Essas reformas ocorrem em virtude dos
condicionantes da reestruturação do setor produtivo e das mudanças institucionais, que
alteraram o arcabouço do Estado e das relações sociais no âmbito de uma nova ordem
mundial.
As reformas dos anos 1990, com financiamento e assessoramento do Banco
Mundial, recomendam descentralização, autonomia da escola, participação, cogestão
comunitária e consulta social, ou seja, uma educação voltada para atender às novas exigências
emanadas do atual padrão de acumulação capitalista. Por isso, as reformas educativas em
curso, só podem ser entendidas no marco das reformas propostas e implementadas na
perspectiva neoliberal e, particularmente, voltadas aos princípios do novo paradigma
organizativo proposto para a reforma do Estado e do setor público (AFONSO, 2001).
Na verdade, implica nessa concepção a ideia de reformar a educação em todas as
suas dimensões, tornando-a mais flexível e capaz de responder às demandas contextuais para
aumentar a competitividade dos países, particularmente daqueles em processo de
desenvolvimento, para que eles possam se integrar, de forma competitiva, no mundo
globalizado.
No que se refere à educação superior, observa-se uma tendência, tanto em nível de
discurso quanto de práticas educativas voltadas a formar/qualificar os indivíduos para o
âmbito produtivo no cenário contemporâneo, assumindo, portanto, um patamar de destaque
no contexto do mercado competitivo global. Segundo Oliveira (2008, p. 50), para atender a
tais demandas do capital, “uma das responsabilidades impostas à universidade tem sido
estabelecer projetos educacionais que tenham por base a policognição tecnológica para a
formação de trabalhadores dentro de um determinado padrão produtivo.”
Recentes pesquisas, tanto em nível internacional como em âmbito nacional, têm
constatado que se faz imprescindível oferecer educação superior e de qualidade nos países em
37
desenvolvimento, sob pena de tornar-se, cada vez mais, difícil para esses países usufruírem a
economia mundial desenvolvida com base no conhecimento. Nessa perspectiva de análise, o
documento La Educación Superior em los Países en Desarrollo: peligros y promessas, do
Banco Mundial/UNESCO (2000, p. 2) destaca que “a educação é reconhecida como
instrumento de garantia de maior equidade, pressupondo-se, portanto, que uma sociedade será
mais justa e democrática se fundamentada em uma educação igual para todos.”
Notadamente, para as Instituições Brasileiras Federais de Ensino Superior (IFES),
as reformas no campo da política educacional configuram um dinamismo diferente que,
mesmo não sofrendo um processo de privatização direta, vem passando por diversas
transformações expressas em uma série de políticas para o ensino superior, que foram
implantadas paulatinamente ao longo da década de 1990 e início deste século, como o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES, 2004), a Lei de Inovação
Tecnológica (2004), o Programa Universidade para Todos (PROUNI, 2005) e o Programa de
Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI, 2007).
Essas mudanças configuram um contexto peculiar aos profissionais de
secretariado executivo, que também são demandados a se atualizarem, sendo uma das
exigências atuais para a ocupação do cargo nas universidades a formação no nível superior, na
área específica de secretariado executivo e o desenvolvimento de várias atribuições, incluindo
o domínio de idioma estrangeiro e, também, atividades de planejamento e gerenciamento de
processos.
Nesse capítulo, foram expostas algumas mudanças ocorridas no mundo do
trabalho, principalmente, no âmbito do sistema de produção, que foram implementadas nos
momentos em que o sistema capitalista enfrentou suas maiores crises (a crise de 1929 e a
atual crise iniciada em meados dos anos de 1970, caracterizadas pela implementação dos
modelos fordista e toyotista de produção), e as implicações dessas mudanças para a classe
trabalhadora no contexto de um mundo globalizado de políticas neoliberais e seus impactos
para a educação.
No capítulo a seguir, será apresentada um pouco da história da profissão de
secretariado, desde a sua origem até o seu desenvolvimento no Brasil, além de apresentar o
novo perfil desse profissional diante das necessidades constantes de novas competências e
habilidades, como forma de atender às exigências contemporâneas.
39
Escriba, como define Marrou apud Natalense (1998, p. 4), “é o homem que
domina a escrita, faz as cartas, classifica os arquivos, redige as ordens, aquele que é capaz de
recebê-las por escrito e que, por conseguinte, é naturalmente encarregado da sua execução.”
Além da escrita, cabia aos escribas o exercício de funções relacionadas à contabilidade,
geografia, história, linguística e arquivística, além das funções de secretário.
No Egito Antigo, os escribas tinham uma importante função e ocupavam lugar de
destaque na sociedade egípcia, pois eram conhecedores da escrita demótica e dos hieróglifos.
Eram eles que escreviam sobre a vida dos faraós, registravam a cobrança de impostos e
copiavam textos sagrados. Os escribas usavam o papiro para escrever dados e textos ou
registravam nas paredes internas das pirâmides. De acordo com Nonato Júnior (2009, p. 84):
Diferenciada’, o que possibilitou a criação dos Sindicatos Estaduais (os primeiros foram
criados nos Estados do RS, SC, SP e MT); 1988 – fundação da Federação Nacional das
Secretárias e Secretários 3 (FENASSEC), em Curitiba/PR; 1989 – reformulação do Código de
Ética. No Ceará, o Sindicato das Secretárias foi fundado também em 1988 (SILVA, 2003).
Durante essa década, a profissão passou por transformações bastante
significativas. Surgiram novos modelos de gerências e, consequentemente, novos
comportamentos dos profissionais de secretariado.
A partir da década de 1990, o movimento secretarial brasileiro projetou-se
internacionalmente com a realização de dois Simpósios Internacionais em Manaus/AM, em
1993 e 1995, tendo a participação de vários países para a discussão de propostas de
intercâmbio cultural. O modelo de organização da Federação Nacional das Secretárias e
Secretários (FENASSEC) também foi apresentado a vários países que buscavam melhorias
profissionais.
Segundo Bretas (2004, p. 13), a Fenassec esteve presente nas Convenções
internacionais nos Estados Unidos (EUA): Conferências Internacionais na União Europeia,
Reuniões de Cúpula na África do Sul, na Nova Zelândia, Congressos no Mercosul e
Simpósios Internacionais no Brasil. Entidades de outros países também participaram de
eventos no Brasil, além da Fenassec ter recebido visitas internacionais dos EUA, Argentina,
Bolívia, Paraguai, Uruguai, África do Sul, Angola, Chipre, Japão, Espanha, Portugal,
Inglaterra, Alemanha e Canadá.
Ainda nessa década, a Lei de Regulamentação foi reformulada para acompanhar
as mudanças na profissão, através da Lei nº 9.161, de 1996. Em 1997, foi iniciado o processo
de criação dos Conselhos Nacional e Regionais de Secretariado, após uma grande mobilização
envolvendo os sindicatos de todo o país que, através de reivindicações às bancadas da Câmara
e do Senado conseguiram a aprovação do Projeto de Lei, mas que recebeu o veto do então
Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O assunto foi retomado no ano de 2004,
com o encaminhamento ao Ministério do Trabalho de documento solicitando a criação dos
Conselhos, acompanhado de novas gestões junto aos Parlamentares. Também em 1997, foi
criado o Dia Internacional do Profissional de Secretariado, durante o 3º. Summit Internacional
de Secretárias, realizado na África do Sul, quando 15 países presentes decidiram reconhecer a
3
Em 31 de agosto de 1988 em Curitiba/PR foi fundada a Federação Nacional das Secretárias e Secretários
(FENASSEC), durante o 6º Congresso Nacional de Secretariado (CONSEC), com o objetivo de difundir
informações e unir a classe secretarial em todo país. Funciona como um elo que permite a troca de
experiências, sendo a principal entidade da área que atua em situações profissionais, políticas, sociais e
educacionais. Atualmente, é composta de 23 sindicatos em todo Brasil.
43
contribuição do trabalho dessa categoria. Esse dia é comemorado, todos os anos, na quarta-
feira da última semana do mês de abril.
Nos anos 2000, continuaram os trabalhos pela criação do Conselho Profissional de
Secretariado, com várias ações realizadas junto ao Ministério do Trabalho, Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, Casa Civil e diversos sindicatos estaduais durante os
últimos anos.
Em 2005, foi aprovada pela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional
de Educação do MEC, através da Resolução nº. 3, de 23 de junho de 2005, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Secretariado Executivo, o que permitiu
aos cursos universitários uma maior unicidade nos projetos pedagógicos.
O ano de 2009 representou um marco para a profissão, sendo um momento de
grandes reflexões quanto à formação nessa área, quando foi realizada uma consulta pública
pela Secretaria da Educação Superior (SESU) do Ministério da Educação (MEC), na qual
foram propostas novas nomenclaturas para diversos cursos de graduação nas áreas de
humanidades, artes e comunicação e ciências exatas e da terra, devido, segundo o MEC, à
existência de várias denominações similares, para diferentes cursos de graduação.
Especificamente, para o Curso de Secretariado Executivo, a SESU propôs, àquela época, a
convergência das nomenclaturas de Secretariado para Administração, causando uma
repercussão negativa e uma grande mobilização por parte de alunos, professores e
coordenadores de cursos de vários Estados brasileiros, pela manutenção da nomenclatura de
Curso de Secretariado Executivo.
A confirmação da continuidade do Curso de Bacharel em Secretariado Executivo
se deu através da atuação da FENASSEC, juntamente com a Academia e a própria sociedade,
a partir da apresentação de contra-argumentos à SESU, baseados em práticas e legislações,
além de inúmeras manifestações da área secretarial.
Todo esse processo histórico vem gerando uma demanda, na área de secretariado,
vivenciada, na atualidade, em busca de fundamentação científica, com o objetivo de
consolidar e aperfeiçoar a profissão. A importância do conhecimento tecnicocientífico e da
formação acadêmica específica são aspectos fundamentais que representam a busca pela
excelência profissional e pelo reconhecimento dos Secretários Executivos no mercado de
trabalho.
Iniciaram-se, então, várias discussões sobre a necessidade de se ter um espaço
acadêmico com o objetivo de promover discussões e pesquisas em Secretariado Executivo em
todo país. A ideia de se criar uma Sociedade Científica em Secretariado Executivo, que
44
lutasse para que o Secretariado fosse reconhecido como área de conhecimento científico,
surgiu durante a realização do I Encontro Nacional Acadêmico de Secretariado Executivo (I
ENASEC) na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em novembro de 2010, na cidade de
Toledo-PR.
A concretização da ideia, portanto, só aconteceu um ano depois, durante o II
Encontro Nacional Acadêmico de Secretariado Executivo (II ENASEC), na Universidade de
Passo Fundo/RS, quando foi fundada a Sociedade Brasileira de Secretariado (SBSEC), no dia
21 de outubro de 2011 (NASCIMENTO, 2011).
A SBSEC é uma associação de pesquisadores em Secretariado, cujo objetivo é
“promover o desenvolvimento do ensino de pós-graduação e da pesquisa em Secretariado,
procurando contribuir para sua consolidação e aperfeiçoamento, bem como estimulando
experiências novas na área” (Artigo 3º. do Estatuto da SBSEC). Além disso, visa à integração
do ensino da pós-graduação com a graduação, difundindo a produção científica da área e
promovendo o intercâmbio e a cooperação entre professores e pesquisadores em Secretariado.
Também é objetivo da SBSEC o reconhecimento do Secretariado como uma área
do conhecimento pelos órgãos de fomento de pesquisa científica, incluindo o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de proporcionar
condições para que sejam criados cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) na área.
Dessa forma, não se trata de uma entidade de classe de profissionais graduados,
nem de estudantes, mas de uma entidade de pesquisadores titulados ou em formação. Seus
fins são, portanto, puramente acadêmicos. Isso não impede, por sua vez, que dialogue com
órgãos de classe e outras entidades ligadas ao Secretariado, desde que essa integração vise ao
desenvolvimento científico da área.
Ressalta-se que, a situação da pesquisa em Secretariado Executivo no Brasil ainda
é bastante embrionária e conta, apenas, com quatro (4) profissionais da área, que possuem
titulação de pesquisador, ou seja, que são doutores. Essa falta de doutores na área também tem
impossibilitado a criação de programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) na área
secretarial, uma vez que somente doutores podem ser professores de mestrado e doutorado
acadêmicos. Esse fato leva os professores da área a buscarem formação em outras áreas do
conhecimento, nem sempre lhes sendo permitido direcionar suas pesquisas para a área de
Secretariado.
Nascimento (2011) cita como necessidades essenciais para o reconhecimento do
secretariado como área do conhecimento as seguintes ações, dentre outras:
• doutorar os professores da área;
45
e repetitivo é, cada vez mais, substituído por outros, que exigem maior grau de ações
cognitivas (IIDA, 2005).
Os avanços com maiores ou menores impactos, revolucionaram a vida e
mudaram, de forma significativa, o modo de trabalho, de convívio, de comunicação e de
relacionamentos na sociedade em que se vive.
De acordo com Matos (1996, p. 203), “a empresa, hoje, que não está voltada para
as imensas oportunidades do futuro tecnológico amarrou-se ao passado, e com ele, tende a
mergulhar no esquecimento.” Consequentemente, os profissionais que também não se
adaptarem às novas tecnologias estarão, certamente, fora do mercado de trabalho.
Muitas das mudanças no papel desempenhado pelos secretários foram facilitadas
pelo avanço da tecnologia nas empresas. Para Davies (1998, p. 144), “esse foi o primeiro fator
de peso e atingiu todos os funcionários das empresas.”
O futuro da profissão de secretário está relacionado com a evolução. Terão
oportunidades os profissionais que, além de serem experts em tecnologia, dominem, também,
o gerenciamento de informações e relacionamento humano.
Uma segunda causa da transformação da profissão de secretário foi a informática.
A utilização de microcomputadores no dia-a-dia das empresas e dos secretários criou
condições para que o seu real papel fosse descoberto, revitalizado e valorizado.
Segundo Natalense (1998), até a década de 1980, os secretários perdiam muito
tempo na execução de tarefas rotineiras, o que impedia que eles assumissem maiores
responsabilidades. O quadro 1 demonstra grandes avanços após a utilização da informática no
dia-a-dia do trabalho do secretário:
4
Expressão francesa que significa “saber viver”.
49
O profissional de Secretariado agora faz parte de uma equipe nas organizações, com
capacidade de análise, interpretação e articulação de conceitos da administração
pública e privada, com postura reflexiva e visão crítica que fomente a capacidade de
gerir e administrar processos e pessoas, atuando em três níveis do comportamento
organizacional: micro, meso e macro-organizacional. A profissão atravessa um
processo de ajustes basicamente ditado por demandas da globalização e por pressões
que visam aumentar a flexibilidade nas formas de organização de trabalho.
Assim sendo, o projeto formativo desses profissionais deve estar de acordo com
as atuais demandas do setor empresarial que redesenham o seu campo de atuação, exigindo
conhecimentos generalizados e operações complexas. Nesse cenário, a inovação e o contínuo
aperfeiçoamento são as bases para um assessoramento aos postos-chave das organizações.
Com o objetivo de esclarecer o contexto em que o curso superior de Secretariado
Executivo surgiu na UFC, será feita uma breve apresentação desse processo que se iniciou em
1992 e durou pelo menos quatro anos entre as discussões sobre a sua criação e a sua
efetivação, tendo as primeiras vagas ofertadas através do vestibular de 1995.2. As discussões
sobre o processo de criação do curso foram iniciadas com uma reivindicação do SINDCESE,
com a apresentação de uma exposição de motivos, juntamente com um abaixo assinado
contendo mais de 300 assinaturas de secretárias de todo o Estado do Ceará, ao então Reitor,
prof. Roberto Cláudio Frota Bezerra (BRANDÃO, 2010).
A partir de então, deu-se início ao processo formal de criação do curso, com a
elaboração de um projeto por uma comissão formada por professores da Faculdade de
Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado (FEAACS), um servidor
técnico e um representante do SINDCESE. O projeto foi aprovado pelo Departamento de
Administração e encaminhado à Direção da FEAACS em setembro de 1994. Com a sua
aprovação pelo Conselho da FEAACS, em outubro de 1994, foi enviado ao Conselho de
Ensino e Pesquisa (CEPE) da UFC, em dezembro de 1994, e aprovado por unanimidade em
reunião, no dia 22 de fevereiro de 1995, ano em que também teve início a primeira turma do
curso. Várias foram as justificativas para a criação do curso, entre as quais, o interesse por
parte de entidades empresariais do Estado, confirmado pela apresentação de abaixoassinado; o
mercado de trabalho, em função do polo industrial desenvolvido e devido à carência de
pessoas qualificadas em diversos órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e
Municipal, além de Bancos, empresas de turismo e outras instituições (BRANDÃO, 2010, p.
62).
50
5
Projeto Pedagógico do Curso de Secretariado Executivo da UFC, 2006.
51
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
para ingresso a formação superior nos Cursos de Letras ou Secretário Executivo Bilíngue. 6
Existem, porém, servidores no quadro de pessoal da UFC que possuem formação
profissional diferenciada e, por meio de nomeações/portarias, exercem a função de
secretariado (gratificadas ou não), desempenhando atividades inerentes ao cargo em questão,
mesmo sem possuírem a habilitação para tal.
Na presente investigação, definiu-se como critério de inclusão dos sujeitos, os
profissionais de secretariado executivo pertencentes ao quadro funcional da UFC, que estão
habilitados para o exercício da profissão, de acordo com a legislação vigente, ou seja, os
Secretários(as) Executivos(as) com formação do nível superior, ocupando o referido cargo e
exercendo a função na referida instituição. Os critérios de exclusão constam de profissionais
de secretariado que exercem a função de secretário, gratificada ou não, mas não possuem o
cargo, pois não são habilitados para assumirem as atribuições do cargo de Secretário
Executivo. Excluiram-se da pesquisa, também, os Secretários Executivos que estão à
disposição da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira
(UNILAB), perfazendo o total de 5 profissionais.
Faz-se necessário esclarecer a diferença entre cargo e função: de acordo com a Lei
n.º 11.091/2005, em seu artigo 5º, inciso IV, cargo é o “conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na estrutura organizacional, que são atribuidas a um servidor.”
Função é uma atividade de gestão remunerada e escolhida pelo gestor maior da unidade,
observando-se a temporalidade necessária. Tais funções podem ser exercidas por servidores
das próprias universidades, de outros órgãos ou instituições ou por funcionários de empresas
públicas ou privadas.
A seguir, serão expostos os caminhos percorridos para a obtenção dos dados, bem
como os procedimentos para as análises.
Dentre as várias técninas utilizadas para a coleta dos dados, optou-se pelo
questionário, por se tratar de um instrumento que possibilita um amplo alcance, quando
utilizado com a ajuda dos recursos tecnológicos, em virtude da rapidez, uma vez que ele
oferece possibilidade de resposta em local e tempo disponíveis pelos participantes,
independente da presença da pesquisadora. Tal instrumento se constitui um meio rápido de
6
Em fase de mudança, segundo a Fenassec.
60
mobiliário
• Leiaute
• Segurança
Compreende a:
• Iluminação
Conforto ambiental • Ventilação
• Temperatura
• Ruídos internos e externos
• Higiene/limpeza
Compreende a:
• Excesso na carga horária
• Nível de satisfação com a atividade
e/ou com a instituição
• Relacionamento interpessoal com
dirigentes, discentes, corpo técnico-
administrativo e corpo docente
• Respostas às situações de estresse
Psicológicos • Nível de valorização e
reconhecimento
• Grau de influência nas decisões
estratégicas
• Estilo de gestão
• Nível de investimento por parte da
instituição
SUJEITOS
7
Também chamada de “intervalos aparentemente iguais”, a escala de Thurstone foi construída utilizando o método dos
juízes. Consiste em reunir uma série de proposições de atitudes e apresentá-las ao indivíduo, que deverá indicar se concorda
ou não com cada uma delas. Esses índices são classificados de modo que o acordo com a primeira aponta a atitude mais
desfavorável; o acordo com a última indica a atitude mais favorável. O acordo com a proposição central da escala aponta
uma posição neutra (MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 120).
63
Esta etapa teve por objetivo conhecer o perfil dos Secretários Executivos e a
descrição das atividades inerentes a este cargo na UFC. As informações para a definição do
perfil foram coletadas através da aplicação do questionário e se referem às variáveis: idade,
gênero, estado civil, número de filhos, formação em nível de graduação e pós-graduação,
tempo de atuação na profissão e na instituição.
Já as informações referentes às atribuições do cargo foram descritas tomando
como base a lei de regulamentação da profissão (Lei 7.377/85, complementada pela Lei
9.261/96), e na Lei 11.091/2005, que dispõe sobre a estruturação do Plano de Carreira dos
Cargos Tecnicoadministrativos em Educação, no âmbito das Instituições Federais de Ensino
vinculadas ao Ministério da Educação, onde estão definidas as atribuições de todos os cargos
nessas instituições. Esse conhecimento possibilita uma análise das competências e habilidades
desses profissionais que, normalmente, estão relacionadas com liderança, gestão, assessoria e
consultoria.
Na próxima etapa, será explicitado como foi feita a definição dos aspectos que
foram considerados para a análise das condições objetivas de trabalho dos Secretários
Executivos, tendo como base o ambiente físico no qual estes profissionais estão inseridos.
65
4.2.4 Etapa 4 – Definição dos aspectos para análise das condições objetivas de trabalho dos
profissionais de Secretariado Executivo na UFC, sob a perspectiva do ambiente físico
Esta etapa objetiva a definição dos aspectos a serem observados que possibilitem
analisar as condições de trabalho dos profissionais de secretariado na UFC, buscando a
compreensão de algumas questões referentes ao ambiente físico, ou seja, às situações
concretas de trabalho. Tais aspectos são fundamentados, principalmente, na utilização dos
princípios e conceitos abordados pela ergonomia.
Para possibilitar esta etapa, foi considerado o quadro 1, onde estão definidos os
aspectos que são analisados, tendo como base o ambiente físico onde os sujeitos estão
inseridos.
Na próxima etapa explicita-se a forma como foram definidos os aspectos para a
análise das condições subjetivas de trabalho dos Secretários Executivos, sob a perspectiva dos
próprios sujeitos.
4.2.5 Etapa 5 – Definição dos aspectos para a análise das condições subjetivas de trabalho
dos Secretários Executivos na UFC, sob a perspectiva dos sujeitos
Da mesma forma das etapas 4 e 5, foi utilizado como base para o desenvolvimento
do questionário o quadro 1, onde estão determinados os aspectos orientadores da presente
pesquisa. A aplicação do questionário foi realizada conforme descrito na próxima etapa.
Durante esta etapa, foi realizada a análise dos dados, que visa a responder ao
problema da pesquisa e atingir os objetivos propostos, tendo como parâmetro, além dos dados
coletados, a fundamentação teórica, buscando-se a compreensão das questões, através do
referencial apresentado no início desta investigação e de teorias e pesquisas realizadas por
outros autores, quando necessário.
Inicialmente, realizou-se a sistematização e organização dos dados coletados no
questionário, de maneira que os resultados se tornassem significativos. Cada questão foi
analisada de forma individualizada e apresentada por meio de percentuais e gráficos, divididas
em três momentos: 1. Perfil e atribuições dos Secretários Executivos. 2. Condições objetivas
de trabalho e 3. Condições subjetivas de trabalho. Após cada bloco de análise, foram feitas
algumas considerações sobre os dados, buscando sintetizar as informações.
Para a apresentação dos dados, foram utilizadas as técnicas da estatística
descritiva, cujo objetivo básico é o de descrever e sintetizar uma série de valores de mesma
natureza, permitindo, dessa forma, que se tenha uma visão global dos valores. A organização
dos dados foi feita através de gráficos, devido à facilidade de interpretação e à eficiência com
67
que resumem as informações. As respostas à pergunta aberta, que compõe a última parte do
questionário, foram utilizadas para fundamentar as análises.
Feita a explanação das etapas que compõem o método, apresenta-se, a seguir, a
aplicação deste método, bem como a análise dos resultados.
69
De acordo com o seu Estatuto, a Universidade Federal do Ceará (UFC) tem por
objetivo preservar, elaborar, desenvolver e transmitir o Saber em suas várias formas de
conhecimento, puro e aplicado, propondo, para tanto:
• ministrar o ensino para formação de quadros destinados às atividades técnicas e
aos trabalhos da cultura;
• realizar pesquisas e estimular criações que enriqueçam o acervo de
conhecimentos e técnicas nos setores abrangidos;
• estender à comunidade o exercício das atividades de ensino e pesquisa.
5 Universidad Nacional
Autónoma de México 100 100 77,7 58,0 41,0 88,9 100 92,1
(UNAM)
6 Universidad de los Andes - 96,8 95,4 34,5 62,0 61,3 63,4 94,0 84,7
Colômbia
7 Instituto Tecnológico de 98,6 100 78,9 43,6 27,1 37,2 98,0 83,0
Monterrey - México
8 Universidad de Buenos 100 100 13,4 16,9 45,7 96,6 99,1 82,1
Aires - Argentina
9 Universidad Nacional de 96,6 93,5 25,4 59,2 60,7 28,4 97,2 79,5
Colombia
10 Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) - 90,2 20,4 58,4 99,0 97,6 77,8 99,0 79,1
Brasil
76 Universidade Federal do 20,8 49,5 90,1 70,5 46,6 51,9 39,5
Ceará (UFC) - Brasil
Fonte: Relatório de Autoavaliação da UFC, 2011
Para a efetivação desta etapa, foi necessária a realização de uma consulta à SRH
da UFC, a fim de se obter os nomes dos Secretários Executivos e as unidades, na estrutura
organizacional, onde estão lotados os referidos profissionais.
Com as informações, foi possível a elaboração da tabela 6, a seguir, na qual
constam os locais e a quantidade de Secretários Executivos em cada um desses locais.
75
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
No que se refere à distribuição dos profissionais por idade, pode-se verificar que
71,79% estão na faixa compreendida entre 25 e 35 anos, o que caracteriza um perfil jovem da
profissão na instituição.
Considerando que esses profissionais que, atualmente, ocupam o cargo na
instituição são formados, em sua maioria, pela própria UFC, esse aspecto pode remeter a
algumas situações como, por exemplo, o fato de o curso ser relativamente jovem, com a
primeira turma formada no ano de 1999, ou seja, há treze anos. Outra questão que pode
explicar esse perfil é o período em que se iniciou a oferta de vagas através dos concursos
públicos na UFC. O primeiro concurso que ofertou vagas para o cargo de Secretário
Executivo na UFC aconteceu no ano de 2004, quando se previam 03 vagas, distribuídas para
os Campis em Fortaleza, Barbalha e Sobral. Outros concursos que ofertaram vagas para o
cargo aconteceram em 2006, 2008 e 2010.
Esse período corresponde ao Programa de Expansão Fase 01, que teve início em
2003 e ao REUNI, instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, que ampliou o
número de vagas, através de concursos públicos, para servidores tecnicoadministrativos. O
REUNI é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
A seguir, o gráfico 3 apresentada a distribuição da amostra dos profissionais por
estado civil.
da mulher no mercado de trabalho que, aliado a um maior nível de escolaridade, estão adiando
a maternidade e tendo menos filhos. A taxa de fecundidade baixou da média de 2,38 filhos
por mulher para, apenas 1,86, seguindo a tendência de queda na natalidade observada no país
desde 1960, quando a média era de seis filhos por família (CENSO, 2010).
O gráfico 5, a seguir, representa a amostra distribuída por formação acadêmica do
nível de graduação.
O percentual de 10,26% refere-se aos que não têm a formação na área e exercem o
cargo de Secretário Executivo, acreditando-se que isso se deve ao amparo da Lei que
regulamenta a profissão que, em seu artigo 2º, considera como Secretário Executivo, o
“portador de diploma de nível superior que, na data de vigência da Lei, houver comprovado,
através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis
meses, das atribuições mencionadas na referida Lei.”
Ressalte-se que, no período entre 1999 e 2011, graduaram-se, na UFC, 431
Secretários(as) Executivos(as). Atualmente, são 56 profissionais exercendo a profissão na
instituição, sendo a maioria destes formados pela própria instituição e nomeados nos últimos
cinco anos.
No gráfico 6, a seguir, a amostra é representada pela distribuição no nível de pós-
graduação.
Gráfico 6 - Distribuição dos Secretários Executivos por formação acadêmica em nível de pós-
graduação
Por outro lado, a busca por uma maior qualificação e requalificação permanente
dos profissionais, tem se configurado como uma prioridade, dadas as exigências do mundo
globalizado.
De acordo com o Anuário Estatístico da UFC 2011, de um total de 3.048
servidores tecnicoadministrativos, somente 676 possuem nível superior (255 homens e 421
mulheres), 937 possuem o título de especialista (sendo 632 do sexo feminino e 305 do sexo
masculino), 264 têm o título de mestre (166 do sexo feminino e 98 do sexo masculino), e 67
possuem o título de doutor (35 homens e 32 mulheres), totalizando 1.584 servidores, o que
representa um pouco mais da metade dos servidores nesses níveis de formação.
No caso específico dos Secretários Executivos, verifica-se que, de acordo com o
gráfico 6, quase 85% da amostra dos profissionais pesquisados possuem formação do nível de
pós-graduação. Esse fenômeno pode remeter aos aspectos das novas competências exigidas
desse profissional, inserido em um cenário de constantes mudanças, que exige, cada vez mais,
que as pessoas se especializem.
Pode-se, também, pressupor que o fato se deve aos incentivos financeiros
observados no Plano de Carreira dos Cargos Tecnicoadministrativos em Educação (Lei
11.091/2005), que prevê um percentual de incentivo à qualificação, que pode chegar a 27% no
caso de especialização e 52%, para o nível de mestrado, para os cargos que exigem nível
superior, caso do Secretário Executivo, e 75% para o nível de doutorado (também para os
cargos que exigem nível superior).
Ressalta-se que, o aumento da escolaridade representa uma realidade que vem
ocorrendo no nível nacional, nos últimos anos, segundo dados da Pesquisa Nacional de
Amostra de Domicílios (PNAD, 2009), que indicaram que, no ano em referência, 43,1% da
população ocupada tinham, pelo menos, o ensino médio completo, contra 41,2% em 2008 e
33,6% em 2004, e os trabalhadores com nível superior completo representavam 11,1% do
total, frente a 10,3% em 2008 e 8,1% em 2004.
O gráfico 7 representa a amostra distribuída por tempo de atuação na instituição e
na profissão.
87
idade entre 25 e 35 anos, além da maioria ser casada. Outro dado observado foi quanto ao
número de filhos, mostrando que a maior parte da amostra não possui, ou possui apenas um
filho, consequência da inserção da mulher no mercado de trabalho.
A maioria dos Secretários Executivos possui formação na área de secretariado
executivo, além de possuírem formação em nível de pós-graduação, sendo a maior parte
composta por especialistas, embora o ingresso no cargo exija, apenas, a formação em nível
superior.
Quanto ao tempo de atuação, os dados demonstraram que esses profissionais
atuam, tanto na profissão quanto na instituição há menos de cinco anos, período que coincide
com o programa de reestruturação das universidades federais (REUNI), que favoreceu um
aumento na oferta de vagas através de concursos públicos, tanto para docentes quanto para
tecnicoadministrativos, dentre estes, os da referida categoria profissional.
A seguir, são definidos os aspectos para a análise das condições objetivas de
trabalho.
Etapa 4 – Definição dos aspectos para a análise das condições objetivas de trabalho dos
profissionais de Secretariado Executivo na UFC, sob a perspectiva do ambiente físico
Nesta etapa, foram definidos os oito aspectos para a análise das condições
objetivas de trabalho dos Secretários Executivos da UFC, incluindo: carga horária,
configuração física do ambiente, conforto ambiental e segurança. Estes aspectos foram
baseados, principalmente, nos referenciais da ergonomia e foram assim definidos:
1. Mobiliário adequado ergonomicamente
2. Condições de iluminação da sala
3. Conforto térmico - temperatura
4. Cuidados com higiene e limpeza
5. O leiaute da sala possibilita a livre circulação das pessoas
6. Dispositivos de controle de incêndio
7. Ruídos provocados pelo entorno como ruas e outros
8. Equipamentos de informática
Etapa 5 – Definição dos aspectos para a análise das condições subjetivas de trabalho dos
Secretários Executivos na UFC, sob a perspectiva dos sujeitos
utilizando-se a escala de Likert, detalhada no item 4.1.3. Essas questões são apresentadas
através de afirmativas e as opções de respostas constam de cinco itens: 1. Concordo
plenamente. 2. Concordo parcialmente. 3. Indiferente. 4. Discordo parcialmente e 5. Discordo
plenamente. Na última parte, consta uma questão aberta, pela qual os entrevistados tiveram a
oportunidade de opinar sobre a sua condição de trabalho no local em que atuam.
Referido instrumento foi pré-testado, com o objetivo de assegurar a compreensão
das questões apresentadas e está disposto no apêndice A.
Dando início às análises, o gráfico 8 faz referência à carga horária, cujo intuito foi
verificar se os Secretários Executivos excediam o horário formal de trabalho.
Considerando que as pessoas passam grande parte dos seus dias nas organizações,
um dos fatores que devem ser observados é a limpeza dos ambientes de trabalho, o que os
tornam saudáveis, organizados e agradáveis.
97
A questão dos estímulos sonoros é tratada como uma das questões determinantes
das condições de trabalho e um dos princípios que devem ser levados em consideração em
uma ação ergonômica. Segundo Abrahão et al (2009, p. 124), isso diz respeito à “necessidade
de identificar pelo menos duas dimensões do ruído: enquanto fonte de informações
significativas e o quanto o ruído pode dificultar a percepção das informações significativas
para o trabalhador.”
Iida (2005, p. 504) apresenta uma definição para o termo ruído, de natureza mais
operacional, como sendo um “estímulo auditivo que não contém informações úteis para a
tarefa em execução.”
Ainda, na concepção do autor anteriormente citado, existem, basicamente, dois
tipos de ruídos: os contínuos (que ocorrem com certa uniformidade durante toda jornada de
trabalho) e os de impacto (picos de energia acústica de curta duração e, também, os de
natureza inesperada, que se destacam no ambiente, como buzinas, batidas de porta e
gargalhadas repentinas).
Abrahão et al (2009) afirmam que um ruído de impacto pode confundir a
percepção do trabalhador a ponto de desviar a atenção e causar acidentes, mas, antes de se
iniciar qualquer ação, é necessário se identificar os seus significados para o trabalhador.
Na análise realizada sobre esse aspecto nos ambientes onde os profissionais de
secretariado executivo estão inseridos, pode-se perceber pelos dados observados no gráfico,
que um percentual de quase 18% concorda plenamente e 48,72% concordam parcialmente
com a afirmativa, totalizando um percentual de quase 70% nessas duas opções, em que os
103
8
Atribui-se ao endocrinologista Hans Selye, a introdução do vocábulo stress, no meio científico (PEREIRA,
2002, p. 24).
107
uma experiência emocional negativa, que pode estar associada a sensações não prazerosas de
ansiedade, tensão, depressão, raiva, fadiga, falta de iniciativa e confusão (KROEMER;
GRANDJEAN, 2005, p. 166).
Nos dados obtidos nesta pesquisa, pôde-se observar que os resultados concentram
um maior percentual nos itens concordo plenamente (10,26%) e concordo parcialmente
(38,46%) com a afirmativa de que o trabalho é considerado estressante, totalizando-se um
percentual de 48,72% nesses dois itens. Logo, podem-se confirmar algumas situações
vivenciadas no trabalho dos Secretários Executivos na UFC, que podem ser consideradas
como fontes geradoras de estresse ocupacional. Na fala de dois sujeitos percebeu-se que a
sobrecarga de trabalho, condições de trabalho não condizentes e grandes cobranças são
algumas situações citadas:
Ressalta-se, portanto, que esta é uma questão que pode interferir bastante no
desempenho do trabalho dos profissionais de Secretariado Executivo, visto que estes
necessitam, constantemente, do contato com outras pessoas e outros setores.
Na sequência, a análise sobre o estilo de gestão na instituição, pela qual se
procurou investigar se o modo como os gestores conduzem os processos administrativos
refletem em ações positivas por parte dos Secretários Executivos.
112
Com relação a essa questão, percebe-se que, apesar dos percentuais estarem
concentrados nas opções de concordância, sendo 7,69% no item concordo plenamente e
48,72% no item concordo parcialmente, um percentual significativo de 28,2% optou pelos
itens de discordância, o que significa que, em alguns ambientes, o estilo de gestão não
encoraja ações e inovativas na solução de problemas nem a iniciativa individual e a
autonomia dos profissionais de Secretariado Executivo.
Isso pode demonstrar que alguns gestores podem ainda não ter conhecimento
suficiente sobre este profissional, fazendo com que alguns ainda sejam subutilizados. De
acordo com Ferreira (2010), foram identificadas como as principais atividades desenvolvidas
pelos Secretários Executivos na UFC o gerenciamento de informações e o atendimento de
pessoas, demonstrando que os conhecimentos desse profissional ainda não são plenamente
aproveitados pela instituição.
Na fala de um dos sujeitos, percebe-se que o conhecimento por parte de alguns
gestores sobre o cargo de Secretário Executivo ainda é incipiente.
Vejo que muitos setores não têm conhecimento sobre as funções gerenciais que estes
profissionais podem exercer, muitos gestores não conhecem o conhecimento
adquirido na graduação de Secretariado Executivo (Sec. 25).
[...] Chefias que ocupam o tempo de serviço do servidor com coisas pessoais deles,
existe muita chefia que utiliza os serviços das secretárias como se fossem secretárias
particulares e não da instituição (Sec. 14).
113
Percebe-se, pelos dados do gráfico 22, que o maior percentual concentra-se nas
opções de discordância, com 17,95% afirmando que discordam plenamente e 35,90%
discordando, mesmo parcialmente, com a afirmativa de que não há na instituição cobranças
por qualificação contínua dos Secretários Executivos.
Verifica-se, porém, que mesmo sem cobranças explícitas por qualificação
contínua, por parte da instituição, foi verificado que a maioria dos Secretários Executivos
possui uma formação além da exigida para o ingresso na instituição, demonstrando que estes
possuem uma preocupação com o autodesenvolvimento.
Ressalta-se que, anualmente, a UFC, através da SRH e com o Programa de
Treinamento e Desenvolvimento, oferece cursos de capacitação e aperfeiçoamento e
qualificação para os servidores docentes e tecnicoadministrativos. Entre os cursos de
capacitação e aperfeiçoamento alguns são voltados para os profissionais de secretariado como
os cursos de redação oficial e correspondência administrativa, técnicas de secretariado,
arquivo e organização de documentos, redação acadêmica, redação oficial e revisão
gramatical, além de cursos de línguas como espanhol instrumental e francês instrumental,
gestão de ambientes organizacionais, legislação do ensino superior e avaliação de IFES.
Além desses cursos, a UFC também oferta aos seus servidores opções de cursos
de qualificação que abrangem desde a educação básica (Educação de Jovens e Adultos - EJA)
a formação em nível de graduação, com a oferta atual do curso superior de Tecnólogo em
Gestão da Qualidade (em fase de seleção) e em nível de pós-graduação lato e stricto sensu
115
acontece um grande fluxo de informações, que servem como elo entre todos os níveis da
organização.
Na fala de um dos respondentes, percebeu-se o quanto a comunicação ineficaz
pode ocasionar prejuízos no andamento das atividades, quando afirma que:
Ficou evidenciado, no gráfico 25, que a maioria das respostas está concentrada
nas opções concordo plenamente (12,82%) e concordo parcialmente (35,90%), totalizando
48,72% dos respondentes que concordam com a afirmativa de que as exigências de adaptação
às mudanças e à flexibilidade são exigidas pela instituição.
Esses dados verificados no serviço público, parte integrante das mudanças
vivenciadas nas novas exigências do mundo do trabalho, se adéquam ao novo perfil requerido
pelos atuais modelos de gestão, que exigem dos profissionais de Secretariado Executivo
118
Logo, pode-se perceber que, apesar dos atuais discursos sobre a participação
efetiva dos Secretários Executivos nas decisões estratégicas das organizações, verifica-se que
a maioria não participa, efetivamente, das decisões estratégicas em seus ambientes de
trabalho.
Isso pode remeter a questões sobre a formação desses profissionais que, de acordo
com pesquisa realizada por Brandão (2010), com egressos do curso de Secretariado Executivo
da UFC, que atuam no cargo em organizações de médio e grande porte, mostrou que a
formação dos Secretários Executivos na UFC “está direcionada para o mercado de trabalho,
questionando-se a construção de um sujeito autônomo, tendo em vista que o poder de decisão
está limitado apenas ao seu espaço de atuação, não participando das decisões estratégicas das
organizações.”
Analisa-se, a seguir, a questão do desenvolvimento de funções gerenciais pelos
Secretários Executivos na UFC.
Pode-se perceber, pelos dados explicitados no gráfico 27, que a maior parte das
respostas está concentrada nas primeiras opções, ou seja, de concordância com a afirmativa de
que os secretários executivos desenvolvem algumas funções gerenciais como planejamento e
gerenciamento de processos organizacionais, representando 58,97% das respostas.
Tais resultados confirmam o novo perfil do profissional de secretariado executivo,
para o qual, uma das exigências requeridas se refere ao desenvolvimento de funções
120
Locke (1969, 1976 apud MARTINEZ; PARAGUAY, 2003, p. 64), em sua teoria
da satisfação no trabalho, a considera como uma função da relação percebida entre o que um
indivíduo quer de seu trabalho e o que ele sente estar obtendo. A satisfação no trabalho seria,
então, um estado emocional prazeroso, resultante da avaliação do trabalho em relação aos
valores do indivíduo, relacionados ao trabalho. Na contramão, a insatisfação no trabalho seria
um estado emocional não prazeroso, resultante da avaliação do trabalho como ignorando,
frustrando ou negando os valores do indivíduo, relacionados ao trabalho. Assim, a satisfação e
insatisfação no trabalho não são fenômenos distintos, mas situações opostas de um mesmo
fenômeno, ou seja, um estado emocional que se manifesta na forma de alegria (satisfação) ou
sofrimento.
Conforme Iida (2005, p. 4),
Na análise dessa questão, na UFC, como percebido nos dados do gráfico 29,
apesar de os Secretários Executivos demonstrarem insatisfação com algumas condições de
realização de suas atividades como trabalho estressante e falta de reconhecimento
profissional, confirma-se a satisfação desses profissionais com relação à profissão, uma vez
que um percentual de 56,41% optou pelo item concordo plenamente e 28,21% optaram pelo
item concordo parcialmente, somando-se 84,62% nas opções de concordância.
Já com relação à satisfação com a instituição, os dados apresentam uma redução
do percentual no item de concordância plena para 33,33% e um aumento no item de
concordância parcial para 48,72% com a afirmativa de que estão satisfeitos com a instituição
em que atuam, totalizando-se em 82,05% nos dois itens de concordância.
Nesse sentido, tem assento a fala dos secretários a seguir:
Estou satisfeita de maneira geral com as minhas condições de trabalho. (Sec. 32).
Pode-se, portanto, afirmar que, mesmo com algumas questões que podem ser
melhor atendidas, esses profissionais se sentem satisfeitos, tanto na profissão quanto na
instituição.
Os resultados da análise dos aspectos subjetivos apontaram que os profissionais
de secretariado executivo demonstraram algumas insatisfações, principalmente, com relação
às questões: falta de valorização e reconhecimento por parte da instituição; relações
interpessoais no ambiente de trabalho não favoráveis; ineficácia na comunicação intersetorial;
pouca participação nos processos decisórios.
Contudo, os resultados apontaram, também, pontos fortes como satisfação com a
profissão e com a instituição; pouca ocorrência de desvio de função; desenvolvimento de
algumas funções gerenciais como planejamento e acompanhamento de processos; oferta de
programas de treinamento e qualificação pela instituição.
123
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O trabalho, entendido como base da atividade humana, deve ser percebido como o
ponto de partida sob o qual se poderá instaurar uma nova sociedade, ressaltando-se a
importância de se refletir e de se instigar o debate sobre as formas de realização das
necessidades do homem, que deve encontrar neste plano a sua base de sustentação.
(ANTUNES, 2007).
O objetivo geral desta pesquisa, como mencionado na introdução, foi analisar as
condições de trabalho dos profissionais de Secretariado Executivo na UFC e os objetivos
específicos consistiram em: descrever o perfil desses profissionais quanto às competências e
habilidades exigidas no mundo do trabalho contemporâneo; analisar as condições objetivas do
exercício da profissão, quanto aos riscos ergonômicos e a infraestrutura física; e analisar as
condições de trabalho desses profissionais, quanto aos aspectos subjetivos, como valorização
e reconhecimento profissional, desenvolvimento de funções gerenciais e outros.
Ressalte-se que o objetivo geral foi atingido quando foram analisadas as
condições de trabalho dos Secretários Executivos, através dos aspectos objetivos e subjetivos
privilegiados no estudo e os objetivos específicos foram alcançados quando foi realizada a
descrição do perfil e a análise de todos os aspectos que foram definidos, a partir do ambiente
físico e dos próprios sujeitos.
Sendo assim, de acordo com as informações obtidas a partir dos dados analisados
sobre o perfil dos Secretários Executivos na UFC, verificou-se que a maioria dos profissionais
é do sexo feminino, com idade entre 25 e 35 anos e casada. Outro dado observado foi quanto
ao número de filhos, tendo-se visto que a maior parte da amostra não possui filhos ou tem
apenas um, consequência da inserção da mulher no mercado de trabalho. Esse perfil está em
consonância com os dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE,
2001), cujo perfil das mulheres em idade produtiva é descrito da seguinte forma: cônjuges
jovens e adultas, sem filhos, tem uma participação maior no mercado de trabalho.
A maioria dos Secretários Executivos possui formação na área em que atuam,
além de possuírem formação em nível de pós-graduação, sendo a maior parte composta por
especialistas, embora o ingresso no cargo exija, apenas, a formação em nível superior. Isso
significa que esses profissionais estão atendendo às atuais exigências do mundo do trabalho,
que preconiza constantes atualizações nos níveis de formação dos trabalhadores.
Quanto ao tempo de atuação, os dados demonstraram que esses profissionais
atuam, tanto na profissão quanto na instituição, há menos de cinco anos, período que coincide
124
trabalho, observou-se que grande parte dos Secretários Executivos não participa efetivamente
das decisões estratégicas em seus ambientes de trabalho.
Assim sendo, a divulgação destes dados pode contribuir para um conhecimento
maior sobre as reais condições de trabalho dos profissionais envolvidos e propiciar alguma
intervenção nos aspectos considerados não adequados, visando à qualidade de vida, à
segurança no trabalho e à saúde dos mesmos.
Destaca-se que as discussões lançadas sobre estas questões não podem estar
desvinculados das atuais condições socioeconômicas dos trabalhadores brasileiros, como um
todo que, historicamente, vivenciam momentos de incertezas. Assim, diante de diversas
peculiaridades verificadas sobre as condições de trabalho dos Secretários Executivos na UFC,
especificamente sobre as condições que afetam a subjetividade desses profissionais,
recomenda-se a efetivação de ações voltadas para o reconhecimento e valorização profissional
e pela melhoria dos processos comunicativos na instituição. Também, julgam-se necessários
novos estudos que explorem outros aspectos com a finalidade de contribuir com a busca de
melhores condições de trabalho para esses profissionais, tanto na instituição pesquisada
quanto em outras instituições, inclusive, através de estudos comparativos entre instituições
públicas e privadas.
Ficou claro que, embora os atuais discursos tentem infamar a imagem do serviço
público, esses espaços de atuação profissional ainda oferecem condições favoráveis aos
trabalhadores e, apesar dos Secretários Executivos terem demonstrado insatisfações com
algumas condições de realização de suas atividades, como trabalho estressante e falta de
reconhecimento profissional, evidenciou-se a satisfação destes profissionais com a instituição.
Conclui-se, afirmando que melhores condições de trabalho contribuem, não só,
para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e aumentar o seu bem-estar, mas
também, para elevar a produtividade, o que fortalece as organizações e o país e pode se
reverter em melhores condições de trabalho, estabelecendo-se um círculo virtuoso, o qual tem
a capacidade de se expandir bem mais do que alcança a nossa atual percepção, pois, o fato de
se pesquisar as condições de trabalho de um profissional que é novo no quadro funcional da
UFC, já foi por si só, fonte de motivação e alento, que irá repercutir certamente na qualidade
da relação profissional e pessoal, e por fim, na consolidação de uma universidade mais sólida
e humana, voltada para servir e melhorar a nossa sociedade.
128
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_______. Edital n.º 260/2008. Concurso público para provimento de cargos técnico-
administrativos em Educação. Campus da UFC em Fortaleza. Fortaleza, 26 de agosto de
2010. Disponível em: www.ccv.ufc.br. Acesso em: 20 jan. 2012.
133
APÊNDICE
135
APÊNDICE A
Atenciosamente,
( ) Divorciado(a)
( ) Viúvo(a)
1.7 Número de filhos: ______________
1.8 Formação Acadêmica - Graduação:
___________________________________________________________
1.9 Formação Acadêmica – Pós-Graduação:
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) Doutorado
( ) Outros: Qual? ___________________________________________________
1.10 Tempo em que atua na profissão de Secretariado Executivo: ________________
limpeza.
5. Os equipamentos de informática atendem às
necessidades dos profissionais de Secretariado 1 2 3 4 5
Executivo.
6. O leiaute da sala possibilita a livre circulação das 1 2 3 4 5
pessoas.
7. O ambiente possui dispositivos de controle de 1 2 3 4 5
incêndio.
8. Existe a incidência de ruídos provocados pelo 1 2 3 4 5
entorno como ruas e outros.
137
24. De um modo geral, como você avalia suas condições de trabalho (objetivas e subjetivas)
como Secretario(a) Executivo(a) na instituição em que atua?
ANEXOS
139
ANEXO A
Respostas dos sujeitos à última questão do questionário: De um modo geral, como você
avalia suas condições de trabalho (objetivas e subjetivas) como Secretário(a)
Executivo(a) na instituição em que atua?
Sec. 01
Sou servidora há pouco mais de um ano e para minha surpresa encontrei
condições de infraestrutura adequadas ao trabalho, fato que me surpreendeu ao ingressar na
instituição, o salário para uma função de nível superior está aquém do esperado para o setor
público, em comparação aos demais órgãos com funções similares, a remuneração está
defasada para uma carga horária de 40hs.
No setor onde sou lotada percebo um excelente ambiente de trabalho, com
predominância de uma atmosfera colaborativa, relacionamento entre chefias e subordinados
pautado em muito respeito e ética, há um clima amigável,
Sec. 02
Quanto ao salário e infraestrutura considero justo, apesar de não termos
possibilidade de aumento salarial significativo, pois os técnico-administrativos raramente
assumem uma função gerencial na universidade.
Sec. 03
As condições objetivas são satisfatórias, porém as subjetivas precisam ser revistas,
a gestão de pessoas deve ser modernizada permitindo uma atuação maior e mais eficaz de
todos os servidores. É preciso trabalhar a equidade nas relações.
Sec. 04
As condições de trabalho objetivas são muito boas, estamos instalados de forma
confortável; subjetivamente, temos nossos altos e baixos, acredito que tudo na vida depende
muito mais de você, em transformar o seu ambiente de trabalho, podendo assim contagiar os
demais. Na universidade, temos uma vaidade exagerada e interesses quase sempre unilaterais,
as pessoas só estão voltadas pra si mesmas, tornando um pouco mais difícil a convivência.
Sorte é que teremos sempre o dia seguinte. Hoje agradeço a Deus por tudo que estou
conquistando e aprendendo.
Sec. 05
140
Sec. 06
O salário é acima da média geral; a instituição tem grande credibilidade; gosto
bastante de trabalhar aqui, sinto orgulho do valor que ela tem, contudo, administrativamente
falta planejamento e valorização profissional.
Sec. 07
Condições objetivas: boas, porém a infraestrutura pode ser melhorada; Condições
subjetivas: relações com chefia, docentes e discentes é harmoniosa. Há o reconhecimento por
parte da chefia e na maioria das vezes o trabalho não é estressante.
Sec. 08
Avalio positivamente tanto as condições de trabalho objetivas quanto subjetivas.
Salientando-se que necessidades de adaptações são sempre pertinentes.
Sec. 10
Com relação à infraestrutura acredito que poderia ter um maior investimento em
informatização e no que diz respeito a modernização de alguns processos/procedimentos que
diminuíssem a burocracia. Considero que em alguns momentos o ambiente de trabalho se
torna estressante, pois quando alguém não cumpre o seu papel, este acaba sobrando para os
demais, o que acaba sobrecarregando alguns. No geral, gosto do meu setor e das pessoas com
as quais trabalho, inclusive chefia.
Sec. 12
tão valorizado como deveria, mas não chega a ser algo que baixe minha auto estima ou me
desmotive. O meu trabalho é bem exigido, mas não estressante.
Sec. 13
Sec. 14
Bom, de um modo geral, acredito que devido a falta de servidores, a maioria das
pessoas trabalha de forma sobrecarregada, há uma má distribuição de atividades e funções,
existe muita pendência no que se refere a quem faz o quê e o pior é que existe uma forma
errada de ver o processo trabalho quando a política da instituição é do tipo "pessoa A não
pode fazer este tipo de coisa, isso é para pessoa B fazer". Existe uma separação equivocada
entre servidores de nível médio e servidores de nível superior. Outra questão é que existe
muito abuso de poder, o processo de comunicação é falho, a chefia não sabe delegar com
paciência, as máquinas não favorecem, além da cobrança que a efetivação dos processos estão
sempre com prazos estourados.
Chefias que ocupam o tempo de serviço do servidor com coisas pessoais deles,
existe muita chefia que utiliza os serviços das secretárias como se fossem secretárias
particulares e não da instituição.
O servilismo praticado por certos colegas de trabalho, às vezes a chefia nem se
preocupa com isso, mas algumas pessoas acham que assim entrarão para lista dos preferidos
dos chefes.
Acredito que o grande problema é que as pessoas, chefias e subordinados,
trabalham na perspectiva da concorrência. Talvez a solução seja trabalhar na perspectiva da
parceria, da tolerância, com um único objetivo fim: trabalho bem realizado, com devido
acompanhamento, comprometimento de todos, direitos iguais para todos nós servidores,
mesmos acessos e respeito mútuo para que não só a UFC, mas também a comunidade sejam
agraciadas com prestação de serviço da mais alta qualidade. A implementação da gestão por
competência, é esse o caminho da excelência e deveria ser assim que a UFC, uma instituição
142
de ensino superior, cuja a responsabilidade é colocar no mercado gente qualificada deve atuar
em nossa sociedade.
Sec. 15
O ambiente físico não é o mais adequado, há a burocracia da administração dos
recursos, esse processo de reformas/mudanças é lento e não existem recursos próprios. De um
modo geral, as relações com servidores é boa, sinto que não existe a valorização do
funcionário por parte dos gestores e dos docentes. De um modo geral considero minha
condição de trabalho regular.
Sec. 16
Diferentemente de instituições privadas, os secretários executivos ficam
impossibilitados de desenvolver um trabalho de excelência devido à alta burocratização e
principalmente da falta de boa vontade de muitos colegas de trabalho em contribuir para a
otimização do trabalho. Por outro lado, acredito que não devemos nos conformar com essa
realidade. Como profissionais que querem fazer a diferença em qualquer instituição, devemos
sempre ter um coração disposto a mudar, criar e recriar se necessário. Devemos todos os dias
"sair da caixa", isto é, de nossas limitações e buscar alternativas para um trabalho bem-
sucedido. Eu quero fazer a diferença onde quer que eu vá!
Sec. 18
Classifico as condições objetivas como satisfatórias. No que diz respeito as
condições subjetivas a ausência de reconhecimento e as relações interpessoais com os colegas
de trabalho são as que provocam maior nível de stress e desmotivação.
Sec. 19
De modo geral estou satisfeita com minhas condições de trabalho.
Sec. 20
As minhas condições de trabalho objetivas e subjetivas são plenamente
satisfatórias, além disso, existe o incentivo da instituição através da realização de cursos de
especialização, mestrado e doutorado. Eu, particularmente, ainda não realizei um curso de
especialização ou pós-graduação por motivos pessoais.
Sec. 22
143
Sec. 23
Condições objetivas: o salário e infraestrutura são bons, já a carga horária
divergem com o atendimento da Ouvidoria, pois existe uma demanda (corpo discente, docente
e servidores) no horário do almoço,o que acarretaria em turnos de trabalhos de seis horas
corridas. Quanto às condições subjetivas: o ambiente de trabalho é muito bom.
Reconhecimento não existe na UFC para servidores técnicos administrativos, mas sim só para
professores. Relações interpessoais são boas, mas poderia existir uma flexibilidade do trato do
corpo docente com os servidores e corpo discentes.
Sec. 24
O problema mais grave é o da comunicação. Considero que a falta de processos
documentados atrapalhe as relações e a comunicação propriamente dita. Não fica muito claro
o setor ou o profissional responsável diretamente por determinadas tarefas o que colabora em
ocasionar erros, retrabalho e desgastes com colegas de profissão e de outras áreas.
Também em virtude do quadro restrito de servidores há uma nítida sobrecarga de
tarefas a determinadas pessoas o que provoca excesso de horas trabalhadas e pouca qualidade
de vida.
Se por um lado há o reconhecimento, por outro há uma cobrança forte e condições
de trabalho não condizentes, em muitos casos, com as inúmeras tarefas do cotidiano.
Sec. 25
O salário do Secretário (a) Executivo (a) na UFC é superior à média oferecida no
mercado de trabalho no Ceará. Há cumprimento da carga horária de 40 horas semanais
proposta em edital do concurso de ingresso para a UFC. A universidade tem investido no
melhoramento da infraestrutura e dos equipamentos de informática oferecidos aos seus
servidores que durante logos anos trabalharam com equipamentos sucateados. Quanto às
questões subjetivas, acredito que cada setor da UFC oferece diferentes avaliações de relações
interpessoais e de compatibilidades de atividades exercidas com o cargo. A meu ver, o setor
144
Sec. 27
Minhas condições de trabalho são boas, quanto a infraestrutura estamos de
mudança para um prédio novo, quanto ao trabalho sempre é muito corrido até porque o ICA
dispõe de 11 cursos no seu todo é preciso organizar o tempo, ás vezes chega a ser estressante
porém no momento como chegou uma servidora nova esta dando para conciliar. Quanto as
relações interpessoais não tenho problemas com minha chefia e nem com meus colegas de
trabalho. Carga-Horária: 08 horas e salário considero bom, porém as Secretárias Executivas
deveriam receber uma gratificação.
Sec. 28
Existe um longo caminho a ser percorrido por novos servidores lotados na UFC,
existe uma extrema diferença entre os perfis de funcionários mais antigos na instituição e
novos servidores. Fazemos parte de uma nova geração no serviço publico, e o choque cultural
às vezes é inevitável.
Sec. 29
Quando se gosta do quer se faz fica bem mais fácil superar as dificuldades
encontradas nas rotinas. Minhas condições são muito boas porque quando optei em ser
secretária tinha consciência das minhas atribuições, e conhecia o valor do salário. Acredito
que temos muito a conquistar no mercado, e que estas vitórias virão com o reconhecimento do
nosso trabalho, que só depende de cada uma de nós.
Sec. 30
O ponto negativo é a infraestrutura, computadores antigos, móveis antigos,
cadeiras inadequadas, o que torna o ambiente de trabalho desconfortável.
Sec. 32
145
Sec. 33
Condições objetivas: Sou satisfeita com estas questões. Acredito apenas que
poderia ser melhorada a infraestrutura: móveis mais modernos em alguns setores, observar as
questões de ergonomia, leiaute mais funcional, uso de equipamentos mais modernos, etc.
Condições subjetivas: também sou satisfeita com estas questões. Percebo como
ponto negativo apenas o item relações interpessoais, visto que é muito complicado se
relacionar com algumas pessoas da equipe, mas acredito que este é um problema que atinge a
maioria das organizações.
Sec. 34
Considero boas as minhas condições de trabalho, porém, sinto que algumas vezes
desenvolvo atividades que não considero atividades de uma secretária executiva.
Sec. 36
Estou bastante satisfeita no meu ambiente de trabalho, pelo reconhecimento por
parte da Chefia como também dos colegas. Apesar de nós secretárias de Unidades não sermos
bem remuneradas na função que desempenhamos, como as de Centros e Faculdades eu me
sinto reconhecida e valorizada pelo meu trabalho, mesmo pela falta de condições, tanto na
parte física que é muito pequena como também por falta de equipamentos mais modernos
para que o trabalho se desenvolva com mais rapidez e eficácia. Mesmo assim me sinto
orgulhosa por fazer parte da UFC e por trabalhar durante um período de 40 anos na mesma
instituição.
Sec. 37
Salário = bom; Carga horária = Não podemos exceder as 8 h/d - Não trabalhamos
em empresa privada; Infraestrutura = boa; Ambiente de trabalho estressante = Relação entre
servidores técnico-administrativos e docentes não é muito boa. Docentes se acham
intelectualmente superiores, mesmo com servidores técnico-administrativos qualificados, com
mestrados e doutorados; Relação com chefia: boa; Colegas de trabalho = quando da mesma
classe, categoria, a relação é mais amistosa. É o que percebo e não como deveria ser; Relação
com discentes = Pode melhorar. Temos que atendê-los bem.
146
Sec. 38
A infraestrutura deixa muito a desejar. No quesito da subjetividade, sinto falta de
reconhecimento para com o profissional de secretariado.
Sec. 39
Algumas dessas condições avalio como muito boas, tais como: salário, carga
horária, infraestrutura, ambiente de trabalho etc. E outras como: "precisam melhorar":
reconhecimento profissional e relações interpessoais.