Você está na página 1de 49

RELAÇÕES INTERPESSOAIS E

ADOLESCÊNCIA
ADOLESCÊNCIA

 Período cronológico: dos 10 anos aos 19 anos (OMS)

 Adolescere – crescer Período de mudanças

2
3
 Assim, será a transição da infância para a idade
adulta, de um estado de dependência para um
estado de maior autonomia.

 É mudança, crescimento, desafio e inquietação


que culmina com a formação de valores e da
identidade que caracteriza a vida adulta.

4
QUALIDADE DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E
DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO

 Na passagem da infância para a adolescência, ocorre


um desenvolvimento cognitivo.

 Pensamento concreto Pensamento abstracto

 O jovem começa a ter capacidade de gerar alternativas


face a uma situação e a descentrar-se do presente,
perspectivando o futuro (Piaget, 1972, cit in Remédios, 2010).

5
 As mudanças nas capacidades mentais têm também
repercussões para as percepções no domínio social.
 O adolescente possui um nível de desenvolvimento
cognitivo e a experiência de vida que aproximam a
sua percepção e compreensão da dos adultos com
quem convive (Fachada, 2010).
 É capaz de interpretar interacções e inferir
características psicológicas a partir dos
comportamentos que observa. É capaz de assumir a
perspectiva do outro – descentração intelectual
(Selman, 1980, cit in Remédios, 2010; Fachada, 2010).

 No entanto, estes resultados são discutíveis


actualmente uma vez que existem estudos que
relatam a presença de egocentrismo ao longo de toda
a adolescência e não a existência do declínio 6
evidenciado outrora (Schwartz, Maynard, & Uzelac, 2008 cit
in Remédios, 2010).
TEATRO DEBATE
Cena: Festa académica / Queima das fitas
“Uma coisa fantástica!”

 Noite da queima/ semana académica! Muita música, dança e


alegria! Os três amigos estão muito divertidos até que
chegam mais 2 amigos embriagados com garrafas com
bebidas alcoólicas a incentivarem os amigos a beberem (que
têm uma postura crítica em relação a quem rejeita beber…)
 Entretanto, a Joana propõe que experimentem “uma coisa
fantástica” para “curtirem a party” que ela e o António
arranjaram (haxixe e pastilhas)…
 A pessoa que recebe o convite tem de tentar recusar
(responder “não”). O primeiro deve insistir para que o outro
aceite o convite, mas o convidado deve esforçar-se para
recusar o pedido, explicando de modo claro porque é que 7
recusa.
 Há barreiras que por vezes impedem a recusa:
 o medo de magoar ou perder o outro,

 a necessidade de se sentir aceite,

 algum sentimento de desvalorização pessoal em


relação aos outros

 Ao recusarmos pedidos de acordo com a nossa


própria vontade poderemos evitar:
 frustração

 raiva

 sentimentos de incapacidade

 sentimentos de humilhação

 futuros convites ou pedidos semelhantes


8
 Passamos uma imagem de nós de:
 maior segurança

 capacidade de decisão

 evitamos passar a mensagem de que acabamos sempre por


ceder e que, por isso, os outros podem pressionar-nos, uma
vez que nós, mesmo que não nos apeteça, acabamos por fazer
o que eles querem

 É importante perceber que:


 somos livres de para decidir o que queremos ou não fazer
 por isso, recusar um convite ou uma proposta de alguém não
é tratar mal essa pessoa; é apenas recusar essa proposta

 Os verdadeiros amigos devem entender que:


 não podemos estar sempre de acordo com eles
 não temos de dizer sempre “sim”
 devem ser capazes de respeitar a nossa vontade, 9
continuando a ser nossos amigos
 A adolescência é o período em que as
características do indivíduo favorecem em maior
grau o início do consumo de drogas, e inclusive, a
sua tendência para a dependência.

 O estímulo para beber pode partir do meio


familiar (pais bebem regularmente) ou do social,
em particular o grupo de amigos.

10
OS DIFERENTES ESTILOS NA RELAÇÃO
INTERPESSOAL
AGRESSIVO
Comportamentos
Características:
disfuncionais:

 Agressividade  Humilhar os outros


 Impor regras sem escutar os
outros
 Arrogância  Fazer o que quer, passando
por cima de tudo e todos
 Deitar abaixo tudo o que os
outros dizem e fazem
 Impulsividade  Achar que nunca se erra e se é
perfeito
 Não dar a possibilidade aos
outros de se defenderem
 Não conseguir negociar nem 11
chegar a acordo
 Sinais clínicos do agressivo:

 Falar alto
 Interromper

 Fazer barulho com os seus afazeres enquanto os


outros se exprimem
 Não controlar o tempo enquanto está a falar

 Olhar de revés o seu interlocutor

 Arvorar um sorriso irónico

 Manifestar por mímica o seu desprezo ou a sua


desaprovação
 Recorrer a imagens chocantes ou brutais

12
 Os álibis ouvidos com maior frequência pelo agressivo:

 “Neste mundo é preciso um homem/ uma mulher saber


impor-se.”
 “Prefiro ser lobo a ser cordeiro.”
 “As pessoas gostam de ser guiadas por alguém com um
temperamento forte.”
 “Se eu não tivesse aprendido a defender-me já há muito tinha
sido devorado.”
 “Os outros são todos uns imbecis.”
 “Os outros são todos uns patifes.”
 “Só os fracos e os hipersensíveis é que podem sentir-se
agredidos.”
 “Não nos podemos deixar levar.”
 “Se eu não me defender sou esmagado.”
13
 “As pessoas gostam de alguém com pulso.”
 Possíveis origens da atitude agressiva

 Uma elevada taxa de frustrações no passado


Uma pessoa que tenha vivido muitas frustrações no passado
teme toda a situação que possa causar o mínimo de frustrações
e, por isso, ataca frequentemente.
É necessário reduzir os momentos de frustração e dar algumas
satisfações pessoais ao agressivo. Ele tem que reconhecer a sua
fragilidade e o valor da confiança recíproca.
 O medo latente
O medo está constantemente presente no indivíduo. O medo do
outro está ligado a experiências antigas. È necessário fazê-lo
exprimir tranquilamente este medo. Existe um fantasma que o
persegue e que é simbolizado pelas outras pessoas.
 O desejo de vingança
A pessoa está sempre em posição de rivalidade. Ela tem sempre
presente velhas querelas e não esquece velhos conflitos. 14
PASSIVO

Comportamentos
Características:
disfuncionais:

 Inibição  Evitar as pessoas e os


acontecimento
 Não dizer o que se pensa e o
que se sente
 Medo  Ter medo de decidir
 Esperar que os outros tomem as
decisões
 Deixar que os outros abusem da
sua boa vontade
 Nunca estar em desacordo com
ninguém
 Ser muito sensível à opinião dos
outros 15
 Sinais clínicos do passivo:

 Roer as unhas
 Mexer os músculos da face, rangendo os dentes

 Bater com os dedos na mesa

 Riso nervoso

 Mexer frequentemente os pés

 Está frequentemente ansioso

 Tem insónias

16
 Os álibis ouvidos com maior frequência pelo
passivo:
 “Não quero dramatizar.”
 “É preciso deixar as pessoas à vontade.”
 “Não sou o único a lamentar-se.”
 “É preciso saber fazer concessões.”
 “Não gosto de atacar moinho.”
 “Admito que os outros sejam directos comigo, mas eu
tenho receio de os ferir.”
 “Não gosto de prolongar a discussão com intervenções não
construtivas.”
 “Não estou á altura de fazer isso.”
 “Não sou capaz.”
 “Sempre me disseram que era preciso agradar aos outros.”
17
 É preciso não dar nas vistas.”
 Qual a origem da fuga ou passividade?

 Falsa representação da realidade que o cerca e uma


má apreciação e interpretação das relações de poder
e influência. Existe um fantasma sobre o poder do
outro; imagina o outro com muito mais poder do que
de facto tem. É necessário que o passivo reflicta
sobre o meio em que se insere (que nem sempre é
hostil) e aprecie, de forma realista, as suas
capacidades, de modo a reduzir a sua submissão
excessiva aos outros.
 Desvalorização das suas capacidades para resolver
problemas.
 Uma educação severa e um ambiente
particularmente difícil onde vivenciou muita
frustração, é outra causa possível.
18
MANIPULADOR

Comportamentos
Características:
disfuncionais:
 Teimosia  Fingir que se ouve os outros,
mas acabar por fazer sempre o
que se quer
 Manipulação  Aumentar as tensões existentes
em vez de contribuir para a
resolução de um conflito
 Assumir o papel de líder apenas
 Egoísmo em proveito próprio
 Apresentar-se sempre cheio de
boas intenções, quando na
verdade quer tirar partido dos
outros
 Fazer chantagem para
conseguir o que quer 19
 Os álibis ouvidos com maior frequência pelo
manipulador:

 “Ser sincero e transparente é típico dos santos.”

 “Temos que saber mexer os cordelinhos.”

 “É cómodo agir por interposta pessoa.”

 “O fim justifica os meios.”

 “Mostra-te mais esperto que os outros.”


20
 Consequências da atitude de manipulação:

 O manipulador perde a sua credibilidade à


medida que os seus truques forem descobertos.

 Uma vez descoberto, o manipulador tende a


vingar-se dos outros e, se tem poder, utiliza-o
para isso.

 Dificilmente recupera a confiança nos outros.

21
 Origens das atitudes de manipulação;

 Uma educação tradicional onde a manipulação


era o único meio para atingir os objectivos. Os
pais, para obterem o poder sobre os filhos,
utilizavam comportamentos manipuladores.

 Acreditar, de facto, que:


 Só se pode confiar nos santos

 Não se pode nem deve ser franco e directo

 A acção indirecta é mais eficaz que o face-a-


face.

22
ASSERTIVO
Características: Comportamentos:

 Controlo  Saber esperar


 Conseguir lidar com o não se sentir aceite
 Coragem  Saber dizer que não
 Conseguir pedir ajuda
 Apresentar uma queixa
 Ponderação  Tomar decisões reflectidas
 Exprimir uma opinião
 Tranquilidade  Saber pedir desculpa
 Conseguir desculpar os outros
 Simpatia  Saber elogiar os outros
 Conseguir agradecer
 Empenho  Saber cooperar
Saber negociar
 Sociabilidade 

 Aceitar que os outros pensem de maneira diferente


 Tolerância
 Aceitar críticas 23
 Respeitar os outros
 Respeitar-se a si próprio
 Técnica de auto-afirmação – D.E.E.C. (Bower, 1976)

D DESCREVER A descreve o comportamento de B de uma forma tão


precisa quanto possível, sem emitir juízos de valor. É
factual.
E EXPRESSAR A transmite a B o que pensa e sente em relação ao
seu comportamento. Revela os seus sentimentos,
preocupações e desacordos.
E ESPECIFICAR A propõe a B uma forma realista de modificar o seu
comportamento.
C CONSEQUÊNCIA A tenta interessar a B pela solução proposta,
indicando-lhe as possíveis consequências benéficas do
novo comportamento que lhe é proposto.

24
 A atitude de auto-afirmação é útil quando:
 é preciso dizer qualquer coisa de desagradável a
alguém
 se pretende pedir qualquer coisa de invulgar
 é necessário dizer “não” àquilo a que alguém pede
 se é criticado
 se prende desmascarar um manipulação.

 Comunicar de forma assertiva é dizer aos


outros:
 “Eis o que o eu penso, eis o que eu sinto. É este o
meu ponto de vista. Porém, estou pronto para te
ouvir e compreender o que pensas, o que sentes e
qual o teu ponto de vista.”
 “Eu sou importante tanto quanto tu;
25
compreendemo-nos mutuamente.”
 O comportamento afirmativo é aprendido.

É legítimo que o indivíduo queira mudar.


Para isso é preciso compreender que tem
capacidade para aprender facilmente novos
comportamentos e de se adaptar a novas situações.

Por si próprio é capaz de dirigir a sua vida e não


aceita facilmente interpretações gerais, como: “sou
assim e não posso mudar… sou nervoso e inseguro
e sempre serei assim…”

26
COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA A
SAÚDE NOS ADOLESCENTES

 Inclui o comportamento sexual precoce e


desprotegido tendo como consequência, algumas
vezes, uma gravidez precoce não desejada,
 doenças sexualmente transmitidas (DST),

 o uso do tabaco, álcool e de drogas.

 Têm mais probabilidade de acontecer se:


 o ambiente é inadequado ou perigoso

 adolescente tem a auto-estima baixa

(Marreiros, 2009) 27
MITOS SOBRE SUBSTÂNCIAS PSICOACTIVAS

28
AS SAÍDAS EM GRUPO SÓ SÃO DIVERTIDAS
SE TODA A GENTE SE EMBEBEDAR

A capacidade de as pessoas se divertirem tem


a ver com o convívio que se estabelece entre
elas, os laços que se criam, o contexto em que
os encontros acontecem e não com o consumo
de substâncias psicoactivas.

29
O ÁLCOOL NÃO É UMA DROGA

O álcool, apesar de ser legal, é uma droga, uma


vez que tem efeitos no Sistema Nervoso
Central, provocando alterações da percepção,
da motricidade, dos reflexos, da capacidade de
avaliação das situações e pode provocar
dependência física e psíquica.
 Em Portugal calcula-se que existam mais de
meio milhão de alcoólicos crónicos .
 1º causador de mortalidade precoce e de doença
entre os jovens na Europa.
30
BEBER POUCO NÃO AFECTA AS
CAPACIDADES PARA A CONDUÇÃO

 Não é verdade. Mesmo pequenas quantidades


de bebidas alcoólicas têm efeitos ao nível da
capacidade de concentração, da atenção, da
motricidade e do tempo de reacção.
 Para além disso, esta diminuição das
capacidades não é percebida pelo consumidor
que muitas vezes até julga que estão
aumentadas.

31
O HAXIXE DÁ SEMPRE SENSAÇÃO DE
BEM-ESTAR

 Nãoé sempre assim. Com alguma frequência o


consumidor somatiza e amplia angústias e
estados de espírito e a experiência pode não ser
muito agradável, podendo ocorrer ansiedade,
ataques de pânico e paranóia.

32
COM O HAXIXE NÃO SE CORRE O RISCO
DE FICAR DEPENDENTE

 Embora o Haxixe aparentemente não induza


dependência física, alguns factores individuais
e sociais podem levar à necessidade de um
consumo compulsivo e à dependência
psicológica.

33
FUMAR TABACO É MAIS PREJUDICIAL DO
QUE FUMAR HAXIXE

 Deum modo geral fuma-se haxixe misturado


com tabaco, pelo que os efeitos da nicotina são
acrescidos aos efeitos das diversas substâncias
que compõem o haxixe, como a goma arábica e
outras, que têm efeitos nocivos ao nível
pulmonar.

34
AS PASTILHAS SÃO INOFENSIVAS PORQUE
NÃO CAUSAM DEPENDÊNCIA FÍSICA

 Embora não provoquem dependência física, o


seu consumo pode levar à existência de
dependência psicológica, ou seja, uma
necessidade compulsiva de consumo, que pode
ser facilitado pelos contextos de diversão.

35
TODAS AS PASTILHAS SÃO ECSTASY (MDMA)

 Não é verdade. Um dos problemas do consumo de


pastilhas advém do facto de não se saber que
substâncias contêm.
 Investigações laboratoriais demonstram que a
grande maioria das pastilhas não contêm MDMA
(ecstasy) mas sim outras substâncias cujos efeitos
podem ser inesperados e de difícil controlo.

36
DESDE QUE NÃO SE ABUSE NÃO HÁ
PROBLEMA EM BEBER ÁLCOOL E TOMAR
PASTILHAS

A mistura de álcool e pastilhas pode ser


bastante prejudicial para a saúde. Por um
lado, ao nível da desidratação que pode
provocar, pois ambas as substâncias são
desidratantes, e por outro as consequências
que pode ter ao nível cardíaco pois o álcool tem
efeitos depressores e as pastilhas são
estimulantes, sendo esse efeito antagónico.
37
QUEM CONSOME DROGAS FÁ-LO PORQUE
TEM PROBLEMAS

 Mas o facto é que toda a gente tem os seus


problemas, e por vezes graves, e a maior
parte das pessoas não consome drogas.
 Muitos procuram nas substâncias um efeito
“mágico” que lhes proporcione lidar com a
realidade sem sofrimento.
 A verdade é que os problemas não
desaparecem, as substâncias não resolvem
nada e com o consumo de algumas
substâncias os indivíduos perdem a
capacidade de lidar com o real. 38
PARA LARGAR AS DROGAS BASTA TER
FORÇA DE VONTADE

A força de vontade ou a motivação é realmente


uma condição indispensável para o início do
tratamento. Contudo, é fundamental o
acompanhamento técnico adequado para que a
mudança seja duradoura.

39
40
 A idade de início do consumo de álcool é cada vez mais precoce.
 Os jovens bebem muito ao fim-de-semana. Não bebem durante a
semana, mas fazem binge drinking ao fim-de-semana. A proporção de
jovens que o fazem está a aumentar.
 Há > prevalência do consumo de drogas recreativas nos jovens que
saem à noite.

 A tendência para praticar sexo desprotegido aumenta para mais de


metade após a ingestão de álcool em comparação quando não se
ingere.
 O uso de 4 ou mais drogas nas férias é um factor associado à prática
de sexo desprotegido.

 Relações sexuais sem protecção riscos ist`s e gravidez não


desejada.

 Contrariamente a ideias feitas, o abuso do álcool e das drogas leves


não aumenta o prazer e ainda menos o desempenho nas relações 41
sexuais. Provocam, mais frequentemente, dificuldades, diminuição do
desejo e insensibilidade dos membros. Ressonar ao lado do/da
parceiro/parceira não é das visões mais eróticas que se pode oferecer…
TEATRO DEBATE

Cena : Casal de namorados


Tema: Doenças sexualmente transmissíveis –
dissonância cognitiva

 O Pedro e a Rita têm 18 anos, já namoram há algum tempo e


confiam um no outro. A Rita propõe que deixem de usar
preservativo, está a tomar a pílula…

 O que fazer quando se tem duas cognições contraditórias?


 O que fazer quando não se tem coragem para contar coisas
muito importantes às pessoas que mais amamos?

42
 Os pares de cognições podem ser relevantes ou irrelevantes entre si. Quando as duas
cognições são relevantes, elas podem revelar-se consonantes ou dissonantes. As
cognições são consonantes quando uma decorre da outra e tornam-se dissonantes ao
entrarem em oposição. A dissonância cognitiva, por seu turno, provoca duas reacções
(Festinger,1975, cit in Trigo, 2007):

 “1. A existência de dissonância, ao ser psicologicamente incómoda, motivará a pessoa a


tentar reduzi-la e a realizar consonância.”

O Pedro recusa a sugestão da Rita colocando-se em consonância com o seu conhecimento.

 “2. Quando a dissonância está presente, a pessoa, além de procurar reduzi-la, evitará
activamente situações e informações susceptíveis de aumentar a dissonância”

O Pedro tentou mudar o que pensa em relação ao uso do preservativo, passando:


 a desvalorizar a importância do uso do preservativo (mudança da importância percebida
da cognição dissonante) - o preservativo não é infalííível contra as ist;
 a valorizar o carácter hedónico do seu gesto, ao ponto de os aspectos nocivos se tornarem
desprezíveis (adicionar cognições consonantes) - Nós temos cuidado, e além disso é
muito fixe sem preservativo;
 adicionar outras cognições - Ela está a tomar a pílula por isso não fica grávida;
 Modificar a cognição relativamente ao uso do preservativo - Isto é uma prova de amor!;
É uma prova de fidelidade! 43

 Maior resistência à mudança.


 Rita
 Conflito?
 Solução? Evitamento
 Ele é que é o rapaz, ele é que devia andar com isso!
(preservativo) – locus de controlo externo

 Sentimento de dificuldade inerente à mudança do


comportamento ou do conhecimento.
 Qualquer das atitudes que o Pedro resolvesse tomar,
desencadearia sentimentos internos de tensão.

 Na adolescência, a necessidade de aceitação e afirmação


está no seu auge e o adolescente está disposto a arriscar
e a ultrapassar alguns limites, especialmente se eles
forem valorizados pelo seu grupo social de referência 44
(Trigo, 2007).
 Neste sentido, a dissonância actua da mesma
forma que um impulso, necessidade ou tensão,
levando a pessoa a agir, à semelhança do que
ocorre quando a pessoa com fome procura saciar-
se.
 De forma inversa, a resistência a mudar um
elemento cognitivo dependerá, por um lado, da
extensão de dor ou perda, por outro, da satisfação
obtida através dessa mudança.
(Trigo, 2007)

45
 Os adolescentes são dos grupos, que apesar de não
apresentarem uma prevalência elevada em casos de
SIDA e/ou VIH, são dos que apresentam mais
comportamentos de risco quer pelo número de
gravidez em idades precoces, quer pelo aumento das
DST´S, bem como o aumento do consumo de
estupefacientes (Cardoso. A., 1999 cit in Sá, 2006).

 Hoje em dia os adolescentes envolvem-se em relações


sexuais cada vez mais cedo, sendo este
comportamento agravado pelo simples facto de não
usarem o preservativo tornando-os, assim, mais
expostos ao VIH e às DST (Kirby & Kalichman, 1994 cit in Sá,
2006).

46
EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE PELOS PARES
 Processo através do qual um grupo de pares
(minoria) tenta informar e levar que a maioria
altere os seus comportamentos e atitudes com o
objectivo de incutir a mudança para estilos de vida
saudáveis (Pereira et al., 2005 cit in Pereira & Jardim, 2006).
 Este tipo de apoio tem-se mostrado útil na
promoção da saúde, particularmente em indivíduos
com comportamentos de risco (Sagor, 1996 cit in Pereira &
Jardim, 2006).

 Os pares influenciam os comportamentos de saúde


– não só relativamente à saúde, mas também em
relação à violência e ao abuso de substâncias
aditivas (Europeer, 2005 cit in Pereira & Jardim, 2006). 47
 As pessoas vão mais provavelmente ouvir e
personalizar as mensagens e, consequentemente,
mudar as suas atitudes se acreditarem que o
mensageiro é semelhante a elas e enfrenta as
mesmas preocupações e pressões (Sloane & Zimmer, 1993,
Milburn, 1995 cit in Pereira & Jardim, 2006).

 Os pares são mais credíveis para alguns indivíduos


do que alguns técnicos especializados, já que
comunicam de modo facilmente compreensível e
servem como modelo positivo, ao mesmo tempo que
dissipam algumas concepções erradas (Pereira & Jardim,
2006).
48
Se procuras felicidade por uma hora, dorme uma sesta,
Se procuras felicidade por um dia, vai à pesca,
Se procuras felicidade por um ano, herda uma fortuna,
Se procuras felicidade para a vida toda, ajuda outra
pessoa.
(Pereira & Jardim, 2006)

49

Você também pode gostar