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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA

NAYANE MENDONÇA DE MATOS

A FORMIGUINHA E A NEVE: LITERATURA INFANTIL E


DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE

NATAL-RN
2018
NAYANE MENDONÇA DE MATOS

A FORMIGUINHA E A NEVE: LITERATURA INFANTIL E


DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE

Relato de Experiência apresentado ao Curso de


Pedagogia Presencial, do Centro de Educação,
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito para obtenção de título
de Licenciatura em Pedagogia, sob orientação
da professora Dra. Alessandra Cardozo de
Freitas.

Aprovada em: 14/12/2018

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________
Dra. Alessandra Cardozo de Freitas – (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________________________________________
Ms. Kivia Pereira De Medeiros Faria
Examinadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________________________________________
Ms. Leonardo Mendes Álvares
Examinador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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A FORMIGUINHA E A NEVE: LITERATURA INFANTIL E


DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE

NAYANE MENDONÇA DE MATOS

RESUMO

A literatura é um dos mais importantes recursos para o desenvolvimento da linguagem e


oralidade. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar a importância
da literatura infantil para o desenvolvimento da oralidade, mediante relato de caráter
autobiográfico, em que a partir das experiência vividas, apresento algumas memórias da
minha infância em que torna possível relacionar a fábula A formiguinha e a neve, com meu
processo de desenvolvimento da oralidade. Como referencial teórico, recorremos aos estudos
de Antunes (2003), Lúria (1991), Vygotsky (1998) Freitas (2000), Fontana e Cruz (1997),
Arroyo (1994) e Zilberman (2003). Empregamos procedimentos da pesquisa qualitativa em
educação, particularmente do método (auto)biográfico. As experiências trazidas da minha
infância, demonstram que a interação com a fábula, mediante incentivos de bons professores,
permitiu o contato significativo com literatura, possibilitando o aprimoramento da oralidade,
nos aspectos referentes ao aprimoramento da fala e interações sociais. Desse modo, conclui-se
que a literatura infantil, para mim, tornou-se imprescindível, já que me oportunizou
contribuições relevantes ao desenvolvimento da minha oralidade, propiciando conhecimento
de mim e daquilo que está à minha volta.

Palavras-chave: Desenvolvimento da Oralidade. Educação Infantil. Literatura Infantil.

ABSTRACT

Literature is one of the most important resources for the development of language and orality.
In this perspective, the present work aims to highlight the importance of children's literature
for the development of orality, through an autobiographical account, in which from the
experiences lived, I present some memories of my childhood in which makes it possible to
relate the fable. and snow, with my process of orality development. As a theoretical reference,
we used the studies of Antunes (2003), Lúria (1991), Vygotsky (1998) Freitas (2000),
Fontana e Cruz (1997), Arroyo (1994) and Zilberman (2003). We employ qualitative research
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procedures in education, particularly the (auto) biographical method. The experiences brought
from my childhood show that the interaction with the fable, through the incentives of good
teachers, allowed the significant contact with literature, enabling the improvement of orality
in aspects related to speech enhancement and social interactions. Thus, it is concluded that
children's literature, for me, became essential, since it gave me relevant contributions to the
development of my orality, providing knowledge of me and what is around me.

Keywords: Orality Development. Child education. Children's literature.

Tecendo lembranças na construção de narrativas de formação

Trago na memória lembranças marcantes da minha vivência com a literatura, que me


fizeram redimensionar meu processo de aquisição e aprimoramento da oralidade. Hoje, na
condição de formanda em Pedagogia, licenciatura, dedicada ao trabalho pedagógico na
Educação Infantil, no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos, compreendo
que evidenciar essas lembranças é reflexivo, considerando o lugar da literatura e da oralidade
na escola e nas pesquisas, posto que, diante das minhas vivências, a literatura, ocupava um
espaço, limitado apenas aos momentos de contações de história e na biblioteca.
Penso que muitas crianças não tiveram/têm uma interação significativa com a leitura
de literatura nem com a oralidade, posto que persistem práticas tradicionais que afastam o
futuro leitor do mundo fantástico das histórias e poesias. Bem como, afirma Antunes (2003, p.
24 - 25), sobre à escola, em que, persistem práticas em torno da oralidade que, ainda, revelam:
uma quase omissão da fala como objeto de exploração do trabalho escolar
[...]; uma equivocada visão da fala, como o lugar privilegiado para a
violação das regras da gramática [...]; uma concentração das atividades em
torno dos gêneros da oralidade informal, peculiar às situações da
comunicação privada.

Com relação às atividades de leitura, eixo do ensino de língua portuguesa em que a


literatura deveria se fazer presente, também se encontra ainda como, segundo o mesmo autor,
acima mencionado (2003, p. 27 – 28):
uma atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas de
decodificação da escrita; [...] sem gosto, sem prazer, convertida em momento
de treino, de avaliação [...] uma atividade de leitura cuja interpretação se
limita a recuperar os elementos literais e explícitos presentes na superfície do
texto.
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Tornando assim, as práticas que envolvem a oralidade e atividades de leitura, um


momento, muitas vezes, pouco reflexivo, em que os alunos realizam suas tarefas mediante o
que se propõe nos livros, e não a respeito das suas reais necessidades, enquanto indivíduos e
sujeitos. Entretanto, cabe ressaltar que muitos são os caminhos que ainda percorreremos a
respeito desta temática.

- Fios sobre oralidade e criança

A linguagem oral é utilizada pela criança de maneira bastante precoce, justamente por
ser responsável por grande parte da comunicação que ela precisa fazer, seja para, solicitar
determinadas ações ou, até mesmo, para expressar seus sentimentos, mesmo que esta criança
ainda não tenha desenvoltura para tal habilidade (CHAER E GUIMARÃES, 2012).
Sobre o lugar a partir do qual abordo a oralidade e o seu desenvolvimento na criança
de Educação Infantil, considero necessário evidenciar a compreensão de Luria (1991, p. 78)
sobre a linguagem. Segundo esse autor, a linguagem é “um sistema de códigos por meio dos
quais são designados os objetos do mundo exterior, suas ações, qualidades, relações entre
eles, etc”. Nesse sentido, a linguagem apresenta ou representa o mundo, por meio dela é que
tudo é nomeado e refletido. A linguagem trata, pois, da relação do homem com o mundo.
Vygotsky (1998, p. 27), por sua vez, afirma que “antes de controlar seu próprio
comportamento, a criança começa a controlar o ambiente com a ajuda da fala. Isso produz
novas relações com o ambiente”. A linguagem, no caso específico a fala, é considerada por
este autor como constitutiva dos processos de desenvolvimento e aprendizado humano. É
nesse contexto que situo a minha narrativa sobre a oralidade.
Sobre o desenvolvimento da oralidade, também me apoio na perspectiva histórico-
cultural. Para alguns dos autores filiados a essa perspectiva, a criança vivencia um longo
processo de aquisição da linguagem oral, marcado pela passagem da fala social à fala interior.
Em outros termos, o desenvolvimento da fala na criança acompanha o desenvolvimento de
outras operações mentais que envolvem o uso de signos, correspondendo inicialmente a um
processo interpessoal que, posteriormente, é transformado num processo intrapessoal
(FREITAS, 2000).
O esquema de desenvolvimento da oralidade vai da fala social, depois egocêntrica, e
então interior. De acordo com Vygotsky (1994), o pensamento e a fala têm raízes diferentes,
de modo que há um primeiro estágio, por ele definido como natural ou primitivo, em que o
pensamento é pré-verbal e a fala pré-intelectual. A fase pré-intelectual da fala corresponde às
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expressões de choro, riso, balbucio e mesmo as primeiras palavras que não têm relação direta
com o pensamento. Para Vygotsky (1994, p.33):

[...] o momento de maior significado no curso do desenvolvimento


intelectual, que dá origem às formas puramente humanas de inteligência
prática e abstrata, acontece quando a fala e a atividade prática, então duas
linhas completamente independentes de desenvolvimento, convergem.

Esse momento ocorre aproximadamente aos dois anos de idade, quando o percurso do
pensamento encontra-se com o da linguagem, tornando a fala intelectual, isto é, com função
simbólica, e o pensamento verbal, mediado pela palavra. Essa etapa marca, em muitos casos,
o ingresso da criança na educação infantil, etapa de escolarização que evidencio neste estudo.
Não obstante, situo, a partir das concepções de Vygotsky (1994), que a vivência por mim
relatada refere-se a um estágio superior no desenvolvimento da oralidade, denominado de
‘crescimento interior’. Nele a criança começa a operar com relações intrínsecas e signos
interiores. Em relação à fala, esse é o estágio da fala interior, silenciosa. Ressalta-se,
sobretudo, que continua havendo uma interação constante entre operações externas e internas,
entre fala externa e interna, uma se transformando na outra com freqüência” (FREITAS,
2000, p. 28-29). É justo nessa influência significativa do externo, das interações e mediações
com o outro e com os objetos culturais, para o desenvolvimento da fala interior que descrevo
o meu contato com a literatura.

- Fios sobre literatura, oralidade e criança

Compreendo a literatura como prática efetiva de linguagem. Por isso, em concordância


com Antonio Candido (1977), entendo que ler literatura é um direito humano, constituindo-se
a literatura um processo de humanização marcado pela linguagem, que por sua vez, influencia
nos progressos do pensamento e todas as funções psicológicas superiores. Em outros termos,
literatura é palavra que constitui palavra, palavra que constitui o humano, em atos de fala e
pensamento.
Recordo meus estudos no Curso de Pedagogia, especificamente na disciplina Teoria e
Prática da Literatura I, quando compreendi que a minha relação com a literatura, iniciada com
a leitura de fábulas na infância, tinha aspectos que não eram para mim esclarecedores.
Durante a disciplina aprendi que a iniciativa em adaptar e criar histórias e destiná-las ao
público infantil surgiu a partir das mudanças no modo de se compreender a criança e no modo
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de organização familiar, econômica e social, a partir do século XVII (FONTANA, CRUZ,


1997).

Imagem 1 - Governanta e alunos, cerca 1880


(Fonte: Mary Evans Picture Library).

A partir do século XVII, na concepção de Zilberman, (2003), a criança, que antes


convivia em todos os ritos sociais com os adultos, é afastada desses ritos constantes, passando
a sua formação a ser responsabilidade da família e das escolas, essas últimas se ocupavam
basicamente do ensino da religião e da moral e de algumas habilidades, como escrita, leitura e
aritmética. Foi no quadro dessas mudanças que surge a iniciativa de produzir livros de
literatura destinado aos cuidados com a infância.
Torna-se relevante considerar que a Infância “não existe como categoria estática,
como algo sempre igual. A Infância é algo que está em permanente construção” (ARROYO,
1994, p. 88). A partir disso, e, respeitando as diferentes concepções de infância, a criança
passa a ser considerada e tem assegurada, segundo Kramer (2006), o seu direito à educação,
reconhecido em diversos documentos, como Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil (2010), Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI)
(1998), Plano Nacional de Educação.
Especificamente quanto à relação literatura infantil e prática pedagógica , e minhas
memória, os novos olhares de se pensar a didática sobre a literatura, tem possibilitado o olhar
para o texto literário com atenção à sua função estética, às qualidades literárias que emergem
no uso criativo com a palavra escrita ou falada. A atenção às qualidades literárias coloca em
revisão a chamada literatura pretexto, ainda muito presente nas práticas pedagógicas,
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inclusive na Educação Infantil, isto é, ler literatura como pretexto para ensinar regras de
comportamento e/ou apropriar-se da escrita correta de palavras, expressões, etc.
É possível que a criança vivencie diferentes maneiras de expressar/abordar a
linguagem por meio da literatura, seja oral ou escrita. O presente estudo se justifica por dar
continuidade a essas discussões. Nesse propósito, recorro algumas das minhas lembranças
escolares, particularmente no período da Educação Infantil em que me foi apresentada a
fábula A formiguinha e a neve, na versão de João de Barros.

Memória e narrativas de formação: um relato

Em razão de ter eleito as lembranças como fio condutor deste relato de experiência, é
que recorro a princípios do método autobiográfico. De acordo com Barbosa e Passeggi (2011,
p.8), “em educação a pesquisa (auto)biográfica amplia e produz conhecimentos sobre a pessoa
em formação, as suas relações com territórios e tempos de aprendizagens e seus modos de ser,
de fazer e de biografar resistências e pertencimentos”. Ampliar minha relação com a
literatura, considerando territórios e tempo de aprendizagem de ontem, hoje e amanhã, ou
seja, numa dimensão prospectiva revela-se importante no contexto em que me situo: de
formação inicial para a docência.
Entendo, ainda, segundo Fischer (2011, p. 17) que,

A força da memória, ao mesmo tempo em que escava camadas subterrâneas,


muitas vezes teimando permanecer inertes, pode provocar o renascimento de
fatos altamente significativos, tanto para a constituição do autoconhecimento
do sujeito que lembra como para eventuais ouvintes/leitores, ampliando a
compreensão de vivências coletivas.

Retomar a memória de forma reflexiva constitui, assim, um dos princípios


fundamentais das pesquisas (auto)biográficas em educação, o que é adotado neste artigo como
mote para relacionar literatura e oralidade na educação infantil, tendo como suporte teórico
trabalhos desenvolvidos por Antunes (2003), Lúria (1991), Vygotsky (1998), Freitas (2000),
Fontana e Cruz (1997), Arroyo (1994) e Zilberman (2003). entre outros. Compreendo que
esses trabalhos são lentes na dimensão reflexiva empregada às lembranças e que demonstram,
tanto os trabalhos, como minhas lembranças, aprendizados formativos importantes para o
professor de Educação Infantil.
Descrever a minha relação com a fábula “A formiguinha e a neve” é uma tarefa
complexa, uma vez que como Goff menciona: “a memória é a propriedade de conservar certas
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informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que permite o


indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas com o passado”
(apud SILVA; SILVA, 2009, p. 275), assim como afirma Goff, a respeito da memória, tem
como função trazer informações antigas e junto com elas ressignificar o passado e o presente
de modo prospectivo. Quem sabe em minha atuação como docente com crianças ou futuros
professores. Ou ainda para o leitor que dialoga com este texto, que acolhe minhas lembranças
em narrativa formativa.
Situo minha descrição reflexiva, em um tempo e espaço. O ano era 2000, eu tinha 6
anos de idade e estudava na escola Municipal Professor Antônio Severiano, localizada em
Natal/RN, cursando o 1° ano do Ensino Fundamental I, considerado a alfabetização. Esse ano
era definido como o início da aquisição primária por qualquer indivíduo inserido no processo
de alfabetização, do domínio da leitura e da escrita.

Imagem 3 – Fachada da escola Municipal Professor Imagem 4 – Finalização da Educação Infantil,


Antônio Severiano. entrada no Ensino Fundamental I.
Fonte: Percursos (2013). Fonte: Arquivo pessoal.

Foi nessa escola, com esse olhar de criança, que me lembro de alguns momentos em
que ali vivi. Lembranças que me reaproximam da época, a maioria delas, nascidas nas
relações que tive com alguns professores. No que diz respeito propriamente ao espaço físico
da escola, esse era para mim enorme, diante de tudo que me era oferecido, desde salas de aula
à quadra de esportes. Assim, consigo fazer um paralelo com a minha realidade, de hoje.
Enquanto estudante, tive e tenho boas relações com os professores, e a maioria deles, me
proporcionaram ensinamentos que estão para além do processo acadêmico, gerando
crescimento humano.
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Muitos foram as pessoas e os espaços responsáveis por trazer à minha memória


contribuições quanto ao meu processo formativo. Tive a oportunidade de estudar em um
ambiente formal de ensino que constitui muito do que hoje sou.

A biblioteca: intervalo para quê?

Recorrendo às lembranças para caracterizar a minha experiência como estudante,


afirmo que, à época relatada (ano 2000), era uma estudante daquelas que sentavam sempre na
primeira cadeira da sala, com olhares atentos, e que não se ausentava nem faltava aulas, pois
faltar um dia, estava fora de cogitação. E o intervalo? Esse era usado para ir à biblioteca, até
porque nunca fui uma criança muito popular, então a minha interação escolar se caracterizava
em muitos momentos, apenas, entre o livro e eu, mesmo que ainda não soubesse ler.
Muito dos intervalos usava para ficar dentro da biblioteca, sendo esse um espaço
grande, de muitas cadeiras e livros. Considerava esse lugar o melhor e mais bonito da escola,
pois era lá dentro, vendo as possibilidades de leitura a que tinha acesso, que conseguia me
sentir melhor e mais acolhida, principalmente, pelas histórias que ali eu encontrava.
Entretanto, nem sempre as bibliotecas se apresentam em bom estado nas escolas
públicas, ou por vezes são mantidas fechadas, logo, esses espaços que são necessários para o
contato do educando com os livros cotidianamente. Como afirmam Melo e Neves (2005, p.
2): “A biblioteca infantil é um espaço lúdico por excelência, pois é o lugar de brincar com os
livros e com as letras, do faz de conta, do contar e do ouvir histórias. É o local onde se pode
dançar, desenhar e ouvir músicas, ela deve ser um convite à brincadeiras [...]”. Por isso,
entendo a importância da biblioteca como espaço de grande aprendizado. Assim, esse espaço
foi para mim, sobretudo, espaço de encontro com a literatura.
De acordo com Coelho (2000, p.27), literatura é “arte: fenômeno de criatividade que
representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o
imaginário e o real, os ideais e sua possível/ impossível realização”. A literatura oferece
possibilidades de representações da realidade no plano conotativo, dando ao aluno um olhar
artístico e muito particular a respeito das interações sociais que acontecem no nosso dia-a-dia
e que, por muitas vezes, não são refletidas no ambiente escolar.
Foi assim que comecei meus primeiros anos como estudante. Assim, me identificando
como uma estudante esforçada, que gostava de aprender. Foi com os incentivos de bons
professores, por meio de livros trazidos por eles em sala de aula e até mesmo, convite a visitar
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a biblioteca da escola, que eu me deparei na biblioteca da escola com a fábula ‘A formiguinha


e a neve”.
Por isso, entendo da importância dos profissionais que tive durante minha
escolaridade, especialmente, na alfabetização, justamente por considerar que contribuir
verdadeiramente em um processo formativo, de qualquer indivíduo, não é tarefa fácil, envolve
uma diversidade de fatores e singularidades provenientes do momento do ciclo de vida, desde
a infância à velhice, correspondendo às transformações relacionadas à sua condição biológica
e natural de seu desenvolvimento, mas também suas relações sociais, históricas e culturais
(GONÇALVES, FURTADO, 2016).
Complexidade que, naquele período eu não reconhecia, justamente por ser criança,
mas que hoje enxergo, inclusive nas minhas experiências acadêmicas, pois. enquanto
estudante de um curso de graduação, vejo a importância do profissional nos processos
constitutivos do ser humano, uma vez que, ao longo do curso, passando por diversos
professores, conseguimos refletir e avaliar suas práticas e de que maneira elas influenciam nas
nossas, enquanto profissionais.
A fábula “A formiguinha e a neve” foi muito importante no meu processo formativo,
sobretudo porque essa história marca o acesso que tive ao meu primeiro livro. Tive acesso ao
livro da fábula por meio dos incentivos da professora que me ensinava naquele ano,
correspondente ao da alfabetização. Como a narrativa formativa deste estudo tem sua origem
na narrativa da fábula A formiga e a neve, convido o leitor a conhecer a narrativa literária
inicialmente.

- A formiguinha e a neve (adaptação de João de Barros)

A versão da fábula intitulada “A formiguinha e a neve”, adaptada por João de Barro


tornou-se um clássico no Brasil. João de Barro, é o pseudônimo de Carlos Alberto Ferreira
Braga, o Braguinha. Nascido no Rio de Janeiro em 1907, João de Barro destaca-se como um
dos principais compositores brasileiros, autor de “Pirata da perna de pau, Pirulito que bate,
bate, Chiquita bacana, As pastorinhas, Carinhoso, Copacabana, Princesinha do mar”[...]...
escreveu também as trilhas sonoras dos primeiros filmes brasileiros musicados, fez versões de
diversos desenhos animados da Disney, até que teve a ideia de lançar historinhas infantis em
discos.
“A formiguinha e a neve”, segundo as descrições do autor, no próprio livro, é um
clássico das fábulas tipo "lenga-lenga" (palavras, ações ou situações que se repetem
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encadeadas e acrescentadas num aparente sem-fim). Tem origem na Península Ibérica e na


Ilha da Madeira. Foi encontrada também entre os índios tehuano,
Acredita-se que essa fábula, ainda segundo as descrições da fábula, do próprio livro,
tenha vindo para o Brasil no século XVI, trazida pelos missionários. Encontra-se na mesma
linha de exemplaridade ou intenção doutrinal das narrativas que circularam na Espanha e em
Portugal e foram recolhidas em “O livro dos exemplos”, no século XIV. São contos, fábulas,
apólogos e facécias que enfatizam as relações entre os seres e o poder absoluto de Deus acima
de tudo e de todos.

A Formiguinha e a Neve
Obra clássica da literatura universal

Adaptada por
João de Barro (Braguinha)
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Certa manhã de inverno, uma formiguinha saiu para seu trabalho diário.
Já ia muito longe, à procura de alimento, quando um floco de neve caiu — pim! —
e prendeu o seu pezinho!
Aflita, vendo que não podia livrar-se da neve e iria assim morrer de fome e de frio,
voltou-se para o Sol e disse:
— Oh, Sol, tu que és tão forte, derrete a neve e desprende meu pezinho...
E o Sol, indiferente nas alturas, falou:
— Mais forte do que eu é o muro que me tapa!
Olhando então para o muro, a formiguinha pediu:
— Oh, muro, tu que és tão forte, que tapas o Sol, que derrete a neve, desprende
meu pezinho...
E o muro que nada vê e muito pouco fala respondeu apenas:
— Mais forte do que eu é o rato que me rói!
Voltando-se então para um ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:
— Oh, rato, tu que és tão forte, que róis o muro, que tapa o Sol, que derrete a
neve, desprende meu pezinho...
Mas o rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
— Mais forte do que eu é o gato que me come!
Já cansada, a formiguinha pediu ao gato:
— Oh, gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro, que tapa o Sol,
que derrete a neve, desprende meu pezinho...
E o gato, sempre preguiçoso, disse bocejando:
— Mais forte do que eu é o cão que me persegue!
Aflita e chorosa, a pobre formiguinha pediu ao cão:
— Oh, cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato, que rói o
muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...
E o cão, que ia correndo atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
— Mais forte do que eu é o homem que me bate!
Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha implorou ao
homem:
— Oh, homem, tu que és tão forte, que bates no cão, que persegue o gato, que
come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...
E o homem, sempre preocupado com seu trabalho, respondeu apenas:
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— Mais forte do que eu é a morte que me mata!


Trêmula de medo, olhando a morte que se aproximava, a pobre formiguinha
suplicou:
— Oh, morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão, que
persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve,
desprende meu pezinho...
E a morte, impassível, respondeu:
— Mais forte do que eu é Deus que me governa!
Quase morrendo, a formiguinha rezou baixinho:
— Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem, que
bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que
derrete a neve, desprende meu pezinho...
E Deus, então, que ouve todas as preces, sorriu.
Estendeu a mão por cima das montanhas e ordenou que viesse a primavera!
No mesmo instante, no seu carro vermelho de veludo e ouro, a primavera desceu
sobre a Terra, enchendo de flores os campos, enchendo de luz os caminhos!
E, vendo a formiguinha quase morta, gelada pelo frio, tomou-a carinhosamente
entre as mãos e levou-a para seu reino encantado, onde não há inverno, onde o Sol brilha
sempre e onde os campos estão sempre cobertos de flores!

Foi oralizando essa fábula a partir das suas imagens - elemento que integra o projeto
gráfico do livro da literatura infantil - que comecei a aprender como acontece uma sequência
narrativa, relacionando imagens e letras, diálogos memorizados, que me provocaram a leitura
com significado das primeiras palavras escritas. Na época relatada, era uma criança tão
pequenina com uma fábula.

- Recontando oralmente a fábula

O processo de lembrança em que apoio a minha vivência evidencia, sobremaneira, o


ato de recontar essa história, numa repetição melódica e significativa. Hoje compreendo que a
presença da rima e a repetição de diálogos favorecia o procedimento de reconto, havendo todo
envolvimento entre o gênero do texto e a motivação da leitora. Isso porque nesse tipo de
história, denominado "lenga-lenga" ou histórias cumulativas, as sequências narrativas se
repetem e se encadeiam com acréscimos e recorrências de alguns elementos, sempre na
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mesma ordem, até o fim. São histórias que se assemelham a uma longa parlenda, contada e
recontada para divertir as crianças. Além disso, desenvolve, nas crianças, a oralidade. Esse foi
o meu caso. Contudo a compreensão sobre a articulação entre a ação de recontar, as
características do texto e os aprendizados da oralidade, ocorreram muito depois. Na verdade,
na feitura deste texto, revelando o quanto o relato (auto)biográfico é formativo. Foi
(re)escrevendo o relato que compreendi a importância do reconto oralizado, inclusive de
planejar ações pedagógicas com esse procedimento em minha atuação como docente. Aprendi
enquanto menina o fato, tomei consciência do processo como professora em formação inicial.
Como afirma Freitas (2002, p. 126), o reconto de histórias permite à criança “[...]
explorar a linguagem verbal, mesmo antes do domínio convencional do código escrito,
fazendo uso de sua dimensão significativa, na recordação e comunicação do narrado”. Foi
recontando, pelas sequências narrativas que se repetiam ou conduzida pelas imagens, que
oralizei tantas palavras antes desconhecidas, ordenadas umas com as outras de modo a
descortinar um filme mental. O recontar oralmente foi dando lugar ao aprendizado de cenas,
oralizadas no compasso da trama, por isso organizando o pensamento. Assim, foi explorando
a oralidade por meio do reconto oralizado que comecei a me aproximar da leitura de literatura
com prazer. Lembro que desejava recontar e recontar A formiguinha e a neve sozinha ou
acompanhada. Assim foi o meu processo inicial de formação como leitora. Comparando o
contexto das minhas lembranças com a realidade atual, enalteço a participação dos pais no
processo de formação do leitor, desde a infância. Pois essa era a minha plateia dos eventos de
reconto.

- Aprendizagem de novas palavras – formação de vocabulário

Aprender novas palavras faz parte do processo constitutivo de qualquer indivíduo,


principalmente na infância em que mergulhamos num mar de palavras. Nesse sentido, a
aprendizagem em um contexto significativo, em termos emocional e cognitivo, como
acontece quando se lê literatura, é fundamental. As minhas experiências, enquanto aprendiz
de novas palavras em consequência do contar e recontar a história A formiguinha e a neve, me
conduzem a rememorar a dinâmica da leitura global e algumas vezes, sintética, na qual
identificava e oralizava sons separados, depois unia vários (sílaba a sílaba) até pronuncia uma
palavra, depois frases, pensamentos... Enfim, ler e oralizar o escrito.
Conforme Fontana e Cruz (1997, p. 101),
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As mudanças nas formas de utilização e de compreensão das palavras ao


longo do desenvolvimento da criança são produzidas nas suas interações
verbais com os adultos, crianças mais velhas e produtos culturais (livros,
revistas, jornais, TV, propagandas, etc.). Nessas relações, a criança integra-se
ao fluxo da comunicação verbal, adquirindo novas palavras e ampliando as
possibilidades de significação daquelas que conhece.

Refletindo sobre o processo de apropriação de novas palavras pela criança segundo


descrito pelas autoras, é que evidencio a literatura como produto cultural valioso na relação da
criança com a palavra, escrita ou oralizada. Entendo que a contribuição da literatura nesse
processo é, sobretudo, de intensificar a relação entre a palavra e o seu significado, pois tudo
ocorre num contexto (do fato narrado) e de aproximar a criança do grupo cultural e lingüístico
de que faz parte. O fato é que, em relação ao meu grupo cultural e linguístico, passei a me
expressar de maneira mais coerente, segundo aquilo que já estava no meu pensamento.
Segundo Luria (1991, p. 82), “a linguagem muda essencialmente os processos de atenção do
homem”. Essa afirmação apresenta relação direta com o processo de lembrança provocado
neste artigo, uma vez que, a aquisição da linguagem, por parte da criança, possibilita a esta
modificar suas relações com o meio externo, uma vez que, a partir da linguagem oralizada,
torna-se possível que ela nomeie e caracterize o mundo.

- Imagens que narram e que me fazem oralizar

As ilustrações do livro de literatura infantil exercem função significativa na formação


do leitor. Para o leitor bem iniciante, que ainda não está alfabetizado, as ilustrações conferem
a possibilidade de inferir os sentidos do texto escrito, oralizar a sequência narrativa de forma
segura e motivadora (esse foi o meu caso). Para o leitor que já domina o código escrito, elas
podem ampliar o processo de atribuição de sentidos, especialmente quando o desafia
cognitivamente, não repetindo apenas a informação escrita, mas complementando-a. De
acordo com Faria (2004, p. 41), “a boa ilustração deve ser de complementaridade, ou seja,
‘um dos dois elementos pode ter a faculdade de dizer o que o outro, por causa de sua própria
constituição, não poderia dizer’”.
Retomando o fio da memória, as ilustrações de Rogério Borges para a fábula A
formiguinha e a neve provocaram momentos de leitura e oralização significativos. Na
companhia de minha mãe, contava a história a partir dos desenhos ilustrados, que me
pareciam tão realistas, que intensificavam a minha relação com a história. O modo de ilustrar
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de Rogério Borges é muito provocativo, pois procura representar as imagens como são na
realidade, sem recorrer a desenhos estilizados ou caricaturas. Apresento a seguir algumas das
ilustrações da obra:

Imagem 4– Ilustração do livro “A formiguinha e a neve”. Fonte: Portfólio – Rogério Borges.

Imagem 5 – Ilustração do livro “A formiguinha e a neve”. Fonte: Portfólio – Rogério Borges.


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Imagem 6– Ilustração do livro “A formiguinha e a neve”. Fonte: Portfólio – Rogério Borges.

Assim, recorria às ilustrações para recontar a história, aprimorando a minha oralidade


na conjugação entre fala, escrita e imagem. Essas lembranças evidenciam o quão complexo é
a relação da criança com a literatura infantil, o quanto o livro de literatura infantil provoca
aprendizagens para a vida toda. Dessa forma, considero que tive momentos particulares de
aprendizagens e que, a partir da fábula, passei a oralizar o mundo.

Arrematando os fios desse novelo de lembranças

O uso da literatura infantil para o desenvolvimento da oralidade, como visto ao longo


deste trabalho, é necessária na Educação Infantil, uma vez que proporciona às crianças muito
mais que uma desenvoltura ao externar aquilo que desejam, possibilita também a vivência em
interações sociais, em que a linguagem é constitutiva, assim como conhecimento de si e
daquilo que está a sua volta (LEAL, ALBUQUERQUE e MORAIS, 2007). Nesse sentido, a
literatura infantil, consegue demonstrar o seu papel substancial, pois ela possibilita além do
desenvolvimento oral da criança e das interações sociais, situações de reflexão, pois oferece
nas suas abordagens relações presentes da vida, que sozinhas as crianças pouco constatariam
(ZILBERMAN, 2003).
Dessa forma, assim como afirmado pelos autores acima, nota-se a importância da
leitura para crianças.
Vale salientar que essa temática não se limita apenas às abordagens aqui feitas,
tampouco se esgotam neste trabalho, frente aos desafios que, enquanto estudantes, vivemos
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diariamente e em consequência das aprendizagens construídas. Estamos sempre em um


processo de (trans)formação, visto que, não existem verdades absolutas, mas, verdades que
podem e devem ser discutidas e ressignificadas, como nas lembranças aqui refletidas.
Entendo que a literatura abre portas para crianças, como foi no meu caso. Nesse
sentido, não quero fechar os caminhos para o trabalho com a literatura. Pelo contrário, desejo
com este relato mostrar que os meus caminhos sempre estarão abertos para novas
aprendizagens. Reflito e analiso as minhas experiências para que elas sirvam de inspiração.

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