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LUIS GOMES – RN
2016
MARGARETE MARIA DE MARILAC LEITE
LUIS GOMES – RN
2016
SONDAGEM DE ESCRITA ESPONTÂNEA DE CRIANÇAS NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Ms. Cleucy Meira Tavares Lima (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Esp. Carmélia Regina da Silva Xavier
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________
Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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RESUMO
ABSTRAT
This article shows the importance of teacher to do the probing test in the alphabetization
process. Knowing the relevance of the studies of the psychogenesis of the writing language
to mediate the work of the teacher, was proposed to investigate and analyze the levels of
writing presented by learners at Escola Estadual Vicente de Fontes in José da Penha – RN.
So, the corpus of the mentioned research is the spontaneous writing of ten students, in
phase of alphabetization, enrolled in the Elementary School I. It is a descriptive and
qualitative research and it is based theoretically by Ferreiro e Teberosky (1985), Ferreiro
(1995) and Morais (2012). Therefore, it was verified that there are children with advanced
age and that still are in writing event lower its age, requiring of the interventions of the
teacher to do to advance in the process of alphabetization and literacy.
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Graduanda em Pedagogia pela UFRN – marilacleite_jp@hotmail.com
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Orientadora Mestre em Educação pela UFRN – meiracy65@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO
Por muitos anos pensava-se que o indivíduo alfabetizado era aquele que possuía o
domínio das letras, sílabas, fonemas e grafia das palavras. Hoje, entende‐se que para ser
considerado uma pessoa alfabetizada, que faz uso da escrita, de forma competente, nas
diversas práticas sociais, não basta apenas conhecer as letras, juntar as sílabas, saber
decodificar as palavras.
Nesse sentido, é necessário compreender que a língua não é um simples conjunto de
signos que serve para comunicar, ao contrário, ela é um produto social, cultural, dinâmico
e coletivo. De acordo com Tfouni (2002, p. 10) “a escrita é o produto cultural por
excelência. É de fato, o resultado tão exemplar da atividade humana sobre o mundo”.
Ainda no tocante à escrita, Ferreiro (1995, p.43) explicita que “a invenção dela foi
um processo histórico de construção de um sistema de representação, não um processo de
decodificação. Ela não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do
esforço da humanidade”.
Foi nos meados da década de 1980 que os estudos acerca da psicogênese da língua
escrita trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização, longe de ser a
apropriação de um código, envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses
sobre a representação linguística.
Com base nesse aspecto, levantou-se a proposta para investigar e analisar os níveis
de escrita apresentadas pelos alfabetizandos da Escola Estadual Vicente de Fontes, da
cidade de José da Penha. Para tanto buscou-se nortear esta investigação através dos
seguintes questionamentos: em que nível de hipótese da escrita os alunos da Escola
Estadual Vicente de Fontes se encontram nessa etapa da alfabetização? Que importância
tem, no contexto atual, a aplicabilidade do teste de sondagem da escrita para auxiliar o
processo de alfabetização? Qual a contribuição dos estudos da psicogênese da escrita na
formação de leitores alfabetizados e letrados na sociedade atual?
Nessa ótica, a hipótese sustentada é de que o teste de sondagem é importante para
verificar os níveis de escrita das crianças auxiliando o professor, no processo de
alfabetização na perspectiva de letramento, à medida que oferece subsídios para
organização do ensino. Para corroborar essa afirmativa, optou-se pela metodologia de
cunho descritivo-qualitativo.
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2 ABORDAGEM METODOLÓGICA
Para melhor desenvolver a presente pesquisa optou-se por uma concepção crítico-
reflexivo que, parafraseando Gil (2002), trata-se de uma pesquisa de base qualitativo-
descritiva, uma vez que se procura analisar, no contexto atual, as escritas espontâneas de
crianças em fase de alfabetização, com a finalidade de refletir sobre os níveis de hipóteses
da escrita que a criança desenvolve neste período de escolarização.
Destaca-se ainda que, além da pesquisa estar contemplada no campo das ciências
sociais, ela valoriza a relação entre sujeito/objeto dentro de uma perspectiva dialética no
que compete à construção do conhecimento. Aliás, segundo Gil (2002) as pesquisas
descritivas são próprias dos pesquisadores das áreas sociais, visto que estes são
preocupados com atuação prática, que envolve o sujeito e o objeto da pesquisa. São
também as mais solicitadas por organizações como instituições educacionais.
A propósito, Prodanov e Freitas (2013, p. 52) mostram que nas pesquisas
descritivas, “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados,
sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos do mundo físico e
humano são estudados, mas não são manipulados”.
Outrossim, convém informar que para a obtenção dos dados, fez-se necessário a
realização de visitas à Escola Estadual Vicente de Fontes, que fica localizada na Rua
Prefeito Francisco Fontes, em José da Penha, onde foi aplicado testes de sondagem com
crianças, de idades e anos diferenciadas, a fim de coletar escritas espontâneas de
educandos em processo de alfabetização.
Assim, o corpus da respectiva pesquisa é a escrita espontânea de dez alunos, em
fase de alfabetização, regularmente matriculados no Ensino Fundamental I. Desse modo,
analisou-se os níveis de escrita com base nos estudos de Ferreiro (1985) e Teberosky
(1985), Ferreiro (1995) e Morais (2012) que discorrem a respeito da psicogênese da língua
escrita e do processo de alfabetização.
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Com base no exposto, fica evidente que a criança faz relação com o que vive.
Sendo assim, elas escrevem conforme a sua realidade, aquilo que os olhos veem. A escrita
é percebida como etiqueta do desenho e não dá para ler se não tiver figura. Além disso, a
leitura que predomina é a global, fazendo uso do dedo deslizando por todo o registro
escrito. Vejamos, a seguir, um exemplo desse nível:
Segundo Ferreira e Teberosky (1985, p.193) “este nível está caracterizado pela
tentativa de dar um valor sonoro a cada um dos grafemas que compõem uma escrita”. A
criança passa por um período da maior importância evolutiva, uma vez que começa a fazer
relação do som da sílaba com a letra que vai representar tal sílaba. Sendo assim, cada letra
equivale a uma sílaba.
A hipótese silábica pode aparecer com grafias bem diferenciadas. Ou seja, elas
podem utilizar-se de diferentes formas escritas, não somente de letras desconexas, mas de
formas identificadas com a escrita convencional. Vejamos o exemplo da hipótese-silábico.
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A criança, ao chegar a esse nível, já compreendeu que, cada letra que escreve em
determinado ato de escrita está relacionada a valores fonéticos reduzidos, com uma
quantidade menor que a sílaba e realiza uma análise no que diz respeito à representação
sonora, ou seja, os fonemas dos vocábulos que vai grafar. Isso não quer dizer que todas as
dificuldades tenham sido superadas. A partir desse momento, a criança se defrontará com
as dificuldades no tocante à ortografia, por ainda não dominar as regras que a compõem.
Figura 5: Alfabético - Nível V
Mediante o exposto, é possível afirmar que mesmo com a classificação dos níveis
de hipóteses supracitados, o período de a criança avançar de um nível de escrita para outro,
pode variar. Nem todos os educandos no processo de alfabetização conseguem avançar de
uma fase para outra ao mesmo tempo.
Faz-se necessário a intervenção do professor de forma competente durante todo
esse período, pois a criança poderá avançar de um nível para outro e assim conseguir ter o
domínio da linguagem escrita se o professor propor atividades relevantes com esse intuito.
É evidente que o processo de alfabetização não é instantâneo, ele ocorre em diversas etapas
e se dará ao longo dos anos seguintes do Ensino Fundamental.
Portanto, é preciso tomar como ponto de partida que, para a criança aprender a ler e
escrever, é preciso levá-la a pensar sobre a escrita, que a mesma possa pensar sobre o que a
escrita representa e como esta representa a linguagem. Para Vygotsky (2000, p. 156) “o
ensino da linguagem escrita pode ter lugar desde a pré-escola, desde que respeite todo
desenvolvimento pelo qual a criança deve passar”. Daí a importância da inserção da
Psicogênese da escrita nas práticas pedagógicas dos professores alfabetizadores.
analisa, achou-se conveniente colocar, ao lado da escrita do aluno, a lista que corresponde
aos nomes ditados.
O ditado foi iniciado pela aluna Érica Costa. Observa-se o que a aluna escreveu:
LISTA DE FAZENDA
FAZENDEIRO
CAVALO
VACA
BOI
FRASE:
O CAVALO ESTÁ NA FAZENDA.
Diante disso, pode-se dizer que Érica já agregou em sua escrita o eixo quantitativo
e qualitativo, levando, em consideração a variação de caracteres dentro da palavra e entre
as palavras (variação intrafigural e interfigural). Mediante o exposto, é possível afirmar
que a leitura realizada por Érica é global, pois a mesma deslizava o dedo em cada escrito,
sem fazer nenhuma pausa.
Observa-se, nesse momento, como escreve Carlos Daniel.
LISTA DE FAZENDA
FAZENDEIRO
CAVALO
VACA
BOI
FRASE:
O CAVALO ESTÁ NA
FAZENDA.
O aluno tem doze anos, é aluno do quarto ano do Ensino Fundamental I. No caso
dessa atividade, utilizou-se a lista de palavras referentes à fazenda. Percebeu-se que o
mesmo já supõe que a escrita representa a fala e para cada sílaba oral é atribuído uma
grafia. Conclui-se que a hipótese da escrita de Daniel é Silábica, pois o mesmo estabelece
uma correspondência entre a quantidade de letras utilizadas e a quantidade de sílabas orais
das palavras, usando uma letra para cada sílaba. “Este nível está caraterizado pela tentativa
de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem uma escrita. Aqui a criança faz
relação do som da sílaba com a letra que vai representar tal sílaba, cada letra vale uma
sílaba” (FERREIRO E TEBEROSKY, 1985, p. 193).
O aluno Carlos Daniel vivencia a hipótese silábica com valor sonoro de vogal e de
consoantes, como, por exemplo, o c de cavalo e o v de vaca. Ademais, é perceptível
observar que Carlos Daniel escreve a frase, atribuindo uma letra para quase todas as sílabas
das palavras. Contudo, ele não escreveu a letra que representasse as sílabas es de está e na
de (na fazenda).
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No ato da leitura, logo na primeira palavra escrita, ele percebeu que tinha colocado
letra demais, que não se relacionava com o som da fala, isto é, com a palavra que leu, no
caso fazendeiro. Portanto, ele riscou, indicando assim que a frase acabava ali, ou seja,
estava completa. A leitura realizada pelo aluno é silabada. De certa forma, ele já apresenta
consciência fonética, atribuindo valor sonoro a vogais e consoantes.
Agora, vejamos mais uma escrita espontânea, desta vez do aluno Dácio Manoel
Pereira Ferreira.
Figura 8: Alfabético - Nível V
LISTA DE FAZENDA
FAZENDEIRO
CAVALO
VACA
BOI
FRASE:
O CAVALO ESTÁ NA FAZENDA
Dácio Manoel Pereira Ferreira tem onze anos e estuda no quarto ano do Ensino
Fundamental I. A criança demonstrou já possuir habilidade de escrita, pois já escreve
alfabeticamente, menos não considerando o aspecto ortográfico. Aliás, já consegue
reproduzir adequadamente todos os fonemas de uma palavra. Assim (Ferreiro e Teberosky,
1985) afirmam:
A escrita alfabética constitui o final desta evolução. Ao chegar a este
nível, a criança já franqueou a “barreira do código”; compreendeu que
cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores
que a sílaba, e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas
das palavras que vai escrever. Isto não quer dizer que todas as
dificuldades tenham sido superadas: a partir desse momento a criança se
defrontará com as dificuldades próprias da ortografia. (FERREIRO E
TEBEROSKY, 1985, p. 213)
Diante do exposto, fica evidente que nesse estágio, Dácio já compreende o sistema
da escrita, a lógica do sistema alfabético, entendendo, de modo, que cada uma das letras
que formam a palavra tem um valor fonético. Nesta fase a criança já consegue reproduzir
adequadamente todos os fonemas de uma palavra, o que formaliza a escrita convencional
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João Marcos é uma criança de sete anos, aluno do primeiro ano do Ensino
Fundamental. A lista ditada para ele foi referente ao cardápio da merenda escolar.
Observando a escrita do mesmo, percebeu-se que ele representa os sons da fala e para cada
sílaba oral, atribui uma grafia.
Dessa forma, o nível de escrita de João Marcos é silábico com valor sonoro de
vogais, pois estabelece uma relação entre a quantidade de letras utilizadas e a quantidade
de sílabas orais das palavras, usando, assim, uma letra para cada sílaba. Ademais, nota-se
que na fase de escrita fica explícito o valor sonoro convencional de vogais e o valor
convencional de algumas consoantes, no caso a m e n. Realiza, também, uma leitura
silabada, nos padrões dessa respectiva fase.
A seguir observamos mais uma escrita espontânea.
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MACARRONADA
BISCOITO
SUCO
PÃO
FRASE:
A MERENDA É SUCO COM
PÃO.
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.
LISTA DE ASPECTOS DA
INFRAESTRUTURA E
EQUIPAMENTOS DA ESCOLA
BIBLIOTECA
CARTEIRA
QUADRO
GIZ
FRASE:
A ESCOLA TEM GIZ
COLORIDO.
Luana tem seis anos de idade e é aluna do primeiro ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Vicente de Fontes. O ditado realizado com essa aluna constou de palavras
do campo semântico infraestrutura e equipamentos da escola. A mesma procurou escrever
do jeito que sabia.
Constatou-se que ela supõe que a escrita representa aquilo que é falado, no entanto,
a sua grafia não estabelece vínculo entre fala e escrita, pois o que se grafa não está
relacionado com o nome ditado. Sabe-se que evoluiu da fase da garatuja, dos rabiscos. No
entanto, compreende que a escrita se realiza da esquerda para direita, mas não
identificamos com precisão os vocábulos escritos.
Além disso, percebe-se que o aprendiz tem contato com a letra cursiva, visto que,
desde o próprio nome às palavras ditadas, escreve ora de forma separada entre si, ora com
linhas e curvas tentando agrupar as letras. Para Morais (2012, p. 79) “precisamos ajudar os
aprendizes a escrever com letra cursiva, de forma legítima e com mais velocidade”.
O nível de escrita em que se encontra a aluna, é pré-silábica, uma vez que mesmo
não usando rabisco ou garatujas, ainda não estabelece o valor sonoro da palavra ditada,
como também escreve aleatoriamente. Nesta fase, a leitura é global. Isso ficou
evidenciado no ato da coleta da pesquisa, pois Luana leu o seu escrito, deslizando o dedo
da esquerda para direita.
A próxima escrita a ser analisada é a do aluno Kauan Murilo Alves de Araújo, de
sete anos de idade. O mesmo está matriculado no segundo ano do Ensino Fundamental, na
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Escola Estadual Vicente de Fontes. O mesmo grafou palavras referentes aos aspectos da
infraestrutura e equipamento da escola.
Figura 12: Hipótese Silábica Nível III
LISTA DE ASPECTOS DA
INFRAESTRUTURA E
EQUIPAMENTOS DA
ESCOLA
BIBLIOTECA
CARTEIRA
QUADRO
GIZ
FRASE:
A ESCOLA TEM GIZ
COLORIDO.
Diante do exposto, verifica-se que Kauan Alves já compreende que a escrita pode
representar a fala, ou seja, o que ele escreveu foi na tentativa de dar um valor sonoro à letra
de cada palavra escrita. Assim, percebe-se que o mesmo se encontra na hipótese silábica,
pois grafa uma letra para representar cada sílaba, estabelecendo a relação entre letra e
fonema. A esse respeito Morais (2012) mostra que:
Contudo, é perceptível que Kauan Alves também escreveu algumas letras aleatórias
que não têm valor sonoro com a sílaba correspondente. Sobre esse assunto Morais (2012,
p.60) afirma que “na escrita silábica quantitativa, a criança tende, na maioria das palavras,
a usar de forma estrita a regra de que, para cada sílaba oral, se coloca uma única letra, mas
na maioria das letras usadas não tem a ver com os sons das sílabas orais que está notando”.
Nessa perspectiva, pode-se dizer que Kauan vivencia o nível silábico sem valor
sonoro. Compreende que, por exemplo, a palavra biblioteca, a seu ver, pode ser
representada pela grafia BTOAK. Na verdade, ocorreu uma evolução no seu processo de
leitura e escrita. Para Morais (2012, p. 57) “a fase silábica é um percurso evolutivo em
direção à apropriação do sistema alfabético”. Mediante o exposto, pode-se dizer que o
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BIBLIOTECA
CARTEIRA
QUADRO
GIZ
FRASE:
A ESCOLA TEM GIZ
COLORIDO.
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora
não basta uma letra por sílaba, também não se pode estabelecer nenhuma
regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba (já que há
sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras); pelo lado
qualitativo, enfrentaria os problemas ortográficos (a identidade de som
não garante identidade de letras, nem a identidade de letras a de som).
(FERREIRO 1995, p. 27).
LISTA DE ASPECTOS DA
INFRAESTRUTURA E
EQUIPAMENTOS DA
ESCOLA
BIBLIOTECA
CARTEIRA
QUADRO
GIZ
FRASE:
A ESCOLA TEM GIZ
COLORIDO.
Analisando o escrito de Vera, é perceptível que mesmo ela não usando rabiscos
nem garatujas para grafar as palavras ditadas, demonstra compreender que o que é falado
pode ser representado pela escrita. Nessa ótica, fez uso de letras de imprensa maiúscula e
números para grafar as palavras ditadas.
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Ficou evidente que o escrito não corresponde à palavra da lista na sua forma
convencional. Contudo é perceptível que os nomes são escritos quase seguindo a mesma
ordem, letras e números, numa mesma palavra. Logo, a hipótese de escrita é pré-silábico
Nível I. Outrossim, verificou-se que a leitura realizada foi individual e global, só ela
entende o que escreveu.
A escrita a seguir é de Cássio Henrique Leite da Costa, 7 anos de idade,
matriculado no 2º Ano, do Ensino Fundamental, na Escola Estadual Vicente de Fontes.
LISTA DE ASPECTOS DA
INFRAESTRUTURA E
EQUIPAMENTOS DA ESCOLA
BIBLIOTECA
CARTEIRA
QUADRO
GIZ
FRASE:
A ESCOLA TEM GIZ COLORIDO.
Conforme se observa, Cássio já tem a consciência de que tudo que se fala pode ser
representado pela escrita. Dito de outro modo, é perceptível que o alfabetizando sabe que a
escrita é o código utilizado para registrar as palavras. Logo, é possível afirmar que o nível
da escrita de Cássio é Alfabético.
De acordo com Ferreiro e Teberosky (1985, p. 213), “a escrita da criança não chega
com perfeição nessa fase, pois os erros ortográficos aparecem e são eles que auxiliam na
constituição de um referencial convencional da linguagem escrita”. Na realidade,
retomando a grafia de Cássio percebe-se que na palavra biblioteca, bem como em carteira,
quadro e giz ele comete erros de ortografia, que está mais acentuado na questão de
fonologia, pronuncia do fonema. A esse respeito Morais elucida que,
Dessa forma, fica evidente que a superação de Cássio no tocante aos erros
ortográficos cometidos em sua escrita, ocorrerá mediante a ação do professor com práticas
de leitura e escrita condizentes com o nível de hipótese apresentado. Cássio realizou uma
boa leitura do que foi ditado, demonstrando que precisa superar as questões de ortografia.
Nessa ótica, caberá ao alfabetizador trabalhar as práticas de linguagem consoante à
necessidade do aprendiz, a fim de que este possa avançar no processo de alfabetização.
5 RESULTADOS
Diante do que foi analisado com relação à escrita das crianças, verificou-se que nas
escritas espontâneas apresentadas foram contemplados todos os níveis. Observou-se que
mais de uma criança se encontra na mesma fase de escrita.
Dois alfabetizandos estão na hipótese pré-silábica, ambos alunos do primeiro ano
do ensino fundamental, com seis anos de idade. Conforme vimos, eles não utilizaram
desenhos ou garatujas para representar a escrita, mas escreveram letras e números, tudo
junto, para representar as palavras ditadas. Além do mais, o que eles grafaram não
corresponde com o que foi ditado, ou seja, não tinha nada a ver com a escrita convencional
da palavra ditada. E ambos os alfabetizandos apresentaram uma leitura global, pois só eles
entenderam o que escreveram.
No tocante à hipótese pré-silábica - Nível II, apenas uma criança, de sete anos,
aluna do primeiro ano, se encontra neste nível de escrita. A mesma já possui a noção de
que a escrita pode representar a fala, grafando o que foi ditado na horizontal, da esquerda
para direita, e compreendendo que para escrever utiliza-se letras. A aprendiz encontra-se
num nível mais avançado, já compreende que para a escrita ser interpretável tem que
escrever no mínimo três letras. Quanto à leitura, realizou de forma global.
No que diz respeito à hipótese silábica - Nível III detectou-se que três aprendizes,
de idades diferenciadas, e anos de escolaridade também distintos, estão nesta mesma fase
de escrita. Pode-se observar que o que eles escreveram foi na tentativa de dar um valor
sonoro à letra de cada palavra escrita.
Dessa maneira, percebe-se que os mesmos utilizaram uma letra para representar
cada sílaba, estabelecendo assim a relação entre letra e fonema. Entretanto, observou-se
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que os aprendizes desta fase de escrita, ainda confundiram o total de caracteres escritos
com o que foi ditado, pois escreveram uma letra e ao ler contabilizaram duas. A leitura
apresentada foi silabada.
Com relação à hipótese silábico-alfabético, dois alfabetizandos de idades e anos de
escolaridades distintos, estão nesta fase. Nesse contexto, verificou-se que já estão
avançando tanto na escrita como na leitura. Na verdade, já possuem noção de que para
grafar as palavras é preciso escrever uma letra para representar cada sílaba.
Assim, observou-se que demostraram ter consciência de que a sílaba pode ser
formada por mais de uma letra, inclusive fazendo uso de consoante e vogal. Todavia, ainda
não escrevem convencional e fazem uma leitura termo a termo, não global.
Quanto à hipótese alfabética, apenas dois alunos, com idades diferentes, e anos de
escolaridade diversos, encontram-se neste estágio de escrita. Pelo que foi observado, já
possuem a nítida consciência de que o que se fala pode ser escrito, ou seja, que a escrita
pode representar a fala. O que foi ditado escreveram procurando se aproximar o máximo
possível da escrita convencional.
Porém, ainda apresentaram alguns desvios de ordem ortográfica, no plano
fonológico, mas que pode ser superado com atividades diversas que explorem a prática de
leitura e escrita. A leitura realizada não foi global, visto que eles conseguiram ler as
palavras e a frase de forma mais fluente.
Dessa forma, o resultado ora apresentado, revela que os alunos pesquisados na
Escola Estadual Vicente de Fontes vivenciam a psicogênese da língua escrita em idade e
anos de escolaridades distintos. Para tanto, evidencia-se a relevância dos alfabetizadores
compreenderem o processo da psicogênese da língua escrita, para que possam aprimorar a
sua prática pedagógica, propiciando aos alunos condições de se tornarem alfabetizados.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante disso, observou-se que há crianças com idade avançada e que ainda se
encontram na hipótese de escrita inferior para sua faixa etária, revelando, assim, não terem
o domínio da escrita nem tão pouco da leitura.
Mediante o resultado, os professores dos respectivos alunos buscam intervir nas
dificuldades de aprendizagem, traçando estratégia metodológica de leitura e escrita para
fazer com que o educando avance de níveis de escrita e leitura. Para tanto, buscam elaborar
atividades condizentes com os níveis que se encontra cada aluno, a fim de fazê-lo superar
as dificuldades e avançar na construção do conhecimento.
Nessa ótica, buscou-se mostrar o quanto ainda é importante a realização do teste de
sondagem com a criança assim que ela chega no universo escolar. É preciso ter o
conhecimento, no início do ano letivo, do que a criança já sabe, do que ela não sabe e do
que ela precisa saber. Em outras palavras, é imprescindível que o professor alfabetizador
descubra o que a criança sabe com relação ao sistema da escrita, isso permitirá que se
trabalhe com intervenções adequadas para os diversos níveis de hipóteses, principalmente
no que diz respeito a traçar metas de trabalho condizentes com a realidade e necessidade da
criança, a fim de fazê-la progredir no universo dos alfabetizados e letrados.
Além disso, é interessante que o teste de sondagem não seja aplicado apenas no
início do ano letivo, mas que ele seja feito pelo menos umas três vezes durante o ano. Isso
ajudará ao professor a verificar os níveis de escrita das crianças, auxiliando-o também no
processo de alfabetização na perspectiva de letramento, à medida que oferece subsídios
para que este organize o ensino para tal fim.
Ademais, é bastante significativo para que o professor alfabetizador tome
conhecimento de que a psicogênese da língua escrita trouxe e ainda traz contribuições
relevantes para o processo de aquisição da escrita. Pois a respectiva teoria defendida por
Ferreiro e Teberosky (1985) evidencia que as crianças estruturam hipóteses a respeito do
modo de como se organiza o sistema de escrita. Desse modo, precisa-se entender que a
criança não aprende a ler e a escrever de um dia para outro. E se o professor não tiver essa
compreensão poderá dificultar o processo de alfabetização.
Portanto, mediante a pesquisa realizada, é possível afirmar que a psicogênese da
língua escrita contribuiu para que os docentes tivessem uma nova visão sobre o processo
de alfabetização, trazendo à tona a questão de que a escrita não é um código ao qual se
pode apropriar como num passe de mágica. Também disseminou a ideia de que criança ao
adentrar na escola, já vivencia práticas de letramento, logo, necessita que o professor dê
continuidade a estas práticas no cotidiano escolar.
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REFERÊNCIAS
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. 24 ed. São Paulo: Cortez; Autores
Associados, 1995.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo : Atlas,
2002.
MORAIS, Artur Gomes de. Sistema de alfabética. São Paulo: Editora Melhoramentos,
2012.
NEDER, Maria Lucia Cavalli; POSSARI, Lúcia Helena Vendrúsculo; SOUZA, Regina
Marques de Souza. Linguagens na Educação Infantil I: pensamento e linguagem.
Cuiabá: EdUFMT, 2008.