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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA

A LEITURA DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CAMINHOS PARA A


FORMAÇÃO DO LEITOR

FRANCISCA KALIDIANE DOS SANTOS MEDEIROS

MARCELINO VIEIRA – RN
2016
FRANCISCA KALIDIANE DOS SANTOS MEDEIROS

A LEITURA DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CAMINHOS PARA A


FORMAÇÃO DO LEITOR

Artigo Científico apresentado ao Curso de


Pedagogia a Distância do Centro de Educação
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito para obtenção do título
de Licenciatura em Pedagogia, sob a
orientação da professora Ms. Emanuela Carla
Medeiros de Queiros.

MARCELINO VIEIRA - RN
2016
A LEITURA DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CAMINHOS PARA A
FORMAÇÃO DO LEITOR

Por

FRANCISCA KALIDIANE DOS SANTOS MEDEIROS

Artigo Científico apresentado ao Curso de


Pedagogia a Distância do Centro de Educação
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito para obtenção do título
de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Profª. Ms. Emanuela Carla Medeiros de Queiros (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________
Profª. Ms. Edinária Marinho da Costa (examinadora externa)
Faculdade evolução Alto oeste potiguar

__________________________________________________________

Profª. Ms. Sandra Sinara Bezerra (examinadora externa)


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
A LEITURA DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CAMINHOS PARA A
FORMAÇÃO DO LEITOR

Francisca Kalidiane dos Santos Medeiros


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Emanuela Carla Medeiros de Queiros


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

RESUMO

Por entender que o trabalho com a leitura de literatura infantil na sala de aula abre
possibilidades de construções significativas ao ser leitor, o presente artigo é resultado de
indagações e discussões sobre a leitura de Literatura Infantil, a partir de experiências
formativas desenvolvidas no Estágio Supervisionado II séries iniciais da Educação Infantil,
ofertado pelo curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,
desenvolvido na zona urbana do município de Tenente Ananias – RN. Compreendendo que a
leitura de literatura é de fundamental importância para a construção de conhecimentos e para
o desenvolvimento intelectual, cognitivo, social e cultural do ser humano. Esse trabalho tem
por objetivo analisar os caminhos percorridos para a formação de leitores de literatura na
educação infantil, assim, apresentamos cogitações e estudos sobre a relevância da leitura de
literatura para formação leitora e o desenvolvimento do gosto pela leitura. O artigo contempla
uma metodologia qualitativa em educação, por meio de técnicas e instrumentos como,
observações e registro do diário de campo. Como aporte teórico, utilizamos autores como
Coelho (1987), Costa (2007), Oliveira (2008), dentre outros que contribuíram para o avanço
dos estudos, nos oferecendo um aparato de informações que proporcionaram avanços
significativos à pesquisa. Por fim, as considerações dessa investigação apontam a necessidade
de que haja um olhar reflexivo a respeito das práticas desenvolvidas na educação infantil em
torno da leitura de literatura para formar crianças leitoras, a fim de possibilitar uma constante
observação, avaliação, e renovação, em busca da melhoria do processo de ensino
aprendizagem e da participação do professor/pesquisador, valorizando práticas de leitura, que
possam ser significativas para a vida das crianças, entendendo que a leitura de literatura
perpassa maneiras eficazes para mediar o desenvolvimento e aprendizagem no processo da
formação leitora.

Palavras chaves: Literatura Infantil. Leitura. Educação Infantil.

ABSTRACT

To understand that working with the reading of children's literature in the classroom opens up
possibilities of significant constructions to be reader, this article is the result of inquiries and
discussions about the reading of children's literature, from formative experiences developed in
the supervised internship II initial series of early childhood education, offered by the course in
pedagogy of Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, developed in the urban
area of Tenente Ananias city - RN. By understanding that reading literature is of fundamental
importance for the construction of knowledge and intellectual development, cognitive, social
and cultural of human beings, this work has for objective to analyze the paths travelled to the
formation of readers of literature in early childhood education, introducing cogitations and
studies of which the relevancy of reading literature for formation and development of the
reader a taste for reading. Article inclusive of qualitative methodology in education,
throughtechniques and instruments such as, observations and record the field journal. Como
theoretical contribution, we use authors like Coelho (1987), Costa (2007), Oliveira (2008),
among others who have contributed to the advancement of studies, offering us an apparatus of
information that provided significant research advances. Finally, considerations of this
investigation indicate the need for there to be reflective about the practices developed in early
childhood education around reading literature to form children readers, in order to enable
observation, evaluation, and finds renewal in pursuit of improving the teaching learning
process and the participation of the teacher/researcher, valuing reading practices that may be
meaningful to the lives of children, it being understood that the reading of literature
appropriate for mediating the development and learning of these beings.

Key words: children's literature. Reading. early childhood education.

1 - INTRODUÇÃO

A literatura infantil é um campo de conhecimento vasto, que possibilita que a criança


venha a ter momentos únicos de criação e entrega de seus afetos e seus sentimentos, como
também, do seu próprio eu, permitindo a vivência de experiências que devem ser valorizadas
do ponto de vista do mundo leitor, onde a prática da leitura de literatura faz parte ao mesmo
tempo da sua realidade e de seus pensamentos. Assim, a literatura infantil, influencia o
contato com o livro, e o desenvolvimento do gosto pela leitura. Embora a literatura infantil
abra inúmeras oportunidades para um universo fascinante do conhecimento, da curiosidade,
dos modos diversos de ver o mundo, muitas crianças não se sentem motivadas a ler.
Entendemos que esse seja um reflexo da leitura utilitária que por vezes incentiva-se nas
práticas pedagógicas, o que provoca a desvalorização da literatura em seu plano formativo e
estético.

O presente estudo partiu da experiência do estágio supervisionado, desenvolvido no


sexto período do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
vinculado ao Polo Universitário do município de Marcelino Vieira – RN. A proposta de
trabalho surge diante das observações e o período de regência, onde foi necessário o despertar
do olhar sensível ao contexto escolar, possibilitando que os dados gerados se transformassem
em instrumentos formadores das discussões expandidas ao longo do trabalho. Assim, a
realidade do chão da escola campo de pesquisa é a história propulsora d
1

trabalho em questão.
O estudo discorre em uma metodologia a partir de pesquisa qualitativa em educação,
mediante observação, regência e registro por meio do diário de campo, no município de
Tenente Ananias – RN. O Pré-escolar II foi a sala de aula escolhida para o desenvolvimento
do estágio, a turma é composta por 16 alunos com faixa etária entre 5 e 6 anos, destes 9
(nove) são do sexo feminino e 7 (sete) do sexo masculino, sendo estes acompanhados por uma
professora e uma auxiliar. Vivenciar essa experiência veio despertar reflexões, estudos e
análises que serão apresentadas ao longo do trabalho.
As bases teóricas fundamentam-se em autores como Amarilha (2009), Coelho
(1987), Zilberman (2003), Costa (2007), Oliveira (2008), Cademartori (2010), dentre outros
autores, trazendo reflexões sobre a contribuição da literatura infantil no desenvolvimento do
percurso da formação leitora das crianças.
O trabalho com a literatura na Educação Infantil é uma possibilidade de construções
significativas, aproximando as crianças às diferentes linguagens, pois elas enquanto seres
sociais ativos e participativos, constroem ativamente seu conhecimento, através do contato do
objeto de conhecimento e da comunicação ativa com esse objeto, desenvolvendo-se tanto no
plano verbal quanto no plano não verbal conduzindo-as a caminhos nunca trilhados. Esse é
um espaço abrangente que inter-relaciona realidade, imaginação, criatividade, espontaneidade
e sentimento.
Portanto, entendemos que é necessário que haja a reflexão dos aspectos que
envolvem a leitura de literatura em sala de aula, e o percurso da formação leitora a partir das
experiências que o educando vivencia com a Literatura Infantil, partindo do conceito da
formação do leitor competente.
Para tanto, esta pesquisa tem por objetivo analisar os caminhos percorridos para a
formação de leitores de literatura na educação infantil. Apresentamos cogitações e estudos
sobre qual a relevância da leitura de literatura para formação leitora e o desenvolvimento do
gosto pela leitura.
Compreendendo que a leitura de literatura é um caminho favorável para a criança
desenvolver a imaginação, as emoções e os sentimentos, de forma prazerosa e significativa, o
contato que essa tem com a modalidade de escrita, possibilita desenvolver também o gosto e o
prazer de ler, proporcionando a formação do leitor competente e ativo.
A estrutura do artigo está organizada em tópicos que contemplam, em primeiro lugar,
um breve percurso histórico sobre a Literatura Infantil e a concepção de infância, bem como,
uma reflexão teórica sobre a leitura de literatura para formar leitores de texto literário. Em
2

seguida, será apresentada uma reflexão sobre o leitor e os benefícios que a leitura de literatura
traz para seu desenvolvimento e o desenvolver do gosto pela mesma e a formação do leitor
competente. Após expor uma reflexão/análise de quais os caminhos percorridos por meio do
olhar do lugar da literatura na sala de aula. Sequenciamos explicitando a metodologia traçada
para o desenvolvimento do trabalho. E por fim concluímos com as considerações finais a
respeito dos resultados da pesquisa.

2 - CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA E LITERATURA: UM BREVE HISTÓRICO

As primeiras obras literárias com destinatário infantil foram produzidas na segunda


metade do século XVII, até então, não ouvia-se falar em nenhuma obra desta natureza para o
público infantil. Isto se dá pelo fato de que, não existia o sentimento de infância nem a
consciência das particularidades das crianças, estas eram percebidas como tábulas vazias, que
deveriam ser preenchidas de conhecimento. Desse modo, desconsiderava-se toda natureza de
conhecimento das crianças, bem como a relevância de suas interações com o meio, Estas
.chegaram a ser entendidas perante a sociedade da época, como adultos em miniaturas, ou
seja, ser criança e ter infância nesse período foi totalmente desconsiderado pela sociedade,
portanto, também não existia o sentimento de infância.

A palavra infância advinda do latim intantia quer dizer – “incapacidade de


falar, mudez”, esse conceito deriva do fato de se considerar que até os 7 anos
a criança era incapaz de falar. [...] contraditoriamente, ou por ignorância,
levando-se em conta o vigor dos castigos, por exemplo, a criança era ainda
percebida como “um adulto em miniatura” – esperava-se que ela se
conduzisse e tivesse a compreensão igual à de um adulto. (AMARILHA,
1999, p. 129).

É então, a partir do fim do século XVII e ainda mais evidente no século XIX, que a
criança passa a ocupar um lugar de destaque na sociedade, a partir deste momento,
começaram a se preocupar com a criança e com a infância, delineando um novo olhar para
essa fase e suas especialidades. Surgia uma nova história que seria construída a passos lentos,
diante da visão de uma sociedade adulta, onde mesmo diante das transformações sentidas nos
meios sociais, culturais, e políticos, obstinava em reconhecer em plenitude as potencialidades
e inferências do ser criança.
Partindo desse entendimento, o fato da criança ser criança, não necessariamente
significa que seja garantido a ela o direito de ter infância, ambos se constroem a partir dos
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modos de atuação e entendimentos que a sociedade determina, transita em meio às esferas


sociais, políticas culturais e educacionais de cada época. Percebe-se deste modo que, não
somente os fatores biológicos determinam um ser, mas também, os fatores sociais são
determinantes dos conceitos de cada fase da vida, dependendo deste segundo os valores que
as distinguem (ZILBERMAN, 2003).
As primeiras obras literárias surgiam com caráter particularmente pedagógico, assim
a beleza e o encantamento deste gênero eram desconsiderados dando lugar a vocação
pedagógica, a literatura então surge como um instrumente de relevância para a escolarização
das massas, suprindo a necessidade identificada, que seria a maturação do ser ingênuo ao
pensamento adulto e maturo, assim é vista claramente como passaporte para a transição do ser
criança para o ser adulto.
Para Cademartori (2010), na época em que surgia o sentimento de infância dentre a
sociedade, as crianças eram entendidas, como seres imaturos, que precisavam ser
disciplinados, assim, a literatura foi entendida como forte instrumento, que possibilitaria a
obediência e maturação destes seres. Para essa autora, “torna-se didáticos e adaptados a longa
gênese do espírito a partir do pensamento ingênuo até o pensamento adulto, evolução do
irracional ao racional” (CADEMARTORI, 2010, p.43).
Com isso, no início do século XX o Brasil foi campo fértil à reprodução de obras
literárias que privilegiavam o didatismo. É então que, em meio a essa realidade brotam forças
contrárias que buscavam o diferencial e inquietude da escrita literária, foi assim que a partir
da década de 20, que, Monteiro Lobato, se apresentou como o propulsor de uma nova
literatura, que poderia em sua plenitude ser chamada de infantil. Fugindo totalmente dos
paradigmas da época, Lobato cria sua obra cujo aspecto se diferencia totalmente do caráter
pedagógico desenvolvido por autores traziam, para os leitores as questões sociais, com
realidade e fantasia, a partir de personagens cheios de criatividade, que refletiam e atuavam
criticamente com seu meio. Lobato representa o início do rompimento dos padrões
determinados à literatura infantil.

O grande descobridor da literatura como veículo de expressão da criança e


não somente da sua educação foi Monteiro Lobato. Em 1921, respirando
ventos já modernistas, o Brasil recebeu uma literatura realmente ocupada
com a infância brasileira: A menina do narizinho arrebitado (1921).
(AMARILHA,1999, p. 133).
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Percebe-se, que o contexto histórico da literatura infantil e o conceito de infância,


estão permeados um ao outro, a partir das implicações entre infância e o mundo adulto. Posto
isto, surgem dentre tantos paradigmas uma relação intrínseca entre a literatura e a criança, a
partir da modalidade de literatura infantil. Nesse sentido, com a presença de Lobato na
literatura infantil, passa-se a ficar mais evidente o exercício da infância em meio a sociedade.

2.1 Literatura Infantil e o desenvolver do gosto e prazer pela leitura de literatura

A Literatura Infantil é uma modalidade da literatura destinada à criança, esta é


constituída pela beleza da linguagem, é também carregada de significados que podem ser
ressignificados a cada leitura realizada. Essa característica do texto literário permite que ele
seja uma rica fonte de informação, assim, é preciso acentuar que, perante suas características,
ela atenderá as necessidades pessoais de cada leitor, estes por sua vez, preenchem de
significados as entrelinhas do texto, inferindo sentidos e sentimentos a partir das emoções
proporcionadas a cada leitura.
Segundo Cademartori (2010), a literatura infantil oferece de maneira significativa as
crianças os padrões de leitura do mundo, possibilitando a reorganização de seus próprios
conceitos e vivências. A livre interpretação faz com que o leitor possa criar sua própria
identidade, carregando de sentimentos próprios as passagens e personagens trazidos pelo
texto. De acordo com Cademartori (2010, p.25) “somente vozes entrecruzadas podem
oferecer, a uma pergunta feita, a relatividade das respostas.” Essa visão apresenta que deve
existir constantemente uma relação entre autor leitor e texto, onde as interrogações e
interpretações constroem constantemente o texto, então entendemos que, a leitura que a
criança faz do mundo antecede a leitura da palavra, assim seus conhecimentos prévios farão
parte de repertório que será acrescentado a leitura que está sendo realizada, fazendo dela as
suas próprias vivências e sentimentos.
As peculiaridades desse gênero literário, são atrativos ao leitor, quando se diferencia
de forma peculiar de tudo que lhe é oferecido. As potencialidades do texto literário são
mencionadas por Oliveira (2008), quando o mesmo expõe que a leitura de literatura infantil

[...] Provoque o desenvolvimento da fantasia, da imaginação, do


brincar; em síntese, crie o espaço da interação participativa da criança
com a história, permitindo o estabelecimento de conexões de sentido
com o que ela vive, bem como com a reelaboração de medos,
fantasias, ampliando a composição de juízos de valor e a exposição a
5

julgamentos diferentes, elaborados por diferentes leitores.


(OLIVEIRA, 2008, p. 30-31).

É, portanto, necessário que haja o contato da criança com a literatura infantil, de


modo similar, em momentos que possam vir a proporcionar experiências que possibilitem a
criança vivenciar por meio da leitura, a fantasia a imaginação e o brincar, a partir da interação
criança/história. Assim sendo, a prática de leitura, quando não se remete a uma literatura
pedagógica e utilitária, quando somente se ler, pelo fato dessa leitura proporcionar momentos
de encantamento que dão ao leitor porções de fantasia e realidade, permite que ele se envolva
de fato na história pelo o que lhe chama atenção, pelo seu próprio interesse. Assim, é licito
supor que, é por meio desse tipo de prática que se é possível despertar o gosto e o prazer pela
leitura.

Para Amarilha “[...] se as crianças se mobilizam é porque o mundo organizado em


narrativa corresponde a seus interesses e anseios e, por seguinte é significativo para elas.”
(Amarilha, 2009, p. 18). Para tanto, entendemos que a leitura de literatura sem fins
pedagógicos, mas apreciada pela beleza da linguagem, se apresenta como recurso que, tem
importância considerável no desenvolver das emoções, da imaginação e do intelecto da
criança, a partir disso, a apreciação da literatura em sua potencialidade proporcionará e dará
elementos necessários para que a criança possa a vir a desenvolver-se. A expressividade da
linguagem literária, o seu imaginativo, tem um importante papel na formação de um leitor,
que seja capaz de inferir de forma significativa na sua realidade. Assim, a literatura infantil
propicia incessantemente o desenvolvimento da imaginação, ainda nesse aspecto, quanto a
apreciação de literatura. Para Amarilha (2009, p. 19),

“[...] o receptor da história envolve-se em eventos diferentes daqueles que


está vivenciando na vida real e, através desse desenvolvimento intelectual,
emocional e imaginativo, experimenta fatos, sentimentos reações de prazer
ou frustação podendo, assim, lembrar, antecipar e reconhecer algumas das
inúmeras possibilidades do destino humano. Pelo processo de “viver”
temporariamente os conflitos, angústias e alegrias dos personagens da
história [...]”

Nesse caso, entendemos que quando a leitura realizada é preenchida de sentido e de


prazer, é comum que o leitor desperte o sentimento de querer repetir a leitura. Esse aspecto
compõe mais um dos diferenciais do texto literário, quando há traços de sua realidade no
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texto, ou ele toca de alguma forma o seu leitor, desperta imediatamente em tal ser, a vontade
de se repetir a leitura, uma outra vez, ou por inúmeras vezes, ela sempre será repleta e
preenchida por significados distintos a cada leitor.
Nesse sentido, a função estética da linguagem literária proporciona que seja
despertado, nas crianças o prazer no ato de ler e consequentemente o gosto pela leitura, nesses
momentos leitor e leitura são um só, possuem um mesmo significado, uma mesma história.
Para Oliveira (2008), a leitura do texto literário, proporciona ao leitor um encontro do seu
próprio eu, através dos sentimentos proporcionados pela leitura. O próprio eu, é desta forma
visto dentro do texto, então o que ali está escrito não só faz parte do mundo imaginário, mas
faz parte representativa de sua própria realidade, buscar entendê-la através do plano literário
exige por parte do leitor, uma compreensão mais ampla do texto, o que o faz buscar por várias
vezes, encontrar aquilo que procura dentro do plano literário. Nesse âmbito podemos
entender, que o jogo lúdico da linguagem literária, a diferencia e se apresenta como um
atrativo para o leitor, que vem conseguinte proporcionar possibilidades significativas com a
leitura. Salientamos que, o gosto pela leitura é um sentimento que por sua vez é apreciado e
evidenciado a partir da leitura do texto literário, especialmente quando se trata da leitura de
literatura infantil e a riqueza linguística desse gênero textual.
Nessa linha de pensamento Amarilha (2009, p. 49) apresenta que,

A linguagem literária organiza os fatos de forma diferente da linguagem do


cotidiano. Com essa roupagem tem bossa, ritmo, humor, o leitor mirim
percebe que está diante de uma maneira diferente de ser da língua. É por essa
razão que muitas vezes solicita a repetição de uma mesma história,
principalmente, crianças pré-escolares.

De acordo com a autora quando as crianças entram em contato com a Literatura


Infantil, ela se envolve e se mobiliza espontaneamente, isso ocorre pelo fato de que, as
narrativas correspondem diretamente a seus interesses pessoais, tornando-se significativas
para elas.

3 - A FORMAÇÃO DA COMPETÊNCIA LEITORA

As crianças enquanto seres sociais ativos e participativos, constroem ativamente seu


conhecimento, por meio do contato com um objeto de conhecimento, que no caso desse
estudo é a leitura. Posto isso, entendemos que a Literatura Infantil se apresenta como o objeto
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propulsor que possibilitará que este desenvolvimento de fato ocorra. No entanto, não é apenas
com a decodificação das palavras que é possível a promoção do desenvolvimento do
pensamento infantil. O ato de decodificar é importante, pois se constitui na decodificação de
letras e sons, permitindo desta forma que haja a leitura, porém, essa atividade não implica que
o leitor seja capaz de compreender e interpretar criticamente o que está escrito.
Partindo desse entendimento, ao observarmos a literatura infantil em suas
potencialidades e peculiaridades a partir da sua função estética, que também é conhecida
como função poética, Percebemos, que ela se apresenta com um papel de destaque quanto ao
desenvolvimento da criança. Para Cademartori “[...] a literatura surge como um meio possível
de superação da dependência e da carência, por possibilitar a reformulação de conceitos e
autonomia do pensamento.” (CADEMARTORI, 2010, p.24). Assim, à medida que a criança
entra em contato com a Literatura Infantil, ela vai se desenvolvendo e transformando-se cada
vez mais em um ser autônomo.
Isso nos permite afirmar que a leitura é uma prática social, com isso, percebemos que
estamos desde muito pequenos permeados por esse universo letrado, nesse sentido, o contato
com a literatura infantil, cada vez mais vem acontecendo por parte de crianças,
Ao se desenvolver, a criança passa pelo processo de autoconhecimento, bem como
aprende a conhecer o outro, desta forma, se diferenciando dos demais. Nesta fase de formação
de conceitos, é importante que esse ser, tenha a oportunidade de contato com o livro e a
literatura infantil de qualidade, isso proporcionará que a criança, tenha cada vez mais a
possibilidade de ter o conhecimento e a compreensão maior de si próprio e do outro, fazendo
com que venha a ampliar o seu potencial leitor, bem como, ampliará e possibilitará que a
criança interaja com seu meio, conhecendo-o e percebendo-o de forma mais significativa a
realidade a qual faz parte.
Para coelho “[...] É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a maior
responsabilidade na formação da consciência-de-mundo das crianças e jovens” (1987, p.2).
Esse contato permite que a criança afaste-se do alto centralismo, fazendo com que possa
desenvolver de maneira satisfatória desde seus sentimentos, até sua imaginação, o seu
intelecto, o pensamento e sua linguagem, essa interação permite que o repertório leitor e o
conhecimento de mundo da criança, se dilatem progressivamente.
De acordo com Zilberman (2003) o contato e a inserção da criança com a literatura é
significativo, por muitos fatores, um deles é que a leitura de literatura proporcionará um
desenvolvimento satisfatório da criatividade e imaginação deste ser, permitindo que a criança
venha a conhecer o outro, bem como a si próprio como ser independente e constituinte de uma
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sociedade viva. Permitindo o desenvolver, da afetividade do raciocínio, da razão, e da


sensibilidade.
É pertinente dizer que a leitura de literatura infantil estimula o crescimento, não
referindo-se a fatores biológicos e de maturação do ser humano, mas, ao reconhecimento do
poder de interação, com o meio, com os outros e com si próprio, entendemos assim que a
capacidade de linguagem decorre da interação da própria palavra com a palavra do outro, e é
através da leitura que essa interação pode acontecer mais evidentemente. A arte literária
também traz consigo o poder do reconhecimento e da transformação, pois, na obra literária, há
sempre a possibilidade de mudança, de transformação do meio, esse entendimento
transformará seus leitores em sujeitos críticos, que constroem criticamente sua trajetória.
Entendemos que há, deste modo, o crescimento do pensamento. Quanto a leitura de literatura,
o ato de ler se confere em um procedimento complexo, ao qual necessita de variadas ações e
inferências cognitivas por parte do leitor, portanto, torna-se um ato do pensamento, para
Araújo (1996)

[...] Requer a mobilização e a interação de diversos níveis de conhecimento,


o que exige interações cognitivas de ordem superior, quais sejam fazer
previsões e inferências [...] estabelecer relações e formular generalizações
que possibilitam ao leitor aferir o sentido no texto. Esse processo de
significação implica no uso da memória, da atenção, da imaginação e da
representação desencadeadoras dos níveis mais satisfatórios da abstração. O
envolvimento das funções psicológicas superiores configura a leitura como
um processo cognitivo, um ato do pensamento (ARAÙJO, 1996. p. 89).

A leitura de literatura por meio do estimulo à imaginação, dá a oportunidade da


criança desenvolver seu intelecto, visto que, o texto literário promove que a criança realize o
reconhecimento de suas dificuldades, e ao mesmo tempo sugere soluções para os problemas
apresentados. Assim, a leitura de Literatura Infantil traz um leque de oportunidades ao
desenvolvimento leitor e a promoção do leitor em qualidade.
Assim, percebemos que, a leitura de literatura infantil possibilita que a criança se
desenvolva tanto do ponto de vista intelectual como do ponto de vista afetivo. Uma das mais
valiosas riquezas das narrativas infantis é permitir que a criança seja sujeito ativo da sua
aprendizagem, permitindo-se desenvolver através de suas experiências leitoras, a partir de
uma linguagem que compactuam com sua lógica.
Para Cademartori (2010, p.11) “[...] é o modo de oferecer aos pequenos um tipo de
informação e de recorte de mundo distintos daqueles que consomem diariamente”. Assim,
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convidando o sujeito a se incluir inteiramente, a literatura conceitua-se como espaço formador


de conceitos e de auto reflexões, a criança que ler literatura infantil torna-se leitor em
eficiência comunicativa, que serão capazes de inferir ativamente no meio ao qual estão
inseridos, e tornando-se cidadãos conscientes de suas escolhas. Portanto, a leitura de literatura
constitui-se como ferramenta eficiente para o desenvolvimento emotivo e cognitivo da criança
enquanto cidadão.

4 - OLHARES PARA O LUGAR DA LITERATURA NA SALA DE AULA

Os dados apresentados nesse tópico, implicam mostrar às vivências com a leitura


literária, bem como às implicações para formação leitora por meio das experiências vividas na
prática escolar em Educação Infantil. Concentrando-nos nas observações e informações
resgatadas do diário de campo, como forma para obtenção de dados para a referida pesquisa.
Nesse sentido para compor esse estudo, foram selecionados os registros do diário de campo,
que mais explicitaram a problemática da pesquisa. Nesse viés, serão transcritos os registros
apontados.
Para o início das análises foi-se observado nos registros o contato que as crianças do
campo de pesquisa tinham com literatura infantil. Foi então selecionada uma citação do diário
de campo referente ao período de observação.

Trecho 01: citação do diário de campo de estágio, extraída dos registros do


período de observação
“A leitura em sala de aula é oferecida por meio de atividades
escritas a serem desenvolvidas pelos alunos”.
Fonte: Diário de campo – período de observação

O trecho apresentado mostra que esse contato apresenta-se de forma fragmentada e


sem a dada valorização a leitura literária. Fato bastante preocupante, quando se conhece as
potencialidades e benefícios que a leitura de literatura infantil traz ao desenvolvimento da
criança. Entendemos que um profissional professor deve sempre está atento aos processos que
permitem que seus alunos possam vir a desenvolver a construção dos seus conhecimentos e
especificamente o gosto pela leitura, e nesse sentido o acesso a literatura infantil em sua
diversidade textual e beleza da linguagem, é que pode vim a contribuir nesse processo.
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Para Coelho (1987) a literatura é arte e representa o mundo através da palavra,


através da fusão entre o real e o imaginário. Segundo o autor a palavra escrita, bem como o
livro, são contribuintes para a formação da consciência de mundo das crianças.
Ainda pode-se constatar nesses registros que grande maioria das crianças da
pesquisa, não tinha contato com o livro e a leitura de literatura infantil em casa. O contato
com a literatura fora do contexto escolar se dava por meio das tecnologias com os contos de
fadas midiaticamente reproduzidos. Dado o fato, entendemos que a criança que não tem o
contato com a leitura de Literatura Infantil em eficiência, não tem possibilidades de
desenvolver o prazer e gosto pela leitura, sem que primeiro haja o contato.
Para Cademartori (2010), com a presença dos meios eletrônicos o contato com a
leitura de literatura infantil, se dará por meio de uma fenda e nunca pela porta principal. Para
tanto, entendemos que essa fenda refere-se ao acesso à leitura de literatura em sala de aula,
com a inserção desse gênero nas práticas escolares.
Diante do diagnóstico realizado, surge o questionamento sobre quais os caminhos
devem ser trilhado para a formação de leitores de literatura na educação infantil. Para tanto foi
desenvolvido um projeto de leitura, aplicado no período de regência, com o intuito de
oportunizar que as crianças tivessem o acesso a leitura de literatura infantil em suas
potencialidades, dando ênfase a promoção do desenvolvimento leitor.
Nesse viés, partimos do entendimento de que o potencial da literatura infantil na
formação de leitores e o acesso a literatura infantil desde os primeiros anos de escolaridade
permitirá que a criança se familiarize com a linguagem literária, ampliará seu repertório
textual, seu conhecimento de mundo, bem como o desenvolvimento intelecto emocional da
criança. Garantir o acesso ao contato com o livro por parte das crianças, mesmo sendo muito
pequenas é assegurar o direito de acesso aos portadores de texto, podendo assim se
familiarizar com eles e sentir o prazer, e a descoberta da beleza da linguagem literária,
apresentando ao seu pequeno leitor, múltiplos benefícios, bem como a possibilidade de
desenvolver a sua competência narrativa, a linguagem e a imaginação.
Partindo desse ponto de vista, é o livro e a palavra escrita que possibilita que a
criança tenha o acesso à leitura literária em sua totalidade e potencialidade. Para desvelar os
caminhos da literatura infantil na sala de aula, foram desenvolvidas diversas atividades de
leitura, onde para esta pesquisa foram selecionadas duas a serem analisadas, são elas, a leitura
do livro de literatura infantil e o reconto realizado por parte das crianças.
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O professor enquanto mediador tem que pensar com muita intencionalidade a


organização do espaço onde vai acontecer a leitura, fazendo com que a criança adentre-se na
fantasia mesmo antes que a realização da leitura seja efetivada. O espaço foi planejado e
organizado de forma a gerar autonomia e conforto, fazendo com que a criança sinta-se à
vontade, possibilitando que elas possam se expressar livremente durante a leitura. É o meio da
expressão que a criança mostra a sua interpretação da leitura, fazendo uma associação ao seu
mundo.
Nesse tocante, um dos meios mais expressivos e demonstrativos dos interesses das
crianças é através do reconto, este foi realizado de diversas maneiras pelas crianças, através
de desenhos, gestos, como também, foram realizados recontos coletivos. O reconto nesse
sentido, estimulou a curiosidade, a criatividade.
Assim, entendemos que ao trabalhar o reconto em sala de aula, o professor está
proporcionando experiências leitoras de qualidade aos seus alunos, permitindo que as crianças
desenvolvam o prazer pela leitura, através da compreensão e interpretação imaginativa de seu
enredo, identificando personagens, como também se identificando como tal, tornando-se deste
modo, uma atividade desafiadora e instigante, que proporcionará momentos de apreciação e
“degustação” da leitura de literatura através da interpretação livre que deriva do envolvimento
do sujeito com o autor e história lida. Quando o leitor mirim domina a narrativa e o código
ficcional ele está evoluindo em termos de aprendizagem, e por seguinte torna-se capaz de
narrar histórias a partir de sua percepção, o que enriquece de forma significativa a sua
capacidade de inferir na leitura a partir de seus conhecimentos antecipatórios. Para Amarilha
(2009) a oralidade apresenta-se como um atrativo da literatura infantil na escola, pelo fato de
que essa técnica tem a potencialidade de aproximar os leitores de forma significativa,
envolvendo-os coletivamente em uma mesma experiência imaginária.
Com relação ás atividades propostas e aos sujeitos da pesquisa, foram selecionados
registros fotográficos, a partir do desenvolvimento da atividade em questão, partindo do
critério do domínio e clareza da proposta realizada.

Imagens 1, 2, 3 – práticas de leitura de literatura em sala de aula


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a pesquisadora

Com a inserção da literatura na prática de sala de aula, percebe que há uma relação
de afeto para com os livros, através da história lida, as crianças se familiarizam, de tal forma
que chegam a se tornar sujeitos da história. É um momento de entrega, de sentimentos, de
pensamentos, de vivências, o ato da leitura também se consagra como momento de criação de
imaginação, de libertação, portanto de conhecimento e desenvolvimento do sujeito. Para essa
análise foi resgatada um trecho do diário de campo, onde reflete-se sobre o gosto pela leitura
literária.

Trecho 02: citação retirada do diário de campo de estágio, do registros do período de


regência
“Na segunda semana, as crianças já encantadas com o mundo literário
começam a trazer livros para a escola, que segundo elas eram de
parentes, ou até estavam esquecidos em suas próprias casas. Observa-se
na prática o que é dito pela teoria, o gosto pela leitura se desenvolve.”
Fonte: Diário de campo de estágio, período de regência

Fica evidente, dessa maneira, que o contato com o livro e a literatura é capaz de
desenvolver no leitor o prazer e o gosto pela leitura, através de experiências formativas que a

1
As imagens são referentes a pesquisa de campo, onde as crianças estão desenvolvendo atividades de leitura de
literatura e reconto, propostas pelo projeto de estágio do 6° período do curso de pedagogia da Universidade
federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em seu período de regência. Demostram o contato e a inserção das
crianças ao texto literário infantil.
13

literatura é capaz de oferecer. O professor a partir desse entendimento encontrará caminhos


para apresentar esse conhecimento às crianças. É licito supor que, cabe a escola
primeiramente o papel de formar leitores competentes, mas antes, é preciso que a criança
possa ter acesso à literatura infantil.
A importância de aproximar a criança da literatura é apresentada nessa análise, dado
ao exposto entende-se que o acesso e o conhecimento de literatura infantil permite assegurar o
prazer e a motivação para o ato de ler, o que oportuniza que a criança tenha a liberdade de
pensar sobre diversos aspectos da sociedade a qual está inserida, bem como questioná-los e
envolver uma opinião, inferindo significados, assim discernindo criticamente suas escolhas e
ações.
Assim podemos perceber que a literatura, bem como os livros, se constituem como
peças fundamentais para a formação e desenvolvimento das crianças, enquanto seres
participantes de uma sociedade, e enquanto discentes de uma instituição escolar. A partir do
desenvolvimento e do interesse a criança por si só buscará novas leituras e o contato com
novos livros, é a partir da afetividade para com o livro e a leitura, que induzirá a criança a
querer experimentar novas experiências leitoras. Proporcionando assim que ela conheça a
magia e o encantamento que esse tipo de leitura aborda, abrangendo seu repertório leitor e
conhecimento de mundo.
O prazer, a afetividade, a emoção, o encantamento, a fantasia e a ficção. A literatura
infantil é composta por requisitos, que, desequilibram e ao mesmo tempo proporcionam o
equilíbrio psíquico do seu leitor, formando o leitor crítico e em competência apto a exercer a
cidadania (ZILBERMAN,2003). Com isso, a unidade escolar cumpre sua função formadora,
de educar cidadãos para uma vida ativa em sociedade, capazes de discernir criticamente suas
escolhas e ações, através da interação leitura de literatura/realidade, elencando-a como fonte
principal de promoção do desenvolvimento do pensamento.

5 - METODOLOGIA

O Estágio Supervisionado II Educação Infantil, do curso de pedagogia a distância da


UFRN, foi realizado em uma escola municipal, localizada no Município de Tenente Ananias,
Rio Grande do Norte, sendo a mesma mantida pela prefeitura Municipal deste Município.
A escola possui um corpo docente formado por 8 (oito) professores, a equipe possui
formação nas três áreas, Ensino Médio (magistério), alguns profissionais com curso de
14

graduação, pós graduação em especialização. Com relação a equipe administrativa esta é


composta por diretora e coordenadora escolar, é válido ressaltar que a mesma não dispõe de
vice diretora, como também não possui conselho escolar.
Quanto a outros profissionais, a escola dispõe de 3 (três) zeladoras que também
atuam como merendeiras, e dois guardas que atuam nos turnos matutino e noturno. A unidade
escolar em questão oferece o ensino de educação infantil com faixa etária de três a seis anos
de idade nos turnos matutino e vespertino e EJA no turno noturno, atendendo a uma clientela
de 112 alunos. Quanto a estrutura física, a escola disponibiliza de uma secretaria, duas salas
de aula, uma sala de recreação, três banheiros e uma cozinha. É válido ressaltar que embora
tenha passado por recente reforma no ano de 2014 (dois mil e quatorze) obtendo melhorias na
estrutura física, como restauração das salas de aula em geral, construção da sala de recreação,
reforma em todos os setores, a escola não dispõe de biblioteca, sala de vídeo, laboratório de
informática, por questões de espaço físico.
O primeiro contato ocorreu no dia 17 de março de 2015, este, para oficializar o
estágio, apresentar a proposta das estagiárias para a escola e entregar a documentação. No dia
24 de março de 2015 iniciou-se a segunda etapa do Estágio, a observação participativa, onde
não só observou-se, mas também foi realizado um trabalho participativo junto com a
professora e realizado a coleta de dados através de registros, a fase concretizou-se no período
de uma semana, com término no dia 30 de março de 2015.Foi-se também atentado para a
proposta da escola, como se trabalhava os conteúdos curriculares em sala de aula.
A partir das observações e diagnósticos realizado, foi-se elaborado juntamente com
os professores regentes em sala de aula, um projeto didático cujo o foco principal deteve-se
sobre a leitura de literatura em sala de aula, visto a necessidade absorvida. O projeto foi
composto a partir do planejamento de sequências didáticas, que foram postas em prática no
período de 12 dias, iniciando dia 20 de abril de 2015. Tal planejamento se deu a partir dos
conteúdos pautados no plano bimestral da escola, enfocando a leitura como aspecto principal
e ponto de partida do trabalho realizado, mas não somente com fins pedagógicos. Englobando
suas especificidades e partilhando da proposta de que, a literatura em sua potencialidade tem
por si só um caráter formador em eficiência, portanto, apreciá-la da maneira correta, é o
suporte necessário, para o desenvolvimento da aprendizagem da criança.
O desenvolver da proposta partiu do entendimento de que sem a mediação, torna-se
impossível ter acesso a esse bem cultural que é a literatura. Para a regência em sala de aula
foi-se adotada uma definição de literatura atual, onde a definição da identidade do leitor se
destacou como de suma importância para o planejamento e ação em sala de aula, o que
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possibilitou que fossem desenvolvidas estratégias que englobassem as necessidades avaliadas,


a partir de objetivos bem conceituados, permitindo, que fosse possível iniciar o trabalho de
formação do leitor competente. A linguagem é explorada em sua complexidade, a arte literária
é então degustada de forma significativa, para as crianças, onde os pequenos leitores
deleitaram-se em um mundo de fantasia, depararam-se com conflitos, entregaram-se as
historias através de seus sentimentos, da sua afetividade, saborearam momentos de criação e
de recontos, (AMARILHA, 2009). Assim, atendendo a uma metodologia que visou cumprir o
destino estético e lúdico da literatura infantil, atendendo as necessidades existenciais em sala
de aula, e ao mesmo tempo específicas a cada leitor. Pressupondo e apresentando na prática,
que a relevância é de fato proeminente tanto no plano estético como no plano do compromisso
social.
Por entendermos que a leitura de literatura é de fundamental importância para
construção de conhecimentos e para o desenvolvimento da criança esse artigo contempla uma
metodologia qualitativa em educação, por meio de técnicas e instrumentos como, observações
e registros do diário de campo (MACHADO, 2007). que nos possibilitou fazer uma análise
reflexiva aprofundada da junção teoria e prática, fomentando o estudo para analisar os
caminhos percorridos para a formação de leitores de literatura na educação infantil.

6 -CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito deste artigo foi o de cogitar os benefícios que a leitura de literatura traz
ao desenvolvimento da criança, apontando qual relevância da leitura de literatura para
formação leitora e os caminhos a percorrer para o desenvolvimento do gosto e o prazer pela
leitura, através de análises e reflexões de estudos realizados conexos com a pesquisa de
campo desenvolvida no estágio supervisionado II, da (UFRN) Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, apresentando um “diagnóstico” sobre a inserção de literatura infantil, na
escola campo de estágio. Buscando assim, encorpar os conhecimentos adquiridos ao longo do
curso, através da análise reflexão da teoria e prática, com foco em apresentar o potencial da
leitura de literatura infantil.
Apresentamos que, ao longo do tempo cada vez mais se altera as formas de ver as
crianças e seu papel na sociedade, assim modificando também as concepções de infância. A
criança atualmente não é um ser isolado do mundo, ela está em constante interação e
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participação com seu meio, se apresenta ativa, participativa, única, complexa e individual,
passa a ter lugar reconhecido e independente e com relacionamento ativo na sociedade.
Do mesmo modo, as discussões possibilitaram entender que a literatura infantil
possibilita o desenvolvimento das capacidades afetivas e intelectuais da criança. Partindo do
entendimento de que o texto deve incidir com seu leitor, em suas necessidades, facilitando a
compreensão do real, através da fantasia a imaginação do pensamento. Entendemos assim,
que a Literatura possibilita modos de ler o mundo, que vão além de qualquer outros. Então
apontamos que, por si, a apreciação da literatura em sua potencialidade proporcionará e dará
elementos necessários para que a criança possa a vir a desenvolver-se, suprindo suas
necessidades através da mediação com o texto literário. Considerando o ato de ler como
complexo e significativo.
Contudo, é necessário um olhar reflexivo a respeito das práticas desenvolvidas na
educação infantil, a fim de possibilitar uma constante observação, avaliação, e renovação, em
busca da melhoria do processo de ensino aprendizagem e da participação do
professor/pesquisador, valorizando práticas de leituras, que realmente possam ser
significativas para a vida das crianças, entende-se que a leitura de literatura é a maneira mais
adequada para mediar o desenvolvimento e aprendizagem destes seres. Deste modo, é valido
salientar que o Estágio Supervisionado veio a possibilitar a construção dos estudos e
pensamentos apresentados no decorrer do trabalho, permitindo que a realidade do chão da
escola, campo de pesquisa atrelada com os estudos abordados, formulasse o corpo dessa
pesquisa.
Todavia, tal construção metodológica a partir de pesquisa qualitativa em educação,
possibilitou que a experiência de campo chegasse a se tornar objeto de estudo e reflexão, com
vias ao aprimoramento da formação do profissional enquanto graduando do curso de
pedagogia da Universidade federal do Rio Grande do Norte.
Desse modo, confiamos que esse trabalho possa contribuir de forma significativa,
para estudos da área de leitura com foco na literatura infantil, bem como para incentivar o
olhar sensível e reflexivo quanto ás experiências formativas desenvolvidas ao longo do curso
de pedagogia, dando como exemplo o Estágio Supervisionado em Educação Infantil, partindo
da busca pela formação continuada em determinadas áreas como a literatura infantil.
Acreditamos ainda, que este artigo possa vim a servir como objeto de reflexão e suporte para
professores da Educação Infantil, quanto á inserção da leitura de literatura infantil em sala de
aula.
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REFERÊNCIAS

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10/11(jul./dez. 1999 – jan./jun. 2000). Natal: EDUFRN, 2002.

______, Marly. Estão mortas as fadas? prefácio de Eliana Yunes. Petrópolis: Vozes, 2009.

ARAÚJO. M.D. Do hábito de ler à leitura como significado: qual a diferença? IN:
AMARILHA, M. (org.) Anais do 1° seminário Educação e Leitura. Natal/ UFRN, 1996.

CADEMARTORI, Ligia. O que é Literatura Infantil. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2010.

COELHO, N. N. A literatura infantil: história, teoria, análise. São Paulo: Quiron, 1987.

COSTA, M. M. da. Metodologia do ensino da literatura infantil. Curitiba: Ibpex, 2007.

CUNHA, Gustavo Ximenes. Por que o ato de ler é uma prática social? . revista
desempenho 8 (2009).

MACHADO, Ana Rachel. Trabalhos de pesquisa: diários de leitura para a revisão


bibliográfica. São Paulo, Araboça Editorial, 2007.

OLIVEIRA, M. A. de. A literatura para crianças e jovens no Brasil de ontem e de hoje:


caminhos de ensino. São Paulo: Paulinas, 2008.

YUNES, Eliana. A provocação que a literatura faz ao leitor. In. Educação e literatura:
redes de sentido / Marly Amarilha (org.). Brasília: Liber Livro, 2010. Cap. 3, P. 53 – 62.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. ed. São Paulo: Global, 2003.

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