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Morte e Luto na Família

Débora S. de Oliveira
Teoria e Intervenção Sistêmica II
https://www.youtube.com/watch?v=YojuFAdXT4U
• Quando o Luto passa a ser complicado?
• Quando uma manifestação se torna um sintoma?
• Quando se torna um legado?
• As pessoas/famílias possuem diferentes formas de reagir e lidar
com a perda.

• “... é uma reação a qualquer perda significativa, concreta ou


simbólica” (Parkes, 1998).

• É um período de crise, geralmente com elevado nível de estresse e


que na maioria dos casos evolui bem.

• Aumenta a vulnerabilidade à doença e à morte prematura dos


demais.

• Modifica a estrutura familiar e exige a reorganização do sistema


como um todo.

Luto
• Pessoa que morre se mantém na vida de sua família;

• Há uma natural desestabilização do sistema - quebra a


homeostase familiar;

• O processo de luto vai depender da forma como a família


elabora essa perda.
• Diferença entre família funcional e disfuncional

• Dos papéis e vínculos com quem morre ...

Morte na Família
• Algumas pessoas e famílias terão maior dificuldade em razão de:

 Características de personalidade,
 Circunstâncias do óbito ,
 Fatores históricos e sociais;
 Reconhecimento compartilhado da perda e da morte;
 Reorganização do sistema familiar
 Reinvestimento em outras relações e projetos de vida

Luto
Adaptação da família à perda

Forma da morte Rede familiar e social Momento da


perda no ciclo de Contextos
vida sociocultural
Violentas Flexibilidade
Repentina
Coesão e diferenciação de seus membros
Prolongada
Comunicação aberta X segredos

Disponibilidade da família extensa, recursos


sociais e econômicos

Papel do membro morto


Relações conflituosas ou rompidas
Famílias mais integradas Famílias menos integradas
Mais reações explícitas Pouca reação imediata –
imediatas – mais rápida a mais reações físicas e
adaptação. emocionais.
Evitas-se o contato com a
realidade
Maior sentimento de raiva
Famílias aglutinadas –
deslealdades e conflitos às
diferenças individuais
Famílias desligadas –
rompimentos emocionais

Luto
• Reações psicológicas das mais diversas possíveis:
• Do torpor à agitação, podendo incluir auto e/ou heteroagressividade.
• Negação - expressão de mecanismos defensivos para conter a
desorganizadora ameaça externa.
• Sentimentos de culpa são recorrentes, assim como a raiva.

Reações à morte...
• Intensificação do luto e negação da perda;
• Sentimentos de sobrecarga, recorrendo a condutas desadaptativas;
• Pode se cronificar entre 10 a 20% dos casos. Permanecendo
indefinidamente neste estado, sem avançar no processo de
resolução do luto.
• Conseqüências e alterações da saúde física e mental – luto enquanto
fator de risco.

Luto Complicado
• Podem ser maciçamente negadas
• Assumir como forma de mitos, segredos e expectativas

Incorporadas no funcionamento familiar e


manifestas através de fenômenos como as
lealdades e legados que tendem a se perpetuar.

Perdas consideradas críticas


(WALSH e McGOLDRICK, 1998)
• Pode alastrar-se por várias gerações.
• Desencadear o aparecimento de doenças (baixa resistência
do sistema imunológico);
• Colaborar para a explosão ou ondas de choque com o
desenvolvimento de comportamentos como a criminalidade,
o uso de drogas e o suicídio, divórcio e doenças graves
(Cassorla, 1998 citado por Tada ; Kovács, 2007).

Riscos do luto mal-elaborado


• A morte cria um vácuo, e os sistemas emocionais e
físicos tenderão a preenchê-lo.

• Conforme Friedman (2008) nesse processo, os


rompimentos entre os membros da família irão começar
a terminar, ao longo do primeiro ano. As mudanças na
responsabilidade são normais e a substituição de papel
torna-se um objetivo para muitos.
• São os hábitos, mitos,
costumes, lendas, culturas;
• A história familiar que vai
sendo transmitida dos pais para
os filhos e assim sucessivamente.
• Num certo grau, os familiares
passam as lendas, naturalmente,
de uma geração para outra,
produzindo uma história com
personagens que sempre terão a
ver com os anteriores (Groisman,
2006).

Legado Familiar e Luto


 Aumento significativo da
rigidez (condutas);
Manifestações no
 Mundo exterior muito
âmbito familiar ameaçador (família “fecha-
se”- reduzindo as trocas com
o meio);
(transmissão  “Coincidência de eventos”
emocional de  Adoecimentos;
padrões)  Repetição de padrões
familiares;
O trabalho do luto é...

• Permitir que a pessoa enlutada passe de vítima a


sobrevivente e que cresça por meio dele.
• Acolher a família que passa por um processo
transacional inerente ao ciclo vital;
• Naturalizar a ressonâncias do luto de curto e longo prazo,
tanto no grupo familiar quanto em seus membros
individualmente. Ondas de choque (Bowen, 1976).

COMPREENDENDO SISTEMICAMENTE
• “onda de choque emocional” proposta por Bowen (1998,
p.161) evidencia o movimento promovido por uma
resposta não adaptativa a eventos estressores ocorridos
dentro do grupo familiar, entre eles a morte de um
membro significativo.
• Se caracteriza por atuar na família como uma rede
subterrânea de recíproca dependência emocional entre
seus membros.

COMPREENDENDO SISTEMICAMENTE
• Elaboração através de cartas, clips, filmes, literatura;

• “Rodas de conversa” entre os membros sobreviventes


sobre as coisas boas e não tão boas do falecido.

• As crianças devem ser expostas à morte?

As crianças são “feridas” pela exposição à ansiedade dos sobreviventes.

COMPREENDENDO SISTEMICAMENTE
• Dar voz à família, que vivencia o presente e se apoia em
suas origens geracionais.
• Abordá-la de forma multigeracional (considerando o
legado de perdas passadas e a diversidade de cultura nos
processos de luto.
• A dinâmica familiar influencia como esse processo será
vivido (Krüger & Werlang).
• Uso do genograma como ferramenta para acessar as
informações e conexões que perpassam as gerações.

COMPREENDENDO SISTEMICAMENTE
• A morte deixa sempre um legado...
De fortalecimento ou de trauma, que fecha um sistema e
distorce os relacionamentos dos sobreviventes.
• Quando a morte é estigmatizada e cercada de sigilo
O poder do legado é intensificado.
• Qdo as familias são incapazes de fazer o luto, de compartilharem o
reconhecimento da perda e reinvestirem em outros
relacionamentos e projetos de vida
A recuperação fica prejudicada e o legado continua.
• Quando a morte ocorre fora de hora ou no contexto de relações
familiares conflituadas
Existe uma acumulação de perda.

Walsh & McGoldrick


Exercício vivencial
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Compreensão sistêmica do Luto
Luto na criança
Conceito de morte e desenvolvimento cognitivo de Piaget

(Mazorra, 2005; Paiva, 2011; Torres, 1999)

• Período Operacional (6 a 9 anos);

Organização em relação ao espaço e tempo


Distinguem melhor seres animados e inanimados
Morte como um processo definitivo e permanente –
Irreversibilidade da morte
Mas acredita que pode escapar dela
Predomínio do pensamento concreto
Não explicam a causa da morte

(Mazorra, 2005; Paiva, 2011; Torres, 1999)


• Período Operacional (6 a 9 anos);

Grupo mais vulnerável


Atingiram desenvolvimento cognitivo capaz de
compreender a morte
Pouca capacidade emocional para lidar com ela
Evitam falar sobre o assunto como forma de proteger os adultos fragilizados
União do subsistema fraterno – cuidar dos pais

(Mazorra, 2005; Paiva, 2011; Torres, 1999)


• Linguagem apropriada ao seu desenvolvimento cognitivo;

Devem ser evitadas expressões como:


“Agora ele/a vai descansar”
“Vovô/ó dormiu para sempre”
“Foi ficar com Deus”
“Virou uma estrelinha”

Podem ser traumáticas


Algum momento vai querer parar de descansar
Medo de dormir
Revolta à religião, à Deus

(Mazorra, 2005; Paiva, 2011; Torres, 1999)


• Linguagem apropriada ao seu desenvolvimento cognitivo;

Não há problemas em virar estrelinhas, mas a criança precisa


ouvir/entender que a pessoa morreu

(Mazorra, 2005; Paiva, 2011; Torres, 1999)


Intervenções com crianças e famílias
em situação de luto

• Com perguntas, você pode observar a condição do estado mental


da criança;
– Vc éstá sentindo alguma dor?
– Dor na cabeça? Dor de barriga?

• JAMAIS minta para a criança;

• JAMAIS deixe-a sozinha;

• Auxilie na expressão dos sentimientos ;


(brincadeiras, desenhos, atividades creativas)
• https://youtu.be/yM1AE02sE20

Vídeo infantil …
Livros infantis …

https://www.youtube.com/watch?v=6UxyVTXzT0g
Cartilhas infantis …
Cartilhas infantis …
Filmes infantis…

https://www.youtube.com/watch?v=BR_
mg5kKWTM

https://www.youtube.com/watch?v=wtt4uiCb2P0
• PINCUS,L. A família e a morte: como enfrentar o luto. São Paulo: Ed. Paz e
Terra,1989.
• WALSH,F.; McGOLDRICK,M. Morte na família: sobrevivendo às perdas.P
orto Alegre:ARTMED,1998.
• WORDEN,J.W. Aconselhamento do luto e terapia do luto - um manual para
profissionais da saúde mental. São Paulo:Roca,2013
• DIDION, J. O ano do pensamento mágico. Rio de Janeiro:Nova Fronteira,
2006.
• KÜBLER-ROSS, E. A roda da vida.: memórias do viver e do morrer. Rio de
Janeiro: Editora Sextante, 1998.
• KÜBLER-ROSS, E. O túnel e a luz: reflexões essenciais sobre a vida e a
morte. Campinas: Versus Editora, 2003.
• YALON,I.D. De frente para o sol: como superar o terror da morte.Rio de
Janeiro: Agir,2008.

Referências Bibliográficas

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