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FAMÍLIAS RESTAURADAS Autora: Angela Sirino

Copyright 2018 Autor da Fé Editora


Categoria: Vida Cristã Diagramação: Cainã Meucci
Capa: Daniel Gonçalves
Primeira Edição – 2018 Preparação e revisão: Danielle Paes
Todos os direitos reservados. Vitor Cruz
É proibida a reprodução total ou
parcial sem a permissão escrita Coordenação Editorial: Filipe Mouzinho
dos editores.

As citações bíblicas foram extraídas


da edição Almeida Revista e Corrigida
SUMÁRIO

- PARTE I
Minha família pode ser melhor.......................................7

- PARTE II
Proteja sua família da doença.......................................77
Parte I

Minha família pode


ser melhor
“A família é o único fenômeno social, além do fenômeno reli-
gioso, que se encontra em todos os tempos e em todas as culturas.”

N o plano de Deus, a família é uma ordem da criação


(Gênesis 1:26-31). Ela é a origem de tudo o que
se possa pensar sobre relacionamento interpessoal. Para os
judeus, a família sempre foi o agente integrador de grupo,
o estabilizador emocional e o corretivo psicológico. Eis a
razão porque, para eles, preservar a família era preservar a
pureza do seu povo e de sua nação.

A família é o lugar privilegiado em que se inicia a edu-


cação, o exercício do amor fraternal e a solidariedade em
suas múltiplas formas. Onde se aprende experiências que
vão permanecer por toda a vida. Não existe outra oficina que

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

se possa comparar à família na modelagem do caráter do


indivíduo. Além dessa função, a família também serve como
moderadora da ordem social. É nela que todos aprendem
a servir. Ela é o laboratório do desenvolvimento cultural,
social e humano, nela começam a desenvolver-se as virtudes
do homem em várias dimensões. As principais delas: emo-
cional, física, espiritual e material.

Quando a família vive para cumprir os propósitos de


Deus, se torna o lugar da manifestação de sua glória. Isso
nos ajuda a compreender porque a presença Dele na fa-
mília é imprescindível. “Se faltar tudo na casa, mas pre-
servarem a presença de Deus, do nada Ele pode chamar
tudo à existência”.

Mas se a família é um projeto de Deus e existe para a sua


glória, qual a resposta que daremos às frequentes perguntas:
Por que famílias de pessoas boas fracassam? Por que bons
casamentos terminam em divórcio? Como prevenir o adoe-
cimento do relacionamento familiar? Quais são os sintomas
que revelam que a família está doente, precisando de cura?
Deixe-me compartilhar com você um texto que recebi (au-
tor desconhecido, alterado por mim):

Quando uma família está doente?

Quando na família impera a lei da selva, vence o maior, o


mais forte, o mais esperto.

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Quando a família é dominada pela lei do descaso, fazem


o mal e deixam de fazer o bem.

Quando numa família vale o que se tem, e não o que se é.

Quando a família é dirigida pela lei do mau exemplo.

Quando os canais de comunicação estão bloqueados.

Quando não há liberação de perdão.

Quando um transfere para o outro a culpa e a responsabilidade.

Quando ninguém assume o seu papel.

Quando se faz festa para os convidados, mas não há festa


no relacionamento familiar.

Quando não há mais refeição com todos à mesa, porque a


TV e a internet se tornou o centro das atenções.

Quando há tapas em vez de abraços. Quando as críticas


substituem os elogios. Quando o medo toma o lugar da
segurança. Quando a infidelidade parece ser normal.

Quando o cônjuge, os filhos, os irmãos não são prioridades


importantes.

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Quando não se tem, por algum motivo, vontade de voltar


para a casa.

Quando o lar já não é o melhor lugar para se estar.


Quando Deus é lembrado apenas para nos socorrer nas
emergências.

Quando o lar passa a ser um lugar de vergonha, e não da


expressão da glória de Deus.

Ninguém quer que sua família esteja doente. Todo ser hu-
mano sonha com uma família feliz, melhorada e restaurada.
Porém, na vida real, no dia a dia, parece que todos nós em
alguma etapa passamos por algum tipo de problema, parece
que as famílias estão adoecidas.

As famílias são confrontadas com divergências pessoais,


vivenciam crises de falta de comunicação, outros sofrem a
dor da infidelidade conjugal, passam por problemas finan-
ceiros, outras sofrem com a delinquência juvenil, ainda com
a rebeldia dos filhos, outros têm o dissabor de ter algum
membro envolvido nas drogas, enfim, são inúmeros os ata-
ques vindos sobre a família.

Esses e outros problemas tentam trazer o distanciamen-


to entre os seus membros, levando ao enfraquecimento dos
vínculos familiares. Infelizmente, muitos desses problemas

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afetam também os lares cristãos, gerando em nós uma crise


de identidade cristã. Ficamos questionando Deus e o mun-
do, tentando encontrar explicações do motivo pelo qual so-
fremos problemas familiares, pois geralmente achamos que
o fato de termos Cristo no coração, orarmos, jejuarmos e
pertencermos a uma igreja nos deixa isentos de problemas!

Quantos lares conhecemos que os membros estão emo-


cionalmente em cacos, machucados, infelizes, frustrados,
deprimidos, passando por intensas crises tanto na área con-
jugal como no relacionamento com seus filhos, e ainda estão
vivendo uma crise de identidade espiritual.

Essa crise é gerada pela dor da angústia, que nesse caso


é resultado de uma busca de perguntas e respostas, feitas
diante do conhecimento das mais belas promessas de Deus
para nossa vida e para nossa família, confrontadas com o
grito na alma, perguntando a si mesmo: – Onde errei? En-
sinamos todos os filhos de forma igual...

Onde Satanás encontrou legalidade para entrar na minha


casa?! Onde? Como? Por quê? E passamos horas e dias pro-
curando o culpado, nos machucando, assim, cada vez mais.
Nos sentimos impotentes diante do desafio de mantermos
um casamento feliz e apaixonante pelos anos que se passam,
ficamos sem saber o que fazer, ou cansados de tentar mais
uma vez, surgem tantas dificuldades.

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Parece que fazer de nossos filhos nossos sucessores tam-


bém não é tão fácil como pensávamos, isso mesmo, eles vão
continuar nossa história, a história da nossa geração, vão
continuar nossos negócios. Mas eis a pergunta: – Como fa-
zer? O que precisamos ensinar? De qual forma? Com qual
linguagem? Onde temos errado?

Em Salmos 127:4 temos algo que se encaixa bem aqui:


“Vós sois os arcos (nós, os pais) dos quais vossos filhos são arre-
messados como flechas vivas. Como flechas na mão do guerreiro,
assim são os filhos”. A alegria dos pais é ver os filhos vencendo
na vida, acertando alvos, realizando sonhos, sendo bem-su-
cedidos e prósperos em tudo que colocarem suas mãos.

Por outro lado, não há tristeza maior do que os ver der-


rotados, machucados e frustrados. Porém, como evitar isso?
Quem já tentou arremessar uma flecha sabe que não é nada
fácil atingir o alvo. O mesmo se dá com nossos filhos: não
é nada fácil fazê-los atingir os alvos da vida. Geralmente
sonhamos para eles alvos ainda melhores e maiores do que
os que nós alcançamos, a própria lógica da flecha é ir mais
longe do que o arqueiro. Isso também é verdade em relação
aos nossos filhos: queremos que eles vão mais longe do que
nós. Porém, para que a flecha acerte o alvo, algumas condi-
ções precisam ser satisfeitas: “Elas, AS FLECHAS, TÊM
QUE ESTAR NA MÃO DO GUERREIRO”, essa é uma
das verdades mais impressionantes desse verso bíblico: “O

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sucesso dos nossos filhos está em nossas mãos. Depende


muito mais de nós do que deles”.

Nossas atitudes escrevem nosso destino. Somos respon-


sáveis pela vida que temos. Culpar os outros pelo que nos
acontece é cultivar a ilusão. Gostaria de refletir sobre a sabe-
doria bíblica que diz: “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes
dos filhos se embotaram” ( Jeremias 31:29b).

A palavra “embotaram” significa enfraquecer, estragar. Se


fôssemos explicar esse verso em uma linguagem contextu-
alizada, seria como dizer: Os pais comeram balinhas e os
dentes dos filhos deram cáries. Significa mais ou menos
assim: os pais têm determinadas atitudes que infelizmente
afetarão a vida dos filhos, ou seja, os pais fizeram algo, mas
quem sofreu o dano foram os filhos.

Não quero aplicar esse texto à maldição familiar como


muitos dizem, mas quero te levar a perceber que biblica-
mente e cientificamente é comprovado que existe grande
probabilidade que os filhos poderão pagar pelas atitudes dos
pais, e isso acaba se arrastando por gerações. Sim! É fato
comprovado por teses científicas estudadas sobre a psique
humana que o que os pais fazem afetam a vida dos filhos,
o lar e a família. Por exemplo, o pai que se droga pensa que
está drogando apenas a si mesmo, engano! Está drogando
a família toda porque os problemas vividos dentro de um

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lar não são individuais, mas coletivos. O outro grande pro-


blema é que os filhos têm a tendência de repetir os erros de
seus pais. Inconscientemente eles reproduzem os modelos
de seus pais, e estabelecem um padrão de comportamento
igual ao deles, que posteriormente poderão ser seguidos
também por seus filhos, e assim sucessivamente. A Bíblia
ensina que há uma responsabilidade individual pelo peca-
do, como pode ser observado no livro do profeta Ezequiel:
“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes
vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio,
dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é
que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR
Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as
almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho
é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:1-4). O ca-
pítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado
um costume em Israel colocar a culpa dos fracassos pesso-
ais nos antepassados ou em outros.

Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim do Éden,


quando, por ocasião da queda, o homem colocou a culpa
na mulher e a mulher na serpente. Parece ser próprio do ser
humano não admitir seus erros, buscando desculpas evasivas
para não os tratar de forma responsável à luz da Palavra de
Deus. Infelizmente, alguns acham mais fácil culpar os pais,
as ideologias, a pós-modernidade, o parente, o vizinho e até
o cachorrinho do que enfrentar suas tentações e vencê-las.

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Porém, é inegável que os pais têm grande influência na for-


mação espiritual, emocional e física dos filhos. E é sobre isso
que quero falar nesse capítulo.

A Bíblia é a Palavra de Deus, fiel e verdadeira, é a carta


de amor de Deus à humanidade, contém histórias incríveis,
que nos ajudam com seus exemplos. Mas, a Bíblia não mos-
tra apenas os bons exemplos e omite os ruins, ela mostra as
fraquezas das pessoas, mas também mostra os pontos fortes,
mostra qualidades e defeitos, mostra exemplos de mulheres
virtuosas e tolas, mostra exemplos bons e ruins de esposas,
maridos, filhos, servos de Deus e também de famílias. Ao
lermos as narrativas bíblicas, vamos observar ao longo da
história homens e mulheres que tinham intimidade com
Deus, testemunhavam disso, tinham promessas tremenda-
mente maravilhosas, viveram milagres fenomenais, mas que
tiveram problemas, inclusive com seus filhos e com sua es-
posa, outras personagens tiveram problema com seu marido!

Personagens bíblicos também tiveram problemas familia-


res. Deus não omitiu tudo isso, antes, nos mostra que pode-
mos aprender com esses erros, tirando lições que podem ser
aplicadas em nossas vidas nos dias atuais. Diz o Dr. Augusto
Cury: “Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros,
uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros”. Apren-
der com os erros dos outros dói bem menos do que aprender
com os próprios erros. Vale lembrar que erros acontecem

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por vários motivos, e para evitar repeti-los, precisamos en-


tender o que os ocasionou.

Isso me faz lembrar de algo. Conta-se que um sábio con-


duzia seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, cami-
nhava com agilidade, enquanto o rapaz escorregava e caia a
todo instante. O aprendiz blasfemava, levantava-se, cuspia
no chão traiçoeiro e continuava a acompanhar seu mestre.

Depois de uma longa caminhada, sem nada dizer, o sábio


dá meia volta e começa a viagem de volta ao ponto de onde
havia iniciado a caminhada. Irritado, o aprendiz se dirige a
ele e diz: – “Você não me ensinou nada hoje”, logo após levar
mais um tombo. Calmamente o sábio responde: – Ensinei
sim, mas parece que você não quer aprender. Estou tentando
lhe ensinar como se lida com os erros da vida.
– E como você lida agora com eles? – “Como deveria lidar
com seus tombos”, responde o sábio – Parece que você não
aprendeu nada ainda, não é? Então em vez de ficar prague-
jando o tempo todo, procure descobrir o que está te fazen-
do escorregar e cair. Pois bem, isso acontece conosco mais
do que pensamos, também preferimos murmurar em vez de
descobrir estratégias para que os mesmos erros não se repi-
tam em nossas vidas e na vida de nossos filhos.

Várias famílias souberam honrar a Deus obedecendo aos


seus mandamentos, investindo nos valores familiares e dan-

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do a nós bons testemunhos. Vejamos alguns exemplos bons


e ruins:

FAMÍLIAS QUE DERAM BONS EXEMPLOS NA


BÍBLIA:

1ª - Família de Noé: fé e obediência - O patriarca achou


graça aos olhos do Senhor que o considerou justo e íntegro
entre seus contemporâneos (Gn. 6:8-9). A tristeza de Deus
para com a humanidade corrompida, levou-o a decidir por
um novo começo. Noé exerceu, ao lado de sua família, uma
fé que os levou à obediência naquilo que Deus lhes orde-
nara. Com isso, Deus estabeleceu o seu novo projeto e Noé
e sua família tiveram uma aliança de amor com seu Deus
(Gn 9:8-9).

2ª - Família de Moisés: união e liderança - Casado com a


midianita Zípora, Moisés teve dois filhos: Gérson e Eliézer.
Os seus irmãos, Arão e Mirian, estiveram ao seu lado na
condução do povo de Israel para a Terra Prometida. Seu so-
gro, Jetro, foi seu conselheiro para que ele delegasse poder e
nomeasse novos líderes de grupos em Israel. Moisés, ao lado
de sua família, foi um grande líder e todos gozavam união,
deixando a nós um exemplo a ser seguido.

3ª - Família de Lázaro: acolhedores - Durante seu mi-


nistério terreno, Jesus sempre visitava uma família na qual

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sempre era bem-vindo. Quando Ele estava com essa família,


era bem servido, ouvido e amado. Isso não só acontecia com
a presença de Jesus, mas os moradores de Betânia também
eram simpatizantes e amavam essa família. A prova disso foi
a morte de Lázaro ( Jo 11).

FAMÍLIAS QUE DERAM MAUS EXEMPLOS NA


BÍBLIA:

1ª - Família de Adão: desobediência e falta de ética. Adão


constituiu a primeira família na face da terra, que deu maus
exemplos aos seus descendentes, desobedeceram a Deus e
faltaram com a ética um para com o outro. Ele e sua mulher,
Eva, depois de pecarem, responsabilizaram um ao outro pela
desobediência (Gn 3:12-13). Como consequência, o peca-
do entrou no homem, e o primogênito, Caim, cometeu o
primeiro homicídio na face da terra, contra seu irmão, Abel
(Gn 4:8). Adão e Eva geraram Caim, Abel, Sete e ainda
tiveram outros filhos e filhas (Gn. 5:4).

2ª - Família de Eli: prostituição e profanação. Eli era


sacerdote e foi responsável pela formação espiritual de Sa-
muel. No entanto, não teve autoridade para educar seus fi-
lhos, apesar de ser cobrado pelo Senhor. Seus filhos eram
ímpios e malfeitores, praticavam prostituição, e não respei-
tavam aquilo que era sagrado ao Senhor. (I Samuel 4:11-
21). Uma das coisas mais interessantes e peculiares da Bíblia

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é que ela, diferentemente de muitos livros biográficos, não


esconde nada de bom ou de ruim que tenha sido praticado
pelos seus personagens, sejam eles secundários ou protago-
nistas. Quando lemos as biografias familiares, percebemos
que aquelas que agiam segundo os preceitos da Lei de Deus
tinham as bênçãos e as que não observavam os preceitos da
Lei eram amaldiçoadas (Dt 30:19-20). Isso nos faz relem-
brar o capítulo 1 deste livro. Nossa atitude de buscar a Deus
em primeiro lugar determinará onde iremos chegar.

Semelhantemente aos personagens das famílias citadas


acima, temos pontos fortes e pontos fracos, mas também
temos tantas promessas de Deus para nós em sua Palavra.
Veja algumas:

• Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa.


(Atos 16:31)

• Se ouvires a voz do Eterno, teu Deus, virão sobre ti e


te acompanharão todas estas bênçãos: Bendito serás tu na
cidade e bendito serás no campo. Benditos os filhos do
teu ventre, como igualmente as colheitas da tua terra, os
bezerros e os cordeiros dos teus rebanhos.
(Deuteronômio 28:2-4).
• Ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo
quando for idoso não se desviará dele!
(Provérbios 22:6)

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

De repente, parece que a vida nos prega uma peça, nos ve-
mos diante de conflitos, de problemas, analisamos e parece
que fizemos tudo direitinho, ensinamos, oramos e cremos,
mas os problemas estão bem aí diante de nós!

Lembro-me quando comecei a ler na Bíblia a história


do patriarca Jacó, que família desafiadora! Jacó era neto de
Abraão, pai da fé, aquele que iria sacrificar o próprio filho
Isaque, quando o anjo apareceu trazendo um cordeiro. Sua
avó era a irmã Sara, aquela que era estéril e ficou grávida
já velhinha. Você se lembra quando ela serviu bolo para os
anjos que foram visitá-la em casa? Pois é, observe só o ní-
vel de relacionamento que essa família tinha com o Eterno,
a proximidade, os testemunhos de milagres dessa família,
diga-se de passagem, que essa família não era qualquer
uma! Eles tinham a promessa. A partir deles seriam ben-
ditas todas as famílias da Terra.

Ainda falando sobre o patriarca Jacó, escolhido por Deus


desde o ventre, o Senhor reafirmou nele a promessa fei-
ta a Abraão e a Isaque. Quando olhamos para a história
desse moço, vemos que ele era muito esperto, comprou de
Esaú, seu irmão, o direito de primogenitura por um prato
de comida, enganou a Isaque, seu próprio pai, para receber
a bênção, teve de fugir para escapar da ira de Esaú. Deta-
lhe: sua mãe tramou tudo com ele. Jacó era o predileto da
mamãe. Ele encontra Raquel, com a qual deseja se unir em

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matrimônio. Casa-se e descobre na lua de mel que o sogro


o enganou dando-lhe Lia, e não Raquel. Que sogro! Mas
também parece que aqui ele estava colhendo o que havia
feito com o irmão e com o pai.

Pois bem, continuemos a história dessa família. Então,


ele casa também com Raquel, foge de Labão, seu sogro.
Encontrou-se com anjos durante a jornada, ele lutou com
um em Peniel até reafirmar as promessas do Senhor sobre
sua vida. Reconciliou-se com Esaú, seu irmão, foi abenço-
ado por Deus em Betel e Ele lhe deu o nome de Israel. A
família cresce, e imagine em que cenário: duas esposas, Lia
e Raquel, duas concubinas, Bila e Zilpa, ou seja, 4 mulheres
diferentes que lhe dão 12 filhos e outras filhas. Como é cho-
cante a vida dos filhos de Jacó, eles cometem atos horríveis,
por exemplo, todos os irmãos, exceto Rúben e Benjamim,
participaram da venda do irmão José como escravo.

Noutra época, um príncipe se encantou com a graciosi-


dade de Diná, filha de Jacó, e a seduziu, então, Simeão e
Levi, irmãos de Diná por parte de pai, decidiram vingar-se,
foram excessivos na sua raiva e Jacó foi obrigado a levantar
acampamento. Outra tremenda tristeza para Jacó foi quan-
do Rúben, o filho mais velho, se apaixonou por Bila, sua
concubina, e dormiu com ela. Judá, seu outro filho, era um
homem dado às mulheres, sua nora querendo gerar descen-
dentes disfarçou-se de prostituta e gerou um filho dele.

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Jacó se encaixa naquele ditado popular: “filhos criados,


trabalho dobrado”. Já no fim da história, Jacó desce ao Egi-
to, revê o filho José, abençoa todos os seus filhos, morre e
é sepultado em Canaã, velho e farto de dias. Que família
desafiadora, que família problemática! Que luta! Sabe o que
acho lindo na Bíblia? Ela não esconde as imoralidades dos
homens, erros pessoais e familiares, ela mostra os pecados,
as complicações e consequências dele. Enquanto isso, no
mundo natural, pessoas depravadas escrevem livros, produ-
zem peças de teatro, filmes e novelas mostrando os prazeres
do pecado, induzindo as pessoas ao erro, e escondendo os
perigos e sofrimentos que o pecado produz. Hollywood faz
filmes e glorifica o pecado.

Semelhante à história de Jacó, um homem que tinha tan-


tas promessas de Deus e, paralelamente, teve tantos problemas
com os filhos, olhamos para nossa vida e para a vida de algumas
famílias ao nosso redor e falamos: – Meu Deus! O que é isso?
Onde está a sua Promessa para minha vida, para minha casa?
– Meu Pai, meu Senhor! Coitado do irmão “X”, tadinha da
irmã “Y”, pobre família “Z”, aquele homem, aquela mulher é
abençoadíssima, aquela família é “a família”! Já ouvi tantas pro-
messas do Senhor para eles, o que é isso, que fúria do inimigo é
essa?! Que filhos problemáticos eles têm!

Que luta! ( Já ouviu ou falou isso? Já viu essa cena? É mais


comum do que pensamos).

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O que precisamos entender? Por que essas coisas


acontecem?

1 - Nem sempre as coisas acontecem como sonhamos. Pre-


cisamos entender que sonhamos com algo para nossas vidas
e nossa família, e às vezes isso não acontece. Mesmo sabendo
que Deus tem sonhos melhores do que os nossos, – inclusive,
isso é parte de suas promessas para nós –, precisamos entender
que podemos vir a entrar em enrascadas. Podemos vir a sofrer
frustrações, decepções e atravessar crises e conflitos familiares,
mas não podemos desistir de sonhar e de alcançar as promessas
de Deus para nós por causa dos problemas, pois Ele é poderoso
para reverter situações e transformar lutas em bênçãos, vergo-
nha em superação.

2 - Problemas são causados por diversos fatores: uma das


coisas que Jesus disse foi: “...No mundo passais por aflições;
mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo” ( João 16:33).
Após ter dito essas palavras, Jesus orou: “ ... Pai Santo, guar-
da-os em Teu nome... Não peço que os tires do mundo, e sim
que os guardes do mal” ( João 17:11-15). Problemas vêm e
vão, são originados de várias situações, entre elas, a perda do
Éden, que revelou nossa (1) natureza humana e pecadora, as
(2) influências mundanas, também podemos ter problemas
decorrentes de (3) atos de terceiros. Exemplo: patrões, vizi-
nhos, políticos e colegas, esses podem praticar certas condutas
que nos prejudicam diretamente. Entretanto, a maioria dos

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problemas são gerados por nossas (4) próprias escolhas e ati-


tudes. Parece que esquecemos de pensar nas consequências e
depois nos pegamos dizendo: – Se eu não tivesse agido assim,
o resultado seria diferente! E, às vezes, escolhemos fazer o que
julgamos correto, mesmo sabendo que essa escolha poderá
nos trazer prejuízos. Outros problemas podem ser (5) propó-
sitos divinos para gerar em nós maturidade. É para o nosso
amadurecimento, pois nenhuma pessoa se torna sábia do dia
para a noite, conhecimentos nos são acrescentados à medida
em que suportamos as provações.

Em síntese, ainda precisamos entender que nós, cristãos,


atribuímos tudo que acontece conosco à mão de Deus! Sim,
Ele sempre está conosco, até permite passarmos por crises,
mas muitas dessas crises são vontade permissiva de Deus, e
não porque Ele projetou essa crise no percurso da nossa vida.
É bem verdade que muitas crises que passamos são mão hu-
mana, resultado de agirmos, muitas vezes, precipitadamente,
sem nem ao menos orar e consultar a Deus. Quantas vezes
dizemos assim: – Deus, não é bem assim não! Faça desse
jeito! Ainda há quem diga: – O Espírito Santo não entende
de tal coisa aqui na Terra não! Outras vezes dizemos:

– Deixa, vou dar MEU jeito. E o jeito de Deus fica lon-


ge de acontecer. O problema é que esse nosso jeito muitas

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vezes traz tantos dissabores e dores! Ainda bem que Deus


é misericordioso, entra na nossa história e conserta, ajeita,
ajusta nossas crises.

A vida cotidiana nos leva a perceber o quanto estamos do-


entes da alma, cada membro da família individualmente, uns
mais, outros menos. Um dos maiores sintomas disso está evi-
dente na falta de paciência expressa pela agressividade, pelo
tom de voz, pela irritabilidade e pela falta de domínio próprio.
Você já percebeu como as pessoas dentro da família estão com
o pavio curto, como diz o ditado popular, ou seja: explodem
com a maior facilidade, perdem o controle e agem impulsi-
vamente? Parece que têm dias que apenas uma gota é o sufi-
ciente para nos tirar do sério. Quantos de nós já explodimos
em alguma conversa na qual discordaram de nossas opiniões?
Quando os filhos nos desobedeceram? Quando conflitos com
o cônjuge não foram resolvidos?

Parece que em algumas dessas situações estávamos como


uma panela de pressão, aguardando apenas uma gotinha
d’água para explodir! E quantas vezes já explodimos mes-
mo! Fizemos coisas das quais nos arrependemos, depois
vem a vergonha, a culpa, o remorso, etc. Isso acontece sob a
pressão e estresse do dia a dia, agimos de repente como uma
explosão de raiva, agressividade e falta de autocontrole, essa
explosão tem o nome de surto psicótico, que nos leva a agir
como alguém aparentemente bipolar.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Falta habilidade para lidar conosco, com o cônjuge e com


os filhos. A família é a mais afetada nessas reações. Eu aten-
do muitas pessoas cristãs que têm ou já tiveram um surto
psicótico, resultado de uma crise emocional, financeira, espi-
ritual ou física que a pessoa atravessa. Em alguns casos mais
graves, a pessoa falava comigo de forma desorganizada, sem
dizer coisa com coisa, se comportando de forma incoerente,
com tumulto emocional, apresentando humor deprimido ou
euforia extrema, viam coisas (inclusive alucinações). Geral-
mente, quem passa por isso pode vir até a ter pensamentos
suicidas. São reações que acontecem sob grande estresse,
sendo muito comuns. Já aconteceu inclusive comigo, nem
gosto de lembrar. Certa vez, entrei debaixo do chuveiro com
roupa, sapato, bolsa e tudo, liguei a água e comecei a gritar, a
sensação que tinha era que se não fizesse aquilo, iria morrer
de angústia. Foi no auge de uma crise financeira que pas-
samos em família. Ainda bem que aos poucos eu consegui,
com a ajuda do Espírito Santo, me controlar com o domínio
próprio. Outra vez aconteceu algo um pouco pior. Eu estava
sem dormir, fui buscar meus filhos na escola, tonta de sono,
mal conseguia falar e alinhar minhas ideias devido ao meu
cansaço, e quando um deles me respondeu algo, me senti
ofendida, era uma coisa tão boba, mas devido ao meu cansa-
ço físico e mental, falei e fiz coisas que me custaram muitas
lágrimas e muita vergonha de meus filhos. Não foi Deus
quem criou aquela situação, não foi Satanás que cirandou
comigo, fui eu mesma que ultrapassei meus limites (cansaço

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A N G EL A S I R I N O

e sobrecarga) e agi do meu jeito. Lembre-se, consertar o er-


rado é mais difícil que fazer o certo.

É justamente nessas horas que Deus está consertando


problemas gerados por nossos erros, que envolvem pressão,
dor, mágoa, cobranças, estresse intenso e contínuo. São nes-
ses momentos que muitos membros de nossa família po-
dem vir a surtar. Às vezes, esse surto podem ser traduzidos
por um afastamento de Deus, a pessoa se decepciona e se
desvia, pode vir a apostatar da fé, se isolar do convívio fa-
miliar, social e religioso, se isola, some, desaparece, se fecha
em um quarto, são inúmeras as reações. Eu acompanhei um
caso recente que o homem sumiu de casa literalmente sem
rumo durante uns 60 dias após um surto psicótico, causado
por um estresse gigantesco de uma situação que ele mesmo
criou, ficou semelhante a um andarilho. Felizmente, ele vol-
tou para casa, resgatou o amor e respeito da família e está
caminhando bem em sua vida com Deus.

Entretanto, nos dias atuais, casos semelhantes a esse têm


sido muito comuns. Pode ser que aconteça uma única vez,
mas há casos que podem evoluir para a psicossomatização
do problema, gerando não apenas doenças na alma, mas no
físico. Isso explica porque temos uma geração de crianças,
adolescentes, jovens e adultos tão doentes. Inclusive, o ín-
dice de mortalidade entre crianças e adolescentes com do-
enças, como o câncer, nunca foi tão alto. Pesquisas feitas

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

pelo IBGE apontam como os grandes vilões os problemas


originados no seio da família, tais como divórcio dos pais,
carência afetiva paterna ou materna, insegurança, falta de
limite, excesso de permissividade, medo do amanhã, etc.

Mas como isso pode acontecer com um cristão? Ou em


sua casa? Acontece! Porque a nossa mão agiu precipitada-
mente. Lembre-se que nossas atitudes escrevem nosso des-
tino. Portanto, muitas crises podem ser evitadas. Por isso,
queremos nesse capítulo abrir nossos olhos para saber como
evitarmos crises na família. Quero aprender junto com você,
amado(a) leitor(a). Escolhi uma família bíblica para apren-
dermos com eles, vamos lá, conhecer um pouco sobre a fa-
mília de Davi.

1 - A família de Davi. Uma história que muito nos ensina.

Vamos ver um resumo de um homem que nos inspira,


Davi. Vamos ver algumas coisas aqui que podemos tirar
grandes lições. Davi é um exemplo de fé, coragem, hu-
mildade, sinceridade, longanimidade e um exemplo de
arrependimento. Foi considerado pelo próprio Deus “O
homem segundo o Seu coração”, pastoreava ovelhas, de-
pois se tornou guerreiro. Sua maior façanha na guerra foi
matar Golias. Vencia inimigos no seu reinado e até os pró-
prios inimigos gostavam dele. Davi buscava estratégias no
Eterno, ele mantinha uma vida de intimidade com Deus,

30 |
A N G EL A S I R I N O

foi o maior rei de Israel. Davi festejava, dançava, cantava,


parecia um menino. Como homem, não possuía uma apa-
rência exuberante, mas foi um excelente músico, compôs
vários salmos, sabia lidar com as suas emoções. Quando
teve a oportunidade de matar Saul, preferiu usar de temor
e misericórdia, quando se irou contra Nabal, deu lugar ao
perdão. Se Davi vivesse nos dias atuais, ele seria “o cara”,
cheio de dons e de talentos. Já ia me esquecendo de um
detalhe importante, ele ainda faz parte da genealogia de
Jesus! E a Bíblia diz que “a mão do Senhor era sobre Davi”.

NOSSA FAMÍLIA... Nossa história a ser construída.

Temos uma história a ser construída. Por mais que te-


nhamos uma vida com Deus, um chamado ministerial, um
cônjuge abençoado e filhos maravilhosos, precisamos enten-
der que nossas decisões vão interferir em nosso futuro e no
futuro de nossas famílias.

Deus não é obrigado a ficar apagando fogo causado pelas


nossas precipitações e vontades próprias. Ainda que seja-
mos um homem e uma mulher segundo o coração de Deus,
usados em suas mãos, cheios de dons e talentos, cheios de
carisma por onde quer que passemos, somos responsáveis
por nossas decisões. E existem atitudes que fazemos que vão
afetar o futuro de nossos filhos.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Davi tomou várias decisões pessoais na vida que não vi-


nham das mãos do Senhor, mas da sua própria. Davi, sendo
um homem segundo o coração de Deus, e mesmo tendo a
mão do Senhor sobre ele, não foi impedido de tomar suas
próprias decisões! Muitas delas erradas. Deus não intervinha
nas decisões de Davi, Ele nunca foi e nunca será parecido a
um guarda costas ou uma “babazinha” dizendo para mim e
para você: – Não faz isso! Davi, Davi, cuidado, menino! Ele
deu a Davi e também a nós o conhecimento das situações,
conhecimento da sua vontade através de sua palavra e o di-
reito de escolha do que vamos fazer. Temos em nossas mãos
o poder de decisão, sejam elas boas ou ruins! Davi tinha essa
opção, nós também temos!

2 - A família de Davi vai aumentando... os filhos vão


crescendo...

Os filhos vão crescendo, parece que aquele ditado popular


“filhos criados, trabalho dobrado” tem mesmo uma verdade.
Desde o princípio, os filhos de Davi vão saindo da infância,
entrando na adolescência, juventude, se tornam adultos e
dão tanto trabalho para Davi. Descobrimos nessa história
uma família adoecida, produto das atitudes de Davi en-
quanto patriarca. Ele colheu aquilo que plantou.

NOSSA FAMÍLIA vai aumentando, os filhos vão cres-


cendo, tanta coisa vai mudando. Nossas atitudes nesse pro-

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A N G EL A S I R I N O

cesso não podem adoecer nossa família. Cuidado com o que


você planta!

Os filhos nascem, crescem, vem a adolescência, a juventu-


de e a fase adulta. Cada etapa tem seus desafios. É comum
pensarmos que quando nossos filhos crescerem, chegarem
na juventude e se formarem, a nossa missão terá sido con-
cluída. Ledo engano! Quando nascem e estão na infância,
é tranquilo. Trocamos fraldas, alimentamos, colocamos para
dormir, escolhemos os lugares em que irão, escolhemos as
roupinhas, etc.

Aí eles vão crescendo e o trabalho vai aumentando, eles já


têm aulas extras, é aula de música, de natação, de balé, de fu-
tebol, etc. Fisicamente temos um desgaste, é muito trânsito,
demanda tempo, demanda dinheiro, é bate boca da galera
dentro do carro, têm horas que parece que eles estão falando
dentro da sua cabeça.

Existe uma sobrecarga sobre a mulher, que na maioria das


vezes administra quase tudo isso sozinha, tendo ainda que
conciliar o seu trabalho secular, os cuidados com o marido, a
organização da casa e ainda aprender a lidar com a autoco-
brança de estar linda, unha feita, cabelo pintado e escovado,
arrumada e magra, ser a “mãetorista”, a monitora, a dele-
gada que coloca ordem na turma, a chata que sempre diz
“não”, a caixa eletrônico, e muitas delas ouvem ou sentem

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

pouca expressão de amor e gratidão. Isso vai gerando nelas


um sentimento de desvalorização, e quando não conseguem
administrar tudo isso, vem a angústia, a frustração e geral-
mente esses sentimentos explodem em forma de atitudes
agressivas ou deprimidas, ambas afetam a família de forma
negativa.

Mas, voltando aos filhos, nessa nova etapa a roupa


é do gosto deles, o sapato também. E a comida? Tam-
bém! O trabalho aumenta, o desgaste quase nos conso-
me, porque eles já têm seus gostos e vontades próprias,
e muitas vezes diferentes dos nossos. Eles têm atitudes
peculiares da idade, ficam chateados quando queremos
protegê-los, eles, inclusive, usam com muita frequência
a célebre frase: – mamãe, papai, eu não sou mais um
bebê! Traduzindo: RELAXA! Eu cresci, já sei me virar!
Até parece! Só gostam de ser crianças em 12 de outu-
bro, data em que comemoramos o dia das crianças no
Brasil, nos demais dias do ano até os menores se acham
adultos. Se depender deles, o presente do dia das crian-
ças será dado até se casarem e saírem de casa, mas em
qualquer outra situação, eles sempre se acham adultos
e maduros. Esse pensamento acaba gerando conflitos,
os filhos se sentem presos, sufocados e sonham com a
liberdade. Alguns chegam até dizer que em breve serão
libertos dessa prisão, se referindo ao lar. Na minha épo-
ca, menina de 12 para 13 só tinha muito piolho na ca-

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A N G EL A S I R I N O

beça, as de hoje têm ideologias, projetos e pensamentos


preocupantes acerca de namoro e sexualidade.

Conta-se que uma mãe chama uma filha com 13 anos,


justamente na data do seu aniversário e diz que queria ter
um diálogo franco e aberto com ela sobre sexo. A menina
sorri e diz: – “Ok, mamãe, o que você quer saber? Pergunte”!
Brincadeira! Isso é uma piadinha, mas na realidade é por aí
mesmo, na minha época, as meninas de 11 anos tinham dei-
xado as fraldas há pouco, hoje, a partir dos 10 anos muitas
delas já usam absorvente.

Veja este artigo: “A menarca, como se define a primeira


menstruação, no início do século XX surgia por volta dos
15 anos. Atualmente acontece, em média, aos 11. Essa an-
tecipação se deve a vários fatores. Um deles é o aumento
do peso corporal, que se deu em função das melhores con-
dições de saúde e alimentação, mas também por um maior
apelo para o amadurecimento sexual, determinado pelo
imaginário veiculado nos meios de comunicação. Numa
menina fortemente submetida a esse apelo, que atinge cer-
ta estatura e certo peso precocemente, a menarca aparece
mais cedo”. (fonte: Dr. W. Ranna – Violência no corpo e
na mente – Casa do Psicólogo).

Para os que se aproximam da juventude, começa uma


fase de novos desafios na vida, muita pressão escolar, muitos

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

conflitos sobre quem quero ser, o que vou fazer, como fazer,
quanto tempo ainda vou ter que batalhar. Surgem respon-
sabilidades, sonhos com o futuro e com a família que eles
formarão, ainda há pressão de conciliar estudo, trabalho e
namoro, essa pressão é maior quando não se está bem resol-
vido no campo das emoções, alguns já são solteiros adultos
e ainda permanecem sem um par romântico. Nesses casos a
pressão é bem maior.

Os filhos crescem, sonham com casamento e filhos, e logo


vêm os netos para os pais. Além de tudo isso, também vêm
os desafios do mundo moderno, batalhas que eles ainda não
conheciam para conquistar um lugar ao sol. A grande maioria
acha que os conselhos dos pais não são mais 100% bem-vindos,
eles já se acham maduros, crescidos.

Nesse processo de crescimento e amadurecimento da nos-


sa família, incluindo aqui o crescimento dos nossos filhos, a
família vai aumentar também com o surgimento de novos
integrantes: a nora e o genro. E iremos precisar de muita
sabedoria para conciliar tudo isso e manter a família unida e
sadia emocionalmente. Nesse processo, o casal precisa estar
em sintonia, ajudando um ao outro para administrar essas
etapas da vida familiar, procurando dividir as tarefas para
não sobrecarregar apenas um dos cônjuges, assumindo cada
um uma parcela de responsabilidade de se fazer presente na
formação dos filhos como um todo.

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A N G EL A S I R I N O

3 - O cenário emocional em que vivia a família de Davi:

NOSSAS FAMÍLIAS. Em qual cenário emocional elas


vivem? O cenário é o espaço real em que as pessoas vivem.
estamos sempre envolvidos em cenários na vida familiar, re-
ligiosa, social, profissional e afetiva. O cenário emocional
em que vivemos vai moldar nossas atitudes, as emoções têm
papel importantíssimo no cotidiano e na formação das pes-
soas. Davi se casou com várias mulheres, não tinha muito
tempo para se dedicar a elas e aos filhos e filhas. Davi se
apaixonava com facilidade, mas não amava tão facilmente.
Suas mulheres e filhas eram carentes do amor e companhei-
rismo desse marido e pai ausente. As mulheres de Davi, es-
posas e concubinas, lhe trouxeram muitos problemas, e os
filhos também. Veja parte do cenário emocional que essa
família viveu.

• Muitas mulheres, esposas e concubinas – Cada uma


deveria competir pela atenção e uma noite com o rei.
Imagine a competição, a implicância uma com a outra, o
“tititi”... e os filhos ouvindo tudo aquilo.

Mãe jogando “meio-irmão” contra o outro. Imagine um


ambiente em que várias mulheres competem pelo mes-
mo homem! E, diga-se de passagem, que não era qualquer
homem, era o rei Davi. O que elas eram capazes de fazer?
Quantas famílias, nos dias atuais, crescem assim, em meio

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

a cenários em que os maridos têm muitas mulheres, têm


amantes, ou ainda, os pais são casados pela segunda ou ter-
ceira vez! Os filhos ficam nesse fogo cruzado. Não existe
ex-filho! Então, vão os meios irmãos se relacionarem jun-
tos. Às vezes nem é meio-irmão, é um filho da mulher do
pai. São problemas que precisamos aprender a administrar,
porque nos dias atuais, a família mosaico (ou reconstituída
– termo usado para famílias originadas dos relacionamentos
acabados – envolve enteados) é e será cada vez mais comum.

Dicas (para BOAdrasta e BOMdrasto – Madrasta


e padrasto):

• Ame o filho do seu cônjuge como se fosse seu - Semeie


para o amanhã.

• Não imponha a mesma educação de seus filhos – As


mães são diferentes.

• Não fale mal da mãe ou pai dele(a).

• Não tenha ele(a) como rival por causa do pai ou da mãe


- Eles não têm culpa.

• Não implique com as coisas que seu cônjuge faz para ele,
inclusive financeiras – Troque os lados, se ponha no lugar
do outro, se fosse com o seu filho, você implicaria?

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A N G EL A S I R I N O

• Não transforme a relação em uma competição - Amor


de cônjuge é diferente.

• Entenda se seu cônjuge parecer permissivo - Geralmente


o sentimento de culpa pelo relacionamento interrompido
e a consciência de que isso acarreta problemas aos filhos
é transferida para algum outro sentimento, como por
exemplo: permissividade, proteção exagerada, presentes,
etc. Isso deve ser conversado com muito amor,
atacar não resolve.

• Respeite as diferenças! Os filhos do cônjuge não são


seus filhos.

• Controle seu temperamento, não caia nas provocações


dos enteados! Nada de agressões gratuitas, menos ainda
de jogar a própria raiva em cima deles.

• Entenda que é natural que as crianças sintam ciúmes


e, por esse motivo, agridam verbalmente. Prepare-se para
ouvir algumas vezes algo como: “Você não é minha mãe,
ou meu pai!”. Sua atitude e o tempo ajustarão as coisas.
Tenha paciência e tolerância.

• Incentive uma aproximação entre pai/mãe e os filhos.

• Seja agradável, sempre.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

• Cuide dos filhos você também.

• Dê espaço para os filhos ficarem com seu pai (mãe).

• Dicas (pai e mãe em segundo casamento com respeito


aos filhos).

• Cuidado para não diminuir seu cônjuge e superproteger


seus filhos. Acontece principalmente com as mulheres.

• Os filhos vão se casar e vão embora – Não os coloque em


primeiro lugar, não queira ir para mais um casamento.

• Não exija que seu cônjuge o trate como pai no âmbito


emocional e financeiro, se isso acontecer de forma positiva,
celebre, seja grata e ensine seus filhos a honrar.

• Exija respeito para com seu cônjuge quando necessário


(de forma equilibrada e sábia).

• Deixe-o corrigir se for preciso (de forma equilibrada e sábia).

CONSELHOS

Para cônjuges que constituíram uma família mosaico:

• Use o diálogo, a busca do conhecimento de bons livros,


façam seminários, cursos, e se necessário, busque ajuda de

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A N G EL A S I R I N O

alguém apto a lhe ajudar a entender os desafios


de se relacionar em uma família mosaico. Busquem ajuda
pastoral ou de um terapeuta familiar ou um psicólogo cristão.

• Ore! A oração deve ser sempre o seu recurso diário, peça


a Deus sabedoria, amor e compreensão.

É claro que todo relacionamento é construído, não espere


que da noite para o dia você comece a amar seus enteados e
vice-versa. Você é a adulta da situação, portanto, cabe a você
construir essa relação, tijolo a tijolo!

Sinta carinho por essas crianças, adolescentes ou jovens,


afinal, você escolheu se casar com alguém que já tinha filhos,
e você sabia, mas elas não tiveram escolha, foram obrigadas a
conviver com você. Dedique um pouquinho do seu tempo para
eles e torne essa relação leve! Tenho certeza de que você criará
uma relação deliciosa e receberá muito amor em troca!

• Irmãos de mães diferentes. Imagine a situação desses


filhos, alguns eram os preferidos pelo fato de serem filhos
de determinada esposa, certamente conviviam com crítica,
com as diferenças de aparência. A própria Bíblia aponta
Absalão como o mais belo, extremamente formoso. Apesar
desses e de outros fatores, eles conviviam com os ensinamentos
divergentes uns dos outros. Irmãos de mesmo pai e mãe já
têm conflitos, imagine nesse caso. Outra coisa: geralmente,
quando irmãos têm problemas uns com os outros, gritam:

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

– “Mãeee!”. Fico pensando como eles administravam


isso? Por quem chamavam? Você consegue imaginar tan-
ta coruja brigando pelo seu filhotinho? Sim! Sempre ire-
mos querer o pódio para nosso filho, “o meu filho sempre
será mais inteligente, o mais belo”. Sabemos que toda
mãe é coruja. Lembrei-me de algo: conta-se que a coruja
encontrou a águia e lhe disse:

– Ó águia, já que nos tornamos bem amigas, sei que posso


te fazer um pedido, se vires uns passarinhos muito lindos num
ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá, não os co-
mas, que são os meus filhos! A águia prometeu-lhe que não os
comeria em nome da amizade entre as duas. Foi voando e en-
controu numa árvore um ninho e comeu todos os filhotes que
lá estavam. Quando a coruja chegou e viu que tinham comido
os seus filhos, foi ter uma conversa com a águia, muito aflita: –
Ó águia, tu foste falsa porque me prometeste que não comeria
meus filhinhos, mas mataste todos! Disse então a águia: – Eu
encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados,
sem bico e com os olhos tapados e avermelhados, e os comi.
Como tu me disseste que teus filhos eram muito lindos e ti-
nham os biquinhos bem feitos, entendi que não eram esses. –
Pois eram esses mesmos, disse a coruja. – Pois então não sou eu
que estou errada, me enganaste tu com a tua cegueira.

A moral dessa história é justamente o que estamos falando:


aos olhos das mães, os filhos são sempre perfeitos e lindos. Já

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A N G EL A S I R I N O

dizia o ditado: “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. Então


imagine, um mesmo pai, varias mães com seus filhos, compe-
tindo o amor, a atenção e um lugar ao lado desse único pai.
Imagine a guerra!

Principais problemas entre irmãos:

Conflitos entre irmãos são naturais, fazem parte das rela-


ções humanas, evoluem ao longo da vida, mudando de for-
ma com o passar dos anos; precisamos aprender a lidar com
eles de forma sábia, ancorados na Palavra de Deus. Os laços
emocionais entre irmãos são frequentemente complicados
e influenciados por fatores, como tratamento por parte dos
pais, ordem de nascimento, personalidade e experiências
pessoais fora da família. Os dois motivos principais dos con-
flitos entre os irmãos são:

1 - Eles estão desenvolvendo, assim que nascem, a capaci-


dade de coexistência. Ou seja, viver com outra pessoa não é
fácil, compartilhar bons e maus momentos também não. Há
dias em que levantamos com o pé direito, em outros com o
esquerdo, mas há dias em que colocamos os dois de uma só
vez no chão. Com o tempo, aprendemos que para viver bem
e felizes precisamos aprender a ceder, negociar, partilhar,
respeitar a opinião alheia, ser expressivo e, finalmente, con-
viver bem com nossos semelhantes, inclusive com a família.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

2 - Eles vivem na mesma casa. Às vezes no mesmo quarto.


Se amigos ficassem juntos como os filhos ficam, também
teriam conflitos.

Os principais conflitos são:

• Disputas por atenção dos pais: geralmente expressam a


competição pela atenção dos pais. No dia a dia, surgem
situações que despertam ciúme e, além disso, existem as
frustrações pessoais, que muitas vezes são descontadas
nos irmãos. A atitude dos pais é decisiva para amenizar
ou intensificar as desavenças. Comparar o comportamento
de uma criança com o de outra, seja um comentário positivo,
seja negativo, aumenta a discórdia entre elas.

• Disputa pelos desejos: eles disputam o lugar no sofá, o


controle remoto, o programa que vão assistir. “Meu lugar
na mesa”, “vou usar o computador agora”, “vou tomar
banho primeiro”, “meu computador”, “meu quarto”. “É
meu”, “eu vi primeiro”, “eu falei primeiro”.

Geralmente, esses dois problemas desencadeiam os de-


mais conflitos, os mais comuns são:

• Ciúmes;
• Competitividade;
• Inveja;

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A N G EL A S I R I N O

• Críticas;
• Ressentimentos;
• Problemas de comunicação;
• Diferenças de temperamento (personalidade);
• Bate boca;
• E tantos outros.

A palavra irmão é usada para definir filho do meu pai e da


minha mãe, mas o significado da palavra irmão é: verdadei-
ro – um amigo incapaz de definir, “amigo mais que querido,
pessoa especial para qualquer momento”. Esse é o propósito
real de ser irmão. Precisamos levar nossos filhos a entender
isso e conduzi-los a viverem como irmãos. É importante
aprender a aplicar conselhos bíblicos, veja alguns:

• Precisamos entender que: “Não se deve pagar a ninguém o


mal com o mal. Procurando agir de tal maneira que cada
um receba a aceitação dos outros” Romanos 12:18.

• Faça sempre a sua parte, sem se preocupar com o que os


outros fazem.

• No que depender de nós (individualmente), faça tudo


que for possível para viver em paz com todas as pessoas.
Romanos 12:18

• Nunca perca de vista o seu objetivo: ser feliz com sua


família.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

• Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal


com o bem. Romanos 12:21

E ainda - os pais precisam:

• Criar vínculos familiares fortes – Deixe-os fazerem coisas


juntos e a sós.

• Estabelecer vínculo individual com cada filho – Gera


segurança, faça coisas individualmente com eles.

• Acabar com a comparação, rotulagem e competição –


Eles são diferentes, entenda, respeite, aceite-os como são.

• Exigir respeito entre eles - Primordial.


• Melhorar a comunicação entre os irmãos – Momentos
deles a sós ajudam.

• Ensinar técnicas de convivência e respeito às diferenças.

• Reforçar o comportamento positivo e não focalizar no


comportamento negativo.

• Ensinar os filhos a jogar no mesmo time para vencer -


A família.

• Ensinar a enxergar qualidades no outro.

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A N G EL A S I R I N O

• Entender as diferenças.

• BUSCAR CONHECIMENTO E COLOCÁ-LO


EM PRÁTICA. Leia livros, faça cursos, seminários, assista
DVDs. Viva o que você aprende, isso demanda sacrifício
e atitude.

• Costumes maternos diferentes. Davi se casou com mu-


lheres estrangeiras, essas mulheres não conheciam sobre o
Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Além do mais, cada uma ti-
nha a cultura de seu povo, as manias, e os costumes familia-
res, por exemplo: em algumas famílias se aprende se aprende
que abrir a geladeira na casa dos outros é desrespeito, outras
acham isso perfeitamente normal. Noutras famílias apren-
dem que em caso de hospedagem em casa alheia nunca se
sai do banheiro de toalha, em outras, as moças quase saem
nuas, enroladas num trapinho de toalha e ainda acham isso
normal. São costumes da família “X”, mas que afetam no
convívio com outras pessoas. Por falar nisso, precisamos to-
mar cuidado para que os costumes mundanos não se tornem
comuns em nossas famílias. As coisas estão ficando estra-
nhas, as mulheres casadas estão parecendo periguetes, ru-
sando roupas coladas, parecendo até mercadoria embalada
a vácuo, torando o corpo, marcando a silhueta; tudo que é
moda, ainda que indecente, é aderido nas peças do guarda-
-roupas. Senhoras de 60 anos usam minissaias, os maridos já
não falam mais nada, parece que até gostam, eu me pergun-

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

to: - Será que os maridos perderam o bom senso também ou


estão com problemas nas vistas para não perceberem as rou-
pas de suas esposas e protegê-las das más línguas? Estranho
demais! Certa vez fui convidada para ministrar em um de-
terminado local em que as mulheres ainda eram subordinadas
a usos e costumes religiosos, então me pediram para ir sem
usar brincos e sem colocar maquiagem, assim fui. Quando
chegamos no aeroporto, três casais foram nos buscar, eu me
assustei com as esposas, todas elas estavam vestidas com saias,
mas a mais decente delas deveria estar com uma saia com um
palmo acima do joelho, detalhe, com fenda nas costas! Elas
iam para o altar desse jeito, cansei de ver a calcinha delas e
fiquei me perguntando abismada: – Será que só eu vejo isso?
Ou será que estou vendo miragem? Geralmente uso saias
longas e rodadas, pois além de não saber a altura do altar em
que vou ministrar, não é conveniente chamar atenção para o
meu corpo e nem para a roupa que uso, e sim para a Palavra.
Então uma turma delas me abordou dizendo: – Pastora, a
gente não vai ver suas pernas? Assustada, eu disse: – Não!
Uma delas disse: – Você só usa essas saias “Maria mijona”, ou
seja, longas. Então respondi elegantemente:
– Sim, todas as coisas me são lícitas, mas nem tudo me
convém, imagine como ficaria a minha imagem com uma
saia curta, justa, e as pernas de fora, para não dizer, mos-
trando as peças íntimas? Imagine o que você pensaria a meu
respeito? Precisamos tomar cuidado com os costumes desse
mundo pós-moderno.

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A N G EL A S I R I N O

Pior ainda, casais de namorados já têm cama de casal na


casa dos pais, tudo que é normal no mundo secular tem en-
trado sutilmente em nossas casas. Não podemos, conformar
com esse mundo, mas transformarmo-nos pela renovação
da nossa mente (Romanos 12:2).

• Davi, o pai monarca. Rei de grande expressão, que era


aplaudido até pelos inimigos, mas era ausente como pai,
deixava a desejar, e para a família não tinha o mesmo pres-
tígio. Quantos de nós vivemos esse conflito, aplaudidos nos
palcos da vida, mas vaiados no palco da nossa própria casa.
Não deve ser nada fácil para alguém ser popular, amado e
querido por várias pessoas, seja no trabalho, na igreja, na
sociedade, e na sua casa ser hostilizado, criticado e menos-
prezado. Mas perceba como isso é comum em nossas casas.
Somos nós, os de casa, quem mais recriminamos uns aos
outros. Não ousamos tratar alguém na rua como tratamos
os de nossa casa. E ainda os chamamos de família. Gosto
muito de uma ilustração que retrata isso muito bem, veja:

Tropecei em um estranho que passava e lhe pedi perdão.


Ele respondeu: Desculpe-me, por favor, também não a vi.
Fomos muito educados, seguimos nossos caminhos e nos
despedimos. Mais tarde, eu estava cozinhando e meu filho
estava muito perto de mim. Ao me virar quase esbarro nele.
Imediatamente gritei com ele; ele se retirou sentido, sem
que eu notasse quão dura lhe falei. Ao me deitar, Deus me

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

disse suavemente: “Você tratou a um estranho de forma cor-


tês, mas destratou o filho a quem você ama... Vá à cozinha
e irá encontrar umas flores no chão, perto da porta. São as
flores que ele cortou e te trouxe: rosa, amarela e azul. Estava
calado para te entregar a surpresa e você não viu as lágrimas
que chegaram aos seus olhos”. Me senti miserável e come-
cei a chorar. Suavemente me aproximei de sua cama e lhe
disse: “Acorde querido! Acorde! Essas são as flores que você
cortou para mim?” Ele sorriu e disse: “Eu as encontrei junto
de uma árvore e as cortei, porque são bonitas como você,
em especial a azul”. “Filho, sinto muito pelo que disse hoje,
não deveria ter gritado com você”. Ele respondeu: “está bem
mamãe, te amo de todas as formas”. “Eu também te amo e
adorei as flores, especialmente a azul”.

Geralmente, nos relacionamos melhor com as pessoas de


fora do que com a nossa família, convivemos muito bem
com os que estão no trabalho, na igreja e na sociedade, mas
nos relacionamos mal com os da nossa casa; somos amabi-
líssimos com estranhos, causamos uma excelente impressão,
mas com os da nossa família somos hostis e indiferentes.
Têm atitudes que conseguimos consertar, outras a cicatriz
permanece por toda vida. Será que não é uma inversão pou-
co inteligente? Valorizar os de fora e esquecer quem é de
nosso sangue? De nada vale um sucesso lá fora e um fra-
casso no lar. O palco em que devemos ser aplaudidos em
primeiro lugar deve estar no nosso lar. Quem consegue isso

50 |
A N G EL A S I R I N O

está apto para conquistar o mundo, dormir com a consciên-


cia tranquila e colher excelentes frutos.

• Houve adultério. Adultério gera muita dor emocional,


que desencadeia uma série de emoções tóxicas: raiva, ver-
gonha, humilhação, medo, angústia, baixa autoestima. Gera
no cônjuge, mas também nos filhos, uma série de problemas
emocionais. Uma das amigas de uma de minhas filhas teve
o dissabor de ver seus pais passarem pelo divórcio agora em
2015. Ela chorava tanto, estava tão machucada e me dizia:
– Tia, ele trocou minha mãe, EU E MEU irmão por “aque-
lazinha”! Ela vai fazer com ele o que ele fez com a gente!
Tia, dói muito, ele não atende mais MINHAS ligações, não
acredito que eu não tenho valor para ele. Perceba que o adul-
tério não afeta apenas os cônjuges, afeta também os filhos.

Segundo pesquisas, uma das vivências capazes de desen-


cadear reações depressivas mais fortes, é o conhecimento da
traição. Geralmente a pessoa traída ou deixada pela outra
se mobiliza fortemente pela frustração da perda, pela cons-
tatação da mentira, pela deslealdade e, não menos, pelo ve-
xame e constrangimento social e familiar, além do medo da
degradação da família. O sentimento mais imediato que a
infidelidade provoca é uma mistura de mágoa, contrarieda-
de, ira, arrependimento, ânsia de vingança ou revanche. A
sensação: “Fiquei sem chão...”, “... meu mundo acabou” são
as expressões mais ouvidas nessas circunstâncias. Pode até

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

existir uma espécie de perdão, mas a desilusão, desaponta-


mento e decepção ficam por tempos e a pessoa terá que lutar
diariamente para desintoxicar suas emoções. Perdão é divi-
no justamente por isso, só Ele nos faz capazes de perdoar.

A palavra adultério no dicionário Aurélio significa: Des-


lealdade, fraude, traição. Até o significado da palavra é in-
desejável e feio. Como pode alguém considerar comum e
aceitável tal prática na sociedade pós-moderna? Quem quer
um patrão infiel que coloque outro funcionário no seu lugar
sem dar a mínima satisfação?

Quem quer um funcionário infiel? Um amigo infiel?


Quanto mais um cônjuge! A infidelidade está adoecendo
muitos lares e muitas gerações.

Cuidei de um caso em que uma mulher me procurou,


cheia de conflitos, lutando por um desejo de não trair seu
marido com o ex-melhor amigo! Depois de muito aconse-
lhamento, muita oração e de até ter sido deselegante com ela,
percebi que ela estava bem, mais forte e que, aparentemente,
havia superado e que havia entendido que se tratava de uma
armadilha do inferno sobre sua vida e sua família. Ela me
disse que nunca houve consumação, só ficou no campo do
desejo, ainda que a Bíblia diga: que qualquer que olhar para
uma mulher (ou um homem) com intenção impura, em seu
coração, já cometeu adultério com ela (e). Meses depois ela

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A N G EL A S I R I N O

me procurou desesperada, achei que havia tido uma recaída


e ela me disse: – Pastora, meu filho de 19 anos está morando
com uma mulher quase da minha idade (uns 49) que tem
três filhas, uma de cada pai, e minha filha está saindo com
um homem 30 anos mais velho do que ela, que parece avô
dela, “eles querem me matar de vergonha”, vão aos mesmos
lugares que frequento e fazem questão de ir acompanhados.
O que eu faço? Socorro! Mas, ao analisar os filhos e fazer
algumas perguntas a ela, voltei ao assunto antigo, à tentação
do ex-amigo do marido. Perguntei se os filhos souberam de
alguma coisa. Ela criou coragem e disse que sim! É justamen-
te ex-amigo porque um de meus filhos viu um beijo e contou
para o pai. Então eu disse: – Por acaso é o filho que hoje te
traz desgosto? – Ela, entre lágrimas, disse: – Sim. Então lhe
expliquei: – Toda vergonha e dor que você causou a ele, à
sua filha e ao seu esposo, seus filhos agora querem a qualquer
preço te fazer passar. São nada mais do que alguém doente
da alma procurando cura no lugar errado, na vingança. Um
abismo chama outro.

Seja inteligente, viva e ensine na sua família a fidelida-


de. Não são os filhos quem têm que dizer: – Pai, mãe, não
traiam, sejam fiéis! Eles têm que aprender isso conosco. Não
apenas ser fiel no casamento, ser fiel à família, aos amigos, à
igreja, à nossa liderança. LEALDADE é FIDELIDADE.
Os olhos de Deus procuram os fiéis da Terra (Salmo 101:6).
A fidelidade atrai a bênção de Deus.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

• Houve homicídio. O pai mandou matar o marido vitimado.


Resolveu o problema mandando matar, só isso!

Isso me fez lembrar de um pastor que disse que os filhos


pareciam um cachorro pitbull. ele me disse: – Sabe, irmã, não
criei meus filhos para serem violentos, eduquei na sã doutrina,
mas desde pequenos eles são bravos, se eu não fizer algo, eles
matam mesmo! Eu acho que foram os joguinhos do video
game que têm muitas coisas violentas. Já devo ter umas 4 in-
denizações para pagar de brigas em que eles se meteram e
machucaram alguém, fazer o que, né! Não perdi nem tempo
com uma resposta, preferi dar o silêncio. Mas me deu vontade
de falar: – É, são monstros construídos pelo pai.

Na história de Davi, vemos que alguns filhos praticam


homicídios. Para eles era admissível, afinal de contas, o pai
também cometeu. Em quantos lares têm homicídios mes-
mo? Literalmente! Vivemos em uma sociedade em que as
pessoas estão achando comum matar e morrer, às vezes, es-
sas famílias vêm do mundo secular para a igreja, precisam
ter sua mente, suas estruturas, seus conceitos reprograma-
dos, porque isso acontece em seus lares.

Homicídio significa matar um ser humano. Com nossa


língua, muitas vezes, matamos sem piedade nosso próximo,
e pior, nosso cônjuge e nossos filhos. Isso é praticar homi-
cídio emocional. A Bíblia diz que: A morte e a vida estão

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A N G EL A S I R I N O

no poder da língua (Provérbios 18:21a). O ato de falar pode


trazer o bem ou o dano.

Quantas vezes falamos desenfreadamente? Quantas ve-


zes ferimos, ou até mesmo matamos com uma só palavra?
Ferimos nosso cônjuge e nossos filhos. Matamos sonhos,
ferimos a nós mesmos. E matamos nossos próprios sonhos.
Simplesmente porque falamos uma palavra errada, com a
pessoa errada, na hora errada. Quantas dessas palavras são
ditas dentro de casa aos nossos filhos, gerando neles atitudes
tóxicas e maléficas?

Tudo o que dizemos tem um peso enorme na sua autoes-


tima, na forma de ser e estar, nas atitudes etc. Existem frases
negativas que jamais os pais devem dizer aos filhos. Devem
ser eliminadas do nosso repertório porque machucam. Além
disso, quando se dizem essas frases diante de outras pessoas,
produz humilhação e baixa autoestima. Ofender não é edu-
car, ofender é matar as emoções. Vejamos algumas frases tão
comuns, mas que são ofensivas:

• Sua irmã, sim, tem a cabeça boa, você não, você sempre
foi cabeça de vento. (Gera baixa autoestima)

• Já passei por situações piores e nunca fiquei assim, como


você. (Gera sentimento de fracasso)

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

• Veja como seus irmãos se comportam e procure fazer o


mesmo. (Gera competição e ciúmes)

• Não posso me dar ao luxo de ficar doente como você.


(Gera culpa)

• Você é um bagunceiro.
(Gera afirmação de erro, a bagunça)

• Assim você não chegará a lugar nenhum.


(Gera sentimento de desamor)

• Se você não fizer isso não vou mais gostar de você.


(Gera sentimento de insegurança e desamor)

• Você me mata de desgosto. (Gera temor, desamor)

• Tomara que você case logo, não aguento mais.


(Gera sentimento de peso, culpa)

• Não sei quando você vai aprender, você é ridícula.


(Gera tristeza, fracasso)

• Assim você não terá amigos.


(Gera insegurança e isolamento)

• Por isso que eu não queria ter filhos.


(Gera baixa autoestima e rebeldia)

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A N G EL A S I R I N O

• Outras frases comuns: Você não vai chegar a lugar al-


gum – Sonha mesmo, sonha! - Coitada, sonha demais! –
Sua merdinha! - Ninguém vai te aguentar. – Vagabunda!
- Você vai virar vagabunda desse jeito, etc.
(Fonte: Pablo Garrido. Professor del Instituto Europeo
de Estudios de la Educación)

Cuidado, evite frases que ofendem, que humilham, que a ati-


tude negativa fique mais reforçada. Antes de falar, pergunte a
si mesmo: – Eu diria isso a uma outra pessoa? “Meu filho, meu
cônjuge é tão importante para mim”, vale a pena dizer isso a
ele? Vou magoá-lo? Qual tipo de reação essa frase vai gerar?
Vou construir algo ou vou destruir? NOSSA FAMÍLIA -
Cenário em que vive nossa família:

O ambiente onde criamos nossos filhos gera problemas


ou soluções? Um ambiente familiar predatório traz desafios
e problemas para a vida de qualquer adulto. Se já afetou na
infância, imagine que adulto está se formando. Se não se
cuidar, vai se tornar um adulto doente, pois são poucas as
pessoas que são machucadas na infância que conseguem se
auto ajudar e ter a maturidade de ser uma pessoa bem resol-
vida para se relacionar com as pessoas e com a vida sem ferir,
machucar e se auto proteger de alguma forma.

Psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e conselheiros de


família afirmam que crianças machucadas emocionalmen-

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

te podem se tornar adultos desgovernados, semelhantes


a carros que descem uma rua sem obedecer aos sinais de
tráfego e sem freio. Podem se tornar pessoas agressivas,
confusas, apáticas e até mesmo espantadas. Vão apresentar
desequilíbrios emocionais, potencializando tanto para me-
nos, como para mais as emoções, vivendo em dois extremos
(desequilíbrio), e ainda no decorrer da vida podem afron-
tar seus pais com atitudes cada vez piores. As mais comuns
são: isolamento, agressividade, delinquência juvenil, drogas
etc. Eles vão correr desrespeitando os sinais morais, éticos
e espirituais que determinam a boa convivência na família,
na igreja e na sociedade.

Outras situações que compõem o cenário das famílias na


pós-modernidade:

• Delinquência juvenil;
• Drogas;
• Pais envolvidos em atividades ilícitas;
• Hipocrisia religiosa, pessoas usando máscaras –
Crente na igreja, hipócrita em casa;
• Pais abusadores, físico e emocionalmente;
• Práticas pecaminosas;
• Falta de modelos paterno e materno;
• Inocência roubada;
• Impulsividade;
• Desamor;

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A N G EL A S I R I N O

• Falta de comunicação;
• Rejeição;
• Crítica;
• Perda de ente querido;
• E muitas outras coisas.

São lares tóxicos, administrados por pais tóxicos, gerando


filhos doentes emocionalmente e fisicamente com a psicos-
somatização das emoções, levando a doenças psicossomáti-
cas. Sobre isso, veremos no próximo capítulo.

4 - DESVIO DE CONDUTA dos filhos de Davi:

Existe grande probabilidade de os filhos repetirem os er-


ros dos pais.

• Estupro e homicídio - Amnom, filho primogênito de


Davi, estuprou Tamar, sua meia-irmã, e mais tarde foi
assassinado por Absalão, também seu meio-irmão.

• Adultério, prostituição, pecados sexuais: Absalão, depois de


matar o irmão Amnom, fugiu. Mais tarde voltou, construiu
uma tenda no terraço onde se deitou com 10 das concubinas
de seu pai.

• Rebeldia e homicídio - Adonias se declarou rei antes


da morte de Davi, desrespeitando sua autoridade, Salomão
mandou executá-lo.

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• Decadência moral e espiritual: Salomão fracassou. A lei


não proibia a poligamia entre os judeus, que podia ser até
necessária em certas circunstâncias (Deuteronômio 25:5-
10), mas Salomão claramente desobedeceu à lei quando ca-
sou-se com estrangeiras. Muitas das suas mulheres eram das
nações as quais o SENHOR havia especificamente proibido
os judeus de se casarem (Deuteronômio 7:1-4). Essas mu-
lheres fizeram Salomão levantar altares a deuses estranhos,
e que lhe trouxeram a queda. (Um dos motivos para explicar
aos nossos filhos sobre jugo desigual).

Diante disso tudo, eu lhe pergunto: foram ações divinas,


totalmente malignas ou atreladas a atos humanos? Satanás
entra em um cenário quando alguém lhe abre a porta. Atitu-
des falam tão alto! Não podemos impedir que Satanás son-
de a nossa mente e a de nossos filhos, mas podemos ensi-
ná-los a impedir que ele faça ninho. Podemos espantá-lo da
mente dizendo: – Sai daqui, capeta. Chispa! Aqui não! Aqui
você não fará ninho! Não fará morada! Eu não vou deixar,
está repreendido em nome de Jesus... ATITUDES! Não!
Eu resisto o mau desejo, minha família resiste a esse mal...
Dizemos não para a má vontade e às tentações.

Um abismo chama outro abismo, “eram filhos adoecidos


emocionalmente e enfraquecidos espiritualmente”, “presa
fácil para Satanás entrar e fazer suas desgraças”. Faltou ser

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A N G EL A S I R I N O

ensinado sobre: “sujeitai-vos a Deus. Resisti ao Diabo, e ele


fugirá de vós!” Tiago 4:7.

5 - O pai Davi. Quem era ele?

Nossas famílias também vivem em cenários em que não


é fácil a pressão do dia a dia, vivem em ambientes cheios
de problemas, chamados de “LARES TÓXICOS”, com
“PAIS TÓXICOS”. Os pais tóxicos, classificação cada vez
mais usada na psicologia, agridem física e psicologicamente,
causando sequelas que se arrastam por toda a vida e que vão
além do corpo, afetam a alma. Quando as agressões vêm de
pessoas como um chefe, pedimos demissão. Mas se a cruel-
dade está dentro de casa, o que fazer? Nenhum pai ou mãe
está livre de falhar, perder a paciência ou a compostura. Mas
agir com perversidade ultrapassa os limites aceitáveis de
qualquer relacionamento. E a humilhação vinda daqueles a
quem se ama é muito mais dolorosa.

• Ausente - Onde estava Davi no momento em que Am-


nom tramava com o amigo sobre como agiria com Tamar para
seduzi-la? Onde estava ele que não percebeu tantas amarguras,
tantos conflitos na vida desses filhos? Nunca é demais dizer
que os pais devem ser os melhores amigos dos filhos, ainda que
eles não saibam disso! Não há relatos de que Davi procurou
ajudar a curar a dor de Tamar diante do estupro do próprio
irmão. O rei ficou sabendo do escândalo, mas não fez nada!

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Absalão esperava que seu pai fizesse alguma coisa, e depois de


2 anos, Absalão não aguentou mais esperar.

Absalão se encheu de ira e ódio por causa da ausência


desse pai e de sua permissividade, que gerou outros pro-
blemas, como revolta, mágoa, decepção. Absalão começou a
planejar a morte do irmão (II Samuel 13:23-27) e executou
o plano. O rei se enfurece, fica cheio de ódio. Absalão foge,
indo morar na casa de Talmai, seu avô (II Samuel 13.37).
Permaneceu por lá durante 3 anos (II Samuel 13:38). Du-
rante todo esse tempo, nada foi feito. Davi não chama o fi-
lho, não conversa. Os anos se passaram e Davi não fez nada.

• Filhos órfãos de pais vivos - Ausência paterna e materna


- Um bom pai acompanha seus filhos de perto, orientando-
-os inclusive em relação às suas companhias. Casais e filhos
muito atarefados vão se tornando cada vez mais ausentes da
vida familiar. Quer filhos felizes e realizados? Esforce-se em
ter um relacionamento íntimo, terno, profundo e de quali-
dade com eles. Se não soubermos dar atenção a cada filho
e entender suas necessidades devidamente, NÓS VAMOS
COLHER AS CONSEQUÊNCIAS. Pais inteligentes
sabem da importância de serem presentes na vida de seus
filhos, sabem consolidar um vínculo de amizade que será
importante em todas as etapas do desenvolvimento dos fi-
lhos. Essa amizade é essencial e deve ser conquistada antes
da adolescência, pois é nessa fase que eles querem construir

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A N G EL A S I R I N O

a sua independência bem longe dos olhos dos pais, já que


acham que já sabem tudo sobre a vida e o mundo. É muito
importante que os pais sejam participativos no crescimento
social de seus filhos, conhecendo seus amigos, por exemplo,
é melhor levar os amigos para nossa casa e conhecê-los de
perto do que liberá-los para sair de casa. Seja você o (a)
primeiro (a) e melhor amigo (a) dele (a), supervisione o que
eles fazem sem parecer um espião ou um general, veja as
redes sociais, o celular e aproveite cada momento junto com
seus filhos, ouvindo, falando, corrigindo e olhando direto
nos olhos, tudo com amor, palavras de afirmação, expressões
que construam a autoestima e estreitem os vínculos entre
vocês, nunca o inverso. É preciso estabelecer uma relação de
liberdade e confiança para que ocorra a amizade verdadeira.

• Sem diálogo – Diante de tantos problemas familiares,


não há relatos de que Davi conversava com os filhos. Ab-
salão tinha tudo: dinheiro, castelo, casas, prestígio, posição
social, status, e era bonito (a Bíblia diz que ele era o homem
mais bonito daquela geração - II Samuel 14.25), mas não
tinha pai, não tinha família. Absalão não queria um rei,
mas um pai. Três anos se passaram e o silêncio gelado entre
Absalão e Davi só agravou a situação. Depois de três anos,
Davi permite Absalão voltar para Jerusalém, mas “decla-
ra que não quer ver a sua face”, quanto mais conversar.
Absalão mandou um recado para Davi nesses termos: “Eu
prefiro que o senhor me mate, mas fale comigo”. Davi re-

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

cebeu Absalão no palácio, deu-lhe “um beijo na face, mas


não lhe dirigiu nenhuma palavra”. A falta de diálogo entre
pai e filho abriu feridas ainda mais profundas no coração
de Absalão que desembocaram em outras tragédias. Não
falou com Tamar, não falou com Amnom. Imagine a men-
te e o coração desses filhos. Não corrigia, não educava, não
acolhia, não consolava, não punia. Onde esse pai estava?
Era firme com um exército, com um povo, com o inimigo,
mas com a família deixava a desejar.

Pais omissos no aspecto do diálogo estão presentes de corpo,


mas ausentes de alma; creem que sua função é apenas colocar
dinheiro em casa, acham que dar comida e manter a casa é o
suficiente; trabalham muito e educam quase nada, acham que
essa função é dos professores escolares, ou da igreja, na escola
dominical. Quando aparece a rebeldia, os pais omissos entre-
gam os pontos dizendo: “O mundo vai lhe ensinar que sua vida
não pode continuar assim”. Jogam para os outros a respon-
sabilidade que cabe a eles: ensinar o que é certo e errado aos
próprios filhos. Todo pai é um educador, Deus planejou assim.
(Deuteronômio 6:6-7; provérbios 22:6).

Uma pesquisa feita nos EUA, na Universidade de San


Diego, Califórnia, mostrou que crianças e adolescentes que
têm uma refeição diária ou um momento diário para diálo-
go e interação familiar podem ter diminuídas em até 80%
as chances de se envolverem em atos de violência, agressões,
drogas e prostituição. Não podemos ser omissos, a tarefa de

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A N G EL A S I R I N O

educar é intransferível, é obrigação dos pais. E o diálogo é


uma das mais eficientes ferramentas nessa tarefa.

• Sem afetividade, ferido e rancoroso – O relacionamento


entre Davi e seus filhos obedecia a um formalismo frio. Davi
perdoou Nabal e Saul, mas não perdoou seus filhos. Relem-
brando: Absalão volta ao palácio real, mas sem ter o direito
de ver a face do pai (2 Samuel 14:28). O golpe de estado de
Absalão antes de morrer nada mais era do que um grito de
indignação para com o pai. Ou seja, ele falará comigo, nem
que seja brigando ou xingando, mas falará. Esse era o grito
no coração de um filho traduzido em suas atitudes. Era o
mecanismo de defesa de um coração ferido.

Geralmente, pais feridos criam filhos machucados. Ao


lermos a vida de Davi na sua adolescência e juventude, per-
cebe-se que ele era desprezado pelos irmãos, excluído dos
privilégios, o menor entre todos de sua casa, seu próprio pai
o rejeitava (I Samuel 16:8-13).

Todo adulto tem uma criança dentro de si, algumas curadas


e a grande maioria machucada. Vez por outra parece que um
gatilho externo é acionado e agimos de forma negativa, parece
que algo nos relembra um acontecimento indesejado do nosso
passado e altera o nosso estado emocional, provocando uma
grande dor emocional; a partir daí a pessoa desencadeia reações
emocionais negativas, perde as estribeiras, altera o humor, faz
coisas que não quer, nem gosta, e na maioria das vezes não se
apercebe disso. Pais feridos precisam ser curados.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

• Péssimo exemplo (adúltero e homicida) - Davi era


muito impulsivo, parece que não se preocupava muito
com suas atitudes. Esses dois péssimos exemplos vieram à
luz, e seus filhos foram adúlteros e assassinos. Às vezes
fico imaginando:

- Será que Maaca, mãe de Absalão, ficou muito machu-


cada com o adultério de Davi? Ela deve ter sentido um ódio
muita grande de Bate-Seba, nova esposa do rei. Mais uma
no pedaço! Certamente a atitude de Absalão de se deitar
com 10 concubinas do pai poderia ser no fundo um dese-
jo de vingar-se pela mãe. Se fosse um atendimento a um
cliente, analisando dentro da mesma situação, seria um dos
caminhos comprovados pela ciência que essa pessoa teria.
Chamamos de transferência.

Exemplos falam mais alto do que palavras. O comporta-


mento dos pais serve de exemplo para os filhos e isso se con-
firma facilmente: basta observar seus comportamentos, como
a maneira de falar, de gesticular, de interagir com outras crian-
ças e até mesmo com seus brinquedos. Os gestos dos pais são
reproduzidos pelas crianças, como se fossem suas miniaturas.
Dessa forma, cabe aos pais estarem atentos às suas atitudes e
comportamentos, pois eles serão copiados e repetidos pelos
filhos. O que fazemos fala mais alto do que o que falamos.

• A conspiração e a ausência de lealdade – Absalão saiu


do palácio do pai, disposto a armar uma conspiração contra
ele. Durante quatro anos, furtou o coração do povo e prepa-
rou uma revolta armada contra seu pai. Ao todo, foram nove
anos de pendências entre pai e filho. Foram nove anos em

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A N G EL A S I R I N O

que se fez vistas grossas a uma situação insustentável de má-


goas e ressentimentos. Chegou a um ponto em que Absalão
não queria mais diálogo com o pai, então decidiu conspirar
contra ele. Absalão não queria mais o perdão do pai, mas
sim matá-lo. Absalão não queria mais reconciliação, mas
decidiu tomar o trono do pai. Nessa inglória empreitada,
Absalão é assassinado por Joabe, comandante do exército de
Davi. O rei se desmancha em lágrimas num choro amargo,
dizendo: “Absalão, meu filho, meu filho Absalão”. Davi de-
clara seu acendrado amor pelo seu filho tarde demais, quan-
do ele não podia mais ver suas lágrimas, ouvir sua voz, nem
sentir o calor do seu abraço. Absalão fechou as cortinas da
vida de maneira triste e dolorosa. Sua história é um alerta
para todos nós. Não podemos adiar a solução dos problemas
de relacionamento dentro da nossa casa. O perdão, o diálogo
e a lealdade devem reger nossos relacionamentos!

CONCLUSÃO

Davi era um excelente monarca, mas ele foi negligente


com sua família; foi um dos maiores reis de Israel, no entan-
to, fracassou na educação e na formação dos seus filhos. Ele
não colocou sua família entre as suas prioridades.

Parece que eu quis desconstruir a imagem linda tão pregada


sobre Davi? De maneira alguma! Infelizmente a maioria das
igrejas prega apenas o lado bom das histórias bíblicas, até mes-
mo alguns pais não contam os escândalos bíblicos aos filhos,
tentando protegê-los. Ledo engano! Eles precisam saber que

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Davi matou Golias e foi uma bênção! Mas também precisam


saber que teve um tempo em que ele, esse mesmo Davi, deixou
o seu coração ser tomado por desejos e atitudes erradas, e que
infelizmente errou, foi perdoado por Deus, porém, colheu as
consequências. Precisamos urgentemente ensinar essa geração
que Deus perdoa nossos pecados, porém não nos livra da con-
sequência de nossos erros. De fato, o perdão de Deus é maior
que qualquer pecado, mas infelizmente não poupa o pecador
das consequências de seus atos. Às vezes, Deus ameniza as con-
sequências de nossos erros, mas não nos isenta.

Precisamos nos conscientizar como família que perdoar é


eliminar a ira ou o ressentimento contra quem pecou. Por-
tanto, o perdão não lida com as consequências do pecado,
mas sim com o pecador. Tenho observado que quem vive
no erro por um tempo costuma adiar seu arrependimento e
mudança por causa do desejo de aproveitar mais um pou-
quinho. Talvez até no subconsciente a pessoa diga para si
mesma: “Eu sei que tenho que mudar, eu vou mudar, mas
agora não, vou continuar mais um pouco. Depois eu me
conserto com Deus e com o mundo”. É semelhante à sín-
drome do ladrão que é sempre pego na “última vez” que ia
roubar. “Só mais essa, depois eu paro”.

Quando finalmente acaba na prisão, aí ele ora a Deus e


promete mudar de vida. E Deus perdoa, claro! Mas o ladrão
terá de pagar sua dívida com a lei e cumprir seu tempo de
prisão. Semelhantemente, Deus perdoa o alcóolatra e o dro-

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A N G EL A S I R I N O

gado. Mas o corpo ferido pelos vícios pagará o preço. Deus


perdoa o adúltero, mas a criança nascida da amante ou a
marca do adultério estará sempre lá — quer o casamento
continue ou não. Deus perdoa nossos gastos irresponsáveis.
Mas teremos de pagar o cartão de crédito. Deus perdoa nos-
sa mentira. Mas talvez as pessoas para quem nós mentimos
poderão levar muito tempo para confiar em nós novamente
— se é que conseguirão.

Por isso, a inteligência espiritual nos ensina que a melhor


coisa é evitar o pecado. E se já pecou, parar o quanto antes.
Resistir, pois, ao Diabo. Esse é o caminho. O próprio Deus
permitiu que essas histórias estivessem na Bíblia para que ti-
rássemos lições práticas para nossas vidas; sua palavra é cheia
de histórias de pessoas que são “gente como a gente”, humanas
e imperfeitas, como nós. Pessoas que tiveram erros e acertos.

Davi disse: “MEUS PRÓPRIOS ERROS passaram acima


da minha cabeça, iguais a uma carga pesada, são pesados demais
para mim. Fiquei entorpecido e quebrantado ao extremo”. (Leia
Salmo 38:4-8). Davi sabia que o fardo de uma consciência
culpada podia ser muito pesado. Mas ele obteve consolo para
seu coração aflito. Estava ciente de que, embora Deus odeie
o pecado, ele não odeia o pecador, desde que este realmente
se arrependa e rejeite seu proceder pecaminoso. Ele também
sabia que Deus não nos desampara e vem em nosso socorro.
(Salmo 38:21-22). Por isso, vamos analisar a vida da família de
Davi contextualizando-a às famílias atuais, de homens e mu-
lheres que andam com Deus, que têm tantas promessas, que
vencem um leão e um urso por dia, que têm tantos problemas,

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que lutam para andarem com Deus, para cultivar uma vida de
comunhão com o Pai, que creem que a mão do senhor está co-
nosco, mas que querem evitar erros, que querem acertar o alvo
e ter uma FAMÍLIA que FAZ DIFERENÇA nessa geração.

Quando começamos a analisar as pessoas, começamos a


entender que trazem muitos problemas consigo, gerados ao
longo da vida. Grande parte desses problemas são gerados
na família, suas raízes estão na infância. A família pode so-
lucionar ou gerar problemas, criar pessoas curadas ou pes-
soas doentes.

Em meus atendimentos, tenho me deparado cada dia mais


com pessoas à beira do suicídio, do caos emocional ou do
rompimento conjugal, e quando terminamos as sessões, en-
contramos em 90% dos casos as raízes dos problemas que
estão nas feridas emocionais geradas na infância ou adoles-
cência. Citarei 4 exemplos, usando nomes fictícios para meus
personagens:

1 - Amanda, 25 anos, cristã, nasceu em um lar cristão,


desviou-se na juventude e casou-se. Aparentemente, uma
mulher calma, centrada, mas por qualquer motivo avança-
va e batia no marido, agredia-o com frequência com tapas,
mordidas, jogava-lhe o que estava nas mãos. Ao pesquisar
sobre sua infância e adolescência, encontrei algo que expli-
cava tudo, ela viu por diversas vezes os pais brigarem, se
agredirem, e foram várias as vezes em que ela viu o pai, um
homem cristão, bater na mãe, sem poder fazer nada, apenas

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A N G EL A S I R I N O

entrar em seu quarto e chorar, alimentando depois da cena


o ódio pelo pai, a pena da mãe, a vontade de se casar logo
para sair de casa e deixar de presenciar tal cena; além de
tudo isso, ela ainda passou a alimentar um ódio reprimido
e uma decepção com a figura paterna vista por ela como
o religioso hipócrita. Essa ferida seriamente causada no
coração de Amanda, fez com que se casasse rapidamen-
te com um homem não cristão, e depois ela passou a ser
agressiva, começou a lhe bater como se quisesse dizer a ele
sem palavras: – Eu não sou sonsa como minha mãe, eu já
estou te batendo para nunca apanhar. Era uma autodefesa
inconsciente. Ao ter ciência disso e tratar o caso, consegui-
mos levar Amanda a entender o real motivo de bater no
marido e ajudá-la a voltar com sua comunhão com Deus e
restaurar seu casamento. Além de ter todo um processo de
levá-la a perdoar o pai e também conscientizá-la que pais
doentes criam filhos machucados, essa consciência não
apaga as lembranças amargas, mas pelo menos ameniza o
ódio reprimido, a dor e a decepção.

2 - Silvia, de 17 anos de idade, uma moça envolvida nas ati-


vidades da igreja, criada no evangelho, porém com problemas
homossexuais. Percorrendo o histórico da vida de Silvia, ela nos
narrou que seus pais não tinham muito compromisso com Deus,
sua mãe havia traído seu pai várias vezes, as brigas constantes
fizeram com que os pais se divorciassem na infância, ela foi cria-
da somente pela mãe, saía com o pai nos dias permitidos, e ele
sempre contava a ela que a amava, também amava sua mãe e que
só havia abandonado o lar por causa dos adultérios dela. Silvia

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

voltava para casa e sentia tanta falta de um lar, de um pai com


uma mãe, de uma família feliz. Ela admirava demais o pai, gos-
tava das coisas que ele gostava, tentava até imitá-lo na forma de
falar, de agir, de gesticular. A mãe se irritava e dizia: – Você parece
demais o seu pai, deveria ter nascido homem, parece uma “fêmea
macho”! Ela cresceu gravando aquela frase, que por muitas vezes
repetida pela sua mãe e sem que percebesse, queria cada vez pa-
recer mais com aquele homem bom, até achava legal quando sua
mãe dizia: “Parece uma fêmea macho”.

Como se não bastasse, no decorrer de sua vida, ela pre-


senciava namorados e mais namorados de sua mãe que per-
noitavam ali em sua casa, ela dizia que achava que sua mãe
deveria ter namorado no mínimo uns 10 homens diferentes
na sua infância e adolescência.

Silvia criou aversão pela figura de sua mãe, e encanto com


a figura do seu pai. Ele sim é referencial, ela?! Não! Então,
inconscientemente não desejava ser mulher, tinha medo de
ser mulher e se tornar como a mãe. Dizem que filho de peixe
é peixinho, não é? Então, ela projetou-se 100% no pai, 0%
na mãe, quando deu por si, envolveu-se com uma moça as-
sumindo ela o papel de homem na relação. As feridas emo-
cionais dessa moça, o que os pais viveram, determinaram
quem ela estava sendo agora.

3 - Paula teve na infância um pai presente de corpo, mas


ausente de alma, quando se dirigia à filha era com críticas e
agressividade, ela disse que lutou a vida toda para conquistá-

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A N G EL A S I R I N O

-lo, diz que não entende por que ele nunca a pegou no colo e
nem nunca a elogiou, por outro lado, sua mãe não lhe ensina-
va valores, apesar de viver em um lar cristão, ela sempre ouvia
da mãe: – Não se case com o primeiro, namore bastante, beije
muito, escolha bem, não faça como eu, escolhi o primeiro, seu
pai. Fazer o quê agora, né! Paula cresceu, começou a namorar
bastante, perdeu a virgindade, e passou a ter vários parceiros
sexuais sem peso na consciência, detalhe, muitos nem namora-
dos eram. Afinal de contas, o conselho era: Namore bastante,
e no mundo pós-moderno infelizmente é a geração test-drive,
experimente e depois veja se compensa.

Paula frequentava a igreja aos domingos, mas seus amores


não eram cristãos. Os pais eram crentes, ouviam as mensa-
gens na igreja, voltavam para casa e criticavam a mensagem
pregada, o pastor, a irmã que cantou. Durante a semana, a
família jantava à frente da TV assistindo mais um capitulo
da novela “X”, e todo mundo ficava atencioso diante das ce-
nas comuns e peculiares de novela, inclusive as de sexo antes
do casamento, adultério, etc.

De repente, seu mundo desaba diante dos amores frus-


trados, da esperança roubada, dos abandonos daqueles que
tinham tudo para se tornarem o “homem para toda a vida”,
ela conseguia prender um homem durante a noite, mas eles
sumiam no café da manhã. Paula se encontrava decepcio-
nada, ferida, machucada, se sentindo usada, desvalorizada.
Os pais descobrem, aí entra no cenário da sua vida muita

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

agressão dos pais, palavras pesadas, tais como: – vagabunda,


vadia, etc. Cortava sua alma, a mãe agora também a agredia,
e jurava não se lembrar do conselho.

Veio a raiva, e a pergunta dentro de si mesma: – Ué, ela


quem disse escolha! Ele nunca me viu, nunca me amou,
nunca quis saber como eu estava, nem como eu ia para a
escola nos dias chuvosos, nunca me presenteou. E, diga-se
de passagem, uma moça que não é notada, não é amada, elo-
giada e presenteada pelo pai, será presa fácil para predadores
de meninas que elogiam, presenteiam, levam ao shopping
ou ao cinema em troca de sexo. Durante as sessões de acon-
selhamento com Paula, levei-a a entender que ainda havia
bom futuro para sua história, disse que o referencial que ela
teve cauterizou sua consciência para o pecado. Disse que
estava agora em suas mãos perdoar seus pais e reconstruir
sua história se valorizando como mulher e se voltando para
Deus. O mais difícil com Paula foi ajudá-la a perdoar os pais,
pois ela descobriu que foi fruto do que eles fizeram com ela
na infância. Os anos se passaram, Paula teve suas emoções
restauradas e reconstruiu sua história e a vida afetiva.

Você pode estar dizendo que isso é uma tolice, pode estar
pensando que você viveu problemas muito piores e ainda as-
sim não optou por fazer nada de errado, não teve nenhuma má
conduta. Sim, que bom para você! Mas nem todas as pessoas
são iguais. Cada uma reage de uma maneira, para algumas pes-
soas problemas semelhantes a esses as impulsionam para pro-
var que serão diferentes, que serão vencedores. Entretanto, para

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A N G EL A S I R I N O

outras, como os exemplos citados acima, servem de passaporte


para o fracasso e para se afundarem em problemas e pecados.

Cada pessoa adota um mecanismo de defesa, ou seja, cada


pessoa inconscientemente procura compensar uma deficiência
real ou imaginária, adotando atitudes isoladas ou constantes.
Essas atitudes podem vir de várias formas, algumas aparente-
mente menos nocivas, como isolamento, depressão, obesidade.
Esses mecanismos de defesa podem se tornar atos repetidos,
alguns deles acabam maculando a imagem da pessoa.

São inúmeros os casos, há outros mais extremos como por


exemplo casos de automutilação, perversões sexuais abusi-
vas, dos quais falaremos no próximo capítulo.

Vários fatores podem gerar no ser humano, durante a in-


fância, dentro de casa, o medo, a angústia, a insegurança, a
baixa autoestima e a fuga. Isso mais tarde explode de alguma
maneira, pode ser em atitudes que serão usadas como me-
canismo de defesa, tentando esconder quem a pessoa real-
mente é. “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se
embotaram” ( Jeremias 31:29b).

Quando erramos como pais em nossas escolhas, nós so-


fremos, porém não sofremos sozinhos. Quando fazemos
escolhas hoje, podemos esperar que no futuro venham as
consequências quer sejam boas ou más. “Não erreis: Deus
não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso
também ceifará” (Gálatas 6:7). A lei da semeadura e colheita
estabelecida pela natureza é a forma mais prática de poder-
mos enxergar os resultados do nosso trabalho. Acredito que

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essa linguagem foi usada por Deus pelo fato de ser de fácil
compreensão para todo ser humano. Sabemos que o sistema
de plantio exige tempo, dedicação e coragem. Começa com
a preparação do solo, depois a escolha da semente e, por fim,
o plantio. Logo após, outros cuidados são exigidos, como
regar e pulverizar com pesticidas para a proteção contra as
pragas, ervas daninhas vão aparecer. Ervas daninhas apa-
recem mesmo sem plantarmos, precisamos estar de olhos
abertos para arrancá-las sem, no entanto, estragar a parte
boa que plantamos.

Minha oração é para que Deus nos dê muita graça para


buscarmos muito conhecimento e inteligência para, com sa-
bedoria, aplicá-los na educação de nossos filhos.
Parte II

Proteja sua família


da doença
“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o
teu coração sobre o gado.”
Provérbios 27:23

G ostaria de comparar o verso acima diretamente


com nossa família, ela deve ser nosso maior reba-
nho! Podemos chamar isso de o sacerdócio dos pais ou
talvez o pastoreio dos pais. Todo pai e mãe é um pastor do
rebanho que Deus lhe concedeu, temos a responsabilidade
de cuidar das almas daqueles pequeninos que Deus colo-
cou em nosso aprisco. Nossa tarefa é cuidar deles física,
espiritual e emocionalmente.

Nossa família é o rebanho mais importante, nosso lar é


o aprisco onde vivem dentro dele, eles se alimentam com
pastos cheios de fertilizantes que trazem vida, ou cheio de
toxinas que geram morte. Sim, são ambientes familiares que

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

constroem ou destroem nossa família, ambientes liderados,


dirigidos e formados por pais férteis ou pais tóxicos.

Podemos chamar aqui de pais férteis os pais que geram vida


em seus filhos, através do amor, do carinho, do conhecimento
do que eles precisam para suas felicidades, são aqueles que pro-
curam conhecer o estado dessas preciosas ovelhas, que traba-
lham em prol do bem de cada um deles; e os pais tóxicos, que
segundo a especialista em trauma e professora de psiquiatria da
Escola de Medicina de Harvard, Dra. Judith Lewis Herman,
são aqueles que com suas atitudes trazem dano psicológico e
geram uma relação prejudicial entre pai e filho, consequente-
mente, estendendo a praticamente todos os relacionamentos
que esses filhos irão construir ao longo de sua vida, pois a escola
de relacionamentos começa no lar. Mas o que são realmente
pais tóxicos? Entenda melhor o que a ciência, nas áreas da psi-
quiatria, psicologia e a psicanálise chama de pais tóxicos:

• O que são. Pais cujo comportamento negativo causa


desgaste emocional, que contaminam o sentido de
personalidade dos filhos.

• Atitudes. Abusam dos filhos verbal, física e/ou sexualmente.


Outros têm comportamento inadequado ou ignoram as
necessidades emocionais dos filhos.

• Consequências. Alguns padrões de comportamento deixam


um legado de culpa e vergonha em seus filhos, que estará
presente ao longo de suas vidas.

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A N G EL A S I R I N O

• Herança. Geralmente, os pais tóxicos aprendem esse


comportamento com seus próprios pais (normalmente essa
é a principal origem).

Antes de abordamos sobre as características de pais tó-


xicos que formam lares predatórios, quero apenas relem-
brar e conscientizar cada um de nós que os pais também
são gente, são seres humanos, que se encontram muitas
vezes desorientados e perdidos na jornada de educar seus
filhos. São pessoas que carregam suas próprias feridas,
seus traumas, suas próprias histórias familiares, muitos
trazem boas e outros más lembranças, eles também car-
regam sofrimentos profundos de fatos que viveram, e a
grande maioria não buscou ser curada emocionalmente a
fim de gerar filhos curados, muitos até hoje carregam um
sentimento de culpa fortemente enraizado, condenando-
-se a si próprios como se tivessem falhado em algum mo-
mento, ou quem sabe em todos!

A grande maioria dos pais da atualidade usam máscaras e


vivem encenando personagens, por exemplo:

1 - Quantos se fazem de fortes, inteligentes e perfeitos?


Muitos de nós idealizamos e tentamos provar que somos
o pai ou a mãe perfeitos, acabamos quebrando a cara e nos
frustrando. Isso acontece porque buscamos algo inatingível.
A perfeição é divina, e não somos Deus. Somos somente
gente e possuímos nossas limitações. Quando nos empe-
nhamos em mostrar aos nossos filhos que somos perfeitos,

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

nos tornamos muitas vezes severos e rudes. Com essas ati-


tudes, eles assimilam e interiorizam a ideia de perfeccio-
nismo e cobram permanentemente a nossa perfeição, além
disso, essa atitude ainda gera outros problemas, por exem-
plo, para nós, a busca da perfeição está associada a fazer
o nosso melhor, com dedicação, amor e carinho. Para os
filhos, os pais perfeitos são aqueles que nunca dão bronca,
que estão sempre disponíveis, custe o que custar, que sem-
pre dizem sim, isso significa permitir que eles façam tudo
aquilo que desejam.

2 - Outros pais parecem uma máquina, que conseguem


trabalhar vinte e quatro horas por dia, transmitindo a ima-
gem de caixa eletrônico, prontos para abastecê-los com di-
nheiro sempre que desejarem, custe o que custar.

3 - Outras vezes parecemos o super-herói, que sozinho dá


conta de tudo. Ainda parecemos o personagem objeto que
aceita ser ofendido, xingado, hostilizado, sem manifestar qual-
quer atitude de desaprovação ou ainda manifestamos atitudes
totalmente depreciáveis, carregadas de hostilidade e vingança.

4 - Outros pais parecem mágicos, dando a ideia de que


resolverão o problema num piscar de olhos.

5 - Ainda existem aqueles que querem ser o personagem


mártir, ou seja, que carrega para si todas as falhas dos outros.

O grande problema é que não conseguimos ser esses


personagens, e se formos, possivelmente adoeceremos

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A N G EL A S I R I N O

nossos filhos, além de ainda acarretar como consequên-


cia termos nossas emoções cheias de altos e baixos. Nos
tornamos pessoas com picos de intensa alegria e grande
tristeza, de muita realização e grandes frustrações, nossas
emoções mais parecem uma montanha-russa, e pelo mes-
mo motivo, muitos pais em algum momentos amam e em
outros odeiam, perdem simplesmente a noção do que é
um elogio e do que é uma critica, do que eleva a autoes-
tima dos seus filhos e do que destrói; perdem a noção de
palavras e atitudes que geram vida e que geram morte, do
que fertiliza e do que intoxica.

Infelizmente, essa é a dura realidade em que se encontram


os lares hoje, mais lares depredadores do que construtores.
Nota-se lares que, aparentemente, são estruturados e o casal
parece viver bem, mas é só aparência. Sem querer ser agres-
siva, mas alguns lares se apresentam como sepulcros caiados,
que causam uma boa impressão para quem olha de fora, mas
que por dentro estão malcheirosos. Não é de lares onde a
presença de Jesus é tratada com indiferença, não! Estou fa-
lando de lares que professam a fé em Cristo. Lares em que
o relacionamento com Deus se apresenta aparentemente
como sendo muito bom, gente que se diz de Deus, mas que
o relacionamento entre o casal e os filhos vai de mal a pior.

Urgentemente nós, os casais cristãos, temos que acordar


para uma grande verdade: a igreja é importante, o trabalho

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

também, mas se formos negligentes com o nosso relaciona-


mento conjugal e familiar, estaremos sujeitos à infelicidade,
angústias e outros problemas. Chamo aqui a atenção dire-
tamente do casal porque de nós parte a estrutura familiar,
casais restaurados geram uma família restaurada. Nessa vida
agitada da pós-modernidade, os cônjuges estão se consu-
mindo dia e noite com seus muitos afazeres, buscando con-
solidar as metas alcançadas, querendo a todo custo manter o
status e, se possível, alçar novos voos. Ambos estão, na maio-
ria das vezes, olhando tanto para frente que se esqueceram
de parar um tempinho a fim de dar uma olhadinha do lado
e ver como estão seu cônjuge e seus filhos. A grande maioria
não tem procurado conhecer o estado de suas ovelhas.

Infelizmente a dura verdade é que vivemos em uma ge-


ração que está cega pela necessidade de melhorar a vida,
que se resume a aumentar o patrimônio, ou de lutar para se
manter no pódio profissional, não tendo tempo para sabo-
rear a maravilha que é viver alegremente a vida em família.
Precisamos ver mais lares que tenham de fato a verdadeira
alegria, ainda que aparentemente não tenham tantos bens
materiais ou recursos financeiros. Então, veremos que não
é preciso tantas coisas consideradas boas e indispensáveis
para ser feliz, precisamos de bons relacionamentos familia-
res, isso sim, pois nesses relacionamentos residem a alegria,
a paz e a segurança do ser humano. Precisamos de mais pais
que estejam pastoreando o coração do cônjuge e dos filhos;
que pratiquem a recomendação da Bíblia: Olhe bem para o
estado de suas ovelhas e façam isso enquanto é tempo.

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A N G EL A S I R I N O

Ao fazer isso, lembre-se que todo ser humano precisa ser


bem cuidado, de uma maneira integral, nas suas necessida-
des fisiológicas, emocionais, relacionais e, é claro, espirituais.

Continuando a comparação de pais como pastores e fi-


lhos como seus rebanhos, eu te pergunto:

• O que os pais precisam fazer para serem como pastores


de seus filhos?

• Como os pais podem ensinar verdades com amor a seus


filhos?

• Como dar a eles o alimento que mais precisam?

• Como alimentar a alma, que é o centro das emoções?

• Como não intoxicar (envenenar) as emoções de nossos


filhos?

• Como me livrar dos meus erros que são atos que eu


mesmo considerava errados, repetidos por mim pelo modelo
que recebi de meus pais?

Como entender a pergunta: Eu sofri e nem por isso


virei mau elemento ou uma pessoa sem caráter? Isso não
serve de desculpa para nenhum dos meus filhos! Já viu
pais dizerem isso? Lembre-se que cada pessoa é única e

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

reage de forma diferente diante das situações vivenciadas.


O que fazer com as cicatrizes da minha alma? E com
as cicatrizes que tenho gerado na vida dos meus filhos?
Como posso entender tudo isso? Existem cicatrizes nas
emoções de uma pessoa? Como? Onde? Por quê? Quais
são os problemas que essas cicatrizes podem gerar?

Interessante que quase todos nós carregamos marcas


pelo corpo. Muitas delas são cicatrizes vindas da infância. É
possível até contar um pouco de nossa história através das
marcas deixadas, como por exemplo: a queda da bicicleta, a
queimadura no fogão, o corte com a faca, o encontro com
o arame farpado, a marca daquela vacina famosa que toma-
mos no braço, entre outros.

Isso me lembra uma história que aconteceu há tempos


passados na Flórida, EUA. Conta-se que num dia quen-
te de verão, um menino decidiu ir refrescar-se na água fria
do lago perto de sua casa. Mergulhou e saiu nadando lago
adentro, sem perceber que um jacaré que dormia na mar-
gem, ao ouvir o barulho, acordou e lançou-se à água. A mãe
do garoto também ouviu o barulho do filho nadando e se
aproximou da janela. Viu, então, o jacaré dirigindo-se ao fi-
lho que não tinha percebido o perigo. Correu para o lago,
gritando o mais alto que podia. Ao ouvir os gritos da mãe,
o menino percebeu o jacaré e começou a nadar de volta à
margem, o mais depressa possível. Já estava a poucos metros
quando o jacaré o abocanhou pelos pés. A mãe, então, de-
sesperada, entrou na água e puxou o filho pelos braços. Foi

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A N G EL A S I R I N O

uma luta terrível, a mãe puxando de um lado e o jacaré do


outro. Era o amor da mãe contra a força bruta do jacaré. Um
fazendeiro que ouviu os gritos, pegou uma arma, correu até
o lago, disparou no jacaré e este soltou a criança. O menino
ficou muito tempo no hospital. Seus pés ficaram cheios das
cicatrizes das feridas produzidas pelos dentes do jacaré, e,
em seus braços, ficaram marcados os riscos profundos onde
as unhas de sua mãe estiveram cravadas no esforço por sal-
vá-lo. Um repórter de jornal, que entrevistou o menino já
em sua casa, perguntou-lhe se podia mostrar as cicatrizes.
O menino levantou os pés e mostrou-as. Então, com natu-
ral orgulho, disse ao repórter: – Mas olhe os meus braços.
Eu também tenho grandes cicatrizes nos meus braços. Foi
minha mãe que fez, ao não deixar que o jacaré me levasse.

Esse é um exemplo maravilhoso de um momento con-


flitante vivido em um lar com uma cicatriz que traz uma
excelente lembrança, resgatando, literalmente, uma vida da
morte! Porém, muitos de nós podemos identificar-nos com
esse menino, mas ao contrário de sua história, podemos lem-
brar de cicatrizes feitas na alma. Nossos filhos certamente
têm muitas cicatrizes de lembranças ruins. A maioria das
cicatrizes de um passado doloroso que o ser humano carre-
ga, infelizmente foram causadas dentro de seus lares. Essas
marcas podem ser chamadas de estigmas (do gr. Stigmata),
como Paulo o fez em Gálatas 6:17. Essa palavra era usada
no passado para se referir às cicatrizes provocadas por tor-
tura, apedrejamento ou ferro em brasa para marcar escravos
e animais. Semelhantemente, quantas vezes somos tortura-

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

dos, apedrejados e machucados emocionalmente e também


fisicamente dentro de casa, com as pessoas que mais deve-
riam nos amar?

Assim como as queimaduras e os cortes deixam seus si-


nais pelo corpo, é certo que a alma também possui a pro-
priedade de receber marcas, mas ao contrário do corpo, que
com o passar do tempo se regenera, na alma é diferente,
muitas dores causadas no passado ainda permanecem vivas,
elas adoecem a alma e resultam em doenças físicas, conhe-
cidas como psicossomáticas. Acontecem porque os senti-
mentos se perpetuam e os anos parecem não os apagar nem
mesmo atenuá-los. É como se aquelas cicatrizes quisessem
ser notadas para dizerem: “olhem o que fizeram comigo”.

Se a cicatriz só marcou o corpo, tempos depois somos


capazes de rir, pois a dor não é mais sentida, mas se ela
atingiu a alma, qualquer lembrança do fato faz despertar
todo o desespero que um dia aquilo nos causou. E o que
é pior: por conta da associação simbólica, aqueles que nos
feriram acabam adquirindo no presente novos rostos, e isso
faz com que continuemos lutando contra pessoas que não
foram exatamente aquelas que nos infligiram dor, porém
nos lembram quem o fez.

Feridas na alma têm como consequência fazer com que


muitas oportunidades sejam perdidas pelo medo de reviver
a dor de um fracasso passado. Outros fecham o seu coração
para um relacionamento afetivo para não correr o risco de

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A N G EL A S I R I N O

se machucarem novamente – na maioria das vezes esse pen-


samento a respeito de outra pessoa é fantasioso –, o medo
de serem abandonados novamente se torna maior do que o
desejo de arriscar a ser feliz.

Uma amiga particular minha viu dois de seus irmãos


consanguíneos tentarem abusar sexualmente de suas irmãs,
ela era a filha mais velha de uma prole de sete irmãos, co-
meçou, sem perceber, a ter aversão à figura masculina, que
a lembrava um animal, que só pensava em sexo. Namo-
rou alguns rapazes, ficou noiva três vezes, mas rompia com
seus relacionamentos, por fim, hoje está com 50 anos, vir-
gem, não se casou e era frustrada porque, constantemente,
perguntava a si mesma e às amigas mais próximas por que
Deus não havia lhe dado uma família com filhos? Depois
de um longo aconselhamento e uma vasta anaminese (aná-
lise psicológica) que juntas fizemos, estava lá, guardado na
memória dela, no fundo da alma, a decepção com a figura
masculina, o medo de ter filhos e eles fazerem o mesmo
que seus irmãos tentaram fazer, estava guardado incons-
cientemente dentro dela a insegurança de ter um marido
que fosse tão animal como os irmãos.

Quando ela descobriu isso, pôde entender tudo, e me dis-


se que quando lembrava da cena de tirar os irmãos literal-
mente de cima de suas irmãs, aquilo a bloqueava completa-
mente de casar. Sem perceber ela transmitia aos namorados
toda raiva reprimida dentro dela, se tornava grossa, crítica,
sarcástica. Sem perceber, instintivamente, ela tinha ódio de

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

homem, e medo de não saber lidar com a sexualidade quan-


do se casasse, pois sabia que aquela cena em sua mente teria
que ser vivida entre marido e mulher. Depois de cuidarmos
de suas feridas, ela se relacionou com outra pessoa, mas fala-
va comigo em tom de brincadeira: - Não posso casar só para
ter alguém para conversar, passear juntos, ele cuidar de mim
e eu dele? Não quero sexo! Só de pensar me dá uma coisa
ruim e vontade de desistir de novo.

Por que reagimos assim? É o sentimento de raiva, de-


cepção, medo, vergonha ou humilhação que não quer ser
repetido, ele parece não querer se apagar da nossa mente,
insiste em ficar lá. É como se a nossa alma tivesse feito
um juramento: “nunca mais farão isso comigo”. As feri-
das tornam-se, então, uma espécie de escudo para justificar
um modo de vida acuado, temeroso, agressivo, defensivo e
incapaz de se libertar. Na linguagem bíblica, essas feridas
se instalam na alma humana e a palavra alma é traduzida
como coração, é entendida como a sede das nossas emo-
ções, a saber, da inteligência, dos sentimentos, da vontade
e de todas as emoções humanas, em que ficam localizadas
as lembranças boas ou más. Sim, elas ficam ali escondidas
no coração, e com o passar do tempo, aparecem, provo-
cando atitudes e comportamentos inexplicáveis, fazendo a
alma adoecer como resultado de mensagens negativas de
um passado sofrido, de más lembranças. Algumas atitu-
des, como críticas, ódio, mágoa, sarcasmo, agressividade,
grosseria, melancolia ao extremo, depressão (entre outras),
são expressões claras dessas feridas na alma, que estão es-

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A N G EL A S I R I N O

tourando em nosso corpo através do que fazemos e somos.


Elas abrem portas para outras patologias (doenças), por
exemplo: gastrite, úlcera, câncer, etc. - Grande parte dessas
doenças a psiquiatria chama de doenças psicossomáticas.
A palavra Psiquiatria deriva do grego e quer dizer arte de
curar a alma, mas nós sabemos que esta não é uma espe-
cialidade humana, e sim divina, só Ele e Nele temos 100%
da nossa alma curada e restaurada, Nele encontramos gra-
ça para ter compreensão, superação, força para perdoar e
ainda pegar nossas feridas cicatrizadas e ajudar a ser remé-
dio para outro coração ferido. Entretanto, Deus deixou ao
homem a sabedoria de ser seu instrumento para auxiliar
no processo de cura, principalmente quando se busca um
profissional cristão, a psiquiatria, a psicologia e a psicaná-
lise compõem as ciências da medicina que lidam com a
prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabi-
litação das doenças mentais de origem emocional, sejam
eles de cunho orgânico ou funcional, tais como depressão,
doença bipolar, esquizofrenia e transtornos de ansiedade.

Antigamente, acreditávamos que todas as pessoas com


algumas dessas características eram possessos de demônios,
porém, com o passar dos anos, entendemos que a grande
maioria dos casos é de cunho emocional, entendemos que
Satanás entra no coração do ser humano para roubar, matar
e destruir suas emoções e, por fim, sua vida, mas ele encon-
trou em algum lugar uma brecha, cabe a nós fechá-la.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Curar essas feridas tem como meta principal trazer alívio


do sofrimento psíquico e o bem-estar emocional. Ainda que
nós, cristãos, saibamos que existe uma grande diferença en-
tre doença EMOCIONAL e ESPIRITUAL. A psiquiatria
não tem poder para curar a alma humana, isso a ciência ain-
da não descobriu. Sabemos que são problemas gerados pela
ausência de Deus na vida das pessoas, e que quando o ser
humano tem um encontro verdadeiro com Ele e mantém
uma vida de comunhão e intimidade com o Pai Celeste, isso
vai gerar frutos que fertilizam a vida de outros. A maioria
das doenças que envolvem a alma do homem não se cura
com remédios, mas com ajuda espiritual.

Veja que interessante esses versos bíblicos:

1 - Somos reflexo daquilo que pensamos a nosso respeito,


nossas emoções estão diretamente ligadas aos nossos pen-
samentos, sentimentos, vontades e desejos. O lugar em que
mais se forma essa autoimagem de quem somos é no lar.
“Da forma que imagino a minha alma, assim eu serei” Pro-
vérbios 23:7a. O que pensamos a nosso respeito? Quem nos
ajudou a construir essa imagem sobre nós? Lembra de frases
que ouvimos em nossa infância ou adolescência, tais como:
– Você não vai dar nada que presta! Preguiçoso! Ninguém te
aguenta! Percebe como essas frases estão guardadas aí den-
tro de mim e de você? Já te atrapalhou em algum momento
de sua vida? Já percebeu como reproduzimos isso com nos-
sos filhos? Falamos sem perceber: – Você nasceu para me
dar desgosto! – Você parece um macho, menina!

92 |
A N G EL A S I R I N O

Esses dias, uma de minhas discípulas veio compartilhar co-


migo um caso em que duas moças da igreja estavam manten-
do um relacionamento homossexual, sem o mínimo de peso
na consciência, inclusive usando o banheiro da igreja para se
beijarem durante o culto! Mas, por terem sido descobertas e
tiradas de suas funções na igreja, foram procurar ajuda. Ao
vasculharmos a alma dessas meninas, descobrimos que uma
delas ouviu a mãe falar durante toda sua vida: - Oh menina
que gosta de coisa grosseira! Parece uma mulher macha! Para
agravar a situação, essa menina sofreu com a separação dos pais
e sabia que havia sido pela traição da mãe, o pai para ela era a
figura boa, vítima da mãe, que no seu subconsciente só sabia
ferir as pessoas, inclusive ela, que ainda se deparava com vários
namorados de sua mãe em sua casa, inclusive sendo levados ao
quarto da mãe, que era cristã de fachada. Ia à igreja nos cultos
de domingo, não tomava ceia. A imagem que ficou gravada
na mente dessa jovem foi: – Você é macha, entregue-se a isso,
pode continuar na igreja, não precisa de compromisso, basta se
retirar no momento da ceia! Viu como ela criou uma imagem
completamente distorcida de quem ela é e como, em partes,
copiou o modelo materno? Pais doentes criam filhos doentes.

2 - Quebrantamento gera cura. Quebrantado significa en-


fraquecido, abatido, sem forças, retrata o ato de humilhar-se
perante Deus reconhecendo nossas fraquezas, debilidades e
dependência dEle. Só Ele cura os de coração quebrantado e
cuida das suas feridas (Sl 147:3).

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

3 - Receita bíblica e diagnóstico de alma ferida. “O cora-


ção alegre é bom ‘remédio’, mas o espírito abatido faz ‘secar’
os ossos” (Pv 17:22).

O verso acima fala sobre duas emoções, uma boa e ou-


tra ruim, fala de um coração emocionalmente alegre e outro
abatido, vale a pena lembrarmos que estar alegre signifi-
ca: estar contente, jubiloso, cheio de vida; enquanto estar
abatido significa estar cansado, arrasado, desanimado e
sem vida! Fica claro através desse verso que a alegria ser-
ve como bom remédio para o nosso coração, e o coração
representa o centro da nossa alma, a sede das nossas emo-
ções; e o coração abatido traz o adormecimento nos nossos
ossos, somatiza no físico!

É como dizer que a alegria traz sentimentos de vida e a


angústia traz sentimentos de morte. Esses sentimentos são
gerados de relacionamentos, portanto, relacionamentos tra-
zem vida e podem trazer morte! De fato, as doenças na alma
diminuem a nossa resistência de tal modo que podemos su-
cumbir a enfermidades físicas. Entretanto, um coração limpo
de qualquer mágoa ou ressentimento, um coração cheio de
amor, contribui para nossa saúde. Tal fato é comprovado cien-
tificamente, toda vez que nos alegramos, a felicidade produz
no cérebro uma substância chamada endorfina, que, por sua
vez, estimula a reprodução dos glóbulos brancos do sangue,
mais precisamente as células “T”, fabricadas na medula óssea,
essas células constituem a fortaleza do organismo, tornando-

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A N G EL A S I R I N O

-se, portanto, sua autodefesa. Isso quer dizer que quanto mais
alegria, paz e felicidade tivermos, mais endorfina produzire-
mos, estimulando e fortalecendo nosso sistema imunológico
e, consequentemente, produzindo mais saúde.

Interessante que o mesmo verso diz: “um espírito abatido


faz secar os ossos”, ou seja, um espírito amargurado, carre-
gado de ressentimento, é um grande motivo de doença e de
debilidade física. Essa declaração bíblica também é compro-
vada cientificamente.

Nos casos de tristeza, de ódio e de ressentimento, certas


glândulas do nosso organismo, principalmente as suprarre-
nais produzem uma substância denominada adrenalina, que
por sua vez é um veneno extremamente nocivo aos glóbulos
brancos, os quais são reproduzidos na medula óssea. Diz o
texto que um espírito abatido (fator produtivo de adrenali-
na) faz secar os ossos.

Isso significa que quanto mais rancor, mágoa ou tristeza,


nosso corpo produz mais adrenalina na corrente sanguínea
e, por consequência, devido à diminuição da autodefesa do
organismo, ficamos mais suscetíveis a doenças. A Palavra
diz que os pensamentos de tristeza ou de amargura opri-
mem o espírito: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas
com a tristeza do coração, o espírito se abate”. Pv 15:13. A
Bíblia também mostra aqui a existência de doenças psicos-
somáticas, emoções tóxicas gerando enfermidades no corpo.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Fiz questão de mostrar tudo isso para termos consciên-


cia da importância dos relacionamentos familiares, porque
o principal ambiente produtor das doenças e também da
cura emocional se chama família, ela pode, em seu cotidia-
no, formar e moldar em nós coisas boas ou ruins. A família
é o maior responsável por nos tornar indivíduos de persona-
lidade desajustadas ou ajustadas.

Nós somos, tanto no aspecto genético, emocional, como


no espiritual, reflexo das pessoas com as quais convivemos,
e os que mais marcam nossas vidas são os pais e irmãos.
Onde nascemos e crescemos recebemos conceitos. Por isso,
precisamos buscar de Deus sabedoria para lidar com nos-
sos filhos nas diferentes situações que atravessamos na vida.
Precisamos ensiná-los que as emoções tóxicas expelidas (as
que são jogadas para fora) geram cura, e as emoções tóxicas
reprimidas (as que são colocadas para dentro da alma) ge-
ram feridas na alma e problemas emocionais. Isso acontece
porque geralmente não temos instrumentos internos para
lidar com a rejeição, com a discórdia, com a perda de um
ente querido, etc. Portanto, adoecer se torna a forma mais
comum de lidar com o problema, é como se estivéssemos
gritando: – Olha para mim, estou doente! Socorro! Me aju-
da! Compreenda-me!

Entretanto, a maioria dos pais quando se depara com


situações que envolvem frustrações com os problemas fa-
miliares, questiona a Deus, quase gritando: – Pai, onde o
Senhor estava? Porém, esse questionamento deveria mudar,

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A N G EL A S I R I N O

deveríamos perguntar: – Deus, onde eu estava, onde nós es-


távamos que não vimos isso? (Nós, os pais). Infelizmente,
muitas vezes, trazemos maldições e problemas para dentro
de nossa casa e nem percebemos isso. Um exemplo bíblico,
Sara, mulher de Abraão, teve um encontro todo especial com
os anjos que lhe prometeram a realização de seu mais pro-
fundo sonho, ser mãe, entretanto, ela achou que Deus não era
suficientemente poderoso para cumprir a promessa de fazê-
-la mãe de milhares, resolveu então dar a sua ajudinha básica
para Deus, ela deu o jeito dela, arrumou uma concubina para
o marido e disse: – Dá um filho a ele. O filho nasceu e essa
família toda, aliás as duas famílias, sofreram sérios problemas
emocionais. Ainda bem que Deus entrou na história dessas
duas mulheres e trouxe um novo rumo para elas.

Se isso acontece em casa, com os filhos, com os irmãos,


quanto mais com os de fora. Um abismo chamando outro
abismo, pais doentes na alma, emocionalmente feridos, ge-
rando filhos, netos, bisnetos e tataranetos doentes.

Assim vai, geração após geração, atos falhos repetidos.


Parece ser mais fácil colocarmos a culpa em uma maldi-
ção hereditária, daí nossa parte fica mais leve, basta ape-
nas orarmos; assumir erros é difícil! Precisamos mudar de
rota ou criaremos pessoas rancorosas, malucas, depressivas
e insuportáveis. Essa é uma realidade para a qual não que-
remos acordar.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

O coração humano, muitas vezes, parece uma lata de lixo,


acumulando tudo aquilo que não presta, cada vez mais cheio
de emoções tóxicas, resultado de diversas situações que vive-
mos, vejamos algumas delas:

1 - Lares em que os pais estão envolvidos em casos ex-


traconjugais. Aconselhei um filho que viu no WhatsApp
do próprio pai (que se intitula pastor), uma foto de uma
irmã com o seio de fora, só de calcinha! Quando o filho
foi confrontá-lo, ele disse que deveria ter enviado por en-
gano. Detalhe, esse tipo de engano era constante, não era
a primeira vez que o filho via tal cena. Imagine a alma ma-
chucada desse filho já adulto, mas que constantemente pre-
senciava desde a infância situações semelhantes. Na mente
desse filho travava-se uma crise emocional, ele pensava “não
está certo”, ele é pastor, ainda que fosse simplesmente um
homem comum, ainda assim não estaria certo! Vários sen-
timentos brigavam entre si na mente de alguém vitimado
por essa situação, imagine o que isso pode acarretar: raiva,
ódio, desejo de vingança a favor da figura materna, vergo-
nha, desprezo, sentimento de hipocrisia, ou até mesmo um
sentimento de transferência no sentido de aceitar e ainda se
colocar na mesma posição: também posso fazer igual a ele.

Não são os filhos que precisam dizer aos pais o que não está
certo, são os pais que precisam lhes dizer, fazendo-o com pa-
lavras e atitudes. São centenas de casos semelhantes a esse em
que os filhos sabem do relacionamento extraconjugal de um
dos pais. Lares em que os pais são abusadores. Como se tor-

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A N G EL A S I R I N O

nou comum ouvirmos matérias sobre isso nos jornais! Pais e


às vezes outra pessoa com um vínculo afetivo parental, abusam
do outro. Quantos casos em que avós, padrastos, tios, primos e
amigos próximos da família são os mais envolvidos em abuso
sexual? Vou citar alguns exemplos de atendimentos (mudarei
os nomes verídicos para proteger a imagem dos mesmos).

Laura, uma moça de 19 anos, me procurou cheia de pro-


blemas. Foi abusada pelo avô materno desde 10 anos de
idade, nunca contou a ninguém, apenas pediu ao avô que
parasse, porque Deus não aprovaria tal coisa, e ela me disse
entre lágrimas que o avô disse: – Tem problema não, Deus é
amor. Ao completar 16 anos, um amigo muito próximo da
família lhe deu uma carona para o trabalho e abusou dela,
ela disse que iria à delegacia denunciá-lo, foi quando aquele
homem retrucou tocando justamente na ferida dela, dizen-
do: – Então denuncia seu avô também, ele que me disse
como era bom “usar” a neta. Eu confesso que não tive pala-
vras para cuidar daquela jovem, apenas chorei com ela e dei
meu ombro para ela chorar. Depois pedi ao Espírito Santo
para consolá-la e mudar o curso de sua história.

Carla foi abusada pelo padrasto com a ciência da mãe que


justificava dizendo: – Minha filha, vai passar, aguenta mais
um pouco, não temos quem nos sustente financeiramente, seu
pai nos abandonou. Mas a mãe também a rejeitava, batia com
agressividade quando percebia que o companheiro procurava a
filha. Assim que se casou, teve um surto e ficou esquizofrênica,

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

precisou ser internada em um sanatório por dois meses. Feliz-


mente, ela conseguiu ser curada e restaurada.

Imagine uma situação como essas em que a pessoa não


tem como se defender e quem deveria amar, abusa, e ainda
ameaça e age com sarcasmo quando a vítima tenta se auto
proteger, dizendo que vai denunciar!

2 - Lares onde há críticas - A velha e conhecida frase


“palavras o vento leva” não se aplica quando o assunto é edu-
cação de filhos. Dia após dia escuto adultos profundamente
machucados com as duras palavras de críticas que escutaram
de seus pais quando ainda eram crianças. Infelizmente, é
mais comum do que imaginamos pais falarem de maneira
destrutiva, criticando e menosprezando os seus filhos. Por
exemplo: – Você é um burro. – Para de me irritar, senão você
vai apanhar. Criança insuportável. – Você é igualzinho ao
seu pai, um idiota. – Você é louco ou surdo? Está me ouvin-
do? Eu já falei para parar com isso – Você está parecendo
uma prostituta com essa roupa.

O quê e como falamos com os nossos filhos faz toda a


diferença na formação de suas personalidades, autoestima e
relações interpessoais. Os exemplos acima parecem ser ex-
tremados, mas é comum serem pronunciados pelos pais, e
geralmente saem de forma impensada da boca de pais que
estão ou são estressados, mal-humorados, mal-educados e
descuidados. Muitos pais falam tais frases com uma natura-
lidade espantosa, como se em nada fossem afetar seus filhos.
Precisamos entender que temos o poder de influenciar nos-

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A N G EL A S I R I N O

sos filhos com uma profecia auto realizadora. O que é isso?


Pois bem, tudo que falamos aos nossos filhos é como uma
programação mental, que pode ser tanto positiva, quanto
negativa. A programação negativa tem nome e endereço e
chama-se: profecia auto realizadora. Essa é a expectativa ou
o pré-conceito que se cria de algo ou de alguém e, mes-
mo que ela seja errônea ou diferente da vontade do próprio
indivíduo em questão, pode vir a concretizar-se. Prestemos
atenção em quantas vezes profetizamos frases, eventos ou
situações para os nossos filhos.

Estas vão desde um simples: “Você vai cair!” Até o “nunca


confie nos homens!”. O pior é que essas frases ecoam não
apenas na mente de cada pequeno ser que as escuta, mas elas
permanecem, tornam-se verdades inconscientes e avançam
de geração em geração. Se eu escutei de meus pais, provavel-
mente eu falarei aos meus filhos.

Se não com as mesmas palavras, o mesmo sentido mal-


doso ou depreciativo. Isso acontecerá até que o ciclo seja
interrompido através da tomada de consciência. E mais, por
exemplo: lares em que os filhos convivem com as preferên-
cias. Lembro-me de um rapaz que me disse que o pai con-
tava para todos que o filho Pedro fazia odontologia, era o
doutor da família, mas não mencionava em momento algum
que ele fazia economia, nem mesmo dizia que ele estuda-
va. Isso soa como rejeição ao coração dos filhos. Lares em
que houve o roubo da inocência juvenil. Pais se esquecem
de proteger seus filhos. Não conversam, não explicam, não
abrem os olhos desses filhos para os perigos da vida.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Mariana, 21 anos de idade, por exemplo. Quando beijou


o primeiro rapaz aos 13 anos, ele a acariciou no rosto e
desceu as mãos pelo corpo, acariciou os seios e ela disse
que na hora se assustou, mas depois se lembrou das cenas
da TV que a família que se dizia cristã assistia enquanto
jantavam, então ela pensou, “deve ser normal, faz parte do
processo do beijo!”. Daí para frente, foi questão de sema-
nas para se entregar espontaneamente para um homem a
fim de ter sexo. Outra questão importante que precisa ser
observada é o caso dos filhos que ouvem palavras de por-
nografia dentro de casa.

3 - Lares em que falta modelo - Onde os pais são mo-


delos distorcidos, não são referenciais de caráter, de vida de
integridade com Deus, de cônjuge e cobram dos filhos o que
nem eles conseguem fazer.

4 - Lares em que existe completa desatenção aos filhos.


Pais dão mais importância a um eletrônico do que ao pró-
prio filho, pais que não cuidam do básico, da roupa, do ali-
mento. Os filhos vão para a casa de outra pessoa e os pais
nem ao menos ligam para saber como estão, ou para sim-
plesmente mostrar, através dessa atitude, que estão sentindo
sua falta. Crianças com roupas rasgadas, sapatos estragados,
sujos, desarrumados. Muitas vezes isso acontece não porque
os pais não tenham condições financeiras, e sim porque se
preocupam consigo, menos com eles.

5 - Lares em que existe falta de crescimento intelectual


e falta de conhecimento emocional - Era das redes sociais,

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A N G EL A S I R I N O

WhatsApp, em que as pessoas estão apenas repassando, re-


produzindo informações e pensamentos, e não são forma-
doras de pensamentos, projetos e ideias. Os jovens estão
ficando sem inteligência, sem assunto, sem comportamento,
sem sentimentos. Se expressam friamente colocando nas
mensagens: “kkkkk”, “rsrsrsrsr”, desenhos de mãos levanta-
das, desenhos de rosto envergonhado, de lágrimas etc., sem
na verdade ter a expressão do sentimento. Isso está criando
uma geração que não sabe definir o que realmente sente e
qual é o real sentido de determinada emoção.

6 - Lares em que os pais são passivos - Não exigem limi-


tes, não existe prestação de contas.

7 - Lares em que as mães são sobrecarregadas – A mulher


optou por aderir às mudanças pós-modernas, encararam com
louvor a dupla jornada de trabalho, e agora se encontram so-
brecarregadas e estressadas. Uma pesquisa recente disse que o
salário de uma mãe deveria ser em média R$ 10.000,00, pelo
fato delas terem atualmente uma carga dobrada de atividades
e serem extremamente cobradas pela sociedade. Esse excesso
de atividades gera estresse, angústia e ansiedade, daí se origina
uma série de outras atitudes tóxicas.

8 - Lares onde os filhos vivem sob pressão dos amigos


e os pais não conseguem explicar de forma convincente as
cobranças que eles sofrem. Eles dizem: – Meus amigos vão
para X festa, X local! Por que eles podem, eles dormem fora,
por que a gente não pode? Eles podem! Por que eu não, eles
têm, por que não tenho?

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Lares em que existe a religiosidade dos pais. Lares que são


verdadeiros sepulcros caiados. Na igreja, uma família linda,
pura, santa, que ora, canta, abomina o pecado, mas que em
casa rola tudo, palavrão, ofensa, qualquer programação na
TV, bebida alcóolica, “é só não se embriagar”! Música secu-
lar solta, piada pornográfica, nomes vulgares.

9 - Lares em que os filhos tomam o papel dos pais. Filhos


mais maduros do que os pais, e o pior é quando um dos pais
reclama do outro e pede ajuda para o filho amenizar a situa-
ção. O filho reúne os pais e diz: – Pai, mãe, não briga, não faz
assim, isso não pode. Não magoa a mamãe, não briga com
o papai. Gera no filho que toma o papel de autoridade uma
insegurança com respeito ao casamento.

Poderíamos ainda citar vários outros exemplos: lares em


que existe desarmonia, ciúme, competição etc. Pode sugerir
algo? Cite outros problemas que têm afetado os lares nos
dias atuais.

Nossos lares também são afetados pelos reflexos da so-


ciedade ultramoderna, a libertinagem sexual, a libertinagem
do ambiente escolar, em que os professores de séries mais
adiantadas e de universidades ensinam usando palavras e di-
zeres pejorativos, e quando são questionados, dizem que isso
é moderno e positivo para alcançar a “garotada” mais jovem.
Sim, já ouvi professores dizerem: Porra! Vai à merda!, etc.

Além disso, vivemos em uma sociedade cheia de ide-


ologias: humanismo, que, no sentido amplo, significa

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A N G EL A S I R I N O

valorizar o ser humano e a condição humana acima de


tudo; o endoismo que enfatiza a busca de Deus dentro
de si mesmo através dos caminhos da vida física; ainda o
capitalismo, socialismo, feminismo, que tenta distorcer o
propósito da existência da mulher; o machismo. Tudo é
motivo para virar ideologia, basta colocar um “ismo” na
frente da palavra e já se torna uma ideologia, parece não
haver mais verdade absoluta.

Nossos lares são afetados pelo homossexualismo, pelas


drogas, etc. Tudo isso gera estresse emocional, angústia,
pressão. Além de tudo o que foi citado aqui, nossos filhos
ainda convivem com a preocupação com o vestibular, facul-
dade, namoro, casamento e tantas outras cobranças sociais.

A sociedade está cheia de famílias disfuncionais geradas


em ambientes predatórios com pais tóxicos. Famílias dese-
quilibradas, formadas em ambientes cheios de hostilidade,
com pais doentes emocionalmente.

Os pais são responsáveis pelo equilíbrio emocional da fa-


mília. Se a família não for emocionalmente consolidada, terá
conflitos. Podem começar a aparecer patologias (doenças)
psicossomáticas, que se manifestam no corpo, começando
pela alma. Essas doenças podem se tornar sérios problemas,
tais como câncer, depressão, e também problemas mentais.

Conflitos constantes geram problemas psicológicos. Nin-


guém gosta de viver em um ambiente conflitante, cheio de

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

brigas, críticas e agressividade. Aproveito para fazer uma


pausa e pensarmos em como está o nosso lar. O pior cego é
aquele que não quer ver. Muitos pais enganam a si mesmos,
transferem sempre a culpa para os filhos, usam isso como
um mecanismo de defesa pelos seus erros.

Sabemos que não é fácil hoje, cheio de várias modalidades


de família: família nuclear, funcional, disfuncional, mosai-
co etc. Mas se nossa família for formada dentro dos mol-
des designados por Cristo, ela terá sucesso. Seus conselhos,
através de sua palavra, fazem com que seja possível termos
lares ajustados e felizes; as famílias bíblicas, em sua grande
maioria, tinham problemas semelhantes aos nossos e nos
ensinam muito. Famílias perfeitas não existem, mas existem,
sim, famílias que conseguem sobreviver em tempos de guer-
ra e ainda assim serem curadas.

Tudo isso e muito mais gera um desequilíbrio contínuo.


Cada pessoa administra situações de formas diferentes.

Para isso, adotamos atitudes que funcionam como ME-


CANISMO DE DEFESA.

Cada um reage de forma diferente diante da mesma si-


tuação, uns conseguem segurar as pontas, outros estouram,
outros reprimem, outros se fecham, outros surtam. As pes-
soas entram nos processos de psicossomatização. Sentem
dores, insônias, tonturas, esquecimentos, taquicardias, de-
pressão, medo, vingança, ódio, orgulho, comparações, abu-

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A N G EL A S I R I N O

so, inconstância, complexos, mentira, grosseria, brutalida-


de, violência, selvageria, vaidade, ansiedade, angústia, etc.
A cada dia surgem mais evidências de que corpo e alma es-
tão estreitamente ligados, aquilo que afeta um, acaba afe-
tando também o outro. Nosso corpo reflete o que nós pen-
samos e sentimos. Quando reprimimos nossas emoções,
elas vão se acumulando até o ponto de nos machucarem
profundamente. Imagine uma lagoa cheia, se chove muito
a ponto de enchê-la acima do limite, ela extravasa (desá-
gua) por algum dos lados e muitas vezes até arrebenta uma
das paredes, semelhantemente quando nossas emoções se
acumulam, em algum momento elas também explodem e
afetam o órgão mais sensível. Exigimos tanto do organis-
mo que, num determinado momento, ele pede socorro. Se
não observarmos os sintomas internos, eles podem agra-
var-se e nos afastar do trabalho, da família, dos amigos, da
igreja e até mesmo das pessoas que mais amamos.

Uma pesquisa comprovou que, em média, 70% das pes-


soas que procuram um médico não estão doentes fisica-
mente. Suas idas e vindas ao médico estão ligadas ao es-
tresse emocional, 13% são doenças ligadas ao DNA e o
restante à alimentação.

O pior é constatarmos que muitas pessoas podem tam-


bém desenvolver doenças psíquicas, como esquizofrenia
(citei um caso acima) outras podem adotar algum tipo de
tique nervoso. Já viu como há pessoas assim? Cheias de ti-
ques: pisca muito, faz gestos repetitivos etc.; outros podem

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

desenvolver psicopatia, que pode levar a pessoa a cometer


várias delinquências, até mesmo crimes, sem o mínimo de
remorso. Certa vez, após uma de nossas aulas no curso de
mulheres, uma irmã me procurou dizendo que seu filho de
12 anos era completamente endemoninhado, que dava pi-
rulito para a “meia-irmã” de 3 aninhos e pedia para ela dar
para o cachorro da casa, ainda ressaltava: – Dá pirulito para
o Totó. Mas quando ela colocava o pirulito na boca do ca-
chorro ele puxava o rabo dele, que instintivamente mordia
a mão da criança, segundo ela, o filho também descascava
o fio do carregador do celular para que alguém levasse um
choque, ele se automutilava e escrevia com faca ou qualquer
coisa cortante no braço a palavra ódio, ele dizia que queria
se suicidar ou matar alguém.

A mãe desse menino estava desesperada e amedrontada!


Claro que sabemos que de fato existe uma manifestação
maligna nesse caso, mas se apenas expulsarmos o mal, e não
limparmos a casa, o interior dela, essa presença satânica vai
tentar voltar e virá cada vez mais forte, por isso, precisa-
mos limpar a casa e preenchê-la com a presença do Espírito
Santo de Deus. Então, busquei conhecer a fundo a história
dessa família, e logo percebemos o motivo que levou esse
menino a tal ponto. Os pais se separaram quando ele era
bem pequeno, e cada dia que ele passava seja com o pai ou
com a mãe, cada um desconstruía a imagem do outro, a mãe
falava do pai e o pai falava da mãe, palavras que ficavam gra-
vadas na mente dele de forma negativa, frases como: – Seu
pai é o culpado da separação.

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– Sua mãe é insuportável. – Ah, você gosta do seu pai esse


tanto! Então fica com ele. E assim, aquele menino foi criado
em um ambiente de hostilidade e de desconstrução da ima-
gem do outro, sem amor, sem carinho, sem afeto, totalmente
indefeso. Isso certamente gerou no coração dele o senti-
mento de “eu sou um peso, uma carga para os dois”. Como
se não bastasse, os pais se casaram novamente e constituí-
ram novas famílias, logo a mãe ficou grávida e nasceu uma
menina, e o pai também ganhou outro filho. Esse menino
continuou a ter convivência com os pais e percebeu que os
meios-irmãos são amados, desejados, respeitados. Natural-
mente, isso aumentou a baixa autoestima, a dor emocional
que explodiu nesse adolescente com esses desejos psicopatas
de um coração completamente machucado. Essa foi a bre-
cha feita pelos pais em que Satanás entrou e fez morada nas
emoções desse menino. Em seu caso, aconselhei a mãe para
levá-lo urgente para se relacionar na igreja, para envolvê-lo
em atividades, pedir oração urgente no culto de cura e liber-
tação, mas também leva-lo a um psiquiatra para medicá-lo,
porque deveria se proteger devido ao grau de psicopatia que
ele já apresentava, pois ele já havia tentado até suicídio. De-
talhe, isso aconteceu na casa de alguém que já era cristã.

Pessoas com distúrbios de bipolaridade são mais comuns


do que se pensa! Pessoas que para elas de manhã a vida é
bela, a tarde ela está quase cuspindo fogo e de noite ela está
pronta para matar um! Por motivos que antes eram lindos e
maravilhosos, essas pessoas ferem emocionalmente a família
e no outro dia parecem não se lembrar de nada. Outro dia

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

aconselhei um caso em que o esposo, em um ataque de ner-


vos, esbofeteou a esposa e no outro dia jurava que ela estava
louca, imagine! Não faria isso jamais! As filhas viram e a
família frequenta a igreja! Vale a pena ressaltar que não es-
tou aqui querendo atacar ninguém ou achar que vivemos em
meio a uma síndrome de religiosidade! Não é essa a questão,
mas estou chamando a atenção para dizer que vivemos em
uma geração emocionalmente doente da alma, que precisa
urgentemente ser curada, que precisa mudar de rota, conver-
ter-se de verdade! A palavra conversão significa transforma-
ção, mudar o caminho, mudar a direção. “Ele converterá o
coração dos pais e o coração dos filhos a seus pais” (Ml 4.6).

O profeta Malaquias conclui seu livro falando sobre a


“conversão do coração dos pais aos filhos e da conversão do
coração dos filhos aos pais”. Essa é uma necessidade vital da
família. O que faz um lar feliz não é tanto o lugar onde mo-
ramos, mas como vivemos dentro de casa. Relacionamento
é mais importante do que coisas. Nenhum sucesso profissio-
nal compensa a perda dos nossos filhos.

Mas como isso seria possível? Será que isso é fácil? Não!
Os filhos e os pais sofrem as pressões do mundo secular,
sofrem as investidas satânicas, pois nossa luta não é contra
carne e sangue, é contra os principados e potestades e eles
sabem exatamente onde nos atacar, sabem exatamente como
nos levar a criar uma brecha nas quais terão legalidade de
entrar e roubar nossas emoções.

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A N G EL A S I R I N O

Em Lucas 11:17 diz que casa dividida contra si mesma


cairá. Família dividida, reino dividido, empresa, nação di-
vidida, qualquer coisa que está com divisões terá enfraque-
cimento e ruína. Vivemos em tempos de lares divididos,
crianças, adolescentes e jovens ao redor do mundo têm sido
violentadas, algumas literalmente pelo abuso físico, outras
pelos abusos emocionais, muitas sofrem pelas privações e a
grande maioria é agredida pelas palavras que ferem e ma-
chucam a alma. Por isso, é tempo dos corações dos pais se
converterem aos corações dos filhos, é tempo de tomarmos
a rota do entendimento, do diálogo, do amor e da oração.

Se corações não se convertem, a alma continua ferida. Lem-


bra-se do texto quando um dia o filho pediu ao pai tudo o que
ele tinha e partiu? Talvez ele pensasse assim: “Sei mais que meu
pai, não preciso dele, vou me virar!”. Se machucou e voltou (pa-
rábola do filho pródigo). O importante é escolher o caminho
de volta, a conversão, a mudança de atitudes.

Ainda falando sobre as doenças que são geradas pelas


emoções tóxicas, não poderia terminar esse capítulo sem
compartilhar algo muito importante com você. Veja a lista
dos principais problemas gerados em nossos lares:

1. Depressão: a pessoa vive constantemente angustiada


e triste. Precisa chorar bastante para se sentir aliviada, mas
o choro não adianta, porque a gravação do evento desagra-
dável na memória não se apaga por si só. Precisamos tratar
a origem. Antigamente, achávamos que toda depressão era

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

possessão maligna, hoje já entendemos que a grande maioria


possui origem nas emoções. Entretanto, quando a depressão
clínica é diagnosticada, precisa ser tratada com medicação e
aconselhamentos. É claro, Deus é capaz de curar qualquer
doença ou distúrbio. No entanto, em alguns casos, ver um
médico por causa de depressão não é diferente de ver um
médico por causa de um machucado.

2. Agressividade: o indivíduo torna-se intolerante e agressivo.


Pode, também, ficar tenso, nervoso, eternamente insatisfeito.

3. Doenças diversas: a pessoa pode somatizar, criando


moléstias no corpo.

• No aparelho circulatório: o enfarto e a pressão alta.

• No aparelho respiratório: a bronquite e a asma.

• No aparelho digestivo: a gastrite, a colite e a úlcera.

• No aparelho endócrino, pode ocorrer propensão para


ganhar peso.

• No aparelho genital: a impotência ou a frigidez.

• No aparelho locomotor: a dor na coluna ou no corpo de


modo geral.

4. Dependência: a pessoa busca alívio no álcool, nas drogas


e nos medicamentos. Essas substâncias bloqueiam o cons-

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A N G EL A S I R I N O

ciente, causando melhora temporária, visto que a pessoa se


esquece do problema. Contudo, com o fim do efeito e a vol-
ta da lembrança, o indivíduo fica novamente deprimido e,
não raro, recorre de novo à droga, dando início a um círculo
vicioso. Uma pessoa tensa está constantemente insatisfeita,
vive tensa, dorme tensa, levanta cansada, até parece que não
dormiu à noite. Em meus estágios como psicanalista, fiquei
chocada com a grande quantidade de pacientes que atendia
nas casas de recuperação que eram nascidos e criados em
lares evangélicos.

A própria ciência já comprovou o que a Bíblia fala com


respeito às emoções. Veja o texto abaixo: ( Jornal PETNews)

Já se sabe que diversas doenças são iniciadas por aflições


psicológicas, como alergias, bulimia, infertilidade, infarto,
diabetes e disfunções glandulares. Essas “aflições” podem ser
eventos significativos que ocorreram na infância, como se-
paração da criança da mãe, abusos sofridos (verbais ou físi-
cos), situações de violência, entre outros. Eventos estressan-
tes, morte de alguém próximo, mudança de trabalho ou de
casa, insatisfação no trabalho ou problemas com o marido,
com o namorado, tudo isso pode desencadear uma doença
psicossomática. O corpo fica doente e de início a pessoa não
faz relação com esses problemas, acha que não tiveram nada
a ver com a doença, mas sabemos que existe relação.

Uma psicóloga americana afirma que 80% das doenças


que temos são criadas por nós mesmos. Louise L. Já disse

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que “toda doença tem origem em um estado de não-per-


dão”. Ela listou uma série de doenças e quais os fatores
que as desencadeiam. Segue, abaixo, uma pequena amos-
tra dessa lista.

• Asma - sentimento contido, choro reprimido.

• Câncer - mágoa profunda, tristezas mantidas por muito


tempo.

• Problemas com colesterol - medo de aceitar a alegria.

• Derrame - resistência, rejeição à vida.

Existe um sentimento que ocasiona várias doenças e que


sempre é lembrado quando se fala em doenças psicossomá-
ticas: o rancor. O desejo de vingança e o rancor são respostas
naturais às injustiças sofridas. Como o rancor é uma resposta
natural – cultivada pela raiva que a lembrança de uma injustiça
provoca, muitos acreditam que estão sendo justos se mantive-
rem o rancor. Esse tipo de justiça da vingança, baseada na má-
xima “olho por olho e dente por dente”, precisa ser superada.

Um estudo feito em 1960 por Friedman e Rosenman,


aponta que pessoas que guardam rancor têm mais propen-
são à infarto do miocárdio e à morte por ataque cardíaco.

Diante de situações de rancor, não existe solução melhor


que o perdão. Ainda que a situação que gerou o atrito seja
difícil de superar, sempre vale a pena optar pelo perdão.

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A N G EL A S I R I N O

Segundo o doutor em psicologia e líder do Grupo de Es-


tudo e Pesquisa sobre o Perdão (GEPP) da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), Júlio Rique Neto, a lista de be-
nefícios inclui melhor condição de saúde física e mental.

Perdoar é difícil porque as tendências que prevalecem


são a autoafirmação, o egoísmo e o individualismo, ao
passo que o perdão supõe e exige espiritualidade, maturi-
dade e fraternidade.

Dentre todos os maus sentimentos, a falta de perdão é a que


com certeza mais incomoda as pessoas. Esse, assim como a
raiva, hostilidade, inveja, complexo de inferioridade, orgulho,
autossuficiência e individualismo, tiram o brilho e a beleza da
vida. Isso ocorre, primeiro, porque o nosso emocional fica com-
pletamente abalado; segundo, porque o nosso corpo tenta colo-
car para fora essas mazelas, e se elas não saem como sentimen-
to, acabam se revelando por meio de doenças físicas. Logo, vale
a pena viver e se consumir por aquilo que realmente importa,
como o amor, a alegria, a paz, a paciência, a temperança, a bran-
dura, a bondade e a fé. (texto extraído do Jornal PETNews).

Veja uma lista de “doenças psicossomáticas” que nem


pensávamos que tinham origem em nossas emoções:

AMIGDALITE: emoções reprimidas, criatividade sufocada.

ANOREXIA: ódio ao externo de si mesmo.

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

APENDICITE: medo da vida, bloqueio do fluxo do que


é bom.

ARTERIOSCLEROSE: resistência, recusa em se ver o bem.

ARTRITE: crítica conservada por longo tempo

ASMA: sentimento reprimido, choro contido.

CÂNCER: mágoa profunda, tristezas mantidas por muito


tempo.

DERRAME: resistência. Rejeição à vida.

DIABETES: tristeza profunda.

DIARREIA: medo, rejeição, fuga.

DOR DE CABEÇA: autocrítica, falta de autovalorização.

DOR NOS JOELHOS: medo de começar, medo de ir


em frente.

ENXAQUECA: raiva reprimida, pessoa perfeccionista.

FIBROMAS: alimentar mágoas causadas pelo parceiro(a).

FRIGIDEZ: medo. Negação do prazer.

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A N G EL A S I R I N O

GASTRITE: incerteza profunda, medo de condenação.

INSÔNIA: medo, culpa.

LABIRINTITE: medo de não estar no controle, gera


ansiedade, rouba o sono e a capacidade de descansar a mente.

NÓDULOS: ressentimentos, frustração, ego ferido.

PRESSÃO ALTA: problema emocional duradouro, e


não resolvido.

PRESSÃO BAIXA: falta de amor quando criança.


Derrotismo.

PRISÃO DE VENTRE: preso ao passado, medo,


insegurança, vergonha do que os outros pensam sobre si.

QUISTOS: alimentar mágoas, falsa evolução.

REUMATISMO: sentir-se vítima, falta de amor, amargura.

TIROIDE: humilhação e decepção.

TUMORES: alimentar mágoas, acumular remorsos.

ÚLCERAS: medo. Crença de não ser bom o bastante.


(Pesquisas e resumo do livro da Psicóloga americana
Louise L. Hay, Curando através da mente).

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

Curioso, não é? Por isso vamos tomar cuidado com


nossos sentimentos e os sentimentos que podemos ge-
rar em nossos filhos. Toda decepção em relacionamentos,
sejam eles entre amigos, entre cônjuges e também entre
familiares geram emoções tóxicas. Geralmente as escon-
demos de nós mesmos.

CONCLUSÃO

Como fazermos para criarmos um lar fértil? Como fazer


para que nossa casa seja um lugar que gera vida, amor, felici-
dade, autoestima? Como criar filhos sadios emocionalmen-
te? A Bíblia diz: “Não deis lugar ao Diabo” (Efésios 4:27).
A ordem para não dar lugar ao Diabo é de uma grandeza
incalculável, muitas vezes, damos lugar a ele sem perceber,
através de nossas atitudes. Nesse capitulo de Efésios 4, a
Bíblia traz a receita para construir um lar cheio de relacio-
namentos férteis, veja que lindo:

Efésios 4:22-32, observe as palavras grifadas (Bíblia na


linguagem de hoje - contextualizada): “Portanto, abandonem
a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma
vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos
enganosos”. (CONVERSÃO - MUDANÇA DE ROTA).

“É preciso que o coração e a mente de vocês sejam com-


pletamente renovados”. (TRANSFORMAÇÃO PESSO-
AL - CONSCIÊNCIA DO QUE PRECISO MUDAR).

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A N G EL A S I R I N O

“Vistam-se com a nova natureza, criada por Deus, que é


parecida com a sua própria natureza e que se mostra na vida
verdadeira, a qual é correta e dedicada a ele”. (NOVA NA-
TUREZA - PARECER COM JESUS - UMA VIDA DE
INTIMIDADE COM DEUS NOS MOLDA A SER-
MOS PARECIDOS COM ELE).

“Por isso não mintam mais. Que cada um diga a verdade


para o seu irmão na fé, pois todos nós somos membros do
corpo de Cristo”! (MENTIRA DESTRÓI - A VERDA-
DE EM AMOR GERA CURA).

“Se vocês ficarem com raiva, não deixem que isso faça
com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva”.
(PECADOS QUE NASCEM DA RAIVA: OFENSA,
CRÍTICA, MAUS TRATOS, AGRESSIVIDADE FÍSI-
CA E EMOCIONAL, ETC.).

“Não deem ao diabo oportunidade para tentar vocês”.


(SOMOS NÓS QUEM ABRIMOS AS BRECHAS
PARA SATANÁS ENTRAR EM NOSSAS EMOÇÕES
E NAS EMOÇÕES DE NOSSOS FILHOS).

“Quem roubava que não roube mais, porém comece a


trabalhar a fim de viver honestamente e poder ajudar os po-
bres”. Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas
usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer
na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

vocês dizem façam bem aos que ouvem. (CUIDADO COM


AS PALAVRAS - ELAS PODEM MATAR E PODEM
CURAR, PODEM SER BOAS E MÁS).

“E não façam com que o Espírito Santo de Deus fique triste.


Pois o Espírito é a marca de propriedade de Deus colocada em
vocês, a qual é a garantia de que chegará o dia em que Deus
os libertará”. (DEUS SE ENTRISTECE PORQUE ELE
SABE QUE VAMOS SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS,
ELE NOS DEU A DIREÇÃO, O CONSELHO, O CA-
MINHO, MAS REJEITAMOS SEUS ENSINOS).

Abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada


de gritarias, insultos e maldades! (CONSELHO MARA-
VILHOSO DE DEUS: ABANDONE A AMARGURA,
RAIVA, GRITARIA, INSULTO E A MALDADE, POIS
SÃO EMOÇÕES E ATITUDES TÓXICAS).

“Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os


outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por
meio de Cristo, perdoou vocês”.

1) BONDADE, ATENÇÃO E PERDÃO, EMOÇÕES


IMPORTANTÍSSIMAS, ATITUDES QUE VALEM
OURO PARA FORMAR RELACIONAMENTOS SA-
DIOS E CURAR FERIDAS.

2) SÓ POR MEIO DE CRISTO É POSSÍVEL, POR-


QUE SOMOS HUMANOS E NOSSA NATUREZA É
MÁ, PECAMINOSA).

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A N G EL A S I R I N O

Que profundidade do amor de Deus! Que coisa mara-


vilhosa! A ciência se vangloria em descobrir coisas novas e
preciosas, mas tudo já estava na Palavra de Deus, a Bíblia de
fato é a carta de amor de Deus ao homem, amor tão grande
que suas Palavras, seus conselhos são de fato o manual do
fabricante, quem os segue vai alcançar felicidade e sucesso
em todas as áreas de sua vida, inclusive na família.

O grande problema é que as pessoas estão cada vez mais


distantes de Deus e de sua Palavra, temos uma geração de
pessoas que fracassam por falta de conhecimento do que a
Palavra de Deus tem para nossa vida.

Observe que o texto acima nos diz resumidamente o se-


guinte: Olha, vocês precisam mudar de vida, mudar de rota,
de caminho! Deixe de lado essa natureza humana corrompi-
da pelo pecado, cheia de atitudes erradas e que trazem con-
sequências desagradáveis. Tenha consciência das atitudes
que te levaram ao fracasso em sua vida. Busque, através de
uma vida de intimidade com Deus, o revestimento de uma
nova pessoa, transformada à semelhança de Cristo.

Não minta, antes diga a verdade em amor. Cuidado com


a raiva, controle e abandone-a! Porque dela podem originar:
ofensas, críticas, maus tratos, agressividade, e outras séries
de atitudes que vão poluir suas emoções e sua vida. Cuidado
com o Diabo, ele está batendo a porta do seu coração dia-
riamente, decida não abrir para ele, resista-o. Digam coisas

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FA M Í LI A S R E S TA U R A DA S

boas, palavras que constroem, e não palavras que destroem!


Aquilo que sai da sua boca tem poder de morte ou de vida.
Você quem escolhe! E por meio de Deus em Cristo, de sua
presença em nós, isso se torna possível.

Lindo! Maravilhoso! Impactante! Simples! Basta ter a


vida de Deus em nós! Basta cultivarmos a presença de
Deus em nossa vida. Por isso, exige um sacrifício, uma
decisão de levantar em nossos lares um altar a Deus, exige
consciência de que tem coisas que acontecem porque nós
agimos de forma errada, precisamos entender que casa-
mento, família, filhos podem ser uma longa e prazerosa
viagem! Precisamos ter cuidado com nossas palavras, pois
parecem atravessar gerações!

Precisamos mudar a maneira de relacionar com os nossos


filhos, precisamos falar palavras positivas e mudar o ciclo,
nós podemos repetir o mesmo erro de falar a eles frases cor-
riqueiras que nos feriram e que ouvimos quando pequenos
dentro de nossos lares. Pense um pouco a respeito disso e
tente responder as seguintes perguntas:

1 - Você costumava escutar palavras que te machucavam


emocionalmente quando era criança? Tais como: Feio, pregui-
çoso, pare de sonhar, burro, porco, etc. Quais eram as outras?
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2 - Se as escutava, como se sentia a respeito?


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3 - Você já percebeu que ainda hoje muitas dessas pa-


lavras estão gravadas em seu consciente ou subconsciente?
Viu como elas ainda fazem parte de sua vida?
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4 - Você continua acreditando nelas?


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5 - Por que as palavras agressivas passaram a fazer parte


da educação de seus filhos?
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Geralmente damos o que recebemos! Precisamos mudar


isso, precisamos de uma conversão de rota. Precisamos en-
tender que existe um limite entre educar e destruir os nos-
sos filhos, então estejamos sempre atentos. Precisamos ficar
atentos para usar palavras construtivas e nunca destrutivas,
exemplos: “a sua irmã te irrita com essas coisas que ela faz,
não é? Bem, você é mais velho que ela e já aprendeu muitas
coisas que ela ainda vai aprender, que tal ensiná-la a fazer
isso de outra maneira?” (Gera consciência de boa convivên-
cia e compreensão de quem o outro é). “Você é muito es-
perto e esforçado e já vi você fazendo coisas incríveis, então
sei que você será capaz de entender e resolver essas questões
de matemática assim que você praticar e estudar mais um
pouco” (gera valorização).

“Você foi muito gentil ajudando o seu amigo, tenho cer-


teza de que ele gostou muito disso. Fiquei orgulhosa de
você”. “Que roupa linda você escolheu para vestir. Você é
bom para combinar cores”. “Você toca violão muito bem,
fiquei encantada com o som que você emitiu”.

Mas tenha muita atenção, pois os elogios são úteis para


criar pessoas mais seguras de si, positivas e felizes, que sa-
bem se relacionar com o próximo. Por isso, precisamos ficar
atentos aos sentimentos deles, e não usar os elogios sem o
bom senso. Sejamos sinceros sempre e tenhamos o cuida-
do com o outro extremo para não deixarmos nossos filhos
prepotentes e autossuficientes, a ponto de acharem que são

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melhores do que os outros. Precisamos ensinar a valorizar


pessoas e relacionamentos.

Ouça-as primeiro e perceba em quais em quais momen-


tos será útil elogiá-los. Existem momentos em que os filhos
precisam apenas de colo e carinho e um bom ouvido acolhe-
dor. Nessas horas, palavras são desnecessárias.

Terminando, quero repetir o verso (Provérbios 27:23a):


“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas”. Nossa famí-
lia, nosso rebanho, nossas ovelhas! Que não sejamos como
aquele ditado popular: “Deixo a vida me levar” ou “vou em-
purrando com a barriga”.

Não aceitamos isso em nossas vidas, diante do que vimos


nesse capitulo, estamos cientes que todos nós corremos o ris-
co de formar filhos conflituosos, porém nosso clamor é para
que Deus nos desperte para sermos diligentes em sua obra,
que ele nos abra os olhos e os coloque sobre nosso principal
rebanho e nos faça ver onde precisamos cuidar, alimentar e
ensinar nossos filhos. Que Ele nos desperte a colocar tudo
que aprendemos em prática e que ele nos inspire e nos ajude
nessa nova jornada de edificar lares que geram vida!

Declaramos que mudaremos, através da nossa atitude e


das nossas orações, os céus da nossa casa! Que nosso lar
seja um lugar de vida, alegria e paz! Declaramos: – Eu farei
minha parte, se depender de mim as coisas tomarão outro
rumo! Quando mudamos, as coisas também mudam! Fare-

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mos a nossa parte e esperaremos que Deus realize o milagre


que precisamos dentro da nossa casa.

“E ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos


filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a
terra com maldição”
(Ml 4:6)

“Naquele tempo, diz o Senhor, serei o Deus de todas as


famílias de Israel, e elas serão o meu povo”
( Jr 31:1)

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