Ícones Dos

Quadrinhos
C o m i c B o o k Ic o n s

I v a n f r e i ta s d a c o s ta
 Ícones Dos
Quadrinhos
C o m i c B o o k Ic o n s
 Ícones Dos
Dedicado a todos os artistas que investiram seu talento na criação destes
personagens e àqueles que os mantêm vivos em nossa imaginação. Quadrinhos
C o m i c B o o k Ic o n s
Dedicated to all the artists who have invested their talent in creating these
characters and those who keep them alive in our imagination.
I v a n f r e i ta s d a c o s ta

1a edição | 1st edition

São Paulo, Brasil
2013
sumário
table of contents

7 Por trás dos ícones Behind the icons

9 Anatomia dos ícones Anatomy of the icons

Ícones dos Quadrinhos Comic Book Icons

10 Akira 88 Hellboy 160 Príncipe Valente Prince Valiant

12 Aquaman 92 Homem de Ferro Iron Man 164 Quarteto Fantástico
14 Arqueiro Verde Green Arrow 94 Homem-Aranha Spider-Man Fantastic Four
16 Asterix 96 Hulk 166 Rê Bordosa
18 Astro Boy 98 John Constantine 168 Recruta Zero Beetle Bailey
20 Batman 100 Jonah Hex 170 Robin
24 Betty Boop 102 Justiceiro Punisher 172 Sandman
26 Bob Cuspe 104 Krazy Kat 174 Sargento Rock Sgt. Rock
28 Brucutu Alley Oop 106 Lanterna Verde Green Lantern 176 Savage Dragon
30 Buck Rogers 108 Legião dos Super-Heróis 178 Scott Pilgrim
32 Calvin e Haroldo Legion of Super-Heroes 180 Shazam
Calvin and Hobbes 110 Liga da Justiça Justice League 182 Sobrinhos do Capitão
36 Capitão América Captain America 112 Little Nemo The Katzenjammer Kids
38 Cavaleiro Solitário Lone Ranger 116 Lobo Solitário 184 Sombra The Shadow
40 Charlie Brown Peanuts Lone Wolf and Cub 186 Spawn
44 Chico Bento 118 Love and Rockets 188 Spirit
46 Conan 120 Lucky Luke 190 Spy vs. Spy
48 Coringa The Joker 122 Luluzinha Little Lulu 192 Superman
52 Corto Maltese 124 Mafalda 194 Surfista Prateado Silver Surfer
54 Demolidor Daredevil 126 Mandrake 196 Tarzan
56 Dennis, o Pimentinha 128 Menino Maluquinho 198 Terry e os Piratas
Dennis the Menace 130 Mickey Mouse Terry and the Pirates
60 Dick Tracy 132 Monstro do Pântano 200 Tex
62 Doutor Destino Doctor Doom Swamp Thing 204 Thor
64 Drácula Dracula 134 Morte Death 206 Tintim Tintin
66 Dragon Ball 136 Motoqueiro Fantasma 208 Tio Patinhas Uncle Scrooge
68 Elektra Ghost Rider 210 Turma da Mônica Monica’s Gang
70 Eternauta El Eternauta 138 Mulher-Gato Catwoman 212 V
72 Fantasma The Phantom 142 Mulher-Maravilha 214 Vagabond
74 Fênix Phoenix Wonder Woman 216 Valentina
76 Flash 144 Nhô Quim 218 Vingadores The Avengers
78 Flash Gordon 146 Nick Holmes Rip Kirby 220 Watchmen
80 Garfield 148 Níquel Náusea 222 Wolverine
82 Geraldão 150 Novos Titãs Teen Titans 224 X-Men
84 Graúna 152 Pato Donald Donald Duck 226 Yellow Kid
86 Hagar, o Horrível 156 Piratas do Tietê 228 Zé Carioca José Carioca
Hägar, the Horrible 158 Popeye 232 Zorro

235 Sobre o autor About the author

237 Agradecimentos Acknowledgements

237 Fontes Sources

Por trás dos Ícones
Behind the Icons
H A
á quase um ano, meu amigo Ivan Freitas da
Costa me convidou para um almoço. Ele queria
falar sobre a estupenda exposição Ícones dos
Quadrinhos (que todos que foram ao FIQ – Festival
Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte de 2013
puderam apreciar) e que ela ainda viraria este belo livro.
Evidentemente, fiquei empolgado com as ideias. Em
seguida, o Ivan me convidou para escrever o prefácio da
obra, pois Ícones dos Quadrinhos foi assumidamente
inspirado nos três álbuns do projeto MSP 50, que eu editei
e nos quais 150 autores brasileiros reinterpretaram os
personagens de Mauricio de Sousa em seus próprios estilos.
Que responsabilidade!
E demorei a achar o tom para essas linhas. Afinal, o
livro traz artistas excelentes, do Brasil e do mundo, fazendo
versões dos principais personagens dos quadrinhos. É
difícil não se encantar com os desenhos; e muitos deles
vão te deixar na dúvida: virar a página em busca do
próximo ou ficar admirando os detalhes de cada traço?
Por isso, decidi sair do óbvio e escrever sobre o “artista”
que criou este projeto incrível. Conheci o Ivan em 2005,
na 2ª Feira do Livro Infantil, Juvenil & Quadrinhos
de São Paulo. Ele montara uma exposição de encher os
olhos dos fãs de super-heróis. E só com materiais do seu
impressionante acervo de originais, revistas e estatuetas.
Tudo fruto de suas viagens a convenções pelo mundo.
Logo o indiquei para os organizadores do FIQ, que até
então era bastante precário nas mostras de quadrinhos
mainstream. Desde então, o evento nunca mais teve
essa carência. A cada edição, este publicitário fã de HQs
monta uma exposição mais incrível que a outra. E mais:
ele se tornou referência na curadoria de exposições do
gênero, um nicho de mercado que estava à espera de
alguém competente para ocupá-lo. Ênfase no “estava”!
E como Ivan Freitas da Costa não para de ter boas ideias,
agora resolveu dar aos fãs a oportunidade de levar a exposição
Ícones dos Quadrinhos para casa. Então, quando você
estiver curtindo os desenhos deste livro, lembre-se que o
trabalho do Ivan – de selecionar e organizar tantos grandes
artistas e personagens – é digno do adjetivo icônico!
Sidney Gusman, jornalista e editor
Julho de 2013
lmost a year ago, my friend Ivan Freitas da Costa
invited me to lunch. He wanted to talk about the
superb Comic Book Icons exhibition (for the 2013
edition of FIQ – International Comic Book Festival of Belo
Horizonte) that was being turned into this magnificent book.
Obviously I was fascinated by the idea. Ivan then invited
me to write the introduction, seeing as the inspiration
for the book came from the three MSP 50 albums
that I edited, in which 150 Brazilian artists reinterpret
Mauricio de Sousa’s characters in their own style.
What a responsibility!
It took me a while to find the right tone. After all,
this book features some excellent artists, from Brazil and
abroad, with original versions of great comics characters.
It is difficult not to be dazzled by the illustrations and
sometimes be left in doubt whether to turn the page
or just keep admiring each tiny detail of a drawing.
So I decided to avoid the obvious and instead write about
the “artist” who created this incredible project. I met Ivan in
2005, at the 2ⁿd Children’s and Young Adults Book and Comics
Fair of São Paulo. He had mounted an exhibition to nourish
the soul of any superhero fan. All from his own impressive
collection of original artwork, comic books and statues, the
result of his many travels to conventions all over the world.
I recommended his name to the organizers of FIQ,
which until then had been very precarious in its exhibition
of mainstream comics. Since then, this fault has been totally
healed. At each edition of the event, this advertising agent
fan of comics mounts ever more exciting exhibitions. He
has also become a reference in the field, which had been
waiting for a suitably qualified person to occupy the niche.
As Ivan Freitas da Costa never stops having good
ideas, he’s now decided to give fans a chance to take
the Comic Book Icons exhibition home with them.
So, as you enjoy each drawing in this book, rememeber
that Ivan’s work - in organizing all these different
artists and characters – is nothing less than iconic!
Sidney Gusman, journalist and editor
July 2013
Anatomia dos ícones
Anatomy of the Icons
O
“
k, e agora?”
Essa pergunta sempre surge na minha cabeça no final
do mês de novembro dos anos ímpares, ao término
de cada edição do FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos
de Belo Horizonte. Naquele momento, começa o processo de
criação da próxima exposição de arte para o festival, que dura
um período de dois anos de muito trabalho e pesquisa. Mas,
no final de 2011, após a exposição Criando Quadrinhos: da
Ideia à Página Impressa, eu estava, ironicamente, sem ideias.
A inspiração veio da primeira exposição que fiz para o FIQ,
em 2007, chamada Super-heróis entre nós, para a qual reuni
uma série de itens de personagens conhecidos do público em
geral. Sempre achei muito interessante observar as pessoas que
visitam a exposição e ouvir comentários sobre a relação afetiva
que têm com este ou aquele personagem, resgatando memórias
de pessoas e momentos de um passado longínquo ou da história
que leram na revista que havia acabado de chegar às bancas.
Isso evoluiu para a ideia de apresentar os principais
ícones dos quadrinhos, selecionados de uma perspectiva
brasileira, interpretados por artistas convidados que têm um
vínculo especial com esses personagens. Testei o conceito
com os amigos Ivan Reis, Joe Prado, Rod Reis, Breno
Tamura e Renato Guedes, que se animaram com a proposta
e, de imediato, cada qual escolheu o seu ícone preferido.
Acionei artistas que eu já conhecia e outros dos quais me
aproximei em função deste projeto. A receptividade foi ótima
e essa empolgação pode ser vista nas páginas a seguir.
Mas as exposições são eventos pontuais que começam
e terminam em poucos dias, e este trabalho merecia
ficar registrado em livro. Colocar o projeto num site de
financiamento coletivo como o Catarse foi uma forma
de envolver o público nessa iniciativa. A mobilização,
traduzida em contribuições, não foi somente expressiva,
mas acima de tudo, extremamente gratificante.
Redigir o livro foi uma grande descoberta daquilo que
constitui um ícone. Muitos deles seguiram caminhos
tortuosos até chegarem ao status que hoje ocupam.
Heróis que foram criados como vilões, coadjuvantes
que se tornaram protagonistas, personagens criados por
encomenda que ganharam vida e relevância. Ícones, como
você verá nas próximas páginas, não nascem prontos, mas
desbravam seu caminho rumo ao coração e à mente do
público por sua própria força, e também pelo talento dos
artistas que sopraram neles importância e significado.
Este livro é um tributo a esses personagens incríveis e aos
artistas que os criaram e que os mantiveram vivos por décadas.
Redescubra esses ícones com informações sobre sua criação e
trajetória, além de depoimentos dos artistas convidados para
este projeto, que compartilham suas experiências e memórias.
Enquanto isso, eu estarei aqui, às voltas com a
minha pergunta de todos os anos ímpares.
Ivan Freitas da Costa
Agosto de 2013
O
“
k, now what?”
That question always appears around the end of
November every odd-numbered year, at the close of
every edition of FIQ – International Comic Book Festival of
Belo Horizonte. Which is when I start planning and researching
the art exhibition for the next festival, an undertaking that takes
up two years of hard work. But at the end of 2011, after the
close of the exhibition Creating Comics: from the Idea to the
Printed Page I had, ironically, run out of ideas.
The inspiration came from the first exhibition I did for FIQ,
in 2007, called Super-heroes among us, for which I gathered a
variety of items belonging to different well-known characters. I
found it interesting to observe the people visiting the exhibition
and commenting on their relationship to this or that character,
brought on by memories of the past or a story read in a comic
hot off the press.
This led to the idea of presenting the main comics icons, se-
lected from a Brazilian perspective, interpreted by invited artists
who have a special link to their chosen characters. I checked out
the idea with my friends Ivan Reis, Joe Prado, Rod Reis, Breno
Tamura and Renato Guedes, who endorsed the proposal and
immediately chose their own favorite characters. I contacted
other artists I knew or got to know through this project. The
receptivity was enthusiastic, as can be seen in the pages that
follow.
But exhibitions happen in a specific short time frame and
I felt this work deserved to be registered more permanently
in a book. Posting the project on a crowdfunding site such as
Catarse was a way of involving a wider public. The ensuing
response, in the form of contributions, was both significant
and very gratifying.
Editing this book was also a way of discovering what
constitutes an icon. Many of them followed a tortuous path to
reach their current status. Some heroes started off as villains,
some secondary characters moved to central positions, some
were market-assembled then gained their own life and indepen-
dence. Icons, as you will see in the following pages, are not born
ready-made but follow their own peculiar route into the hearts
and minds of the public, conducted by their indefinable streng-
hts and the talent of artists who breathe into them meaning
and magnitude.
This book is a tribute to these incredible characters and to
the artists who created and kept them alive for decades. Redis-
cover these icons with information on their backgrounds and
history, besides getting to know the artists specially invited for
this project, who share their experiences and memories.
Meanwhile, I’ll be here dealing with my usual odd-year query.
Ivan Freitas da Costa
august 2013
AKIRA
E
scrito e ilustrado por Katsuhiro Otomo, Akira
é um mangá situado na cidade de Neo-Tóquio
em um futuro pós-apocalíptico. A trama reúne
elementos do gênero cyberpunk para contar uma
história de indivíduos com poderes sobre-humanos,
deixando grande espaço para o desenvolvimento dos
demais personagens e de questões sociais e políticas,
tratadas em diversas subtramas. As 2.182 páginas
desse épico foram publicadas pela primeira vez de
forma seriada na revista japonesa Young Magazine,
de 1982 a 1990. Foi ainda um dos primeiros mangás
publicados em sua totalidade nos EUA, aonde
chegou pelo selo Epic da Marvel Comics em 1988 e
foi lançado até 1995, com todas as páginas coloridas
— sendo esta a edição escolhida pela editora Globo
para ser publicada aqui no Brasil, iniciada em
1990 e concluída em 1998. O filme de animação
homônimo, também de 1988, foi dirigido e escrito
por Otomo e representa um marco da animação
japonesa, que contribuiu significativamente para a
popularização dos animes em todo o mundo.
“Sem dúvida, Akira foi para mim
uma influência desde o primeiro
momento. Acompanhei a publicação
da editora Globo, e desde então virou
uma referência. Realizar a ilustração
Renato para a exposição, além de uma grande
Guedes diversão, foi um grande desafio. Pois
criei muita expectativa pelo resultado
final da arte por ser fã da série.”
Renato iniciou sua carreira em 1998 como
ilustrador, entrou para o mercado americano em
2002, trabalhou na adaptação de séries de TV como
Smallville, Stargate, CSI Miami e 24 Horas, e da
adaptação do filme Jogos Mortais. Em seu trabalho
com Superman publicou nas tradicionais revistas
Action Comics, Adventures of Superman e Superman.
Entre vários títulos Marvel e DC, publicou
nas revistas: Wolverine, Vingadores, Supergirl e
Vingadores Secretos. Atualmente desenha a nova
série de John Constantine para a DC Comics.
10 í C ONES DOS Q U AD R IN H OS — C OMI C B OOK I C ONS
Written and illustrated by Katsuhiro Otomo, Akira
is a manga set in Neo-Tokyo in a dystopian future.
Cyberpunk and the pains of growing up, social
and political issues are intertwined in a plot about
super-powered beings and the consequences of
their emergence into this world. Its 2182 pages
were originally serialized in Japan in Young Magazine
between 1982 and 1990. It was also one the first
mangas to be published in its entirety in the US, by
Marvel Comics’ Epic line, between 1988 and 1995, with
added color — the same version that was published
in Brazil by Globo, between 1990 and 1998. Akira, the
1988 animated feature written and directed by Otomo
himself, is a landmark in Japanese animation and
opened the gates for anime to spread worldwide.
“Akira definitely had a major impact
on me since my very first contact. I
followed the Globo issues as they were
published and Akira has been a central
reference ever since. Illustrating Akira
was fun but also a great challenge. As a
fan, I had high expectations about the
final result.”
Renato Guedes started working as an illustrator in
1998. His first American work was in 2002, when
he drew comic book adaptations of TV shows
such as Smallville, Stargate, CSI Miami and 24, as
well as a comic book based on the movie Saw. He
had his stint with Superman on three of the hero’s
main titles: Action Comics, Adventures of Superman
and Superman. Working for both Marvel and DC,
he contributed to Wolverine, Avengers, Supergirl
and Secret Avengers. He is the current artist on
Constantine, a new monthly series by DC Comics.
http://www.facebook.com/RENATOGUEDES.art
Grafite e nanquim sobre papel.
Pencil and ink on paper.
AQUAMAN
A
quaman é Arthur Curry, filho da princesa
atlante Atlanna e do humano Tom
Curry, herdeiro do trono da Atlântida
e governante dos sete mares. Criado por Paul
Norris e Mort Weisinger, Aquaman apareceu
pela primeira vez na revista More Fun Comics 73,
em novembro de 1941. Nas últimas décadas, suas
histórias exploram o fato de ser um herói dividido
entre suas responsabilidades como rei e sua vida
no mundo da superfície, onde atua ao lado da
Liga da Justiça, equipe da qual é um dos membros
originais. As piadas sobre o personagem — o fato de
“conversar com os peixes” e a alegação de que seus
poderes não seriam tão úteis quanto os dos demais
heróis dos quadrinhos — foram incorporadas e
contextualizadas na mais recente série do Aquaman,
algo que contribuiu para que o seu devido status
dentro do panteão dos principais personagens da
DC Comics fosse recuperado.
“Minha relação com o Aquaman está
muito ligada à série animada exibida
originalmente nos EUA de 1967 a
1970, e fiquei muito feliz quando a
Warner lançou a compilação em DVD.
Thony Silas Pessoalmente, sempre me chamou
a atenção a possibilidade de haver
mundos submersos, e essa coisa do
humano se comunicar com outros seres
— e, nesse caso seres aquáticos — me
cativa muito, e o Aquaman me fazia
viajar nesse universo.”
Nascido em Recife, Thony iniciou sua carreira
atuando como freelancer no mercado de ilustração
no ano 2000. Passou a se dedicar ao mercado
americano de quadrinhos em 2003 e, quatro anos
depois, teve as primeiras oportunidades nos títulos:
Contract, da editora A First Salvo; The Cheng
Brothers, da Crystal Fractal Comics; e Rage: Bane of
Demons, da Glyphs Productions. Em 2012, teve seu
primeiro trabalho publicado pela Marvel Comics em
Amazing Spider-Man: Ends of the Earth, seguido de
seis edições na revista Venom. Atualmente é o artista
da revista Batman Beyond, da DC Comics.
12 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Aquaman is Arthur Curry, heir to the throne of
Atlantis and ruler of the seven seas, son of Atlantean
princess Atlanna and the human Tom Curry. Created
by Paul Norris and Mort Weisinger, he debuted in
More Fun Comics #73 in November 1941. For the past
decades, his stories have dealt with his situation as a
“man of two worlds”: his duties as king of an aquatic
world and his life on the surface world as founding
member of the Justice League. Aquaman is also a
frequent butt of jokes, given that powers such as
“talking to fish” are not as useful as the other heroes’
powers. The last Aquaman comic book series has
incorporated these jokes and helped to reestablish
his place in DC Comics’ pantheon of super-heroes.
“My connection with Aquaman comes
from the animated series produced
between 1967 and 1970 in the US. I was
really happy when Warner released the
complete DVD boxed set. Personally, I
have always been amazed by the idea
of underwater worlds and the ability
of humans to communicate with other
creatures — in this case, with aquatic
life. Aquaman helped me to explore that
world.”
Born in Recife, Brazil, Thony started working as a
free-lance illustrator in 2000. He set his sights on
the American comic book market in 2003 and, four
years later, he had his first opportunity with Contract
(A First Salvo), then The Cheng Brothers (Crystal
Fractal Comics) and Rage: Bane of Demons (Glyphs
Productions). In 2012, Marvel Comics hired him to
draw Amazing Spider-Man: Ends of the Earth, which
was followed by a six-issue stint on Venom. He is
currently the artist on DC Comics’ Batman Beyond.
www.thonyartes.blogspot.com.br
Nanquim e aquarela sobre papel.
Ink and watercolor on paper.
ARQUEIRO VERDE GREEN ARROW
O
playboy milionário Oliver Queen levava
uma vida de excessos até se ver preso
em uma ilha deserta, onde teve de lutar
por sua sobrevivência contando apenas com um
conjunto de arco e flechas. De volta à cidade de Star
City, passou a combater o crime como o Arqueiro
Verde. Criado por Mort Weisinger e Greg Papp, o
personagem foi apresentado aos leitores na revista
More Fun Comics 73, em novembro de 1941. No
início da década de 1970, o personagem passou a
integrar a revista Green Lantern em histórias escritas
por Dennis O’Neil e desenhadas por Neal Adams
que contrapunham as ideias liberais do Arqueiro
Verde à posição de direita do Lanterna Verde,
enquanto os heróis cruzavam os Estados Unidos
e confrontavam os dilemas sociais e políticos da
época. Mais recentemente, o Arqueiro Verde ganhou
destaque na TV, por ser presença regular na série
Smallville e por ser o personagem principal da série
Arrow, que estreou em 2012.
“Desenhei o Arqueiro numa história
com o Batman, escrita por Denny
O’Neil e publicada na revista Legends of
the Dark Knight, com o título The Arrow
and the Bat. Foram momentos muito
Sergio divertidos desenhando o Arqueiro e
Cariello o Batman numa história escrita por
uma lenda e 110 páginas são suficientes
pra fazer a gente se envolver com um
personagem. Escolhi me inspirar numa
das capas do Scott McDaniel porque
amo os trabalhos dele. Arte-finalizei as
capas que ele fez para algumas edições
de Azrael, da DC Comics.”
Cariello tem ilustrado quadrinhos desde 1992, e
é mais conhecido por seu trabalho na DC com
personagens como Batman, Arqueiro e Azrael.
Lecionou em vários cursos na Joe Kubert School
of Cartoon and Graphic Art por um período de
sete anos. Desenhou 25 edições da revista do
Cavaleiro Solitário e foi indicado ao prêmio Eisner
de quadrinhos em 2007. Também ilustrou Bíblia
em Ação para a editora David C. Cook, livro este
que recebeu cinco prêmios nos EUA, onde já foram
vendidos mais de 500 mil exemplares e que recebeu
três prêmios Areté no Brasil. Produziu Son of Samson
para a editora Zondervan. Recentemente, tem
desenhado Capitão América e Superman, dentre
vários outros trabalhos para clientes internacionais.
14 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Millionaire playboy Oliver Queen lived a life of
excess until he found himself trapped on an island,
fighting for survival with only his bow and arrow
for company. Back in his hometown Star City, he
started fighting crime as the Green Arrow. Created
by Mort Weisinger and Greg Papp, Green Arrow was
introduced to readers on More Fun Comics #73 on
November 1941. In the early 1970s, Green Lantern’s
series became Green Lantern/Green Arrow with a
storyline in which Arrow’s liberal views were set
against Lantern’s political indifference, while both
heroes crossed America to confront the social and
political difficulties of the day. Recently, Green Arrow
was featured as a recurring character on TV show
Smallville and in 2012 as lead in Arrow.
“I illustrated Green Arrow in a Batman
story written by Denny O’Neil that ran
on Legends of the Dark Knight. It’s called
The Arrow and the Bat. It was fantastic
for me to draw Green Arrow and Batman
in a story written by a legend and one
hundred and ten pages are enough for
you to create a bond with a character.
For this work, I found inspiration on one
of Scott McDaniel’s covers because I love
his work. I did inks on some of his covers
for DC Comics’ Azrael.”
Cariello has been a comics illustrator since 1992
and is mostly known for his work on DC Comics
characters like Batman, Green Arrow and Azrael.
For seven years he taught courses at the Joe Kubert
School of Cartoon and Graphic Art. Cariello drew 25
issues of The Lone Ranger and was nominated for the
Eisner Comic Book Award in 2007. He also illustrated
The Action Bible for David C. Cook Publishing, a
half-million best seller in the US which received
five awards in the US and three Areté awards in
Brazil. He also created Son of Samson for Zondervan
Publishing. Currently, he is working on Captain
America and Superman, amongst other work for
international clients.
www.sergiocariello.com
Lápis, nanquim e aquarela sobre papel.
Pencils, ink and watercolor on paper.
ASTERIX
E
“ stamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a
Gália foi ocupada pelos romanos... Toda?
Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis
gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada
fácil para as guarnições de legionários romanos
nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium,
Laudanum e Petibonum...” Este é o prólogo de todos
os mais de 30 álbuns com as aventuras de Asterix,
criação do escritor René Goscinny e do desenhista
Albert Uderzo, que apareceu pela primeira vez na
revista francesa Pilote 29, em outubro de 1959, que
já teve suas histórias traduzidas para mais de 100
línguas e adaptadas para o cinema em 12 filmes,
entre animações e filmes com atores reais.
“Asterix, O Gaulês foi, sem dúvida,
um dos primeiros quadrinhos que li.
Lembro-me de ficar admirado com
o trabalho detalhado do desenhista
Uderzo, desde criança, na biblioteca
Rafael da minha escola. Certamente, imagens
Albuquerque que ficaram marcadas na memória
para sempre.”
Gaúcho vencedor dos prêmios Eisner e Harvey,
Rafael é co-criador de Crimeland (Image Comics,
2007), Mondo Urbano (Oni Press, 2010) e do best
seller do New York Times, Vampiro Americano (DC
Comics/Vertigo, 2010), escrito por Scott Snyder e
Stephen King. Há quase uma década, trabalha com
as principais editoras dos EUA, colaborando com
diversas publicações, tais como Batman, Wolverine
e Fabulosa X-Force. Em 2014, lançará TUNE 8, seu
novo projeto pessoal, pela Dark Horse Comics.
16 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“The year is 50 BC, and all Gaul is entirely occupied
by the Romans. Well, not entirely... One small
village of indomitable Gauls still holds out against
the invaders. And life is not easy for the Roman
legionaries who garrison the fortified camps of
Totorum, Aquarium, Laudanum and Compendium…”
These are the introductory words of more than 30
books about Asterix, the unlikely hero created by
writer René Goscinny and artist Albert Uderzo, who
first appeared in the French anthology Pilote #29, in
October 1959. Asterix, Obelix and Co.’s books were
translated into more than 100 languages, with 12 film
adaptations, both animation and live-action.
“Asterix is certainly one of the first
comics I read in my life. I recall my
admiration for Uderzo’s fine, detailed
lines when I was a kid, reading the
books in the school library. His panels
are forever embedded in my mind.”
Born in the south of Brazil, Albuquerque is an Eisner
and Harvey Award-winner comics artist. He co-
created Crimeland (Image Comics, 2007), Mondo
Urbano (Oni Press, 2010) and the NY Times best-seller
American Vampire (DC Comics/Vertigo, 2010) — the
latter written by Scott Snyder and Stephen King. He’s
been working for more than a decade for America’s
biggest comics publishers in a variety of titles, such as
Batman, Wolverine and Uncanny X-Force. In 2014, he
will release TUNE 8, a creator-owned project to be
published by Dark Horse Comics.
www.rafaelalbuquerque.com
Nanquim aguado sobre papel. Colorização digital.
Inkwash on paper. Digital color.
ASTRO BOY
E
m um mundo futurístico, onde androides
convivem com humanos, o chefe do Ministério
da Ciência cria um robô à semelhança de
seu filho que havia falecido. Com o tempo, Astro
Boy acaba sendo vendido para um circo, de onde
é resgatado por outro cientista que percebeu nele
habilidades superiores e a capacidade de expressar
emoções humanas. Astro então começa a usar seus
poderes para combater o crime e enfrentar robôs
malignos e aliens invasores. Esta criação de Osamu
Tezuka foi apresentada ao público em mangás,
produzidos de abril de 1952 a março de 1968 e, em
1963, foi a primeira série animada exibida no Japão,
sendo uma referência em anime até hoje.
“Quando eu era pequeno, havia um
pacote de pipoca doce que tinha como
desenho de embalagem um Astro Boy.
Era uma época em que as empresas de
doces não se preocupavam tanto com
Ivan Reis direitos autorais, mas aquela pipoca
com o Astro Boy na embalagem ficou
registrada na minha memória emotiva.”
Há 20 anos no mercado de quadrinhos, Ivan
trabalhou em revistas de vários gêneros e para
diversas editoras, além das gigantes Marvel e
DC Comics. Na Marvel, desenhou títulos como
Vingadores, Homem de Ferro e Hulk; e na DC,
desenhou as revistas Superman, Lanterna Verde
e Aquaman, além de eventos importantes como
Crise Infinita, A Noite Mais Densa e O Dia Mais
Claro. Ganhou vários prêmios em sua carreira, e
atualmente é o desenhista oficial de Liga da Justiça,
o principal título da DC Comics.
18 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
In a future world where robots live alongside
humans, the head of the Ministry of Science creates
a robot in the likeness of his deceased son. Astro
Boy ends up being sold to a circus, from which he is
rescued by another scientist who notices his superior
skills as well as his wide range of human emotions.
Astro starts using his powers to fight crime and
battle evil robots or alien invaders. Created by
Osamu Tezuka, the hero reached a wide audience in
mangas published between March 1952 and March
1968. In 1963, Astro Boy was the first animated series
on Japanese television, a landmark in anime culture.
“When I was a boy, there was a brand of
popcorn with Astro Boy printed on the
package. It was a time when companies
didn’t care much about copyrights.
That Astro Boy popcorn is imprinted
in my affective memory.”
Ivan has two decades of comic book professional
experience. He worked on a wide range of genres
for many publishers, among them Marvel and DC. At
Marvel, he was the artist on Avengers, Iron Man and
Hulk. At DC, he drew Superman, Green Lantern and
Aquaman, as well as big events sucha as Final Crisis,
Blackest Night and Brightest Day. He is the recipient
of many awards and currently draws Justice League,
DC’s flagship title.
http://ivanreisdc.deviantart.com/
Lápis de cor, nanquim e guache sobre papel.
Crayons, ink and gouache on paper.
BATMAN
A
pós testemunhar a morte brutal de seus
pais, o jovem Bruce Wayne inicia uma
jornada que o levou a se tornar o defensor
de Gotham City. Exímio detetive, mestre em
inúmeras técnicas de combate e tendo à disposição
a fortuna de sua família, investida em tecnologia e
equipamentos que utiliza em sua cruzada, Batman
protege as ruas de Gotham de bandidos comuns
e de supervilões mascarados e suas armadilhas
mortais. Co-criação de Bob Kane e do roteirista
Bill Finger, Batman passou por inúmeras evoluções
desde o seu surgimento na revista Detective Comics
27, em maio de 1939. A versatilidade e a riqueza
dramática do personagem foram exploradas
nos quadrinhos e em diversas outras mídias que
ampliaram seu público, tornando-o um dos
maiores ícones da cultura pop em geral.
“Batman é o Santo Graal de todo
quadrinista. Não é à toa que ele aparece
no topo da lista de qualquer um no
mercado, não só dos artistas. Mas
também tive uma motivação pessoal.
Alex Maleev Há uns 10 anos tive minha chance com
ele na saga Terra de Ninguém (publicada
nos EUA em 1999) e vacilei. Não estava
pronto e não tive a oportunidade de
enviar a página finalizada, só a lápis.
Achei que precisava me redimir e, quem
sabe arriscando a mesma autocrítica
uma década depois, aproveitei esta
oportunidade.”
Alex nasceu em 1971, em Sofia, Bulgária. Estudou
na Escola de Artes (1985-1990) e na Academia de
Belas Artes (1990-1994), da qual saiu bacharel em
gravura. Chegou à Nova York em 1994 e estudou na
prestigiosa Joe Kubert School. Suas obras incluem
As 1001 Noites, Magic The Gathering, O Corvo,
Alien vs. Predador, Superman vs. Predador, Sam &
Twitch, Hellboy: Contos Bizarros, Demolidor, Novos
Vingadores: Illuminati, Mulher-Aranha, Halo, Scarlet,
Cavaleiro da Lua, A Torre Negra e Batman, entre
outros. Alex conquistou o prêmio Russ Manning de
Principiante Mais Promissor, em 1996, e o prêmio
Eisner de melhor série mensal, em 2004, graças à
elogiada passagem pela série Demolidor. Ele mora no
Brooklyn, em Nova York.
22 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
After watching the grim death of his parents, young
Bruce Wayne embarks on a journey to become
Gotham City’s guardian. A distinguished detective,
master of all fighting techniques and counting
on his father’s fortune to invest in technology
and equipment for his crusades, Batman protects
the streets of Gotham from common thugs and
costumed villains and their deadly traps. Created
by Bob Kane and writer Bill Finger, Batman went
through many changes since his debut in Detective
Comics #27, published in May 1939. The range and
dramatic richness of the character has been explored
in comics and other media to create one of the
greatest pop icons of all time.
“Batman is the Holy Grail of all comic
book artists. No wonder its top of the
list for anyone in the business, not just
artists. There is a personal reason as
well for this work. Some 10 years ago
I had a chance with No Man’s Land
(published in 1999) and I failed to take
it. I wasn’t ready and had no chance to
submit a finished page, only pencils. I
needed to redeem myself and though
risking facing similar self-criticism a
decade later, I nevertheless jumped at
the chance.”
Born in 1971 in Sofia, Bulgaria. Studied at the High
School of Arts (1985-1990) and at the Academy of
Fine Arts (1990-1994), where he earned a bachelor
degree in printmaking. He arrived in New York
in 1994 and studied at the prestigious Joe Kubert
School. His works include Arabian Nights, Magic The
Gathering, The Crow, Alien vs. Predator, Superman
vs. Predator, Sam and Twitch, Hellboy Weird Tales,
Daredevil, New Avengers: Illuminati, Spider-Woman,
Halo, Scarlet, Moon Knight, Dark Tower and Batman,
among others. Alex has earned the Russ Manning
award in 1996 for Most Promising Newcomer and
the Eisner Award for best ongoing series in 2003
during his acclaimed run in Daredevil. Alex lives in
Brooklyn, New York.
www.maleev.com
Lápis e nanquim sobre papel.
Pencil and ink on paper.
BETTY BOOP
A
personagem independente e provocadora,
com as pernas de fora e exibindo uma
cinta-liga, surgiu em 1930 no desenho
animado Dizzy Dishes, produzido por Max Fleischer.
Pouco tempo depois, ganhou sua própria tira de
quadrinhos e várias séries animadas. A censura
da época e o “padrão Disney” que se estabeleceu
impuseram que a sensualidade da personagem
fosse reduzida e, em 1939, chegou a ser proibida de
aparecer nos cinemas pelo Comitê Moralizador dos
EUA, mas tudo isso serviu apenas para reforçar seu
status de ícone. Betty Boop se tornou uma marca
multimilionária, encontrada em diversos produtos
em todo o mundo.
“Quando pequena, sempre fiquei
intrigada com a figura de Betty
Boop, tão delicada, caprichosa e
independente. A escolhi por causa
disso. Claro que ao longo dos anos ela
Cris Peter foi se tornando mais um objeto do que
uma personagem, por isso resolvi fazer
esse mash-up entre a figura dela e o
pôster Westinghouse.”
Cris é natural de Porto Alegre, como colorista
de quadrinhos já trabalhou em títulos como
Surpreendentes X-Men, Quarteto Fantástico,
Fundação Futuro, Capitão América & Namor
(Marvel Comics); foi indicada ao prêmio Eisner, em
2012, por seu trabalho no título Casanova, escrito
por Matt Fraction e desenhado por Gabriel Bá. Seu
trabalho de colorização também pode ser visto na
primeira Graphic MSP Astronauta: Magnetar, com
arte e roteiro de Danilo Beyruth, editada por Sidney
Gusman.
24 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
As independent as she is luscious, and keen on
showing a lot of leg (up to her garter), Betty Boop
debuted in 1930 in the animated movie Dizzy Dishes,
a Max Fleischer production. She soon got her own
comic strip and animated series. Moral reproach and
the “Disney style” of the day restricted her sexiness.
In 1939, she was even banned from films by the
National Legion of Decency, which only boosted her
popularity. Betty Boop has become a multimillion
dollar brand, which can be found in a variety of
products around the world.
“When I was little, I was always
intrigued by Betty Boop’s image. She
was always so delicate, so capricious,
so self-sufficient. That’s why I chose
her. Over the years she clearly became
more object than character, so that’s
why I mingled her with the famous
Westinghouse poster.”
Born in Porto Alegre, south of Brazil, she worked as
comics colorist for books such as Astonishing X-Men,
Fantastic Four, FF, Captain America & Namor (Marvel
Comics) and was nominated for the 2012 Eisner
Awards for her color work on Matt Fraction and
Gabriel Bá’s Casanova. Her work can also be seen on
the first Graphic MSP, Astronauta: Magnetar, written
and illustrated by Danilo Beyruth, and edited by
Sidney Gusman.
www.twitter.com/crispeter
Arte digital.
Digital art.
BOB CUSPE
A
estética e a filosofia punk que
desembarcavam dos EUA e Inglaterra e que
faziam a cabeça da periferia de São Paulo
no início da década de 1980, chegaram também aos
quadrinhos com Bob Cuspe, criação do paulista
Angeli. Humor ácido, comportamento transgressor
e implacáveis cusparadas nas personalidades
daquela geração eram suas marcas registradas,
e Bob Cuspe conquistou uma legião de fãs.
Publicado inicialmente no jornal Folha de S.Paulo. O
personagem ganhou pele verde ao chegar à capa da
primeira edição da revista Chiclete com Banana, em
1985. Em 2008, Angeli matou Bob Cuspe em uma
tira na qual ele é devorado por um bando de Elton
Johns Mutantes. Mas para seus fãs, assim como a
filosofia punk, ele viverá para sempre.
“O Bob ainda é a voz destoante que
ecoa nos grandes centros urbanos,
repletos de cidadãos ‘politicamente
corretos’ com seus discursos prontos e
vazios. É a resistência aos burocratas e à
Lelis política rasteira que corrói as iniciativas
autênticas. É a personificação de uma
geração que, assim como ele, destilava
irreverência pelas ruas.”
Nascido em Montes Claros, Minas Gerais, Lelis
trabalhou por lá em jornais até 1992, quando se
transferiu para Belo Horizonte, para o jornal Estado
de Minas. Em 1997, foi para o jornal Folha de S.Paulo,
onde ficou por seis anos. Em 2006, voltou para o
Estado de Minas. Escreveu dois livros: Saino a Percurá
e Cidades do Ouro. Em 2009, fez para o mercado
frânces Last Bullets, ao lado de Antoine Ozanam; e
em 2011, com o escritor Wander Antunes, adaptou
para os quadrinhos Clara dos Anjos, do escritor Lima
Barreto. Atualmente, trabalha em Gueules Noires, seu
segundo álbum para a França.
26 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Punk philosophy and punk imagery landed in São
Paulo in the early 1980s straight from the USA and
UK. They arrived in comics via Bob Cuspe, created
by comics artist Angeli. Cuspe’s trademarks were
sour comedy, transgressive behavior and relentless
spitting aimed at celebrities of that generation —
with thereby amassing a legion of fans. After his
debut in Angeli’s comic strip in Folha de São Paulo
daily newspaper, Bob Cuspe became green-skinned
on the cover of the first edition of Angeli’s magazine
Chiclete com Banana, in 1985. In 2008, Angeli killed
off his character in a strip where Bob is eaten alive by
a mob of Mutant Elton Johns. But according to fans
— as also happens with punk philosophy — he will
live on forever.
“Bob is still the dissenting voice you
hear in big cities, crammed with PC
citizens with a commonplace and
empty discourse. He’s the opposite of
bureaucracy, of abject politicians who
deny any authentic gesture. He is the
embodiment of a generation which
brought irreverence to the streets.”
Born in Montes Claros, Minas Gerais, he worked for
local newspapers until 1992, when he moved to the
state’s capital, Belo Horizonte, and started working
for the Estado de Minas daily newspaper. In 1997,
he moved to Folha de São Paulo newspaper, and
stayed there for six years before returning to Estado
de Minas in 2006. He’s the author of two graphic
novels: Saino a Percurá e Cidades do Ouro. In 2009,
he worked with Antoine Ozanam on Last Bullets,
published in France. In 2011, he adapted 20th century
Brazilian novelist Lima Barreto’s Clara dos Anjos to
comics alongside writer Wander Antunes. He is
currently working on Gueules Noires, another book
for the French market.
http://aqualelis.blogspot.com.br/
Nanquim sobre papel.
Ink on paper.
 BRUCUTU ALLEY OOP
O
homem das cavernas criado pelo
desenhista Vincent T. Hamlin é um
habitante do reino pré-histórico de Mu,
mas prefere lutar contra dinossauros a conviver com
seus compatriotas. Desde a estreia nos jornais dos
EUA, em 1932, suas histórias eram uma sátira à vida
nos subúrbios americanos, até que em 1939, Hamlin
introduziu uma máquina do tempo que permitiu
ao personagem embarcar em viagens a diferentes
períodos da História, ampliando as possibilidades
narrativas da tira. No Brasil, Brucutu também foi o
título de uma canção gravada por Roberto Carlos em
1965, e o nome passou a ser usado no vocabulário
popular como sinônimo de pessoa grosseira e rude.
“O Brucutu é um daqueles personagens
que sempre esteve lá. Mesmo quem
Rafael Roncato
não o conhece profundamente já viu
sua figura ou ouviu seu nome. Eu amo
seu visual e sua personalidade simples,
Gabriel Góes mas o grande lance do Brucutu são as
histórias com a máquina do tempo.”
Gabriel Góes é ilustrador, quadrinista e artista
plástico. Idealizador do projeto Kowalski e editor,
junto com Lucas Gehre e Gabriel Mesquita, da
revista Samba. Adaptou para os quadrinhos as obras
de Nelson Rodrigues O Beijo no Asfalto e Vestido de
Noiva, em parceria com Arnaldo Branco. Foi por
muitos anos ilustrador no jornal Correio Braziliense,
e ilustra para muitas publicações nacionais, como
Galileu e Superinteressante. Teve seus quadrinhos
publicados em revistas como Prego, Ragu, Tarja
Preta e Stripburguer.
Lápis, caneta Uni Pin e nanquim sobre papel. Colorização digital.
28 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The caveman created by Vincent T. Hamlin comes
from the prehistoric kingdom of Moo, but he prefers
fighting dinosaurs to living with his people. Since his
debut in American newspapers in 1932, his stories
are mostly a satire on suburban life. In 1939, though,
Hamlin introduced a time machine into the plot,
allowing the character to visit different periods in
history, thus widening the scope of possibilities in
the stories. In Brazil, his name was translated as
Brucutu — also the name of a song recorded by the
famous artist Robert Carlos in 1965, and since then
used as slang for a coarse or rude person.
“Alley Oop is one of those characters
that is just there. Even if you’ve never
read any of his strips, you know what
he looks like or heard his name. I love
the visuals and the straightforward
personality, but the greatest strips are
the time travel ones.”
Gabriel Góes is an illustrator, comics artist and fine
artist. He’s the creator of project Kowalski and is the
editor of Samba magazine with Lucas Gehre and
Gabriel Mesquita. He drew the comics adaptation of
Nelson Rodrigues’ plays The Kiss on the Asphalt and
The Wedding Dress, together with Arnaldo Branco.
Gabriel also worked as an illustrator for many years
at Correio Braziliense daily newspaper. He is a free-
lance illustrator for Brazilian popular magazines like
Galileu and Superinteressante. His comics have been
published in anthologies such as Prego, Ragu, Tarja
Preta and Stripburguer.
www.revistasamba.com.br
Pencil, Uni Pin pen and ink on paper. Digital color.
 BUCK ROGERS
O
personagem surgiu com o nome de
Anthony Rogers em um conto escrito
por Philip Francis Nowlan e publicado
na revista Amazing Stories, em agosto de 1928. Essa
mesma história foi adaptada para os quadrinhos
com desenhos de Dick Calkins e publicada em
janeiro de 1929, com o herói rebatizado como
Buck Rogers. Vieram então adaptações para rádio,
cinema, TV e outras mídias, que contribuíram para
popularizar a ideia de exploração espacial como
cenário para aventuras fantásticas no imaginário
do público norte-americano, dando continuidade
à tradição iniciada por Júlio Verne, H. G. Wells e
Edgar Rice Burroughs. Buck Rogers também foi
a principal inspiração para Duck Dodgers, versão
espacial do Patolino, que teve uma série animada de
TV de grande popularidade na década de 2000.
“O seriado do Buck da década de 1970
era um dos meus preferidos! Sou muito
Rafael Roncato
mais Buck Rogers do que Flash Gordon.
Apesar de tantos uniformes diferentes,
acho o clássico o mais bacana! Preferi
Flávio Luiz usá-lo na minha versão em vez daquele
que foi escolhido pelo Frank Frazetta!”
Flávio Luiz Rodrigues Nogueira, 48 anos, é autor de
Aú, o capoeirista, O Cabra, Jayne Mastodonte e Rota
66. Vencedor por duas vezes do Salão Internacional
de Humor de Piracicaba, nas categorias Cartum,
em 1994, e Charge, em 2000. Premiado em diversos
salões de humor no Brasil e no exterior. Foi diretor
de arte em agências de publicidade, chargista e
ilustrador. Hoje, cuida de suas publicações e realiza
trabalhos como freelancer.
Lápis, nanquim, hidrocor, copic e ecoline sobre papel.
30 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Buck Rogers debuted as Anthony Rogers in a short
story written by Philip Francis Nowlan, and published
in Amazing Stories magazine in the August 1928 issue.
The same story was adapted to comics, drawn by
Dick Calkins and published in January 1929, when
the hero was given the name Buck Rogers. There
followed radio, film, TV and other media versions
of the space explorer’s stories, enriching the sci-fi
genre of travels to other planets and space fantasy
adventures, known before mostly through the works
of writers such as Jules Verne, H.G. Wells and Edgar
Rice Burroughs. Buck Rogers was also the main
inspiration for Duck Dodgers, a space version of
Daffy Duck which had his own successful animated
series on TV in the 2000s.
“Buck’s TV series from the 70s is one of
my all-time favorites! I’m more of a Buck
Rogers guy than a Flash Gordon guy.
Despite all the different costumes he’s
had, I find the original one the coolest!
For my version, I used that one instead
of the famous Frazetta costume.”
Flávio Luiz Rodrigues Nogueira, 48, is author of
the comic books Aú, o capoeirista, O Cabra, Jayne
Mastodonte and Rota 66. He received two awards
at the Piracicaba International Cartoon Festival in
the Cartoon (1994) and Political Cartoon (2000)
categories, as well as many awards at Brazilian and
worldwide Festivals. He has worked as art director
for advertising agencies, as cartoonist and illustrator.
He is currently self-publishing his comics and
working as a free-lancer illustrator.
www.flavioluiz.net
Pencil, ink, marker pen and ecoline on paper
CALVIN E HAROLDO C ALVIN AND HOBBES
C
alvin e Haroldo apareceram em uma série
de 3.150 tiras escritas e ilustradas pelo
americano Bill Watterson, publicadas
originalmente de 18 de novembro de 1985 a 31 de
dezembro de 1995, quando o autor decidiu por
encerrar a produção de novas tiras. Apesar de
suas notas baixas na escola, Calvin é um garoto
de seis anos extremamente precoce, que usa seu
vocabulário sofisticado em conversas com Haroldo,
um tigre que é visto como um boneco de pelúcia
pelos demais personagens da tira, mas que para
ele é o interlocutor em discussões sobre filosofia,
meio ambiente e vários outros temas, além de ser
seu companheiro em aventuras fantásticas, fruto
de sua fértil imaginação. Publicados em mais de
dois mil jornais ao redor do mundo e em mais de 50
países, os álbuns de Calvin e Haroldo já venderam
mais de 45 milhões de exemplares. É um dos poucos
personagens que nunca migraram para outras
mídias, e também não foi licenciado para qualquer
tipo de produto, devendo sua reputação unicamente
aos quadrinhos.
“Quando li Calvin e Haroldo, foi paixão
à primeira lida. Minha esposa e filhos
amam as histórias dos personagens.
Durante o café da manhã, comentamos
a tira publicada naquele dia. Quando
Eddy surgiu o convite para a exposição,
Barrows não tinha dúvida de quem eu queria
desenhar.”
Eddy é artista exclusivo da DC Comics desde
2006. Trabalhou em títulos como: Superman, Aves
de Rapina, 52, Novos Titãs, Asa Noturna, Action
Comics, A Noite Mais Densa: Superman, A Guerra dos
Supermen, Prelúdio para a Crise Final: Volta ao Lar,
The All-New Atom, Nuclear, Batman Secret Files 2005,
Bloodhound e Lanterna Verde; também fez trabalhos
para outras editoras como: G.I. Joe: Cobra Reborn,
Lady Death e Stone Cold — Steven Austin.
Lápis sobre papel. Colorização digital por Marcelo Maiolo.
34 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Calvin and Hobbes are the stars of 3150 comic
strips written and illustrated by Bill Watterson,
originally published between November 18, 1985, and
December 31, 1995 when Watterson himself decided
to stop drawing new strips. Despite his low grades
at school, Calvin is a precocious six-year old boy
with a sophisticated vocabulary that he uses to talk
to Hobbes, a tiger whom everyone else in the strip
sees as a stuffed toy. Calvin, though, sees Hobbes
as a companion in arguments over philosophy, the
environment and an assortment of topics, as well
as a friend for fantastic adventures that happen in
his imagination. Published in over 2000 newspapers
in more than 50 countries, Calvin & Hobbes’ strips
were reunited in collections that sold over 45 millions
copies. The characters are also distinct in never
having been exploited by other media or markets,
owning their reputation to comics only.
“When I first read Calvin and Hobbes,
it was love at first reading. My wife
and kids love the stories and we always
comment on the strip of the day over
breakfast. When I was invited to this
exhibition, I had no doubt as to which
characters I’d like to draw.”
Eddy is an exclusive artist of DC Comics since 2006.
He worked on titles such as Superman, Birds of Prey,
52, Teen Titans, Nightwing, Action Comics, Blackest
Night: Superman, War of the Supermen, Countdown to
Adventure, The All-New Atom, Firestorm, Batman Secret
Files, Bloodhound and Green Lantern. He also worked
for other publishers on titles like G.I. Joe: Cobra Reborn,
Lady Death and Stone Cold — Steve Austin.
http://eddybarrows.blogspot.com.br/
Pencil on paper. Digital colors by Marcelo Maiolo.
CAPITÃO AMÉRICA C APTAIN AMERIC A
S
teve Rogers é um rapaz franzino e com
problemas de saúde, que só consegue se juntar
ao exército norte-americano e combater as
hordas nazistas ao aceitar participar do “projeto
supersoldado”, que consistia em um soro especial
e radiação de raios Vita, que o transformaram em
um superatleta — musculoso, forte, veloz e ágil. O
Capitão América foi o maior de uma onda de super-
heróis que surgiram sob a bandeira do patriotismo
norte-americano e que foram apresentados ao
mundo durante os anos da Segunda Guerra Mundial,
tendo como principais inimigos as forças nazistas
e o próprio Adolf Hitler. O personagem criado por
Joe Simon e Jack Kirby apareceu pela primeira vez
durante a chamada Era de Ouro, na revista Captain
America 1, publicada em março de 1941 pela Timely
Comics, que anos depois viria a se tornar a Marvel
Comics. O término da Segunda Guerra Mundial
levou à diminuição da popularidade dos super-heróis
e o Capitão América deixou de ser publicado em
1954, retornando aos quadrinhos no início da Era
de Prata, na revista The Avengers 4, sendo publicado
regularmente desde então, além de ter aparecido em
séries de animação e no cinema.
“Escolhi o Capitão para homenagear
meu país nesta exposição internacional
de quadrinhos. A meu ver, ‘Juro
defender a Pátria’ resume quem é
o Capitão. A bandeira representa a
Scott soberania dos EUA, a águia de cabeça
McDaniel branca representa a força física e o
reflexo da cruz, a força espiritual.”
Scott é desenhista freelancer residente de Pittsburgh,
Pennsylvania (EUA). Teve a benção de uma longa
carreira como quadrinista, tendo iniciado por
Homem-Aranha e Demolidor na Marvel e, a partir
daí, passado a títulos da DC como Asa Noturna,
Batman, Superman, Robin e Arqueiro Verde,
entre muitos outros. Diz que é muito divertido
viver a vida de super-herói por meio de sua arte.
Atualmente, Scott investe sua criatividade em
trabalhos dentro e fora dos quadrinhos.
36 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Steve Rogers is a frail and sick boy who can only
enlist in the US Army to battle Nazis after he agrees
to take part in Project Supersoldier: an experiment
that involves a special serum and Vita-ray to turn
him into a big-muscled, strong, fast and nimble
superathlete. Captain America was the apex of
patriotic super-heroes that debuted at the beginning
of World War II, all of which had Adolf Hitler and
the Nazi forces as their main enemies. The character
was created by Joe Simon and Jack Kirby and had his
debut during the so-called Golden Age in his own
magazine, Captain America Comics #1, on March 1941,
from Timely Comics — the same publisher that years
later would become known as Marvel Comics. The
end of WW2 represented a decrease in the success
of super-heroes, so Captain America’s comics ceased
publication in 1954. He returned to comics during the
Silver Age in Avengers #4, and since then he can be
seen regularly in comics, animated series and movies.
“I chose Cap to honor my home country
in this international comic art exhibition.
‘I Pledge Allegiance’ visually summarizes
Cap for me. The flag represents America’s
sovereignty, the bald eagle represents her
physical strength and the reflected cross
represents her spiritual strength.”
Scott is a freelance professional artist based in
Pittsburgh, PA (USA). He has been blessed with a
long career as a comics book artist beginning with
Marvel’s Spider-Man and Daredevil, followed by work
on DC titles Nightwing, Batman, Superman, Robin,
Green Arrow and many others. He says it’s been quite
fun living the life of a superhero through his artwork.
Scott is currently pursuing creative interests both in
and out of comics.
www.scottmcdaniel.net
Lápis e nanquim sobre papel.
Pencil and ink on paper.
CAVALEIRO SOLITÁRIO LONE R ANGER
H
“ i-Yo, Silver!” O herói mascarado conhecido
como Cavaleiro Solitário é um ex-policial
do Texas que combate a injustiça no Velho
Oeste americano, tendo ao seu lado o índio Tonto
(nome que significa “o selvagem” na língua indígena)
e seu cavalo Silver. O personagem foi apresentado
ao público em 1933, em um programa de rádio,
e sua criação é atribuída a George Washington
Trendle, proprietário da rádio WXYZ, e a Fran
Striker, escritor da série. As tiras com as aventuras
do Cavaleiro Solitário chegaram aos jornais em 1938,
e foram publicadas ininterruptamente até 1971,
retornando para uma nova série que durou de 1981
a 1984. A popular série de TV exibida originalmente
nos EUA, a partir de 1953, foi batizada no Brasil
como Zorro — O Cavaleiro Solitário, fazendo com
que a confusão entre os dois personagens persista
até hoje no país. O “Kemosabe” John Reid (que
significa “amigo fiel”, sendo a forma como Tonto se
refere ao herói), identidade secreta do herói, é o tio-
avô de Britt Reid, o Besouro Verde.
“Eu me recordo de assistir à série do
Cavaleiro Solitário quando estava
no jardim da infância. Eu costumava
vestir um chapéu, máscara e cinto. Se
Kemosabe poderia ser outra pessoa por
Jok trás da máscara, eu também poderia me
tornar outra pessoa ao acompanhar suas
aventuras. É isso que as histórias fazem
conosco. A máscara é nossa janela para a
aventura.”
Jok Coglitore é um desenhista, escritor e colorista
nascido em Buenos Aires, Argentina. Seu trabalho
vem sendo publicado nos Estados Unidos, Reino
Unido, Canadá, Itália, França, Espanha, Brasil e
Argentina. Iniciou sua carreira em 1993 publicando de
maneira independente, e por volta de 2003 de maneira
profissional. Jok já trabalhou com os mais diversos
gêneros, sempre misturando e juntando todos eles
(de histórias de crimes, fantasia e ficção científica
até terror e histórias para toda a família). Ele gosta
de trabalhar em equipe desenvolvendo seus projetos
pessoais com amigos e também aprecia trabalhar
contratado por editoras. Pau pra toda obra!
38 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Hi-Yo, Silver!” The masked hero known as Lone
Ranger is a former police officer from Texas who fights
wrongs in the Old West of the United States alongside
his Native American companion Tonto (the name
means “the wild one” in his language) and his horse
Silver. The character debuted in 1933 in a radio show
and his creation is ascribed to George Washington
Trendle, owner of radio WXYZ, and Fran Striker, the
writer of the series. The Lone Ranger comic strips
first appeared in newspapers in 1938, were published
through 1971, then for a new series from 1981 to 1984.
The famous TV show, which aired in the US starting
1953, was curiously called Zorro — The Lone Ranger in
Brazil, so that to this day there’s confusion between
the two character’s names in the country. “Kemosabe”
John Reid (that’s how Tonto refers to the hero; it
means “faithful friend” or “trusty scout”) is also great-
uncle to Britt Reid, the Green Hornet.
“I remember watching the Lone
Ranger’s show when I was still in
kindergarten. I used to wear a hat,
mask and belt. If Kemosabe could be
somebody else behind the mask, I could
become someone else by following his
adventures. This is what these tales
do to us. The mask is our window to
adventure.”
Jok Coglitore is an artist, writer and colorist from
Buenos Aires, Argentina. His work has been
published in USA, UK, Canada, Italy, France, Spain,
Brazil and Argentina. He has been published
through indie media since 1993 and as a professional
around 2003. Jok worked on all kinds of genres,
mixing and twisting them (from crime stories,
fantasy, sci fi to classic horror and all ages). He
enjoys workteam and developing creator-owned
projects with friends/colleagues as well as doing
work for hire. Just bring it on!
www.facebook.com/jok.laproductora
Pincel e marker sobre papel. Colorização digital.
Brush and marker on paper. Digital color.
CHARLIE BROWN PEANUTS
C
harlie Brown é o símbolo das frustrações e
dúvidas humanas. Seu bordão “Que puxa!” é
o contraponto ideal ao “american way of life”
e sua expectativa de uma vida perfeita, repleta de
realizações. As tiras também abrem espaço para um
humor delicado nas diferentes situações vividas por
Charlie Brown e sua turma, e cabem ao cãozinho
beagle Snoopy e ao seu amigo, o passarinho
Woodstock, boa parte das tiradas cômicas. Criação
do cartunista norte-americano Charles Schulz, as
tiras originais Peanuts foram publicadas de 2 de
outubro de 1950 a 3 de janeiro de 2000. No seu
ápice, as tiras estavam em mais de 2.600 jornais,
com um número estimado de 355 milhões de leitores
em 75 países, e foram traduzidas para 40 línguas.
As histórias também foram levadas à TV e ao
cinema, além do licenciamento para uma infinidade
de produtos, que contribuíram para aumentar a
popularidade da criação de Schulz.
“Minha imensa paixão pelo azarado
Charlie Brown e sua turma começou
de duas maneiras. Uma com um livro
de tiras em inglês que meu pai tinha,
eu me apaixonei pela simplicidade
Breno dos traços; e a segunda foi vendo um
Tamura desenho na TV, quando eu descobri
sobre o que se tratavam as histórias:
elas falavam de mim.”
Breno começou a trabalhar ilustrando a revista
de RPG Dragão Brasil, e também a fazer pequenas
histórias de quatro páginas. Logo depois, passou
a desenhar e escrever a HQ Dias de um Fantasma
Suicida na revista +SOMA, e isso foi mais um passo
para começar a desenhar a revista Pigs, da Image
Comics. Atualmente, desenha 12 Reasons to Die, do
grupo de rap Wu-Tang Clan.
42 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Charlie Brown is a symbol of human disappointment
and uncertainty. His catch phrase “Good grief!”
is a direct opposite to the American-way-of-
life expectancy of a perfect life, filled only with
fulfillment. His comic strips express a delicate humor
in different situations that Charlie Brown and his
friends go through, though the comic quips are
usually reserved for his beagle Snoopy, and its friend,
the bird Woodstock. Created by American cartoonist
Charles Schulz, the original Peanuts strips were
published from October 2, 1950, till January 3, 2000.
In its heyday, Peanuts strips were published in over
2600 newspapers and had approximately 355 million
readers in 75 countries and 40 languages. Charlie
Brown’s stories also became TV movies, besides
all the merchandise and licensed products that
amplified the success of Schulz’s creation.
“My deepest affection for unlucky
Charlie Brown and his gang came from
two sources. One of them was a book
that my dad had, with strips in English. I
fell in love with the simplicity of Schulz’
linework. The second one was when I
watched the TV cartoon and found out
what the stories were about: they were
all about me.”
Breno started working as an illustrator for RPG
magazine Dragão Brasil, where he also did four-page
comics stories. Soon afterwards, he started writing
and drawing Days of a Suicidal Ghost comic book for
+SOMA magazine, another step on the path that
led him to draw Pigs at Image Comics. Currently,
he is drawing 12 Reasons to Die for the rap group
Wu-Tang Clan.
http://btamuradailysketches.blogspot.com.br
Técnica mista sobre papel.
Mixed media on paper.
CHICO BENTO
C
hico Bento foi criado em 1961 por Mauricio
de Sousa que teve como modelo seu tio-
avô, sobre quem ele ouvia muitas histórias
contadas pela sua avó. O caipira Chico usa chapéu
de palha, anda descalço e adora pescar no sítio
onde mora, no interior de São Paulo, mas seu
passatempo preferido é mesmo roubar goiabas do
Nhô Lau, ao lado de seu amigo Zé Lelé. Em suas
histórias também aparecem figuras folclóricas,
presentes no imaginário das áreas rurais do Brasil,
como a Mula Sem Cabeça, o Saci, o Lobisomem
e o Curupira. Assim como a Turma da Mônica,
Chico Bento também ganhou uma nova versão
com o lançamento de Chico Bento Moço, em 2013,
que conta as histórias de Chico, já com 18 anos,
estudando em uma faculdade de Agronomia.
“Eu tinha a coleção completa da revista
Chico Bento. Na infância, escrevi
uma cartinha pro Mauricio de Sousa
sugerindo uma história e saiu uma
parecida na revista. Fiquei eufórico!
João Marcos Essa situação foi uma das experiências
mais importantes que tive pra seguir
o sonho de fazer quadrinhos quando
crescesse.”
João Marcos é mestre em Artes Visuais pela Escola
de Belas Artes da UFMG e professor da Univale, no
curso de Arquitetura e Urbanismo. É roteirista da
Mauricio de Sousa Produções e atua também como
ilustrador e chargista; é autor de diversos livros em
quadrinhos para crianças e de livros teóricos sobre
o uso das histórias em quadrinhos na educação,
trabalho que ganhou o Troféu HQ Mix. Também
nessa área, ministra palestras, oficinas e cursos de
capacitação de professores.
44 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Chico Bento was created in 1961 by Mauricio
de Sousa, who was inspired by the stories his
grandmother told him about his great-uncle. Country
kid Chico Bento wears a straw hat, walks barefoot
and loves to fish at his home in rural São Paulo.
But his favorite pastime is stealing guavas with his
friend Zé Lelé from ranchowner Nhô Lau. Brazilian
rural folklore features strongly in his stories, which
star local characters such as the Headless Mule, the
one-legged Saci, the Werewolf and Curupira. Just
like Mônica’s Gang, Chico Bento also debuted in a
new “teenaged” version with the release of Chico
Bento Moço in 2013, with his stories as an 18-year old
Agronomy undergrad.
“I had a complete collection of Chico
Bento comics. When I was a kid, I sent
a letter to Mauricio de Sousa pitching
a story and, months later, a very similar
story was published! I was amazed! This
was one of the experiences that made
me realize I should follow my dream of
creating comics when I grew up.”
João Marcos is Master in Fine Arts by Escola de Belas
Artes (UFMG) and teacher at the Architecture and
Urbanism program at Univale. He writes scripts
for Mauricio de Sousa Produções and also works
as an illustrator and cartoonist. He is the author of
several children comic books and course books on
how to use comics in the classroom — works that
earned him a HQ Mix Award. He also regularly gives
lectures, workshops and teaching-improvement
courses in this field.
www.mendelevio.com.br
Nanquim sobre papel. Colorização digital.
Ink on paper. Digital colors.
CONAN, O BÁRBARO conan the barbarian
C
“ rom!” O cimério criado por Robert E.
Howard apareceu pela primeira vez em um
conto publicado na revista pulp americana
Weird Tales, em 1932. Nascido em um campo de
batalha do reino fictício da Ciméria, ainda jovem
Conan deixou voluntariamente sua tribo e começou
a vagar pelo mundo. No melhor gênero Espada e
Feitiçaria, suas aventuras envolvem confrontos com
magos, demônios e outras ameaças sobrenaturais.
Desde a sua criação, foram publicados dezenas
de livros com histórias do personagem, mas foi
o sucesso da série em quadrinhos Conan The
Barbarian, publicada pela Marvel a partir de 1970, que
apresentou a versão definitiva pela qual o cimério é
reconhecido até hoje pelo público e que inspirou as
séries de animação e de cinema do personagem.
“Sempre fui vidrado no Conan, não
tanto nas histórias, mas no visual e
ambiente em que ele vivia: mulheres
nuas, a ambígua moralidade do
personagem, e como ele respondia
Rafael a essa vida selvagem e violenta. A
Coutinho sexualidade do Conan era algo que
também mexia muito comigo — esse
sujeito capaz de copular enquanto mata
uma serpente gigante, cinco mulheres
ao mesmo tempo, sem o encantamento
pelo bem. As capas do Boris Vallejo e
Frank Frazetta eram algo à parte, e me
marcaram pra sempre.”
Designer, animador, artista plástico e quadrinista,
nascido em São Paulo, Rafael, 32 anos, se formou
em Artes Plásticas pela UNESP em 2004. Produziu
curtas-metragens como animador e diretor (Aquele
Cara, 2006; e Ao Vivo, 2008); e participou de
publicações como quadrinista (Bang Bang, Editora
Devir, 2005; Irmãos Grimm em Quadrinhos, Editora
Desiderata, 2007). Em 2010, publicou sua primeira
graphic novel Cachalote (Editora Quadrinhos na
Cia.), em parceria com o escritor Daniel Galera.
Em 2013, foi publicada a segunda parte da série O
Beijo Adolescente, projeto autoral publicado pelo
seu próprio selo, Narval; e trabalha na graphic novel
Mensur, também para a editora Quadrinhos na Cia.
46 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Crom!” The Cimerian warrior created by Robert
E. Howard first appeared in a story published in
the American pulp magazine Weird Tales, in 1932.
Young Conan, born on the battlefield in the fictitious
kingdom of Cimeria, voluntarily left his tribe and
started traveling the world. In the best Sword and
Sorcery style, his adventures involve grappling with
wizards, demons and other supernatural beings.
Since his first appearance, dozens of books based
on the character were published, but it was the
successful comic series published by Marvel Comics
beginning in 1970 that led to the popularity and
decisive version by which Conan is known and also
inspired the animation and film versions.
“I’ve always been crazy about Conan,
not so much for the stories but for the
visuals and settings in which he lived:
naked women, ambiguous morality
and how he responded to this wild and
savage life. Conan’s sexuality was also
something that touched me, this guy
who could copulate with five women
while killing a giant snake, not seduced
by issues of morality. The covers by
Boris Vallejo and Frank Frazzeta where
something else again, and left their
mark on me forever.”
Designer, animation artist, visual artist and comics
artist. Born in São Paulo, 32 years old, graduated
in Visual Arts at UNESP in 2004. Produced short
films as artist and director (Aquele Cara, 2006 and
Ao Vivo, 2008) and illustrated comic anthologies.
In 2010, he drew his first graphic novel Cachalote
(published by Quadrinhos na Cia) with writer
Daniel Galera. In 2013 he published the second
part of his creator-owned series The Teenage Kiss.
He is currently working on the graphic novel
Mensur, also for Quadrinhos na Cia.
www.rafaelcoutinho.cargocollective.com
Grafite sobre papel.
Pencil on paper
CORINGA THE JOKER
O
arqui-inimigo do Homem-Morcego foi criado
por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane e
apareceu pela primeira vez na revista Batman
1, em abril de 1940. A origem mais amplamente aceita
do personagem apresenta a história de um comediante
fracassado, vítima de uma série de terríveis infortúnios
que o levam a enlouquecer absolutamente, até se
tornar uma criatura amoral e violenta. O personagem
foi retratado como um maníaco homicida desde as
primeiras histórias em que apareceu, até que o Comics
Code — código de ética autoimposto pelas editoras
de quadrinhos — e o tom mais leve das histórias da
década de 1960 levaram os artistas a retratá-lo como
um simples palhaço criminoso. Sua natureza violenta
seria resgatada na década de 1970, nas histórias de
Dennis O’Neal e Neal Adams, atingindo seu ápice nas
últimas décadas, quando foi responsável pelo ataque
que deixou a Batgirl em uma cadeira de rodas e pelo
assassinato de Jason Todd, o segundo Robin. No
cinema, foi interpretado por Jack Nicholson (1989) e
Heath Ledger (2008), que recebeu o Oscar póstumo de
Melhor Ator Coadjuvante pelo papel.
“Embora eu seja especializado em terror,
o pessoal costuma achar meu Coringa
menos engraçado e mais sórdido do que
a maioria dos artistas costuma desenhar.
É uma diversão borrá-lo de sangue e
Ben batom. Não é do meu feitio trabalhar
Templesmith com personagens de grandes editoras,
pois prefiro projetos autorais. Mas tenho
uma queda pelo carinha maquiado de
palhaço que quer aniquilar o status quo.”
Ben Templesmith nasceu em 7 de março de 1978,
em Perth, Austrália; é artista e escritor, e já entrou
na lista de mais vendidos do New York Times;
é famoso principalmente por seu trabalho na
indústria de quadrinhos, na qual recebeu diversas
indicações para o prêmio do International Horror
Guild e também para o maior prêmio da indústria,
o Eisner. Também ganhou um prêmio Scream,
da Spike TV. Enquanto artista, suas obras mais
conhecidas foram 30 Dias de Noite (que virou
filme) e Fell. Seus outros trabalhos incluem a série
Wormwood: Gentleman Corpse, muito elogiada pela
crítica, além de Welcome to Hoxford e Singularity
7, sendo que nas três ele também foi roteirista.
Templesmith também trabalhou com Star Wars,
Doctor Who, G.I. Joe, Uma Noite Alucinante, Silent
Hill e Buffy: A Caça-Vampiros, entre outras franquias.
Essa coisa bizarra que ele chama de “carreira”
envolve fazer arte por dinheiro, e ele divide seu
tempo entre Chicago e Nova York.
50 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The archenemy of Batman was created by Jerry
Robinson, Bill Finger and Bob Kane and appeared for
the first time in Batman #1, in April 1940. The most
widely accepted version of the character’s origins
are that of a failed comedian, victim of a series
of terrible misfortunes that lead him to total and
complete madness, thereby becoming a completely
amoral and violent individual. The character was
initially presented as a homicidal maniac, until the
Comics Code — a self-imposed ethical code in
the comics business — and the lighter tone of the
sixties changed him into a simpler kind of criminal
clown. His more violent side would reappear in
the 70s in the stories of Dennis O’Neal and Neal
Adams, reaching its apex in more recent decades,
when, among other things, the Joker was responsible
for an attack that left Batgirl in a wheelchair and,
in another story, the murder of Jason Todd, the
second Robin. In the movies he was played by Jack
Nicholson (1989) and Heath Ledger (2008), who
received a posthumous Oscar for Best Supporting
Actor for the role.
“Though being a horror artist, I seem
to be known for my rather less comical
& nastier rendition of him than many
artists may do. For me he’s just fun to
smear blood and lipstick all over. I’m not
known for drawing corporate owned
characters, preferring to do original
projects but I always have a soft spot for
the man in the clown makeup who just
wants to end the status quo.”
Ben Templesmith was born March 7th 1978, in Perth,
Australia. He is a New York Times best selling artist
and writer most widely known for his work in the
comic book industry where he has received multiple
nominations for the International Horror Guild Awards
as well as the industry’s top prize, the Eisner Award.
He also won a Spike TV Scream Award. As a creator,
his most notable works have been 30 Days of Night
(which spawned a major motion picture) and Fell. His
other projects include the critically acclaimed serial
Wormwood: Gentleman Corpse, as well as Welcome to
Hoxford, and Singularity 7, all of which he also wrote.
He’s also worked on Star Wars, Doctor Who, G.I. Joe,
Army of Darkness, Silent Hill and Buffy: The Vampire
Slayer, among others. He does art for money in a
strange thing some would call a “career”, spending
time in both Chicago and New York City.
www.templesmith.com
Caneta, nanquim e aquarela sobre papel de aquarela.
Pen, ink and watercolour on watercolour paper.
CORTO MALTESE
O
marinheiro e aventureiro Corto Maltese,
criação do italiano Hugo Pratt, foi
apresentado ao público na história “A
Balada do Mar Salgado”, publicada de forma
seriada a partir de julho de 1967, na revista Sgt.
Kirk. Corto é um anti-herói que prefere sua
liberdade e imaginação à riqueza, atravessando
os mares para viver aventuras nos lugares mais
fascinantes do mundo. Suas histórias se passam nas
primeiras décadas do século XX, quando encontra
personagens históricos, como os escritores Jack
London e Ernest Hemingway, o piloto alemão
Barão Vermelho, Butch Cassidy e muitos outros. Na
história “Sob o Signo de Capricórnio”, de 1971, Corto
Maltese vem à Bahia, onde encontra personagens
fictícias e reais, como o cangaceiro Tiro Certeiro e
Corisco de São Jorge.
“Sempre gostei do estilo desse
personagem. Hugo Pratt o desenhava
de uma forma que sublinhava esse
lado fanfarrão/despachado, o que me
causava inveja.”
Dave Johnson
Dave trabalha com quadrinhos e animação há 20
anos; desenhou Superpatriot, Superman: Entre a
Foice e o Martelo, Chain Gang War e capas para séries
como 100 Balas, Batman, Justiceiro, Deadpool, entre
outras. Na animação, foi designer da série Ben 10.
52 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The sailor and adventurer Corto Maltese, created by
italian Hugo Pratt, first appeared in the story “The
Ballad of the Salt Sea”, published in serialized form in
the magazine Sgt. Kirk in July 1967. Corto is an anti-
hero who prefers his freedom and his imagination
to wealth, crossing oceans to live out adventures in
the most fascinating places in the world. His stories
take place in the first decades of the 20th century,
when Corto meets historic characters such as writers
Jack London and Ernest Hemingway, German pilot
the Red Baron, Butch Cassidy and many others.
In the story “Under the Sign of Capricorn”, in 1971,
Corto Maltese comes to Bahia, where he meets real
and fictitious characters, such as Tiro Certeiro and
Corisco de São Jorge.
“I’ve always liked the personal style
of the character. The way Hugo Pratt
drew him, really brought out a swagger/
confidence that I envied.”
Dave has been working in comics and animation for
over 20 years. He has worked on comic books such
as Superpatriot, Superman: Red Son, Chain Gang War
and has drawn many covers to books like 100 Bullets,
Batman, Punisher, Deadpool and many more. In
animation, he designed the Ben 10 show.
www.devilpig.deviantart.com
Caneta pincel e marker sobre papel bristol.
Brush pen and marker on bristol board.
DEMOLIDOR DAREDE VIL
M
att Murdock era um excelente aluno e
atleta, obrigado a esconder esta segunda
condição do pai, o lutador Jack Murdock,
que exigia que o filho se dedicasse o tempo todo
aos estudos. Matt ficou cego ainda na adolescência
devido a um acidente com um caminhão que
carregava lixo tóxico. Em compensação, descobriu
que seus outros sentidos haviam sido ampliados.
Assumiu o uniforme e o codinome de Demolidor
para vingar seu pai, nessa época um boxeador em
decadência, que foi morto ao recusar “entregar”
uma luta. Adulto, carrega uma vida dupla: durante
o dia, é um simples advogado, à noite, vigia as ruas
do bairro Cozinha do Inferno, em Nova York, onde
enfrenta de criminosos comuns a ninjas assassinos.
Um dos mais icônicos personagens da Marvel
Comics, o Homem sem Medo foi criado por Stan
Lee e Bill Everett e foi apresentado ao público na
revista Daredevil 1, em abril de 1964.
“Demolidor é um de meus personagens
favoritos desde criança, quando
desenhava super-heróis. Também
adorava os artistas que desenhavam
o herói: desde Steve Ditko e John
Cliff Romita até David Mazzucchelli e Joe
Richards Quesada. Sem dúvida alguma foi um
dos super-heróis que me influenciaram
e fizeram com que eu me dedicasse aos
quadrinhos até os dias de hoje.”
Cliff começou a desenhar quadrinhos desde
que aprendeu a segurar o lápis e a rabiscar. A
princípio, trabalhava em agências de publicidade
e se especializou em ilustrações publicitárias.
Em meados de 1997, descobriu o mercado de
quadrinhos americanos por intermédio do estúdio
Art&Comics. A partir de então, vem trabalhando
para as grandes, médias e pequenas editoras do
mercado. Seu primeiro grande título foi Buffy:
A Caça-Vampiros para a Dark Horse. Fez para a
Marvel os títulos: Vampira, Excalibur, Thunderbolts
e muitos outros; e para a DC Comics fez: Final
Crisis Aftermath: Escape, Caçadora, Batman, Mulher-
Maravilha, Gavião Negro, Aves de Rapina, Titãs, Jogo
de Reis, Azrael, Esquadrão Suicida e muitas coisas que
ainda estão por vir.
http://glasshousegraphics.com/newsite/?ghg_talents=crichards
54 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Matt Murdock was an excellent pupil and prodigious
athlete, though the latter he had to hide from his
father, boxer Jack Murdock, who demanded his son
concentrate totally on his studies. As a teenager, an
accident involving a truck loaded with toxic waste
left him blind. This predicament, however, led to the
expansion of his other senses. He took on the name
and costume of Daredevil to revenge his father, who
had been murdered for refusing a fixed fight in his
twilight as a boxer. Matt leads a double life: during
the day, he is a lawyer; at night, he is a vigilante in
the Hell’s Kitchen neighborhood of New York, facing
from common criminals to murderous ninjas. One of
the icons of Marvel Comics, the Man Without Fear
was created by Stan Lee and Bill Everett and first
published in Daredevil #1, in April 1964.
“Daredevil has been one of my favorite
characters since childhood, when I first
started drawing superheroes. I also love
the artists who drew the hero: from
Steve Ditko and John Romita Sr. to
David Mazzucchelli and Joe Quesada.
Doubtlessly, he was one of the heroes
who influenced me and convinced me
to devote myself to comics.”
Started drawing comics as soon as he could hold a
pencil and scribble. At first he worked in advertising
and specialized in publicity illustrations. In 1997, he
discovered the American comics market through
Studio Art&Comics and, ever since, has been
working for a variety of small, medium and large
publishers. His first big title was Buffy: The Vampire
Slayer for Dark Horse. For Marvel he drew Rogue,
Excalibur, Thunderbolts and many others. For DC
Comics he drew Final Crisis Aftermath: Escape,
Huntress, Batman, Wonder Woman, Hawkman, Birds
of Prey, Titans, Checkmate, Azrael and Suicide Squad.
Lápis e nanquim sobre papel. Colorização digital.
Pen and ink on papel. Digital colors.
DENNIS, O PIMENTINHA DENNIS THE MENACE
“
S
eu filho é uma ameaça!”. Foi essa a frase dita
por sua esposa e que serviu de inspiração
para o personagem criado pelo americano
Hank Ketcham, publicado regularmente em tiras
de jornais desde março de 1951. Com cinco anos e
meio, louro, sardento e um sorriso cândido, Dennis
é a perfeita combinação de energia infantil, boas
intenções e uma incrível capacidade de causar
problemas por onde passa, quando tudo o que ele
queria era ajudar, tendo como alvo predileto seu
vizinho, o irascível Sr. Wilson. Além dos quadrinhos,
as histórias de Dennis já foram adaptadas em
diversas séries de TV, tanto de animação quanto
com atores reais, além de filmes.
“Li pouco material das HQs do Dennis,
então precisava aproximá-lo mais de
mim. Observar a minha filha Ana Lúcia,
de três anos, como também me lembrar
de minhas outras duas filhas — Ana
Geraldo Maria e Ana Júlia — quando menores,
Borges me inspirou pra cumprir a difícil tarefa.
Diversão garantida para mim!”
Nascido em Fortaleza, Geraldo começou sua
trajetória nas HQs com o Capitão Rapadura e o
premiado fanzine Manicomics. Desde 2009, faz
diversos trabalhos para a DC Comics, incluindo
Liga da Justiça, Mulher-Maravilha, Legião dos
Super-Heróis, Tropa dos Lanternas Verdes, Melhores
do Mundo e Asa Noturna. É proprietário do
Quadrinhos, um estúdio e escola de desenho e
HQs em Natal, Rio Grande do Norte, onde reside
atualmente. É casado há 12 anos e tem três filhas
maravilhosas.
58 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Your son is a menace!”. This declaration from his
wife served as the initial inspiration for the character
created by American Hank Ketcham and published
regularly as newspaper strips since March 1951.
Five-and-a-half-years old, blond, freckled with an
engaging smile, Dennis is the perfect combination
of childish energy, good intentions and an incredible
capacity to create havoc wherever he shows up, even
though all he wants is to help. His favorite target is
his neighbor, irascible Mr. Wilson. Besides comics,
Dennis’ stories have been adapted to numerous TV
series, both animation and live, as well as films.
“I had read little of Dennis the Menace
comics, so I had to get closer to the
character. Observing my daughter Ana
Lúcia, who is three, and remembering
childhood episodes of my other
daughters, Ana Maria and Ana Júlia,
provided the inspiration to handle this
difficult task. Guaranteed fun for me!”
Born in Fortaleza, he started his work in comics with
Capitão Rapadura and the much-awarded fanzine
Manicomics. Since 2009, does a variety of illustration
work for DC Comics, including Justice League,
Wonder Woman, Legion of Super-heroes, Green
Lantern Corps, World’s Finest and Nightwing. He
owns Quadrinhos, a comics studio and arts school
in Natal, Rio Grande do Norte, where he currently
lives. He’s been married for 12 years and has three
wonderful daughters.
www.quadrinhosestudio.com.br/geraldopenciller
Lápis sobre papel.
Pencil on paper.
DICK TRACY
O
detetive criado por Chester Gould estreou
nos jornais americanos em outubro de
1931 e suas histórias retratavam a violência
urbana de Chicago naquela década. Sua galeria de
vilões inclui bandidos e mafiosos grotescamente
feios e disformes. Cada história era construída
como um “caso”, começando com os criminosos
cometendo o crime e a posterior perseguição
implacável de Tracy, e quase invariavelmente a
história terminava em tiroteio. Em sintonia com os
filmes noir, em alta naquela época, pequenos delitos
se desdobravam em grandes crimes; capangas
eram mortos por seus empregadores, que por sua
vez eram traídos pelas namoradas; e pessoas de
bem acabavam mortas por estarem no lugar e hora
errados. Dick Tracy usa ciência forense e variados
equipamentos eletrônicos durante as investigações,
sendo o mais icônico deles o 2-Way Wrist Radio,
um relógio com o qual se comunica com membros
da polícia, apresentado pela primeira vez em 1946,
antecipando o conceito dos telefones celulares. O
personagem já apareceu em séries de rádio, TV,
cinema e em animações.
“Minhas primeiras leituras de
quadrinhos foram os grandes clássicos:
Flash Gordon, Mandrake, Príncipe
Valente e tantos outros. Era um período
que não me detinha muito na coisa do
Laudo ato de ler uma revista em quadrinhos,
mas sim no de embarcar num mundo
de aventura, de diversão. Esses heróis
eram, além de tudo, amigos pessoais
com quem vivenciava toda essa
emoção, e Dick Tracy fazia parte desse
panteão, com seu desenho estilizado,
bacana, seu perfil de águia, seu universo
de personagens charmosos, tantos os
companheiros de luta quanto os vilões.”
Roteirista e desenhista, Laudo produz quadrinhos
desde os anos 1980. Alguns trabalhos seus como
a trilogia de álbuns Yeshuah, Histórias do Clube da
Esquina e a personagem Tianinha estão entre seus
trabalhos mais populares. Ganhou alguns prêmios
ligados às HQs, como o Troféu HQ Mix pela
minissérie Depois da Meia-noite e o prêmio Angelo
Agostini como melhor roteirista e melhor desenhista.
60 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The detective created by Chester Gould made his
appearance in American newspapers in October
1931. His stories depict the urban violence of Chicago
in that decade and the villains he faces include
grotesquely ugly and deformed bandits and mafia
hitmen. Each story evolved as a separate ‘case’,
starting with the offenders committing the crime,
then Tracy’s relentless chase and almost invariably
an ending with a gunfight. In keeping with the
popular “film noir” of the times, small misdemeanors
expand into great crimes, henchmen are killed by
their employers, who in turn are betrayed by their
girlfriends, while good citizens are murdered just for
being at the wrong place at the wrong time. Dick
Tracy uses forensic science and a variety of electronic
equipment during his investigations, the most iconic
being the 2-Way Wrist Radio, a watch which allows
him to communicate with the police, that first
appeared in 1946 and was an early forerunner of
mobile phones. Dick Tracy has appeared in radio and
TV series, movies and animation films.
“The first thing I read in comics were
the all-time classics: Flash Gordon,
Mandrake, Prince Valiant and so many
others. This was a time when I wasn’t so
much into the whole thing of actually
reading comics but more into plunging
into a world of adventure, of fun.
These heroes were also my personal
friends with whom I shared all these
emotions. Dick Tracy was part of this
pantheon, with his stylized drawing, his
hawkish profile, his world of charming
characters, be they companions in arms
or villains.”
Writer and illustrator, he has been producing comics
since the 80s. Some of his most popular work
includes the trilogy Yeshuah, Histórias do Clube da
Esquina and the character Tianinha. He has received
various awards for his work in comics, such as the
HQ Mix Award for the miniseries After Midnight and
the Angelo Agostini prize for Best Writer and Best
Illustrator.
http://bandamamao.blogspot.com.br
Nanquim e aquarela sobre papel.
Ink and watercolor on paper.
 DOUTOR DESTINO DOC TOR DOOM
O
descendente de ciganos Victor Von Doom
nasceu na fictícia Latvéria e, desde criança,
teve contato com o mundo da ciência e do
ocultismo. As tragédias que o levaram a perder seus
pais criaram no jovem Victor o desejo de vingança
contra o mundo à sua volta. Foi estudar nos EUA, onde
se encontrou pela primeira vez com Reed Richard, que
viria a se tornar o Senhor Fantástico. Victor investiu
sua inteligência excepcional em experiências extra-
dimensionais perigosas que levaram a uma explosão
que desfigurou seu rosto, porém, ele responsabilizou
Reed pelo acidente. Escondendo suas cicatrizes sob
uma máscara de metal, adotou o nome de Doutor
Destino e iniciou sua busca por poder e conhecimento,
o que o coloca em confronto direto com o Quarteto
Fantástico e com outros heróis do universo Marvel.
O trágico personagem foi criado por Stan Lee e Jack
Kirby e apareceu pela primeira vez na revista The
Fantastic Four 5, em julho de 1962.
“Escolhi Destino porque ele foi o primeiro
grande vilão que eu conheci quando lia
gibis à tenra idade de sete ou oito anos.
Delcourt
Meu pai nos trouxe as primeiras edições
de Mighty World of Marvel — uma revista
Charlie britânica da Marvel — e Destino era o
Adlard destaque. Muito obrigado, Stan e Jack!
Continuei acompanhando o personagem
e descobri que ele não era o malvadão de
uma nota só — era um ser humano, com
profundidade, e isso fez eu me apaixonar
ainda mais por sua alteza. Ainda considero
Destino um dos personagens mais bem
acabados do Universo Marvel. E quem é
que não AMA desenhar essa armadura?”
Nascido em Shrewsbury, Inglaterra, em 1966, Charlie
estudou cinema e vídeo no Maldstone Art College, do
qual emergiu após três anos com um bacharelado e
partiu às luzes de Londres para virar um astro do rock.
Lá, descobriu que o seu diploma era praticamente
inútil no quesito técnico, então foi difícil achar
emprego na indústria. Porém, ele também tocava
bateria numa banda e parecia que aquele seria seu
futuro. Oito meses depois, Charlie estava de volta
à Shrewsbury, sem saber o que ia ser da vida — a
banda não deu certo. Foi então que de uma hora para
outra, ele se deu conta: “por que eu não volto a fazer
quadrinhos?” Assim, passou os dois anos seguintes
dando duro para entrar nesta indústria. E acabou
tendo sucesso. Desde então, já trabalhou para diversas
editoras e é mais conhecido pela série sucesso de
crítica e público The Walking Dead.
62 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The gypsy descendant Victor Von Doom was born
in fictional Latveria and, since his childhood, was in
contact with the world of science and the occult.
The tragedies which led to the loss of his parents
created in Young Victor a desire for revenge against
everyone around him. He studied in the US, where
he first met Reed Richards, who would turn out to be
Mr. Fantastic. Victor used his exceptional intelligence
in dangerous extra-dimensional experiments
which caused an explosion that disfigured his face.
However, he blamed Reed for the incident. Hiding
his scars under a metal mask, he adopted the name
Doctor Doom and started his search for power and
knowledge which constantly pitches him against the
Fantastic Four and other Marvel heroes. The tragic
character was created by Stan Lee and Jack Kirby and
first appeared in The Fantastic Four #5, in July 1962.
“The reason I picked Doom was that he
was the first major villain I saw when
reading comics at the tender age of 7
or 8. My Dad had brought home the
first issues of Mighty World Of Marvel
— a UK re-print title — and Doom just
stood out for me. So thanks Stan and
Jack! Since following the character after
that, I realized that this just wasn’t some
one note bad guy — this was a three
dimensional person, and consequentially
fell in love with his-regalness even more. I
still think Doom is one of the best realized
characters in the Marvel Universe. And
who doesn’t LOVE drawing that armor...”
Born in Shrewsbury, UK in 1966, Charlie studied film
and video at the Maldstone Art College from which
he emerged after three years with a BA and went to
the bright lights of London to become a rockstar. He
found out that his BA was a pretty useless one where
technical things were concerned so he found it hard to
get a job within that industry — BUT — he was also
playing drums in a band and that seemed the better
path to follow. Anyway — eight months later he found
himself back in Shrewsbury and looking for what to
do next — the band thing just didn’t work out. The
he suddenly realised “why don’t I do comics again?”
Consequentially he spent the next two years struggling
to get into that industry — and eventually succeeded!
Since then he has worked for several publishers and
is best known as the artist for the bestselling and
critically acclaimed series The Walking Dead.
www.charlieadlard.com
Tinta acrílica, pastel oleoso e nanquim sobre papel.
Acrylics, oil pastel and ink on paper.
 DRÁCULA DR ACULA
V
ampiros fazem parte do imaginário humano
desde tempos imemoriais e o Conde Drácula,
apresentado pelo escritor irlandês Bram
Stoker em seu romance de 1897, resgata muito dessa
tradição e apresenta uma leitura do vampiro como
uma criatura trágica, sensual, misteriosa e brutal. O
personagem ganhou popularidade no início do século
XX, em função de adaptações para o cinema e outras
mídias, chegando aos quadrinhos em 1951, em uma
história da revista Suspense, da editora americana
Atlas (atual Marvel Comics). Símbolo da tradição
dos quadrinhos de horror, em diversas ocasiões, o
personagem também apareceu em histórias de heróis
como Batman e X-Men. O Comics Code Authority,
na década de 1950, levou ao seu desaparecimento
dos quadrinhos, retornando com enorme sucesso
em The Tomb of Dracula 1, em abril de 1972. A mítica
em torno do personagem e de seu universo ficcional
garantem que o Rei dos Vampiros continuará
presente por muito tempo e em todas as mídias.
“Quando recebi o convite para
participar da exposição Ícones dos
Rafael Roncato
Quadrinhos, o nome ‘Drácula’ logo
me chamou a atenção na lista de
personagens. Apesar de não ter lido
Eduardo muito dele nos quadrinhos, é um
Ferigato personagem que transcende qualquer
mídia. É mais um arquétipo que um
personagem. Escolhi uma cena bem
clássica da época das HQs, na qual ele
sempre estava com uma vítima no colo,
e aproveitei para contrastar a leveza
e pureza da vítima (branco), com a
presença maligna do Drácula (preto).”
Eduardo trabalha com quadrinhos, ilustração e
publicidade. No Brasil, publicou a HQ Fractal (Devir)
com roteiro de Marcela Godoy, Cidadão Invisível
(Ática), com roteiro de Ivan Jaff, e Quebra-Queixo:
Technorama Volume 3 (Devir). Foi o desenhista
regular de The Last Phantom por 12 edições, HQ
mensal da editora Dynamite, que reformulou o
personagem clássico Fantasma junto com Scott
Beatty e Alex Ross. Seu último trabalho nas HQs foi
a webcomic Feira da Fruta em Quadrinhos, projeto
coordenado e desenhado por Ferigato, que teve a
participação de vários artistas de peso para adaptar
o já clássico vídeo Feira da Fruta — uma sátira com a
série do Batman dos anos 1960 — para as HQs.
64 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Vampires have been part of the human imagination
since time immemorial and Count Dracula,
introduced by Irish writer Bram Stoker in his 1897
novel, is heir to this tradition and presents a vampire
at once tragic and sensual, mysterious and brutal.
The character gained popularity at the beginning of
the 20th century because of film versions and other
media exposure and arrived in comics in 1951 in a
story in the magazine Suspense, published by Atlas
(currently Marvel Comics). Symbol of the tradition
of horror comics, on various occasions the character
also appeared in stories with heroes like Batman and
X-Men. The Comics Code Authority in the 1950s
led to his exit from comics, making a successful
comeback in The Tomb of Dracula #1, April 1972. The
mythical status of the character and his fictional
world guarantees the King of the Vampires will be
around for a long time to come.
“When I was invited to take part in
the exhibition Comic Book Icons, the
name ‘Dracula’ called my attention
amongst the listed characters. Though
I have seen little of him in comics,
he is a character that transcends all
media forms. Actually, he is more of
an archetype than a character. I chose
a classic scene from his comics, when
he always had a victim on his lap, and
I used it to contrast the lightness and
purity of the victim (white) with the
malign presence of Dracula (black).”
Eduardo works in comics, illustration and advertising.
In Brazil, he published the graphic novel Fractal
(Devir) with story by Marcela Godoy, Cidadão
Invisível (Ática), with story by Ivan Jaff, Quebra-
Queixo: Technorama Volume 3 (Devir). He was the
regular illustrator for 12 editions of The Last Phantom,
a monthly comics published by Dynamite, recasting
the character Phantom, together with Scott Beatty
and Alex Ross. His last work in comics was the
webcomic Feira da Fruta em Quadrinhos, a project
coordinated and illustrated by Ferigato that brought
together many renowned artists to adapt the classic
Batman TV episode satire Feira da Fruta to comics.
http://ferigato-umpoucodetudo.blogspot.com.br/
Ilustração digital.
Digital illustration.
DRAGON BALL
O
mangá criado por Akira Toriyama e
publicado a partir de 1986 na revista
japonesa Weekly Shonen Jump conta a
história de Son Goku, um menino com cauda de
macaco, morador da Montanha Paozu. Com a morte
de seu protetor por um monstro misterioso, Goku se
junta à garota Bulma na busca pelas sete Esferas do
Dragão que estão espalhadas pelo planeta e que, uma
vez reunidas, invocam o deus dragão Shenlong que
pode realizar um desejo. Representante do estilo de
mangá shounen, voltado para garotos, as aventuras
de Goku têm enredo humorístico e são repletas de
cenas de ação e de batalhas com adversários cada vez
mais fortes, que envolvem a superação de desafios,
competição e perseverança, nas quais a vitória deve ser
alcançada a qualquer custo. Os 42 volumes do mangá
deram origem a duas séries animadas que fizeram
sucesso em todo o mundo: Dragon Ball (baseada nos
16 primeiros volumes) e Dragon Ball Z (baseada nos
26 volumes restantes). Uma terceira série animada,
Dragon Ball GT, não é baseada no mangá.
“Dragon Ball Z marcou bastante a
minha adolescência. Frequentava,
juntamente com um amigo de origem
japonesa, uma locadora no bairro da
Liberdade, onde alugávamos animes
Eduardo desta série. Mesmo sem entender
Pansica nenhuma palavra em japonês, gostava
muito da série por causa das lutas
exageradas.”
Eduardo iniciou os trabalhos para o mercado norte-
americano em 2007, fazendo revistas em quadrinhos
para clientes independentes. Começou a trabalhar
para a DC Comics em 2009, ajudando a ilustrar
revistas como Exterminador (2011-2012), Terra 2 (2012),
Stormwatch (2012), Superboy (2011), Novos Titãs (2011)
e Mulher-Maravilha (2010-2011). Atualmente desenha
a revista Batwing, também da DC Comics.
66 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The manga created by Akira Toriyama and published
since 1986 in the Japanese magazine Weekly Shonen
Jump, tells the story of Son Goku, a boy with a
monkey’s tail who lives on Paozu Mountain. When
his protector is killed by a mysterious monster, Goku
joins the girl Bulma to look for the seven Spheres of
the Dragon which are scattered across the planet
and, once reunited, will summon forth the dragon
god Shenlong, who can make a wish come true.
Representing the shounen style of manga, aimed
at a mainly male audience, the adventures of Goku
are full of humor and action, with battles against
ever stronger enemies and heroes overcoming major
challenges with their perseverance and strong sense
of competitiveness. Victory is to be achieved at all
costs. The 42 volumes of the manga inspired two
animation series of worldwide success: Dragon Ball
(based on the first 16 volumes) and Dragon Ball Z
(based on the remaining 26 volumes). A third series of
animation, Dragon Ball GT, is not based on the manga.
“Dragon Ball Z had a strong impact on my
adolescence. Together with a Japanese
friend, I rented films of this series in the
Japanese neighborhood Liberdade. Even
though I didn’t understand a word of
Japanese, I loved the series because of
the over-the-top battles.”
Started working for American publishers in 2007,
illustrating comics for independent clients. Started
working for DC Comics in 2009, drawing comic
books such as Deathstroke (2011-2012), Earth 2 (2012),
Stormwatch (2012), Superboy (2011), Teen Titans (2011)
and Wonder Woman (2010-2011). Currently illustrates
Batwing, also from DC Comics.
http://pansica.deviantart.com/
Lápis sobre papel. Arte-final por Júlio Ferreira.
Pencil on paper. Inks by Júlio Ferreira
ELEKTRA
E
lektra surgiu nos quadrinhos como uma
assassina ninja, imediatamente reconhecida
pelo Demolidor como sendo Elektra Natchios,
seu primeiro amor e filha de um embaixador grego
que foi assassinado em sua presença. Traumatizada,
Elektra resolve voltar para a Grécia, abandonando
Matt. Dessa forma, assim com o mito grego que deu
nome a ela, Elektra se torna extremamente cruel em
função da dor causada pela perda do pai. Ela acaba
sendo contratada pelo Rei do Crime para ser sua
assassina particular. Mercenário, o antigo criminoso
que ocupara esse lugar e que havia se afastado ao ser
preso pelo Demolidor, decide matar Elektra quando
se recupera, para voltar para o seu emprego. Elektra
vem a morrer nas mãos do Mercenário, apenas
para ser ressuscitada em um ritual místico. Desde
então, tem buscado redenção e frequentemente
atua ao lado de outros heróis do universo Marvel.
A criação de Frank Miller apareceu pela primeira
vez na revista Daredevil 168, em janeiro de 1981,
e foi interpretada por Jennifer Garner nos filmes
Demolidor (2003) e Elektra (2005).
“Elektra foi uma escolha fácil para mim
por ser uma personagem essencial, de
personalidade forte, em uma época —
a década de 1980 — na qual percebi
o quanto as temáticas dentro de uma
Cris Bolson história em quadrinhos poderiam ser
adultas, casando com o meu próprio
crescimento. Tudo isso em uma mídia
que, naquele período, ainda era vista
como ‘coisa de criança’ no Brasil”.
Nascido em 1972, Cris desenha quadrinhos
independentes no mercado nacional e internacional
e já trabalhou como ilustrador publicitário e como
professor na escola Casa dos Quadrinhos. Fez os
desenhos para a graphic novel Hercules The Knives of
Kush e a arte-final para um especial da Marvel, além
de ter trabalhado nas revistas Battlestar Galactica,
Red Sonja e Danger Girl and the Army of Darkness
para a Dynamite Entertainment.
68 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Elektra first appeared in comics in the form of
a murderous ninja, immediately recognized by
Daredevil as being Elektra Natchios, his first love
and daughter of a Greek ambassador who was
murdered in her presence. Traumatized, Elektra
decides to return to Greece, abandoning Matt. Her
pain at the loss of her father, like the Greek mythical
character who inspired her name, cause her to
become resentful and cruel. Elektra is eventually
enlisted by the King of Crime to be his private
murderer. Bullseye, the previous holder of this post,
a mercenary who lost the job when imprisoned
by Daredevil, decides to kill Elektra to regain his
position. Elektra does indeed die at his hands, but is
later resuscitated in a mystical ritual. Since then she
is seeking redemption, often acting together with
other Marvel heroes. Frank Miller’s Elektra appeared
for the first time in Daredevil #168, in January 1981
and was played by Jennifer Garner in the films
Daredevil (2003) and Elektra (2005).
“Elektra was an easy choice for me
because she is such an essential
character, a strong personality at a time
(the 80s) when I coming to realize that
themes in comics could deal with adult
concerns, concurrent with my own
growth. And this in a medium that was
still, at the time, considered to be ‘kids’
stuff’ in Brazil.”
Born in 1972, Cris illustrates independent comics,
both nationally and internationally, and has also
worked in publicity and as teacher in the Casa dos
Quadrinhos school. He illustrated the graphic novel
Hercules The Knives of Kush and did the inks for a
Marvel Special, as well as working on the comic books
Battlestar Galactica, Red Sonja, Danger Girl and
The Army of Darkness for Dynamite Entertainment.
http://crisbolson.deviantart.com
Lápis e nanquim sobre papel. Colorização digital.
Pencil and ink on paper. Digital colors.
ETERNAUTA EL ETERNAUTA
U
ma estranha nevasca cai sobre Buenos Aires,
na Argentina, matando a população em
pouco tempo. Juan Salvo, sua esposa, sua
filha e amigos (Favalli e Lucas) conseguem sobreviver
e, graças a trajes protetores, deixam o abrigo para
obter suprimentos vitais para a sobrevivência
do grupo. Logo descobrem que aquele estranho
fenômeno foi causado por alienígenas (“Eles”) que
invadiram a Terra. Juan e seu grupo se juntam à
resistência armada e combatem os invasores, além
de humanos escravizados pelos alienígenas. A série
de ficção científica estreou na revista argentina Hora
Cero, em 1957, com arte de Francisco Solano López
para o roteiro de Héctor Gérman Oesterheld, que
incluía referências ao cenário político da Argentina
em suas histórias, destacadamente na sequência
de Eternauta publicada na década de 1970. Nessa
mesma época, Oesterheld se juntou ao grupo
guerrilheiro Montoneros ao lado de suas filhas. Ele
desapareceu em 1977, e presume-se que foi morto
pelos militares argentinos em 1978. Seu personagem,
porém, viverá para sempre.
“Dado o contexto de uma exposição
internacional, considerei que faria mais
sentido escolher um personagem do meu
país. O Eternauta é um dos quadrinhos
mais famosos da Argentina e sua imagem
Julian Totino é usada até hoje como ícone. Tem
estêncils de seu rosto por toda a cidade.
A trama é relacionada a um momento
sangrento da história do nosso país.”
Julian Totino Tedesco mora em Buenos Aires,
onde nasceu em 1982. Aluno dos artistas Ariel
Olivetti e Juan Bobillo, ele começou trabalhando
com animação e publicidade, e foi ilustrador de
revistas locais. Em 2009, começou a colaborar com
o mercado de quadrinhos norte-americano e desde
então tem feito capas e páginas para editoras como
BOOM! Studios e Kickstart Comics. A partir de
2011, começou a trabalhar quase exclusivamente
para a Marvel Comics, fazendo páginas internas
(Venom, Fabulosa X-Force) e capas (Northanger
Abbey, Season One, John Carter, Fabulosa X-Force,
FF, Thunderbolts e outros).
70 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
A strange snowstorm covers Buenos Aires, in
Argentina, rapidly killing off its population. Juan
Salvo, his wife, his daughter and friends (Favalli and
Lucas) manage to survive and, thanks to protective
clothing, are able to leave their shelter to look for
basic provisions for survival. Soon they discover
that that strange phenomenon had been caused by
aliens (‘They”), who have invaded the Earth. Juan
and his group join the armed resistance to combat
the invaders, as well as humans enslaved by the
aliens. The science fiction series premiered in the
Argentine magazine Hora Cero, in 1957, with art by
Francisco Solano López and story by Héctor Gérman
Oesterheld. The series made reference to the
political background of Argentina at the time, most
notably in the Eternauta sequence published in the
70s. At that time, Oesterheld joined the Montonero
guerilla group together with his daughters. He
disappeared in 1977 and it is presumed he was
murdered by the Argentinean military in 1978. His
character, however, will live on forever.
“I thought that, in the context of an
international artist exhibit, choosing a
character from my country would make
sense. El Eternauta is one of the most
popular comic books from Argentina
and its image is still used as an icon
today; there are stencils of his face all
over the city. The story is related to a
bloody part of our history as a country.”
Julian Totino Tedesco lives and works in Buenos
Aires, Argentina, where he was born in the year
of 1982. Student of artists Ariel Olivetti and Juan
Bobillo, he began working in the animation and
advertising field, as well as an illustrator for local
magazines. In 2009, he started working in the
american comic book field, and since then he’s been
doing interiors and covers for publishers like BOOM!
Studios and Kickstart Comics. Since 2011 he’s been
working, almost exclusively, for Marvel Comics
doing interiors (Venom, Uncanny X-Force) and covers
(Northanger Abbey, Season One, John Carter, Uncanny
X-Force, FF, Thunderbolts, and more).
totinotedesco.blogspot.com
Tinta acrílica sobre papel. Finalização digital.
Acrylics on paper. Digital finishing.
FANTASMA THE PHANTOM
“
J
uro dedicar minha vida à tarefa de destruir a
pirataria, a ganância, a crueldade e a injustiça.
E meus filhos e os filhos de meus filhos me
perpetuarão”. Esse juramento proferido por volta de
1525 pelo náufrago Sir Christopher Standish, após
seu navio ser atacado por piratas na costa da fictícia
Bangala, marcou o início da Dinastia do Fantasma,
“O Espírito que Anda”. A criação de Lee Falk estreou
em fevereiro de 1936 e foi o primeiro herói a usar um
uniforme colante, que originalmente seria na cor
cinza, mas problemas gráficos na primeira edição
dominical colorida nos EUA, em 1939, fizeram com
que o uniforme fosse impresso em roxo e essa cor
acabou prevalecendo. Porém, editores de outros
países que publicaram edições coloridas antes de
1939 escolheram outras cores, e por esse motivo,
no Brasil, Itália e Espanha, o uniforme do Fantasma
é vermelho, marrom na Nova Zelândia e azul na
Escandinávia. O Fantasma tem dois anéis, um com
a marca do bem, que aplica nas pessoas que quer
proteger, e o outro com a marca da caveira, reservada
aos criminosos. O 21o Fantasma é casado com Diana
Palmer e pai dos gêmeos Heloise e Kit, que está
sendo preparado para sucedê-lo.
“Herói preferido de meu pai, o
Fantasma me apresentou o mundo
dos quadrinhos, antecedendo minha
descoberta das populares galerias de
personagens DC e Marvel. ‘O Espírito
Daniel HDR que Anda’ foi meu primeiro álbum de
figurinhas, HQ e tentativas de desenho.
A capa de Fantasma 167, da coleção de
meu pai, marcada na minha memória,
foi inspiração para a imagem.”
Em 1995, Daniel já publica nos EUA (Image
Comics, Marvel Comics e Dark Horse Press). Em
2006, publicando na Avatar Press, é indicado ao
Scream Awards pela série Texas Chainsaw Massacre
na categoria Melhor Adaptação de Cinema para
Quadrinhos, sendo o primeiro brasileiro indicado
naquela premiação. Em 2010, começa a publicar na
editora DC Comics. Além de sua atividade como
quadrinista, é coordenador do estúdio Dínamo e da
Formação de Arte-Visual Digital na Universidade
Unisinos, no Rio Grande do Sul.
72 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“I swear to devote my life to the destruction of
piracy, greed, cruelty and injustice, in all their
forms, and my sons and their sons shall follow me.”
This oath, uttered around 1525 by shipwrecked Sir
Christopher Standish, after his ship was attacked
by pirates in the coast of the fictitious Bangalla,
marked the beginning of the Phantom Dynasty, ‘The
Ghost Who Walks.’ Lee Falk’s creation was launched
in February 1936. The Phantom was the first hero
to use tight-fitting clothes, originally colored gray
but, because of graphic problems with the first ever
colored Sunday edition in the US, it came out purple
and that’s the way it stayed. However, editors in
other countries that had published colored editions
before 1939, chose other colors, which is why the
Phantom‘s uniform is red in Brazil, Italy and Spain,
brown in New Zealand and blue in Scandinavia.
The Phantom has two rings, one with the mark of
goodness, which he uses on those he wishes to
protect, and the other with a skull, reserved for
criminals. The 21st Phantom is married to Diana
Palmer and father of the twins Heloise and Kit, who
is being trained to succeed him.
“My father’s favorite hero, the
Phantom, introduced me to the world
of comics, even before I discovered all
the popular DC and Marvel characters.
“The Ghost Who Walks” was my first
sticker album, comic book and attempt
at drawing. The cover of Phantom #167
from my father’s collection has stuck in
my memory and was the inspiration for
the image. ”
Since 1995, Daniel publishes in the USA (Image
Comics, Marvel Comics and Dark Horse Press). In
2006, publishing at Avatar Press, he was indicated to
the TV Scream Awards for the series Texas Chainsaw
Massacre in the category Best Film Adaptation
to Comics, being the first Brazilian indicated to
that award. In 2010, he started drawing for DC
Comics. Besides his activities as a comics artist, he
coordinates the Dínamo Studio and the department
of Digital Visual Arts in the Unisinos University in Rio
Grande do Sul.
www.danielhdr.com.br
Lápis, nanquim, aquarela e markers sobre papel.
Pencil, ink, watercolor and markers on paper.
FÊNIX PHOENIX
C
riada por Stan Lee e Jack Kirby, Jean Grey
apareceu pela primeira vez em X-Men 1 e
fez parte da formação original da equipe
mutante como a telepata Garota Marvel. Seus
poderes evoluíram ao longo do tempo até que,
ao pilotar uma nave espacial de volta à Terra, foi
salva pela Força Fênix, dando início à seminal Saga
da Fênix Negra, marco dos quadrinhos na década
de 1980 e que culminou no suicídio de Jean Grey
— na verdade, um simulacro de Jean criado pela
Força Fênix — nos braços de seu amado Ciclope.
A verdadeira Jean Grey voltaria tempos depois
para fundar a equipe X-Factor e passar por outras
transformações, mortes e ressurreições. A Fênix
continua sendo uma das principais personagens
da mitologia mutante do universo Marvel e sua
evolução foi um dos temas centrais da trilogia
X-Men nos cinemas.
“A Fênix abriu meus olhos. Jean Grey
foi ‘a garotinha ruiva’ de muitos garotos
que liam quadrinhos de super-heróis
no início dos anos 1980. Ela foi a minha
‘garotinha ruiva’. Ela era a menina
Vitor pela qual valia a pena lutar. Mesmo
Cafaggi que essa luta fosse contra um império
intergaláctico ou contra ela mesma.”
Vitor nasceu em Belo Horizonte. De 2008 pra
cá, criou a webcomic Puny Parker; participou das
coletâneas Pequenos Heróis, MSP 50 e Fierro Brasil
2; publicou a série de tiras dominicais Valente no
jornal O Globo; lançou, de forma independente os
livros Valente Para Sempre, Duotone e Valente Para
Todas; venceu um Troféu HQ Mix de Novo Talento
— Roteirista; e produziu, ao lado de sua irmã Lu
Cafaggi, a graphic novel Laços, a primeira do selo
Graphic MSP a apresentar uma história da Turma
da Mônica.
Lápis col-erase e pastel seco sobre papel. Finalização digital.
Col-Erase pencils and dry pastel on paper. Digital inks.
74 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Created by Stan Lee and Jack Kirby, Jean Grey first
appeared in X-Men #1 and was part of the original
mutant group as the telepathic Marvel Girl. Her
powers evolved through time until, piloting a
spaceship back to earth, she was rescued by the
Phoenix Force, beginning the comics milestone of
the 80s The Dark Phoenix Saga. This series ended
with the suicide of Jean Grey — actually, a copy of
the real Jean created by the Phoenix Force — in the
arms of her lover Cyclops. The real Jean Grey would
return sometime later to found the X-Factor group
and experience further transformations, deaths
and resurrections. Phoenix is still one of the main
characters in the mutant mythology of the Marvel
universe and her evolution was one of the central
themes of the X-Men movie trilogy.
“Phoenix opened my eyes. Jean Grey
was ‘the redhead girl’ for many boys
who read superhero comics in the early
80s. She was certainly my “redhead girl”.
She was the girl worth fighting for. Even
if this fight was against an intergalactic
empire, or against herself.”
Vitor was born in Belo Horizonte. Since 2008,
he has created the webcomic Puny Parker; worked on
the series Pequenos Heróis, MSP 50 and Fierro Brasil 2;
published the series of Sunday strips Valente in
O Globo newspaper; independently released the
books Valente Para Sempre, Duotone and Valente
Para Todas. This year he won the HQ Mix Award For
New Talent — Writer and worked, together with his
sister Lu Cafaggi, on the graphic novel Laços, the
first published by Graphic MSP presenting a story of
Monica’s Gang.
www.punyparker.blogspot.com
FLASH
A
pós ser banhado por produtos químicos
quando seu laboratório foi atingido por um
raio, Barry Allen, um funcionário da polícia
científica de Central City, ganhou a habilidade de
correr em super-velocidade, além de reflexos sobre-
humanos e da capacidade de desafiar certas Leis da
Física, incluindo atravessar paredes e até mesmo
se transportar para outras dimensões. Assumindo
o nome de Flash, passou a usar seus poderes
para defender Central City. Vários personagens
já assumiram o nome Flash, sendo Jay Garrick o
primeiro deles, criação de Gardner Fox e Harry
Lampert que estreou na revista Flash Comics 1, em
janeiro de 1940. A estreia de Barry Allen, criação de
Robert Kanigher, John Broome e Carmine Infantino,
em Showcase 4, em outubro de 1956, marcou o início
da chamada Era de Prata dos quadrinhos americanos.
“Até os 16 anos estava certo de que
algum dia conseguiria a super-
velocidade. Encantado com as HQs
do Flash, gostava das curiosidades
científicas, as viagens no tempo, a
Sam Hart galeria de vilões e até da sutil ironia
que, mesmo com seu super-poder, o
herói estava sempre atrasado para os
compromissos.”
Para editoras na Inglaterra, Sam desenhou Tropas
Estelares, Juiz Dredd, Robin Hood, Rei Artur e
uma graphic novel da Joana D’Arc, programada
para 2014. Foi professor na Quanta Academia de
Artes e em bibliotecas da periferia de São Paulo, e
atualmente leciona na escola AXIS, uma parceria
com a GNOMON School of Visual Effects. Editou
as revistas Front e Kaos! e produziu com a roteirista
Marcela Godoy o fanzine Shem Ha-Mephorash,
sobre o Golem de Praga. Faz ilustrações para revistas
como Veja, Exame e para o jornal Folha de S.Paulo.
76 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
After his lab is struck by lightning and he is doused
in chemicals, Barry Allen, an officer for the Scientific
Police in Central City, develops superhuman
reflexes and acquires the ability to run at super-
speed and to challenge laws of physics, enabling
him to walk through walls and even travel to other
dimensions. Adopting the name Flash, he uses his
powers to defend Central City. Different characters
have adopted the name Flash, the first being Jay
Garrick, created by Gardner Fox and Harry Lampert
for the January 1940 Flash Comics #1. The debut
of Barry Allen, created by Robert Kanigher, John
Broome and Carmine Infantino, in Showcase #4
(October 1956), marked the beginning of the Silver
Age of American comics.
“Until I was 16 I was sure someday
I would gain super-speed. I was
spellbound by Flash’s adventures, the
scientific curiosities, the time travel,
the gallery of villains and the details,
such as the irony that, in spite of his
super powers, he was always late for
appointments.”
For British publishers Sam has drawn Starship
Troopers, Judge Dredd, Robin Hood, King Arthur and,
to be published in 2014, Joan of Arc. He has taught
at Quanta Academia de Artes and in public libraries
on the outskirts of São Paulo, and currently teaches
at AXIS, a partner of GNOMON School of Visual
Effects. He edited comic book anthologies Front
and Kaos!, and with Marcela Godoy produced the
independent publication Shem Ha-Mephorash, a story
about the Golem of Prague. He does illustrations
for magazines such as Veja and Exame, and the
newspaper Folha de São Paulo.
www.samhartgraphics.com
Lápis sobre papel. Arte-final digital.
Pencil on paper. Digital inks.
FLASH GORDON
Q
uando a Terra é bombardeada por
meteoros, Flash Gordon, Dale Arden e o
Dr. Hans Zarkov são levados a embarcar
rumo ao planeta Mongo para confrontarem Ming,
o Impiedoso, responsável pelo ataque. Começa,
então, uma série de aventuras pelos diferentes
e exóticos reinos de Mongo para lutarem pela
libertação do planeta. O mais famoso aventureiro
intergaláctico foi criado e magistralmente
desenhado por Alex Raymond e estreou nos jornais
americanos em janeiro de 1934, para competir
com as tiras de Bucky Rogers, muito populares na
época. Desde então, o personagem esteve em séries
de rádio, cinema, livros, quadrinhos e animações,
além de ter servido de inspiração para Star Wars e
para grande parte das histórias de ficção científica
criadas nas últimas sete décadas.
“Meu primeiro contato com Flash
Gordon foi através do filme de 1980.
Todo o conceito do personagem me
fascinou bastante e, provavelmente, é
a primeira lembrança que eu tenho de
Rod Reis ficção científica. Mais tarde descobri
os quadrinhos e até hoje gosto de
acompanhar suas aventuras espaciais.”
Colorista de quadrinhos desde os anos 1990, os
primeiros trabalhos de Rod no Brasil foram para a
Editora Trama com material de RPG e quadrinhos
como Mortal Combat e Holy Avenger. Mais tarde,
começou a trabalhar para o mercado americano com
Dragonlance: The Legend of Huma para a editora
Devil’s Due e, logo em seguida, para a DC Comics,
na revista Superman. Atualmente, é colorista regular
de Liga da Justiça e Aquaman.
78 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
When Earth is bombarded with meteors, Flash
Gordon, Dale Arden and Dr. Hans Zarkov are taken
to planet Mongo to confront Ming the Merciless,
responsible for the attack. So begins a series of
adventures through the different exotic lands of
Mongo to fight for the freedom of Earth. The most
famous of the intergalactic heroes was created and
brilliantly drawn by Alex Raymond and first appeared
in American newspapers in January 1934 to compete
with the Buck Rogers strips, very popular at the time.
Since then, the character has featured in radio series,
movies, books, comics and animation, besides being
an inspiration for Star Wars and for many of the
science fiction stories of the last seven decades.
“My first contact with Flash Gordon was
with the 1980 film. The whole concept
of the character fascinated me and it’s
probably the first memory I have of
science fiction. Later I discovered the
classic Alex Raymond comics and I still
like to follow his space adventures today.”
Comics colorist since the 90s, his first work in
Brazil was for Editora Trama with RPG material and
comics such as Mortal Combat and Holy Avenger.
Later, he started working for the American market
with Dragonlance: The Legend of Huma, published
by Devil’s Due, and soon after was working on
Superman for DC Comics. Currently, he is a regular
colorist for Justice League and Aquaman.
rodreiscolorist.blogspot.com
Mídia mista sobre papel.
Mixed media on paper.
GARFIELD
O
gato preguiçoso, comilão e que odeia
segundas-feiras, criado por Jim Davis,
estreou nos jornais norte-americanos em 19
de junho de 1978. Parte da popularidade de Garfield
é atribuída à ausência de qualquer discurso político
nas tiras, que giram em torno das interações do
personagem com seu dono Jon e o cachorro Odie,
sempre com uma boa dose de sarcasmo, mau humor
e muita comida, especialmente lasanha, talvez por ele
ter nascido na cozinha de um restaurante italiano.
A intenção de Jim Davis em “criar um personagem
com bom apelo comercial” foi bem-sucedida e,
hoje, Garfield aparece em milhares de produtos
licenciados, além de filmes, séries animadas para a TV
e em tiras publicadas em mais de 2.500 jornais pelo
mundo, resultando em um faturamento da ordem de
750 milhões de dólares por ano.
“Sempre gostei muito de quadrinhos
e desde pequeno já era fissurado
até mesmo com os antigos livros
de português, que vinham com
tirinhas de Garfield, Mafalda, Calvin
Alisson e Haroldo, Hagar etc. Tiveram grande
Borges importância na minha infância e
crescimento como artista.”
Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Alisson,
28 anos, é graduado em Artes Plásticas e técnico em
Desenho e Histórias em Quadrinhos. No mercado
desde 2006, já atuou em áreas de ilustração, concept
design, animação, publicidade e há alguns anos
produz para o mercado externo de histórias em
quadrinhos. Dentre os títulos nos quais já trabalhou
se destaca The Legend of Oz: The Wicked West, pela
editora Big Dog Ink.
80 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The lazy, greedy cat that hates Mondays created by
Jim Davis first appeared in American newspapers on
June 19, 1978. Part of Garfield’s popularity stems from
the conspicuous absence of any political references in
his strips, which deal with the interactions between
the character and his owner Jon and the dog Odie,
always with a great deal of sarcasm, grumpiness
and lots of food, specially lasagna, perhaps because
he was born in the kitchen of an Italian restaurant.
Jim Davis’ intention of creating “a character with a
commercial appeal” was very successful and today
Garfield appears in thousands of licensed products,
besides film, animated series for TV and strips
published in over 2.500 newspapers across the world,
resulting in a 750-million-a-year profit.
“I have always loved comics and since I
was a kid I was crazy about comic strips,
even in schoolbooks that had strips of
Garfield, Mafalda, Calvin and Hobbes,
Hägar etc. They were very important to
me as a child and in my development as
an artist.”
Born in Belo Horizonte, Minas Gerais, Alisson is
28 years old and a graduate in Art and Technical
Drawing. Since 2006 he has been working in
advertising and concept design animation and
illustration, as well as working in the international
comics market. One of his most well known titles is
The Legend of Oz: The Wicked West, published by
Big Dog Ink.
www.facebook.com/artofalissonborges
Ilustração digital.
Digital illustration.
GERALDÃO
O
solteirão trintão e virgenzão criado
pelo cartunista Glauco estreou no livro
independente Minorias do Glauco,
publicado em 1981 e, desde então, já teve até revista
própria pela editora Circo, publicada nas décadas
de 1980 e 1990, mas nem assim tomou jeito: não
trabalha, vive bêbado, fuma sem parar, abusa de
drogas e remédios, namora uma boneca inflável
e surfa na tábua de passar roupa de sua mãe, com
quem tem uma relação neurótica e edipiana.
Anda pelado pela casa o dia todo e, quando sai,
normalmente é porque foi atirado pela janela por
sua mãe. No traço de Glauco, o personagem tem
várias pernas e braços para carregar ao mesmo
tempo copos, cigarros, seringas e garrafas. O sucesso
do personagem, publicado até hoje no jornal
Folha de S.Paulo, mesmo após a morte de Glauco
em 2010, levou à criação do Geraldinho, com as
histórias do personagem quando criança às voltas
com seus animais de estimação e sua obsessão
por refrigerante, televisão e sorvete, que foram
publicadas no suplemento infantil do mesmo jornal.
“Na infância, descobri uma velha
revista Geraldão. Não era pra minha
idade, ou seja: adorei. O traço
caligráfico e o humor sacana do Glauco
me captaram, e ele se tornou um dos
Pedro meus heróis. Escolhi o personagem
Cobiaco pela chance de fechar um pouco o
talho que a morte dele abriu em mim e
prestigiar um ídolo.”
Pedro nasceu em 1996, criado por pai artista e mãe
que sempre o incentivou, ele se apaixonou pela
profissão e a escolheu. Contou um pouco também o
fato de ele “não saber fazer mais merda nenhuma”.
Aos 13 anos, começou a desenhar profissionalmente
para a Folha de S.Paulo, onde publica até hoje uma
tira no caderno infantil Folhinha. De lá pra cá, lançou
uma graphic novel independente, desistiu de outras
mil, ilustrou para diversas revistas e abriu uma loja
de arte com seu pai, o também artista Fabio Cobiaco.
No momento, trabalha em duas graphic novels.
Acrílica, guache, lápis aquarelável e nanquim sobre papelão.
Acrylic, gouache, watercolour pencil and ink on cardboard.
82 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The virgin single thirty-year-old created by the
cartoonist Glauco was first seen in the independent
comic book Minorias do Glauco in 1981. Afterwards,
in the 80s and 90s, he has had his own magazine,
published by Circo, but even so, remained the same:
no job, always drunk, non-stop smoker, overdoes
drugs and medicine, dates an inflatable doll and surfs
on the ironing board of his mother, with whom he
has a neurotic and oedipal relationship. He walks
around naked in the house all day, and when he does
go out, it’s usually because he’s been thrown out by
his mother. As drawn by Glauco, the character has
various arms and legs so he can simultaneously carry
glasses, cigarettes, needles and bottles. The success
of his strips — which are reprinted in the newspaper
Folha de São Paulo, even after Glauco’s death — led
to the creation of Geraldinho, with stories from
his childhood and involvement with pets and his
obsession with soft drinks, TV and ice cream, which
were published in the children’s supplement of the
same newspaper.
“When I was a kid, I found an old
copy of a Geraldão magazine. It wasn’t
meant for my age group — in other
words, I loved it. Glauco’s lewd humor
and sketchy line fascinated me and he
became one of my favorite characters. I
chose Geraldão as a chance to heal the
wound left by Glauco’s death and to
celebrate an idol.”
Born in 1996, brought up by an artist father and a
mother who always encouraged him in the arts, it
was easy to fall in love and follow this profession,
not least, in his words, because “there was absolutely
nothing else I knew anything about” At the age
of thirteen, he started drawing professionally for
newspaper Folha de São Paulo where he still publishes
a strip for the children’s supplement Folhinha. Since
then he has also published an independent graphic
novel, illustrated various comic books and opened an
art gallery with his father, the artist Fabio Cobiaco.
He is currently working on two graphic novels.”
http://pedrocobiacoblog.wordpress.com
GRAÚNA
C
om o golpe militar no Brasil em 1964, o país
entrou em um dos períodos mais sombrios
de sua história: as eleições passaram a
ser indiretas, os meios de comunicação foram
censurados, presos políticos foram torturados,
entre outros abusos e crimes cometidos pelo
governo militar. É nesse cenário que surge Graúna,
personagem criada por Henfil, que não à toa era
desenhada como um ponto de exclamação do qual
saíam duas perninhas e grandes olhos. Em suas
histórias, a personagem questionava a situação do
Nordeste do Brasil, onde vivia, região castigada pela
seca e pela má gestão pública, em contraposição ao
que chamava de “Sul Maravilha”. Henfil conseguiu
desenvolver e popularizar uma personagem irônica
e ácida que criticava o governo em pleno regime
militar.
“Escolhi a Graúna por ela ser uma
das principais personagens do Henfil.
E minha trajetória está diretamente
ligada a ele. Certa vez, participei de uma
exposição no Rio, A Árvore Genealógica
Duke do Humor Brasileiro e a minha árvore
era uma linha reta, que passava por
Henfil, Nilson, Lor, e então, Duke.”
Eduardo dos Reis Evangelista, Duke, nasceu em
1973, em Belo Horizonte, Minas Gerais. É formado
em Cinema de Animação pela Escola de Belas Artes
da UFMG. Assina as charges diárias dos jornais O
Tempo e Super Notícia, onde também edita as páginas
Supimpa e Aprontou, Agora Aguenta. Faz charges
animadas para a TV Band e cartuns para a Revista
CNT. Em 2009, recebeu o Troféu HQ Mix como
Melhor Cartunista. É um dos organizadores do BH
Humor e lançou os livros Duke — Desenhos de Humor
(2008), Só Futebol 2011 (2012) e Só Futebol 2012 (2013).
84 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
With the military coup of 1964, Brazil entered
one of the darkest periods in its history, with the
abolishment of free elections, censorship of all
media and torture of political prisoners, amongst
other abuses and crimes committed by the
military government. It was in this scenario that
Henfil created Graúna, which was drawn in the
shape of an exclamation mark with two thin legs
and two big eyes. In his stories, the character is
always questioning the situation of the Northeast
region where she lives, a region of droughts and
political corruption, which she contrasts to the rich
“Wonderful South”. In those times of censorship and
military regime, Henfil nevertheless managed to
create and popularize a character that was acid and
sarcastic and criticized the government.
“I chose Graúna because she is one
of Henfil’s main characters. And my
career is very much tied to his. I once
participated in an exhibition in Rio, The
Genealogical Tree of Brazilian Humor and
my tree was a straight line, that passed
through Henfil, Nilson, Lor and then,
Duke.”
Eduardo dos Reis Evangelista, Duke, was born in
1973, in Belo Horizonte, Minas Gerais. He graduated
in animation film in the Escola de Belas Artes
of the Federal University of Minas Gerais. He
creates daily strips for the newspapers O Tempo
and Super Notícia, for which he also edits the
pages Supimpa and Aprontou, Agora Aguenta. He
does animated political cartoons for TV Band and
cartoons for Revista CNT. In 2009, he received
the HQ Mix Award for Best Cartoonist. He is one
of the organizers of BH Humor and produced
the books Duke — Desenhos de Humor (2008), Só
Futebol 2011 (2012) and Só Futebol 2012 (2013).
www.dukechargista.com.br
Guache sobre papel.
Gouache on paper.
HAGAR, O HORRÍVEL HÄGAR , THE HORRIBLE
H
agar vive na costa da Noruega e suas histórias
se passam em algum momento da Idade
Média. O humor é centrado nas interações
com seus familiares — a esposa Helga, dona de casa
que critica Hagar pelos seus maus hábitos (como se
esquecer de lavar as mãos após uma pilhagem), o
filho Hamlet, estudioso e visto quase sempre com um
livro, sua filha Honi, “solteirona” aos 16 anos e ansiosa
para acompanhar o pai nas batalhas, o cachorro
Snert e o amigo Eddie Sortudo, o único a não usar
um capacete com chifres, reforçando a caricatura
da vida na Escandinávia medieval que dá tom às
tiras de Hagar. O viking barbudo e rechonchudo foi
batizado com o apelido de seu criador, Dik Browne,
que era chamado de “Hagar, o Terrível” por seus
filhos. Dik esteve à frente das tiras desde que foram
publicadas pela primeira vez em fevereiro de 1973
até 1988, quando se aposentou, vindo a falecer no
ano seguinte. Desde então, as tiras são produzidas
regularmente por seu filho Chris Browne. Hagar
é distribuído para 1.900 jornais em 58 países e
traduzido para 13 idiomas.
“Para ser sincero, atualmente não sou um
leitor devoto da tira, embora a conheça.
Achei que seria interessante pegar
um personagem cômico e desenhá-
lo de forma mais realista. Sempre me
Mahmud interessei por vikings, e aproveitei a
Asrar chance de desenhar mais vikings.”
Mahmud é um quadrinista austríaco que mora na
Turquia. Desenhou quadrinhos a vida inteira, o
que acabou virando uma carreira. Já trabalhou para
as grandes editoras dos EUA, como Marvel, DC,
Dark Horse e Image Comics, entre outras. Mahmud
é mais conhecido pela co-criação e os desenhos
de Dynamo 5 e pelo trabalho em HQs como
Shadowland: Power Man, Eléktron, Star Wars: Jedi
— The Dark Side. Atualmente, ele está em Ultimate
Comics X-Men.
86 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Hägar lives on the coast of Norway some time
during the Middle Ages. The humor in his stories
centers around his relations to his family — his
wife Helga, a housewife always ready to criticize
him for bad habits (such as forgetting to wash
his hands after a raid), his son Hamlet, studious
and usually seen walking about with a book, his
daughter Honi, ‘spinster’ at 16 and anxious to go
along with her father in his battles, his dog Snert
and his friend Lucky Eddie, the only one not to wear
a helmet with horns, reinforcing the caricature of
medieval Scandinavia in the strips. The pot-bellied,
bearded Viking got his name from his creator, Dik
Browne, who was called “Hägar, The Terrible” by
his own kids. Dik drew the character since his first
appearance in 1973 until 1988, when he retired, dying
a year later. Since then, his son, Chris Browne, has
published the strips regularly. Hägar is distributed to
1.900 newspapers in 58 countries and is translated
into 13 languages.
“Actually I was not an avid reader of the
strip but I was familiar with it. I thought
it would be interesting to take on a
comical character and have it drawn in a
more realistic fashion. I’ve always been
interested in Vikings so this was another
chance for me to draw them.”
Mahmud is an Austrian comic book artist based
in Turkey. He has been drawing comics all his life,
naturally leading to a career in the business. He
has worked for most major US publishers such as
Marvel, DC, Dark Horse and Image Comics, among
others. Mahmud is mostly known for co-creating
and drawing Dynamo 5 and working on books such
as Shadowland: Power Man, The Atom, Star Wars Jedi:
The Dark Side. He is currently working on Ultimate
Comics X-Men.
www.mahmudasrar.com
Nanquim sobre papel.
Ink on paper.
HELLBOY
O
demônio Anung Un Rama foi conjurado
do Inferno à Terra por Gregori Rasputin
ao final da Segunda Guerra Mundial
para auxiliar os nazistas a vencerem as tropas dos
Aliados, porém o plano fracassou e a jovem criatura
passa à guarda do Professor Trevor Bruttenholm,
do Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal
(em inglês BPRD), uma organização dedicada a
combater ameaças místicas, demônios e outras
criaturas Lovecraftianas. Ganha o nome Hellboy
por sua aparência — pele vermelha, chifres e uma
manopla de pedra, a Mão Direta da Perdição que,
de acordo com as profecias, será um elemento-
chave no Ragnarok a ser conduzido por Hellboy.
Tal destino parece se aproximar cada vez mais
conforme as aventuras do personagem avançam,
apesar de Hellboy combater o mal em todas as suas
formas, contrariando sua origem demoníaca. A
obra-prima de Mike Mignola estreou na revista San
Diego Comic-Con Comics 2, em agosto de 1993, e
já foi adaptada para dois filmes de grande sucesso,
além de filmes de animação e de uma infinidade de
produtos licenciados.
“Lembro-me de ver um cartaz bem
gráfico, o vermelho forte em contraste
com a predominante massa de preto
que rodeava a figura demoníaca. A
incrível arte de Mike Mignola me
Greg apresentava o personagem do qual virei
Tocchini fã de imediato. Vibrei com o nome do
personagem e da série: Hellboy.”
Greg atua desde 1995 em diversas áreas da
ilustração e histórias em quadrinhos. Seu trabalho
é publicado internacionalmente por editoras como
Marvel e DC Comics em títulos como Batman &
Robin, X-Force, Homem-Aranha, Star Wars, Thor:
Son of Asgard e Wolverine: Father. Foi responsável
pela arte da aclamada série The Last Days of
American Crime. Atualmente, tem trabalhado
na criação e arte de novos álbuns para a editora
francesa Le Lombard.
90 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The demon Anung Un Rama was conjured up
from Hell to Earth by Gregori Rasputin at the end
of World War II to help the Nazis beat the allied
forces. However, the plan failed and the young
creature is delivered into the care of Professor
Trevor Bruttenholm, from the Bureau of Paranormal
Research and Defense (BPRD), an organization
dedicated to battling mystic threats, demons and
other Lovecraftian creatures. The creature is named
Hellboy because of his appearance — red skin, horns
and a stone manopla, the Right Hand of Doom
which, according to ancient prophecy, will be a key
element in the Ragnarok led by Hellboy. This destiny
seems ever closer as the adventures of the character
unfold, even though Hellboy, despite his demonic
origins, fights evil in all its forms. Mike Mignola’s
creation was first published in the magazine San
Diego Comic-Con Comics #2, in August 1993, and has
been adapted to two very successful films, besides
animation and an infinity of licensed products.
“I remember seeing a graphic poster,
deep red contrasting with black all
round a demonic figure. It was Mike
Mignola’s incredible art introducing me
to the character of which I immediately
became a fan. I also adored the name of
the character and series: Hellboy.”
Greg has been working since 1995 in various areas
of illustration and comics. His work is published
internationally by Marvel and DC Comics amongst
others in titles such as Batman & Robin, X-Force,
Spider-Man, Star Wars, Thor: Son of Asgard and
Wolverine: Father. He was responsible for the art
in the acclaimed series The Last Days of American
Crime. Currently creates new graphic novels for the
French publisher Le Lombard.
www.gregtocchini.blogspot.com
Aquarela e acrílica sobre papel.
Watercolor and acrylics on paper.
HOMEM DE FERRO IRON MAN
T
ony Stark era um cientista e empresário
genial, mas também um playboy milionário e
inconsequente. Ao visitar uma zona de guerra
para uma demonstração de armas das Indústrias
Stark, sobreviveu a uma explosão, mas estilhaços da
bomba atingiram seu coração. Foi então capturado
pelos inimigos que o forçaram a criar uma poderosa
arma. Tony decidiu obedecer, porém não criou uma
arma e sim uma armadura capaz de mantê-lo vivo.
Vestindo essa versão rudimentar de sua armadura
clássica, ele foi capaz de fugir do cativeiro e retornar
aos EUA, onde assumiu a identidade do Homem de
Ferro e passou a integrar a equipe dos Vingadores.
O personagem criado por Stan Lee, Larry Lieber,
Don Heck e Jack Kirby foi apresentado na revista
Tales of Suspense 39, em março de 1963, e sua origem
estava vinculada à Guerra do Vietnã (1959-1975).
Porém, com o passar do tempo e para justificar o
aspecto jovem do personagem, esse vínculo passou
a ser feito com a Guerra do Golfo (1990-1991) e,
mais recentemente, com a Guerra do Afeganistão,
que teve início em 2001. O filme lançado em 2008
inaugurou a bem-sucedida Fase 1 dos filmes da
Marvel Studios, colocando o Homem de Ferro em
posição de destaque na versão cinematográfica do
universo Marvel.
“Tony Stark tira a onda que é cientista
espacial. Mas também é Homem de
Ferro, elétrico, atômico, genial. Esse é o
Homem de Ferro para mim.”
Eduardo
Schaal
Eduardo é ilustrador, diretor de arte de animação
e tem mais de 20 anos de carreira nas áreas de
publicidade e entretenimento. Na última década,
atuou como ilustrador e diretor de arte de estúdios
renomados, como a Fábrica de Quadrinhos,
Trattoria Filmes e Vetor Zero, em São Paulo, e 422
South, em Bristol, Reino Unido, produzindo concept
art e direção de arte para inúmeros comerciais,
videoclipes e curtas-metragens, além da concepção
dos efeitos visuais e animações em documentários
para NatGeo, BBC, Discovery e History Channel.
Atualmente, é diretor de arte da Top Free Games
e instrutor na Axis School of Visual Effects em São
Paulo.
92 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Tony Stark was a scientist and brilliant businessman,
but also an irresponsible millionaire playboy. While
on a visit to a war zone to watch a demonstration of
Stark Industries’ weapons, he survives an explosion
but has shards from a bomb reach his heart. He is
captured by the enemy and forced to create a mighty
weapon. Tony pretends to obey, but instead of
creating a weapon he creates an armour which will
keep him alive. Dressed in this rudimentary version of
classical armor, he manages to escape captivity and
return to the US, where he takes on the identity of
Iron Man and becomes part of the Avengers team.
The character created by Stan Lee, Larry Lieber, Don
Heck and Jack Kirby first appeared in the comic book
Tales of Suspense #39, March 1963, and his origins
go back to the Vietnam War (1959-1975). But with
changing times and to justify the character’s youthful
aspect, the link changed from Vietnam to the Gulf
War (1990-1991) and, more recently, to the war in
Afghanistan, which began in 2001. The film, released
in 2008, inaugurated the successful phase 1 of Marvel
Studios, placing Iron Man in a distinguished position
in the Marvel film universe.
“Tony Stark let’s on he’s a space
scientist. But he is also Iron Man,
electric, atomic, fantastic. This is the
Iron Man for me.”
Illustrator, art director and animation director,
Eduardo has worked for over 20 years in advertising
and entertainment. In the last decade, he has
worked as illustrator and art director in well-known
studios such as Fábrica de Quadrinhos, Trattoria
Filmes and Vetor Zero, in São Paulo, and 422
South in Bristol, UK, producing concept art and art
direction for various commercials, video clips and
short films, besides visual effects and animation in
documentaries for NatGeo, BBC, Discovery and
History Channel. Currently he is art director at Top
Free Games and instructor at Axis School of Visual
Effects in São Paulo.
www.eduardoschaal.com
Prismacolor markers sobre papel. Finalização digital.
Prismacolor markers on paper. Digital finishes.
HOMEM-ARANHA SPIDER- MAN
P
eter Benjamin Parker foi morar junto com seus
tios Ben e May Parker no bairro do Queens,
em Nova York, após a morte de seus pais. O
menino cresceu e se tornou um adolescente tímido,
mas extremamente inteligente. Durante uma
demonstração de equipamentos que manipulavam
radiação, Parker foi picado por uma aranha radioativa
que provocou nele impressionantes mutações:
agilidade, força, capacidade de escalar prédios e uma
espécie de sensor de perigo que chama de sentido
aranha. Parker passa a usar seus poderes para ganhar
dinheiro e, ao optar por não impedir a fuga de um
ladrão, dá início à cadeia de acontecimentos que levam
à morte de seu tio Ben e a lição de que “com grandes
poderes vêm grandes responsabilidades”. A partir de
então, começa a utilizar seus poderes para combater
o crime na cidade de Nova York como o Homem-
Aranha, enquanto enfrenta as dificuldades em pagar o
aluguel, a preocupação com os estudos, as paixões não
correspondidas e outros problemas com os quais os
leitores puderam se identificar imediatamente. O herói
com características e dilemas tão humanos criado por
Stan Lee e Steve Dikto teve sua primeira aventura
publicada na revista Amazing Fantasy 15, em agosto
de 1962, e está entre os personagens ficcionais mais
reconhecidos em todo o mundo.
“Comecei a gostar do personagem
depois do filme de 2002, tinha sete anos
e saí do cinema pulando por todos os
lados, mas o que mais me marcou não
foi o cara vermelho e azul e sim o cara
João normal e com problemas que vestia o
Montanaro uniforme. Peter Parker é o cara todo
errado, mas que quer apenas fazer a
coisa certa. Como não amar isso?”
João começou a trabalhar em 2008 na revista Mad
e, em 2010, passou a fazer a charge política do
jornal Folha de S.Paulo. Também faz ilustrações
para a revista Recreio e para o jornal Le Monde
Diplomatique. Ganhou um Troféu HQ Mix em
2011 pelo seu primeiro livro, Cócegas no Raciocínio.
Atualmente, João tenta pensar em uma boa história
quando não está fugindo de recuperações na escola.
94 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Peter Benjamin Parker went to live with his aunt
and uncle Ben and May Parker in the neighborhood
of Queens, in New York, after the death of his
parents. The boy grew up to become a shy, but
highly intelligent teenager. During a demonstration
of radioactive equipment, Parker was bitten by
a radioactive spider which provoked impressive
mutations: agility, strength, ability to climb walls and
a kind of danger warning he calls his spider-sense.
Parker uses his newly acquired powers to make
money and, on choosing to let a robber get away,
starts the chain of events that lead to the death of
his uncle Ben and the lesson that “with great power
comes great responsibility.” From then on, he uses
his powers to combat crime in the city of New
York as Spider-Man, while he faces the difficulties
of paying rent, studying, unrequited love and other
problems with which the readers can easily identify.
The hero with these all-too-human dilemmas
created by Stan Lee and Steve Ditko had his first
adventure published in Amazing Fantasy #15, in
August 1962, and is among the most famous fictional
characters in the world.
“I started to appreciate the character
after the 2002 film; I was seven at the
time and left the cinema skipping and
jumping everywhere, but what really
got me wasn’t the red and blue guy but
the normal kid with a uniform and many
problems. Peter Parker is the guy who
just wants to get things right, but they
keep going wrong. How can you not
love that?”
Started working in 2008 for Mad magazine and
in 2010, started drawing political cartoons for
the newspaper Folha de São Paulo. He also did
illustrations for the children’s magazine Recreio and
for the newspaper Le Monde Diplomatique. Won a
HQ Mix Award in 2011 for his first book, Cócegas no
Raciocínio. He currently works on new stories while
trying to avoid low grades in school.
http://joaomontanaro.tumblr.com/
Aquarela e nanquim sobre papel.
Watercolors and ink on paper.
HULK
H
“ ulk esmaga!”. Inspirados nos livros
Frankenstein e O Médico e o Monstro
e adicionando elementos da então
emergente ciência nuclear, Stan Lee e Jack
Kirby criaram um personagem monstruoso e
incompreendido. Após um acidente envolvendo
radiação gama, o Dr. Bruce Banner se transforma
no Incrível Hulk — uma criatura virtualmente
indestrutível que em geral não é controlada por
Banner — sempre que este passa por uma situação
de raiva ou estresse. Banner se torna um pária,
perseguido pelos militares e por outros personagens
do Universo Marvel que, eventualmente, o levam
a situações que despertam o monstro que existe
dentro do pacato doutor, reiniciando o ciclo de
destruição. Em sua primeira aparição em The
Incredible Hulk 1, em maio de 1962, a pele do
monstro era cinza, porém problemas de impressão
levaram a editora a alterar sua cor para verde,
como o personagem passou a ser mais conhecido.
A série de TV veiculada nas décadas de 1970 e
1980 contribuiu enormemente para popularizar
o personagem. O Incrível Hulk foi membro da
formação original dos Vingadores, conforme visto
em The Avengers 1, em setembro de 1963, e apareceu
no filme da superequipe que chegou ao cinema em
2012, além de outros filmes e em séries de animação.
“Nunca li muito as histórias do Hulk,
mas sempre gostei do personagem.
Homem ou monstro, cientista retraído
ou incontrolável força avassaladora,
gosto do Hulk porque com ele não tem
Marcelo meio termo. Além de tudo, ele é verde.”
Braga
Ilustrador no estúdio Macacolândia®, Marcelo
trabalha principalmente para agências de
propaganda, atendendo a clientes como Itaú,
Claro, Antarctica, Fiat, Havaianas, Azaléia, Vivo,
Volkswagen, Pepsi, Sadia, entre outras. Fã de
quadrinhos desde pequeno, desenhou histórias
curtas para alguns especiais e lançou um sketchbook
em 2011, na San Diego Comic-Con.
96 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“HULK SMASH!!!”. Inspired by the books
Frankenstein and Dr. Jekyll and Mr. Hyde and adding
elements of the then emerging nuclear science,
Stan Lee and Jack Kirby created a monstrous and
misunderstood character. After an accident involving
gamma rays, Dr. Bruce Banner transforms himself
into the Incredible Hulk — a virtually indestructible
creature who is not usually under Banner’s control —
anytime he gets angry or finds himself under stress.
Banner becomes a pariah, harassed by the military
and by other characters in the Marvel Universe
which lead to situations that bring out the monster
aspect of the placid doctor, restarting the cycle of
destruction. In his first appearance in The Incredible
Hulk #1, May 1962, the monster was grey-skinned,
but problems with printing led the publishers to
chose green, which is the color which prevailed. The
TV series which ran from 1978 to 1982 contributed
to popularizing the character. The Incredible Hulk
was a member of the first Avengers team, as seen in
the September 1963 The Avengers #1, and appeared
in the team’s film in 2012, amongst other films and
animation series.
“I never read many of the Hulk’s stories,
but I have always liked the character.
Man or monster, shy scientist or
uncontrollable absolute force, I like Hulk
because he doesn’t go halfway. And
what’s more, he’s green. “
Marcelo is owner and illustrator at Macacolândia
Studio, working mostly for advertising agencies, with
clients such as Itaú, Claro, Antactica, Fiat, Havaianas,
Azaléia, Vivo, Volkswagen, Pepsi, Sadia, among
others. A fan of comics since he was a child, he drew
short stories for a few anthologies and released a
sketchbook in 2011 at the San Diego Comic-Con.
www.diburros.com.br
Nanquim sobre papel, colorização digital.
Ink on paper, digital colors.
JOHN CONSTANTINE
C
onstantine é um personagem das ruas,
que conhece tudo e todos e se vale desse
conhecimento e de sua inteligência, mais
do que de seus poderes mágicos, para se livrar dos
problemas que ele mesmo atrai, e para combater a
influência do Céu e do Inferno sobre a humanidade.
O mago cínico, arrogante, enganador e fumante
inveterado foi criado por Alan Moore para as
histórias do Monstro do Pântano, para atender a um
pedido dos artistas Steve Bissette e John Totleben,
que queriam desenhar o cantor britânico Sting.
Sua estreia aconteceu em The Saga of the Swamp
Thing 37, em junho de 1985, a princípio como um
personagem secundário, até ganhar um título
próprio em 1988. Mesmo com o cancelamento da
revista John Constantine: Hellblazer, em 2013, para
o lançamento da revista Constantine, suas histórias
vêm sendo publicadas mensalmente e em título
próprio há 25 anos, feito compartilhado apenas com
os principais personagens dos quadrinhos.
“John Constantine representa para
mim o fim dos quadrinhos do estilo
‘old school’, um verdadeiro marco
antes dos quadrinhos de ‘alto impacto’.
John Totleben, Stephen Bissette e Alan
Carlos Moore foram juntamente com a sua
Magno obra os principais incentivadores em
minha carreira”.
Nascido no Paraná em 1976, Carlos Magno começou
a trabalhar com os quadrinhos em 2005. Desde
então, trabalhou com O Fantasma e Sherlock
Holmes, ambos pela Moonstone Books; Captain
Universe: The Incredible Hulk, Captain Universe: Silver
Surfer e War of Kings: Warriors pela Marvel Comics.
Trabalhou nas páginas de Tangent: Superman’s
Reign, Batman e na série Contagem Regressiva, pela
DC Comics. Passou dois anos trabalhando com os
Transformers pela IDW, antes de ser convidado para
desenhar Planeta dos Macacos e Deathmatch, ambas
pela editora americana Boom! Studios, que foram
sucesso de público e de crítica.
98 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Constantine is streetwise and knows everything and
everyone. He uses his knowledge, intelligence and
his magic powers to escape the trouble he attracts
and to fight the influence of both Heaven and
Hell over humanity. The magician who is cynical,
arrogant, deceitful and an inveterate smoker was
created by Alan Moore for the Swamp Thing stories
to answer a request by artists Steve Bissette and
John Totleben, who wanted to draw British singer
Sting. He first appeared in the Saga of the Swamp
Thing #37, June 1985, as a secondary character, until
he earned his own title in 1988. His comic book John
Constantine: Hellblazer ended in 2013 to make way
for the launch of another, Constantine, meaning his
stories have continued to be published every month
for 25 years, a deed only achieved by major comic
characters.
“John Constantine represents the end
of ‘old school’ comics for me, a real
landmark before the ‘high impact’
comics that came later. John Totleben,
Stephen Bissette and Alan Moore and
their work were the main inspirations
for my career.”
Born in Paraná in 1976, Carlos Magno started
working with comics in 2005. Since then he has
worked with The Phantom and Sherlock Holmes,
both for Moonstone Books. Captain Universe: The
incredible Hulk” Captain Universe: Silver Surfer and
War of Kings: Warriors for Marvel Comics. He worked
on Tangent: Superman’s Riegn, Batman and the series
Countdown, for DC Comics. Carlos spent two years
working with Transformers at IDW before being
invited to draw Planet of the Apes and Deathmatch,
both by American publisher Boom! Studios, which
were highly acclaimed by public and critics.
www.facebook.com/carlos.magno.1253
Lápis, guache e nanquim sobre papel.
Pencil, gouache and ink on paper.
JONAH HEX
A
s histórias do caçador de recompensas
Jonah Hex têm como cenário o violento
Velho Oeste Americano do século XIX,
época de criminosos cruéis que eram perseguidos
implacavelmente pelo anti-herói de rosto
desfigurado, que não hesita em puxar sua arma para
defender e vingar os inocentes. A extensa cicatriz
que cobre o lado direito de seu rosto — a “Marca
do Demônio” –, foi uma punição após quebrar as
regras de um duelo com o filho do chefe da tribo à
qual foi vendido ainda criança por seu pai alcoólatra.
O personagem criado por John Albano e Tony
DeZuniga apareceu pela primeira vez em All-Star
Western (Volume 2) 10, em fevereiro-março de 1972,
e é um dos principais representantes da longa
tradição de quadrinhos de faroeste.
“Desde criança, sempre curti
quadrinhos de faroeste, devido ao
fato de ter vivido no sertão em meio
de cavalos e bois. Décadas depois, me
tornaria fã desse herói com a parte do
Julio rosto desfigurado. A melhor versão de
Shimamoto Jonah Hex é a do trio Joe R. Lansdale
(roteiro), Timothy Truman (lápis) e
Sam Glanzman (tinta).”
Shima, 74 anos, é de Borborema, São Paulo.
Considera os primeiros dois gibis que ganhara do
pai, em 1944, no sertão, os melhores presentes de
sua vida. Tornou-se desenhista, e em São Paulo e no
Rio de Janeiro trabalhou para várias editoras, e em
grandes agências de publicidade. Ganhou prêmios
em ambas as atividades. Hoje, como desenhista
freelancer, continua variando estilos. Adora estilo
xilo sem madeira. Usa azulejo ou plástico coberto
com tinta látex, de parede, e faz raspagem, logrando
os mesmos efeitos de xilogravura. Pintou Jonah
também com tintas de parede.
100 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The stories of bounty hunter Jonah Hex take place in
the violent American Wild West of the 19th century,
a time of cruel criminals who were implacably
pursued by the antihero with a disfigured face who
doesn’t hesitate in pulling his gun to protect and
revenge the innocent. The huge scar that stretches
across his face on the right side — the Mark of the
Demon — was a punishment for breaking the rules
in a battle with the son of the chief of the tribe to
which he was sold as a child by his alcoholic father.
The character created by John Albano and Tony
DeZuniga appeared for the first time in All Star
Western (Volume 2) #10, Feb-Mar 1972, and is one
of the most important representatives in the long
tradition of western comics.
“Since I was a child I always liked
western comics, because I always lived
in the savannahs of Brazil amid horses
and cattle. Decades later, I became a
fan of this hero with his partly disfigured
face. The best version of Jonah Hex
is by the trio Joe R. Lansdale (script),
Timothy Truman (pencils) and
Sam Glanzman (inks).”
Shima, as he is known, 74, is from Borborema, in the
state of São Paulo. He believes the first two comics
he was given by his dad, in 1944, were the best
presents he’s had in his life. He became a comic book
artist and has worked with several publishers and
major advertising agencies in São Paulo and Rio de
Janeiro. He has won prizes in both activities. Today,
as a free-lance comic book artist, he continues
varying his styles. He loves doing xylographs but
not on wood. He uses tiles or plastic covered in wall
paint and scrapes it, getting the same effects as in
xylographs. This is the technique he used for Jonah.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Júlio_Shimamoto
Tinta de parede látex sobre papel cartão.
Latex wall paint on paperboard.
JUSTICEIRO PUNISHER
O
veterano de guerra Frank Castle viu sua família
e filhos serem mortos em pleno Central Park,
em Nova York, durante uma troca de tiros
envolvendo a máfia local. Movido pela vingança, o
personagem passa a utilizar todo o seu conhecimento
de artes marciais, guerrilha, artilharia e outras táticas de
extrema violência para eliminar mafiosos e criminosos
em geral. Apresentado inicialmente como um
antagonista do Homem-Aranha em The Amazing Spider-
Man 129, em fevereiro de 1974, o personagem criado
por Gerry Conway, John Romita Sr. e Ross Andru se
tornou um dos símbolos da Era Sombria dos quadrinhos
americanos (final da década de 1980 até início da década
de 1990), caracterizada pela ascensão em popularidade
de anti-heróis de moral dúbia e de modos violentos
como o Justiceiro, que chegou a ter três revistas mensais
nessa época. O personagem apareceu em três filmes para
o cinema e a camiseta preta com uma grande caveira
branca usada por ele foi incorporada ao vestuário de
jovens do mundo todo.
“Quando eu era um adolescente nerd
em Belo Horizonte, eu me refugiava no
mundo dos gibis, repleto de personagens
heróicos e de mulheres estonteantes que
me fascinavam com histórias de mistério,
Rodney aventura, ficção e terror. Um dos vários
Buchemi personagens que eu gostava era o
Justiceiro. Após ter lido a Graphic Marvel
Justiceiro: Retorno ao Grande Nada,
magistralmente desenhada pelo incrível
Mike Zeck, comecei a me interessar mais
pelo personagem. A partir daí, cheguei
à revista Grandes Heróis Marvel 26 —
Justiceiro x Wolverine, outro personagem
que curto bastante!”
Nascido em Belo Horizonte em 1974, Rodney começou
sua carreira em 1998 trabalhando no Big Jack Studio,
onde permaneceu por 12 anos. Após esse período,
passou para o agenciamento do estúdio Art&Comics,
publicando trabalhos no exterior. Formado em Design
de Interiores, foi professor de desenho artístico da
escola de artes Casa dos Quadrinhos, professor e
coordenador da escola Studio A4, ambas em Minas
Gerais. No Brasil, publicou Fahrenheit e Almanacão
do Big Jack Studios. No exterior, desenhou Dread and
Alive e Hitless I e II (Zoolook.com), Red Prophet (Marvel/
DabelBros), Marvel Adventures: Avengers, Incredible
Hercules, Ataque ao Novo Olimpo: A Morte de Hércules,
Hulk (com Stan Lee), Hulk: Future Imperfect Epilogue
(com Peter David), Skaar: Son of Hulk, X-Men Forever
(com Chris Claremont), JLA Giant Size e Flashpoint:
Legion of Doom.
102 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
War veteran Frank Castle witnessed the killing of
his wife and children in Central Park, New York,
in a gunfire exchange between the local Mafia.
Obsessed with vengeance the character starts to use
all his know-how in martial arts, guerrilla, artillery
and other tactics of extreme violence to eliminate
members of the Mafia and criminals in general.
Initially presented as an antagonist of Spider-Man
in The Amazing Spider-Man #129, February 1974, the
character created by Gerry Conway, John Romita Sr.
and Ross Andru became one of the symbols of the
Dark Age of American comics (end of the 1980s until
beginning of 1990s) characterized by the ascendancy
of antiheroes of dubious morality and violent
methods like the Punisher, who had three monthly
comic books at that period. The character appeared
in three cinema movies and the black t-shirt with a
large white skull used by the Punisher was copied in
young people’s clothing throughout the world.
“When I was a teenage nerd in Belo
Horizonte, I took refuge in the world
of comics, full of heroic characters and
stunning women which fascinated me
with stories of mysteries, adventures,
fiction and terror. One of the many
characters I liked was the Punisher.
After reading Punisher: Return to Big
Nothing, magisterially illustrated by
the incredible Mike Zeck, I started to
become interested in the character.
From there I got to the magazine
Grandes Heróis Marvel #26, that brought
a history of Punisher vs. Wolverine —
another character I like a lot!”
Born in Belo Horizonte in 1974, Rodney began his
career in 1998 working at Big Jack Studio, where he
stayed for 12 years. After that he went to work for
Art&Comics Studio, publishing abroad. He graduated
in Interior Design, was a professor of artistic drawing
at art school Casa dos Quadrinhos (House of Comics),
and professor and coordinator of school Studio A4,
both in Minas Gerais. In Brazil he published Farenheit
and Almanacão, from Big Jack Studios. Abroad he did
the art for Dread and Alive and Hitless I and II (Zoolook.
com), Red Prophet (Marvel/DabelBros), Marvel
Adventures: Avengers, Marvel Adventures Super-Heroes,
Incredible Hercules, Incredible Hercules: Assault on New
Olympus, Hulk (with Stan Lee), Hulk: Future Imperfect
Epilogue (with Peter David), Skaar: Son of Hulk, X-Men
Forever (with Chris Claremont), JLA Giant Size and
Flashpoint: Legion of Doom.
www.rodneybuchemi.blogspot.com
Lápis e nanquim sobre papel. Colorização digital.
Pencil and ink on paper. Digital coloring.
KRAZY KAT
U
m dos pilares dos quadrinhos norte-
americanos é formado pelas histórias do
triângulo amoroso composto pelo gato Krazy
Kat — ou gata, pois o personagem é tratado às vezes
como ‘ele’ e em outras como ‘ela’, — pelo rato Ignatz
que o despreza e que constantemente atira um
tijolo na cabeça de Krazy Kat que, inocentemente,
interpreta o gesto como sinal de afeto, e pelo
cachorro policial Offissa Pupp, que tenta frustrar
as agressões de Ignatz e constantemente o joga na
cadeia da cidade de Coconino County, no Arizona,
onde vivem. A premissa simples das histórias criadas
pelo cartunista George Herriman e publicadas
originalmente nos jornais norte-americanos entre
1913 e 1944, eram enriquecidas por caracterizações
detalhadas, visual rico e grande criatividade nos
diálogos e na composição das tiras, que levaram
Krazy Kat a estar entre os primeiros quadrinhos
reconhecidos como forma de arte, a ponto de
o poeta E. E. Cummings, grande admirador do
trabalho de Herriman, ter escrito a introdução da
primeira coletânea de tiras de Krazy Kat.
“Krazy Kat me traz lembranças da
infância. Eu assistia um desenho meio
doido onde um rato atirava tijolos
numa gata que se apaixonava por ele.
O mais legal é que o rato ‘desenhava’
Will o tijolo e ele virava real, assim como
Sideralman o policial Pupp também desenhava
a prisão onde Ignatz ia após atentar
contra a pobre Krazy.”
Will foi um dos fundadores do Zine Subterrâneo
(2004), publicando histórias do super-herói
Sideralman; e fundou também o Quarto Mundo
(2007). Tem publicado em muitas revistas
independentes. Em 2011, lançou em parceria com
Daniel Esteves, O Louco, a Caixa e o Homem. Pela
Editora Nemo, lançou os álbuns: Ciranda Coraci, O
Senhor das Histórias, Nas Areias do Tempo, Monstros
e Heróis e a adaptação de 20.000 Léguas Submarinas.
Ganhou três Troféus HQ Mix. Atualmente,
participa do coletivo Petisco com o personagem
Demetrius Dante.
104 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
One of the pillars of US comics is based around
stories on the love triangle formed by male cat Krazy
Kat — or female cat, as the character is sometimes
referred to as ‘he’ and other times as ‘she’, — by
Ignatz, the mouse, that despises him/her and
constantly throws bricks at Krazy Kat’s head, who
innocently misinterprets the gesture as a sign of
affection, and by the dog Offissa Pupp, who tries to
frustrate Ignatz’s attacks and constantly throws him
into Coconino County jail, in Arizona, where they
live. The simple premises of the stories created by
cartoonist George Herriman and published originally
in American newspapers from 1913 to 1914 were
enriched by detailed characterizations, rich visuals
and great creativity in the dialogues and composition
of the strips, which led Krazy Kat to be one of the
first comics to be recognized as a form of art, and
poet E. E. Cummings, a great admirer of Herriman’s
work, offered to write an introduction to the first
collection of Krazy Kat strips.
“It brings back memories of my
childhood. I used to watch a crazy
cartoon where a mouse threw bricks at
a female cat that fell in love with him.
The fun thing was that the mouse would
draw the brick and it then became real,
just as the policeman Pupp would draw
the prison where Ignatz would be sent
after attacking poor Krazy.”
One of the founders of fanzine Subterrâneo (2004),
which published stories of the superhero Sideralman.
He also founded the collective Quarto Mundo
(2007) and has been published in many independent
magazines. In 2011, together with Daniel Esteves, he
released O Louco, a Caixa e o Homem. With Nemo
Publishers he released the collections: Ciranda Coraci,
O Senhor das Histórias, Nas Areias do Tempo, Monstros
e Heróis and the adaptation of 20,000 Leagues Under
the Sea. He won three HQ Mix Awards. He currently
participates in the web-based group of comics authors
Petisco with the character Demetrius Dante.
www.petisco.org/demetriusdante
Ilustração digital.
Digital illustration.
LANTERNA VERDE GREEN LANTERN
N
“ o dia mais claro, na noite mais densa, o mal
sucumbirá ante a minha presença. Todo
aquele que venera o mal há de penar quando
o poder do Lanterna Verde enfrentar!” Hal Jordan
era um piloto de testes quando foi recrutado pelo
alienígena Abin Sur para substituí-lo como membro
da Tropa dos Lanternas Verdes e guardião do setor
espacial 2814, que inclui o planeta Terra. De posse de
seu anel energético, considerado a arma mais poderosa
da galáxia, o Lanterna Verde é capaz de criar objetos
com o poder de sua força de vontade. O primeiro
personagem a assumir o nome de Lanterna Verde foi
Alan Scott, na revista All-American Comics 16, em julho
de 1940, porém seus poderes tinham origem mística.
O Lanterna Verde da era moderna foi apresentado aos
leitores quase duas décadas depois, no início da Era de
Prata, na revista Showcase 22, em outubro de 1959. A
nova abordagem dada ao personagem e ao seu universo
ficcional no início da década de 2000 deram novo
impulso ao Lanterna Verde e ajudaram a restabelecê-lo
entre os principais heróis dos quadrinhos.
“Conheci o Lanterna Verde nos anos
1980, assistindo ao desenho animado
Superamigos. Já devia ser a terceira
temporada da série quando o cara com
anel se juntou ao Superman, Batman,
Mauro Souza Robin e Aquaman na Sala de Justiça
para enfrentar Sinestro e a Legião do
Mal. Legal mesmo foi ver o encontro
nos quadrinhos do Lanterna Hal Jordan
com Oliver Queen, o Arqueiro Verde.
Apesar de sempre achar desproporcional
a comparação entre os poderes, a
parceria rendeu grandes histórias,
deixando de lado as ameaças espaciais e
tratando questões sociais como drogas,
racismo e violência. Daí surgiu a ideia
de representar a dupla em uma situação
mais mundana como foi a fase clássica
criada por Dennis O’Neil e Neal Adams.”
Mauro cursou Arquitetura porque gostava de
desenhar. Em 1998, foi trabalhar na Mauricio de
Sousa Produções, onde hoje atua como ilustrador e
editor de arte. Também ilustra para veículos como
Veja, Folha de S.Paulo, Vip, Recreio, Placar e Quatro
Rodas. Ganhou o Anima Mundi em 2009 com o
curta A Roda.
106 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“In brightest day, in blackest night, no evil shall
escape my sight! Let those who worship evil’s might,
beware my power…GREEN LANTERN’S LIGHT!”
Hal Jordan was a test pilot when he was recruited
by alien Abin Sur to replace him as member of the
Green Lanterns Corps responsible for guarding sector
2814, which includes planet Earth. With his power
ring, considered to be the most powerful weapon in
the universe, Green Lantern is capable of creating
objects with the strength of his willpower. The first
character to take on the name of Green Lantern was
Alan Scott, in the magazine All-American Comics #16,
July 1940, but his powers had a mystical origin. The
Green Lantern of the modern era was presented to
readers almost two decades later, at the beginning
of the Silver Age, in the magazine Showcase #22,
October 1959. The new treatment given to the
character and his fictional universe at the beginning
of the 2000 decade gave a new impulse to Green
Lantern and helped to reestablish him as one of the
most important comic heroes.
“I came across Green Lantern in the
1980s, when watching the cartoon show
Super Friends. It must have been the third
season of the series when the guy with
the ring joined Superman, Batman, Robin
and Aquaman in the Justice League to
fight Sinestro and the Legion of Doom.
What was really cool was seeing the
encounter of Hal Jordan’s Green Lantern
with Oliver Queen, the Green Arrow.
Although I always found the comparison
between superpowers disproportional, the
partnership yielded great stories, leaving
aside the space threats, and tackling social
issues such as drugs, racism and violence.
That’s when the idea of representing the
duo in a mundane situation came about,
as in the classic stories created by Dennis
O’Neil and Neal Adams.
Mauro Souza studied architecture because he liked
drawing. In 1998, he went to work for Mauricio de
Sousa Productions where today he is both illustrator
and art director. He also does illustrations for
magazines such as Veja, Folha de São Paulo, Vip,
Recreio, Placar and Quatro Rodas. He won first prize
at the Animation festival Anima Mundi in 2009 with
the short film A Roda (The Wheel).
www.mauro-souza.blogspot.com
Nanquim sobre papel. Colorização digital.
Ink on paper. Digital coloring.
 LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS
LEGION OF SUPER- HEROES
A
equipe de heróis do século 31 surgiu como
elenco de apoio para o Superboy na revista
Adventure Comics 247, em abril de 1958. Na
história criada por Otto Binder e Al Plastino, três
adolescentes do futuro — Relâmpago, Satúrnia e
Cósmico — viajam no tempo para recrutar o Superboy
para integrar a equipe. Porém os personagens caíram
no gosto dos leitores e eles voltaram a aparecer em
outras histórias, inclusive ampliando seu universo
ficcional com a inclusão de novos personagens e com
tramas sofisticadas, contendo mais elementos de
fantasia e de ficção científica que muitas histórias em
quadrinhos norte-americanas. As aventuras tratavam
do relacionamento entre os membros da Legião,
heróis vindos dos diferentes mundos que integram
os Planetas Unidos, organização de humanos e
alienígenas, defendida pela equipe de ameaças
tecnológicas, místicas e sobre-humanas. A Legião
dos Super-Heróis mantém uma grande base de fãs
e chegou a ter uma série animada com 26 episódios
exibidos entre 2006 e 2008, além de ter aparecido em
episódios da série de TV Smallville.
“Basta dizer que enquanto meus
coleguinhas na escola ainda esperavam
Daniel Silveira
o Papai Noel, todos os anos, eu,
um Superman geek desde sempre,
esperava ansiosamente em segredo que
Luis Augusto visitantes numa esfera de vidro viessem
do futuro me dizer que eu sou super
também. Vida longa à Legião!”
Quadrinista, escritor e super nerd. Criador dos
quadrinhos, livros e animações Fala Menino!. Luis
Augusto começou ainda adolescente, fazendo parte
da equipe do Ziraldo, criando histórias para o gibi
do Menino Maluquinho, na Editora Abril. De lá para
cá, seus traços e ideias estão em mais de 30 livros
de diversas editoras. Lucas e os demais personagens
de Fala Menino! estrelaram sua primeira série de
animação em 2003, transmitida para todo o país
pela TV Brasil e pela TVE Brasil.
Ilustração digital. Colorização digital por Nei Soares Costa.
108 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The team of heroes from the 31th century appeared
as a support crew for Superboy in Adventure Comics
#247, April 1958. In the story created by Otto Binder
and Al Plastino, three teenagers from the future —
Lightning Boy, Saturn Girl and Cosmic Boy — time
traveled to recruit Superboy for the team. However,
the characters became so popular among readers that
they returned to appear in other stories, expanding
their fictional universe with the inclusion of new
characters and sophisticated plots containing more
fantasy and science fiction elements than many
American comics. The adventures dealt with the
relationship between members of the Legion —
heroes coming from different worlds that made up
the United Planets, an organization of humans and
aliens that needed the team to protect them from
technological, mystical and superhuman threats.
The Leagion of Super-Heroes maintains a large fans
following and even had an animated series with 26
episodes shown between 2006 and 2008, as well as
appearing in some episodes of the TV series Smallville.
“It is enough to say that while my
school colleagues still waited for Father
Christmas, every year, I, a Superman
geek since for as long as I remember,
anxiously awaited in secret for visitors
in a glass sphere coming from the future
to tell me I am also super. Long life to
the Legion!”
Comic strip writer and super nerd. Creator of the
comic books and animations Fala Menino! (Speak
Boy!). He started as a teenager, as part of Ziraldo’s
team, creating stories for Menino Maluquinho
comics, from major Brazilian publisher Editora Abril.
Since then, his drawings and ideas have been present
in more than 30 books of several publishers and
Lucas and his friends, from Fala Menino!, starred in
the first animation series in 2003, broadcast to the
whole country by TV networks TV Brasil and TVE
Brasil.
www.falamenino.com.br
Digital Illustration. Digital colors by Nei Soares Costa.
 LIGA DA JUSTIÇA JUSTICE LEAGUE
O
grupo formado pelos maiores heróis do
Universo DC foi apresentado na aurora da
chamada Era de Prata, na revista The Brave
and The Bold 28, em março de 1960. A Liga da Justiça
já teve diferentes versões ao longo das décadas, tanto
nos quadrinhos quanto nos desenhos animados.
Apesar de Batman, Superman e Mulher-Maravilha
serem vistos como os principais integrantes do grupo,
apenas a Amazona participou mais ativamente das
primeiras aventuras da equipe, ao lado de Aquaman,
Flash, Lanterna Verde e Caçador de Marte. O sucesso
de vendas das revistas que traziam as histórias do
grupo influenciou a criação do Quarteto Fantástico
pela Marvel Comics, que estreou nos quadrinhos
no ano seguinte, em novembro de 1961. Parte da
popularidade da Liga e de seus membros vem do
grande sucesso das séries animadas Superamigos
(1973-1986), Liga da Justiça (2001-2004) e Liga da
Justiça Sem Limites (2004-2006).
“A Liga da Justiça Internacional
misturava os dramas pessoais dos
super-heróis nas suas aventuras,
Tadeu Vilani
desconstruindo sua idealização e
aproximando-os da realidade das pessoas
Ana Luiza comuns, e isso me conquistou. Ao
Koehler mesmo tempo, tratava de questões de
política internacional da época, tornando
a narrativa historicamente interessante.”
Natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Ana
Luiza formou-se em Arquitetura e Urbanismo
pela UFRGS. Trabalhando desde os 16 anos como
ilustradora para o mercado editorial, concentrou sua
atividade profissional nesta área, atuando também
na indústria de jogos eletrônicos e cursos on-line.
Atualmente dedica-se à ilustração e quadrinhos para
o mercado editorial europeu e também à ilustração
científica de arqueologia no Brasil e na Europa.
110 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The group formed by the greatest heroes of the
DC Universe was presented at the dawn of the
Silver Age of comics, in The Brave and The Bold
#28, March 1960. The Justice League already had
different versions, both in comics and in cartoons.
Although Batman, Superman and Wonder Woman
were seen as the main members of the group, only
Wonder Woman participated actively in the first
adventures of the team, alongside Aquaman, Flash,
Green Lantern and Martian Manhunter. The sales
success of their comic books influenced the creation
of the Fantastic Four by Marvel Comics the following
year, in November 1961. Part of the popularity of
the League and its members comes from the big
success of the animated series Super Friends (1973-
1986), Justice League (2001-2004) and Justice League
Unlimited (2004-2006).
“The International Justice League mixed
personal dramas of the superheroes in
their adventures, deconstructing their
idealization and bringing them closer to
the reality of normal ordinary people,
and that conquered me. At the same
time it treated issues of international
politics of the time, making the
narrative historically interesting.”
Born in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, graduated
in Architecture and Urban Planning at UFRGS (Rio
Grande do Sul Federal University). From the age of 16
she worked as an illustrator for the editorial market,
concentrating her professional activity in this area
but also working with electronic games and on-line
courses. She is currently dedicated to comics and
illustration for the European market and to scientific
illustrations for archeology in Brazil and Europe.
www.anakoe.com
Bico de pena e aquarela sobre papel canson 200 g.
Quill pen and watercolor on Canson paper 200g.
LITTLE NEMO
A
s noites do pequeno Nemo são sempre
agitadas. Em seus sonhos, ele parte em busca
de Slumberland (“Terra dos Sonhos” em
tradução livre), terra governada pelo Rei Morpheus,
onde poderá brincar com a Princesa Camille. Em seu
caminho, encontra toda sorte de criaturas oníricas
e situações surreais que, invariavelmente, o levam a
cair da cama e acordar no último instante antes de
ser transformado em um macaco ou ser esmagado
por um cogumelo gigante. A obra-prima criada pelo
artista e visionário Winsor McCay, um pioneiro
também na área da animação, é um marco dos
quadrinhos publicado pela primeira vez no jornal
New York Herald, em 15 de outubro de 1905. Suas
páginas dominicais coloridas, publicadas há mais de
um século, são de uma opulência visual e sofisticação
narrativa que impressionam até hoje, sendo
mencionadas como referência para artistas de diversas
áreas e já tendo sido expostas no Museu do Louvre e
no Metropolitan Museum of Art em Nova York.
“Em minha opinião, Little Nemo é a
tira perfeita. É fantasia pura, mas ainda
assim tem relação com a existência. A
maestria artística de Winsor McCay é o
princípio da narrativa em quadrinhos,
Ryan Sook que estabeleceu e desafiou regras de
maneira que ainda não conseguimos
superar. É brilhante!”
Ryan começou a trabalhar com quadrinhos em 1997
e, desde então, colaborou com todas as grandes
editoras dos EUA, assim como várias independentes.
Seu trabalho já passou por todo gênero, dos super-
heróis ao faroeste, do terror ao romance. Nos
últimos tempos, ele é mais conhecido como capista
da DC Comics. Suas obras de maior destaque
incluem: Arkham Asylum: Living Hell, B.P.D.P. Terra
Oca, Sete Soldados da Vitória: Zatanna e Wednesday
Comics: Kamandi.
114 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Little Nemo’s nights are always agitated. In his
dreams, he departs in search of Slumberland, the
realm of King Morpheus, where he will be able
to play with Princess Camille. On his journey
he comes across all sorts of oniric creatures and
surreal situations which, invariably, before being, for
example, transformed into a monkey or crushed by a
giant mushroom lead him to fall off his bed and wake
up at the last moment. The masterpiece created by
artist and visionary Winsor McCay, also a pioneer in
animation, is a landmark in comics and was published
for the first time in the New York Herald, on October
15, 1905. Its colorful Sunday pages, published for
more than a century, present a visual opulence and
sophisticated narrative which are impressive even
today, being mentioned as a reference for artists in
several areas and already having been exhibited at
the Louvre Museum and the Metropolitan Museum
of Art in New York.
“Little Nemo is the perfect comic
strip for me. It is pure fantasy but so
tapped into our human existence. The
uncompromising artistry of Winsor
McCay is the beginning of comic strip
storytelling and establishes and bends
the rules of such in ways that we still
can’t match today. It’s brilliant!”
Ryan has been working in comics since 1997
and during his time has worked for all major US
publishers as well as many independents. His work
has touched on every genre, from superhero to
western, horror to romance. He is mostly recognized
in recent years as a cover artist for DC Comics. Some
notable works include Arkham Asylum: Living Hell,
B.P.R.D. Hollow Earth, Seven Soldiers: Zatanna, and
Wednesday Comics: Kamandi.
www.ryansook.com
Mídia mista sobre papel.
Mixed media on paper.
LOBO SOLITÁRIO LONE WOLF AND CUB
D
urante o Período Edo da história do Japão
(1603-1868), Itto Ogami, então executor
do Shogum, é falsamente acusado de
traição e tem todo o seu clã dizimado, à exceção
de seu pequeno filho Daigoro. Em desgraça,
Ogami é levado a vagar pelo Japão na companhia
do filho, atuando como assassino de aluguel,
sendo contratado geralmente para matar pessoas
influentes e outros alvos difíceis, até o confronto
final com aqueles que roubaram sua honra e sua
família. O mangá épico de 28 volumes e mais de
8.700 páginas criado por Kazuo Koike e Goseki
Kojima, publicado originalmente no Japão, de
setembro de 1970 a abril de 1976, traz com enorme
riqueza de detalhes; de elementos da natureza a
locais e atividades tradicionais japonesas da época,
incluindo cenas de batalhas que se desdobravam
por mais de uma centena de páginas. As primeiras
edições norte-americanas da série publicadas no
final da década de 1980, tinham capas de Frank
Miller, fã declarado da série que, segundo ele,
exerceu forte influência sobre o seu trabalho em
Ronin e Sin City. A saga do Lobo Solitário também
foi adaptada em uma série de filmes para o cinema e
em duas séries para a TV.
“Comecei a gostar de histórias
de samurais por causa de Lobo
Solitário. Foi meu primeiro mangá
de adolescente. Itto Ogami é o mais
destemido, determinado e implacável
Rafael anti-herói já criado”.
Grampá
Ex-designer, ex-diretor de animação, atual
quadrinista, futuro #soadeuspertence, Rafael já fez
capas para as editoras DC, Marvel, IDW, Valiant
e Dark Horse Comics; fez HQs com o Batman,
Wolverine e Hellblazer; e é autor da graphic novel
Mesmo Delivery. Recebeu os prêmios Eisner (pela
antologia 5) e HQ Mix (Mesmo Delivery).
116 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
During the Edo period in Japan’s history (1603-1868),
Itto Ogami, then the executioner of Shogum, is
falsely accused of treachery and has all his clan
decimated, apart from his small son Daigoro. In
disgrace, Ogami starts wandering around Japan with
his son acting as a hitman, usually being hired to kill
influential people and other difficult targets, until the
final confrontation with those who stole his honor
and his family. The 28-volume 8,700-page epic
manga created by Kazuo Koike and Goseki Kojima,
originally published in Japan between September
1970 and April 1976, brings, with a huge wealth of
detail, ranging from elements of nature to traditional
places and activities of the period, including battle
scenes which unfolded for over 100 pages. The
first American editions, published at the end of the
1980s, had covers by Frank Miller, a declared fan
of the series which, according to him, had a strong
influence on his work in Ronin and Sin City. The saga
of the Lone Wolf was also adapted as a film series for
cinema and two TV series.
“I started to enjoy Samurai stories
because of the Lone Wolf and Cub,
it was my first teenage manga. Itto
Ogami is the most fearless, determined
and implacable anti-hero ever created”.
Ex-designer, ex-animation director, current
cartoonist, future “#belongstogodonly,” Rafael has
designed covers for publishers DC, Marvel, IDW,
Valiant and Dark Horse Comics. He has written and/
or drawn Batman, Wolverine and Hellblazer, is the
author of the graphic novel Mesmo Delivery and has
received an Eisner Award (for the anthology 5) and a
HQ Mix Award (Mesmo Delivery).
www.flickr.com/rafaelgrampa
Nanquim sobre papel.
Ink on paper.
LOVE AND ROCKETS
A
série lançada pelos irmãos Gilbert e Jaime
Hernandez (Los Bros Hernandez), em
1981, foi um dos marcos da revolução dos
quadrinhos independentes que aconteceu naquela
década. Love and Rockets contém um conjunto de
narrativas contínuas que pertencem a dois grupos:
Palomar, de autoria de Gilbert, que traz a história
épica e fantástica dos habitantes de uma vila
ficcional homônima localizada na América do Sul;
e Locas, de autoria de Jaime, que conta as aventuras
de um grupo de personagens latino-americanas
desde sua adolescência, durante o início da cena
punk na Califórnia, estendendo-se aos dias atuais.
Nas histórias de Love and Rockets, há grande uso
de flashbacks como ferramenta narrativa, e os
personagens são realmente afetados pela passagem
do tempo, rompendo certa tradição dos quadrinhos
americanos em não envelhecer os personagens
principais. Em maio de 2013, Gilbert anunciou que
está trabalhando no roteiro cinematográfico do
álbum Palomar.
“Conheci Love and Rockets em um
álbum editado pela Record no início
dos anos 1990 chamado Crônicas de
Palomar. Era uma época de descobertas
para mim, que avançava como leitor de
Rogério quadrinhos, e o estranhamento inicial
Coelho deu lugar à admiração ao ver histórias
comuns de pessoas comuns serem
narradas de maneira tão especial.”
Paulistano, nascido em 1975, Rogério começou a
ilustrar profissionalmente em 1997. Ilustrou mais de
80 livros de literatura de autores como: Monteiro
Lobato, Ruth Rocha, Ferreira Gullar, Moacyr
Scliar, entre outros. Recebeu diversos prêmios
pelo seu trabalho, incluindo a menção “Altamente
Recomendável” pela FNLIJ e, em 2012, o Prêmio
Jabuti. No campo dos quadrinhos, esteve presente
no álbum MSP Novos 50 com a história “Horácio —
Pelos seus Olhos.” Reside atualmente em Curitiba,
Paraná.
118 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The series created by brothers Gilbert and Jaime
Hernandez (Los Bros Hernandez) in 1981 was a
landmark in the revolution of independent comics
that took place in that decade. Love and Rockets
contains several ongoing narratives, the most
prominent being Gilbert’s Palomar which brings
the epic and fantastic story of the inhabitants of a
fictional village in Latin America; and Jaime’s Locas,
which portrays the adventures of a group of Latin
American characters from their teenage years, in
the early days of the California punk scene, to the
present day. Love and Rockets stories make extensive
use of flashbacks as a narrative tool and characters
are really affected by the passage of time, breaking
away from a certain tradition in American comics
where the main characters do not age. In May 2013,
Gilbert announced he was working on a cinema
script for the Palomar album.
“I got to know Love and Rockets in
an album published by Record at the
beginning of the 90s called Crônicas de
Palomar (Palomar Book 1: Heartbreak
Soup). It was a time of discoveries for
me, progressing as a comics reader,
and the initial strangeness gave way to
admiration when I saw ordinary stories
about ordinary people being narrated in
such a special way.”
Born in São Paulo in 1975, he started illustrating
professionally in 1997. Has illustrated more than
80 books of literature by authors such as Monteiro
Lobato, Ruth Rocha, Ferreira Gullar and Moacyr
Scliar, among others. Has received several prizes for
his work including a Highly Recommended Mention
by FNLIJ and in 2012 the Jabuti Prize. In the field of
comics, has been present in the album MSP Novos
50 with the story “Horácio — Pelos seus Olhos”
(Horacio — Through your Eyes). Currently lives in
Curitiba, Paraná.
http://rogeriocoelhoilustrador.blogspot.com.br/
Ilustração digital.
Digital illustration.
LUCKY LUKE
O
caubói que dispara mais rápido que a
própria sombra foi criado por Maurice De
Bévère, mais conhecido como Morris, e
apareceu pela primeira vez na revista belga Spirou, em
dezembro de 1946. Lucky Luke é um caubói solitário
que viaja pelo Velho Oeste durante as últimas
décadas do século XIX, enfrentando criminosos,
em especial os Irmãos Dalton, que ele enviou para
a prisão inúmeras vezes. Na companhia de Jolly
Jumper, o cavalo mais esperto do mundo, e de
Rantanplan, o cachorro mais estúpido do mundo, ele
também encontrou diversos personagens históricos,
como Billy the Kid, Jane Calamidade, Buffalo Bill,
Mark Twain e muitos outros. Ao lado de Tintim e
Asterix, Lucky Luke, com seu tributo humorístico
ao Velho Oeste, já apareceu em filmes e séries para
TV, animações e games, e é um dos personagens de
quadrinhos mais populares em toda a Europa.
“Lembro-me de quando criança, meu
pai chegando em casa das viagens
que fazia a trabalho, sempre com um
quadrinho em mãos. Quase sempre
um Tintim, Asterix ou Lucky Luke.
Tiago Os responsáveis pela minha vontade
“Elcerdo” em não ser apenas um consumidor,
Lacerda
mas também um quadrinista. Só
bem depois fui consumir os super-
heróis americanos. E como um bom
apreciador de faroeste, Lucky Luke era
a escolha certa.”
Tiago “Elcerdo” nasceu em Volta Redonda/RJ, em
1979. Desistiu dos estudos de Física para se tornar
ilustrador e quadrinista. É um dos idealizadores da
revista em quadrinhos independente Beleléu, que se
tornou um selo. Em 2010, publicou semanalmente
a série Friquinique, no site IdeaFixa. Em 2011,
participou do álbum MSP Novos 50, coletânea de
artistas convidados por Mauricio de Sousa, e do
Projeto Mil da Editora Barba Negra e Narval Comix,
com a HQ Bebê Gigante. Ilustra desde 2012 uma
coluna semanal para o jornal Folha de S.Paulo.
120 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The cowboy who shoots faster than his own shadow
was created by Maurice De Bévère, more commonly
known as Morris, and appeared for the first time
in the Belgian magazine Spirou in December 1946.
Lucky Luke is a solitary cowboy who travels to the
Wild West during the last decades of the 19th century
confronting criminals, specially the Dalton Brothers,
who he sent to prison many times. In the company
of Jolly Jumper, the smartest horse in the world, and
of Rantanplan, the stupidest dog in the world, he
also met several historical characters such as Billy
the Kid, Calamity Jane, Buffalo Bill, Mark Twain and
many others. Besides Tintin and Asterix, Lucky Luke,
with his humorous tribute to the Wild West, is one
of the most popular comic characters throughout
Europe and has already appeared in TV films and
series, animations and games.
“I remember as a kid, my dad coming
home from work trips, always had a
comic in his hands. Almost always it
was a Tintin, Asterix or Lucky Luke.
They were responsible for my desire
to be not only a consumer, but also a
comics artist. It was only much later
that I went on to read the American
heroes. And as a great appreciator of
western stories, Lucky Luke was the
right choice.”
Born in Volta Redonda, Rio de Janeiro, in 1979. He
gave up studying physics to become an illustrator
and comics artist. He is one of the idealizers of the
independent comic Beleléu, which became a label.
In 2010, he published weekly series Friquinique, in
the website IdeaFixa. In 2011, he participated in the
album MSP Novos 50, a compilation of artists doing
tribute to Mauricio de Sousa, and the Projeto Mil
of publisher Barba Negra and Narval Comix, with
the comic Bebê Gigante. Since 2012 he has been
illustrating a weekly column for the newspaper
Folha de São Paulo.
www.elcerdo.com.br
Arte digital.
Digital art.
LULUZINHA LITTLE LULU
L
uluzinha, a garota esperta e teimosa, de
cabelos cacheados e vestido vermelho, foi
criada pela cartunista norte-americana
Marjorie Henderson Buell, por encomenda para
a revista norte-americana The Saturday Evening
Post, e estreou na edição de fevereiro de 1935, em
uma ilustração na qual aparece como menina das
flores em um casamento, porém jogando cascas de
banana ao invés de pétalas de rosas. Seu universo
ficcional foi expandido com a inclusão de novos
personagens, sendo Bolinha o principal deles, que se
alterna nas posições de amigo e rival de Luluzinha.
Suas histórias começaram a ser publicadas no Brasil
em 1955 e fizeram grande sucesso pelas décadas
seguintes, com a popularização de expressões como
“Clube do Bolinha” (para reuniões ou encontros
exclusivos para meninos) e “Clube da Luluzinha”
(idem, porém exclusivamente para garotas); a canção
“Festa do Bolinha”, de Roberto Carlos e Erasmo
Carlos, lançada em 1966 e um dos sucessos da Jovem
Guarda; e, mais recentemente, o lançamento da
revista Luluzinha Teen e sua Turma em junho de
2009, escrita e produzida no Brasil.
“A pequena Lulu é uma personagem
cativante, forte e dona de muita
personalidade e tudo isso sem deixar de
ser uma menina fofinha. Isso foi motivo
mais que suficiente para escolhê-la.”
Rayner
Alencar
Rayner tem 19 anos e trabalha com ilustração desde
2011. Atua principalmente na área de publicidade,
fazendo storyboards, ilustração editorial, concepts de
personagens e cenários. Às vezes se arrisca na área
de animação.
122 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Little Lulu, the smart and stubborn little girl, of curly
hair and red dress, was created by North-American
cartoonist Marjorie Henderson Buell at the request
of the American magazine The Saturday Evening Post
and starred in the February edition in 1935, where she
appears as a flower girl at a wedding, but throwing
banana skins instead of rose petals. Her fictional
universe was expanded with the inclusion of new
characters, Tubby being the main one, changing from
Little Lulu’s friend to rival. Her stories began to be
published in Brazil in 1955 and were a great success
in the following decades, with the popularization of
expressions such as “Clube do Bolinha” (for meetings
exclusive for boys), "Clube da Luluzinha" (the same
but for girls only), and the song Festa do Bolinha,
by Roberto Carlos and Erasmo Carlos released in
1966 and one of the great successes of the musical
movement Jovem Guarda (Young Guard) and, most
recently, the launch of the magazine Luluzinha Teen
e sua Turma (Teen Little Lulu and her Gang) in June
2009 produced, written and drawn in Brazil.
“Little Lulu is a captivating character,
strong and with a great personality and
all this while still being a sweet little girl.
This was more than enough reason to
pick her.”
Rayner is nineteen years old and has worked as an
illustrator since 2011. Currently works mostly in
advertising, doing storyboards, editorial illustration,
character and scenario concepts. Sometimes chances
his hand at animation.
http://rayneralencar.blogspot.com.br/
Ilustração digital.
Digital illustration.
MAFALDA
P
ublicada originalmente entre 1964 e 1973, as
tiras criadas pelo argentino Quino mostram
uma garota de aproximadamente oito anos
cujos comentários são o espelho das inquietudes
de sua época, período de grande convulsão social
e política no mundo e, em especial, na América
Latina. Ironicamente, a personagem foi criada em
1963, para a campanha publicitária do lançamento
de uma linha de eletrodomésticos chamados
Mansfield, razão pela qual o nome da personagem
começa com a letra M. A campanha não foi
veiculada, porém Quino dá continuidade às tiras
para dar voz a uma personagem profundamente
preocupada com a humanidade e com a paz
mundial, que usufrui de enorme popularidade na
América Latina e Europa.
“Mafalda foi a única personagem de
quadrinhos que conheci por intermédio
da minha mãe. Nós três acreditamos
na construção de uma boa vida pra
todo mundo. E tentamos fazer isso
Eduardo com um misto de ingenuidade e
Damasceno inconformidade. Reconhecemos que
o mundo está todo errado, mas nos
recusamos a cair na imbecilidade de
não fazer nada a respeito.”
Eduardo faz quadrinhos. Antes disso, fez muita coisa
e, em sua opinião, talvez a mais significativa delas
tenha sido se formar em Produção Editorial, um
curso da área de Comunicação. Faz dívidas e quebra
a cara, consequência de uma dificuldade imensa
de aceitar as coisas como elas são porque acha que
estão erradas. Por sorte, encontrou o Luís Felipe
Garrocho, que concorda com ele nisso. Juntos, fazem
o Achados e Perdidos, o Cosmonauta Cosmo e criaram
o Quadrinhos Rasos. Através do entretenimento eles
acham que dá pra fazer as pessoas ficarem mais juntas
e felizes, então eles tentam.
Aquarela, guache, posca, acrílica e nanquim sobre papel para aquarela.
Watercolor, gouache, posca acrylics, inks on watercolor paper.
124 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Originally published between 1964 and 1973, the
strips created by Argentinian Quino show a girl of
approximately eight years of age whose comments
mirror the unrest of her time, a period of great social
and political convulsion in the world and especially in
Latin America. Ironically, the character was originally
created in 1963 for an advertising campaign to launch
a line of household appliances called Mansfield, the
reason why the characters’ name begins with an
M. The campaign ended up not being shown, but
Quino continued to draw the strips, to give voice to
a character who is deeply worried with humanity and
world peace and became hugely popular in
Latin America and Europe.
“Mafalda was the only comic character
that I got to know through my
mother. The three of us believe in the
construction of a good life for everyone.
And we try to do this with a mixture
of ingenuity and inconformity. We
recognize that the world is all wrong,
but we refuse to fall into the imbecility
of not doing anything about it.”
Eduardo draws comics. Before that he did many
other things and, in his opinion, maybe the most
significant of all has been to graduate in Editorial
Production, a course in Communications. He piles
up debts and gets into trouble, the consequence of
an immense difficulty in accepting things as they are
because he thinks they are wrong. Luckily he met
Luís Felipe Garrocho, who agrees with him on this.
Together they produce Achados e Perdidos (Lost and
Found), Cosmonauta Cosmo (Cosmo Cosmonaut)
and created Quadrinhos Rasos (Shallow Comics).
Through entertainment they believe they can make
people become closer and happier, so they try.
www.quadrinhosrasos.com
MANDRAKE
T
reinado em artes místicas em algum lugar
do Tibete desde a juventude, Mandrake
desenvolveu poderes psíquicos, hipnóticos
e telecinéticos, além de conseguir ficar invisível e
de se teleportar, entre outras habilidades que usa
para combater de gângsteres e cientistas loucos
a extraterrestres e vilões de outras dimensões. O
mágico de fraque, capa e cartola criado por Lee Falk
é publicado pela primeira vez em junho de 1934, e
foi o primeiro super-herói dotado de poderes e o
primeiro a integrar uma dupla inter-racial de heróis,
atuando ao lado de Lothar, o homem mais forte
do mundo. Ambos apareceram na série animada
da superequipe Os Defensores da Terra, também
composta pelo Fantasma e Flash Gordon, todos eles
personagens licenciados pela King Features.
“É complicado dizer o que tanto me
atrai nas histórias do Mandrake.
Talvez seja o meu lado historiador,
interessado na problemática relativa à
representação de um personagem de
Luís Felipe quadrinhos com os costumes e ideais
Garrocho de um período da história. Talvez seja a
cartola. Um dos dois.”
Depois de ser esquecido pelos seus pais em uma
biblioteca, Luís Felipe foi criado pelas revistas da
seção de quadrinhos. Anos depois, se reurbanizou
e deixou as HQs de lado. Porém, forças estranhas
o levaram ao encontro de Eduardo Damasceno,
e juntos criaram o Quadrinhos Rasos, o Achados e
Perdidos, e mais um tanto de coisas que ainda estão
por sair. Criou também, nesse meio tempo, o Bufas
Danadas. Acredita fielmente no poder do quadrinho
de salvar o mundo e vai lutar a sua vida toda para
que isso aconteça.
126 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Practicing mystical arts in Tibet in his youth,
Mandrake developed psychic, hypnotic and
telekinetic powers, as well invisibility and
teletransportation, among other abilities he uses
to combat everyone from gangsters and mad
scientists to aliens and villains in other dimensions.
The magician with his frock coat, cape and top
hat created by Lee Falk and published for the first
time in June 1934 was the first superhero who had
powers and, also, the first to be part of an interracial
couple of heroes, acting beside Lothar, the strongest
man in the world. Both more recently appeared
in the animated series Defenders of the Earth, also
composed by the Phantom and Flash Gordon, all
characters belonging to King Features.
“It is difficult to say what attracts me
so much to the Mandrake stories.
Maybe it’s my historian side which is
interested in the problem relating to the
representation of a comics character
with the costumes and ideals of a
certain period in history. Maybe it’s his
top hat. One of the two.”
After being forgotten by his parents in a library, he
was brought-up by the magazines in the comics
section. Years later he re-urbanized himself and
left the comics behind. However, strange forces
led him to meet Eduardo Damasceno and together
they created Quadrinhos Rasos, Achados e Perdidos,
and many other things which are still to come. In
this period he also created Bufas Danadas. He truly
believes in the power of comics to save the world
and will fight his whole life for this to happen.
www.quadrinhosrasos.com
Ilustração digital.
Digital Illustration.
MENINO MALUQUINHO
E
le inventa histórias, faz versinhos e canções, é
levado e travesso, mas traz em si uma felicidade
contagiante. O Menino Maluquinho, criação
do cartunista mineiro Ziraldo, é apresentado no
livro homônimo publicado no Brasil em 1980, com
enorme sucesso. Suas histórias que descrevem
liricamente o saber da infância já foram adaptadas
para filmes de longa-metragem, série de TV, teatro
e em uma infinidade de atividades voltadas à
educação infantil e estímulo à leitura.
“O Menino Maluquinho tem um
significado antigo pra mim. Li pela
primeira vez em 1993, com oito anos de
idade. Eu era bem quieto por medo do
que podia acontecer se eu não fosse. Mas
Bruno isso mudou depois do livro. Ele faz coisas
Oliveira que me diziam pra não fazer. Ele se
comportava com coragem e curiosidade,
e isso não fazia dele um menino mau.
Foi a primeira vez que me lembro de ter
pensado ‘e se eu desobedecer?”
Bruno nasceu em Uberaba, Minas Gerais, em 1985.
Mudou-se para Uberlândia alguns anos depois e
fez cursos de desenho quando era criança. Publicou
pela primeira vez aos 16, ilustrando algumas
pequenas matérias para revistas da editora Conrad.
Aos 19 anos, estudou na Quanta Academia de Artes
e depois disso passou a trabalhar com ilustrações,
HQs, storyboards e design de personagens para
editoras e estúdios nacionais e internacionais, na
Dinamarca, Canadá, EUA e Alemanha.
Lápis, nanquim, aquarela e copic markers sobre papel.
128 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
He makes up stories, little verses and songs, he is
mischievous and naughty, but carries a contagious
happiness. Menino Maluquinho (Nutty Boy), a
creation of cartoonist Ziraldo, presented in the book
of the same name published in Brazil in 1980 was a
great success. His stories, which lyrically describe the
knowledge of childhood, have already been adapted
for feature films, TV series, theatre plays and an
infinity of activities related to children’s education
and reading.
“Menino Maluquinho has an important
meaning for me. I read it for the first
time in 1993, when I was eight years old.
I was very quiet, for fear of what could
happen if I wasn’t. But this changed
after I read the book. He does things
people told me not to do. He behaves
with curiosity and courage and this didn’t
make him evil. It was the first time I
thought to myself ‘what if I misbehave?’”
Born in Uberaba, Minas Gerais, in 1985. Moved to
Uberlândia a few years later and did drawing courses
when he was a child. Published for the first time
when he was 16, illustrating a few small articles for
magazines by publisher Conrad. When 19, studied
at Quanta Academy of Arts and started to work
with illustrations, comics, storyboards and character
design for publishers and national and international
studios, in Denmark, Canada, US and Germany.
www.bbrunoliveira.com
Pencil, inks, watercolor and copic markers on paper.
MICKEY MOUSE
P
ersonagem criado por Walt Disney e pelo
desenhista Ub Iwerks para o desenho animado
Steamboat Willie (O Barco a Vapor), lançado em
18 de novembro de 1928, dublado pelo próprio Walt.
Foi apenas em janeiro de 1930, após ter aparecido
em 15 curtas de animação, que Mickey estreou em
tiras nos jornais americanos, porém, ao contrário
das histórias essencialmente cômicas dos filmes
animados, nos quadrinhos ele é apresentado como
um aventureiro. Presente em uma infinidade de
produtos e o principal mascote dos famosos parques
de diversões Disney, Mickey Mouse é o símbolo
máximo dos estúdios Disney e um dos personagens
mais conhecidos em todo o mundo.
“Eu queria ser do Clube do Mickey
Mouse (eu era apaixonado pela
Annette Funicello, que aparecia no
programa). Também cresci assistindo
The Wonderful World of Color, o
Peter Kuper programa de Walt Disney que passava
no domingo à noite. Era o momento
mais esperado da minha semana,
principalmente quando passavam
desenhos do Mickey. Essas primeiras
influências são parte do motivo
pelo qual virei cartunista. Às vezes,
quando eu assisto aos primeiros curtas
animados da Disney, de Ub Iwerks (o
primeiro e melhor artista de Mickey),
acredito que toda grande ideia que eu
preciso está lá.”
Peter é cofundador da revista de cartunismo político
World War 3 Illustrated. Desde 1997, ele escreve e
desenha Spy vs. Spy para a revista Mad, em todas as
edições; é autor de mais de vinte livros, incluindo
O Sistema e a adaptação de A Metamorfose, de
Franz Kafka; dá aulas sobre quadrinhos há 25 anos
em Nova York e é professor visitante na Harvard
University.
130 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The cartoon character created by Walt Disney and
designer Ub Iwerks for the short animated film
Steamboat Willie, released on November 18, 1928,
was voiced by Walt himself. It was only in January 1930,
after having appeared in 15 short animation movies,
that Mickey starred in strips in American newspapers,
however, opposed to the essentially comic stories of
the animated films, in the comics Mickey is presented
as an adventurer. Seen in an infinity of products and
being the main mascot of famous Disney amusement
parks, Mickey Mouse is the supreme symbol of the
Disney Studios and one of the most well-known
characters throughout the world.
“I wanted to be a Mouseketeer (I was
in love with the Mickey Mouse Club
actress Annette Funicello). I also grew
up watching The Wonderful World of
Color, Walt Disney’s Sunday night TV
show. It was my favorite part of the
week, especially when they showed
cartoons with Mickey Mouse. These
early influences were part of the
the reason I became a cartoonist.
Sometimes when I watch those old
black and white animated Disney shorts
by Ub Iwerks (the first and best Mickey
artist), I think every great idea I need to
find is right there.”
Peter is co-founder of the political graphics magazine
World War 3 Illustrated. Since 1997, he has written
and drawn Spy vs Spy for Mad Magazine every issue.
Kuper has produced over twenty books including
The System and an adaptation of Franz Kafka’s The
Metamorphosis. Kuper has been teaching comics
courses for 25 years in New York and is a visiting
professor at Harvard University.
www.peterkuper.com
Stencil, tinta spray e lápis de cor sobre papel.
Stencil, spraypaint and colored pencil on paper.
MONSTRO DO PÂNTANO SWAMP THING
O
Monstro do Pântano apareceu na revista
House of Secrets 92 de junho-julho de 1971.
Na história criada por Len Wein e Bernie
Wrightson, Alex Olsen é um cientista do início do
século XX que é vítima de uma explosão em seu
laboratório. Produtos químicos se misturam às águas
de um pântano próximo para alterarem sua fisiologia e
transformá-lo em uma criatura monstruosa. A história
teve boa recepção e foi pedido aos seus criadores uma
versão mais contemporânea do personagem. Swamp
Thing 1 de outubro-novembro de 1972, apresentou o
cientista Alex Holland e uma origem similar àquela
contada na revista publicada no ano anterior, porém
se passando no tempo atual. O grande momento do
personagem teve início em The Saga of Swamp Thing
21, em fevereiro de 1984, quando o título passou a ser
escrito pelo então iniciante escritor britânico Alan
Moore. Deu-se início a uma completa reformulação
do personagem, com histórias de horror e fantasia,
hoje, consideradas verdadeiros clássicos e um marco
dos quadrinhos, com uma temática mais sofisticada,
voltados ao público adulto.
“O Monstro do Pântano era um dos
meus personagens preferidos quando
criança, e a confirmação de que eu
adorava heróis de terror mais do que os
super-heróis normais. Também foi meu
Phil Hester primeiro trabalho regular na DC, como
profissional, foi como jogar beisebol para
o time que você amou a vida inteira. Meu
estilo é bem adequado para personagens
estranhos, dark, grotescos, e o Monstro é
a epítome de todos esses aspectos.”
Phil escreve e desenha quadrinhos há mais de
duas décadas, tendo começado quando ainda era
estudante na University of Iowa. Após se estabelecer
no mundo dos quadrinhos indie com a série The
Wretch, indicada ao prêmio Eisner, entrou no
mercado mainstream com uma longa passagem pela
série Monstro do Pântano na DC, ao lado do roteirista
Mark Millar. Ele também desenhou a revitalização
do Arqueiro Verde comandada por Kevin Smith, ao
lado de seu arte-finalista de longa data, Ande Parks,
também na DC. Escreveu The Coffin, com o artista
Mike Huddleston, que teve os direitos comprados
por James Cameron, e Firebreather, com o artista
Andy Kuhn, que virou desenho animado do Cartoon
Network e ganhou um Emmy. Phil, atualmente,
escreve Guarding the Globe para a Skybound
Entertainment de Robert Kirkman. Ele mora na zona
rural de Iowa com a esposa e dois filhos.
132 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The Swamp Thing first appeared in House of Secrets
#92, (June-July 1971). In the story created by Len
Wein and Bernie Wrightson, Alex Olsen is a scientist
living in the early 20th century who is caught in a lab
explosion. The chemicals mixed with the waters of
a nearby swamp altered his physiology and he was
transformed into a monstrous creature. The story
had a good run and his authors were asked to make
a contemporary version of the character. Swamp
Thing #1, (October-November 1972), presented
scientist Alex Holland and his origin was similar to
the version published the year before, but told in
the present time. The character’s greatest moment
began in The Saga of Swamp Thing #21, (February
1984), with the story written by the then newcomer
British writer Alan Moore. A complete reformulation
of the character began, with horror and fantasy
storylines which today are considered classics and
also a landmark for comics with more sophisticated
themes, directed at an adult audience.
“Swamp Thing was one of my absolute
favorites as a kid, and the true
confirmation that I loved horror heroes
more than regular superheroes. It was
also my first regular assignment for
DC as a pro, so it’s a bit like getting to
play baseball for your lifelong favorite
team. My style lends itself to odd,
dark, grotesque characters, and Swamp
Thing is the epitome of all those
characteristics.“
Phillip Hester has been writing and drawing comics
for over two decades, beginning while still a student
at the University of Iowa. After establishing himself
in the world of indie comics with the Eisner Award
nominated series The Wretch, Phil broke into the
mainstream with a long run as artist of DC’s Swamp
Thing with writer Mark Millar. He also drew Kevin
Smith’s revival of Green Arrow with long time inker
Ande Parks, also for DC. He wrote The Coffin with
artist Mike Huddleston which was optioned by
James Cameron, and Firebreather with artist Andy
Kuhn, which became an Emmy-winning television
feature for Cartoon Network. Phil currently writes
Guarding the Globe for Robert Kirkman’s Skybound
Entertainment. Phil lives in rural Iowa with his wife
and two children.
www.twitter.com/philhester
Lápis e nanquim sobre papel.
Pencil and inks over paper.
 MORTE DEATH
C
riada por Neil Gaiman e Mike Dringenberg,
a irmã mais velha do Mestre dos Sonhos
e membro dos Perpétuos apareceu pela
primeira vez em The Sandman (vol. 2) 8, em agosto
de 1989. Na forma de uma jovem de pele pálida e
de longos cabelos negros, que leva um pingente em
forma de ankh no pescoço, Morte acompanha as
pessoas em sua jornada derradeira, mas também
as visita no momento de seu nascimento. Por um
dia em cada século, a personagem vive (e morre)
para que possa compreender o valor das vidas que
ela reclama, como visto nas minisséries Morte: O
Preço da Vida, publicada em 1993, e Morte: O Grande
Momento da Vida, lançada em 1996, ambas de Neil
Gaiman, Chris Bachalo e Mark Buckingham.
“Lembro-me que comprei minha
primeira edição de Sandman em 1989
Rafael Roncato
em uma banca no Largo da Batata, em
São Paulo, e colecionei a revista durante
muito tempo. Morte e Morfeus eram
Roger Cruz os meus prediletos para desenhar pelas
possibilidades gráficas que ofereciam os
pretos e brancos dos personagens.”
Roger é paulistano, roteirista, ilustrador e
quadrinista. Trabalhou para a Marvel e outras
editoras americanas por quase duas décadas.
Desenhou X-Men, X-Men Alpha, Geração X, X-Men
Primeira Turma, Motoqueiro Fantasma, Hulk,
Homem-Aranha, Wolverine, Vingadores, Darkness e
muitos outros títulos. No Brasil, publicou Xampu —
Lovely Losers, Roger Cruz Artbook e Nudes In Fury.
Atualmente, se dedica a projetos autorais, aquarelas
e ilustrações.
134 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Created by Neil Gaiman and Mike Dringenberg, the
older sister of the Master of Dreams and member
of the Endless appeared for the first time in The
Sandman (vol. 2) #8, in August 1989. In the form of a
pale young woman with long black hair who wears
an ankh on her neck, Death accompanies people on
their final journey but also visits them at the moment
of their birth. For one day in each century, the
character lives (and dies) so she can understand the
value of the lives she claims, as seen in the miniseries
Death: The High Price of Life (1993) and Death: The
Time of Your Life (1996), by Neil Gaiman, Chris
Bachalo and Mark Buckingham.
“I remember I bought my first edition
of Sandman in 1989 at a news stand
in Largo da Batata, in São Paulo, and
collected the comic books for a long
time. Death and Morpheus were my
favorite characters for drawing because
of the graphic possibilities offered by
the black and white characters.
Roger is from São Paulo, a writer, illustrator and
cartoonist. He’s worked for Marvel and other
American publishing houses for almost two decades.
He drew X-Men, X-Men Alpha, Generation X, X-Men
First Class, Ghost Rider, Hulk, Spider-Man, Wolverine,
Avengers, Darkness and many other titles. In Brazil he
published Xampu — Lovely Losers, Roger Cruz Artbook
and Nudes In Fury. He is currently dedicated to
authorial projects, watercolors and illustrations.
http://rogercruzbr.blogspot.com.br/
Marcadores, aquarela e guache sobre papel duplex.
Markers, watercolor and gouache on duplex paper.
MOTOQUEIRO FANTASMA GHOST RIDER
A
pesar de outros personagens da Marvel
Comics terem sido batizados como
Motoqueiro Fantasma, o mais conhecido é a
figura sobrenatural apresentada em Marvel Spotlight
5, em agosto de 1972. Na história criada por Roy
Thomas, Gary Friedrich e Mike Ploog, o motociclista
e artista de circo Johnny Blaze faz um acordo com
o demônio para salvar a vida de seu pai. Com isso,
Johnny passa a ser consumido por um fogo infernal
que o transforma no Espírito da Vingança, uma
figura cadavérica e flamejante vestindo roupas de
couro, que persegue e pune os criminosos que
considera pecadores. Foram lançados dois filmes do
Motoqueiro Fantasma — em 2007 e 2012 — ambos
estrelados por Nicholas Cage, fã declarado do
personagem.
“Escolhi o Motoqueiro Fantasma porque
ele lembra a minha adolescência,
quando eu sonhava de frente para
imagens do Iron Maiden e outras
bandas de heavy metal, de cartazes de
Olivier filme de terror ou ilustrações com este
Martin tipo de atmosfera de horror.”
Olivier é um artista francês nascido em 1974.
Ele publica histórias variadas (aventura, policial,
intimistas…) desde 1999, com diversas editoras.
Em 2011, recebeu junto ao escritor Sylvain Runberg
o prêmio International Silver Manga, do governo
japonês, pela graphic novel Face Cachée (história
intimista lançada em dois volumes que se passa em
Tóquio). Também veio ao Brasil para o FIQ 2011
e para a Festa Literária Internacional das UPPs
(FLUPP), em 2012, e foi esta última experiência
que o inspirou a fazer a ilustração do Motoqueiro
Fantasma.
136 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Although other Marvel Comics characters have been
baptized Ghost Rider, the most well-known is the
supernatural figure presented in Marvel Spotlight #5,
August 1972. In the story written by Roy Thomas,
Gary Friedrich and Mike Ploog, the motorcyclist
and circus artist Johnny Blaze makes a pact with the
devil to save his father’s life. With this, Johnny starts
to be consumed by a fire from hell that transforms
him into the Spirit of Vengeance, a cadaverous and
flaming figure wearing leather clothes who pursues
and punishes criminals he considers to be sinners.
Two Ghost Rider films have been released — in 2007
and 2012 — both starring Nicholas Cage, a declared
fan of the character.
“I have chosen the Ghost Rider because
he reminds me of my teenage years
when I was dreaming in front of Iron
Maiden or another heavy metal visuals,
horror movie posters or illustrations
with this kind of terrifying atmosphere.”
Olivier is a French artist born in 1974. Since 1999,
he published different kinds of stories with various
publishers (adventure, crime novels, intimist stories
etc.). In 2011, he received with the writer Sylvain
Runberg the International Silver Manga Award in
Japan for the graphic novel Face Cachée (an intimist
story in two volumes who take place in Tokyo). He
also came to Brasil for FIQ 2011 and FLUPP 2012
— Festa Literária Internacional das UPPs, and this
last experience inspired him for this Ghost Rider
illustration.
http://dessinsdoliviermartin.blogspot.fr/
Ilustração digital.
Digital illustration.
MULHER-GATO C AT WOMAN
E
m sua primeira aparição, na revista Batman 1,
em 1940, Selina Kyle, a Mulher-Gato foi
batizada apenas de “A Gata”, uma personagem
criada para cumprir o papel de femme fatale, que ao
mesmo tempo é antagonista e interesse romântico
do herói, uma figura constante nos quadrinhos e
na literatura pulp daquela época. Desde a década
de 1990, a personagem criada por Bob Kane e Bill
Finger passou a ser retratada como anti-heroína,
assumindo uma posição de protagonista, porém
sem adotar o código de ética esperado de um herói
tradicional, além de manter o seu apreço por joias
raras e objetos de arte, especialmente aqueles
retratando felinos. O relacionamento tenso com
o Batman, porém, permaneceu, e a personagem
é considerada o único grande amor do Homem-
Morcego. A Mulher-Gato é presença em qualquer
das adaptações do universo de Batman para séries
de TV, filmes, games e outras mídias.
“Foi a primeira mulher fatal dos
quadrinhos com a qual tive contato,
e sempre fui fascinado pela sua
dualidade e sua relação com o Batman.
Pra mim, ela sempre foi e sempre
Ig Guara será o referencial da sensualidade nos
quadrinhos.”
Ig sempre foi fascinado pela mídia dos quadrinhos
e suas possibilidades infinitas! Aprendeu a ler com
quadrinhos, e aos 12 anos já sabia o que iria fazer na
vida. Desde então, perseguiu esse sonho. Apesar das
dificuldades, depois de trabalhar como ilustrador de
fantasia e realizar alguns trabalhos de quadrinhos
para pequenas editoras americanas, foi chamado
para seu primeiro trabalho para a Marvel Comics
e vem trabalhando com as grandes editoras desde
então, participando de títulos como Pet Avengers, o
relançamento do Besouro Azul nos Novos 52 da DC e
a recriação do Green Team.
140 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
In her first appearance, in the magazine Batman #1,
in 1940, Selina Kyle, Catwoman was baptized only
“The Cat”, a character created to play the role of
femme fatale who is at the same time antagonist
and romantic interest of the hero, a constant figure
in the comics and pulp literature of the period. Since
the 1990s, the character created by Bob Kane and
Bill Finger has been portrayed in her own right as an
anti-heroine, not adopting the usual code of ethics
of traditional superheroes and maintaining her love
of jewelry and fine art, especially those picturing
cats. The tense relationship with Batman, however
is maintained in all stories and she is considered his
only true love. Catwoman apears in all adaptations of
Batman for TV series, films, games and other media.
“She was the first femme fatale in the
comics I had contact with, and I’ve
always been fascinated with her duality
and her relationship with Batman. For
me she was and always will be the
reference of sensuality in comics.”
Ig has always been fascinated by comics and their
endless possibilities! He learnt to read with comics
and at the age of 12 he already knew what he
wanted to do with his life. Since then, he pursued
this dream. Despite difficulties, after working as a
fantasy illustrator and doing small jobs in comics for
small American publishers, he was asked to do his
first job for Marvel Comics. He has been working
with the large publishers since then, drawing titles
such as Pet Avengers, the relaunch of Blue Beetle in
the New 52 by DC and more recently the recreation
of the Green Team.
www.facebook.com/igguara.barros
Lápis sobre papel.
Pencil on paper.
MULHER-MARAVILHA WONDER WOMAN
A
“ Mulher-Maravilha é um elemento de
propaganda psicológica para um novo tipo
de mulher que deveria, a meu ver, governar
o mundo”, escreveu o psicólogo americano William
Moulton Maston, criador da personagem e inventor
do polígrafo (detector de mentiras), talvez uma
inspiração para o laço da verdade usado pela heroína.
A Mulher-Maravilha foi apresentada aos leitores na
revista All-Start Comics 8, em janeiro de 1942 e, desde
então, sua história passou por mudanças ao longo
do tempo, porém alguns elementos permaneceram,
inalterados: Diana é a princesa de Themyscira (ou
Ilha Paraíso), filha da rainha das amazonas, Hipólita.
Já adulta, foi enviada ao “mundo dos homens” em
missão de paz e para combater toda forma de mal,
contando para isso com poderes recebidos dos
próprios deuses e com o apoio dos heróis da Liga da
Justiça, grupo que integra desde a primeira formação.
Parte da Trindade de principais heróis da DC Comics
ao lado de Superman e Batman, a Mulher-Maravilha
deve grande parte de sua popularidade à série de TV
exibida originalmente de 1975 a 1979, com a atriz
Lynda Carter no papel principal.
“Minha primeira escolha, sem
pestanejar! Um dos primeiros contatos
que tive com comics foi numa revista da
Mulher-Maravilha, boa parte do meu
estudo de anatomia foi sobre Brian
Adriana Bolland e Adam Hughes e suas capas
Melo antológicas. Inspiradora para vários
artistas, um ícone sem dúvida!”
Desde pequena, Adriana foi apaixonada por HQ e
sua meta era trabalhar na área quando crescesse.
Ainda adolescente, passou a treinar e a estudar
em casa, focada em anatomia, cenários e traços de
profissionais que passou a amar. Tempos depois,
participou de uma avaliação de portfólio que a
colocou em contato com editoras americanas e foi aí
o começo do seu trabalho como quadrinista. Teve a
oportunidade de trabalhar em edições de Quarteto
Fantástico, Witchblade, Star Wars: Empire entre
outros títulos.
142 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Wonder Woman is psychological propaganda for
the new type of woman who should, I believe, rule
the world”, wrote the American psychologist William
Moulton Marston, creator of the character and
inventor of the polygraph (lie detector), perhaps an
inspiration for the truth lasso used by the female
hero. Wonder Woman was presented to readers in
the magazine All-Start Comics #8, in January 1942,
and, since then, her story has had some changes
throughout time, but some elements remain
unchanged: Diana is a princess in Themyscira (or
Paradise Island), daughter of the Queen of the
Amazons, Hipolita. Already an adult, she was sent to
the “World of Men” on a peace mission and to combat
all forms of evil, counting on the powers received
by the gods themselves and with support from the
heroes of the Justice League, a group she has been a
part of since her first appearance. Part of the trinity
of top heroes of DC Comics beside Superman and
Batman, Wonder Woman owes a great part of her
popularity to the TV series originally shown between
1975 and 1979 with actress Lynda Carter.
“My first choice, for sure! One of the
first contacts I had with comics was
a Wonder Woman comic book and a
great part of my anatomy studies were
on Brian Bolland and Adam Hughes and
their anthological covers. Inspiring to
several artists, an icon, no doubt!”
Since a child she was in love with comics and her
aim was to work in the area when she grew up. As
a teenager, she started practicing and studying at
home, focusing on anatomy, scenarios and other
professional’s work. A while later, she participated
in a portfolio evaluation that put her in contact with
American publishers and that’s when her work with
comics began. She’s had the opportunity to work
on editions of Fantastic Four, Witchblade, Star Wars:
Empire, among other titles.
www.adrianamelo.com
Lápis sobre papel. Colorização digital.
Pencil on paper. Digital colors.
NHÔ QUIM
E
m 30 de janeiro de 1869, a revista Vida Fluminense
iniciou a publicação de As Aventuras de Nhô Quim
ou Impressões de Uma Viagem à Corte, de autoria
de Angelo Agostini, italiano radicado no Brasil desde os
16 anos de idade. Com textos no rodapé dos desenhos
— os balões surgiriam nos quadrinhos apenas no
século seguinte — as histórias tratavam das aventuras
de um caipira que se muda para o Rio de Janeiro,
compondo uma caricatura dos costumes da época. A
publicação de Nhô Quim antecede em mais de 10 anos
a estreia de Yellow Kid nos jornais norte-americanos,
figurando entre as primeiras histórias em quadrinhos
do mundo. Em função de sua importância para os
quadrinhos no Brasil, em 1984 foi estabelecido o dia
30 de janeiro como o “Dia do Quadrinho Nacional”
e o prêmio dado anualmente pela Associação dos
Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo
tem o nome de Prêmio Angelo Agostini.
“Eu conheci Nhô Quim quando entrei
na Associação dos Quadrinhistas e
Caricaturistas de São Paulo, em 1982. Foi
a primeira vez que ouvi falar em Angelo
Agostini. A história desse ítalo-brasileiro,
Bira Dantas o primeiro caricaturista a publicar HQ
no Brasil (um dos primeiros do mundo),
me acompanha desde então. O traço de
Nhô Quim ficou pra sempre na minha
cabeça, entrando até nas minhas tiras
diárias do Tatu-man. Foi uma honra para
mim desenhá-lo.”
Nascido em 1963, em São Paulo, Bira é ilustrador
e chargista desde 1979. Foi desenhista do gibi Os
Trapalhões da Bloch Editores e colaborou com
diversas revistas e jornais, entre eles Pântano,
Tralha, Porrada, Megazine, O Pasquim 21, Folha da
Tarde (São Paulo) e Diário do Povo (Campinas),
além de jornais sindicais. Entre outros trabalhos,
adaptou para os quadrinhos os livros Memórias de
um Sargento de Milícias. Dom Quixote de La Mancha
e O Ateneu, e é autor de uma série de caricaturas de
músicos de blues. Participou de diversas exposições
dentro e fora do Brasil, incluindo Coreia do Sul,
Itália e Croácia, e recebeu prêmios em Chipre,
China, Sérvia; e é vencedor dos troféus Angelo
Agostini e HQ Mix. É professor na Escola de Arte
Pandora, em Campinas, São Paulo, de onde produz
as tiras do Tatu-Man.
Lápis, nanquim, lápis aquarelado e aquarela sobre papel.
Pencil, inks, watercolor pencil and watercolor on paper.
144 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
On January 30, 1869, the magazine Vida Fluminense
started the publication of Nhô Quim ou Impressões de
Uma Viagem à Corte, written by Angelo Agostini, an
Italian resident in Brazil from the age of 16. With text
at the footnotes of the drawings — speech balloons
only appeared in comics in the next century — the
stories were about the adventures of a countryman
who moves to Rio de Janeiro, caricaturing the
period’s customs. The publication Nhô Quim comes
more than ten years before the launch of Yellow
Kid in American newspapers, figuring among the
first comic book stories in the world. Because of
its importance for comics in Brazil, in 1984 January
30th was established as “National Comic Book Day”
and the prize given annually by the São Paulo State
Association of Comics Illustrators and Cartoonists
carries the name Angelo Agostini.
“I met Nhô Quim when I joined the São
Paulo Association of Comics Illustrators
and Cartoonists, in 1982. It was the first
time I heard about Angelo Agostini. The
history of this Italo-Brazilian, the first
cartoonist to publish comics in Brazil
(one of the first in the world), has been
with me since then. The drawings of Nhô
Quim stayed in my mind forever, even
coming into my daily Tatu-man strips. It
was an honor for me to draw him.”
Born in 1963, in São Paulo, Bira has been an illustrator
and cartoonist since 1979. He was one of the artists
for the comic Os Trapalhões of Bloch publishers and
collaborated with several magazines and newspapers,
among them Pântano, Tralha, Porrada, Megazine, O
Pasquim 21, Folha da Tarde (São Paulo) and Diário do
Povo (Campinas) as well as trade union newspapers.
Among others works, he adapted as comics the books
Memórias de um Sargento de Mílicias, Dom Quixote and
O Ateneu and is the author of a series of caricatures
of blues musicians. He took part in several exhibitions
in and outside Brazil, including South Korea, Italy,
Croatia, has received prizes in Cyprus, China, Serbia,
and is the winner of Angelo Agostini and HQ Mix
Awards. He is a professor at the Pandora Art School,
in Campinas, São Paulo, from where he draws the
Tatu-Man strips.
http://caricasdobira.blogspot.com.br/
NICK HOLMES RIP KIRBY
O
herói é um detetive particular e ex-
membro das forças armadas dos EUA
que transita com a mesma desenvoltura
entre a alta sociedade e o submundo da cidade. O
personagem concebido por Ward Green, editor
da King Features, foi entregue a Alex Raymond,
conhecido pelo seu trabalho seminal em Flash
Gordon, Jim das Selvas e Agente Secreto X-9, quando
este retornou do exército após servir durante a
Segunda Guerra Mundial. Raymond permaneceu à
frente da tira desde sua estreia, em 4 de março de
1946, até sua morte em um acidente de carro, em
setembro de 1946, aos 46 anos de idade. Rip Kirby —
ou Nick Holmes, como foi batizado no Brasil, talvez
numa tentativa de associar o personagem a Sherlock
Holmes — passou a ser escrito e desenhado por
diversos artistas e publicado ininterruptamente nos
jornais até 1999. Sua primeira aparição no Brasil foi
em 1947, no Globo Juvenil.
“Minha escolha em relação ao Rip
Kirby é pela admiração dos desenhos
do Alex Raymond. Como meu traço
é completamente torto e sujo, pensei
nessa experiência de fazer algo
Weberson antagônico àquela sofisticação que tem
Santiago no trabalho do Raymond.”
Nascido em 1983, Weberson é colaborador do
jornal Folha de S.Paulo, faz ilustrações para livros,
revistas e também para a banda Velhas Virgens.
É autor de livros infantis e dá aulas na Quanta
Academia de Artes e na Universidade de Mogi
das Cruzes.
Nanquim com bico de pena e tinta acrílica sobre papel.
146 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The hero is a private detective and ex-member of
the US armed forces who travels with the same
irreverence between high society and the city’s
underworld. The character, conceived by Ward
Green, editor at King Features, was given to Alex
Raymond, known for his seminal work in Flash
Gordon, Jungle Jim and Secret Agent X-9, when he
returned from the Army after serving in World War
II. Raymond remained in charge of the strip since
it began on March 4, 1946, until his death in a car
accident in September 1956, at 46. Rip Kirby — or
Nick Holmes, as he was called in Brazil, maybe in
an attempt to associate the character with Sherlock
Holmes — was written and later drawn by several
authors and published uninterruptedly in the
newspapers until 1999. His first appearance in Brazil
was in Globo Juvenil in 1947.
“My choice of Rip Kirby is due to
my admiration for Alex Raymond’s
drawings. As my own drawing is
completely twisted and dirty, I thought
this experience would allow me to
make something contrasting with the
sophistication of Raymond’s work.”
Born in 1983, Weberson collaborates with
newspaper Folha de São Paulo, does illustrations for
books, magazines and for the music band Velhas
Virgens. He’s also a children’s book author and
teaches at Quanta Arts Academy and Mogi das
Cruzes University.
www.webersonsantiago.com
Quill pen inks and acrylic paint on paper.
NÍQUEL NÁUSEA
O
personagem que dá nome à tira publicada
desde 1985 por Fernando Gonsales, no
jornal Folha de S.Paulo, não tem vida fácil.
Afinal, ser um rato que vive no esgoto significa
enfrentar disputas acirradas por comida e driblar
a aversão que causa nas pessoas, entre outras
dificuldades de quem vive numa grande cidade.
Tudo isso sempre na companhia da barata Fliti,
que é viciada em inseticida, o brutamontes Rato
Ruter e o Sábio do Buraco, que alterna momentos
de sabedoria e de esclerose, sem deixar claro qual
é qual, entre outros personagens. Mas para Níquel,
o pior de tudo é ser frequentemente comparado
com um certo camundongo norte-americano.
Formado em Veterinária e em Biologia, Gonsales
regularmente abre espaço nas tiras de Níquel
Náusea para histórias protagonizadas por outros
animais, inserindo informações científicas de forma
divertida. As tiras de Níquel Náusea já renderam
mais de uma dezena de Troféus HQ Mix, entre
outros prêmios.
“Não me recordo exatamente de
quando tomei contato com o trabalho
do Gonsales pela primeira vez. De cara,
achei muito bom! Com um traço ótimo,
piadas legais e personagens muito bem
Mozart elaborados. A partir daí, sempre dava
Couto uma olhada quando alguma coisa era
publicada e, mais tarde, passei a ler na
internet. Níquel é meu personagem
preferido nas tiras de humor no Brasil.”
Natural de Juiz de Fora, Minas Gerais, Mozart
iniciou sua trajetória no final dos anos 1970 e
publicou em todas as editoras que investiram nos
quadrinhos brasileiros até o final dos anos 1980,
quando passou a veicular seus trabalhos na Europa.
Por volta de 1995, colaborou com revistas de comics
americanos tendo publicado em editoras como
Marvel, DC Comics e Dark Horse, entre outras.
Atualmente é ilustrador freelancer.
148 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The character who gives his name to the strip
published since 1985 by Fernando Gonsales in the
newspaper Folha de São Paulo doesn’t have an easy
life. After all, being a rat living in the sewers means
facing ferocious disputes for food and avoiding
people, among other difficulties of living in a big
city. All of this always in the company of cockroach
Fliti, who is addicted to insecticide, the tough guy
Rato Ruter, and the Wise Rat of the Hole (Sábio do
Buraco), who alternates moments of wiseness and
sclerosis, without leaving it clear which is which,
among other characters. But for Níquel, worst
of all is being frequently compared to a certain
famous mouse. Graduated in veterinary and biology,
Gonsales regularly opens up space in Níquel Náusea
strips for stories featuring other animals, inserting
scientific information in a fun way. The Níquel
Náusea strips have already won more than a dozen
HQ Mix Awards and other prizes.
“I don’t remember exactly when I first
came in contact with Gonsales’ work
for the first time. Immediately I thought
it was great! It has great drawing,
cool jokes and very well elaborated
characters. From then on I always
checked out when I saw something
published and, later on, I started reading
it on the internet. Níquel is my favorite
cartoon strip character in Brazil.”
Born in Juiz de Fora, Minas Gerais, Mozart began
his working life at the end of the 1970s and was
published by all the publishers who invested in
Brazilian comic books until the end of the 1980s,
when he started having his work published in
Europe. Around 1995, he collaborated with North-
American comic books and appeared in publications
from Marvel, DC Comics and Dark Horse, amongst
others. He is currently a free-lance illustrator.
http://mozartcoutoimagens.blogspot.com.br
Nanquim sobre papel.
Ink on paper.
NOVOS TITÃS TEEN TITANS
O
s Novos Titãs são uma equipe formada por
parceiros mirins que, até então, atuavam
somente ao lado de seus mentores. A primeira
aparição do grupo criado por Bob Haney e Bruno
Premiani aconteceu em The Brave and the Bold 54, em
julho de 1964, porém com o nome de “Liga da Justiça
Júnior”, composto por Robin, Kid Flash e Aqualad.
O nome Novos Titãs foi usado na segunda aparição
do grupo em The Brave and the Bold 60, em julho
de 1965, que também marca o surgimento da Moça-
Maravilha, que passa a integrar a equipe. O maior
sucesso de público e crítica veio na década de 1980,
quando os Novos Titãs de Marv Wolfman e George
Pérez conquistaram legiões de fãs com histórias mais
voltadas ao desenvolvimento psicológico e à interação
entre os personagens, levando o título a competir em
vendas com os X-Men — campeão de popularidade —
durante o início daquela década. Diversas formações e
títulos dos Titãs surgiram desde então, com a entrada
de outros jovens heróis na superequipe, não mais
restrita a ex-parceiros mirins. A formação consagrada
por Wolfman e Pérez foi adaptada para duas séries
animadas de TV voltadas para o público infantil,
enquanto elementos das diversas séries dos Titãs e
de Justiça Jovem serviram de influência para a série
animada Justiça Jovem, esta com temática mais adulta.
“Eu morava no Mato Grosso do Sul
e não chegava muita coisa por lá.
Não tinha muito acesso a novidades.
Dependíamos de grandes mercados em
cidade vizinhas. Meu primeiro contato
Magno Costa com Novos Titãs foi quando comprei
uma revista, naquele tempo publicada
pela Abril. Eu conhecia apenas X-Men
e um pouco de Vingadores. Aqueles
personagens fantásticos mudaram um
pouco meu gosto para quadrinhos.”
Quadrinista e ilustrador, Magno roteirizou e
desenhou a HQ Oeste Vermelho, lançada em 2011,
com o seu irmão gêmeo Marcelo Costa. Em 2011,
lançou a independente Matinê, também com o
irmão. Participou da antologia QQ Por Amigos de
Marcelo Campos, ainda inédito; Mary, para a coleção
Zug da Balão Editorial. Atualmente trabalha em A
Vida de Jonas, vencedor do Proac 2012.
Lápis azul e nanquim sobre papel canson. Colorização digital.
150 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The Teen Titans are a team of child sidekicks who,
until then, had only performed with their mentors.
The first appearance of the group created by Bob
Haney and Bruno Premiani took place in The Brave
and the Bold #54, July 1964, but under the name
“Junior Justice League”, composed by Robin, Kid
Flash and Aqualad. The name Teen Titans was
used in the group’s second appearance in The Brave
and the Bold #60, July 1965, which also marks the
appearance of the Wonder Girl, who becomes a
member of the team. The greatest success among
audience and critics came in the 80s, when Marv
Wolfman and George Pérez’s Teen Titans conquered
a legion of fans with stories more connected to the
psychological development and interaction among
characters, leading the title to compete in sales
with the X-Men during the beginning of the decade.
Several Titans’ titles and formations have appeared
since then, with the entry of other young heroes
into the superteam, no longer restricted to the ex-
sidekicks. The formation set by Wolfman and Pérez
was adapted for two animated TV series directed
at young audiences, and elements of several Titans
series were an influence on the animated series
Young Justice, this one with more adult themes.
“I used to live in Mato Grosso do Sul,
a very isolated part of the country. I
didn’t have much access to new things.
We depended on the big shops and
newsstands in neighboring cities. My
first contact with the Teen Titans was
when I bought a comic book then
published by Abril. I only knew the
X-Men and a little about the Avengers.
Those fantastic characters changed my
taste for comics.”
Cartoon and illustrator, scripted and drew the comic
Oeste Vermelho, launched in 2011 with twin brother
Marcelo Costa. In 2011 he launched the independent
Matinê, also with his brother. He participated in the
anthology QQ Por Amigos by Marcelo Campos, still
to be released; Mary, for the collection Zug, by Balão
Editorial. He is currently working on A Vida de Jonas,
winner of the Proac 2012 art incentive.
http://magnojcosta.blogspot.com.br
Blue pencil and ink on canson paper. Digital colors.
PATO DONALD DONALD DUCK
O
pato com jaqueta de marinheiro e de voz
“grasnada” criado por Walt Disney foi
apresentado ao público na animação A
Galinha Esperta, em 9 de junho de 1934. No mesmo
ano, a história foi adaptada para tiras publicadas em
jornais dos EUA, marcando a estreia oficial de Donald
nos quadrinhos, apesar de uma versão anterior do
personagem ter aparecido em uma história do Mickey
publicada três anos antes. Em 1937, um editor italiano
produziu e publicou a primeira história original de
Donald para os quadrinhos, com uma versão mais
aventureira do personagem em contraposição à
versão cômica vista até então nos filmes animados.
Em 1942, o universo do personagem passou por uma
grande transformação com a entrada do quadrinista
norte-americano Carl Barks, que criou mais de 500
histórias com a família Pato e boa parte de seus
personagens coadjuvantes. Ao lado de Mickey Mouse,
o Pato Donald é um dos personagens do universo
Disney mais reconhecidos e publicados no mundo. A
revista O Pato Donald, lançada no Brasil em julho de
1950, foi o marco inicial da Editora Abril e é o título
de quadrinhos de mais longa publicação contínua no
país, tendo ultrapassado a marca de 2.400 edições.
“Fui atropelado por causa do Pato
Donald! Uma vez atravessei uma rua
sem olhar para ir à banca comprar gibis.
Um Fusca me pegou! Mas não foi grave,
passei só um dia no hospital. Fiquei
Jean Galvão sem gibis nesse dia, depois ganhei
três em vez de um. Por que escolhi o
Donald? Ele me deu sorte de Gastão!”
Jean Carlos Galvão tem 40 anos e é cartunista há
22. Começou fazendo cartuns para sindicatos de
trabalhadores e por seis anos publicou charges
diárias em jornais no interior de São Paulo,
onde vive. Colaborou com as revistas Veja,
Superinteressante, Playboy, Gloss, Nova Escola e O
Pasquim 21. É autor das tiras Animatiras, publicadas
por dez anos na revista Recreio, e criou vinhetas
animadas para a TV Globo. Conquistou prêmios
importantes, dentre os quais três Vladimir Herzog
de Anistia e Direitos Humanos, Salão de Humor
de Piracicaba e, recentemente, o Troféu Angelo
Agostini. Atualmente publica no jornal Folha de
S.Paulo entre outros jornais e revistas. É autor de
dois livros: Vó (Leya/Barba Negra) e Sombrinhas
(Companhia das Letrinhas).
154 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The duck with a sailor’s jacket and a rasping voice
created by Walt Disney was introduced to the public
in the cartoon The Wise Little Hen, in June 9, 1934.
The same year, the story was adapted for strip
cartoons published in US newspapers, marking
Donald’s official launch in comic books, despite an
earlier version of the character having appeared in
a Mickey story published three years earlier. In 1937,
an Italian editor produced and published the first
original Donald Duck story for comics, with a more
adventurous version of the character as opposed to
the comic version seen until then in the animated
films. But it was in 1942 that the character’s universe
underwent a great transformation with American
cartoonist Carl Barks, who created over 500 stories
with the Duck family and most of his secondary
characters. Together with Mickey Mouse, Donald
Duck is one of the most recognized and published
characters in the world. The comic book O Pato
Donald, released in Brazil in July 1950, marked
the beginning of Editora Abril and is the longest
continually published comic strip title in Brazil,
with over 2,400 editions.
“I was run over because of Donald
Duck! Once I crossed a street without
looking, on my way to the newsstand
to buy comics. A Volkswagen Beetle ran
me over! But it was nothing serious and
I only spent one day in hospital. That
day I didn’t have any comics — but later
I was given three instead of one. Why
did I choose Donald Duck? He gave me
the luck of Gladstone Gander!”
Jean Carlos Galvão is 40 years old and has been a
cartoonist for 22. He started drawing cartoons for
workers’ unions and for six years published daily
cartoons in newspapers in upstate cities in São Paulo
state, where he lives. He contributed to the magazines
Veja, Superinteressante, Playboy, Gloss, Nova Escola
and O Pasquim 21. He is the author of Animatiras,
published for ten years in the children’s magazine
Recreio, and created animated vignettes for TV Globo.
He won important awards, among them Vladimir
Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Salão de
Humor Piracicaba, and recently the Angelo Agostini.
He currently publishes a strip in the newspaper
Folha de São Paulo, among other newspapers and
magazines. He is the author of two books: Vó (Leya/
Barba Negra) and Sombrinhas (Companhia das Letras).
www.jeangalvao.com.br
Giz pastel seco sobre papel colorido
Dry pastel chalk on colored paper.
PIRATAS DO TIETÊ
E
les são violentos, indecentes, sanguinários,
debochados, infames, degenerados, cínicos
e desmiolados. E bárbaros, muito bárbaros.
Os Piratas do Tietê aportaram em 1986 na revista
Chiclete com Banana para aterrorizar a população
de São Paulo e “saquear nosso mundinho
pequeno-burguês e destruir nossa ilusão de uma
modernidade preguiçosa e vã”, como Laerte, o
criador do bando, escreveu em uma das tiras. O
único que tem um nome é o Jack, e o nome do
capitão do navio que assola as margens do Rio Tietê
é, justamente, Capitão. As histórias com um misto
de bizarrice, romance, violência, nonsense e humor
negro ganharam revista própria e chegaram ao
jornal Folha de S.Paulo no início da década de 1990.
Embora as histórias dos bucaneiros tenham acabado
no início da década de 2000, a tira Piratas do Tietê
é publicada até hoje com novos personagens e
situações. Em 2003, a peça Piratas do Tietê — o Filme
ganhou temporada com a trupe teatral La Mínima e
texto original de Laerte.
“Adoro os Piratas desde que era
moleque. Acho uma das maiores HQs já
feitas no Brasil, se não a maior. O Laerte
conseguiu unir aventura, suspense e
humor como ninguém conseguiu até
Gustavo hoje. Além de tudo isso, o Capitão é um
Duarte mau-caráter sensacional.”
Nascido em São Paulo em 1977, Gustavo formou-
se em Design Gráfico pela Unesp-Bauru em 1999.
Começou a sua carreira de cartunista e ilustrador no
Diário de Bauru em 1997. Colaborou como ilustrador
e cartunista em diversas publicações como: Lance!,
Veja, Forbes, Le Monde Diplomatique, Recreio, Placar,
Vida Simples, Playboy, Sexy, VIP, entre outras.
Colabora desde 2005 com a Folha de S.Paulo. É autor
de cinco álbuns: Có! (2009), Taxi (2010), Birds (2011),
Monstros! (2012) e Graphic MSP — Chico Bento:
Pavor Espaciar (2013).
156 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
They are violent, indecent, sanguinary, irreverent,
notorious, degenerate, cynical and brainless. And
barbarian, very barbarian. The Piratas do Tietê
(Pirates of Tietê, a river that crosses the urban area
of São Paulo, the major city of Brazil) appeared
in 1986 in the magazine Chiclete com Banana to
terrorize the population of São Paulo and “ransack
our petite bourgeoisie world and destroy our illusion
of a lazy, vain modernity” as Laerte, the creator of
the gang, wrote in one of his strips. The only one
who has a name is Jack and the name of the captain
of the ship that attacks the margins of the river Tietê
is, precisely, Captain. The stories with their mix of
bizarreness, romance, violence, nonsense and black
humor gained their own magazine and reached the
Folha de São Paulo newspaper in the beginning of the
1990s. Although the stories of the buccaneers ended
at the beginning of the 2000s, the strip Piratas do
Tietê is still published with different characters and
situations. In 2003, the play Piratas do Tietê —
the Movie, was put on by the theater company
La Mínima with an original text by Laerte.
“I love the Piratas since I was a kid. I
think it’s one of the greatest comics
created in Brazil if not the greatest.
Laerte managed to unite adventure,
suspense and humor like no one else
has done before. And also, the Captain
is a sensationally evil character”.
Gustavo was born in São Paulo in 1977 and graduated
in Graphic Design at Unesp-Bauru in 1999. He began
his career as a cartoonist and illustrator at newspaper
Diário de Bauru in 1997. He has contributed as an
illustrator and cartoonist in several publications such
as Lance!, Veja, Forbes, Le Monde Diplomatique, Recreio,
Placar, Vida Simples, Playboy, Sexy, VIP, among others.
Since 2005 he has been contributing to Folha de São
Paulo. He is the author of five albums: Có! (2009), Taxi
(2010), Birds (2011), Monstros! (2012) and Graphic MSP
— Chico Bento: Pavor Espaciar (2013).
www.gustavoduarte.com.br
Nanquim sobre papel. Colorização digital.
Ink on paper. Digital colors.
POPEYE
O
marinheiro baixinho, quase careca,
narigudo, meio ignorante e, originalmente,
caolho — daí o nome Popeye, “olho
saltado” ou “arrancado”, em português — criado pelo
norte-americano Elzie Crisler Segar está longe da
imagem tradicional do herói. Mesmo assim, é um dos
personagens mais populares dos quadrinhos desde
que apareceu na tira Thimble Teatre, publicada nos
jornais dos EUA, em 17 de janeiro de 1929. O eterno
defensor de Olivia Palito — que estreou na mesma
tira dez anos antes — vive em confronto com Brutus,
que Popeye só consegue derrotar com a ajuda de
boas doses de espinafre, o que lhe dá uma superforça.
Sua estreia nas telas aconteceu em 1933, em uma
animação da Betty Boop produzida pela Fleischer
Studios, que viriam a produzir uma famosa série
animada do marinheiro entre 1933 e 1942. Em 1937,
Popeye foi o primeiro personagem de quadrinhos
dos EUA a ganhar uma estátua em praça pública,
por incentivar bons hábitos alimentares. Popeye
teve várias séries animadas ao longo de sua história,
totalizando mais de 700 episódios que contribuíram
decisivamente para a popularidade do personagem.
“Dos personagens que eu tinha para
escolher o Popeye foi a escolha certa,
pois aprendi a gostar de espinafre com
ele na infância. Foi divertido fazer a
ilustração!”
Amilcar
Pinna
Amilcar Pinna nasceu no litoral norte de São Paulo,
Ilhabela. Trabalha com HQ desde 2008, já desenhou
personagens como X-Men, Hulk, Homem-Aranha,
Superman e Lanterna Verde, além de ter duas
revistas autorais publicadas no Brasil: 02+01=00 e
Another Planet.
Canetas descartáveis e nanquim sobre papel. Colorização digital.
158 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The short, almost bald, big-nosed, slightly ignorant
and, originally, one-eyed sailor — that’s the reason
for the name Popeye (“protuberant eye” or “plucked
out”) — created by American Elzie Crisler Segar is
nothing like the traditional image of a hero. Even
so, he is one of the most popular comic characters
ever since he appeared in the strip Thimble Theatre
published in US newspapers on January 17, 1929.
The eternal defender of Olive Oyl — who starred
in the same strip ten years earlier — lives in conflict
with Brutus, who Popeye can only defeat with
the help of large doses of spinach, which give him
super strength. His appearance on the big screen
happened in 1933, in a Betty Boop cartoon produced
by Fleischer Studios, who would come to produce
the sailor’s famous animated series between 1933
and 1942. In 1937, Popeye was the first comic strip
character in the US to be given a statue in a public
square for encouraging healthy eating habits.
Popeye has had several animated series throughout
his history, totaling 700 episodes, which decisively
contributed to the popularity of the character.
“Out of the characters I had to choose
from, Popeye was definitely the right
choice, because I learned to like spinach
because of him when I was a child. I had
fun doing the illustration!”
Amilcar Pinna was born on the northern coast of
São Paulo state, on the island Ilhabela. He has been
working with comics since 2008, drawing characters
such as X-Men, Hulk, Spider-man, Superman and
Green Lantern, as well as having two magazines
authored and published by himself in Brazil:
02+01=00 and Another Planet.
www.amilcarpinna.com
Disposable pens and ink on paper. Digital coloring.
PRÍNCIPE VALENTE PRINCE VALIANT
F
oi enquanto desenhava as histórias do Tarzan que
o quadrinista Hal Foster decidiu criar sua própria
tira. Após extenso trabalho de pesquisa, Foster
apresentou sua proposta aos editores e, em 13 de
fevereiro de 1937, a primeira tira do Príncipe Valente
estreou nos EUA. Desde então, já foram mais de 3.900
tiras com enredo contínuo, trazendo a história do
filho do Rei Aguar de Thule, na costa da Noruega, que
se junta à Corte do Rei Artur em aventuras épicas pela
Europa e por outros continentes, levando consigo a
Espada Cantante e os ideais de Camelot, durante a
violenta e sombria Idade Média. Narrativa sofisticada,
traço realista e extremamente detalhado, somados à
opção por não utilizar balões de texto, optando por
mantê-los na parte inferior de cada quadro como nas
primeiras HQs, são algumas das características que
tornaram o trabalho de Hal Foster em Príncipe Valente
admirado por fãs ao longo de mais de sete décadas,
além de exercer grande influência sobre artistas de
várias gerações.
“Meu avô era um colecionador ávido de
quadrinhos. Tinha uma coleção enorme,
e sempre me contava as aventuras dos
heróis que admirava, lendo os gibis
para mim e me mostrando as figuras.
Joe Prado As aventuras do Príncipe Valente
despertaram em mim curiosidade e
admiração. Não só pelo personagem,
mas pelo autor, Hal Foster. Quis ser
artista de quadrinhos desde pequeno
e ver a arte maravilhosa de Foster foi
algo que me inspirou e me fez estudar e
pesquisar para me tornar um artista.”
Joe começou a sua carreira nos anos 1990, ilustrou
publicações como Dragon Magazine, Dragão Brasil,
Tormenta, Invasão e Trevas. Em 2004, começou a
trabalhar para o mercado americano de quadrinhos e
desenhou as revistas Action Comics, Rann/Thanagar
War, Aves de Rapina, Novos Titãs, The Warlord e
Fantasma. Recentemente trabalhou na saga da DC
Comics A Noite Mais Densa e em sua sequência, O
Dia Mais Claro. Após isso, trabalhou na reformulação
de Aquaman, junto com Geoff Johns, Ivan Reis e Rod
Reis. Agora, o mesmo grupo é o responsável pelo
principal título da editora, Liga da Justiça.
162 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
It was while he was drawing the stories of Tarzan
that artist Hal Foster decided to create his own
strip. Following long research, Foster presented his
proposal to editors and, on February 13, 1937, the first
Prince Valiant strip was launched in the US. Since
then, he created over 3,900 strips with a continuous
theme, bringing the story of the son of King Aguar of
Thule, on the coast of Norway, who joined the Court
of King Arthur in epic adventures around Europe and
other continents, taking with him the Singing Sword
and the ideals of Camelot during the violent and
somber Middle Ages. A sophisticated narrative, with
realistic and extremely detailed drawings, added
to the decision not to use speech balloons, opting
instead to place them in the footnote of each panel,
as in the first comics, are some of the characteristics
that made Hal Forster’s work in Prince Valiant
admired by fans for more than seven decades as well
as exerting a great influence on artists from every
generation.
“My grandfather was an avid collector of
comics. He had an enormous collection,
and always told me adventures of the
heroes he admired, reading the comics
to me and showing me the pictures.
Prince Valiant’s adventures aroused my
curiosity and admiration. Not only for
the character, but also the author, Hal
Foster. I wanted to be a cartoonist ever
since I was a child and seeing Foster’s
marvelous art was something that
inspired me and made me study and
research to become an artist myself.”
Joe began his career in the 90s, illustrating for
publications such as Dragon Magazine, Dragão Brasil,
Tormenta, Invasão and Trevas. In 2004 he started
working for the American comics market and drew
and/or inked Action Comics, Rann/Thanagar War,
Birds of Prey, Teen Titans, The Warlord and Phantom.
He recently worked on the DC Comics sagas Blackest
Night and Brightest Day. After that he worked on
the reformulation of Aquaman, together with Geoff
Johns, Ivan Reis and Rod Reis. Now the same group
is responsible for the publisher’s main title, Justice
League.
http://joeprado2010.deviantart.com
Lápis, nanquim e tinta branca sobre papel.
Pencil, ink and white paint on paper.
QUARTETO FANTÁSTICO FANTASTIC FOUR
A
o testar um foguete experimental na órbita da
Terra, Reed Richards e um grupo de amigos
foram bombardeados por raios cósmicos, o
que os levou a desenvolverem superpoderes: Reed
podia esticar seu corpo e assumir qualquer formato;
a sua noiva, Susan Storm, ganhou a habilidade de se
tornar invisível; o irmão mais novo de Susan, Johnny
Storm, adquiriu o poder de controlar o fogo e de voar;
e por último, o piloto Ben Grimm foi transformado
em um monstro rochoso, dotado de força incrível
e quase invulnerável. Assim, Senhor Fantástico,
Mulher Invisível, Tocha Humana e Coisa formaram o
Quarteto Fantástico para defenderem a Terra das mais
diferentes ameaças. A superequipe criada por Stan Lee
e Jack Kirby foi uma resposta ao sucesso alcançado
pela DC Comics com a Liga da Justiça, que estreou em
fevereiro de 1960. As histórias do Quarteto inovaram,
pois sempre destacaram pelo fato de eles serem
uma família e, ao contrário da maioria dos super-
heróis, suas identidades são conhecidas do público. A
primeira aventura do grupo foi publicada em Fantastic
Four 1, em novembro de 1961, marcando o início da
Era Marvel.
“Quando eu tinha 6 anos, meu pai
comprou revistas em quadrinhos da
Bloch Editores. Eu não sabia quais eram
os heróis Marvel e minha paixão foi
imediata. O que mais me cativou foi o
Joe Bennett Quarteto Fantástico, sentimento que só
aumentou quando eu tinha oito anos, e
o desenho animado foi produzido pelos
estúdios Hanna-Barbera. Anos depois,
eu já adolescente, li a história clássica
da vinda de Galactus na revista Heróis
da TV, da Editora Abril. Para mim, foi
a melhor história da dupla Stan Lee e
Jack Kirby. Nada mais justo eu escolher
o Quarteto para homenagear esses
criadores”.
Joe nasceu em Belém do Pará, em 1968; começou
a desenhar aos cinco anos, e aos 17, já havia se
profissionalizado e trabalhava para a Editora Press,
sob o comando de Franco de Rosa. Em 1992, iniciou
sua carreira internacional sob a tutela da agência
Art&Comics. Seu primeiro trabalho foi The Light
Fantastic para a editora Innovation. Em 1994, fez seu
primeiro trabalho para a Marvel Comics, em Ravage
2099. Após 10 anos na Marvel, atuou por outros oito
anos na DC Comics e, atualmente, trabalha para
essas duas editoras simultaneamente.
164 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
While testing an experimental rocket in the Earth
orbit, Reed Richards and a group of friends were
bombarded by cosmic rays which caused them
to develop superpowers: Reed could stretch his
body and take on any shape. His fiancée, Susan
Storm, gained the ability to become invisible.
Susan’s younger brother, Johnny Storm, acquired
the power to control fire and to fly. And lastly, pilot
Ben Grimm was transformed into a rocky monster,
with incredible strength and almost invulnerable.
So Mister Fantastic, Invisible Woman, Human Torch
and The Thing formed the Fantastic Four to defend
Earth from the most varied threats. The super team
created by Stan Lee and Jack Kirby was an answer to
the success reached by DC Comics with the Justice
League, launched in February 1960. The stories of
the Four innovated because they always highlighted
the fact that they were a family and, in contrast to
most superheroes, their identities were known to
the public. The first adventure of the group was
published in Fantastic Four #1, November 1961, which
marks the beginning of the Marvel Era.
“When I was six years old, my father
bought me some comics published by
Editora Bloch. I didn’t know about the
Marvel heroes and my passion was
instantaneous. The ones that captivated
me the most were the Fantastic Four, a
feeling that only increased when I was
eight and I saw the cartoon produced by
the Hanna-Barbera studios. Years later,
as an adolescent, I read the classic story
about the arrival of Galactus in the comic
book Heróis da TV, published by Editora
Abril. For me, it was the best story by
the pair Stan Lee and Jack Kirby. That’s
why I choose the Four, as a way paying a
homage to their creators”.
Born in Belém do Pará in 1968, Benett started to
draw at five and, at seventeen, had already become
a professional and worked for Editora Press, under
the command of Franco de Rosa. In 1992, he began
his international career with the Art&Comics agency.
His first work was The Light Fantastic for Innovation.
In 1994, he did his first work for Marvel Comics in
Ravage 2099. After ten years at Marvel, he worked
for another eight years at DC Comics and currently
works for these two publishers simultaneously.
www.facebook.com/joe.bennett.98
Lápis e nanquim sobre papel.
Pencil and ink on paper.
RÊ BORDOSA
E
la passa o dia inteiro na banheira, de óculos
escuros, cercada por cinzeiros transbordantes
e garrafas de vodka. O descontrole de sua vida
sexual e emocional, bem como sua visão cínica do
mundo, são frutos da liberdade sexual conquistada na
década de 1970 e dos conflitos de uma mulher urbana
que chega aos 30 anos de idade no início da década
de 1980. A porraloca Rê Borbosa surgiu nas páginas
do jornal Folha de S.Paulo em 1984, para se tornar
uma das mais icônicas personagens dos quadrinhos
nacionais. Virou símbolo e mito até ser finalmente
subjugada por seu criador, o cartunista Angeli, que
matou a personagem na revista Chiclete com Banana
Especial: Rê Bordosa, a Morte da Porraloca, em outubro
de 1987. A causa da morte: “tedius casamentus”, vírus
que se mostrou fatal para a velha junkie.
“As tiras do mestre Angeli foram uns
dos meus primeiros contatos com
os quadrinhos underground, pude
acompanhar e ter o prazer de ler
aquelas loucas aventuras. A capa com
Jheremy ela sentada no vaso foi a primeira que
Raapack vi e a mais marcante, eu sempre quis
saber o que ela estava pensando ali.”
O brasileiro Jheremy Raapack trabalha para as duas
maiores editoras norte-americanas — Marvel e DC
Comics. Para a Marvel, trabalhou em projeto como
X-Men vs. Hulk e Hulk Esmaga; para a DC Comics,
na qual é artista exclusivo desde 2009, vem se
destacando nas adaptações de games como Resident
Evil, World Of Warcraft, Batman: Arkham Asylum
e no título Batman: Legends of the Dark Knight.
Atualmente está trabalhando no prequel do game
Injustice: Gods Among Us.
166 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
She spends all day in the bathtub, in sunglasses,
surrounded by overflowing ashtrays and bottles of
vodka. The dysfunction of her sexual and emotional
life, as well as her cynical view of the world, are the
result of the sexual freedom conquered in the 1970s
and the conflicts of an urban woman who reaches the
age of 30 at the beginning of the 1980s. The wild and
crazy Rê Bordosa appeared in the pages of newspaper
Folha de São Paulo in 1984 to become one of the
most iconic national comic characters. She became a
symbol and then a myth, until finally being subjugated
by her creator, cartoonist Angeli, who killed the
character in the magazine Chiclete com Banana
Especial: Rê Bordosa, a Morte da Porraloca, in October
1987. Cause of death: “tedius casamentus” (marriage
tedium), a virus that proved fatal to the old junkie.
“The strips by master Angeli were
among the first underground comics
I had contact with, I could follow and
enjoy the pleasure of reading those
crazy adventures. The cover with her
sitting on the toilet was the first I saw
and the most shocking. I always wanted
to know what she was thinking there.”
Brazilian Jheremy Raapack works for two major
American publishers, Marvel and DC Comics. At
Marvel he worked on the projects X-Men vs. Hulk and
Hulk Smash, and at DC Comics, where he’s been an
exclusive artist since 2009, he has been prominent
because of his adaptations of games such as Resident
Evil, World Of Warcraft, Batman: Arkham Asylum and
Batman: Legends of the Dark Knight. He is currently
working on a prequel for the game Injustice:
Gods Among Us.
www.raapack.blogspot.com
Lápis e caneta nanquim sobre papel bristol.
Pencil and ink pen on bristol board.
RECRUTA ZERO BEETLE BAILEY
A
tira Beetle Bailey estreou em setembro
de 1950 com histórias situadas em uma
faculdade norte-americana, porém sem
grande sucesso. Com isso, a King Features Syndicate,
que havia conseguido distribuir a tira para apenas 25
jornais, considerava descontinuá-la. Nesse mesmo
momento acontecia a Guerra da Coreia (25 de
junho de 1950 a 27 de julho de 1953) e o criador do
personagem, Mort Walker, decidiu alistá-lo no posto
militar fictício de Camp Swampy. O jeito preguiçoso
de Zero, suas brigas com o Sargento Tainha e a
crítica à burocracia militar caíram no gosto do
público, e rapidamente a tira passou a ser publicada
em 100 jornais, chegando a 1.100 na década de 1960.
No Brasil, o personagem teve revistas próprias,
inclusive com histórias produzidas no país por
artistas como Primaggio Mantovi. Até hoje, Mort
Walker supervisiona a produção de novas tiras do
Recruta Zero, publicadas em jornais do mundo todo.
“Quando eu comecei a desenhar,
a clientela era formada pelos meus
amigos, eles me pautavam e eu
desenhava. Um desses amigos era mais
velho que eu e serviu a Marinha. Ele
Maurenilson colecionava uns pôsteres que eu fazia em
Freire cartolina com cartuns da minha turma
de rua, em situações engraçadas. Eu
achava esse amigo muito parecido com
o Recruta Zero — ele tinha sido militar,
tinha o nariz e o rosto arredondados, o
cabelo caindo na testa e, então, sempre
que eu ia desenhá-lo, fazia o Recruta
Zero ali, no meio da turma.”
O cearense Maurenilson da Silva Freire nasceu em
29 de abril, em Fortaleza, e foi para Brasília com um
ano de idade. Trabalhou por oito anos em um banco
onde enlouquecia os gerentes por ficar rabiscando
nos formulários de depósito. Em seguida, trabalhou
em algumas agências de propaganda de Brasília.
Ganhou cinco prêmios internacionais concedidos
pela The Society for News Design e um prêmio Esso
de criação gráfica por seus trabalhos nas páginas
do jornal Correio Braziliense, onde trabalha desde
2001. Entre seus principais trabalhos estão sua
participação no álbum MSP 50, com os desenhos de
Piteco e Horácio; e Fábulas, ilustrando personagens
de contos de fadas.
168 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The Beetle Bailey strip began in September 1950 with
stories taking place in an American College, but with
no great success. Because of this, the King Features
Syndicate, which only managed to distribute the
strip to 25 newspapers, was thinking about putting
an end to it. The Korean War (June 25, 1950 — July 27,
1953) was happening at the time and the character’s
creator, Mort Walker, decided to have him enlisted
and based at the military post Camp Swampy.
Beetle’s lazy manner, his fights with Sergeant Snorkel
and his criticisms to military bureaucracy were
enjoyed by the audience and the strip quickly came
to be published in 100 newspapers, reaching 1,100 in
the 1960s. In Brazil, the character had his own comic
book, including stories produced nationally by artists
such as Primaggio Mantovi. Up until today, Mort
Walker supervises the production of new Beetle
Bailey strips, published in newspapers throughout
the world.
“When I started to draw, the clientele
were my friends, they told me what
they wanted and I would draw. One
of these friends was older than me
and served in the Navy. He collected
some posters I made on cardboard,
drawing cartoons of our friends in
funny situations. I thought this friend
resembled Beetle Bailey: he had been in
the military, he had a rounded nose and
cheeks, his hair falling over his forehead,
so, whenever I wanted to draw him, I’d
draw Beetle Bailey there, in the middle
of our group.”
Maurenilson da Silva Freire was born in the city of
Fortaleza, Ceará, on April 29 and went to Brasília
when one year old. He worked for eight years in a
bank where he drove the managers mad for drawing
on deposit slips. After that, he worked in some
advertising agencies. He won five international
awards given by The Society for News Design and an
Esso Award for graphic design, for his work on the
pages of newspaper Correio Braziliense, where he’s
been working since 2001. His most important work
includes a participation in the MSP 50 album, where
he drew two Mauricio de Sousa characters, Piteco
and Horácio; and Fábulas, illustrating characters from
classic fairy tales.
www.maurenilson.com
Lápis e guache sobre papel.
Pencil and gouache on paper.
ROBIN
R
obin, o Menino-Prodígio, foi apresentado aos
leitores em Detective Comics 38, em abril de
  1940, menos de um ano após o surgimento
do Batman. O personagem foi criado por Bob Kane,
Bill Finger e Jerry Robinson para atrair leitores mais
jovens, que podiam se identificar mais facilmente
com um personagem de sua idade. A estratégia
bem-sucedida deu início a uma longa tradição de
aventureiros mirins que acompanham os heróis
dos quadrinhos. Ao longo das décadas, diferentes
personagens assumiram o papel de Robin: o primeiro
deles foi Dick Grayson, um artista de circo que viu
seus pais serem assassinados em pleno picadeiro,
sendo posteriormente substituído por Jason Todd,
que foi assassinado brutalmente pelo Coringa — e
pelos fãs, que optaram pela morte do personagem
em uma votação telefônica. O terceiro Robin foi Tim
Drake, que viria a ser adotado por Bruce Wayne. Por
um curto período, Tim cedeu o posto a Stephanie
Brown. O último Robin foi Damian Wayne, filho
de Bruce Wayne e de Talia Al Ghul, morto em uma
história publicada em 2013. Na saga O Cavaleiro das
Trevas, em 1986, Frank Miller apresentou Carrie Kelly,
a primeira Robin do sexo feminino, que combate o
mal ao lado do Batman em um futuro distópico.
“Batman e Robin são de longe os heróis
que eu mais amo. Vejo Dick Grayson
como Robin, mas a versão de Frank
Miller fica no mesmo nível. Quando li
O Cavaleiro das Trevas, tudo me pareceu
Max Fiumara muito tosco, muito feio, com exceção
da Robin. Adorei o visual dela, como ela
reagia a toda loucura que acontecia a
seu redor. Fiquei apaixonado!”
Nascido em Buenos Aires, Argentina, Max trabalha
com quadrinhos desde 2002, já tendo passado pela
Avatar Press, Marvel, DC e Dark Horse. Seus títulos
vão de Homem-Aranha, Namor e Hulk vs. Vingadores
a Corporação Infinito e à história de zumbis Black
Gas, do escritor Warren Ellis. Em 2008, ele foi
co-criador da série Four Eyes, com o roteirista de
Homem-Aranha Joe Kelly, publicada pela Man of
Action e pela Image Comics. Tem trabalhado com
Mike Mignola em B.P.D.P. e Abe Sapien desde 2012.
170 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Robin, the Boy Wonder, was presented to the public
in Detective Comics #38, April 1940, less than a year
after the appearance of Batman. The character was
created by Bob Kane, Bill Finger and Jerry Robinson
to attract younger readers, who would find it easier
to identify with a character of their own age group.
The strategy proved successful and started a fashion
of providing sidekicks to accompany comic heroes.
Throughout the decades, different characters took
on Robin’s role: the first was Dick Grayson, a circus
artist who witnessed his parents’ murder on stage;
he was followed by Jason Todd, brutally killed by the
Joker — and by fans who voted for the characters’
murder in a telephone poll. The third Robin was
Tim Drake, who was adopted by Bruce Wayne. For
a short period, Stephanie Brown took over Tim’s
place. The most recent Robin was Damian Wayne,
son of Bruce Wayne and Talia Al Ghul, who died in a
story published in 2013. In the saga The Dark Knight
Returns, in 1986, Frank Miller introduced Carrie Kelly,
the first female Robin, who fights evil at Batman’s
side in a dystopian future.
“Batman and Robin are by far my most
beloved heroes. I think Dick Grayson
is the Robin but Frank Miller’s version
is side by side with him. When I read
The Dark Knight Returns, it seemed too
crude and ugly except for Robin. I loved
the way she looked, how she reacted to
all the madness around her. I fell in love
with her!”
Born in Buenos Aires, Argentina, Max has worked in
comics since 2002, for Avatar Press, Marvel, DC and
Dark Horse. His titles range from Spider-Man, Namor
and Hulk vs. Avengers to Infinity, inc and the zombie
tale Black Gas with writer Warren Ellis. In 2008,
he co-created the book Four Eyes with his Spider-
Man writer Joe Kelly, published by MoA and Image
Comics. Since 2012, he’s been working alongside
Mike Mignola in B.P.R.D. and Abe Sapien.
http://maxfiumara.blogspot.com
Lápis azul, nanquim e aguada sobre papel.
Blue pencil, inks and ink washes on paper.
 SANDMAN
E
m 1988, o escritor britânico Neil Gaiman gozava
do sucesso conquistado com a minissérie
Orquídea Negra, quando propôs à DC Comics
uma nova abordagem para o personagem Sandman,
criado por Joe Simon e Jack Kirby na década de 1970.
A resposta que recebeu foi: “Mantenha o nome. O
resto fica a seu critério.” The Sandman 1 foi lançada
em janeiro de 1989, e afastou o personagem de suas
origens heróicas para resgatar a figura do Mestre dos
Sonhos do folclore ocidental. Nas 75 edições da série
principal, publicadas até março de 1996 e em dezenas
de especiais, minisséries e títulos derivados, Gaiman
contou a história de Morfeus, que retorna após
passar 70 anos cativo, e de sua família disfuncional
conhecida como Os Perpétuos — Destino, Morte,
Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio —
criaturas que existem desde a aurora dos tempos,
cujos nomes descrevem sua função e influência sobre
a humanidade. Repleto de referências e contando
com alguns dos melhores artistas da época, Sandman
é uma das mais sofisticadas, emblemáticas e bem-
sucedidas histórias de ficção, terror e fantasia do
século XX, ganhadora de dezoito prêmios Eisner, do
Bram Stoker Award e do prestigiado World Fantasy
Award, estes dois últimos não restritos a histórias
em quadrinhos. A série também foi responsável por
expandir o público dos quadrinhos e pavimentou o
caminho para a prolífica e laureada carreira literária
de Neil Gaiman, que eventualmente retorna ao
personagem que o consagrou.
“Conheci Sandman na adolescência,
Eduardo Macarios
com um amigo que se empenhava em
me fazer ler mais que super-heróis. Feito
conseguido definitivamente no oitavo
número da série. Ler Sandman não foi
José Aguiar só uma descoberta, foi um exercício
de paciência e persistência nos sebos,
e de fé, após o cancelamento da revista
pela Editora Globo. Uma obra e um
tempo que me ensinaram a sonhar HQs
melhores.”
José Aguiar é um quadrinista premiado com obras
publicadas no Brasil, França e Espanha, entre elas:
Quadrinhofilia, Vigor Mortis Comics, Folheteen —
Direto ao Ponto e Reisetagebuch — Uma Viagem
Ilustrada pela Alemanha. Atualmente, publica as tiras
Folheteen e Nada com Coisa Alguma no jornal Gazeta
do Povo. É curador e co-criador de dois eventos
culturais: Gibicon — Convenção Internacional de
Quadrinhos de Curitiba e Cena HQ, que realiza
leituras dramáticas de HQs no teatro.
172 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
In 1988, following the success of his Black Orchid
miniseries, British writer Neil Gaiman suggested
DC Comics publish a new take on the Sandman
character, created by Joe Simon and Jack Kirby in the
1970s. The answer he got was: “Keep the name. The
rest is up to you.” The Sandman #1 was published in
January 1989 and abandoned the character’s heroic
origins to bring back the Master of Dreams figure of
Western mythology. In the 75 editions of the main
series, published until 1996, and in dozens of specials,
miniseries and other titles, Gaiman tells the story of
Morpheus, who returns after 70 years of captivity
to his dysfunctional family known as The Endless —
Destiny, Death, Dream, Destruction, Desire, Despair
and Delirium. They have been around since the
beginning of time, and their names describe their
function and influence on humanity. Sandman, filled
with literary references and drawn by some of the
greatest comic book artists of the time, is one of
the most sophisticated, emblematic and successful
fiction, terror and fantasy stories of the 20th century.
It won 18 Eisner Comic Awards, a Bram Stoker
Award and a World Fantasy Award, the last two not
exclusive to comic books. The series was responsible
for considerably expanding the public for comics and
led the way for a highly successful literary career for
Neil Gaiman, who eventually returns to the character
responsible for his fame.
“I got to know Sandman in my teens,
through a friend who was trying to widen
my horizons beyond super heroes. That
certainly happened after issue #8. Reading
Sandman was not only a discovery, it
was also a practice of patience, faith and
perseverance in searching through second-
hand bookshops after Editora Globo
stopped publishing it. A time and a series
that taught me to dream of better comic
books.”
José Aguiar is an award-winning comic book artist
published in Brazil, France and Spain. Among his work
is Quadrinhofilia, Vigor Mortis Comics, Folheteen —
Direto ao Ponto and Reisetagebuch — An Illustrated
Journey through Germany. Currently he publishes
the strips Folheteen and Nada Com Coisa Alguma
in the newspaper Gazeta do Povo. He is curator
and co-producer of two cultural events: Gibicon —
International Comics Convention of Curitiba and Cena
HQ, which has dramatic readings of comics on stage.
www.quadrinhofilia.com.br
Lápis sobre papel. Arte-final e colorização digitais.
Pencil on paper. Digital inks and colors.
SARGENTO ROCK SGT. ROCK
O
icônico personagem dos quadrinhos de
guerra da DC Comics, criado por Robert
Kanigher e Joe Kubert, apareceu pela
primeira vez com o nome de “The Rock”, na G.I.
Combat 68, em janeiro de 1959, e como Sargento
Rocky em Our Army at War 81, em abril de 1959, já
ao lado da Companhia Moleza. Joe Kubert passou
a desenhar o personagem na Our Army at War 83,
publicada dois meses depois, considerada por alguns
pesquisadores como a primeira aparição da versão
definitiva do Sargento Rock. Vindo de uma família
marcada por sucessivas tragédias, Rock se alistou no
exército norte-americano no início da Segunda Guerra
Mundial e rapidamente chegou ao posto de sargento.
Em histórias narradas em primeira pessoa, Rock lidera
os soldados da Companhia Moleza em missões pela
Europa e norte da África, para combaterem nazistas e
testemunharem os efeitos da guerra sobre o cidadão
comum e sobre os próprios soldados. A revista foi
rebatizada como Sgt. Rock e publicada até a edição
422, em julho de 1988. O destino do personagem só
foi contado na DC Universe: Legacies 4, em outubro de
2010, por Len Wein e Joe Kubert, quando soubemos
que Rock foi morto no último dia da Segunda Guerra
Mundial ao proteger a vida de uma menina. Joe
Kubert produzia novas histórias do Sargento Rock
quando do seu falecimento em 2012.
“Eu o adorava. Professor, cartunista,
patriarca. Deus o abençoe, Joe Kubert”.
Darwyn Cooke nasceu em Toronto, Canadá em
1962. A habilidade nata com giz de cera o levou a
Darwyn uma vida inteira dedicada às artes. Ele se tornou
Cooke um quadrinista profissional aos 20 anos quando
fez seu primeiro trabalho como desenhista. Em
seguida, fez uma mudança de carreira e passou os 15
anos seguintes como diretor de arte de uma revista,
além de atuar como designer gráfico e de produto.
Após um breve período trabalhando nas séries
animadas Batman/Superman, Batman do Futuro e
MIB – Homens de Preto, Cooke foi procurado pela
DC Comics em função de um projeto que ele havia
submetido à editora há vários anos. O resultado foi
a edição especial Batman: Ego. Pouco tempo depois,
Cooke participou do relançamento da série mensal
da Mulher-Gato e produziu a graphic novel Mulher-
Gato: Um Crime Perfeito. Seu projeto seguinte, A Nova
Fronteira, atingiu o escopo e a escala de um filme
épico em quase 400 páginas com praticamente todos
os personagens clássicos da DC. Mais recentemente,
Cooke escreveu e desenhou minisséries do evento
Antes de Watchmen e as adaptações para os
quadrinhos da série de romances policiais Parker,
escritos por Donald Westlake.
174 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The iconic character of DC’s war comics, created by
Robert Kanigher and Joe Kubert, appeared for the
first time with the name “The Rock”, in G.I. Combat
#68, in January 1959, and as Sgt. Rocky in Our Army
at War #81, in April 1959, already leading the Easy
Company. Joe Kubert illustrated the character
in Our Army at War #83, published two months
later, considered by some researchers as the first
appearance of the real Sgt. Rock. Coming from a
family marked by successive tragedy, Rock joins the
army at the beginning of World War Two and rapidly
rises to the rank of sergeant. Narrated always in the
first person, in his stories Rock leads the soldiers of
the Easy Company in missions throughout Europe
and Africa, to fight against Nazis and witness the
effects of war on common citizens and soldiers. The
magazine was renamed Sgt. Rock and published until
edition #422, July 1988. The character’s destiny was
only revealed in DC Universe: Legacies #4, October
2010, by Len Wein and Joe Kubert: Rock was killed
on the last day of World War Two when protecting
the life of a little girl. Kubert was working on new Sgt
Rock stories when he passed away in 2012.
“I loved him. Teacher, cartoonist,
patriarch. God bless you, Joe Kubert.”
Darwyn Cooke was born in 1962 in Toronto. An early
facility with crayons led to a lifelong exploration
of the popular and fine arts. Cooke became a
professional comic artist at the age of twenty when
he was given a pencilling job. He then proceeded
to take a left turn by spending the next fifteen
years as a magazine art diretor, graphic and product
designer. Then, following a brief stint working on
television’s Batman/Superman Adventures, Batman
Beyond and Men in Black, Cooke was approached
by DC Comics about a project that he had sent in
for consideration years earlier. The result was the
one-shot Batman: Ego. Soon after, Cooke helped
revamp the Catwoman monthly comic and went on
to write and draw the 96-page graphic novel Selina’s
Big Score. Cooke’s next project, The New Frontier,
embraced the astounding scale and scope of an epic
film, playing out across almost four hundred pages
and featuring virtually every classic DC character.
Most recently, Cooke has written and illustrated
series for the multi-title event Before Watchmen, as
well as the comic book adaptations of the Donald
Westlake novels series Parker.
http://darwyncooke.blogspot.com.br/
Nanquim sobre papel.
Ink on paper.
SAVAGE DRAGON
U
m dos maiores símbolos da Era Image
dos quadrinhos norte-americanos, Savage
Dragon foi criado por Erik Larsen quando
ele ainda cursava o ensino fundamental. As
primeiras versões do personagem apareceram na
Graphic Fantasy 1, em junho de 1982; e Megaton 3,
em fevereiro de 1986, sendo que nesta última já com
o nome de Savage Dragon. Quando saiu da Marvel
Comics para ser um dos cofundadores da Image
Comics, em 1992, Larsen lançou Savage Dragon 1,
em julho de 1992 e que, ao lado de Youngblood,
Spawn e WildC.A.T.S, esteve entre os primeiros
títulos publicados pela Image. As histórias tratam
de uma criatura superpoderosa de pele esverdeada
e com uma crista de dragão, encontrada com
amnésia em um campo em chamas. Com o avançar
da saga, descobre-se que se trata do Imperador
Kurr, líder de uma raça nômade de alienígenas que
identificaram a Terra como um possível novo lar.
Porém Kurr decide ir contra a natureza pacífica de
seu povo e exterminar os humanos, levando dois
cientistas a apagarem sua memória e abandoná-lo
em nosso planeta, onde se junta à polícia local para
combater monstros e outros vilões superpoderosos.
Savage Dragon é o único título original da Image
Comics que continua sendo escrito e desenhado
regularmente pelo seu criador.
“Eu sempre fui fã do trabalho do Erik
Larsen, desde seu trabalho no Homem-
Aranha. Seu estilo forte e hachurado
sempre me influenciou. Durante muito
tempo eu acompanhei a revista Savage
Allan Dragon mensalmente.“
Goldman
Allan nasceu no Rio de Janeiro, em outubro de 1982,
e mora há vinte anos em Fortaleza. Começou sua
carreira de quadrinista, desenhando o Manicomics
com Daniel Brandão, JJ Marreiro e Geraldo Borges.
Nos EUA, começou desenhando uma série chamada
NOX. Depois desenhou uma edição comemorativa
dos 70 anos do Fantasma para a editora Moonstone.
Na DC Comics, desenhou Omac, Novos Titãs,
Prelúdio para a Crise Final, Mulher-Maravilha,
Liga da Justiça da América, Superman e Batman,
Action Comics e Superman. Tem também muitos
trabalhos publicados no Brasil, França, Portugal e
Itália. Atualmente tem sua própria linha de revistas:
Comando 5 e Comando 5 Aventura.
176 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
One of the greatest symbols of the Image Era of
American Comics, Savage Dragon was created by
Erik Larsen while he was still in elementary school.
The first versions of the character appeared in
Graphic Fantasy #1, June 1982 and in Megaton #3,
February 1996 — in in the later already named
Savage Dragon. When Larsen he left Marvel Comics
to co-found Image Comics in 1992, he launched
Savage Dragon #1, July 1992, one of the first books of
the new publishing company, alongside Youngblood,
Spawn and WildC.A.T.S. The stories involve a green-
skinned humanoid with super-strength found in a
field in flames, suffering from amnesia. As the saga
develops, it is discovered he is the Emperor Kurr,
leader of a nomad tribe of aliens that have identified
Earth as a possible home. However, Kurr decides
to go against the pacific nature of his people and
destroy all humans, but two scientists of his race
erase his memory and abandon him on our planet,
where he joins the local Police to combat monsters
and other super villains. Savage Dragon is the only
original book from Image Comics still being written
and drawn regularly by its creator.
“I’ve always been a fan of Erik Larsen’s
work, since he worked on Spider-Man.
His bold inking style influenced me a
lot. For a long time I kept up with the
monthly editions of Savage Dragon.“
Allan was born in Rio de Janeiro, October 1982,
and has been living in Fortaleza for 20 years. He
began his career illustrating Manicomics with Daniel
Brandão, JJ Marreiro and Geraldo Borges. He started
drawing for the US on a comic book called NOX.
Then he illustrated a commemorative edition of the
Phantom’s 70th anniversary for publisher Moonstone.
For DC Comics he has illustrated Omac, Teen
Titans, Countdown to Adventure, Wonder Woman,
Justice League of America, Superman and Batman,
Action Comics and Superman. He also has various
works published in Brazil, France, Portugal and Italy.
Currently he has his own comics series: Comando 5
and Comando 5 Aventura.
www.allangoldman.blogspot.com
Grafite HB e caneta Uni Pin sobre papel.
HB pencil and technical pen on paper.
SCOTT PILGRIM
S
cott Pilgrim tem 23 anos, mora em Toronto
com seu amigo gay e tenta levar a vida neste
mundo louco. É preguiçoso, gosta de videogames
e toca baixo em uma banda. Ele gosta de Ramona
Flowers, mas para conquistar seu coração terá que
vencer seus sete ex-namorados malignos. Na história,
os personagens não são superpoderosos, mas têm
habilidades especiais como se saídas dos videogames e
dos animes, além de técnicas de artes marciais usadas
de forma mais alegórica que literal. O personagem
criado pelo canadense Bryan Lee O’Malley foi
inspirado na música Scott Pilgrim, lançada em 1998
pela banda Plumtree e, em especial, pelo verso: “I’ve
liked you for a thousand years” (“gosto de você há mil
anos”). O mangá Ranma 1/2 e o livro Even a Monkey
Can Draw Manga (Até um Macaco Pode Desenhar
Mangá, em tradução livre) também foram influências
importantes para O’Malley. O primeiro volume da
saga foi publicado nos EUA pela Oni Press em agosto
de 2004 e, posteriormente, traduzida e publicada em
mais de 20 países. Scott Pilgrim chegou aos cinemas
em 2010, mesmo ano do lançamento do sexto e
último volume da saga.
“Scott Pilgrim reúne temáticas que
sempre me agradaram: o herói loser e
honesto em sua inocência, rock’n’roll
tocado com paixão, romances sinceros
e absurdos, jovens sendo jovens, humor
Mario Cau nonsense e citações infinitas de cultura
pop. Se assemelha muito à minha
adolescência, exceto as batalhas!”
Quadrinista e ilustrador, desenhista compulsivo
e multitarefa, Mario Cau desenha desde sempre.
Entre os seus trabalhos estão: a série Pieces; NÓS;
MSP+50; By the Southern Grace of God, Nanquim
Descartável; e a adaptação de Dom Casmurro, com
roteiro de Felipe Greco; entre outros, nos circuitos
independente e virtual, e também com editoras.
Atualmente, ilustra a webcomic Terapia, com
roteiro de Rob Gordon e Marina Kurcis. Terapia é
vencedora do Troféu HQ Mix de melhor webcomic.
178 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Scott Pilgrim is 23 years old, lives in Toronto with
a gay friend and just tries to get on with life in this
crazy world. He’s lazy, enjoys video games and
plays the bass in a band. He loves Ramona Flowers,
but to win over her heart he has to beat her seven
evil ex-boyfriends. In the story, the character has
no superpowers but has skills learned from video
games and animes, besides martial arts techniques
used more allegorically than literally. The character
created by Canadian Bryan Lee O’Malley was
inspired by the song Scott Pilgrim and most especially
by the line “I’ve liked you for a thousand years”,
launched in 1998 by the Plumtree band. The manga
Ranma 1/2 and the book Even a Monkey Can Draw
Manga were also important influences on O’Malley.
The first volume in the saga was published in the US
by Oni Press in August 2004 and later translated and
published in over 20 countries. Scott Pilgrim arrived
in the movies in 2010, the same year the sixth and
last volume of the saga was released.
“Scott Pilgrim combines themes which
I’ve always liked: the naive loser hero,
rock’n’roll played with passion, sincere
and absurd romance, nonsense humor,
young people just being young, and
endless references to pop culture.
All very like my own youth — except for
the battles!”
Comics artist and illustrator, compulsive and
multitasking penciller Mario Cau has been drawing
forever. His comics work includes the series Pieces,
NÓS, MSP+50, By the southern grace of God, Nanquim
Descartável and the adaptation of Dom Casmurro,
written by Felipe Greco, amongst others. Currently
he is illustrating the webcomic Terapia, written by
Rob Gordon and Marina Kurcis, that won the 2012
HQ Mix Award for Best Webcomic.
www.mariocau.com
Pincel, nanquim e brushpen. Colorização digital.
Brush, ink and brushpen. Digital colors.
SHAZAM
S
hazam (também conhecido como Capitão
Marvel) é o alter ego de Billy Batson, um garoto
órfão que foi escolhido para ser o campeão do
bem pelo Mago Shazam. Sempre que pronuncia o
nome do mago, Billy é atingido por um raio mágico
que o transforma em um super-herói adulto com
as habilidades de seis figuras lendárias: de Salomão,
a sabedoria; de Hércules, a força; de Atlas, o vigor;
de Zeus, o poder; de Aquiles, a coragem; e de
Mercúrio, a velocidade. Vários amigos e membros
de sua família podem compartilhar seus poderes,
como Mary Marvel e Capitão Marvel Jr. Criado por
Bill Parker e C. C. Beck em resposta ao sucesso do
Superman, o herói estreou na revista Whiz Comics 2,
publicada pela Fawcett Comics em fevereiro de 1940.
Talvez pela maior identificação com o público — por
se tratar de uma criança que se transforma em super-
herói — o título rapidamente ficou entre os mais
vendidos, e a Fawcett foi processada pela National
Comics (nome original da DC Comics) pelas
similaridades com o Superman. O caso foi julgado
em 1951 a favor da National Comics. O personagem
só voltou a ser publicado em 1972, quando os
direitos foram comprados pela DC Comics e o
herói foi rebatizado como Shazam, para evitar uma
possível ligação com a concorrente Marvel Comics.
Na mesma década, Shazam teve uma série de TV.
O Capitão Marvel Jr. era o herói favorito de Elvis
Presley e serviu de influência para seu famoso corte
de cabelo e para a roupa azul clara com meia capa
que usava no palco, uma referência clara ao uniforme
do herói. A coleção de quadrinhos de Elvis está em
Graceland, museu dedicado ao lendário cantor.
“Gostei do Shazam desde a primeira
vez que o vi. Billy Batson e eu tínhamos
mais ou menos a mesma idade e o
fato de ele ser uma criança que podia
se transformar no Shazam explodia a
Eduardo minha cabeça de emoção.”
Medeiros
Eduardo trabalhou por cinco anos na Otto Desenhos
Animados e, em 2007, largou a animação para se
dedicar aos quadrinhos e ilustração. Como ilustrador,
trabalhou para a Folha de S.Paulo e para as editoras
Abril, Ática, Moderna e Scipione. Com quadrinhos,
publicou Mondo Urbano (Oni Press e Devir), MSP+50,
Strange Tales (Marvel Comics), Guazarra, Friquinique,
Roberto, Neeb e Zine. Atualmente, está trabalhando em
sua graphic novel Sopa de Salsicha, a ser lançada pela
Companhia das Letras e Não me Mande Flores, HQ em
parceria com o escritor Paulo Scott.
180 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Shazam (also known as Captain Marvel) is the alter
ego of Billy Batson, an orphan boy chosen to be a
champion for good by the wizard Shazam. Every
time he pronounces the wizard’s name, Billy is
struck by magic lightning that transforms him into
an adult super hero with the skills of six legendary
figures: Solomon’s wisdom, Hercules’ strength,
Atlas’ stamina, Zeus’ power, Achilles’ courage and
Mercury’s speed. Various friends and family members
share his powers, such as Mary Marvel and Captain
Marvel Jr. Created by Bill Parker and C. C. Beck
following the success of Superman, the hero started
off in Whiz Comics #2, published by Fawcett Comics
in February 1940. Shazam rapidly rose in popularity
and sales, possibly because of an easy identification
of young readers with a child who transforms into a
super hero. Fawcett was taken to court by National
Comics (DC Comics’ original name) because of the
similarities with Superman. The case was judged in
1951 in favor of National Comics. The character only
returned in 1972, when the rights were bought out
by DC Comics and the Captain Marvel was renamed
Shazam, to avoid possible problems with competitor
Marvel Comics. In that same decade, Shazam was
turned into a TV series. Captain Marvel Jr. was the
favorite hero of Elvis Presley and influenced the
famous haircut and light-blue suit with and half-cape
he used onstage, a clear reference to the character’s
costume. Elvis’ comic collection is stored in
Graceland, the museum dedicated to the legendary
singer.
“I loved Shazam from the first time I
saw him. Billy Batson and I were about
the same age and the fact he was
a child who could turn himself into
Shazam just blew my mind.”
Eduardo worked for 5 years at Otto Desenhos Animados
and, in 2007, left animation films to concentrate on
comics and illustrations. As an illustrator, he worked for
Folha de S.Paulo and for publishers Abril, Ática, Moderna
and Scipione. In comics he published Mondo Urbano
(published by Oni Press and Devir), MSP+50, Strange
Tales (Marvel Comics), Guazarra, Friquinique, Roberto,
Neeb and Zine. Currently he is working with writer
Paulo Scott on the graphic novel Sopa de Salsicha, to be
published by Companhia das Letras and Não me Mande
Flores, written by Paulo Scott.
www.hellatoons.com
Caneta e nanquim sobre papel. Colorização digital.
Pen and ink on paper. Digital colors.
SOBRINHOS DO
THE KAT ZENJAMMER KIDS
CAPITÃO
A
s tiras dos Sobrinhos do Capitão apresentam
as aventuras de Hans e Fritz, irmãos gêmeos
  que vivem com a mãe, proprietária de uma
pensão em uma colônia alemã na África. Entre os
hóspedes estão o Capitão — que na verdade não é
tio dos garotos como a tradução brasileira indica
—; e o Coronel — uma espécie de inspetor escolar,
sempre no encalço dos gêmeos —, ambos são alvos
constantes das artimanhas dos garotos que não
aceitam qualquer autoridade e que, não raro, acabam
sendo punidos ao final de cada história. A tira criada
pelo imigrante alemão Rudolph Dirks e desenhada
por Harold H. Knerr estreou em 12 de dezembro de
1897 no New York Journal e foi a primeira a utilizar
balões para os diálogos dos personagens, que falam
com sotaque alemão. A inspiração veio do livro
infantil Max and Mortiz, publicado na década de
1860 pelo alemão Wilhelm Busch e, nas primeiras
tiras, as histórias tratavam de três irmãos, em seguida
reduzidos a apenas Hans e Fritz. Os Skrotinhos,
personagens criados por Angeli em 1987, são uma
homenagem a essa tira clássica, a mais antiga ainda
publicada em jornais de todo o mundo.
“Certa vez comprei algumas caixas
de gibis num sebo que estava indo
à falência, a maioria das revistas era
do Homem-Aranha, Capitão América
e mais algumas centenas de gibis
Ibraim da Turma da Mônica. Enquanto eu
Roberson estava arrumando e organizando todas
aquelas revistas me deparei com uma
edição de Sobrinhos do Capitão.”
Ibraim adora histórias em quadrinhos desde
criança e cresceu assistindo aos desenhos dos
X-Men na televisão. Quando descobriu que aquilo
era baseado em uma história em quadrinhos, logo
começou a colecionar as revistas e sempre teve o
sonho de desenhar aqueles personagens. Sonho
que se realizou há alguns anos, quando começou
a trabalhar na Marvel Comics nos títulos da linha
dos X-Men como Novos Mutantes, X-Men Sombrios,
X-Men Origins: Gambit e o principal título da linha
mutante, Fabulosos X-Men.
182 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The Katzenjammer Kids strips present the adventures
of Hans and Fritz, twin brothers who live with their
mother, who owns an inn in a German colony in
Africa. Among the guests are the Captain — that
is not the kid’s uncle as the Brazilian translation
implies — and the Coronel — some kind of school
inspector, always after the twins. These two are the
usual victims of the kids’ plots; Hans and Fritz accept
no authority and usually end up being punished at
the end of the stories. The strip, created by German
immigrant Rudolph Dirks and drawn by Harold H.
Kerr, was first published on December 12, 1897, in
the New York Journal and was the first to use speech
baloons for the character’s dialogue, all with German
accents. The inspiration came from the children’s
book Max and Moritz, published in the 1860s by
German Wilhelm Busch. In the first strips, there were
three brothers, later reduced to two. The Skrotinhos,
created by the Brazilian cartoonist Angeli in 1987, are
inspired by this classic comic strip, that is the oldest
still in print in newspapers around the world.
“Once I bought some boxes of comics
from a second-hand store that was
going broke — they were mostly
Spider-Man, Captain America and a
few hundred Monica’s Gang. As I was
arranging and organizing all those
comics I came across an old copy of
The Katzenjammer kids.”
Ibraim has loved comics since childhood and he
grew up watching X-Men cartoons on TV. When
he discovered those stories were based on comics,
he started collecting comic books and dreaming he
would one day draw those characters. This dream
came true a few years ago, when he started working
for Marvel Comics on X-Men titles, such as New
Mutants, Dark X-Men, X-Men Origins: Gambit and the
main title in the mutant universe, Uncanny X-Men.
www.ibraimroberson.com
Lápis, nanquim e aquarela sobre papel.
Pencil, ink and watercolor on paper.
SOMBRA THE SHADOW
Q
“ uem sabe o mal que se esconde nos
corações dos homens? O Sombra sabe.”
Um dos mais famosos aventureiros dos
quadrinhos surgiu em 31 de julho de 1930, nos EUA,
como o narrador misterioso do programa de rádio
Detective Story Hour, criado para adaptar as histórias
publicadas em Detective Story Magazine e estimular as
vendas da revista onde o personagem, curiosamente,
não existia. O narrador ganhou popularidade
rapidamente e as pessoas começaram a procurar pela
“revista do Sombra”. Reconhecendo essa demanda,
o escritor Walter B. Gibson foi contratado para
escrever histórias protagonizadas pelo personagem,
que estreou na revista The Shadow Magazine 1,
em 1 de abril de 1931 que, da mesma forma que as
demais edições pulp da época, trazia somente contos
e romances, com poucas ou mesmo nenhuma
ilustração. Surgia, então, a figura de um homem rico
que, à noite, assumia a identidade de um vigilante
misterioso, vestido de preto, que escondia o rosto
sob um chapéu e usava sua aparência aterradora
e risada sinistra para impressionar e subjugar os
bandidos. O Sombra exerceu enorme influência
na criação dos personagens da Era de Ouro dos
quadrinhos norte-americanos e, principalmente, na
concepção do Batman, que surgiu em 1939. Chegou
aos cinemas em 1931 em episódios seriados e, naquele
mesmo ano, estreou em tiras escritas por Gibson e
desenhadas por Vernon Greene. O programa de rádio
próprio veio em setembro de 1937, no qual o herói era
interpretado pelo jovem Orson Wells, que viria a se
tornar um dos diretores de cinema mais importantes
da história. O Sombra protagonizou vários filmes e
diversas revistas em quadrinhos publicadas ao longo
das décadas seguintes.
“Gosto de desenhar qualquer
personagem que me deixe usar bastante
preto na página, por isso sou bastante
atraído por essas coisas antigas, o noir
e o pulp. Venho usando vários tipos
Sean Murphy de pincéis e, embora nem todos sejam
apropriados para super-heróis, eles são
perfeitos para personagens como esse.”
Sean é um artista que mora em Nova York e cujos
trabalhos anteriores incluem Hellblazer: A Cidade
dos Demônios, Joe, o Bárbaro e Vampiro Americano:
Seleção Natural. Seu trabalho mais recente chama-se
Punk Rock Jesus, o qual ele escreveu e desenhou.
184 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Who knows what evil lurks in the hearts of men?
The Shadow knows.” One of the most famous comic
book heroes appeared on July 31, 1930, in the US, as
the mysterious narrator of the Detective Story Hour
radio program, created to adapt stories published in
Detective Story Magazine to help increase the sales of
the magazine, in which The Shadow himself didn’t
appear. The radio narrator became rapidly popular
and an avid public started looking for that “Shadow
Magazine”. This demand led to writer Walter B.
Gibson being employed to write stories featuring
the character. The first of these appeared in The
Shadow Magazine #1, on April 1st 1931, which, just
like with other pulp editions of the time, consisted
only of written stories with few or no illustrations.
Thus began the adventures of a wealthy man who
turns into a mysterious vigilante at night, dressed
all in black, his face covered by a hat, using his
grim appearance and sinister laugh to disturb
and overwhelm villains. The Shadow was hugely
influential in the creation of characters during the
Golden Age of American comics and, particularly, in
the conception of Batman, who appeared in 1939.
The Shadow arrived in the movies in 1931 in the form
of serial episodes, and in that same year appeared
in strips written by Gibson and drawn by Vernon
Greene. His own radio program started in September
1937, with the hero being interpreted by the young
Orson Welles, later one of the most important film
directors in history. The Shadow appeared in various
films and comic books during the following decades.
“I like drawing character that allows me
to use a lot of black in the pages, so I’m
very attracted to the old noir/pulp type
stuff. I’ve been using a variety of brushes
lately, and while they’re not always
suitable for superhero type of work,
they’re perfect for characters like this.”
Sean is a New York based artist whose previous work
includes Hellblazer: City of Demons, Joe the Barbarian,
and American Vampire: Survival of the Fittest. His
most recent book is called Punk Rock Jesus, which he
both wrote and drew.
www.seangordonmurphy.com
Nanquim sobre prancha bristol. Colorização digital.
Ink on bristol board. Digital coloring.
SPAWN
A
l Simmons era um agente da CIA altamente
  treinado que foi morto em missão, numa
  armadilha armada pelo próprio chefe. Sua
alma foi para o inferno, onde fez um trato com o
demônio Malebolgia para que pudesse rever a sua
amada Wanda. Em troca, ele deveria integrar o
exército de Hellspawn (“crias do inferno”) do demônio.
Ele retorna à Terra cinco anos depois como uma
criatura infernal e desfigurada, sem lembranças de
sua vida anterior, para encontrar Wanda casada com
o seu melhor amigo, Terry Fitzgerald. Com o tempo,
Simmons passa a combater as hordas do inferno e do
céu, ao mesmo tempo em que descobre que faz parte
de uma linhagem de Hellspawns que existiram ao
longo dos séculos. Criado por Todd McFarlane, após
seu enorme sucesso nos títulos do Homem-Aranha,
o personagem integra a primeira onda de títulos
publicados pela Image Comics e é um dos poucos ainda
sendo publicado regularmente. Spawn 1, publicada
em maio de 1992, vendeu expressivos 1,7 milhão de
exemplares e pavimentou a construção de um império
que inclui a McFarlane Toys, conhecida por suas action
figures extremamente detalhadas e bem acabadas, além
do filme Spawn, em 1997, desenhos animados e games.
“O Spawn, pra mim, representa toda
aquela época dos quadrinhos nos anos
1990. Principalmente dos caras da Image,
que eu me amarrava. Eu já era leitor
da DC e Marvel, mas eu lembro que
Marcio quando vi as revistas da Image foi um
Takara choque. Como moleque, eu adorava o
papel diferente, as cores exageradas, os
desenhos super detalhados, as páginas
duplas (triplas, quádruplas!). Lembro-
me de ter comprado a Spawn 1 na antiga
Gibimania, lá na Tijuca, Rio de Janeiro.
Era tudo novidade pra mim. Os desenhos
do McFarlane e do Greg Capullo então,
nem se fala. Eu achava (e continuo
achando) o trabalho dos caras uma coisa
do outro mundo. O Spawn me lembra
dessa minha época, quando eu era mais
leitor curioso do que artista profissional.”
Marcio trabalha com quadrinhos desde 2006,
desenhando para empresas como Marvel Comics
(Marvel Adventures: Super Heroes), Image Comics
(Dynamo 5), Boom! Studios (Os Incríveis, Incorruptible)
e DC Entertainment (Besouro Azul, Flash). Em 2011,
mudou-se de Toronto (Canadá) para o Rio de Janeiro,
onde ele desenha atualmente Earthward, projeto em
parceria com o escritor Bryan Q. Miller.
186 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Al Simmons was a highly trained CIA agent who was
killed by his superior. His soul went to hell, where
it made a deal with the demon Malebolgia so he
could reunite with his beloved Wanda. In exchange,
he had to join the armies of the demon’s Hellspawn
(“creatures of hell”). He returns to earth five years
later as a disfigured and terrifying creature with no
memory of his previous life, and discovers Wanda
has married his best friend, Terry Fitzgerald. In time,
Simmons starts to fight the hordes of heaven and
hell, and discovers he is part of a long lineage of
Hellspawn that have existed for centuries. Created
by Todd McFarlane, after his great success with the
Spider-Man series, the character is among the first
published by Image Comics and one of the few still
regularly in print. Spawn #1, published in May 1992,
sold an impressive 1,7 million copies and laid the way
for the building of an empire that includes McFarlane
Toys, known for its highly detailed and polished
action figures, besides the 1997 film Spawn, animated
movies and games.
“Spawn, for me, represents the
American comics of the 1990s. Specially
the guys at Image, that I was really crazy
about. I was already familiar with DC
and Marvel’s comics, but I remember
when I saw the Image comic books it
was like electricity. As a kid, I enjoyed
the different paper, the exaggerated
colors, the detailed drawings, the
double (and triple, and quadruple)
pages. I remember buying Spawn #1 in
the old comic shop Gibimania, in Tijuca,
Rio de Janeiro. It was all new to me. The
best were McFarlane and Greg Capullo’s
artwork. I used to think, and actually
still do, that these guys’ drawings were
out of this world. Spawn reminds me of
that time, when I was more of a curious
reader than a professional artist.”
Marcio has been working with comics since 2006,
for publishers such as Marvel Comics (Marvel
Adventures: Super Heroes), Image Comics (Dynamo
5), Boom! Studios (The Incredibles, Incorruptible) and
DC Entertainment (Blue Beetle, The Flash). In 2011,
he moved from Toronto, Canada, to Rio de Janeiro,
where he currently illustrates Earthward, a project he
co-authors with writer Bryan Q. Miller.
www.marciotakara.com
Lápis e nanquim sobre papel.
Pen and ink on paper.
SPIRIT
D
enny Colt era um detetive particular que
foi dado como morto após enfrentar um
criminoso e sofrer um acidente com produtos
químicos. Porém ele volta à vida após ser enterrado
no cemitério de Wildwood, e adota a identidade do
vigilante mascarado Spirit. O herói criado por Will
Eisner foi apresentado aos leitores em 2 de junho
de 1940 no suplemento dominical dos 20 jornais
distribuídos pela Register and Tribune Sindicate,
atingindo cinco milhões de leitores nos EUA. Ao todo,
foram produzidas 645 histórias até outubro de 1952,
quando o suplemento deixou de ser publicado. As
histórias do Spirit passam por diferentes estilos, das
tradicionais aventuras de combate ao crime às tramas
noir, do mistério e terror às histórias românticas,
repletas de mulheres fatais como a icônica P’Gell, que
tenta seduzir o herói para que leve uma vida de crime
ao seu lado. Spirit também teve tiras diárias (de 1941 a
1944), além de revistas que republicavam as histórias
que saíram originalmente nos jornais. Voltou a ter
um título próprio em 1974, com a participação do
próprio Eisner, além de outras revistas nas décadas
seguintes, algumas delas com outros autores,
publicadas após a morte de Eisner em 2005. Com The
Spirit, Eisner influenciou gerações de artistas ao inovar
na composição de páginas com enquadramentos
cinematográficos, efeitos de luz e sombra e técnicas
narrativas ousadas, desenvolvendo os fundamentos
da revolução que promoveria décadas depois com
o lançamento de Um Contrato com Deus, em 1978,
considerada por muitos a primeira graphic novel.
“Minha ligação com o Spirit e seu
criador Will Eisner é muito significativa.
Cresci lendo as histórias, e em 1997 tive
a oportunidade de conhecer o grande
artista e ter meu portfólio avaliado por
Will Conrad ele. Foi o estopim de minha carreira
profissional e um momento tão marcante
que levarei comigo para sempre.”
O quadrinista Will Conrad é mineiro de Belo
Horizonte, onde vive até hoje. Trabalhou vários
anos como ilustrador e desde 2001 trabalha
exclusivamente para o mercado americano de
quadrinhos. Durante esse período, já trabalhou para
editoras como Top Cow, Dark Horse, Dynamite,
Marvel e DC, e desenhou títulos como Serenity,
Wolverine, X-Men, Novos Vingadores, Novos Titãs,
Renegados, Stormwatch e muitos outros. Atualmente
trabalha para a DC Comics desenhando as aventuras
do Asa Noturna.
Lápis e nanquim sobre papel com detalhes em copic marker e aguada.
Pencil and ink on paper with details in copic marker and watercolor.
188 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Denny Colt was a private detective presumed killed
after confronting a criminal and suffering an accident
with dangerous chemicals. However, after being
buried in Wildwood cemetery, he comes back to
life and adopts the identity of the masked vigilante
The Spirit. The hero created by Will Eisner was
introduced to the public on June 2nd 1940 in the
Sunday supplement of 20 newspapers distributed
by the Register and Tribune Syndicate, reaching 5
million readers in the US. All in all, 645 stories were
published until 1952, when the supplement was
discontinued. The Spirit stories covered different
styles, from deeply noir to traditional fighting
adventures, from mystery and terror to romance
with beautiful women such as iconic P’Gell, who
tries to seduce the hero into a life of crime at her
side. The Spirit was also published in daily strips
between 1941 and 1944, and in magazines that re-
published the newspaper stories. The Spirit came
back in his own comic book in 1974 in stories by
his creator Will Eisner, and over the next decades
appeared in various magazines, also in stories written
and drawn by other authors after Eisner’s death in
2005. Eisner influenced generations of artists with
his innovative compositions, the shadow and light
effects and the daring narrative techniques in The
Spirit, laying the foundations for the revolution he
would set in motion decades later with A Contract
with God, published in 1978, considered by many the
first graphic novel.
“My connections to The Spirit and Will
Eisner are very significant. I grew up
reading these stories and in 1997 I had
the opportunity of showing my portfolio
to the artist himself. That’s what started
my professional career and it was such
a momentous event that it will be with
me forever.”
Will Conrad comes from Belo Horizonte, in Minas
Gerais, Brazil, where he is still living. He worked for
various years as an illustrator and since 2001 works
exclusively for the American comics industry. During
this period he has worked for various publishers such
as Top Cow, Dark Horse, Dynamite, Marvel and
DC, and illustrated titles such as Serenity, Wolverine,
X-Men, New Avengers, Teen Titans, Outsiders,
Stormwatch and many others. Currently he works for
DC Comics as the penciller on Nightwing.
www.willconrad.com.br
SPY VS. SPY
O
cartunista cubano Antonio Prohías
abandonou seu país de origem em 1960
para fugir de acusações de espionagem
pelo regime de Fidel Castro. Já nos EUA, ele foi
contratado pela revista Mad, após apresentar seu
portfólio e uma proposta de tira com dois espiões
trapalhões. Spy vs. Spy estreou na revista Mad 60,
em janeiro de 1961, publicada pela EC Comics.
As histórias, sem texto, tratam do embate de dois
espiões idênticos — um deles vestido de branco
e o outro, de preto — que tentam eliminar um ao
outro, valendo-se de elaborados esquemas que
dão humor à tira. Em 1962, foi apresentada a Espiã
Cinza, agente neutra que aparece esporadicamente
e que favorece ora o Espião Branco, ora o Espião
Cinza. Até 1987, Prohías completou 241 tiras dos
personagens para a revista Mad, todas elas assinadas
“By Prohías” em código morse no primeiro painel.
Prohías foi substituído por outros artistas e, desde
1997, as tiras estão a cargo de Peter Kuper.
“Sempre fui fã da revista Mad,
principalmente na minha infância.
Meu primo tinha uma grande coleção
da Mad, e quando eu ia à sua casa nas
férias passávamos o dia todo lendo e
Diógenes relendo as revistas. O Spy vs. Spy fez
Neves parte disso, eles eram parte dos meus
personagens preferidos.”
Diógenes iniciou sua carreira em 2000 no estúdio
Impacto Quadrinhos como ilustrador. Arc, o
Marciano, para a revista Veja, foi um de seus vários
trabalhos. Em 2006, fez seu primeiro trabalho para
o mercado americano na HQ Road to Hell, para a
editora IDW. Em 2009, já no estúdio Art&Comics,
fez trabalhos para a Marvel na minissérie X-Men:
Worlds Apart e como desenhista regular do título
Novos Mutantes. Está na DC Comics desde 2010,
onde desenhou vários títulos como Superman,
Superboy, Arqueiro Verde, Cavaleiros do Demônio,
entre muitos outros.
190 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The Cuban cartoonist Antonio Prohías left his
country in 1960 to escape accusations of espionage
by the Fidel Castro regime. In the US he started
working for Mad magazine, after presenting his
portfolio and a proposal for a strip featuring a pair of
muddled spies. Spy vs. Spy began their adventures in
Mad #60, in January 1961, published by EC Comics.
The stories, with no text, deal with two identical
spies, except one is dressed in white and the other
in black, who try to eliminate each other, using
all kinds of complicated ruses which provide the
strips’ humor. In 1962, the Grey Spy (a female) was
introduced, an agent that appears sporadically to
help either the Black or the White spy. Until 1987,
Prohías created 241 strips of the characters for Mad,
all of them signed “by Prohías” in Morse code in the
first panel. Prohías was later substituted by other
artists, and since 1997, the strips are written and
drawn by Peter Kuper.
“I’ve always been a fan of Mad
magazine, specially as a child. My cousin
had a big Mad collection, and when I
went to his house for holidays we would
spend all day reading and rereading
the magazines. Spy vs. Spy was part of
this, they were some of my favorite
characters.”
Diógenes started his career in 2000, at Impacto
Quadrinhos studios, as an illustrator. Arc, o Marciano,
for Veja magazine, was one of his first works. In
2006, he did his first comic book for the American
industry with Road to Hell, for IDW. In 2009 at
Art&Comics studios, he worked for Marvel on the
mini series X-Men: Worlds Apart and as regular artist
on New Mutants. He has been with DC Comics since
2010, for which he illustrated various books such as
Superman, Superboy, Green Arrow, Demon Knights and
many others.
http://diogenesneves.blogspot.com.br/
Lápis, nanquim, aguado e guache branco sobre papel.
Pencils, ink, ink wash and white gouache on paper.
SUPERMAN
N
a década de 1930, os EUA viviam os efeitos
da Grande Depressão, e as notícias vindas da
Europa, com a ascensão do regime nazista,
não eram nada animadoras. Foi nesse cenário que
Jerry Siegel e Joe Shuster, dois jovens descendentes
de imigrantes judeus e ávidos consumidores de
ficção científica, criaram um personagem baseado
em heróis pulp como Doc Savage e Buck Rogers, mas
usando elementos de figuras da tradução judaica e da
mitologia, como Moisés, Sansão e Hércules. A primeira
versão do personagem apareceu em 1933, no fanzine
Science Fiction 3, na história The Reign of the Super-
Man (O Reino do Super-Homem, em tradução livre), na
forma de um vilão que pretendia conquistar o mundo
com seus poderes telepáticos. Mas a versão definitiva
viria em junho de 1938, com a publicação de Action
Comics 1, quando fomos apresentados a Kal-El — que
significa “Filho das Estrelas” — enviado ainda bebê à
Terra para que sobrevivesse à destruição do planeta
Krypton. Adotado por um casal de fazendeiros, Kal-El
recebeu o nome de Clark Kent e cresceu como uma
criança normal, até que sua fisiologia kryptoniana
somada à exposição ao nosso sol amarelo fez com
que desenvolvesse poderes sobre-humanos, usados
para defender a humanidade, tendo como base a
fictícia cidade de Metrópolis, onde vive como repórter
do jornal Planeta Diário. Superman é um dos mais
importantes personagens da cultura pop ocidental,
adaptado com sucesso para todas as mídias, e o
símbolo que leva em seu uniforme é um dos elementos
gráficos mais reconhecidos em todo o mundo.
“Pra mim, o Superman é o super-herói
mais icônico do mundo. Lembro-me de
quando era criança e lia as republicações
de histórias da Era de Prata, com
desenhos de Curt Swan e Murphy
Jeff Lemire Anderson. Elas eram piradas, e uma
diversão só. Era a riqueza da imaginação.
Considero que Grandes Astros: Superman,
de Grant Morrison e Frank Quitely,
conseguiu captar aquela mesma
sensação, mas com um toque moderno.”
O artista canadense Jeff Lemire é criador da elogiada
série Sweet Tooth: Depois do Apocalipse, publicada pela
DC/Vertigo, assim como das premiadas graphic novels
Essex County e The Underwater Welder, publicadas
pela Top Shelf. Jeff também já escreveu Homem-
Animal, Arqueiro Verde, Liga da Justiça Dark, Superboy,
Frankenstein: Agente da S.O.M.B.R.A. e Eléktron para a
DC Comics. Também já foi indicado a cinco prêmios
Eisner, cinco prêmios Harvey e seis prêmios Shuster,
e em 2010, Essex County foi considerado um dos
cinco Romances Canadenses Essenciais da Década.
Atualmente vive em Toronto com esposa e filho.
192 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
In the 1930s, with the US living the consequences
of the Great Depression, news coming from Europe
about the rise of the Nazi regime was anything but
encouraging. It was in this scenario that two young
descendants of immigrant Jews who loved science
fiction, Jerry Siegel e Joe Shuster, created a character
based on pulp heroes like Doc Savage and Buck
Rogers, but influenced also by figures from Jewish
tradition and universal mythology like Moses, Samson
and Hercules. The first version of the character
appeared in 1933, in the fanzine Science Fiction #3,
in the story The Reign of the Super-Man, in the form
of a villain who tries to conquer the world with his
telepathic skills. But the decisive version arrived in
July 1938 with the publication of Action Comics #1,
when the public was introduced to Kal-El — which
means “Star Child” in Kryptonian — sent to Earth as
a baby to escape the destruction of planet Krypton.
Adopted by a farming couple, Kal-El was renamed
Clark Kent and grew up as a normal child, until his
Kryptonian background and the exposure to the rays
of our yellow Sun led him to develop extraordinary
skills. Superman uses his superhuman abilities to
defend humanity from his base in the fictional
Metropolis, where he works as a reporter for the
Daily Planet. Superman is one of the most important
characters of Western pop culture, successfully
adapted to all media, and the symbol on his costume
is one of the most widely recognized graphic symbols
in the world.
“To me, Superman is the most iconic
superhero in the world. As a child I
remember reading reprints of Curt
Swan and Murphy Anderson Silver Age
stories. They were so zany and fun.
So rich with imagination. I feel Grant
Morrison and Frank Quitely’s All Star
Superman captured this same feeling,
but with a modern sensibility.”
Canadian cartoonist Jeff Lemire is the creator of
the acclaimed series Sweet Tooth published by DC/
Vertigo and the award winning graphic novels Essex
County and The Underwater Welder published by
Top Shelf. Jeff has also written Animal Man, Green
Arrow, Justice League Dark, Superboy, Frankenstein:
Agent of S.H.A.D.E. and The Atom for DC Comics. He
has also been nominated for five Eisner awards, five
Harvey Awards and six Shuster Awards, and in 2010
Essex County was named as one of the five Essential
Canadian Novels of the Decade. He currently lives and
works in Toronto with his wife and son.
www.jefflemire.blogspot.com
Lápis, nanquim e aquarela sobre papel.
Pen and ink with watercolor on paper.
SURFISTA PRATEADO SILVER SURFER
N
orrin Radd vivia no pacífico planeta
Zenn-La, habitado por uma civilização
tão evoluída que desconhecia o crime e a
violência. Um dia sua existência foi ameaçada pela
chegada de Galactus, o Devorador de Mundos.
Norrin conseguiu que seu planeta fosse poupado
ao concordar em se tornar o arauto de Galactus, de
quem recebeu uma fração de seu poder, o suficiente
para transformá-lo em uma das criaturas mais
poderosas do universo. O Surfista Prateado passou
a buscar outros planetas para serem consumidos
pelo seu mestre até chegar à Terra, onde decidiu se
juntar ao Quarteto Fantástico contra a ameaça de
seu superior e ser por ele exilado em nosso planeta.
O personagem apresentado ao público na revista
Fantastic Four 48, em março de 1966, foi criado por
Jack Kirby, que optou pela prancha de surfe como
meio de locomoção do herói, pois se dizia cansado
de personagens em naves espaciais. O Surfista
Prateado teve várias revistas solo, porém merece
destaque as histórias escritas por Stan Lee, com arte
de John Buscema, publicadas a partir de 1968, e a
minissérie de Lee com desenhos do francês Moebius
— Surfista Prateado: Parábola — publicada em 1988,
que mostram as reflexões do herói alienígena sobre
as qualidades e conflitos da humanidade.
“John Buscema é uma das inspirações
eternas na minha arte. Esta capa é uma
das imagens que eu tenho de mais
icônica desde a minha infância.”
Yildiray
Cinar
Em 1997, Cinar participou da criação de um coletivo
de edição de fanzines fotocopiados chamado Capa
Comics, da Turquia, com o qual ainda colabora
esporadicamente. Embora permaneça em Istambul,
Cinar começou a produzir para o mercado norte-
americano de quadrinhos. Primeiro fez contato
com a Digital Webbing Press e ilustrou histórias de
Nothingface e Fist of Justice, que saíram em edições
da antologia Digital Webbing Presents. Depois ele
trabalhou na série de Jay Faerber na Image chamada
Noble Causes, na qual foi o desenhista oficial a
partir da edição 27. Depois de trabalhar na série
Novos Titãs, da DC Comics, virou artista oficial da
Legião dos Super-Heróis, que estreou em 2010 com o
roteirista veterano Paul Levitz. Entre seus créditos
também estão Nuclear, Melhores do Mundo e Terra 2.
194 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Norrin Radd lived on the pacific planet Zenn-La,
populated by a civilization so evolved they knew no
crime or violence. With the arrival of Galactus, the
Devourer of Worlds, their existence was threatened
but Norrin managed to safeguard his planet by
agreeing to become Galactus’ herald, receiving
from the latter a fraction of his power, sufficient to
transform him into one of the most powerful beings
in the universe. The Silver Surfer starts a quest to
find other planets to be destroyed until he arrives
on Earth, where he decides to join forces with the
Fantastic Four against his master, thereby being
exiled here. The character presented to the public
in Fantastic Four #48, March 1966, was created by
Jack Kirby who stated that he chose a surfboard
for the character because he was tired of heroes in
spaceships. The Silver Surfer had many solo comics
but among the best are the stories written by Stan
Lee and illustrated by John Buscema, first published
in 1968, and a miniseries by Lee and French comic
book artist Moebius in 1988 — Silver Surfer: Parable
—, which has the alien hero reflecting on humanity’s
qualities and conflicts.
“John Buscema is one of my all-time
favorite inspirations in my art. This
cover is one of the most iconic images
of my childhood.”
In 1997 Cınar helped create a photocopy fanzine
publishing group called Capa Comics in Turkey, with
which he still collaborates. Although remaining in
Istanbul, Cınar started producing for the American
comic book industry. He was first hooked up with
Digital Webbing Press and illustrated stories of
Nothingface and Fist of Justice which appeared in
numerous issues of the anthology Digital Webbing
Presents. He later worked on Jay Faerber’s Image
series Noble Causes, on which he served as regular
penciller beginning with #27. After working on
the DC Comics series Teen Titans, he began as
the regular artist on Legion of Super-Heroes 2010
relaunch, working with veteran Legion writer Paul
Levitz. His credits also include Fury of Firestorm,
World’s Finest and Earth 2.
www.yildiraycinar.net
Mídia mista sobre papel.
Mixed media on paper.
TARZAN
T
arzan surgiu em um conto publicado na revista
pulp All-Story Magazine, em outubro de 1912.
Na história criada pelo norte-americano Edgar
Rice Burroughs, John Clayton III é filho de aristocratas
ingleses que desembarcam em uma selva africana após
um motim no navio onde viajavam. Com a morte de
seus pais, ele é criado por macacos e por eles batizado
de Tarzan, que significa “Pele Branca”. Criado na selva,
Tarzan desenvolve habilidades físicas sobre-humanas,
além da capacidade de se comunicar com os animais.
Burroughs, que nunca esteve na África, criou um
continente mítico repleto de civilizações perdidas e
de estranhas criaturas, cenário das aventuras do herói.
Os dois primeiros filmes de Tarzan estrearam em 1918,
ainda na época do cinema mudo. O herói chegou aos
quadrinhos em 7 de janeiro de 1929 em tiras desenhadas
por Hal Foster, substituído em 1937 por Burne Hogarth.
Tarzan teve diversas revistas em quadrinhos ao longo
das décadas, além de filmes animados e de uma popular
série de TV produzida na década de 1960.
“Juntamente com os romances de Emilio
Salgari (escritor italiano), Tarzan foi um
dos personagens que me cativou durante
a minha infância. Se bem me lembro,
foi o primeiro personagem a chegar à
Eduardo televisão. Os trinta minutos de duração
Risso de cada episódio deixavam em mim uma
excitação e um gosto de quero mais. Ao
longo do tempo e através das diferentes
versões do Tarzan nos quadrinhos,
cinema e televisão, fui ampliando meu
interesse por este personagem em um
nível que não acontecia com os demais.
Aquela série de TV despertou em mim a
certeza de encontrar aventura em terras
indômitas e estranhas.”
Nascido em 1959, em Leones, Argentina, Eduardo
Risso começou sua carreira como ilustrador para
o jornal La Nación, em 1981. Em seguida, publicou
diversos trabalhos nas revistas Eroticón, Satiricón e
nos títulos da Editorial Columba. Entre seus trabalhos
mais conhecidos estão Caim, Parque Chas, Fulú, Simón,
Vídeo Noir, Borderline, O Menino Vampiro, Luan Roja,
Chicanos, Tales of Terror, Alien Resurrection, Jonny
Double, 100 Balas, Homem do Espaço, Logan, Batman:
Preto & Branco, Batman: Cidade Castigada e Batman: O
Cavaleiro da Vingança. É vencedor dos prêmios Eisner
(2001, 2002 e 2004), Harvey (2002, 2003 e 2008) e
Yellow Kid (2002). Desde 2010, atua como presidente do
comitê organizador da Crack Bang Boom — Convenção
Internacional de Histórias em Quadrinhos da cidade de
Rosario, Argentina, que conta com exposições e oficinas
com artistas argentinos e convidados estrangeiros.
196 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Tarzan first appeared in a story published in pulp
magazine All-Story, in October 1912. In the story
created by the American writer Edgar Rice Burroughs,
John Clayton III is the son of British aristocrats who
were marooned on the Atlantic coast of Africa by
mutineers. With his parents’ death, he is raised by
apes who give him the name Tarzan (“White Skin”
in ape language). Growing up in the jungle, Tarzan
develops incredible abilities, as well as a capacity to
communicate with animals. Burroughs, who never
set foot in Africa, created a mythical continent that
was full of lost civilizations and strange creatures, the
setting for the hero’s adventures. The first two Tarzan
movies were launched in 1918, in the Silent Era. His
adventures began to be published in newspaper
comic strips on January 7, 1929, penciled by Hal
Foster, who was replaced in 1937 by Burne Hogarth.
Tarzan had several comics throughout the decades
as well as animated films and a popular TV series
produced in the 1960s.
“Together with (Italian writer) Emilio
Salgari’s romances, Tarzan was one of
the characters that captivated me in
my childhood. If I remember well, he
was one of the first characters to have a
show on TV. Each thirty-minute episode
made me excited and eager for more. As
time went by and through the different
Tarzan versions in comics, cinema and
television, my interest in him increased
to a degree I didn’t feel with other
characters. That TV series gave me
certainty that I’d find adventure in
untamed and strange lands.”
Born in 1959, in Leones, Argentina, Eduardo Risso
began his career in 1981 doing illustrations for the
newspaper La Nación. He then published illustrations
in various magazines, like Eroticón, Satiricón and
other titles by publishing house Columba. His most
well-known works are Caín, Parque Chas, Fulú,
Simón, Vídeo Noir, Borderline, Boy Vampire, Luan
Roja, Chicanos, Tales of Terror, Alien Resurrection,
Jonny Double, 100 Bullets, Spaceman, Logan, Batman:
Black & White, Batman: Knight of Vengeance. He
won Eisner Awards (2001, 2002 e 2004), Harvey
Awards (2002, 2003 e 2008) and a Yellow Kid Award
(2002). Since 2010 he is the organizing committee
president at Crack Bang Boom — the International
Comic Books Convention of Rosario, Argentina, with
exhibitions and workshops with Argentine artists and
foreign guests.
http://redsectorart.com/risso/index.php
Lápis, canetas Staedtler e nanquim sobre papel.
Pencil, Staedtler pen and ink on paper.
TERRY E OS PIRATAS TERRY AND THE PIR ATES
M
ilton Caniff tinha 27 anos quando foi
contratado para criar uma tira com histórias
passadas no oriente, “a última fronteira da
aventura”, segundo o editor do jornal New York Daily
News, numa alusão às tiras já famosas que se passavam
na África (Tarzan), sudeste da Ásia (Jim das Selvas), nas
grandes cidades (Dick Tracy, Agente Secreto X-9) e até
mesmo no espaço (Flash Gordon). Foi ao pesquisar
a história da China que Caniff soube da existência
de famílias dedicadas à pirataria há muitas gerações.
Surgiu então a ideia e o palco das aventuras de Terry e
os Piratas, tira diária que estreou em 22 de outubro de
1934. As primeiras histórias apresentavam Terry ainda
na pré-adolescência, que viajava na companhia de Pat
Ryan, uma espécie de tutor do garoto. Eles vão à China
e passam a enfrentar os piratas dos rios asiáticos e
uma grande variedade de vilãs, das quais se destaca a
enigmática Dragon Lady. Caniff deixou o personagem
em 29 de dezembro de 1946. Ao longo desses 12 anos,
Terry se alistou no exército norte-americano para lutar
na Segunda Guerra Mundial, assunto que passou a
dominar as histórias do personagem. O artista George
Wunder deu continuidade ao trabalho de Caniff e a
tira Terry e os Piratas continuou a ser publicada até 25
de fevereiro de 1973.
“Encontrei Terry (e também os Piratas,
Dragon Lady e muita aventura) numa
antiga edição d’O Gibi. Ouvi falar de
Cannif desde que comecei a estudar a
História dos Quadrinhos, muitos autores
Fabio que admiro citam o cartunista de Ohio
Cobiaco como sua principal influência. Admiro
seu modo de construir histórias, seus
personagens pitorescos e todo o cuidado
na documentação visual de suas cenas.
Por intermédio de Cannif, conheci
também o trabalho de Roy Crane, que
considero, junto a Harold Foster, os
criadores do quadrinho de aventura.”
Fabio publicou seus primeiros trabalhos, um fanzine
(PUTZ!) e tiras na seção dos leitores da Chiclete
com Banana do Angeli, aos 15 anos. Com 19 já era
profissional, começando em estamparias e jornais
pequenos. Nos 25 anos seguintes, ilustrou livros,
capas de disco, jornais, revistas, cenários e conceitos
para animação, HQs (no Brasil e EUA), para as
maiores, e menores editoras e produtoras do país.
Recentemente, lançou com R. Bressane e E. Acher,
a graphic novel V.I.S.H.N.U. pelo selo Quadrinhos na
Cia. Atualmente, divide com seu filho Pedro uma
oficina de produção de arte.
198 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Milton Caniff was 27 when he was hired to create a
comic strip with stories set in the Orient, “the last
outpost for adventure”, according to the newspaper
editor at New York Daily News, in an allusion to
the already famous strips set in Africa (Tarzan),
Southeast Asia (Jungle Jim), and in the great cities
(Dick Tracy, Secret Agent X-9) and even in outer space
(Flash Gordon). When researching the history of
China, Caniff learned about families for whom piracy
was a way of life passed down generations. That’s
where the idea and the setting Terry and the Pirates’
adventures came from, and the daily strip started
October 22, 1934. In the first story Terry was a boy
traveling with Pat Ryan, his tutor. They go to China
and once on the Asian rivers Terry and Pat start
fighting pirates and a huge variety of villains, the
most prominent being the enigmatic Dragon Lady.
Caniff abandoned the character in 1946. During 12
years, Terry joined the US army to fight World War
II, a theme that became dominant in the character’s
stories. Artist George Wunder took on Caniff’s work
and the strip went on being published until February
25, 1973.
“I met Terry (and the Pirates, Dragon
Lady and many adventures) in an old
edition of O Gibi. I’d been hearing
about Caniff since I started studying
the History of Comics. Many authors
I admire mentioned the cartoonist
from Ohio as their main influence. I
also admire the way in which he builds
his stories and picturesque characters
and all the care in the scenes’ visual
references. Through Caniff I also heard
about the work of Roy Crane, who
together with Harold Foster I consider
to be the creators of adventure comics.”
Fabio published his first works — a fanzine (PUTZ!)
and strips in the readers section of Angeli’s Chiclete
com Banana -, aged 15. At 19 he was already
a professional, working in printers and small
newspapers. For the following 25 years, he illustrated
books, music record covers, newspapers, magazines,
settings and concepts for animations and comic
books (in Brazil and in the US), for the biggest
and smallest publishing houses and production
companies in the country. He recently released the
graphic novel V.I.S.H.N.U. with R. Bressane and E
Acher, published by Quadrinhos na Cia. He currently
shares an art production studio with his son Pedro.
http://fcobiaco.blogspot.com.br/
Tintas acrílicas e nanquim sobre chapa de Duratex.
Acrylic paint and ink on Duratex board.
TEX
O
vaqueiro Tex Willer vivia no Texas, próximo
à fronteira com o México. Após bandidos
mexicanos matarem seu pai, ele decide
atravessar os limites de seu país atrás dos assassinos
e fazer justiça com as próprias mãos. Tendo vingado
a morte do pai, Tex passa a ser perseguido pela
polícia e encontra trabalho no circo. Chega a notícia
do assassinato de seu irmão e, mais uma vez, Tex
localiza e mata os criminosos. É neste ponto de sua
história, como um fora da lei perseguido pela polícia,
que Tex foi apresentado aos leitores em Collana del
Tex 1, revista em formato de tira publicada na Itália
em 1948. Logo após a sua estreia, o personagem
criado pelos italianos Gian Luigi Bonelli — grande
admirador das histórias do velho oeste americano
— e Aurelio Galleppini (Galep), passou para o lado
da lei e se tornou um respeitado ranger do Texas.
Veio ainda a se casar com a filha do chefe dos índios
najavos, que ele chegou a suceder. Mesmo distante
do perfil do mocinho tradicional — ele bebia, fumava
e usava de violência para conseguir informações dos
bandidos —, Tex ganhou popularidade e é publicado
na Itália desde a sua estreia, com mais de 200 mil
exemplares vendidos mensalmente, tendo resistido à
crise do gênero faroeste da qual se inspirou. O herói
de camisa amarela e lenço no pescoço, que defende
os fracos sem distinção de raça e disposto a quebrar
a lei para que a justiça prevaleça, foi publicado pela
primeira vez no Brasil em 25 de fevereiro de 1951, na
revista Júnior 28, com o nome de Texas Kid. Já com o
nome Tex, é publicado ininterruptamente desde 1971,
sendo o Brasil um dos países no mundo onde o herói
é mais popular.
“Adoro histórias de faroeste. Cresci lendo
Jonah Hex, Ken Parker, Blueberry e, como
não poderia deixar de ser, Tex. Tenho
esperança de um dia poder desenhá-
lo, mas, enquanto este dia não chega,
Mike aproveito esta oportunidade para retratar
Deodato Jr. este que é para mim um dos personagens
mais representativos do gênero.”
Deodato tornou-se quadrinista influenciado
pelo seu pai, Deodato Borges, que lhe ensinou
a desenhar. Deodato acontece para o mundo
depois de participar do XIII Salão Internacional de
Angoulême, na França. Ficou conhecido no mercado
americano e mais ainda no brasileiro ao desenhar,
em 1994, a Mulher-Maravilha (DC Comics).
Contratado pela Marvel Comics, ele ilustraria vários
heróis conhecidos tais como os Vingadores, Thor,
Hulk, além da revista mensal da Elektra dentre
muitos outros.
202 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Rancher Tex Willer lived in Texas near the Mexican
border. When Mexican criminals killed his father,
he decided to cross the border to find the criminals
and take justice into his own hands. After taking
revenge for his father’s death, Tex starts to be
pursued by the police and starts working in a circus.
He then hears about the murder of his brother
and, once again, Tex finds and kills the murderers.
At this point in his story, as an outlaw pursued by
police, Tex is introduced to readers in Collana del Tex
#1, a magazine in strip format published in Italy in
1948. Soon after the launch, the character created
by Italians Gian Luigi Bonelli — a great admirer of
American Old West stories — and Aurelio Galleppini
(Galep), went on to join the law and became a
respected Texas ranger. He went on to marry the
daughter of a Najavo Indian chief, which he later
succeeded. Despite not having the traditional profile
of the good guys — he drunk, smoke and made use
of violence to get information from criminals — Tex
gained popularity and is still published in Italy with
over 200,000 copies sold monthly, having resisted
the crisis in the western style that inspired it. The
yellow shirted hero with a neckerchief, who defends
the weak with no distinction of race and is ready to
break the law so justice can prevail, was published
for the first time in Brazil on February 25, 1951, in the
magazine Júnior #28, with the name Texas Kid. Since
then, with the name Tex, he has been published
uninterruptedly since 1971. Brazil is one of the
countries where the hero is most popular.
“I love Wild West stories. I grew up
reading Jonah Hex, Ken Parker, Blueberry
and, of course, Tex. I hope one day I’ll
get to draw him, but, until this day
arrives, I take this opportunity to portray
him, as he is for me one of the most
representative characters of this style.”
Deodato became a comics illustrator influenced by
his father, Deodato Borges, who taught him how
to draw. Deodato broke into the world of Comics
after participating in the 8th Angoulême International
Comics Festival, in France. He became known in the
American market and more so in the Brazilian market
when penciling Wonder Woman (DC Comics) in 1994.
Hired by Marvel Comics, he illustrated several well-
known heroes, like the The Avengers, Thor, Hulk, as
well as Elektra’s monthly comic book, and many others.
www.mikedeodatojr.com
Aquarela e guache sobre papel.
Watercolor and gouache on paper.
THOR
T
hor Odinson, o Deus do Trovão, é filho de
Odin, o deus supremo de Asgard, e de Jord,
a deusa Terra. Em sua juventude, o herdeiro
do trono de Asgard foi punido por seu pai por sua
arrogância e impulsividade e exilado em Midgard
(Terra), no corpo de Donald Blake, um estudante de
medicina com uma deficiência física que o obrigava
a usar uma bengala. Thor passa a viver na Terra
sem qualquer lembrança de sua origem asgardiana
e privado de seus poderes até que, em uma viagem
à Noruega, encontra um estranho cajado em uma
caverna. Ao bater com o cajado no chão, Blake se
transforma no poderoso Thor e o cajado se torna
Mjorlnir, o martelo místico que traz a inscrição:
“Aquele que empunhar este martelo, se for digno,
possuirá o poder de Thor”. O Deus do Trovão passa
a dividir seu tempo entre Asgard e a Terra, onde
integrou a formação original dos Vingadores. Stan
Lee, Larry Lieber e Jack Kirby criaram o personagem
que estreou na revista Journey into Mystery 83, em
agosto de 1962, com base na mitologia nórdica
e, com o tempo, vários outros elementos foram
introduzidos em histórias clássicas como a Saga
de Surtur, personagem associado ao Ragnarok, o
“destino final dos deuses” na mitologia nórdica. O
filme do personagem, lançado em 2011, integrou
a Fase 1 dos filmes da Marvel Studios e teve uma
sequência no ano de 2013.
“Escolhi o Thor porque eu amava
mitologia nórdica quando era criança e
adorava o jeito como Kirby representava
os personagens asgardianos.”
Mike McKone
O artista britânico Mike McKone iniciou sua carreira
nos quadrinhos em 1988 e desde então já desenhou
Quarteto Fantástico, Exilados, Homem-Aranha,
Novos Titãs, Liga da Justiça Internacional, Academia
dos Vingadores e diversas outras séries. Atualmente
mora nos EUA.
www.facebook.com/people/Mike-McKone/100004124400276
204 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Thor Odinson, the God of Thunder, is the son of
Odin, the supreme Lord of Asgard, and Jord, the
goddess of Earth. In his youth, Asgard’s successor
to the throne was punished by his father for being
arrogant and impulsive, and exiled in Midgard
(Earth), in the body of Donald Blake, a partially
disabled medical student who needed a walking
stick. Thor moves to Earth with no recollection of
his Asgardian origin and is deprived of his powers
until, on a trip to Norway, he finds a strange cane in
a cave. When striking the cane on a boulder, Blake
transforms into the powerful Thor and the cane
becomes Mjolnir, the mystical hammer that has the
inscription: “Whosoever holds this hammer, if he be
worthy, shall possess the power of Thor”. The God of
Thunder starts to split his time between Asgard and
Earth, where he was part of the Avengers’ original
formation. Stan Lee, Larry Lieber and Jack Kirby
created the character — launched in the comic book
Journey into Mystery #83, in August 1962 — which
was based on Norse mythology. With time, many
other elements were introduced into classic stories
such as the Surtur Saga, a character associated with
Ragnarok, the “Fate of Gods” in Norse mythology.
Thor’s film launched in 2011, part of the first phase of
Marvel Studios films and had its sequel in 2013.
“I chose Thor because I loved Norse
mythology as a child and loved Kirby’s
depiction of the Asgardian characters.”
British artist Mike McKone started his comic book
career in 1988 and since then he has drawn Fantastic
Four, Exiles, Spider-Man, Teen Titans, Justice League
International, Avengers Academy and several other
books. He currently lives in the US.
Lápis, aquarela e nanquim sobre papel.
Pencils, watercolors and ink on paper.
TINTIM TINTIN
O
personagem criado pelo belga Hergé surgiu
em 10 de janeiro de 1929, no suplemento
infantil Le Petit Vingtième do jornal católico
Le Vingtième Siècle de Bruxelas. Naquele primeiro
capítulo de Tintim no País dos Sovietes, o público foi
apresentado ao jovem jornalista e aventureiro que se
envolve em complexas intrigas internacionais sempre
na companhia do seu cachorro Milu, além do auxílio
do Capitão Haddock e dos policiais Dupond e Dupont,
entre outros. As histórias fizeram enorme sucesso,
a ponto de quadruplicar a circulação do jornal.
O adolescente corajoso e sem família conhecida, meio
Sherlock Holmes e meio James Bond, de nariz redondo,
calças curtas que deixam as canelas à mostra e com
seu característico topete, teve 23 álbuns produzidos
por seu criador entre 1929 e 1976. Algumas histórias
chegaram a ser reescritas nas décadas seguintes para
abrandar sequências e abordagens então entendidas
como politicamente incorretas ou mesmo racistas,
destacadamente no caso de Tintim no Congo. Hergé
veio a falecer em 1983, deixando inacabado o álbum
Tintim e a Arte-Alfa, posteriormente finalizado por
Yves Rodier, que por sua vez revelou que Hergé
pretendia matar seu herói naquela história. Rodier
criou um novo final e o herói permanece vivo tanto
nos quadrinhos quanto na imaginação de seus fãs.
“Tintim é minha infância, uma das
minhas portas para as histórias em
quadrinhos, é a aventura em sua
forma mais pura. Charutos, cetros,
submarinos, mapas misteriosos,
Liniers cogumelos gigantes, foguetes, orelhas
rasgadas e os insultos estranhos feitos
por Haddock. Girassol, Dupond,
Dupont, Castafiore, Tchang, Nestor,
Milu... Como se faz para abraçar
personagens bidimensionais?”
Liniers é o segundo nome de Ricardo Siri. Nascido
em Buenos Aires em 1973, Liniers iniciou a carreira
fazendo fanzines. Seu trabalho já apareceu nas
revistas Rolling Stone, Spirou, La Mano e outras
que ele esqueceu. Publicou nove coletâneas de sua
tira diária Macanudo, um livro de sua tira semanal
Bonjour, um livro infantil (O que Existe Antes que
Exista Tudo) e um caderno de esboços (Cuadernos).
Montou em 2010 a exposição Macanudismo no
Centro Cultural Recoleta, na Argentina (que em
2012 veio para o Brasil). Está fazendo uma turnê pela
América do Sul e pela Espanha, onde desenha ao
vivo enquanto Kevin Johansen canta. Ele e a esposa
gerenciam a La Editorial Común, na qual publicam
graphic novels. É casado, feliz e já esteve na Antártida.
206 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The character created by Belgian cartoonist Hergé
was published for the first time January 10, 1929, in Le
Petit Vingtième, a children’s supplement in Brussels
catholic newspaper Vingtième Siècle. In the first
chapter of Tintin in the Land of the Soviets, readers
were introduced to the young and adventurous
reporter who gets involved in complex international
intrigues, always accompanied by his dog Snowy,
and aided by Captain Haddock and police officers
Thomson and Thompson, among others. The
stories were so successful that they quadrupled the
newspaper’s circulation. The brave teenager who
didn’t have a family, was half Sherlock Holmes,
half James Bond, button-nosed, wore short-legged
combat trousers and a trademark quiff, had 23
albums produced by his creator between 1929 and
1976. Some stories were rewritten in the following
decades to adapt sequels and approaches that were
understood as politically incorrect or even racist,
especially in the story where Tintin visited Congo.
Hergé passed away in 1983, leaving the album
Tintin and Alph-Art unfinished. The book was later
concluded by Yves Rodier, who revealed that Hergé
planned to kill Tintin in that story. Rodier created a
new ending and the hero stayed alive both in comic
books and the imagination of his fans.
“Tintin is my childhood, one of the
gates that opened up comic book
stories to me, it is adventure in
its purest form. Cigars, scepters,
submarines, mysterious maps, giant
mushrooms, rockets, torn ears and
strange insults by Haddock. Calculus,
Thomson, Thompson, Castafiore,
Chang, Nestor, Snowy... How can you
hug two-dimensional characters?”
Liniers is Ricardo Siri’s second name. Born in Buenos
Aires in 1973, Liniers began his career working in
fanzines. His work has appeared in Rolling Stone,
Spirou, La Mano and other magazines he can’t
remember. He has published 9 compilations of his
daily comic strip Macanudo; a book of his weekly
comic strip Bonjour, a children’s book (What There
is before There is Something) and a sketchbook
(Cuadernos). Among other exhibitions, in 2010 he
did the Macanudismo exhibition at Recoleta Cultural
Center, Argentina (shown in Brazil in 2012). He is
currently touring in South America and Spain, drawing
live while Kevin Johansen sings. Together with his wife
he owns graphic novel publisher La Editorial Común.
He is married, happy and has been to Antarctica.
www.laeditorialcomun.com
Nanquim e aquarela sobre papel.
Ink and watercolor on paper.
 TIO PATINHAS UNCLE SCROOGE
O
nome original do Tio Patinhas — Scrooge
McDuck — define bem o personagem:
trata-se de um pato (duck), extremamente
pão-duro (scrooge, uma referência ao também sovina
Ebenezer Scrooge, personagem de Um Conto de
Natal, de Charles Dickens) e de origem escocesa (Mac
é um prenome típico daquele país). Óculos, casaca,
cartola, bengala e spats (uma espécie de polaina que
cobre os pés e calcanhares) dão um ar aristocrático
ao “pato mais rico do mundo”, que é tio por parte de
mãe do Pato Donald e tio-avô de Huguinho, Zezinho
e Luizinho. O personagem criado por Carl Barks
apareceu pela primeira vez na história em quadrinhos
Natal nas Montanhas, em 1947, como um antagonista
de Donald. Tio Patinhas caiu no gosto dos leitores
e ganhou histórias próprias, nas quais Barks foi
refinando o personagem para ganhar características
de aventureiro, explorador, caçador de tesouros e
filantropo, além de uma origem de pobreza que, de
alguma forma, explica sua obsessão por dinheiro
e riqueza. Tio Patinhas ganhou título próprio em
1952, escrito por Barks. Vários episódios da famosa
série animada Duck Tales, exibida originalmente nos
EUA de 1987 a 1990, eram adaptações de histórias
de Carl Barks. Entre 1992 e 1994, Don Rosa, um dos
sucessores de Barks, publicou a história seriada A Saga
do Tio Patinhas, que conta a trajetória do personagem
de 1877 a 1947. Tio Patinhas foi publicado no Brasil
pela primeira vez na revista O Pato Donald 1, em
1950. Em 1963, foi lançada a revista Almanaque Tio
Patinhas (mais tarde simplesmente Tio Patinhas), que
é publicada até hoje pela Editora Abril.
“Há uma influência muito duradoura
quando uma HQ nos cativa pela
Rafael Roncato
primeira vez. Esse arrebatamento fica
impresso. As HQs do Tio Patinhas
me deram isso. Quando faço uma
Danilo HQ, procuro recriar o momento em
Beyruth que um gibi do Tio Patinhas, cheio de
aventura, com um amável personagem
detestável, caiu em minhas mãos.”
Nascido em São Paulo, em 1973, Danilo foi diretor
de arte na agência de propaganda DPZ por vários
anos, de onde saiu para fundar o estúdio de ilustração
Macacolândia. Começou a trabalhar com quadrinhos
em 2007, publicando de forma independente a revista
Necronauta, que levou ao convite para participar
da antologia Popgun — Volume 3, da editora norte-
americana Image. Participou das coletâneas Jesus Hates
Zombies, Fierro Brasil e MSP+50. Em 2010, lançou o
álbum Bando de Dois, que recebeu diversos prêmios.
Desde então, lançou Necronauta — O Almanaque dos
Mortos; e, em 2012, o álbum Astronauta — Magnetar,
que inaugurou o selo Graphic MSP.
208 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Uncle Scrooge’s original name Scrooge McDuck
defines the character very well: it’s a duck, who’s
stingy (scrooge is also a reference to Ebenezer
Scrooge, a character from Charles Dickens’ A
Christmas Carol), of Scottish origin (Mc is a typical
prename in that country). Prince-nez glasses,
blue frock coat, top hat, cane and spats give an
aristocratic air to the “world’s richest duck”, and
the maternal uncle of Donald Duck and the great
uncle of Huey, Dewey and Louie. The character
created by Carl Barks appeared for the first time
in 1947 in the story Christmas on Bear Mountain, as
an antagonist for Donald Duck. Scrooge McDuck
became so popular among readers that Barks
refined the character to give him characteristics of
being an adventurer, explorer, treasure hunter and
philanthropist, as well as having come from a poor
background which, in some way, explain his obsession
for money and wealth. Uncle Scrooge got his own
book in 1952, written and drawn by Barks. Several
episodes of the famous animated series Duck Tales,
originally exhibited in the US from 1987 – 1990, were
adaptations of Carl Barks’ stories. Between 1992 and
1994, Don Rosa, one of Barks’ successors, published
the series The Life and Times of Scrooge McDuck,
which tells his journey between 1877 and 1947. Uncle
Scrooge was published in Brazil for the first time in
the comic book O Pato Donald #1, 1950. In 1963 the
comic book Almaque Tio Patinhas was released (later
named just Tio Patinhas), and is still being published
by Editora Abril.
“There is a long-lasting influence when
a comic strip captivates us for the first
time. This joy stays with us. Uncle
Scrooge’s comics gave me this feeling.
When I draw a comic, I try to recreate
the moment when an Uncle Scrooge
comic book, full of adventures and with
a loveably hateful character, fell into my
hands.”
Born in São Paulo in 1973, Danilo was art director at
advertising agency DPZ for several years, from where
he left to establish the illustration studio Macacolândia.
He started working with comic strips in 2007,
publishing independent comic book Necronauta, which
led him to be invited to participate in the anthology
Popgun — Volume 3, by American publisher Image. He
took part in the collections Jesus Hates Zombies, Fierro
Brasil and MSP+50. In 2010 he launched the graphic
novel Bando de Dois, which won several prizes. Since
then, he has released Necronauta — O Almanaque dos
Mortos; and in 2012, the graphic novel Astronauta —
Magnetar, which inaugurated the Graphic MSP imprint.
https://twitter.com/danilobeyruth
Lápis e nanquim sobre papel. Colorização digital.
Pencil and ink on paper. Digital colors.
TURMA DA MÔNICA MONIC A’S GANG
E
m 1959, Mauricio de Sousa, então repórter
policial da Folha da Manhã, apresentou ao jornal
a proposta de uma tira em quadrinhos com o
cãozinho Bidu e seu dono, Franjinha, que estreou em
18 de julho daquele ano. Cebolinha — personagem
inspirado em um garoto de cabelos espetados que
trocava o “r” pelo “l”, de Mogi das Cruzes, cidade natal
de Mauricio —, apareceu na tira em outubro de 1960.
O personagem rapidamente cresceu em popularidade
e foi ganhando seus próprios coadjuvantes, até que
em 21 de março de 1963, foi apresentada uma menina
dentuça e de gênio forte que leva seu coelho de pelúcia
a tira colo, Mônica, baseada na filha homônima de
Mauricio de Sousa. Cascão também surgiu em 1963,
igualmente inspirado em um garoto de Mogi das
Cruzes, enquanto Magali apareceu pela primeira vez
em 1964, inspirada em outra das filhas de Mauricio.
Estava formado o núcleo central da Turma da Mônica,
que ganhou uma revista em quadrinhos própria em
1970, com o lançamento de Mônica e sua Turma,
da Editora Abril. Desde a sua criação, o design dos
personagens passou por diversas mudanças até
chegar ao formato visto hoje nas revistas, filmes,
desenhos animados, teatro e em uma infinidade de
produtos licenciados que estampam a turminha do
fictício Bairro do Limoeiro. Em 2008, foi lançada a
revista Turma da Mônica Jovem, com as aventuras
dos personagens na adolescência, que se tornou um
sucesso de vendas, seguida de edições especiais MSP
50, com histórias de diversos quadrinistas brasileiros
desenhando turminha em seus próprios estilos, e dos
álbuns do selo Graphic MSP. O universo ficcional
criado por Mauricio de Sousa é um patrimônio
da cultura nacional, que faz parte da infância dos
brasileiros há mais de cinco décadas.
“A Turma da Mônica me apresentou
ao prazer de ler, desenhar, criar e
contar histórias. Este desenho é
um agradecimento ao Mauricio de
Sousa pelas ‘Emoções Bárbaras’ que
Lu Cafaggi esses quatro amigos do Limoeiro me
proporcionaram a vida inteira.”
Nascida em 1988, em Minas Gerais, Lu estuda
Jornalismo em Belo Horizonte e trabalha como
ilustradora. Começou a publicar quadrinhos em
2010, em seu blog pessoal. Em 2011, lançou, de forma
independente, a caixinha Mixtape, uma coletânea
contendo quatro minigibis que contam histórias
inspiradas em música. Em seguida, publicou, junto
com o irmão Vitor Cafaggi, Laços, a primeira graphic
novel da Turma da Mônica, pelo selo Graphic MSP.
210 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
In 1959, Mauricio de Sousa, then crime reporter at
Folha da Manhã newspaper, presented a proposal
of a comic strip with little dog Blu (Bidu) and his
owner, Franklin (Franjinha), which was launched
on July 18, that year. Jimmy Five (Cebolinha), a
character based on a boy from Mauricio’s hometown,
Mogi das Cruzes, who had spiky hair and couldn’t
pronounce the ‘r’ letter which he replaced with
letter ‘l’, appeared in October 1960. The character
quickly grew in popularity and started to get his
own supporting characters until, on March 21, 1963,
Mauricio introduced a toothy girl with a strong
personality who always carried a rabbit toy — she
was based on Mauricio de Sousa’s daughter, who is
also named Monica. Smudge (Cascão) also appeared
in 1963, and was based on another boy from Mogi
das Cruzes. In 1964, we were given Maggy (Magali)
based on another of Mauricio’s daughters. The
four were the main characters of Monica’s Gang
and their first comic book was published in 1970 by
Editora Abril. Since they were created the characters’
appearance has evolved, reaching the format we
see today in magazines, films, cartoons, theatre
and endless merchandise products stamped with
the gang from fictional neighborhood “Limoeiro”.
In 2008, Mauricio launched the magazine Monica’s
Gang Teen, with the characters’ adventures in their
now teenage life, which was a great sales success. It
was followed by special edition MSP 50, with stories
by various Brazilian comic writers and artists, and
albums released by the new label Graphic MSP. The
fictional universe created by Mauricio de Sousa is a
Brazilian cultural heritage, and has been a part of the
childhood of Brazilians for more than five decades.
“Monica’s Gang taught me the pleasure
of reading, drawing, creating and
telling stories. This work is a thank
you to Mauricio de Sousa for the
“Great Emotions” the four friends from
Limoeiro have given me all my life.”
Born in 1988 in Minas Gerais, Lu studies journalism
in Belo Horizonte and works as an illustrator. She
began publishing comic strips on her personal blog
in 2010. In 2011 she released, independently, the
Mixtape, a tiny box collection of four miniature
comics. Lu also drew Laços, Monica’s Gang first
graphic novel, released under the Graphic MSP
imprint.
www.lospantozelos.blogspot.com
Lápis de cor e pastel seco sobre papel.
Color pencils and dry pastels on paper.
V
L
“ embre-se, lembre-se, do 5 de novembro / A
pólvora, a traição e a conspiração / Não sei
  de uma razão para a traição da pólvora / Ser
algum dia esquecida”. A chamada Conspiração da
Pólvora foi uma tentativa mal-sucedida de um grupo
de católicos ingleses, cansados das perseguições do rei
protestante Jaime I, que tentaram explodir o prédio
do Parlamento. Guy Fawkes seria o responsável pela
detonação na noite de 5 de novembro de 1605, porém
o atentado foi descoberto e todos os conspiradores
foram torturados e esquartejados. Quase quatro séculos
depois, no início da década de 1980, o desenhista David
Lloyd foi convidado a criar algo similar à famosa tira
britânica Night Raven e ele, por sua vez, convidou o
escritor Alan Moore para participar desse projeto, que
evoluiu de uma versão mais realista de Night Raven para
um herói anarquista na Grã-Bretanha de um futuro
distópico, onde o povo é subjugado por um regime
fascista, certamente inspirado no cenário político e
social da Inglaterra do início da década de 1980, sob
o governo conservador de Margaret Thatcher. Lloyd
recuperou a história de Guy Fawkes e incorporou
uma máscara com o rosto de Fawkes ao personagem
principal de V de Vingança, que estreou em 1982 de
forma seriada na revista britânica Warrior e só veio a
ser concluída em 1988, quando a DC Comics publicou
a saga completa. A história chegou aos cinemas em 17
de março de 2006, aumentando a popularidade de V de
Vingança. Em 2008, o grupo de ativistas Anonymous
adotou a máscara de Guy Fawkes como seu símbolo,
que também passou a ser utilizada por manifestantes do
mundo todo, inclusive nos protestos que sacudiram o
Brasil em 2013.
“Tinha apenas 12 anos quando li V
de Vingança. Encontrei ali um herói
revolucionário: sua batcaverna não tinha
apenas armas, mas também livros e
discos. O protagonista era uma espécie de
Daniel Batman marxista, capaz de ser romântico,
Wernëck sensível e espirituoso. Alan Moore e David
Lloyd criaram algo imortal, e a prova disso
está nas ruas, no rosto dos incomodados.”
Daniel é professor da Escola de Belas Artes da
UFMG. Lançou em 2011 a graphic novel Ovelha
Negra, em parceria com Ricardo Tokumoto. Também
em 2011, foi um dos fundadores da associação de
quadrinistas Pandemônio. Em 2012, lançou mais
títulos independentes — Namasté e Bon Sang! — em
parceria com o quadrinista francês Olivier Martin,
além de páginas para a revista Mad. Atualmente,
produz uma série de quadrinhos chamada Shogum
dos Mortos, financiada pelos próprios leitores.
Lápis e esferográfica sobre papel. Colorização e textos digitais.
Pencil and ball-point pen on paper. Digital colors and texts.
212 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Remember, remember the 5th of November / The
gunpowder treason and plot / I know of no reason
why the gunpowder treason / Should ever be
forgot”. The so-called Gunpowder Plot was a failed
assassination attempt against King James I of Scotland
and England by a group of provincial English Catholics,
who were tired of being persecuted by the King, and
tried to blow up the Houses of Parliament. Guy Fawkes
was responsible for lighting the fuse to the explosives
on the night of November 5, 1605, but the plot was
discovered and all conspirators were tortured and
quartered. Almost four decades later, at the beginning
of the 1980s, British cartoonist David Lloyd was invited
to create a character along the lines of his previous
work, Night Raven, and he invited writer Alan Moore
to work with him. The project evolved from a more
realistic version of Night Raven to an anarchist hero
in a distorted future Great Britain where the people
are subjugated by a fascist regime, and was certainly
inspired in the political and social situation of England
at the beginning of the 1980s, under the goverment
of conservative Margaret Thatcher. Lloyd recovered
Guy Fawkes’ story and incorporated a stylized Fawkes’
mask for the main character of V for Vendetta, which
was launched in 1982 in British comic magazine
Warrior and the story saw completion in 1988, when
DC Comics published the complete saga. The story
went to cinemas on March 17, 2006, increasing the
popularity of V for Vendetta. In 2008, the group of
activists Anonymous adopted Guy Fawkes’ mask as
their symbol. The mask was also used by protesters
around the world, including Brazil during the protests
that shook up the country in 2013.
“I was only 12 when I read V for Vendetta.
I saw a revolutionary hero: his batcave
didn’t have only weapons, but books
and records. The protagonist was a type
of Marxist Batman, capable of being
romantic, sensitive and spirituous. Alan
Moore and David Lloyd created an
immortal character, and the proof is in
the streets, on the protesters’ faces.”
Daniel is a professor at the Federal University of Minas
Gerais’ Arts School. In 2011 he launched the graphic
novel Ovelha Negra with Ricardo Tokumoto. Also in
2011, he was one of the founders of the Pandemônio
cartoonists association. In 2012, he launched more
independent titles — Namasté and Bon Sang! — in
partnership with French cartoonist Olivier Martin,
and penciled pages for the Brazilian edition of Mad
magazine. Currently he produces a comics series called
Shogum dos Mortos, which is financed by his readers.
https://www.facebook.com/ShogumDosMortos
VAGABOND
B
aseado no livro Musashi de Eiji Yoshikawa,
Vagabond é um mangá criado pelo japonês
Takehiko Inoue que conta a trajetória do famoso
personagem histórico Miyamoto Musashi, um samurai
que viveu no Japão de 1584 a 1645, criador do estilo
de luta com duas espadas conhecido como Niten
Ichi Ryu e que escreveu O Livro dos Cinco Anéis, um
tratado sobre artes marciais que é estudado até hoje.
No mangá publicado a partir de 1998, Inoue vai além
do romance de Yoshikawa e apresenta uma elaborada
e bem pesquisada releitura da vida de Musashi e
aprofunda a análise psicológica dos personagens.
Vagabond é um mangá de poucas falas e de arte
primorosa, detalhada e expressiva, com clara influência
dos filmes de Akira Kurosawa: preto e branco criam
uma sutil paleta de tons de cinza e seu traço captura
o poder, a beleza e o horror dos sangrentos combates
entre os samurais. Apesar de já contar com 35 volumes
e mais de 310 capítulos publicados, o mangá ainda não
cobriu toda a história do livro de Yoshikawa. Vagabond
é publicado em diversos países e os primeiros 22
volumes originais foram publicados no Brasil pela
Editora Conrad. Por seu trabalho em Vagabond, Inoue
recebeu múltiplos prêmios no Japão e também o
prêmio Eisner, em 2003.
“Duvidei por algum tempo se deveria
escolher Vagabond pra desenhar.
Uma vez que é um dos meus mangás
favoritos, não sabia que contribuição
poderia dar a uma obra desenhada
Salvador de maneira tão virtuosa e soberba.
Sanz Para mim, cada página de Vagabond é
uma aula de narrativa. Aprendi muito
com essa obra e esta é minha humilde
homenagem e agradecimento.”
Salvador Sanz nasceu em Buenos Aires, em 1975. Em
2006, publicou o álbum Legião, que saiu na Argentina
e na Espanha pela editora Ivrea e que, mais tarde, foi
publicado nos Estados Unidos pela IDW Publishing.
Em 2007, publicou Desfigurado pela Ex Abrupto
Ediciones, compilação da série publicada em Catzole.
Nesse mesmo ano, sai a série Noturno na revista
Fierro, história posteriormente publicada em volume
único pela Ivrea. Noturno também foi publicado no
Brasil (Zarabatana Books) e Itália (Comma 22), em
2011. Sua última graphic novel, Angela Della Morte, foi
publicada na Argentina (Ovni Press), Espanha (EDT)
e Brasil (Zarabatana Books).
Caneta branca e nanquim sobre papel pardo, com retoques digitais
White pen and ink on brown paper, with digital finishes.
214 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Based on the book Musashi by Eiji Yoshikawa,
Vagabond is a manga created by Japan’s Takehiko
Inoue. It tells the story of the famous historical
character Miyamoto Musashi, a samurai who
lived in Japan between 1584-1645 and created the
swordsmanship style which uses two swords,
called Niten Ichi-Ryu. Musashi also wrote the
Book of the Five Rings, a text on martial arts that is
still studied today. In the manga published since
1998, Inoue goes beyond Yoshikawa’s romance and
delivers an elaborated and well-researched story
of Musashi’s life with a deep psychological analysis
of the characters. Vagabond is a manga with little
dialogue and very detailed and expressive art, clearly
influenced by Akira Kurosawa’s films: black and
white create a subtle palette with shades of grey,
and Inoue’s penciling captures the power, beauty
and horror of the bloody combats between samurais.
Although it has 35 volumes and over 310 published
chapters already, the manga still hasn’t covered
the whole story in Yoshikawa’s book. Vagabond is
published in several countries and the first 22 original
volumes were published in Brazil by Editora Conrad.
Inoue’s work in Vagabond has received several
awards in Japan and also the Eisner prize in 2003.
“For a while I was uncertain about
choosing Vagabond to draw. As it is one
of my favorite mangas, I wasn’t sure
how I could contribute to a work of art
which is designed in such a virtuous and
superb manner. For me, each page in
Vagabond is a lesson in narrative. I learnt
a lot with this work and my drawing
is my modest tribute and shows my
gratitude.”
Salvador Sanz was born in Buenos Aires in 1975. In
2006 he published the album Legion, which was
released in Argentina and Spain by publishing house
Ivrea and which was later published in the US by IDW
Publishing. In 2007, he released Desfigurado from
Ex Abrupto Ediciones, a compilation of the series
published in Catzole. In the same year, the series
Noturno was launched in Fierro magazine, a story
later published in a single volume by Ivrea. Noturno
was also published in Brazil (Zarabatana Books) and
Italy (Comma 22), in 2011. His latest graphic novel,
Angela Della Morte, was published in Argentina (Ovni
Press), Spain (EDT) and Brazil (Zarabatana Books).
www.salvadorsanz.blogspot.com
 VALENTINA
V
alentina Rosselli é uma fotojornalista
que surgiu nos quadrinhos como noiva e
coadjuvante do super-herói Neutron, criação
de Guido Crepax publicada na revista italiana
Linus a partir de maio de 1965. A personagem
inspirada na atriz do cinema mudo Louise Brooks,
intérprete de Lulu no mítico A Caixa de Pandora
(1929), rapidamente ganhou espaço nas histórias
que, em 1966, já passaram a se chamar Neutron/
Valentina, para, no final do ano seguinte, serem
rebatizadas simplesmente como Valentina. As
histórias deixaram os elementos de fantasia e de
super-heróis — e o próprio Neutron — para se
tornarem tramas policiais e cenas do dia a dia com
um misto de erotismo, fetichismo, alucinação,
sonho e referências artísticas, elementos marcantes
das aventuras de Valentina. A personagem de
lábios carnudos e cabelo chanel chegou ao cinema
em 1973 e teve uma série na TV italiana com 13
episódios exibidos em 1989. Sua última história
em quadrinhos, Al Diavolo Valentina, foi publicada
em 1995. Independente, culta e libertária, vivendo
uma aventura livre das amarras morais impostas
pela sociedade, Valentina foi uma personagem
sintonizada com o espírito libertário do final da
década de 1960 que se tornou uma das musas dos
quadrinhos europeus.
“Valentina é uma mulher que eu
acredito fazer parte do imaginário
Carol De Goes
coletivo. Mesmo quem não lê
quadrinhos já viu na rua alguma garota
com aquele cabelo e disse, babando,
Mateus ‘Olha só essa Valentina!’. Eu mesmo
Santolouco nunca fui um leitor ávido de Crepax,
mas convenhamos, neste caso, as
palavras não são importantes.”
Santolouco publicou em editoras gringas como
Boom! Studios, Image, Marvel e DC Comics.
Participou do álbum MSP+50, dos estúdios Mauricio
de Sousa, e é coautor de Mondo Urbano, publicado
no Brasil pela Devir e nos EUA pela Oni Press.
Ilustrou um arco de Vampiro Americano do selo
Vertigo e, recentemente, a série Dial H, da DC,
escrita pelo premiado China Miéville. Atualmente,
escreve e desenha a minissérie Teenage Mutant
Ninja Turtles: Secret History of the Foot Clan, da IDW
Publishing.
Caneta, nanquim preto, amarelo e vermelho sobre papel canson.
216 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Valentina Rosselli is a photojournalist who originally
appeared in comic books as Neutron’s fiancée, a
supporting character for the superhero, created by
Guido Crepax and published by Italian magazine
Linus in May 1965. The character inspired by silent
film actress Louise Brooks, who interpreted Lulu
in the mythical Pandora’s Box (1929), quickly won
her space in the stories. In 1966 they were already
being called Neutron/Valentina, and at the end of the
following year were re-baptized simply as Valentina.
The stories left behind the fantasy-science fiction
and superheroes elements — and Neutron himself —
to become detective plots and everyday scenes with
a complex mix of eroticism, fetishism, hallucinations,
dream and artistic references, strong elements in
the adventures of Valentina. The character with big
lips and channel haircut arrived in the cinemas in
1973 and had a series on Italian TV with 13 episodes
exhibited in 1989. Her last story in comic books,
Al Diavolo, was published in 1995. Independent,
cultured and libertarian, living an adventure free
from the moral ties imposed by society, Valentina
was a character in tune with the libertarian spirit
of the end of the 1960s and she became one of the
muses of European comics.
“Valentina is a woman who I believe
is part of a collective imaginary. Even
those who haven’t read the comics
must have seen a girl with that hair in
the streets and said, dribbling, “Check
out that Valentina!”. I have never been
an avid reader of Crepax, but let’s face
it, in this case, words are not important.”
Santolouco has worked for various foreign publishers
such as Boom! Studios, Image, Marvel and DC
Comics. He participated in the album MSP+50, from
Mauricio de Sousa’s studios, and is a co-author of
Mondo Urbano, published in Brazil by Devir and in the
US by Oni Press. He illustrated an arch of American
Vampire, from DC’s Vertigo imprint and more recently
the series Dial H, also from DC Comics, written by
acclaimed author China Miéville. Currently he writes
and draws for IDW Publishing the miniseries Teenage
Mutant Ninja Turtles: Secret History of the Foot Clan.
www.santolouco.com
Pen, black, yellow and red ink on Canson paper.
VINGADORES THE AVENGERS
A
principal superequipe de heróis da Marvel
Comics foi reunida pela primeira vez em
The Avengers 1, em setembro de 1963. Na
história criada por Stan Lee e Jack Kirby, Thor,
Homem de Ferro, Hulk, Vespa e Homem-Formiga
juntam forças para combater a ameaça de Loki, o
Deus Asgardiano da Mentira e irmão de Thor. A
entrada do Capitão América na equipe aconteceria
poucas edições depois, quando os Vingadores
encontraram seu corpo congelado e o retiraram do
estado de animação suspensa para se tornar um dos
mais emblemáticos membros da equipe. Dezenas de
personagens já integraram as diferentes formações
dos Vingadores, de humanos a robôs, mutantes,
deuses, alienígenas, criaturas sobrenaturais e
mesmo antigos vilões, que se reúnem na Mansão
dos Vingadores, administrada pelo mordomo Jarvis.
A equipe teve várias séries animadas e um filme
lançado em 2012, que encerrou a bem-sucedida
Fase 1 dos filmes da Marvel Studios e arrecadou 1,5
bilhão de dólares no mundo todo, tornando-se o
filme com a terceira maior bilheteria de todos os
tempos até o momento.
“Minha relação com Vingadores
começou na infância, quando meus pais
me compravam roupas e brinquedos
com personagens da Marvel. Na época,
eu não conhecia as HQs, pois morava
Marcelo no interior do Paraná e não chagavam
Costa muitas revistas por lá. Foi somente com
11 anos que fui conhecer e me conectar
com o universo dos super-heróis. Fiquei
fascinado pelos Vingadores.”
Marcelo Costa, ilustrador e quadrinista, lançou
com o irmão gêmeo Magno Costa as HQs Oeste
Vermelho e Matinê, ganhando o Troféu HQ Mix de
desenhistas revelação. Participou do projeto Gazzara
de Rafael Coutinho e QQ por Amigos de Marcelo
Campos. Outras publicações estão nos planos para
esse ano.
Nanquim sobre papel canson. Acabamento e colorização digitais.
218 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
The most important team of superheroes from
Marvel Comics assembled for the first time in
The Avengers #1, in September 1963. In the story
created by Stan Lee and Jack Kirby, Thor, Iron Man,
Hulk, Wasp and Ant-Man join forces to combat Loki,
the Asgardian God of Lies and Thor’s brother. A few
issues later, Captain America was found by the team
trapped in a block of ice and revived to become
one of the Avengers’ most representative members.
Dozens of characters have already integrated
different formations of the Avengers, from humans
to robots, mutants, gods, aliens, supernatural beings
and even former villains, who meet in the Avengers’
Mansion, administered by the butler Jarvis. The team
had several animated series and, in 2012, a film that
ended the successful Phase 1 of the films by Marvel
Studios and registered US$ 1.5 billion around the
world, becoming the third largest box-office of all
times.
“My contact with the Avengers began
in childhood, when my parents bought
clothes and toys with Marvel characters
for me. At the time I didn’t know the
comics, as I lived upstate in Paraná and
not many comic books arrived there.
It was only at age 11 that I learnt about
and connected with the whole universe
of superheroes. I became fascinated
with the Avengers.”
Marcelo Costa, illustrator and cartoonist, launched
the comic books Oeste Vermelho and Matinê with
his twin brother Magno Costa, which won them
the HQ Mix award for New Talent Artist. He
has participated in the projects Gazzara by Rafael
Coutinho, and QQ por Amigos by Marcelo Campos.
He is working on other publications this year.
http://marcelocostapro.blogspot.com.br
Ink on canson paper. Digital finishes and colors.
WATCHMEN
Q
“ uem vigia os vigilantes?” No início da
década de 1980, a DC Comics adquiriu
os personagens da editora Charlton
Comics. Alan Moore apresentou a proposta de uma
minissérie com esses personagens que, ao seu final,
impossibilitaria novas histórias com os mesmos, o
que levou o editor Dick Giordano a pedir que Moore
criasse novos protagonistas. Surgiram então o Doutor
Manhattan (análogo do Capitão Átomo), Roscharch
(inspirado no Questão), Comediante (baseado no
Pacificador), Coruja (Besouro Azul), Espectral (com
elementos das personagens Sombra da Noite, Lady
Fantasma e Canário Negro, esta última da própria DC
Comics) e Ozymandias (baseado em Thunderbolt). Na
minissérie em 12 partes, publicada originalmente entre
setembro de 1986 e outubro de 1987, Alan Moore se
juntou ao desenhista Dave Gibbons para contar uma
história que acompanha a investigação do assassinato
do Comediante, um anti-herói que trabalhava para o
governo americano, tendo como pano de fundo um
momento em que a Guerra Fria escalava rapidamente
para um conflito nuclear entre os Estados Unidos e
a União Soviética. Com a evolução da saga, somos
apresentados à história daqueles vigilantes e suas
motivações, até um desfecho surpreendente que
subverte alguns dos principais lugares-comuns
das histórias de super-heróis. O trabalho seminal
de Moore e Gibbons venceu o prestigiado Prêmio
Hugo e foi incluído pela revista Time na lista dos 100
principais livros de ficção em língua inglesa. Em 2009,
a história chegou ao cinema e, em 2012, a DC Comics
iniciou a publicação de Antes de Watchmen, composta
por várias minisséries e edições especiais que contam
a trajetória dos personagens antes da série original.
“Em 1990, quando li Watchmen pela
primeira vez, o universo das HQs
expandiu-se de tal modo que, sem
perceber, tomei tudo aquilo como
meu ideal de vida futura. Hoje, 23 anos
Luciano passados, estou onde me sinto melhor,
Salles onde me encaixo e tudo é possível.”
Nascido em 1975, Luciano Salles nunca foi precoce.
Com formação acadêmica em Engenharia Civil e
Engenharia de Segurança do Trabalho, pouco atuou
nesse campo, e como se não bastasse, trabalhou como
bancário durante dez anos. Em 2012, decidiu somente
se dedicar às artes. Entre desenhos e ilustrações,
lançou em junho de 2012 a HQzine Luzcia, a Dona do
Boteco. No mesmo ano, escreveu o roteiro e começou
a desenhar sua nova HQ autoral O Quarto Vivente,
publicado em 2013.
Desenho vencedor do concurso “Ícones dos Quadrinhos — FIQ 2013”.
Winner of the “Comic Book Icons — FIQ 2013” competition.
220 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Who Watches the Watchmen?” In the early 1980s,
DC Comics acquired superhero characters from
publisher Charlton Comics. Writer Alan Moore
proposed a limited series with the new characters,
which would leave them unusable for future stories.
Managing editor Dick Giordano convinced Moore
to create new characters instead. That’s when
Doctor Manhattan (analogous to Captain Atom),
Rorschach (inspired by The Question), Comedian
(based on Peacemaker), Owl (Blue Beetle), Silk
Spectre (with elements of Night Shade, Lady Ghost
and Black Canary, the latter published by DC Comics
itself) and Ozymandias (based on Thunderbolt)
were created. In the limited 12-part series originally
published between September 1986 and October
1987, Alan Moore partnered up with artist Dave
Gibbons to tell the story of the investigation into
the Comedian’s murder, an antihero employed by
the US government, while the Cold War was rapidly
escalating to a nuclear conflict between the US and
the USSR. As the saga evolved we were introduced
to the story of the mostly-retired vigilantes and
their motivations until a surprising outcome, which
subverts some of the main commonplaces in
superheroes stories. The seminal work by Moore and
Gibbons won the prestigious Hugo Prize and was on
the list of the 100 most important fictional English
language books by Times magazine. In 2009 the story
reached the cinemas and, in 2012, DC Comics began
the publication of Before Watchmen, composed
of several miniseries and special editions that tell
stories of the characters before the original series.
“In 1990, when I read Watchmen for
the first time, the universe of comics
opened up to me in such a way that
without noticing I embraced all of it in
my ideal for future life. Today, 23 years
on, I am where I feel greatest, it’s where
I fit in and everything is possible.”
Born in 1975, Luciano Salles was not precocious. With
academic graduations in Civil Engineering and Safety
Engineering, he did little in those fields and worked
as a bank clerk for ten years. In 2012, he decided to
dedicate himself to arts, drawing and illustrating, and
he launched comic zine Luzcia a Dona do Boteco in
June 2012. In the same year he wrote the script and
started penciling his new authorial comic book, O
Quarto Vivente, published in 2013.
http://dimensaolimbo.com
Lápis e nanquim sobre papel. Colorização digital.
Pencil and ink on paper. Digital colors.
WOLVERINE
S
“ nikt!” Em 1974, Roy Thomas, então editor-chefe
da Marvel Comics, encomendou ao escritor
Len Wein e ao desenhista John Romita Sr. o
desenvolvimento de um personagem canadense que
fosse baixinho e com o temperamento agressivo e as
garras de um carcaju (wolverine, em inglês), animal
típico das florestas do Canadá. O personagem estreou
no último quadro da revista The Incredible Hulk
180 (outubro de 1974), escrita por Lein e desenhada
por Herb Trimpe, para retornar nas duas edições
seguintes como mais um dos vários coadjuvantes
criados para o Hulk naquela época, a ponto de sua
origem nem sequer ter sido explicada em detalhe. A
aparição seguinte foi em Giant-Size X-Men 1, de 1975,
na qual o Wolverine integrou a nova formação da
equipe mutante. A origem do Wolverine permaneceu
envolta em mistério até a publicação de três pilares
da mitologia do personagem: a minissérie de 1982
escrita por Chris Claremont e desenhada por Frank
Miller, que estabeleceu seus laços com o universo de
ninjas e samurais; Arma X, saga escrita e ilustrada por
Barry Windsor-Smith, na qual ele ganhou o esqueleto
de adamantium após experiências realizadas pelo
governo canadense e; Origem, minissérie escrita por
Joe Quesada, Paul Jenkins e Bill Jemas com arte de
Andy Kubert, na qual é revelado que seu nome é James
Howlett, um mutante canadense nascido na década
de 1880, que atravessou mais de um século contando
para isso com seu fator de cura, sua fúria animal e sua
alma de samurai. Um dos principais personagens dos
quadrinhos e da cultura pop, Wolverine chegou ao
cinema em 2000 no filme X-Men e foi interpretado
pelo ator australiano Hugh Jackman.
“A primeira HQ que eu li foi X-Men
Annual 2, que era uma aventura com o
foco no Wolverine, ilustrada por Jim Lee.
Isso foi na mesma época em que passava
o desenho animado dos X-Men. De longe,
Jack Herbert o Wolverine também era o personagem
que se destacava ali no grupo. Não
por sua força, mas pelo seu visual, sua
marra, e por ser um cara que não desiste
nunca. Acho que essas características me
levaram a gostar do personagem.”
Jackson Herbert é formado em Administração de
Empresas e, desde 2006, passou a trabalhar no
mercado internacional. Artista exclusivo da Dynamite
Entertainment, já trabalhou em séries importantes
como Battlestar Galactica: Season Zero, Red Sonja,
O Sombra, Vingadores/Invasores, entre outros títulos.
Recentemente, a convite de Alex Ross, trabalhou
na série Kirby: Genesis, que homenageava a criação
do mestre Jack Kirby “O Rei dos Quadrinhos”.
Atualmente, trabalha na recriação de personagens
clássicos dos quadrinhos americanos.
222 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
“Snikt!” In 1974, Roy Thomas, then editor-in-chief
at Marvel Comics, asked writer Len Wein and
art-director John Romita, Sr. to create a Canadian
character of small stature and fierce temper with the
claws of a wolverine, a typical animal in Canada’s
forests. The character first appeared in the final
panel box of The Incredible Hulk #180, November
1974, written by Wein and penciled by Herb Trimpe,
and returned in the two following issues. He was
one of several supporting characters created for
Hulk, and his origin was not even properly explained
at the time. The next appearance was in Giant-Size
X-Men #1 (1975), in which Wolverine is recruited to
join the new formation of the team. Wolverine’s
origin was covered in mystery until the publication
of the three pillars of the character’s mythology:
the 1982 miniseries written by Chris Claremont and
drawn by Frank Miller, which established his ties with
the universe of ninjas and samurais; Weapon X, a
saga written and illustrated by Barry Windsor-Smith
where we learn that his skeleton was reinforced with
adamantium after experiments carried out by the
Canadian government, and Origin, a limited series
written by Joe Quesada, Paul Jenkins and Bill Jemas.
With art by Andy Kubert, in Origin it is revealed that
Wolverine’s true name is James Howlett, a Canadian
mutant born in the 1880s who lived for over a
century due to his mutant self-healing power, animal
fury and samurai soul. After being established as one
of the main Marvel comic books and pop culture
characters, Wolverine arrived in the cinemas in 2000
in the film X-Men, played by Australian actor Hugh
Jackman.
“The first comic book I read was X-Men
Annual #2, which was an adventure
focused on Wolverine, illustrated by Jim
Lee. This was at the same time that the
X-Men cartoon was shown on TV. By
far, Wolverine was the character that
stood out most in the group. Not only
because of his strength, but also for his
savage look, his courage, and for being
a guy who never gives up. I think these
features drove me to like the character.”
Jackson Herbert graduated in Business Management
and, since 2006, has been working in the international
comic book market. Exclusive artist at Dynamite
Entertainment, he has already worked on important
series such as Battlestar Galactica: Season Zero, Red
Sonja, The Shadow, Avengers/Invaders, among other
books. Recently, after an invitation by Alex Ross,
he worked on the series Kirby: Genesis, a tribute
to the master Jack Kirby, “King of Comics”. He
currently works on remakes of classic characters from
American comic books.
http://jacksonherbert.deviantart.com/
Acrílica sobre papel.
Acrylics on paper.
X-MEN
M
utantes: pessoas que nasceram com habilidades
extraordinárias que as distinguem das pessoas
comuns, representando o próximo passo
evolutivo da humanidade, o Homo superior. Tais
poderes causam medo e desconfiança no cidadão
comum, situação agravada pela existência de mutantes
malignos que representam, de fato, uma ameaça ao
Homo sapiens. Esse conflito está no cerne das histórias
dos X-Men, equipe criada por Stan Lee e Jack Kirby
que surgiu na aurora da Era Marvel, em The X-Men 1,
de setembro de 1963. Liderados pelo telepata Charles
Xavier, cinco jovens — Jean Grey, Ciclope, Fera,
Homem de Gelo e Anjo — combatiam Magneto e sua
Irmandade de Mutantes e outros vilões, tendo como
base uma escola para jovens superdotados, premissa
que guarda enormes similaridades com o famoso livro
Filhos do Átomo, clássico da ficção científica da autora
norte-americana Wilmar Shiras, publicado em 1953. A
série original perdeu força no final da década de 1960 e
as edições 67 a 93 trouxeram republicações de histórias
clássicas. A grande mudança veio com a publicação da
lendária Giant-Size X-Men 1, de 1975, escrita por Len
Wein e com arte de Dave Cockrum, que apresentou
uma nova formação da equipe com membros de
diversos países, incluindo o canadense Wolverine
(criado no ano anterior comvo coadjuvante em uma
história do Hulk) e a africana Ororo (Tempestade). O
escritor Chris Claremont assumiu a revista na edição 94
e o desenhista John Byrne chegou ao título na edição
108. Nos anos seguintes, a dupla criou uma sequência
de histórias lendárias — entre elas a Saga da Fênix Negra
e Dias de Um Futuro Esquecido — que constituem as
bases para boa parte dos desdobramentos do universo
mutante e do universo Marvel como um todo nas
décadas seguintes, com o surgimento de centenas de
novos personagens e dezenas de novos títulos. Um dos
principais ícones da cultura pop do mundo, os X-Men
já tiveram inúmeras séries animadas e apareceram em
diversos filmes desde o lançamento nos cinemas de
X-Men, em 2000.
“Após conhecer os X-Men pelo desenho
da TV nos anos 1990, me apaixonei
pelas HQs clássicas do grupo. Chris
Claremont e John Byrne criaram minhas
histórias favoritas e me levaram através
do tempo para lugares fantásticos e
Felipe
Massafera assombrosos como a Terra Selvagem, o
lado azul da lua ou o futuro distópico
de Dias de um Futuro Esquecido.”
Felipe nasceu em 1985 e foi influenciado pelo cinema
e pelas HQs de super-heróis. Começou a trabalhar
com ilustração em 2006, adaptando o conto Light
of Thy Countenance, de Alan Moore, para a Avatar
Press; também produziu capas para revistas de autores
consagrados como Warren Ellis e Jamie Delano; e capas
e páginas para a DC Comics em títulos como: Lanterna
Verde: Gladiadores Esmeralda, Ponto de Ignição: Abin
Sur, Superman: The Last Family of Krypton entre outros.
Felipe também atua como ilustrador para editoras
nacionais e é capista na editora Dark Horse.
224 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Mutants: people born with extraordinary abilities that
distinguish them from ordinary people, representing
humanity’s next evolutionary step, the Homo superior.
Such powers provoke fear and suspicion in ordinary
citizens, a situation that is aggravated by the existence
of malignant mutants who actually represent a threat
to the human species. This conflict is at the core of
the X-Men stories, a group created by Stan Lee and
Jack Kirby which appeared at the dawn of the Marvel
Era, in The X-Men #1, September 1963. Led by telepath
Charles Xavier, five young mutants — Jean Grey,
Cyclops, Beast, Iceman and Angel — battle against
Magneto and his Brotherhood of Evil Mutants, as
well as other villains. Their base is a school for gifted
youngsters, a premise that holds huge similarities to
the book Children of the Atom, a science fiction classic
by American author Wilmar Shiras, published in 1953.
The original X-Men series lost strength at the end
of the 1960s and editions 67-93 were republications
of classic stories. The great change came with the
publication of the legendary Giant-Size X-Men #1, in
1975, written by Len Wein and illustrated by Dave
Cockrum, which presented a new formation of
the team with members from various nationalities,
including the Canadian Wolverine (created the year
before as a supporting character for a Hulk story)
and the African Ororo (Tempest). Chris Claremont
took over the writing in issue 94 and penciller John
Byrne joined the title beginning with issue 108. In
the following years, the pair created a sequence of
amazing stories — among them The Dark Phoenix
Saga and Days of Future Past — which form the basis
for much of the development of the mutant’s universe
and also the Marvel universe as a whole, which
delivered hundreds of new characters and many new
titles in the following decades. One of the main icons
in world pop culture, with various animated TV series
and comic book titles, the X-Men have had several
live-action movies since their first film in 2000.
“After seeing the X-Men on the TV
cartoon series in 1990s, I fell in love with
the groups’ classic comic books. Chris
Claremont and John Byrne created
my favorite stories and took me on a
journey in time to fantastic and gloomy
places such as the Savage Land, the Blue
Area of the Moon or the distorted future
of Days of Future Past”
Felipe was born in 1985 and influenced by movies
and superhero comic books. He started to work
with comics in 2006, adapting the tale Light of Thy
Countenance, by Alan Moore for Avatar Press; he
also produced comic book covers for renowned
authors such as Warren Ellis and Jamie Delano;
and covers and pages for DC Comics titles such as
Green Lantern: Emerald Warriors; Flashpoint: Abin
Sur; Superman: The Last Family of Krypton among
others. Felipe also works as an illustrator for Brazilian
publishers and does covers for Dark Horse.
http://felipemassafera.deviantart.com/
Técnica mista sobre papel.
Mixed media on paper.
YELLOW KID
U
m dos primeiros e mais importantes
personagens dos quadrinhos norte-americanos
é um garoto dentuço, careca e de traços
orientais chamado Mickey Dugan, que circula descalço
e vestindo uma longa camiseta de dormir amarela
pelas ruas e cortiços na Nova Iorque do final do
século XIX. As falas do personagem apareciam em
sua camiseta usando a gíria típica dos guetos nova-
iorquinos da época. Criado por Richard F. Outcault,
o Yellow Kid (Menino Amarelo) apareceu com pouco
destaque em quatro cartuns da série Hogan’s Alley que
foram publicados na revista Truth entre 1894 e 1895. O
último deles, Fourth Ward Brownies, foi publicado em
9 de fevereiro de 1895 e, posteriormente, republicado
na edição de 17 de fevereiro de 1895 do jornal New
York World. Hogan’s Alley gradualmente evoluiu
para ocupar uma página inteira da edição dominical
do jornal, já com o Yellow Kid como o personagem
principal. Yellow Kid se tornou um dos primeiros
personagens licenciados, aparecendo em embalagens
de cigarros, gomas de mascar, caixas de fósforo, cartões
postais, bebidas alcoólicas e em vários outros produtos
populares na virada do século. Em 1896, Outcault
foi contratado para trabalhar no New York Journal
American, onde deu continuidade às histórias do
Yellow Kid. Por não ter conseguido registrar os direitos
sobre o personagem, Outcault teve que ver sua criação
continuar a ser publicada no jornal New York World
em histórias criadas por George Luks, fazendo com
que o Yellow Kid aparecesse simultaneamente em dois
jornais concorrentes. As duas versões de Yellow Kids
deixaram de ser publicadas em 1898. Inovadora na
linguagem e na abordagem de temas da vida na cidade
grande, Yellow Kid é uma das obras seminais dos
quadrinhos, apesar do curto período de publicação.
“Yellow Kid foi simplesmente a primeira tira
multimídia e, a meu ver, a mais ousada que
já houve. Em termos culturais, a tira ia para
todos os lados e para lugar nenhum, era o
ser e o nada, o surrealismo dadaísta e a fria
ciência forense, o humor e o pathos. Em
Bill
Sienkiewicz termos pessoais, eu adorava o Kid porque
ele fazia o que eu acho que os quadrinhos
deviam fazer mais, que é desafiar o
status quo patentemente absurdo, e —
com delicadeza, mas vez por outra com
violência — subverter, como o próprio Kid
diria, “’essa parada’, de dentro para fora”.
Bill Sienkiewicz é artista e escritor, ganhador
do prêmio Eisner e indicado ao prêmio Emmy.
Descendente do romancista Henryk Sienkiewicz,
ganhador do prêmio Nobel, ele é mais conhecido
por ter redefinido a linguagem visual e a percepção
do grande público quanto aos quadrinhos enquanto
arte, ao utilizar técnicas e abordagens multimídia,
métodos analógicos e digitais, sempre com inovações
que ainda influenciam novas gerações de artistas.
Também faz trabalhos para cinema, TV, animação e
música, e já expôs suas obras em todo o mundo.
226 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
One of the first and most important American
comic strips characters is a bald, snaggle-toothed
boy with oriental features called Mickey Dugan,
who walks around in bare feet wearing an oversized
yellow nightshirt and hangs around in a slum alley,
typical of certain areas of squalor that existed in
late 19th century New York City. The Kid spoke in
a peculiar slang, typical of New York ghettoes of
the time, that appeared on his shirt. Created by
Richard F. Outcault, the Yellow Kid first appeared
in a minor supporting role in four cartoons of the
Hogan’s Alley series, that were published in Truth
magazine between 1894-1895. The last of which,
Fourth Ward Brownies, published on February 9
1895, was later reprinted on 17 February 1895 in the
New York World newspaper. Hogan’s Alley gradually
evolved to occupy a whole page in the newspaper’s
Sunday edition, by then already with Yellow Kid
as the lead character. Yellow Kid became one of
the first licensed characters for merchandising,
appearing in cigarette packs, chewing gum cards,
matchboxes, postal cards, alcoholic drinks, and many
other popular products at the turn of the century.
In 1896, after being hired by William Hearst’s New
York Journal America, Outcault saw his creation
continue to be published in the New York World in
stories created by George Luks — so that Yellow
Kid was appearing simultaneously in two competing
newspapers. Both versions of Yellow Kid ceased to
be published in 1898. Innovative in language and
approach of life issues in the big city, Yellow Kid is
one of the seminal works in comic books, despite
running for such a short period.
“Simply put, The Yellow Kid was the first
multimedia comic strip and, — to me —
the most daring ever. Culturally the strip
was everywhere and nowhere, all being
and nothingness, Dadaist surrealism and
stone cold forensics, humor and pathos.
Personally I loved the Kid because he
did what I feel comics should do more
of, and that’s to challenge the patently
absurdist status quo, and to — gently
(and occasionally, blisteringly) —
subvert, as Kid himself might put it, ‘...
dis whole Parade’, from within”.
Bill Sienkiewicz is an Emmy-nominated, Eisner
Award-winning artist/author. A descendant of
Nobel Prize-winning novelist Henryk Sienkiewicz,
he is perhaps best known for redefining the visual
language — and the public’s perception of — comics
as an art form, by his use of innovative multimedia
techniques and approaches, through his use of
both analog and digital methods, he continues
to influence new generations of creators. He also
produces work in film, TV, animation, and music, and
has exhibited worldwide.
www.billsienkiewiczart.com
Técnica mista sobre papel.
Mixed media on paper.
ZÉ CARIOCA JOSÉ C ARIOC A
E
ntre 1933 e 1945, o governo dos Estados
Unidos implantou a chamada Política da
Boa Vizinhança, uma iniciativa que consistia
em investimentos e venda de tecnologia norte-
americana além da não intervenção em países
latino-americanos em troca de apoio político aos
EUA, que esperavam a criação de acordos comerciais
mais vantajosos com esses países. O cinema e o
rádio foram algumas das principais frentes para
aculturar os países da América Latina. Foi nesse
período que Walt Disney chegou ao Brasil em uma
turnê pela América Latina. Ao retornar aos EUA,
Disney desenvolveu a ideia do personagem, que foi
apresentado como um amigo do Pato Donald na
animação Alô, Amigos, de 1943. O segundo filme,
que no Brasil ganhou o nome de Você já foi à Bahia?,
de 1945, trazia Zé Carioca novamente ao lado do
Pato Donald. O personagem chegou aos quadrinhos
dos EUA em tiras com roteiros de Hubie Karp e
desenhos de Bob Grant e Paul Murry, porém foram
descontinuadas em 1945. No Brasil, o interesse pelo
personagem continuava — o Zé Carioca aparece ao
lado de Donald na capa de O Pato Donald 1, de 1950
— o que levou a Editora Abril a adaptar histórias
do Pato Donald e do Mickey Mouse colocando o Zé
Carioca no lugar desses personagens. Na década de
1970, a editora passou a produzir histórias inéditas
que tiveram o artista gaúcho Roberto Canini como
um dos principais nomes. Nesse período, foram
apresentados os elementos característicos do Zé
Carioca: o papagaio esperto, caloteiro, avesso ao
trabalho, que adora cachaça e mora na Vila Xurupita,
no Rio de Janeiro. Nessa época, o personagem
também perdeu chapéu, gravata borboleta e guarda-
chuva para ganhar um visual mais tropical. O Zé
Carioca continua tendo revista própria no Brasil.
“Quando criança, eu gostava muito de
assistir aos desenhos da Disney, que
sempre tinham uma qualidade superior
aos demais que passavam na época.
Quando assisti pela primeira vez ao
filme Alô, Amigos, no qual ‘nascia’ o Zé
Gleydson
Caetano Carioca, veio aquela ponta de orgulho
de ver o Brasil sendo representado em
uma animação da Disney. Resolvi então
retratar um reencontro entre Zé Carioca
e seu visitante Donald, no mesmo lugar
em que Donald experimentou cachaça
pela primeira vez, 70 anos atrás.”
Nascido em 1982, Gleydson desenha desde que se
entende por gente. Começou profissionalmente
em 1998, como animador 2D. Desde então, vem
trabalhando em diversas áreas como ilustrador,
animador, concept artist, quadrinista, diretor etc.
E fazendo trabalhos para diferentes mídias, como:
capas de livros, curtas animados, comerciais para
TV e cinema, concept para games, livros infantis,
ilustrações editoriais, e outros.
230 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Between 1933 and 1945 the US government
implemented the so called Good Neighbor Policy,
an initiative that consisted in investments and sale
of US technology, as well as the non-intervention in
the domestic affairs of Latin American countries, in
exchange for political support to the US — that also
wanted more advantageous trade agreements with
these countries. Cinema and radio were two of the
most important mediums for the enculturation of
Latin American countries. It was during this period
that Walt Disney visited Brazil during a Latin American
tour. When returning to the US, Disney developed
the idea for the character José Carioca (Zé Carioca in
Brazil), which was introduced as a friend of Donald
Duck in the animated movie Saludos, Amigos, in 1943.
The second film, The Three Cabballeros, 1945, included
the segment Baía, which had José Carioca next to
Donald Duck again. José Carioca appeared in the US
in strips written by Hubie Karp and illustrated by Bob
Grant and Paul Murry, but these came to an end in
1945. In Brazil, interest in the character continued —
for example, José Carioca appeared next to Donald
Duck on the cover of O Pato Donald #1, Donald’s first
comic book in the country, in 1950 — which led Editora
Abril to adapt Donald Duck and Mickey Mouse’s
stories, replacing them with José Carioca. In the 1970s,
the publisher started producing new stories that had
Roberto Canini, an artist from Southern Brazil, as one
of its main authors. In the period, we were shown
the features that are characteristic of José Carioca:
the clever, deadbeat parrot, who is averse to work,
loves cachaça (a sugar cane hard liquor) and lives in
Vila Xurupita, in Rio de Janeiro. During this period the
character also lost his hat, bow-tie and umbrella to get
a more tropical look. José Carioca continues to have his
own comic book in Brazil.
“As a child, I loved watching Disney
cartoons, which were always superior
in quality to the other cartoons shown
at the time. The first time I watched
Saludos, Amigos, where José Carioca was
‘born’, I felt a touch of pride to see Brazil
being represented in a Disney animation.
That’s why I decided to portray a
meeting between José Carioca and his
visitor Donald, in the same place where
Donald tried cachaça for the first time,
70 years ago.”
Born in 1982, Gleydson has been drawing for as long
as he remembers. His first professional work was
in 1998 as a 2D animator. Since then, he has been
working in several areas as illustrator, animator,
concept artist, cartoonist, director, etc. And has been
doing different jobs for different media, such as:
book covers, short animated movies; commercials
for TV and cinema; concepts for games, children’s
books; editorial illustrations, and others.
www.gureiduson.com
Pintura digital.
Digital painting.
ZORRO
D
on Diego de la Vega é um aristocrata nascido
em 1782, que retorna à Califórnia após um
período na Europa para encontrar o povo
de sua terra subjugado por oficiais tiranos e outros
vilões. Cria, então, a identidade de Zorro — que
significa raposa em espanhol — e, usando roupas,
capa, máscara e chapéu negros, cavalga um cavalo
igualmente negro de nome Tornado e usa suas
habilidades de espadachim para escapar da polícia
local, vingar as pessoas indefesas e humilhar
publicamente seus algozes, muitas vezes marcando
suas roupas com a letra “Z”, escrita com três golpes
precisos de sua espada. O personagem criado
em 1919, pelo escritor nova-iorquino Johnston
McCulley estreou na história seriada A Maldição
de Capistrano, publicada na revista pulp All-Story
Weekly. Os famosos atores hollywoodianos Douglas
Fairbanks e Mary Pickford escolheram a história para
inaugurar o estúdio United Artists, dando origem
ao bem-sucedido A Marca do Zorro, de 1920, no
qual o herói foi interpretado pelo próprio Fairbanks.
Com o sucesso do filme, McCulley produziu mais
de 60 novas histórias do Zorro, de 1922 até seu
falecimento em 1958. Ao longo das décadas, o
personagem protagonizou mais de 40 filmes, muitos
deles produzidos na Europa, além de várias séries
de TV com atores e também animações. Zorro teve
várias séries em quadrinhos e algumas das histórias
publicadas pela Dell Comics, entre 1949 e 1961,
se tornaram clássicas por terem sido desenhadas
pelo mestre Alex Toth. Na década de 1970, foram
publicadas no Brasil histórias em quadrinhos escritas
por Primaggio Mantovi e Ivan Saidenberg, com
desenhos de Rodolfo Zalla e Walmir Amaral. Zorro
foi uma influência importante na criação do Batman,
com quem compartilha a identidade civil de um
aristocrata desinteressado e a existência de uma
caverna que serve de quartel-general entre outros
elementos, evidenciados também pelo fato de o jovem
Bruce Wayne ter testemunhado a morte de seus pais
após assistirem a um filme do herói mascarado.
“Eu cresci num sítio, no interior de São
Paulo e ando a cavalo desde muito novo.
Adorava brincar de Zorro. Tá certo que
o meu cavalo era um pangaré, minha
capa um trapo velho e minha espada, um
galho de árvore, mas mesmo assim eu
Davi Calil
me achava o máximo.”
Davi Calil é ilustrador e quadrinista. Como
ilustrador, já teve seus trabalhos publicados nas
principais editoras do Brasil. Estreou como autor
na revista Kush!, da Letônia. Integrou a equipe de
quadrinistas da revista Mad do Brasil por dois anos.
Desde então, participou de diversas coletâneas de
quadrinhos, entre elas a MSP Novos 50 com uma
história do Jotalhão. No início de 2013, publicou a
HQ Surubotron. Calil também trabalha com design
de personagens para animação, tendo colaborado
para a série Historietas Assombradas da Cartoon
Network do Brasil.
232 íCONES DOS QUADRINHOS — COMIC BOOK ICONS
Don Diego de la Vega is an aristocrat born in 1782
who returns to California after spending some time in
Europe, to find the people of his land subjugated by
tyrant officials and other villains. He then creates the
secret identity of Zorro (Spanish for fox) — typically
wearing a black costume with flowing cape, a flat-
brimmed sombrero cordobés and a black mask. He
rides an equally black horse named Tornado and
uses his swordsman abilities to escape local police,
avenge defenseless people and publicly humiliate
his tormentors, often marking their clothes with the
letter “Z”, with three quick strokes by his rapier. The
character created in 1919 by New Yorker Johnson
McCulley starred in the series The Curse of Capistrano,
published in the pulp magazine All-Story Weekly.
Famous Hollywood actors Douglas Fairbanks and Mary
Pickford chose the story to inaugurate their United
Artists studio, giving birth to the successful The Mark
of Zorro in 1920, where the hero was interpreted by
Fairbanks himself. With the film’s success, McCulley
wrote more than 60 Zorro stories between 1922 and
1958, the year of his death. Throughout the decades,
the character starred in more than 40 films, many of
which produced in Europe, as well as several live-action
TV series and animations. Zorro had many comic
book titles and some of the stories published by Dell
Comics between 1949 and 1961, drawn by master Alex
Toth, became classics. In the 1970s, comic book stories
written by Primaggio Mantovi and Ivan Saidenberg
with art by Rodolfo Zalla and Walmir Amaral were
created in Brazil for the first time. Zorro had an
important influence on Batman’s creation, with whom
he shares the uninterested aristocrat civil identity and
a cave which serves as his headquarters, among other
elements, as well as the fact that young Bruce Wayne
witnessed the death of his parents after they watched
a film of the masked hero.
“I grew up in the countryside, in São
Paulo upstate, and rode horses from an
early age. I loved playing Zorro. Despite
the fact that my horse was a domestic
one, my cape an old rag and my sword a
tree branch, I still thought I was great.”
Davi Calil is an illustrator and cartoonist, and has been
published by the most important Brazilian publishers.
He started as an author in Kush! Magazine, from
Letonia. He was part of the team of cartoonists of Mad
magazine in Brazil for two years. Since then he has
participated in several comic book anthologies such
as MSP Novos 50. At the beginning of 2013, he wrote,
drew, colored and published the independent comic
book Surubotron. Calil also designs characters for
animation, having contributed to the series Historietas
Assombradas, produced by Cartoon Network Brazil.
www.davicalil.blogspot.com
Guache sobre papel.
Gouache on paper.
Sobre o autor
About the author

Detalhe de Nightwing 15,

página 11 (fevereiro de 2013), por
Eddy Barrows e Eber Ferreira.

Detail of Nightwing #15,

page 11 (February 2013), art by
Eddy Barrows and Eber Ferreira.

I I
van Freitas da Costa ama quadrinhos desde que se conhece
por gente. Enquanto construía uma sólida carreira como
executivo de Marketing em empresas como Ericsson, Ibmec
São Paulo, FAAP e FIAP, encontrou tempo e energia para
participar da organização do FIQ – Festival Internacional
de Quadrinhos de Belo Horizonte e também para reunir
uma vasta coleção de arte, organizada em exposições que
já lhe renderam dois troféus HQ Mix. Até que, em 2013,
essa paixão reclamou mais do seu tempo e dedicação e, ao
lado do amigo Joe Prado, fundou a Chiaroscuro Studios,
dedicada ao agenciamento de quadrinistas, venda de arte
e organização de festivais de quadrinhos. Mora em São
Paulo, mas seu coração está sempre em Gotham City.
van Freitas da Costa has been in love with comics as far
back as he can remember. While building a solid career as
marketing executive in companies like Ericsson, Ibmec São
Paulo, FAAP and FIAP, he always found time and energy to
help organize FIQ – International Comic Book Festival of Belo
Horizonte and to gather a vast collection of artwork, which
has been organized in exhibitions and have earned him two
HQ Mix Awards. In 2013 this passion took over even more of
his time and dedication when, together with his friend Joe
Prado, he founded Chiaroscuro Studios - created to manage
comic artists careers, art sales and the organization of comics
festivals. He lives in São Paulo but his heart is in Gotham City.

www.chiaroscuro-studios.com
Agradecimentos
Acknowledgements

U A
m projeto dessa envergadura não seria possível sem a
dedicação, generosidade e estímulo de pessoas muito
especiais, a quem dedico este livro.
Aos artistas que compartilharam seu talento e suas histórias
pessoais, que são o cerne deste projeto.
Aos amigos que se juntaram a mim na produção deste livro:
Daniel Lopes, Daniela Hart, Deise Maria Gambareli, Érico Assis,
Marcelo Farias, Marcelo Paranhos de Camargo, Márcia Dias,
Rodolfo Muraguchi, Sam Hart e William Rosa.
Aos meus pais, Oswaldo e Elena, aos meus irmãos, Rosana
e Eduardo, à minha sobrinha Amanda e aos queridos Fátima,
Francisco, Renata, Karina, Beto, Eliandro e Patricia.
Aos queridos Joe Prado, Ivan Reis, Rod Reis, Breno Tamura,
Renato Guedes, Daniel HDR, Paulo José Correia Caiado, Sidney
Gusman, Afranio Parreira, Tatiana Prado, Kátia Aida, Priscilla
Cabral, Natália Galli, Ana Maria Laki, Nathalie Trutmann e
Juliana Simões pela amizade sincera e estímulo constante.
Aos amigos Afonso Andrade, Daniel Werneck, Samara
Horta, Eduardo Damasceno e demais integrantes da
equipe que, com tanta dedicação, organiza o FIQ – Festival
Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte.
Finalmente, a Marv Wolfman e George Pérez, equipe
criativa dos Novos Titãs, a primeira revista em quadrinhos que
eu li. A culpa é toda de vocês.
project of this magnitude would not be possible without
the dedication, generosity and encouragement of some
  very special people, to whom I dedicate this book.
To the artists who shared their talent and their personnal
histories, the very core of this book.
To the friends who joined me in the production of this book:
Daniel Lopes, Daniela Hart, Deise Maria Gambareli, Érico Assis,
Marcelo Farias, Marcelo Paranhos de Camargo, Márcia Dias,
Rodolfo Muraguchi, Sam Hart and William Rosa.
To my parents, Oswaldo and Elena, to my sister Rosana and
my brother Eduardo, to my niece Amanda and to the dearest
Fátima, Francisco, Renata, Karina, Beto, Eliandro, and Patricia.
To Joe Prado, Ivan Reis, Rod Reis, Breno Tamura, Renato
Guedes, Daniel HDR, Paulo José Correia Caiado, Sidney
Gusman, Tatiana Prado, Kátia Aida, Priscilla Cabral, Natália Galli,
Ana Maria Laki, Nathalie Trutmann and Juliana Simões, for their
sincere friendship and constant encouragement.
To my companions Afonso Andrade, Daniel Werneck, Samara
Horta, Eduardo Damasceno and other members of the team
who organize the FIQ (International Comic Book Festival of
Belo Horizonte) with such dedication.
Finally, to Marv Wolfman and George Pérez, the creative
team behind The New Teen Titans, the first comic I ever read.
It’s all your fault.

fontes
sources

Livros Books Websites

Levitz, Paul. 75 Years of DC Comics: The Art of Modern Mythmaking. www.asterix.com

Taschen Benedikt Verlag Gmbh., 2010 www.comicvine.com
www.companhiadasletras.com.br
Wallace, D., Manning, M.K., Irvine, A., Cowsill, A., McAvennie, www.darkhorse.com
M. DC Comics Year by Year: A Visual Chronicle. www.dc.wikia.com
Dorling Kindersley, 2010 www.dccomics.com
www.devir.com.br
Brevoort, T., DeFalco, T., Manning, M. K., Sanderson, P. www.eternauta.com
Marvel Chronicle: A Year by Year History. www.fantagraphics.com
Dorling Kindersley, 2009 www.fantasmabrasil.blogspot.com.br
www.flimgeeks.com
Robinson, Jerry. The Comics: An Illustrated History of Comic Strip Art. www.guiadosquadrinhos.com
Dark Horse Books, a division of Dark Horse Comics, 2011 www.kingfeatures.com
www.lucky-luke.com
Cronin, Brian. Was Superman a Spy?: And Other Comic Book Legends www.mafaldaylavidacotidiana.blogspot.com.ar
Revealed. Penguin Group US, 2009 www.marvel.com
www.marvel.wikia.com
www.omelete.com.br
www.popeye.com
www.pt.wikipedia.org
www.quadrinhosemquestao.com
www.quadrinhosnasarjeta.com
www.tintin.com
www.universohq.com
www.wikipedia.org
www.zorro.com
 Dados Internacionais de Catalogação na Pulicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Costa, Ivan Freitas da

Ícones dos Quadrinhos : Comic Book Icons / Ivan Freitas da Costa – 1a edição – São Paulo – 2013

Bibliografia
ISBN 978-85-915995-0-9

1. Histórias em Quadrinhos

ícones dos quadrinhos CDD - 741.5

comic book icons

Capa Cover Este livro foi produzido e impresso com recursos

Ivan Freitas da Costa & Rodolfo Muraguchi captados por meio de financiamento coletivo.

Design This book was produced and printed with funds

Rodolfo Muraguchi raised through crowdfunding.
www.rodolfom.com

Tradução Translation
Daniela Hart www.catarse.me
Érico Assis

Revisão técnica Technical revision As artes criadas para este livro também integraram
Sam Hart a exposição “Ícones dos Quadrinhos”, uma das atrações do
FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte,
Revisão gramatical Linguistic revision realizado de 13 a 17 de novembro de 2013.
Márcia Dias
The art pieces created for this book were also part of
Copydesk Copy editor the “Comic Book Icons” exhibition, one of the attractions of
Daniel Lopes FIQ - International Comic Book Festival of Belo Horizonte, Brazil,
November 13-17, 2013
Tratamento de imagens Image treatment
William Rosa

Processo gráfico Printing process

Deise Maria Gambareli
Realização Execution
Assessoria de Imprensa PR Agency
Fernando Antunes
Ricardo César
www.agenciaideal.com.br

Vídeo (Catarse) Video (Catarse) Impresso por Printed by

Marcelo Farias Editora Gráfica Nywgraf
Marcelo Paranhos de Camargo www.nywgraf.com.br
William Rosa São Paulo, Brasil

For educational purposes. All characters’ trademarks and copyrights

are the property of their respective owners.
 100 personagens
101 artistas
Um livro único
Redescubra os principais ícones dos quadrinhos
no traço de novos ilustradores e de lendas das
HQs, em uma homenagem a esses personagens
incríveis, aos seus criadores e àqueles que
os mantêm vivos em nossa imaginação.
100 characters
101 artists
One unique book
Rediscover the greatest comic book icons
drawn by well-known artists and newer
talents, in a tribute to those magnificent
characters, to their creators and to those
who keep them alive in our imagination.