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Mundo digital

Livros que
bombaram no
TikTok conquistam
leitores durante a
Bienal de São Paulo
O aplicativo reúne leitores de todo o Brasil e
dominou a sessão de 'mais vendidos' das
editoras durante o evento

8.7.2022 | 

RAFAELA FREITAS

Acontece entre os dias 2 e 10 de julho a 26ª Bienal


Internacional do Livro de São Paulo. Após quatro
anos longe do público, o evento realizado pela Câmara
Brasileira do Livro volta presencialmente com
expectativa para atender 600 mil leitores que
aguardavam a edição.
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Localizado desta vez no Expo Center Norte, na zona


norte de São Paulo, o espaço continua atraindo
visitantes com as experiências que vão além dos três
milhões de livros expostos, como rodas de conversa,
sessão de autógrafos com a presença de autores
nacionais e internacionais e pontos de foto. Além das
novidades, o evento surpreendeu pela presença do
público mais jovem em peso. Não é difícil olhar para os
lados e encontrar adolescentes carregando livros em
comum. Segundo expositores, o cenário não é por
acaso: tem grande influência do TikTok.

BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO, EM SÃO PAULO (FOTO: ESTÚDIO WTF26A BIENAL


INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO)SAIBA MAIS
Sucessos no TikTok, autores se preparam para a Bienal do
Livro

Jovem faz sucesso no TikTok com receitas inspiradas em


livros famosos
A Galera Record, editora de livros juvenis, surgiu
como um selo do Grupo Editorial Record, mas ao
representar 50% das vendas do grupo, ganhou CNPJ
próprio. Vendeu cerca de 30 mil títulos em seu estande
na Bienal deste ano até quinta-feira (07) com top 4
composto pela mesma autora, a norte-americana
Colleen Hoover. Segundo a editora-executiva Rafaella
Machado, Hoover domina o "BookTok", hashtag de
amantes de leitura do TikTok, dentro e fora do Brasil,
e é hoje a autora que mais vende livros no país. “Os
outros livros jovens que estão em nossa lista de mais
vendidos de alguma forma também fazem sucesso na
rede social porque hoje qualquer livro jovem precisa ter
sua premissa explicada em trinta segundos. Se não
conseguir, vale repensar se vale a pena contratar”, diz.
A Bienal encontra público adolescente
Apesar de não serem inéditas no evento, o crescimento
expressivo das visitas dos mais jovens também ocorre
graças ao fato de a comunidade literária ter crescido
nas redes sociais, o que incentivou este grupo a ler mais
durante a pandemia de covid-19. Em 2021, jovens de
18 a 29 anos compuseram o público que mais
desenvolveu o hábito de leitura, passando de 63% para
72% no período de um ano de pandemia. Os dados são
do 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado
pela Nielsen BookScan e divulgado pelo Sindicato
Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Diana Passy, formada em editoração pela Universidade
de São Paulo e curadora da Arena Cultural, onde
acontecem as principais atrações da Bienal, revela que
o evento é de grande importância por contemplar um
público maior e diverso, além de mostrar às pessoas
que não acompanham o mercado frequentemente
grande parte das novidades que estão acontecendo. “A
principal diferença desde a última edição, pré-
pandemia, é que as pessoas estavam há tanto tempo
sem evento que esse público estava muito animado
para se encontrar. Esse sentimento que as pessoas estão
trazendo, esse amor que elas sentem pelos livros, dá
para ver quando a gente passa pelos corredores”,
comenta.

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Com essa sede pelo reencontro, Passy acredita que o
fato da Bienal ser um evento que reúne todos os
públicos a torna ainda mais importante para os leitores
que acabaram de descobrir seu amor pela leitura, o que
é muito característico do grupo vindo do TikTok. “A
gente viu o quanto esse movimento foi impactante.
Nessa idade a pessoa está em uma fase em que seu
gosto foi moldado pelas leituras escolares e familiares.
Agora, eles mesmos querem escolher, e é onde entra o
TikTok, que está apresentando e fazendo essa grande
ponte entre os livros e o público leitor correto.”

A Editora Arqueiro, do grupo Sextante, é detentora dos


direitos de vários títulos que fizeram sucesso na
plataforma, como o romance "Uma Farsa de Amor na
Espanha", de Elena Armas, destacado pela equipe da
CBL como “Sensação do TikTok” na divulgação
institucional do evento. O estande da editora registrou
crescimento de 150% nas vendas em relação à edição
anterior da Bienal do Livro Rio, que aconteceu em
2018.

TikTok é verdadeiro aliado das editoras


O "BookTok", um trocadilho com o nome do
aplicativo, é uma hashtag usada na plataforma por
leitores do mundo inteiro, que compartilham o que
estão lendo no momento, recomendam títulos ou até
mesmo desabafam sobre os enredos. A hashtag
"BookTokBrasil" já soma mais de 4 bilhões de
visualizações dentro do aplicativo e ajudou a divulgar
centenas de livros.

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É o caso de “Mentirosos”, da escritora norte-americana


E.Lockhart. O livro foi publicado em 2014, mas voltou
à lista de BestSellers do The New York Times depois
de viralizar no aplicativo durante a pandemia. “Um dos
meus filhos me disse que eu estava famosa no TikTok.
E um mês depois, eu estava de volta na lista de
bestsellers do The New York Times”, contou a
escritora ao canal norte-americano ITV News.

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Não demorou muito até a novidade chegar ao BookTok
Brasil e os leitores descobrirem o título, publicado no
país pela Editora Seguinte. “Os livros mais vendidos da
editora têm, no geral, seguido a onda de recomendações
do TikTok. Sejam as histórias LGBTQIAP+, que
encontraram muitos leitores na plataforma, seja o
grande fenômeno do BookTok em 2021, 'Mentirosos',
que agora ganha a continuação 'Família de mentirosos'
– ambos com destaque de vendas na Bienal” explica
Paulo Santanna, da equipe de marketing da editora.

Ele pontua que o TikTok mudou o jogo para os livros


com representatividade LGBTQIAP+. Entre os 10
títulos mais vendidos no estande da editora na Bienal,
nove possuem protagonistas deste grupo. Entre os
títulos, destacam-se “Eu Beijei Shara Wheeler” e
“Vermelho, Branco e Sangue Azul”, da escritora Casey
McQuiston. Outro exemplo é “Enquanto Eu Não Te
Encontro”, do brasileiro Pedro Rhuas, que teve as
senhas para a sua sessão de autógrafos na Bienal
esgotadas, e dois títulos da também brasileira Clara
Alves, “Romance real” e “Conectadas”.

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“Em termos de repercussão dos livros, nossa


experiência com fenômenos do BookTok até aqui já
nos dá pistas de livros que podem ser impulsionados
pela plataforma, em especial as histórias com
protagonismo LGBTQIAP+. Porém, os algoritmos do
TikTok estão sempre trabalhando para nos surpreender,
como foi o caso do ‘Mordida’”, explica Santanna.
Segundo ele, o livro de Sarah Andersen é o segundo
mais vendido do estande até o momento. Lançado no
ano passado, passou a crescer expressivamente em
vendas no último mês, depois de vídeos da editora
mostrando a edição começarem a viralizar no TikTok.

Confira algumas recomendações do TikTok que estão


fazendo sucesso no evento:

- "Heartstopper" vol. 1, Alice Oseman (Editora


Seguinte)
- "É Assim Que Acaba", Colleen Hoover (Editora
Galera Record)
- "A Vida Invisível de Addie Larue", Victoria Schwab
(Editora Galera Record)
- "A hipótese do amor", Ali Hezelwood (Editora
Arqueiro)
- "Uma farsa de amor na Espanha", Elena Armas
(Editora Arqueiro)
- "Clube do livro dos homens", Lyssa Kay Adams
(Editora Arqueiro)
- “Quinze Dias”, Vitor Martins (Editora ALT)
- "Conectadas”, Clara Alves (Editora Seguinte)
- “O Amor Não é Óbvio”, Elayne Baeta (Editora
Galera Record)

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conquistam-leitores-durante-bienal-de-sao-paulo.html

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