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Filatelia,
História e
Cultura! 
Miguel Rodrigues de

Magalhães

A partir de 1999 passei a escrever com


regularidade nos Boletins da Sociedade
Philatelica Paulista. O primeiro artigo foi
escrito a duas mãos, juntamente com o
editor do boletim,  Sr. João Roberto
Baylongue que me deu oportunidade e
ainda forneceu o material para pesquisa.
O titulo do artigo "A Espionagem na
Filatelia". Neste espaço vou reproduzir as
matérias e as capas dos boletins em que
foram publicadas. Algumas
alterações  nos textos se fazem
necessárias  e algumas imagens foram
inseridas para uma melhor
ilustração,  erros ortograficos também
foram corrigidos.   

A ESPIONAGEM NA
FILATELIA

Sociedade
PhilatelicaPaulista
BoletimInformativo Dezembrode1999

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NesteNúmero:
EmissõesdeNatal
AEspionagemnaFilatelia

Boletim da Soc. Philatelica Paulista de dezembro


de 1999.

Quando garotos, nossa


imaginação sempre nos leva a
diversas aventuras. Podíamos
ser ao mesmo tempo mocinhos de
um filme ou um herói que no
final sempre acaba ficando com
a mocinha. Ao assistirmos um
filme, normalmente nos
identificamos com o principal
personagem. Quase sempre com o
que passa pelas maiores
dificuldades e no fim consegue
se sair bem. Um desses
personagens que até hoje causa
uma empatia muito grande e o
famoso espião 007 figura 1
(imortalizado pelo do ator Sean
Connery). Em seus filmes, o
glamour e as belas moças dão um
toque especial a essa
atividade, que na verdade as
vezes nada tem do charme que o
cinema nos mostra. Como não
podia deixar de ser, na
filatelia também podemos contar
um pouco sobre a espionagem.
Alguns espiões (de bom gosto,
diga-se de passagem) usaram os
nossos queridos selos para
passar informações sobre
atividades ou movimentos de
tropas, ou ainda as mais
diversas mensagens,
principalmente durante os anos
de guerra e pós-guerra. Nesse
jogo de gato e rato, os
sensores também tiveram um
papel primordial, pois a caça
aos espiões, muitas vezes
dependiam a vida de milhares de
pessoas. E nesse papel, não
raras vezes havia excesso e
isso proporcionava as mais
diversas situações.Um caso que
nos mostra uma das artimanhas
usadas pelos espiões, em que o
uso de correspondência
aparentemente comum era

na verdade apenas um artificio


para a troca de informações
entre a antiga Alemanha
Oriental e um de seus espiões
em nosso território.
É o caso: Joseph Werner Leben!
Caia a noite do dia 11 de julho
de 1962, após algumas
evidencias foi detido em seu
apartamento na Av. Paulista o
cidadão alemão Josep Werner
Leben.
Apanhado de surpresa o agente
não esboçou qualquer
resistência.

Werner nasceu na Alemanha


Ocidental em Dortmund onde
realizou os seus primeiro
estudos, na época de sua prisão
contava com 30 anos. Revelando
desde cedo qualidades
artísticas Werner cursou a
universidade de Dusseldorf,
onde se diplomou em artes
gráficas (curso de nível
universitário). Werner como
todo o artista, gostava de
frequentar meios boêmios e as
suas noites eram divididas
entre boas doses de bebida e
belas mulheres. Possuindo boa
cultura, dominando
perfeitamente o inglês e
razoavelmente o português,
dotado de uma simpatia pessoal
cativante, foi muito fácil de
se introduzir em nossos meios
sociais. Cínico e calculista
Werner aparentava uma inocência
de rapaz simples e inofensivo.
Calmo e educado estava física e
psiquicamente adequado para a
função de espião.
Após a prisão, seu apartamento
foi cuidadosamente revistado, e
encontrado farto material
relacionado com sua atividade
secreta. Em meio a todo esse
material, uma grande quantidade
de correspondência. Examinada
cuidadosamente a
correspondência verificou-se
que de vários envelopes haviam
sido retirados os selos
enquanto outras se encontravam
intactas. Quando questionado
sobre o destino dos selos,
Werner com naturalidade disse
que retirava os selos para
oferecer a amigos que os
colecionavam. Não fosse por uma
observação mais apurada, nada
de mais natural que oferecer os
selos a amigos, pois à época a
filatelia era muito mais
divulgada. Só que haviam também
algumas que ainda se
encontravam com os selos. Em
meio a estas foi encontrado um
cartão postal figura 02
remetido a Werner com a
seguinte mensagem em alemão:

 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

27\05\1961 - Querido Werner!


Recebi sua carta muito
obrigada
Hoje, uma saudação da bela
Berlim.
Escreva-me com maior
frequência, pois eu me alegro
em receber suas cartas. Como
vão os seus negócios, eu daria
o conselho de intensifica-los,
as suas ordens saudações
cordiais da sua Rita.

Fig 02 - Cartão Postal encontrado nas


correspondências de Werner.

Aparentemente uma mensagem


inocente de cordialidade, mas
que na verdade expressa o
descontentamento da S.S.D.
(serviço secreto da antiga
Alemanha Oriental) pelo fato
de Werner não estar cumprindo
com as suas obrigações, e ao
mesmo tempo era uma
advertência dada sob forma de
conselho para que ele
intensificasse as suas
atividades. Se Werner tivesse
dispensado maior atenção a
esse cartão a policia não
teria encontrado a maior prova
contra ele. Sob um dos selos
que se encontrava colado sobre
o cartão estava escondido um
microfilme figura 03 portador
de uma mensagem. Werner
ignorava a existência desse
microfilme e ao lhe ser
exibido mostrou-se surpreso.
Mas diante das evidencias foi
obrigado a confessar que
recebera outros microfilmes
sempre acondicionados na
altura do ultimo selo. Esse
microfilme foi a maior prova
contra o espião Joseph Werner
Leben. No dia 18/09/1962 a
justiça militar com fundamento
no art. 25 da lei nº802 que
previa crimes contra a
segurança nacional condenou
Werner a 18 anos de reclusão.

Um outro fato curioso em


relação a caça aos espiões
ocorreu com o diretor de uma
revista filatélica, a U.P.A.S.
(União Philatelica da America
do Sul). Como quase todas as
cartas eram abertas pela
censura após e durante os
períodos de guerra, o Sr.
Ernesto Chelmicki se tornou um
frequentador habitual do
departamento de censura, para
onde recebia sempre o convite
figura 04 para dirigir-se para
dar explicações sobre umas
determinadas listas com uma
sequencia de números. Pois se
suspeitava que fossem algum
código secreto.

Fig 03 - Imagem do local


do microfilme.

E ai meus amigos até se


explicar que eram
astão comuns MANCOLISTAS....
(mancolistas é o nome dado
as listas de faltas na
coleção)

Outro caso muito citado


ocorreu com a censura inglesa
em correspondência enviada dos
EUA e dirigida a determinado
pais em conflito. Esse fato
foi amplamente divulgada por
varias revistas filatélicas. A
História é o seguinte: em uma
remessa de selos aparentemente
normal, enviada de um suposto
colecionador americano, para
outro em um país europeu. A
remessa se compunha de 50
selos colocados em
classificador ou em cartelas
normalmente usadas para esse
fim. Prestando-se um pouco de
atenção verificou-se que com a
1ª letra do nome de cada país
e na ordem que estavam
classificados formava-se uma
mensagem. figura 05 Simples
não!!!!!

Fontes:
Um espião em São Paulo -
Lamartine B. Mendes - Serviço
da Secretaria de Segurança
Publica. Ed. de 1962.
Revista UPAS nº 07 de
30/11/1919
Brasil Filatélico nº 222 de
dezembro de 1997 - Artigo do
Sr. G.M.Faria Braga

Fig 05 - Imagem de classificador com selos.

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Secção,comapossivelbrevidade,pars.
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Ein/se de1912

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Fig 04 - "Convite" para comparecimento

Fig 01 - Bloco com selos emitido pela


Inglaterra em 2008 com cartazes dos filmes
do 007.

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