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Chegada do Adventismo no Brasil

O grande desapontamento foi um evento que aconteceu em 22 de outubro de


1844. Esse evento em resumo era para acontecer a tão esperada e prometida
volta de Jesus. Através do estudo dos livros da Bíblia: Daniel e Apocalipse
alguns estudiosos chegaram a essa conclusão. Então começaram a pregar
essa notícia a todos quando quisessem ouvir e aceitar essa mensagem. O fato
é que uma parte do texto que trazia essa mensagem passou desapercebido,
texto do livro de Apocalipse capítulo 10, versículos de 8 ao 10 que diz: “E a voz
que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo e disse: Vai, e toma o livrinho
aberta da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. E fui ao
anjo, dizendolhe: ‘Dá-me o livrinho.’ E ele me disse: ‘Toma-o, e come-o, e ele
fará amargo o teu ventre,
mas na tua boca será doce como o mel.’ E tomei o livrinho da mão do anjo, e
comi-o; e na
minha boca era doce como o mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou
amargo.”
O livrinho diz que a mensagem na boca seria doce; o ide por todo mundo para
espalhar as boas novas de que Cristo voltará por segunda vez a buscar seus
fiéis filhos tomando-os deste mundo de pecado . Porém, no ventre seria
amargo, por que o evento que aconteceria no findar da data da profecia não
correspondia ao evento da segunda vinda de Cristo e sim sua transição de
lugar no santuário celestial.

Um rapaz de nacionalidade alemã chamado Borchardt, residente em


Brusque, Santa Catarina, envolve-se em uma briga, ferindo gravemente seu
oponente. Com medo da polícia, resolve fugir em direção ao Porto de Itajaí.
Lá chegando, embarca clandestinamente em um navio que rumava para a
Alemanha. Numa das escalas, acaba conhecendo dois missionários
adventistas que lhe perguntam se conhece algum protestante no Brasil. Meio
desconfiado, Borchardt responde que seu padrasto, Carlos Dreefke, é
luterano. Os missionários pedem-lhe o endereço de Dreefke, deixando claro
que o único interesse deles é enviar literatura religiosa para o Brasil.
          Alguns meses depois, um pacote contendo revistas adventistas em
alemão chega à Colônia de Brusque, endereçado a Carlos Dreefke e com selo
de Battle Creek, Estados Unidos. A encomenda é aberta na casa comercial de
Davi Hort, um típico casarão colonial de dois pavimentos, distante oito
quilômetros do atual centro de Brusque. Dreefke, ainda meio desconfiado,
toma para si uma das revistas, com inscrição de capa A Voz da Verdade, e
distribui as outras nove para seus amigos que ali estavam.
          Com o tempo, algumas famílias demonstraram interesse por aquelas
publicações que falavam, dentre outras coisas, na segunda vinda de Cristo,
num estilo de vida mais saudável e na importância de se reservar o sábado
para atividades de cunho religioso. Continuaram a pedir mais literatura,
usando o nome do Sr. Dreefke que, com medo de que algum dia lhe
mandassem a conta de todas as revistas, acabou cancelando os pedidos
futuros.
          A frustração foi geral. Quem poderia assumir agora a responsabilidade
pelas revistas? Um polonês de nome Chikiwidowski chegou a se
responsabilizar pelos pedidos, mas seu entusiasmo durou pouco. Foi então
que uma terceira pessoa entrou na história: Frederich Dressler.
          Dressler era filho de um pastor luterano, na Alemanha. Foi expulso de
seu país por ser alcoólatra. Aproveitando as correntes migratórias para o
Brasil, veio parar em Brusque. Trabalhou como professor, mas toda a sua
renda era gasta em bebida. Quando Dressler ouviu falar das tais revistas
adventistas que eram enviadas de graça, resolveu fazer um pedido, com a
intenção de vendê-las para alimentar o vício que o destruía.
As revistas (como a Hausfreund, “Amigos do Lar”) chegaram e, com elas,
alguns livros. Entre eles, um muito especial: o Comentário Sobre o Livro de
Daniel, de Uriah Smith. Após a leitura desse livro, Guilherme Belz se tornaria –
anos mais tarde – o primeiro no Brasil a reconhecer o sábado como dia de
descanso, através da literatura adventista.
          Em certas ocasiões, enquanto Dressler caminhava pelas ruas em busca
de compradores, os folhetos caíam-lhe das mãos trêmulas. Como não havia
muito papel espalhado pelo chão naquela época, as pessoas, curiosas,
apanhavam os folhetos e os liam. Sem saber, Dressler prestou grande
contribuição à causa adventista que ensaiava seus primeiros passos em terras
brasileiras.
          A Sociedade Internacional de Tratados dos Estados Unidos enviou
centenas de dólares em literatura, que Dressler transformou em cachaça. Na
venda de Davi Hort, Dressler trocava as revistas e folhetos por bebida. O Sr.
Davi as usava como papel de embrulho. E foi dessa forma que a mensagem
adventista conseguiu se espalhar mais e mais, como folhas de outono,
alcançando famílias e corações nos quais a semente do evangelho começava
a germinar.

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