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“Quem entender o que ele diz/No giz do gesto o jeito pronto/Do piscar
dos cílios/Que o convite do silêncio/Exibe em cada olhar/Guardei/Sem ter
porquê”
Nando Reis no silêncio da presença, o olhar sem indagar, o tempo dado
sem ver a si mesmo.
Mas não.
Tiradas inteligentes e populares, o outro como espelho plano não se dá
conta. Participa de um stand up coletivo sem trégua, não, você não é amado.
Dorian Gray fez um pacto, sempre dândi e jovem – até o revertério da história -
seríamos objeto dos planos de um vampiro. Avalanche de imagens, vende-se o
que se quer consumir, desde bolsas de viagem com zíperes milagrosos na parte
de baixo para guardar de tudo, até sprays que esterilizam as roupas de cama.
Deformados pela escassez do silêncio e automatizados, ao tirarmos selfies em
shows falamos de nós mesmos, o artista é pano de fundo, bastaria uma imagem
dele no telão. Acertamos rímel e cor do batom, a luz do aparelho e invertemos a
câmera para nosso melhor sorriso, sem cantar junto. O tempo da delicadeza
ficou pelo caminho, saiu da canção e não resistiu.
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