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1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

QUESTÃO 01

FONTE:

https://br.pinterest.com/pin/533324780848490385/.

O fotógrafo Sebastião Salgado, através de seus trabalhos, mostrou, em vários


continentes, a triste realidade da pobreza. Segundo ele próprio diz:

“A humanidade andou buscando, durante muito tempo, uma linguagem


universal. Falou-se do latim, no início; depois, do inglês; houve um momento em que
se tentou criar uma língua – o esperanto –, mas a linguagem universal foi criada. É a
linguagem da imagem. E a fotografia é seu vetor principal. Quando se escreve nesta
linguagem sobre os sem-terra, aqui no Brasil, ela pode ser lida sem tradução no
Japão, na França, nos EUA. Todo mundo compreende.”

Nessa obra, em que retrata o rosto de uma menina pobre, Sebastião Salgado usa
sua arte para
(A) criticar a postura atuante da sociedade.
(B) provocar a reflexão sobre essa realidade.
(C) propor alternativas para solucionar esse problema.
(D) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.
(E) Retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.

QUESTÃO 02

FONTE:http://portucia.blogspot.com.br
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

A charge acima apresenta uma linguagem mista. Nesse sentido, a compreensão de


sua mensagem só ocorre, efetivamente, se analisarmos tanto a linguagem verbal
quanto a não verbal. Em relação à charge, pode-se afirmar que
(A) denuncia a opressão das minorias sociais.
(B) condena a escassez de recursos tecnológicos.
(C) relativiza a necessidade de artigos eletrônicos na infância.
(D) demonstra os efeitos negativos dos avós na formação das crianças.
(E) defende a importância da qualificação profissional em um mundo dominado pela
tecnologia.

QUESTÃO 03

Mãos desenhando - 1948 (Escher)

A obra Mãos desenhando, do artista holandês Maurits Cornelis Escher, é um exemplo


de metalinguagem porque:
(A) coloca o emissor em evidência, expressando suas emoções e atitudes.
(B) busca mobilizar a atenção do receptor, produzindo um apelo ou uma ordem.
(C) transmite informações e dados concretos sobre a obra produzida pelo artista.
(D) utiliza procedimentos para manter o contato entre os interlocutores, zelando pelo
bom funcionamento do canal utilizado na comunicação.
(E) reflete sobre o processo de criação artística, destacando o código utilizado na
própria obra.

QUESTÃO 04
"As línguas constituem sistemas de comunicação verbal. Conquanto a fala seja da
maior importância, fator fundamental de humanidade no homem, a nossa capacidade
de comunicar conteúdos expressivos não se restringe às palavras; nem são elas o
único modo de comunicação simbólica. Existem, na faixa de mediação significativa
entre nosso mundo interno e o externo, outras linguagens além das verbais."

(OSTROWER A. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 24.)


1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

Segundo o texto, é correto afirmar:

(A) Nada pode substituir as palavras como forma de comunicação.


(B) A capacidade humana de comunicação limita-se às linguagens não-verbais.
(C) A fala não é o único elemento a considerar em situações de comunicação
simbólica.
(D) A fala é indispensável na mediação entre nosso mundo interno e o externo.
(E) Para comunicar conteúdos expressivos, é prioritário dominar as linguagens não
verbais.

QUESTÃO 05
QUE TIRO FOI ESSE
JOJO MARONTTINNI

Que bum foi esse que tá um arraso


Que tiro foi esse que tá um arraso?!
Que tiro foi esse?
Que tiro foi esse que tá um arraso?!
................................................................

Samba
Na cara da inimiga
Vai, samba
Desfila com as amigas
Vai, samba
Na cara da inimiga
Vai, samba
Desfila com as amigas
Quer causar, a gente causa
Quer sambar, a gente pisa!
Quer causar, a gente causa
Quem olha o nosso bonde pira
.......................................................................
FONTE: https://www.letras.mus.br/jojo-maronttinni/que-tiro-foi-esse/

As escolhas linguísticas feitas pela autora conferem ao texto:


(A) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
(B) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
(C) originalidade, pela concisão da linguagem.
(D) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
(E) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. 

QUESTÃO 06
Meter a língua onde não é chamado
(Joaquim Ferreira dos Santos)
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

Azeite, não é meu parente! Nem todos entendem, mas a língua que se falava
antigamente era tranchã, era não? As palavras pareciam todas usar galocha, e eu me
lembro como ficava cabreiro quando aquela teteia da rua, sempre usando tank
colegial, se aprochegava com a barra da anágua aparecendo, vendendo farinha, como
se dizia. Só porque tinha me trocado pelo desgramado que charlava numa baratinha,
ela sapecava expressões do tipo “conheceu, papudo?!”, “Ora, vá lamber sabão”, eu
devolvia de chofre, com toda a agressividade da época, “deixa de trololó, sua
sirigaita”.
FONTE: http://www.releituras.com/jfsantos

No  texto, o autor propõe uma  reflexão sobre o uso de  algumas  palavras da língua
portuguesa. Essa reflexão é marcada por
(A) progressão temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias
da semana.
(B) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de  palavras empregadas em 
contextos  diferentes de seu tempo.
(C) caracterização da identidade linguística do autor, percebida pela recorrência de
palavras regionais.
(D) distanciamento entre o autor e qualquer leitor, provocado pelo  emprego de
palavras com  significados pouco  conhecidos.
(E) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras inapropriadas para
um autor, devido ao seu desconhecimento da língua.

QUESTÃO 07

O recurso do humor geralmente é empregado em textos de charges e tirinhas. No


texto acima, em que consiste o humor?
(A) em o menino tentar enganar a mãe ao apenas falar qualquer coisa com o pai.
(B) em a mãe esperar que o filho entendesse que o verbo “falar”, naquela ocasião, se
referia ao fato de fazer a mesma pergunta ao pai e o menino ter entendido como
apenas se comunicar com o pai.
(C) em o menino querer comer chocolate.
(D) em o pai não entender o porquê da pergunta do filho.
(E) em o pai e a mãe não estabelecerem comunicação para saber se o filho está
falando a verdade.
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

QUESTÃO 08
DETALHES
            O velho porteiro do palácio chega em casa, trêmulo. Como faz sempre que
tem baile no palácio, sua mulher o espera com café da manhã reforçado. Mas desta
vez ele nem olha para a xícara fumegante, o bolo, a manteiga, as geleias. Vai direto à
aguardente. Atira-se na sua poltrona perto do fogão e toma um longo gole da bebida,
pelo gargalo.
            - Helmuth, o que foi?
            - Espera, Helga. Deixe eu me controlar primeiro.
            Toma outro gole de aguardente.
            - Conta, homem! O que houve com você? Aconteceu alguma coisa no baile?
           - Co-começou tudo bem. As pessoas chegando, todo mundo de gala, todos com
convite, tudo direitinho. Sempre tem, claro, o filhinho de papai sem convite que quer
me levar na conversa, mas já estou acostumado. Comigo não tem conversa. De
repente, chega a maior carruagem que eu já vi. Enorme. E toda de ouro. Puxada por
três parelhas de cavalos brancos. Cavalões! Elefantes! De dentro da carruagem salta
uma dona. Sozinha. Uma beleza. Eu me preparo para barrar a entrada dela porque
mulher desacompanhada não entra em baile do palácio. Mas essa dona é tão bonita,
tão, sei lá, radiante, que eu não digo nada e deixo ela entrar.
            - Bom, Helmuth. Até aí...
            - Espera. O baile continua. Tudo normal. Às vezes rola um bêbado pela
escadaria, mas nada de mais. E então bate a meia-noite. Há um rebuliço na porta do
palácio. Olho para trás e vejo uma mulher maltrapilha que desce pela escadaria,
correndo. Ela perde um sapato. E o príncipe atrás dela.
            - O príncipe?!
            - Ele mesmo. E gritando para eu segurar a esfarrapada. “Segura! Segura!” Me
preparo para segurá-la quando ouço uma espécie de “vum” acompanhado de um
clarão. Me viro e...
            - E o quê, meu Deus?
            O porteiro esvazia a garrafa com um último gole.
            - Você não vai acreditar.
            - Conta!
            - A tal carruagem. A de ouro. Tinha se transformado numa abóbora.
            - Numa o quê?!
            - Eu disse que você não ia acreditar.
            - Uma abóbora?
            - E os cavalos em ratos.
            - Helmuth... !!!
            - Não tem mais aguardente?
            - Acho que você já bebeu demais por hoje.
            - Juro que não bebi nada!
            - Esse trabalho no palácio está acabando com você, Helmuth. Pede para ser
transferido para o almoxarifado.
 (Luís Fernando Veríssimo)
Vocabulário:
 Fumegante: muito quente
Almoxarifado: área de trabalho do almoxarife.
Na visão de Helga, ao ouvir, atenta, toda a história até o final, a mulher diz que seu
marido deve pedir para ser transferido para o almoxarifado. Segunda ela, o trabalho
no Palácio está acabando com seu marido. Isso ocorre porque:
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(A) Helmuth trabalha no período noturno, o que desencadeia muito cansaço.


(B) Helmuth, na frente da mulher, estava bebendo e ela acha que tudo não passou de
fruto da imaginação dele, devido à ingestão de bebida alcoólica.
(C) Helga acredita em tudo, mas acha a história um pouco fantasiosa.
(D) Helga não acredita na história do marido; pensa que ele está inventando isso para
enganá-la, desviando a atenção do fato de que ele estava bebendo.
(E) Helga não acredita na história contada pelo marido; ela acha que isso é fruto da
imaginação, fomentado pela bebida e pelo cansaço.

QUESTÃO 09

Ivo viu a uva – www.ivoviuauva.com.br

Nos contos de fada clássicos, a figura da fada madrinha existe para satisfazer os
desejos da princesa. Nesse caso, o texto II desenvolve uma situação humorística
quando a fada madrinha:
(A) satisfaz o desejo da princesa de dormir mais um pouco, ao usar o botão soneca.
(B) satisfaz o desejo da bruxa, que lançou o feitiço para a princesa dormir.
(C) satisfaz o desejo do príncipe de ver sua princesa descansada.
(D) satisfaz o próprio desejo de deixar a princesa dormindo, para ela parar de pedir
muitas coisas, evitando, assim, muito trabalho a ser feito com os pedidos da
princesa.
(E) na verdade, se mostra a verdadeira bruxa má da história, lançando um feitiço na
princesa que nem com o beijo do príncipe pode ser desfeito.

QUESTÃO 10
Conto de fadas para mulheres do século 21
Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:
- Você quer casar comigo?
Ele respondeu:
- NÃO!
E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos
outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro,
mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada,
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava
nela.
O rapaz ficou barrigudo, careca, feio, o corpo murchou, ficou sozinho e pobre,
pois não se constrói nada sem uma MULHER.
(Luís Fernando Veríssimo)

O autor, ao construir o conto, optou por fazer uma crítica. A crítica existente no
texto refere-se:
(A) Aos contos de fadas clássicos, que colocam a princesa como a pessoa submissa e
vive para o príncipe, ao passo que o conto de fadas mais “adequado” para os dias
atuais seria mais parecido com o de Luís Fernando Veríssimo.
(B) À necessidade de casamento.
(C) À solidão das pessoas no século XXI, principalmente das mulheres.
(D) À submissão da mulher no século XXI, considerando que a sociedade impõe isso
nas relações matrimoniais.
(E) À imposição da imagem do homem como o ser independente.

QUESTÃO 11
Velho continho de natal
- Deu pra mim. Larguei. Vou pendurar as chuteiras. Fui.
– Papai Noel, o senhor não pode fazer isso.
– Estou estressado, saturado, de saco cheio.
– Que bom, Papai Noel. Então é só distribuir tudo por aí.
– Estou de saco cheio, menino, mas de sacola vazia. A crise financeira
internacional me pegou. Além disso, estou cansado dessas viagens perigosas ao
Brasil. Uma bala perdida matou uma das minhas renas. É cada vez mais difícil ter
acesso às casas, todas gradeadas. Até na chaminé tem grade. Já fui sequestrado nove
vezes.
– Puxa, Papai Noel, mas o senhor é muito importante para nós. Natal sem o
senhor não vai ter graça. Por favor…
– Hummm. Não tenho mais saco. Ninguém acredita em mim.
– Eu acredito. Meus amigos acreditam. Vovó também…
– Qual é a tua idade, guri?
– Seis anos, Papai Noel.
– Logo vi.
– Por favor, Papai Noel, precisamos tanto do senhor…
– Não adianta insistir. Vou largar. Não aguento mais passar tanto calor com
essa roupa pesada, essa barba incômoda e toda essa tralha adequada ao frio. Por que
não posso andar de calção, de sunga, de camiseta? Fizeram churrasquinho de uma das
minhas renas e ainda venderam como se fosse lombinho canadense. Vou me
aposentar.
– Ora, Papai Noel, é melhor pensar bem. Vovô me disse que a aposentadoria
do INSS é uma merrequinha. E que ele morre de tédio sem nada para fazer. Já pensou
até em ser Papai Noel voluntário numa escola aqui do bairro.
– Não adianta. Vou vazar. Cansei de ser um instrumento do consumismo
desenfreado. Exploram a minha imagem como garoto propaganda de tudo quanto é
bugiganga, não me pagam coisa alguma e ainda desvirtuam a minha mensagem.
– Não, Papai Noel, não é assim. Minha mãe é psicanalista. Meu pai é
publicitário. Eles discutem muito sobre a sua imagem. Sei do que estou falando. Já fui
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

a vários congressos com eles. O seu papel é fundamental para a formação dos nossos
valores e para a nossa imaginação.
– Você é muito precoce, menino. Não sei se faz bem para uma criança ter pai
publicitário e mãe psicanalista.
– Por favor, Papai Noel, não nos abandone, cumpra o seu papel. O Senhor é
tudo para nós no Natal.
(...)
- O senhor não é Deus, mas é um santo.
– Santo de casa não faz milagres…
– O senhor é globalizado e faz milagres por toda parte.
– Menos, guri, menos, sem etnocentrismo, pelo amor de Deus. Tem gente no
mundo que nunca ouviu falar em mim.
– Tudo bem, Papai Noel, pode ser, mas eu e milhões de crianças acreditamos
no senhor. É o que importa. Vai querer nos decepcionar? Por que não faz terapia com
a minha mãe? Isso que o senhor está sentindo é muito comum. Todo mundo tem crise
existencial e profissional. Tem até uns remedinhos pra ajudar. Já tomou prozac?
– Parece que já tem coisa mais nova do que prozac…
– Tudo bem, tudo bem, o importante é o resultado…
– Está bem, menino, já me convenci. Vou continuar…
– Eba!!! Papai Noel, o senhor não existe!
(Juremir Machado da Silva – Correio do Povo, 24/12/2009 – Adaptado)
Vocabulário:
 Bugiganga: objeto de pouco valor; insignificância.
 Etnocentrismo: visão de mundo característica de quem considera a sua
nacionalidade socialmente mais importante do que as demais.
 Prozac: remédio antidepressivo.

Às vezes, para dizer aquilo que se pretende, utilizam-se construções que deixam o
sentido subentendido. Na frase “Vou pendurar as chuteiras”, pode-se perceber a
linguagem conotativa, ou seja, uma linguagem com informações implícitas. A partir
da leitura da frase pode-se chegar ao seu significado:
(A) Papai Noel jogava bola e agora não joga mais.
(B) Papai Noel vai pendurar um par de sapatos.
(C) Papai Noel está desistindo de sua atividade.
(D) Papai Noel pretende comprar um novo par de chuteiras.
(E) Papai Noel não quer levar uma vida normal.

QUESTÃO 12
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

No último quadro do texto, a fala da minhoca revela uma reação comum das
vítimas de discriminação. Essa fala deixa subentendida a intenção da personagem de:

(A) atacar o opressor com alguma iniciativa.


(B) transferir seu problema para outro grupo de seres.
(C) questionar a existência de diversos preconceitos.
(D) aceitar sua condição de certa inferioridade.
(E) aumentar o sentimento de gratidão.

QUESTÃO 13
As funções da linguagem referem-se às diversas formas de utilizar a linguagem
segundo a intenção do falante. Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.

A Questão é Começar
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de
iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa
civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para
engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No
escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa
vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à
diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma
mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes
se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de
conversar.
Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a,
desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um
desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o
começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando
entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural;
não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas
inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o
leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você
por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”
Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis,
imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre
ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem,
entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o
‘bom dia’, o ‘boa tarde’ já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto
servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”. Ela faz referência à função da linguagem
cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa adequada no que diz respeito à
classificação desse trecho quanto à função da linguagem.

(A) Função fática, na tentativa de abrir o canal de comunicação.


(B) Função referencial, visto que o autor apenas expõe as informações acerca do
assunto.
(C) Função emotiva, uma vez que os sentimentos do emissor estão expressos no
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

trecho.
(D) Função conativa, objetivando mudar o comportamento do receptor ao receber as
mensagens do dia a dia.
(E) Função poética, ao explorar o valor estilístico da mensagem.

QUESTÃO 14
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje.
Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-
feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para
serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que
venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Nos textos em geral, as intenções textuais são identificadas na observação global


do texto. No fragmento acima, a função linguística predominante é a emotiva ou
expressiva, porque:

(A) expressa o discurso do enunciador que tem como foco o próprio código.
(B) o referente é o elemento que sobressai em detrimento dos outros.
(C) expressa o interlocutor como foco do enunciador na construção da mensagem.
(D) expressa a atitude do enunciador que se sobrepõe àquilo que é dito.
(E) o enunciador tem como objetivo principal manter a comunicação.

GABARITO COMENTADO

1) LETRA B.
A imagem captada por Sebastião Salgado leva o leitor à reflexão, já que o coloca em
confronto com a realidade experimentada pela menina fotografada.

2) LETRA C.
A questão aponta para a presença de objetos eletrônicos no universo da criança. Ao
colocar em evidência a figura de um menino que se diverte com um carrinho puxado
por uma corda em contraste com os olhares (e comentário) das outras crianças, a
charge relativiza a necessidade de tais artigos eletrônicos no espaço da infância.

3) LETRA E.
A Função Metalinguística põe em destaque o código. No desenho de Escher, a arte
explica a si mesma, numa alusão ao próprio fazer artístico.

4) LETRA C.
A comunicação não se faz apenas através da linguagem verbal, mas com o domínio de
outras linguagens, como a não verbal, a mista, a digital.

5) LETRA E.
O uso da variante, com marca de coloquialidade, torna o texto mais espontâneo e leve,
dialogando diretamente com um público amplo e heterogêneo.
1º SIMULADO DE INTERPRETAÇÃO - PROENEM

6) LETRA B.
A utilização de gírias e expressões pertencentes a contextos temporais distintos
colabora para a construção da leveza e do humor que se pretende alcançar.

7) LETRA B.
O humor consiste em a mãe esperar que o filho entendesse que o verbo “falar”,
naquela ocasião, se referia ao fato de fazer a mesma pergunta ao pai e o menino ter
entendido como apenas se comunicar com o pai.

8) LETRA E.
A mulher acha que Hagar, por conta do cansaço e da bebida, está imaginando coisas.

9) LETRA A.
O texto brinca com a ideia de que a princesa, ao ser acordada pelo beijo do príncipe,
queira descansar um pouco mais.

10) LETRA A.
Ocorre uma crítica ao modo como os contos de fada clássicos criam a imagem da
mulher, sempre submissa. No conto em questão, é independente e isso faz da mulher
uma pessoa feliz.”.

11) LETRA C.
A expressão “pendurar as chuteiras” está no sentido conotativo e significa, no
contexto, que Papai Noel está desistindo de sua atividade.

12) LETRA B.
A fala da minhoca revela uma reação comum das vítimas de discriminação que é
transferir a sua condição de insignificância a outro ser mais inferior.

13) LETRA A.
A função fática é utilizada para abrir e para testar o canal de comunicação.

14) LETRA D.
A atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. No fragmento da
crônica Desabafo percebemos a função emotiva ou expressiva da linguagem, pois as
luzes recaem sobre o enunciador.

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