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1a série do Ensino Médio – Revisão de Conteúdos – L.

Portuguesa

1) declaração, a cada atitude. A pessoa solta um


pum e a gente aplaude porque admira. Aquele
tipo de gente que, se tivesse sete anos, eu
aproveitaria a hora do recreio da escola para
perguntar singelamente: "você quer ser meu
amigo". Nós, então, dividiríamos o lanche e
seríamos cúmplices para sempre.
Já quis ser amiga do Woody Allen. Diante
da impossibilidade, vi quase todos os seus
filmes, li tudo sobre ele. Praticamente seduzi o
maître do bar Carlyle, em Nova York (EUA),
onde Allen toca clarinete numa banca de jazz,
toda as segundas. Os ingressos estavam
esgotados, mas consegui um lugar no
cantinho, em pé, piscando meus olhos bem
devagarinho, olhando bem fundo nos olhos
do maître com cara de mafioso, como se
fosse uma das personagens, digamos,
excêntricas, de um filme do diretor. Colou.
Depois que consegui me acomodar com o
Martini mais caro que já paguei na vida, e
girava minha azeitona para disfarçar o
nervosismo, Allen subiu ao palco. Me sentia
como se tivesse encontrado o Ryan Gosling.
Como pode aquele senhorzinho, franzino, que
parece mal ter forças no pulmão para soprar o
O texto critica a não valorização do trabalho instrumento, tão genial, estar a dez metros de
do programador, apresentando situações distância? (...)
diferentes, mas que remetem às situações Ivete Sangalo é um dos meus poucos e
pelas quais, muitas vezes, os programadores mais duradouros crushes. Quando se veste de
podem passar. No último quadrinho, alude-se palhaço e vai pular carnaval com um grupo de
à possibilidade de que o trabalho seja pago amigos, na pipoca dos blocos de Salvador.
com Quando para o show para dar bronca no
a) cópia no site projetado pelo programador. marido. “Quem é esta aí, papai?” Quando
b) divulgação da interface feita pelo dança descalça em cima do trio e na avenida.
programador. Quando chora no “The Voice Kids”.
c) propaganda no espaço criado pelo “Descobri” Ivete no carnaval do ano 2000,
programador. quando ela assumiu a frente do bloco
d) desconto no trabalho desenvolvido pelo Cerveja&Cia. Foi amor no primeiro axé. E
programador. desde lá, só a vi crescer como artista, como
e) troca de canos no local de trabalho do pessoa, como mulher. Ela é forte, autêntica,
programador. batalhadora, talentosa.
Mas é mais do que isso. Ivete tem cara de
Texto para as questões de 2 a 4. quem coloca um pijama velho para ver filme,
comendo pipoca, com as amigas. Ela tem
IVETE, A AMIGA QUE TODO MUNDO QUER todo o jeito de que quando a gente liga para
TER chorar umas pitangas, vai logo dizendo “deixe
de ser abestada e vem aqui para eu te dar um
Tenho alguns poucos crushes de amizade. colo”. Tem pinta de ser aquela amiga para
Aquelas relações platônicas que a gente quem você propõe as coisas mais loucas e ela
cultiva à distância e que se confirmam a cada logo diz “bora”. Parece de verdade e é esse
1
tipo de gente que a maioria das pessoas quer que-todo-mundo-quer-ter.shtml>. Acesso em:
ter como amiga. Inclusive eu. 20 mar. 2017.
Portela foi campeã do carnaval carioca,
mas a única deusa, diva, rainha absoluta, no
carnaval e no resto do ano, se chama Ivete
Sangalo.
Jorge, Mariliz Pereira. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizp
ereirajorge/2017/03/1863063-ivete-a-amiga-

2) Julgue as alternativas a seguir.

I) A autora do texto declara ter uma admiração especial por Woody Allen não só pela obra
filmográfica, mas também pelo músico que ele é.
II) A admiração de Mariliz por Ivete deve-se, entre outros, ao fato de a cantora não parecer ser
alguém intocável ou divina, mas real.
III) O termo descobrir é posto entre aspas para ressaltar que o ano 2000 foi o momento em que a
autora teve seu primeiro acesso à referida cantora.

Está correto o que se afirma em:


a) I e II apenas. b) II e III apenas. c) I e III apenas. d) I apenas. e) I, II e III.

3) A linguagem empregada no texto é informal. Dentre os termos destacados no texto, um não se


enquadra nessa situação. Indique-o.
a) O verbo colar, termo que foi empregado como o sentido de dar certo.
b) A palavra maître, unidade do francês que se refere ao chefe dos garçons.
c) O termo devagarinho, advérbio que foi flexionado com o sufixo –inho.
d) O trecho “Me sentia como...”, frase que se inicia com um pronome oblíquo.
e) O neologismo crushes, estrangeirismo que recebeu um morfema de número.

5)

BECK. Alexandre. Armandinho. Disponível em: <http://tirasarmandinho.tumblr.com>. Acesso em: 26 out. 2016.

Armandinho, o personagem da tira, não acredita que a ideia de companheirismo na relação de


amizade da senhora com o cão seja
a) unilateral. b) falsa. c) voluntária. d) forçada. e) colaborativa.

Texto para as questões 6 e 7.

O trecho a seguir faz parte do discurso proferido pelo moçambicano Mia Couto na abertura do
ano letivo do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique e foi publicado em um
livro de Ensaios desse mesmo escritor.
“A pressa em mostrar que não se é pobre é, em si mesma, um atestado de pobreza. A nossa
pobreza não pode ser motivo de ocultação. Quem deve sentir vergonha não é o pobre mas quem
cria pobreza.
2
Vivemos hoje uma atabalhoada preocupação em exibirmos falsos sinais de riqueza. Criou-se a
ideia que o estatuto do cidadão nasce dos sinais que o diferenciam dos mais pobres.
Recordo-me que certa vez entendi comprar uma viatura em Maputo. Quando o vendedor reparou
no carro que eu tinha escolhido quase lhe deu um ataque. “Mas esse, senhor Mia, o senhor
necessita de uma viatura compatível”. O termo é curioso: “compatível”.
Estamos vivendo num palco de teatro e de representações: uma viatura já é não um objeto
funcional. É um passaporte para um estatuto de importância, uma fonte de vaidades. O carro
converteu-se num motivo de idolatria, numa espécie de santuário, numa verdadeira obsessão
promocional.
Esta doença, esta religião que se podia chamar viaturolatria atacou desde o dirigente do Estado
ao menino da rua. Um miúdo que não sabe ler é capaz de conhecer a marca e os detalhes todos
dos modelos de viaturas. É triste que o horizonte de ambições seja tão vazio e se reduza ao brilho
de uma marca de automóvel.
É urgente que as nossas escolas exaltem a humildade e a simplicidade como valores positivos.
A arrogância e o exibicionismo não são, como se pretende, emanações de alguma essência da
cultura africana do poder. São emanações de quem toma a embalagem pelo conteúdo.”
Couto, Mia. E se Obama fosse africano? E outras interinvenções. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

6) Considerando o texto, parafraseie o período final destacado, usando vocabulário próprio e


linguagem denotativa.

7) Explique
a) o sentido do termo viaturolatria;
b) o modo como o termo viaturolatria foi formado.

8) O texto a seguir foi postado na página do Facebook do Cemitério Jardim Parque da Ressureição.
Leia-o para resolver os itens a e b.

a) Explicite a advertência apresentada no anúncio.

b) Considere as definições a seguir.


post (Ing.: /pôst/) sm.
1. Comentário, contribuição, mensagem enviada por alguém para um site, uma página na internet,
um blog etc., e lá publicada.

postar1 (pos.tar) v.
1. Pôr ou ficar (em determinado lugar), ger. de pé: O noivo postou o amigo na entrada da igreja: O
infeliz postou-se ao meu lado.
3
[F.: posto + -ar2. Hom./Par.: posta (s) (fl.), posta(s) (sf.[pl.]); postais (fl.), postais (pl. postal
[a2g.sm.]); poste(s) (fl.), poste (sm.[pl.]); posto (fl.), posto [ô] (a. conj. e sm.).]

postar2 (pos.tar) Bras.


1. Enviar (carta, cartão etc.) pelo correio: postar as cartas.
2. Enviar post para página da internet
[F.: Do fr. poster. Hom./Par.: ver postar1.]
Discorra sobre os possíveis processos de criação do verbo postar, avaliando seu sentido no
texto.

9) Leia o trecho a seguir da obra Lisbela e o prisioneiro.

Citonho: Isso é assim mesmo, minha gente. Eu também estou no fim da vida, era um rapaz
morigerado e nunca encontrei quem quisesse matrimoniar-se comigo.
Jaborandi: Quisesse o quê, Citonho?
Citonho: Se casar comigo, rapaz. Ora que você não sabe nada!
Testa-Seca: Eu só estou e ele anda por aí, fazendo essa miséria toda, e nunca teve um pai de
moça que capasse ele.
Ten. Guedes: É como lhe digo, morrer não é o que existe de pior. Você já pensou? Um sujeito
assim feito capão?... (Após um instante, os presos compreendem, há risadas. Testa-Seca e
Paraíba trocam tapas, este finge bater e canta como galo.)
Jaborandi: Tenente! O homem vem aí com Juvenal e o Cabo Heliodoro. Parece até que vem mais
gordo! (Toca alegremente a corneta.)
Ten. Guedes: Pare com isso! (Jaborandi continua.) Silêncio. (Ele para.)
Leléu: (Entrando, acompanhado do soldado Juvenal e do Cabo Heliodoro. Está com a camisa
rasgada e meio suja de terra.) Epa, minha gente, como vão as coisas por aqui? Que é que há,
Jaborandi? Citonho velho! Sempre firme, hein? (Aos presos.) Aí, meninos! Nunca se metam a fugir,
que esse homem é de morte. Me agarrou.
Ten. Guedes: Preso... ajoelhe-se.
Leléu: Por quê? E aqui agora é igreja, é?
Ten. Guedes: Ajoelhe-se, peça perdão.
Leléu: Eu não fiz nada.
Ten. Guedes: (Batendo-lhe) Ajoelhe-se, peça perdão por ter traído a minha confiança, fugindo de
minha casa, procurando me desmoralizar...
Leléu: Não. E o senhor não pode me bater. Só por que estou preso? Eu tinha o direito de fugir.
Agora o senhor não tem o direito de bater em mim, como não podia me tirar daqui e levar pra sua
casa.
Ten. Guedes: Tanto podia que levei.
Leléu: Tanto não podia que o juiz está querendo metê-lo na cadeia. Pensa que eu não sei, é?
LINS, Osman. Lisbela e o Prisioneiro. São Paulo: Planeta, 2015.

a) No trecho apresentado, está presente uma atitude característica do Tenente Guedes com
implicações morais, que são desmascaradas pelo efeito cômico do texto. Que atitude é essa?
Justifique a partir dos fatos apresentados no trecho.

b) No texto teatral, qual a finalidade das passagens escritas em itálico, entre aspas, em caixa alta
ou entre parênteses?

10) Agora, escreva seu entendimento sobre os textos I e II lidos no início das atividades.

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