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Vamos, agora, conhecer melhor o que é o texto teatral, isto é, o texto escrito para ser
encenado.
CAROL - Eh, animal! Dá aqui esse controle remoto! O que foi agora, Ana Paula?
ANA PAULA - Não! É que eu tô aqui toda amiguinha sua e me lembrei que eu devia
estar uma fera com você!
CAROL (liga novamente a TV, mais baixo) - Fera comigo?! Tá louca? O que que eu fiz,
Ana Paula?
CAROL - Como vai embora? Sua mãe viajou! Vai ter que me aguentar o fim de semana
in-tei-ri-nho! E eu vou conversar até de madrugada, você não vai conseguir dormir!!!
(gargalhada macabra) Porque eu tenho insônia!!!!
ANA PAULA - Para! Que terrorismo! (procura algo nas revistas) Insônia, insônia... Eu
tenho a solução. Cadê?
T'aqui: "um copo de leite morno antes de dormir pode ajudar". Pronto. Você mama e
dorme.
CAROL - Não adianta copo de leite morno. É mal de família. Só dormimos depois das
três.
ANA PAULA - Se ao menos usasse esse tempo pra estudar, garanto que tirava notas
melhores.
CAROL - Começou a humilhação. A vingança da CDF! Se eu não fosse sua amiga, Ana
Paula, juro que ia ser sua pior inimiga!
ANA PAULA - Amiga! Que amiga?... Contar pro Toninho que eu tava a fim dele!?
ANA PAULA - Tava! Mas era segredo, entre mim e você! Cadê? (procura nas revistas)
Ah! Essas revistas são a minha salvação! Achei! (beija a revista) Tem aqui uma coisa
básica sobre paquera, escuta só: "Quando o menino sabe que a menina tá a fim, a
tendência é a relação esfriar". E foi o que aconteceu! O Toninho começou a me evitar!!!
CAROL - Ai, Ana Paula! Só quis ajudar, poxa... O cara também não se decidia! Uma
hora dava bola, outra hora, não... Cara indeciso... (vai pegar a pipoca)
ANA PAULA - Eu detesto isso, detesto! Deixa que eu resolvo as minhas coisas do meu
jeito!
ANA PAULA - Dispenso a sua ajuda! Sempre que eu dou ouvidos pros seus planos eu
me ferro. Sempre! Eu não me abro mais com você, Carol! Nunca mais!
CAROL (se desculpando) - Puxa vida, Aninha, também não é pra tanto...
ANA PAULA - Cadê? (procura nas revistas) Onde tá? "Quando uma amiga rompe um
segredo, isso, muitas vezes, significa que poderá romper muitos outros. Cuidado!"
CAROL - Ah, é? Então vem cá. (procura também) Tá naquela que tem o Leo di
Caprio... (encontra, lê) Escuta essa: "Amigas também erram. Se houve sinceridade por
tanto tempo, por que não perdoar um errinho de nada? Relaxe!" (mostra pra Ana) Tá
vendo? (oferece pipoca e abraço)
ANA PAULA - Eu não devia! Não vai demorar muito pra você aprontar outra das suas!
É do seu caráter...
AS DUAS - Anestesia!
# Questões:
1. Considerando o título da obra da qual foi extraído o texto - "O que os meninos
pensam delas?" -, levante hipóteses: Qual é, provavelmente, o tema da peça?
2. O texto se inicia com dois parágrafos grafados em letras de tipo diferente - o itálico.
Trechos como esse são chamados de rubrica. De acordo com esses parágrafos:
a. Em que lugar a cena acontecerá?
c. Qual é o nível social das personagens? Comprove sua resposta com elementos do
texto.
5. Além da rubrica que introduz a peça, aparecem ao longo do texto outras rubricas,
apresentadas sempre entre parênteses. Veja:
- "(começa a juntar algumas revistas)"
- "(gargalhada macabra)"
- "(se desculpando)"
a. Qual dessas rubricas indica ação da personagem ou fato que está acontecendo?
6. Carol e Ana Paula estão no apartamento de Carol, passando o fim de semana juntas.
a. Como elas se sentem? Por que se sentem assim?
b. Ana Paula revela estar magoada com Carol. Qual é o motivo da mágoa?
7. Ana Paula e Carol discutem e Ana Paula pega uma revista para fundamentar suas
opiniões.
a. Que tipo de revista você imagina que as personagens leem?
b. O que personagens como Ana Paula e Carol buscam em revistas como essa?
b. Essa linguagem coincide com a que é usada pelos adolescentes hoje? Por quê?
10. Todo texto é produzido com uma finalidade, levando-se em conta determinados
aspectos, como quem produz, quem é o interlocutor, qual é o meio em que vai circular,
etc.
Em relação à peça teatral "O que os meninos pensam delas?", responda:
a. Que finalidade ela tem?
# Respostas:
1. Resposta: O relacionamento entre meninos e meninas na fase adolescente.
2.
a. Resposta: Em um apartamento.
b. Resposta: Carol e Ana Paula, que são adolescentes, conforme indicam a palavra
meninas e outros elementos, como comer salgadinhos, tomar refrigerantes, ler revistas,
ver clipes de rock na televisão.
3.
a. Resposta: Não.
4. Resposta: Pela colocação, antes de cada fala, do nome da personagem que vai falar.
Nesse texto, o nome das personagens é grafado em letras maiúsculas.
5.
a. Resposta: A primeira.
b. Resposta: A terceira.
c. Resposta: A segunda.
6.
a. Resposta: Elas estão felizes, pois estão sozinhas e em clima de aproveitar o fim de
semana no apartamento de Carol.
b. Resposta: Carol contou para um menino que a amiga estava interessada nele.
7.
a. Resposta: Provavelmente, revistas voltadas para o público adolescente.
c. Resposta: Sim, ambas se apoiam em conselhos dados pela revista sobre como lidar
com as relações entre adolescentes.
8. Resposta: Há mais de uma possibilidade. Anestesia pode ser o nome de uma banda,
cuja apresentação vão ver pela TV; e também pode ser uma referência à própria
televisão, ou seja, ao fato de a TV ter uma programação que anestesia as pessoas, não as
deixando pensar.
9.
a. Resposta: É uma linguagem própria dos adolescentes, com muitas marcas de
oralidade ("in-tei-ri-nho"), de informalidade e de coloquialidade ("cara", "CDF")
redução de palavras ("tá", "tava"), gírias ("fula").
b. Atenção professor: É provável que os alunos reconheçam que sim, embora possam
indicar alguns trechos ou palavras que não usariam. Fim da observação.
10.
a. Resposta: Entreter, divertir e promover reflexões em torno da adolescência e dos
relacionamentos que ocorrem nessa fase.