Você está na página 1de 5

Ensaio Sobre

Análise de
uma
Canção

Nome: Marcelo Júnior da Silva Padilha

Data de entrega: 24 / 08 / 2021

Canção: Acorda Amor

Compositores: Julinho da Adelaide e Leonel Paiva


IF SUDESTE MG – CAMPUS RIO POMBA
DIRETORIA DE ENSINO
Avenida Dr. José Sebastião da Paixão, s/n – Caixa Postal 45 – Bairro Lindo Vale
Rio Pomba/MG – CEP: 36.180.000 – (32) 3571-5747 e-mail: dde.riopomba@ifsudestemg.edu.br

Ensaio sobre análise de uma canção

Informações principais:
Canção: Acorda Amor

Compositores: Julinho da Adelaide (Chico Buarque) e Leonel Paiva

Ano de lançamento: 1974

Disco: Calabar, atual Chico Canta

Introdução:
A música Acorda Amor foi lançada em 1974 no disco Calabar, o disco ficou poucos dias em prateleira ate
ser recolhido pelos censores do Regime Militar, retornando logo depois com sob o nome de Chico Canta, que
se encontra a venda até hoje.
Seus compositores, Julinho da Adelaide, pseudônimo de Chico Buarque, nascido em 19 de junho de 1944
(77 anos), Chico teve de esconder seu nome por ser um dos grande e mais ativos críticos políticos da época,
muitas das vezes, as músicas apenas por possuírem na autoria seu nome, já eram barradas pelos censores do
governo, por sua vez, durante os “Anos de Chumbo”, ele se autoexila em 1969 na Itália, retornando ao Brasil
no ano seguinte. Chico Buarque enquanto um sujeito histórico que escreve sobre seu tempo, conseguindo em
suas poesias musicadas expor suas angústias, sua visão do passado recente e suas projeções de futuro. E
Leonel Paiva, que foi um radialista, publicitário, jornalista e político brasileiro, nasceu em 19 de abril de 1944,
faleceu em 8 de janeiro de 2012.

Letra:
IF SUDESTE MG – CAMPUS RIO POMBA
DIRETORIA DE ENSINO
Avenida Dr. José Sebastião da Paixão, s/n – Caixa Postal 45 – Bairro Lindo Vale
Rio Pomba/MG – CEP: 36.180.000 – (32) 3571-5747 e-mail: dde.riopomba@ifsudestemg.edu.br

Ensaio sobre análise de uma canção


Acorda, amor
Eu tive um pesadelo agora Acorda, amor
Sonhei que tinha gente lá fora Que o bicho é brabo e não sossega
Batendo no portão, que aflição Se você corre, o bicho pega
Era a dura, numa muito escura viatura Se fica não sei não
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Atenção!
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Não demora
Acorda, amor Dia desses chega a sua hora
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Não discuta à toa, não reclame
Fazendo confusão, que aflição Clame, chame lá, chame, chame
São os homens Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
E eu aqui parado de pijama (Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão

Se eu demorar uns meses


Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer

Analise da Música:
Acorda, amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão

A música já inicia com o som de viaturas ao fundo. Na primeira estrofe podemos notar nitidamente uma
crítica a ditadura, no primeiro verso adentra com a frase, “Acorda, amor”, fazendo referencia para o acordar
da população em vista a tudo o que está acontecendo.
Em seguida, “Eu tive um pesadelo agora”, fazendo uma comparação a serem tempos sombrios e de medo.
IF SUDESTE MG – CAMPUS RIO POMBA
DIRETORIA DE ENSINO
Avenida Dr. José Sebastião da Paixão, s/n – Caixa Postal 45 – Bairro Lindo Vale
Rio Pomba/MG – CEP: 36.180.000 – (32) 3571-5747 e-mail: dde.riopomba@ifsudestemg.edu.br

Ensaio sobre análise de uma canção


No terceiro e quarto parágrafo, é retratado a preocupação dos artistas assim como das outras pessoas
contrarias ao governo e expostas, que eram caçadas pelo DOI-CODI, órgão do governo responsável por
Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna.
“Era a dura, numa muito escura viatura” referência indiscreta a dita“dura”, e a viatura era onde os presos
eram levados e desapareciam, por um período ou até mesmo, nunca mais se ouviam falar.
E por fim, nos últimos versos, qualquer um ao ter sua casa invadida ligaria para polícia, mas quando a policia
invade sua casa, para quem ligar? Fazendo ironia, o eu lírico, ao invés de chamar pela polícia chama por
ladrões, “Chame, chame o ladrão, chame o ladrão”.
Acorda, amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens
E eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão

Já a segunda estrofe, é retratada com grande descrição, a realização do pesadelo, a invasão do DOI-CODI a
casa do eu lírico, “são os homens”, expressão vulgar para se referir a policiais, “eu aqui parado de pijama”,
podemos ter uma noção do horário, uma vez que se trata do período da manhã, e sendo apresentando também
que não havia possibilidade de reagir, apenas se entregar e aceitar ser levado naquele momento.

Se eu demorar uns meses


Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer

Na época, como já mencionei, era comum, pessoas serem levadas como presos e desaparecerem, uma vez
que em muitos casos eram levados para interrogatórios e torturados, “mas depois de um ano eu não vindo,
ponha a roupa de domingo, e pode me esquecer”, infelizmente acabava que alguns prisioneiros não suportavam
a tortura e vinham por falecer, ou até mesmo eram assassinados, e aqui ele deixa o aviso que caso depois de
um ano ele não retornasse, poderia ser esquecido pois havia provavelmente morrido.

Acorda, amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre, o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção!
IF SUDESTE MG – CAMPUS RIO POMBA
DIRETORIA DE ENSINO
Avenida Dr. José Sebastião da Paixão, s/n – Caixa Postal 45 – Bairro Lindo Vale
Rio Pomba/MG – CEP: 36.180.000 – (32) 3571-5747 e-mail: dde.riopomba@ifsudestemg.edu.br

Ensaio sobre análise de uma canção


Por sua vez, na penúltima estrofe nosso eu lírico afirma que, a censura e a perseguição não acabavam, e muito
pelo contrário, aumentava cada vez mais e não havia como fugir, “se você corre, o bicho pega, se fica não sei
não”, por mais que tente fugir dos “caçadores”, eles os encontravam, algo que se tonou comum na época é o
exilio, tanto o autoexílio, para a própria proteção, quanto o banimento por parte do governo, afim de expulsar
artistas e famosos contrários ao regime.

Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa, não reclame
Clame, chame lá, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)

Em meu ver aqui é deixado um aviso para todos os que ouvirem a música, a mensagem retratada é: Cuidado,
sua vez pode chegar, fuja enquanto a tempo, não discuta e nem reclame, se “proteja”, e para terminar com um
toque de ironia, “não esqueça a escova, o sabonete e o violão”, cuide da sua saúde e de você mesmo, mas não
esqueça do violão, não pare de compor suas músicas e suas obras, não deixe que devido a eles nossa cultura e
nossa voz se cale.

Fonte da imagem: https://www.jazzecompanhiadiscos.com.br/produtos/chico-buarque-calabar-o-elogio-da-traicao-novo-com-encarte/

Você também pode gostar