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A MPB SOB SUSPEITA: A CENSURA MUSICAL VISTA PELA

ÓTICA DOS SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA POLÍTICA (1968-


1981).

NAPOLITANO, Marcos. A MPB sob suspeita: a censura musical vista pela ótica dos
serviços de vigilância política (1968-1981). Revista Brasileira de História. São Paulo. Vol. 24, N° 47, p. 103-126,
2004.  

Prof: Regiandrea Lourido


Rodrigo Paiva
■ Marcos Napolitano
 professor Titular de História do Brasil
Independente na USP
 Doutor em História Social pela USP
 Foi professor visitante Sorbonne-Nouvelle em
2009
 Seu livro mais recente data de 2020 Intitulado de
História Contemporânea 2, pela editora contexto.
■ Fontes documentais da polícia política: Relatórios, dossiês,
prontuários, entre outros.
■ Repressão: DOPS – Departamento de Ordem Política e Social,
criado em 1924 e instituído em 1928
■ Vigilância sobre a sociedade civil, e espaços públicos
■ Vigilância sobre propagandas subversivas e guerras psicológicas
contra as instituições democráticas e cristãos
■ Imaginário dos agentes repressores
■ Produção da suspeita - Informes
■ Para quem escreviam os espiões da ditadura militar?
Trecho do Manual de vigilância anticomunista.

■ “Aprender a ler jornais, ouvir rádio e assistir tv com


certa malícia. Aprender a captar mensagens indiretas e
intenções ocultas em tudo o que você vê e ouve. Não
vá se divertir muito com o jogo daqueles que pensam
que são mais inteligentes do que você e estão tentando
fazer você de bobo com um simples jogo de palavras”
■ Comunistas subversivos
■ População inocente útil com valores ultramoralistas, antidemocráticos e
anticomunistas
■ Descompromisso com a verdade
■ Relação perigosa entre jornalistas e artistas exemplo da Revista Visão em 1974.
“Deixando o setor cultural [sic], voltam-se para a música, onde ainda calcados no
ato do ex-CPC da ex-UNE, desenvolveram-se atividades junto às universidades,
buscando em universitários os porta-vozes das palavras de ordem contestatória. [...]
Trata-se, realmente, de um relato apologístico dos feitos de elementos
reconhecidamente comunistas e nacionalistas, contrários ao regime instaurado a
31/03/1964. Em toda a narrativa, os editores usam expressões depreciativas, com
referência ao governo revolucionário fazendo crer aos leitores encontra-se o país
sob o regime do terror”
Vigilância e controle
■ Levantamento de dados biográficos
■ Fichas conceitos – atuação pública e profissional
■ Prontuário – histórico das atividades registradas do suspeito
■ Juízo sintético – o parecer do agente sobre o indivíduo
■ Conspiração perpétua de grupos subversivos
■ Música Popular Brasileira - MPB
■ Movimento MPB: Várias interpretações sobre o seu significado,
qualquer música produzida ou consumida/produzida pelas
camadas populares. Mas ela representa uma ideologia de
“música de protesto” ou “musica politicamente engajada”.

■ Os festivais aconteciam nas TV’s, atingindo todas as regiões.

■ TV: Excelsior, Record e Globo.

■ Música Brasileira: Nos anos 60; existiam quatro gêneros.


Jovem Guarda, Bossa Nova, MPB e Tropicália.
■ Vigilância sobre a sociedade civil.

■ Manual de Doutrina de Segurança Nacional.

■ Produção suspeita ( espaços de cultura; artes; educação e


jornalismo)

■ Falta de preparo nas investigações;

■ Período de atuação dos agentes de repressão vai de

1967 a 1982;

■ Circuito universitário ( festivais de música MPB);

■ 1978 participação de vários cantores na campanha anistia e nos


movimentos operários.
■ A vigilância sobre os eventos musicais.
■ Os espetáculos organizados pelos centros acadêmicos eram
particularmente vigiados.
■ Relatórios eram feitos sobre esses eventos.
■ Os eventos musicais ligados ao movimento operário ocupariam os
documentos dos agentes da repressão a partir 1979.
■ O delírio era que a estratégia da esquerda articulava o movimento
musical para se filiar com a classe operária.
MPB – Arautos de uma conspiração revolucionária

PCD – Partido Comunista Brasileiro


Comunistas Mário Lago, Jorge Vinícius de Moraes,
Toquinho, MPB-4,
históricos Goulart, Nora Ney, Dias
Chico Buarque, Edu da
assumidos: Gomes e Carlos Verezza Gaita, Mário Lago,
Gilberto Gil, Paulinho
Artistas com Chico Buarque, da Viola,
Goulart, Nora Ney,
Jorge

afinidades mais sem MPB-4, Vinícius de Nelson Cavaquinho,


ligações: Morais Alfredo Dias Gomes,
Janete Clair, Ivani
Ribeiro, Dionísio
Admirados pelo Nelson Cavaquinho, Azevedo,
Verezza,
Carlos
Jararaca,
partido: Caetano veloso Rafael Carvalho e
Caetano Veloso
■ O homem que disse não: a
incógnita – Pra não dizer que
não falei das flores.
■ Artista e Funcionário público
– fiscal da SUNAB –
Superintendência Nacional de
Abastecimento, uma autarquia
ligada ao Ministério da
Agricultura – Inspetor de
indústria e Comércio
Aroeira
Vim de longe vou mais longe  Canção de Geraldo Vandré, sucesso em 1966,
Quem tem fé vai me esperar usada como prova material de acusação de
Escrevendo numa conta  subversão, por ser música de protesto
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo 
Que esse mundo vai virar 
Noite e dia vem de longe 
Branco e preto a trabalhar 
E o dono senhor de tudo 
Sentado mandando dar 
E a gente fazendo conta 
Pro dia que vai chegar
Marinheiro, marinheiro 
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro 
Eu também sei governar
Madeira de dar em doido 
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira 
No lombo de quem mandou dar
“Quando a gente é preso é preso para
sempre”

Alienado
Independente
A bossa para o regime repressor estaria ligadA à cultura estudantil de esquerda – quem
estivesse ligado a ela seria classificado como esquerdista
“Ritmo” tropicalista
Contra-cultura
■ Informações arroladas aos documentos de acusação do DOI/CODI

Sobre Gilberto Gil

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