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MOVIMENTO ARMORIAL

O início dos anos 70, passados seis anos do golpe militar, foi marcado por um período de tensão que
se instaurava sob a inflexível atuação da censura e da repressão. Nesse período, falar em cultura
entre os poderes repressores era considerado, no mínimo, suspeito, tendo em vista a politização que
orientava os grupos de cultura popular. Em Pernambuco, a cidade do Recife, um dos pólos culturais
mais atuantes do país, representava um dos principais lugares onde se falava em cultura,
especificamente a popular, graças a grupos de artistas e intelectuais que se reuniam com o intuito de
dar expressão a “formas autênticas” da cultura brasileira. Um desses grupos, denominado Armorial,
fundado e organizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, tinha como objetivo a realização de
uma arte erudita, partindo das raízes populares da cultura brasileira. A cultura popular, nessa
perspectiva, não deveria ser vista apenas como a responsável pela manutenção das tradições,
desatualizada do contexto atual e sempre remetendo a um tempo que passou. O termo cultura
erudita está, então, associado às representações ideológicas e artísticas de uma parcela minoritária
da sociedade de classes: as elites. E é essa parcela mínima da sociedade que estabelece e impõe as
diversas regras do jogo.
O movimento armorial, surgido na década de 70 no Brasil, foi uma vertente artístico-cultural de
valorização das artes populares nordestinas. O objetivo central era criar uma arte brasileira singular
baseada nas raízes populares Idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, essa
manifestação abrangeu a literatura, música, dança, teatro, artes plásticas, arquitetura, cinema, etc.

MOVIMENTO MANGUEBEAT
"O mangue beat é um movimento de contracultura que surgiu na cidade de Recife, no começo da
década de 1990, especificamente no ano de 1991. Esse movimento surgiu em um contexto de
renovação cultural e teve como precursor Chico Science, o responsável por nomeá-lo como
“mangue”.
O Mangue Beat foi um movimento de contracultura que surgiu em Recife, em 1991, sendo
motivado pela estagnação do cenário cultural pernambucano e pela pobreza da cidade. Seu objetivo
era denunciar os problemas de Recife e propôs uma renovação cultural com o aparecimento de
ritmos que misturavam elementos da cultura tradicional com a cultura pop. O Mangue Beat, além
de buscar novas formas de manifestação cultural, foi também um movimento que trouxe
mensagens de questionamento e protesto contra a ordem estabelecida. Os representantes do
Mangue Beat pretendiam difundir ideias que incentivassem mudanças sociais.
O mangue beat fazia a mescla de elementos da cultura regional de Pernambuco, como o maracatu, o
coco e a ciranda, com elementos da cultura pop, como o hip-hop e o rock. O objetivo dessa proposta
era promover uma revitalização do cenário cultural pernambucano pela mistura de elementos
tradicionais com elementos modernos.
A ideia de nomear esse movimento como mangue partiu do próprio Chico Science, vocalista da
banda que melhor o representou: Chico Science e Nação Zumbi. A ideia era estabelecer um estilo
que reunisse novas batidas musicais e novas ideias culturais.
MOVIMENTO TROPICÁLIA
A década de 60 representou para a música um período revolucionário, despertando o
potencial de grandes artistas e movimentos de fortes ideologias. No contexto internacional, em
1965, viu-se a explosão de grandes nomes, como Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan, Bob Marley e
Janis Joplin. Em consonância, a década se encerrou com “chave de ouro” para os hippies a partir do
Festival de Woodstock em 1969 – o grande marco da contracultura.
O movimento tropicália ou tropicalismo foi um movimento cultural que atingiu, sobretudo,
a música brasileira a partir da década de 60, mas também influenciou na terceira fase do Cinema
Novo (1968 – 1972), um movimento cinematográfico brasileiro marcado pela sua crítica à
desigualdade social. Grandes nomes conhecidos hoje, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, atuaram
ativamente fazendo com que características estéticas e ideológicas reverberassem por essa esfera
cultural sonora.
Além desses artistas, o movimento envolveu muitos outros músicos que, partindo das
ideias transgressoras do tropicalismo, construíam canções misturando elementos de diferentes tipos.
Tudo começa com o Festival de Música Popular Brasileira. Inaugurado em 1965, foi um concurso
anual de canções originais e inéditas que revelou muitos talentos considerados hoje clássicos da
música brasileira, tais como Elza Soares, Chico Buarque, Elis Regina, Nara Leão, Roberto Carlos,
Os Mutantes (com Rita Lee), entre outros. Foi por meio desse evento que, em 1967, na terceira
edição, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes abalaram a tradição da música brasileira.
Trazendo novos elementos às canções, os artistas apresentaram no Festival, respectivamente,
“Alegria, alegria” e “Domingo no Parque” – interpretada mutuamente por Gil e Os Mutantes.
Veremos com o pesquisador Celso Favaretto que essas músicas denotavam certa
ambiguidade e, assim, revelavam algo diferente: “pela primeira vez, apresentar uma canção
tornava-se insuficiente para avaliá-la, exigindo-se explicações para compreender sua complexidade”
Tudo indicava, portanto, uma ruptura com o que era feito até o momento na música e um novo
processo para a construção das canções, repleto de singularidades e complexidade. Era um
movimento de inovações estéticas que propunha reinventar a música brasileira.
Eles se caracterizavam pelo excesso, roupas coloridas, cabelos compridos e agregavam
várias influências musicais. A intenção era chocar e, por meio de performances caracterizadas pela
violência estética, protestar contra a música brasileira bem-comportada. Influenciados pela
contracultura, se apoderaram da linguagem da paródia e do deboche. Os tropicalistas transformaram
a música popular brasileira, sendo grandes expoentes da arte brasileira de vanguarda.
Musicalmente, o tropicalismo unia uma mistura da cultura brega, do rock psicodélico, da
música erudita, da cultura popular, entre outros, dando conta de várias manifestações da cultura
nacional. O som da guitarra elétrica convivia com violinos e com o berimbau. Era o resgate do
movimento antropofágico de Oswald de Andrade aliado a um retorno às raízes das tradições
nacionais.
Embora marcante, o tropicalismo era visto por seus adversários como um movimento vago
e sem comprometimento político, comum à época em que diversos artistas lançaram canções
abertamente críticas à ditadura. De fato, os artistas tropicalistas fazem questão de ressaltar que não
estavam interessados em promover através de suas canções referências temáticas tradicionais à
problemática político-ideológica, como feito até então pela canção de protesto: acreditavam que a
experiência estética vale por si mesma e ela própria já é um instrumento social revolucionário.
Leia as três estrofes abaixo e, em seguida, aponte a alternativa correta.

No pulso esquerdo o bang-bang


Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes


Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema ma, ma


Viva Ipanema ma, ma, ma, ma...

Os versos acima são da canção “Tropicália”, de Caetano Veloso. Partindo desses versos, é possível
afirmar que:

a) Caetano Veloso não se preocupa em passar nenhuma mensagem com a música, apenas enumera
palavras soltas, sem sentido algum.

b) Caetano Veloso faz uma crítica irônica ao bairro de Ipanema nos versos finais.

c) Apesar de levar o título de “Tropicália”, essa canção nada tem a ver com o movimento
tropicalista.

d) A mistura de elementos aparentemente sem conexão dão o tom da proposta estética da


Tropicália.

e) Um dos principais aspectos do movimento tropicalista era falar exclusivamente da cultura


nacional.

2. Eu não tenho hoje em dia muito orgulho do Tropicalismo. Foi sem dúvida um modo de
arrombar a festa, mas arrombar a festa no Brasil é fácil. O Brasil é uma pequena sociedade
colonial, muito mesquinha, muito fraca. 
VELOSO, C. In: HOLLANDA, H. B.; GONÇALVES, M. A. Cultura e participação nos anos 60.
São Paulo: Brasiliense, 1995 (adaptado).

O movimento tropicalista, consagrador de diversos músicos brasileiros, está relacionado


historicamente
a) à expansão de novas tecnologias de informação, entre as quais, a Internet, o que facilitou
imensamente a sua divulgação mundo afora.   
b) ao advento da indústria cultural em associação com um conjunto de reivindicações estéticas e políticas
durante os anos 1960.   
c) à parceria com a Jovem Guarda, também considerada um movimento nacionalista e de crítica política
ao regime militar brasileiro.   
d) ao crescimento do movimento estudantil nos anos 1970, do qual os tropicalistas foram aliados na
crítica ao tradicionalismo dos costumes da sociedade brasileira.   
e) à identificação estética com a Bossa Nova, pois ambos os movimentos tinham raízes na incorporação
de ritmos norte-americanos, como o blues.

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