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ELIAS GOMES

MÚSICA
Norte I

APRECIAÇÃO MUSICAL:
MEUS BRASIS: a música
do meu país.
APRECIAÇÃO MUSICAL:
MEUS BRASIS: a
música do meu país.
INTRODUÇÃO

Você já parou para apreciar a nossa música brasileira atual?


Nossa música possui diversos sons e gêneros musicais e, de forma rica, nos
oferece diariamente, um universo sonoro de diversidade de gêneros musicais que
demonstram a cultura das regiões brasileira que evidenciam as principais características
de cada região, como as danças, o folclore, a história e as origens musicais que são
contextualizadas dentro de diversos elementos históricos que perpassa o espaço-tempo.
Mais uma vez, venho falar sobre a importância da apreciação musical.
Falamos sobre o tema: apreciação musical, anteriormente, e mencionei alguns
compositores estrangeiros. Mas hoje, vamos falar da nossa música; a música brasileira.
E, sendo assim, lhe convido a refletir sobre a importância da apreciação
musical de músicas da nossa cultura com o intuito de desenvolvermos uma escuta ativa
no âmbito da diversidade cultural que o nosso país apresenta. Um vasto repertório
sonoro; herança musical deixada pelos nossos ancestrais e que até hoje ainda caminha
por nossas veias.
MEUS BRASIS: os ritmos das nossa música

Nossa cultura musical começou durante a fusão de elementos sonoros


europeus, indígenas e africanos, herdados pelos colonizadores portugueses e pelos
escravos em temos remotos do descobrimento. Mas, uma coisa marcante é que nossa
música sempre esteve em paralelo com a dança e a maior contribuição sonora da música
brasileira foi sem dúvidas a diversidade rítmica africana, como por exemplo: o maracatu.
Este, por sua vez teve um papel muito importante para o desenvolvimento de nossa
música.
Como na música Love, love, love, de Caetano Veloso: “O Brasil tem ouvido
musical que não é normal”, elogiando nossa musicalidade, evidencia a diversidade sonora
da nossa cultura musical. Aqui, no noss Brasil, temos o berço do samba dentre outros
gênero importantes, o frevo, o maracatu, o baião, a modinha, e, claro, um dos ritmos
mais importantes que nunca pode ser esquecido: o Lundu (uma dança e canto de origem
africana introduzida no Brasil na época da escravidão). O Lundu, originou-se tantos
outros rítmos e, sabe-se que esse ritmo é a origem da música brasileira. O Lundu, de
origem africana, possuía um forte apelo sensual e uma batida rítmica dançante, sendo o
primeiro ritmo africano aceito pelos brancos. Ainda hoje, na Ilha de Marajó (Pará) se
pratica o Lundu.

Lundu deriva da musicalidade dos negros de Angola e do Congo, que levaram


para o Brasil a sua tradicional dança da umbigada (semba, em quimbundo). No século XIX,
o português Alfredo de Morais Sarmento descreveu uma dança “essencialmente lasciva”,
capaz de reproduzir os “instinctos brutaes” dos povos africanos. Segundo o viajante: “Em
Loanda [...], o batuque consiste também n’um círculo formado pelos dançadores, indo para
o meio um preto ou preta que depois de executar vários passos, vai dar uma embigada, a
que chamam semba, na pessoa que escolhe, a qual vai para o meio do círculo, substitui-
lo”. (SARMENTO, 1880, p. 127). É certo que essa dança a qual Sarmento se refere, de
nome “batuque”, foi a mesma que chegou ao Brasil com os negros escravizados. No Brasil,
aliás, “batuque” se tornou um termo genérico para denominar todas as manifestações dos
negros e com toda a certeza é dessa manifestação que se originaram muitas outras práticas
dos negros, inclusive o que depois foi chamado de “lundu”. Mas, o poeta Tomás Antônio
Gonzaga, que viveu não somente em Minas Gerais, mas também na Bahia, durante sua
juventude, chega a mencionar tanto o batuque quanto o lundu no mesmo poema, dando a
ideia de formas diferenciadas (GONZAGA, 2013, p. 500)
Se voltarmos ao passado e fazermos um escuta apurada e histórica de nossas
origens musicais, começaremos pela colonização onde o principal instrumento da época
era o violão, a viola, o cavaquinho, tambor e o pandeiro. O que perpassa gerações,
remetendo a nossa identidade musical, o samba: herdado das tradicionais danças, ritmos
e sons africanos dos batuques estraídos dos atabaques, cuíca, reco-reco, pandeiro e do
tambor. Outros ritmos, como a polca, o maxixe e o choro, pioneirismo de Chiquinha
Gonzaga, mulher negra e primeira compositora brasileira que escreveu a primeira e mais
famosa marchinha de Carnaval da época lança “Ó Abre Alas” influencia compositores
como Anacleto de Medeiros, Irineu Almeida e Pixinguinha.
Pixinguinha, que compôs “Carinhoso”, considerado um dos choros mais
famosos. Pixinguinha misturava a valsas, a polca e a modinha, o que contribui para que
seu estilo musical, o choro, encontrasse uma forma musical definitiva dentro da Música
Popular Brasileira. E com o samba sempre presente, e com a difusão do Rádio, o Brasil
passa a conhecer grandes sambista, entre eles: Noel Rosa, Cartola, Dorival Caymmi,
Adoniran Barbosa, entre outros nomes. Então, vem a era do rádio, e com isso, o samba-
canção; talvez, uma mistura do que era antes, o lundu e a modinha, numa releitura mais
elaborada da melodia com um andamento mais moderado e centrado em temáticas como
amor e solidão, temos: Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Dolores Duran, Maysa,
entre outros.
Passamos por tantas fases e momentos históricos que se refletiram e se
refletem ainda hoje na nossa música atual. Tudo bem, não dar para classificar em que
fase da Música Popular Brasileira estamos. Talvez estejamos na quinta fase que seria –
quem sabe - a Nova Música Popular Brasileira, herdada pelos grandes artistas: Tom
Jobim, Vinicius de Moraes e Nara Leão, do movimento da bossa nova; o ícone Chico
Buarque, com canções de protesto; o próprio Geraldo Vandré, com a canção “Pra não
dizer que não falei das flores”; que hoje muitas vezes, em outro contexto, é repetida com
novos artístas da Nova MPB, que levantam outros protestos dentro da atualidade de
temas e debates atuais; a herança que o movimento do Tropicalismo deixou na nossa
música com a figura central de Caetano Veloso; Erasmo Carlos e Roberto Carlos, com
sua Jovem Guarda; Rita Lee, Raul Seixas, no estilo rock brasileiro, entre tantos outros
grandes artístas. São exemplos de como a nossa música foi se evoluíndo com o tempo.
Porém, mesmo a música brasileira englobando diversas influências sonoras,
ela sempre retoma a sonoridade nascida de suas origens. O samba estará sempre
presente; a canção e os ritmos dançantes.
NOSSA MÚSICA SE REINVENTA
TODOS OS DIAS

A nossa música, a Música Popular Brasileira teve importância em vários


momentos e movimentos sociais, e constuma ser classificada como um conjunto de
manifestações artísticas e culturais que vão além do gênero musical. Talvez, você deve
está se perguntando que a MPB de hoje não está mais aquecida ou que não esteja mais
se manifestando socialmente. Porém, hoje, em dia, no meio do circuito musical
independente, existem muitos artistas e muitos movimentos culturais de artístas que
estão fazendo as pessoas refletirem socialmente e, ainda assim, construindo novas
formas de se fazer arte, e claro, pensando nos nossos contextos e temas atuais, como
por exemplo: Tuca Mei, que mistura pop e bossa nova; Johnny Hooker, As Bahias e a
Cozinnha Mineira e Liniker que convertem o preconceito LGBTQ em mensagem de
reflexão e não deixam a MPB sem protesto; Alice Caymmi, com uma voz impactante e
performática traz em suas canções uma realidade nua e crua da sentimentalidade do
homem contemporâneo; Jaloo, que mistura tecno-brega e indie; Criolo e Emicida que
mantêm os pés no rap, mas ainda flerta com o samba; Duda Beat, com um tom de
greguice, mas com um olhar pernambucano; entre tantos outros artístas que você pode
ouvir no seu aplicativo de streamming.
Tudo bem que hoje não exista um movimento definidor na MPB, mas
percebe-se um paralelo entre entre o que é antigo e o novo. A música popular brasileira
é híbrida e mutável, e ela pode ser o que a gente quiser. E sendo assim, ela continuará se
reinventando e pegando um pouquinho de cada estilo. Então, lhe convido a
experimentar a ouvir essas sonoridades brasileira. A fazer uma viagem pelas músicas
brasileiras desde seu descobrimento e, percorrendo sua história até chegar onde estamos.
Você vai se surpreender como a música conta a história do nosso país. E assim, também,
você vai descobrir diversas sonoridades que poder servir para seu processo
composicional, além de se divertir conhecendo um pouco da nossa história musical.
SUA ATIVIDADE é apreciar os grandes compositores e cantores da
MPB, do “velho MPB” ao “novo MPB” e refleti sobre os movimentos sociais que esses
artistas sociais enfrentaram na época, e comparar com a cultura e o pensamento atual, e
assim, se perguntar: como vivemos hoje? Será que no contexto em que estamos vivendo
seria interessante um movimento artístico para performar e fazer com que as pessoas
reflitam um pouco mais sobre a sua existência, ou mesmo, sobre o que ele está fazendo
com o meio ambiente, ou mesmo, com a relação com as pessoas. A música pode ser um
grande ferramenta para reflexão. Portanto, ouça alguns dos artístas mencionados nesse
conteúdo, e tente refleti sobre o assunto.

BOA ESCUTA!
ÓTIMA APRECIAÇÃO MUSICAL
BIBLIOGRAFIA

GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas [edição eletrônica]. São Paulo: DCL, 2013.

ARAÚJO, Mozart de. A modinha e o lundu do século XVIII. São Paulo: Ricordi Brasileira,
1963.

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possíveis percursos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.

SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. 5ª ed. UNESP. São Paulo, 1999. __________.
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Oliveira Fonterrada. São Paulo: Melhoramentos, 2009.

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RINALDI, Arthur. A música é uma linguagem?: um estudo sobre o discurso musical no


contexto do século XX.2014. 236 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho, Instituto de Artes, 2014. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/108804> Acesso em: 06/08/20

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