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Escola Estadual Pandiá Calógeras

Rebeca Lima
Isabella Vitória
Emily
Carlos Eduardo
Lucas
Manuela

Ditadura Militar

Belo Horizonte
2023
Cultura na Ditadura Militar

Em seu primeiro governo a ditadura pareceu tolerar ou


negligenciar a cultura de protesto (música, cinema, literatura,
artes plásticas) elaborada por artistas e intelectuais que, através
de sua arte e de seu humor, criticavam a censura e o regime,
incentivavam a rebeldia e denunciavam o terrorismo cultural .
No momento seguinte, no entanto, no agitado ano de 1968,
embora o gênero florescesse, acirrou-se a censura e apareceram
grupos paramilitares de direita ameaçando e, às vezes, atacando
manifestações artísticas.
Ao longo dos anos 1970 e cada vez mais, a vitória do projeto de
modernização conservadora, a urbanização e a industrialização
intensas do País, a revolução nas comunicações, a integração
nacional pelas redes de televisão, entre outros fatores, iriam
suscitar temáticas, abordagens e polarizações (moderno X
arcaico) que pareciam distanciar o Brasil do período anterior ao
golpe de 1964.
Neste quadro houve a possibilidade de convergências e alianças
imprevistas, como a de autores de tradição de esquerda criarem
e divulgarem seus trabalhos (novelas) através de redes televisivas
notórias adeptas do regime ditatorial, mesmo que,
eventualmente, tivessem dificuldades com a censura
governamental.
mesmo aconteceu com o cinema, onde a Embrafilme, agência
estatal, não se privou de financiar filmes nestas mesmas bases
explorando as relações pessoais, dramas íntimos ou as questões
dos costumes, às vezes abordadas de ângulos inovadores.
Foi usado também várias formas de arte por meio de se expressar e se
opor a ditadura. Um exemplo disso foram as músicas, poemas e
tirinhas.

Tirinhas tiradas de jornais na época da


Ditadura Militar e sua interpretação

A contradição e por estar torturando alguém para conseguir


informações da denúncia feita, o governo censurava as pessoas
na época, e torturava ate conseguir as informações que eles
queriam.
A anistia na ditadura foi usada para um perdao a deliridos
da diatadura, presos com opnioes opositores praticamente,
a tirinha deixa a interperta que nao so os presos politicos
merecem esse perdao e sim toda a populacao, dando a
entender que o povo brasileiro esta preso na ditadura

É o termo que se usa na linguagem jurídica para significar


o perdão concedido aos culpados por delitos coletivos,
especialmente de caráter político, para que cessem as
sanções penais contra eles e se ponha em perpétuo
silêncio o acontecimento apontado como criminoso
Poemas
O País de uma nota só Rondó da liberdade

Não pretendo nada, É preciso não ter medo,


nem flores, louvores, triunfos. é preciso ter a coragem de
nada de nada. dizer.
Somente um protesto,
uma brecha no muro, Há os que têm vocação para
escravo,
e fazer ecoar,
mas há os escravos que se
com voz surda que seja,
revoltam contra a escravidão.
e sem outro valor,
o que se esconde no peito,
Não ficar de joelhos,
no fundo da alma
que não é racional renunciar a
de milhões de sufocados. ser livre.
Algo por onde possa filtrar o pensamento, Mesmo os escravos por
a ideia que puseram no cárcere. vocação
devem ser obrigados a ser
A passagem subiu, livres,
o leite acabou, quando as algemas forem
a criança morreu, quebradas.
a carne sumiu,
o IPM prendeu, É preciso não ter medo,
o DOPS torturou, é preciso ter a coragem de
o deputado cedeu, dizer.
a linha dura vetou,
a censura proibiu, O homem deve ser livre...
o governo entregou, O amor é que não se detém
ante nenhum obstáculo,
o desemprego cresceu,
e pode mesmo existir quando
a carestia aumentou,
não se é livre.
o Nordeste encolheu,
E no entanto ele é em si
o país resvalou.
mesmo
a expressão mais elevada do
Tudo dó, que houver de mais livre
tudo dó, em todas as gamas do
tudo dó... humano sentimento.
E em todo o país
repercute o tom É preciso não ter medo,
de uma nota só... é preciso ter a coragem de
de uma nota só... dizer.
Relação da música com a Ditadura

Em 1964, no Brasil, a repressão e a censura instauradas


pelo regime militar deram origem a movimentos
musicais que viam na música uma forma de criticar o
governo e de chamar a população para lutar contra a
ditadura.

TCálice se tornou num dos mais famosos hinos


de resistência ao regime militar. Trata-se de uma
canção de protesto que ilustra, através de
metáforas e duplos sentidos, a repressão e a
violência do governo autoritário.
Música " Cálice" de Chico Buarque
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Análise da música " Cálice " de Chico
Buarque

Refrão

Pai, afasta de mim esse cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangu

A música começa com a referência de uma passagem


bíblica: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice"
(Marcos 14:36). Lembrando Jesus antes do calvário, a
citação convoca também as ideias de perseguição,
sofrimento e traição.
Usada como forma de pedir que algo ou alguém
permaneça longe de nós, a frase ganha um significado
ainda mais forte quando reparamos na semelhança de
sonoridade entre "cálice" e "cale-se". Como se
suplicasse "Pai, afasta de mim esse cale-se", o sujeito
lírico pede o fim da censura, essa mordaça que o
silencia.
Primeira estrofe
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Infiltrada em todos os aspectos da vida, a repressão se fazia


sentir, pairando no ar e atemorizando os indivíduos. O sujeito
expressa a sua dificuldade em beber essa "bebida amarga"
que lhe oferecem, "tragar a dor", ou seja, banalizar o seu
martírio, aceita-lo como se fosse natural.
Refere também que tem que "engolir a labuta", o trabalho
pesado e mal remunerado, a exaustão que é obrigado a
aceitar calado, a opressão que já se tornou rotina.
No entanto, "mesmo calada a boca, resta o peito" e tudo o que
ele continua sentido, ainda que não possa se expressar
livremente.
Queria viver sem ditadura, sem "mentira" (como o suposto
milagre econômico que o governo aclamava) e "força bruta"
(autoritarismo, violência policial, tortura).
Segunda estrofe
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Nestes versos, vemos a luta interior do sujeito poético para


acordar em silêncio a cada dia, sabendo das violências que
aconteciam durante a noite. Sabendo que, mais cedo ou mais
tarde, também se tornaria vítima.
Chico faz alusão a um método bastante usado pela polícia
militar brasileira. Invadindo casas durante a noite, arrastava
"suspeitos" das suas camas, prendendo uns, matando outros, e
fazendo sumir os restantes.

Perante todo esse cenário de horror, confessa o desejo de


"lançar um grito desumano", resistir, combater, manifestar sua
raiva, na tentativa de "ser escutado".
Sem poder fazer outra coisa, assiste passivamente na
"arquibancada", esperando, temendo ,"o monstro da lagoa". A
figura, própria do imaginário das histórias infantis, representa
aquilo que nos foi ensinado que devemos temer, servindo de
metáfora para a ditadura.
Terceira estrofe
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Aqui, ganância é simbolizada pelo pecado capital da


gula, com a da porca gorda e inerte como metáfora
de um governo corrupto e incompetente que não
consegue mais operar.
A brutalidade da polícia, transformada em "faca",
perde seu propósito pois está gasta de tanto ferir e
"já não corta", sua força vai desaparecendo, o poder
vai enfraquecendo.
Apesar de ser forçado a reprimir palavras e
sentimentos, continua mantendo o pensamento
crítico, "resta a cuca". Mesmo quando deixamos de
sentir, existem sempre as mentes dos desajustados,
os "bêbados do centro da cidade" que continuam
sonhando com uma vida melhor.

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