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Poesia com elos

29ª edição
Pamela Facco
Poesia com elos

Que seja em tempo

O ensaio da revista do mês de outubro foi realizado


antes do primeiro turno das eleições, abordamos a
temática desse momento político aterrorizante com
grande crença na alternância de poder para algo
mais ameno para o nosso coração. Infelizmente ainda
não pudemos sair desse desassossego da alma nem
dessa angustia latente, mas ainda há esperança.
A democracia respira com ajuda de aparelhos, mas
ainda respira. Não é certo com a nação a desis-
tência, o desanimo nem a desesperança, embora
eu compreenda que em dado momentos seja quase
que inevitável. Precisamos sim tentar pertencer,
penetrar e tocar algumas almas semi-mortas afim de
que esse ódio infinito seja estancado.
Quero propor nessa revista reflexões imagéticas
profundas para além do nosso momento político
atual que é tão desconcertante.
É prudente que compreendamos o valor do real,
do todo e da sociedade. A lama em que Brasil
está submersa é composta por negações, negligen-
cias, egoísmos, mentiras, manipulações, vendas e
algemas. Não basta que a sua bolha compreenda de
política de forma básica para garantir a segurança
da nossa democracia. É necessário que cada quina,
cabe beco, cada pedaço de terra e cada cruz receba
informações verdadeiras sobre as pautas humanitá-
rias, sobre os direitos humanos e sobre o risco de
certas movimentações políticas. Mas com litro do
leite a quase dez reais, convencer uma mãe que foi
ludibriada por mentiras e suportes frágeis que a
mudança política é urgente, fica complicado.
São em tempos de extrema miséria que o povo surge
mais manipulável. Eles são bombardeados por premo-
nições terríveis. Essa estratégia é a mais suja
existente: Se aproveita da profunda vulnerabi-
lidade do pobre para controlá-lo através de uma
ideologia religiosa deturpada com ameaças menti-
rosas sobre o futuro, caso seu opositor vença. O
miserável é vitima, mas também é cúmplice, pois
através dessa escolha outras tantas vidas são
postas em risco.
O resgate do dialogo inter-bolhas é fundamental:
explicar, desenhar, iluminar e acolher é preciso,
afinal estamos todos no mesmo país. Seguindo as
mesmas normas e regras, sendo expostos a todas
essas violências e abandono.
Nessa revista, nesse ensaio, abordamos o tema do
governo em duas montagens. Uma construção foi
inspirada na ideia de uma sociedade Bolsonarinsta
onde uma mulher trans é agredida e em oposição a
essa ideia, na outra montagem, ela é acolhida.
O questionamento que fica, é em que país você
gostaria de viver? No do ódio as minorias, onde a
pluralidade é julgada e aniquilada? Onde o ser não
poder existir em sua verdade ? Ou no do acolhimen-
to? Onde todas as diferenças apenas somam umas as
outras e coexistem em um grande montinho de afeto?
A escolha é nossa.

Que seja tempo de resgatar


o amor entre todos nós.
O nascimento de Dandara

Era paz, até o caos Então se soube que


nunca foi paz Com muito medo ela surgiu
Aos poucos, em formato de seria Até se
descobrir, rainha

Ela ainda não é dona de seu corpo


Ela não é dona de ninguém
Chora e grita, com vontade de viver

*****

Quem sou eu? Quem sou eu?


Eu surjo, emerjo, nasço, apareço
Eu sou ela, eu sou ele
Eu sou dela, não sou dele
Eu sou Dandara

POR: Dandara Daleste


Profunda gratidão à todos Elos da minha poesia.
Junho de 2020

Poesia com elos


29ª edição
Pamela Facco

Outubro de 2022

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