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JOÃO 6 e A PÁ DE CAL NA COVA ARMINIANA

O capítulo 6 de João começa com a informação de que uma grande


multidão seguia Jesus por causa dos sinais que Ele fazia ao curar os
enfermos.
Ao subir a um monte com seus discípulos, essa mesma multidão o
acompanha.
Do ponto de vista humano, diríamos que a busca pelo Mestre, fosse qual
fosse o motivo, deveria ser vista como algo extremamente positivo.
Contudo, como veremos à frente, para Jesus, a busca por ele não é tudo.
Isso ficará cada vez mais claro, na medida em que prosseguirmos na
leitura do texto em questão, especialmente quando lemos o que consta
nos versos 15 e 26; “Jesus ficou sabendo que estavam para vir com a
intenção de fazê-lo rei à força. Então Ele se retirou outra vez sozinho para
o monte. (...) Em verdade em verdade lhes digo que vocês estão me
procurando não porque viram sinais, mas porque comeram os pães e
ficaram satisfeitos.”
É justamente por isso que o Senhor desenvolverá uma linha de raciocínio
que permeará todo capítulo 6, no sentido de demonstrar a inutilidade de
empreender uma ação com o objetivo puro e simples de busca-lo, sem
levar em conta os reais motivos de tal pretensão.
Em Lucas 9 temos dois exemplos muitíssimo claros acerca disso; o
primeiro, nos versos 57, 58; “Enquanto seguiam pelo caminho, alguém
disse a Jesus: ---- vou segui-lo para onde quer que o Senhor for. Mas Jesus
lhe respondeu: ---- As raposas tem suas tocas e as aves do céu tem os seus
ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.”
Jesus sabia que os verdadeiros motivos que levaram esse homem a propor
segui-lo, não tinham nenhuma relação com o desejo de salvação, e sim
com a expectativa de uma vida boa.
O segundo exemplo está nos versos 61 e 62; “Outro lhe disse: ----Senhor
quero segui-lo, mas permita que antes disso eu me despeça das pessoas
da minha casa. Mas Jesus lhe respondeu:
---- Ninguém que põe a mão no arado e olha par trás é apto para o Reino
de Deus.”
Esse outro cidadão propôs algo semelhante a Jesus, mas a resposta que o
mestre lhe dá, revelará as razões pelas quais ele fez sua proposta ao
Senhor. Desejava segui-lo, mas não estaria disposto a cortar seus liames
no âmbito de suas relações pessoais, o que faria Jesus ocupar um lugar
secundário em sua vida.

Em nossa análise de João 6 veremos que buscar, procurar e ir a Jesus é


importante sim, mas tão importante quanto isso, deve ser o motivo que
leva alguém a agir ou se esforçar no sentido de encontra-lo.

Nossas objeções ao Ezequiel, se basearão em algumas de suas declarações


onde ele desenvolverá seus argumentos tendo como escopo provar que a
salvação se dá mediante uma relação sinérgica entre Deus e o homem.

Antes, tratemos de entender os significados das palavras; “sinergia”,


“graça” e “mérito”.

Sinergia: é um substantivo feminino que designa uma ação associada de


dois ou mais órgãos, ação ou esforço simultâneos, cooperação, ação
conjunta, etc.

Graça: “Tem o sentido básico de favor, e quando Deus ou Cristo são o


sujeito agindo em graça para com a humanidade é favor imerecido.”
(Dicionário de Paulo e suas cartas p. 607)

Mérito: é substantivo masculino que designa; merecimento, aquilo que


torna alguém ou algo digno ou passível de receber prêmio ou castigo.
Caráter, qualidade de quem, pelo valor, dotes morais e/ou intelectuais, é
digno de apreço, de reconhecimento.

Por que é importante termos em mente as acepções desses conceitos?


Porque serão os conceitos relacionados aos temas, sobre os quais nos
debruçaremos a partir de agora a fim de que possamos fundamentar
nossos argumentos em oposição ao livro do Ezequiel.

Vamos ao que ele diz:

“João 6.27 relata um bloco de ideias cronologicamente conectadas;


trabalhai não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida
eterna, a qual o filho do homem vos dará.
Nesse texto, primeiro o homem trabalha, depois ele recebe a comida que
permanece para a vida eterna.
Ele continua...
Essa dinâmica textual implica que o homem primeiro faz sua parte e
depois, em resultado disso, Deus lhe concede salvação pela qual trabalhou
e a qual mereceu? Não, mas para explicitar isso é necessário fazer
referência a um universo bem mais amplo de dilemas bíblicos e aqui está
um ensino importante: a escritura não é composta de textos
absolutamente desconectados entre si que devam ser lidos e entendidos
isoladamente...”

Apesar de dizer que um texto não deve ser analisado isoladamente (o que
é correto), ele afirma que em “João 6.27 há um bloco de ideias
cronologicamente conectadas”;

---- Quais seriam essas ideias, que nesse texto específico estariam
cronologicamente conectadas?
Ele diz: “... primeiro o homem trabalha, depois ele recebe a comida que
permanece para a vida eterna.”

Então seria o caso de considerarmos as implicações de se assumir que, se


essas ideias estão unidas por uma ordem cronológica, elas devem,
portanto, ser analisadas dentro da relação de causa e efeito.
Porque, obviamente, a causa vem primeiro e o efeito depois.
Isso deveria pressupor a aceitação de uma vinculação lógica entre
trabalho como a causa e a vida eterna como o efeito.

O que nos levaria a concluir, que segundo a leitura do Ezequiel sobre João
6.27, não nos restaria outra alternativa, a não ser cravar a ideia de que
somente se eu trabalhar é que serei digno de receber a vida eterna.

Porque de acordo com ele os conceitos expressados no texto bíblico estão


cronologicamente conectados. Desse modo, a vida que permanece não
poderá vir antes do trabalho, assim sendo, outra ideia que emergirá
necessariamente, de tal leitura, será a noção de mérito (o que ele vai
negar), ignorando a própria lógica dos seus argumentos, e não levando em
consideração que no âmbito humano, Jesus e a bíblia reconhecem a ideia
de mérito; “...digno é o trabalhador do seu salário.” (Lc.10.7)
“... pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gl.6.7)
“o trabalhador é digno do seu salário.” (I Tm.5.18)

O grande problema é que no parágrafo seguinte ele mesmo quebra o


encadeamento das ideias que para si, estão em ordem cronológica, ao
concluir, anacronicamente, que Deus nos concederia a vida eterna, mas
não reconheceria nosso mérito pelo fato de termos trabalhado por ela em
associação com Ele.

Proposição essa que põe em xeque a justiça de Deus.

Sua incapacidade de captar as implicações daquilo que afirma, ficará cada


vez mais clara e patente na medida em que avançarmos na análise de seus
postulados.

Outro fato digno de nota é que para o Ezequiel, tudo que é tratado na
bíblia, deve ser avaliado e entendido sob a ótica da Redenção humana.

Ele jamais fará uma distinção entre os assuntos de natureza salvífica e os


assuntos pertencentes aos domínios da providência divina.

E por isso mesmo, ele vai afirmar:

“A iniciativa da graça precisa ser preservada, por ser bíblica (Ef.2.8-10), e a


responsabilidade humana precisa ser preservada, também por ser bíblica
(Jo.6.27).
(note que para ele, [Jo.6.27] é questão de responsabilidade humana)
A iniciativa/primazia da graça não pode ser entendida de tal forma a
tornar nula a responsabilidade humana. Tampouco o trabalho que o
homem deve fazer com vistas à salvação deve ser entendido como
realmente antagônico e contraditório à natureza da graça.”

Como vimos, ele também incorre em um erro grotesco e infantil ao não


distinguir graça comum ou geral da graça especial; que é a graça que salva
efetivamente.

O favor imerecido de Deus que me salva, só se efetivará em minha vida


(segundo ele), quando eu trabalhar com vistas à minha própria salvação.
Se eu não trabalhar pela minha salvação, não poderei recebê-la, ainda que
ela me seja concedida como favor imerecido da parte de Deus.

Isso é ridículo.

A natureza da graça de Deus que salva é: favor imerecido.


Se é favor imerecido é porque não há nada que eu deva fazer para
merecê-lo.

Essa é a natureza da graça de Deus, que salva.

Se minha salvação decorre desse favor que por ser proveniente de Deus, é
imerecido, se eu insistir que devo trabalhar para obtê-lo,
automaticamente, esse favor deixará de ser favor e imerecido.

A graça redentiva é favor Divino, sem a presença do merecimento


humano.

Imerecido é a qualidade de tudo aquilo no qual não há merecimento ou


mérito.

Vamos analisar isso adiante.

Ainda sobre João 6.27, o Ezequiel vai declarar algo que irá comprometer
toda sua linha de raciocínio, além de expor toda sua incompetência no
que diz respeito a interpretar corretamente as reais intenções que
levaram aquela multidão a procurar por Jesus.

Vejamos o que ele diz acerca da graça aplicada àquela multidão:

“Dessa forma, podemos seguramente dizer que a graça agiu primeiro nas
pessoas às quais Jesus se refere em João 6.27, muito antes de serem
chamadas a trabalhar pela comida que permanece para a vida eterna.
Deus as deu vida em primeira instância, desde o ventre de suas mães.
Deus as carregou a as atraiu ao ponto de seu contato com Jesus naquele
momento histórico.
Além do mais, o Pai atraiu aquelas pessoas a Cristo através de milagres
extraordinários, pelo que elas foram sinergisticamente em busca do
Salvador em resposta à essa atração.
Os desdobramentos da história, contudo, indicam que nada disso ocorreu
nos termos de uma graça irresistível.
Tanto que em um ponto chave da relação entre Deus e essas pessoas, elas
foram confrontadas com a necessidade de trabalharem pela comida que
permanece para a vida eterna, e somente se o fizessem é que a
receberiam finalmente, da parte do Filho do Homem.
Isso implica que o esforço e responsabilidade humanos substituem a graça
Divina? Não.
Mas implica que a relação referida na bíblia, na compreensão das
dinâmicas textuais sob perspectiva ampla, é sinergista e não monergista.
Em outras palavras, Deus e homem interagem na experiência
soteriológica, e não temos apenas Deus como único agente na história e
experiência de salvação do homem.
De outra forma a perdição de algum homem só poderia ser explicada pela
ausência do amor e da graça redentora de Deus em sua direção,
desfigurando o caráter do Deus da bíblia completamente.” (Jo.3.16 – I
Tm.2.4 – 2 Pe.3.9 – I Jo.2.2 – 4.16)

(Vamos analisar cada um dos versos acima mencionados mais à frente)

Analisemos primeiro esse último parágrafo onde o Ezequiel faz uma


afirmação patética pensando que com isso está expressando um
argumento imbatível acerca da salvação humana.

Para ele, se Deus fosse o único agente responsável pela redenção, seu
caráter ficaria desfigurado, porque como Deus de amor que ama a todos
igualmente, teria que ser responsabilizado pela perdição de todos aqueles
a quem não dispensasse seu amor redentivo.

Esse argumento é tão ridículo, que custa acreditar que ele tenha se
originado de alguém que diz ser “mestre em teologia”.
Mas isso é mais uma evidência inequívoca de que estamos lidando com
um analfabeto funcional em se tratando de evangelho.

Ele, maldosa e propositalmente, procura perverter o conhecimento acerca


daquilo que o calvinismo propugna ao mundo como sendo a verdadeira
doutrina da salvação.

O que ele nunca compreendeu, é que toda a raça humana fora condenada
à morte eterna, pela desobediência de Adão no jardim do Éden.

Esse fato é reconhecido pelo Apóstolo Paulo em Romanos 5.12-21. Trecho


que discutiremos no final de nossas considerações.
Ele vai dizer no verso 12: “Portanto, assim como por um só ser humano
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a
morte passou a toda humanidade, porque todos pecaram.”

Observe a amplitude e gravidade das implicações do que ocorreu no Éden;


“a morte passou a toda humanidade”, isso porque em Adão “todos
pecaram”.

Essa, é a mesmíssima ideia que ele expõe aos Coríntios em sua primeira
epístola capítulo 15.22: “...em Adão todos morrem...”.

Perceba a lógica do raciocínio bíblico; se todos pecaram, nada menos que


todos, devem morrer.

É simples assim.

A morte é a penalidade final e inescapável (humanamente falando), de


todos nós habitantes do planeta terra.

Se Deus em sua Justiça, determinasse a destruição de toda a raça humana,


seu caráter justo e amoroso não poderia ser desfigurado por isso, afinal,
no início de tudo, Ele deixou claro que a vida eterna nos seria concedida
sob a condição de obediência à uma única ordem emitida por Ele.

Quem falhou não foi Deus, foi o homem criado para ser o representante
federal de toda a raça.

Nele (em Adão), somos todos considerados culpados.

Uma raça culpada só poderia gerar homens culpados.

Paulo admite isso também em Romanos 3.19: “Ora, sabemos que tudo o
que a lei diz é dito aos que vivem sob a lei, para que toda a boca se cale (a
do Ezequiel inclusive), e todo mundo seja CULPÁVEL diante de Deus”.

Será preciso desenhar para o Ezequiel entender o que a bíblia diz muito
claramente?

Não há inocentes habitando nosso mundo.


Absolutamente ninguém chega ao mundo em condição de pureza moral.

Nenhum ser humano nasce nessa esfera de pecado, em condição de


neutralidade.

É o mesmo Paulo que, reverberando o sábio rei Salomão, vai dizer em


Romanos 3.10: “Não há justo, nem um sequer...”.

A bíblia não erra em deixar absolutamente patente a todo entendimento,


que todo aquele que se perder, não poderá atribuir sua perdição a Deus.

Deus deveria destruir todo ser humano na face da terra, e se o fizesse,


ninguém teria o direito de dizer que Ele estaria sendo injusto e mau.

Seu santo caráter não seria desfigurado se Ele se decidisse por isso, afinal,
havia deixado claro, que todos morreriam se o desobedecessem.

Logo, absolutamente ninguém, tem o direito de exigir qualquer coisa de


Deus.

É exatamente por essa razão que tudo o que Deus fizer no sentido de
salvar o homem, deve partir de sua própria determinação e graça.

Nenhum ser humano entendeu isso tão bem quanto o apóstolo Paulo, ele
vai dizer a Timóteo em sua segunda epístola capitulo 1 versos de 8 a 10:
“Portanto, não se envergonhe do testemunho de nosso Senhor, nem do
seu prisioneiro, que sou eu. Pelo contrário, participe comigo dos
sofrimentos a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos
salvou e nos chamou com santa vocação, não segundo as nossas obras,
mas conforme a SUA PRÓPRIA DETERMINAÇÃO E GRAÇA que nos foi dada
em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada agora pelo
aparecimento de nosso salvador Cristo Jesus.”.

Não será por nossas obras, ainda que sejam operadas em parceria com
Deus, que seremos salvos, mas unicamente por sua “determinação e
graça”.

---- Onde reside a dificuldade de entender o que a palavra de Deus expõe


de modo tão inquestionável?
Diante de todos esses fatos, demonstrados aqui com fartas evidências
textuais, podemos afirmar com toda a segurança que; Deus não teria
nenhuma obrigação de salvar uma única pessoa sequer.

E firmar tal fato, não desfigura o caráter santo e justo de Deus, pelo
contrário, paradoxalmente, acentuar isso, contribuirá para destacar toda
sua bondade e misericórdia ao decidir, antes mesmo de criar a terra,
salvar muitos de todas as nações, tribos e línguas, por sua “determinação
e graça” manifestadas em Cristo.

Antes de comentarmos o que o Ezequiel declara sobre a graça, convém


esclarecermos algo acerca do qual ele não diz uma palavra; se por
ignorância, não sei, se propositalmente, também não sei.

Conforme dito antes, graça é favor imerecido.


Portanto, por uma questão de lógica conceitual, graça e mérito são
conceitos mutuamente excludentes.

Graça tem relação com ação exclusivamente divina que nos alcança como
favor que não merecemos.

Já o conceito de mérito humano está diretamente relacionado com a ação


humana, por se originar na própria pessoa, cabendo a ela, receber o
equivalente à natureza, número e grau de sua própria ação.

Embora haja somente uma espécie de graça em Deus, contudo, sua graça
se manifesta em diferentes dons e operações, sempre com o sentido de
favor imerecido.

No Éden, antes de cair em pecado, Deus antecipou ao homem, aquela que


seria a justa sentença por sua desobediência: “...no dia em que dela
comer, você certamente morrerá.” (Gn. 2.17)

A partir desse instante, estaria decretado o reinado do pecado, cuja


consequência final seria a morte eterna.

Desse modo, o destino, não apenas da raça humana, bem como de toda
espécie de vida existente na terra, estaria irremediavelmente, traçado.
A terra agora, seria lugar de total e completa maldição: “...maldita é a
terra por sua causa...” (Gn. 3.17)

Sendo nosso criador, um Deus justo, seria o caso de se esperar, portanto,


que todo o tipo de vida sobre a terra deixasse de existir a partir da
entrada do pecado na esfera terrena.

Entretanto, não foi o que ocorreu, como sabemos todos, a vida, em todas
as suas formas e espécies continua existindo, ainda que em condição
transitória.

Um dia, todos morreriam para todo o sempre.

Esse é o verdadeiro e inescapável teor da condenação.

Assim sendo, a conclusão é demasiadamente óbvia; desde a transgressão


de Adão, não há qualquer espécie de vida que possa subsistir
naturalmente por si mesma.

Nenhum ser poderá manter-se vivo por si só.

As perguntas são:
---- Se é isso mesmo que a bíblia diz, por que ainda há vida na terra?
---- Quem a sustenta até agora?

A bíblia responde: “O Filho, que é o resplendor da glória de Deus e a


expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas pela sua palavra
poderosa...” (Hb.1.3)

“Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste.” (Cl.1.17)

“O Pai ama o Filho e entregou todas as coisas nas mãos dele.”


(Jo.3.35)

Diante de tais provas textuais, é possível afirmar axiomaticamente que;


Cristo é quem sustenta todas as coisas, inclusive, a vida em suas mais
variadas formas e espécies.
Por conseguinte, tudo que é bom, belo e verdadeiro que sucede à toda
criatura da face da terra, independentemente de ela estar salva ou não,
ocorre, única e exclusivamente, pela graça de Deus.

“(...) Porque Ele faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre
justos e injustos.” (Mt.5.45)

“... as aves do céu... o Pai de vocês que está no céu, as sustenta.”


(Mt.6.26)

“Fazes crescer a relva para os animais e as plantas para o serviço do


homem, de sorte que da terra tire o seu pão.” (Sl.104.14)

“Envias o teu Espírito, eles são criados. Assim renovas a face da terra.”
(Sl.104.30)

“Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu Reino domina sobre
tudo.” (Sl.103.19)

Tais textos, além de muitos outros, consolidam o fato de que


determinadas dádivas e funções da graça de Deus se revelam de modo
geral ou comum à todas as criaturas.

O mesmo não pode ser dito sobre a graça especial, experimentada


somente por todos aqueles que passaram ou ainda passarão pela
experiência do novo nascimento.

Alimentar uma grande multidão, que em sua grande maioria, era


incrédula, foi um ato de graça geral ou comum.

Portanto, afirmamos também, que a graça de Deus se manifesta de dois


modos; Como graça geral ou comum; ou como graça especial, que
efetivamente salva.

Em seu livro, Ezequiel não faz essa distinção.

Em razão disso, vai afirmar que: “trabalhar com vistas à salvação, não
deve ser entendido como realmente antagônico e contraditório à
natureza e manifestação da graça.”
Porque (vai dizer ele), tanto a graça de Deus e a responsabilidade humana
são expressadas pelo Senhor em sua palavra.

Detalhe; essa graça a qual ele se refere, seria a graça especial.

Conforme lemos anteriormente, ele disse que concernente àquelas


pessoas que foram até Jesus, mencionadas no capítulo 6 de João, a graça
de Deus agiu primeiramente nelas desde o ventre de suas mães, a partir
de quando Deus as carregou e as atraiu até o momento histórico em que
se encontraram com o Salvador.

Além do que, a ação de ir a Jesus, motivados pelo testemunho direto de


milagres extraordinários significou um movimento sinergístico como
efeito da atração divina exercida sobre eles.

---- Quer dizer que Deus mesmo tendo dispensado graça àquelas pessoas
desde o ventre de suas mães, com o propósito de carrega-las e atraí-las a
Cristo naquela circunstância específica, não logrou êxito, porque embora
tivessem sido conduzidas pela sua graça, elas não buscaram o Salvador
com o objetivo de salvar suas almas?

Isso é, no mínimo, muito estranho.

O raciocínio do Ezequiel é confuso e teologicamente deturpado.

Segundo ele, Deus manifestou graça em primeira instância, ao conceder


vida àquelas pessoas, e depois ao carrega-las ao longo de suas existências
com o desígnio de atraí-las a um encontro pessoal com Jesus naquele
exato momento da história.

Presume-se com isso, que para o Ezequiel, Deus o Pai tinha a real intenção
de salvar a todos.

Do contrário, Ele não manifestaria sua graça e cuidados especiais sobre


eles, ao preservá-los por todo o tempo de suas vidas para aquela ocasião.

A graça de Deus se manifestou a partir do instante em que Deus deu vida


a elas no ventre de suas mães.

Se assim foi, responda pra mim Ezequiel;


---- Quando Deus decidiu isso?

---- Logicamente, só poderia ter sido antes de elas nascerem, correto?

Isso nos conduz à ideia de que Deus as predestinou com a finalidade de


fazer com que elas se encontrassem com Jesus naquele determinado
momento da história;

---- Correto?

Desse modo, poderíamos também presumir que essa graça que você diz
ter sido direcionada a elas desde o ventre de suas mães, seria uma graça
incondicional, porque elas não puderam decidir se queriam receber essa
graça ou não, por razões óbvias;

---- Correto?

Mas você também diz ainda que os desdobramentos históricos desse fato
não foram produtos de uma graça irresistível.

Isso torna sua ideia sobre graça um tanto quanto imprecisa e enganosa;

---- Porque, como poderíamos concordar com essa sua visão, nesses
termos propostos por você, de que essa graça quando aplicada àquelas
pessoas não seria irresistível?

Se a graça de Deus foi direcionada a elas desde o ventre, é óbvio admitir


que foi incondicional, se foi incondicional, também será óbvio admitir que
também foi irresistível;

---- Correto?

Então teríamos, embora você não admita, uma graça predestinada


àquelas pessoas de modo incondicional e irresistível até o momento do
seu encontro com Cristo.

Assim, o que prevaleceu em suas vidas até o dia do seu encontro com
Jesus, foi resultado da predestinação graciosa de Deus.
Ezequiel, por mais que você negue a predestinação, seus argumentos
conduzem a isso.

Até aí, a graça incondicional e irresistível de Deus, cumpriu seu papel,


carregou-os e atraiu-os até a presença do Salvador, segundo sua ideia.

Daquele momento em diante, a graça que Deus havia manifestado neles


de modo incondicional e irresistível, não poderia fazer mais nada.

É a isso que nos conduz o pensamento do Ezequiel.

A partir de agora, caberia a eles mesmos a decisão de atenderem, ou não,


ao chamado para trabalhar pela comida que permanece para a vida
eterna.

Ainda que Deus os tenha predestinado, concedendo-lhes a graça da vida,


preservando-os desde o ventre de suas mães, carregando-os ao longo de
suas existências e atraindo-os até seu filho, Deus nada fez quanto a alterar
as motivações que os conduziram a Cristo.

Isso é o que eu chamo de um absurdo teológico patético.

---- Depois de tudo o que Deus fez, eles foram a Jesus pelos motivos
errados?

Tem alguma coisa errada com essa ideia.

Mas, para o Ezequiel, tá tudo muito certo, porque


Deus já havia feito tudo o que Ele poderia fazer.

Daquele momento em diante, o Pai, que antes havia assumido uma


atitude ativa nessa história, assumiria a partir de então, uma atitude
passiva à espera de uma decisão favorável da parte deles.

Se aceitassem o chamado de Jesus para o trabalho de salvarem suas almas


em cooperação com Deus, Ele manifestaria a segunda instância de sua
graça concedendo-lhes a vida eterna.
Mas ainda assim não estariam com a salvação garantida, porque para o
Ezequiel assim como, para quase todos os arminianos, é possível perder a
salvação.

Dessa forma, a vida eterna que Cristo lhes daria caso aceitassem seu
chamado, seria uma vida eterna provisória (seja lá o que isso signifique),
que só se tornaria definitiva, se cumprissem até a morte, todas as demais
condições, supostamente, exigidas sinergisticamente por Deus durante o
trabalho de sua salvação.

Em suma, é isso que o Ezequiel Gomes propõe que todo crente aceite
como verdade absoluta acerca da graça de Deus.

A graça de Deus, conforme concebida por ele, apesar de ter sido


predestinada, incondicional e irresistível em sua primeira instância, estaria
agora, refém do livre-arbítrio do homem, não podendo, desse modo,
interferir na escolha humana a fim de persuadi-la a crer em Jesus.

Em adição a isso, acrescentaríamos que, de acordo com a ótica do


Ezequiel, em sua segunda instância a graça de Deus não se apresentaria
para alguém com uma perspectiva mais vantajosa em relação à primeira,
porque continuaria subordinada à uma posição de dependência do livre-
arbítrio do homem cumprir sua parte na obra sinergística de salvação até
sua morte, porque se fraquejasse no meio do caminho, a graça de Deus,
ao invés de auxilia-lo a se levantar e perseverar, seria anulada e a salvação
perdida.

Segundo essa ideia, absolutamente nenhum crente, por mais verdadeira


que seja sua fé em Jesus, poderá ter a certeza e a convicção de sua própria
salvação, enquanto estiver vivo.

---- Isso não se parece com uma contradição?

---- Já que Deus nos concede a fé, justamente por ela produzir em nós
certeza e convicção de tudo o que Ele fez, faz e continuará fazendo por
nós?

---- Como uma graça divina (que segundo o Ezequiel), fora destinada
àquelas pessoas desde o ventre de suas mães, tendo como fim os carregar
e os atrair à pessoa do Salvador, não teria o poder de realizar aquilo para
o qual fora proposta pelo próprio Deus, de modo incondicional?

---- Então, eles receberam essa graça desde que estavam no ventre de
suas mães, cujo propósito era leva-los ao Salvador, mas que de nada
adiantaria se não trabalhassem pela própria salvação?

---- Que graça é essa que ao ser manifestada no início de suas vidas, não
incutiu neles o verdadeiro desejo de serem salvos pelo Salvador?

Como você já deve estar percebendo, a graça do Ezequiel é impotente,


por não produzir neles a consciência de que necessitavam de um Salvador.

---- Por que, então, foram a Jesus?

Nos parece que para o Ezequiel, eles foram em busca de salvação.

Observe o que ele diz: “além do mais, o Pai atraiu aquelas pessoas a Cristo
através de milagres extraordinários, pelo que elas foram sinergisticamente
em busca do Salvador em resposta à essa graça.”

---- Se assim foi, por que eles não creram em Jesus?

Já que, segundo a ótica Ezequieliana, todas as condições estavam


presentes.

- Houve graça divina que as atraiu a Cristo

- Houve ação sinergística em resposta à essa graça

---- Por que não creram?

A resposta arminiana, será debitada na conta do famigerado livre-arbítrio,


que no caso dessas pessoas, se negou a crer.

Na estranhíssima concepção sinergista, mesmo que haja a ação de


procurar por Jesus, como resposta à uma suposta graça de Deus, essa
mesma graça não terá o poder de persuadir ninguém a crer Nele.

---- Quer dizer que a perspectiva salvífica na bíblia é sinergista?


“Deus e homem interagem na experiência soteriológica, e não temos
apenas Deus como único agente na história e experiência de salvação do
homem.”

Vamos comparar essas aberrações teológicas do Ezequiel com a bíblia e


ver o que ela diz.

Comecemos por Romanos 4 versos 4 e 5: “Ora, ao que trabalha, o salário


(mérito) não é considerado como favor (graça), e sim como dívida. Mas ao
que não trabalha (sem mérito), porém crê naquele que justifica o ímpio, a
sua fé lhe é atribuída como justiça (graça).”

Se o que Jesus queria dizer em João 6.27, é que deveríamos trabalhar em


sinergia com Deus (como afirma o Ezequiel) com o intuito de salvar a nós
mesmos, então acabamos de identificar um conflito de ideias
concernentes à salvação entre Jesus e Paulo.

Jesus, supostamente, ordenando; ‘Trabalhe’, enquanto Paulo orientando


o inverso disso; ‘não trabalhe, creia’.

Obviamente esse conflito só existirá se as ideias sinergistas do Ezequiel


devessem ser consideradas como verdadeiras.

Comparemos os conceitos emitidos por Paulo;


- Trabalho – salário – dívida – (mérito)
- Não trabalho - fé – justiça – (graça)

Paulo deixa claro que a justificação que é o que nos garante a salvação,
procede da fé (graça), e não do nosso trabalho (mérito).

Logo, fé (graça), não pode ser considerada como trabalho humano


(mérito), porque nos é atribuída por Deus como justiça.

Se a fé (graça) devesse ser considerada como obra humana (mérito), a


salvação não seria pela graça (favor imerecido), mas pelas obras (mérito).

Quem trabalha, recebe seu salário como mérito, e não como favor (graça).
Em Paulo, podemos presumir que; se eu trabalhar em sinergia com Deus,
a fim de me salvar, Deus, em parte estaria em dívida para comigo.

O fato de eu trabalhar em cooperação com alguém, não eliminaria meu


mérito, que deverá ser medido na proporção exata do meu esforço para o
cumprimento da tarefa.

Se eu trabalho com Deus, merecerei ser pago por aquilo que juntamente
com Deus eu fiz.

Essa, é sem dúvida, uma das ideias que Paulo quer transmitir aqui.

O conceito de trabalho que aqui em Paulo, está associado à redenção,


estaria em flagrante oposição ao conceito de graça de Deus, que salva. Ele
diz: “mas ao que não trabalha (sem mérito), porém crê (graça)...”

Outro detalhe importantíssimo que resulta da compreensão do texto


Paulino é que o ato de crer em Cristo, embora seja ação humana, não
deve ser considerado como procedente originariamente do homem.

Compreender esse paradoxo será de suma importância para objetarmos


as falácias de Ezequiel Gomes mais à frente.

A fé que Paulo menciona como sendo minha e sua, não é propriamente


nossa, como se de nós tivesse procedido, mas nos é atribuída por aquele
que unicamente é o Autor e consumador da fé. (Hb.12.2)

A afirmação do escritor de hebreus dando conta de que Jesus é o Autor e


Consumador da fé, foi feita logo após a menção de uma longa lista de
homens e mulheres de Deus, naquilo que ficou conhecido como; “a galeria
da fé”, que em face de situações difíceis, as mais diversas, engendradas
pela providência divina, foram obrigados a reconhecer, cada um à sua
maneira, a ausência de poder neles mesmos, capaz de fazê-los superar
todas essas dificuldades, que se revelaram como impossíveis sob a ótica
humana.

A própria definição que o escritor da carta de Hebreus dá à fé, vai inseri-la


dentro do espectro de tudo aquilo que ao homem não será possível fazer
por si mesmo.
“Fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se
veem.” (Hb.11.1)

---- Como ter a certeza de que o que eu espero (de Deus), virá?

---- Como ter a convicção a respeito daquilo que eu nunca vi e ainda não
posso ver? (Deus, por exemplo)

A fé, não é a crença supersticiosa naquilo que o homem pode


fazer.

A fé não admite a dúvida, justamente por não estar centralizada no


elemento humano ou natural.

A fé só poderia ter sua procedência em Deus.

Se a justiça que me redime e salva, não pode ser conquistada pelo meu
trabalho, logo, torna-se óbvio, que eu só me salvarei pelo Dom gracioso
de Jesus por meio da fé, que me é “atribuída como justiça”, e não como
resultado de minhas obras feitas em sinergia com Deus.

Se assim fosse, Deus estaria em dívida para comigo.

À luz do Evangelho, isso é um absurdo teológico inaceitável.

O trabalho (com vistas à salvação), expressão utilizada pelo Ezequiel, e a


graça especial de Deus, são sim, conceitos antagônicos na soteriologia
bíblica.

No âmbito da redenção; graça de Deus e trabalho humano, são conceitos


mutuamente excludentes.

Paulo em Romanos 11 versos 5 e 6 vai afirmar: “Assim pois também agora,


no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da
graça. E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário a graça já não é
graça.”

Ele está, desse modo, confirmando a impossibilidade de conectar essas


duas concepções em uma relação de sinergia, como se, as obras devessem
cooperar com a graça a fim de produzir salvação.
Manter o foco no texto de João 6 e procurar analisa-lo tendo Jesus e sua
missão redentora como nossa principal chave hermenêutica, nos
permitirá assimilar o verdadeiro sentido das palavras que o Mestre
direcionou àquela multidão, ao mesmo tempo em que nos habilitará a
refutar, com os sólidos fundamentos da infalível palavra de Deus,
os engenhosos e equivocados argumentos do Ezequiel Gomes.

Motivada por interesses terrenos e egoístas, uma grande multidão se


aproxima de Jesus.

Ainda que como Deus onisciente que é, soubesse dos reais motivos que os
levaram até Ele, o mestre demonstra sua preocupação com o bem estar
de todos, ao incitar Felipe a pensar numa maneira de alimenta-los; o
Mestre lhe pergunta: “Onde compraremos pão para lhes dar de comer?”.

Felipe responde dizendo que mesmo havendo um lugar onde se pudesse


encontrar tanto pão capaz de alimentar todas aquelas bocas, não havia
dinheiro suficiente para compra-lo.

Se Jesus não estivesse presente naquele cenário, diríamos com a mais


absoluta certeza, que aquelas pessoas estavam diante de uma situação
insolúvel, humanamente falando.

Aqui se encontra um, dentre os muitos dualismos presentes no texto de


João 6; o possível e o impossível.

Do ponto de vista escriturístico, ter a compreensão do que em todo


capítulo 6 de João, se revelará como possível e impossível, nos permitirá
obter um entendimento correto e biblicamente harmonioso acerca da
doutrina da salvação

O primeiro paradigma que se apresenta no texto, é o do impossível, que


está inerentemente conectado com o gênero humano.

---- Como matar a fome de uma grande multidão, se não havia pão e nem
dinheiro para compra-lo?

Para o homem, essa era de fato, uma situação impossível.


Assim como será impossível alguém ir, verdadeiramente, a Jesus, se o Pai
não o enviar. (Jo.6.44)

Perceba como será essencial para uma compreensão correta de João 6, a


percepção desses dois paradigmas; possível e impossível.

Outra informação relevante afirmada por João o evangelista, é que; “Jesus


sabia o que estava para fazer.” (vs. 6)

Esse verso encontra correspondência com outros 3 versículos do capítulo


6:

Verso 15: “Jesus ficou sabendo que estavam para vir com a intenção de
fazê-lo Rei à força.”

Verso 61: “Mas Jesus sabendo por si mesmo que seus discípulos
murmuravam...”

Verso 64: “...Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não criam e
quem iria traí-lo.”

---- Que importância teria para a compreensão de João 6, saber que Jesus
tem o atributo divino da Onisciência?

---- Se Jesus já sabia o que iria fazer, Se jesus já sabia o que aquelas
pessoas iriam fazer, se Jesus já sabia quem não iria crer; quais as
implicações imediatas disso nesse contexto?

Eu vejo, pelo menos 4;

- Jesus estava no controle


- Havia um plano subjacente àquela experiência

- Nada naquela circunstância seria aleatório

- A verdade é imutável em qualquer tempo e lugar.

A experiência de ir ao encontro de seus discípulos andando sobre as águas


agitadas do lago, nesse contexto, é tão emblemática quanto a
multiplicação dos pães e peixes, e também estaria carregada de instrução
àqueles que seriam (exceção a Judas), os únicos crentes dessa história.

Por algum tempo Jesus os deixa sozinhos, com o intuito de fazê-los se


conscientizar de sua impotência, despreparo e desprovimento de
recursos.

Na esfera da ação humana, não havia nada que fazer para controlar a fúria
do vento contra as águas e obter a certeza de que chegariam ao seu
destino.

Por conseguinte; estavam novamente em face de uma situação


impossível.

Tanto na multiplicação dos pães quanto na travessia do lago, não havia


nada que o agente humano fosse capaz de fazer, em cooperação com o
Agente Divino.

Multiplicar pães e controlar fenômenos da natureza, não é tarefa humana.

Logo, nesses dois episódios, não há a mínima possibilidade de ação


sinergistítica entre homem e Deus, e isso, nesse contexto é pedagógico.

Diante das implicações de que Jesus estava a par do que iria acontecer,
seria óbvio admitir (como já observado), que esses eventos não foram
aleatórios.

Todavia, serviriam como uma espécie de preâmbulo que acabaria por


determinar alguns fatores imprescindíveis tanto para a compreensão dos
assuntos e conceitos que seriam tratados pelo Mestre, quanto para uma
correta percepção da reação negativa daquelas pessoas ante tais temas.

No dia seguinte, um sábado, Jesus é encontrado por aquela multidão na


sinagoga. Esse é um dado importante, porque toda a discussão
subsequente, se dará dentro do recinto da sinagoga, ambiente hostil a
Jesus e a seu evangelho.

Esse fato, porém, não intimidaria o Senhor, que já sabia que suas palavras
não seriam recebidas por aquela gente.
Por tudo isso, eu afirmo sem medo de errar, que houve método nas
palavras de Jesus.

Ao ser abordado o Senhor, os confronta com a verdade até então


escondida dentro de seus corações; qual seja, a de que eles o procuraram,
por causa dos pães e peixes que comeram de graça.

O mestre lhes diz: “Em verdade em verdade, lhes digo que vocês estão me
procurando, não porque viram sinais, mas porque comeram os pães e
ficaram satisfeitos.” (vs. 26)

Jesus escancara diante deles os reais interesses que os levaram a procura-


lo.

Isso, como ficará claro, não teria nada a ver com aquilo que o Ezequiel
disse ter sido o motivo que supostamente os teria atraído ao Salvador.

Vamos relembrar o que ele disse:


“além do mais, o Pai atraiu aquelas pessoas a Cristo através de milagres
extraordinários, pelo que elas foram sinergísticamente em busca do
Salvador em resposta à essa atração.”

Sejamos honestos; no verso 26, o Senhor enfatiza o contrário do que o


Ezequiel afirma. Para Jesus, a multidão o procurou, porque comeu os pães
e ficou satisfeita, simples assim.

Mas para o Ezequiel não, a multidão procurou a Jesus, sinergísticamente,


em resposta àquela suposta atração da graça de Deus manifestada desde
o ventre de suas mães.

Portanto, uma graça predestinada, incondicional e irresistível, embora ele,


por não compreender as implicações do que escreve, não admita nada
disso.

Os reais interesses daquela gente, não tinham nenhuma relação com o


sincero desejo de salvação de suas almas.

Procuraram o Salvador, sim, mas não como Salvador e sim como


provedor.
O que fica patente com a leitura do texto, é que seus desígnios estavam
centralizados no alimento que lhes garantisse a sobrevivência sobre a
terra.

Em face de todos esses fatos, inquestionavelmente explicados pelo


próprio Mestre, é que somente agora estaremos em condições de
entender o verdadeiro sentido do verso 27, sem a menor chance de lhe
atribuir um significado de; ordem direta ou comando, dado pelo Senhor
àquela turba de incrédulos para que pudessem crer Nele como o enviado
de Deus.

Como veremos, essa ideia é uma exclusividade do Ezequiel Gomes.

“Trabalhem, não pela comida que se estraga, mas pela que permanece
para a vida eterna, a qual o filho do homem dará a vocês; porque Deus, o
Pai, o confirmou com seu selo.” (vs.27)

Trabalharam ou procuraram a Jesus, interessados somente na comida que


se estraga.

Mas ...
---- O que seria essa comida?

---- O que, realmente, significaria trabalhar pela comida que permanece


para a vida eterna?

O diálogo que se seguirá, entre Jesus e aquelas pessoas, nos revelará, de


modo inequívoco, sete fatos que comprovariam seu desinteresse por
Jesus e sua obra de salvação.

1. Sua total ignorância quanto ao caráter messiânico de Jesus (Jo.


6.14,15)
2. Sua incapacidade natural para crer N'ele, sem uma intervenção de
Deus (Jo. 6.30)
3. Sua incompreensão acerca da graça de Deus (Jo. 6.28,29)
4. Seu preconceito relativo à origem humilde do Mestre (Jo. 6.42)
5. Sua incapacidade para assimilar os sentidos metafóricos do discurso
de Cristo (Jo. 6.52)
6. Sua inaptidão para aceita-lo como Salvador (Jo. 6. 44,65)
7. E por último, sua apostasia, resultante de sua incredulidade. (Jo. 6.
66)

Tendo realçado tudo isso, não haveria porque estabelecer qualquer tipo
de expectativa positiva por parte deles, pois até mesmo o Senhor já
deixara claro que já sabia que eles não creriam em suas palavras, vide
verso 64.

Portanto, quando Jesus, admoesta-os a trabalharem pela comida que


permanece, Ele não estaria dando uma ordem expressa àquelas pessoas,
mas desafiando-as a fazer algo para o qual nenhuma delas estaria
capacitada a fazer por si mesmas.

A lógica textual implícita aqui não é; ‘empreendam um esforço no sentido


de obterem a comida que permanece, e só depois disso, vocês serão
dignos de a receberem’.

Jamais se poderia admitir essa hipótese, já que quem estava diante deles,
era aquele acerca de quem o Pai já havia declarado ser a própria
personificação de seu favor imerecido, quando pelo próprio João foi
afirmado ser ele o Dom de Deus para o mundo.
(Jo.3.16)

Essa noção sinergista proposta pelo Ezequiel, é totalmente legalista e


como tal, à luz da soteriologia bíblica, está irremediavelmente condenada.

Já destacamos esse fato em romanos quando Paulo evoca as figuras de


Abraão e Davi como provas vivas de que Deus justifica o ímpio sem obras,
pois do contrário, ele (o ímpio) teria do que se orgulhar diante de Deus.

Vamos trabalhar essa questão com mais detalhes adiante.

Em oposição a essa ideia de sinergismo em João 6.27, o que propomos é


que em outras palavras, o que Jesus estaria dizendo a eles era o seguinte:
‘Olha, eu sei exatamente, porque vocês me procuraram. O motivo que os
trouxe a mim, não tem nada a ver com o desejo pela comida que produz
vida eterna.
Vocês me buscaram simplesmente, para obter aquilo que assim como
vocês, pertence a este mundo perecível, transitório e condenado. Não foi
o ardente anseio pela vida eterna que os trouxe a mim.

Entretanto, vocês deveriam estar interessados em algo de natureza


superior, imperecível e imortal, e que somente eu posso lhes dar, porque
meu Pai, o Deus do céu, já me autorizou a conceder tal coisa.’

A pergunta que fazem logo em seguida, é produto de uma cosmovisão


judaica legalista, pejada de sinergismo, cuja a compreensão da salvação,
passava pela feitura de obras da lei.

“---- Que faremos para realizar as obras de Deus?” (vs. 28)

Essa pergunta é a primeira evidência de que não haviam compreendido o


que Jesus havia dito no verso 27.

Enquanto Jesus pensava em termos de graça e fé, eles pensavam em


termos de obras da lei.

Daí elaborarem a pergunta no plural: “----que faremos para realizar as


obras de Deus?”

A resposta do Mestre, vem no singular: “A obra de Deus é esta: que vocês


creiam naquele que Ele enviou.” (vs. 29)

É como se o Senhor colocasse as coisas do seguinte modo; ‘pera lá, a


questão aqui, não é o que vocês podem fazer (sinergisticamente) com
Deus para salvarem-se, porém, o que Deus pode fazer por vocês e em
vocês por meio do seu Filho.

Nesse ponto de nossas considerações, será útil e oportuno, consultarmos


a língua grega, com o fim de lançar um pouco mais de luz sobre esse
versículo 27 de João 6, na busca pela compreensão correta de seu sentido.

Ao fazer referência à “comida que permanece para a vida eterna”, Jesus


acrescenta: “a qual o Filho do Homem dará a vocês...”.
O verbo grego aqui traduzido no futuro por; “dará”, vem da mesma raiz da
qual procedem os substantivos gregos traduzidos para o português como;
DOM; e todos tendo como implicação a GRAÇA. (DTNT V.1 – P.183)

Isso se torna extremamente significativo, na medida em que, na


perspectiva da língua grega, o que Jesus estaria propondo, teria
correspondência direta com a dádiva de si mesmo, como DOM de Deus ao
mundo.

“porque Deus amou o mundo de tal maneira, que DEU o seu Filho
Unigênito para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida
eterna.” (Jo.3.16)

Aliado a esse entendimento, está a revelação do próprio Cristo dando


conta de que Ele é o Pão do céu “para que todo o que dele comer não
pereça.” (vs.50)

Jesus é, Ele mesmo, a “comida que permanece para a vida eterna”.

Ele é o DOM maior de Deus para a humanidade.

O conceito de DOM, está intrinsecamente vinculado à graça (favor


imerecido), e não aos conceitos de trabalho e obras da lei, associados ao
conceito de mérito, o que por sua vez, permitiria a vanglória humana.

Deus tem que DAR, o que o homem não tem e que é incapaz de produzir
por si mesmo.

Isso teve inicio no Éden, porque quando desobedeceu ao Criador, o


homem se escondeu D'ele, e escondido permaneceria para sempre, caso
Deus não tomasse a iniciativa de vir à sua procura com o propósito de
restaurar a relação vital que havia entre eles, e que fora rompida com a
entrada do pecado.
“Adão, onde estás?” (Gn. 3.9), Perguntou Deus.

O reino da graça que fora idealizado na eternidade (II Tm.1.8-10), teria


que ser imediatamente instituído na terra, fato que obrigou Deus a
sacrificar um animal e com sua pele vestir o casal pecador (Gn. 3.21).
Com essa ação, Deus inaugurara, de modo pedagógico, seu reino da graça,
transmitindo ao homem a ideia de que somente por meio de um
substituto, que assumisse sua pena e morresse em seu lugar, é que ele
poderia viver na presença de Deus novamente.

Tanto a ação de Deus de buscar o homem perdido, quanto a reação do


homem se esconder de Deus, são emblemáticas.

Pois é exatamente assim que toda a raça humana em estado carnal, reage
em relação a Deus.

Nenhuma criatura, em estado natural, terá consciência de que está


perdida sem Deus.

Nessa condição, ninguém poderá por si mesmo tomar a iniciativa de


salvar-se, até porque, não há a percepção de que são pecadores que
nasceram em pecado.

Estão espiritualmente cegados, quanto a sua própria situação diante de


Deus.

O mestre transmite essa ideia quando em conversa com os fariseus lhes


diz: “Se vocês fossem cegos, não teriam pecado algum. Mas, porque
dizem: ‘nós vemos’, o pecado de vocês permanece.” (Jo.9.41)

A cegueira a qual o Senhor se refere aqui, não é a cegueira física e sim a


espiritual.
Pois é esse tipo de cegueira que não permite saberem que estão em
pecado e como tal, condenados diante de Deus.

É tão somente quando o Espírito nos revela que não somos criaturas
inocentes e santas, que nós adquirimos o discernimento de nossa real
condição ante um Deus Santo e Justo, diante de quem não desejamos
naturalmente estar, pois em sua presença nos sentimos terrivelmente
condenados.

O Senhor Jesus, atesta esse fato, ao dizer que: “Contudo, vocês não
querem vir a mim para ter vida.” (Jo.5.40).
E outra vez: “Eu vim em nome de meu Pai, e vocês não me recebem...”
(Jo.5.43)

O evangelista, já havia declarado: “Veio para o que era seu, e os seus não
o receberam.” (Jo.1.11)

Se aquela multidão tivesse sido guiada a Cristo pela graça de Deus, em


busca de salvação (como afirmou o Ezequiel), toda ela teria crido em
Jesus.

Mas não foi isso que aconteceu.

Essa é a maior evidência de que foram até o Mestre, completamente


cegos em relação à sua própria condição carnal.

Não sentiram nenhuma necessidade de um Salvador para suas almas.

Isso é fato, e contra fatos, não há argumento.

Voltemos ao texto de João 6.

Desconsiderando todos os sinais miraculosos que Jesus já havia realizado,


inclusive, o milagre da multiplicação dos pães e peixes no dia anterior, eles
pedem mais sinais e a justificativa seria: para que vendo pudessem crer.

---- “Que sinal o Senhor fará para que vejamos e creiamos no Senhor?” (vs.
30)

Trocando em miúdos, o que eles disseram foi o seguinte:

---- ‘Já que a única coisa que Deus quer de nós é que creiamos em ti como
enviado Dele;

---- Que tipo de sinal miraculoso o Senhor fará para que possamos ver e
crer no Senhor?’

---- ‘Sim, por que Moisés alimentou todo nosso povo no deserto com o
maná, o pão do céu.

---- O Senhor teria o poder de fazer algo tão grandioso como Moisés?’
Esse é o conhecido teste de São Tomé; se eu não ver, não estarei disposto
a crer.

Essa postura está em flagrante contradição ao que Jesus e os apóstolos


afirmaram acerca da fé.

O Senhor, quando diante do túmulo de Lázaro, deu a ordem para que


retirassem a pedra, foi abordado pela sua irmã Marta, que tentou
demovê-lo dessa ideia, por não crer que Jesus teria o poder de ressuscitar
seu irmão, ao que o Mestre lhe diz:

---- Não te disse Eu, que se creres, verás a Glória de Deus?” (Jo.11.40)

Para aquela multidão de João 6, a dinâmica era; se vermos, creremos; mas


para o Salvador, a dinâmica aplicada a eles seria; “Se crerem, comerão”.

A palavra de Deus é clara, a fé não vem pelo ato de ver; “E assim a fé vem
pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo.” (Rm.10.17)

A fé vem.

A fé tem que vir, porque não procede do homem.

A fé vem de Deus para nós, para que de nós, possa ir para Cristo.

A fé não questiona, quem subirá ao céu para trazer a Cristo ou descer ao


abismo para levanta-lo dentre os mortos.

A fé crê e confessa Jesus como Senhor e Salvador.

“Porque com o coração se crê para Justiça e com a boca se confessa para a
salvação.” (Rm.10.10)

Quando pela palavra de Deus a fé vem, meu coração crê, não é o coração
de Deus que crê por mim.

Portanto, o ato de crer, é ação humana, todavia, produzida unicamente


pelo dom da fé.
A fé vem, enquanto virtude divina em nós que nos capacita a crer em
Cristo.

Fenômenos miraculosos, sinais e maravilhas, não são em si mesmos,


usinas de fé.

Isso é comprovado pelo texto de João 6, onde uma grande multidão,


embora tenha testemunhado sinais e maravilhas, não creu em Jesus.

Quando falava com Nicodemos sobre a necessidade de nascer de novo,


Jesus lhe disse: “O vento sopra onde quer, você ouve o barulho que ele
faz, mas não sabe de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que
nascido do Espírito.” (Jo.3.8)

Do mesmo modo como o vento sopra onde quer e você só pode ouvi-lo e
senti-lo, assim também opera, soberana e invisivelmente, o Deus Espírito
Santo, em quem Ele quer, por meio do qual, esse em quem Ele atua vem a
crer.

Quando os judeus pedem mais sinais a Jesus, estão ainda reagindo em


termos sinergísticos.

---- ‘Faça sua parte Senhor (mais sinais); que nós faremos a nossa;
veremos e creremos.’

E quando evocam Moisés, estão reagindo em termos exclusivistas.

Contrariando seu desejo por espetáculo;

---- “Jesus lhes disse: em verdade, em verdade, lhes digo que não foi
Moisés quem deu o pão do céu para vocês; quem lhes dá o verdadeiro
Pão do céu é meu Pai. Porque o Pão de Deus é o que desce do céu e dá
vida ao mundo.

---- Então lhe disseram: Senhor, dê-nos sempre desse pão.

----Jesus Respondeu: Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim jamais terá
fome, e quem crê em mim, jamais terá sede. Porém Eu já disse que vocês
não creem, embora estejam me vendo.” (Jo.6.32-35)
Com essas palavras, Jesus argumenta que, enquanto no tempo de Moisés,
o maná, na qualidade de comida que se estraga, beneficiou apenas e tão
somente o povo de Israel, Deus o Pai, dá o verdadeiro Pão do céu,
enquanto Pão que dá vida ao mundo.

Portanto, não havia motivo para exclusivismo.

Porém, não haviam ainda compreendido a que, ou a quem o Mestre se


referia, metaforicamente, como verdadeiro Pão do céu ou Pão de Deus.

Em razão disso, é que eles, ignorante e erroneamente, pedem desse pão,


imaginando se tratar de algo comestível e não de alguém com quem
deveriam manter uma relação de fé.

Por não terem assimilado o verdadeiro caráter do Messias com quem


falavam pessoalmente, é que nunca compreenderam a dinâmica da Graça
de Deus, que deveria alcança-los como favor imerecido, e não como
mérito, por praticarem algum tipo de obra.

Estavam dispostos a fazer alguma coisa, contudo, não eram capazes de


crer naquele a quem viam e com quem falavam.

Assim sendo, é óbvio que o Senhor não poderia concordar com nada do
que diziam.

Entre o transmissor e os receptadores, havia uma mensagem


incompreensível.

Afirmar com base no contato daquelas pessoas com Jesus que:

---- “Deus e homem interagem na experiência soteriológica... e que Deus


não é o único agente na história e experiência de salvação do homem”, é
se colocar em rota de colisão contra o Evangelho Eterno.

É o mesmo que emitir um atestado de ignorância quanto à doutrina da


salvação.

Ou até mesmo, declarar guerra à graça de Deus, manifestada na pessoa de


seu Filho.
Se não, vejamos:

---- Se o padrão para a salvação consiste verdadeiramente, de um método


sinérgico entre Deus e o homem...

---- Se Deus atuou neles por meio de uma graça (em primeira instância)
incondicional e irresistível, concedida desde o ventre de suas mães,
carregando-os e atraindo-os a Cristo até aquela circunstância...

---- Se o Salvador, com isso, desejava genuinamente, a salvação de todos


eles...

Então cabe perguntar:

---- Por que o Senhor não atendeu ao seu pedido por sinal, como condição
para que pudessem crer nele?

---- Não teria sido para esse fim que Ele dispensou graça desde o ventre de
suas mães?

---- Não teria sido por este motivo, que Deus os carregou e os atraiu até
seu filho?

---- Por que não cooperar com eles então, realizando mais alguns sinais,
para que vendo pudessem crer?

Na medida em que avançamos na análise do texto de João 6, a ideia de


sinergia entre Deus e homem, vai caindo.

Os adeptos do sinergismo, vão determinar duas causas, em resposta à


essas perguntas.

A primeira causa provável seria: a ausência da vontade para crer.


(---- não creram, porque não quiseram)

A segunda causa provável seria: a impossibilidade de Deus interferir na


livre vontade humana com o objetivo de preservar o livre-arbítrio. (----
Deus não é tirano para impor sua vontade a contragosto do homem)

Se Deus não intervém na vontade humana;


---- Por que lhes predestinou graça incondicional e irresistível desde o
ventre de suas mães?

Para o Ezequiel; “... a graça agiu primeiro nas pessoas às quais Jesus se
refere em João 6, muito antes de serem chamadas a trabalhar pela
comida que permanece para a vida eterna. Deus as deu vida em primeira
instância, desde o ventre de suas mães. Deus as carregou e as atraiu ao
ponto de seu contato com Jesus naquele momento histórico...”

Se Deus, está supostamente impedido pelo seu próprio caráter, de


interferir na livre vontade do homem, então, teria que, obrigatoriamente,
aguardar passivamente uma manifestação dessa mesma livre vontade
humana no sentido de desejar pertencer a Ele.

Deus poderia até chamar (e chama), mas jamais influenciar, do contrário,


a decisão não procederia de um arbítrio livre.

No entanto, não é isso que o Ezequiel propugna, ele chega ao ponto de


dizer que Deus desde ventre de suas mães as carregou e as atraiu até seu
encontro com Jesus.

---- Carregar e atrair alguém a Cristo desde o ventre de sua mãe, não
configuraria interferência de Deus no livre-arbítrio de tal pessoa?

Outro detalhe importantíssimo;

---- Se tanto Deus quanto Jesus já sabiam desde o princípio quem não
creria, por livre e espontânea vontade, por que tentaria modificar essa
vontade livre?

---- Ainda mais sabendo que estaria (supostamente) impedido, por si


mesmo, de fazê-lo?

Ou o Ezequiel Gomes aceita o fato de que a graça a qual se refere, como


tendo sido concedida desde o ventre de suas mães, é a graça comum (
que não se relaciona com salvação); dispensada tanto a justos quanto a
injustos, e não a graça especial que salva, ou aceita o fato de que essa
mesma graça divina, descrita por ele, é inútil, inócua e ineficaz, já que não
pode alterar o destino daquelas pessoas às quais Jesus já sabia que não
iriam crer Nele.

---- Por que Deus, faria todo esforço possível para salvá-los, manifestando
graça, sabendo que não iriam crer em seu Filho?

Tem muita coisa errada com esse raciocínio do Ezequiel.

Analisemos outro aspecto de João 6.27: “Trabalhem, não pela comida que
se estraga, mas pela que permanece para a vida eterna, a qual o filho do
homem dará a vocês; porque Deus o Pai o confirmou com seu selo.”

Somente a Jesus foi conferida a atribuição de dar comida que permanece


para a vida eterna, porque antes disso, Deus o confirmou com seu selo de
aprovação.

---- O que isso significa?

Significa que; manifestar graça ao mundo é prerrogativa primeiramente


de Deus.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho
unigênito...” (Jo.3.16)

Por conseguinte, a primeira etapa da graça se cumpre, quando Deus dá


seu Filho ao mundo.

Em João 6.32, referindo-se ao pão do céu, Jesus afirma categoricamente:


“...quem lhes dá o verdadeiro Pão do céu é meu Pai.”

Essa seria a primeira etapa, daquilo que nós poderíamos chamar de


Dinâmica da Graça.

Nesse estágio, não há possibilidade de controvérsia. Deus dá seu Filho ao


mundo. Simples assim.

A segunda etapa da dinâmica da graça, teria seu início histórico-temporal,


quando Deus agora, dá “um mundo” a Jesus.
Em João 6.37, o Mestre afirma: “todo aquele que o Pai me dá, esse virá a
mim...”

Em João 6.39, Ele continua: “e a vontade de quem me enviou é esta: que


eu não perca nenhum de todos os que Ele me deu.”

Em João 10.29, Ele declara: “Aquilo que meu Pai me deu é maior do que
tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”

Em João 17.2, o Senhor reconhece: “assim como lhe deste autoridade


sobre toda carne, a fim de que Ele conceda a vida eterna a todos os que
lhe deste.”

Em João 17.6, o Mestre reafirma o cumprimento de sua missão:


“manifestei o teu nome àqueles que me deste do mundo. Eram teus, tu os
deste a mim, e eles tem guardado a tua palavra.”

Em João 17.9, Cristo intercede somente por esses a quem o Pai lhe deu: “É
por eles que eu peço; não peço pelo mundo, mas por aqueles que me
deste, porque são teus.”

Em João 17.24, Jesus identifica sua vontade, como sendo a mesma do Pai:
“Pai, a minha vontade é que, onde eu estou, também estejam comigo os
que me deste...”

---- De acordo com esses textos, haveria motivo para duvidar, que depois
de ter dado Jesus ao mundo, Deus dá um mundo para Jesus?

Outro fato que merecerá cuidadosa atenção de nossa parte, é que nessa
segunda fase da dinâmica da graça, o Agente Divino que atuaria
especificamente nesse mundo que seria dado a Jesus, é o Espírito Santo.

Por isso mesmo o Mestre afirmou em João 6.63: “O Espírito é o que


vivifica; a carne para nada aproveita.”

Em João 3.6, o Salvador diz a Nicodemos: “Em verdade, em verdade lhe


digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de
Deus.”
É o Espírito Santo que estaria encarregado de conduzir a Cristo, “um
mundo” que o Pai lhe deu.

Essa segunda etapa da dinâmica da graça ainda provoca muita


discordância no mundo cristão. Contudo, seria pertinente perguntar:
---- Se Deus já deu Jesus ao mundo, por que teria que dar um mundo a
Jesus?

É exatamente neste ponto que erram os arminianos.

Vamos comparar mais alguns textos do Ezequiel com a palavra de Deus


em busca de um claro e inequívoco; ‘assim diz o Senhor’.

Comentando João 6.37, ele diz: “O fato de o Pai dar pessoas ao filho
implica que a natureza das pessoas é totalmente depravada?
Que nenhum ser humano tem liberdade de vontade, de escolha ou de
arbítrio em relação às questões espirituais?
A ideia aqui é realmente essa?
Veja que conquanto seja simples o calvinista inferir a resposta ‘sim’ a
todas essas perguntas, nenhuma dessas informações está no texto.
O texto destacado nada fala sobre a natureza da depravação humana após
a queda, sobre a presença ou ausência de liberdades significativas na
humanidade como algo pertinente ao pano de fundo da concessão do Pai
do Filho.
Dessa forma, vemos que o calvinista infere sua cosmovisão sobre a frase
de Jesus e espera que as pessoas concordem com essa inferência sem
escrutinar seus fundamentos e suas implicações.”

Vejamos o que o Senhor diz no verso 37 de João 6: “Todo aquele que o Pai
me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim de modo nenhum o lançarei
fora.”

É preciso deixar claro que escrutinar os fundamentos de um texto em


busca de suas implicações é justamente o que o Ezequiel não faz.

Isolar um texto de todo seu contexto, é o que ele mais faz.

Criar falsas premissas para tentar emplacar suas conclusões legalistas,


ofensivas e ultrajantes, é sua principal habilidade.
Ele insinua que os calvinistas esperam que as pessoas que se deparam
com esse texto de João 6.37, aceitem o que está escrito sem escrutinar
seus fundamentos e implicações.

Vamos ver quem realmente faz isso.

Se o Ezequiel diz que no texto em si, não se encontra nenhuma


informação sobre a natureza da depravação humana, bem como não se
encontra também nada referente às liberdades humanas ou à falta delas,
sugerindo que nada disso, portanto, poderá ser evocado como os reais
motivos que levariam o Pai a dar alguém a Cristo, pergunto;

---- Onde, então, estaria a menção de um suposto livre-arbítrio, que seria,


capaz de livra-lo de uma suposta condição de elemento humano passivo
ou autômato?

---- Onde, e qual teólogo calvinista afirmou ou deixou subentendido, que o


homem é elemento passivo ou autômato nas mãos de Deus?

---- Se o Ezequiel pode escrutinar e procurar fundamentar as implicações


do que ele pensa ser a verdade sobre João 6.37, em outros textos, não
estaria eu autorizado a fazer o mesmo?

---- Vamos refrescar nossa memória e trazer de volta algo que ele disse
anteriormente?

“{...} aqui está um ensino importante: A escritura não é composta de


textos absolutamente desconectados entre si que devam ser lidos e
entendidos isoladamente...”

Se eu, assim como ele, posso basear meus escrutínios e sair em busca de
implicações sobre um determinado texto, em outro conjunto de textos
que versam sobre o mesmo assunto e que carregam em si as mesmas
implicações, coisa que ele afirmou acima, pergunto;

---- Haveriam evidências dentro do capítulo 6 de João, ou em qualquer


outro lugar, que depois de escrutinadas, trouxessem implicações
inquestionáveis sobre a real condição humana?
Essa pergunta pode parecer idiota, todavia, está associada às afirmações
do Ezequiel de que no texto de João 6.37, não há nada que comprove
aquilo que o calvinismo aponta como sendo a verdade sobre a natureza
da depravação humana, ainda que ele mesmo tenha afirmado antes que,
não devemos fundamentar nossos escrutínios com base em um texto
isolado, ou em sua literalidade.

Nos parece que para ele, seria incorreto extrair verdades implícitas a
partir daquilo que está explicitado.

Isso é coisa de analfabeto funcional.

Vamos às evidências de que para salvar qualquer pessoa, antes, Deus


precise dá-la a Cristo.

Em resposta àquele grupo de judeus incrédulos, o Mestre afirma:

---- “Em verdade, em verdade lhe digo que se vocês não comerem a carne
do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês
mesmos.
Quem come a minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia.” (Jo.6.53,54)

Logo, unicamente aquele que comer a carne e beber o sangue de Cristo é


que terá direito à vida eterna, e ainda que morra, será ressuscitado pelo
Senhor.

Dessa forma, a vida mencionada no verso 53, a qual não terão, todos
aqueles que não comerem sua carne e beberem seu sangue é; a vida
eterna.

Isso significa que essa vida imortal, não pertence originalmente à raça
humana.

O homem perdeu o direito à vida eterna, quando desobedeceu a Deus no


jardim do éden.

Embora a vida nesta dimensão, seja uma, dentre as muitas manifestações


da graça comum de Deus, que a concedeu gratuita e incondicionalmente a
justos e injustos, a vida eterna, no entanto, é proveniente, única e
exclusivamente da graça especial de Deus, que é a graça que salva
eficientemente.

Deste modo, estamos todos, querendo ou não, habitando um mundo


condenado à morte eterna desde o éden.

Daí em diante, com a entrada do pecado no mundo, ninguém mais


possuiria vida permanente em si mesmo, estando espiritualmente
separado de Deus.

Apostatado do Criador, todo homem que chega a este mundo, vem na


condição de carne.

Aqui mesmo no capítulo 6 verso 63, o Senhor declara que: “A carne para
nada aproveita.”

Neste contexto, o paralelo que o Mestre traça entre a sua carne que
produz vida eterna, e a carne humana que para nada presta, constitui-se,
dessa maneira, em uma evidência inegável de que a natureza humana é
em essência radicalmente depravada.

O apóstolo Paulo vai explorar esse assunto em profundidade, em vários de


seus textos, em Romanos 3.10-18, ele faz uma descrição aterradora da
realidade vigente sem Deus e da natureza humana em estado carnal:

“Como está escrito: não há justo, nem um sequer, não há quem entenda,
não há quem busque a Deus.

Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o


bem, não há nem um sequer.

A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua enganam, veneno de


víbora está nos seus lábios.

A boca, eles a tem cheia de maldição e amargura; os seus pés são velozes
para derramar sangue.

Nos seus caminhos há destruição e miséria; eles não conhecem o caminho


da paz.
Não há temor de Deus diante de seus olhos.”

Uma das coisas que devem ser realçadas nesse texto é que quem está na
carne não busca a Deus.

A carne não tem interesse em Deus.

A carne não deseja Deus.

Deus é um ser estranho para a carne.

Em Efésios 2.1-3, o apóstolo vai amplificar os efeitos danosos e resultantes


de uma vida humana entregue à carne, antes de ser alcançada pela graça
salvífica de Jesus.

“Ele lhes deu vida, quando vocês estavam mortos em suas transgressões e
pecados, nos quais vocês andaram noutro tempo, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua
nos filhos da desobediência.

Entre eles nós todos andamos no passado, segundo as inclinações da


nossa carne, fazendo a vontade da carne, e dos pensamentos; e éramos
por natureza filhos da ira, como também os demais.”

Observe os desdobramentos terríveis e espantosos de alguém que vive


em condição carnal e que ainda não tenha sido objeto da ação
regeneradora do Espírito Santo.

- Está morto para Deus


- Segue o curso deste mundo
- Segue o príncipe da potestade do ar (diabo)
- É filho da desobediência (desde Adão)
- Anda segundo as inclinações da carne
- Faz a vontade da carne e dos pensamentos carnais
- É filho da ira.

Em romanos 7, Paulo faz algumas constatações realistas e chocantes


sobre a carne: “{...} na minha carne não habita bem nenhum {...} o pecado
habita em mim {...} o mal reside em mim {...} segundo a carne, sou escravo
da lei do pecado.” (vs. 18, 20, 21, 25)

No capítulo 8, ele vai declarar, sem meias palavras; para onde a carne nos
conduzirá:

“pois a inclinação da carne é morte... porque a inclinação da carne é


inimizade contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo
pode estar.

Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.”


(Rm.8.6-8)

Em adição a esses argumentos, eu leio em Hebreus 11.6: “de fato sem fé,
é impossível agradar a Deus.”

Diante de tais textos concebemos o seguinte silogismo:


- Se é impossível, para quem está na carne agradar a Deus
- E só é possível agradar a Deus por meio da fé.
- Logo, a carne estará, irremediavelmente, impossibilitada de crer em
Jesus por si mesma.

Este silogismo, eminentemente escriturístico, está em máxima


concordância com o que Paulo vai dizer aos Gálatas sobre tudo aquilo que
a carne poderá ou não fazer na qualidade de carne.

“Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito luta contra a carne,


porque são opostos entre si, {...} ora, as obras da carne são conhecidas e
são: imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçarias,
inimizades, rixas, ciúmes, iras, discórdias, divisões, facções, invejas,
bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas.” (Gl.5.17,19-21).

Isso explicaria porque aquela multidão que foi até Jesus, não creu Nele.

Foram em busca do Mestre pelos motivos errados, porque estavam em


condição carnal.

---- Onde em toda a bíblia, estaria uma única indicação de que a carne,
enquanto carne, teria o poder em si mesma de crer em Cristo Jesus?
Consequentemente, asseveramos que; entre a volumosa lista de obras e
ações da carne, não se encontra uma sequer que nos permitiria dizer, que
apesar de sua condição radicalmente depravada, conforme demonstrado
pela leitura dos últimos textos, ela ainda preservaria uma pretensa
aptidão especial de buscar a Deus.

Se assim fosse, Jesus não teria dito: “... a carne para nada aproveita.”
(Jo.6.63).

Ocorre que em relação à carne, o Ezequiel Gomes não pensa do mesmo


modo que Jesus.

Voltemos ao que ele disse:

---- ‘o fato de o Pai dar pessoas ao filho implica que a natureza das pessoas
é totalmente depravada?’

Os textos bíblicos que acabamos de ler, dizem, inequivocamente, que sim!

E a eles acrescentaríamos: “O SENHOR viu que a maldade das pessoas


havia se multiplicado na terra e que todo desígnio do coração delas era
continuamente mau.” (Gn. 6.5)

O próprio Cristo, no evangelho de Marcos, como que, reverberando


Moisés, vai dizer:

“Porque de dentro do coração das pessoas, é que procedem os maus


pensamentos, as imoralidades sexuais, os furtos, os homicídios, os
adultérios, a avareza, as maldades, o engano, a libertinagem, a inveja, a
blasfêmia, o orgulho, a falta de juízo.
Todos estes males, vem de dentro e contaminam a pessoa.”
(Mc.7.21,22)

---- Haveria espaço neste texto, e nos demais que foram lidos acerca da
carne, concluirmos em sinergia com o Ezequiel, que a carne humana não é
totalmente depravada?

---- Qual seria, porventura, o sentido da expressão: “{...} todo desígnio do


coração deles era continuamente mau?”
---- Não estaria essa afirmação do velho testamento em perfeita sintonia
com as afirmações do novo testamento, a respeito da carne?

Para nós calvinistas, sem dúvida que sim.

Mas, para os arminianos, assim como, para o Ezequiel; não!

Ele continua com seus devaneios:

---- “que nenhum ser humano tem liberdade de vontade, de escolha ou de


arbítrio em relação às questões espirituais?”

A bíblia, como vimos, através de fartas evidências, responde também, com


um sonoro ‘sim’ a este questionamento idiota.

E acrescentamos:

“prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da


corrupção, pois aquele que é vencido, fica escravo do vencedor.” (II Pe.
2.19)

---- Quem venceu no éden?

---- Por acaso não foi o diabo?

---- Quem foi vencido?

---- Por acaso, não foi o homem?

---- Quem, em sã consciência, poderia prometer liberdade, sendo ele


mesmo um escravo derrotado pelo diabo?

Só sendo um analfabeto funcional, como o Ezequiel, para pensar tão


diferente do que a bíblia diz. E assumir que “o homem tem liberdade de
vontade, de escolha ou de arbítrio em relação às questões espirituais.”

O ensino de que o homem é escravo do pecado desde que nasce nesse


mundo, é 100% bíblico.
O salmista já dizia: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu
minha mãe.” (Sl.51.5)

E nós, calvinistas, não temos nenhum problema em admitir isso em


conformidade com a palavra de Deus.

Já, quanto aos arminianos, não podemos dizer a mesma coisa.

---- Ou será que eles, contrariando as sagradas escrituras, se achariam


investidos de uma autoridade espúria para prometer liberdade às pessoas
que, assim como eles, estariam na mais abjeta escravidão da carne?

---- Qual é o escravo da carne que poderá prometer libertação da carne,


sem antes o Filho de Deus o libertar verdadeiramente?

Observe o que o Mestre diz em João 8.36:

“Se, pois, o Filho os libertar, vocês serão verdadeiramente livres.”

Somente quando o Filho de Deus nos liberta, é que somos livres de


verdade, até isso acontecer, somos escravos impotentes nas mãos do
diabo.

---- Quem se atreveria a dizer o contrário?

Eu tenho que perguntar isso, porque poderia ser que talvez, estivéssemos
diante de uma classe especial de arminianos, super crentes, que
constituiriam uma exceção à regra bíblica.

Por último, no final do seu comentário, o Ezequiel inquire:

---- “a ideia aqui é realmente esta?”

E de novo, respondemos:

---- Sim, senhor Ezequiel, as fartas evidências da palavra de Deus aqui


apresentadas, já provaram que a ideia é realmente essa!

Senão;
---- Qual seria o sentido de o Mestre dizer: “Ninguém pode vir a mim se o
Pai que me enviou, não o trouxer...?”

Já salientamos no início de nossas considerações, que uma das grandes


lições de João capítulo 6, é demonstrar o que para o homem é impossível,
diante de um DEUS, para quem tudo é possível.

Ir a Jesus, em busca de salvação, estando na carne, é algo impossível para


qualquer ser humano.

Esse é o verdadeiro sentido do verso 44.

Ninguém tem o poder de ir a Jesus, sem que o Pai o envie antes.

Isso não significa, no entanto, que Deus nos trataria como bonequinhos
em suas mãos. Vamos tratar disso mais adiante.

Na medida em que avançamos entre o que o Ezequiel diz, e o que a bíblia


expressa como verdade absoluta, é que percebemos sua indisfarçável
hostilidade ante às claras e inequívocas declarações das escrituras acerca
do verdadeiro evangelho da graça do Senhor Jesus.

Vamos analisar agora uma declaração absurda que ele faz sobre a fé:
“A bíblia diz que Jesus é o Autor da fé (Hb.12.2), dentre outros textos, e
diz que o homem deve manifestar fé no evangelho com vistas à salvação
(Jo.6.29),
dentre outros textos. Dessa forma, a fim de manter as duas ênfases
bíblicas, o homem não deve ser visto como responsável por dar origem e
consumação à fé, nem o fato de Cristo ser o Autor e consumador, pode
implicar que o homem não seja legitimamente comandado a crer,
podendo ou não, obedecer a esse comando inclusive.

Se não fosse assim, de um lado o homem seria visto como puramente


autômato diante do fato de que sua fé seria de autoria e consumação de
outra pessoa e não dele mesmo.

De outro lado, Cristo seria visto como desonesto ao comandar o homem a


crer nele, sendo que a responsabilidade por criar e consumar a fé seria
dele mesmo, que estava dando o comando, e não de quem estava
recebendo a ordem para crer.
A única forma de harmonizar as duas ênfases, é considera-las sob um
prisma sinergista.

Além disso, deve ser claro que Jesus é Autor e consumador da fé em geral,
e não da fé particular de cada pessoa específica, como se ele fosse o único
responsável pela decisão de cada um em crer nele, ou não.”

Este comentário está embasado em Hebreus 12.2 e João 6.29.

Olha só que coisa estranhíssima ele acaba de afirmar a respeito da fé;

“{...} Jesus é Autor e consumador da fé em geral e não da fé particular de


cada pessoa específica...”

Se entendi bem, para o Ezequiel, devemos aceitar a afirmação da bíblia de


que Jesus é o Autor e consumador da fé, bem como, aceitar também que;
o homem é legitimamente responsável por criar e consumar sua própria
fé.

É em razão desse desfecho completamente destituído de sentido, que ele,


ao final, vai dizer algo inexistente na bíblia; qual seja; a de que haja uma
suposta dicotomia entre a fé de Jesus, que pertenceria somente a ele, e a
fé do homem, que também só pertenceria a ele.

Se Jesus é Autor e consumador de sua fé, o homem, do mesmo modo,


seria o autor e consumador da sua fé.

Segundo o Ezequiel, a fé da qual Jesus é Autor e consumador, não teria


relação com a fé do homem.

Enquanto Jesus gera e consuma a fé para si mesmo, o homem também


teria a mesma capacidade de criar e consumar a fé para si mesmo.

A fé do homem seria uma espécie de imitação da fé de Jesus, que teria


dado o exemplo a ser seguido por todos.

A fé do homem o capacitaria a crer em Jesus, enquanto a fé de Jesus, que


não teria relação com a fé humana, seria dele, para ele mesmo.
Isso é uma das coisas mais ridículas que eu já li em toda minha vida.

Assim sendo, todo o poder de dar origem e consumação à própria fé,


residiria no homem, ainda que ele esteja na carne e, portanto, na
condição de velha criatura.

---- Segundo a bíblia, teria o homem poder inerente em si mesmo para


criar e consumar a fé estando na condição de não regenerado?

Embasados pela afirmação de Cristo de que:

“... carne para nada aproveita.” (Jo.6.63), já fizemos ampla demonstração


de inúmeros textos, a partir dos quais, não se poderá admitir a mínima
possibilidade de a carne produzir fé por ela mesma.

O próprio Cristo declara: “Sem mim, nada podeis fazer.” (Jo.15.5)

Na bíblia, a carne é caracterizada de várias formas:

- Primeiro homem – (I Co.15.47,48)

- Velho homem – (Rm.6.6)

- Velha natureza – (Ef.4,22)

- Criação – (Rm.8.20)

- Escravos do pecado – (Rm.6.17)

- Inimigos de Deus – (Rm.5.10)

- Mortos para Deus – (Ef.2.1 – Cl.2.13)

- Filhos da ira – (Ef.2.3)

- Filhos da desobediência – (Ef.2.2)

- Gentios – (Ef.2.11)

- Incircunciso – (Rm.3.30)
- Fracos – (Rm.5.6)

- Ímpios – (Jd. 4)

- Árvore má – (Mt.7.17)

- Joio – (Mt.13.38)

- Filhos do maligno – (Mt.13.38)

- Injustos – (Mt.5.45)

- Filhos malditos – (II Pe. 2.14)

Em nenhum lugar da palavra de Deus há qualquer indício, por menor que


seja, de que o homem, subsistindo em condição carnal, aqui representado
nessa longa lista com os piores adjetivos e metáforas, possa ser capaz de
produzir fé por si mesmo.

---- De acordo com as escrituras sagradas, a quem de fato, pertence a


prerrogativa de gerar e consumar a fé?

A epístola de Hebreus no capítulo 12 verso 2, se utiliza do vocábulo grego;


‘archêgon’; para se referir a Cristo como o Autor da fé.

Conforme o Dicionário Teológico do Novo Testamento; vol. 1, p.89;


‘archêgon’; seria aquele que dá origem ou o fundador (da fé), dentre
outros significados.

Desse modo, o texto de Hebreus estará em estreita concordância com os


demais textos bíblicos que tratam da questão da fé, como algo que a
natureza humana, em pecado, estará impossibilitada de produzir,
independente de Jesus; o Autor original da fé.

---- O que significaria a declaração do Ezequiel, de que “Jesus é o Autor e


consumador da fé em geral, e não da fé particular de cada pessoa
específica?”

Não haveria sentido algum dizer que o Senhor é Autor e consumador da


fé, para si mesmo.
Jesus não daria origem à fé para consuma-la crendo em sua própria
pessoa.

Além do mais, a bíblia deixa claro que fé é mais um, dentre os muitos dons
de Deus, que pela mediação do Espírito Santo se manifesta em nós.

Escrevendo aos Coríntios sobre os dons Espirituais, Paulo inclui entre eles
a fé:

“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a


outro segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro no
mesmo Espírito, a fé...”
(I Co.12.8,9)

No verso 11 ele vai dizer: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas


estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um individualmente.”

O que o apóstolo diz aqui, é diametralmente oposto ao que o Ezequiel


Gomes propôs quando diz que;

“Jesus... não é o Autor e consumador da fé particular de cada pessoa


específica.”

---- Ou será que ele usaria uma desculpa esfarrapada, dizendo que Jesus
não é citado no texto como sendo Aquele que concede o dom da fé como
lhe apraz a cada um individualmente?

Se ele acredita na Trindade Santa, penso que ele não seria estúpido a
ponto de dizer tal bobagem.

Não existe essa coisa de dizer que a fé de Jesus, não é a mesma fé do


homem.

Em II Ts.3.2, o apóstolo Paulo aconselha a igreja a orar para que Deus


pudesse livra-los das pessoas perversas e más, e dá em seguida, a razão
para isso; “porque a fé não é de todos.”

Já em Tito 1.1, ele afirma sem rodeios, que “a fé é dos eleitos de Deus.”
Jesus não teria dado origem e consumação à fé, para que ela fosse
exclusivamente dele e para ele, ou para que servisse de modelo ou
exemplo, que devesse ser seguido pelo homem, isso não faz o menor
sentido.

Conforme dito anteriormente, o autor da carta aos Hebreus insere o


conceito de fé, dentro de um espectro de tudo que é impossível ao
homem natural.

“Fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se


veem.” (Hb.11.1)

Essa concepção está associada ao conhecimento de Deus.

---- Como ter a certeza de que o que Deus prometeu, virá?

---- Como ter a convicção de que Deus existe, se eu não posso vê-lo?

De acordo com a própria narrativa do capítulo 11; isso só será possível,


somente quando a fé, cujo o Autor é Jesus, manifesta-la em seus eleitos.

A fé que Jesus gerou e consumou, é para nós e não para ele mesmo.

Outra coisa que o Ezequiel nunca entendeu, é que a fé, enquanto dom de
Deus, se manifesta em nós, enquanto virtude divina que nos habilita a
crer.

Fé é dom, crer em Cristo é ação humana, contudo, o ato de crer em Jesus,


não deve ser considerado trabalho ou obra humana, porque é
proveniente exclusivamente da fé.

Desse modo, crer em Cristo, não constitui a contraparte do homem, numa


suposta relação de sinergia com Deus.

A leitura de Romanos 10 versos de 5 a 10; elucidará essa questão com


clareza:

“O homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela.


Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração:
Quem subirá ao céu? Isto é, para trazer do alto a Cristo; ou:
Quem descerá ao abismo? Isto é, para levantar Cristo dentre os mortos.
Porém que se diz?

A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra
da fé que pregamos.

Se com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, e em teu coração,


creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a


respeito da salvação.”

---- Por que não devo esperar que alguém suba ao céu para trazer Cristo lá
do alto?

---- Assim como, descer ao abismo para levanta-lo dentre os mortos?

Primeiro, porque isso seria impossível a qualquer ser humano, e segundo,


porque isso foi missão exclusiva de Deus.

Essa é mais uma evidência de que a ideia de sinergia entre Deus e homem
na obra de salvação é antibíblica.

Por isso o apóstolo vai dizer que a salvação é questão de; com a boca,
confessar a Jesus como Senhor, e com o coração crer que Deus o
ressuscitou dentre os mortos.

Se o coração, nesse contexto, é uma metáfora para mente, então, o ato de


crer em Cristo é ação humana individual. Sou eu que creio em Cristo, e
não Deus que crê por mim.

Crer e confessar são ações humanas, mas, que procedem da fé.

Daí assumimos com base na palavra de Deus que; agir com o objetivo,
legalista, de ser salvo, tanto quanto, crer em Jesus; sejam ambas, em si
mesmas, atividades humanas, todavia, para os domínios da redenção,
uma é antagônica à outra.
Isso porque, a primeira se origina no próprio homem, que estando na
carne, procura a Jesus, como àquela multidão o fez, mas pelos motivos
errados, e a última se origina no Espírito Santo, como doador da fé.

A bíblia não autoriza ninguém a dizer que o ato de crer em Cristo deve ser
visto como que tendo origem no próprio homem.

Dito isso, não é teologicamente correto afirmar que a fé de Jesus é uma, e


que a fé do homem é outra, como faz, enganosamente, Ezequiel Gomes.

Outros aspectos desse último comentário dele sobre a fé, é o que iremos
destacar agora.

Vamos ler novamente um trecho dele.

“A bíblia diz que Jesus é o autor e consumador da fé (Hb.12.2), dentre


outros textos, e diz que o homem deve manifestar fé no evangelho com
vistas à salvação (Jo.6.29), dentre outros textos.

Dessa forma, a fim de manter as duas ênfases bíblicas, o homem não


dever ser visto como responsável por dar origem e consumação à fé, nem
o fato de Cristo ser autor e consumador da fé, pode implicar que o
homem não seja legitimamente comandado a crer, podendo ou não
obedecer a esse comando inclusive.

Se não fosse assim, de um lado o homem seria visto como autômato


diante do fato de que sua fé seria de autoria e consumação de outra
pessoa e não dele mesmo.”

O primeiro foco de nossa atenção, está no ponto em que ele afirma ser
possível ao homem crer em Cristo ou não, quando pelo Senhor for
comandado a fazê-lo.

Poder crer ou não crer; eis a questão.

Em João 6.29 lemos: “Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: que vocês
creiam naquele que ele enviou.”
Crer em Cristo como o enviado de Deus neste contexto, se apresenta
muito mais como um desafio, do que propriamente como uma ordem a
ser cumprida.

Elencaremos duas razões para consubstanciar nossa posição.

1. Crer em Jesus, é obra de Deus. Isso, por um lado, no entanto, não


significa que o homem deva ser considerado como um objeto
autômato, nas mãos de um Deus tirano e despótico.

Vale lembrar, que se assim fosse, todos esses que receberam esse
suposto comando para crer em Cristo, teriam crido, sem a menor
possibilidade de dizerem; não.

Por outro lado, crer em Jesus é obra de Deus, precisamente porque


não haverá qualquer possibilidade de o homem natural, em estado
carnal, crer em Cristo sem a intervenção graciosa de Deus, mediada
pela ação direta do Espírito Santo na mente do escolhido.

Ou seja; a capacidade para desobedecer a Deus, é inerente ao ser


humano em estado carnal, já a capacidade para obedecer, está
ausente nele.

O fato de Deus ter que agir em sua mente, com propósito de fazê-lo
crer, não significa que o homem seja autômato, ou que Deus o trate
como se o fosse.

Essa ação divina, também, não deve ser interpretada como tirania
ou arbitrariedade da parte de Deus, pois é uma ação de inteligência
direcionada ao intelecto do homem, no sentido de convencê-lo,
como o próprio Jesus deixou claro em João 16.8;

“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do


juízo.”

Nesses mesmos termos, fala o profeta Jeremias, referindo-se ao


que Deus precisa fazer no homem:

“Tu me persuadiste, Senhor, e eu fui persuadido. Foste mais forte


do que eu e prevaleceste.” (Jr. 20.7)
Sendo assim, não se pode dizer que nem Jesus seja desonesto, nem
que o homem seja um ser autômato em suas mãos caprichosas.

2. Por saber que já haviam rejeitado seu pretenso “comando” para


crer, e por terem considerado suas palavras como um discurso duro
de se ouvir, é que o Mestre vai lhes dizer:

“O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita. As palavras


que eu lhes tenho falado são Espírito e são vida. Mas há descrentes
entre vocês.” (Jo.6.63)

O apóstolo João abre um parêntese para explicar os motivos que


levaram Jesus a fazer uma comparação entre o Espírito Santo e a
carne humana, bem como revelar a existência de um grupo de
descrentes entre eles:

“Ora, Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não criam e
quem iria traí-lo.” (Jo.6.64b)

Sob a ótica daquele que tudo sabe, aquela multidão era composta
por dois grupos bem distintos e um indivíduo identificado como
diabo e traidor. (Judas)

Então, havia um grupo de discípulos verdadeiramente crente e leal


ao Mestre, que já o acompanhava desde o início de seu ministério,
assim como, um grupo maior constituído por incrédulos.

Tendo esse cenário em perspectiva, cabe-nos agora entender


porque em João 6.29, a admoestação feita pelo Senhor, para que
cressem naquele que Deus enviou, tenha sido direcionada não ao
grupo dos que criam, o que não faria qualquer sentido, e sim ao
grupo de descrentes, que embora tenha recebido a suposta ordem
para crer, não creu.

Por saber antecipadamente que eles não creriam, e que no que diz
respeito àqueles que já eram crentes; não necessitariam de uma
nova ordem para crer, é que o real sentido da resposta de Jesus,
naquela circunstância específica:
“A obra de Deus é esta: que vocês creiam naquele que ele enviou.”,
não deve ser considerada como um mandado divino, porém, como
um desafio, a fim de incitá-los a fazer, o que eles apenas
imaginavam poder fazer, quando Deus e o próprio Cristo, já sabiam
que eles não poderiam, por dois motivos; por subsistirem em
estado carnal e porque o Pai não lhes havia concedido irem a Jesus.

É em razão disso, que o Senhor conclui asseverando:

“Por causa disto é que falei para vocês que ninguém poderá vir a
mim se não lhe for concedido pelo Pai.” (Jo.6.65)

A concessão soberana do Pai é o fator diferenciador entre aqueles


que ouvem a palavra de Deus e creem, daqueles que ouvem a
mesma palavra de Deus e não creem.

Quando Deus tem o real interesse de fazer alguém crer, ele dá a ordem, e
não haverá ninguém que possa resistir à sua vontade.

É o que Paulo em Romanos 9.19b, nos antecipa:

“Pois quem pode resistir à sua vontade?”.

Considere o caso dos discípulos, quando foram abordados por Jesus;

---- Algum dentre eles resistiu ao chamado?

---- E o que dizer de Saulo de Tarso a caminho de Damasco?

Escrevendo aos Filipenses ele declara:

“Não que eu já tenha recebido isso ou já tenha obtido a perfeição, mas


prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado, por
Cristo Jesus.” (Fp.3.12)

---- Ser conquistado, nesse contexto, pressupõe ter sido forçado a crer?

---- O fato de Paulo ter sido conquistado, poderia significar que ele fosse
um ser autômato nas mãos de Deus?
---- Ou ter sido objeto da ação direta do Espírito Santo que o convenceu a
crer em Cristo?

Nada disso tem a ver com as estranhas suposições do Ezequiel Gomes


sobre a fé.

A explicação que a bíblia oferece para a recusa humana a crer, não se


encontra no suposto livre-arbítrio do homem, e sim em sua natureza
carnal, que segundo o Mestre: “...para nada aproveita.”

É em relação a Deus que “a carne para nada aproveita”, porque o senhor


da carne é o diabo.

Por conseguinte, Deus, não poderia estar a mercê da vontade humana,


justamente porque ela é refém do diabo, e como tal, conforme as palavras
de Cristo, só quer satisfazer os desejos d'ele.
(Jo.8.44)

Paulo escrevendo a Timóteo diz:

“Mas também o retorno à sensatez, a fim de que se livrem dos laços do


diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer.” (II Tm.2.26)

Mais a frente ele acrescenta: “...são homens que tem a mente totalmente
corrompida, reprovados quanto à fé.” (II Tm.3.8)

---- O que esperar de positivo, natural e espontaneamente, desses que se


encontram nessa condição de cativos do diabo?

Relembremos o que o apóstolo já dizia aos romanos:

“Os que vivem segundo a carne se inclinam para as coisas da carne... pois
a inclinação da carne é morte... porque a inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
Portando, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Rm.8.5-8)

Os que vivem segundo a carne se inclinam não para Deus, e sim para as
coisas da carne.

As implicações dessa declaração são inúmeras,


Morte, inimizade contra Deus e insubordinação à sua lei.

Diríamos que tudo começaria pela insubmissão à lei de Deus, que nada
mais é, do que a revelação de sua vontade preceptiva, desse modo,
enquanto eu estiver na carne, não terei o poder de obedecer à lei de
Deus.

É impossível para a carne, enquanto carne, se submeter à lei de Deus, e


não sou eu que estou falando, isso significa dizer que; a não ser que Deus
mesmo intervenha e conceda seu poder, nenhuma carne em sua própria
natureza se subjugará à uma ordem direta de Deus, pois a vontade da
carne é cativa do diabo.

Em harmonia com Cristo e Paulo, o escritor de Hebreus conclui:

“visto, pois, que os filhos tem participação comum de carne e sangue,


também Jesus, igualmente, participou dessas coisas, para que, por sua
morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber o diabo, e
livrasse todos os que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão
por toda a vida.” (Hb.2.14,15)

Perceba quão irreversível é a situação de quem está na carne; “...sujeitos


à escravidão por toda a vida.”

Apoiados sobre essas provas inquestionáveis da palavra de Deus,


afirmamos, sem nenhum receio de errar, que; a carne não é livre, como
propõe Ezequiel Gomes e sua turma arminiana, e por conta disso, não
possui nenhum poder natural em si mesma, para crer em Cristo.

---- Não é exatamente isso que o evangelista João vai dizer?

“Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos


filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome, os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne nem da vontade do
homem, mas de Deus.” (Jo.1.12,13)

Deus deve conceder poder para que possamos receber seu filho, e crer
nele, só depois, nos tornaremos seus filhos.
E esse milagre não procedeu do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem.

---- Por que será que nem sangue, nem carne, nem homem teriam o poder
de crer em Cristo e recebê-lo como Salvador?

Por tudo isso que a infalível palavra de Deus nos disse acima.

Se as palavras de vida pronunciadas pela boca do próprio Senhor, não


produziram vida naqueles que as ouviram em João 6, é porque Deus o Pai,
não lhes concedeu essa graça.

Essa conclusão é tão óbvia e verdadeira, que o mestre fez questão de


frisa-la duas vezes; primeiro no verso 44:

“Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer...”

e depois no verso 65: “... ninguém poderá vir a mim, se não lhe for
concedido pelo Pai.”

Esta é a lógica da dinâmica divina que permeia toda a revelação do


evangelho de Jesus;

em João 5.21 ele diz: “Pois, assim como o Pai ressuscita e vivifica os
mortos, assim também o filho vivifica aqueles a quem quer.”

Se a carne não é livre para desejar ser nova criatura, pois o seu querer e
escravo do diabo, é óbvio que o querer tenha que proceder unicamente
daquele que vivifica os mortos.

Esse processo de introjeção da vontade de Deus no homem, é tratado


pelo profeta Ezequiel (que graças a Deus não é o gomes), como uma
metáfora de um transplante de coração; ele vai dizer:
“Eu lhes darei um novo coração e porei dentro de vocês um espírito novo.
Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne.”
(Ez.36.26)

Se nos atentarmos para o fato de que na bíblia, o coração é a base de


onde procedem nossos pensamentos e desejos mais profundos, esse texto
adquire uma importância enorme.
A iniciativa de nos dar um novo coração, vem de Deus, é Ele que faz o
‘transplante’, e introduz em nós um espírito novo, capaz agora, de desejar
pertencer a ele e fazer sua santa vontade.

Jesus discorre sobre essa mesma questão, em outros termos:

“...se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
(Jo.3.3)

Agora, raciocine comigo;

---- Se o homem, ainda na carne, possuísse a capacidade natural de


arbitrar livremente sobre sua vida, podendo, dessa maneira, decidir
obedecer a Deus ou não, como postula nosso irmão Ezequiel Gomes;

---- Por que necessitaria ele de um novo coração e um novo nascimento?

É exatamente por não ter a posse de nenhuma dessas aptidões, que o


homem na carne, precisará, obrigatória e necessariamente, ser conduzido
por Deus a Jesus, de conformidade com João 6:

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora {...} E a vontade de quem me enviou é esta:
que eu não perca nenhum de todos os que ele me deu; pelo contrário, Eu
o ressuscitarei no último dia {...} Ninguém pode vir a mim se o Pai que me
enviou, não o trouxer; e Eu o ressuscitarei no último dia {...} ninguém
poderá vir a mim, se não lhe for concedido pelo Pai.” (vs. 37,39,44,65)

O mesmo Deus que enviou Jesus ao mundo dos escolhidos, é o mesmo


Deus, que por meio do Espírito que vivifica, envia os escolhidos a Jesus.

Essa é a dinâmica da graça em sua primeira e segunda fases, adiante


trataremos da terceira e última., que é quando o Mestre devolve todos os
salvos a Deus, a quem eles de fato pertencem, como o próprio Cristo
declarou em João 17. 6, 10;

“...eram teus tu os deste mim {...} todas as minhas coisas são tuas, e as
tuas coisas são minhas...”
Em seguida, vamos analisar mais algumas deduções absurdas do Ezequiel
Gomes.

Dentre outras coisas, ele vai dizer que não se pode inferir de João 6, o
ensino bíblico, da eleição incondicional, sobre o qual ele insiste em dizer
que é calvinista, o que segundo sua opinião, simplória e carregada de
sarcasmos, faria de Deus o culpado pela perdição de todos aqueles que
não foram eleitos.

Ao invés disso, Deus teria estabelecido uma série de condições para a


salvação de alguém.

Todas baseadas numa suposta obediência perfeita à lei, não obstante, não
haver ninguém que a consiga cumprir de modo perfeito e integral.

Suas conclusões se fundamentarão num conjunto de textos mal


interpretados, cujas implicações vão desde a assunção de critérios
hermenêuticos defeituosos, passando por um processo dedutivo
constituído de falsas premissas, até desembocar em uma espúria
concepção de salvação, causando enormes danos e prejuízos aos
conceitos de Redenção, Soberania, Providência Divina, Coerência,
Harmonia e Inerrância da Palavra de Deus.

Assim sendo, se assumirmos seus equivocados pressupostos teológicos,


não haverá outra alternativa, se não, considerar que a bíblia é um livro
cheio de contradições e erros graves em matéria de salvação.

Se a eleição incondicional não poderá ser deduzida de nenhum texto


bíblico, especialmente de João 6, pergunto;

---- Como equacionar essa ideia, com o que ele disse anteriormente, se
referindo àquela multidão que procurou a Jesus em João 6.27?

Recordemos o que ele disse: “Dessa forma, podemos seguramente dizer


que a graça agiu primeiro nas pessoas às quais Jesus se refere em João
6.27, muito antes de serem chamadas a trabalhar pela comida que
permanece para a vida eterna.
Deus as deu vida em primeira instância, desde o ventre de suas mães.
Deus as carregou e as atraiu ao ponto de seu contato com Jesus naquele
momento histórico.”

Observe que segundo ele, a graça agiu primeiro naquelas pessoas; eu


perguntaria;

---- Quando mesmo?

“{...} Deus as deu vida em primeira instância...” ou seja, a graça de Deus se


manifestou nelas, no momento em que foram concebidas no ventre de
suas mães.

Portanto, se a vida que Deus lhes concedeu foi a primeira manifestação de


sua graça;
---- Quando ocorreu em Deus a decisão de manifestar sua graça àquelas
pessoas?

É óbvio, que essa decisão ocorreu na mente divina, antes de elas terem
nascido.

Isso pressupõe assumir o fato de que, se assim foi, logicamente Deus as


predestinou para receberem sua graça, tendo esse presumido propósito
de conduzi-las a Cristo.

---- Qual seria a possibilidade de aquelas pessoas terem decidido receber


essa graça de Deus desde o ventre de suas mães?

Nenhuma possibilidade.

---- Ou deveríamos, por força da lógica, postular que tal graça se


manifestou de forma incondicional e irresistível na vida delas?

Certamente, que a manifestação da graça conforme descrita pelo


Ezequiel, foi sim; incondicional e irresistível.

---- Ou deveríamos presumir que desde àquela época os bebês ainda nas
barrigas de suas mães, já estariam em perfeitas condições intelectuais
para decidirem o que queriam ou não receber de Deus?
Tudo isso, nos leva a concluir que antes que todas aquelas pessoas
nascessem, Deus, soberanamente, as havia escolhido para sobre elas
manifestar sua graça. (Segundo os pressupostos do Ezequiel)

Dito de outro modo, a graça de Deus direcionada àquelas pessoas (de


acordo com os pressupostos do Ezequiel), possuía 3 características; foi
predestinada, incondicional e irresistível.

Porque a partir dela é que Deus decidiu trazê-las à vida, não havendo,
portanto, nenhuma possibilidade de escolha da parte humana.

Partiu, única e exclusivamente, da vontade de Deus.

Se o modo como Deus manifestou sua graça na vida daquelas pessoas de


João 6.27, deve ser considerado como o modus operandi dele manifestar
sua graça à todas as demais pessoas do mundo em todas as eras;

---- O que dizer daquelas que passaram pela vida sem terem ido a Jesus
uma única vez?

Só haveria uma resposta para isso, a saber; que Deus, por uma razão que
só a ele pertence, as preteriu.

Nesse caso, decidiu não dar nenhuma oportunidade de salvação a elas


(como dizem os arminianos), não manifestando sua graça desde o ventre
de suas mães com o propósito de atrai-las a Cristo.

Em seu livro pejado de pegadinhas exegéticas e falsas premissas, Ezequiel


afirma que sustentar a doutrina da eleição incondicional conforme
postulada pela cosmovisão calvinista, nos obrigaria culpar a Deus pela
perdição das pessoas que não foram eleitas para a salvação.

Com isso em mente, eu também posso responsabiliza-lo, por emitir uma


ideia de graça, que nada mais é, do que uma graça predestinada,
incondicional e irresistível, cujo o desfecho será a admissão de que a culpa
pela perdição das pessoas, a quem Deus não manifestou essa sua graça,
não carregando-as e não atraindo-as a Cristo, é dele mesmo.

---- Ou o Ezequiel vai negar que possa ter existido pessoas nesse mundo,
que passaram pela vida sem terem ido a Jesus?
Nosso irmão arminiano, cai na mesma armadilha retórica que ele
construiu para que nós calvinistas caíssemos nelas.

Ao escrever tanta coisa ridícula e absurda, ele imita Hamã, que construiu
uma forca para Mordecai, mas acabou morrendo nela.

“vir a mim”, no contexto de João 6, não significa ir, fisicamente, até a


presença de Jesus. Esse entendimento, faltou ao Ezequiel ao escrever seu
livro falacioso.

Ir a Jesus, em João, tem o sentido de crer verdadeiramente N'Ele.

O fato de o Ezequiel gomes falhar quanto a captar essa concepção, é que


irá determinar a construção de inúmeras ideias antibíblicas e raciocínios
contraditórios presentes em seu livro.

Observe como ele se esforça para passar a ideia de que está


genuinamente trabalhando com os conteúdos de determinados textos, ao
assumir algumas hipóteses fantasiosas em relação às supostas implicações
dos mesmos;

“Seja como for, são aqueles que vem a Cristo, em resposta à concessão do
Pai, que jamais serão lançados fora (“o que vem a Mim não será lançado
fora”).

Todos os demais que vem insinceramente, enquanto descreem, ou creem


apenas temporariamente para depois abandonarem o caminho, mesmo
tendo sido atraídos pelo Pai e por Cristo em primeira instância, podem
esperar destino diferente.

Dessa forma o descrente ou apóstata perece unicamente por sua própria


culpa e responsabilidade, e não pela mera ausência da concessão divina
com vistas sinceras à sua salvação.
De outra forma o único culpado por essas pessoas não irem a Cristo
verdadeiramente e para a salvação seria o
Próprio Pai.”

Ele a princípio, reconhece que unicamente aqueles que foram


verdadeiramente enviados pelo Pai, é que jamais serão lançados fora.
Mas, por não ter compreendido, que ir a Cristo (nesse contexto), não é
simplesmente uma questão de ir, física e presencialmente, a Ele, vai dizer
que; tanto aqueles que vem (fisicamente) enquanto descreem, quanto aos
que creem apenas temporariamente; também esses, foram
(presencialmente) a Jesus, atraídos por Ele mesmo e pelo Pai.

Se Deus realmente envia alguém a Cristo, e esse que Ele envia


verdadeiramente, não será lançado fora;

---- Por que enviaria, também verdadeiramente, os que Ele sabe que não
creem e jamais crerão, além daqueles que Ele também sabe que creem
falsamente?

O que o texto de João deixa claríssimo, é justamente a ideia de que ir


fisicamente a Jesus, não tem o mesmo sentido que ir a Jesus por fé em sua
pessoa messiânica.

Aquela multidão foi fisicamente a Jesus, mas não em busca de salvação,


por isso não creram n'Ele, e a explicação que a bíblia dá para esse
desfecho, é que eles não foram verdadeiramente enviados pelo Pai, muito
embora tivessem estado na presença do Filho, porque se o tivessem sido
(enviados pelo Pai), teriam crido em seu Filho.

Daí o Mestre afirmar: “Quem VEM (grifo nosso) a Mim jamais terá fome, e
quem CRÊ (grifo nosso) em Mim, jamais terá sede. Porém eu já disse que
vocês não creem, embora estejam me vendo.” (Jo.6.35,36)

Ver a Jesus, por estar fisicamente em sua presença, não é o mesmo que
crer n'Ele.

Quando trazemos essa experiência para os dias de hoje, poderíamos, do


mesmo modo, dizer que; nem todos os que vão a Jesus, por intermédio de
uma denominação ou igreja, o fazem porque foram verdadeiramente
enviados pelo pai.

A compreensão de, pelo menos uma, dentre outras lições implícitas na


parábola do trigo e joio, nos permitirá obter uma maior clareza sobre essa
questão;
“---- O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa
semente no seu campo. Mas enquanto todos estavam dormindo, veio o
inimigo dele, semeou joio no meio do trigo e foi embora.
E, quando as plantas cresceram e produziram fruto, apareceu também o
joio.
Então os servos do dono da casa chegaram e disseram:
---- “Patrão, o senhor não semeou boa semente no seu campo?
---- De onde vem o joio?”
Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso.” (Mt.13.24-28)

A pergunta chave é: ---- “De onde VEM (grifo nosso) o joio?”

Parafraseando:

---- ‘De onde VEM (grifo nosso) os que não creem verdadeiramente em
Cristo?’

---- ‘Quem os enviou a Jesus (ou à igreja)?’

Assumir, como faz Ezequiel Gomes, de que é o próprio Deus que envia e
atrai a Cristo, os que não crerão n'Ele e até mesmo os que apostatarão, é,
mais uma vez, entrar em colisão frontal com o Senhor e sua palavra.

Outro detalhe que escapa ao olhar tendencioso e à malícia do Ezequiel, é


o que Jesus afirma no verso 36:

“Porém eu já disse que vocês não creem...”;

---- Quando exatamente, Jesus disse isso àquela multidão?

Se fizermos uma análise rápida em retrospectiva, veremos que essa


afirmação inexiste literalmente.

---- Estaria Jesus dizendo algo que não corresponderia com a verdade, ou
seríamos nós que não captamos o real sentido de alguma fala d'Ele
anteriormente?

Quando em resposta à pergunta deles, o Mestre lhes diz:


“A obra de Deus é esta: que vocês creiam n'Aquele que Ele enviou.”, Ele
está dizendo implicitamente, que eles não criam n'Ele.

Ademais, conforme já mencionado anteriormente, o Mestre “já sabia


desde o princípio, quais eram os que não criam...”. (vs. 64)

Fato que ensejará a afirmação: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a
Mim; e o que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora.” (vs. 37)

Assim como aquela multidão não creu no Salvador, mesmo estando em


sua presença, nem todos os que foram (fisicamente) a Jesus, creram n'Ele;
---- E qual é a explicação do Mestre para isso?

---- Porventura seria por causa de seu suposto livre-arbítrio?

Não, “Um inimigo fez isso”.

Pois, se Deus, o Pai os tivesse enviado a seu Filho, Ele não os perderia.

Quando Deus Pai dá alguém, verdadeiramente, a Jesus, a


responsabilidade pela salvação desse, reside no Mestre e não na própria
pessoa.

“E a vontade de quem me enviou é esta: que eu não perca nenhum de


todos os que Ele me deu; pelo contrário, Eu o ressuscitarei no último dia.”
(Jo.6.39)

Somente assim, se entende a razão pela qual o Senhor enfatiza primeiro;


que “de modo nenhum” lançará alguém fora, que tenha sido
verdadeiramente enviado pelo Pai, assim como, não perderá nenhum
dentre aqueles que o Pai lhe deu.

O fato de Deus não enviar alguém a Jesus, não o torna culpado pela
perdição desse, pois: “o que não crê, já está condenado {...} sobre ele
permanece a ira de Deus.” (Jo.3.18,36)

Quanto àquela multidão de João 6, não foi Jesus que os perdeu, eles já
estavam perdidos em seus delitos e pecados.
Ou seja; contrariando os pressupostos maliciosos do Ezequiel Gomes, o
texto em questão, nada fala de Deus predestinando-os à vida para receber
graça, bem como nada diz sobre uma suposta ação de preserva-los,
carrega-los e atrai-los até Jesus naquele momento histórico, com a
finalidade de salva-los.

Tudo isso é proveniente, dos delírios teológicos do Ezequiel.

Os comentários a seguir, se basearão em dois textos;

o primeiro em João 6.44 que diz; “ninguém pode vir a Mim se o Pai que
me enviou, não o trouxer...”,
o segundo em João 14.6: “Jesus respondeu: ---- Eu sou o caminho, a
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”

O que vocês estão prestes a ler, é fruto de uma mente corrompida pelo
insaciável desejo de exaltação própria.

Somente alguém cujo principal interesse não seja o de buscar a verdade,


poderá raciocinar de modo tão contrário ao que a palavra de Deus
expressa.

Se você, por um acaso, não conseguir entender as tortuosas acrobacias


exegéticas do Ezequiel, não se preocupe, você não está só, e o problema
não está em você.

Vejamos o que ele diz:

“Algo que pode nos ajudar a vislumbrar mais de perto exatamente o que
as frases de Jesus em João 6.44 e 14.6 significam é destacar todas as
dinâmicas efetivamente presentes nos textos.

(Perceba que ele fala em termos de “dinâmicas”)

Por um lado. Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que me enviou, não o
atrair.

Por outro lado, ninguém vem ao Pai, senão por Mim.

Essas duas ideias implicam em outras ideias, a saber:


Alguém/qualquer um pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, o atrair; e
alguém/qualquer um pode ir ao Pai através de Cristo.

À luz dessas possibilidades interpretativas já percebemos algo muito


importante. Os textos podem ser lidos de forma universal, como
implicando que todas as pessoas podem ir a Cristo, se forem atraídas pelo
Pai, e que todas as pessoas podem ir ao Pai, através de Cristo.

Ou os textos podem ser lidos de forma particular, como implicando que


apenas os eleitos/predestinados vão ao filho, atraídos pelo Pai, e que
somente os eleitos podem ir ao Pai através de Cristo.

Dessa maneira, só nos resta avaliar qual a melhor leitura dos textos em
seus respectivos contextos sobre esse ponto específico.”

Então, temos duas dinâmicas bem distintas segundo ele.

A primeira que determina a ida a Cristo pelo Pai e a segunda que


determina a ida ao Pai, por Cristo.

Antes de prosseguirmos, é bom que se diga, que a palavra de Deus


(especificamente nesse contexto), não oferece esse tipo de alternativa
interpretativa, que irá depender, em último caso, do tipo de corrente
teológica a que você pertença.

Bom, ele diz que João 6.44 estabelecerá a seguinte dinâmica:


“alguém/qualquer um pode vir a Mim se o Pai, que me enviou o atrair”.

Precisamos esclarecer algo aqui; que ele deixa passar como se fosse um
detalhe insignificante, a saber que: desde que seja atraído pelo Pai,
alguém ou qualquer um, não apenas pode, mas que; com certeza, irá a
Jesus; essa não é uma questão de competência e iniciativa humanas, é
questão de determinação divina.

O que, também, não significa, que o homem seja tratado por Deus como
um objeto autômato, porque se esse fosse o caso, Deus Espírito Santo,
não necessitaria convencê-lo ou persuadi-lo, ações que demandam a
existência de razão, intelecto e mente.
(Jo.16.8 – Jr. 20.7)
A palavra de Deus, não coloca as coisas nos termos de uma decisão, como
que partindo do agente humano, como se ele depois da determinação do
Pai em dá-lo a Jesus, ainda pudesse refletir sobre se aceitaria ou não ir a
Ele.

Definitivamente, não é esse o sentido do texto bíblico que diz


categoricamente:

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a Mim...”. (vs.37) não há aqui,
nenhuma possibilidade de indefinição quanto a ir ou não a Cristo.

A premissa, que determinaria a primeira etapa da dinâmica do Ezequiel,


portanto, é sutilmente enganadora.

Vamos à segunda etapa: “Alguém/qualquer um pode ir ao Pai através de


Cristo.”

Assim como na primeira, nessa etapa da dinâmica, há uma pegadinha


exegética escondida, derivada da anterior.

Se o Pai pôde enviar alguém ou qualquer um a Cristo, Jesus poderá enviar


alguém ou qualquer um a Deus.

E essa etapa, cuja competência pertenceria a Cristo, não dependeria da


etapa anterior da qual Deus é o responsável.

Ou seja, assim como Deus, enviou, unilateralmente, alguém a Cristo, do


mesmo modo, o Salvador, poderia enviar, unilateralmente, alguém ou
qualquer um a Deus Pai.

E nesse caso, seria como se a vontade Cristo, fosse independente da


vontade do Pai.

Ele ainda diz: “aliada à pregação universal do evangelho a toda criatura,


essa dinâmica demonstra acima de qualquer dúvida razoável que João
14.6 é um texto universal.

Ou seja, qualquer pessoa pode ir ao Pai, todavia unicamente através de


Cristo.
De acordo com esse argumento ridículo, Deus agiria de um lado, enquanto
Cristo agiria de outro lado.

Vamos aprofundar isso adiante.

Esse é o raciocínio do Ezequiel que ele pensa estar travestido de uma


sabedoria muito profunda.

Quando na verdade, é um raciocínio diabólico, que tende a confundir a


mente de "alguém/qualquer um" que ainda não compreenda o evangelho.

Em outro comentário absurdamente antibíblico, envolvendo textos dos


capítulos 6 e 14 de João ele vai dizer:

“Em João 14, por exemplo, Jesus apela aos discípulos para que creiam
n'Ele e no Pai, ao menos por causa das obras que Ele realizou a mando do
Pai, milagres como a multiplicação dos Pães descrita em João 6, estão
incluídos entre essas obras.

Isso indica que a dinâmica da fé dos discípulos verdadeiros não envolvia a


manifestação de uma crença confiante e obediente automática de origem
monergista em função de uma fantasiosa eleição pré-temporal na
eternidade passada, mas sim de decisão pessoal baseada na experiência
com Cristo e no chamado a crer.”

Antes de qualquer coisa, atentemos para o fato, de que em João 6,


excetuando-se seus discípulos que já o seguiam desde o início de seu
ministério, Jesus está lidando com uma multidão de incrédulos, com o
agravante, de que Ele já sabia que não creriam n'Ele, muito embora
tivessem testemunhado milagres extraordinários aí incluído a
multiplicação dos pães e peixes.

Já em João 14, o Mestre está reunido com seus fiéis discípulos, tristes e
desapontados ante a perspectiva de que seu Senhor e Salvador iria partir
em breve.

Não há nada no texto que indique a presença de gente incrédula nessa


reunião, exceto o traidor.
Portanto, a experiência deles com Cristo, logicamente, não poderia ser
comparada com a experiência dos demais que estiveram com Jesus
pessoalmente, em outras ocasiões, ainda que não cressem n'Ele.

Quer dizer que ter fé em Cristo, para o Ezequiel, dependerá da decisão


pessoal de alguém ou qualquer um, que apenas deseje crer em Jesus, e
não do que ele chama de; “uma fantasiosa eleição pré-temporal na
eternidade passada.” (sic)

Vamos mais uma vez deixar a palavra de Deus falar livre e


desimpedidamente.

Antecipamos que, ao objetar esses comentários, estaremos reafirmando,


simultaneamente, a terceira e última etapa da dinâmica da graça de Deus,
que desembocará na conclusão daquilo que realmente a bíblia afirma
como sendo a verdadeira doutrina da salvação.

Precisamos perguntar;

---- Afinal, a eleição incondicional é afirmada na bíblia ou não?

---- Se houve uma escolha divina, ela foi condicionada antes à escolha
humana?

---- Houve uma tensão entre a vontade de Deus e a vontade de Jesus?

Vamos ver o que a bíblia diz a respeito.

Um texto sobre o qual não deveria repousar nenhuma dúvida acerca


desse assunto é o de Efésios 1.3-14:

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em
Cristo.

Esse verso, diz que fomos abençoados ainda nas regiões celestiais em
Cristo. Isso significa que; desde a eternidade houve alguém em nome de
quem, seríamos abençoados, e sem Ele, não haveria essas bênçãos.
“Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu, n'Ele, para sermos
santos e irrepreensíveis diante d'Ele.

Aqui temos algumas informações claras e inequívocas, sobre;

- Uma ação divina: “Deus nos escolheu”

- A ocasião em que essa ação se consumou: “Antes da fundação do


mundo”

- Os objetivos dessa ação: “para sermos santos e irrepreensíveis diante


d'Ele”

- Por meio de quem essa ação foi possível: “Deus nos escolheu, n'Ele” (em
Jesus)

Então temos 4 elementos sobre os quais podemos trabalhar a questão da


eleição, fundamentados unicamente pela palavra de Deus.

Penso que o problema do Ezequiel e dos arminianos de um modo geral,


não é com a eleição em si, mas com relação ao tempo em que ela foi
consumada.

Eles, não aceitam em hipótese alguma, o fato de que Deus nos elegeu,
antes da fundação do mundo.

A palavra de Deus é clara nesse ponto. Apesar disso, essa cambada


arminiana, insiste em negar que isso seja real.

---- Que parte de “Deus nos escolheu, n'Ele, antes da fundação do


mundo”, essa gente não entendeu?

O raciocínio tortuoso deles diz que houve escolha de Deus, sim, mas, essa
se deu em função de sua presciência, e dentro da cadeia do tempo.

Como prova, citam a primeira carta de Pedro capítulo 1.1,2:

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da


Diáspora no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na Ásia e na Bitínia, eleitos
segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo.”

Seria mais ou menos assim; por ter previsto antecipadamente, quem por
si mesmo decidiria crer n'Ele, Deus os elegeu no momento de sua
conversão no tempo e no espaço.

Porém, mesmo tendo sido eleitos por Deus, que previu de antemão sua
conversão, nem mesmo esses, estariam com a salvação garantida, pois
poderiam apostatar da fé.

---- Que presciência de Deus seria essa, que prevê quem verdadeiramente
crerá, e por isso elege, mas não prevê quem apostatará?

---- Ou, que eleição seria essa que elege os que creem, mas que pode ser
anulada, por ter Deus previsto também sua apostasia?

---- Se Deus previu também apostasia de alguém, por que elegeria tal
pessoa?

---- E ainda, será que haveria possibilidade da eleição se basear apenas


sobre aqueles que Deus sabe que irão crer até o fim?

---- Se essa for a concepção aceita pelos arminianos, como esses poderiam
perder sua salvação, se Deus já sabe que permanecerão fiéis até o fim?

Conforme exposto anteriormente, desde a desobediência do homem no


Éden, Deus não teria mais a obrigação de conceder vida eterna a ninguém,
pois em Adão, toda a raça pecou e como tal, toda a raça teria que morrer.

É exatamente por isso que Paulo diz: “em Adão, todos morrem...” (I
Co.15.22)

Tanto o Ezequiel bem como, todos os arminianos, nunca entenderam essa


verdade afirmada pela palavra de Deus.

Assim como, nunca aceitaram o fato de que Deus, por um motivo que só a
Ele pertence, decretou permitir a entrada do pecado no mundo, tendo um
propósito santo com isso.
Deus nunca foi passivo na História, muito menos impotente.

Se Ele quisesse, poderia ter evitado a entrada do pecado no mundo, não


expulsando satanás para a Terra, conforme afirmado em Apocalipse 12:

“E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e


satanás, o sedutor de todo mundo. Ele foi atirado para a terra, e com ele,
os seus anjos.” (vs.9)

---- E aí Ezequiel, quer perguntar a Deus, porque Ele fez isso?

---- Ou você insistirá, de forma imbecil, que tudo se deve ao livre-arbítrio


humano e angelical e não à vontade soberana de Deus?

Sabendo que todos nós, criaturas humanas e terrenas, estaríamos


perdidos para sempre, caso Ele não interviesse, Deus, ainda antes da
fundação do mundo, nos escolheu para que fôssemos salvos pela vida de
seu Filho.

Deus nos elegeu, na eternidade, para que voltássemos a ser santos e


irrepreensíveis diante d'Ele.

Entretanto, isso só seria possível agora, pela mediação de Cristo, através


de quem receberíamos a sua justiça, pois havíamos perdido a nossa, em
Adão no Éden.

De agora em diante, não seria mais possível ao homem ser justo por suas
próprias obras, manchadas pelo pecado (Is.64.4).

A graça de Deus, deveria se manifestar na pessoa de seu Filho, que


assumiria nossa culpa, nossa condenação e nossa pena ao morrer na cruz.

Sua santidade e justiça seriam atribuídas a nós, pela fé, dom divino, que
nos habilitaria a crer n'Ele. “E a favor deles Eu me santifico, para que eles
também sejam santificados na verdade” (Jo.17.19)

“Porque o fim da lei é Cristo, para Justiça de todo aquele que crê”
(Rm.10.4)
Sem Jesus, não haveria graça, não haveria eleição, não haveria
possibilidade de redenção, pois nenhuma obra humana seria capaz de
anular a condenação de morte eterna imposta sobre toda a humanidade,
por causa de Adão.

Voltemos a Efésios; “Em amor nos predestinou para Ele, para sermos
adotados como seus filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o propósito
de sua vontade”

Esse verso dá um xeque-mate nas pretensões sinergistas do Ezequiel


Gomes.

Por conta de tudo que aconteceria no Éden, é que Deus elaborou um


plano de resgate da humanidade.

Deus é o sujeito da História da salvação, Ele é o sujeito que por amor nos
predestinou para Ele mesmo.

Predestinação, não é coisa do diabo, como afirma Ezequiel Gomes,


predestinação, é coisa proveniente do amor de Deus por nós.

---- E com que propósito maior Deus nos predestinou?

Para pertencermos a Ele, não por meio de algo que façamos em sinergia
com sua santa Pessoa, mas unicamente por meio de Jesus, que nos
adotaria justamente com o objetivo de sermos filhos de Deus, em
cumprimento de sua vontade.

Gostaria de perguntar ao Ezequiel;

---- Quem escolhe quem, em questões que envolvem adoção?


---- Porventura, a prerrogativa da escolha seria dos possíveis alvos de uma
adoção?

Essas perguntas, podem parecer ridículas, no entanto, se levarmos em


consideração que para o Ezequiel, em nossa relação com Deus, a
prerrogativa da escolha pertence ao ser humano, elas se tornam
importantes.
E aqui também, se confirma o que defendemos como sendo a última fase
da dinâmica da graça de Deus, que se constitui de 3 etapas, são elas:

1- Deus dá Jesus ao mundo: “Porque Deus amou o mundo de tal


maneira que deu seu filho unigênito, para que todo o que nEle crê,
não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo.3.16)
2- Deus dá “um mundo” a Jesus: “Todo aquele que o Pai me dá, esse
virá a Mim, e o que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora.”
(Jo.6.37)
3- Deus recebe um mundo de Jesus: “Jesus respondeu: Eu sou o
caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim.”
(Jo.14.6)

Toda a Trindade, está envolvida em todas as etapas da dinâmica da graça.


Não há qualquer tipo de tensão entre as vontades harmônicas do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.

Se tivéssemos que resumir o plano da redenção em uma frase, essa seria;


‘Viemos de Deus e por meio d'Ele, para Ele voltaremos’.

Afinal foi o próprio Deus, que nos predestinou, em amor, para que
fôssemos propriedade exclusiva d'Ele, por meio da adoção de filhos em
Jesus Cristo. (Ef.1.4,5 – I Pe.2,9,10)

Perceba como Pedro, confirma o que, tanto Paulo quanto João, já


explicitaram em seus escritos inspirados: “Pois também Cristo padeceu,
uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para CONDUZIR
VOCES A DEUS; morto, sim, na carne, mas vivificado no Espírito” (I
Pe.3.18)

Nos conduzir a Deus, esse é o objetivo maior do plano da salvação. É a


última etapa da dinâmica da graça.

Paulo continua: “para louvor da glória de sua graça, que Ele nos concedeu
gratuitamente no amado.” (Ef.1.6)

O louvor deve ser direcionado à graça de Deus, manifestada em seu Filho


amado, graça gratuita, pela qual, não pagamos absolutamente nada,
como que em sinergia com Deus.
“Nele temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados,
segundo a riqueza de sua graça” (Ef.1.7)

Nossa redenção não está baseada em nossas obras, supostamente feitas


em parceria com Deus, não podemos nos salvar com obras da lei, ou
derramando nosso próprio sangue, a remissão de todos os nossos
pecados se deu pelo sangue de Cristo.

“que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e


entendimento” (Ef.1.8)

Deus derramou graça sobre nós dando-nos sabedoria e entendimento


acerca do verdadeiro evangelho, ninguém poderá nos enganar, somente
aqueles que não amam essa verdade da graça de Deus é que serão
enganados:

“Ora o aparecimento do iníquo é segundo a ação de satanás, com todo


poder, sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos
que estão perecendo, porque não acolheram o amor da verdade para
serem salvos.
É por esse motivo que Deus lhes envia a operação do erro, para darem
crédito à mentira, a fim de serem condenados todos os que não creram na
verdade, mas tiveram prazer na injustiça.” (II Ts.2.9-12)

Como não creem na verdade revelada da palavra de Deus, Ele os envia


para o erro, para crerem na mentira.

“Ele nos revelou o mistério de sua vontade, segundo o seu propósito, que
ele apresentou em Cristo, de fazer convergir n'Ele, na dispensação da
plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra.”
(Ef.1.9,10)

Já não há mais mistério quanto à vontade maior de Deus, pois esta, nos foi
revelada em seu Filho, no tempo certo, segundo a agenda de Deus.

Foi por isso mesmo que Jesus declarou em João 14: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida; ninguém VEM ao Pai senão por Mim. Se vocês me
conheceram, conhecerão também meu Pai. E desde agora vocês o
conhecem e o tem visto.” (Vs.6,7)
Jesus não disse; ninguém vai ao Pai senão por mim; Ele disse “ninguém
VEM ao Pai”.

---- Haveria alguma importância nisso?

---- Se há; o que significaria?

Estar na presença de Jesus, neste contexto de João 14, significa estar em


uma relação pactual com o Salvador, não é meramente estar em sua
companhia física.

À exceção de Judas, todos os demais, estavam garantidos pelo fato de o


conhecerem salvíficamente e conhecendo-o desse modo, possuírem a
certeza de que já conheciam também o Pai.

Portanto ir a Jesus, em João, tem o sentido de crer n'Ele.

Além do mais, ir a Jesus, em João, também tem o sentido de ir ao próprio


Deus Pai, não havendo, por isso, nenhum motivo para fazer diferenciação
entre as Pessoas do Pai e do Filho, coisa que o Ezequiel Gomes procura
fazer inadvertidamente, sem o apoio da palavra de Deus.

Falaremos mais a respeito disso, à frente.

“Em Cristo fomos também feitos herança, predestinados segundo o


propósito d'Aquele que faz todas as coisas conforme o conselho de sua
vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de
antemão esperamos em Cristo.” (Ef.1.11)

Somos herança, e outra vez; por causa de Cristo.

Herança proposital de Deus, que faz tudo conforme o conselho de sua


vontade.

A única vontade que determinará, sermos ao mesmo tempo herança e


herdeiros, é a vontade de Deus, e não a vontade de Deus mais a nossa
vontade.

A vontade de Deus, por ser eterna e infinita, não poderia ser precedida
pela vontade finita do homem.
Não houve nada antes da vontade de Deus, do contrário, ela não poderia
ser a causa primária de tudo.

Seremos louvor da sua glória, não por participarmos cooperativamente


com Ele, mas por estarmos escondidos em Cristo, que já fez tudo o que
era necessário fazer para que fôssemos salvos; Deus declara:

“{...} não darei a mais ninguém a minha glória” (Is.48.11)

---- Se Deus não dará sua glória a mais ninguém, quem terá a coragem e a
estupidez de dizer que trabalhou com vistas à sua própria salvação
juntamente com Deus?

“N’Ele (em Cristo) também vocês, depois que ouviram a palavra da


verdade, o evangelho da salvação, tendo n'Ele também crido, receberam o
selo do Espírito Santo da promessa.” (Ef.1.13)

É a palavra da verdade, as boas novas de nossa salvação em Jesus, que nos


habilita a crer n'Ele mesmo.

Essa palavra não está originalmente em nós.

Assim sendo, não temos em nós mesmos o poder de produzir fé em


Cristo, como afirma o Ezequiel.

Paulo em Romanos diz: “E, assim, a fé VEM pelo OUVIR, e o OUVIR, pela
palavra de Cristo.” (Rm.10.17)

Não há essa coisa de fé “automática”, como nos acusa o senhor Ezequiel,


isso é produto de sua ignorância e preconceito.

A ação de “ouvir” pressupõe um processo mental inteligível, capaz de


assimilar, apreender e receber o que a palavra de Deus nos propõe como
verdade absoluta.

Existem 3 aspectos a serem observados em relação a esse texto de Paulo,


que se aceitos, evitarão que possamos assumir a ideia de um suposto
automatismo da fé, que o Ezequiel atribui ao calvinismo.
- A FÉ VEM: Se vem, é porque não está em mim. Se em mim estivesse, ao
invés de vir, a fé de mim, partiria.

- A FÉ VEM PELO OUVIR: Não vem pelo olfato, não vem pelo paladar, não
vem pelo tato, não vem pela visão.

A fé vem, única e exclusivamente, pelo canal da audição.

- A FÉ VEM, PELO OUVIR, E O OUVIR DA PALAVRA DE CRISTO:

Entretanto, a ação de ouvir nesse contexto, implica em poder, capacidade


e virtude, mediados pelo Espírito Santo, para compreender, receber e crer
na pessoa do Filho como nosso único salvador.

Caso contrário, toda pessoa dotada com orelhas e sentido pleno de


audição, estaria apta a crer em Cristo (automaticamente), simplesmente
por captar o som das palavras de Jesus através da pregação.

Desse modo, todos, indistintamente, que ouvissem a pregação do


evangelho creriam no salvador de maneira automática.

É exatamente em razão disso, que a aptidão para ouvir a palavra de Cristo,


que traz a fé até mim, não é de procedência humana.

O próprio relato da experiência de Jesus com a multidão de João 6


demonstra isso;

“Muitos de seus discípulos tendo OUVIDO tais palavras disseram: duro é


este discurso; quem o pode OUVIR?” (vs.60)

Captaram o som das palavras saindo diretamente da boca do Salvador,


porém, não puderam compreendê-las, e em consequência disso, não
creram n'Ele.

No capítulo 8 de João, o Mestre vai contribuir no sentido de ampliar nossa


intuição quanto ao significado especial que o termo “ouvir” carrega em si,
sempre que este estiver correlacionado à palavra de Deus.

Cristo vai dizer no verso 37: “A minha palavra não está em vocês.”
Esta é, sem dúvida, uma declaração cujas implicações se estendem a todas
as pessoas, de todas as épocas e lugares, nas quais a palavra de Cristo está
ausente.

Veja o que Jesus pergunta, ao mesmo tempo em que responde, aos


fariseus no verso 43:

“---- Por que vocês não compreendem a minha linguagem?


é porque vocês são incapazes de OUVIR a minha palavra.”

Esse texto é imprescindível para nos conduzir à uma cadeia de verdades


fundamentais em relação à fé, enquanto dom de Deus.

O que o Mestre nos revela aqui, é uma das provas mais evidentes de que
OUVIR a sua palavra, é um poder ou aptidão que não reside naturalmente
na pessoa humana.

Esta incapacidade de OUVIR a palavra de Deus é universal.

Nenhuma pessoa possui em si mesma, esse poder.

Logo, a compreensão da palavra de Cristo, se torna algo impossível para


todo aquele que ainda não passou pela experiência do novo nascimento, e
que, portanto, ainda está na carne.

O logos divino é que determina o princípio (archê) de tudo, inclusive, da


fé.

A palavra de Cristo que gera a fé, nos alcança como escolhidos de Deus,
que são todos aqueles a quem Deus, soberanamente, deu a Cristo.

Jesus vai perguntar aos seus seguidores:

“---- Não é fato que eu escolhi vocês, os doze? Mas um de vocês é um


diabo.” (Jo.6.70)

Somente isso explica o fato daquele grupo de judeus de João 6, não ter
crido n'Ele, mesmo tendo ouvido sua palavra.
Quanto àqueles que já eram seus fiéis e leais discípulos (exceção a Judas)
desde o início de seu ministério, o Senhor declara abertamente, que o
motivo de eles crerem, é por Ele os ter escolhido.

O que será confirmado em outros textos; “Não falo a respeito de todos


voces, pois eu conheço aqueles que escolhi” (Jo.13.18)

Jesus não os conheceu porque os escolheu, pelo contrário; Ele os escolheu


porque já os conhecia, e esse conhecimento antecipado, é o
conhecimento pactual.

Acerca desse conhecimento salvífico, Paulo em Romanos 8.29 vai dizer:

“Pois aqueles que Deus de antemão conheceu Ele também predestinou


para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.

O conhecimento ao qual o Apóstolo se refere aqui, não é aquele


proveniente da Onisciência divina, que tudo vê e tudo sabe a respeito de
tudo e de todos, porém, o conhecimento aqui mencionado é pactual, é o
conhecimento que Deus tem de todos aqueles a quem Ele soberanamente
elegeu desde a eternidade, inscrevendo seus nomes no livro da vida do
Cordeiro, desde a fundação do mundo”.

Os arminianos, assim como o Ezequiel, irão objetar, com base nesse texto
e em I Pedro 1.1,2; dizendo que Deus predestina somente aqueles a quem
Ele previu que iriam crer n'Ele, esquecendo-se, que se for assim, somente
esses é que serão verdadeiramente salvos, não cabendo aí, a ideia de
perda da salvação, já que foi o mesmo Deus que supostamente os teria
predestinado por esse motivo.

“Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem... e dou a minha vida


pelas ovelhas {...} As minhas ovelhas OUVEM a minha voz; Eu as conheço,
e elas me seguem.” (Jo.10.14,15,27)

“Não foram voces que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e os


designei para que vão e deem fruto {...,} mas voces não são do mundo ----
pelo contrário, Eu dele os escolhi...” (Jo.15.16,19)
Por tudo isso, é que o Mestre, no epílogo daquela experiência de João 6,
vai lhes dar o verdadeiro motivo de eles não terem crido n'Ele: “O Espírito
é o que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que Eu lhes
tenho falado são Espírito e são vida. Mas há descrentes entre voces. E
prosseguiu: por causa disto é que falei para voces que ninguém poderá vir
a Mim, se não lhe for concedido pelo Pai.” (Jo.6.63-65)

Muito embora, a palavra que saía de sua boca, fosse espírito e vida;
todavia, no que diz respeito especificamente àqueles descrentes em
condição carnal, Jesus nada fez para lhes modificar a sua natureza,
concluindo explicitamente, que não havia, no caso deles, a concessão do
Pai para tal.

Esse será o mesmo argumento apontado pelo Mestre, quando em


Jerusalém debatia com os fariseus conforme relato do capítulo 8 de João;
Ele vai dizer no verso 46: “Quem é de Deus OUVE as palavras de Deus; por
isso, voces não me OUVEM, porque não são de Deus.”

Somente aqueles que forem objetos de sua escolha soberana, é que serão
conduzidos à fé em Cristo.

Esses, por uma decisão unilateral e suprema de Deus, o Rei dos Reis e
Senhor dos Senhores, pertencem a Ele, e assim como Jó, não poderão ser
tocados de maneira fatal pelo maligno.

“Mas voces não creem, porque não são das minhas ovelhas.” (Jo.10.26)

Só se tornarão ovelhas de Cristo, aquelas a quem o Pai destinar a Ele.

“Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco. Preciso trazer também
estas. Elas OUVIRÃO a minha voz, e então haverá um só rebanho e um só
Pastor.” (Jo.10.16)

Quando o Mestre realmente comandar que alguém creia n'Ele, esse,


inevitavelmente, crerá; não porque foi forçado a crer ou creu de modo
automático, mas porque foi objeto da ação poderosa do Espírito Santo de
Deus.

É Jesus que afirma, referindo-se às ovelhas: “Elas OUVIRÃO minha voz”.


---- Alguém mais, além do Ezequiel, duvidaria disso?

É o que a palavra de Deus expressa de modo insofismável:

“... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.”
(Atos 13.48)

A lógica não é: foram destinados para a vida eterna porque creram, e sim;
creram, porque foram destinados para a vida eterna.

Estariam todos impossibilitados de crer em Cristo, caso não fossem


destinados.

O mesmo se deu com Saulo de Tarso, o incrédulo perseguidor de Jesus.

O Justo Ananias de Damasco, lhe descortinou o destino que Deus havia


traçado para ele: “O Deus de nossos pais escolheu você de antemão para
conhecer a vontade dele, ver o Justo e OUVIR a voz d'Ele.” (Atos 22.14)

Aos Coríntios, Paulo confirma o que já estamos, há algum tempo,


revelando pela palavra de Deus: “Quem é Apolo? E quem é Paulo? São
servos por meio de quem voces creram, e isto, conforme o Senhor
concedeu a cada um.” (I Co.3.5)

Esse é outro texto que desmonta a ideia do Ezequiel que afirma, dentre
outras absurdidades, que Jesus não é autor da fé particular de cada
pessoa, porque, cada um, supostamente, teria o poder de dar origem à
sua própria fé.

Paulo diz o contrário aos Coríntios; creram, conforme a concessão do


Senhor a cada um.

A ação de crer em Cristo, se processa no coração do homem, a quem Deus


concedeu o dom da fé.

De acordo com o que já comentamos anteriormente, o ato de crer; é


humano, sim, mas, paradoxalmente, não se originou do próprio homem, é
resultante da fé, que enquanto dom de Deus, o alcançou.
Deus não crê, por nós, no entanto, quando nos concede o dom da fé,
nosso coração (mente) crê. É Paulo que diz: “porque com o coração se crê
para justiça.” (Rm.10.10)

Ele mesmo declara, “{...} Apolo auxiliou muito aqueles que, mediante a
graça, haviam crido;” (At.18.27)

A graça de Deus mediou a fé em Cristo. A fé se manifestou por causa da


graça. Sem graça, não haveria fé.

Dito de outro modo, fé é dom da graça, mediado pelo Espírito Santo, que
pela permissão de Deus atua em nós, convencendo-nos a crer em seu
Filho Jesus.

Consequentemente, não haverá uma tal relação “automática” entre Deus


e o homem, porquanto, ainda que Jesus seja o autor e consumador da fé,
somente pela graça de Deus e persuasão do Espírito Santo em nós, é que
seremos convencidos a crer n'Ele como nosso Salvador e Senhor. (Jo.16.8)

Onde estará o automatismo inferido pelo Ezequiel Gomes na relação entre


Deus e homem segundo a visão calvinista?

Ele espera que todos os leitores da palavra de Deus, sejam tão ignorantes
quanto ele, e que não possam perceber sua malandragem exegética.

Esses que, por terem ouvido a palavra da verdade creram em Jesus, já


receberam o selo do Espírito Santo da promessa.

Pois segundo Paulo: “O Espírito é o penhor da nossa herança, até o


resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” (Ef.1.14)

---- Como poderemos perder a salvação, se já fomos selados pelo Espírito


Santo, penhor da nossa herança, como propriedade exclusiva de Deus, o
qual nos resgatará por ocasião da volta de seu Filho?

Fomos selados como propriedade de Deus, e a garantia de que seremos


por Ele resgatados, por termos crido em seu Filho, é a presença do Espírito
Santo em nossa vida, para sempre.
É o que o próprio Senhor nos promete em João 14.16: “E Eu pedirei ao Pai,
e Ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com voces para
sempre.”

---- Gostaria muito de saber, como alguém, verdadeiramente, selado pelo


Espírito Santo, que é também o penhor da nossa herança, garantidor do
nosso resgate, a quem Jesus promete que vai estar sempre conosco,
poderá perder sua salvação?

Só para os cabeças ocas do Ezequiel e sua gang arminiana isso seria


possível.

Ele continua com seus devaneios: ”Portanto, concluímos que João 6.44,
em seu contexto, não implica que o Pai atraiu apenas os
eleitos/predestinados a Jesus, mas atraiu a todos, convidou todos a
crerem...”

É impressionante a capacidade dele para, não apenas inverter o sentido


das palavras de Jesus, mas muito mais, para pervertê-las.

---- Se Jesus atraiu a todos, por que nem todos vão a Ele?

Tanto no contexto de João 6 quanto no contexto de João 12; onde, no


verso 32 Jesus afirmou que: “E Eu quando for levantado da terra, atrairei
todos a Mim.”, houve descrentes que não creram n'Ele.

Quando estava na cruz, nem todos foram atraídos pactualmente a ele.


E muitos, dentre aqueles que foram testemunhas oculares de sua
crucificação, também não creram n'Ele.

É óbvio, que o termo “todos”, tem relação com os eleitos de Deus,


conforme demonstrado por fartas evidências bíblicas.

---- Convidar a todos, teria o mesmo sentido de atrair?

Um convite, não tem o mesmo significado semântico de uma atração.

Por trás de toda atração, existe um impulso, entretanto, não existe um


impulso por trás de todo convite.
---- Por que o Ezequiel anteriormente, colocou essa questão do crer como
um comando ou ordem direta de Deus, e não como convite?

Porque ele é contraditório, incoerente, tendencioso, mal intencionado e


um analfabeto funcional.

---- Porventura, o termo “todos” de João 12.32, estaria se referindo à toda


e qualquer criatura?

Se assim fosse, Jesus estaria mentindo, porque nem toda criatura creu
n'Ele após sua crucifixão.

Além do mais, o próprio João evangelista, referindo-se à uma profecia


messiânica de Isaías, atribui a Deus o fato de muitos dentre aqueles que
testemunharam seus milagres não terem crido em Jesus.

Ele vai dizer: “E embora tivesse feito tantos sinais na presença deles, não
creram n'Ele, para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor,
quem creu em nossa pregação? Por isso não podiam crer, porque Isaías
disse ainda: Cegou os olhos deles e endureceu lhes o coração, para que
não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e
sejam por mim curados.” (João 12.37-40)

Já provamos através da exposição de vários textos, que conforme


afirmação do Mestre, “a carne para nada aproveita”, dito isso,
acrescentamos que nesse estado, nenhuma pessoa por mais bem
intencionada que seja, tem inerentemente em si, a capacidade natural
para crer em Jesus.

Portanto, para fazer cumprir sua palavra expressada pelos profetas, Deus
não precisaria intervir na estrutura intelectual do homem, no sentido de
cegá-lo ou endurecer seu coração com o propósito de não o permitir
entender e crer em seu Filho, para isso, basta Ele passar por alto todos
esses, não atuando neles por meio do Espírito Santo.

Todos esses, desde a queda de Adão, estão em estado de trevas


espirituais, eles não possuem luz espiritual interior, capaz de fazê-los crer
em Cristo, somente o Senhor que veio “como luz para o mundo”
(Jo.12.46), terá o poder de projetá-la sobre aqueles a quem Ele quiser
(Jo.5.21), a fim de que não permaneçam nas próprias trevas.
Ainda, dentro do espectro das implicações tanto de João 6.44, quanto de
Joao 14.6, Ezequiel Gomes vai mais uma vez, conjeturar de modo
intencional, no sentido de confundir e perverter as claras e inequívocas
palavras de Jesus, com o intuito de acomodá-las às suas conveniências
teológicas fraudulentas.

Vamos novamente, abrir aspas para ele: “Ou o Pai dá ao Filho quem não
foi a Ele através de Cristo previamente, ou Cristo conduz ao Pai pessoas
que ainda não lhe foram dadas da parte do Pai.”

Olha só a que ponto vai a perversão desse sujeito; para ele deve haver
uma dicotomia entre a vontade do Pai e a vontade do Filho.

A obra de um, não seria a mesma obra do outro.

Se o Pai pode dar ao filho alguém, que antes não tenha ido a Ele, por
intermédio de Jesus, Cristo poderia dar ao Pai pessoas que ainda não lhe
foram dadas por Ele.

Esse raciocínio é digno de uma mula com cabeça, mas destituída de


cérebro.

Tem mais... prepare-se para entrar em uma engrenagem exegética que


poderá triturar sua mente por completo.

“Esse dilema lógico parece indicar que provavelmente o propósito desses


textos (6.44; 14.6) não é falar aquilo que o calvinismo pretende, a saber,
de uma ordus saluti (ordem da salvação) nos termos de seu entendimento
particular.”

Note que ele, se utiliza dos termos; “parece” e “provavelmente”, palavras


que indicariam uma incerteza quanto aquilo que está afirmando.

Continuemos; “Se a ordem da salvação é aquela na qual o Pai dá aquele


que será salvo a Cristo, não há espaço para a ideia de que “ninguém vem
ao Pai, senão por Mim”, pois isso implicaria que antes de ser dada ao
Filho, a pessoa já estava sendo conduzida por Jesus na direção da pessoa
do Pai, que só então lhe daria ao Filho”
Pera lá... vamos tentar entender mais esse imbróglio do sr. Ezequiel
Gomes; quer dizer que se a ordem da salvação estiver baseada no fato,
comprovado e irrefutavelmente bíblico; de que o Pai dá soberanamente,
alguém a Cristo, não haveria então, “espaço” para Cristo declarar que
“ninguém vem ao Pai, senão por Mim”?

Pois, se assim fosse, isso significaria que Jesus já estaria conduzindo


alguém ao Pai, antes de Ele dá-la ao Filho para que depois o Filho pudesse
dá-la de volta a Ele.

Misericórdia Senhor!

Ou uma coisa ou outra, esse é o resumo da ‘ópera’, que o Ezequiel quer


enfiar goela abaixo de todo leitor de seu livro.

Se o Pai der alguém a Cristo, Jesus, por sua vez, não pode conduzir
ninguém ao Pai.

Tem mais confusão chegando;

“Por outro lado, se a ordem da salvação é aquela segundo a qual a pessoa


vai ao Pai através de Cristo, não há espaço para que o Pai dê as pessoas a
Cristo previamente, pois isso implicaria que antes de ir ao Pai através de
Cristo, a pessoa já era conduzida pelo Pai de qualquer forma, mesmo
antes de ter ido a Deus através de Cristo.”

Então tá, a obra de Deus, segundo a visão míope do Ezequiel, não pode se
harmonizar com a obra de Cristo.

Como ele mesmo colocou; ou é uma coisa, ou, outra.

Ele vai concluir sua ideia dizendo o que se segue:

“Assim sob a ótica estrita do monergismo, Deus não pode dar ninguém ao
Filho, se Jesus não tiver servido de meio para a pessoa chegar até o Pai em
primeira instância. Mas se a pessoa já está sendo conduzida por Cristo,
antes do Pai concedê-la ao Filho, a importância da imagem em 6.44
desvanece por completo.”

---- Sabe aquela coisa em que, quanto mais se mexe, mais fede?
Pois é ... ler o que Ezequiel escreve sobre salvação, obra de Deus, obra de
Cristo, graça, fé etc. etc. etc., se parece muito com isso.

Quanto mais você se aprofunda, mais voce se enlouque.

---- Então, o Pai estaria impedido de dar alguém, unilateralmente, a Cristo,


se antes, Jesus não estiver conduzindo esse alguém ao Pai?

---- Mas de onde esse sujeito tirou isso?

---- Será que não há cérebro em seu crânio?

---- Ou será que não há cabeça nesse corpo?

Vamos novamente apelar para a infalível palavra de Deus, com o desígnio


de desatar esse nó exegético, produzido, por esse ser dotado de uma
inteligência digna de representar o planeta dos macacos aqui na terra.

Antes, preciso esclarecer, que existe um termo técnico teológico dentro


da disciplina que se dedica ao estudo da Divindade, que servirá como guia
através do qual, poderemos entender os modos pelos quais cada pessoa
da Trindade, se relaciona entre si.

O termo é: perichoresis; que foi “primeiramente usado pelos pais


capadócios, referindo-se à habitação e comunhão mútuas das pessoas da
Trindade.” (Horton, Michael. Doutrinas da fé Cristã. Editora Cultura Cristã.
2011. p.1045)

“perichoresis” descreve a mútua interpenetração das pessoas da


Trindade.

“Perichoresis” designaria a dinâmica relação que há entre as 3 pessoas da


Divindade; Pai, Filho e Espírito Santo, caracterizada analogicamente como
uma espécie de dança, onde cada uma assume um determinado
movimento harmônico sempre em associação coordenada e íntima de
uma com as outras.

Dito isso, ficará mais fácil para alguém que ainda não tenha familiaridade
com as tecnicalidades teológicas, compreender algumas passagens
bíblicas que tratam de descrever as ações do Pai, do Filho e do Espírito
Santo.

O que será útil, no sentido de evitarmos cometer os mesmos erros


absurdos e ao mesmo tempo infantis; cometidos pelo Ezequiel e pelos
arminianos de um modo geral.

As obras do Pai, do Filho e do Espírito Santo estão entrelaçadas, de tal


modo, que uma não tem mais primazia que outra, assim como, a relação
Trinitária, é harmônica em seus propósitos, mas o próprio Cristo deixou
claro, que tudo começa em Deus.

“Então Jesus lhes disse: “

---- Em verdade, em verdade lhe digo que o Filho nada pode fazer por si
mesmo, senão somente aquilo que vê o Pai fazer; porque tudo o que Este
fizer, o Filho também faz [...]

Eu nada posso fazer por Mim mesmo [...]

Porque Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a
vontade d'Aquele que Me enviou [...]

Eu não vim porque Eu, de Mim mesmo o quisesse

[...] Eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de Mim mesmo, mas Ele
Me enviou.”
(Jo.5.19,30 – 6.38 - 7.28 – 8.42)

Observem, a fina sintonia que há entre Pai e Filho, a submissão d'Este a


seu Pai, não que Ele fosse, enquanto ser divino que é, inferior em relação
a Ele, mas enquanto humano e na condição de Filho do Homem, Jesus se
submeteu completamente às ordens e vontade do Pai.

A vontade de Jesus, é a mesma vontade de Deus, Cristo não faz


absolutamente nada que não esteja antes, prevista e ordenada por Deus
Pai.

A declaração do Mestre em João 7.28, dando conta de que Ele não veio a
terra porque Ele mesmo o quisesse, não significa, no entanto, que Ele não
queria vir salvar o homem, ou que Ele tenha vindo, de má vontade, mas
significa, antes, que enquanto Filho, estava em estrita subserviência ao
seu Pai.

Em João 8.42; ele diz que não veio por si mesmo, mas que o Pai o enviara.

Ao mesmo tempo em que Cristo se submetia, incondicionalmente, à


vontade de seu Pai, Ele procurava imprimir nas mentes de seus discípulos
fiéis, sua identificação total com o próprio Pai;

“Jesus clamou, dizendo: Quem crê em Mim crê não em Mim, mas
n'Aquele que Me enviou. E quem vê a mim vê Aquele que Me enviou.”
(Jo.12,44,45)

Até mesmo, as palavras que Ele pronunciou, não foram suas próprias
palavras:
“Porque Eu não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Esse Me
ordenou o que dizer e o que anunciar... Portanto, as coisas que Eu digo,
digo exatamente assim como o Pai me falou.”

Isso, entretanto, não quer dizer que Jesus era apenas um mero repetidor
das palavras do Pai, ou que Ele não estivesse comprometido com aquilo
que dizia por ordem d'Ele, significava isto sim, que, mais uma vez, como
filho obediente que É, estava totalmente submisso às ideias, pensamentos
e planos do Pai.

No capítulo 14 de João, percebemos claramente, dois aspectos da legítima


preocupação de Jesus quanto aos seus discípulos mais próximos.

No primeiro, o Mestre procura lidar com a sua estrutura emocional por


isso Ele vai dizer: “Que o coração de voces não fique angustiado; voces
creem em Deus, creiam também em Mim.” (Jo.14.1)

Diante da iminente partida de seu Senhor, eles são tomados por uma forte
sensação de desamparo.

Jesus sabe disso, e procura trabalhar no sentido de acalma-los e conforta-


los com as boas novas de que Ele, apesar de estar indo ao encontro do Pai,
irá também preparar um lugar para cada um e depois voltar para busca-
los.
Ele diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas... pois vou preparar um
lugar para voces. E quando Eu for e preparar um lugar, voltarei e os
receberei para Mim mesmo, para que onde Eu estou, voces estejam
também.” (Jo.14.2,3)

Esse trecho, também transmite a ideia de que Jesus estava garantindo a


salvação de cada um deles. Note a força das promessas: “...vou preparar
um lugar para voces...voltarei e os receberei para Mim mesmo [...] Eu
pedirei ao Pai, e Ele lhes dará outro Consolador, afim de que esteja com
voces para sempre [...] não deixarei que fiquem órfãos.” (vs.2,3,15)

Jesus assume para si toda responsabilidade de lhes assegurar sua


salvação. Prometendo-lhes coisas que Ele jamais poderia prometer, caso a
salvação estivesse condicionada a realização de obras em sinergia com o
Pai.

“...voces Me verão... voces viverão (vs.19).

Naquele dia voces saberão que Eu estou em meu Pai, que voces estão em
Mim e que Eu estou em voces. (vs.20)”

Cristo estava falando com um grupo de discípulos, verdadeiramente,


convertidos (exceção a Judas), pois a respeito deles Ele declarou: “voces
estão em Mim”, isso não seria dito para alguém que ainda não tivesse
passado pelo novo nascimento.

Então, concernente à sua preocupação com seu estado emocional é que o


Mestre, procura confirma-los na fé e consola-los, inclusive, prometendo-
lhes também a vinda de outro Consolador, que estaria para sempre com
eles. (vs.16)

O outro aspecto da legítima preocupação do Senhor em relação aos seus


discípulos amados, era instruí-los, simultaneamente, quanto a sua
identificação com a obra, caráter, natureza e essência divinas.

Jesus, primeiro, lhes afirma algo com o qual Tomé ficará intrigado: “voces
conhecem o caminho para onde Eu vou.” (vs.4)
Tomé declara que eles não sabiam para onde o Senhor estava indo, e em
seguida lhe pergunta: “Como podemos saber o caminho?” (vs.5)

Ao que Jesus lhe responde;

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
Mim. Se voces Me conheceram, conhecerão também o meu Pai. E desde
agora voces o conhecem e tem visto.”

Para o Ezequiel Gomes há uma tensão entre os textos de João: 6.44 e


14.6; pois de acordo com ele, não se poderia aceitar o que ambos,
simultaneamente, afirmam. Ou voce deveria aceitar o fato de que
ninguém pode ir a Cristo antes, se o Pai não o levar, e desconsidera 14.6,
ou voce aceita o fato de que Jesus conduz ao Pai todos aqueles que por
meio d'Ele quiserem ir a Ele, sem levar em consideração as implicações de
6.44.

Segundo as tortuosas ideias e deduções do sr. Gomes, não há como ficar


com as duas verdades expressadas por esses dois textos, pois assumir suas
respectivas implicações, significaria supostamente, aceitar uma cisão
entre a vontade e ação do Pai e a vontade e ação do Filho.

Ao que parece, não foram somente os discípulos que não compreenderam


a verdadeira natureza do relacionamento entre o Pai e o Filho, assim
como, as atribuições de cada uma das pessoas da divindade.

“Ninguém vem ao Pai senão por Mim” (vs.6), disse Jesus.

O interessante é que Ele não disse; ‘ninguém VAI ao Pai’, e sim; “Ninguém
VEM ao Pai.”

Isso parece não ter importância, mas, se considerarmos todos os demais


textos mencionados neste trabalho, bem como, o que Cristo declara a
respeito de si mesmo e sua missão, no próprio capítulo 14, veremos que
esse não é um simples detalhe gramatical.

---- Por que o Mestre, ao invés de dizer ‘ninguém vai’, disse “ninguém
VEM...?”
Ora se observarmos com atenção a sequência da narrativa, veremos que
Jesus, se identifica como que possuindo o mesmo caráter do Pai:

“Se voces me conheceram, conhecerão também o meu Pai. E desde agora


voces o conhecem e tem visto.” (vs.7)

Cristo tentava por todos os meios, convencê-los de que eles já estavam


diante do Pai, por estarem na presença do Filho, já conheciam o caráter
do Pai, por já conhecerem o caráter do Filho.

Em outra ocasião, o Mestre já lhes havia dito: “Eu e o Pai somos um”.
(Jo.10.30)

“[...] o Pai está em Mim e... Eu estou no Pai.” (Jo.10.38)

Para os discípulos, essa era, sem dúvida, uma questão paradoxal.

---- Como equacionar a ideia de que seu mestre estava indo para a casa do
Pai, ao mesmo tempo em que Ele afirmava ser o próprio Pai?

Eles nunca haviam compreendido, enquanto estiveram com o Mestre, sua


dupla natureza; divino-humana.

Em razão disso, não puderam reconhecer plenamente o fato de que Jesus,


era Deus também, o que mais tarde, o próprio João veio a reconhecer e
expressar no prólogo de seu evangelho:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus.” (Jo.1.1)

O pedido de Filipe direcionado ao Mestre, comprova esse entendimento:

“Senhor, mostre-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo.14.8)

Jesus sabe que teria que ter muita paciência para lhes incutir essa ideia; ...

“---- Há tanto tempo estou com voces, Filipe, e voce ainda não me
conhece? Quem vê a Mim vê o Pai” (vs.9)
Somente isso bastaria para que qualquer estudioso sincero da palavra de
Deus, se convencesse de que não há nenhuma dicotomia entre João 6.44
e 14.6.

O que há, é uma perfeita harmonia entre as vontades do Pai e do Filho,


assim como, uma perfeita sincronia entre as obras do Pai e as obras do
Filho.

Jesus sabe que esse é o momento certo para semear em suas mentes as
preciosas verdades de que Ele e o Pai estavam eternamente ligados pelos
laços indissolúveis da divindade e que por conta disso, entre Ele e seu Pai
não havia qualquer tipo de discórdia.

Ele vai afirmar: “Creiam que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim;
creiam ao menos por causa das mesmas obras.” (Jo.14.11)

Asseverar que a atuação do Pai difere em natureza, da ação do Filho, e


que em razão disso, não se pode concilia-las, tendo, dessa maneira, que
escolher entre uma ou outra, evidencia um total desconhecimento do
plano da redenção, elaborado pelo Deus trino na eternidade pretérita.

Outro texto que exprime com muita clareza a íntima e harmoniosa relação
entre as obras do Pai e as obras do Filho, é o capítulo 17 de João.

“---- Pai é chegada a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique
a ti, assim como lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, a fim de
que Ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.” (vs.1,2)

A hora em que o Filho deve ser glorificado chegou.

Mas o Filho ainda deve glorificar seu Pai, consumando na cruz, aquilo para
o qual Ele, enquanto Homem, viera realizar.

Até esse ponto, Jesus já havia realizado muitas obras em nome do Pai,
muitas das quais, não puderam ser registradas, como o próprio João
declara em seu evangelho: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que
Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, penso que nem no
mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.” (Jo.21.25)
Deus deu a seu Filho autoridade sobre toda a humanidade, afinal de
contas; “Todas as coisas foram feitas por Ele, e, sem Ele, nada do que foi
feito se fez.” (Jo.1.3)

Mais a frente João relata as palavras de João Batista a respeito de Jesus:


“O Pai ama o Filho e entregou todas as coisas nas mãos d'Ele.” (Jo.3.35)

Todas as coisas, estão nas mãos santas de Cristo, isso inclui, é óbvio, todas
as pessoas, o que é confirmado pelo próprio Jesus quando disse que Deus
lhe deu “autoridade sobre toda a humanidade.”

Isso, no entanto, não significa que Ele veio salvar toda e qualquer criatura
da terra, ou que o Pai lhe tenha ordenado a cumprir essa missão.

No próprio texto de João 17, temos a confirmação do que acabamos de


dizer.

O fato de o Filho possuir autoridade sobre toda criatura da terra, está


vinculado aos domínios da Providência Divina, e não aos da Redenção.

O filho vai afirmar isso em toda extensão do capítulo 17 de João;

“...assim como lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, a fim de


que Ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.” (vs.2)

Embora o filho tenha recebido do Pai, o direito de exercer “autoridade


sobre toda a humanidade”, a concessão da vida eterna, conforme
deliberação soberana do Pai, é direcionada, exclusivamente, aos que Deus
lhe deu.

Negar esse fato, é negar as palavras, a missão, as obras e a autoridade de


Jesus como Senhor e Salvador.

“eu te glorifiquei na terra, realizando a obra que me deste para fazer.”


(vs.4)

A obra que o Pai lhe confiara, a saber; salvar àqueles que lhe foram dados,
fora realizada, mesmo que o Senhor, nessa ocasião, não tivesse ainda sido
crucificado, a cruz seria o ápice daquilo que Ele, como enviado de Deus,
realizaria em prol do homem.
“Manifestei o teu nome àqueles que Me deste do mundo. Eram teus, tu os
deste a Mim, e eles tem guardado a tua palavra.” (vs.6)

O Salvador manifestou o nome do Pai, somente “àqueles” que Este lhe


dera.

Isso indica que houve um trabalho por parte do próprio Cristo, por meio
do Espírito Santo, com o desígnio de convencê-los a crer no filho como seu
Salvador, esse entendimento, desqualificaria qualquer suposição de algo
automático, na relação de Cristo com esses a quem o Pai lhe deu.

Até o final do capítulo, isso ficará evidenciado.

Outro fato digno de nota, é o que Cristo revela acerca do status relativo
àqueles a quem o Pai lhe deu. Ou seja, todos esses, que foram dados por
Deus a Jesus, eram acima de tudo e antes de qualquer coisa,
‘propriedades’ do Pai.

“Eram teus”, disse o Mestre. Pertenciam a Deus.

---- Mas, de que modo esses pertenciam a Ele?

Essa pergunta, é pertinente, porque absolutamente tudo pertence a Deus


e todas as coisas foram entregues por Ele a seu filho (Jo.3.35), então;

---- Como resolver essa aparente controvérsia?

Ora, é simples, reafirmamos que “todas as coisas” entregues pelo Pai ao


Filho; tem relação com seu domínio sobre tudo, ou seja, seu governo
universal; exercido sobre “justos” e injustos”.

Agora, quando Cristo afirma que esses a quem o Pai lhe deu, pertenciam a
Ele antes de serem dados ao filho, todos eles foram dados como eleitos ou
escolhidos de Deus para a salvação, em seu Filho, “antes da fundação do
mundo.” (Ef.1.3,4,5)

Pedro escrevendo aos eleitos declara a respeito de Cristo:


“Ele foi conhecido antes da fundação do mundo, mas foi manifestado
nestes últimos tempos, em favor de voces.” (I Pe.120)
Jesus foi conhecido, enquanto filho de Deus, o Messias; antes da fundação
do mundo, porque por meio d'Ele, os eleitos de Deus seriam efetivamente
salvos.

Mas só foi manifestado nesses últimos dias “em favor de voces”; não há
como confundir esse: “em favor de voces”, com toda e qualquer criatura
da face da terra, ou como diria Ezequiel Gomes; alguém/qualquer um.

Os escolhidos, eram propriedade de Deus, e somente Ele poderia dá-los a


Jesus.

“Agora eles reconhecem que todas as coisas que Me tens dado provém de
Ti, porque Eu lhes tenho transmitido as palavras que Me deste, e eles as
receberam, verdadeiramente reconheceram que saí de Ti e creram que Tu
Me enviaste.” (Jo.17.7,8)

Mais uma prova de que as palavras que Cristo afirma ter recebido do Pai,
foram a causa de todos eles terem crido no Filho, não há como tergiversar
sobre isso, como faz o sr. Gomes.

As palavras de Cristo, são as mesmas palavras do Pai, que foram


direcionadas especialmente, àqueles a quem o Pai lhe deu, e não a toda
criatura da terra.

É exatamente por isso que Cristo agora intercede somente por esses;

“É por eles que Eu peço; não peço pelo mundo, mas por aqueles que me
deste, porque são teus.” (vs.9)

Observe bem; por serem propriedade exclusiva e especial de Deus, e por


terem sido dados a Jesus, é que Ele agora só intercede por “estes”.

Esse texto é o prego que faltava no caixão da prepotência e arrogância de


todo arminiano bem como de todo pelagiano.

O Mestre faz questão de frisar:

“É por eles que Eu peço, não peço pelo mundo”;


---- Será preciso desenhar para que voce Ezequiel compreenda de uma vez
por todas, que Cristo já sabia, desde a eternidade, por quem Ele
realmente morreria?

---- Ou agora voce irá negar também, a onisciência d'Ele?

A intercessão sacerdotal de Cristo é endereçada somente àqueles a quem


o Pai lhe deu, durmam com esse barulho, todos os que não concordam
com a clara e inequívoca afirmação de Jesus.

Não há motivo para que eu fique titubeando, entre aceitar uma ordus
salutis (ordem da salvação) que principie com Deus (6.44) e uma que,
supostamente começaria em Cristo (14.6).

Em consonância com isso, o Mestre vai declarar também: “Todas as


minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, Eu sou
glorificado.” (vs.10)

Esse é outro texto que destroça todo malabarismo exegético do Ezequiel


em torno de João 6.44 e 14.6; o que é do Pai, é também do Filho, o que
pertence ao Filho, também pertence ao Pai, não há porque aceitar um, em
detrimento do outro.

“e, neles, Eu sou glorificado”;

É impressionante, a clareza das palavras de Cristo nesse texto.

Não é nas “coisas” do mundo, que o Senhor é glorificado, não é em


alguém/qualquer um, que Ele será glorificado agora ou no futuro, porque
nunca foi assim no passado.

Jesus, foi, É e será glorificado somente “neles”;

---- Quem são esses?

“Manifestei teu nome àqueles que Me deste do mundo”; vai responder


Cristo! (Jo.17.6)

“Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, enquanto eu vou
para junto de Ti.
Pai Santo, guarda-os em Teu nome, que Me deste, para que eles sejam
um, assim como nós somos um.

Quando Eu estava com eles, guardava-os no Teu nome, que me deste; Eu


os protegi e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição para se
cumprir a Escritura

[...] Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal.”
(vs.11,12,15)

Esses textos de João 17, também implodem os falaciosos argumentos de


Ezequiel Gomes acerca de João 6.44 e 14.6; nesses versos, temos uma
síntese daquilo que denominamos de dinâmica da graça.

Primeiro tomamos conhecimento de que Deus deu muitos filhos a Jesus;

“Todo aquele que o Pai Me dá esse virá a Mim, e o que vem a Mim, de
modo nenhum o lançarei fora” (6.37);
Depois ficamos sabendo que o Mestre os recebeu; “Eram teus Tu os deste
a Mim, e eles tem guardado a Tua palavra.” (Jo.17.6);

Agora somos informados de que Cristo os guardou; “Quando Eu estava


com eles, guardava-os no Teu nome” (vs.12);

E por fim, diante de sua iminente partida, o Senhor irá devolvê-los aos
cuidados do Pai;

“guarda-os em Teu nome, que Me deste” (vs.11)

Nessa dinâmica divina, está a garantia de que nenhum crente verdadeiro


perderá sua salvação.

Afirmar o contrário, como faz nosso irmão Ezequiel Gomes, é desconfiar


do poder do próprio Deus todo poderoso, a quem nosso Senhor Jesus
Cristo confiou nossa guarda.

Tanto em Paulo quanto em Pedro temos um vislumbre dessa dinâmica


divina se desenvolvendo pela graça;
“Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu nEle (Cristo), diante
d'Ele. Em amor nos predestinou para Ele (Deus)” (Ef.1.4,5)

Paulo aqui deixa muito claro que em Cristo e por amor, fomos
predestinados para Deus mesmo, com o propósito de sermos santos e
irrepreensíveis diante d'Ele.

De outro modo, Pedro vai dizer basicamente a mesma coisa:

“Pois também Cristo padeceu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos
injustos, para conduzir voces a Deus...” (I Pe.3.18)

A esses a quem o Mestre os guardou por tê-los recebido do Pai, Ele vai
dizer;
“... Eu os protegi e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição,
para se cumprir a Escritura” (Jo.17.12)

Alguém poderia dizer que somente esses que estiveram juntos de Jesus,
com exceção de Judas, é que não se perderam, ou seja; seus discípulos
mais próximos.

Isso seria prontamente rebatido simplesmente pela leitura do verso 20;


onde o Senhor diz:

“---- Não peço somente por estes, mas também por aqueles que vierem a
crer em Mim, por meio da palavra que eles falarem”

Então podemos afirmar com 100% de certeza que; todos os verdadeiros


crentes em Jesus, estão sob a guarda segura do Pai, algo que o próprio
Mestre já havia declarado antes:

“Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco. Preciso trazer também
estas

[...] Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará


da minha mão.

Aquilo que meu Pai Me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.” (Jo.10.16,28,29)
A vontade do Pai e a vontade do Filho, assim como, as obras do Pai e as
obras do Filho, estão indissoluvelmente, entrelaçadas.

O mestre já havia confirmado isso, em João 6:

“Porque Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a
vontade daquele que Me enviou.

E a vontade de quem Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum de


todos os que Ele Me deu; pelo contrário, Eu o ressuscitarei no último dia.”
(Jo. 6.38,39)

---- Poderia haver alguma tensão entre as vontades do Pai e do Filho?

---- Quem seriam esses a quem o Senhor quer que estejam com Ele, onde
Ele estiver?

“Pai, a minha vontade é que, onde Eu estou, também estejam comigo os


que Me deste, para que vejam a minha glória que Me conferiste, porque
Me amaste antes da fundação do mundo.” (Jo.17.24)

---- Por que será que Cristo não universalizou sua intercessão?

---- Por que Ele não orou assim? ---- ‘Pai, a minha vontade é que onde eu
estou, estejam também todas as pessoas da face da terra’

---- Por que será que Jesus insiste em orar e interceder somente por
aqueles a quem o Pai lhe deu?

---- Não seria porventura, porque somente esses que foram dados pelo Pai
a Ele, é que foram eleitos e predestinados com esse propósito?

Por fim, o Senhor conclui: “Eu lhes fiz conhecer o Teu nome e ainda o farei
conhecer, a fim de que o amor com que Me amaste esteja neles, e eu
neles esteja.” (Jo.17.26)

---- Mais uma vez;

A quem o Senhor tornou conhecido o nome de Deus sobre a terra?


---- De quem, mesmo, foi a responsabilidade de fazer com que o nome de
Deus fosse conhecido, de modo salvífico, na terra?

---- E de quem continua sendo essa mesma responsabilidade?

O mestre assume essa responsabilidade.

Fazer conhecer o nome de Deus, implica em um processo espiritual,


mental e intelectual inteligente.

Essa coisa do Ezequiel atribuir à cosmovisão calvinista, a culpa por um


suposto automatismo da fé, é algo proveniente de uma mentalidade
ignorante, soberba, prepotente, cínica, petulante, maldosa,
preconceituosa e analfabeta em termos de evangelho.

Se Jesus não realizasse essa obra, ninguém poderia crer em Deus, no Filho
e no Espírito Santo.

Isso, contudo, não significa que essa obra é de iniciativa exclusivamente


sua. Porque conforme já demonstrado, as vontades do Pai e do Filho estão
indissoluvelmente, interligadas.

Não haveria fé na terra, caso, tanto o Pai, quanto o Filho, por meio do
Espírito Santo, não estivessem ambos imbuídos desse propósito.

Dicotomizar ambas as vontades divinas é fazer violência ao texto sagrado.

É exatamente isso que promove o sr. Ezequiel Gomes em seu texto


carregado de; conjeturas estranhas, insinuações maldosas em relação ao
calvinismo, e a evocação de falsos dilemas quanto aos textos de João 6.44
e 14.6.

Ele vai concluir seu falso dilema dizendo o seguinte:


“A única resposta possível do calvinista para esse problema é defender
que João 6.44 indica a verdadeira ordem salutis através da imagem da
concessão do Pai ao Filho, sem qualquer referência a Cristo conduzindo os
salvos ao Pai posteriormente.

Nesse caso, João 14.6 seria um texto secundário e não representaria a


mesma ordem da salvação enxergada em 6.44.
Todavia, nesse caso, essa escolha seria arbitrária da parte do calvinista, e
corresponderia unicamente a uma confirmação imaginária de seus
pressupostos.

Essa interpretação indicaria que as pessoas já estariam salvas na


concessão da parte do Pai ao Filho.”

Novamente, esse cidadão, inverte as coisas, e lança mão de uma


estratégia do diabo, qual seja; atribuir aos calvinistas, aquilo que os
arminianos são, e acusa-los daquilo que os arminianos fazem.

---- Onde, quando, e quem, por parte dos verdadeiros calvinistas,


procurou considerar isoladamente um determinado texto bíblico, sem
analisar seu contexto?

---- Qual foi o calvinista que analisou as implicações de João 6.44, e as


separou arbitrariamente das implicações de João 14.6?

---- Porventura, não tem sido o mesmo Ezequiel Gomes que tem feito isso
insistente e arbitrariamente em seu livro enganoso?

Ele duvida daquilo que o próprio Mestre declarou em João 6, como sendo
uma ação soberana e inquestionável do Pai, ao dar salvíficamente ao Filho
todos a quem Ele deverá salvar por ordem direta de Deus.

---- Então, depois de tudo que lemos na palavra de Deus acerca desse
assunto, não devemos acreditar que “todo aquele que o Pai” dá
verdadeiramente a Jesus, não estaria salvo?

Não fomos nós calvinistas, que enxergamos falsos dilemas na palavra de


Deus, a pretexto de isolar um texto de outro e considera-los antagônicos
entre si.

Quem faz isso, esperando que todos os seus leitores não tenham
envergadura intelectual e unção Espiritual para perceber todos os
equívocos em seu livro; é definitivamente o sr. Ezequiel, contraditório,
Gomes.
Quem jamais entendeu como a verdadeira dinâmica da graça se
desenvolve, de acordo com a palavra infalível de Deus, é ele, e não os
calvinistas.

Em sua pobre e patética concepção de evangelho, a ciência de Deus deve


estar enquadrada dentro de esquemas e estruturas da lógica humana, por
isso ele enxerga tensão e dilemas onde esses não existem.

Tensão é o que ele tem em relação a Paulo, por exemplo, quando este
declara:

“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento


de Deus! Quão inexplicáveis são seus juízos, e quão insondáveis são os
seus caminhos!

Pois quem conheceu a mente do Senhor?

Ou quem foi seu conselheiro?

Ou quem primeiro deu alguma coisa a Deus para que isso lhe seja
restituído?

Porque d'Ele, e por meio d'Ele, e para Ele são todas as coisas.

A Ele seja a glória para sempre. Amém!” (Rm.11.33-36)

Ezequiel comete erros infantis em seu livro, quando tenta explicar a


dinâmica da salvação sob a égide antropomórfica, como se tudo
dependesse em primeira instância, de uma graça que ele não admite ser;
predestinada, incondicional e irresistível, mas que, em segunda instância,
no entanto, não teria o poder de modificar as decisões humanas, por meio
do convencimento espiritual.

Coisas que estão em flagrante contradição com o texto acima.

Ele tenta explicar os juízos de Deus, quando esses são inexplicáveis.

Ele tenta sondar os caminhos de Deus, quando esses são insondáveis.


Ele tenta impor a ideia de que Deus não pode salvar sem que antes
alguém se disponibilize a trabalhar em sinergia com Ele, quando o texto
de Romanos, além de muitos outros, deixam bem claros, que Deus não
necessita da obra de nenhuma de suas criaturas para salvar aqueles a
quem Ele soberanamente, vai salvar.

Por isso, Paulo faz perguntas que deveriam ser respondidas, como se se
pudesse identificar alguma criatura, na suposição de que Deus dela
dependesse, para entende-lo, aconselhá-lo ou dar-lhe algo que ainda não
possua.

Esse, “quem”, das perguntas de Paulo, não existe, e por não existir, é que;
“... ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei...” (Rm.3.20)

Tudo que começou em Deus, passa pelo Filho, é mediado pelo Espírito
Santo, para depois culminar na própria pessoa de Deus; pois: “para Ele são
todas as coisas” (Rm.11.33)

Portanto, nem o calvinismo poderia assumir as implicações de João 6.44,


unilateralmente, sem levar em consideração, o que está presumido em
14.6, e nem o arminianismo assumir as implicações de João 14.6 em
detrimento de 6.44.

Vamos mostrar agora, as razões pelas quais, a bíblia não chancela a ideia
de sinergismo na salvação do homem, como propõe nosso teimoso
oponente.

Lembremo-nos de uma afirmação que ele fez, a qual mencionamos logo


no início de nossas considerações:

“A iniciativa da graça precisa ser preservada, por ser bíblica (Ef.2.8-10), e


a responsabilidade humana precisa ser preservada, também por ser
bíblica (Jo.6.27).

A iniciativa/primazia da graça não pode ser entendida de tal forma a


tornar nula a responsabilidade humana.

Tampouco o trabalho que o homem deve fazer com vistas à salvação deve
ser entendido como realmente antagônico e contraditório à natureza da
graça.”
Então, teríamos, de acordo com ele, o texto de Efésios 2.8-10 enfatizando
a graça, enquanto João 6.27, daria ênfase a uma suposta responsabilidade
humana, na questão da salvação.

Reconhecendo que, assim como a graça não poderia anular a tal


responsabilidade humana, o trabalho que o homem deveria,
hipoteticamente, fazer em sinergia com Deus, não deveria ser
considerado como antagônico e contraditório à natureza da graça.

A ingenuidade de tal raciocínio fica evidente, no instante em que se toma


o texto de João 6.27 e o isola de seu contexto, com a finalidade de atribuir
às palavras de Jesus, um sentido que não se encontra não apenas em João
6, bem como em toda a bíblia.

Novamente, seremos obrigados, observar que, embora o ato de crer seja


essencialmente, uma ação que se concretiza NO homem, essa mesma
ação, no entanto, não procede originariamente DO homem e sim DA FÉ,
enquanto DOM de Deus, que se manifesta exclusivamente, pela palavra
de CRISTO.

Paulo vai dizer em Romanos: “Porque com o coração (mente) se crê para
justiça...” (10.10)

É na mente humana que a virtude divina da FÉ, se concretiza enquanto


ação, cujo desígnio é; crer em Cristo.

Quando, pela atuação eficaz do Espírito Santo, sou agraciado com o DOM
da FÉ, eu creio.

Deus não crê por mim, entretanto, pela mediação do Espírito, Ele mesmo
possibilita que eu creia em seu Filho.

Portanto, o que temos em João 6.27, conforme já demonstrado


anteriormente, não pode e nem deve ser considerado como uma ordem
expressa ou um comando direto de Jesus dirigido àquela multidão de
incrédulos, como se o Mestre admitisse a existência de uma capacidade
humana para crer n'Ele, sem a intervenção do Espírito Santo.
Isso colocaria em xeque as próprias palavras do apóstolo João, que no
mesmo capítulo declara insofismavelmente, que;

“... JESUS sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem
iria traí-lo. ... Por causa disto é que falei para voces que ninguém poderá
vir a Mim, se não lhe for concedido pelo Pai” (6.64,65)

---- Como poderia o Senhor dar uma ordem, para que aquela multidão
cresse n'Ele, mesmo sabendo de antemão que não creriam, porque o Pai
não lhes havia concedido crer em seu Filho?

---- Poderia o Filho contrariar uma vontade do Pai, por querer salvar
aqueles a quem o Pai não lhe deu?

O que o texto de João como um todo, e não apenas o capítulo 6


demonstra claramente, é que jamais houve uma dicotomia entre a
vontade do Pai e a vontade do Filho.

Conforme demonstramos anteriormente.

Jesus se referindo à sua morte, declara:

“---- Agora a minha alma está angustiada, e o que direi? “Pai salva-me
desta hora? Não, pois foi precisamente com este propósito que Eu vim
para esta hora.” (Jo.12.27)

Nunca houve tensão entre a vontade de Jesus e a vontade do Pai.

Nem mesmo no Getsêmani, onde nosso Senhor orou: “Meu Pai, se é


possível, que passe de Mim este cálice! Contudo, não seja como Eu quero,
e sim como tu queres [...] faça-se a tua vontade.” (Mt.26.39,42)

Consequentemente, afirmar, que em João 6.27, Jesus estaria autorizando


a ideia de que o homem também é responsável pela sua salvação, é falar a
respeito do que não se sabe ou falar enganosamente a respeito daquilo
que se sabe, não ser verdade.

Vamos agora analisar o texto de Efésios 2.8-10.


“Porque pela graça voces são salvos, mediante a fé; e isto não vem de
voces, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.

Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais
Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”

Esse é outro texto mal compreendido e propositalmente mal interpretado


pelo Ezequiel.

Paulo vai expor de modo inequívoco, que a graça, só se torna eficazmente


salvífica, mediante a fé.

Sem a fé, a graça seria inútil.

Sem a graça, não haveria razão para a existência da fé.

Em consequência disso, não pode haver salvação, sem a graça e a fé


juntas.

Desse modo, a graça e a fé conjugadas, exigirão uma única conclusão:

“e isto não vem de voces é dom de Deus; não de obras, para que ninguém
se glorie.” (vs.8,9)

Ou seja; a salvação foi tanto idealizada quanto consumada por um único


agente; no caso: Deus; que em razão disso, jamais permitirá a vanglória do
homem, em relação a este assunto.

Se a salvação “pela graça mediante a fé”, fosse resultante de uma ação


sinérgica entre Deus e homem, nosso Deus, sendo Ele mesmo Justiça,
saberia reconhecer que parte dela (salvação) teria sido consumada
também pelo agente humano.

Se assim fosse, não haveria qualquer impedimento para a jactância da


humanidade, pois afinal de contas, ela também teria tomado parte em sua
salvação.

Contudo, a julgar pelas impressionantes revelações que o apóstolo Paulo


faz aos Efésios nos capítulos 1e 2, seria impossível admitir tal proposição
sem incorrer em uma grave e insolúvel contradição.
Para o apóstolo, o projeto de nossa redenção teve seu início,
desenvolvimento e consumação no Deus Trino.

Olha só como Paulo desenvolve e descreve as ações do Pai, do Filho e do


Espírito Santo neste trecho de Efésios:

Deus o Pai, segundo o propósito de sua vontade, antes da fundação do


mundo, escolheu e predestinou para serem adotados como seus filhos,
todos aqueles a quem, por amor, salvaria por meio de Jesus Cristo para
louvor da glória de sua graça, que Ele lhes concedeu gratuitamente no
Amado, através da intermediação do Espírito Santo, que enquanto Penhor
da nossa herança, aplicaria em todos, o selo garantidor da promessa de
Deus. (Ef.1.4-14)

A ênfase sobre quem deveria receber todo o louvor pela redenção, não dá
margem para que se pudesse assumir uma relação de sinergia entre Deus
e homem com este propósito.

Em três ocasiões o apóstolo sentencia:

“para louvor da glória de sua graça” (vs.6)

[...] a fim de sermos para louvor de sua glória (vs.12)

[...] até o resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (vs.14).”

O fato de Deus ter concedido sua graça gratuitamente, pressupõe; a não


imposição de qualquer tipo de obra sinérgica ou pagamento para a
obtenção da redenção.

Logo; a fé não poderia ser a contrapartida da humanidade no processo de


sua própria salvação.

Hipótese esta, completamente descartada também, pelo fato de Paulo


descrever as irreversíveis consequências que o pecado trouxe à natureza
humana desde a queda de Adão; ao ponto de caracterizá-la como estando
morta diante de Deus (Ef.2.1,5).
Esse era e continua sendo, o verdadeiro status de sua condição anterior
ao novo nascimento, acerca do qual Paulo vai acrescentar:

“Naquele tempo voces estavam sem Cristo, separados da comunidade de


Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem
Deus no mundo.” (2.12)

Imersos em tal conjuntura espiritual radicalmente depravada, nunca


poderiam produzir fé no salvador, por si mesmos, afinal, estavam
“mortos” para Deus.

Daí o apóstolo ter dito:

“E qual é a suprema grandeza do seu (de Deus) poder sobre nós, os que
cremos, segundo a eficácia da força do seu poder.” (1.19)

Creram, não porque geraram sua própria fé, mas porque Deus exerceu
sobre eles “a eficácia da força do seu poder.”

As boas obras mencionadas em Efésios 2.10; “as quais Deus preparou de


antemão para que andássemos nelas.”, não seriam a causa, porém, o
efeito da salvação “pela graça mediante a fé.”

Somente fazendo violência a esse texto e seu contexto, é que se poderá


inferir que a salvação provém de uma ação sinérgica entre Deus e homem.

Se assim fosse, Deus, estaria na obrigação de reconhecer que parte da


glória da salvação, deveria ser dada também ao homem, algo impensável
e antibíblico, sob todos os pontos de vista.

O texto de Paulo em Romanos 5, que analisaremos agora, eliminará


qualquer tentativa de impor uma ideia de sinergia entre Deus e homem na
questão da salvação.

Antes, vamos, mais uma vez, refrescar a nossa memória mencionando o


que o Ezequiel Gomes declarou acerca da sinergia:

“A relação referida na bíblia, na compreensão das dinâmicas textuais sob


perspectiva ampla, é sinergista e não monergista.
Em outras palavras, Deus e homem interagem na experiência
soteriológica, e não temos apenas Deus como único agente na história e
experiência de salvação do homem.”

Gostaria muito de perguntar ao Ezequiel;

---- Com base em que bíblia, voce produziu essa declaração estúpida?

Sim, porque na nossa bíblia, que contém 66 livros e é composta pelo velho
e novo testamentos, já demonstramos até aqui, que não existe a mínima
possibilidade de se assumir tal imbecilidade.

Por exemplo; em Isaías 48.11, o Senhor afirma categoricamente algo que


colocará essa declaração do Ezequiel em rota de colisão com seu
evangelho:
“[...] Não darei a mais NINGUÉM a minha glória”.

---- Que parte de “não darei a mais ninguém a minha glória”, o Ezequiel
não entendeu?

Conforme analisado no texto de Efésios, Paulo deixou claro que tudo que
Deus fez por meio de Jesus, foi; “para louvor da glória de sua graça”. (1.6)

A palavra de Deus não oferece nenhum tipo de brecha semântica ou


hermenêutica, para admitirmos a ideia de um processo de salvação
sinérgico entre Deus e homem.

---- “mais ninguém”: pressupõe; nenhum ser humano, sem exceção.

E exprime uma ideia justamente contrária ao que o Ezequiel declara a


respeito de salvação como sendo o resultado de uma sinergia entre Deus
e o homem.

O texto de Paulo é definitivo, no sentido de eliminarmos qualquer


tentativa de inclusão do homem, como que participando de modo ativo
na obra de sua própria salvação.

“Portanto, como por um só ser humano entrou o pecado no mundo, e


pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda
humanidade, porque todos pecaram.” (Rm.5.12)
Todo o raciocínio do apóstolo, expressado aqui no capítulo 5, não deve ser
extraído, apenas e tão somente, com base nesse verso.

Devemos prosseguir levando em consideração o encadeamento das ideias


e conceitos expressados por ele até o final do capítulo, bem como, tudo o
que ele escreveu sobre a justificação pela fé, não apenas em Romanos,
mas, também em Gálatas, Filipenses, Colossenses etc.

Referindo-se a Adão, ele vai dizer que o pecado veio ao mundo “por um só
ser humano”.

Em dez ocasiões somente aqui no capítulo 5, ele repete os termos; “um


só” e “uma só”.

A primeira ênfase recai sobre Adão, como sendo o único responsável pela
morte passar “a toda humanidade”; ele diz: “por um só ser humano
entrou o pecado no mundo”.

E “porque todos pecaram”, será a consequência desse “um só ser


humano”, ter cometido pecado, pois sobre ele pesava o fato de
representar toda a raça humana, agora caída em sua própria corrupção e
pecados.

A linha argumentativa de Paulo aqui, se baseará em um paralelo entre


Cristo e Adão.

Adão como representante de uma raça, Cristo como o representante de


um povo.

“Mas o dom gratuito não é como a ofensa. Porque se muitos morreram


pela ofensa de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de
UM SÓ HOMEM, JESUS CRISTO, foram abundantes sobre muitos.” (5.15)

O dom é gratuito.

Não se pode pagar por ele.

Isso significa também, que o homem não tomou parte na decisão de Deus
enviar seu dom.
Novamente, o apóstolo faz questão de frisar que “muitos morreram pela
ofensa de um só”, mas isso é contraposto pelo fato de que “a graça de
Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo” abundou sobre
muitos.

O único Homem a participar ativamente de nossa justificação, foi Jesus.

Fora Ele, “mais ninguém”, terá o direito de dizer que participou do


processo de sua salvação.

“... Porque o julgamento derivou de uma só ofensa para a condenação;


mas a graça deriva de muitas ofensas para a justificação.” (vs.16)

Os arminianos não aceitam o fato de que a condenação de toda a raça


humana derivou somente da ofensa de Adão.

Eles irão afirmar que Adão é responsável pelos seus próprios pecados,
enquanto nós, somos os responsáveis pelos nossos.

Para eles, Deus seria injusto em condenar toda a raça humana pelo
pecado de um só.

Argumentam do seguinte modo;

---- Que culpa tenho eu pelo pecado de Adão?

---- Foi ele que pecou, não eu, não posso ser responsabilizado pelo pecado
de outro.

---- Eu morro, porque sou condenado pelo meu pecado e não pelo pecado
de Adão.

E ainda vão dizer que as criancinhas que morrem em tenra idade sem
terem cometido nenhum pecado, morrem por conta de terem herdado
uma condição espiritual corrupta e uma condição física debilitada de seus
pais.
Rejeitamos todos esses argumentos, com base na analogia de Paulo de
que somos considerados justos por meio de um só homem e não por nos
tornarmos nós mesmos justos diante de Deus.

Se a condenação veio por “um só ser humano”, a graça de Deus também


veio por “um só homem, Jesus Cristo”.

A argumentação de Paulo é perfeita, e nem remotamente admite a ideia


de que cada um de nós é responsável pela nossa própria salvação, da
mesma forma que somos responsáveis pelos nossos próprios pecados.

A condenação de toda raça “derivou de uma só ofensa” (vs.16)


procedente de “um só ser humano” (vs.12)

Até agora, o apóstolo Paulo, não dá margem para inferir que a salvação
pela graça, derive de uma suposta sinergia entre Jesus e o homem, a
analogia empregada por ele, não permite essa conclusão.

“Se a morte reinou pela ofensa de um e por meio de um só, muito mais os
que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida
por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.” (vs.17)

O texto é muitíssimo claro:

“a morte reinou pela ofensa de um ... só”; a morte não reinou pela ofensa
de todos os pecadores da terra.

---- Seria cabível até aqui, inserir a ideia de sinergia entre Deus e homem
na questão da salvação?

A “abundância da graça e o dom da justiça”, nos sobrevém por meio de


apenas um agente, “a saber, Jesus Cristo.”

Se Paulo resolvesse terminar seus argumentos aqui nesse ponto, já seria


suficiente para desbancarmos essa ideia imbecilóide do Ezequiel de que a
salvação do homem é produto de uma ação sinérgica entre Cristo e o
homem pecador.

Somente um mentecapto assumiria tal proposição, em contradição com


toda a palavra de Deus.
Mas, para desespero do arminianismo, Paulo continua reafirmando aquilo
que contradiz o pensamento, destituído de juízo, do sr. Gomes e de todos,
que pensam como ele.

“Portanto, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os
seres humanos para condenação, assim também, POR UM SÓ ATO DE
JUSTIÇA, veio a graça sobre todos para a justificação que dá vida.” (vs.18)

A sentença: “por um só ato de justiça veio a graça”; exigirá a conclusão de


que; a nossa salvação é resultado de uma ÚNICA (grifo nosso) ação
perpetrada por uma ÚNICA (grifo nosso) pessoa.

A possibilidade de inserir mais alguém, como coparticipante da obra que


culminou na redenção dos escolhidos de Deus, é zero!

Assim como o juízo que trouxe a condenação à toda raça, veio por “uma
só ofensa” (vs.18) de “um só ser humano” (vs.12); Adão; a justificação que
dá vida, também veio “por meio de um só, a saber Jesus Cristo.” (vs.17)

Em relação ao verso 18, os arminianos ainda fazem uma tentativa


fracassada, de emplacar a ideia de que; ao morrer na cruz, Cristo teria
providenciado a oportunidade de salvação “sobre todos os homens”, se
esquecendo de que esta expressão está vinculada somente aos; “que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça” (vs.17), e não a todos
os homens, sem exceção.

“por um só ato de justiça veio a graça”, mais claro que isso, impossível.

Paulo ainda não terminou:

“Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se


tornaram pecadores, assim também, por meio da OBEDIÊNCIA DE UM SÓ
(grifo nosso), muitos se tornarão justos.” (vs.19)

Perceba a força desta declaração do apóstolo; “pela desobediência de um


só homem, muitos se tornaram pecadores”.

Uma “desobediência” produziu muitos pecadores.


Aos olhos dos arminianos, isso não pode ser assim, justamente por
admitirem a ideia de que assim como cada homem deve ser
responsabilizado pelos seus próprios pecados, cada homem deve produzir
sua própria justiça.

Demonstram com isso, nunca terem entendido o verdadeiro sentido da


justificação pela fé, por ignorarem o que a palavra de Deus sobre o
verdadeiro evangelho afirma sem contradição.

Se todos os homens, sem exceção, se tornaram pecadores por meio da


desobediência de Adão, todos os eleitos, se tornarão justos pela
obediência de um só, “a saber Jesus Cristo”.

Alguém disse: “Olhe para Adão e enxergue a si mesmo: voce, embora


nada tivesse feito, foi declarado pecador. Olhe para voce mesmo em
Cristo, e veja que embora voce nada tenha feito, foi declarado justo!”

Gostaria de apresentar um silogismo, com base em duas premissas aceitas


pelo Ezequiel e arminianos em geral, e que são expressadas no texto de
João 6;

---- Deus é onisciente


---- Jesus é Deus
---- Logo, Jesus, já sabia por quem efetivamente morreria na cruz do
calvário.

Se isso estiver correto, pergunto;

---- Como alguém, a quem Deus já sabe que está salvo, poderá perder a
salvação?

“Pois aqueles que Deus de antemão conheceu Ele também predestinou


para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou.” (Rm.8.30)

Nesse versos, observamos um processo desenvolvido única e


exclusivamente por Deus, constituído por 5 fases:
- pré-conhecimento
- Predestinação
- Chamado
- Justificação
- Glorificação

Perceba, que não há menção à santificação, pois esta não pode ser a
causa de salvação e sim seu efeito.

Outro ponto importante acerca da santificação, é que ela não é uniforme.

Cada pessoa tem um tipo de relação com Deus. E nessa relação, os graus
de comprometimento vão variar, de acordo com a vocação de cada um.

Esse processo foi desencadeado pelo propósito de Deus, que ainda na


eternidade, conheceu pactualmente todos “esses” que seriam objetos de
sua graça.

“Pois aqueles que Deus de antemão conheceu Ele também predestinou


para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.” (Rm.8.29)

Esse tipo de conhecimento é especial, por se tratar de um conhecimento


eletivo.

Deus mesmo se comprometeu salvar todos aqueles a quem Ele


soberanamente escolheu;

“Mas devemos sempre dar graças a Deus por voces, irmãos amados pelo
Senhor, porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela
santificação do Espírito e fé na verdade.”

Esses jamais se perderão, pois Ele os conhece a todos:

“... O Senhor conhece os que lhe pertencem.” (II Tm.2.19)

“Conheço as minhas ovelhas...” (Jo.10.14)


Se Deus os conheceu como salvos, antes da fundação do mundo, como se
poderia alegar, a possibilidade de perdição a “esses” a quem Ele;
“predestinou”, “chamou”, “justificou” e “glorificou”?

Nesse processo, o homem é objeto da graça de Deus, e não toma parte


ativa em sua própria salvação de maneira sinérgica.

---- Como alguém a quem Deus, entregou ao Filho, para que Ele o salvasse,
não se salvará?

“assim como lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, a fim de que
Ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste [...] eu te glorifiquei na
terra realizando a obra que Me deste para fazer” (Jo.17.2,4)

A obra de salvação não foi concluída por homem algum em uma suposta
sinergia com Deus, mas por Aquele a quem unicamente pertence a glória
de nossa salvação; Cristo Jesus.

Se Jesus já concedeu a vida eterna a todos aqueles que o Pai lhe deu;

---- Quem teria coragem de dizer o contrário?

“Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da


minha mão. Aquilo que meu Pai Me deu é maior do que tudo, e da mão do
Pai ninguém pode arrebatar.” (Jo.10.28,29)

O homem verdadeiramente salvo por Jesus, não pode perder sua


salvação, não porque ele seja invencível, mas porque quem o salvou é
poderoso para guarda-lo em suas mãos poderosas, de onde
absolutamente ninguém poderá tirá-lo.

---- O fato de Deus escolher e predestinar alguém para a salvação, deve


ser entendido, como algo arbitrário da parte de Deus?

Vou deixar Jesus mesmo, responder essa pergunta: “Será que não Me é
lícito fazer o que quero com o que é meu?” (Mt.2015)

Paulo corrobora dizendo:


“Em Cristo fomos também feitos herança, predestinados segundo o
propósito d'Aquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade.” (Ef.1.11)

---- O fato, assumido pela bíblia, de que Deus escolheu e predestinou,


antes da fundação do mundo, todos aqueles que serão adotados por
Cristo, significa, que esses seriam tratados como marionetes nas mãos de
Deus?

Se assim fosse, pergunto;

---- Que necessidade haveria de Jesus dizer que o Espírito Santo tem que
convencer aqueles em quem Ele atua?

Pelo que eu saiba, marionetes não precisam ser convencidas a fazer nada.

O profeta Jeremias já sabia disso; “Tu me persuadiste Senhor, e eu fui


persuadido. Foste mais forte do que eu e prevaleceste.” (Jr.20.7)

Bonequinhos não necessitam de persuasão para agirem de conformidade


com a vontade de seus donos.

“Manifestei teu nome àqueles que Me deste do mundo [...]

Eu lhes tenho transmitido as palavras que Me deste [...]

Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer.” (Jo.17.6,8,26)

Robozinhos automatizados não seriam objetos do trabalho pedagógico do


Mestre com a finalidade de fazê-los conhecer a Deus o Pai.

“... quem de Mim se alimenta viverá por Mim.” (Jo.6.57)

Meros objetos inanimados, não são orientados a se alimentar da “carne e


sangue” de Jesus, até porque, alimentação implica em um processo diário
que envolve vontade, algo que, coisas sem vida, não tem.

Nós calvinistas, não temos medo da verdade, assim como não


necessitamos de desculpas ou pretextos inescrupulosos para crer no que a
bíblia não sanciona, como faz o sr. Ezequiel Gomes e sua turma arminiana.
A ideia de sinergia na salvação do homem, procede originalmente daquele
a quem Jesus chama de “o pai da mentira” e que “jamais se firmou na
verdade” (Jo.8.44).

Insistir nisso, é tentar roubar a glória que somente a Deus pertence, e que
Ele “não dividirá com mais ninguém”

O Ezequiel cita alguns textos para tentar fundamentar a ideia de que não
há eleição incondicional e predestinação para a salvação, desde “antes da
fundação do mundo”, e que Jesus teria vindo com propósito de salvar
toda criatura da terra.

Vamos dar uma conferida para saber se esses textos dizem, o que o
Ezequiel quer que eles digam.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito,
para que todo o que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(Jo.3.16)

Conforme comentamos no início de nossas considerações, Deus ama o


mundo, sim, tanto que Ele vai salvar a muitos dentre todos os condenados
da terra. Mas ele só irá salvar aquele que n'Ele crê.

A questão é;
---- todo homem teria o poder de crer em Jesus por si mesmo?

Conforme já demonstramos com fartas evidências escriturísticas, essa é


uma faculdade que a criatura humana não possui, daí, a necessidade de
Deus ter que eleger aqueles sobre os quais seu Espírito agirá no sentido de
trazê-los à vida e convencê-los a crer em seu Filho.

“... E creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.”
(At.13.48)

Ele poderia desejar salvar a todos sem exceção, no entanto, só salvará os


que creem.

Esse é um assunto, que pertence a Ele somente. É parte constituinte de


sua vontade secreta. (Dt.29.29)
“Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que deseja que
todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (I
Tm.2.3,4)

Esse texto tem sido usado pelos arminianos e pelagianos para dizer que
não há predestinação para a salvação, porque Deus deseja salvar toda
pessoa da terra.

Bom, pra começo de conversa, precisamos identificar seu autor; Paulo.

---- Será que poderíamos esperar algum tipo de contradição em Paulo?

O apóstolo nesse contexto, está exortando seu discípulo Timóteo para que
este faça intercessão, orações, súplicas “e ações de graças em favor de
todas as pessoas”.

Se eu entender que a expressão “todas as pessoas”, deve significar; toda e


qualquer pessoa da face da terra, sem exceção, então, devo entender
também que Paulo está pedindo algo impossível de se fazer.

Não conheço toda pessoa do mundo para que eu possa suplicar, orar,
interceder e oferecer ações de graças, em favor de cada uma.

Nem toda pessoa merecerá ações de graças, por exemplo: Marcola;


assassino e traficante, Elias maluco; assassino e traficante, Hitler;
genocida, Stálin; genocida, Nero; louco e assassino de cristãos etc. etc.
etc.

Outro detalhe, é que se essa fosse a real intenção de Paulo, ele estaria se
contradizendo, pois aos Tessalonicenses ele diz; “Orem também para que
sejamos livres das pessoas perversas e más; porque a fé não é de todos.”
(II Ts.3.2)

Observe a afirmação; "PORQUE A FÉ NÃO É DE TODOS"

Observe que o mesmo Paulo, estaria em um lugar pedindo que se faça


algo, que em outro lugar ele não quer que se faça.
Mas nós sabemos que, Paulo a Timóteo faz referência aos tipos de
pessoas.

Aí incluídos judeus e gentios

Ele não quer que se faça distinção de pessoas por critérios de religião,
posição social, hierarquia, cor, nacionalidade, etnia etc.

Ele diz; “Orem em favor dos reis e de todos os que exercem autoridade”.

O próprio Paulo em Romanos afirmou que “Deus não faz acepção de


pessoas.” (Rm.2,11)

Temos um exemplo disso em Atos:

“... Pedro tomou a palavra e disse: Irmãos, voces sabem que, desde há
muito, Deus me escolheu entre voces para que da minha boca os gentios
ouvissem a palavra do evangelho e cressem.
E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o
Espírito Santo a eles, como também o havia concedido a nós.
E não estabeleceu DISTINÇÃO (grifo nosso) alguma entre nós e eles,
purificando-lhes o coração por meio da fé.” (15.7-9)

“... Deus ... deseja que todos; judeus e gentios (sem distinção) sejam
salvos”, e não que todos (sem exceção) sejam salvos.

Esse é o sentido correto do que Paulo quis transmitir, até porque ele foi o
apóstolo que mais escreveu sobre eleição e predestinação em todo o novo
testamento.

Outro texto muito utilizado pelos arminianos para tentar refutar o ensino
da eleição incondicional e da predestinação, é o da primeira epístola de
João, capítulo 2 verso 2:

“E Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos


próprios, mas também pelos do mundo inteiro.”

Os arminianos, afirmam com base nesse texto, que Jesus não predestina
ninguém em especial, ao mesmo tempo em que predestinou, segundo
eles, o mundo inteiro para a salvação por meio de Jesus.
Jesus, daria oportunidade de salvação a toda pessoa do mundo.

Outra vez, os arminianos, tentam afirmar o que o texto não diz.

Para entendermos o sentido do que o apóstolo João quis realmente dizer


teremos que compreender o significado do termo; “propiciação”.

A palavra grega para propiciação é: hilastérion; “aquilo que expia o


pecado”, Jesus é o nosso hilastérion, porque morreu por nós e nos livrou
da ira de Deus.

O próprio Deus nos reconciliou consigo mesmo, pelo sacrifício de seu


Filho.

Então, propiciação, não tem a ver com salvabilidade, ou dito de outro


modo, propiciação não é o mesmo que oportunidade de salvação.

Propiciação é uma ação efetiva concretizada em favor de determinadas


pessoas.

Propiciação não é uma proposta.

Muito menos, uma carta de intenções.

Propiciar significa, agir, atuar, em benefício de alguém.

O texto de João está afirmando que Jesus é a propiciação pelos nossos


pecados e pelos pecados do mundo inteiro (judeus e gentios).

Se dermos a esse texto o sentido que os arminianos querem dar, teremos


que forçosamente admitir que toda pessoa do mundo irá se salvar.

Pois propiciação é ação de Jesus que expia pecados, ou seja, paga o preço
ou o salário do pecado por nós.

Ele não tem simplesmente a intenção de fazer isso, Ele, efetivamente, faz
isso,
Ou os arminianos aceitam que Jesus salvará toda pessoa do mundo (o que
eles não acreditam), ou aceitam que essa propiciação, está relacionada
com os eleitos de Deus, espalhados por todo mundo.

Este é o sentido do que João quis dizer quando afirma que Jesus é a
propiciação pelos pecados do “mundo inteiro”, pois Deus tem filhos em
todo o mundo.

Observe o que o próprio João declara:

“... Caifás ... profetizou que Jesus estava para morrer pela nação. E não
somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos
de Deus, que andam dispersos.” (Jo.11.51,52)

Os filhos de Deus, estão (ainda) dispersos, mas quando “... o Filho do


Homem vier nas nuvens, com poder e glória,
Ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da
extremidade da terra até a extremidade do céu.” (Mc.13.26,27)

Jesus é a propiciação pelos pecados do mundo inteiro, porque vai salvar


gente do mundo inteiro, e não todas as pessoas do mundo inteiro, este é
o sentido verdadeiro do texto de I João 2.2.

É o mesmo João que no Apocalipse previu que o Cordeiro, com seu


sangue, comprou para Deus “os que procedem de toda tribo, língua, povo
e nação” (Ap.5.9), ou seja; gente do “mundo inteiro”.

Vamos ao outro texto, sobre o qual, os arminianos erram feio.

“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem


demorada. Pelo contrário, Ele é paciente com voces, não querendo que
ninguém pereça.” (II Pe.3.9)

Aqui também, os arminianos vão querer impor um significado que o texto


não permite.

Eles vão dizer que este texto, assim como os demais, está chancelando a
ideia de que Deus deseja salvar toda pessoa da terra, pois, de acordo com
eles, Deus não quer “que ninguém pereça.”
Leiamos o verso 7 do mesmo capítulo:
“Pela mesma palavra, os céus e a terra que agora existem tem sido
guardados para o fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e da
destruição dos ímpios.”

Bom, se Deus não quer que ninguém (sem exceção), pereça;

---- Por que os ímpios já estão reservados para o Dia do Juízo e para a
própria destruição deles?

“Esses tais são fontes sem água, névoas levadas pela tempestade, para os
quais está RESERVADA a mais profunda escuridão.” (II Pe.2.17)

Pergunto;

---- Porventura Deus já sabe quem são esses para quem a destruição e a
mais profunda escuridão estão reservadas?

---- Se Deus já sabe quem são esses, assim como sabe também que não irá
salvá-los, poderão alguns dentre eles serem salvos?

Essas questões são importantes para que raciocinemos segundo a palavra


de Deus e não segundo minha orientação teológica.

Mas para elucidar de vez essa questão, precisamos antes, saber a quem
Pedro se dirige quando escreve sua epístola.

Ele diz no Capítulo 1 verso 1: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus


Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do
nosso Deus e Salvador Jesus Cristo.”

De acordo com isso, Pedro está escrevendo a crentes na justiça de Deus e


de Jesus.

Mais à frente ele os exorta dizendo: “Por isso, irmãos, procurem, com
empenho cada vez maior, confirmar a vocação e a ELEIÇÃO de voces;
porque fazendo assim, voces jamais tropeçarão.” (vs.10)
Então, quando Pedro escreve que Deus “é paciente com VOCES, não
querendo que NINGUÉM pereça, mas que TODOS cheguem ao
arrependimento.” (grifos nossos)

Ele está se dirigindo exclusivamente aos eleitos já alcançados e não


alcançados, pois Deus não quer que nenhum de seus eleitos se perca, ao
longo das eras que viriam.

Isso inclusive, está sendo objeto de nossas considerações sobre João 6


onde Jesus declara que:

“E a vontade d'Aquele que Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum


de todos os que Ele Me deu” (vs.39)

O próprio Cristo afirma que “nenhum deles se perdeu, exceto o filho da


perdição” (Jo.17.12)

Referindo-se a estes o Mestre já havia declarado, insofismavelmente, que;


“Jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão ... e da mão do
Pai ninguém pode arrebatar.” (Jo.10.29)

Falemos agora sobre Judas, a quem o Ezequiel Gomes se referiu como um


discípulo verdadeiramente convertido, pelo menos, por um certo período
de tempo.

A questão de Judas tem que ser tratada sob dois prismas; o de Deus e o do
homem.

Não podemos tentar entender os fatos relativos à experiência de Judas


com Jesus e os demais discípulos, sem primeiro, nos atentarmos para o
fato de que no âmbito divino, havia um plano elaborado pelo próprio
Deus, no que diz respeito ao papel que Judas teria que desempenhar
enquanto um dos discípulos mais próximos do Mestre.

As Escrituras sagradas serão evocadas como a principal testemunha de


que esse plano divino, acerca de Judas, realmente existiu e teria que se
cumprir exatamente como fora planejado por Deus.
A texto base para isso se encontra em Salmos 41.9: “Até o Meu amigo
íntimo, em quem Eu confiava, que comia do Meu pão, levantou contra
Mim o seu calcanhar.”

Essa é a primeira manifestação profética dando conta de que no futuro,


alguém muito próximo do Messias o entregaria covardemente às
autoridades para que fosse morto.

Jesus, veio ao mundo, sabendo que essa traição, seria uma parte
importante da trama, que redundaria em sua crucificação e morte.

Entretanto, isso não significaria, que Deus, seria apenas um agente


passivo e impotente, ante uma decisão voluntária de um dos discípulos de
seu Filho.

Porém, absolutamente tudo, estaria dentro dos eternos desígnios do


Senhor.

O Mestre, já antecipava aos seus discípulos, com uma certa antecedência,


que: “É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual
eles vem!”

É óbvio também, que no texto profético de Salmos não há a menção do


nome daquele que trairia o Cristo.

Isso, contudo, não significa, que esse agente, estaria de algum modo
indeterminado sob a ótica divina.
O sujeito a quem estava reservado o papel de traidor, estaria oculto na
esfera da ação e experiência humanas, todavia, absurdo seria admitir essa
ideia, ante o fato inexorável de que Deus é Onisciente, e com o agravante
de que tudo fora planejado por Ele mesmo.

Outro dado importantíssimo dessa história, é que, em nenhum momento,


Deus agiria de modo a coagir tal pessoa, no sentido de força-la a cumprir
aquilo que estava determinado desde os tempos eternos.

O evangelista Mateus assim descreve o pacto da traição:

“Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais
sacerdotes, propôs: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E
pagaram-lhe trinta moedas de prata. E desse momento em diante, busca
ele uma boa ocasião para o entregar.” (Mt.26.14-16)

Esse texto é significativo, na medida em que, através dele, tomamos


conhecimento de que Judas, já planejava traí-lo e por isso mesmo, de livre
e espontânea vontade, tomou a iniciativa de entrega-lo aos sacerdotes.

O que torna essa ocorrência, intrigante é que Deus planejou tudo isso,
sem, no entanto, obriga-lo a fazer nada.

Esse é mais um paradoxo que envolve a Soberania divina e a


responsabilidade humana.

Jesus, no momento certo, já sabendo do pacto que Judas havia feito,


declara algo que iria chocar a todos;

“... Em verdade vos digo que um dentre vós me trairá...”


(Mt.26.21)

Ao dizer isto, o Mestre provocou, simultaneamente, tristeza, desconfiança


e exame de consciência entre aqueles que não tinham nenhuma intenção
de trai-lo.

Todos queriam saber quem seria esse que teria coragem de entregar o
Homem mais puro e Santo que já havia pisado sobre a terra.

Preferindo apenas dizer: ‘O que mete comigo a mão no prato, esse me


trairá.” (Mt.26.23)

Em seguida, o Senhor vai afirmar algo, a respeito de Judas, que até então,
nunca se ouviu de sua boca acerca de ninguém mais:

“O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele
por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe
fora não haver nascido.” (Mt.26.24)

---- O que esperar de alguém a respeito de quem o Senhor, já declarou


que: “Melhor lhe fora não haver nascido?”
---- Absolutamente nada! Não havia, desse modo, Por parte de Cristo,
nenhuma expectativa positiva quanto a Judas.

---- A que parte da escritura Jesus se refere, quando diz: “O Filho do


Homem vai, como está escrito a seu respeito?”

---- Com toda certeza, o Mestre estava se referindo à profecia de Salmos


41.9!

Lucas faz referência ao mesmo texto de Mateus do seguinte modo:


“Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está
determinado, mas ai daquele por intermédio de quem está sendo traído!”
(Lc. 22.22)

Portanto, falar da traição de Jesus, como algo contingente, até mesmo,


porque a palavra de Deus nunca revelou o nome da pessoa que iria trai-lo,
é desconsiderar um claro e inequívoco “Assim diz o Senhor”.

Lucas é taxativo; Jesus foi traído; “segundo o que está determinado”.

Em João 6.70, o Mestre, mais uma vez, se refere a Judas de uma maneira
chocante:

“... Não vos escolhi Eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.”

Isso indica que Jesus, no instante em que fez a escolha de Judas para fazer
parte do grupo dos primeiros discípulos, Ele, Obviamente, já sabia, que
não o estava escolhendo para salva-lo, mas, para o cumprimento de seu
papel profético determinado pelas escrituras.

É exatamente isso que o Senhor vai confirmar:

“Não falo a respeito de todos vós, pois EU CONHEÇO AQUELES QUE


ESCOLHI; é, antes, para que se cumpra a escritura: “Aquele que come do
meu pão levantou contra Mim seu calcanhar.” (Jo.13.18)

Nunca houve da parte de Jesus, nenhuma de perspectiva de salvação


acerca de Judas Iscariotes.
Jesus sempre soube, que ele, era um diabo, apesar de tê-lo convidado a
participar do seu grupo mais próximo de discípulos.

Em sua oração sacerdotal, o mestre vai dizer:


“Quando Eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que Me deste, e
protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para
que se cumprisse a escritura.” (Jo.17.12)

O Senhor chama a Judas de “filho da perdição”, e diz que essa foi a razão
de não o ter protegido como aos demais, pois a escritura precisava se
cumprir.

Judas nunca foi filho da redenção, para o Mestre, ele era “diabo”, “filho da
perdição”, a respeito de quem afirmou que “melhor lhe fora não haver
nascido”.

Queria muito saber de onde o Ezequiel e sua turma de desinformados


arminianos, tiraram a ideia de que por algum tempo, Judas esteve salvo.

Encerrando essa questão, lemos o que consta em Atos 1.15,16:

“Naqueles dias, Levantou-se Pedro no meio dos irmãos (ora compunha-se


a assembleia de umas cento e vinte pessoas) e disse: Irmãos, convinha
que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente
por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam
Jesus”

Mais um texto que comprova o fato inquestionável de que Judas fora


predestinado a trair Jesus, sem, no entanto, ter sido coagido, além do que,
da parte do Pai e do Filho, nunca houve um pretenso plano de salva-lo, o
que desde antes já havia sido confirmado pelo Espírito Santo, por boca de
Davi.

E por último, ainda sobre Judas, convém ler algumas coisas que a profetisa
“inspirada” do Ezequiel Gomes escreveu a respeito de Judas Iscariotes:

“Houvesse Judas morrido antes de sua última viagem a Jerusalém, e teria


sido considerado digno de um lugar entre os doze ... (D.T.N. - p.685)

Misericórdia Senhor!
---- Quer dizer que se Judas tivesse morrido antes de trair Jesus, para Ellen
White, ele estaria, supostamente, salvo?

[...] Havia, porém, um desígnio em ser seu caráter exposto perante o


mundo (Ídem)

---- Então, Ellen White está afirmando que havia um “desígnio” em expor
seu caráter perante o mundo?

---- Eu pergunto; De que quem foi esse “desígnio”?

---- Se foi de Deus, seria o caso dizer que para Ellen White, também houve
uma predestinação para a perdição, no caso de Judas.

“Mas Judas não chegou ao ponto de render-se inteiramente a Cristo”


(D.T.N. – p.686)

---- Bom, se assim foi, nenhum adventista estaria autorizado, pela


profetisa, a dizer que Judas por algum tempo esteve salvo.

“Mesmo depois de se ter duas vezes comprometido a trair seu Salvador,


havia oportunidade de arrependimento.” (D.T.N. – p. 689)

---- Essa, é sem dúvida, uma declaração que coloca em xeque a inspiração
de Ellen White, pois, de modo algum, em nenhum lugar da bíblia, e em
nenhuma circunstância, Jesus, sequer, deixou ao menos uma pista de que
isso foi verdade em relação a Judas.

---- Já imaginou, Judas se arrependendo, antes de trair a Cristo?

---- Como ficariam as palavras do próprio Mestre acerca dele, dando conta
de que; “melhor lhe fora não haver nascido” ou, de que ele desde o
momento de sua escolha, era um “diabo” ou ainda, “filho da perdição”?

Por último, e até que enfim; Ellen White diz algo acertado sobre Judas:

“O falso discípulo representou seu papel em trair a Jesus.” (D.T.N. – p.


690)
---- Gostaria que o Ezequiel ou "alguém/qualquer um" arminiano,
respondesse a seguinte pergunta;

---- Quando e em que circunstâncias, o que é essencialmente falso, poderá


tornar-se verdadeiro?

Haverá algum alquimista espiritual dentro do adventismo ou do


arminianismo capaz de tornar isso uma realidade?

Duvido muito!

Goiânia, 19 de novembro de 2021

P. C. Albuquerque

TV Caminho Livre – You Tube


Deus os trouxe à vida e os carregou (de acordo com você), com o
propósito específico de leva-los a Jesus

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