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CATEQUESE PARA OS PEQUENINOS

PE. EMMANUEL-ANDRÉ

ÍNDICE
I.Sinal da Cruz
II. Jesus e Maria
III. O Mistério da Santíssima Trindade
IV. Jesus no Mistério da Santíssima Trindade
V. O Mistério da Encarnação
VI. A Vida de Jesus
VII. O Mistério da Redenção
VIII. Os Anjos
IX. Os Anjos (continuação)
X. A Criação. Adão e Eva
XI. O Pecado e a Redenção
I. Sinal da Cruz

Seguíamos as lições que um pai dava a seus filhos,


Pedro e Maria. Estas crianças pareciam grandes e, às
vezes, bem instruídas; mas nasceram Bento e Sabina:
é a vez deles receberem algumas lições,
proporcionadas à sua idade. A mãe vai balbuciar
com eles e lhes apresentar, sob as formas mais
simples, o leite da doutrina cristã.
A mãe falará a essas crianças, nós também falaremos,
ou antes ou depois dela, mas, quanto a nós, será
sempre para formar a mãe na ciência de primeira
catequista de seus filhos.
Primeiramente, lhe faremos algumas recomendações
que deverão estar sempre presentes a seu espírito.
Assim, não diga nunca uma só palavrinha que não
seja rigorosamente exata do ponto de vista da Fé. É
preciso não mentir jamais: esta regra de moral deve
ser atentamente seguida na instrução das crianças e
na sua educação.
Certa maneira de falar seria verdadeira na boca de
uma mãe, porque seu espírito faria uma distinção
essencial. Mas na alma da criança entraria como uma
idéia falsa porque a criança não seria capaz de fazer a
distinção que existe no espírito da mãe.
Por exemplo: quando mostrar a seus filhos a
imagem do crucifixo, tenha sempre o cuidado de
não deixar na criança a impressão de que cada
imagem é um Nosso Senhor diferente: um pequeno,
um grande, um colorido, etc.
A criança não tem bastante conhecimento para
compreender que chamamos pelo mesmo nome a
coisa e a pintura da coisa: Chegará o dia em que a
criança terá que se despojar das idéias falsas que
recebeu; este trabalho de despojamento é sempre
penoso e uma mãe não deve nunca impô-lo a seu
filho.
Quando.quiser falar de Nosso Senhor a seu filho,
cuide para que então o espírito da criança não se fixe
em nenhum objeto sensível, somente em ouvir bem
as palavras que lhe são ditas: Nosso Senhor, ou,
mais infantilmente, Papai do Céu. Tenha sempre, ao
dizer estas palavras, uma atitude religiosa, muito
séria, de profundo respeito e de adoração. De inicio,
seu filho não compreenderá as razões desse respeito,
mas será tocado, penetrado por ele. Sua atitude, o
tom da voz, servirão maravilhosamente para fazer
nascer nele a idéia de Deus, de sua grandeza, de sua
bondade.
A religião passará assim do coração da mãe para o
coração do filho: esta será uma enorme alegria para a
mãe e para o filho.
As crianças têm seus caprichos, seus momentos
difíceis. Não é essa a hora de lhes falar de Nosso
Senhor. Em todo o caso, se o fizer, é preciso ter
cuidado de não dizer a essa criança caprichosa, na
hora de seu capricho, que Nosso Senhor a porá no
inferno. Assim, estaria expondo a criança a ver
Nosso Senhor como um ser mau: o que seria falso, e
infeliz.
Há uma hora para se falar do inferno que não será
nunca quando a criança faz malcriação. É preciso
não lhe apresentar nunca uma verdade quando se
teme que naquele momento a verdade possa ser
repelida ou detestada por essas almas tão
facilmente impressionáveis.
Desde o primeiro ano, é preciso que a criança ouça o
nome de Nosso Senhor, sempre com as precauções
que indicamos. Quando ela souber dizer papai,
mamãe, faremos a criança dizer: Papai do Céu ou
meu Deus, juntando as mãozinhas. Esta será a
primeira parte.
Damos uma importância capital a essas
recomendações porque formarão a base do primeiro
catecismo, quando a criança se tornar capaz de dizer
algumas palavras.
Formularemos, assim, a primeira lição de
catecismo:
Faça o sinal da cruz
+ Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Quando você diz em nome do Pai, quem é o Pai?
É Papai do Céu.
Quando você diz, e do Filho, quem é o Filho?
É Papai do Céu.
Quando você diz e do Espírito Santo, quem é o
Espírito Santo?
É Papai do Céu.
Aqui está a ordem para seguir na instrução das
crianças:
1. Fazê-las escutar estas palavras: "Nosso Senhor",
2. Fazê-las rezar, dizendo “Meu Deus!”;
3. Depois ensinar-lhes a fazer o sinal da Cruz e a
pronunciar o nome das três pessoas divinas.
O pequeno questionário acima servirá para
desenvolver nelas o conhecimento que é trazido
pelas palavras: Nosso Senhor, ensinando-lhes que
Nosso Senhor, Deus ou ainda o Pai e o Filho e o
Espírito Santo são a mesma coisa. Saberão, então,
que em Deus há o Pai e o Filho e o Espírito Santo,
antes mesmo de saber contar até três.
II. Jesus e Maria
A mãe cristã deve ensinar a seu filho a pronunciar os
santos nomes de Jesus e de Maria logo que a criança
começa a falar.
Assim como ela lhe ensinou a dizer "Meu Deus",
juntando as mãozinhas, lhe ensinará a dizer “Jesus”
da mesma maneira. A criancinha juntará as mãos,
dirá "Jesus" e fará uma inclinação com a cabeça.
Aprenderá esse exercício vendo sua mãe fazê-lo. A
mãe se tornará criança com seu filho e fará
piedosamente (nunca rindo) o que quer que ele
aprenda a fazer piedosamente.
Depois desse exercício em honra do Santo Nome de
Jesus, era bom que a criança começasse a conhecer
Jesus. Uma mãe verdadeiramente desejosa de ver se
desenvolver no coração de seu filho a fé que aí foi
derramada pelo batismo, empregará para esse fim o
socorro das imagens, imagens verdadeiramente
dignas desse nome, gravuras artísticas reproduzindo
pinturas de mestres inspirados pela fé.
A mãe cristã escolherá três imagens de Nosso
Senhor:
1. Uma representando o menino no colo da
Santíssima Virgem,
(Bouguereau:
<http://www.catholictradition.org/Galleries/gallery
2-56.jpg>);
2. Outra sobre a cruz;
(<http://www.catholictradition.org/Galleries/galleri
a-10.jpg>;
<http://www.catholictradition.org/Galleries/galleria
-11.jpg>;
<http://www.catholictradition.org/Children/myster
y-rosary10.jpg>);
3. E outra na glória da ressurreição.
(<http://www.catholictradition.org/Easter/egallery1-
17.jpg>;
<http://www.catholictradition.org/Children/myster
y-rosary11.jpg>);
A mãe que já ensinou a seu filhinho a dizer Jesus
juntando as mãozinhas, porá diante dele as imagens
(que devem ter um bom tamanho) e ela mesma dirá
Jesus e inclinará a cabeça e fará seu filhinho fazer o
mesmo.
Desta maneira, a criança terá recebido os primeiros
elementos do conhecimento de Nosso Senhor em
sua encarnação, sua paixão e enfim sua glória
presente.
Quando a criança já reconhece bem o Menino
Jesus, sua mãe chamará atenção sobre a Virgem que
o carrega, chamando-a de "mamãe de Jesus"; a
criança poderia não compreender a palavra "mãe".
A noção de "mamãe de Jesus" já estando no espírito
da criança, seria preciso lhe mostrar também três
imagens da Santíssima Virgem:
1. Uma em que ela esteja sozinha, Imaculada;
(Tiepolo:
<http://www.catholictradition.org/Mary/gallery6-1.jpg>.
Ribera:
<http://www.catholictradition.org/Mary/gallery6-11.jpg>
Murillo:
<http://www.catholictradition.org/Mary/immaculate-
conception.jpg>)
2. Uma segunda em que ela carrega o divino
Menino;
(BouguereauII:
<http://www.catholictradition.org/Advent/advent-
g32.jpg>
Ícone:
<http://www.catholictradition.org/Galleries/gallery
2-1a.jpg>
Zatzca:
<http://www.catholictradition.org/Advent/advent-
g1.jpg>
ÍconeII:
<http://www.catholictradition.org/Advent/advent-
g17.jpg>
Maratti:
<http://www.catholictradition.org/Christmas/galler
y12-21.jpg>)
3. E, enfim, uma terceira onde ela é representada na
glória.
(Velazquez:
<http://www.catholictradition.org/Assumption/gall
ery3-11.jpg>
Fabriano:
<http://www.catholictradition.org/Assumption/gall
ery3-12.jpg>
Tradicional, para crianças:
<http://www.catholictradition.org/Children/myster
y-rosary15.jpg>)
A criança, habituada a ver essas imagens, as
reconhecerá, e, muitas vezes, serão um meio
poderoso para consolar seus aborrecimentos e trazer
a paz ao lar, o que é sempre bem vindo.
Más, voltemos às imagens de que falamos. Queremos
que sejam bonitas, perfeitamente belas. É preciso
afastar as crianças destas monstruosidades baratas
que são indignas de verem a luz do dia. Longe de
atrair, uma imagem feia repugna; longe de falar ao
espírito, desgosta a imaginação; longe de servir para
esclarecer o pensamento, empurra a alma para as
sensações animais. Os olhos de um cristão são
chamados para verem um dia as mais sublimes
belezas do Céu; tudo o que não é verdadeiramente
belo, é indigno de ser apresentado aos seus olhos,
mesmo sobre a terra
Assim, pois, mãe piedosa, ou essas imagens
perfeitamente belas ou nada de imagens; terá então
unicamente o recurso de seu coração, unicamente a
comunicação de seu olhar, unicamente o instrumento
de sua voz. Com seu coração, com seu olhar, com sua
voz, uma mãe tem todo o poder sobre o filho que
Deus lhe deu.
Diante da imagem do Menino Jesus:

- Quem é esse menino tão


bonito?
É o Menino Jesus.
- E quem é sua mamãe?
É Nossa Senhora (ou a
Santíssima Virgem, ou
Mamãe do Céu).
- E como se chama Nossa
Senhora?
Ela se chama Maria.
Diante da imagem de Jesus na cruz:

- Quem é este que está


pregado na cruz?
É Jesus.
- Por que ele está pregado
na cruz?
Porque ele gosta de nós.

Diante da imagem de Jesus no Céu:

- Veja esta bela imagem,


meu filho, quem é?
É Jesus.
- Onde Jesus está agora?
Lá, bem no alto, no Céu.
- Se você amar a Deus,
verá Jesus no Céu?
Sim, mamãe, vamos ver Jesus
no Céu.
Diante da imagem da Virgem Imaculada:

- E aqui, quem está nesta


bela imagem?
É Nossa Senhora. (ou Maria
Santíssima)
- Veja como ela é bonita.
Sim, muito bonita.
- Quer vê-la com seu lindo
filhinho?
Quero vê-la, mamãe, com seu
filho tão bonito.

Diante da imagem da Virgem-Mãe:

- Olhe para Maria, meu


filho, olhe bem!
Sim, a mamãe de Jesus.
- Você gosta muito da
mamãe de Jesus?
Sim, como gosto de minha
mamãe.
- E o Menino Jesus, você
gosta dele?
Sim, como o Papai do Céu.
Diante da imagem de Nossa Senhora da Glória:

- E essa linda imagem?


É a mamãe de Jesus.
- Onde está a mamãe
de Jesus?
No céu, com Jesus.
- Você quer ver a
mamãe de Jesus?
Quero, mostre mamãe!
Quero vê-la.
- Você deve amar a
Deus, amar a Jesus e
amar a Maria. Assim,
você verá Nossa
Senhora no céu, verá
Jesus e verá Papai do
Céu.
Sim, mamãe, quero amar
a Deus.
III – O Mistério da Santíssima Trindade

É bom que as crianças aprendam cedo os primeiros


elementos do cálculo. E para ensinar-lhes a contar,
vamos mostrando alguma coisa que as agrade e
dizendo um, depois uma outra coisa igual à primeira
dizendo dois e assim por diante, sem fazê-las decorar
as palavras um, dois, três. Advertimos às mães para
que não usem nunca moedas para esse fim; o amor
do dinheiro é uma paixão que não deve nascer numa
criança.
Quando a criança tiver aprendido a contar ao
menos até três, diremos:
1."Um só Deus", pondo o acento tônico no Um;
2. Depois diremos: "Um só Deus, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo".
3. A criança repetirá esta profissão de fé e, quando a
souber bem, continuaremos: "O Pai uma pessoa, o
Filho uma pessoa, o Espírito Santo uma pessoa".
Uma vez estas noções apreendidas pela inteligência
da criança e fixadas em sua memória, faremos que
ela some as. três pessoas, dizendo:
1. "O Pai, uma pessoa;
2. O Pai e o Filho, duas pessoas;
3. O Pai e o Filho e o Espírito Santo, três pessoas”.
Numa outra lição, se dirá:
1. "Três pessoas em Deus;
2. Um só Deus, em três pessoas;
3. O Pai, o Filho e o Espírito Santo é um só Deus em
três pessoas".
Será muito importante e útil retomar a primeira
lição que ensinamos acima e voltar à ela muitas
vezes a fim de inculcá-la bem na delicada
inteligência da criança. Quanto mais delicada, mais
facilmente se esquece e daí a necessidade de voltar
muitas vezes às mesmas coisas e recomeçar do
princípio, depois de já ter avançado um pouco.
Quando a criança tiver entendido, guardado e
compreendido a seu modo estas primeiras lições,
então ensinaremos duas coisas extremamente
importantes:
1. A primeira, que Deus é BOM acima de tudo;
2. A segunda, que é a conseqüência da primeira,
que é preciso AMÁ-LO sobre todas as coisas.
Assim, a criança aprendeu a amar a Deus por aquilo
que Ele vale; e seu espírito possuirá uma luz
preciosíssima, a saber, a luz que deverá guiá-la por
toda a vida na estima que deverá ter das coisas.
Se a criança sabe, e se sobretudo sabe bem, que Deus
é bom acima de tudo, saberá também que todas as
outras coisas só devem ser estimadas na medida que
se aproximam de Deus, a soberana Bondade, e,
desde então, possuirá a regra suprema que nos
ensina a reconhecer e a estimar a bondade
particular de cada coisa criada.
Se a criança sabe, e sobretudo, se sabe bem, que
precisa amar a Deus sobre todas as coisas, ela já
estará, em parte, em possessão de seu fim último,
estará no caminho da verdadeira felicidade; possuirá
a noção primeira e última de toda a verdadeira moral
e, mais tarde, avançará, com passo seguro, no
caminho da vida, sabendo de onde vem, por onde
passa e aonde chegará.
Para ajudar às mães cristãs, formularemos um
pequeno questionário:
- Quem é Deus? (ou Papai do Céu)
É alguém tão bom que não há outro melhor.
- Mas, além disso, quem Ele é?
É o Criador de todas as coisas.
- Quantas pessoas há em Deus?
Três.
- Como se chamam?
O Pai, o Filho e o Espírito Santo.
- Porque digo que Papai do céu é o Bom Deus?
Porque de verdade, ele é bom.
- Como assim, de verdade?
Porque Ele é melhor do que tudo.
- Porque ele é melhor do que tudo?
Porque foi ele quem fez tudo.
- Devo gostar do que é bom?
Sim, mamãe.
- Devo gostar de Deus como gosto de doce?
Não. Doce é bom para comer. Gosto de Deus com meu
coração e não com minha boca. Amo a Deus!
- Como devemos amar a Deus?
Mais do que tudo.
- Mais do que a mamãe?
É claro, mamãe!
-Mais do que o papai?
Sim.
- E por quê?
Porque Deus é bom, mais do que a mamãe, mais do que o
papai e mais do que tudo.
IV – Jesus no Mistério da Santíssima Trindade

Quando a criança tiver aprendido a conhecer a


Deus e a Santíssima Trindade, quando souber bem
afirmar a unidade de Deus e a trindade das pessoas
em Deus, será preciso que a mãe a faça avançar um
pouco mais e a introduza no mistério da Encarnação.
Este é um passo difícil e, antes de tentá-lo, a mãe
deve considerar atentamente se a criança é capaz de
receber tão alto ensinamento. A mãe reconhecerá o
momento pelas disposições de seu filho. Se a hora de
Deus soou para dar a essa alma o alimento
substancial que lhe foi preparado por Deus, a criança
dará testemunho de uma certa sede de verdade e,
quando sua mãe a fizer repetir o que já sabe, ela dirá:
"Outra vez mamãe!" É o sinal de que chegou a hora.
Vejamos como a mãe procederá para levar seu filho
ao conhecimento desta grande maravilha de Deus,
que se chama Encarnação de Nosso Senhor.
Depois de lembrar bastante a seu filho que o Pai é
Deus, que o Filho é Deus, que o Espírito Santo é
Deus, ela lhe ensinará que:
o Pai é Deus e somente Deus, que o Espírito Santo é
Deus e somente Deus, mas que o Filho é Deus e não
somente Deus.
A mãe fará seu filho notar que quando se trata do Pai
e do Espírito Santo, diz-se: Deus, nada mais do que
Deus; mas quando se trata da pessoa do Filho, da
pessoa do meio (Santo Agostinho chama o Filho de
Deus: "Media in Trinitate personna"), diz-se: Deus
mas não apenas Deus. Estas palavras "não apenas
Deus" deverão excitar na criança o desejo de saber o
que é mais o Filho de Deus e, se a criança perguntá-
lo, será o feliz sinal do trabalho de sua inteligência.
Mas, quer pergunte, quer não, é preciso ensinar-lhe,
dizer que o Filho de Deus se fez homem. E, ainda
mais, é importante lhe dizer que ele se fez
criancinha. As palavras “ele se fez criancinha", serão
melhor compreendidas do que “ele se fez homem”.
Será preciso dizer, em seguida, que:
O Filho de Deus se fez criancinha e foi chamado
Jesus,
e se prometerá à criança falar-lhe sempre do menino
Jesus. Recomeçar, então, os exercícios que
mencionamos antes (rezar “meu Jesus” e mostrar as
imagens de Jesus), e a criança começará a dizer
"Jesus" com inteligência e, desde então, com grande
alegria.
Estas são as perguntas relativas à presente lição:
- Façamos o sinal da cruz.
+ Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
- Quem é o Pai?
É Deus.
- E o Filho?
É Deus.
- E o Espírito Santo?
É Deus.
- Ouça bem: o Pai é Deus?
Sim, mamãe.
- Preste atenção: O Pai é Deus e somente Deus.
A criança repete: O Pai é Deus e somente Deus.
- Preste atenção: O Espírito Santo é Deus e somente
Deus.
A criança repete: o Espírito Santo é Deus e somente
Deus.
- Preste ainda atenção, meu filho...
Mamãe, a senhora não disse o Filho!
- Não disse mas direi, o Filho também é Deus?
Sim, mamãe, o Filho é Deus.
- Ouça bem agora o que vou lhe dizer: o Filho é
Deus, mas não é somente Deus.
A criança repete: O Filho é Deus, mas não é somente
Deus.
- O Filho é Deus, mas não é somente Deus porque
ele lhe amou tanto, que por amor de você ele quis
ser como você e se fez um menininho.
O menino que está neste santinho?
- Sim, e você sabe como ele se chama?
Menino Jesus.
- Agora, você já sabe que o Filho, a pessoa do meio,
é Deus como o Pai e como o Espírito Santo e que ele
se fez criança por amor de você, por amor de todos
nós. E porque ele nos amou tanto, é preciso amá-lo
de todo o nosso coração.
Mamãe, nós o amaremos muito.
V – O Mistério da Encarnação

Tendo começado a dar para seu filho a doutrina da


Encarnação de Nosso Senhor, a mãe cristã prestará
bastante atenção para que ele não se esqueça do que
lhe foi ensinado antes no tocante à Santíssima
Trindade.
Para isso, a mãe deve retornar sempre às lições
precedentes relativas às três pessoas divinas: ela
deverá ter uma grande solicitude para que a
doutrina da Santíssima Trindade seja a base primeira
e bem solidamente assentada, sobre a qual deverá se
elevar todo o edifício da instrução cristã de seu filho.
A razão disso é fácil de compreender. A Trindade é o
fim da religião, a Encarnação é o meio. Ora, sempre o
meio se subordina ao fim. Agir de outro modo, como
por exemplo, deixar de lado o ensino da Santíssima
Trindade, para concentrá-lo todo sobre a pessoa de
Nosso Senhor, será, por assim dizer, suprimir dois
terços do Credo, e pôr a criança em uma via que, não
sendo a da verdade completa, será muito menos
ainda a da vida, pois está escrito: "O justo vive da fé"
(Rom. 1,17).
Assim, pois, depois de ter marcado profundamente
no espírito da criança a doutrina da Santíssima
Trindade, a mãe vai trabalhar para fazer penetrar
no espírito dela a tão doce doutrina da Encarnação
de Nosso Senhor.
Depois de ter dito como a segunda pessoa da
Santíssima Trindade é Deus e homem, é preciso
ensinar à criança a distinção entre as duas naturezas.
Mas não é preciso empregar nem a palavra distinção,
nem a palavra natureza, que não dirão nada à
criança. É preciso fazer entender que Nosso Senhor,
sendo Deus e homem, sempre foi Deus, porque
Deus não começou a ser e não pode começar.
Se ele tivesse tido um começo, seria uma criatura, e
não um Criador; ora, nós dissemos que Deus é o
criador de todas as coisas.
Assim como Deus, Nosso Senhor não começou, mas,
como homem, ele começou.
Todo homem tem um começo e Nosso Senhor
também. Houve um dia em que foi dito: "Nasceu uma
criancinha"; essa criancinha teve por mãe a
Santíssima Virgem Maria; e Maria sabia muito bem
que seu filhinho era o Filho de Deus feito homem por
nós.
Ela sabia e hoje todos nós sabemos. Há vinte séculos
que Nosso Senhor se fez homem e é tão bem
lembrado que em toda a parte se faz uma grande
festa para honrar o dia de seu nascimento: esta festa
é o Natal.
Quando se fez a criança compreender bem como
Nosso Senhor é Deus e homem, e ela tiver aprendido
a distinguir entre Deus e homem, ou, como dizemos
ordinariamente, a natureza divina da natureza
humana,
é preciso lhe ensinar como o Filho de Deus, tendo
tomado realmente a nossa natureza, tinha, no
entanto, uma natureza maior, mais santa, mais rica
do que a nossa.
Para esse fim, será bom fazer a criança notar que as
criancinhas, quando vêm ao mundo, são pecadoras,
mas que Nosso Senhor criancinha era santo; que as
criancinhas não sabem nada e que Nosso Senhor
sabia tudo; que as criancinhas, não sabendo nada,
não são capazes de nada, enquanto que o menino
Jesus era todo poderoso como ele é agora no céu.
Quando a criancinha compreender a distância que há
entre a humanidade de Nosso Senhor e a nossa,
ensinar-se-á para ela que essas riquezas de
santidade, de ciência e de poder do menino Jesus
vinham-lhe de sua divindade que não poderia,
estando unida à sua pessoa, nem padecer de
ignorância, nem de fraqueza, muito menos ainda do
pecado que é tão contrário a Deus.
O seguinte questionário pode ser de alguma
utilidade:
- Filho, nós dissemos: em Deus há três pessoas.
Sim mamãe: Pai, Filho, e Espírito Santo
- O Pai é Deus, somente Deus.
O Espírito Santo é Deus, somente Deus.
- Mas e o Filho?
O Filho é Deus e não somente Deus, porque ele se fez
criança por nós.
- Então, Ele é Deus e homem?
Sim, Ele é Deus e homem.
- E Ele sempre foi Deus?
Sim, Ele foi sempre Deus, porque Deus não tem começo:
Ele sempre existiu.
- E Ele foi sempre homem?
Não, começou a ser homem, porque todo homem tem um
começo.
- Ele é homem como nós?
Sim, tem um verdadeiro corpo de homem e uma verdadeira
alma de homem, como nós.
- Mas não há entre Ele e nós alguma diferença? Nós
nascemos pecadores, e o menino Jesus?
Ele nasceu santo, porque é Deus.
- Nós nascemos ignorantes, não sabendo
absolutamente nada, e o menino Jesus?
Ele sabia tudo, porque era Deus.
- Nascemos sem poder fazer quase nada, nem
andar, nem falar... sabemos apenas chorar. E o
Menino Jesus?
Se ele quisesse poderia fazer tudo, andar, falar... mas
preferiu não fazer nada, apenas chorar muito, como todas
as criancinhas.
- Ele chorou por quê?
Por causa de nossos pecados e porque nos amou.
- Então, temos que amá-lo muito?
Sim mamãe, nós o amaremos mais do que tudo.
VI - A Vida de Jesus
Depois da doutrina da Encarnação, a mãe cristã deve
ensinar a seu filho a história tão interessante da vida
de Nosso Senhor. Divide-se em três épocas:
1. A primeira, que compreende a infância do
Salvador até a idade de 12 anos;
2. A segunda, a sua vida de trabalho em companhia
de São José, até trinta anos;
3. A terceira, a sua vida apostólica, depois dos trinta
anos até a sua Ascensão.

Na primeira época, a mãe tomará o cuidado de fazer


entrar no espírito do filho as tocantes histórias do
Evangelho sobre o nascimento do Menino Jesus; ela
dirá a seu aluninho como Jesus nasceu em um
estábulo, foi posto em uma manjedoura, foi cantado
pelos anjos e visitado pelos pastores. Todos esses
trechos do Evangelho são muito fáceis de serem
contados, suaves para guardar e mais suaves ainda
para meditar. Deus tão grande, para nós tão
pequeno; Deus tão adorável e então tão amável. As
imagens bonitas ajudarão muito na instrução da
criança quando se trata de lhe mostrar, em ação, os
mistérios visíveis do Deus feito homem. A mãe não
esquecerá nunca de chamar a atenção da criança para
as grandezas de Jesus, até em seus rebaixamentos;
ela a fará ver sempre Deus e homem: Deus em sua
majestade a quem tudo obedece; homem em seus
mistérios, tão manso, Ele próprio querendo se
submeter e sendo obediente a Maria e a José e acima
de tudo, a seu Pai que está nos céus.
A mãe fará o mesmo quando iniciar a criança na
segunda fase da vida de Jesus. Ela o mostrará
submisso a São José, trabalhando sob sua direção e
aprendendo com ele a usar as ferramentas, a arte do
carpinteiro. Por aí Jesus nos ensina a obedecer a
nossos pais, a santificar nosso trabalho e a empregar
bem o tempo que Deus nos dá para merecermos a
eternidade.

Em seguida, virá a vida de Jesus em sua carreira


apostólica. Quando Ele ensinava, pregava,
catequizava; quando abençoava a abraçava as
criancinhas; quando curava os doentes, expulsava os
demônios, ressuscitava os mortos. Depois de ter
passado pela terra fazendo o bem, partiu desse
mundo recebendo muitos sofrimentos. O Evangelho
será a fonte abundante das lições que uma mãe dará
a seu filho sobre a história da Paixão de Nosso
Senhor e também da Ressurreição, da vida de Jesus
depois de ressuscitado e, por fim, de sua Ascensão.
Nessa parte de seu ensino, a mãe deverá observar
muitas coisas extremamente importantes:
A primeira, será a de se inspirar no próprio texto do
Evangelho para as suas lições; as palavras do
Espírito Santo trazem consigo uma graça divina que
nada poderá suplantar, e que é sempre muito ruim
negligenciar.
A segunda, é de não deixar passar as festas dos
mistérios de Nosso Senhor e da Santíssima Virgem,
sem iniciar a criança no conhecimento desses
mistérios tão preciosos.
A terceira consistirá em fazer nascer no coração da
criança os piedosos sentimentos de adoração, de
reconhecimento, de prece, que estarão de acordo com
cada uma das lições e cada uma das festas às quais a
mãe se propõe interessar seu filho.
O que acabamos de dizer é tão rico de fatos que não
poderíamos lembrar todos em um questionário. No
entanto, para conservar fielmente o plano que
seguimos até aqui, neste catecismo para os bem
pequeninos, diremos:
- Quando Nosso Senhor veio a este mundo, onde
nasceu?
Em Belém, num estábulo, foi posto numa manjedoura,
cantado pelos anjos, visitado pelos pastores.
- E quando já estava um pouco maior, onde
morava?
Em Nazaré, na casa da Santíssima Virgem sua mãe.
-E o que Ele fazia?
Era obediente à sua mãe, a Santíssima Virgem, e lhe era
submisso em tudo.
- Qual era o seu trabalho?
Ele trabalhava com São José, como carpinteiro.
- Que fazia Ele como carpinteiro?
Trabalhava a madeira, fazia telhados para as casas.
- Nosso Senhor trabalhou muito tempo nesse
ofício?
Sim, muito tempo, até a idade de trinta anos.
- Que fez em seguida Nosso Senhor?
Começou a pregar, ensinando sua doutrina pelas aldeias e
cidades, curando os doentes e fazendo milagres sem conta.
- Nosso Senhor também falava para as crianças?
Sim, Ele amava-as muito, deixava-as ficar em torno dele,
abraçava-as, abençoava-as, deixando-as contentes, a elas e
às suas mães.
- E depois de ter assim ensinado?
Depois disso, os judeus o pregaram na cruz onde Ele quis
morrer: pelos judeus, por nós e por todos os homens.
- Ele permaneceu morto como os outros mortos?
Não, no fim de três dias ressuscitou.
- Ele voltou para rever os amigos?
Muitas vezes, durante quarenta dias.
- E depois desses quarenta dias?
Ele reuniu seus amigos, os abençoou e, diante de todos,
subiu ao Céu.
- E agora onde está Nosso Senhor?
No Céu.
- E nós o veremos um dia?
Se o amarmos muito, nós o veremos no Paraíso.
VII – O Mistério da Redenção

Depois de iniciar seu filho na


vida de Nosso Senhor Jesus
Cristo, a mãe cristã se aplicará,
cuidadosamente, em lhe dar
uma alta idéia do mistério da
Paixão. Com esse fim, a mãe
mostrará à criança um
crucifixo, mas um belo
crucifixo, de preferência em
relevo, em vez de pintura ou
gravura, e, então, ela se
esforçará por fazer seu aluno compreender, tanto
quanto ele seja capaz, as maravilhas de Jesus
crucificado, que tantos santos chamaram de "seu
livro", e o próprio Nosso Senhor, falando a Santa
Teresa, chamou de um "bom livro".
A mãe, depois de ter ensinado a seu filho que
Nosso Senhor quis tomar sobre si os pecados de
todos os homens, lhe fará ver que foi por essa razão
que Ele quis sofrer tanto, em sua alma, em seu corpo
e em todos os membros de seu corpo, a fim de
tornar-se vítima em todo o seu ser, assim como Ele
era vítima por todos nós.
Olhe bem, dirá a mamãe, veja Nosso Senhor pregado
na cruz. Veja esses grandes cravos que furaram suas
mãos e seus pés, veja sua cabeça coroada de
espinhos, veja seu lado aberto e seu coração
perfurado, tudo isso por causa de nossos pecados e
para nossa salvação.
Veja os pés de Jesus, estão pregados na madeira da
cruz porque, muitas vezes, nossos pés nos levaram lá
onde Deus não queria, e onde nós fomos ofendê-lo.
Veja as mãos de Jesus, estão igualmente pregadas na
cruz porque, muitas vezes, nós fizemos de nossas
mãos instrumento de pecado; por causa disso, as
mãos inocentes de Jesus foram cruelmente
perfuradas e pregadas nesse madeiro.
Veja a cabeça de Jesus, ela está coroada de espinhos,
cruéis espinhos que perfuraram sua cabeça foram aí
plantados por causa dos pensamentos orgulhosos
que facilmente são acolhidos em nossas pobres
cabeças; porque nossas cabeças se tornaram a sede
de tantas vaidades, a cabeça de Jesus foi coroada,
furada, ensangüentada por tão cruéis espinhos.
Veja o lado de Jesus, como está ferido por uma
grande chaga, ela vai até o seu coração, que também
foi aberto pela lança do soldado. Esta lança tão cruel
é a imagem de nossa ingratidão e de nossa dureza de
coração em relação a Jesus. Ele tem o coração
transpassado porque nossos corações muito duros,
muito insensíveis, muito ingratos para com Ele; e,
para nos curar dessa ingratidão, dessa
insensibilidade, dessa dureza, Nosso Senhor
derramou, de seu coração transpassado, até a última
gota de seu Sangue.
Mas isso não é tudo: essas chagas de Jesus, que são
obra de nossos pecados, Jesus, que as recebeu por
amor de nós, as fez remédio para nossos pecados.
Quem poderia crer em tão grande amor de Nosso
Senhor? Nós o ofendemos, ferimos, pregamos na
cruz; das chagas que nós lhe fizemos, eis que sai uma
torrente de graças para nos purificar de nosso
pecados, nos reconciliar com Deus e nos conduzir ao
Paraíso.
Por aí, aprenderás, meu filho, quanto Nosso Senhor
nos amou e, quando virdes a imagem do crucifixo,
não deixes nunca de agradecer interiormente a
Nosso Senhor por tudo o que Ele quis sofrer para a
nossa salvação. É preciso fazer mais alguma coisa, e
nós vamos, os dois, agradecer a Nosso Senhor tudo o
que Ele fez por nós.
Depois de ter catequizado assim seu filho, a mãe,
tomando o crucifixo nas mãos, beijará os pés do
Salvador e, depois, dará para seu filho beijá-los. Fará
o mesmo com as mãos, a cabeça e o coração de Jesus;
a mãe terá ganhado muito se seu jovem aluno tomar
o gosto de beijar assim a imagem adorável do
Salvador crucificado.
- O que é isso?
É a imagem de Nosso Senhor crucificado.
- Porque Nosso Senhor quis ser crucificado?
Para sofrer muito e morrer para nos salvar.
- E como foi que, morrendo, Ele nos salvou?
Porque Ele tomou sobre si os pecados de todos nós e,
morrendo, Ele reparou a ofensa feita a seu Pai pelos nossos
pecados e nos obteve o perdão.
- Por que seus pés foram pregados na cruz?
Porque, muitas vezes, nossos pés serviram para ofender a
Deus.
- E suas mãos?
Porque, muitas vezes, nossas mãos são instrumentos de
pecado.
- Por que sua cabeça foi coroada de espinhos?
Porque, muitas vezes, fazemos para nós mesmos coroas de
orgulho e vaidade.
- Por que seu coração foi aberto?
Por causa da dureza e da ingratidão dos nossos corações.
- O que são todas essas chagas de Jesus?
Obra de nossos pecados, porque foram nossos pecados que
feriram e mataram Jesus.
- E o que mais são essas chagas?
Fontes de graças, onde bebemos nossa reconciliação com
Deus, a santificação de nossas almas e os méritos que nos
conduzem à vida eterna.
VIII – Os Anjos

Quando a mãe cristã


tiver ensinado a seu
filho a conhecer o
corpo e a alma, deve
voltar, muitas vezes, a
falar da alma, a fim de
que a criança venha a
formar uma idéia, o
mais exata possível, do
que é um espírito. A
mãe lhe dirá, por
exemplo, que um
espírito é uma criatura
de Deus mais excelente que todos os corpos e capaz
de conhecer e amar seu criador. Acrescentará que as
almas são espíritos que foram criadas por Deus
para dar vida a nossos corpos.
A partir daí, elevando mais alto o espírito de seu
filho, a mãe dirá que Deus criou espíritos que não
são destinados a viver unidos aos corpos, mas, ao
contrário, a permanecer sempre sem corpo; por isso,
são chamados de puro espírito, são os Anjos.
Dizemos, no começo do Credo, que Deus é o criador
do céu e da terra. E, como Ele criou todas as coisas
para sua glória, pôs na terra os homens; e, no céu, os
anjos, para ser servido, amado e glorificado: sobre a
terra, pelos homens e, no céu, pelos anjos.
Tendo criado os anjos no céu, Deus lhes deu a graça
e os fez santos, e lhes prometeu que, se
permanecessem fiéis, Ele os admitiria na participação
de sua felicidade divina e que, então, eles o veriam
face a face por toda a eternidade.
Os anjos tiveram, pois, seu tempo de prova, eles
viviam na fé, esperando a claridade da visão de
Deus, tinham a esperança e a caridade e, por meio
dessas graças, deviam merecer a glória eterna.
A prova não durou muito tempo: a vida dos anjos é
de uma tal atividade que, com um pequeno número
de atos e em muito pouco tempo, eles podem
alcançar muitos méritos.
O maior número deles permaneceu fiel a Deus. O
resto caiu, exatamente porque quis se elevar; eles se
entregaram ao orgulho, se comprazeram em sua
beleza, que era muito grande, e, em lugar de
glorificarem a Deus, glorificaram a si mesmos.
Deus não admite um tal ultraje à sua majestade;
chamou os anjos a julgamento, como um dia
chamará os homens. Os anjos fiéis foram
recompensados e entraram no céu, onde estão e
estarão para sempre. Os anjos orgulhosos foram
precipitados em um fogo que não se extinguirá
nunca, e que Deus criou expressamente para os
punir. É o inferno.
Agora, existem, então, os anjos do céu e os anjos do
inferno. Os primeiros são chamados simplesmente
anjos, ou anjos bons; os outros não são nunca
chamados “anjos”, mas sempre anjos maus ou
demônios. Entre esses, o que primeiro se revoltou
contra Deus se chama Satanás ou o diabo. Esses
infelizes demônios que não amam mais a Deus, não
amam mais os outros anjos, nem os homens que
estão sobre a terra. Bem ao contrário, eles invejam a
Deus, invejam os anjos do céu e, mais ainda, os
homens que estão na terra. É essa inveja que os leva
a tentar-nos, a fim de nos fazer cair nesse apavorante
fogo do inferno que Deus criou para eles e não para
nós.
Os anjos bons, ao contrário, nos amam e desejam nos
ter como companheiros em sua felicidade no céu.
Com esse fim, não cessam de rezar por nós e
recebem um aumento de alegria quando chegamos
ao céu para aí louvar e amar a Deus, com eles, por
toda a eternidade.
Esse pequeno resumo da doutrina cristã sobre os
anjos deverá ser o tema de muitas lições, a fim de
não cansar a criança e fazer penetrar mais
seguramente em seu espírito a pura e doce luz da
verdade.
- Quem criou o céu e a terra?
Foi Deus.
- E por que Deus criou o céu e a terra?
Para pôr neles os anjos e os homens.
- O que é um anjo?
É uma bela criatura do Bom Deus.
- Por que é tão bela?
Porque é puro espírito, e somente espírito.
- O que fazem os anjos no céu?
Eles adoram, amam e glorificam a Deus que os criou.
- Todos os anjos amam a Deus?
Sim, os anjos bons.
- Então, há anjos ruins?
Sim, os que se tornaram maus porque não quiseram se
submeter a Deus.
- Deus os castigou?
Como recompensou os bons, castigou os maus.
- Como recompensou e como castigou?
Recompensou os bons mostrando-se claramente a eles;
castigou os maus precipitando-os no inferno.
- Como se chamam os anjos maus?
Se chamam demônios e o pior entre eles se chama o diabo
ou Satanás.
- Que pensam de nós os anjos maus?
Eles nos invejam e querem nos levar para o inferno com
eles.
- E que pensam de nós os anjos bons?
Os anjos bons nos amam e desejam que estejamos com eles
no céu.
- E então, meu filho, com qual deles nós iremos, o
pai, a mamãe e você?
Papai, mamãe e eu não escutaremos a Satanás, nem aos
demônios maus; iremos para o paraíso com os santos anjos,
ver a Deus, e o louvar e amar por toda a eternidade.
IX – Os Anjos (continuação)

Uma mãe cristã, que fala com seu filho sobre os


anjos, está lhe prestando o grande serviço de elevar
sua inteligência e de a familiarizar com as coisas
espirituais. É maravilhoso ver como as crianças
batizadas gostam de conhecer as coisas superiores,
Deus, os anjos, as almas! Uma mãe deve saber
aproveitar esse bem precioso, esse desejo puro, posto
pelo batismo na alma de seu filho.
Ela falará a seu filho dos anjos, dos anjos bons e
também dos anjos maus; pois a criança quer saber,
tem o direito de saber e é preciso fazer com que ela
saiba.
Falando com a criança dos anjos maus, dos
demônios, de Satanás, a mãe tomará cuidado para
dar a seu filho unicamente as verdades da fé; quanto
mais solicitude ela tiver para ensinar a fé, tanto mais
ela terá cuidado de não lançar no espírito de seu
filho as imaginações e as imagens indignas que nos
vendem muitas vezes, bastante caras, nas lojas de
imagens religiosas. Por exemplo, uma caldeira em
brasa na qual se vêem cutucando os danados com
um garfo, monstros, aos quais se dá um corpo e um
rabo e pés de animal. Tudo isso é, simplesmente,
nojento. É bom entender que tudo isso é negócio de
Satanás. Porque, se o cristão imagina que Satanás é
um monstro dessa espécie, como poderá reconhecê-
lo quando ele vier, transformado em anjo de luz, lhe
propor uma tentação doce, atraente, divertida,
sedutora? A criança dirá: Este não é Satanás, porque
a mamãe me mostrou uma imagem. Esse é tão
amável. Irei, porque é lá que vou encontrar meu
prazer!
Satanás é um monstro para as almas que têm uma
grande fé e um grande amor por Nosso Senhor; mas,
para o comum dos mortais, e sobretudo para as
crianças, Satanás se esforça por se mostrar um alegre
companheiro; é um sedutor e ele não começará
jamais atemorizando aquele que ele quer tentar.
Como na instrução das crianças é preciso tratar
sempre de ensinar mais o bem do que mostrar o
mal, depois de ter falado um pouco dos anjos maus,
é preciso falar muito dos anjos bons e, sobretudo,
do anjo da guarda.
A mãe fará assim: mostrará a seu filho o quanto o
ama, e lhe dirá que ele é seu amigo. Depois que ele
tiver compreendido o que é ser amigo de sua mãe,
ela lhe ensinará que ele é amigo de um lindo anjo
de Deus, que está no céu e que Deus lhe deu como
guarda. Com essa boa notícia, a criança maravilhada
ficará arrebatada de alegria, vendo o quanto Deus é
bom dando-lhe, a ele, um menino, tão bons e
queridos amigos: seu papai e sua mamãe na terra e
seu anjo bom, seu anjo da guarda no céu. A criança
compreenderá melhor o quanto ela é amada por
Deus, já que Deus a faz amada por seus pais na terra
e por seu anjo bom no céu.
***
- Meu filho, hoje vamos conversar sobre os anjos.
Sim, os grandes amigos de Deus. Mas, mamãe, há uns
anjos que são maus, não é?
- Sim, eles desobedeceram e Deus os lançou no
fogo do inferno.
Não se pode desobedecer a Deus, mamãe!
- Você sabe alguma coisa sobre esses anjos maus? [
São maus porque não amam mais a Deus.
- E porque ainda?
Porque eles não amam mais o seu próximo. Ao contrário, o
que eles querem é nos fazer mal.
- E que mal eles querem nos fazer?
Querem que ofendamos a Deus para irmos com eles para o
inferno.
- E o que eles fazem para isso?
Eles nos tentam. Quando Deus diz: "obedeçam", eles nos
dizem: "não obedeçam".
- E quando nos tentam assim, eles nos mostram o
inferno para onde querem nos levar?
Não são bobos. Eles nos mostram apenas os prazeres que
teremos se fizermos nossa própria vontade.
- Este prazer nos é permitido?
Não, mamãe, Deus nos proíbe isso porque nos fará mal.
Este é o prazer que Deus pune no inferno.
- Sendo assim, meu filho, você tomará bastante
cuidado se a tentação vier?
Se ela vier, pedirei a Deus que me ajude a dizer: vá embora
Satanás, quero amar a Deus.
- Muito bem, fazendo assim, você alegrará a Deus, e
também o papai e a mamãe; e também a um grande
amigo de meu filhinho.
Quem, mamãe?
- O teu anjo da guarda.
Meu anjo da guarda?
- Teu anjo da guarda é aquele a quem Deus
encarregou de guardar teu corpo e tua alma, de
rezar por você, de amá-lo, de amá-lo tanto que o
levará com ele para o paraíso.
Amarei bastante meu anjo, mamãe; como gostaria de vê-lo.
- Você o verá no céu.
Então, mamãe, vamos para o céu, vamos ver nossos anjos e
Deus, Nosso Senhor.
X – A Criação. Adão e Eva.

Depois de falar dos anjos com seu filho, a mãe cristã


trabalhará com a criança dando um conhecimento
mais completo de nossa criação, da criação dos
homens. Para esse fim, ela encontrará um termo
conveniente para as suas lições nessa conversação:
- Dissemos que Deus criou os anjos e os homens.
Não seria bom saber um pouco melhor como ele
nos criou?
Sim, mamãe, gostaria muito de saber.
- Vou lhe contar, então, que, no começo, Deus criou
primeiro o homem e, depois, a mulher.
E eles tinham nome?
- Tinham, o primeiro homem se chamava Adão e a
primeira mulher se chamava Eva.
Onde Deus os criou, mamãe?
- Num belo país, que era um grande jardim e onde
havia toda sorte de bons frutos para os alimentar.
Deus os criou grandes como os homens, ou pequenos como
as crianças?
-- Deus os criou logo grandes.
E já sabiam tudo?
- Já os fez inteligentes e muito sábios. Deus ainda
fez mais, já os fez santos.
Mamãe, a senhora ainda não havia me contado essas
coisas. Conte-me como Deus fez para criar Adão?
- Deus modelou um corpo de barro que
transformou em carne e osso, como nós temos, e
depois lhe deu uma alma para que ele vivesse.
Por que uma alma, mamãe?
- Você já se esqueceu do que lhe ensinei sobre
nossas almas? Deus nos deu uma alma porque, sem
alma, o corpo está morto.
Já me lembro.
- Melhor do que isso, Deus deu a Adão uma alma,
para fazê-lo não somente vivo, mas sábio, pois é a
alma que sabe; mais ainda, para o fazer santo, pois
é na alma que reside a santidade.
Que beleza, mamãe! E como Deus criou Eva?
- Deus fez Adão adormecer profundamente e,
enquanto ele dormia, tirou, sem que Adão sentisse,
uma de suas costelas com a carne que a recobria.
E depois?
- Depois, com essa costela e com essa carne, Deus
fez a carne e os ossos de Eva.
E depois?
- Deus deu a Eva uma alma para que ela vivesse,
fosse sábia e santa como Adão.
Adão e Eva eram sábios; que quer dizer ser sábio, mamãe?
- Ser sábio é conhecer a verdade.
Sim, mamãe, mas o que é a verdade?
- A verdade é o Bom Deus, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
Como assim, mamãe?
- A verdade é o que é, primeiramente o Bom Deus,
já que Ele é eterno; depois tudo o que Deus fez.
Adão e Eva sabiam bem o que Deus tinha feito?
- Sabiam, por causa disso, conhecendo bem Deus e
suas obras, eram sábios.
E também eles eram santos; o que é preciso para ser santo?
- É preciso ter na alma um grande bem, que se
chama a graça de Deus.
Mamãe, que bem é esse, a graça de Deus?
- É um bem que Deus criou, que põe na alma, e que
a faz bela, que a faz boa, que a faz amiga de Deus.
Amiga de Deus?
-Amiga de Deus! Você vai compreender; você é
meu amigo, não é?
Sou, mamãe, a senhora diz sempre.
- Você é meu amigo porque eu o amo e porque você
me ama. Assim também uma alma é amiga de Deus
quando ela é amada por Deus e ama a Deus.
Ser amiga de Deus, é isto?
- Este é o maior bem que podemos ter na terra.
Os anjos também receberam a graça de Deus?
- Certamente, Deus deu a todos.
Mas os anjos maus a perderam?
- Foi perdendo-a que se tornaram maus.
Então, perder a graça, tornar-se mau e desobedecer é a
mesma coisa?
- Sim, é justamente isso o que se chama de pecado.
Então o pecado é um grande mal, porque nos faz perder
um grande bem.
- Isso mesmo, você disse bem.
Adão e Eva guardaram a graça de Deus?
- Infelizmente não. Perderam-na desobedecendo a
Deus.
Mas como?
- Deus lhes havia proibido comer de um fruto do
jardim, mas, apesar da proibição de Deus, eles
comeram, e assim deixaram de ser seus amigos.
Deus os mandou para o inferno, como aos anjos maus?
- Não, Deus quis perdoá-los porque Ele é bom e
porque Ele nos ama. E, veja bem, é preciso
agradecer a Deus porque se Ele não tivesse
perdoado a Adão e Eva, todos os homens estariam
perdidos e teriam caído no inferno.
Como pode ser isso, mamãe?
- Escute bem isso: Deus tinha dado sua graça a
Adão e Eva de tal maneira que, se eles a
guardassem, a teriam transmitido a seus filhos;
perdendo-a, eles a perderam por eles e por nós. Eles
pecaram e, por isso, nós nascemos na inimizade
com Deus; um grande castigo que receberam pelo
pecado.
O pecado é uma grande infelicidade?
- A maior das infelicidades. É por isso que devemos
ser fiéis a Deus, tanto mais que Deus é bom para
nós, perdoando Adão e Eva e a nós, por causa de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por causa de Nosso Senhor, como pode?
- Isso é uma coisa muito grande e muito bonita,
filhinho, que guardaremos para uma outra lição.
XI – O Pecado e a Redenção

No ponto em que chegamos de nosso catecismo, a


mãe tem para ensinar a seu filho o mistério de Nosso
Senhor Jesus Cristo, ou a obra de nossa redenção. Aí
está todo o cristianismo. A religião está toda
resumida em dois homens, um velho e outro novo. O
velho é Adão, o novo é Nosso Senhor. O velho é o
pai da natureza caída, o novo é o pai da natureza
regenerada. Todos nós caímos com Adão, somente
em Jesus Cristo podemos ser levantados.
No entanto, se com Adão perdemos muito,
recuperamos muito mais com Jesus Cristo. Adão nos
fez perder um paraíso terrestre. Jesus nos abre um
paraíso celeste e tudo é mais do que compensado por
Nosso Senhor.
Para fazer penetrar essas grandes e esplêndidas
verdades na alma de seu filho, a mãe lhe contará,
primeiramente, em que estado nossos primeiros
pais foram criados. Depois, contará a história da
queda e, enfim, as conseqüências da tão grande
falta.
A mãe mostrará que, em conseqüência de tão grande
infelicidade, todos os filhos de Adão teriam podido
ser lançados no inferno com os demônios, se a
grande maravilha da bondade faltasse.
A essas palavras, a "bondade de Deus”, essa grande
maravilha, a criança será tocada e pedirá para
aprender.
Quando a criança pede assim o alimento da verdade,
é um sinal muito feliz e um momento que se deve
aproveitar.
A mãe aproveitará. Ensinará, então, o mistério da
Encarnação. Contará como o Filho de Deus nasceu
da Virgem Maria, o estábulo de Belém, mostrará,
outra vez, a bonita imagem do menino Jesus, da
Virgem levando o menino Jesus em seus braços.
Porém, o ponto em que ela deverá mais insistir, será
nossa redenção, começada na Encarnação e
consumada na cruz. A imagem de Jesus crucificado
voltará, com a devoção das chagas.
É preciso fazer a criança compreender que Nosso
Senhor se fez homem a fim de poder sofrer e morrer
e, assim, carregar as penas devidas a nossos pecados.
As lágrimas de Nosso Senhor em seus berço, em sua
agonia e sobre a cruz, tocarão a alma da criança; o
sangue derramado pela divina vítima falará a seu
coração, e ela acreditará que Jesus nos amou. Então, a
criança terá o espírito bem disposto para receber
essas verdades: que o bom Deus, para nos perdoar,
aceitou, com satisfação, os sofrimentos e a morte de
Nosso Senhor; que Nosso Senhor sofreu em sua vida
e em sua morte para nos livrar dos suplícios do
inferno; que foi crucificado para que nós não
fôssemos condenados e morreu a fim de nós
tivéssemos a vida eterna.
A mãe fará seu filho como que sentir vivamente o
duplo mistério da justiça e da misericórdia do bom
Deus:
Mistério da justiça: Deus quis que o pecado fosse
punido e quis que fosse punido na pessoa de seu
Filho inocente.
Mistério da misericórdia: Deus, aceitando a
satisfação de seu divino Filho, perdoou a Adão e a
seus filhos, e nos abriu seu Paraíso, como a filhos
bem amados, cobertos pelo Sangue e pelos méritos
de Nosso Senhor.
A conclusão dessas lições será de fazer a criança
reconhecer a bondade de Deus, a graça de Nosso
Senhor Jesus Cristo e, por aí, levá-la a amar seu
Criador e seu Salvador.
Quando uma mãe tiver trabalhado assim, nessa
primeira instrução com seu filho, ela poderá mandá-
lo ao catecismo da igreja. Ele terá os ouvidos abertos
para receber a boa palavra e o coração bem disposto
para que a palavra deixe frutos excelentes. Assim
seja.
- Meu filho, eu conheço dois homens... dois
homens... um é o primeiro, o outro o maior do
mundo; um que no fez muito mal, o outro que é a
fonte de todo bem.
Esses dois homens, mamãe, são Adão e Nosso Senhor.
- Sendo descendentes de Adão, o que poderíamos
ter recebido dele?
Além de uma natureza igual à dele, também a graça de
Deus e um Paraíso na terra.
- Mas o que foi que recebemos?
A herança de sua natureza culpada, expulsa do Paraíso e
merecendo o inferno.
- E que recebemos de Nosso Senhor?
Com o perdão de nossas faltas, recebemos sua graça, nossa
reconciliação com Deus e um Paraíso no céu.
- Desse jeito, nós recebemos mais de Nosso Senhor
do que perdemos com Adão?
Felizmente foi assim, e a bondade de Deus venceu a
malícia do homem.
-Como Deus realizou essa maravilha?
Ele quis que Nosso Senhor fosse vítima por nós, que
sofresse e morresse, a fim de nos evitar as penas do inferno
e os horrores da morte eterna.
- E depois?
Depois, Deus, considerando que sua justiça estava
satisfeita, deixou descer sobre nós os benefícios de sua
misericórdia e foi assim que se operou a nossa redenção.
- E, agora, que devemos a Nosso Senhor?
Diga, antes, mamãe, o que não devemos a Nosso Senhor?
Ele pagou nossa dívida de justiça para com seu Pai,
derramou sobre nós todos os dons de sua graça, fechou o
inferno sob nossos passos, abriu o céu sobre nossas
cabeças. No céu, nos espera para fazer-nos eternamente
felizes junto com ele.
- Que faremos por Jesus, que fez tanto por nós?
Nós o amaremos, mamãe.

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