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“1984”, publicado em 1949, é o último romance de George Orwell.

Possuidor de uma
fortíssima atualidade, este livro conta-nos a história de Winston, que vive
aprisionado numa sociedade totalitária. Controlados pelo Estado, os habitantes do
mundo de “1984” estão constantemente sob a vigilância do Grande Irmão, que
monitoriza cada um dos seus atos e elimina os que não se subjugam às suas ordens.

De tão aclamado e analisado, parece impossível acrescentar-lhe algo de novo. Resta


apenas a experiência do leitor, pois “1984” é um dos livros que nos deixam
perturbados e realmente sufocados pelo ambiente apresentado. Faz-nos questionar o
verdadeiro valor da liberdade, mostrando-nos uma sociedade em que nem este
conceito faz sentido, pois foi abolido. Mostra-nos um Estado que controla tudo, até a
própria realidade. E, ainda assim, o livro extasia-nos. Sentimo-nos realmente
maravilhados. “1984” é uma reflexão indispensável em qualquer altura.
Especialmente nesta, em que a liberdade é ainda questionada.

Biografia

Eric Blair era o real nome de George Orwell, nascido em Motihari, Índia (na época
território britânico), em 1903. Sua obra é marcada por suas experiências pessoais,
vividas em três etapas de sua vida: sua posição contra o imperialismo britânico, na
juventude; sua defesa da justiça social, depois de ter observado e sofrido na própria
pele as condições de vida dos trabalhadores de Londres e Paris; e contra os
totalitarismos, tanto na forma do estalinismo quanto do fascismo, tendo Orwell
participado da Guerra Civil Espanhola.

PRINCIPAIS TEMAS

Os perigos do totalitarismo: 1984 é um romance político, escrito com o propósito de


alertar os leitores no Ocidente sobre os perigos dos governos totalitários. Tendo
testemunhado em primeira mão os métodos terríveis os governos totalitários na
Espanha e Rússia usariam a fim de manter e aumentar o seu poder, Orwell projeta
1984 para soar o alarme nas nações ocidentais que ainda não tem certeza sobre como
abordar a ascensão do comunismo.
Manipulação psicológica: O Partido controla seus súditos com estímulos psicológicos
projetados para sobrecarregar a capacidade da mente para o pensamento
independente.

Tecnologia: Por meio de tele telas e microfones escondidos por toda a cidade, o
Partido é capaz de monitorar seus membros quase todo o tempo. Além disso, o
Grupo emprega mecanismos complicados (1984 foi escrito antes da era da
informática) para exercer controle em larga escala na produção econômica e fontes
de informação, e usa máquinas temíveis para infligir tortura sobre aqueles que
considera inimigos. 1984 revela que a tecnologia, que é geralmente percebida como
instrumento para o bem comum, também pode facilitar o mal mais diabólico.

Em sua obra intitulada 1984, George Orwell sistematizou a sociedade e expôs ao


fundo a mente humana e suas ciladas. O enredo retrata a civilização de Oceania, país
regido a mãos de ferro, que mantém uma hierarquia constante e inquestionável,
baseia a obediência de seu povo, no medo, insegurança e no caos, causados pelo
frequente clima de guerra.

Neste cenário, conhecemos a trajetória de Winston Smith. Figura comum desta


sociedade doente e vigilante. Smith é um homem rodeado pelo medo interior, medo
de sentir, de agir, de pensar ou se expressar.Ainda assim, Smith decide então, se
libertar das amarras colocadas pela sociedade e viver como acha que deve ser, sem
qualquer restrição. A partir daí, começa sua luta por liberdade e uma caçada
desesperadora.

“O Grande Irmão está observando você.”

A estrutura social, política e psicológica dos cenários e personagens, é


minuciosamente calculada pelo autor e facilmente absorvida por seus leitores. A
flexibilidade com que se vai do amor ao ódio é chocante, constante e muitas vezes
confusa. A guerra interna acaba se tornando muito maior do que a externa.
Mentalmente, Winston não está preparado para o que está por vir e antes de
qualquer conclusão, seus conflitos internos são expostos e suas certezas e ideologias
colocadas a prova

1984 é um livro de intensa reflexão, que nos causa em diversos momentos uma
sensação de fragilidade e medo, a busca por respostas acaba sendo também do
próprio leitor.

“Winston não conseguia se lembrar de jeito nenhum de uma época em que seu país
não estivesse em guerra”

1984 e a sociedade

Nossa comunidade atual, aponta claras semelhanças com a de Oceania. Suas ações,
seu poder de manipulação e controle, poder este, dado em mãos perigosas de pessoas
que criam um sistema individualista. O povo pelo Partido e não o Partido pelo povo.

Orwell tem grande visão futurista. Observou o avanço da sociedade, suas adaptações
e as consequências de tais mudanças. Percebeu que o medo e a insegurança, podem
funcionar como armas para um sistema opressor e controlador.

A mente humana é adaptável e de fácil alteração, os sentimentos são mecanismos


para um controle absoluto e inalterável. Oceania nada mais é do que a fantasia para
um mundo que já existe, é o presságio de uma sucessão de manipulações e
dissimulações. Retrato de um sistema que já se mostra vivo em nosso meio.

A linguagem como Controle da Mente: uma das mensagens mais importantes de


Orwell em 1984 é que a linguagem é de importância central para o pensamento
humano, porque estrutura e limita as ideias que os indivíduos são capazes de
formular e expressar.
A obra publicada em 1949, poucos meses antes da morte de seu autor, teve grande
sucesso de público e deixou impressões bem adversas. Hoje vemos que as
possibilidades por ele levantadas e suas teorias defendidas, são o retrato de nossa
realidade atual.

Por exemplo, a propaganda, muito evidenciada na narrativa, é uma grande aliada e


uma arma muito eficaz na persuasão e alimento do intelecto humano. Ainda nos dias
atuais, esta potente ferramenta tem grande influencia na sociedade, o que nos
aproxima ainda mais da obra de Orwell.

1984 desperta em seus leitores um sentimento de incapacidade e impotência. Medo


de se encontrar numa realidade paralela a essa. Medo principalmente de não
conseguir distinguir futuramente, o bem do mal, o certo do errado e se adaptar a
isso. Percebi que já me encontro no meio deste regime autoritário e manipulador.

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