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A REDAÇÃO

FUVEST
NAO É UM BICHO DE 7 CABEÇAS
A redação é o momento de provar nosso valor!

Arregaçar as mangas e descascar esse abacaxi: mostrar


domínio da norma padrão, capacidade criativa, articulação
de parágrafos, coerência e coesão e repertório variado.

Mas, calma! Este e-book vai te ajudar na estrutura e nos


conceitos que vão fazer os olhinhos do corretor brilharem!

Por meio de tópicos, resumos e mapas vamos te ajudar a


organizar melhor seu pensamento e argumentos.

Vem com a gente, vamos estudar juntos!


Prova

Geralmente, a prova traz uma abordagem mais


sociológica , com temas são mais “abertos”.
É possível criar um bom recorte para desenvolver a sua
argumentação. Olhos atentos!

Não é exigida uma proposta de intervenção, mas pode ser


opcional.

Avalie com cuidado, pois nem sempre é viável por conta da


natureza dos temas.
Flexibilidade

Os temas tendem a ser mais flexíveis, de natureza


reflexivo-filosófica e permitem o predomínio da linguagem
mais erudita e emotiva.

A abordagem crítica pode ser introspectivo-reflexiva , mas


evite o uso da primeira pessoa do singular ou do plural.

Use a terceira pessoa para deixar a redação com tom mais


impessoal e não fique passivo diante de um tema.

#momentoconceitual
Estrutura
O título é obrigatório conforme indica o edital e o produza
após a escrita do texto. Ele deve ser a síntese da sua ideia
central.

A folha contém 30 linhas, nas quais deverão ser


distribuídos a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.

Exponha seu posicionamento crítico perante o assunto,


não fique em cima do muro e apresente argumentos para
diferentes pontos de vista.
Coletânea
A rica coletânea disponibilizada deve ser utilizada para a
construção da dissertação.

Isso não significa que você deva copiar trechos dos textos
apresentados, mas sim que deve considerá-los na sua
reflexão.

Traga conhecimentos extras, além da coletânea. Enriquece


a redação e demonstra amplitude de repertório e
criatividade.

#momentoconceitual
Articulação
Relacione os textos da coletânea com os seus
conhecimentos pessoais. Vale citar filósofos, apresentar
ideias e exemplos e argumentos de autoridade para
reforçar seu ponto de vista.

Muito cuidado para não errar informações, citações,


nomes de obras e autores.

Opte pelo "básico, mas seguro”. Melhor usar o “ feijão com


arroz” do que querer diferenciar muito seu texto e acabar
perdendo ponto por trazer informações inadequadas.
Pontuação

A FUVEST pontua bem aquele que é capaz de sair do senso


comum e mostrar um bom repertório soci0cultural.

Mostre personalidade e originalidade no texto: Mitologia,


Filosofia e Sociologia são áreas do conhecimento que
agradam a banca e atribuem prestígio ao seu repertório
Competências
As competências avaliadas são:

Tipo de texto e abordagem: estrutura dissertativo-


argumentativa, adequação ao tema e diálogo com a
coletânea.

Estrutura: disposição do texto, os parágrafos, os elementos


de coesão e coerência e a organização dos argumentos.

Expressividade: erros de ortografia e pontuação, e defesa


de ponto de vista por meio de argumentos sólidos.

#momentoconceitual
Reflexão

A redação subjetiva nos leva além da argumentação, pois


nos apresenta um conjunto mais abrangente de discussões
reflexivas, um outro modo de encarar o mundo, a vida e os
fatos cotidianos o que, às vezes, nos faz concluir que não há
soluções definitivas para estes temas.

Essa é a diferença em relação aos temas objetivos e de viés


social, como os do ENEM, por exemplo.
Repertório
Aproprie-se de construções metafóricas e
transdisciplinares, pense nas relações de sentido que
extrapolam as disciplinas formais e use Arte, Literatura,
Filosofia, História e outras áreas.

Estes são recursos maravilhosos para articular ideias em


temáticas mais abstratas e subjetivas.

Não se esqueça da criticidade ao trazer o problema para a


sua realidade.
Para te ajudar nessa jornada, nós do #momento
conceitual, preparamos alguns mapas com autores,
mitos, filmes, livros e obras de arte.

Vamos aumentar esse repertório?


Mitologia

#momentoconceitual
O Mito de Sísifo

O camponês Sísifo foi punido duramente por usar de sua


esperteza e habilidade para tramar contra os Deuses do
Olimpo. Sua sina foi rolar diariamente uma pedra
montanha acima, até o topo.

Ao chegar lá no topo, o peso e o cansaço promovidos pela


fadiga fariam a pedra rolar novamente até o chão e no
outro dia , ele deveria começar tudo novamente e assim
para todo o sempre!
No século XX, um autor do movimento conhecido como
“existencialismo”, Albert Camus, retomou o mito para
explicar a condição humana e promover o que ficou
conhecido como “A revolta metafísica”.

Os deuses condenaram Sísifo a


rolar incessantemente uma rocha até o
alto de uma montanha, de onde tornava
a cair por seu próprio peso. Pensaram,
com certa razão, que não há castigo
mais terrível que o trabalho inútil e sem
esperança.

Camus, O Mito de Sísifo.


Albert Camus
Albert Camus (1913 a 1960 - Argélia/França) afirmava que
a vida dos homens era como o mito de Sísifo: seguir uma
rotina diária, sem sentido próprio, determinada por
instâncias como a religião e o sistema capitalista de
produção. Acordamos, trabalhamos, estudamos, nos
cansamos e nos deprimimos num ciclo sem fim e sem
sentido.

Esse mito serve para articular as imposições da sociedade


contemporânea, a falta de escolha, a mesmice do cotidiano,
a ideologia dominante, a liberdade e a depressão que pode
levar ao suicídio.

#momentoconceitual
temas relacionados

MESMICE DO COTIDIANO
FALTA DE ESCOLHA
IDEOLOGIAS DOMINANTES
LIBERDADE E DEPRESSÃO
Albert Camus
mito de sísifo
a revolta da
IDEIA GERAL DO MITO
sísifo condenado carregar metafísica
diariamente uma pedra
montanha acima e a pedra XVIII - ser humano revoltado
rola de volta pra a com a sua condição e criação
base da montanha blasfemia
revolta contra algo em nome
de outra coisa
Literatura
1984 George Orwell

Publicado em 1949, a obra é um olhar sobre a


contemporaneidade: a “pós-verdade” e os “fatos
alternativos” – foram antevistos no Grande Irmão, no
Ministério da Verdade e em todo o universo do autor.

Sua distopia atacava o stalinismo e as ditaduras


totalitárias que procuravam manter o poder pela censura
de vozes discordantes, pelo extermínio de opositores, pelo
controle da informação e pela difusão de uma versão única
e centralizada da verdade.

#momentoconceitual
GEORGE ORWELL - ÍNDIA 1903-1950

{
quando usar
Pós-verdade
liberdade de expressão Conceito de Alexis Wichowski
interpretação de fatos A verdade é escolhida a partir de
escrita impessoal sua utilidade para a propaganda e
controle social para concordar com ideologias
autoritarismo verdade confortável
censura distante dos fatos

eixo temático
resumo "1984"
Inglaterra distópica comunicação
Estado autoritário (1948) mídias
Grande irmão - culto a estado e política
personalidade
sociedade de controle individualismo e liberdade de expressão
manipulação de fatos
históricos
Crime de pensamento
Admirável mundo novo
Aldous Huxley

A “pós-verdade”, os“fatos alternativos” e a anestesia


intelectual nas redes sociais também aparece
nesta distopia publicada em 1932. Para o autor, a população
amaria a opressão e as tecnologias que destroem a sua
capacidade de pensar. Numa sociedade dividida
em castas, crianças são projetadas para as mais variadas
funções, não há mães, pais ou casamentos e o sexo é livre.

Toda a diversão está disponível na forma de jogos


esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que
garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma.
A arte e a cultura foram suprimidas para que houvesse
estabilidade.
Restaram apenas dez áreas civilizadas no mundo e alguns
territórios selvagens, onde grupos nativos ainda preservam
costumes e tradições primitivos, como família ou religião.

A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a arte são


perigos públicos. Mas não é necessário nenhum esforço do
governo totalitário para controlá-las.

Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer sacrifício em


troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária de soma.
O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que
desejam e nunca desejam o que não podem ter.

Sentem-se bem, estão em segurança; nunca adoecem; não


têm medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e
da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães;
não têm esposas, nem filhos, nem amantes por quem
possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal
modo que praticamente não podem deixar de se portar
como devem.

E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.

Huxley, Admirável Mundo Novo.


{
Temas Aldous Huxley
Controle social Reino Unido
1894-1963
estado autoritário
drogas e super estímulos
neutralidade x indiferença
hedonismo e egocentrismo
empobrecimento das relações
zona de conforto e esforço
dificuldade de percepção do todo

Eixo temático
Comportamento de massa
Atitude Reflexiva
Tecnologia e sociedade
1932
Senso comum Resumo
- Governo totalitário
Conceitos - pessoas confortáveis com o controle
Biopoder - Foucault - droga soma para controle social
Menoridade - Kant
Relacionando

obras
Orwell temia aqueles que proibiriam os livros. Huxley
temia que não haveria motivo para proibir um livro, pois
não haveria ninguém que quisesse lê-los.

Orwell temia aqueles que nos privariam de informação.


Huxley, aqueles que nos dariam tanta que seríamos
reduzidos à passividade e ao egoísmo.

Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós.


Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.

Neil Postman
Cinema

#momentoconceitual
O filme conta a história de um pequeno povoado que sofre
ameaça de ter suas casas inundadas devido à construção
de uma represa na região. Para evitar que isso aconteça,
eles decidem escrever a história da cidade, para colocá-la
como patrimônio cultural a ser preservado.

Há dois pontos interessantes para refletir: até onde vai o


direito da sociedade de ter “progresso” em sacrifício de
pessoas que simplesmente não tem o poder aquisitivo de
evitar que isso aconteça?

E em segundo lugar, reforça a arte e a cultura como


expressão do ser humano e a cultura popular como
manifestação local de um grupo social.

#momentoconceitual
Direção : Elliane Café
Ano 2004 Resumo
-conflito de vontades
politicas, econômicas e populares
-busca da história e da memória

Narradores
para provar o valor de uma
localidade
de Javé
temas
escrita da história
construção da verdade histórica eixo temático
patrimônio e respeito à cultura Escrita da História
relação estado - economia - povo Cultura, Patrimônio e Memória
relação local e nacional estado e políticas públicas
preservação do ambiente
e memória
Progresso econômico,
local e cultural
Arte
Operários Tarsila do amaral
Pintado em 1933, “Operários” tem temática social e retrata
cinquenta e um operários da indústria, com faces distintas
e de várias as cores, raças e etnias representados lado a
lado.

O ponto que assemelha a todos eles, são as feições


extremamente cansadas, desvitalizadas e sem esperanças,
o que demonstra o contexto social da crise econômica de
1929, que abalou o mundo.

No Brasil, começava o período da Era Vargas e o quadro


expressa a industrialização de São Paulo e a modernização
do país em relação com a classe operária.
Contexto
crise de 1929 Quadro "Operários"
industrialização de sp de
(falta de) leis trabalhistas
Tarsila do Amaral
migração de trabalhadores
movimento modernista
semana de arte moderna de 1922 Temas tratados
migração
urbanização
alienação no trabalho
Eixo Temático modernização da cidade
situação do trabalhador
história do Brasil
massificação do trabalho
situação trabalhista
função crítica da arte @momentoconceitual

industrialização e progresso
progresso humano e econômico
Música
Sempre presente no nosso dia a dia e das mais variadas maneiras possíveis, no
rádio, na tv, em vídeos, apps, publicidade e até desenhos, a música
proporciona prazer, entretenimento, suscita reflexões e eleva nossa
capacidade de criticar a sociedade.

O Brasil tem uma série de exemplos de cantores e músicos engajados social e


politicamente desde os anos 1960.

Durante o período da Ditadura Militar, tangenciando a censura, artistas


como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Rita Lee trouxeram-nos
inúmeras canções dissimuladas na poética para tratar de questões sociais,
exílio, violência, repressão, autoritarismo e posicionamento político.
Chico Buarque na canção “Cálice”, em parceria com Gilberto Gil,
critica a ditadura militar imposta na época.

Nos versos, a palavra “cálice” faz referência implícita ao verbo “cale-se”;


denunciando a falta de liberdade de expressão vivida pelos autores na época.

Notamos de modo bem explícito no trecho:

“Pai, afasta de mim esse cálice (…)

Como beber dessa bebida amarga

Tragar a dor, engolir a labuta (...)

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano”

#momentoconceitual
Cálice
Chico Buarque e Gilberto Gil

escrita em 1973 e censurada


canção de
publicada em 1978
tema de repressão e violência
protesto
Características Analogias com passagens
bíblicas
canção de combate social
apelo emocional temas
crítica social censura e repressão
canção que provoca o ouvinte manifestação política
uso de metáforas e paronomásia arte e reflexão
indústria cultural
Eixo temático escrita poética
história do Brasil arte como registro
Papel crítico da arte histórico
arte e mobilização social
Chegamos ao final desse material.

Foi um desafio pensar e escrever este e-book!

Lembrar de todas a dúvidas já respondidas, em possíveis


questionamentos e lembrar de nós mesmas, alunas, às
vésperas de vestibular, com medo da redação, inseguras
com os parcos argumentos e bagagem cultural capenga.

Pensamos em todos os alunos que nos perguntavam: “mas


gente, o que eu tenho que ler e assistir pra aumentar esse
tal repertório?”

Ou então “não dá pra botar esse tanto de informação num


lugar só?” Dá sim!
Aqui tem tudo o que achamos importante transmitir para que
você se sinta mais eficiente e confiante na construção do seu
texto.

Mas isso é só uma centelha! Uma brecha para despertar sua


curiosidade e gosto pelo estudo e pela escrita.

Há muito o que percorrer, sentir, experimentar e aprender.

A vida é um aprendizado constante: tudo servirá de base para


sua argumentação. Olhos e ouvidos atentos!

rica Herédia & eticia Ferreira


Design, diagramação e conteúdo por Narriman design, Erica Herédia e Letícia Ferreira/2019

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