“Bruxarias no Natal”

Criação

Gustavo Toledo

Texto

O Grupo

Personagens

Bruxa – Gustavo Toledo

Número 1 – Luiza Escandiel

Número 2 – Vinicius Gomes

Porto Alegre

2021
 ATO 1 –

O NATAL É TUDO.

[Cenário posto. Um biombo com tecido verde compõe o fundo

do palco com um quadro da Bruxa pendurado e uma faixa de
“Feliz Natal” ao lado. No meio do palco, mais a frente,
está uma cadeira. Uma árvore e algumas decorações de natal
estão postas também.]

(Dois duendes surgem um de cada lado. Eles se cumprimentam

e colocam mais algumas decorações de natal. Número 1 pega
uma meia-lua e Número 2 um violão. Ambos começam a cantar.)

“Jingle bell, Jingle bell, vai começar

as bruxarias estão de arrasar,
ela é malvada, mas tudo bem
a cara verde ela tem também.

Jingle bell, Jingle bell, natal é tudo!

Ela é mais feia que um cão pernudo
unha encravada, sovaco fedido
Cabelo no umbigo!

Tem duendes, muitas renas

na fábrica a trabalhar,
trabalhamos todo dia
pro seu presentinho entregar!

Decoramos sua casa com as luzinhas

tudo é uma maravilha,
Eu sou o 2, ela é o 1
Eu sou o 1, ele é o 2

São as Bruxarias
São as Bruxarias
Bruxarias no Natal!”

(A bruxa começa a gritar e os dois duendes fogem um de cada

lado.)
BRUXA - De novo isso?! Todo o ano a mesma coisa. Eu não
suporto o Natal! (a Bruxa brinca com o público) O que está
acontecendo aqui? Quem colocou essas decorações de Natal
aqui? Só pode ser uma pegadinha! Foram vocês que colocaram
essas bolinhas aqui? (Bruxa vai aumentando o tom e ficando
nervosa) E essa ÁRVORE? E ESSE PISCA-PISCA! (pausa) Hum...
eu aposto que foi aqueles dois pedaços de perna de sapo!
Aqueles dois presunto frito com batata doce! Eles só são
bonzinhos por fora! Vocês sabiam que eles confiscaram a
minha varinha? E a mando de quem? Do chefe véio de barba!
Hohoho... Falsidade! Imoral! Delírios natalinos! Ah, mas
eles vão ver... Ih olha só! Deu 17h da tarde, hora da minha
novelinha, vou lá na casa da Mirts e na passada aproveito
pra botar fogo em alguma árvore de Natal... até mais,
nojentinhos!

(Bruxa vai saindo, na hora de sair, pega uma bolinha de

Natal e arremessa no palco. Em seguida, os dois duendes
chegam felizes, cantando, com palmas, a música “Bate o
Sino”.

NUMÉRO 1 – Minha santa neve!

NÚMERO 2 - O que aconteceu aqui?!

NÚMERO 1 – Olha só... tá tudo bagunçado.

NÚMERO 2 - Gente! Gente! Vocês viram quem foi que fez

isso?

(Plateia responde que foi a Bruxa)

NÚMERO 1 – Eu sabia, eu sabia! Não da pra confiar

naquela bafuda...

NÚMERO 2 – Ai não! Tinha que ser a Dona Bruxa, a

número um não vai gostar nada disso!

NÚMERO 1 – Papai Noel...Papai Noel...Quanto vale ir

pro céu!

NÚMERO 2 – Ai não fala bobagem!! Calma, vai dar tudo

certo, e olha aqui ainda sobraram algumas bolinhas na
árvore. (ele pega a arvore e cai a parte de baixo. Ele
arruma)
 NÚMERO 1 – Eu aposto que foi porque “CONFISCAMOS” a
varinha mágica dela. Fazer o quê, ué? Protocolos são
protocolos! Está muito evidente!

NÚMERO 2 – Exatamente, no artigo 276, código de

conduta natalino 672 está escrito que (Pega um óculos e um
rolinho de papel do bolsinha) É IMPRESCINDÍVEL que não se
faça nenhuma bobagem, malcriação, traquinagem OU peripécia
durante as festividades de Natal, tudo muito evidente,
Número 1!

NÚMERO 1 – Se a coisa tá ruim, a coisa não anda!

NÚMERO 1 e 2 – (Cantando) “Nós vamos arrumar a casa,

nós vamos decorar a casa, nós vamos enfeitar a casa, pro
Natal celebrar.”

(A Bruxa joga uma bolinha de Natal na cabeça de

número 1, em seguida, de Número 2, atrás dos biombos)

NÚMERO 1 – AI! Que isso, número 2?

NÚMERO 2 – Não acho cordial jogar bolinhas nos amigos!

(A Bruxa joga algo maior, derrubando os dois)

NÚMERO 1 – EI!

NÚMERO 2 – Mas o que é isso!

ATO II –

“MINHA VARINHA DE PELO DE BURRO”

(A Bruxa entra com uma camiseta escrito “EU ODEIO O

NATAL” e uma placa com o símbolo de proibido e a toca do
Papai Noel dentro, ela visivelmente protesta, alterada)

BRUXA – FORA NATAL! FORA NATAL! OLÁ TRAQUINAGEM, NATAL

TCHAU TCHAU! O PAPAI NOEL NEM DÁ PRESENTE PRA TODO MUNDO!
PELO DIREITO DE SER MÁ! DE SER RUIM! DE NÃO TOMAR BANHO!

NÚMERO 1 E 2 – UUUUUUUU!
 (A Bruxa aponta a placa para eles, os duendes vão em
direção ao centro do palco.)

NÚMERO 1 E 2 – AMAMOS O NATAL! AMAMOS O NATAL!

NÚMERO 2 – O Natal é lindo! Sinônimo de

compartilharmos alegria e felicidade!

NÚMERO 1 – Sim! É a melhor época do ano, não acham,

crianças?

BRUXA – NÃO É NÃO!

NÚMERO 2 – Quer ver que é?

NÚMERO 1 e 2 – (Lendo em um papel) O Natal é sinônimo

de compartilharmos alegria, felicidade, prosperidade,
alegria e amizade e alegria e prosperidade!

BRUXA - Ai que saudade da minha varinha, se eu tivesse

ela aqui transformaria os dois em sanduíche!

(1 e 2 se apavoram de medo, se abraçam tremendo e

saem correndo do palco. A Bruxa, dessa vez, se aproxima das
crianças e ameaça a plateia com diversos feitiços também.)

(Atrás do biombo, Número 1 sobe na cacunda de número

2 e aparece com a varinha da Bruxa)

NÚMERO 1 – A senhora quer dizer, essa aqui?

BRUXA – A minha varinha de pelo de burro!

(Ela corre atrás dos dois, indo por um dos lados do

biombo e os dois saem pelo outro, a perseguição acontece
pelo palco. Quando a bruxa se cansa, 1 e 2 e separam e
jogam a varinha um para o outro para ela não pegar. Os dois
duendes estão em cada lado do palco e a Bruxa no meio. Ela
consegue pegar. Pausa.)

BRUXA – (tensão no ar) Ah vocês ainda têm medo de mim?

NÚMERO 2 – É exatamente por isso que confiscamos este

artefato mágico, temos regulamento.
 NÚMERO 1 – Simmm, eu ainda sinto tremeliques de tanto
dançar que nem um jacaré.

BRUXA – (Da uma gargalhada.) Ahh! Eu me lembro muito

bem desse dia. (entrando na lembrança, 1 e 2 congelam)
Esses dois apareceram no meu pântano colocando decorações
de natal! Enquanto cantavam essas músicas irritantes.
Quando eu os peguei, de boca na botija, não teve outra, eu
fique tão verde que não consegui me controlar e lancei um
feitiço neles (1 e 2 se movimentam de forma engraçada) por
desacato a divisão de terrenos. O POLO NORTE FICA MUITO BEM
LONGE DAQUI!

NÚMERO 1 e 2 – (Vão se transformando em diferentes

animais enquanto a Bruxa vai conduzindo uma dança pelo
palco)

NÚMERO 1 – Parou, parou, parou. Vamos para por aqui!

NÚMERO 2 – Isso, vamos resolver isso já.

NÚMERO 1 – Por que a Senhora não gosta do natal?

BRUXA – Por que eu não gosto do natal??? (não sabe o

que responder.) O que tem de bom no natal? O natal não tem
nada de bom!

NÚMERO 2 – Senta aí que nós vamos resolver.

(Dona Bruxa senta na cadeira de balanço. 2 joga com o

lugar em que a cadeira vai ficar.)

NÚMERO 1 – Está na hora da consultoria pública. Tem

muita coisa boa no Natal sim! Quer ver? (interagindo com a
plateia) Ei, tu aí! Fala o que tu mais gosta no natal.

(Criança voluntária fala pra Bruxa.)

NÚMERO 2 – Mas e você, o que tu mais gosta no Natal?

(outra criança)

NÚMERO 1 – E você Dona Professora, o que você mais

gosta no Natal?

BRUXA – Ah a professora eu sei! Ela gosta mais é do

feriado!
 (Professora.)

NÚMERO 2 – A não, se depois disso a senhora ainda não

gosta do Natal eu já considero caso perdido.

NÚMERO 1 – Tive uma ideia! Vamos ligar pra central!

NÚMERO 2 – Isso!! Crianças, peguem o telefone de

vocês, com o minguinho e o dedão, e acompanhem a ligação.

NÚMERO 1 – Alô, eu gostaria de falar com o Ruddulf, a

rena do nariz vermelho.

RUDDULF – (enquanto como uma cenoura) Central do

Natal, como posso ajudar?

NÚMERO 1 – Então, eu tô com um problemão aqui e eu...

RUDDULF – Para falar com a Fábrica do Papai Noel tecle

1. Para desvio de presentes tecle 2. Para conhecer o nosso
novo Magical Stars Trenó tecle 3. Para...

NÚMERO 1 – Ruddulf, eu preciso ver a lista!

RUDDULF – Desculpe, mas, não tenho acesso, apenas o

superior a tem.

NÚMERO 1 – Vou ter que apelar pro código vermelho

então.

RUDDULF – Tem certeza?? Ah ok, repassando a ligação em

3,2,1!

NÚMERO 2 – Alô, sei que o senhor está ocupado

alimentando a sua barriga, mas é que estamos com aquele
problema de novo.

PAPAI NOEL – OHOHOHOHOH.

NÚMERO 2 – Isso, senhor...sim. Correto.

PAPAI NOEL – HOHOHOHOOHOHO.

NÚMERO 2 - Afinal, ela está na lista?

PAPAI NOEL – HOHOOHOHOH.

NÚMERO 2 – Quer dizer que ela não se comportou?

 PAPAI NOEL – HOHOHOHOHO.

NÚMERO 2 – Certo! Obrigada, chefe! Feliz Natal!

BRUXA – E então! O que esse velho babão disse?

NÚMERO 1 – Infelizmente, segundo os registros

listônicos o qual fomos informados, a senhora não está na
lista de presentes, a senhora não se comportou.

BRUXA – Qual o problema de não se comportar um

pouquinho? De fazer umas traquinagens de vez em quando?

NÚMERO 2 – Mas a senhora pode se comportar ano que

vem, o Natal nunca vai acabar.

(DUENDES formulam um plano atrás dela. Tentam alegrar

a BRUXA cantando uma música com os intrumentos.)

Bate o sino, pequenino, sino de Belém

Eu não vou ganhar presente, nem vocês também!

Paz na terra, bate o sino, alegre a cantar

Eu não ligo pra presente, não quero ganhar!

Hoje a noite é bela, juntos eu e ela

Em sapo lingudo, eu vou transformar!

Ao soar o sino, sino pequenino

Tadinha da Bruxa, eu vou me lascar

. (A energia dos duendes vai baixando conforme a Bruxa

responde a música até chegarem em uma tristeza total. Os
duendes, visivelmente chateados, saem do palco de cabeça
baixa)

BRUXA – Durante todos esses anos eu não me comportei e

nunca ganhei NADA! Nenhuma folhinha de árvore da Fábrica de
vocês eu ganhei. Vocês sabem o que é não ter ganhado um
mísero agradinho? Aposto que não, lá na fábrica vocês
ganham tudo... Confiscam varinha... Invadem meu pântano.
Tudo o que eu queria era um presente e sossego. Estou
ficando velha pra bagunça, mas parece que ninguém me
entende... (triste e cabisbaixa arrumando o cenário) Bate o
sino... pequenino...sino de Belém...Jingle bell... acabou o
papel...

(Ela procura um pacotinho de biscoitos natalinos que

está num saquinho com farinha, simulando poeira, e uma
poção, come e bebe se sujando toda. BRUXA sai.)

ATO III –

MISSÃO PRESENTE

(Trilha de espionagem no violão. DUENDES entram como

espiões em uma missão. Eles dão cambalhotas observando se a
BRUXA não está ali. Eles arrumam as decorações de natal. 2
entra com o violão e da ordem de “barra limpa”, 1 carrega o
presente e coloca o presente na cadeira da Bruxa.)

(BRUXA entra e encontra o presente.)

BRUXA – O que é isso? Foi tu que colocou aqui? Ah! Se

foram aqueles dois, só pode ser uma bomba...

(BRUXA abre o presente. Ela tira da caixa um quadro,

não podemos ver a imagem.)

BRUXA – (Espantada.) Ah!!!

NÚMERO 1 E 2 – SURPRESAAAA! FELIZ NATAL DONA BRUXA!

BRUXA – (Escondendo o quadro) Rurum, que surpresa o

que??? Tô tomando meu chá aqui!

NÚMERO 1 – Ué, mas a senhora não achou nada por aqui?

NÚMERO 2 – Pois é... nada natalino pela área?

BRUXA – Além de vocês, nada fora do normal.

NÚMERO 1 – Ué número 2, cadê o presente?

NÚMERO 2 – Ai 1, eu falei que não deveríamos ter

aprontado tanto com ela!
 BRUXA – Pestinhas venham aqui. Eu descobri tudo!
Aquele teatrinho de vocês era só pra me enganar, mas a
verdade, é que eu não esperava que a coisa mais arrepiante,
nojenta, terrível e assustadora que eu veria na vida! Fosse
vocês que iriam me dar! Eu ameiii! (Monstrando o quadro pra
plateia) É o quadro mais peçonhento e chamusquento que eu
sempre sonhei em ganhar. Esse sentimento eu não vou
esquecer, nunca! Arrrgh! Muito Obrigado, meus cotonetes de
Natal!!

NÚMERO 1 – Que maravilha Dona Bruxa!

NÚMERO 2 – Agora a senhora entende o que passa quando

sentimos o verdadeiro sentido do Natal, e de fato, é bem
difícil de explicar...

BRUXA – (Aos prantos) Ah! Que horripilindo!

NÚMERO 1 – A gente pede desculpas por algumas

brincadeirinhas com a senhora... mas essa alegria toda faz
com a gente não aguente e precisamos cantar uma última
musica.

Jingle bell, Jingle bell, vai começar

as bruxarias estão de arrasar,
ela é malvada, mas tudo bem
a cara verde ela tem também.

Jingle bell, Jingle bell, natal é tudo!

Ela é mais feia que um cão pernudo
unha encravada, sovaco fedido
Cabelo no umbigo!

Tem duendes, muitas renas

na fábrica a trabalhar,
trabalhamos todo dia
pro seu presentinho entregar!

Decoramos sua casa com as luzinhas

tudo é uma maravilha,
Eu sou o 2, ela é o 1
Eu sou o 1, ele é o 2

São as Bruxarias
São as Bruxarias
Bruxarias no Natal!”