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ANALISE CRITICA:

LIMA BARRETO – DIÁRIO DO HOSPÍCIO E O CEMITÉRIO DOS VIVOS

1953
Informações básicas

• Em sua primeira edição, o Diário


do Hospício aparecia junto às obras Diário
Íntimo e Cemitério dos Vivos. Já em 1956,
a obra foi reorganizada por Francisco
Barbosa, com a ajuda de Antonio
Houaiss e M. Cavalcanti Proença.
• Obra incompleta, “Cemitério dos Vivos” foi
postado postumamente, com frases e
diálogos incompletos. E apesar de estarem
em uma coletânea, são obras diferentes.
• Lima Barreto (1881-1922) foi um
importante escritor brasileiro da fase Pré-
Modernista da literatura. Nome completo:
Afonso Henriques Lima Barreto.
Diário do hospício
• Em Diário do Hospício, Lima Barreto faz uma
autoanálise sobre a “loucura” que deseja
compreender, mas não consegue. Além disso, o
autor revela as agruras daqueles que eram
classificados como alienados e aborda, ainda, a
violência da sociedade da época. Já no romance
inacabado O cemitério dos vivos, o escritor transpôs
uma narrativa ficcional sobre a mesma vivência no
manicômio. Infelizmente, o autor veio a falecer
sozinho dentro de sua casa, em decorrência de um
ataque cardíaco, em 1922. Suas obras foram
publicadas após o falecimento, e o autor nunca
chegou a presenciar a dimensão da sua fama.
Diário do hospício
• “Penso assim, às vezes, mas, em outras,
queria matar em mim todo o desejo,
aniquilar aos poucos a minha vida e
sumir-me no todo universal. Esta
passagem várias vezes no Hospício e
outros hospitais deu-me não sei que
dolorosa angústia de viver que me
parece ser sem remédio a minha dor.”

• “No começo, eu gritava, gesticulava,


insultava, descompunha; dessa forma,
vi-as familiarmente, como a coisa mais
natural deste mundo. Só a minha
agitação, uma frase ou outra desconexa,
um gesto sem explicação denunciavam
que eu não estava na minha razão.”
Cemitério dos vivos

• Cemitério dos Vivos é um romance inacabado de Lima


Barreto, baseado nas anotações feitas num Diário quando o
escritor esteve internado no Hospício da Praia Vermelha. As
“Anotações para o Cemitério dos Vivos” foram sugeridas por
meu editor, e aceitas imediatamente, como complemento do
meu livro “Ouvindo Vozes” por dois motivos: compartilhar os
escritos de Lima Barreto para os jovens estudantes de hoje; e
– o que encantou meu editor – mostrar as semelhanças de um
hospício no século XXI e àquele de quase cem anos atrás.
• Quanto ao espaço, basta viajarmos para outros lugares e países. São
muito iguais. Disposição panóptica, celas, grades, banheiros sem
privacidade, refeitório sem talheres. Roupas iguais de cores
semelhantes. Eu mesmo as nominei de “azul hospício” ou “cinza
manicômio”, aquelas roupas de brim impessoal. Em comum as grades
de ferro que aferrolham o tempo e o espaço no manicômio.
Mas desde o final da década de 1980, um movimento se opôs ao
velho, longevo e perverso manicômio. O movimento da Reforma
Psiquiátrica brasileira, que aprendeu com o movimento da Reforma
italiana de Basaglia. Seu lema: “por uma sociedade sem manicômio”.
O movimento visava a ultrapassagem do hospital psiquiátrico.
Cemitério dos vivos

• O pensamento hegemônico, na época em que


Lima Barreto produziu os seus livros, era
o darwinismo social, conceito que
justificava cientificamente o racismo.
Num claro sinal de autonomia intelectual,
o escritor tratou o racismo e o negro na
literatura com olhar mais contundente, o
que fez ele sair do comum, sobretudo por
se autodeclarar um intelectual negro numa
cena marcada pela hegemonia europeia.
Cemitério dos vivos

• Esse período que não chegou a constituir um


movimento literário foi denominado de Pré-
Modernismo. Entre outros autores do Pré-Modernismo
destacam-se "Euclides da Cunha" e "Monteiro Lobato".
Embora os autores do Pré-Modernismo ainda
estivessem presos aos modelos do romance realista-
naturalista, se observa na obra de Lima Barreto, a
busca por uma linguagem mais simples e coloquial.

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