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10/03/2022 09:14 Caderno Direitos Humanos para Policial - PRF - 2021

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Direitos Humanos
para Policial - PRF - 2021


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Questão 188 de 334
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Matéria: Direitos Humanos
(https://www.tecconcursos.com.br/materias/direitos-
humanos)

(https://www.tecconcursos.com.br/orgaos/dpe- Assunto: Fontes, Classificação e Princípios dos Direitos


pi) Humanos Internacionais
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humanos/fontes-classificacao-e-principios-dos-direitos-
humanos-internacionais)

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Jean Claude (https://www.tecconcursos.com.br/dicas-do-professor/jean-claude)


Teoria atualizada em 04/02/2022

Atualizações relevantes

Fontes, Classificação e Princípios dos Direitos Humanos Internacionais

Atenção: este capítulo foi revisto e atualizado em 21/10/2021


 
Fontes dos Direitos Humanos Internacionais
 
Podemos considerar os Direitos Humanos Internacionais como o somatório dos direitos
civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e coletivos albergados pelos instrumentos
internacionais e regionais e pelo costume das nações. Podemos referenciar duas fontes
principais do Direito Internacional Público e dos Direitos Humanos Internacionais, quais
sendo os princípios gerais de direito, os tratados internacionais e o costume
 da Corte Internacional de Justiça.
internacional, segundo o artigo 38 do Estatuto
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Desses dois, exsurgem os Direitos Humanos como direito positivado. 
 
Como fontes auxiliares, tem-se as decisões judiciais, a doutrina, os atos unilaterais e
as resoluções vinculantes das organizações internacionais.
 
Fontes formais dos Direitos Humanos
 
Com relação aos tratados, é a fonte principal eleita por todos que se dedicam à
proteção dos direitos humanos e isso deriva de uma questão prática: é mais fácil aplicar
normas estipuladas por escrito do que normas consuetudinárias ou "invisíveis".
 
O número de tratados internacionais de direitos humanos cresceu consideravelmente
nas últimas décadas, bem como sua relevância prática, o que, por outro lado, dificulta a
orientação dos aplicadores do direito nesse emaranhado jurídico. Daí a validade
didática de se separar os tratados em dois regimes: o sistema universal de proteção
dos direitos humanos e os sistemas regionais.
 
No que se refere ao sistema universal de proteção dos direitos humanos, as
codificações mais importantes, também chamadas “convenções centrais” , são: os dois
Pactos de Direitos Humanos de 1966, as Convenções sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, de 1966, e contra a Mulher, de 1979; a Convenção
contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de
1984, e a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; a Convenção Internacional
sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Migrantes Trabalhadores e dos Membros de
suas Famílias, de 1999; a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, assim como a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas
contra Desaparecimento Forçado, ambas de 2006.
 
Outros acordos menos conhecidos incluem os vários protocolos adotados como
complementos às codificações centrais, tais como os dois Protocolos Facultativos
referentes ao PIDCP, de 1966 e de 1989 (um sobre o estabelecimento de um
procedimento de petições individuais perante o Comitê de Direitos Humanos – CeDH e o
outro sobre a abolição da pena de morte); o Protocolo Opcional ao Pacto Internacional
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pidesc), de 2008 (igualmente sobre o
estabelecimento de um procedimento de petições individuais), dentre outros.
 

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Existem, entretanto, convenções e tratados que protegem direitos humanos de forma


marginal, contendo, além de outros dispositivos, garantias que concretizam direitos
humanos já assentados, como os vários tratados internacionais relativos à proibição,
punição e prevenção da escravidão e práticas análogas, ou aqueles que só
indiretamente protegem direitos humanos, como os tratados do Direito Penal
Internacional, Direito Internacional Humanitário e o Direito dos Conflitos Armados.
 
O sistema regional envolvem o instrumento mais famoso, que é a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (Pacto de San José) e seus protocolos, em matéria de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador) e outro sobre Abolição da
Pena de Morte.
 
Outros importantes sistemas regionais são o Europeu, com a Convenção Europeia de
Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos Humanos e o Africano.
 
Com relação aos costumes, reza o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça,
que lista as fontes clássicas do Direito Internacional Público, que por costume
internacional entende-se a prova de uma prática geral aceita como sendo direito.
Engloba dois elementos: a prática geral (consuetudo), como elemento objetivo, e a
opinião jurídica dos Estados de que tal prática estatal corresponde a uma obrigação
jurídica (opinio iuris sive necessitatis), como elemento subjetivo.
 
A prática é considerada como a conduta oficial de órgãos estatais, com relevância para
formação do Direito Internacional Público. Quanto ao número de atos necessários para
se considerar uma prática como "geral" o termo-chave seria "quase universalidade".
Significa que a contribuição do novo direito deve vir da maioria dos Estados, fazendo-se
referência, na prática, aos países mais poderosos ou importantes nas relações
internacionais.
 
Essa prática deve vir acompanhada pela opinião jurídica dos Estados, de que os atos
praticados correspondem a uma obrigação jurídica. Faltando essa convicção, os atos
praticados não constituem costume internacional. Essa opinião pode ser extraída de
declarações adotadas por Estados, de conferências internacionais, de Resoluções da
Assembleia Geral da ONU e outras organizações. 
 
Diante das dificuldades prática em distinguir esses elementos objetivos e subjetivos, a
doutrina moderna do costume internacional propõe um método dedutivo, que consiste
em que um determinado direito já fosse reconhecido
 e/ou tivesse significado

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fundamental para o direito internacional como ordem jurídica, seria admissível concluir
sua transformação em costume internacional pela falta de prática estatal
contraditória.
 
Outra opção é a busca de várias decisões judiciais reconhecendo o direito alegado
como costume internacional, pois apesar de não configurarem diretamente a formação
de costume, podem ser mencionadas para demonstrar que a análise já foi feita e
respondida afirmativamente, o que vai depender da qualidade da decisão e da
autoridade de seus autores, que dificilmente poderá ser refutada pelo órgão ou
colegiado encarregado de decidir o caso. Nesse sentido, merecem atenção os julgados,
decisões ou opiniões das Cortes Regionais de Direitos Humanos e de outros Tribunais
Internacionais, como o Tribunal Penal Internacional (TPI). Também merecem destaque,
no sistema interamericano, os casos decididos pela Comissão Interamericana de
Direitos Humanos e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
 
Outro caminho viável é referência a direitos reconhecidos em convenções e defender
sua vigência como costume internacional, o que é especialmente relevante quando a
convenção foi ratificada quase universalmente, por exemplo, por mais de 150 Estados.
 
Muitos desses costumes originam-se das resoluções da Assembleia Geral da ONU, bem
como das deliberações do Conselho Econômico e Social. Como exemplo, cite-se a
Declaração Universal de Direitos Humanos, que foi, como visto acima, originalmente
adotada pela Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral da ONU, não possuindo força
vinculante de acordo com a Carta da ONU. Porém, atualmente, devem os Estados
observar os ditames da Declaração Universal dos Direitos Humanos (inclusive o Brasil),
pois a mesma é reconhecida como espelho de norma costumeira de proteção de direitos
humanos. De fato, a Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter
de norma costumeira da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como
elemento de interpretação do conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da
ONU.
 
O costume internacional motivou o Supremo Tribunal Federal e outros tribunais, a
aplicarem diretamente o costume internacional nos processos internos como se fosse
"direito da terra", aplicação essa denominada de "fenômeno da impugnação", pelo qual
essas normas são aplicadas diretamente no ordenamento pátrio, sem qualquer medida
do Congresso Nacional (ausência de Decreto Legislativo) ou promulgação por Decreto
do Presidente da República.
  
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Um desses casos foi o litígio entre a Síria e o Egito (logo após a dissolução da República
Árabe Unida), referente à propriedade de imóvel no Rio de Janeiro, que, antes da
transferência da Capital para Brasília, sediava a antiga embaixada comum. Para o
Supremo Tribunal Federal, o costume internacional da imunidade absoluta de jurisdição
deveria ser aplicado, mesmo contrariando o preceito da Lei de Introdução ao Código
Civil à época (artigo 12, parágrafo único) e ainda o disposto no artigo 89, I, do CPC, que
estabeleciam ser o juízo brasileiro o único competente para conhecer de ações reais
sobre imóveis situados no Brasil.
 
Já em 1989, houve caso no qual o STF decidiu pela supremacia do novo costume
internacional da imunidade de jurisdição relativa e permitiu o trâmite de reclamação
trabalhista contra a então existente República Democrática Alemã. Importa mencionar
que a Constituição de 1988, no seu artigo 114, determinou que a Justiça do Trabalho é
competente para conhecer causas inclusive contra “entes de direito público externo”.
Mas, como argutamente observou o Min. Rezek em seu voto na Apelação Cível 9.696,
esse dispositivo apenas assegura a competência em casos nos quais o Brasil possui
jurisdição, pois se o Direito Internacional negar jurisdição ao Brasil, o artigo 114 queda
inócuo. Mas, no caso concreto, foi considerado o novo costume internacional da
imunidade de jurisdição relativa, que possibilitava o processamento de ações
trabalhistas contra Estados estrangeiros, notadamente funcionários brasileiros de
embaixadas de outros países.
 
No caso da proteção internacional de direitos humanos, há também vários exemplos de
invocação de normas extraconvencionais de direitos humanos como se vê na Adi 3.741,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski (Declaração Universal de Direitos do Homem); HC
81.158-2, Rel. Min. Ellen Gracie (Declaração Universal dos Direitos da Criança – 1959); HC
82.424-RS, Relator para o Acórdão Min. Maurício Corrêa (Declaração Universal dos
Direitos Humanos); RE 86.297, Rel. Min. Thompson Flores (menção à Declaração
Universal dos Direitos do Homem);Adin 3.510, Rel. Min. Carlos Britto (no voto do Min.
Ricardo Lewandowski menção à Declaração Universal sobre Bioética).
 
Os princípios gerais de direito são outra fonte clássica dos Direitos Humanos
Internacionais, prevista no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, como
princípios que fazem parte de quase todas as ordens jurídicas. Citem-se, por exemplo, o
princípio da proporcionalidade, da proibição do excesso e da perempção. 
 
O princípio da proporcionalidade consiste na aferição da idoneidade, necessidade e
equilíbrio da intervenção estatal em determinado
 direito fundamental. Origina-se da

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lógica da moderação e justiça que deve incidir sobre toda intervenção estatal sobre
direitos dos indivíduos, mesmo que o fim do ato restritivo seja evitar dano a outro
direito individual. É uma técnica de controle do poder estatal (ou, como querem alguns
doutrinadores, é o limite dos limites dos direitos fundamentais.
 
Já o juízo de proporcionalidade em sentido estrito consiste na valoração comparativa
entre, de um lado, as vantagens de uma medida e, de outro, o sacrifício exigido a um
direito fundamental. A análise de custo e benefício tem que ser feita para evitar medidas
desequilibradas, que geram mais transtornos aos titulares dos direitos restringidos que
benefícios gerais. Encontra-se a jurisprudência mais expressiva com relação ao uso do
princípio da proporcionalidade na interpretação de direitos humanos nos julgados da
Corte Europeia de Direitos Humanos, em que pese que a Convenção Europeia de
Direitos Humanos não mencione expressamente o princípio. Afinal, constitui-se em
princípio geral.
 
No nosso âmbito regional, mencione-se o artigo 27 da Convenção Americana de
Direitos Humanos. Este último, de interesse para o Brasil, dispõe que em período de
guerra, de perigo público ou de outra emergência que ameace a independência ou a
segurança do Estado-Parte, podem ser adotadas disposições que, na medida e pelo
tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam os direitos
previstos na Convenção, sempre que tais disposições não sejam incompatíveis com as
demais obrigações que se lhes imponha o direito internacional e não adotem
discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem
social. Importante medida de proporcionalidade.
 
Uma das dificuldades alertadas pela doutrina é que o recurso aos princípios gerais de
direito geralmente requer a constatação de lacuna jurídica despropositada pelos
Estados, o que por vezes é difícil de evidenciar. 
 
Fontes não convencionais ou auxiliares dos Direitos Humanos
 
As decisões judiciais, já mencionadas acima, a doutrina, os atos unilaterais e
as resoluções vinculantes das organizações internacionais, constituem o que se
convencionou chamar de fontes auxiliares dos Direitos Humanos Internacionais. 
 
As doutrinas dos publicistas de maior peso incluem Flávia Piovesan (Código de Direito
Internacional dos Direitos Humanos Anotado), valério de Oliveira Mazzuoli (Coletânea
de Direito Internacional), Direitos Humanos
e documentos internacionais, da Secretaria

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Especial dos Direitos Humanos, Ian Brownlie (Basic Documents on Human Rights),
Sandy Ghandy (International Human Rights Documents), Javier Gonzáles Vega
(Derechos Humanos), Jens Meyer-Ladewig (Europäische Menschenrechtskonvention).
 
Quanto à jurisprudência, bem como quanto às Resoluções, importantes fontes de
pesquisa são encontradas no sítios da internet do Conselho de Direitos Humanos da
ONU, dos vários Comitês das convenções centrais (Comitê de Direitos Humanos; Comitê
contra a Tortura, Comitê sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais etc), da Corte
Internacional de Justiça (International Court of Justice), da Corte Permanente de Justiça
Internacional (Permanent International Court of Justice), do Tribunal Penal
Internacional (International Criminal Court), do Tribunal Penal Internacional para a ex-
Iugoslávia (International Criminal Tribunal for Former Yugoslavia), Tribunal Penal
Internacional para Ruanda (International Criminal Tribunal for Ruanda).
 
No âmbito dos sistemas regionais, os sítios da Comissão Africana sobre Direitos
Humanos (African Commission on Human and Peoples’ Rights), da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (em português), da Corte Africana de Direitos
Humanos (African Court on Human and Peoples’ Rights), Corte Africana de Justiça
(African Court of Justice), Corte Europeia de Direitos Humanos (European Court of
Human
Rights), Corte Interamericana de Direitos Humanos (em português), Tribunal de Justiça
das Comunidades Europeias (European Court
of Justice).
 
Classificação dos Direitos Humanos Internacionais
 
Modernamente, tem-se que os direitos humanos internacionais foram positivados a
partir da Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
(1789) bem como do Ato das Confederações (Bill of Rights) de 1776 das treze colônias
americanas que declararam independência da Coroa Britânica. A partir daí, surgiram as
Constituições liberais dos séculos XVIII e XIX. 
 
Tais direitos de índole liberal podem também ser chamados de direitos negativos, a
exemplo do direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão dentre
outros, também chamados direitos de primeira geração ou primeira dimensão.
 
Somente no século XX, com o surgimento do Estado Social, passa-se a exigir uma
atitude comissiva, positiva, do Estado, umaatuação estatal em favor do bem-estar do

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indivíduo.
 
Com isso, podemos classificar, basicamente, os direitos humanos em três dimensões (o
termo geração está ultrapassado, mas ainda é encontrado em algumas provas).
 
Os direitos de primeira dimensão aparecem a partir do surgimento do Estado liberal, e
consolidam-se ao final do século XVIII, no qual se dá forte proeminência ao indivíduo, à
livre iniciativa, e às liberdades individuais. A partir daí, passam a ser assegurados certos
direitos ditos de liberdade, ou seja, o direito de não interferência do Estado na vida
privada das pessoas. 
 
Também chamados de direitos negativos (obrigações de não-fazer do Estado) O Estado
deveria existir para assegurar a propriedade, a segurança, o livre comércio e a livre
movimentação das pessoas. Como decorrência disso, devem ser assegurados os direitos
à vida, à honra, à nacionalidade, de não ser submetido à escravidão, enfim, à liberdade.
 
Os direitos de segunda dimensão: com o passar do tempo, viu-se que o Estado liberal e
o livre mercado não se mostravam suficientes a assegurar o mínimo existencial a todos
os indivíduos, deixando à margem do progresso milhões de pessoas que viviam com
condições de absoluta miséria e escravidão. Isso levou a diversas revoluções e
protestos. Dentre elas, a revolução comunista, em 1848. 
 
Temendo a invasão do socialismo e do comunismo no final do século XIX e início do
Século XX, que propugnavam a distribuição de direitos econômicos a todos os membros
da sociedade, combatendo francamente o capitalismo, alguns países, notadamente
europeus, deliberaram instituir direitos de ordem social, como educação, saúde,
previdência, a largas porções da população, bem como constitucionalizar esses direitos,
criando o que ficou conhecido como welfare state, ou Estado do Bem-Estar Social. Isso
ficou patente com a Constituição alemã de Weimer em 1919, logo após a Primeira
Guerra Mundial, encerrada em 1918 bem como com o Tratado de Versalhes, em sua
parte XIII, que constituiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT), também de
1919.. A Constituição Mexicana de 1917 é também mencionada, entretanto, não logrou
implementar na realidade o que seu texto propugnava em termos de direitos sociais,
notadamente trabalhistas. 
 
Portanto, os direitos de segunda geração ou dimensão dizem respeito a uma prestação
positiva do Estado, são direitos de igualdade, mas uma igualdade em sentido material,

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efetiva e não apenas formal, do ponto de vista político. Incluem-se dentre esses direitos
o direito à educação pública, direito à saúde, ao seguro-desemprego, aposentadoria.
 
Aliás, muitas Constituições modernas, que se gabam de possuir em seu texto
verdadeiros tratados de direitos sociais, não conseguem materializá-los na realidade,
mantendo à margem de tais direitos largas porções de sua população, como a própria
Constituição Federal de 1988. Contudo, trata-se de um primeiro passo, que deverá levar
a reboque a implementação efetiva de tais direitos, ainda que tardiamente.
 
Há ainda a terceira dimensão, também reconhecida no séc. XX, em que temos os
direitos de índole coletiva e difusa (pertencentes a um grupo indeterminável de
pessoas), com foco na autodeterminação e fraternidade entre os povos (direito a um
meio ambiente equilibrado, à paz, ao progresso etc.), além do direito de comunicação.
 
Alguns autores, a partir das reflexões de Noberto Bobbio, reconhecem uma quarta
dimensão de direitos humanos, que diriam respeito aos respeitos inerentes ao
patrimônio biológico e genético do indivíduo, diante dos avanços nas pesquisas da
engenharia genética, células-tronco, manipulação de genes etc. Para Paulo Bonavides,
os direitos de quarta geração estariam ligados à universalização política, destacando-se
nesse contexto o pluralismo político, a democracia e ao direito à informação. 
 
Uma quinta dimensão é ventilada por Paulo Bonavides como sendo o direito à paz e à
fraternidade entres os povos, o que estaria classificado pelo mesmo jurista francês Karel
Vasak como direitos de terceiro dimensão, mas que para o jurista brasileiro mereceria
uma classificação autônoma.
 
Essa divisão em dimensões ou gerações de direitos foi estabelecida originalmente
pelo jurista francês Karel Vasak, em 1977, e tem função principalmente didática.
Algumas críticas a esse modelo afirmam que ele pode levar à dedução errônea de que as
“gerações” de direitos humanos mais jovens substituirão a “geração” mais antiga,
condenada a “falecer”, o que não é verdade, pois as dimensões de interpenetram e
coexistem progressivamente, à medida que esses direitos vão sendo estabelecidos;
por outro lado, poderia levar a crer que só as garantias da “primeira geração”
estabeleceriam direitos exigíveis juridicamente pelos indivíduos, enquanto os direitos
da “segunda geração” meramente conteriam obrigações a serem realizadas
progressivamente pelos Estados, mas não poderiam ser reclamados, o que também não
se coaduna com a realidade contemporânea desses direitos, inclusive à luz da hodierna
jurisprudência do STF. 
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Se você prestar atenção ao preâmbulo da nossa Constituição, verá que as principais
dimensões de direitos estão lá representadas. Preste atenção nas palavras grifadas
abaixo e veja em cada uma delas as diversas dimensões de direitos:
 
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais (2ª dimensão) e individuais, a liberdade (1ª
dimensão) , a segurança (1ª dimensão), o bem-estar (2ª dimensão),
o desenvolvimento (2ª dimensão), a igualdade (2ª dimensão)e a justiça (2ª e 3ª
gerações) como valores supremos de uma sociedade fraterna (3ª
dimensão), pluralista (4ª dimensão)e sem preconceitos (3ª dimensão), fundada
na harmonia social (2ª e 3ª dimensões) e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias (5ª dimensão),
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.”
 
Modernamente, os Direitos Humanos não se vinculam mais a gerações ou dimensões,
sendo considerados como um todo integrado. Essa distinção entre gerações é feita hoje
somente para fins didáticos, especialmente para o estudo da evolução histórica dos
Direitos.
 
Um resumo das principais dimensões de direitos é mostrado na tabela a seguir:
 
Também
Dimensão Surgimento chamados Marco Histórico Direitos
de
Direito à vida, à
Direitos de nacionalidade, à
Liberdade, liberdade, ao livre
1ª civis e Revolução Francesa comércio, à livre
Século XVIII
Geração políticos; Liberalismo movimentação, repúdio
Direitos à escravidão;
"negativos" Direito à segurança, à
propriedade


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Direitos de Surgimento do
Direito à educação, à
Igualdade comunismo/socialismo
2ª Final do saúde, à assistência e à
(material) Criação do welfare
Geração Século XIX previdência social;
Direitos state (Estado do

Direitos trabalhistas
sociais bem-estar social)
Direito ao meio
Direitos de ambiente sadio, à

Fraternidade informação, à paz, ao


3ª Após a Segunda Guerra
Século XX Direitos patrimônio
Geração Mundial
Coletivos e histórico universal, à
Difusos fraternidade entres os
povos (Karel Vasak)  
Direitos de
democracia,
4ª à
Século XX Globalização  
Geração pluralidade;
Respeito às
minorias
Direito à paz, axioma da
democracia participativa

Século XXI Direito à paz Globalização e direito supremo da
Geração
humanidade, segundo
Paulo Bonavides
 
 
A Teoria dos Status dos Direitos Humanos
 
Não tão conhecida ou tão invocada quanto a Teoria Dimensional, a Teoria dos
Status formulada pelo alemão Georg Jellinek em fins do século XIX, remanesce atual e
relevante para análise da posição do indivíduo frente ao Estado e do processo de
efetivação dos direitos humanos ou fundamentais.
 
Os denominados 4 status de Jellinek são o status passivo (ou
status subjectionis), status negativo (ou status libertatis), status positivo (ou
status civitatis) e status ativo (ou de cidadania ativa).
 


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No status passivo, o indivíduo se encontra em posição de obediência e subordinação


aos poderes públicos, como por exemplo, na obrigação de pagar tributos, de
alistamento eleitoral e alistamento militar, em certos casos. Ou na imposição de
proibições impostas pela Constituição ou pela lei, sob pena de sanções pelo ente que
detém o monopólio lícito da força: o Estado.
 
No status negativo, o indivíduo goza de uma série de garantais de liberdade e de não-
intervenção (lembra muito os direitos de liberdade de primeira geração), o poder lícito
de resistir a imposições ou restrições indevidas do Estado na esfera de direitos do
indivíduos. Exemplo são as limitações ao poder de tributar, do art. 150 da Constituição
Federal brasileira, pois embora se sujeite ao poder de tributar (status passivo), o
indivíduo pode opor-se a tributação indevida ou excessiva. A autoridade do Estado se
exerce sobre homens livres.
 
No status positivo, diz respeito às obrigações do Estado com os indivíduos e ao direito
de exigir os poderes públicos prestações positivas a seu favor. Podemos aqui identificar
os direitos de segunda dimensão, de caráter social, direitos de igualdade material. Aqui,
ocorrem os embates sobre quais os limites dessa prestação (teoria do financeiramente
possível) ou quais as garantias mínimas que podem ser exigidas (mínimo existencial,
teoria do limite dos limites, que será estudada adiante etc.).
 
Por fim, no status ativo, o indivíduo reveste-se de prerrogativas para influenciar na
formação da agenda política e da vontade estatal, seja por meio do voto direto, por
plebiscito, referendo,iniciativa popular de projeto de lei e outros instrumentos de
participação política.
 
Podemos, assim, resumir os quatro status de Jellinek, na matriz a seguir:
 
Os 4 status indivíduo está subordinado aos
de
poderes públicos, sujeitando-se a
Passivo
Jellinek deveres e proibições (ex: pagamento
de impostos);
espaço de liberdade individual frente
ao abuso do poder estatal; direito de
Negativo não-interferência na esfera privada (ex:
ninguém é obrigado a fazer ou deixar
de fazer senão em face da lei)

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direito do indivíduo de exigir


prestações positivas do Estado
Positivo
(segurança, saúde, educação,
saneamento)
direitos de participação política;
Ativo capacidade de interferir na agenda e
na formação da vontade estatal
 
Princípios e Características dos Direitos Humanos Internacionais
 
Os princípios básicos de direitos humanos podem ser divididos em duas ordens:
 
i) os que se relacionam aos valores éticos supremos:
 
Compreendem a tríade da revolução francesa, que incluem os valores da liberdade, da
igualdade e da fraternidade. A liberdade refere-se à submissão consciente em face das
normas relativas aos valores éticos supremos; o princípio da igualdade faz referência à
supressão de privilégios, tratando todos de maneira isonômica perante os princípios
gerais e as normas de direito; o princípio da fraternidade ou solidariedade prende-se a
ideias de que todos são responsáveis pelas carências dos indivíduos ou grupos sociais.
 
ii) os que dizem respeito à lógica estrutural do sistema de direitos humanos:
 
Compreendem a irrevogabilidade e a complementaridade solidária.
 
A irrevogabilidade tem como consequência a proibição de suprimir direitos
fundamentais da pessoa humana por via de novas regras constitucionais ou convenções
internacionais, sendo que os direitos humanos não podem ser extintos. No campo social
é também chamado de efeito cliquet ou proibição do retrocesso, conforme o
denominou o nosso Supremo Tribunal Federal. Atualmente o STF tem assente o
princípio da vedação de retrocesso em matéria de direitos fundamentais tanto de
caráter social (efeito cliquet), quanto de caráter individual e político: 


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"Esse princípio da proibição de retrocesso político há de ser aplicado tal como se


dá quanto aos direitos sociais, vale dizer, nas palavras de Canotilho “uma vez
obtido um determinado grau de realização, passam a constituir,
simultaneamente, uma garantia institucional e um direito subjetivo. ...o princípio
em análise limite a reversibilidade dos direitos adquiridos em clara violação do
princípio da proteção da confiança e da segurança dos cidadãos no âmbito
econômico, social e cultural, e do núcleo essencial da existência mínima inerente
ao respeito pela dignidade da pessoa humana" (ADI 4.543-MC/DF, rel. Min.
Cármen Lúcia, julg. 19/10/2011).

A complementaridade solidária ou interrelação consiste na mútua dependência entre


os direitos humanos protegidos, pois o conteúdo de um pode vir a se vincular ao
conteúdo de outro, demonstrando a interação e a complementaridade entre eles, bem
como que certos direitos são desdobramentos de outros. Como exemplo, há clara
complementaridade à liberdade de associação e ao reconhecimento do direito de
associação profissional ou sindical. A liberdade de expressão é também coadjuvada pela
liberdade de informação, devendo, por outro lado, respeitar o direito à privacidade e
intimidade. Tem como decorrência o postulado ontológico de que a essência do ser
humano é uma só, independentemente da multiplicidade de características pessoais,
sociais, biológicas e culturais das pessoas.
 
Já as características, muito cobradas em prova, foram sendo desenvolvidos ao longo
tempo, e incorporadas ao Direito Internacional e Constitucional, em suas clássicas
definições:
 
i) Historicidade: a construção dos direitos humanos é fruto de lento processo histórico,
expandindo sua base ao longo das décadas, através de evolução gradativa. Essa
evolução é expansiva, não admitindo a supressão de direitos já reconhecidos na ordem
jurídica (efeito cliquet).
 
ii) Universalidade:  A abrangência dos direitos humanos engloba todos os indivíduos
sem qualquer distinção de sexo, raça, credo, origem, convicção ou outra distinção
biológica ou cultural. A característica da universalidade implica em que os direitos
humanos deixaram de ser aplicados apenas na ordem interna dos países para se
estenderem a todos os povos, motivo pelo qual se fala em "Sistema Global de Proteção
aos Direitos Humanos".
 

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Essa característica, entretanto, encontra dificuldades diante de cultura


fundamentalmente diversas, o que representa um confronto com o relativismo cultural.
As pretensões universalistas ocidentais, por exemplo, não seriam absolutamente aceitas
em culturas mais ao oriente. Por esse motivo, alguns teóricos defendem que os meios
culturais e morais de uma sociedade devem ser respeitados, diante da preponderância
de fatores culturais de cada povo, na determinação de quais seriam os fatores universais
da condição humana.
 
É uma questão delicada, abordada certa vez pela ex-primeira dama americana Hillary
Clinton, ao questionar até onde a civilização deveria tolerar culturas que tratam de
maneira opressiva as mulheres, ora como burros de carga ou escravas sexuais, ao
argumento do respeito à diversidade cultural?
 
Além disso, se inicialmente os direitos humanos surgiram como tendo titulares as
pessoas naturais, pessoas físicas, hoje se reconhecem direitos fundamentais em favor
das pessoas jurídicas (direito ao nome, à honra) ou mesmo em favor do Estado (direito
de propriedade).
 
iii) Relatividade: Não existem direitos humanos de natureza absoluta, já que encontram
limites nos demais direitos previstos na Constituição ou nos Tratados Internacionais.
Assim, por exemplo, o direito de propriedade se submeterá ao atendimento de sua
função social; a garantia da inviolabilidade das correspondências não será oponível
ante a prática de atividades ilícitas; a liberdade de pensamento não pode conduzir ao
racismo – e assim por diante.
 
Contudo, apesar de não haver direitos absolutos, existem garantias de natureza
absoluta, como o direito à proibição da tortura e à proibição da escravidão.
 
iv) Essencialidade: os direitos humanos são inerentes à pessoa humana, tendo por
fundamento os valores supremos do homem e de sua dignidade (aspecto material), que
exige a positivação normativa na ordem constitucional (aspecto formal).
 
v) Indisponibilidade ou irrenunciabilidade: Os direitos humanos
são irrenunciáveis e inalienáveis. São inalienáveis porque o seu titular não pode sobre
eles dispor ou transferir a terceiros, direitos que lhe são inerentes,
personalíssimos. Inalienável é um direito ou bem em relação aos quais são defesos
quaisquer atos de disposição, quer jurídica – renúncia, compra e venda, doação -, quer
material – destruição material, eliminação. 
Isso significa que "um direito inalienável não

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admite que o seu titular o torne impossível de ser exercitado para si mesmo, física ou
juridicamente" (MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo
Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, p. 145).
 
Podem deixar de ser exercidos, mas nunca renunciados, a exemplo do não
ajuizamento de mandado de segurança ou da impetração de habeas corpus, decisões
individuais que não anulam os direitos previstos na Constituição, que permanecem
potencialmente disponíveis aos seus titulares (CF, art. 5º, LXVIII e LXIX).
 
Além disso, não se admite a renúncia total por parte do indivíduo de um direito
fundamental. Ou seja, é característica deles serem irrenunciáveis. Todavia,
modernamente, admite-se que deixem de ser exercidos pelos seus titulares
temporariamente em determinadas situações. Por exemplo, em programas televisivos
de shows populares ou em reality shows, os participantes abrem mão do direito à
inviolabilidade da imagem e da privacidade, ainda que temporariamente.
 
vi) Inviolabilidade: impossibilidade do desrespeito aos direitos humanos por
determinações legais ou mesmo constitucionais, ou por ato das autoridades públicas,
exigindo a previsão de responsabilização civil, administrativa e criminal, inclusive no
plano internacional. Essa inviolabilidade alcança também a relação entre os
particulares, significando dizer que os direitos humanos incidem não somente nas
relações verticais (entre indivíduo e Estado), mas também nas horizontais (entre
particulares).
 
vii) Interdependência: os direitos humanos devem ser observados não de forma isolada
mas conjunta com as demais normas e demais princípios de direitos humanos,
instituídos pelo legislador constitucional. No conflito aparente de direitos, deve ser
dada prioridade à ponderação de valores observado o princípio da proporcionalidade e
da vedação do excesso, sem que a dignidade da pessoa humana possa, de qualquer
forma, ser fragmentada..
 
Essa interdependência é ilustrada, por exemplo, na liberdade de locomoção,
intimamente vinculada à garantia do habeas corpus, bem como a previsão de prisão
somente em flagrante delito ou por ordem judicial emanada de autoridade competente.
 
viii) Efetividade - a atuação do Estado deve se dirigir à garantia da efetivação dos
direitos e garantias fundamentais, com a previsão de mecanismos coercitivos e mesmo

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judiciais, para que esses direitos não figurem no plano das ideias ou nos textos
constitucionais, como programa a ser implementado em futuro incerto. 
 
ix) Imprescritibilidade: seu exercício não prescreve, podendo ser invocados a qualquer
tempo, não obstante seu caráter histórico e mutável.
 
x) Inexauribilidade: os direitos humanos são inesgotáveis, ou seja, podem ser
ampliados e expandidos a qualquer tempo, sem embargo da criação de novos direitos.
Exemplo disso está estampado no § 2º do art. 5º da Constituição Federal de 1988:

Art. 5º.......
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

xi) Indivisibilidade: Segundo o postulado da indivisibilidade, os direitos humanos


devem ser interpretados e aplicados de forma conjunta e harmônica, não podendo
haver interpretação que implique na primazia de um direito importando no
sacrifício de outro. Desse modo, não existem, por exemplo, privilégios dos direitos civis
e políticos sobre os direitos econômicos, sociais e culturais. Quanto à sua aplicabilidade
e exigibilidade, existem distinções quanto à capacidade econômica do Estado em
implementar os direitos sociais. 
 

A doutrina majoritária reconhece que a Declaração Universal dos Direitos Humanos de


1948 adotou postulados da universalidade e da  indivisibilidade, uma vez que integra
tanto os denominados direitos liberais, de primeira dimensão, quanto os direitos
sociais, de segunda geração, sem hierarquia entre eles. Segundo Flávia Piovesan,


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"A declaração de 1948 introduz a concepção contemporânea de direitos


humanos, marcada pela universalidade e indivisibilidade desses direitos. (...) Ao
consagrar direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais, a
declaração ineditamente combina o discurso liberal e o discurso social da
cidadania, conjugando o valor da liberdade ao valor da igualdade. Nas palavras
de Louis B. Sohn e Thomas Buergenthal: “A Declaração Universal de Direitos
Humanos se distingue das tradicionais Cartas de direitos humanos que constam
de diversas normas fundamentais e constitucionais dos séculos XVIII e XIX e
começo do século XX, na medida em que ela consagra não apenas direitos civis e
políticos, mas também direitos economicos. sociais e culturais, como o direito ao
trabalho e à educação" (PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito
constitucional internacional. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 4) 

Guarde para a prova ainda que, adotada na II Conferência Internacional de Direitos
Humanos, a Convenção de Viena de 1993 legitimou de forma definitiva a noção de
indivisibilidade dos direitos humanos, cujos preceitos devem guardar igual dignidade
tanto em relação aos direitos civis e políticos (de primeira dimensão) quanto aos
direitos econômicos, sociais e culturais (de segunda dimensão). A Declaração de Viena
enfatiza igualmente os direitos de solidariedade, o direito à paz, o direito ao
desenvolvimento e os direitos ambientais (terceira dimensão). 

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