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História Da Psicologia Social Brasileira
História Da Psicologia Social Brasileira
Nas diversas instituições, a psicologia social se tornou atrativo para psicólogos atuarem
devido à dimensão que essa atividade tem tomado. Nesse sentido, objetivo do presente
texto se delimita apresentar uma visão ampla e abrangente da disciplina, a partir de suas
diversas origens e evolução, entre suas vertentes sociológicas e psicológicas permitindo
reflexões das pesquisas europeias, Américas e latina. A psicologia social é uma
disciplina muito jovem e vem se tornando sedutora à medida que seus conhecimentos
práticos são empregados em intervenções que de fato modificam a realidade de grupos
ou indivíduos. Apresentaremos breves escritos sobre a construção dessa disciplina, são
28 páginas de reflexões sobre psicologia social brasileira. Esperamos fomentar estudos
mais críticos e profundos sobre o assunto, enseja-se auxiliar no processo de reflexão de
cada leitor.
Essa perspectiva cresceu por causa do amplo estudo desenvolvido pelos americanos e
pela necessidade das universidades europeias e japonesas serem reconstruídas, mas isso
não demorou muito porque os psicólogos latinos americanos começaram a contestar
essa perspectiva, pois afirmavam que o modelo americano não condizia com a realidade
de seus países. O eco que ficou no Brasil foi o da psicologia social sociológica que
primava o compromisso com a população.
Por isso hoje no Brasil vemos a influencia das teorias criticas, da representação social e
das teorias das instituições que se distinguem por serem psicológicas e sociológicas. A
psicologia social sociológica briga com a perspectiva psicológica, então,
questionaremos as implicações políticas, metodológicas e práticas, fundamentando a
nossa história.
Isso revela uma perspectiva sociológica por pensar em uma analítica historia dos
fenômenos filogenéticos e na historia social, considerando o social como metodologia
multidisciplinar de analise de fatos e fenômenos sociais. (Farr 1998 citado pelo autor).
Mas com o decorrer das guerras o behaviorismo venceu por conta do declínio do
evolucionismo e pela separação das disciplinas. É interessante observar que a separação
entre sujeito e individuo foi uma ferramenta conceituada como grupos focando
produtividade.
Foucault (1999) citado pelo autor di que há nos behaviorista, cognitivistas e sociais uma
vontade de buscar a natureza e essências depuradas do homem por meio de
experimentos que retiram sua história. Mais tarde apenas, surge a compreensão do
homem como sujeito histórico como oposição a subjetividade naturalizadas pelas
psicologias que se declaram provindas das ciências naturais.
Foi Wundt quem deu base as duas perspectivas, tanto a das ciências naturais quanto a do
espíritos essa dicotomia fundamenta duas perspectivas com objetos e métodos
diferentes, já que uma era experimental por meio da introspecção e outra uma analise de
religiões, mitos e produtos culturais, Wundt separou porque acreditava que o psiquismo
em suas formas mais profundas não poderiam ser submetidas aos experimentos, mas
Wundt foi duramente criticado por Ebbinghaus e Kulpe. (Schultz e Schultz 2001 citados
pelo autor).
Essa forma de ver é uma forma psicológica que individualiza e rebate o aspecto social
sobre analise do comportamento. A psicologia social cognitiva embora diferente em
referencial teórico tem também consequências políticas e metodológicas em sua
individualização de âmbito social.
A analise das interações sócias se baseia na tentativa de construção teórica das leis sobre
o comportamento ou percepção, apostando na ideia de que a psicologia do individuo
explica a sociedade. A psicologia americana se preocupou com preocupações
sublinhadas socialmente com objetivo de entender o nazismo como exame do papel, da
agressividade, das atitudes e etc. (Reich e Adcock 1976, Rodrigues 1979 citados pelo
autor).
Segundo Helmut Kruger (1986) citados pelo autor a psicologia social americana tem
alguns aspectos: individualismo e preocupação em formular leis psicológicas relativas
ao individuo em suas relações sociais, o experimentalismo, a microteorização, o
etnocentrismo em que se generaliza teorias americanas em outras culturas, o
cognitivismo devido a prevalência dessa perspectiva no behaviorismo e psicanálise e o
a- historicismo devido a buscas da formulação teórica de leis generalizáveis para o
comportamento do individuo em sociedade em que se essencializa o individuo e sua
relação com a sociedade retirando seu componente criador.
A psicologia social americana baseia suas analises em grupos com intuito de melhor
adaptar os indivíduos visando o aumento de produtividade em consequência do
controle. Isso é um modo de naturalizar o social.
Diferente de Allport em sua analise positivista, Moscovici (2003) citado pelo autor
aponta Durkheim como antecessor da psicologia social e mostra a distinção entre
representações coletivas e individuais, isso se assemelha a proposta de Wundt.
(Moscovici 2003 citado pelo autor).
Vemos claramente como é marcante a colonização cultural sofrida pelos povos de nosso
continente e com a psicologia social não foi diferente. (Pereira de Sá 2007 citado pelo
autor).
A psicologia social latina deve muito as figuras ditatoriais que haviam em suas
fronteiras, já que tanto a repressão da hegemonia norte americana quanto a repressão
das ditaturas impuseram a valorização da pessoa. Essa psicologia social teve como
influencia marcante Silvia Lane. Enquanto a psicologia social se baseava em uma
perspectiva naturalista, experimental neutra a psicologia social brasileira se
fundamentava no método do materialismo dialético.
Guareschi (2004) sustenta que o conceito base da psicologia social seria o conceito de
relação. Essa afirmação revela uma contraposição a psicologia social americana que
busca valores universais que regeriam as interações humanas. Os valores universais
estão do lado das naturalizações que sustentam certas relações de poder.
Segundo Guareschi (2004) citado pelo autor, o homem é histórico e suas relações o
constroem. O homem é produto e produtor de sua historia. Lane (1981) mostra que a
relação estabelecida entre homem e mundo se dá pela mediação simbólica da
linguagem, mas quando a palavra tem sentido único e naturalizado se torna arma de
poder associada a formas de dominação.
Há ainda a teoria das instituições baseadas em Foucault, Deleuze, Guattari e de autores
da analise institucional que se focam no recrudescimento da verdade instaurada em
nossas instituições. Essas verdades intermeiam as relações humanas. Podemos notar que
o grande problema para essas teorias está relacionado ao recrudescimento das verdades
e as naturalizações dos comportamentos apresentados no seio de tanto dessas
instituições que intermedeiam nossas relações quanto as instituições que governam
nossos comportamentos através de diretrizes.
Foucault pensa que não há verdades gerais, trans – históricas porque os fatos humanos,
atos ou palavras não provem de uma natureza, de uma razão que seria origem, nem
reflete um objeto ao qual eles remetem. (Foucault citado por Veyne 2008 citado pelo
autor 2012).
Segundo Lane (p.58) somos um povo colonizado por diversos outros povos
simultaneamente, portanto, seria uma riqueza incalculável para ciência achar nessa
miscigenação alguém puro.
Lane argumenta que as sabedorias culturais nativas eram mais evoluídas que as
europeias e essas sabedorias foram dizimadas por meio da força bruta a fim de se
apoderarem do ouro e prata e dos utensílios comercialmente valorizados. (p. 58).
Para Lane a colonização não foi colonização, mas sinônimo de espoliação financeira e
cultural, sem considerações culturais, religiosas ou mesmo éticas. (p.58).
A procura da liberdade segundo Lane, foi por meio das lutas e acordos através de
discursos políticos utópicos. Essa realidade política categorizou-se como anarquia e isso
legitimava os golpes militares que insurgiriam. (p.58).
Lane argumenta que ditaduras incorruptas eram as mais corruptas em seus altos escalões
e que a partir disso se institucionalizou a figura melindrosa do político que rouba, mas
faz. (LANE, p 59).
“as políticas eram decididas por slogans como “rouba, mas faz”. (LANE, p 59).
Foi nesse contexto político que surgiu as industrias carentes de Mao de obra barata e por
conta disso ouve obviamente o abandono da cultura pecuária e agrária, responsável pela
alimentação do dia-dia de quase toda a população.
Entao a educação passou a ser o desafio dos pedagogos e dos psicólogos, visando a
constituição da comunidade. (p.60). Nessa época os termos psicologia comunitária já
eram consagrados, mas havia certa conotação paternalista, então, os profissionais
acabaram por rechaçar esse tipo de psicologia. (p.60).
Esse dois saberes poderiam e deveriam trocar conhecimentos, embora, sejam diferentes.
(p.60).
Descobriu-se que as relações grupais entre pares eram fundamentais para a superação de
um individualismo arraigado. (p.60). Para um verdadeiro conhecimento do ser humano
é necessário considerá-lo como uma totalidade das relações sociais e contexto sócio-
histórico. (p.61).
Lane aponta a psicologia como descendente da filosofia racionalizada, que surgiu com o
objetivo de estudar a alma humana, mas que mudou de objeto quando percebeu a
impossibilidade cientifica dessa questão. (p.61).
Enquanto isso a filosofia se escondia até que Marx apontou esse afastamento da
realidade por meio da dialética de Hegel. (p.61-62).
Marx segundo Lane, nos obrigou a repensar o humano enquanto agente de sua historia,
por um lado com ser alienado e por outro como sujeito da historia de sua sociedade.
(p.62).
Surgiu à necessidade da psicologia critica capaz de recuperar o homem enquanto agente
de sua historia e esse foi o desafio da America Latina, com a possibilidade de contribuir
para eliminação das injustiças sociais, da opressão e da ignorância alienante social e
psicológica. (p.62).
Lane argumenta que é por meio da racionalidade do cientista que se opõem a construção
de uma cultura ideológica que poder-se-á traduzir os códigos complexos
institucionalizados. (p.64).
E por meio deste expor a realidade, portanto, para Lane: “a racionalidade foi a grande
característica do homo sapiens, qual deveria ser conhecida e desenvolvida pela filosofia,
e, consequentemente, tornar se o tema central da pesquisa psicológica”. (LANE, p.65).
Segundo Lane, o primeiro passo para resolver a crise foi constatar a tradição biológica
da psicologia e entender que essa é uma verdade, mas argumenta que
concomitantemente o homem pensa, fala, aprende e ensina, ou seja, concebe o homem
como organismo, mas que tem características idiossincráticas históricas e sociais.
(p.12).
Argumenta que o homem tem uma infraestrutura 3 e a superestrutura que é social e por
isso histórica. (p.12).
1
Assim como as psicologias americanas são reprodutoras a psicanálise também é, veremos mais adiante
nos argumentos da autora. (análise pessoal).
2
Lane parece fazer distinção entre psicologia pragmática atualmente conhecida como psicológica e a
vertente sociológica.
3
Biológico interno.
Para Lane desconsiderar essa característica é que torna a psicologia social inócua que
apenas reproduz a ideologia dominante de uma sociedade, pois tira conclusões sobre
relações causais pela pura descrição dos comportamentos ocorrendo em dadas situações.
(p.12).
Coloca em cheque não esse argumento, mas sim o porquê se aprende alguns e outros
são extintos? Porque alguns são reforçados e outros punidos? (p.12).
Lane quer saber quais são as condições sociais onde ocorre a aprendizagem e o que ela
significa no conjunto de relações sociais que definem o sujeito na realidade onde vive.
(p.12).4
Segundo autora o humana traz consigo as questões históricas e sociais e essas não
podem ser descartadas, mas quando esse descarte ocorre a visão passa a ser ideológica.
(p.12).
Exemplo disso foi Skinner; sem dúvida Skinner causou uma revolução na
psicologia, mas as condições sociais que os cercam, impediram-no de dar um
outro salto qualitativo. Ao superar o esquema S-R, chamando atenção para o
homem em relação ao ambiente, para o controle que o ambiente exerce sobre
o organismo, criticando o reducionismo biológico, permitiu Skinner ver o
homem como produt das suas relações sociais, porem não chega ver esta
relação a partir da condição histórica de uma Sociedade. (LANE,p14).
Quando Skinner através da AEC, detecta os controles que as instituições exercem sobre
os outros e define as leis da aprendizagem tem-se uma descrição perfeita de um
organismo que se transforma em função das consequências de suas ações. (p.14).
Quando fala de autocontrole ele se aproxima do que chamamos de consciência de si,
descreve o individuo em processos de conscientização de social.
“Skinner aponta para a complexidade das relações sociais e as implicações para analises
dos comportamentos envolvidos, desafiando psicólogos para elaboração de uma
tecnologia de análise que de conta desta complexidade, enquanto contingencias,
presentes em comunidades”. (LANE, p. 14).
Para Lane a falha desses apontamentos Skinnerianos está no fato de não descrever
porque alguns comportamentos são reforçados e outros punidos e sem responder a isso
passamos a descrever o status quo como imutável e mesmo querendo transformar o
homem, como Skinner propõe, jamais o conseguiremos numa dimensão sócio-histórica.
(p.14).
“Se a psicologia apenas descrever o que é observado ou enfocar no individuo como
causa do e feito em sua individualidade, ela terá uma ação conservadora, estatizante,
ideológica quaisquer que sejam asa práticas decorrentes”.(LANE, p.15).
Lane termina argumentando que o homem não sobrevive a não ser em relação com o
outro, o homem está inserido num grupo social e dele não se separa, que isso depende
da aquisição de linguagem preexistente como código produzido historicamente pela
sociedade. (p.16).
Cabe ainda analisar as relações de grupos enquanto medida institucional exercendo uma
mediação ideológica na atribuição de papeis sociais e representações decorrentes da
atividade e relações sociais tidas como “adequadas, corretas ou esperadas”.
Política é a atividade humana que ocorre nas esferas das disputas pelo poder entre
grupos organizados. Ações essas que buscam pela satisfação do comum. (p.207).
Seria impossível estudar as ações ou omissões que contribuem para a mudança social ou
manutenção de uma determinada ordem sem analisar as relações entre elas e ações e
omissões dos sujeitos. (p. 209). Atividades humanas são encadeadas uma junto com as
dos outros indivíduos voltadas para transformação ou manutenção do poder político.
(p.209).
Por isso surgem dois tipos de psicologia especificas: a psicologia política e a psicologia
da política. (p. 209). Psicologia política tem um cunho sócio histórico já a psicologia da
política é voltada para concepção de ciência neutra, são duas perspectivas: uma que é
critica e a outra preza pela neutralidade. (p.210). A psicologia da política está voltada
para uma perspectiva acrítica e a psicologia política, mais critica. (p.210).
Para responder a pergunta o primeiro argumento do autor é que a ciência nunca foi
neutra e agora nossa psicologia social percebe isso. (p.101).
A psicologia social na verdade tem sido uma cópia pirata das ciências do mundo
industrializado que se auto-concebe como primeiro mundo. (p.102). São importadas não
por sua relevância; o autor argumentar que essa psicologia é importada por conta do
modismo de consumo, ou seja, as questões interiores tem se tornado uma mercadoria.
(p.102).
E por isso a psicologia socal latina se formou mero reflexo da psicologia social do norte
do Atlântico, mas carentes de estudos sobre as questões de contexto. Portanto,
respondendo a pergunta, surgiu o interesse de estudos nesse sentido, estudos que
desejam explorar cientificamente a vida dos sujeitos e grupos do mundo
subdesenvolvido. (p.102).
A psicologia social passou a olhar para aquilo que a anos ignorava: a criança de rua, o
mendigo, a mulher mãe solteira sem teto, o trabalhador desempregado, entre outros.
(p.103).
5
O autor usa as palavras psicologia sócio psicológica, entendo como psicologia social psicológica
(corrente americana).
“uma arte moldada por homens e mulheres que respondiam as chamadas de seus
mundos reais” (SALVADOR, p. 105).
Rompe-se com o cordão umbilical colonial tendo penetrado no mundo dos excluídos o
saber nativo, conclui-se que alternativas teóricas e práticas não eram necessárias, mas
esforço para projetos bem sucedidos. Precisa-se de profissionais focados na tarefa de
mudança social e isso seja um novo paradigma. (p. 106).
A psicologia reivindicou atuar sobre transformações sociais, mas atenta as questões das
maiorias da população evitando os recursos interventivos dos psicólogos especialistas ,
mas promovendo mudanças responsáveis na realidade dessas pessoas. (141).
A PSC pode ser considerada uma resposta às teorias importadas por propor mudanças.
Isso indica aproximação por alguns setores antes negligenciados. Essa aproximação
também se concretizou com a constituição as novas políticas no setor da saúde, essa
atuação foi favorecida nos anos 90 pela abertura do campo de trabalho nas instituições
publicas e o primado de ações territoriais em favor dessas populações menos
favorecidas. (Yamamoto & Oliveira, 2010 apud autores, 2012).
A historia da PSC é narrada a partir de uma divisão entre seu surgimento e suas
influencias latinas e americanas.
A ênfase nessa distinção não se restringiu a PSC, mas escreve a renovação da psicologia
social. (141).
Mas adiante há um alargamento do objeto de estudo que passa da doença mental para
ampliação da intervenção que desliza do individuo para a coletividade.
Esses períodos descritos foram marcados por repressões políticas e culturais pelas
ditaduras, mas com o fim, as discussões sobre os trabalhos realizados em comunidades
forma um objeto de mais atenção, principalmente por ter sido essa uma atividade não
remunerada, mas clandestina e voluntária. (142).
Expõe-se o modo pelo qual representantes da PSC definiram seu campo de atuação, seu
escopo e seus limites. (143).
O que chamamos de PSC atualmente começou com a tentativa de aproximar a
psicologia de alguns setores da população, ainda sem objetivos e métodos bem
definidos, mas havia a tarefa de tentar traduzir ou imprimir o identitário da PSC. (143).
Tem atuado junto a problemas sociais concretos nas áreas da saúde, saneamento e
urbanização das comunidades carentes. (144). Realizando intervenções em associações
de moradores, grupos de mulheres, jovens, crianças e idosos, em centros de lazer, e
cultura, portanto, caracterizando como um trabalho junto a movimentos sociais com
vista no cooperativismo e autonomia das comunidades. (144).
Preparado para atuar com os problemas que afligem as comunidades como poluição,
ausência de áreas de lazer, precariedade dos meios de transporte e transito
congestionado. (144).
A pergunta qual é o papel do psicólogo nesse contexto é motivo para discussões, ela
surgiu em meio a embaraços metodológicos já que não tinha método, teorias e
orientações bem definidas, isso resultou num arcabouço conceitual e metodológico na
maioria de suas publicações.
Segundo Freitas (2001 apud autores 2012) a psicologia comunitária tem se aproximado
das políticas publicas e tem enfatizado o desenvolvimento comunitário. (146).
Vimos o quanto é difícil delimitar a psicologia social comunitária, mas fica agora a seu
critério traçar os limites e compreender sua intervenção.
A crise da psicologia social e dos serviços de saúde foi responsável pela psicologia
comunitária ter aparecido.
Comunitária é uma expressão da preocupação com uma nova temática, o social. Social
entendido não como lugar onde os comportamentos ocorrem, mas um espaço onde
aspectos culturais, econômicos e históricos são importantes para entender o homem e
sua relação com a sociedade.
Nos primeiros momentos era voltada para integração social, mas a partir de uma revisão
critica, conduziu a um referencial marxista consolidando-se como uma pratica não
elitista que visava transformação social, política e econômica de uma população alijada
dos processos democráticos, onde a comunidade faz parte de uma reflexão critica do
papel social das ciências e do paradigma da neutralidade cientifica.
O conceito de comunitário passou a ser usado no contexto da clinica e das instituições e
não mais a um trabalho individualista, comunitária passou a ser sinônimo dos grupos
excluídos da sociedade que com trabalho de conscientização.
Outro sentido foi o de caridade e benevolência. Para Andery (2008) citado pelo autor, a
psicologia comunitária seria aplicada nos bairros e instancias populares com maior
intensidade e frequência do que os psicólogos faziam. A partir daí o psicólogo passou a
ser um repressor, mas contra o controle do estado.
Arendt (1997) citado pelo autor (2012), não nega os ganhos da análise psicológica como
reflexão histórica, social e política, nem prega um retorno ao neutralismo, mas chama a
atenção para perda do objeto da psicologia comunitária ao deixar de lado o olhar
psicológico que diferencia suas práticas dos seus pares das ciências sociais.
Segundo Lane, citada pelo autor, grande parte dos trabalhos em psicologia comunitários
desenvolvidos na America Latina, há ênfase na busca de conscientização e da
autonomia da comunidade.
No fim dos anos 80 a psicologia comunitária era legitimamente brasileira, havia uma
quantidade expressiva de psicólogos em comunidades atuando. Nos anos 90 a
psicologia comunitária estava disseminada.
A psicologia comunitária permitiu uma superação dos modelos tradicionais dos espaços
fechados e propiciou diferentes maneiras de atuação do psicólogo. Os psicólogos não se
preocupavam em dar nomes as intervenções que faziam e muitos duvidavam do que
aquilo que faziam era intervenção em psicologia, mas o que importa é que expandiram e
quebraram o tradicional.
O numero de psicólogos aumentou desde os anos 50, mas esse aumento não significa
necessariamente desenvolvimento porque o aumento de profissionais aumenta também
o numero de assalariados institucionalizados.
Vamos examinar as mudanças efetivas praticas dos psicólogos. Estatisticamente
Yamamoto mostra que a predominância de profissionais se encontra na clinica e a
pergunta que emerge é: o que esses profissionais estão fazendo nesse ambiente?
Yamamoto (2012) mostra claramente que esses profissionais nada mais fazem do que
propagar ideologias predominantes tecnocratas que mantém o atual estado das coisas
porque a extensão das técnicas que a psicologia criou para as parcelas mais amplas da
população e a sua capacidade de agente de transformação fica presumivelmente limitada
dentro do espaço de inserção profissional chamada clinica.
Mello (1975), Botomé (1979) e Campos (1983) citados por Yamamoto, O, H. (2012)
constatavam e mostravam claramente o problema que o baixo alcance da profissão
proporciona, pois as propostas de intervenção em suma são geralmente realizadas em
consultórios privados ou ampliados, mas que deixam desassistidas parcelas amplas da
população, pois inclusive a clinica ampliada em comunidades não deixa de ser um tipo
de consultório privatizado.
Esse problema se dá por que a profissão tem se orientado pela oferta de serviços do que
pela sua responsabilidade de elaborar construções a partir das demandas da população.
Não é possível qualquer ação profissional que não seja qualificada tecnicamente, mas
isso não é uma condição suficiente por si mesmo. É indispensável considerar a
adequação para o segmento da população atendida, mas Yamamoto coloca em cheque
se os recursos da psicologia tradicional para contexto clinico privatizado seja o ideal.
(Botomé 1988).
Para essa questão levantada por Botome (1988) anteriormente Campos dizia (1983) que
a psicologia deve da uma resposta pautada por perspectivas de bem estar social
corroboradas pelo campo das políticas publicas, portanto, Campos (1983) nos dá certa
extensão para o profissional da psicologia atuar enquanto agente transformador e um
entre os muitos ganhos dessa extensão profissional é que o psicólogo nesse espaço
qualificará discussões do alcance social.
Yamamoto cita Mello (1975) e Botomé (1979) que pesquisaram quem usa a psicologia
e apenas 15 por centos da população tinha acesso, entao questiona-se se o restante não
precisa do serviço? Para atingir a todos talvez possamos abdicar dos recursos clássicos e
desenvolver novos meios nos inserindo no campo das políticas publicas.
O alcance social necessita ser compreendido num contexto mais amplo, pois o modelo
proposto pelo capitalismo atua de modo parcial e setorial em que trabalha como
executor terminal das políticas de segmentação (Yamamoto & Oliveira, 2010, citado
por Yamamoto, 2012).
Estamos falando sobre alcance da profissão, mas isso nos faz pensar sobre a necessidade
de qualificar melhor a inserção social do psicólogo.
É necessário debater sobre a diferença entre ação política em sentido estrito e dimensão
política do profissional. A dimensão técnica é indispensável, mas ação política tbm para
uma pratica social significativa. Ignorar essa dimensão representa assumir as já
superadas teses sobre a neutralidade da ciência (Yamamoto, 2012, condensado, p 11.
Livro ciência e profissão 2012 ano 32) .
Bastos (2009) citado por Yamamoto (2012) levanta acepções sobre o compromisso
social do psicólogo e mostra dimensões que Anália e propõe mudanças. Bastos (2009)
define a psicologia como uma proposta de orientação e transformação social e a
supressão das desigualdades associada a uma orientação teórica que realize analise do
compromisso social.
A psicologia poderia pensar em um projeto ético - político, Yamamoto (2012) cita neto
(2009) em que apresenta a psicologia como uma profissão que elegem os valores sociais
como prioridade, formula requisitos para o seu exercício e prescrevem normas, e não
como uma disciplina subalterna.
Yamamoto (2012) mostra que o papel da psicologia seja ser uma disciplina
coparticipante de um projeto de transformação ético – político que se articule com
projetos societários mais amplos nesse sentido nos referimos a projetos que apontem a
transformação estrutural da sociedade capitalista e não com sua manutenção.
Aroldo Rodrigues
Petter Berger
Marlene Strey
Silvia Lane
Wanderley Codo
Maria Helena de Souza Patto
José Leon Crochik
Robert Faar
Moscovicci
Ignácio Martin Baró.