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História da psicologia social brasileira

Harley Pacheco de Sousa


São Paulo
2013

Nas diversas instituições, a psicologia social se tornou atrativo para psicólogos atuarem
devido à dimensão que essa atividade tem tomado. Nesse sentido, objetivo do presente
texto se delimita apresentar uma visão ampla e abrangente da disciplina, a partir de suas
diversas origens e evolução, entre suas vertentes sociológicas e psicológicas permitindo
reflexões das pesquisas europeias, Américas e latina. A psicologia social é uma
disciplina muito jovem e vem se tornando sedutora à medida que seus conhecimentos
práticos são empregados em intervenções que de fato modificam a realidade de grupos
ou indivíduos. Apresentaremos breves escritos sobre a construção dessa disciplina, são
28 páginas de reflexões sobre psicologia social brasileira. Esperamos fomentar estudos
mais críticos e profundos sobre o assunto, enseja-se auxiliar no processo de reflexão de
cada leitor.

RESUMO DO ARTIGO; PARA UMA CARACTERIZAÇÃO DA


PSICOLOGIA SOCIAL BRASILEIRO, DE LEONARDO PINTO DE
ALMEIDA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, FEITO
POR HARLEY PACHECO DE SOUSA.

A psicologia social emergiu em solo americano e o behaviorismo se tornou hegemônico


proporcionando uma compreensão individualizante do social por entender que a
psicologia dos indivíduos serviria para entender a sociedade. A psicologia da gestalt
com ascensão de Hitler desenvolveu uma psicologia cognitivista experimentalista e a-
histórica que distingue individuo e sociedade, Então, a psicologia social se tornou
estudo das interações humanas focadas em atitudes e valores que podiam ser positivos
ou negativos, além de se focar na necessidade capitalista de entender o funcionamento
de grupos como dispositivo de produtividade.

Essa perspectiva cresceu por causa do amplo estudo desenvolvido pelos americanos e
pela necessidade das universidades europeias e japonesas serem reconstruídas, mas isso
não demorou muito porque os psicólogos latinos americanos começaram a contestar
essa perspectiva, pois afirmavam que o modelo americano não condizia com a realidade
de seus países. O eco que ficou no Brasil foi o da psicologia social sociológica que
primava o compromisso com a população.
Por isso hoje no Brasil vemos a influencia das teorias criticas, da representação social e
das teorias das instituições que se distinguem por serem psicológicas e sociológicas. A
psicologia social sociológica briga com a perspectiva psicológica, então,
questionaremos as implicações políticas, metodológicas e práticas, fundamentando a
nossa história.

Antes da instalação dessa perspectiva nos Estados Unidos vemos o surgimento da


psicologia social comparativa, baseada em uma perspectiva evolucionista no HandBook
of Social Psychology, de Murchison 1935.

Isso revela uma perspectiva sociológica por pensar em uma analítica historia dos
fenômenos filogenéticos e na historia social, considerando o social como metodologia
multidisciplinar de analise de fatos e fenômenos sociais. (Farr 1998 citado pelo autor).
Mas com o decorrer das guerras o behaviorismo venceu por conta do declínio do
evolucionismo e pela separação das disciplinas. É interessante observar que a separação
entre sujeito e individuo foi uma ferramenta conceituada como grupos focando
produtividade.

A vitória do behaviorismo contra a psicologia comparativa e contra o funcionalismo


derrotou a perspectiva histórica e emergiu como uma a- histórica que se fundamenta na
busca das leis gerais que regem a interações sociais, então, a visão de que pesquisas
servem para depurar as possíveis variáveis por meio do “ex-post facto ” e
experimentais tornaram se hegemônicos.
F. H. Allport (1924) citado pelo autor fundamenta a psicologia como ciência
comportamental e experimental em que não seria ciência do espírito como pra Wundt,
mas uma ciência natural, portanto, deve se valer de formas analíticas oriundas do
naturalismo.

Foucault (1999) citado pelo autor di que há nos behaviorista, cognitivistas e sociais uma
vontade de buscar a natureza e essências depuradas do homem por meio de
experimentos que retiram sua história. Mais tarde apenas, surge a compreensão do
homem como sujeito histórico como oposição a subjetividade naturalizadas pelas
psicologias que se declaram provindas das ciências naturais.
Foi Wundt quem deu base as duas perspectivas, tanto a das ciências naturais quanto a do
espíritos essa dicotomia fundamenta duas perspectivas com objetos e métodos
diferentes, já que uma era experimental por meio da introspecção e outra uma analise de
religiões, mitos e produtos culturais, Wundt separou porque acreditava que o psiquismo
em suas formas mais profundas não poderiam ser submetidas aos experimentos, mas
Wundt foi duramente criticado por Ebbinghaus e Kulpe. (Schultz e Schultz 2001 citados
pelo autor).

As criticas positivistas deram origem ao esquecimento da psicologia dos povos, o


repudio de Wundt ao positivismo permitiu o fortalecimento de uma perspectiva
experimentalista positivista do social apontando uma individualização que se
desenvolveu com o behaviorismo e pela troca da filosofia pela biologia. (Farr 1998
citado pelo autor).

Essa forma de ver é uma forma psicológica que individualiza e rebate o aspecto social
sobre analise do comportamento. A psicologia social cognitiva embora diferente em
referencial teórico tem também consequências políticas e metodológicas em sua
individualização de âmbito social.

Hitler teve importância para o desenvolvimento da psicologia social norte americana,


pois seu ódio fez intelectuais europeus migrarem para os estados unidos da America.
Disso surgiu o confronto entre o behaviorismo positivista e da analise do
comportamento e gestalt fenomenológica. (Cartwright 1979 citado pelo autor). Ambas
teorias individualizaram o social, ambas se definem como estudo das interações sociais
que procuram relacionar fatores ou variáveis dotadas de estabilidade, daí a afirmação de
Aroldo Rodrigues de que a psicologia social é uma ciência neutra por buscar relações
sociais estáveis. (Bock, Ferreira, Gonçalves e Furtado 2007 citados pelo autor).

A analise das interações sócias se baseia na tentativa de construção teórica das leis sobre
o comportamento ou percepção, apostando na ideia de que a psicologia do individuo
explica a sociedade. A psicologia americana se preocupou com preocupações
sublinhadas socialmente com objetivo de entender o nazismo como exame do papel, da
agressividade, das atitudes e etc. (Reich e Adcock 1976, Rodrigues 1979 citados pelo
autor).
Segundo Helmut Kruger (1986) citados pelo autor a psicologia social americana tem
alguns aspectos: individualismo e preocupação em formular leis psicológicas relativas
ao individuo em suas relações sociais, o experimentalismo, a microteorização, o
etnocentrismo em que se generaliza teorias americanas em outras culturas, o
cognitivismo devido a prevalência dessa perspectiva no behaviorismo e psicanálise e o
a- historicismo devido a buscas da formulação teórica de leis generalizáveis para o
comportamento do individuo em sociedade em que se essencializa o individuo e sua
relação com a sociedade retirando seu componente criador.

A psicologia social americana baseia suas analises em grupos com intuito de melhor
adaptar os indivíduos visando o aumento de produtividade em consequência do
controle. Isso é um modo de naturalizar o social.

Diferente de Allport em sua analise positivista, Moscovici (2003) citado pelo autor
aponta Durkheim como antecessor da psicologia social e mostra a distinção entre
representações coletivas e individuais, isso se assemelha a proposta de Wundt.
(Moscovici 2003 citado pelo autor).

As representações individuais seriam objeto da psicologia e as coletivas da sociologia.


Moscovici está interessado no dinamismo das representações em sua construção da
sociedade e das identidades fundadas nessas representações. Para Moscovici as
representações surgem de dois processos, a ancoragem e a objetivação. Ancoragem
encaixar o desconhecido em categorias pré existentes, isso é sinônimo de classificação e
denominação. (Sá 2002 citado pelo autor). Objetivação se fundamenta na construção de
imagens naturalizadas que tomam o lugar do desconhecido e assim explicam. Essa
teoria foi usada por muitos latinos em suas lutas por psicologia social mais
comprometida com problemas de seus respectivos países. Seu uso busca conscientizar
os sujeitos que são acometidos as ideologias.

Relações sociais e ideologias diferem, pois as Relações sociais são dinâmicas e as


ideologias estáticas, se assemelham, mas a ideologia é uma forma simbólica a serviço
de relações de dominação, portanto nem todas as relações sociais são ideológicas,
devemos verificar se ela fundamenta ou não uma relação de dominação. (Guareschi
2004 citado pelo autor).

Vemos claramente como é marcante a colonização cultural sofrida pelos povos de nosso
continente e com a psicologia social não foi diferente. (Pereira de Sá 2007 citado pelo
autor).

Vemos no Brasil uma nova postura a partir do surgimento da psicologia sócio –


histórica de Ramos e Bricquet e o fortalecimento a perspectiva norte americana por
causa da formação de psicólogos brasileiros nos estados unidos

Criticas vindas da Inglaterra e da frança criaram crises no modelo americano implantado


no Brasil em plena ditadura. A psicologia social latina foi a mais feroz critica ao modelo
americano, porque esse modelo importado não condiz com a nossa realidade. (Lane
1982 citado pelo autor).

A psicologia social latina deve muito as figuras ditatoriais que haviam em suas
fronteiras, já que tanto a repressão da hegemonia norte americana quanto a repressão
das ditaturas impuseram a valorização da pessoa. Essa psicologia social teve como
influencia marcante Silvia Lane. Enquanto a psicologia social se baseava em uma
perspectiva naturalista, experimental neutra a psicologia social brasileira se
fundamentava no método do materialismo dialético.

Guareschi (2004) sustenta que o conceito base da psicologia social seria o conceito de
relação. Essa afirmação revela uma contraposição a psicologia social americana que
busca valores universais que regeriam as interações humanas. Os valores universais
estão do lado das naturalizações que sustentam certas relações de poder.

Segundo Guareschi (2004) citado pelo autor, o homem é histórico e suas relações o
constroem. O homem é produto e produtor de sua historia. Lane (1981) mostra que a
relação estabelecida entre homem e mundo se dá pela mediação simbólica da
linguagem, mas quando a palavra tem sentido único e naturalizado se torna arma de
poder associada a formas de dominação.
Há ainda a teoria das instituições baseadas em Foucault, Deleuze, Guattari e de autores
da analise institucional que se focam no recrudescimento da verdade instaurada em
nossas instituições. Essas verdades intermeiam as relações humanas. Podemos notar que
o grande problema para essas teorias está relacionado ao recrudescimento das verdades
e as naturalizações dos comportamentos apresentados no seio de tanto dessas
instituições que intermedeiam nossas relações quanto as instituições que governam
nossos comportamentos através de diretrizes.

Foucault pensa que não há verdades gerais, trans – históricas porque os fatos humanos,
atos ou palavras não provem de uma natureza, de uma razão que seria origem, nem
reflete um objeto ao qual eles remetem. (Foucault citado por Veyne 2008 citado pelo
autor 2012).

Através de sua pesquisa Foucault pensou sobre as relações entre as instituições e os


modos de existência produzidos por elas. O problema do poder e das instituições se
instaura no congelamento de potencial criativo da palavra. Desse modo essa perspectiva
sociológica da psicologia social critica veementemente também a noção da neutralidade.

Observamos que todas as psicologias sociais criticas incluem criticas a psicologia


social americana por se caracterizarem pela analise das relações e não por uma busca da
essência e de leis encontradas nas perspectivas psicológicas. As psicologias sociais
brasileiras revelam um comprometimento político, tendo como foco a critica ao
positivismo, à assepsia experimental, a-históricidade e a neutralidade do investigador.

RESUMO DO TEXTO A PSICOLOGIA SOCIAL NA AMÉRICA


LATINA: POR UMA ÉTICA DO CONHECIMENTO, DE SILVIA
TATIANA MAURER LANE, FEITO POR HARLEY PACHECO DE
SOUSA.

Segundo Lane (p.58) somos um povo colonizado por diversos outros povos
simultaneamente, portanto, seria uma riqueza incalculável para ciência achar nessa
miscigenação alguém puro.
Lane argumenta que as sabedorias culturais nativas eram mais evoluídas que as
europeias e essas sabedorias foram dizimadas por meio da força bruta a fim de se
apoderarem do ouro e prata e dos utensílios comercialmente valorizados. (p. 58).

Para Lane a colonização não foi colonização, mas sinônimo de espoliação financeira e
cultural, sem considerações culturais, religiosas ou mesmo éticas. (p.58).

A procura da liberdade segundo Lane, foi por meio das lutas e acordos através de
discursos políticos utópicos. Essa realidade política categorizou-se como anarquia e isso
legitimava os golpes militares que insurgiriam. (p.58).

Esses golpes se utilizavam da força bruta e da violência, além da violência intelectual


como as ideologias para subjulgar e dominar a maior parte da população. (p.58 – 59).

Lane argumenta que ditaduras incorruptas eram as mais corruptas em seus altos escalões
e que a partir disso se institucionalizou a figura melindrosa do político que rouba, mas
faz. (LANE, p 59).

“as políticas eram decididas por slogans como “rouba, mas faz”. (LANE, p 59).

Foi nesse contexto político que surgiu as industrias carentes de Mao de obra barata e por
conta disso ouve obviamente o abandono da cultura pecuária e agrária, responsável pela
alimentação do dia-dia de quase toda a população.

Então, os psicólogos sociais de quase toda America Latina questionaram o significado


do seu conhecimento na influencia real sobre a realidade social existente. (p.59).

A convicção dessa possibilidade levou educadores como Paulo Freire no Brasil e


Orlando Farls Borda da Colômbia a atuarem na solução de um trabalho cientifico de
conhecimento e intervenção para atuarem em grupos sociais visando o desenvolvimento
da consciência. (p.60).
Estes intelectuais impulsionaram a procura de novos caminhos para um conhecimento
mais concreto da realidade em que vivíamos e na transformação por meio da
participação. (p.60).

Entao a educação passou a ser o desafio dos pedagogos e dos psicólogos, visando a
constituição da comunidade. (p.60). Nessa época os termos psicologia comunitária já
eram consagrados, mas havia certa conotação paternalista, então, os profissionais
acabaram por rechaçar esse tipo de psicologia. (p.60).

Entao a igreja católica iniciou o trabalho de teologia da libertação contando com


intelectuais e militantes e as experiências realizadas mostraram que o conhecimento
profissional não deveria dominar o popular porque muitas vezes o popular é mais
correto. (p.60).

Esse dois saberes poderiam e deveriam trocar conhecimentos, embora, sejam diferentes.
(p.60).

Descobriu-se que as relações grupais entre pares eram fundamentais para a superação de
um individualismo arraigado. (p.60). Para um verdadeiro conhecimento do ser humano
é necessário considerá-lo como uma totalidade das relações sociais e contexto sócio-
histórico. (p.61).

Lane aponta a psicologia como descendente da filosofia racionalizada, que surgiu com o
objetivo de estudar a alma humana, mas que mudou de objeto quando percebeu a
impossibilidade cientifica dessa questão. (p.61).

Enquanto isso a filosofia se escondia até que Marx apontou esse afastamento da
realidade por meio da dialética de Hegel. (p.61-62).

Marx segundo Lane, nos obrigou a repensar o humano enquanto agente de sua historia,
por um lado com ser alienado e por outro como sujeito da historia de sua sociedade.
(p.62).
Surgiu à necessidade da psicologia critica capaz de recuperar o homem enquanto agente
de sua historia e esse foi o desafio da America Latina, com a possibilidade de contribuir
para eliminação das injustiças sociais, da opressão e da ignorância alienante social e
psicológica. (p.62).

Esta se tornou a característica de uma psicologia social latina americana comprometida


com o social a fim de imputar uma práxis transformadora. (p.62).

Lane cita Spinoza e argumenta que a ação, o pensamento e os sentimentos, nos


conduzem a atividades criadoras ou destruidoras, dependendo da nossa vontade e
argumenta a questão emocional na constituição do psiquismo humano, dizendo que trata
desse assunto seria retornar a enfrentar velhos desafios da psicologia, ou seja, pensar em
como se da o processo criativo. (p.63).

Lane argumenta que é por meio da racionalidade do cientista que se opõem a construção
de uma cultura ideológica que poder-se-á traduzir os códigos complexos
institucionalizados. (p.64).

E por meio deste expor a realidade, portanto, para Lane: “a racionalidade foi a grande
característica do homo sapiens, qual deveria ser conhecida e desenvolvida pela filosofia,
e, consequentemente, tornar se o tema central da pesquisa psicológica”. (LANE, p.65).

Resumo do texto A Psicologia e uma nova concepção do homem para a Psicologia,


de Silvia Tatiana Maurer Lane, feito por Harley Pacheco de Sousa.

A relação entre psicologia e psicologia social deve ser entendida em perspectiva


histórica.

Em 1950 houve a sistematização da psicologia social visando criar ou alterar atitudes,


interferir nas relações grupais para garantir a produtividade do grupo com objetivo de
tornar o homem mais feliz. (p.10). Havia também depois do pós guerra a tendência de
buscar conhecimentos que evitassem catástrofes mundiais e nesse sentido havia a
fenomenologia.
(p.10).
Mas essa euforia do pós-guerra dura pouco, pois surge analises criticas que apontam
para um conhecimento que o saber psicossocial não sabia explicar, tampouco intervir,
muito menos prever. (p.11).

O estudo da interculturalidade apontava para uma complexidade ampla dede variáveis e


isso desafiava os pesquisadores estatísticos e por isso precisou-se a regredir para
análises fatoriais e desenvolvimento de novas técnicas de multirrelevância que fugissem
dos termos “como e porque”. (p.11).

Na frança percebeu a psicanálise retornou com força, pois as criticas as psicologias


norte americanas estavam em alta como reprodutora dos interesses da classe dominante
e produto de condições históricas especificas. (p.11).1 Esse argumento segundo Lane,
invalida a transposição destes saberes para outros países, pois é um saber cultivado sob
condições especificas. (p.11).

Faz ênfase que na América Latina de terceiro mundo econômica e culturalmente


dependente a psicologia oscila entre o pragmatismo e a visão filosófica ou sociológica.
(p.11).2

Segundo Lane, o primeiro passo para resolver a crise foi constatar a tradição biológica
da psicologia e entender que essa é uma verdade, mas argumenta que
concomitantemente o homem pensa, fala, aprende e ensina, ou seja, concebe o homem
como organismo, mas que tem características idiossincráticas históricas e sociais.
(p.12).

Argumenta que o homem tem uma infraestrutura 3 e a superestrutura que é social e por
isso histórica. (p.12).

1
Assim como as psicologias americanas são reprodutoras a psicanálise também é, veremos mais adiante
nos argumentos da autora. (análise pessoal).
2
Lane parece fazer distinção entre psicologia pragmática atualmente conhecida como psicológica e a
vertente sociológica.
3
Biológico interno.
Para Lane desconsiderar essa característica é que torna a psicologia social inócua que
apenas reproduz a ideologia dominante de uma sociedade, pois tira conclusões sobre
relações causais pela pura descrição dos comportamentos ocorrendo em dadas situações.
(p.12).

Lane não discute que de fato Skinner está certo:


“Não discutimos a validade das leis da aprendizagem; é indiscutível que o reforço
aumenta a probabilidade da ocorrência de um comportamento, assim como a punição
extingue comportamentos”. (p.12).

Coloca em cheque não esse argumento, mas sim o porquê se aprende alguns e outros
são extintos? Porque alguns são reforçados e outros punidos? (p.12).

Lane quer saber quais são as condições sociais onde ocorre a aprendizagem e o que ela
significa no conjunto de relações sociais que definem o sujeito na realidade onde vive.
(p.12).4
Segundo autora o humana traz consigo as questões históricas e sociais e essas não
podem ser descartadas, mas quando esse descarte ocorre a visão passa a ser ideológica.
(p.12).

O positivismo segundo Lane perdeu o ser humano e a história do individuo recupera,


portanto, cabe à psicologia social recuperar o individuo na história com a história e
apenas esse conhecimento nos permite uma compreensão do homem enquanto produtor
de história. (p.13).

Na medida em que o positivismo descreve o fenômeno em determinado tempo e espaço


sem considerar a relação infra e superestrutural mediados pelas instituições sócias,
apenas reproduzem a ideologia dominante em termos de frequência observada
considerando “natural” e “universal”. Para Lane essa é uma ideologia que se cristaliza
nas instituições e que traz consigo a concepção de homem necessária para reprodução
de relações sociais fundamentais para a relação da sociedade como produção da vida
material da sociedade como tal. (p.13).
4
Lane não critica o behaviorismo, mas enfoca que quer saber por que um ou outro comportamento é
estimulado e outros não e saber o porquê o sujeito deve ou não aprender isso ou aquilo na relação e
qual a importância dessa aprendizagem na sociedade em que o sujeito vive.
Para que essa contradição não negue a sociedade que se produz é necessária à mediação
ideológica, ou seja, explicações tidas como verdadeiras que reproduzem as relações
sociais necessárias para manutenção das relações de produção. (p.13).

Quando as ciências humanas se atem apenas na descrição das relações distinguindo


homens do social elas não conseguem captar a mediação ideológica e a reproduzem
como fatos inerentes a natureza do homem. (p.13). A psicologia se esqueceu de que o
homem junto de outros transformam a natureza e ao fazer isso transformam-se também.

Exemplo disso foi Skinner; sem dúvida Skinner causou uma revolução na
psicologia, mas as condições sociais que os cercam, impediram-no de dar um
outro salto qualitativo. Ao superar o esquema S-R, chamando atenção para o
homem em relação ao ambiente, para o controle que o ambiente exerce sobre
o organismo, criticando o reducionismo biológico, permitiu Skinner ver o
homem como produt das suas relações sociais, porem não chega ver esta
relação a partir da condição histórica de uma Sociedade. (LANE,p14).

Quando Skinner através da AEC, detecta os controles que as instituições exercem sobre
os outros e define as leis da aprendizagem tem-se uma descrição perfeita de um
organismo que se transforma em função das consequências de suas ações. (p.14).
Quando fala de autocontrole ele se aproxima do que chamamos de consciência de si,
descreve o individuo em processos de conscientização de social.

“Skinner aponta para a complexidade das relações sociais e as implicações para analises
dos comportamentos envolvidos, desafiando psicólogos para elaboração de uma
tecnologia de análise que de conta desta complexidade, enquanto contingencias,
presentes em comunidades”. (LANE, p. 14).

Para Lane a falha desses apontamentos Skinnerianos está no fato de não descrever
porque alguns comportamentos são reforçados e outros punidos e sem responder a isso
passamos a descrever o status quo como imutável e mesmo querendo transformar o
homem, como Skinner propõe, jamais o conseguiremos numa dimensão sócio-histórica.
(p.14).
“Se a psicologia apenas descrever o que é observado ou enfocar no individuo como
causa do e feito em sua individualidade, ela terá uma ação conservadora, estatizante,
ideológica quaisquer que sejam asa práticas decorrentes”.(LANE, p.15).

Nesse sentido, estará só reproduzindo as condições necessárias para impedir a


emergência das contradições e a transformação social. (p.15).

Para Lane é no materialismo histórico da lógica dialética que encontraremos


pressupostos epistemológicos para reconstrução de um conhecimento que atenda a
realidade social ao cotidiano de cada um e que permita intervenção efetiva na rede de
relações sociais que definem cada individuo – objeto da psicologia. (p.16).

Lane termina argumentando que o homem não sobrevive a não ser em relação com o
outro, o homem está inserido num grupo social e dele não se separa, que isso depende
da aquisição de linguagem preexistente como código produzido historicamente pela
sociedade. (p.16).

Cabe ainda analisar as relações de grupos enquanto medida institucional exercendo uma
mediação ideológica na atribuição de papeis sociais e representações decorrentes da
atividade e relações sociais tidas como “adequadas, corretas ou esperadas”.

Conscientizar o individuo mostrando as ideologias levando a superação das


contradições existentes no cotidiano e tornando-o sujeito de transformação social.
(p.17). Não sendo isso apenas um dever da psicologia, mas de todas as áreas que atuam
com objetivo do desenvolvimento humano ampliando o conhecimento seja do grupo, do
individuo, da sociedade e da produção da sua existência. (p.17).

RESUMO DO TEXTO PSICOLOGIA CONTEMPORÂNEA:


PSICOLOGIA POLÍTICA DE MARIA DA GRAÇA CORRÊA
JACQUES E COLABORADORES, FEITO POR HARLEY
PACHECO DE SOUSA.

Defini-se o que é psicologia, política e psicologia política. O conceito de psicologia vai


divergir por conta de sua fundamentação teórica, mas no presente texto concebe
psicologia como a disciplina que estuda os sujeitos em sua relação com o mundo. Não
importa se o sujeito é o “eu” ou “nós”. Esse referencial é o sócio histórico. (p.207).

Política é a atividade humana que ocorre nas esferas das disputas pelo poder entre
grupos organizados. Ações essas que buscam pela satisfação do comum. (p.207).

Entre essas considerações apontadas nos parágrafos anteriores considera-se essencial


explicitar os compromissos do fazer cientifico, no campo dos valores, da ideologia e de
seus determinantes sociais e históricos. (p.206-207).

Seria impossível estudar as ações ou omissões que contribuem para a mudança social ou
manutenção de uma determinada ordem sem analisar as relações entre elas e ações e
omissões dos sujeitos. (p. 209). Atividades humanas são encadeadas uma junto com as
dos outros indivíduos voltadas para transformação ou manutenção do poder político.
(p.209).

Por isso surgem dois tipos de psicologia especificas: a psicologia política e a psicologia
da política. (p. 209). Psicologia política tem um cunho sócio histórico já a psicologia da
política é voltada para concepção de ciência neutra, são duas perspectivas: uma que é
critica e a outra preza pela neutralidade. (p.210). A psicologia da política está voltada
para uma perspectiva acrítica e a psicologia política, mais critica. (p.210).

RESUMO DO TEXTO O QUE HÁ DE NOVO NA PSICOLOGIA SOCIAL


LATINO AMERICANA? SALVADOR SANDOVAL, FEITO POR HARLEY
PACHECO DE SOUSA.

Para responder a pergunta o primeiro argumento do autor é que a ciência nunca foi
neutra e agora nossa psicologia social percebe isso. (p.101).

Segundo o autor dificilmente as correntes conseguem sobreviver ao impacto da


hegemonia burguesa, mas algumas correntes sociológicas e econômicas ainda tentam
resistir. (p.101).
A psicologia social psicológica5 não tem respondido nada sobre o contexto latino de
desenvolvimento econômico e social. (p.101).

A psicologia social na verdade tem sido uma cópia pirata das ciências do mundo
industrializado que se auto-concebe como primeiro mundo. (p.102). São importadas não
por sua relevância; o autor argumentar que essa psicologia é importada por conta do
modismo de consumo, ou seja, as questões interiores tem se tornado uma mercadoria.
(p.102).

E por isso a psicologia socal latina se formou mero reflexo da psicologia social do norte
do Atlântico, mas carentes de estudos sobre as questões de contexto. Portanto,
respondendo a pergunta, surgiu o interesse de estudos nesse sentido, estudos que
desejam explorar cientificamente a vida dos sujeitos e grupos do mundo
subdesenvolvido. (p.102).

Ou seja, em outros termos a comunidade cientifica está se afastando do paternalismo e


assimilacionismo e buscando explorar cientificamente questões ligadas ao contexto
social e isso se mostra uma novidade, podemos dizer então, que:

“é crescente segmento de profissionais no campo que agora se preocupa com a realidade


do subdesenvolvimento em lugar de permanecer dentro das fronteiras definidas pela
psicologia convencional/colonial”. (SALVADOR, p.103).

A psicologia social passou a olhar para aquilo que a anos ignorava: a criança de rua, o
mendigo, a mulher mãe solteira sem teto, o trabalhador desempregado, entre outros.
(p.103).

A partir dessa mudança de olhar começou-se a contestar a estabilidade que a ciência


neutra social dizia desenvolver. (p.103). então, sob essa nova perspectiva há quase que
taxativa rejeição da psicologia burguesa e suas teorias, métodos e práticas.

Percebeu-se que a ciência que se dizia neutra é na verdade:

5
O autor usa as palavras psicologia sócio psicológica, entendo como psicologia social psicológica
(corrente americana).
“uma arte moldada por homens e mulheres que respondiam as chamadas de seus
mundos reais” (SALVADOR, p. 105).

Emerge uma revolta contra o modelo colonial de construção de conhecimento e se


enfatiza a preocupação para premência de novas alternativas de construção de saber que
repudie modelos e mentalidades de explorados que se fundamentam por produções de
países desenvolvidos. (p.105).

Rompe-se com o cordão umbilical colonial tendo penetrado no mundo dos excluídos o
saber nativo, conclui-se que alternativas teóricas e práticas não eram necessárias, mas
esforço para projetos bem sucedidos. Precisa-se de profissionais focados na tarefa de
mudança social e isso seja um novo paradigma. (p. 106).

Nesse sentido, a america latina tem se mostrado um local de criatividade e ciencias


rebeldes com grupos de estudos, associações e fundações como ABRAPSO. (p.107).

O autor termina com algumas sugestões:


Desenvolvam-se práticas fundamentadas por teorias;
Práticas que culminem em mudança social, mas de modo sistematizado;
Teorias e práticas com rigor metodológico e empírico para que assim nós possamos
competir em pé de igualdade com os cientistas das industrias; (p.108).

Fundamentação epistemológica, teorização e inovação metodológica a serviço do


desenvolvimento humano e modificação social levando em conta o contexto; (p109).
Construção de teorias paradigmáticas que tenham função interventiva e vitais.

RESUMO DO ARTIGO: ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A


TRAJETÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA NO
BRASIL DE MARIANA ALVES GONÇALVES & FRANCISCO
TEIXEIRA PORTUGAL DA UFRJ, FEITO POR HARLEY
PACHECO DE SOUSA.

A formação da psicologia social comunitária brasileira foi marcada por contraposições


de trabalhos consagrados dos norte americanos e pela inserção da noção de comunidade
em seu conjunto de princípios.
Busca-se fornecer uma identidade e indicar suas contribuições para reflexões praticas.

Na década de 70 a psicologia passou por transformações decorrentes de


questionamentos acerca da relevância da psicologia social (Lane &Codo, 1984 apud
Gonçalves & Portugal, 2012).

Diante da ”crise” houve a constituição da problemática relacionada às questões sobre a


relevância das pesquisas, argumentava-se que não havia. (140).

Reivindicava-se um rumo que culminasse em transformações sociais em realidade


social, econômica e política latina adequada ao modelo dos países latinos.( Bock,
Gonçalves, & Furtado, 2007; Carvalho & Sousa, 2010 apud Gonçalves & Portugal
2012).

Dessa reflexão surgiu as psicologias da libertação, social comunitária, política que


questionavam e elaboravam argumentos sobre como modificar a psicologia social latina
e disso surgiu o que chama-se psicologia social comunitária com atuação em favelas e
comunidades carentes critica as linhas cognitivistas e experimental, e nisso houve uma
crescente mudança de direção na psicologia brasileira. (autores,140).

A psicologia reivindicou atuar sobre transformações sociais, mas atenta as questões das
maiorias da população evitando os recursos interventivos dos psicólogos especialistas ,
mas promovendo mudanças responsáveis na realidade dessas pessoas. (141).

A PSC pode ser considerada uma resposta às teorias importadas por propor mudanças.
Isso indica aproximação por alguns setores antes negligenciados. Essa aproximação
também se concretizou com a constituição as novas políticas no setor da saúde, essa
atuação foi favorecida nos anos 90 pela abertura do campo de trabalho nas instituições
publicas e o primado de ações territoriais em favor dessas populações menos
favorecidas. (Yamamoto & Oliveira, 2010 apud autores, 2012).

A historia da PSC é narrada a partir de uma divisão entre seu surgimento e suas
influencias latinas e americanas.
A ênfase nessa distinção não se restringiu a PSC, mas escreve a renovação da psicologia
social. (141).

Nos territórios europeus e americanos do norte a PSC surgiu em meados de 60 ligados


aos movimentos sociais comunitários especialmente em saúde mental. Com objetivo de
preveni-la e tratar. (141). As intervenções limitadas aos indivíduos foram ampliadas
para comunidade como todo concebendo a sociedade como fontes desses problemas,
porem ao mesmo tempo como agente terapêutico. (141). O objetivo americano era
intervir nas causas das doenças mentais a fim de prevenir. (141).

Mas adiante há um alargamento do objeto de estudo que passa da doença mental para
ampliação da intervenção que desliza do individuo para a coletividade.

Ao traçar o percurso da psicologia comunitária latina muitos autores enfatizaram sua


vinculação com a psicologia social com sua contribuição para o redirecionamento da
psicologia que voltava sua atenção para graves problemas econômicos, buscando
superá-los de assim inovar seu leque de atuação.

A psicologia comunitária latina tem sido associada à teologia da libertação e a educação


popular ( Gois, 2005; Freitas, 1996 apud autores 2012). (142). Os psicólogos sociais
passaram a aliar-se aos movimentos comunitários na área da saúde mental em busca de
melhores condições de vida para população (Bomfim, 1989 apud autores, 2012)
envolvendo psicólogos com as questões sociais.

Esses períodos descritos foram marcados por repressões políticas e culturais pelas
ditaduras, mas com o fim, as discussões sobre os trabalhos realizados em comunidades
forma um objeto de mais atenção, principalmente por ter sido essa uma atividade não
remunerada, mas clandestina e voluntária. (142).

Expõe-se o modo pelo qual representantes da PSC definiram seu campo de atuação, seu
escopo e seus limites. (143).
O que chamamos de PSC atualmente começou com a tentativa de aproximar a
psicologia de alguns setores da população, ainda sem objetivos e métodos bem
definidos, mas havia a tarefa de tentar traduzir ou imprimir o identitário da PSC. (143).

A psicologia comunitária não é uma extensão da clinica, nem psicologia na comunidade


tampouco tecnologia social, mas seu objeto é o reflexo psíquico da vida comunitária no
psiquismo de seus membros e a potencialização da consciência a partir das condições de
vida da comunidade (Gois, 1990 apud autores 2012).

A psicologia comunitária tinha o desejo de ampliar as linhas de trabalho para a


população em geral, por isso ingressou em instituições desse fim, atuando também com
saúde coletiva em comunidades.

Para a psicologia comunitária o homem deve ser compreendido como sócio


historicamente construído, a psicologia comunitária usa teorias sociais, principalmente o
conceito de grupos colaborando para a construção de uma identidade social e individual,
orientada por preceitos eticamente humanos. (Freitas, 1996 apud autores 2012).

Tem atuado junto a problemas sociais concretos nas áreas da saúde, saneamento e
urbanização das comunidades carentes. (144). Realizando intervenções em associações
de moradores, grupos de mulheres, jovens, crianças e idosos, em centros de lazer, e
cultura, portanto, caracterizando como um trabalho junto a movimentos sociais com
vista no cooperativismo e autonomia das comunidades. (144).

Preparado para atuar com os problemas que afligem as comunidades como poluição,
ausência de áreas de lazer, precariedade dos meios de transporte e transito
congestionado. (144).

“O trabalho do psicólogo comunitário é um trabalho psicossocial dirigido a melhoria da


qualidade de vida” (Bomfim, 1989, p. 123 apud autores, 2012, p. 145).

Para Andery a psicologia comunitária é voltada a melhoria da qualidade de vida de


indivíduos e grupos distribuídos nas aglomerações urbanas das grandes cidades.
(Andery, 1989, apud autores, 2012).
O trabalho da psicologia nas comunidades propicia o desenvolvimento das relações no
que tange aos grupos populacionais a ao nível do desenvolvimento de teorias
psicológicas que avancem na compreensão e transformaçao dos indivíduos concebendo
como uma totalidade histórica social. ]9lastoria (1988, p. 143 apud autores, 2012, p.
145).

Arendt (1997 apud autores, 2012) ao se constituir em meio à interdisciplinaridade, a


psicologia social comunitária perde seus referenciais próprios, ao se aproximar da
antropologia, da historia, sociologia, educação e política, acaba por fazer o papel destes
e perde seu objeto, perde portanto, sua especificidade.
Houve entao uma busca pelo caráter propriamente psicológico do trabalho comunitário
para que sua intervenção pudesse se diferenciar das outras disciplinas das ciências
humanas e sociais. Essa demanda parte da deriva que academicamente se exige e de
uma analise conservadora epistemológica. (Arendt, 1997 apud autores, 2012).

A pergunta qual é o papel do psicólogo nesse contexto é motivo para discussões, ela
surgiu em meio a embaraços metodológicos já que não tinha método, teorias e
orientações bem definidas, isso resultou num arcabouço conceitual e metodológico na
maioria de suas publicações.

Segundo Freitas (2001 apud autores 2012) a psicologia comunitária tem se aproximado
das políticas publicas e tem enfatizado o desenvolvimento comunitário. (146).

Vimos o quanto é difícil delimitar a psicologia social comunitária, mas fica agora a seu
critério traçar os limites e compreender sua intervenção.

RESUMO DO ARTIGO “PSICOLOGIA E AS TRAMAS DO


SOCIAL NO CONTEMPORÂNEO” DE JOSE STERZA JUSTOS,
RAPHAEL RODRIGUES SANCHES E ADRIANO DA SILVA
ROZENDO, FEITO POR HARLEY PACHECO DE SOUSA.
Qual é o papel da psicologia social é um questionamento interessante a ser feito, mas
segundo os autores isso vai depender do período, pois ora é aliada a força capital ora
ligada a forças reformistas e revolucionarias. (33).
A banalização da psicologia em sentido de abrangência já que entende-se que todos os
indivíduos precisam de cuidados. (33).
Reich (1976) citado pelos autores acreditam na psicanálise próxima ao marxismo para
proporcionar a revolução. A psicologia já foi considerada elitista, mas atualmente é
vista como auxiliar indispensável para a solução dos problemas sociais cadentes das
camadas populares ou de baixa renda. (33).
A psicologia brasileira é recente devido a regulamentação e o currículo do CFP
primeiramente nas metrópoles e só em 1980 por volta se dissemina pelas regiões mais
afastadas. (33)
Não demorou muito os cursos de formação de psicólogos se direcionou maciçamente
para os interiores. Essa expansão é uma tendência no mundo ocidental, já que assim, se
desloca as questões do homem de esferas econômicas, social e política para as esferas
psicológicas.
Lipovetsky (1989 citado pelos autores) aponta que na modernização substituindo
estratégias repressivas, coercitivas, disciplinares assentadas em racionalização e
mecanismos de gestão e controle por adesão assentimento e parceria baseadas em
mecanismos de cooptação individual que atua no plano psicológico. (34).
Lipovetsky argumenta que a psicologia domestica o sujeito.
Atualmente a psicologia adota numa postura em que é convocada a explicar fenômenos
coletivos e a solucionar problemas que antes eram implicados a medicina,
educação,sociologia da economia e da política.
Atualmente vê se uma grande aliança entre a psicologia e a sociologia e a SUAS é uma
mostra disso. (34).
A psicologia da explicações psicológicas para acontecimentos sociais sempre revestidos
pela áurea incontestável da ciência. Coloca-se a questão no sujeito em que o homem é
um homo psicologicus que se defronta com problemas de ordens psicológicas. (35).
A psicologia substitui as doenças, crenças por fatores psicológicos que substituem as
magias, feitiços e etc. (35). Busca-se ajuda do psicólogo ou submete-se a serviços ou
projetos que atendam as populações pobres aliviando-as do mal estar do hedonismo
tratando-os com psicoterapias oferecidas em consultórios particulares ou gratuitamente
nos serviços públicos. (35).
O homem já foi de Deus, do próprio homem e agora está sob controle dos conflitos
psicológicos. Atualmente tende a se perceber impotente e fracassado, incompetente ou
Zé ninguém atribuindo a si mesmo sofrimentos e busca nas especialidades psi como
psicologia e psiquiatria a solução individual para seus males. (35).
O homem foi um animal social, depois animal psicológico e atualmente resgata seu
animal religioso.
Homo psicologicus está em declínio para homo comportammentalis Perse superado por
formas não humanas mais eficiente para a configuração do mundo atual.(Matteo, 2003
citado pelo autor). O corpo se torna obsoleto e aparece as formas pós orgânica (sibilia,
2003 citado pelo autor) pós humana ou transumana (Santos, 2008).
Cada vez mais o sujeito se torna servo das tecnologias, sendo levado a abdicar de seu
saber e poder para se sujeitar aos saberes especializados das maquinas e procedimentos
miraculosos. A racionalidade técnica assume o poder, comanda a vida e coloca o sujeito
e a produção de subjetividade sob forte controle e dominação. (36).
O morto vivo, cadáver são as figuras mais apropriadas para retratar o homem
contemporâneo e cabe a nos psicólogos interrogar radicalmente a psicologia mediante
interpelação impiedosa de nossos fazeres e conhecimentos. (36).
A psicologia social pode ser vista como alinhamento a ordem social e política, ou ainda,
como inofensiva e neutra, atuar com postura ideológica ou em contrapartida
contestadora, insurgente e critica, mas face ao debate sobre a psicologia social
conservadora ou revolucionária vejamos como consequência que trará benefícios. (37).
Sem nos esquecer que seja qual for a perspectiva o produto da psicologia social
transformará radicalmente o cenario mundial seja em nivel social, político ou
econômico. Importa entender como a desumanização do mundo se processa e qual a
participação da psicologia nesse processo. (38).
Partindo das definições de psicologia social enquanto instituições abstratas que
formalizam leis que regem as relações humanas defendemos o social como campo de
atuação de atores políticos, econômicos, científicos que impelem as ideologias cruzadas
em espaços “classes”. Que emergem nas relações de trabalho, exploração e
expropriação. (38). E nisso vemos a clara divisão de papeis e funçoes sociais em todas
as esferas da vida.
Nessa perspectiva entendemos que existe um eixo formado entre as classes dominantes,
estado e ciência queincidem sob a população no sentido de arregimentá-la. (40). A
aliança entre esses três “poderes” estão a serviço da ordenação e do controle dos
indivíduos. (40).
Foucault (2008 citado pelos autores) argumentou que a seguridade social é uma
estratégia de controle que visa suprir o mínimo necessário por um período estabelecido
e de modo vitalício a parte da população. No Brasil isso se traduz ao tripé da seguridade
que dá acesso a políticas da saúde, assistência social e previdência.
A psicologia capital tem como representante Aroldo Rodrigues, a psicologia estatal tem
a Silvia Lane, mas e o povo, quem representa?
Uma coisa podemos ser enfáticos em defender, a única psicologia que vale a pena é a
crítica, mas não em sentido usualmente utilizado. Critico no sentido de se questionar
sempre a quem serve, quais são seus objetivos e sua metodologia.

Resumo do artigo A Psicologia Comunitária no Rio de Janeiro entre 1960 e 1990, de


Renato Sampaio Lima da Universidade Federal de Sergipe, feito por Harley Pacheco de
Sousa da Universidade são Marcos – São Paulo – 2012.

Na década de 60 surgiu à crise da psicologia social brasileira, Pois se questionava


conceitos teóricos e metodológicos e a psicologia passava a firmar a busca por
relevância social. (RODRIGUES, 1979, CITADO PELO AUTOR).

Estudava princípios como individualismo, experimentalismo, etnocentrismo,


utilitarismo, cognitivismo e a negativa do poder dos agentes históricos (a-historicismo).
(KRUGER, 1986, CITADO PELO AUTOR).

A crise da psicologia social e dos serviços de saúde foi responsável pela psicologia
comunitária ter aparecido.

Na época os psicólogos encontraram dificuldades porque se formavam muitos


psicólogos e as universidades privadas cresciam demasiadamente e a área se limitava a
clinica em formação psicanalítica que atendia uma pequena parcela privilegiada da
população que restituía o terapeuta com pagamentos, pois a clinica psicanalítica é muito
dispendiosa.

Em um país preso ao capitalismo que submetia a massa ao trabalho assalariado levou a


crise dessa atuação profissional.
A crise se deu porque a profissão era predominantemente feminina, em uma sociedade
machista levou a crise, porque desvalorizava a classe, a atuação da maioria dos
profissionais era na clinica, isso isolava a classe como categoria profissional, então, a
busca por uma saída dessa crise, permitiu o surgimento de formas alternativas de se
abordar a saúde psicológica. (VASCONCELLOS, 1985, CITADO PELO AUTOR,
2012.)

A psicologia no Brasil em 1962 passou a ter como campo a psicologia clinica, do


trabalho e da escola, mesmo assim, nessa década, percebemos o desenvolvimento de
outra área a comunitária.

Os primeiros sinais dessa psicologia podem ser reportados a estudantes da PUC-SP na


década de 60, pois já refletiam sobre a psicologia elitista que se voltava ao atendimento
de privilegiada.

A expressão psicologia comunitária surgiu na Inglaterra e nos Estados Unidos para se


referir a uma psicologia em reação aos contornos das tradicionais psicologias.

Comunitária é uma expressão da preocupação com uma nova temática, o social. Social
entendido não como lugar onde os comportamentos ocorrem, mas um espaço onde
aspectos culturais, econômicos e históricos são importantes para entender o homem e
sua relação com a sociedade.

Práticas da psicologia comunitária incomodou a neutralidade para constituição dos


saberes psicológicos, em contraposição a esse fundamento o psicólogo comunitário
negou o neutralismo e considerou a ciência resultada de uma construção social e
histórica.

O termo comunitário foi introduzido no campo da clinica com objetivo de humanizar o


tratamento do doente mental, depois o uso visava adequação de uma parcela a projetos
culturais e econômicos.

Nos primeiros momentos era voltada para integração social, mas a partir de uma revisão
critica, conduziu a um referencial marxista consolidando-se como uma pratica não
elitista que visava transformação social, política e econômica de uma população alijada
dos processos democráticos, onde a comunidade faz parte de uma reflexão critica do
papel social das ciências e do paradigma da neutralidade cientifica.
O conceito de comunitário passou a ser usado no contexto da clinica e das instituições e
não mais a um trabalho individualista, comunitária passou a ser sinônimo dos grupos
excluídos da sociedade que com trabalho de conscientização.

Outro sentido foi o de caridade e benevolência. Para Andery (2008) citado pelo autor, a
psicologia comunitária seria aplicada nos bairros e instancias populares com maior
intensidade e frequência do que os psicólogos faziam. A partir daí o psicólogo passou a
ser um repressor, mas contra o controle do estado.

Silvia Lane levou a psicologia comunitária a estimular a reflexão, o confronto e a


conscientização, mas fundamentalmente a decisão e ações conjuntas (LANE, 1992,
CITADO PELO AUTOR).

A psicologia comunitária expressou uma preocupação com a busca de uma psicologia


voltada para a realidade pobre de um continente, levou o psicólogo a refletir sobre sua
responsabilidade social e política, afastando-o completamente da pesquisa neutra
baseada no modelo empírico analítico.

Arendt (1997) citado pelo autor (2012), não nega os ganhos da análise psicológica como
reflexão histórica, social e política, nem prega um retorno ao neutralismo, mas chama a
atenção para perda do objeto da psicologia comunitária ao deixar de lado o olhar
psicológico que diferencia suas práticas dos seus pares das ciências sociais.

Isso é duplo reducionismo, primeiro redução do psicológico ao histórico, antropológico,


político, educacional entre outros e depois se a psicologia tem objeto os processos
cognitivos, mentais, comportamentais, entre outros, deveriam independentemente das
diferenças de objeto, formular problemas psicológicos.

Nomear o campo da psicologia social ou mais especificamente psicologia comunitária


como subárea da psicologia na qual teríamos espaço para o aspecto social, traz um
problema, ou seja, as outras áreas da psicologia não precisariam apresentar no
desenvolvimento de suas pesquisas, nenhuma relação com essas temáticas. (parágrafo
preservado do artigo, original).

A necessidade de defini-la deve-se não apenas a nossa preocupação em discutir essa


prática da psicologia social, mas em saber como os psicólogos se aproximaram de um
campo, pois essa foi uma das marcas daqueles que estiveram engajados em um processo
de transformação social e político.

Segundo Lane, citada pelo autor, grande parte dos trabalhos em psicologia comunitários
desenvolvidos na America Latina, há ênfase na busca de conscientização e da
autonomia da comunidade.

No Brasil havia predomínio de psicologia social de base experimental que segundo o


autor, desconsiderava aspectos históricos e sociais, apesar desse predomínio, já havia no
Brasil resistência a essa perspectiva.

No fim dos anos 80 a psicologia comunitária era legitimamente brasileira, havia uma
quantidade expressiva de psicólogos em comunidades atuando. Nos anos 90 a
psicologia comunitária estava disseminada.

A psicologia comunitária permitiu uma superação dos modelos tradicionais dos espaços
fechados e propiciou diferentes maneiras de atuação do psicólogo. Os psicólogos não se
preocupavam em dar nomes as intervenções que faziam e muitos duvidavam do que
aquilo que faziam era intervenção em psicologia, mas o que importa é que expandiram e
quebraram o tradicional.

RESUMO DO ARTIGO 50 ANOS DE PROFISSÃO:


RESPONSABILIDADE SOCIAL OU PROJETO ÉTICO -
POLÍTICO? DE OSWALDO H. YAMAMOTO DA UFRN, FEITO
POR HARLEY PACHECO DE SOUSA – UNIVERSIDADE SÃO
MARCOS – SP – 2012.
Segundo Mello (1975) citado por Yamamoto, O, H. (2012) a psicologia é um saber
genuinamente cientifico e não mera técnica que soluciona problemas íntimos de pessoas
privilegiadas e reservar esse saber a esses poucos é desvirtuar o valor enquanto
instrumento e modificação social.

Segundo Yamamoto, O, H. (2012) a psicologia é mais que uma atividade de luxo,


sendo uma injustiça reduzi-la a isso, além de estagnar seu desenvolvimento.

O numero de psicólogos aumentou desde os anos 50, mas esse aumento não significa
necessariamente desenvolvimento porque o aumento de profissionais aumenta também
o numero de assalariados institucionalizados.
Vamos examinar as mudanças efetivas praticas dos psicólogos. Estatisticamente
Yamamoto mostra que a predominância de profissionais se encontra na clinica e a
pergunta que emerge é: o que esses profissionais estão fazendo nesse ambiente?

Yamamoto (2012) mostra claramente que esses profissionais nada mais fazem do que
propagar ideologias predominantes tecnocratas que mantém o atual estado das coisas
porque a extensão das técnicas que a psicologia criou para as parcelas mais amplas da
população e a sua capacidade de agente de transformação fica presumivelmente limitada
dentro do espaço de inserção profissional chamada clinica.

Mello (1975), Botomé (1979) e Campos (1983) citados por Yamamoto, O, H. (2012)
constatavam e mostravam claramente o problema que o baixo alcance da profissão
proporciona, pois as propostas de intervenção em suma são geralmente realizadas em
consultórios privados ou ampliados, mas que deixam desassistidas parcelas amplas da
população, pois inclusive a clinica ampliada em comunidades não deixa de ser um tipo
de consultório privatizado.

Com o aumento do numero de profissionais obviamente aumenta-se também o numero


de pessoas com acesso aos profissionais, mas isso ainda é muito pouco.

Esse problema se dá por que a profissão tem se orientado pela oferta de serviços do que
pela sua responsabilidade de elaborar construções a partir das demandas da população.

Portanto, embora haja aumento significativo de profissionais da psicologia o alcance


social é problemático porque oferecer mais profissionais apenas individualizará os
atendimentos, mas não aumentara o alcance social da profissão.

Não é possível qualquer ação profissional que não seja qualificada tecnicamente, mas
isso não é uma condição suficiente por si mesmo. É indispensável considerar a
adequação para o segmento da população atendida, mas Yamamoto coloca em cheque
se os recursos da psicologia tradicional para contexto clinico privatizado seja o ideal.
(Botomé 1988).

Para essa questão levantada por Botome (1988) anteriormente Campos dizia (1983) que
a psicologia deve da uma resposta pautada por perspectivas de bem estar social
corroboradas pelo campo das políticas publicas, portanto, Campos (1983) nos dá certa
extensão para o profissional da psicologia atuar enquanto agente transformador e um
entre os muitos ganhos dessa extensão profissional é que o psicólogo nesse espaço
qualificará discussões do alcance social.

Podemos perceber claramente que os psicólogos mesmo em campo das políticas


publicas ficam presos as teorias realizando diagnósticos (Yamamoto, 2012, condensado,
p 11. Livro ciência e profissão 2012 ano 32).

A proposta consiste em chamar atenção para as parcelas mais amplas da população e


não reter o conhecimento nos espaços de inserção profissionais privatizados, pois
existem alternativas mais abrangentes.

Yamamoto cita Mello (1975) e Botomé (1979) que pesquisaram quem usa a psicologia
e apenas 15 por centos da população tinha acesso, entao questiona-se se o restante não
precisa do serviço? Para atingir a todos talvez possamos abdicar dos recursos clássicos e
desenvolver novos meios nos inserindo no campo das políticas publicas.

O alcance social necessita ser compreendido num contexto mais amplo, pois o modelo
proposto pelo capitalismo atua de modo parcial e setorial em que trabalha como
executor terminal das políticas de segmentação (Yamamoto & Oliveira, 2010, citado
por Yamamoto, 2012).

Estamos falando sobre alcance da profissão, mas isso nos faz pensar sobre a necessidade
de qualificar melhor a inserção social do psicólogo.

É necessário debater sobre a diferença entre ação política em sentido estrito e dimensão
política do profissional. A dimensão técnica é indispensável, mas ação política tbm para
uma pratica social significativa. Ignorar essa dimensão representa assumir as já
superadas teses sobre a neutralidade da ciência (Yamamoto, 2012, condensado, p 11.
Livro ciência e profissão 2012 ano 32) .

A psicologia subordina-se as determinações do modo de produção dominante e esse é


uma limitação da ação profissional.

Bastos (2009) citado por Yamamoto (2012) levanta acepções sobre o compromisso
social do psicólogo e mostra dimensões que Anália e propõe mudanças. Bastos (2009)
define a psicologia como uma proposta de orientação e transformação social e a
supressão das desigualdades associada a uma orientação teórica que realize analise do
compromisso social.

A psicologia poderia pensar em um projeto ético - político, Yamamoto (2012) cita neto
(2009) em que apresenta a psicologia como uma profissão que elegem os valores sociais
como prioridade, formula requisitos para o seu exercício e prescrevem normas, e não
como uma disciplina subalterna.

Yamamoto (2012) mostra que o papel da psicologia seja ser uma disciplina
coparticipante de um projeto de transformação ético – político que se articule com
projetos societários mais amplos nesse sentido nos referimos a projetos que apontem a
transformação estrutural da sociedade capitalista e não com sua manutenção.

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