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Copyright 2021 © por Godofredo Couto

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Salve seu casamento em Deus - 12 lições para uma nova vida a dois
1a. Edição

REVISÃO
Geneceuda Monteiro

ILUSTRAÇÕES E PROJETO GRÁFICO


Godofredo Couto

DIAGRAMAÇÃO
Iago Couto

DESIGN DE CAPA
Iago Couto

Os pontos de vista desta obra são de responsabilidade do autor

Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos ou mecânicos, sem a permissão


do autor, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Contato: 83 996037511 | ministerioduplaalianca@gmail.com

www.duplaalianca.com
1996 “A gente precisa conversar. Estou com dúvidas sobre o que sinto
por você”.

2016 “Sou muito feliz por você ser o meu esposo e não qualquer outro
homem do planeta Terra. Te amo, te amo, te amo!”.


Vinte anos faz muita diferença na vida de um casal. Por experiência pró-
pria, constatamos que o Deus do Impossível restaura relacionamentos e
proporciona um novo tempo para os casamentos.
sumário
HÁ SOLUÇÃO PARA O SEU CASAMENTO 10

LIÇÃO 1 — SEJA GUIADO 16

LIÇÃO 2 — SEJA BEM ORIENTADO 24

LIÇÃO 3 — TENHA COMUNHÃO COM DEUS 30

LIÇÃO 4 — ESTUDE SOBRE SEXO 36

LIÇÃO 5 — CONHEÇA OS PAPÉIS DO CASAL 42

LIÇÃO 6 — BUSQUE A UNIDADE 48

LIÇÃO 7 — AME A DEUS DE TODO O CORAÇÃO 56

LIÇÃO 8 — DECLARE A PALAVRA 62

LIÇÃO 9 — ANDE COM QUEM VIVE PELA FÉ 68

LIÇÃO 10 — JAMAIS DESISTA 74

LIÇÃO 11 — CONFIE EM DEUS 80

LIÇÃO 12 — PERMANEÇA FIRME 88

CONSELHOS FINAIS 96
prefácio
POR PERILO BORBA
“Não é bom que o homem esteja só...” (Gênesis 2.18). Estas foram pa-
lavras do próprio Deus, criando posteriormente a mulher e instituindo
uma aliança entre eles... “tornando-se os dois uma só carne” (v. 24).
O casamento é uma instituição divina, sagrada, podemos compro-
var isso ao longo de toda a Bíblia. Se Deus planejou, Ele é quem sabe
como funciona. E, sim! Funciona! Para tal, precisamos seguir os princí-
pios estabelecidos pelo Criador.
São alguns deles que foram compartilhados de forma esclarecedo-
ra, direta e prática nesta maravilhosa obra: “Salve seu Casamento em
Deus - 12 lições para uma nova vida a dois”, por Godofredo Couto, um
grande parceiro de ministério cuja família, construída com a sua esposa
Patrícia, tem sido um referencial em nossa igreja.
Compartilhando alguns preciosos testemunhos pessoais, ele colo-
cou, com muita coragem, humildade e autenticidade, um teto de vidro
sobre a sua casa, mostrando que todo e qualquer casamento enfrentará
desafios, mas destacando o quanto vale a pena superarmos cada um de-
les para manter a nossa casa construída sobre a rocha e desfrutarmos
dos inúmeros benefícios deste projeto divino.
O escritor do livro aos Hebreus afirmou algo que considero funda-
mental para sempre considerarmos em nossa vida conjugal. Por isso,
todas as vezes que tenho a honra de celebrar um casamento, inicio a
mensagem com isto: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio...”
(Hebreus 13.4). Na versão da Bíblia Amplificada, podemos ter um en-
tendimento ainda maior: “Deixe o casamento ser considerado em honra
(digno, precioso, de grande valor e especialmente caro)”.
Infelizmente, vivemos em uma sociedade que não valoriza mais o
casamento como deveria, não vendo-o como Deus o vê. Concomitan-
temente, tornou-se comum e até romantizado aquilo que Deus tanto
odeia: o divórcio.
Sem a real consciência das terríveis consequências que isso gera na
sua vida como um todo (da saúde física e emocional, passando pela área
financeira, até a principal, o nosso espírito), e sem ter o devido cuida-
do em como também afetará gravemente os seus filhos, muitas pessoas,
sem os motivos permitidos por Deus para tal, optam pelo caminho mais
fácil e se separam. Muitas vezes, usam justificativas banais, buscando os
próprios interesses carnais.
Para muitos, no mundo, o casamento não tem valor, tornou-se um
copo descartável ao invés do raro cristal idealizado por Deus. Como
Igreja, podemos e devemos fazer a diferença!
O que é caro, custa um alto preço, requer esforços e sacrifícios para
ser preservado e bem utilizado. Essa deve ser a nossa mentalidade. Des-
de o início do meu casamento, o Senhor me deu uma palavra que sem-
pre trago comigo: “A minha família é o meu troféu”.
Vale a pena todo e qualquer esforço, sacrifício, investimento, per-
dão e dedicação, porque nada disso se compara com o prazer da vitória
e do sucesso de desfrutar da vida, compartilhando cada momento, do
mais simples ao mais desejado, com quem nós amamos.
A minha oração é que essa leitura o inspire a ser um vencedor na
sua casa. Que cada lição, aprendida muitas vezes a duras circunstâncias
enfrentadas pelo autor, seja a salvação ou a preservação de Deus para a
sua família. Que uma nova história comece a ser escrita por você e que
haja vinho novo, e o melhor vinho, em seu casamento.


P E R I L O B O R BA
Casado com Stephani, desde janeiro de 2011, pai de Estevão e de Luca, Perilo é jornalista
por profissão, escritor por paixão e pastor por missão. Coordenador de Comunicação do
Ministério Verbo da Vida, professor do Rhema e das Escolas de Ministros e de Missões e
pastor auxiliar na Igreja Verbo da Vida Sede em Campina Grande (PB).
CAPÍTULO I
H Á S O L U Ç ÃO PA R A
O SEU CASAMENTO
GODOFREDO COUTO

Por mais fracassado que o seu casamento possa parecer, há uma luz no
fim do túnel para você e seu cônjuge. Neste livro, busco revelar instru-
ções que vão transformar a realidade da sua vida conjugal. Ele apresen-
ta soluções em Deus para o seu relacionamento, sejam quais forem as
circunstâncias que ele atravesse, como brigas constantes, fim da paixão,
traição, derrocada financeira, indefinição de papéis, falta de respeito, de
desejo, de atenção, de alegria, de esperança, entre muitas outras. Eu ga-
ranto que, se você aplicar fielmente os ensinos apresentados neste livro,
o seu casamento nunca mais será o mesmo. Não tenho a menor dúvida
de que sempre há soluções em Deus para a sua vida e família.
A maior prova que eu tenho para lhe assegurar tudo isso foi o re-
sultado altamente positivo que obtive no meu próprio matrimônio. Nós
havíamos chegado ao fundo do poço, quando podemos dizer que, hu-
manamente, não há mais nada o que fazer. Para nossa alegria, o Espíri-
to Santo nos socorreu com estratégias divinas. Hoje, posso afirmar que
vivo mais feliz com minha esposa do que na época em que nos apaixo-
namos, quando jovens, ou no início de nosso casamento.
Grande parte dos relacionamentos acabam porque não há uma ver-
dadeira disposição para buscar soluções e permanecer investindo na
relação até que o resultado apareça. Algumas pessoas não conseguem
atingir o objetivo de um casamento feliz por pura falta de conhecimento
do que é possível ser feito para obter restauração e cura em um relacio-
namento destruído. Ainda há aqueles que afirmam, simplesmente, que
o amor acabou e não há mais nada a fazer. E, assim, são tantos casamen-
tos desfeitos e outros tantos que vivem de um relacionamento a outro,
sem conseguir o sucesso conjugal.
Aprendi, a duras penas, que casamento é como uma aplicação fi-
nanceira de alto risco. Você sabe que pode perder altos investimentos
se aplicar os recursos sem conhecimento/experiência. Você também
entende que terá pequenos resultados se o tipo do seu investimento
for conservador ou moderado. No entanto, é possível obter resultados,
recompensadores se você for um investidor arrojado, audacioso, com
visão de futuro e sem medo de ser feliz. Da mesma forma, para ter um
casamento prazeroso e duradouro, é preciso saber investir corretamen-
te, utilizando todos os recursos disponíveis, sendo orientado a seguir
pelo caminho das pedras, trilhados por outros, depois de terem batido

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SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

muito com a cabeça, até encontrar a melhor solução.


Então, se este material chegou em suas mãos não foi por acaso.
Convido você a aplicar lições eficazes para resolver as situações, aparen-
temente irreversíveis, que você vive em seu casamento e colher resulta-
dos incríveis, ao longo de sua nova jornada rumo ao sucesso, na vida a
dois. Temos compartilhado com muitos outros casais a bem-sucedida
experiência que obtivemos em Deus. Eles, simplesmente, foram moti-
vados pelo nosso testemunho a seguir nossas orientações e conselhos, e
puderam vivenciar restaurações significativas em suas vidas.
Acompanhamos o casal Dakson e Cristiane por um longo tempo.
Eles viveram muitas situações no relacionamento e ficaram à beira da
separação. Eles faziam parte de um grupo de casais que reuníamos em
casa e com quem compartilhávamos a Palavra de Deus. Eles também
foram tocados por nosso testemunho, ouviram e praticaram as orienta-
ções que passamos na época.
Sobre nossa influência em suas vidas, Dakson relatou que “rela-
cionamento não é algo fácil. O casamento demanda investimento de
toda ordem, principalmente emocional e espiritual. E muito. Ao longo
de nossos (quase) 22 anos de união, houve momentos em que a sepa-
ração se mostrava como única alternativa. E foi numa dessas ocasiões
que o investimento rendeu dividendos. Conhecíamos Godofredo e Pa-
trícia, com quem nos encontrávamos para estudo da Palavra, orações
e confraternizações. Eles tinham muito amor por todos os componen-
tes daquelas reuniões. Com uma abordagem amorosa, compartilhando
uma experiência sobrenatural de restauração do seu matrimônio, era
impossível não crer no poder de Deus, depois de ouvi-los testemunhan-
do. Eles se encaixavam, perfeitamente, naquela máxima popular de que
‘palavras convencem, mas exemplos arrastam’. E foi assim que deixamos
as diferenças e divergências de lado e continuamos nossa caminhada.
Louvamos ao Deus Todo-Poderoso por suas santas e preciosas vidas,
na certeza de que esse casal tem nossa admiração e gratidão, enquanto
existirmos”.
Como falei no início, o nosso casamento experimentou o fracasso
humano. Mas isso não aconteceu da noite para o dia. Foi uma longa
história. Para facilitar seu entendimento e, ao mesmo tempo, destacar
as 12 lições que aprendi ao longo dos anos, para a restauração do meu

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GODOFREDO COUTO

casamento, vou compartilhar, paralelamente, com você um resumo de


nossa vida conjugal. No decorrer da história de nosso relacionamento,
farei marcações, que facilitarão a leitura e reforçarão as preciosas instru-
ções para você aplicar em sua vida e matrimônio.
Antes de continuar a leitura, gostaria que você concordasse comigo
em três pontos fundamentais para que a sua experiência na leitura deste
livro seja bem-sucedida:

1 Ore antes de ler este livro, pedindo a Deus para que o Es-
pírito Santo traga revelações simples e profundas para a
sua vida.
2 Abra o seu coração para receber as instruções e não crie
objeções quanto aos fatos narrados ou às lições propostas
em cada capítulo.
3 Esteja com disposição para aplicar as orientações sugeri-
das, sem jeitinhos, acréscimos ou cortes em nenhuma
delas.

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CAPÍTULO II
LIÇÃO 01

SEJA GUIADO

I!
R AQU
V Á PO

siga para lá!

acolá
é mel
hor!

é bem ali!
GODOFREDO COUTO

Sempre tive facilidade para desenhar. Minha mãe contava, orgulhosa,


que minha professora do Jardim de Infância a chamou à escola, lá em
Teresina (PI), só para ver um desenho que eu tinha feito. Era uma tele-
visão com um jarro de flores em cima, na época das TV’s de tubo, claro.
Os anos se passaram e eu fui aprimorando essa habilidade, desenhando
tudo e todos. Quem me conhecia percebia logo o meu dom. O comen-
tário geral era: “Você está se perdendo aqui neste fim de mundo”. Foram
tantas vezes que eu ouvi essa frase que passei a acreditar nisso e resol-
vi correr atrás do meu sonho. Como era funcionário público, solicitei
transferência para a cidade do Rio de Janeiro e, para minha surpresa,
consegui rapidamente. Meu grande objetivo, em terras cariocas, era fa-
zer o curso de Belas Artes, na Universidade Federal do Rio de Janei-
ro (UFRJ). Assim, como um autêntico emigrante nordestino, parti do
Piauí para o Rio, com 22 anos, cheio de expectativas sobre um futuro
brilhante como artista plástico.
Foram muitos os preparativos e despedidas. Quando a turma de
amigos e parentes foi dar o último adeus no aeroporto de Teresina, uma
coisa me intrigou. Patrícia foi a pessoa que mais chorou na despedida.
Estava mesmo inconsolável. Tínhamos feito uma bela amizade, no pou-
co tempo em que nos conhecemos. Ela era a moça dos sonhos de qual-
quer jovem crente. Linda, inteligente, meiga e que amava muito Deus.
Além disso, Paty também se encaixava no biotipo de mulher que eu
gostava: uma bela morena brasileira, com os olhos negros, um pouco
repuxados, sobrancelhas altas, lábios carnudos e cabelos lisinhos, pretos
e compridos.
Eu e Paty nos conhecemos quando começamos a dar aula para os
pré-adolescentes da igreja, na Escola Dominical, cerca de dois anos
antes da minha partida para o Rio. Para facilitar nossa vida “docente”,
decidimos preparar as aulas e orar juntos. Foi dessa forma que a nossa
amizade brotou e cresceu. Mas, que fique bem claro, eu e Paty éramos
só amigos e nada mais, ok? Até porque ela era comprometida. Além de
tudo, nessa época, eu só pensava nos detalhes da minha partida para o
Rio. Afinal de contas, por que eu pensaria em gostar de alguém que mo-
rasse no Piauí se iria embora para a “Terra Prometida”, não é mesmo?
Já instalado na Cidade Maravilhosa, no “apertamento” de uma tia
minha, tive algumas decepções logo de cara. Primeiro, não deu para

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SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

fazer Belas Artes coisa nenhuma, pois o curso só funcionava durante o


dia e eu precisava trabalhar para me manter naquele lugar. Descobri que
esse era um curso de gente “abonada”. Segundo, porque a dor da sauda-
de era tão grande que eu chorava sempre à noite, sendo consolado por
minha tia, que, do seu jeito, me dava conselhos para me acalmar. Ter-
ceiro, porque, como não tinha carro e era tudo longe, pegava o ônibus
para o trabalho, que percorria uma distância muito grande até chegar
ao destino. E, assim, eu vivia o dia inteiro em função daquela vida longe
dos meus ideais.
Até que um dia, fui agradavelmente surpreendido com um telefone-
ma de ninguém menos que Patrícia. Ela dizia que um grupo de jovens
de nossa igreja do Piauí estava planejando passar alguns dias no Rio
para participar de um grande evento no estádio Maracanã, onde um
pregador americano iria realizar uma Cruzada Evangelística. Ela queria
me pedir ajuda para encontrar um apartamento que pudessem alugar
por temporada. Nunca tinha ficado tão animado em ver essa turma de
amigos de novo. Seria um bálsamo naquela vida corrida que eu tinha.
Rapidamente, consegui um no bairro de Copacabana, próximo dos
grandes pontos turísticos da cidade.
Na primeira noite dos jovens piauienses no Rio, decidi ficar para
dormir com eles em Copacabana. Assim, dormi em um dos colchões
no chão do apê. Paty, agora descomprometida, estava o tempo todo gru-
dada em mim. Ou eu nela? Acho que os dois. Nessa noite, conversamos
até de madrugada, com ela fazendo carinho em meus cabelos. Que lem-
brança gostosa!!! Claro que, a partir desse momento, um clima pintou
entre nós. Mas, ficamos só na vontade. Sempre grudados, fomos todos
ao evento e passeamos pela cidade, sendo eu o guia turístico, mesmo
que ainda não soubesse quase nada do lugar. Lá fomos nós para o Pão
de Açúcar, Cristo Redentor e outros cartões postais cariocas.
Quando chegou o dia de todos irem embora, Paty me surpreendeu
mais uma vez. Ela disse que uma das jovens do grupo ficaria no Rio
mais uma semana com parentes e ela resolveu ficar também, hospedada
com a amiga. Pronto! Era só o que precisávamos. Aproveitamos o final
de semana para curtir a cidade, agora sozinhos. Detalhe importante:
andávamos sempre de mãos dadas. Mas, ainda somente como “amigos”.
Lembro-me, como se fosse hoje, que assistimos ao filme “A Guerra

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GODOFREDO COUTO

dos Botões”, entre outras coisas, e fomos a um grande parque local, onde
fiz uma coroa de flores para Paty e disse que ela era, a partir daquele mo-
mento, “A Rainha da Floresta da Tijuca”. Tudo o que fazíamos era cheio
de pura alegria. Vivemos um romance genuíno.
Certa noite, fomos orar juntos à beira-mar, em Copacabana, e resol-
vemos pedir que, de um dia para o outro, Deus respondesse se devería-
mos começar um relacionamento sério. Veja só! Alguém tem dúvida de
qual seria a resposta? Bom, esse era o nosso entendimento da época. No
dia seguinte, obviamente, confirmamos que o Senhor tinha aprovado o
início de nosso namoro.
Agora é que vem a melhor e inesquecível parte da história. Mais
romântica, impossível. Depois de muito pesquisar, sugeri que pegásse-
mos uma barca, saindo da Praça XV até a Ilha de Paquetá, famosa por
manter um ambiente rústico e, ao mesmo tempo, estimulante ao amor.
Na ilha, andamos de charrete e subimos na famosa Pedra da Moreninha,
personagem eternizada pela TV. Sentamos na pedra, um do ladinho do
outro, e passamos a admirar o mar, que refletia o sol em muitos e pe-
quenos brilhos.
Foi nesse lugar paradisíaco que dei o primeiro e inusitado beijo em
Paty. Beijei sua testa, o queixo, uma bochecha, a outra e, por fim, os lá-
bios. A Pedra da Moreninha foi testemunha do início de namoro de dois
jovens verdadeiramente apaixonados. Só fiquei triste ao perceber que
esses dias passaram voando e Paty teve que voltar logo para Teresina.
A partir daí, minha vida financeira ficou no limite. Mas, por um
motivo justo. Como ainda não havia a facilidade de e-mails ou aplica-
tivos de bate-papo no celular, vivíamos falando por ligações telefônicas
intermináveis. Era um tal de “desliga você” que não acabava mais. Meu
dinheiro, praticamente, era só para pagar a conta. Por outro lado, nessa
época, tinha também as inúmeras, compridas e criativas cartas de amor
que enviávamos um para o outro. Que tempo bom aquele!
Uma dúvida pairava na mente do novo casal: o que seria de nós?
Vivíamos tão longe um do outro. Eu voltaria para o Piauí ou ela iria mo-
rar no Rio? Sim, logo no início do namoro já falávamos em casamento.
Como eu já tinha 23 anos, um emprego fixo, e queria uma mulher para
chamar de minha, era o próximo passo da vida de adulto. Inocentemente,
queríamos apenas ser felizes juntos e acreditávamos firmemente nisso.

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SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

L I Ç ÃO 0 1

Seja guiado pelo Espírito de Deus. Neste primeiro capítulo, mar-


quei dois momentos em que tomamos decisões sem ter uma resposta
clara da vontade de Deus: quando decidi ir embora para o Rio e quando
iniciamos o namoro. A principal causa desses erros foi a falta de conhe-
cimento sobre essa real necessidade. E, como a paixão era grande, não
fomos prudentes para esperar, agimos com ansiedade e concretizamos
aquilo que tanto desejávamos, que era o namoro.
Simplesmente, nós não entendíamos direito como o Espírito Santo
poderia falar conosco e conduzir os nossos passos. Foi ao longo dos
anos, que aprendemos que essas convicções somente são possíveis a
partir de um profundo relacionamento com Deus, que sempre quer nos
orientar quanto às grandes decisões a tomar, como, por exemplo, na
escolha da pessoa com quem vamos casar. Essa é uma decisão que vai
nos influenciar por toda a vida.
Deus é o maior interessado em nossa felicidade. Assim, Ele tam-
bém está interessado em nos orientar para vivermos felizes em nossos
casamentos. Ele quer sempre participar ativamente de nossas vidas, pois
Ele sabe mais do que ninguém o que é melhor para nós. O Senhor tem
o maior prazer em nos guiar em todas as ocasiões, assim como um pai
que orienta os seus filhos.
Segundo o escritor cristão Kenneth W. Hagin, “os filhos de Deus
podem esperar que sejam guiados pelo Espírito de Deus”. O ministro
também diz que “muitas vezes, no entanto, procuramos orientação por
outros meios que não são os meios declarados por Deus. Quando assim
fazemos, incorremos em problemas”. Às vezes, julgamos ser Deus nos
orientando, mas são apenas nossos desejos e emoções nos guiando. A
Bíblia diz, em Provérbios 20.27, que o espírito do homem é a lâmpada
do Senhor. O Espírito de Deus habita no interior do homem e transmite
ao seu espírito tudo o que precisa ser iluminado. Não é no corpo, nem
na alma, o Espírito de Deus fala ao espírito do homem. Simples assim.
Deus é espírito assim como o homem também. O homem é um espírito,
que possui uma alma e habita em um corpo.
Deus nos guiará através do nosso espírito. Para isso, dê tempo de

21
GODOFREDO COUTO

qualidade ao Senhor para ouvir, em seu íntimo, as direções para a sua


vida. Muitos querem ouvir uma voz forte e sobrenatural falando, ou
mesmo um anjo aparecendo e dando instruções, como fez com Maria.
Sim, Deus pode usar também essas formas de comunicação. O mais co-
mum, no entanto, é sermos guiados pelo testemunho interior, as im-
pressões internas dadas pelo Espírito Santo que já habita dentro de nós.
Deus é nosso Pai, nos ama demais e se importa com as nossas decisões,
pois sabe que, se mal tomadas, poderemos não só fracassar, como tam-
bém deixarmos de viver e cumprir os propósitos d’Ele para as nossas
vidas. Ele quer nos falar. Portanto, esteja sempre com o seu ouvido inte-
rior atento à Sua voz.
“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são
filhos de Deus” (Romanos 8.14).

N A P R ÁT I C A

1 Reserve um tempo de qualidade para o Senhor.


2 Apresente a Ele as decisões que precisa tomar.
3 Dê tempo para que Ele lhe sinalize com respostas.

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CAPÍTULO III
LIÇÃO 02

S E JA B E M O R I E N TA D O
GODOFREDO COUTO

Cheio de saudades da amada, resolvi antecipar minhas férias para ja-


neiro do ano seguinte, três meses depois do início de nosso namoro.
Lógico que o merecido descanso seria nada mais nada menos que no
Piauí. E que férias fantásticas e emocionantes foram aquelas! Além de
rever todos os amigos e parentes, quis definir a continuidade do meu
relacionamento com Paty. Resolvemos noivar nesse período, pois não
sabíamos quando seria nosso próximo encontro de grande duração de-
pois que eu voltasse para o Rio.
Como os pais de Patrícia eram recém-separados, e estavam em li-
tígio, achamos melhor noivarmos de modo bem particular e, até inusi-
tado, no telhado da casa dela, com apenas o céu como testemunha. Ali,
trocamos as alianças de compromisso.
Um pouco antes disso, ainda tive a angustiante tarefa de pedir a mão
de Paty para o seu pai. Pense numa suadeira! Suei mais do que é normal
no calor piauiense. Meu sogro tinha um olhar desconfiado, mas sempre
foi gente boa. Ele fez umas brincadeiras no momento, o que me deixou
ainda mais nervoso. Entre outras coisas, ele perguntou o que eu preten-
dia fazer com a filha dele. Que pergunta difícil de responder! Mas deu
tudo certo e não fui “baleado” por ninguém.
Com muita dó, depois de um tempo grudado em Paty o dia todo,
regressei ao Rio. Os telefonemas e cartas se multiplicaram. Para ame-
nizar a saudade, demos um jeito de nos encontrar ao vivo mais duas
vezes, uma em Belo Horizonte (MG), com direito a passeio em Ouro
Preto, e outra vez ela conseguiu passar pelo Rio, após fazer compras em
São Paulo, junto com o sogrão. Ainda lembro do presente que ganhei de
minha amada: um lindo casaco de lã azul, bem macio e quentinho. Foi
um presente bem oportuno, pois, no período, estava fazendo muito frio
no Sudeste do país.
Nessa época, comecei o curso de Arquitetura em uma faculdade
particular, o que apertou ainda mais as finanças. Além disso, eu preci-
sava sair do apartamento da minha tia. Quando cheguei no Rio, tinha
dito que só iria ficar com ela por, no máximo, três meses. Até ali, já tinha
se passado seis meses. Mas cadê o dinheiro para alugar pelo menos um
quarto para mim? Até que procurei nas redondezas, mas não tinha ne-
nhuma condição financeira para isso.
Durante todo esse tempo, orávamos para que Deus nos iluminasse

26
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

sobre o que fazer. Apenas uma coisa era certa: queríamos casar o mais rá-
pido possível. Infelizmente, a realidade nos mostrava que precisávamos
decidir primeiro onde moraríamos, se no Rio ou no Piauí, para depois
tomarmos as devidas providências. A dúvida permaneceu até que, do
nada, uma colega com quem trabalhei, em Teresina, me ligou dizendo
que tinha aparecido uma vaga de ilustrador na mesma empresa em que
eu trabalhava. Consideramos, então, que essa foi a resposta que esperá-
vamos de Deus. Pedi a transferência de volta e, novamente, fui atendido
muito rápido.
E a rapidez das mudanças foi além de nossas expectativas. Em se-
tembro, eu já estava de volta a Teresina, mas com uma profunda alegria
no coração e, o que é melhor, nos braços de minha amada Paty. Convic-
tos de que nascemos um para o outro, marcamos logo a data do casa-
mento para fevereiro do ano seguinte. Assim como a maioria dos casais,
a paixão estava acima de qualquer obstáculo. Mesmo não tendo dinheiro
suficiente para manter o padrão de vida que ela tinha com os pais, o que
mais importava era que, sendo casados e tendo o nosso próprio canti-
nho, iríamos estar juntos e “felizes para sempre”.
Até o casamento, vivemos momentos intensos como noivos. Viví-
amos colados um no outro, na medida do possível. Fazíamos muitos
planos, já pensávamos até no nome do nosso primeiro bebê. Nos con-
siderávamos felizes e cheios de expectativas. Não tínhamos ideia do ta-
manho da realidade que nos esperava e nem do quanto não estávamos
preparados para vivê-la. Só queríamos saber de uma coisa: estaríamos
casados no dia 11 de fevereiro de 1989. Portanto, tínhamos pouco tempo
para preparar tudo para a grande data de nossas vidas. Tinha muitos
detalhes a pensar e a providenciar. Convites, local, roupas, decoração,
fotos, filmagem, pastor, canções, lua de mel, enfim, foi uma correria para
tão pouco tempo. E o aconselhamento pré-nupcial? Nem sabíamos que
isso existia.
Infelizmente, os poucos anos de convertidos não nos deram amadu-
recimento para buscarmos conhecimento e orientação suficientes para
iniciarmos uma vida a dois. Além de não recebermos nenhum tipo de
aconselhamento, os livros cristãos sobre o tema eram escassos na época.
Lembro-me bem do único e famoso livro que existia, “O Ato Conjugal”,
de um casal de escritores americanos. Independentemente disso e acre-

27
GODOFREDO COUTO

ditando que estávamos dando o passo certo em nossas vidas, fomos, com
a cara e a coragem, nos tornar o Senhor e a Senhora Couto.

L I Ç ÃO 0 2

Seja muito bem orientado sobre o casamento. Podemos até dar a


desculpa de que não tivemos acesso a um bom curso de noivos, de livros
preciosos ou de aconselhamentos formidáveis pela pura falta de existên-
cia deles. Mesmo assim, poderíamos ter buscado casais verdadeiramente
crentes que pudessem nos dar algum tipo de orientação. Hoje em dia,
essa desculpa não é mais possível. Existem cursos variados para quem
quer casar, inúmeros livros que trazem conselhos sábios e muitas pessoas
que podem orientar, com bastante sabedoria, sobre o relacionamento a
dois. Da mesma forma, os casais que já passaram dessa fase inicial, tam-
bém têm uma gama de recursos à disposição para aplicarem em seu re-
lacionamento e obterem retornos positivos. Ainda bem que você chegou
até aqui e já foi submetido a uma parte de nossa história.
Como grande parte dos noivos imaginam, o casamento não foi cria-
do por Deus para nos fazer felizes. Se entrarmos em um relacionamento
com esse objetivo, com certeza seremos frustrados. A outra pessoa não
tem condições, nem atributos suficientes para nos garantir a felicidade.
Se entrarmos no casamento com essa mentalidade, a cada defeito ou ati-
tude errada do cônjuge, veremos isso como um obstáculo à nossa felici-
dade e ficaremos, cada vez mais, ressentidos pelo outro não conseguir
nos fazer feliz. A nossa única fonte de felicidade deve ser o Senhor. A me-
lhor forma de iniciar um casamento é se sentir feliz, independentemente
dele. Duas pessoas já felizes individualmente terão mais condições de
manter um relacionamento estável e duradouro, apesar das imperfeições
que ambos possuem. Dessa forma, é mais fácil acreditar nas próprias
mudanças e nas do outro.
Um dos propósitos do casamento é unir pessoas imperfeitas que vão
estar juntas no cumprimento de uma missão, mas também vão ajudar
um ao outro no crescimento pessoal. A ideia é que o casal se transforme
na imagem de Jesus à medida que tiverem experiências juntos, vivendo
o verdadeiro amor em meio à convivência com a imperfeição do outro.

28
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

Concordo com uma frase que o pastor Luciano Subirá falou em seu livro
“O Propósito da Família”: “Casamento é o maior instrumento de san-
tificação”. Para que o casamento dure, até que a morte separe o casal, é
preciso haver uma construção dia após dia. É viver o amor do tipo de
Deus, que não exige condições para ser exercido. É o verdadeiro amor
incondicional.
Os jovens noivos precisam sim de ensino e de conselhos de pessoas
mais experientes. Mas devemos atentar para o testemunho de vida que
os “conselheiros” possuem. É fundamental que sejam pessoas tementes
a Deus e que vivam o que pregam. Maus conselhos podem nos arruinar,
mas os bons conselhos trazem sabedoria, como diz em Provérbios 19.20:
“Ouve o conselho, e recebe a correção, para que no fim sejas sábio”.
Finalmente, é muito importante o casal ter em mente o porquê do
casamento ser indissolúvel e a responsabilidade, que cada um deve ter,
para permanecerem unidos e felizes até que a morte os separe. Segundo
a Bíblia, o casamento é uma aliança de sangue, abençoada por Deus. Se-
gundo a matéria Aliança de Sangue, do Centro de Treinamento Bíblico
Rhema, essa é uma forma de aliança mútua, pela qual duas pessoas en-
tram no mais íntimo, mais duradouro e mais sagrado dos contratos. É
permanente, indissolúvel, inalterável, irrevogável. O mais importante e
profundo de todos os contratos, pois as partes envolvem suas próprias
vidas.
“Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem-sucedidos
quando há muitos conselheiros” (Provérbios 15.22).

N A P R ÁT I C A

1 Faça um bom curso cristão para noivos.


2 Busque ler livros cristãos sobre casamento.
3 Confira tudo o que a Bíblia orienta sobre o matrimônio.
4 Vamos orar? Anote a sua oração em um papel e peça sabe-
doria ao Senhor para conduzi-lo em todas as suas decisões.

29
CAPÍTULO IV
LIÇÃO 03

TENHA COMUNHÃO
COM DEUS
GODOFREDO COUTO

Chegou o grande e tão esperado dia em que eu e Paty diríamos “sim”,


na frente dos convidados e diante de Deus, para uma nova vida a dois.
Essa foi uma noite cheia de emoção. Para chegarmos a esse momento
especial, dias antes, alugamos um pequeno apartamento e mobiliamos
com o básico. Para nós, não importava o tamanho, nem muito menos a
quantidade e qualidade dos móveis.
Depois de um dia cansativo, em que eu também ajudei na deco-
ração do espaço onde casamos, todos estavam preparados para seguir
tudo o que foi ensaiado. Aquela visão ficará marcada para sempre em
minha mente. Enquanto eu esperava ansioso no altar, Paty apareceu
deslumbrante, vestida como uma princesa, com um belo sorriso e um
lindo rosto, que parecia iluminado. Meu coração palpitava. Deu vontade
de chorar. Eu não via mais ninguém nesse momento. Acompanhei cada
olhar, cada passo, cada movimento dela até chegar onde eu estava. Para
a ocasião, fiz uma música especial em sua homenagem e, acredite, can-
tei durante a cerimônia. Alguns convidados contaram depois que tudo
foi bem emocionante e a choradeira foi geral. Patrícia, por sua vez, deu
um show de alegria durante todo o evento, mesmo tendo vivido gran-
des emoções naquele dia. O mais importante foi que, enfim, fizemos as
promessas de tudo aquilo que todo mundo já sabe “até que a morte nos
separe”.
E veio a lua de mel na linda cidade de Gramado, no Sul do país.
Que lugar fantástico! Gostamos tanto que pensamos até em morar por
lá. Sério! Como era algo impossível naquele momento, decidimos, pelo
menos, ficar mais alguns dias além do planejado e curtir um ao ou-
tro naquele lugar paradisíaco. Trocamos o hotel cinco estrelas por uma
pousada muito agradável, saboreamos as comidas locais e passeamos
sempre grudadinhos, claro. Fomos até ver o desfile da Festa da Uva,
em Caxias do Sul. Enfim, foi uma lua de mel bem doce, regada a muito
chocolate original de Gramado. Ah! Se o casamento fosse feito apenas
de dias felizes assim!
A realidade do dia a dia, no entanto, estava esperando por nós. No
início, tudo era novidade. Dormir agarradinhos, ela fazer comida pra
gente (como o primeiro e inesquecível suco de melancia), irmos com-
prando os objetos de casa, chegar do trabalho querendo encontrá-la, o
mais rápido possível, e descobrir coisas da responsabilidade do lar que

32
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

nem sabíamos como, por exemplo, trocar o botijão de gás. Na primeira


vez que fiz isso, sem experiência, não apertei corretamente a mangueira
e ficou saindo um jato de gás do botijão. Saí correndo de casa com o
botijão na mão até que um vizinho me socorreu e me ensinou como
fazer o serviço direito.
A inexperiência com as coisas de casa até que deu para superar, pois
bastava aprender o que era correto e seguir em frente. O que mais nos
impactou mesmo foi a inexperiência com a vida a dois. Percebemos,
rapidamente, que nenhum de nós tinha mais a liberdade que tínhamos
quando solteiros. Tínhamos obrigações e deveres a cumprir, que nin-
guém tinha nos ensinado. Tínhamos divergências que foram ficando
cada vez mais evidenciadas, e defeitos cada vez menos escondidos. Es-
távamos ali, enfim sós, mas não tão felizes como imaginávamos ser. E o
pior de tudo: não tínhamos uma comunhão com Deus suficiente para
amarmos o outro com o amor do tipo de Deus e praticar o fruto do Es-
pírito, que inclui a fé, a paciência e o domínio próprio.

L I Ç ÃO 0 3

Aumente a sua comunhão com Deus. Como grande parte dos cris-
tãos, logo no começo de nosso casamento, vivíamos sem uma profunda
comunhão com Deus. Éramos atuantes na igreja, cantávamos no coral,
ainda dávamos aulas para os pré-adolescentes e convivíamos com um
sempre animado grupo de jovens. E isso nos bastava porque não conhe-
cíamos a vida de uma comunhão maior com Deus. Não líamos a Bíblia
com disciplina, não separávamos um momento específico, para estar-
mos a sós com Deus, e não nos preocupávamos em buscar n’Ele o nosso
chamado neste mundo. Fazíamos parte do grupo dos cristãos sem muita
profundidade espiritual. Essa era a nossa realidade. A sua experiência
pode ter sido diferente da nossa.
A duras penas, aprendemos que a necessidade de comunhão com
o Senhor é fundamental para qualquer indivíduo e para qualquer casa-
mento. É Ele quem nos ajuda a viver em amor e a superar as muitas dife-
renças que podem existir entre nós, nos dando sabedoria para vivermos
a unidade, ainda que na nossa imperfeição. Gosto muito da frase: “O

33
GODOFREDO COUTO

casamento perfeito é feito por duas pessoas imperfeitas que se recusam


a desistir um do outro”. E essa força sobrenatural para não desistir vem
do Senhor.
Desde que o pecado afetou a humanidade, fomos deformados e ex-
cluídos da filiação divina. Não somos mais perfeitos e nunca mais sere-
mos enquanto estivermos neste mundo no corpo que possuímos. Mas
uma coisa é certa: podemos nos tornar melhores a cada dia. Jesus nos
resgatou e nos trouxe novamente à condição de filhos. Porém o peca-
do deixou marcas em nós. Mesmo sendo justificados permanecemos
na carne e a nossa mente -- que foi, por muito tempo condicionada a
pecar pelos desejos carnais -- vai precisar de muita exposição à Palavra
de Deus e a uma decisão diária de se moldar aos valores de Seu Reino.
Mas, tenho uma boa notícia. Se seguirmos todos os passos apon-
tados pelo nosso manual de vida com Deus, a Bíblia, vamos conseguir
vencer as nossas debilidades e, crescentemente, ser pessoas melhores.
Eu e minha esposa aprendemos essa lição, após tentarmos com nossas
próprias forças, descobrimos que não era por aí. Apenas conseguimos
nos tornar cônjuges melhores, um para o outro, depois que nos subme-
temos à obediência e busca contínua por Deus. Quanto mais lemos a
Palavra e mais nos expomos a Deus em oração, mais parecidos com o
Senhor ficamos. Embora simples, ler a Bíblia e orar, disciplinadamente,
não é uma tarefa fácil. Primeiro, porque a nossa carne não vai querer
fazer isso. Segundo, porque o diabo vai fazer de tudo para impedir. E,
terceiro, porque o nosso condicionamento mental de toda uma vida di-
ficulta esta renovação.
Tenho uma outra boa notícia! Nosso Pai celeste nos dá ferramentas
para facilitar todo esse processo. Temos o Espírito Santo residindo em
nós e, com Ele, o fruto do Espírito, de Gálatas 5.22. Já temos o domí-
nio próprio para vencer a preguiça e a procrastinação. Temos também
a paciência, o amor e a fé para conseguirmos chegar a esse objetivo o
mais rápido possível. Outras ferramentas importantes são o nome de Je-
sus e a Sua Palavra. Ao declararmos as promessas e verdades da Palavra
de Deus, o poder existente nela vai nos fortalecer e contribuir para que
tudo o que precisamos se torne realidade. Além disso, veremos, dia após
dia, as verdades e promessas se tornando uma realidade em nossas vidas.
“Eu me torno parecido com aquele com quem passo muito tempo”.

34
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

Diz a frase que ouvi já há muito tempo e revela uma grande verdade. As-
sim, se passamos muito tempo com Deus, voltaremos ao início de tudo,
nos tornando cada vez mais a sua imagem e semelhança. E quem não
quer um cônjuge mais amigo, mais paciente, mais amoroso, fiel, bondo-
so e tudo o mais que Deus é? Entendeu agora que a solução para qual-
quer mudança permanente, em nosso casamento, passa pela comunhão
com o Pai? Paulo é bem claro ao aconselhar, em Romanos 12.2, que não
devemos buscar os valores do mundo e, sim, sermos transformados pela
renovação da nossa mente naquilo que é a vontade do Pai, sempre boa,
perfeita e agradável. No entanto, é importante termos a consciência de
que, apesar de conseguirmos a comunhão diária com Deus, ainda não
seremos perfeitos, mas estaremos andando no caminho da perfeição.
“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu
Filho Jesus Cristo nosso Senhor” (I Coríntios 1.9).

N A P R ÁT I C A

1 Dedique-se à oração diária.


2 Tenha o hábito de ler a Bíblia sempre. No mínimo, um
capítulo por dia. Se ainda não começou, inicie pelo Novo
Testamento.
3 Seja membro de uma igreja e ouça ministrações com fre-
quência.
4 Organize um caderno de anotações daquilo que está
aprendendo.
5 Viva os ensinos da Palavra em seu relacionamento diari-
amente.

35
CAPÍTULO V
LIÇÃO 04

ESTUDE SOBRE SEXO


GODOFREDO COUTO

Até três anos de casados, podemos dizer que fomos nos adaptando um
ao outro como podíamos e sabíamos. Tínhamos ainda uma vida finan-
ceira estável, viajávamos sempre e não nos faltava nada. Até compramos
uma casa grande e nos envolvemos bastante com sua reforma. Apesar
de alguns problemas, considerados pela sociedade como “incompatibi-
lidade de gênios”, planejamos a chegada do nosso primeiro filho, com
preparação de enxoval e do quarto do bebê. Estávamos ansiosos para
sermos pais de primeira viagem.
Foram dois dias de trabalho de parto, o que significa uma lenta
dilatação e um grande número de contrações, o que nos levou a ir ao
hospital seguidas vezes e voltarmos para casa frustrados. Enfim, no dia
7 de julho de 1992, Kevin abriu o primeiro berreiro anunciando sua
chegada ao planeta Terra. Foi um parto traumático, com uso de fórceps,
a ferramenta usada para auxiliar na saída do bebê. Mas a felicidade em
ter nosso menininho nos braços “apagou”, momentaneamente, todas as
questões anteriores.
O sentimento de ter nos seus braços alguém formado por você é
indescritível! Sentimos um amor instantâneo. Para nós, Kevin era o me-
nino “marlindo” do mundo. Acreditávamos tanto nisso que até inscre-
vemos ele em um concurso dos bebês mais bonitos da revista Pais &
Filhos, a mais conhecida da época. Comprei uma máquina profissional
para o curso de Jornalismo que eu fazia e, assim, foram muitos os cli-
ques que fiz de nosso primogênito. Que alegria! E que responsabilidade
também!
A chegada de Kevin deu uma amenizada nos diversos conflitos de
nosso casamento, que eu considerava serem coisas normais na vida de
qualquer casal, especialmente na área sexual. Eu considerava que sexo
teria que ser todo dia, quando eu tivesse com vontade (será que algum
homem pensa assim hoje?). Ela já pensava diferente e eu não tinha ideia
do que se passava em sua cabeça. Com tudo isso, a vida sexual, embora
existisse e fosse divulgada como uma bênção de Deus, trouxe decepção
para os dois.
Mas Kevin foi um refrigério em nossa vida familiar e os problemas
foram engavetados por um bom tempo. O papel de mãe passou a ser o
seu principal interesse (alguma mulher se identifica?). Infelizmente, o
papel de esposa ficou em segundo plano e, com o tempo, obviamente,

38
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

os conflitos voltaram.
E assim foi até a chegada do segundo filho, o que não demorou mui-
to. Iago nasceu em 2 de fevereiro de 1994. Bem branquinho e loiro, ele
se destacava com os cabelos cacheados. Era também um sapequinha.
Estávamos muito satisfeitos com os nossos dois filhotes. Com mais um
filho, Paty mergulhou ainda mais na maternidade. Bom para os meni-
nos. Péssimo para nós.

L I Ç ÃO 0 4

Estude e se informe, ao máximo, sobre a vida sexual de um casal.


Há uma diferença tão grande entre o homem e a mulher que uma pes-
soa solteira sequer imagina. Isso engloba todas as áreas. No início do
casamento, imaginamos que as diferenças são apenas comportamentais,
afinal o cônjuge foi criado em um outro contexto de vida, tem gostos
diferentes. Sim, isso também é verdade. Para além disso, há as diferen-
ças físicas, psicológicas e emocionais. Deus criou homem e mulher, que
se complementam, com características distintas. A área sexual é uma
das quais isso pode ser constatado rapidamente. Além de terem órgãos
sexuais distintos, o funcionamento do desejo sexual também é diferen-
ciado para ambos. O que é comum aos dois é que um depende do outro
para que esse desejo seja despertado.
A nossa tendência é a de fazer o que nos faz sentir bem, ao invés
de considerar o que vai beneficiar o cônjuge. Esse tipo de egoísmo é
um problema comum que surge no casamento, geralmente, após a lua
de mel. Vale destacar, também, que os filhos não devem ser colocados
como empecilhos para o relacionamento sexual. É por isso que o quarto
do casal deve ser apenas do casal. Os filhos devem ter o próprio aposen-
to (a não ser por extrema impossibilidade), e devem aprender a dormir
sozinhos. Claro que tem a exceção dos recém-nascidos, mas o casal deve
estar atento ao tempo em que o berço do bebê deve ficar em seu próprio
quarto.
É importante saber que o prazer da esposa no ato sexual depende
da decisão, sensibilidade e dedicação do marido. Diz o ditado antigo
que, em matéria de prontidão sexual, o homem é como um fogão a gás

39
GODOFREDO COUTO

com acendedor automático e estoque ilimitado. A mulher, por sua vez, é


como um fogão à lenha, que demora para ser aceso. O casal australiano
Alan e Bárbara Pease (autores do livro “Porque os homens fazem sexo
e as mulheres fazem amor” – Editora Sextante) afirma que o hipotála-
mo (região neurológica ligada ao apetite sexual) do homem chega, em
alguns casos, a ser dez vezes mais desenvolvido que o da mulher. Ou
seja, eles ficam prontos para o sexo rapidamente e querem logo chegar
ao clímax. As mulheres precisam de tempo e investimento preliminares
para estarem prontas para o prazer. Assim, como equilibrar essa grande
diferença? Com amor, domínio próprio, paciência e boa dose de conhe-
cimento sobre o seu funcionamento físico.
Quero fazer uma distinção entre o dever do homem de amar sua
mulher (o que envolve o carinho, apreço, dedicação, cuidado e valo-
rização) e também de ser amante de sua mulher (a expressão física do
amor, da intimidade e vida sexual do casal). Aliás, o versículo bíblico
que usamos como base deste ensino tem uma aplicação dirigida à vida
sexual do casal:
“O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, seme-
lhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre
o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o
marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher” (1
Coríntios 7.3,4).
Deus criou Adão e o presenteou com uma única esposa. Depois
os abençoou. Vale lembrar que o sexo foi criado por Deus. Paulo, na
passagem acima, estabelece novamente o fundamento da monogamia.
Ele ensinou que uma das coisas mais importantes para proteger o matri-
mônio é manter uma vida sexual saudável, com fidelidade e frequência
satisfatória. Essa é a dívida que deve ser paga pelo casal continuamente
um ao outro. Na sequência, Paulo fala algo muito importante sobre isso.
Veja:
“Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimen-
to, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos
ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência”
(1 Coríntios 7.5).
Geralmente, as mulheres se omitem mais, nessa área, que os ho-
mens. Sem procurarmos o culpado, uma coisa é certa: não podemos

40
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

negligenciar a vida íntima. Se assim fizermos, abriremos uma grande


brecha para que o inimigo entre no casamento. Por outro lado, a inti-
midade deve ser prazerosa para ambos e não uma simples obrigação. Se
você vive um caos nessa área, não considere que o seu caso é único. Você
não está só! A maioria dos casais apresentam algum tipo de problema
na vida sexual.
A intimidade é uma conquista diária. Ela pode começar com uma
simples troca de mensagens em um aplicativo de bate-papo, dizendo o
quanto se está com saudades um do outro. E continua com o cuidar do
próprio corpo, como fazer a barba, um toque de fragrância, em estar
limpo, além de ser gentil, elogiar e expressar o amor de muitas outras
formas. Estar juntinhos, agarradinhos, com toques de brincadeiras e ca-
rícias alimentam a intimidade e propiciam um clima gostoso. Cultivan-
do tais hábitos, o casal estará potencialmente animado, o que contribui
para a realização e satisfação do ato sexual. Ainda voltaremos a falar
sobre esse tema mais à frente.
“Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher,
e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2.24).

N A P R ÁT I C A

1 Leia livros cristãos sobre sexualidade.


2 Aprenda como funciona o desejo masculino e feminino.
3 Ouça ministrações sobre o tema.
4 Se for casado(a), observe em seu relacionamento o que
tem aprendido.
5 Siga as orientações que sentir conforto em praticar.

41
CAPÍTULO VI
LIÇÃO 05

CO N H E Ç A O S PA P É I S
DO CASAL

mulher homem
GODOFREDO COUTO

Em 1995, conquistei mais uma vitória na vida. Depois de ter iniciado os


cursos de Economia, de Artes Plásticas e de Arquitetura, sem concluir
nenhum, enfim consegui me graduar em Comunicação Social. Virei um
jornalista. Na época, já trabalhava com meu sogro, sendo responsável
pela área de Marketing da empresa. Depois de conversarmos sobre o
futuro profissional, após a formatura, concordamos que eu deveria fazer
um curso de pós-graduação na área, em São Paulo. Dito e feito. No ano
seguinte, eu e minha família estávamos partindo para uma nova fase em
nossa vida. Desta vez, na cidade conhecida como “Selva de Pedra”.
Antes de partirmos para “Sampa”, tentamos de tudo para “apimen-
tar” o nosso casamento, mas sem sucesso. Com tudo isso, e sem alimen-
tar o espírito, ficamos cada vez mais doentes espirituais, abrindo brechas
para o diabo entrar em nosso relacionamento.
Naquela cidade, só conhecíamos um casal, que nos acolheu e nos
deu dicas sobre a vida na cidade grande. Como eu só estudava à noi-
te, passava o dia inteiro em casa, ajudando nos afazeres do lar. Por um
lado, isso era bom, mas, por outro, era muita overdose da presença um
do outro, e ainda com dois filhos pequenos. Essa foi a época em que
mais brigamos, quase sempre por bobagens. Muitas vezes, eu me sentia
sozinho no meio da multidão. Sem igreja fixa, sem vida espiritual, com
problemas em casa e uma grande incerteza sobre o futuro.
Claro que, em São Paulo, também houve momentos legais. Passeá-
vamos bastante com os meninos. Íamos, praticamente, só para shoppin-
gs, por conta da segurança e pelas opções que esses centros de compras
oferecem. Os nossos programas no shopping eram sempre infantis,
além de parques, parques e parques. Exagerei um pouco. Não era só
isso. Às vezes, íamos ao cinema.
Lá, ficou bem claro que não vivíamos mesmo as orientações da Pa-
lavra de Deus para o casamento. No início, até ficamos animados com a
mudança de cidade, com tudo novo. Porém, isso não foi o bastante para
melhorar a qualidade do nosso relacionamento. Na verdade, eu não es-
tava cumprindo o meu papel de esposo. Era imaturo, sem firmeza, sem
autoridade espiritual e não transmitia segurança para ela, seja em Tere-
sina ou em qualquer outro lugar. Na época, eu não enxergava isso. Por
outro lado, ela também não cumpria seu papel de esposa, pois também
era imatura, muito negativa e queria que sua vontade prevalecesse.

44
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

Além de todo o estresse dessa convivência ruim, Paty engravidou


e perdeu o bebê logo em seguida. Foi outro trauma no meio de uma
situação já angustiante. Outra situação difícil na nossa família era um
problema de saúde de nosso filho Kevin. Ele era muito alérgico e men-
salmente adoecia, o que causava muita ansiedade e estresse em Patrícia.
Era muita pressão e ela, obviamente, viveu momentos muito difíceis e
desgastantes com esses problemas.
Para completar, só faltava mesmo um abalo nas finanças. E não é
que também aconteceu! No final do primeiro ano, fomos comunicados
que a empresa de meu sogro estava passando por uma situação difícil, o
que fez com que a ajuda de custo que recebíamos, mensalmente, tivesse
a redução de cerca de um terço do seu valor. Esse inesperado aconte-
cimento nos levou a tomar algumas providências, como a mudança de
moradia, para um apartamento bem menor e cortes nas despesas. Além
disso, reduzimos as saídas e evitávamos comprar qualquer coisa que não
fosse extremamente necessária. Ao menos, os meninos continuaram na
mesma escola.
Para mudar completamente de vida, ainda tentamos morar nos
Estados Unidos. Como esse casal de amigos, de São Paulo, estava se
mudando para lá, lançamos toda a nossa esperança nessa possibilida-
de. Colocamos, inclusive, os meninos em uma pré-escola bilíngue. In-
felizmente, ou felizmente, recebemos um balde de água congelante na
cabeça, quando os nossos vistos foram negados. Muita decepção em tão
pouco tempo: mais um prato cheio para o diabo.

L I Ç ÃO 0 5

Conheça bem e viva o papel de cada cônjuge no casamento. Um dos


grandes problemas de nosso casamento foi o fato de não assumirmos
os papéis de homem e de mulher como ensina a Palavra de Deus. Mais
uma vez, não tínhamos noção exata do que realmente estava errado em
nosso relacionamento. Achávamos que mudanças externas poderiam
resolver nossas situações, quando, na verdade, precisávamos viver mu-
danças individuais, especialmente na área espiritual. Só depois que tudo
passou é que percebemos isso claramente.

45
GODOFREDO COUTO

Primeiro de tudo, é fundamental saber que, além da área sexual,


homens e mulheres são bem distintos. No livro “Homens são de Marte.
Mulheres são de Vênus”, o autor John Gray diz que “homens e mulheres
não somente se comunicam diferente, mas pensam, sentem, percebem,
reagem, respondem, amam e apreciam as coisas diferentemente”. Since-
ramente, você consegue entender sua esposa? Mais uma vez, tenho que
lhe dizer: Você não está sozinho.
Eu fui investigar e -- conforme pesquisadores da Universidade de
Maryland, nos Estados Unidos -- a mulher fala 20 mil palavras por dia,
enquanto que o homem se conforma em falar apenas 7 mil. Sim, elas
falam três vezes mais que os homens.
Da mesma forma, Deus criou o homem e a mulher com atribuições
distintas a serem vividas no relacionamento. Assumir o papel, que cada
um deve exercer na vida em comum, é uma forte condição para que o
casamento tenha sucesso. Essas atribuições são especificadas na Bíblia e,
até hoje, permanecem efetivas. Confira algumas delas a seguir.
O homem é o cabeça do lar (Efésios 5.23) - essa liderança do ho-
mem deve ser entendida como uma posição de autoridade, de governo
do lar, nas questões naturais e espirituais da família, e não como auto-
ritarismo. O homem não é o dono da mulher, mas tem uma posição
de autoridade sobre sua vida e dos filhos. Isso é tão importante que o
fato de governar bem a própria casa é pré-requisito para que o homem
assuma uma posição de liderança na igreja, conforme instrui Paulo em
I Timóteo 3.3-4.
O homem também deve amar a esposa (Efésios 5.25). Contudo,
esse não é um amor qualquer, como a paixão que todos conhecem. Pelo
contrário, o amor requerido do homem por sua esposa é o do tipo de
Deus, o mesmo que Jesus tem pela Igreja, a tal ponto de se sacrificar por
ela, sendo sempre o exemplo, aquele que serve, que se doa. Que respon-
sabilidade! Porém é possível com Deus. O próprio Deus já nos deu as
condições necessárias para vivenciarmos esse amor. Esse amor parte de
uma decisão pessoal. Amar como Deus ama é se importar, tratar bem,
com dignidade, cuidar, proteger. Não fazendo isso, o homem pode ter
até suas orações impedidas (I Pedro 3.7). Fazendo isso, ele só tem a ga-
nhar, especialmente o respeito da amada.
Outras atribuições do homem são: ser o amante (I Coríntios 7.3,4),

46
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

o provedor (Efésios 5.28-30) e o protetor de sua esposa (I Coríntios


14.35).
A primeira grande atribuição da mulher no casamento é ser a aju-
dadora de seu marido (Gênesis 2.18). Foi para isso que Deus a criou,
segundo a Bíblia. Assim, a mulher o auxilia na administração da família,
na tomada de decisões, no aconselhamento e encorajamento. A Palavra
de Deus também diz que a mulher sábia edifica a sua casa (Provérbios
14.1). Nesse sentido, ela está ao lado do homem para que tudo funcione
adequadamente.
Tem um outro papel que muitas mulheres torcem o nariz quando é
citado: a mulher deve ser submissa ao marido (Colossenses 3.18). Gosto
de uma explicação interessante de que submissão é estar sob a mesma
missão do outro. Não é uma posição de humilhação, de estar “abaixo
de”, mas é o reconhecimento da autoridade do marido, sob sua proteção,
e se submeter a ele. Isso vai muito além do respeito, pois requer também
o amor verdadeiro, da mesma forma que a Igreja se submete ao Senhor
(Efésios 5.22-24).
Além desses atributos, a mulher também deve ser uma boa admi-
nistradora do lar (Provérbios 31.10-27) e ser uma amante para seu ma-
rido (I Coríntios 7.5), como já falamos em outro capítulo.
“Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento,
dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus
co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas
orações” (I Pedro 3.7).

N A P R ÁT I C A

1 Busque publicações cristãs que falam sobre os papéis dos


cônjuges.
2 Estude e anote o que a Bíblia ensina sobre o tema.
3 Peça a Deus sabedoria e graça para assumir o seu papel no
casamento.
4 Pratique o que aprendeu.

47
CAPÍTULO VII
LIÇÃO 06

BUSQUE A UNIDADE
GODOFREDO COUTO

Meu último ano de pós-graduação, em São Paulo, foi pesadíssimo. Além


de muitas matérias, trabalho de conclusão do curso, com a necessidade
de redução das despesas pela anunciada falência da empresa de meu so-
gro, passamos por um desequilíbrio financeiro. Embora tivéssemos mu-
dado para um apartamento menor, pelo menos ele tinha uma melhor
localização, pois ficava mais próximo do centro e da minha faculdade.
No mês de julho desse último ano, fomos todos para Teresina, pois
havíamos tomado a decisão que influenciou totalmente as nossas vidas
daí em diante. Decidimos que, para reduzir ainda mais as despesas, após
essa viagem, Patrícia e os meninos ficariam com minha sogra no Piauí
e eu voltaria sozinho para São Paulo para concluir o último semestre
do curso. Foi a primeira vez que fiquei muito tempo longe da família.
Talvez por isso, nos despedimos com muito choro. Na época, tínhamos
certeza de que tomamos a melhor decisão, assim como as demais que
já tínhamos tomado. Vale destacar que todas elas foram tomadas sem
nenhuma direção específica do Espírito de Deus.
E, assim, voltei sem mulher e filhos para São Paulo. Apesar de ter
uma cunhada que veio morar conosco desde o início do ano, foi um
tempo em que me senti muito sozinho. Parecia que faltava uma parte
de mim mesmo. O que me confortava era lembrar sempre que aquela
situação era passageira e, logo logo, estaria com minha família outra
vez. Sempre nos falávamos por telefone, o que aliviava a saudade. Era o
momento mais esperado para mim, quando tinha notícias de Paty e dos
meninos. Nessas ligações, eu também passava um pequeno relatório de
minha vida em Sampa.
Nesse período, Paty começou a fazer academia. Chegou até a me
mandar fotos suas bem magrinha. Como minha mulher estava mais lin-
da! Com as fotos, a saudade só aumentou. Eu parecia criança, contando
o tempo que faltava para voltar pra casa, para conviver de novo com
os meus filhos e esposa, para aplicar o conhecimento que adquiri no
trabalho, enfim, para começar um novo ciclo de sucesso em minha vida.
Com o passar do tempo, enquanto eu sentia muita saudade de to-
dos, comecei a perceber algo estranho durante as ligações que fazia com
Patrícia. Ela foi ficando cada vez mais diferente e, a partir de certo pon-
to, não respondia mais às declarações de “eu te amo” que eu fazia. Eu
comecei a perceber isso até que, um dia, resolvi perguntar o que estava

50
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

acontecendo, se eu havia feito algo errado. Sem meias palavras, pergun-


tei por que ela não dizia mais que me amava. Paty me respondeu assim:
“A gente precisa conversar. Estou com dúvidas sobre o que ainda sinto
por você”.
A sensação foi como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus
pés. Embora insistisse para que ela explicasse melhor, Paty disse que não
queria falar nada por telefone. Depois que ela desligou, uma infinidade
de pensamentos atormentaram a minha mente dali em diante. Por mais
que tivéssemos problemas, nunca pensei que os sentimentos fossem afe-
tados. Até porque nunca deixamos de dizer que nos amávamos. Fiquei
atordoado. O que aconteceu? Seria o fim?
Daí em diante, foram assim os meus dias em São Paulo, cheios de
aflição, ansiedade e sem poder fazer nada. Procurei ocupar minha men-
te com muitas coisas. Estudei o máximo que pude. Fiz uma matéria do
curso em Campinas. Fui mais à igreja. Comecei a buscar a Deus como
há muito tempo não fazia. O que eu queria mesmo era que o tempo
voasse. Mas parecia que passava ainda mais devagar.
Certo dia, resolvi investir em reconquistar minha esposa, se é que
era isso que precisava acontecer. Busquei ler sobre o assunto e planejei
uma volta ao lar de forma impactante. Resolvi colocar um brinco em
uma orelha para parecer um jovem descolado e atraente. E olha que
eu já tinha 33 anos! Tudo eu queria fazer para chamar a atenção no-
vamente de Patrícia, a mulher que eu acreditava que Deus tinha me
presenteado. Apesar de não ter voltado a dizer que me amava, conside-
rei que Patrícia não estava mais tão fria como antes. Isso me motivou
ainda mais.
A estratégia que desenvolvi também me deu um novo ânimo. Eu
nunca tinha feito nada parecido. Talvez fosse isso que ela sentia falta em
mim, o investimento na conquista, o romantismo contínuo ou simples-
mente de paparicá-la e agradá-la como uma rainha, de vez em quando.
Furei a orelha, planejei um jantar especial e um presentinho inesquecí-
vel. Com essa motivação, concluí a pós-graduação, preparei toda a mi-
nha bagagem e parti para o Piauí com uma excelente expectativa de uma
nova vida, de novo.

51
GODOFREDO COUTO

L I Ç ÃO 0 6

Busquem a unidade e jamais fiquem longe um do outro por mui-


to tempo. Tem um ditado que ilustra bem isso: longe dos olhos, longe
do coração. A distância enfraquece o relacionamento. Isso é fato. Então
devemos evitar o distanciamento físico ao máximo. Por outro lado, de-
vemos fortalecer tudo aquilo que nos leve à unidade planejada por Deus
para que o casamento dure “até que a morte nos separe’. E ela engloba
todas as áreas de nossas vidas. A unidade deve ser emocional, espiritual,
intelectual, financeira e em tudo o mais. Somos diferentes, mas somos
um. Bem assim, como aquela máxima: “Mexeu com minha mulher, me-
xeu comigo”. Dessa forma, não existe o meu, e sim o nosso. É o com-
partilhar de tudo que dá o tom da unidade. Devemos cultivar sempre o
sentimento de pertencer ao outro e de que somos unidos e lutamos por
essa unidade.
É segurança para o casal, estar sempre juntos e não ter olhos para
mais ninguém do sexo oposto. A Bíblia diz que o simples olhar com
desejo para outra pessoa, que não o seu cônjuge, é pecado de adultério
(Mateus 5.28). Para que se evite o pecado, é preciso ter um cuidado
contínuo com o nosso comportamento. É por isso que, para onde um
viajar, o outro também deve ir. Sua cidade é onde o outro está. É ób-
vio que existem outros tipos de viagem, como aquelas relacionadas ao
trabalho.
Da mesma forma, devemos evitar estar sozinhos ou desenvolver
amizades íntimas com pessoas do sexo oposto. Nesse sentido, também
não devemos ter segredos para o cônjuge. Devemos ser um livro aberto,
uma verdade ambulante. O seu cônjuge deve ser a pessoa que você mais
confia e para quem você não tem receio de contar qualquer pecado. É
para ele que devemos falar e orar juntos para vencer as situações difíceis.
Muitas pessoas confundem zelo com ciúme. Ciúme é algo doen-
tio, é obra da carne, contrário ao amor verdadeiro. Zelo é cuidado, é
proteger aquilo que é precioso para nós. Não estou falando aqui que
devemos vigiar a outra pessoa, fiscalizando o celular dela e os seus pas-
sos. Isso já é insegurança. Como já lidamos com muitos casais, já vimos
de tudo. Uma das piores coisas em um casamento é quando se perde a

52
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

confiança no cônjuge. Esse é um dos motivos de grande parte das sepa-


rações. Devemos sim zelar pelo relacionamento, sabendo escolher bem
as amizades, tomando as decisões certas, evitando nos expor a situações
que aparentem um mal-entendido ou possibilitem um clima de tenta-
ção com outra pessoa. Enfim, devemos ter olhos apenas para o nosso
companheiro de todas as horas.
O seu cônjuge deve ser, na verdade, o seu melhor amigo. A alegria, a
generosidade, o afeto, o carinho e o amor têm que fazer parte do seu dia
a dia. Nada de grosserias, brigas ou discussões acaloradas. Tudo deve ser
resolvido, se possível, dentro do mesmo dia. Não se deve guardar a ira
para o dia seguinte (Efésios 4.26, 27). Aqui cabe outra máxima: “Se um
não quer, dois não brigam”.
Um ponto importante a destacar nesta lição é que o fato do casal só
sair junto, viver sob o mesmo teto e dormir na mesma cama, não sig-
nifica que tenham unidade. Em época de tecnologia, os equipamentos
ocupam muito o tempo, fazendo com que se desliguem um do outro
indefinidamente. É aí que entra outra grande ferramenta do diabo na
destruição da família: a pornografia. Com um simples clique, as pesso-
as experimentam uma realidade virtual prazerosa e, ao mesmo tempo,
destrutiva. Estudos mostram que a pornografia vicia tanto quanto as
drogas. Acompanhamos casos de pessoas que preferiam acessar ima-
gens sexuais na web do que ter sexo real com seu cônjuge. A solução,
nesses casos, é geralmente radical: deixar de acessar os equipamentos
durante certo tempo e investir o máximo de tempo na leitura da Pala-
vra, em bons livros, na adoração e na oração em línguas. Fortalecendo o
espírito, teremos cada vez mais forças para vencer esse mal.
É o Senhor quem nos reforça o poder da unidade espiritual com
Ele e um com o outro. O propósito espiritual do casal deve ser servir a
Cristo juntos e criar os filhos também para servi-lO. Quando Deus está
no centro do casamento também, vai haver gozo e alegria nele. Sem
Deus, uma união duradoura não é possível. A unidade começa dentro
da família.
“Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19.6).

53
GODOFREDO COUTO

N A P R ÁT I C A

1 Evite ficar longe de seu cônjuge por um longo tempo.


2 Planeje atividades que fortaleçam a unidade e comunhão
do casal, como: oração, diversão, passeios, viagens, entre
outras.
3 Identifique no outro características positivas que possa
valorizar. Anote-as.
4 Se está viciado em pornografia, corte o mal pela raiz, aban-
donando a internet por um bom tempo. Não conseguindo,
busque a ajuda de um pastor.

54
CAPÍTULO VIII
LIÇÃO 07

AME A DEUS DE TODO


O CORAÇÃO

deus
deus
GODOFREDO COUTO

Para minha frustração, na minha volta ao Piauí, tudo aconteceu bem


diferente do que planejei.
Na área profissional, não voltei mais a trabalhar na empresa de meu
sogro. A situação da empresa não estava boa. Fui, então, trabalhar em
uma grande agência de propaganda da cidade. Depois, passei por uma
importadora de óculos e, por fim, me fixei como o responsável pelo
marketing de uma grande rede de supermercados da região.
A igreja que frequentávamos, antes de irmos para São Paulo, estava
em reforma e, assim, ficamos um tempo sem congregar. Essa situação
permaneceu até nos tornarmos membros fundadores de um novo mi-
nistério, igreja em que fui acolhido durante toda a grande tempestade
que passou em minha vida.
Como não podíamos comprar uma casa nova para evitar o aluguel,
o jeito foi morar na casa de minha sogra por um bom tempo. Tínhamos
deixado toda a nossa mobília em São Paulo, com minha cunhada, que
ficou morando por lá.
A maior expectativa que eu tinha naquele momento era ver a reação
de Patrícia com o meu retorno. Mas a recepção não foi das melhores.
Na verdade, a frieza continuou. Ainda tentamos viver alguns dias como
se nada tivesse acontecido, mas não adiantou. Enfim, ela falou que não
queria mais viver casada comigo, pois, simplesmente, não sentia mais
nada por mim. Patrícia, então, disse que os dias em que ficamos longe
um do outro mostraram claramente isso para ela.
No desespero, sem acreditar que poderia me tornar mais um nú-
mero entre os divorciados, busquei todo tipo de solução e pessoas que
pudessem ajudar. Dessa forma, pedi a todos os amigos para que conver-
sassem com ela. Sem sucesso. Eles sempre voltavam desanimados e sem
esperança depois de falar com ela. Apelei para líderes espirituais que
conhecia, para irmãs de oração, para reuniões de igreja, para encontro
de casais, enfim, para qualquer coisa que recuperasse, natural ou sobre-
naturalmente, o meu casamento.
Depois desse primeiro momento angustiante, o Espírito Santo en-
trou em cena. Ele aquietou meu coração, falou comigo e me convenceu
que a resposta estaria na minha forma de buscar o Senhor. A partir daí,
tudo mudou, milagrosamente, dentro de mim. Resolvi me entregar ao
meu Deus de uma forma como nunca fiz antes. Não que eu já não tives-

58
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

se apelado para Ele. Mas, agora, eu estava decidido a confiar de todo o


meu coração em Suas promessas escritas na Bíblia. Nunca busquei tanto
a Deus em minha vida. Nunca chorei tanto também. Foi assim que, de
tanto ler a Sua Palavra e orar, fui impactado por um Deus Todo-Pode-
roso, cujo poder é ilimitado.
O Espírito de Deus também foi mostrando para mim as áreas em
que eu mesmo falhei em nosso casamento. Patrícia, por exemplo, não
sentia segurança espiritual de minha parte. Isso porque eu não havia
assumido o meu papel de líder espiritual do lar. Como não tinha pro-
fundidade no conhecimento da Palavra, eu tinha me tornado um ho-
mem espiritual muito fraco, que não dava a devida cobertura espiritual
à família. Quando ela mais precisou dessa segurança, eu, como seu es-
poso, não estava ali para ajudá-la. Na verdade, eu nem tinha ideia do
que deveria fazer ou assumir.
Eu também fui percebendo que Paty perdeu a admiração por mim
por outro motivo importante. Nos primeiros anos de nosso casamento,
eu tinha um comportamento muito passivo como esposo. Para que não
houvesse nenhum tipo de briga entre nós, fui cedendo em muitas oca-
siões, como, por exemplo, deixar que ela escolhesse o restaurante que
iríamos, o destino da viagem que faríamos ou, até mesmo, a comida que
comeríamos. E, assim, fui cedendo em grandes e pequenas decisões de
nossas vidas. Faltava a firmeza necessária para liderar a família.
Um outro defeito que eu tinha e que, com certeza, cooperou para
a perda do respeito e admiração de minha esposa era a acomodação,
especialmente em relação à vida profissional. Como falei no início, Pa-
trícia veio de uma família que tinha um padrão de vida bem acima do
meu. Talvez por isso, e por temperamento próprio, eu não tinha muitas
ambições. Embora trabalhasse na empresa de seu pai, era muito fácil
ficar nessa dependência familiar do que buscar novos desafios. A falta
de perspectivas melhores contribuíram para corroer a nossa realidade.
Realmente, eu me acomodei e isso foi desastroso para o nosso relacio-
namento.
Com essas revelações e consciência, amei ainda mais a proximidade
com o Senhor, que passou a guiar os meus passos e tudo isso transfor-
mou ainda mais a minha mente com respeito ao casamento e à vida
espiritual. Assim, continuei a buscá-lo com todas as minhas forças.

59
GODOFREDO COUTO

L I Ç ÃO 0 7

Ame a Deus de todo o seu coração, alma e forças. Uma verdade


tremenda que aprendi, nesse período, foi que “quanto mais eu amo a
Deus, mais eu amo meu cônjuge”. A necessidade e o desejo profundo
de restauração me levaram a buscar ao Senhor como jamais tinha feito
antes. Isso acontece também com as pessoas que experimentam grandes
problemas em suas vidas, seja no casamento, na área financeira ou na
saúde.
No aconselhamento de casais, sempre tocamos no mesmo ponto:
antes de resolver o conflito existente no casal, é preciso que cada um
mergulhe individualmente no Senhor. Podemos nos afastar de Deus,
nos distanciar, irmos para longe d’Ele, mas quando regressamos, Ele vai
estar ali, do mesmo jeito, nos amando da mesma forma. Que Deus lin-
do!!! Que amor fantástico!!!
Foi esse amor que nos alcançou, nos abraçou, nos recebeu sujos,
nos lavou, nos perdoou, nos fez crescer e nos enviou para, simplesmen-
te, sermos canais de mais amor. Quanto mais perdoados fomos, mais
gratos nos tornamos.
O que é bem legal em Deus é que Ele quer que busquemos aqueles
que estão longe d’Ele com esse amor que não muda. Que privilégio viver
o amor do Pai! Que privilégio sermos usados pelo Pai! Que privilégio
sermos seus filhos!
Quando crescemos em conhecer e viver o amor de Deus, esse amor
começa a fazer parte da nossa própria vida e a pautar as nossas ações e
palavras. Constrangidos pelo amor do Pai, não tem como não amar o
próximo da mesma forma. Nós amamos porque Ele nos amou primei-
ro (I João 4.19). Quanto mais próximos ficarmos d’Ele, mais parecidos
com Ele seremos.
Muitos conflitos surgem e muitos desgastes ocorrem porque ama-
mos o nosso cônjuge com o amor humano. E as pessoas são cheias de
debilidades, falhas e problemas. Porém, quando buscamos a comunhão
com Deus, a vida d’Ele e o Seu amor incondicional e ardente passam a
fazer parte de nós.
“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; por-

60
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

que o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pedro 4.8).


Apesar de ainda imperfeitos, o amor do Pai que vive em nós flui à
medida em que nos achegamos a Ele e nos enchemos d’Ele na oração, na
leitura da Palavra e na obediência. Simples assim.
Quanto mais nos enchemos da verdade bíblica, mais a nossa boca
vai falar dela e trazer graça àqueles que nos ouvem, inclusive o cônju-
ge. E, quanto mais parecidos com o Senhor ficamos, melhores pessoas
seremos. Assim, obviamente, seremos também melhores maridos e me-
lhores esposas.
Quanto mais experiências tivermos com o Senhor, mais O amare-
mos, pois é impossível não amar quem deu a Sua vida por nós quando
éramos terríveis pecadores. E, quanto mais amamos o Senhor, mais esse
amor dominará o nosso ser e mais amaremos o nosso cônjuge.
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho
a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma
imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Coríntios 3.18).

N A P R ÁT I C A

1 Faça uma oração de entrega completa a Deus. Se já fez,


faça novamente, falando o quanto O ama.
2 Declare sempre o seu amor ao Senhor.
3 Intensifique seu tempo de oração e leitura bíblica.
4 Busque no Senhor, direção para cumprir o seu propósito
neste mundo.
5 Procure amar as pessoas, inclusive seu cônjuge, de forma
incondicional.

61
CAPÍTULO IX
LIÇÃO 08

D E C L A R E A PA L AV R A

bíblia
GODOFREDO COUTO

Um dos textos que me chamou mais a atenção, na época, foi o Salmo


128. Eu li na versão da linguagem de hoje que, em resumo, diz assim: “O
homem que teme ao Senhor é feliz em todas as áreas de sua vida. A sua
esposa é uma fonte de alegria para ele”. Pronto. Essa foi a palavra que
recebi para aquele momento de minha existência. Eu me apeguei àquela
palavra de tal forma, que comecei a buscar essa felicidade que eu não
estava vivendo no meu casamento.
Como o calor de Teresina é de “rachar o coco”, principalmente nos
meses terminados em “BRO”, o chamado período “BÊ-ERRE-O-BRÓ”,
as contas de energia sobem drasticamente devido ao uso do ar-condi-
cionado. Como estávamos na casa de minha sogra, o jeito foi permane-
cermos juntos no mesmo quarto, os quatro membros da então camba-
leante Família Couto, para economia de energia. Dessa forma, mesmo
a contragosto, Paty tinha que dormir no mesmo ambiente que eu. Para
melhor convivermos, nesse tempo, ela e os meninos dormiam na cama
e eu dormia em um colchão no chão.
Com minha crescente busca pela vida de comunhão com Deus,
cada vez mais eu confiava que Ele iria mudar a nossa realidade e o nosso
casamento seria restaurado. Ninguém mais roubava isso de mim. Al-
gumas vezes, Patrícia acordava de madrugada e me via orando com as
mãos levantadas em direção a ela. Ela reclamava, com muita raiva. Mas,
isso não me desanimava.
Cheio de ousadia, comecei a colar cartazes com versículos nas pare-
des do quarto. Outro texto que me marcou muito foi o capítulo do amor
da Bíblia, I Coríntios 13. Nos cartazes, eu escrevia: “O AMOR TUDO
SOFRE, TUDO CRÊ, TUDO ESPERA E TUDO SUPORTA”. Eu sabia
que Patrícia tinha fé em Deus e na Palavra e que aquilo poderia de algu-
ma forma tocar o seu coração. Ela me contou depois que, por diversas
vezes, tentou arrancar os papéis da parede, mas algo a impedia. Ela não
tinha coragem.
O pior momento que passei, nesse período, foi quando ela resolveu
passar um mês na casa de seu pai com os nossos filhos. Foi aí que eu tive
a total sensação de quem realmente estava separado, quando eu tinha
que buscar os meninos para passear e dormir comigo. Mas também,
aproveitei o tempo extra que tive para orar ainda mais. Minha sogra foi
minha grande companheira de oração. Patrícia não gostou nada disso,

64
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

pois dizia que a própria mãe não estava do seu lado. Mas como aprovar
algo que era contra o que Deus queria?
Não pense que eu era um homem perfeito, que descansava total-
mente no Senhor, sem vacilar. Eu tive recaídas. Eu também queria me
tornar um marido melhor, que merecia o respeito e admiração da mi-
nha esposa. Porém, o que eu deveria mudar ainda não estava tão claro
em minha mente e não era tão fácil de viver na realidade da época. Às
vezes, o sentimento era de que eu estava correndo contra uma situação
impossível de se reverter. Lembro-me de momentos em que eu me tran-
cava no banheiro do trabalho, onde chorava. Ali, eu aproveitava para
buscar e abrir o meu coração para o Senhor. E era, na presença de Deus,
que sentia meu interior sendo aliviado, sendo cheio de paz. Assim, eu
voltava a ficar tranquilo e confiante no que Ele poderia fazer por nós.
Paty retornou para a casa da mãe novamente, pois a sua avó, que de-
pendia de cuidados, havia voltado a morar com seu pai e precisava usar
o quarto que ocupava. Embora eu gostasse da ideia, a volta dela não fez
muita diferença em nosso relacionamento. Pelo contrário, ela saía para
onde queria, na hora que queria, sem dar satisfação. Passou a andar com
amigas da adolescência e realmente se afastou mais ainda da vida com
Deus. Mesmo dizendo que não queria mais o casamento, uma coisa era
certa: o Espírito Santo já estava tocando o seu coração, sem eu saber.

L I Ç ÃO 0 8

Ore e declare as verdades da Palavra de Deus. Na época em que


brigávamos muito, dizíamos coisas terríveis um para o outro. Como as
palavras têm poder! Muito do que falamos se fortaleceu em nossas vidas
e contribuiu ainda mais para a crise que tivemos. Graças a Deus, aprendi
que fazer o contrário, ou seja, falar coisas boas, também funcionava.
Embora ainda não tivesse conhecimento sobre agir em fé, falando
aquilo que gostaria de ver concretizado, houve um período em que o
Espírito me levou a orar e a declarar tudo aquilo que eu não via em mi-
nha esposa e que gostaria que ela fosse à luz da Palavra. Assim, eu falava,
em fé, que Patrícia era uma mulher virtuosa (como a de Provérbios 31),
que me amava, me honrava e me respeitava. Dizia que ela era uma fonte

65
GODOFREDO COUTO

de alegria para a minha vida (como a de Salmos 128) e que ela era uma
mulher sábia que administrava bem o nosso lar (Provérbios 31). Claro
que eu não via aquela realidade em minha vida, mas eu cria de todo o
meu coração que tudo iria mudar.
Por outro lado, eu também declarava palavras sobre a minha vida,
de que eu deveria ser um homem valoroso, que amava minha esposa
como Jesus amou a Igreja e se entregou por ela, que eu me posicionava
como um homem sábio que trazia provisão e proteção física e espiritual
para a minha esposa e família.
Uma das áreas em que as pessoas mais tendem a errar é com res-
peito àquilo que falam. Como reclamamos e murmuramos sobre chefes,
líderes, cônjuges, filhos ou pais quando eles nos desagradam!
A Bíblia diz: “A boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6.45).
Se não existe a prática do enchimento da mente pela Palavra de Deus, a
nossa boca vai falar da abundância carnal de nosso ser.
Entretanto, a Bíblia diz que o que deve estar presente em nossa
mente é tudo aquilo que é puro (Filipenses 4.8) e, assim, falaremos aqui-
lo que traz graça àqueles que nos ouvem. O que passar disso, estará em
desacordo com a Palavra de Deus.
Na verdade, deixar de falar palavras negativas deveria ser um hábito
de vida para quem nasceu de novo. Fácil não é, mas temos um ajuda-
dor profissional, o nosso doce e amigo Espírito Santo, que nos orienta
sobre como nos livrar desse hábito tão danoso. Tudo o que semearmos
colheremos. Se semearmos palavras tolas, negativas e destrutivas será
isso que ceifaremos.
Para falar o que é positivo e o que terá poder em nossas vidas, de-
vemos ler cotidianamente a Palavra de Deus, dedicar tempo à oração
e à adoração ao Senhor, estar presente em reuniões de edificação pelo
estudo da Bíblia e andar com pessoas que nos estimulem espiritualmen-
te. Assim, a nossa boca manifestará facilmente aquilo que já encheu o
nosso coração.
Para que possamos ver transformações em nossa realidade, temos
que exercitar a fé, no abrir da nossa boca e, sem duvidar, falar o que
queremos no Nome de Jesus. Jesus disse, em Marcos 11.23:
“Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte:
Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que

66
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito”.
“A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama co-
merá do seu fruto” (Provérbios 18.21).
“Guardarei os meus caminhos para não pecar com a minha lín-
gua; guardarei a boca com um freio, enquanto o ímpio estiver diante de
mim” (Salmos 39.1).

N A P R ÁT I C A

1 Identifique o que a Bíblia ensina a seu respeito e sobre o


casamento.
2 Leia livros cristãos sobre o assunto.
3 Anote cada orientação e versículos que encontrar.
4 Encha-se de tudo o que está escrito como se fosse sua re-
alidade.
5 Ore com base nas palavras existentes nesses versículos.
6 Declare, audivelmente, aquilo que você aprendeu ser o
correto para a sua vida e que ainda não está vivendo.

67
CAPÍTULO X
LIÇÃO 09

ANDE COM QUEM VIVE


PELA FÉ

fé! fé!
GODOFREDO COUTO

Eu passei um bom tempo buscando por pessoas que pudessem me aju-


dar a resolver a crise em nosso casamento. Nesta jornada, percebi algo
interessante. Era possível distinguir dois grupos de pessoas entre aque-
las que eu busquei ajuda. O primeiro grupo era formado por aqueles
que me aconselhavam a desistir, pois o casamento não tinha mais jeito.
O outro grupo me aconselhava a permanecer firme e crer no milagre de
Deus. A diferença entre eles era que, enquanto, no primeiro, as pessoas
não apresentavam uma vida de fé e oração, no segundo era exatamente
o oposto, as pessoas viviam em comunhão com o Pai.
Tenho que dar um crédito especial ao Pastor Lars, meu grande
orientador à época. Ele foi uma das pessoas que mais pegou junto co-
migo no caminho da fé. Ele me estimulava sempre a acreditar no mila-
gre da restauração. Lembro-me bem das nossas intermináveis conver-
sas, por telefone ou pessoalmente, quando eu geralmente desabafava
os sentimentos e até mesmo a vontade de desistir. Como já disse an-
teriormente, eu tive meus momentos de desânimo. O Pr. Lars esteve
comigo em grande parte das vezes, sempre com um conselho oportuno
e orando por nossas vidas.
Minha sogra também foi um socorro providencial do Senhor. Ela
nos acolheu em sua casa quando estávamos nesse momento terrível e
percebeu que o nosso maior problema era espiritual. Como também
buscava ao Senhor, ela me apoiou e não permitiu que eu saísse de sua
casa. Ela sempre me estimulava a ter fé e me ajudava a procurar solu-
ções para trazer luz ao nosso casamento.
Claro que minha família também estava torcendo por nós, embo-
ra não soubessem exatamente o que eu estava vivenciando. Recordo
com carinho de uma conversa que tive com minha irmã Bel, quando
compartilhei a nossa situação. Ela foi muito firme em me estimular a
praticar a fé com a qual eu já tinha influenciado tanto a nossa família.
Foi um conselho muito especial e motivador.
Graças a Deus, sempre tinha pessoas que me traziam de volta à fé.
Houve um momento em que eu e Patrícia buscamos uma reconcilia-
ção. Depois que alguns amigos insistiram e Patrícia, por fim, concor-
dou, fomos a um Encontro de Casais. Foi um evento muito bom, com
pessoas realmente de Deus e muito alegres. O clima foi tão propício
para a reconciliação, que até acreditei que tudo voltaria ao normal. Ali,

70
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

ouvi uma frase que marcou minha próxima fase de fé. Um palestran-
te disse: “Casamento para sempre é uma utopia, se não tiver Deus no
meio do casal. Mas, com Deus, ele pode durar”. Não lembro o nome
dessa pessoa, mas serei eternamente grato por sua palavra de confronto
e estímulo.

LIÇÃO 09

Ande com pessoas que tenham comunhão com Deus. Nós tínha-
mos um círculo de amizade bem variado dentro do meio cristão. En-
gana-se quem pensa que todos os cristãos são semelhantes e pensam
da mesma forma. Cada um pensa de uma maneira. Cada mente é um
mundo desconhecido, somente acessado por Deus.
A questão não é se alguém é bom ou ruim. É o quanto a pessoa
possui de intimidade com Deus. Alguém pode ser a bondade em pes-
soa, mas se não tiver conhecimento do que Deus é e o que Ele pode
fazer, ela não usufrui desse poder e não tem como dar conselhos base-
ados na fé em Deus. A Bíblia diz que o povo de Deus sofre por falta de
conhecimento (Oséias 4.6). Imagine quem não O conhece!
Então, não podemos medir as pessoas com a mesma régua, pois
cada um vive um nível diferente de conhecimento e relacionamento
com Deus. Foram muitos amigos que nos aconselharam a desistir por
não conhecerem, ou não experimentarem, o poder divino de restaurar
e somente serem guiadas pelos valores do mundo natural. Eu não os
culpo hoje. Eu os compreendo, pois só podemos dar o que temos.
Com o desenvolvimento de uma maior comunhão com Deus,
aprendi a perceber o mundo espiritual e a me tornar uma pessoa mais
sensível às limitações humanas. Comecei a vivenciar um pouco o amor
do tipo de Deus. Aprendi a não deixar ninguém preso a mim por falta
de perdão. Já perdoei todos aqueles que passaram por minha história
e que me causaram mal. Tenho hoje um coração mais cheio de com-
paixão. O meu interesse hoje é ajudar as pessoas a conhecerem Deus
e a crescerem espiritualmente, para que engrossem as fileiras dos que
pregam o poder da Palavra e fazem diferença neste mundo caótico.
Devemos ser bem seletivos na escolha daqueles com quem deve-

71
GODOFREDO COUTO

mos nos associar, com quem devemos andar. A frase “Diga-me com
quem andas e eu te direi quem tu és” é a pura verdade. Se eu andar com
bandidos, serei contado como um deles. Se eu ando com quem faz o
bem, serei identificado como um deles. É por isso que gosto de andar
com quem ama a Deus. Quero crescer junto com eles. Isso me faz bem
e me estimula.
Não estou dizendo que não devemos estar com quem é diferente de
nós. Jesus disse a Deus que não pediria para tirar os seus discípulos do
mundo, mas que o Senhor os livrasse do mal. Até porque precisamos
lidar com as pessoas em geral, precisamos nos aproximar delas e amá-
-las. Mas, para isso, não preciso conviver com elas.
Precisamos estar com pessoas que nos puxem para cima, que nos
acrescentem, que nos inspirem, e que sejam nossos companheiros de
jornada. A pessoa mais próxima que temos e que pode nos oferecer
tudo isso é o nosso cônjuge, nosso sempre fiel amigo e companheiro
para todas as horas.
Se você é daqueles que conta nos dedos as pessoas que pode real-
mente chamar de amigo, não se sinta único. Não se sinta mal. As pes-
soas boas, de caráter e animadas pelas coisas de Deus de verdade são
difíceis de encontrar. Alegre-se! Há sempre um amigo mais chegado do
que um irmão (Provérbios 18.24).
O nosso melhor amigo, no entanto, deve ser o Senhor. O próprio
Jesus disse aos discípulos que não os chamava mais de servos, mas de
amigos. Esse realmente é o amigo que nunca vai nos decepcionar, nos
trair ou nos abandonar. Jesus é um amigo 100% (João 15.15).
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos
ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na
roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na
sua lei medita de dia e de noite” (Salmos 1.1,2).

72
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

N A P R ÁT I C A

1 Observe as amizades que possui hoje.


2 Deixe de conviver com aquelas amizades que o puxam
para baixo.
3 Alimente as amizades que contribuam para o crescimento
de ambos.
4 Tenha seu cônjuge como seu melhor amigo.

73
CAPÍTULO XI
LIÇÃO 10

JA M A I S D E S I STA
GODOFREDO COUTO

Em alguns momentos, até tentamos viver um relacionamento nor-


mal, mas rapidamente tudo voltava como era antes. Como o povo
diz, parecia que “o diabo atentava” e qualquer coisa virava motivo de
discussão entre nós. Chegou a um ponto em que o nosso relaciona-
mento realmente parecia não ter mais solução. O que me surpreen-
deu foi quando Patrícia disse que havia enjoado de “tudo” relaciona-
do a mim, como a minha voz, as minhas atitudes e até o meu andar.
Certo dia, ela perguntou porque eu não iria embora de sua casa, se
ela não queria mais nosso relacionamento. Ao saber disso, minha
sogra falou que eu deveria ficar, porque a casa era dela. Tudo isso,
era motivo de brigas entre nós. Eu mesmo cobrava muita coisa de
Patrícia nesse período, embora tivesse minha parcela de culpa em
tudo o que estava acontecendo.
Na igreja, eu ministrava o louvor. Uma das canções que mais
gostava de cantar era “Rompendo em Fé”. Como dizia a música, eu
sentia, cada vez mais, a minha fé sendo provada, mas isso era o que
me levava cada vez mais próximo do Senhor. Se diante de mim o
mar não estava se abrindo, Ele, com certeza, me daria outras op-
ções, como andar por sobre as águas. Nesses momentos de louvor
ao Senhor, um amor muito grande enchia o meu coração e a Sua paz
invadia o meu ser.
Teve um outro momento, nessa história toda, que foi muito cô-
mico, para não dizer trágico. Eu e minha sogra planejamos levá-la
a uma igreja que tinha fama de expulsar demônios e acabar com as
opressões do diabo. Ela convidou Paty para ir a uma das reuniões, e
ela aceitou sem reclamar. Eu até estranhei a facilidade com que ela
concordou. Fomos até lá, oramos, oramos e oramos. Patrícia parecia
estar tranquila durante todo o tempo em que ficamos lá. Na volta,
ainda no carro, ela se virou para nós e disse: “Tá vendo? Vocês pen-
savam que eu iria manifestar e não aconteceu nada”.
Daí em diante, vivi momentos muito difíceis. Uma das piores
dores que existe é o sentimento de rejeição, mas ela também é fruto
da imaturidade e falta de habilidade em lidar com a situação. Foi
essa imaturidade que me levou a tentar muitas formas de solucionar
a crise e agir, geralmente, de forma reativa, o que gerava mais con-
flitos. Apesar de toda essa insegurança com relação ao que vivíamos,

76
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

eu permaneci em fé. Eu passei a acreditar no potencial de esposa que


Patrícia poderia se tornar em Deus, e de marido que eu também pre-
cisava me tornar. Eu tinha convicção de que o Senhor poderia fazer
ela cair em si e transformar toda a sua vida, como estava transfor-
mando a minha. Sim, de tanto buscar a Deus, eu passei a conhecê-lO
de verdade e não só de ouvir falar. Foi o maior ganho que tive em
toda essa história. E, conhecendo melhor esse Deus, passei a confiar
mais ainda em Seu poder. Me apeguei no Salmo 128 e em I Coríntios
13 e declarava sempre o milagre de Deus em nosso casamento.
Um dia, cheio de fé, resolvi conversar com Patrícia, olho no olho.
Disse que, apesar de tudo o que ela já tinha me falado, eu a amava e
acreditava que ela era a esposa que Deus tinha me dado o privilégio
de amar. Mesmo que ela tivesse se afastado de mim, me rejeitado,
ou mesmo se tivesse tido algum relacionamento com outra pessoa,
eu a perdoava e a receberia de volta para vivermos uma vida nova
com o Senhor presente em nosso lar. Pela sua expressão, ela parecia
chocada com tudo o que eu disse. O perdão realmente toca fundo no
coração de uma pessoa. E não foi diferente com ela.
Mesmo após a conversa, ainda ficamos um bom tempo quase
sem nos falar. Nesse período, eu não sabia, o Espírito já estava to-
cando profundamente o coração de Paty há um bom tempo. Cansada
de buscar soluções por conta própria, ela começou a buscar o Se-
nhor, dedicando-se à oração. Claro que ela fazia isso sem contar pra
ninguém. Ela permaneceu assim até que começou a ouvir o Espírito
falando diretamente ao seu coração.
Eu sempre tive a opção de desistir. Inclusive, em certa ocasião,
eu quis verdadeiramente “chutar o pau da barraca”. Liguei para o Pr.
Lars e disse que não suportava mais. Ele, então, me chamou mais
uma vez para conversarmos. Já era quase meia noite. Fui até sua casa
e saímos para conversar pela redondeza. Ali, falei que não aguentava
mais viver tudo aquilo, pois não via nenhuma diferença em Patrícia.
Ele orou por mim, por um bom tempo, e me aconselhou novamente
a não desistir. Me acalmei e resolvi dar, ao que eu chamei, a última
oportunidade. No dia seguinte a esse episódio, Paty começou a mu-
dar comigo.

77
GODOFREDO COUTO

LIÇÃO 10

Jamais desista de seu casamento. Tem uma frase que “me persegue”
há anos: “Vencedor é aquele que não desiste”. Ela sempre vem à minha
mente em momentos difíceis, quando sou tentado a desistir de algo. Há
desistências que são normais, como desistir de fazer um concurso, de
uma viagem, de mudar de lugar, de comprar algo ou coisas semelhantes.
Mas existem outras coisas na vida que, mesmo sendo possível, não de-
vemos desistir jamais. O casamento é uma delas.
Muitas vezes nadamos, nadamos e nadamos, por longos anos, e aca-
bamos morrendo na praia, sem conquistar o que tanto queríamos. Sem
saber que estávamos pertinho de conseguir a vitória, decidimos desistir.
É assim que perdemos o que buscávamos e o gostinho da conquista.
Por causa de uma decisão errada, sacrificamos uma alegria quase certa.
Posso não conhecer a sua realidade, muito menos a sua família.
Cada um de nós vive altos e baixos. Temos conflitos, problemas, cir-
cunstâncias e situações, muitas vezes, terríveis que só nós mesmos po-
demos sentir. Desistir parece ser a única saída. Porém, persistir pode ser
a única solução. E só há solução se permanecermos confiantes.
Quantas vezes, ouvimos ou falamos a frase: “Eu não aguento mais”.
Ou ainda: “Quero ir embora deste mundo”. “Volta, Jesus!”, diriam ou-
tros. Isso tudo reflete o nosso desejo de fugir, escapulir, desistir. O casa-
mento para mim é algo inegociável. Eu sei que a situação, às vezes, é tão
angustiante e destrutiva, que consideramos ser impossível sua reversão.
Há momentos em que não conseguimos ver mais nenhuma possibilida-
de de mudança. Então, chegamos no fundo do poço.
Aprendi, em todo esse período de espera, que a Palavra de Deus é
viva e eficaz e nos dá uma série de garantias de uma vida vitoriosa. São
palavras, que tomamos como promessas do Pai, que promovem a nossa
fé e nos transformam em vencedores em potencial.
Richard Nixon reforçou a derrota dos desistentes. Ele disse assim:
“Um homem não está acabado quando enfrenta a derrota. Ele está aca-
bado quando desiste”. Quando desistimos damos fim a qualquer possi-
bilidade de vitória. Mas, quando nos levantamos e perseveramos em fé,
criamos o ambiente propício para a realização da mudança, do milagre.

78
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

Eu creio que o casamento é o projeto de Deus que nasceu para dar


certo. O seu autor se responsabiliza em fazê-lo prosperar, se for chama-
do para participar dele. O primeiro milagre que Jesus fez na Terra foi
em uma festa de casamento, quando transformou a água em vinho. E o
milagre aconteceu não porque chamaram Jesus quando faltou o vinho.
E sim porque Ele já tinha sido convidado para participar do casamento.
Porque Jesus vive em nós, podemos acreditar e vivenciar os mila-
gres que precisamos em nosso casamento. “Porque Ele vive, posso crer
no amanhã”.
“Feliz a pessoa que persevera na provação, porquanto, após ter sido
aprovada, receberá o prêmio da coroa da vida, que Deus prometeu aos
que o amam” (Tiago 1.12).

N A P R ÁT I C A

1 Não desista de seu casamento, por mais impossível que


pareça a sua restauração.
2 Busque todas as soluções em Deus para restaurá-lo.
3 Seja perseverante na oração pelo seu cônjuge, acreditando
no poder de Deus na sua vida. Seja o seu maior intercessor.

79
CAPÍTULO XII
LIÇÃO 11

CONFIE EM DEUS

EM FRENTE!
GODOFREDO COUTO

Patrícia também viveu um turbilhão de emoções durante todo esse pro-


cesso de quase separação. Vou tentar descrever um pouco aqui do que
eu já ouvi ela relatar nos diversos testemunhos que já demos, em várias
ocasiões. Como ela mesmo fala, sofreu um ataque das trevas, que po-
tencializou cada um dos problemas que já tínhamos em nosso relacio-
namento, a ponto dela concluir que não haveria mais solução para nós,
pois considerava que todos os recursos já tinham se esgotados.
Patrícia dizia que não entendia bem tudo o que estava passando.
Ela realmente passou a sentir completa rejeição por mim, a ponto de
não conseguir ouvir nem a minha voz. Parecia mesmo uma opressão
maligna sobre sua vida. Na época, não tínhamos total entendimento so-
bre o poder que o diabo pode exercer na vida de uma pessoa. Então, ela
considerava tudo natural, algo comum de acontecer em qualquer casa-
mento, quando o amor acaba. Assim como eu, ela também não queria
essa destruição do nosso relacionamento. Tanto é que participou das di-
versas tentativas de reversão que fizemos. Por outro lado, ela não queria
perder o auge da sua juventude em um relacionamento “sem conserto”.
Ela conta que viveu conflitos profundos com tudo o que estava
acontecendo. Chegou até a se culpar severamente, quando ainda tinha
certo afeto por mim. No auge do problema, ela pensou em acabar com
a própria vida, considerando até jogar o carro de cima de uma ponte.
Paty conta que realmente buscou viver momentos de alegria e liberda-
de, saindo para se divertir como nunca mais havia feito depois que se
converteu e se casou. Sem saber, ela fazia exatamente o que o inimigo
queria e a sugestionava. Não saía mais com quem poderia trazê-la para
perto de Deus, mas com quem a fazia se distanciar cada vez mais dos
valores divinos.
No entanto, o Espírito Santo ainda falava com ela. Ela disse que, na
verdade, sempre pedia a Deus que a guiasse. Por mais prazer que tivesse
naquilo que estava vivendo, alguma coisa lhe dizia que ela estava errada.
O que ela mais queria, na verdade, era a vontade de Deus na sua vida. E
ela tinha certeza de que a vontade do Senhor não era deixá-la infeliz ao
meu lado. Uma coisa foi interessante: ela nunca teve a coragem de dar
entrada no divórcio. Ela só não entendia o porquê. Com o tempo, Paty
passou a buscar mais a Deus, a dedicar tempo à oração e eu nem sequer
imaginava que isso estava acontecendo.

82
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

Enquanto isso, eu e um grupo de pessoas orávamos continuamente


por ela. Eu sempre cri que a situação poderia mudar a qualquer momen-
to. Todavia, quando não percebia nada sendo alterado, eu ficava triste,
chateado. Depois, eu orava de novo e me enchia de esperança. E era
esse ciclo sem fim. Mais uma vez, liguei para o Pr. Lars dizendo que não
aguentava mais e, depois de conversarmos, decidi dar a “última” opor-
tunidade para o milagre, mesmo sentindo, lá no fundo, que eu nunca
iria desistir. Sem eu saber, nessa mesma noite, Patrícia resolveu fazer um
jejum para que Deus dissesse para ela o que fazer, qual era realmente a
vontade d’Ele para a sua vida. Ela tinha certeza de que o Senhor iria lhe
dar a liberdade de terminar o casamento.
O Senhor foi tão fiel à sua busca que, no primeiro dia do jejum, Ele
respondeu prontamente. O Espírito disse algo assim: “A minha vontade
para a sua vida é que permaneça casada com o seu marido, pois tenho
um plano a realizar através de vocês dois como casal. Se você escolher
a separação, Eu não vou rejeitá-la. Mas, a minha vontade não é essa”.
Ela tomou um susto com tudo o que ouviu. Ela gritou: Nããããoooo! E
chorou, puxou os cabelos. Para Paty, que não sentia mais nada por mim,
essa era a pior resposta que Deus podia lhe dar. Mas como foi ela que
propôs o jejum e foi isso o que ela ouviu de Deus, ela disse: “Tá bom,
Deus, eu vou fazer a sua vontade. Mas não vou mover uma palha. Você
que vai colocar todo esse amor dentro de mim”.
Com o passar do tempo, o Espírito Santo passou a lhe dar alguns
comandos. Primeiro, Ele disse que era para ela me pedir perdão, por-
que havíamos discutido na noite anterior, quando usou palavras duras
e ofensivas. Depois disso, era para me dar um beijo. Isso aconteceria
depois de não sei quantos meses. Ela disse: “O quê?”. E o Espírito repetiu
o comando. Ela, então, resolveu obedecer. Ela chegou até mim e disse:
“Eu quero te pedir perdão por tudo o que eu falei ontem”. Ela, então, se
aproximou e me deu uma bicota tão rápida que quase não senti o toque
dos seus lábios. Depois se virou e saiu. Eu fiquei ali impactado e surpre-
so com o que aconteceu, mas não entendi nada.
Ela conta que, depois que obedeceu a instrução do Espírito Santo
e saiu algo mudou dentro dela com relação a mim. Parecia que toda a
raiva diminuiu de intensidade e passou a me olhar sem ódio. Toda vez
que olhava para mim, não sentia mais aquele mesmo desprezo. Algo

83
GODOFREDO COUTO

realmente sobrenatural começou a acontecer. Mesmo assim, embora


não sentisse mais coisas ruins por mim, também não sentia o amor que
achava que iria sentir.
E o Espírito Santo foi dando novos comandos para ela. A cada vez
que ela obedecia, algo acontecia em seu interior. Era como se cadeias
espirituais fossem quebradas dentro dela e o amor florescesse. Um ver-
dadeiro milagre divino.
E chegou o dia em que ela foi orientada a se entregar novamente
para mim. Ao invés dela ficar angustiada, ela disse que ficou feliz. Se
Deus estava dizendo para ela fazer amor comigo, então seria maravilho-
so. Foi a conclusão dela. Que decepção! Nada excepcional aconteceu.
Mas foi o começo de um novo tempo em nossas vidas. A cada entre-
ga, a cada obediência, tudo foi mudando, tudo foi se transformando.
A alegria de cumprir a vontade do Pai foi a maior motivação para o
sobrenatural agir.

LIÇÃO 11

Confie no Deus que tudo pode. Será que há algo impossível para
o Senhor? Quando chegamos no nosso limite, quando não podemos
mais fazer nada diante de um problema, existe um especialista que sabe
e pode transformar a nossa realidade. É o Deus do impossível. Sim, Ele
pode mudar tudo. Até sentimentos. Eu sou testemunha disso.
Geralmente, focamos tanto no nosso problema que ele se avoluma
e parece intransponível, indestrutível e invencível. Em nossa limitação
humana, é fácil cedermos ao que chamamos de fracasso e pararmos de
lutar, de acreditar. Mas é o especialista em causas impossíveis que está
do nosso lado e nos garante a vitória. Ele nos estimula a prosseguir. O
próprio Jesus disse, em Lucas 18.27: “As coisas que são impossíveis aos
homens são possíveis a Deus”.
Uma coisa é certa: se não estamos vendo o poder de Deus agindo
por meio de nossas vidas, com milagres e maravilhas, tem alguma coi-
sa faltando em nós. Pois, o Deus que agia com sinais e maravilhas na
Bíblia não muda jamais. Ele continua com o mesmo poder. Temos que
ter a consciência de que foi Deus quem criou o casamento e é o maior

84
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

interessado em sua restauração. Os fundadores do ministério “Casados


para Sempre”, Michael e Marylin Phillippis, também passaram por uma
“grande tempestade” no relacionamento e venceram tudo em Deus.
Ela escreveu, no livro “Primeiros Socorros para um casamento ferido”:
“Quando a Palavra de Deus faz uma declaração, Deus está preparado
para sustentá-la com todo poder. A Palavra não declararia ‘não separe o
homem’ sem o poder de Deus ser capaz de restaurar e curar casamentos.
O Espírito Santo guiou-me, passo a passo, na defesa do nosso casamen-
to e Jesus provou uma vez mais que nada é impossível para Ele. Nosso
casamento foi restaurado e curado pelo poder de Deus e pela autoridade
de Sua Palavra”.
A cultura do Reino de Deus deve incluir as manifestações sobrena-
turais que aconteciam nos tempos de Jesus. Ele mesmo disse que faría-
mos o que Ele fez e obras ainda maiores (João 14.12). Todos os cristãos
acreditam que a nossa maior missão neste mundo é a mesma que Jesus
tinha: buscar e salvar os que se haviam perdido (Lucas 19.10). Amém!
Mas muitos esquecem o complemento.
Além de evangelizar, Ele também foi ungido para curar os quebran-
tados de coração, para pregar liberdade aos cativos, para restaurar a vis-
ta dos cegos e para libertar os oprimidos. E o Seu ministério foi de muito
poder manifestado. Ele curou milhares de pessoas, expulsou demônios,
ressuscitou mortos e fez inúmeros milagres. E, antes de subir ao Céu,
logo após o “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”,
Ele disse o seguinte:
“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão
os demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se bebe-
rem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos
sobre os enfermos, e os curarão” (Marcos 16.17-18).
O que falta em nós, para que possamos ter uma vida cheia do poder
do Pai, ajudar muitos atormentados pelo diabo e presos por doenças e
males? O que falta para nós termos casamentos saudáveis e felizes?
Jesus também nos deu esta resposta: “Por causa de vossa increduli-
dade; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de
mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e
nada vos será impossível” (Mateus 17.20).
Se o problema é falta de fé, como resolver isso? Desta vez, é o Após-

85
GODOFREDO COUTO

tolo Paulo quem nos responde: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir
pela palavra de Deus” (Romanos 10.17). Então, devemos ouvir/ler a Pa-
lavra de Deus para fortalecer a nossa fé. Somente assim, conheceremos
o caráter do nosso Deus, o que Ele nos instrui para sermos capazes de
andar em vitória sobre as circunstâncias e as ciladas do maligno. Mis-
turando fé ao conhecimento e praticando-o, viveremos mais o poder
de Deus. Com essa fé, com a crença aguçada, colocaremos em prática o
que ouvimos e os milagres nos seguirão. Pois, como está escrito acima,
os sinais seguirão aqueles que, simplesmente, CREREM.
Muitos dizem que não foi para nós que Jesus falou que faríamos
obras ainda maiores que as d’Ele. Dizem que foi apenas para aqueles que
o ouviam naquele momento. No entanto, Paulo e muitos outros relata-
dos na Bíblia não conviveram com Jesus e, mesmo assim, pregaram o
Evangelho não só com palavras, mas cheios do poder de Deus. E quan-
tos milagres Deus tem produzido em nossos dias em todo o mundo?
Quantos casamentos já foram restaurados pela Sua intervenção?
Que possamos ter uma vida tão cheia do Espírito Santo e de fé ali-
mentada no Deus que tudo pode, a ponto de afirmarmos sobre nosso
casamento e família o que Paulo escreveu:
“E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em pala-
vras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espí-
rito e de poder” (I Coríntios 2.4).

N A P R ÁT I C A

1 Alimente sua fé com a leitura da Palavra de Deus e ouvin-


do ministrações sobre o Seu poder em ação.
2 Exercite sua fé no Deus que tudo pode.
3 Declare, em fé, os milagres que você almeja para seu côn-
juge e seu casamento.

86
CAPÍTULO XIII
LIÇÃO 12

PERMANEÇA FIRME

jesus
GODOFREDO COUTO

Após nossa reconciliação, que nos trouxe grande alegria, planejamos


uma segunda lua de mel. Como pretendíamos participar de um evento
em Brasília, decidimos que esses preciosos dias seriam em um parque
aquático da região. Esse foi um tempo de bastante alegria no recomeço
de nossas vidas. Gostamos tanto da experiência que consideramos mo-
rar no Distrito Federal. Dessa vez, colocamos a decisão diante de Deus e
as portas foram se abrindo claramente para esta mudança.
No ano seguinte, estávamos devidamente instalados no Planalto
Central do país. Deixei mais uma vez o Piauí para trás, agora para uma
nova vida, em um novo lugar, com um casamento renovado. Claro que
nada é automático e continuávamos humanos, imperfeitos, sujeitos a fa-
lhas e problemas. Vale destacar que, embora tenha havido um verdadei-
ro milagre de Deus em nosso relacionamento, eu e Patrícia continuamos
a crescer como marido e mulher ano após ano. Creio que esse cresci-
mento será permanente até que a morte nos separe. O mais importante
é não estacionar, muito menos retroceder.
Logo que chegamos na nova região, mesmo sem planejamento,
fomos brindados com o fruto da nossa reconciliação. Paty engravidou
de Sarah, a nossa princesinha. Nossa menina já tinha sido anunciada
por algumas pessoas, mas realmente ela não estava em nossos planos
de curto prazo. Mas, mesmo Sarinha vindo em um tempo inesperado, a
recebemos com todo amor e carinho.
Ao longo dos anos seguintes, o Espírito nos levou a perceber quais
as áreas de nossas vidas que ainda precisavam de mudanças, de cresci-
mento, de renovação. Assim, Deus trabalhou individualmente em mi-
nha vida e na vida de Patrícia. Como nos tornamos melhores pessoas
em Deus, pudemos ser melhores como marido e esposa. Consideramos
que muito ainda está por vir.
Mudamos também para uma denominação com foco na Palavra de
Deus e na fé. Nesse mergulho no Senhor e em Sua Palavra, passamos a
buscar o nosso chamado espiritual e a nossa missão neste mundo. Pas-
samos a investir em vidas e famílias, compartilhando a nossa experiên-
cia de fé e crescimento em Deus. Percebemos que o nosso testemunho
atraía outros casais e, assim, compartilhamos os milagres recebidos,
mostrando que seria possível acontecer com outros também, pois Deus
não tem filhos prediletos.

90
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

Aprendemos a duras penas, em todos esses anos, que dependemos


completamente de Deus para nos tornarmos cada vez mais parecidos
com Ele. Somente com Ele agindo em nós é que podemos ter um casa-
mento saudável e com alegria permanente. Para isso, é preciso uma total
entrega em oração, leitura bíblica e aprender a viver o amor incondicio-
nal, sem esperar nada em troca, como aquele que Deus tem por nós.
Posso dizer, com toda certeza, que vale a pena entregar tudo a Deus.
Ele se mostrou vivo em minha vida, na minha família e no meu casa-
mento. Nada é impossível para Ele. Deus ama a família e odeia o divór-
cio. Se a vontade d’Ele é que permaneçamos casados, Ele sempre nos
ajudará a termos um relacionamento prazeroso.
Eu e Paty temos experimentado uma vida a dois feliz, sempre pro-
curando alimentar o romantismo e a declarar o nosso amor e a grati-
dão a Deus por termos um ao outro. Como foi prazeroso ouvi-la di-
zer: “Obrigada, Deus, por ser Godofredo Couto o meu esposo e não
qualquer outro homem do planeta Terra. Te amo!”. Hoje, queremos ficar
grudadinhos por muito tempo, como acontecia na época do namoro.
Por nossa experiência e chamado, também temos influenciado a
vida de outros casais. Temos visto muitos casais voltarem a acreditar no
milagre de Deus após ouvir o ensino da Palavra e outros conseguindo
que o casamento seja restaurado depois de colocar em prática as ver-
dades da Palavra. É um privilégio sermos canais de Deus neste mundo.
Para facilitar o repasse de nossa experiência e conteúdo que adquiri-
mos, ao longo da vida conjugal, desenvolvemos essas lições, que têm
sido muito oportunas na vida de diversas pessoas à beira de divórcios ou
mesmo para aqueles que querem melhorar o relacionamento. Deus nos
deu a oportunidade de trabalhar com alguns grupos de crescimento,
uma experiência muito gratificante, quando fomos copastores em uma
igreja, onde éramos os líderes do Departamento de Casais.
Quem vê Patrícia comigo, hoje, e a conhecia na época da crise que
tivemos, deve ficar admirado com a mudança que aconteceu. Eu tam-
bém mudei muito. Paty é testemunha disso. E as mudanças são constan-
tes. O mais importante é não estacionarmos, achando que tudo está sob
controle. Pelo contrário. Temos que vigiar, avançar e crescer, focando
em Jesus, o nosso padrão maior de amor, em quem nós temos que nos
espelhar sempre.

91
GODOFREDO COUTO

LIÇÃO 12

Permaneça firme no seu posicionamento como homem/mulher de


Deus. Depois de grandes vitórias, após um período bastante estressante
e cansativo, a tendência é relaxarmos e curtirmos o sucesso. Esse é um
dos momentos preferidos do diabo para nos derrubar outra vez. Para
não cairmos nas ciladas do inimigo, precisamos nos alicerçar em tudo
aquilo que nos garantiu vitórias e lançar no mar do esquecimento todas
as lembranças ruins do passado.
Devemos focar naquilo que tem de bom em nosso cônjuge ao invés
de evidenciarmos os pontos que ele ainda não venceu. Devemos ser es-
timuladores das coisas boas e vivermos contentes com o progresso que
já alcançamos. Devemos cultivar tudo o que é bom, a começar com as
pequenas coisas que trazem alegria ao relacionamento como o carinho,
a palavra doce, a gentileza e o amor, nas suas diversas linguagens.
Um livro que nos abriu bastante a visão sobre esse tema foi “As
Cinco Linguagens do Amor”, de Gary Chapman. Com ele, aprendemos
como suprir as profundas necessidade de amor do parceiro. As lingua-
gens emocionais de cada um podem ser bem distintas. Enquanto alguns
precisam ouvir palavras de afirmação, outros necessitam de tempo de
qualidade com o companheiro. Outros gostam demais de toque físico,
enquanto alguns sentem-se profundamente amados recebendo presen-
tes. Por fim, há ainda aqueles que têm seu tanque de amor cheio através
de atos de serviços por parte do cônjuge. O nosso trabalho é identificar
qual a linguagem de amor do outro e agir nesse sentido.
Para contribuir com um bom casamento e vivermos felizes nele, es-
pecialmente após grandes tormentas, outra providência a ser tomada é
mantermos uma memória seletiva, escolhendo sempre o que é bom e o
que edifica. Outro dia, ouvi um pregador falar da mulher que, além de ser
histérica, era “histórica”, pois sempre trazia à tona situações ruins que acon-
teceram há muitos anos. Uma atitude como essa só demonstra que pági-
nas não foram viradas na vida do casal e nada foi perdoado de verdade.
Quando vejo alguém caminhando na rua com um sorriso no rosto
imagino que essa pessoa está pensando em algo muito bom. Assim fun-
ciona a nossa mente. Bons pensamentos aformoseiam o nosso rosto e

92
SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

nos levam a sorrir. Uma sensação gostosa passa por nós e uma doce paz
enche o nosso coração. Humm! Que delícia!
“Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança” (Lamenta-
ções 3.21).
Logo, como toda pessoa tem um lado muito bom, no qual devemos
focar, o relacionamento a dois tem suas fases e momentos muito agra-
dáveis, que nos proporcionam alegria ao trazê-los à memória. Quantas
experiências gostosas vivemos juntos! Quantas histórias para reviver e
contar! Rever fotos é um bom mecanismo para nos lembrarmos desses
instantes de vida inesquecíveis.
Vamos pensar no melhor que desfrutamos com nossos cônjuges e,
assim, nos inspirar a viver outras histórias para clicar e compartilhar, no
papel ou no virtual. Tive acesso a uma pesquisa feita pelo casal de psi-
cólogos americanos John e Julie Gottman com 130 casais, no Laborató-
rio do Amor, que identificou duas coisas básicas que fazem com que as
relações durem mais. Sabe quais são? A bondade e a generosidade. Isso
mesmo. Essa percepção passa, entre outras coisas, em valorizar tudo o
que for positivo na outra pessoa e não focar no negativo. Além disso,
devemos manifestar o amor com ações e palavras que trazem alegria ao
nosso cônjuge.
Interessante é que a Bíblia também nos dá instruções sobre o foco
nas coisas boas. Paulo escreveu o seguinte: “Quanto ao mais, irmãos,
tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o
que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma
virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4.8).
A melhor forma de permanecermos firmes naquilo que conquis-
tamos e avançarmos é alicerçar o nosso casamento em Deus, com cada
um dos cônjuges cultivando sua própria vida espiritual, com seu devo-
cional diário, e praticando o que a Bíblia ensina. Fazendo assim, pode-
rão vir as piores tempestades contra eles, mas elas não os derrubarão,
pois estarão firmes como uma casa edificada sobre a rocha.
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica,
assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e com-
bateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”
(Mateus 7.24-25).

93
GODOFREDO COUTO

N A P R ÁT I C A

1 Faça uma lista de tudo que seja positivo em seu casamento


e família.
2 Rejeite pensar em tudo o que for negativo sobre eles.
3 Pratique a gratidão, continuamente, por tudo de bom que
acontece em sua vida e matrimônio.

94
CAPÍTULO XIV
CONSELHOS FINAIS
GODOFREDO COUTO

Em nossa experiência aconselhando casais, nos deparamos com as mais


diversas situações. Houve casos de pessoas que não conseguiam pa-
rar de discutir uma com a outra em nossos encontros, como também
aqueles com quem tivemos muita tranquilidade em ministrar. Um bom
exemplo de um casal que aconselhamos com bastante facilidade foram
Walter e Val Costa, que tiveram suas próprias experiências com Jesus,
por meio da Palavra de Deus que compartilhamos com eles. Eles se tor-
naram grandes amigos nossos. Walter fez um resumo do nosso relacio-
namento e influência sobre suas vidas:
“Nos consideramos fruto do ministério de casais dos amigos e pas-
tores Godofredo e Patrícia. Desde que Deus permitiu nosso encontro,
em 2008, nós sentimos que nossa ligação iria resistir ao tempo, à distân-
cia e às circunstâncias. Afinal, fomos adotados como filhos espirituais
por esse querido casal que, com amor e paciência, nos instruiu o ca-
minho da verdadeira conversão como cristãos e nos proporcionou ver
de perto uma família alicerçada nos propósitos do Senhor. Godofredo
e Patricia serão sempre uma referência positiva na área matrimonial,
principalmente por terem vencido as adversidades e os desafios do ca-
samento na total dependência de Deus. Temos muita gratidão e respeito
por tudo o que eles nos ensinaram por meio da Palavra e pelo exemplo.
Louvamos ao Senhor pela vida deles e por permanecerem sempre por
perto como amorosos pais espirituais, amigos de todas as horas e irmãos
em Cristo aqui e na eternidade”.
E você, que conseguiu chegar até aqui, merece meus parabéns.
Acredito que, assim como eu, você quer mesmo salvar ou melhorar o
seu casamento em Deus. Então, o primeiro passo você já deu: é preciso
querer para poder avançar. Não existe nada automático no reino espiri-
tual. É necessário uma ação de nossa parte para fazer com que as coisas
espirituais se movam. É necessário agirmos em fé, fundamentados nas
orientações divinas escritas na Palavra de Deus.
As lições que apresentei, neste livro, são totalmente experimentá-
veis e válidas para qualquer cristão. Abri o meu coração e compartilhei
aqui o que vivenciei em meu casamento de uma forma resumida e sin-
cera, para lhe sugerir um norte e fortalecer a sua fé no poder de Deus.
Costumo dizer que não basta apenas termos uma aliança com o
nosso cônjuge, pois ela foi feita por pessoas falíveis. O casamento, para

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SALVE SEU CASAMENTO EM DEUS

permanecer firme, deve se fundamentar em uma dupla aliança, feita


entre os cônjuges e entre eles e Deus. A nossa aliança deve incluir sem-
pre a presença daquele em quem tudo podemos, o Deus Todo-Podero-
so, capaz de nos dar força, sabedoria e graça para vencer as situações
mais adversas e nos proporcionar a mais perfeita paz em família.
Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida. O futuro do seu casa-
mento depende das decisões que você tomar hoje. Decida mergulhar no
Senhor e acreditar no Seu poder para a restauração. Acredite! Ele não
nos decepciona.
Não somos melhores que ninguém. Deus ama você e seu cônjuge
da mesma forma que nos ama. Portanto, eu acredito que, assim como
aconteceu comigo e Patrícia, pode acontecer também com você.
Eu acredito no poder de Deus para restaurar vidas e relacionamen-
tos. Eu acredito na família. Eu acredito no casamento que Deus criou.
Nós somos um milagre.
Seja um milagre você também!

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G O D O F R E D O CO UTO
é jornalista, escritor, marketei-
ro e ilustrador.

Ministro do Evangelho e
membro do Ministério Verbo
da Vida.

Há mais de 10 anos, Godofre-


do e sua esposa Patrícia acon-
selham casais e ministram so-
bre família e casamento, em
reuniões e eventos.

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