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Experimento 03
Síntese da aspirina
1. Introdução
O ácido acetilsalicílico (AAS) é um composto orgânico sintético derivado do ácido salicílico. Ele constitui o princípio ativo do analgésico e
antipirético registrado e comercializado com o nome de Aspirina® (Figura 1).
A história do ácido salicílico se inicia no século V a.C. com Hipócrates (Figura 2), filósofo e médico grego considerado o pai da medicina
moderna. Hipócrates prescrevia preparações que incluíam cascas e folhas do salgueiro para o tratamento de febres e para aliviar as dores do parto.
Assim como Hipócrates, Dioscórides (Figura 2), um dos mais notáveis médicos da Antiguidade que viveu na Grécia no século I da era cristã, receitava
emplastros feitos de folhas e cascas do salgueiro para o tratamento de dores reumáticas.
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Figura 2: Médicos gregos que usavam cascas e folhas de salgueiro para combater febres e dores.
Em 1828, o Professor Johann Buchner (Figura 3) da Universidade de Munique (Alemanha) isolou, a partir da casca do salgueiro, uma pequena
quantidade de um composto amarelo, de sabor amargo, cujos cristais tinham forma de agulha, o qual ele chamou de salicilina (Figura 4). Esta
substância era a responsável por promover o alívio da dor. Antes do Professor Buchner, dois pesquisadores italianos, Brugnatelli e Fontana, em
1826, teriam obtido a salicilina, mas em uma forma altamente impura. Em 1929, o químico francês Henri Leroux aperfeiçoou o procedimento de
extração da salicilina a partir da casca do salgueiro conseguindo obter cerca de 30g do composto a partir 1,5 kg de casca de árvore. Em 1838, o
químico italiano Raffaele Piria (Figura 3), então trabalhando na Universidade de Sorbonne em Paris (França), obteve o ácido salicílico (Figura 4) por
meio da hidrólise oxidativa da salicilina.
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Em 1859, o alemão Hermann Kolbe (Figura 3), sintetizou pela primeira vez o ácido salicílico a partir do fenóxido de sódio, reação conhecida
como síntese de Kolbe (Figura 5). A grande aceitação do ácido salicílico pela medicina como remédio eficaz para o tratamento de febres reumáticas
agudas, artrites crônicas e gota levou a U.S. Salicylic Acid Company a obter de Kolbe o licenciamento para produção deste ácido nos EUA.
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In 1853, o químico francês Charles Frederic Gerhardt (Figura 3), sintetizou o AAS pela combinação de cloreto de acetila e salicilato de sódio.
Esta síntese foi uma das muitas reações que Gerhardt realizou para seu artigo sobre anidridos, mas ele não tinha vontade de vender o produto e
abandonou sua descoberta.
Em 1899, o químico alemão Felix Hoffmann (Figura 3), que trabalhava para uma empresa alemã chamada Bayer, redescobriu a fórmula de
Gerhardt. O pai de Hoffmann sofria de reumatismo crônico, o qual combatia diariamente com ácido salicílico. Este porém, lhe causava sérias irritações
estomacais e um desagradável gosto na boca, característica comum às substâncias que apresentam hidroxilas fenólicas. Não suportando mais os
efeitos colaterais do medicamento, o pai solicitou ao filho que sintetizasse outro fármaco. Hoffmann testou o novo anti-inflamatório em seu pai. Como
obteve bons resultados, ele convenceu a Bayer a comercializar a nova droga milagrosa. Assim, Friedrich Bayer, o empregador de Hoffman, patenteou
a Aspirina® e começou a comercializá-la em 1899.
O nome dado para o AAS foi A-spirina. Aparentemente o nome se originou de uma combinação dos termos acetilação (A-) com spirina, parte
do nome de uma ulmeira (Spiraea ulmaria, Figura 6), uma planta rica em salicilatos. A Aspirina® foi um enorme sucesso e as vendas cresceram
rapidamente. A empresa de Bayer ficou conhecida como a primeira empresa farmacêutica e a produção de Aspirina® é tida como o início da indústria
farmacêutica moderna.
A elucidação do mecanismo de ação do AAS veio a ser descoberto somente mais tarde pelo farmacologista britânico John R. Vane (Figura
7), premiado com o Nobel de medicina, em meados de 1970. Vane observou que o AAS inibia a síntese e liberação da prostaglandina (hormônio
responsável pela dor e inflamação) e, dessa maneira, interferia no processo inflamatório e na dor. Os efeitos antipiréticos resultam da inibição da
síntese da prostaglandina no hipotálamo. Atualmente, sabe-se que a aspirina inibe a produção de prostaglandinas através da inibição da enzima
ciclo-oxigenase (COX), responsável pela biossíntese de icosanóides derivados da cascata do ácido araquidônico, fosfolipídeo de membrana celular,
precursor das prostaglandinas. A inibição da ciclooxigenase também resulta numa diminuição da agregação de plaquetas no sangue, prolongando
o sangramento. O AAS também aumenta a vasodilatação e o suor.
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2. Síntese da aspirina
Neste experimento, você irá sintetizar a aspirina (ácido acetilsalicílico), purificá-la, determinar o rendimento da reação e confirmar se o produto
obtido é realmente a aspirina por meio da determinação de seu ponto de fusão.
A reação que será utilizada na síntese é apresentada abaixo (Figura 8). Nesta reação, um excesso de anidrido acético é adicionado para uma
determinada massa de ácido salicílico, na presença de ácido sulfúrico. A mistura é aquecida e a reação resulta na formação de ácido acetilsalicílico
e ácido acético. Depois de finalizada a reação, água é adicionada para promover a decomposição do excesso de anidrido e promover a cristalização
do produto. A aspirina é então coletada, purificada por recristalização e seu ponto de fusão é então determinado. Posteriormente a pureza do produto
pode ser determinada por titulação.
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6) Seque os cristais com o próprio vácuo durante 15 min e, posteriormente, descarte o filtrado em frasco apropriado.
7) Leve o produto para a estufa e deixe secar por um dia a aproximadamente 70 °C.
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8) Após a secagem em estufa, deixe o sistema esfriar em um dessecador e então pese o conjunto cadinho de Gooch + papel de filtro + aspirina para
determinar o rendimento da reação.