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DISCENTE: ITALO MARQUES DUTRA

1. INTRODUÇÃO
1.1. Álcoois

O grupo funcional característico dessa família é o grupo hidroxila (— OH) ligado a um átomo
de carbono hibridizado sp3.

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

O álcool metílico (também chamado metanol) tem a fórmula estrutural CH3OH e é o membro
mais simples de uma família de compostos orgânicos conhecidos como álcoois. Outro exemplo
de um álcool é o álcool etílico, CH3CH2OH (também chamado etanol).

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

Os álcoois podem ser visualizados estruturalmente de duas maneiras: (1) como derivados
hidroxilados dos alcanos e (2) como derivados alquílicos da água. O álcool etílico, por exemplo,
pode ser visto como uma molécula de etano na qual um hidrogênio foi substituído por um grupo
hidroxila, ou como uma molécula de água na qual um hidrogênio foi substituído por um grupo
etila:

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.


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2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Nomenclatura de álcoois

Assim como os haletos de alquila, os álcoois são classificados em três grupos: primários (1º),
secundários (2º) ou terciários (3º). Essa classificação é baseada no grau de substituição do
carbono ao qual o grupo hidroxila está diretamente ligado. Se o carbono tiver apenas um
carbono ligado a ele, será considerado um carbono primário, e o álcool, um álcool primário:

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

Se o átomo de carbono ligado ao grupo hidroxila também tiver outros dois átomos de carbono
ligados a ele, será chamado de carbono secundário, e o álcool, álcool secundário:

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

Se o átomo de carbono ligado ao grupo hidroxila tiver três outros carbonos ligados a ele, será
chamado de terciário, e o álcool, também terciário:

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.


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Quando um grupo hidroxila estiver ligado a um anel benzênico, a combinação do anel e da


hidroxila será chamada de fenol. Fenóis diferem significativamente dos álcoois em termos da
acidez relativa, e, assim, são considerados um grupo funcional distinto.

FONTE: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

Os álcoois também podem ser classificados quanto ao número de hidroxilas: Monoálcool:


(monol), diálcool (diol), triálcool (triol), etc.

A nomenclatura usual é utilizada para álcoois mais simples:

➔ álcool + grupo alquílico + ICO

Ex: CH3OH (álcool metílico); CH3CH2OH (álcool etílico); CH3CH(OH)CH3 (álcool


isoproprílico).

Nomenclatura IUPAC (sistemática)

➔ Prefixo + N° átomos C + ol

a) Cadeia carbônica principal contendo –OH;

b) Posição do grupo –OH na cadeia C (números + baixos) e antes do sufixo OL

FONTE: BRUICE, PAULA YURKANIS.


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2.2. Obtenção de álcoois


2.2.1. Obtenção industrial

O metanol e etanol são os álcoois mais importantes do ponto de vista industrial.

2.2.1.1. Metanol

Houve uma época em que a maior parte do metanol era produzida pela destilação destrutiva da
madeira (isto é, aquecimento da madeira a altas temperaturas na ausência de ar). Foi por causa
desse método de preparação que o metanol passou a ser chamado de “álcool de madeira”. Hoje
em dia, a maior parte do metanol é preparada através da hidrogenação catalítica do monóxido
de carbono. Essa reação ocorre sob alta pressão e a uma temperatura de 300–400 °C:

FONTE: BRUICE, PAULA YURKANIS.

O metanol é altamente tóxico. Sua ingestão, mesmo em pequenas quantidades, pode provocar
a cegueira; grandes quantidades podem provocar a morte. O envenenamento por metanol pode
também ocorrer através da inalação dos vapores ou através da exposição prolongada da pele.

2.2.1.2. Etanol

O etanol pode ser preparado através da fermentação de açúcares e é o álcool de todas as bebidas
alcoólicas. A síntese do etanol na forma de vinho através da fermentação dos açúcares de sucos
de frutas foi, provavelmente, a nossa primeira realização no campo da síntese orgânica. Os
açúcares de uma grande variedade de fontes podem ser utilizados na preparação de bebidas
alcoólicas. Geralmente, esses açúcares são provenientes de grãos e é essa derivação que explica
o etanol ser sinônimo de “álcool dos grãos”. A fermentação é geralmente realizada através da
adição de levedura a uma mistura de açúcares e água. A levedura contém enzimas que
promovem uma longa série de reações que, finalmente, convertem um açúcar simples
(C6H12O6) em etanol e dióxido de carbono:

FONTE: BRUICE, PAULA YURKANIS.


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A fermentação sozinha não produz bebidas com um teor de etanol maior do que 12–15%,
porque as enzimas da levedura são desativadas em concentrações mais altas. Para produzir
bebidas com teor alcoólico mais alto, a solução aquosa deve ser destilada. O etanol é um
importante produto químico industrial. A maior parte do etanol com fins industriais é produzida
através da hidratação do eteno catalisada por ácido:

FONTE: ROSSI, ALEXANDRE.

FONTE: ROSSI, ALEXANDRE.

Cerca de 5% do abastecimento mundial de etanol é produzido dessa maneira. No brasil, é mais


comum a obtenção por destilação fracionada do mosto fermentado, uma operação realizada nas
destilarias, obtêm-se frações de composição diferentes sendo uma delas constituída de uma
mistura de 96% de álcool e 4% de água. Tal mistura chama-se álcool 960 GL (96 graus Gay-
Lussac), o 1000 GL é puro.

2.3. Preparação de álcoois

Os álcoois podem ser preparados através de sete diferentes etapas, descritas a seguir:

2.3.1. Hidrólise básica de haletos de alquila

Nesse processo, as reações podem ocorrer por um mecanismo E1 seguido de SN1, ou por um
mecanismo SN2.

E1/ SN1:

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.


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E1: A obtenção de álcoois por este processo ocorre quando o carbono ligado ao halogênio for
terciário. O mecanismo para a reação de cloreto de terc-butila com água, por exemplo, pode ser
descrito em três etapas. Formam-se dois intermediários distintos. A primeira etapa é a etapa
lenta – a etapa determinante da velocidade. Nela, uma molécula de cloreto de terc-butila ioniza-
se e torna-se o cátion terc-butila e um íon cloreto. No estado de transição para essa etapa, a
ligação carbono–cloro do cloreto de terc-butila é muito quebrada e os íons começam a se
formar: O solvente (água) estabiliza esses íons em formação através da solvatação. A formação
do carbocátion, em geral, ocorre lentamente porque ela normalmente é um processo altamente
endotérmico e ocorre com aumento de energia livre. A primeira etapa requer a quebra
heterolítica da ligação carbono–cloro. Uma vez que nenhuma outra ligação é formada nessa
etapa, ela deve ser altamente endotérmica e deve ter uma energia livre de ativação elevada,
como vemos no diagrama de energia livre. A saída do haleto realmente ocorre devido,
principalmente, à capacidade ionizante do solvente, a água. Os experimentos indicam que em
fase gasosa (ou seja, na ausência de um solvente), a energia livre de ativação é
aproximadamente 630 kJ mol–1! Entretanto, em solução aquosa, a energia livre de ativação é
muito menor – aproximadamente 84 kJ mol–1. As moléculas de água rodeiam e estabilizam o
cátion e o ânion que são produzidos (veja a Seção 2.13D). Na segunda etapa, o intermediário,
o cátion terc-butila, reage rapidamente com a água para produzir um íon terc-butiloxônio,
(CH3)3CO+H2, que, na terceira etapa, transfere rapidamente um próton para uma molécula de
água, produzindo o álcool terc-butílico.

Fonte: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.


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Fonte: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

SN2: Ocorre quando o carbono ligado ao halogênio for primário (ataque por trás).

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.


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2.3.2. Hidrólise ácida de alcenos

Essa reação ocorre em presença de ácido sulfúrico que se dissocia segundo na equação:

Fonte: BRUICE, PAULA YURKANIS.

O H+ faz um ataque eletrófilo à molécula do alceno. Hidrogenossulfato (desprotonação do ácido


sulfúrico) de alquila podem ser facilmente hidrolisados a álcoois por aquecimento com água. O
resultado global da adição de ácido sulfúrico a um alqueno seguida por hidrólise é a adição de
Markovinikov de H e OH.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.


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2.3.3. Redução de aldeídos e cetonas

Os aldeídos e cetonas em presença de hidreto de lítio e alumínio ou hidretos de metais alcalinos


em meio não aquoso, dão origem a álcoois primários ou secundários. Obs: Aldeídos e cetonas
são facilmente reduzidos com boroidretos de sódio (NaBH4), segunda etapa ocorre em H2O.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.3.4. Redução de ácidos e ésteres

A redução de ácidos e de ésteres leva a formação de aldeídos. Se houver hidreto em excesso,


haverá formação dos álcoois correspondentes. Obs: Nucleófilos que se adicionam a compostos
carbonílicos são íons hidreto, a partir de compostos como NaBH4 (Boro Hidreto de Sódio) ou
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LiAIH4 (Hidreto de Lítio e Alumínio).

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.3.5. Aldeídos e cetonas com RMGX

Reagem a temperatura ambiente, em meio aquoso com compostos de Grignard/ H2O formando
álcoois secundários ou terciários. OBSERVAÇÃO: Grupos volumosos ligados ao carbono da
carbonila dificultam a reação.
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Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.3.6. Reação de compostos de grignard/ H2O com epóxidos (óxido de etileno)

O grupo nucleofílico alquila do reagente de Grignard ataca o carbono parcialmente positivo do


anel epóxido. Como ele é altamente tensionado, o anel se abre e a reação leva ao alcóxido do
álcool.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.3.7. Hidrólise de ésteres (ácida e básica)


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Nesse processo obtêm-se álcoois e sais orgânicos (básica) ou álcoois e ácidos orgânicos.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.4. Reações de álcoois

As reações de álcoois estão relacionadas principalmente ao que se segue:

• O átomo de oxigênio do grupo hidroxila é nucleofílico e fracamente básico;

• O átomo de hidrogênio do grupo hidroxila é fracamente ácido;

• O grupo hidroxila pode ser convertido em um grupo de saída, assim como permite as reações
de substituição ou eliminação.

Nosso entendimento das reações de álcoois será auxiliado por um exame inicial da distribuição
eletrônica no grupo funcional álcool e de como essa distribuição afeta a sua reatividade. O
átomo de oxigênio de um álcool polariza tanto a ligação C—O quanto a ligação O—H de um
álcool:
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Fonte: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

2.4.1. Cisão da ligação C-OH


2.4.1.1. Reação com haletos de hidrogênio HX

Os álcoois secundários, terciários, alílico e benzílico parecem reagir através de um mecanismo


que envolve a formação de um carbocátion – uma reação SN1 com o álcool protonado agindo
como o substrato. Ilustraremos de novo esse mecanismo com a reação do álcool terc-butílico
com o ácido clorídrico aquoso (H3O+, Cl–). As duas primeiras etapas nesse mecanismo de
substituição SN1 são as mesmas do mecanismo para a desidratação de um álcool. Na etapa 3,
os mecanismos da desidratação de um álcool e da formação de um haleto de alquila diferem.
Nas reações de desidratação, o carbocátion perde um próton em uma reação E1 para formar um
alqueno. Na formação de um haleto de alquila, o carbocátion reage com um nucleófilo (um íon
haleto) em uma reação SN1.

Fonte: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.


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Mas para os álcoois primários e o metanol reagem formando haletos de alquila em condições
ácidas através de um mecanismo SN2. Nessas reações, a função do ácido é produzir um álcool
protonado. O íon haleto, então, desloca uma molécula de água (um bom grupo de saída) do
carbono; isso produz um haleto de alquila, como mostra a figura :

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.4.1.2. Reação com trihaletos de fósforo PX3

Os álcoois primários e secundários reagem com os trihaletos de fósforo produzindo haletos de


alquila, como mostra o exemplo do tribrometo de fósforo produzindo brometos de alquila:

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

Mecanismo:

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.4.1.3. Desidratação de álcoois

Quando desidratamos os álcoois, normalmente realizamos a reação em ácido sulfúrico


concentrado e a alta temperatura. O hidrogenossulfato (HSO4–) presente após a protonação
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do álcool é um nucleófilo fraco e, a altas temperaturas, o carbocátion, altamente reativo,


forma espécies mais estáveis através da perda de um próton, tornando-se um alqueno. Além
disso, o alqueno é normalmente volátil e destila a partir da mistura reacional assim que é
formado, levando, dessa maneira, o equilíbrio na direção da formação do alqueno. O
resultado líquido é uma reação E1.

Fonte: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.


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Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.4.2. Cisão da ligação CO-H


2.4.2.1. Formação de alcóxidos

Os alcóxidos são compostos onde temos um grupo orgânico R ligado a um átomo de oxigênio
negativamente carregado, e podem ser escritos como RO-.

Esses compostos podem ser formados pela reação de alcoóis com metais alcalinos e alcalinos
terrosos.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

A seguinte reação é um exemplo específico da síntese de Williamson. O alcóxido de sódio pode


ser preparado fazendo um álcool reagir com NaH:
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Fonte: SOLOMONS, T. W. GRAHAM.

Os alcóxidos também podem ser formados pela reação de alcoóis com íons hidreto H- e o íon
amideto NH2-, que deslocam o hidrogênio do grupo OH.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

2.4.2.2. Oxidação de álcoois

É uma reação orgânica em que a função álcool é transformada em funções orgânicas em que o
carbono aumenta o número de oxidação.

Os álcoois primários (R-CH 2-OH) podem ser oxidados a aldeídos (R-CHO) ou ácidos
carboxílicos (R-CO 2 H):

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.


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Enquanto a oxidação de álcoois secundários (R 1 R 2 CH-OH) normalmente forma cetonas (R


1 R 2 C=O ):

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

Álcoois terciários (R 1 R 2 R 3 C-OH) não sofrem oxidação.

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.

Ex:

Fonte: ROSSI, ALEXANDRE.


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3. Conclusões

Os álcoois são assim classificados devido ao grupo funcional característico dessa família, o
grupo hidroxila (— OH) ligado a um átomo de carbono hibridizado sp3. Eles podem ser obtidos
industrialmente através de alguns métodos, mas especificamente e popularmente empregados
pela síntese do metanol e etanol, que são os álcoois mais importantes do ponto de vista
industrial. Também podem ser sintetizados e preparados através de sete diferentes etapas. São
elas: Hidrólise básica de haletos de alquila, Hidrólise ácida de alcenos, Redução de aldeídos e
cetonas, Redução de ácidos e ésteres; Aldeídos e cetonas com RMGX ; Reação de compostos
de grignard/ H2O com epóxidos (óxido de etileno); Hidrólise de ésteres (ácida e básica). As
reações de álcoois estão relacionadas principalmente aos fatos de átomo de oxigênio do grupo
hidroxila é nucleofílico e fracamente básico; o átomo de hidrogênio do grupo hidroxila é
fracamente ácido; e o grupo hidroxila pode ser convertido em um grupo de saída, assim como
permite as reações de substituição ou eliminação. Portanto, nas diversas reações, pode haver
cisão da ligação C-OH, por meio de reação com haletos de hidrogênio HX, e/ou de reação com
trihaletos de fósforo PX3. e/ou desidratação de álcoois. Ou ainda pode haver Cisão da ligação
CO-H, por meio da formação de alcóxidos, ou por oxidação de álcoois.
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4. Referências Bibliográficas

ROSSI, ALEXANDRE. Slides de aula de Química orgânica I. UFTM. Uberaba. 2023.

BRUICE, PAULA YURKANIS. Química orgânica, quarta edição, volume 1 / Paula Yurkanis
Bruice. — São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. Título original: Organic chemistry, fourth
edition. Vários tradutores. ISBN 85-7605-004-8. 1. Química orgânica I. Título.

SOLOMONS, T. W. GRAHAM. Química orgânica: volume 1 / T.W. Graham Solomons, Craig


B. Fryhle, Scott A. Snyder; tradução Edilson Clemente da Silva ... [et al.]. – 12. ed. – [Reimpr.].
– Rio de Janeiro: LTC, 2023. il.; 28 cm. Tradução de: Organic chemistry. Inclui bibliografia e
índice. ISBN 978-85-216-3552-9 1. Química orgânica. I. Fryhle, Craig B. II. Snyder, Scott A.
III. Silva, Edilson Clemente da. IV. Título. 18-50040. CDD: 547. CDU: 547. Leandra Felix da
Cruz – Bibliotecária – CRB-7/6135.

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