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AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS - parte 1

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes

Professora de Bioquímica - PUC-Campinas


Doutora em Bioquímica – UNIFESP
Mestre em Bioquímica – UNICAMP
Bacharel em Terapia Ocupacional – PUC-Campinas

http://lattes.cnpq.br/2458531873910709
celene.bioquímica@gmail.com

Aminoácidos e proteínas - estruturas e propriedades


químicas (parte 1). Videoaula de "Bioquímica“
https://youtu.be/EIWRU2plzF4
AMINOÁCIDOS, PEPTÍDEOS E PROTEÍNAS

Os aminoácidos possuem uma fórmula básica


comum, contendo:

grupo AMINO (-NH2 ou NH3+),

grupo CARBOXILA (-COO- ou COOH),

hidrogênio (H) e

um grupo variável (cadeia lateral ou grupo R)

ligados no mesmo carbono alfa.

Diferem entre si pela estrutura da cadeia lateral

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AMINOÁCIDOS APOLARES – monoamino monocarboxílicos

Glicina = Gly = G
pK1 = 2,34
pK2 = 9,60

Alanina = Ala = A
pK1 = 2,34
pK2 = 9,69

Prolina = Pro = P
pK1 = 1,99
pK2 = 10,96

Valina = Val = V
pK1 = 2,34
pK2 = 9,60

Leucina = Leu = L
pK1 = 2,36
pK2 = 9,60

isoleucina = Ile = I
pK1 = 2,36
pK2 = 9,68

Metionina = Met = M
pK1 = 2,28
pK2 = 9,21
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 3 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
AMINOÁCIDOS AROMÁTICOS – monoamino monocarboxílicos

Fenilalanina = Phe = F
pK1 = 1,83
pK2 = 9,13

Tirosina = Tyr = Y
pK1 = 2,20
pK2 = 9,11
pKr = pK3 = 10,07
Triptofano = Trp = W
pK1 = 2,38
pK2 = 9,39

Fenilalanina e triptofano = pertencem ao grupo dos aminoácidos


com cadeias laterais apolares

Tirosina = pertence ao grupo com cadeias laterais polares sem


cargas

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 4 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
AMINOÁCIDOS POLARES COM GRUPO R SEM CARGAS
– monoamino monocarboxílicos

Serina = Ser = S
pK1 = 2,21
pK2 = 9,15

Treonina = Thr = T
pK1 = 2,11
pK2 = 9,62

Cisteína = Cys = C
pK1 = 1,96
pK2 = 10,28
pKr = pK3 = 8,18

Asparagina = Asn = N
pK1 = 2,02
pK2 = 8,80

Glutamina = Gln = Q
pK1 = 2,17
pK2 = 9,13

Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.


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Ligação dissulfeto resultante da oxidação de duas moléculas de aminoácido cisteína.

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AMINOÁCIDOS POLARES COM GRUPO R COM CARGA POSITIVA
– diamino monocarboxílicos

Lisina = Lys = K
pK1 = 2,18
pK2 = 8,95
pKr = pK3 = 10,53

Arginina = Arg = R
pK1 = 2,17
pK2 = 9,04
pKr = pK3 = 12,48

Histidina = His = H
pK1 = 1,82
pK2 = 9,17
pKr = pK3 = 6,00

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 7 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
AMINOÁCIDOS POLARES COM GRUPO R COM CARGA NEGATIVA
– monoamino dicarboxílicos

Aspartato = Asp = D
Ácido aspártico
pK1 = 1,88
pK2 = 9,60
pKr = pK3 = 3,65

Glutamato = Glu = E
Ácido glutâmico
pK1 = 2,19
pK2 = 9,67
pKr = pK3 = 4,25

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 8 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
Estereoisômeros do aminoácido alanina – L-alanina e D-alanina

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AMINOÁCIDOS INCOMUNS
DERIVADOS DE AMINOÁCIDOS COMUNS PROTEICOS

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AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS
Não sintetizados pelo nosso organismo e devem ser
obtidos através da dieta alimentar

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Aminoácidos essenciais (Indicados com sinal +)

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 12 Referência: Bacila, 1980


Qualidade relativa das proteínas dos alimentos – relação com
aminoácidos essenciais

FONTE PERFIL PERFIL g proteína/


ALIMENTAR QUÍMICO BIOLÓGICO 100g do alimento
Leite humano 100 95
Carne bovina 98 93 21
Ovo total 100 87 13
Leite de vaca 95 81 34
Milho 49 36 6
Arroz polido 67 63 7

Perfil químico = proporção de aminoácidos essenciais presentes na constituição


do alimento
Perfil biológico = possibilidade dos aminoácidos essenciais serem absorvidos
Valores considerando o homem
* Valores aproximados
** valores aminoácidos essenciais recomendados pela WHO para adultos =
12,7g/100g proteínas

Soja (grão) – 40% de proteínas


40g de aminoácidos essenciais / 100g de proteína
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 13 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
QUALIDADE RELATIVA DAS PROTEÍNAS DOS ALIMENTOS –
relação com aminoácidos essenciais

Soja (grão) – 40 g/ 100g = 40 g de proteína em 100 g de soja


40 g de aminoácidos essenciais / 100 g de proteína

Proteína texturizada de soja – 53,28 g/100 g – digestibilidade 86,41 %


Farinha de soja – 41,85 g/100 g – digestibilidade 71,76 %.

g de aminoácidos essenciais por 100 g de alimentos


Alimento Triptofano Treonina Isoleucina Leucina Lisina Metionina Fenilalanina Valina Histidina
Alface 0,00 0,03 0,03 0,06 0,05 0,01 0,04 0,04 0,02
Banana 0,00 0,01 0,02 0,04 0,00 0,00 0,01 0,03 0,03
Queijo prato 0,48 1,01 1,21 2,19 1,94 0,82 1,13 1,47 0,84
Quibe cru 0,02 0,35 0,40 0,78 0,93 0,23 0,46 0,48 0,50

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 14 Referência: Pires, 2006. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, 2011.
PROTEÍNAS ENDÓGENAS COMO
FONTE DE AMINOÁCIDOS

A síntese e degradação contínua de proteínas


(“turnover”) propicia a liberação de aminoácidos
nas células, que podem ser utilizados, quando
necessários, para a síntese de novas proteínas
ou outras espécies de compostos nitrogenados.

Constante processo de degradação e síntese


Renovação de 400 g de proteína/dia
Eliminação de 100 g N/dia
Proteína Meia vida (horas)
Tirosina aminotransferase 2
Serina desidrogenase 4
Aldolase 118
Citocromo B 130
Desidrogenase lática 130

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 15 Referência: Smith, Marks, Lieberman, 2007. Bröer, S., Bröer, A., 2017.
BIOSSÍNTESE DE NEUROTRANSMISSORES
Exemplificando a necessidade dos aminoácidos

NEUROTRANSMISSORES AMINOÁCIDOS PRECURSORES


Dopamina (estimulante) Tirosina
Noradrenalina (estimulante) Tirosina
Adrenalina (“stress”) Tirosina e metionina*
Serotonina (sono, humor) Triptofano*
Encefalina (analgesia, euforia) YGGF*L* ou YGGF*M*
Endorfina (euforia, bem estar) YGGF*M*T*SEEK*SQT*PL*V*T*L*
F*K*NAI*I*K*NAYK*K*GE

Glicina (G), Alanina (A), Valina (V*), leucina (L*), isoleucina (I*), prolina (P), serina
(S), treonina (T*), cisteína ©, Metionina (M*), asparagina (N), glutamina (Q),
fenilalanina (F*), tirosina (Y), triptofano (W*), lisina (K*), arginina (R*), histidina (H*),
Ácido aspártico (D), ácido glutâmico (E)
* Caracteriza aminoácido essencial para o homem

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 15 Referência: Nelson e Cox, 2011; Kandel et al., 2014.
Comparação da composição de aminoácidos de 2 proteínas
Exemplificando a necessidade dos aminoácidos

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 16 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
Caráter ácido básico dos aminoácidos

pH < pI pH = pI pH > pI

Os aminoácidos podem atuar como ácido (doador de H+) ou como base (aceptor de H+)

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 17 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
Titulação do aminoácidos Glicina (monoamino e monocarboxílico)

Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.


Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 18
Titulação do aminoácidos Histidina – diamino e monocarboxílico

Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.


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Eletroforese – separação de compostos iônicos em um campo elétrico

pHc = pH da solução da cuba


de eletroforese

pHc = pI carga nula


pHc > pI carga negativa
migra para polo positivo
pHc < pI carga positiva
migra para polo negativo

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Sistemas de eletroforese

Suportes: papel-filtro, sílica gel,


membranas de acetato de celulose
e géis de agarose, de amido ou de
poliacrilamida.

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Eletroforese em gel de poliacrilamida

Purificação da proteína RecA de Escherichia coli

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 22 Referência: Nelson e Cox, 2011; 2013.
Eletroforese de Hemoglobinas

Eletroforese horizontal em gel de acetato


de celulose e pH 9,0

Referência: Champe, Harvey, Ferrier, 2009. Naum et al., 2016.


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HEMOGLOBINAS – DIFERENÇA QUÍMICA DA HbA e HbS

Hemoglobinas variantes – apresentam estrutura química diferente das


hemoglobinas normais (A, A2 e fetal), decorrentes de modificações nos genes
responsáveis pelo sequenciamento e estrutura de cada tipo de polipeptídeo de globina

hemoglobina S – substituição do aminoácido ácido glutâmico (Glu) por valina (Val) na posição
número 6 da cadeia polipeptídica da globina beta por meio de um processo conhecido por
mutação. Essa anormalidade se deve a uma troca da base nitrogenada adenina (A) pela timina
(T).
Esta troca de aminoácidos é que modifica a velocidade da migração das hemoglobinas na
eletroforese
Referência: Champe, Harvey, Ferrier, 2009. Naum et al., 2016.
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Eletroforese de Proteínas do soro sanguíneo

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 25 Referência: Bottini, 2007.


Eletroforese das proteínas do leite de vaca

BSA = albumina serica bovina


BLG = beta-lactaglobulinas
ALA = alfa-lactoalbumina

Referência:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Eletroforese_das_prote%C3%ADnas
_do_leite_de_vaca_em_gel_de_gradiente_de_poliacrilamida..jpg
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 26
Eletroforese da enzima fosfatase ácida de sementes de aveia preta
Análise do efeito de agrotóxicos

1 – sem fungicida
2 – com fungicidas carbendazin + Thiran
3 – com fungicidas carboxin + Thiram
4 – com Trichoderma spp
Referência: Henning, et al., 2009.
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 27
Eletroforese de proteínas de feijão

FIGURA 1. Eletroforese das frações protéicas dos grãos de feijão comum, controle e
armazenados a 41°C e 75% de Umidade Relativa
(1 = padrão de peso molecular; 2 = feijão controle; 3= feijão armazenado por 30 dias).

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 28 Referência: Ribeiro, Prudencio-Ferreira, Miyagui, 2005.
Cromatografia em camada delgada

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Cromatografia em coluna

- Troca iônica
- Exclusão molecular
- Afinidade

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REFERÊNCIAS:
Bacila, M. Bioquímica veterinária. 2. ed., São Paulo: Robe, (1980), 2003.
Berg, J. M., Tymoczko, J. L., Stryer, L. bioquímica. 7. Ed., Porto Alegre: AMGH, 2014. 1184 p.
Bottini, P. V. Testes laboratoriais para avaliação do componente monoclonal. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. v.29, n.1, 2007.
Campbell, M. K., Farrell, S. O. Bioquímica. 5. Ed., São Paulo: Thomson Learning, 2007.
Bröer, S., Bröer, A. Amino acid homeostasis and signalling in mammalian cells and organisms. Biochemical Journal, v. 474, p. 1935–1963, 2017.
Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R. Bioquímica Ilustrada. 4. ed., Porto Alegre: Artmed, 2009.
Eletroforese do líquor – Disponível em: https://esclerosemultipla.wordpress.com/2006/03/28/imagens-sobre-esclerose-multipla/ acesso em
08/03/2017
Follmer, C., et.al. Canatoxin, a toxic protein from jack beans (Canavalia ensiforms), is a variant form of urease (EC 3.5.1.5): biological effects of
urease independentg of its ureolytic activity. Biochemical Journal, v.360, n.1, p. 217-224, 2001.
Hemoglobinopatias. Disponível em http://hemoglobinopatias.com.br, acesso em nov 2016.
Henning, F.A. et al. Qualidade fisiológica, sanitária e análise de isoenzimas de sementes de aveia-preta tratadas com diferentes fungicidas. Rev.
bras. Sementes. V.31, n.3, 2009.
Kandel, E.R. et al. Princípios de Neurociências. 5. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
Marzzoco, A., Torres, B. B. Bioquímica Básica. 4. Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 392 p.
Nelson, D. L., Cox, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 5. ed., Porto Alegre: Artmed, 2011. 1274 p.
Pires, CV et al. Qualidade nutricional e escore químico de aminoácidos de diferentes fontes proteicas. Ciênc.Tecnol.Aliment., 26(1):179-187, 2006
Ribeiro, H.J.S.S., Prudencio-Ferreira, S.H., Miyagui, D.T. Propriedades físicas e químicas de feijão comum preto, cultivar Iapar 44, após
envelhecimento acelerado. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.25, n.1, pp. 165-169, 2005.
Roskoski Jr., R. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 513 p.
Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M. Bioquímica Médica Básica de Marks. 2. ed., Porto Alegre: Artmed, 2007. 992 p.
Stryer, L. Bioqchemistry. 3. Ed., New York: W.H.Freeman and Company, 1988. 1089 p.
Tabela Brasileira de Composição de Alimentos / NEPA – UNICAMP.- 4. ed. rev. e ampl.. -- Campinas: NEPA- UNICAMP, 2011
Voet, D., Voet, J. G., Pratt, C. W. Fundamentos de Bioquímica. 4. ed., Porto Alegre: Artmed, (2008) 2014. 1168 p
Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M. Bioquímica Médica Básica de Marks. 2. ed., Porto Alegre: Artmed, 2007. 992 p

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