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Comunicação Não Violenta: o que é, benefícios e como praticar

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Já ouviu falar em comunicação não violenta?

Como o próprio nome sugere, a CNV propõe uma nova forma de expressar nossos desejos e
necessidades, optando por um caminho conciliador e pacífico.

Essa linha de pensamento tem apoio em pesquisas e experiências de seu idealizador, o


psicólogo Marshall Rosenberg, que vivenciou os benefícios de investir em uma comunicação
mais empática.

Posto em prática na década de 1960, o trabalho do pesquisador ganhou relevância ao tornar


escolas americanas receptivas a brancos e negros, ajudando a combater o preconceito
devido à cor da pele.

Anos mais tarde, a comunicação não violenta rompeu fronteiras e chegou a diversos países,
o que transformou sua visão sobre a educação, segurança, gestão pública e empresarial,
levando até mesmo humanização a tratamentos de saúde.

Quer saber mais sobre a CNV? Então, você veio ao lugar certo.

Continue lendo este artigo para conferir sua origem, finalidade, benefícios e dicas para
colocar essa abordagem em prática.

Se preferir, navegue pelos seguintes tópicos:

O que é a comunicação não violenta?


Qual a origem da CNV?
Para que serve a comunicação não violenta?
Quais os benefícios da comunicação não violenta?

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Comunicação Não Violenta: o que é, benefícios e como praticar

Quatro pilares da comunicação não violenta


Como colocar em prática a comunicação não violenta?
Exemplo de aplicação da CNV
9 dicas para exercitar a CNV

Boa leitura!

A comunicação não violenta visa criar um ambiente de maior diálogo e abertura

O que é a comunicação não violenta?


Comunicação não violenta é um modo de se expressar que prioriza o fortalecimento de
laços e a continuidade de bons relacionamentos.

A CNV acredita que toda forma de comunicação humana tem por objetivo demonstrar
necessidades universais.

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Ou seja, que existe uma reivindicação por trás de cada mensagem que emitimos, mesmo
que esteja encoberta por gritos, ofensas, julgamentos e agressões verbais ou físicas.

Em geral, essa violência é resultado de imposições da cultura dominante, que gera


ambientes com grande pressão pelo poder e competitividade.

Diante desse cenário, o mais comum é que as pessoas reajam de um jeito negativo, tentando
se defender e mascarar suas falhas.

Conforme explica Marshall Rosenberg, a comunicação não agressiva:

Começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que
estratégias violentas – se verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e
apoiadas pela cultura dominante.

Isso significa que, em um ambiente leve e acolhedor, a tendência é que todos se expressem
de maneira positiva, com maior abertura ao diálogo e compreensão quanto às opiniões
divergentes.

Assim, podemos dizer que a CNV se concentra não apenas no conteúdo da mensagem, mas
também no modo como ela é transmitida.

Uma de suas bases é a aceitação da vulnerabilidade, pois essa é uma das principais
ferramentas para criar empatia.

Imagine, por exemplo, que um coordenador de departamento precisa pedir que um analista
faça um relatório.

Ele, então, se dirige até a mesa do subordinado para explicar do que se trata e estabelecer
um prazo para entrega.

Porém, o analista recebe uma notificação no celular enquanto está conversando com o
coordenador, e resolve verificar do que se trata.

Extremamente incomodado com a postura do colega, o líder reclama, dizendo algo como:
“Você nunca presta atenção no que eu falo! Estou cansado disso”.

Ao que o analista rebate: “E você só sabe gritar com toda a equipe!”.

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Pronto, esse é o início de um conflito que poderia ser evitado.

Claro que a postura do analista não foi muito profissional, mas seu superior poderia ter se
expressado de um jeito diferente.

Talvez dizendo algo como: “Por favor, preste atenção. Quando você fica olhando o celular,
sinto que não se importa com o que estou dizendo”.

Provavelmente, o retorno do analista seria mais brando, como uma explicação sobre por
que ele estava de olho no celular.

A comunicação não violenta pensa na inclusão das pessoas

Qual a origem da CNV?


O termo “comunicação não violenta” foi criado pelo psicólogo Marshall Rosenberg por
volta dos anos 1960.

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Na época, a cultura da segregação racial ainda era bastante difundida nos Estados Unidos,
mas algumas escolas se propuseram a mudar essa realidade.

No entanto, era necessário adotar uma postura pacífica para melhorar a convivência e
promover a integração entre negros e brancos, e foi pensando nisso que Rosenberg
desenvolveu a CNV.

Reforçando a capacidade de ouvir sem julgar a outra pessoa, a teoria teve grande
importância na mediação de conflitos entre professores, alunos, funcionários e a
comunidade no entorno das escolas.

Graças às novas técnicas, cada indivíduo pode encontrar pontos em comum e se colocar no
lugar do outro, entendendo melhor suas necessidades, reações e comportamento.

Mas os estudos que culminaram na criação da comunicação não violenta começaram bem
mais cedo.

De acordo com registros, Rosenberg enfrentou episódios violentos desde a infância, o que
sustentou seu interesse pelas causas das atitudes agressivas.

Quando chegou à faculdade, sua curiosidade cresceu e o levou a cursar Psicologia e, em


seguida, abrir uma clínica na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, onde ele teve
sucesso por alguns anos.

Porém, ele não se sentia motivado pelos ganhos financeiros e acabou abandonando a clínica.

Chegou a ser motorista de táxi, empregando o tempo livre para idealizar maneiras efetivas
para a promoção de atributos pacíficos durante a expressão e transmissão de mensagens.

Na década de 1950, voltou a estudar e, em 1961, conquistou um PhD em Psicologia


Clínica pela Universidade de Wisconsin.

Além do título, o pesquisador encontrou ali um mentor – o psicólogo Carl Rogers -, que
fortaleceu os estudos que resultariam na CNV.

Por fim, sua dedicação à mediação de conflitos nas escolas americanas foi o impulso que
faltava para transformar seu projeto em algo tangível e que pode ser ensinado a qualquer
pessoa.

Ao longo das décadas seguintes, a comunicação não violenta foi amplamente divulgada,

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tanto por Rosenberg quanto por colegas que acreditaram na ideia.

Esse trabalho motivou a fundação do Centro para a Comunicação Não-Violenta (CNVC),


no qual o pesquisador atuava como diretor de Atividades Educacionais.

O conceito cativou autoridades, gestores, policiais, educadores, psicólogos, médicos e


outros profissionais, impactando mais de 60 países.

Em 2006, a metodologia CNV foi eternizada no livro “Comunicação não-violenta: técnicas


para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais“, escrito por seu criador.

A comunicação não violenta pode ser de imensa ajuda no mundo corporativo

Para que serve a comunicação não violenta?


A CNV tem uma série de finalidades e aplicações, bastando que seja adaptada ao
contexto.

A seguir, listamos as principais:

Resolução pacífica de conflitos

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Mediação de conflitos
Promoção da empatia
Construção de ambientes acolhedores
Abertura ao diálogo
Redução de agressões físicas e verbais
Manutenção de relacionamentos saudáveis
Gestão otimizada de equipes
Fortalecimento de uma cultura de parceria e trabalho em equipe
Humanização no atendimento por profissionais de saúde e outras áreas
Auxílio em tratamentos de recuperação após traumas e dependência.

Quais os benefícios da comunicação não violenta?


Por incentivar uma postura empática, a CNV é uma ferramenta certeira para fortalecer
vínculos humanos.

Afinal, o exercício da empatia nos permite enxergar o mundo a partir da perspectiva da


outra pessoa e entender possíveis razões para suas atitudes.

Também ajuda a perceber o impacto das nossas ações nas pessoas que nos cercam e, muitas
vezes, têm reações defensivas se pensarem que estão sendo acusadas ou cobradas.

Essas reações costumam ser bastante influenciadas pelas emoções, e não por um raciocínio
lógico, o que aumenta sua intensidade.

Raiva, mágoa e medo são algumas das emoções capazes de provocar atitudes drásticas
quando não compreendidas, filtradas e redirecionadas.

A CNV auxilia nesse exercício de entendimento quanto às emoções, produzindo reflexões


e reações mais tranquilas.

Quando adotada dentro de uma equipe em uma empresa, por exemplo, a comunicação não
violenta favorece a manifestação de todos os colaboradores e lideranças, pois cria um
ambiente acolhedor.

Isso não significa que não haverá debates ou discussões, e, sim, que será mais fácil chegar
a um consenso.

Nas instituições de ensino, a CNV auxilia na formação de crianças e jovens de diferentes

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idades e origens, reforçando noções de cidadania, comunicação e convivência pacífica.

Autoridades e programas implementados em nações como Israel, Itália, Dinamarca, EUA,


Inglaterra, Alemanha e Sérvia, utilizam as técnicas de comunicação não violenta para
prevenir episódios de agressividade.

No Brasil, a metodologia deu base para a criação de círculos de resolução de conflitos em


20 escolas da região metropolitana de São Paulo, fortalecendo uma cultura de paz e
responsabilidade.

A comunicação não violenta não evita discussões, mas ajuda a criar uma cultura de respeito
e empatia

Quatro pilares da comunicação não violenta


Na obra “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e
profissionais”, Marshall Rosenberg estabelece quatro pilares para sua técnica.

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Veja, abaixo, detalhes sobre cada um.

Pilar da consciência

Qualquer mudança interna exige autoconhecimento, concorda?

Portanto, antes de aplicar a comunicação não violenta, é preciso olhar para si mesmo sem
julgamentos e identificar suas forças e fraquezas.

Ou seja, avaliar como tem sido nossa comunicação conosco e com os demais, tendo como
guias a colaboração, compaixão, autenticidade e coragem.

Pilar da linguagem

A linguagem – seja ela verbal ou não verbal – tem o poder de unir ou afastar as pessoas,
de gerar e solucionar conflitos.

Entender essa máxima é essencial para praticar a CNV, pois a linguagem está no cerne de
qualquer tipo de comunicação, viabilizando a transmissão de uma mensagem e a troca de
informações.

Daí a importância de pensar não só antes de agir, mas também antes de falar.

Procure avaliar o efeito das suas palavras sobre os ouvintes.

Pilar da comunicação

Depois de assimilar os possíveis impactos da linguagem, é necessário saber como pedir e


como ouvir.

Vale começar nos perguntando se estamos, de fato, ouvindo, ou apenas esperando a nossa
vez de falar e tentar convencer os demais de que nosso ponto de vista é o correto.

Tenha em mente que opiniões distintas são comuns e que não precisam se tornar pretexto
para um conflito.

Você não precisa concordar com todos e nem todos precisam concordar com você.

Se todos respeitarem a opinião alheia, já estarão na metade do caminho para encontrar


uma solução eficiente.

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Pilar da influência

Essa última etapa tem a ver com aceitar que nem tudo está sob o nosso controle, e
dividir o poder com quem está ao nosso redor.

Se pararmos para pensar, veremos que muitos conflitos não terminam porque os envolvidos
querem os meios de influência somente para si, querem dominar os demais.

Quando aprendem a partilhar esse controle, cada um pode assumir sua responsabilidade e,
junto aos demais, construir uma solução viável.

Evitar julgamentos apressados é uma excelente forma de exercer a comunicação não


violenta

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Como colocar em prática a comunicação não violenta?


Como explicamos, colocar a CNV em prática pede um exercício constante de
autoconhecimento, empatia, compaixão e coragem.

Uma das melhores formas de começar é reconhecer os julgamentos para, então, separá-
los da realidade e dos fatos.

Isso porque, ao julgar, aplicamos preconceitos à maneira como enxergamos as pessoas e


tiramos conclusões precipitadas que bloqueiam nossa percepção e empatia.

Para explicar melhor, recorde o último episódio em que você viu alguém pela primeira vez.

O lugar, horário, postura, roupas e até as características desse indivíduo provavelmente


influenciaram sua opinião sobre ele.

Se estava vestindo calça jeans e tênis em uma reunião de trabalho, você pode ter ficado com
a impressão de que é uma pessoa desleixada, mas há uma série de outras possibilidades
para isso.

Será que ele trabalha em uma empresa na qual pode se vestir de forma casual? Precisou ir
para a reunião na última hora e não estava preparado? Não foi avisado previamente sobre o
encontro?

Levantar essas questões ajuda a identificar e deixar de lado os julgamentos, nos


aproximando de quem nos cerca.

Aprender a reconhecer e trabalhar as emoções desconfortáveis também é uma boa


pedida, já que, quando guardadas, elas tendem a crescer e criar visões distorcidas sobre
nossas lembranças.

Ao direcionar as emoções a alguma atividade construtiva, ganhamos confiança para mostrar


as fraquezas, contando quais necessidades não estão sendo atendidas.

Desse modo, o outro pode revelar as necessidades dele e, junto a nós, apresentar respostas
para um conflito.

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Comunicação Não Violenta: o que é, benefícios e como praticar

A comunicação não violenta pode ajudar desde relações familiares e pessoais até discussões
mais sérias e contenciosas

Exemplo de aplicação da CNV


Em entrevista, Marshall Rosenberg contou um exemplo real em que aplicou a metodologia
com sucesso na mediação de conflitos.

O psicólogo foi chamado para tentar a conciliação entre uma tribo cristã e uma
muçulmana, ambas envolvidas numa disputa violenta por territórios e mercados na Nigéria.

A situação era grave, pois um quarto dos 400 integrantes daquela comunidade haviam sido
mortos por causa do confronto.

Para piorar, três indivíduos presentes na reunião sabiam que estavam diante do
assassino de seus filhos.

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Comunicação Não Violenta: o que é, benefícios e como praticar

Chegando ao local, Rosenberg perguntou aos dois líderes das tribos:

“Quais são suas necessidades nesta situação e o que vocês querem dos integrantes do outro
grupo?”

Um dos chefes respondeu: “Vocês são assassinos”.

E o segundo retrucou: “Vocês estão tentando nos dominar e nós não vamos mais tolerar
isso”.

Diante do ambiente tenso, o psicólogo se dedicou a identificar as necessidades por trás


daqueles ataques, e disse ao primeiro líder:

“Você está querendo dizer que sente raiva porque tem necessidade de segurança e que para
consegui-la, preferiria que os conflitos fossem resolvidos por meios não violentos?”

E o primeiro chefe disse que sim, era isso o que ele estava tentando expressar, entretanto,
havia falado de forma equivocada e agressiva.

O segundo líder, então, o questionou, aos gritos, sobre a razão por que ele havia matado seu
filho.

E Marshall Rosenberg explicou que aquele problema seria abordado em breve, mas que
agora era o momento de expressar sentimentos e necessidades.

Então, o pesquisador perguntou:

Chefe, ouvi seu adversário dizer que sente raiva, muita raiva porque tem
necessidade de que os conflitos sejam resolvidos por meios outros que não a
violência, em nome da segurança de todos. Dá para você confirmar que ouviu
estas palavras, de modo que eu fique seguro de que está havendo comunicação
entre nós?

Mas aquele líder precisou ser questionado mais duas vezes para que começasse a ouvir o
que a outra tribo precisava.

Assim, com a mediação, foram, aos poucos, trocando as agressões por uma conversa para
solucionar o conflito.

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Comunicação Não Violenta: o que é, benefícios e como praticar

De repente, um dos chefes que havia permanecido calado se levantou e falou: “Se
soubermos nos comunicar da forma que você está nos ajudando a fazer, não precisaríamos
nos matar”.

Como sempre a prática ajuda a alcançar a perfeição: exercite a comunicação não violenta

9 Dicas para exercitar a CNV


Agora que já conhece os pilares e as vantagens de adotar a comunicação não violenta, cabe
dizer que ela precisa ser exercitada.

Quanto mais você praticar, mais simples se torna a técnica, e menos conflitos e agressões
serão provocados.

Pensando nisso, trazemos dicas para praticar a CNV no seu dia a dia.

Confira:

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Comunicação Não Violenta: o que é, benefícios e como praticar

1. Procure se comunicar sem prejulgamentos sobre o que é “certo” ou “errado”


2. Não se compare, nem compare os demais a outras pessoas
3. Abandone o tom acusatório, pois ele causa reações defensivas
4. Explique suas necessidades com clareza
5. Questione internamente os rótulos colocados sobre você e quem te cerca
6. Durante um conflito ou mediação de conflito, busque pelos pontos em comum que você
tem com as outras pessoas. A solução começa por eles
7. Sempre que possível, se coloque no lugar do outro
8. Expresse seus pontos vulneráveis caso se sinta confortável. Eles vão te aproximar das
pessoas, já que todas têm suas vulnerabilidades
9. Antes de responder a uma ofensa ou ataque, pense com calma e exercite sua empatia.
Não responda no mesmo tom.

Conclusão
Gostou de se aprofundar na comunicação não violenta?

Seguindo os conselhos de Marshall Rosenberg e nossas dicas, você está pronto para iniciar
o exercício da CNV, com ganhos pessoais e profissionais.

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