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CURSO DE LICENCIATURA EM

GESTÃO AMBIENTAL

Manual de Ecologia

2022
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED(UnISCED), e contêm reservados


todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónico, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Aberta ISCED
(UnISCED)).

A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos


judiciais em vigor no País.

Universidade Aberta ISCED(UnISCED)


Vice-reitoria academica
Rua Couceiro. Macuti
Beira - Moçambique
Telefone: 23323501
E-mail: isced.edu.mz
Agradecimentos

Universidade Aberta ISCED(UnISCED) − Coordenação do Programa das Licenciaturas


agradecem os autores deste manual agradecem a colaboração dos seguintes individuos:

Pela coordenação Direcção Académica


Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação da
UnISCED
Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção e Educação a
Distância (IAPED),
Revisão Final Dr. Celso Cruz

Elaborado Por:
Dr. Inácio Manuel Muthetho – Licenciado Engenharia Agronómica pela UEM.
Visão geral 1
Bem-vindo ao Módulo de Ecologia .................................................................................. 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 4
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8
Avaliação ........................................................................................................................... 8

TEMA – I: CONCEITOS E ORIGEM DA ECOLOGIA 11


UNIDADE Temática 1.1. Conceitos aplicados em Ecologia. ............................................ 11
UNIDADE Temática 1.2. Origens e o desenvolvimento da ecologia. .............................. 19
UNIDADE Temática 1.3. Princípios metodológicos e abordagens de estudo em Ecologia.27
UNIDADE Temática 1.4. Aplicação da ecologia .............................................................. 35

TEMA – II: ECOSSISTEMA 39


UNIDADE Temática 2.1. Conceitos e classificação dos ecossistemas naturais (Mundiais
e de Moçambique) .......................................................................................................... 39
UNIDADE Temática 2.2. Ecossistemas Artificiais ............................................................ 64
UNIDADE Temática 2.3. Ecossistemas Degradados ........................................................ 67

TEMA – III: PRODUÇÃO E FLUXO DE ENERGIA 73


UNIDADE Temática 3.1. Introdução (Conceitos e generalidades) .................................. 73
UNIDADE Temática 3.2. Estrutura trófica ....................................................................... 77
UNIDADE Temática 3.3. Ruptura de cadeia alimentar, Bioacumulação nas cadeias
alimentares e Espécie Chave .......................................................................................... 80

TEMA – IV: CICLOS BIOGEOQUÍMICOS. 84


UNIDADE Temática 4.1. Introdução (Generalidades) ..................................................... 84
UNIDADE Temática 4.2. Principais Cíclos Biogeoquímicos ............................................. 85
UNIDADE Temática 4.3. Cíclo de Nutrientes e Aplicação Ambiental ............................. 95

TEMA – V: SUCESSÃO ECOLÓGICA 108


UNIDADE Temática 5.1. Conceitos e Generalidades. ................................................... 108
UNIDADE Temática 5.2. Tipos de Sucessão .................................................................. 109
UNIDADE Temática 5.3. Mecanismos da Sucessão e Aplicação Ambiental ................. 110

TEMA – VI: RECURSOS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVAVEIS (Conceitos e Generalidades) 113


Visão geral

Bem-vindo ao Módulo de Ecologia

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Ecologia, o estudante


deverás ser capaz de:

• Propiciar o entendimento sobre a organização da biosfera


ao nível de ecossistemas.

• Capacitar os alunos para compreender aspectos


relacionados à estrutura e dinâmica dos ecossistemas.

• Oferecer bases para a compreensão e interpretação das


consequências da ação humana sobre os ecossistemas.
Objectivos
• Proporcionar embasamento teórico com relação à
aspectos aplicados como manejo e conservação de
ecossistemas.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano de todos os


curso de licenciatura em Gestão Ambiental da UnISCED. Poderá
ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e
consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-
vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá
adquirir o manual.
Como está estruturado este módulo

Este módulo de Ecologia, para estudantes do 1º ano dos cursos de


licenciatura Gestão Ambiental da UnISCED, está estruturado como
se segue:

Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.

▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,


resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.

Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em quatro Temas. Cada tema, por


sua vez comporta certo número de unidades temáticas
visualizadas por um sumário. Cada unidade temática se caracteriza
por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de
cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados
antes exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os
de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes
características: Puros exercícios teóricos, Problemas não
resolvidos e actividades práticas algumas, incluido estudo de
casos.
Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED pensando em


si, num cantinho, mesmo recôndito deste nosso vasto
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos
adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal a UnISCED
disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material
de estudos relacionado com o seu curso como: livros e/ou
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou
electrónico disponível nas bibliotecas física e virtual, pode ter
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

Auto - avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas caracteristicas:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.

Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação


mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
pedagógica, etc. Sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes icones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos
estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).


3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existir.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em
cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os
conteúdos de cada tema, no módulo.

DICA IMPORTANTE: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos
das actividades obrigatórias.
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual
obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana. Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;
Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.

Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo) é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.

As sessões presenciais/virtuais são um momento em que você,


caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com
staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central da
UnISCED indigitada para acompanhar as suas sessões
presenciais/virtuais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar
assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos a distância, é de muita importância, na
medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira
ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas.
Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e
unidade temática, no módulo.
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais/virtuais seguintes.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.

Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os


mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma


transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um
autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja
uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento da de
avaliação.

Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e


aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.

Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e


decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da


cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)


trabalhos e 1 (um) (exame).

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de


Avaliação.
UnISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – I: CONCEITOS E ORIGEM DA ECOLOGIA

UNIDADE Temática 1.1. Conceitos aplicados em Ecologia.


UNIDADE Temática 1.2. Origens e Desenvolvimento da Ecologia.
UNIDADE Temática 1.3. Princípios metodológicos e abordagens de
estudo da Ecologia.
UNIDADE Temática 1.4. Aplicação da Ecologia.

UNIDADE Temática 1.1. Conceitos aplicados em Ecologia.

Definição

O termo “ECOLOGIA” provém das palavras gregas oikos que significa


“casa” e logos que siginica estudo, ciência. Olhando para a origem da
palavra, é comum dizer-se que a ecologia é o estudo “da casa onde
vivem os organismos”.

O termo ecologia foi utilizado pela primeira vez em 1869 por Ernest
Heackel . Haeckel, considerou a ecologia como sendo o estudo
científico das interacções entre os organismos e o seu ambiente
(Begon et al, 1996).

É comum definir-se a ecologia como sendo a “ciência que estuda as


relações entre os organismos vivos e o meio ambiente”
(Odum,1997)ou o “estudo das interacções entre os organismos e o seu
ambiente” (Krohne, 2001).

Tjallingii (1986) define a ecologia como sendo “o estudo das relações


entre os organismos e entre eles e o meu ambiente”.

As definções acima apresentadas implicam a compreensão de


organismo e de ambiente. A definição de organismo é dada na
sesecção 3.1.1 e o ambiente de um organismo compreende todos os
factores e fenómenos externos ao organismo e que exercem
influências sobre o mesmo. Os factores e fenómenos do ambiente que
UnISCED Disciplina: Ecologia

podem influenciar o organismo podem ser físicos ou químicos


(factores abióticos) bem como o conjunto de interacções que esse
organismo estabelece com outros organismos (factores bióticos)
(Begon et al, 1996).

A resposta à pergunta que a seguir é colocada, ajuda a compreender


definições acima apresentadas. Que factores do anbiente podem
exercer influência sobre um peixe (organismo) no seu habitat?

Os factores abióticos (não vivos) que interagem com o peixe podem


ser as correntes do mar, a salinidade, a temperatura da água e
substâncias químicas diversas que são lançadas ao mar através das
diversas actividades humanas.

O mar está em constante circulação, as diferenças de temperatura


entre os polos e o equador, originam ventos constantes que provocam
correntes superficiais; para além destas, desenvolvem-se correntes
mais profundas geradas pelas diferenças de temperatura e de
salinidade da água. No ambiente marinho, a circulação da água
proporciona a distribuição de alimentos para o peixe. Por exemplo, a
circulação ascendente produzida pela Corrente de Peru gera uma das
zonas mais produtivas do mundo em termos de pescado (Odum,
1997).

Um dos problemas ecológicos das zonas costeiras de Moçambique é a


poluíção marinha que pode ser causada por desastres de navios,
descargas dos esgotos domésticos e industriais. A poluíção marinha
afecta a fauna e aflora marinhas (Honguane, 2007). Foi muito
divulgado o desastre do navio-tanque grego, Katina P, que, ao afundar
na baía de Maputo descarregou milhares de toneladas de
hidrocarbonetos (Rádio Moçambique, 2010).

No mar, o peixe não vive isoladamente, ele compete pelo mesmo


alimento com os outros organismos, e pode ser parasitado por outros
UnISCED Disciplina: Ecologia

organismos (bactérias ou vermes), ou pode servir de alimento para


outros peixes.

Como pode imaginar, o conjunto de todas as possíveis interacções


entre um organismo e o meio ambiente podem ser inúmeras.

Uma outra definição igualmente bem divulgada é dada por Krebs


(1972) que considera a ecologia como sendo “ o estudo científico das
interacções que determinam a distribuição e abundância de
organismos”. Esta definição tem o mérito de oferecer o objectivo final
da ecologia, que é compreender onde os organismos ocorrem,
quantos são e o que fazem, porém, a definição não inclui a palavra
ambiente. Analisando as duas primeiras definições, percebe-se que
elas colocam o ambiente numa posição central. Por este motivo,
Begon et al (1996) consideram vaga a definição de Krebs.

Domínio da ecologia

O domínio da ecologia ou campo da ecologia compreende os níveis de


organização biológica mais complezas, que partem do organismo até
ao ecossistema e a biosfera (Odum, 1997 & Krohne, 2001). Pertencem
ao domínio da ecologia o indivíduo, a população, a comunidade, o
ecossistema e a biosfera (Tjallingii, 1986; Odum, 1997 & Krohne,
2001).

Os níveis de organização biológica que constituem o domínio da


ecologia são definidos na secção seguinte (2.1).

Ecologia e os níveis de organização biológica

Os biólogos tendem a organizar, ou “arrumar” os seres vivos em


hierarquias em que um nível de organização superior vai incluindo
progressivamente os nívei inferiores. Para visualizar isso, abaixo são
apresentados e definidos os níveis de organização biológica que
UnISCED Disciplina: Ecologia

partem da célula (nível mais baixo) até a biosfera (nível mais alto). Os
níveis inferiores ao indivíduo ( a célula, os tecidos, os órgãos, os
sistemas ou aparelhos não pertencem à ecologia, mas sim ao campo
da Biologia).

A célula é unidade básica da vida, é constituída por organelos. Os


organelos são estruturas presentes no interior das células, que
desempenham funções específicas. São formados a partir da união de
vároas moléculas que por sua vez são constituídas por átomos.
Existem vários tipos de células, cada uma com uma função específica
como, por exemplo, as células musculares e as células da pele.

Os tecidos são constituídos por células. Os tecidos são formados pelo


conjunto de celulas e estão presentes apenas em alguns oragnismos
pluricelulares como as palantas e os animais. Dando seguimento ao
exemplo das células acima indicado, as células muscularaes formam
tecido muscular que tem a função de produzir os movimentos
musculares dos braços, das pernas e de outros órgãos.

Diferentes tecidos formam órgãos que funcionam em harmonia para


desempenhar uma determinada função. Por exemplo: a raiz das
plantas é um órgão que é constiyuído por vários tecidos cuja função
geral é de absorver e transportar água e sais minerais para a planta; o
coração é formado por tecido muscular, sangíneo e o tecido nervoso e
tem como função didtribuir o sangue pelo corpo.

Os sistemas são formados por órgãos que trabalham em conjunto


para exercer uma determinada função corporal. Por exemplo: alguns
órgãos que fazem parte do sistema digestivo compreendem a boca, o
estômago, os intestinos, o fígado e o pâncreas.

O organismo (o organismo individual, o indivíduo, a espécie


individual) é constituído por vários sistemas.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Existem organismos unicelulares e organismos pluricelulares. Por


exemplo: a bactéria que provoca a cólera é um organismo unicelular.
Já uma planta, um peixe, uma rã, um mosquito, são organismos
pluricelulares.

A população “é o conjunto de indivíduos que pertencem à mesma


espécie habitando numa certa área e que interactuam e se cruzam
livremente” (Tjallingii, 1986).

Uma espécie biológica é o conjunto de indivíduos ou populações que


estão ou têm o potencial de se intercruzarem. As populações da
mesma espécie estõ isoladas em termos reprodutivos de outros
grupos, com os quais, quando se cruzam, não originam indivíduos
férteis (Krohne, 2001). Por exemplo, na reserva de Gorongoza são
encontradas populações de leões, de búfalos, de zebras, de girafas, de
entre outras. Estes animais pertencem a espécias diferentes. Na
natureza, estas espécies não se cruzam livremente entre elas, por isso,
se diz que estão isoladas uma das outras, em termos reprodutivos. Se
no entanto o conseguissem, os seus descendentes não seriam férteis,
ou seja, os descendentes resultantes desse cruzamento não
produziriam descendentes iguais.

Vários exemplos de populações e espécieas que constituem recursos


cinegéticos ( com interesse para caça) e são citados em trabalhos
desenvolvidos por GENTINSA/AECI (1995), na província de Cabo
Delgado. As populações dessas espécies encontram-se geralmente
reduzidas e incluem de entre outras, as seguintes:

I. Populações de Hipopótamos (Hippotamus amphibius) que


habitam pontos de água permanente; as populações de
hipopótamos ocorrem em grupos de baixas densidades nos
rios Lúrio (desde Papai até a sua foz), rio Montepuez, rio
Messalo e, rio Rovuma-Lugenda; igualmente, ocorrem alguns
efectivos nas lagoas Lidedes, Nangade, N’guri, Bilibiza e
Nhandjemuano;
UnISCED Disciplina: Ecologia

II. Populações de zebras, cuja área de distribuição compreende


unicamente a zona situada entre a Sede dos Postos
administrativos de Ngapa e Chapa, no norte de Naitoro e
Lugenda. Dentro desses territórios, as populações ocorrem em
grupos pequenos, sendo os indivíduis de pequeno porte;

III. Populações de búfalos (Syncerus caffer), totalizando


possivelmente menos de um milhar de indivíduos, como
consquência da caça furtiva, da alteração do seu habitat e da
mortalidade pela acção de doenças; os búfalos encontram-se
distribuídos em vários pontos, especialmente Lugenda-
Rovuma, a norte de Quissanga e Muidumbe (área de Messalo e
lagoa de N’guri);

IV. As populações de impalas (Aepyceros melampus), espécie


característica das savavas arborizadas; as populações são
muito reduzidas; localizam-se principalmente na região
setentrional e ocidental e nas zonas de confluência dos rios
Megaruna e Lúrio; a população residente de Intutupe
(Ancuabe) considera, no entanto, a impala abundante, sendo
utilizada como alimento.

Morin (1999) define a Comunidade como sendo “a menos fracção da


enorme colecção global de espécies que pode ser encontrada num
determinado local” e estipula um mínimo de duas espécies
coexistentes num determinado local, para que seja constituída a
comunidade.

A comunidade pode também ser definida como sendo o conjunto de


populações de totas as espécies que vivem numa detrminada área,
num dado período de tempo (Krohne, 2001).

Na natureaza, as plantas e os animais não vivem isoladamente como


entidades. Eles partilham os mesmos ambientes e interagem de várias
maneiras. Dando continuidade aos exemplos de Cabo Delgado, a
UnISCED Disciplina: Ecologia

região que compreende as zonas lacustres, fluviais e as savanas que se


encontram à beira dos rios, constitui uma das entidades faunísticas
características da província. É uma zona heterogénea abarcando locais
com cursos de água corrente, bancos de areia fluviais, charcos
estacionados, lagos, bosques, savanas, canaviais ou caniçal. Devido a
disponibilidade de água, a região torna-se muito produtiva atarindo
comunidades de fauna bastante diversificada como é o caso dos
hipopótamos, os inhacosos, os crocodilos e galápagos que frequentam
a zona (GENTINSA/AECI, 1995). Analisando as definições de
comunidade acima apresentadas, nesta unidade heterogénea
podemos então distinguir as comunidades vegetais, constituídas pelas
populações de árvores, arbustos, gramíneas (capim) o caniço, bem
como, as comunidades animais constituídas pelas populações de
todas as espécies de aniamis que coexistem naquela zona.

A biosfera ou ecosfera inclui todos organismos vivos da Terra que


interagem com o seu ambiente físico, como um todo ( Odum, 1997). A
biosfera compreende três regiões físicas distintas;

• Litosfera – é a camada superficial sólida da Terra, constituída


por rochas e solos ( NASA Education, 2011).

• Hidrosfera – Toda a água da Terra é contida num sistema que é


designado por hidrosfera. Os subssitemas da hidrosfera
incluem os oceanos, os glaciares e outras formas de água
congelada, águas subterrâneas e o vapor de água contido na
atmosfera. Cada subsistema é designado por “reservatório”. O
maior reservatório é o oceano e compreende mais ou menos
97% da água da Terra ( NASA Education, 2011).

• Atmosfera – é a camada gasosa que circunda a superfície da


Terra, envolvendo portanto, a litosfera e a hidrosfera, atinge
uma espessura de 600 km ( NASA Education, 2011).
UnISCED Disciplina: Ecologia

Prestando atenção para a definição, pode-se dizer que a biosfera


abarca uma grande diversidade biológica (biodiversidade).

O desenvolvimento tecnológico que acompaha o Homem sobre a


natureza tem vindo a provocar fortes alterações sobre as três
componentes da biosfera. Por exemplo, a combustão de
hidrocarbonetos para a obtenção de energia tem sido responsável, em
grande medida, pela alteração da composição química da atmosfera,
poluíndo rios, lagos, e oceanos (hidrosfera) e o transporte marítimo
desse combustíveis, por grandes petroleiros, tem provocado acidentes
que causam a morte de milhões de seres vivos, reduzindo a
biodiversidade.

O reconhecimento e a distinção da biosfera, reveste-se hoje de uma


grande importância prática pelo crescente surgimento de reservas da
biosfera no mundo que têm vindo a ser designadas pela UNESCO (
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) e
que visam a realizar a gestão e conservação da biodiversidade de uma
região. A selecção dessas reservas é feita a partir de propostas dos
estados membros da UNESCO, seguida de uma avaliação por
especialistas que assessoram o programa Homem e a Biosfera ( MAB).
Anualmente, durante a reunião do Conselho Internacional de
Coordenação do Programa, composto por representantes dos estados,
são designadas novas reservas. Participam neste processo as
comunidades locais, as organizações não governamentais, as
autoridades e peritos em questões ambientais. África do Sul, camarões
e Madagáscar, de entre outros, são alguns exemplos de países
africanos obnde foram declaradas várias reservas da biosfera
(UNESCO/MAB, 2010).
UnISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 1.2. Origens e o desenvolvimento da ecologia.

Origem

A ecologia teve um percurso histórico longo e sempre suscitou vários


debates de diversos pensadores que ao longo do tempo foram
aparecendo.

A ciência da ecologia teve, ao longo da história, um desenvolvimento


paulatino, como todas as outras ciências. As obras dos antigos
pensadores e filósofos da cultura grega já continham assuntos de
natureza ecológica, apesar de que ainda não utilizavam a desegnação
de “ecologia” para o tipo de material que era produzido.

No século IV a.c., existia o conceito de “equilibrio perfeito” que era um


príncipio básico para compreender a natureza. Este conceito, inseria a
visão de que a natureza está deseignada para beneficiar e preservar
cada espécie e que as espécies permanecem sempre imutáveis. Por
isso, a eclosão das pragas era considerada passageira e muitas vezes
atribuída às pinições de natureza divina (Krebs, 1972).

Antes de Haeckel descobrir, em 1869, a palavra certa para designar os


estudos da ecologia, muitos pensadores da época do renascimento
biológico dos séculos XVIII e XIX, tinham já dado a sua contribiição
para o estudo da ecologia. Um deles foi Leeuwenhoek (1632-1723)
que realizou estudos sobre cadeias alimentares e sobre a regulação da
população (temas centrais da ecologia moderna) (Odum, 1997).

Vários autores convergem no facto de que a ecologia tem as suas


origens na história natural (por exemplo: Krebs, 1972; e Smith, 1991).
A história natural é definida, por Krohne (2001), como sendo “o estudo
descritivo dos hábitos, do comportamento dos organismos nos
ambientes naturais”.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Analisando esta definição pode-se dizer que a história da ecologia


acompanha a hostória do desenvolvimento da humanidade, já que
desde a era primitiva, o Homem que dependia da caça, da pesca e
outras formas de busca de alimentos, tinha que ter um conhecimento
profundo sobre a natureza, para poder encontrar os alimentos
necessários para a sua subsistência.

Até meados do século XIX os estudos da natureza eram


profundamente descritivos, de história natural, que por sua vez
propiciaram o levantamento de hipóteses sobre as interacções
ecológicas, permitindo o desenvolvimento da ciência da ecologia. Para
além da história natural, aw actividades exploratórias da natureza,
realizadas por vários geógrafos de plantas botânicos, [rincipalmente
nas Américas de Sul e Latina, também contribuíram para a ecologia.
Eles encontraram a explicação das diferenças e das semelhanças dos
diferentes tipos de vegetação nas semelhanças e diferenças climáticas.
O resultado dos estudos exploratórios realizados foi a publicação de
trabalhos descrevendo os diferentes tipos de vegetação e a sua
correlação com as característucas ambientais. Um dos geógrafos
destacados foi Warming (1841-1924), considerado o fundador da
ecologia vegetal, tendo estudado a vegetação de algumas regiões do
Brasil. Por sua vez, Clements introduziu a dinâmica das comunidades
vegetais, sucessão ecológiaca, que examina por exemplo, a dinâmica
da colonização da vegetação nas zonas dunares (dunas de areia) (
Smith, 1992).

Os primeiros ecologistas estavam mais interessados na vegetação


terrestre, mais tarde surgiram estudos sobre as relações entre
organismos e o ambiente aquático, desenvolvidos por F.A. forel e A.
Thienemann. Forel introduziu o termo limnologia para designar o
estudo da vida em ambientes de água doce e Thienemann utilizou os
termos proutores e consumidores e introduziu os conceitos de níveis
tróficos e ciclos de nutrientes e fluxo de energia nos sistemas
aquáticos. Linderman foi outro ecologista interessado em água doce,
UnISCED Disciplina: Ecologia

tendo estudado os ciclos de nutrientes e o fluxo de energia nos


sistemas aquáticos; foi quem lançou os estudos da ecologia dos
ecossistemas. Os trabalhos de Linderman ajudaram s desenvolver a
investigação sobre fluxos de energia e o balanço de nutrientes em
vários países da América e Europa (Smiyth, 1992; Shorrocks, 2007).

A partir do século XVII, alguns estudantes de história natural e ecologia


humana desenvolvem novas abordagens científicas. Um deles Gaunt,
considerado pioneiro da demografia. Gaunt trabalhou sobre censos da
população humana na cidade de Londres e pela primeira vez
determinou quantitativamente alguns parâmetros populacionais.
Outro naturalista foi Buffon (1756) apontou a existência de “forças”
(algumas doenças e a ecassez de alimentos) capazes de contrabalançar
o crescimento populacional, ou seja, o princípio básico da regulação
ecológica das populações. Tal como Gaunt e Buffon, os estudos de
Thomas Malthus (1766-1834), economista britânico, estimularam
também o desenvolvimento da ecologias das populações e, em 1798,
Malthus publica um livro sobre a demografia humana, intitulado Essay
on populations que gerou uma polémica na altura. No livro, Malthus
defendeu a teoria segundo a qual as populações crescem a uma
progressão geométrica (2n-1), enquanto os seus recursos alimentares
crescem numa progressão aritmética (2n-1) (Krebs, 1972).

Em termos simples, segundo a teoria de Malthus,a população


aumenta mais depressa do que o abastecimento de alimentos
necessários para o seu sustento (Odum, 1997) e o controlo do
crescimento da população é exercido pela ocorrência de doenças,
fome e outros males (Smith, 1992).

Maltus estimulou os estudos da dinâmica das populações que


analisam como as populações crescem ( por exemplo: as taxas de
natalidade e mortalidade), como se dispersam e como interagem. As
ideias de Malthus não eram novas, outros pensadores e pesquisadores
anteciparam Malthus. Contudo, pela polémica que gerou a sua teoria,
UnISCED Disciplina: Ecologia

foi Malthus quem mais chamou a atenção da sociedade sobre a


questão do crescimento populacional. Nos finais do século XVIII e
inícios do século XIX, Malthus e Cahrles Darwin (1809-1882), inglês
naturalista, foram os que mais contribuíram para a extinção da visão
do “equilíbrio perfeito” da natureza. Dos estudos realizados por esses
pensadores, emergiram três conceitos básicos novos que levaram ao
descrdito a visão de “equilíbrio perfeito”:

I. Muitas espécies extinguiram-se ao longo do tempo;

II. A pressão populacional causa competição

III. A selecção natural e luta pela existência são mecanismos que


podem ser evidenciadas na natureza (Krebs, 1972).

De facto, Darwin utilizou a teoria de Malthus para desenvolver uma


nova teoria da selecção natural e luta pela sobrevivência. A teoria da
selecção natural serviu para melhor explicar a teoria da origem e
evolução das espécies, sustentando a idéia da “sobrevivência do
melhor daptado” ao meio ambiente. Darwion piblicou o livro On the
Origin os Species em 1859 que pode ser traduzido para “ A Origem das
espécies” (Dajoz, 1983; Smith, 1992).

Gregor Mendel (1822-1884), monge austríaco, desenvolveu a genética


ao estudar a teoria da transmissão de carcteres hereditários. Tanto a
genética mendeliana como a teoria de Darwin formam combinadas
para compreender a questão da evolução ao ambiente, doisn temas
centrais em ecologia ( Smith, 1992).

Ramos da ecologia

Alguns autores como Odum (1997) dividem a ecologia em duas


subdisciplinas principais: o ramo que estuda o indivíduo
(autoecologia)e o ramo que estuda os grupos (sinecologia).

Dajoz (1983) apresenta três subdivisões: a auatoecologia, a sinecologia


e dinâmica das populações.
UnISCED Disciplina: Ecologia

A autocologia estuda a relação entre um organismo individual, ou s


espécie individual, com o seu ambiente. A autoecologia analisa
essencialmente as questões como os limites de tolerância e as
preferências das espécies face aos diversos factores ecológicos
(bióticos e abióticos) e examina como o meio ambiente pode
influenciar a morfologia, a fisiologia e o comportamento de um
organismo ( Dajoz, 1983; Odum, 1997 & Krohne, 2001).

Por exemplo, os conhecimentos das preferências térmicas de uma


espécie permitirão explicar a sua localização nos diversos meios, a sua
distribuição geográfica, abundância e actividade. É o caso dos estudos
que nos permitem conhecer a distribuição do mosquitos e da malária
hoje.

A malária ocorre principalmente nos países tropicais e subtropicais,


concretamente na África subsahariana, no sudoeste Asiático e na
América so Sul. A ecologia da doença está associada à distribuição da
água, uma vez que o estágio larval do mosquito desenvolve-se em
corpos de água. Diferentes espécies de mosquito também requerem
requisitos diferentes de temperatura, de luz, de água ( se é corrente o
estagnada), de vegetação e outros factores. O actual aquecimento
global da terra tem vindo a alterar os limites de distribuição do
mosquito. Porque a temperatura subiu, o mosquito consegue hoje
sobreviver também nas zonas de grandes altitudes onde
anteriormente não conseguia sobreviver por serem muito frias (WHO,
2011).

A ecologia das populações lida com a dinâmica das espécies que


constituem as populações e como essas popula,cões interagem com o
meio ambiente (Krohne, 2011). Este ramo enquadra-se na subdivisão
que Dajoz (1983) designa por dinâmica de populações.

É na ecologia das populações onde são realizados estudos, por


exemplo, sobre os factores que são reponsáveis pelo crescimento de
UnISCED Disciplina: Ecologia

uma população (a natalidade) e os factores que contribuem para o seu


declíneo (a mortalidade).

Outros estudos da ecologia de populações têm ajudado a


compreender porque é que a fragmentação dos habitats pode afectar
a viabilidade das populações e contrinuir para a sua extinção
(Newman, 1993).

Por exemplo, em várias regiões de Moçambique, como em Cabo


Delgado, as queimadas contribuem para criar um padrão de paisagem
em que as zonas cultivadas ficam intercaladas com zonas de savana ou
floresta primária ou vegetaçãi secundária (a que se desenvolve depos
da queima) (GENTINSA? AECI, 1995). Formam-se assim fragmentos de
habitats naturais de vários grupos de animais.

Pelo facto de algumas espécies de animais de grande porte como as


impalas, zebras e gazelas de Thomson necessitarem de extensas áreas
de forragem, os fragmentos de habitats tornam-se pequenos para a
busca de alimentos (e de outros recursos) e cirulação para o
acasalamento. A longo prazo, estas limitações podem conduzir à
extinção de algumas espécies (Newman, 1993).

Um caso concreto observa-se em Cabo Delgado. As queimadas


praticadas pelo Homem para vários fins, incluindo a caça, têm vindo a
contribuir para a fragmentação e eliminação de habitats preferidos
por alguns animais tornando-os mais expostos aos seus predadores
(especialmente o Homem), para além de diminuir as suas fontes
alimentares. Através da fragmentação e eliminação de habitats,
aumenta a vulnerabilidade das espécies animais para a sua caça
descontrolada, o que ameaça a sua sobrevivência. As espécies como o
macaco-cão e o leopardo, por exemplo, estõe reconhecidas
internacionalmente como espécies ameaçadas. A caça descontrolada
destes animais pode conduzir à sua extinção e, por isso, está em
conflito com as regras internacionais e nacionais de conservação de
espécies.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Sendo a comunidade o conjunto de populações de todas as espécies


que coexistem numa detrminada área num determinado período de
tempo, a ecologia das comunidades é o estudo das interacções que
ocorrem entre os grupos de espécies que coexistem nessa área, por
exemplo, a predação e a competição de entre outras interacções. Para
além de estudar como as espécies interagem, a ecologia das
comunidades preocupa-se em compreender como as comunidades
podem mudar com o tempo ( Krohne, 2001). Este ramo (ecologia das
comunidades) corresponde à subdivisão sinecologia definida por Dajoz
(1983) e por Odum (1997).

São enquadrados nea ecologias das comunidades, por exemplo, os


estudos do processo de retorno natural da vegetação, depois da
queima de uma floresta, num detrminado local.

Durante o processo de sucessão podemos observar todas as espécies


de plantas (e espécies de outros organismos) que se sucedem ao longo
do tempo, até que a floresta eventualmente se restabeleça. Podem
ser obseravados alguns aspectos de sucessão vegetal um ano depois
do abandono da exploração de uma machamba. Um outro exemplo de
sucessão ecológica pode ser observado olhando para os padrões de
vegetação que ocorrem na ilha da Inhaca (Maputo). Estes
compreendem florestas primárias e secundárias (desenvolvidas depois
da queima das florestas primárias).

A ecologia do ecossistema estuda a transferência de energia e o


movimento de materiais entre as componentes do ecossistema, ou
seja, entre a atmosfera, os oceanos, plantas e animais (ciclos
biogeoquímicos), como é o caso do ciclo de carbono (Krohne, 2001).

A ecologia das paisagens é um ramo novo da ecologia que estuda o


problema da heterogeneidade espacial numa detrminada escala
geográfica. Ela examina, por exemplo, os padrões do uso da terra eos
factores que determinam esses padr~oes. De entre outras ciências, a
ecologia das paisagens integra conhecimentos da geologia, ciências do
UnISCED Disciplina: Ecologia

solo, hidrologia, e da climatologia para compreender os determinantes


dos padrões observados (Metzger, 2001).

Para definir os ramos da ecologia são também comuns critérios


taxonómicos de divisão em que se estuda esoecificamente um
determinado grupo de organismos. Exemplo, a ecologia de plantas, a
ecologia dos insectos, a ecologia microbiana (Odum, 1997).

Embora centrem os seus estudos num organismo específico, estes


estudos dificilmente ignoram outros organismos, pois acabam
incluindo também as interacções do organismo central, que é objecto
de estudo, com outros organismos.

Por exemplo, na obra editada por Crawlwy (1997) sobre ecologia


vegetal, Howe&Westley (1997) desenvolvem tópicos ligados à
coexistência entre as espécies de plantas e os agentes de dispersão
das plantas de entre outros temas abordados. O conjunto das
interacções analisadas por Howe&Westley (19987) denota a
coexistência entre planats e animais (insectos, aves, mamíferos e
outros). Alguns animais como os pássaros e os insectos facilitam a
polinização das plantas e a disseminação de sementes.

Os vários tipos de ambientes podem também constituir critério para


subdivisões (Odum, 1997). Por exemplo, ecologia marinha, ecologia de
ágia doce, ecologia do solo, ecologia terrestre, de entre outras. A
ecologia marinha estuda a relaçao entre organismos e o meio
ambiente marinho.

Na ecologia das águas doces é estudada “a relação entre os


organismos eo meio aquático de água doce, no contexto do
ecossistema principal”. Os habitats aquáticos podem ser de água
parada (lgos, lagoas, charcos e pântanos) ou corrente (nascentes e
rios). A ecologia terrestre estuda a relação entre os organismos
terrestres e o meio ambiente. O clima e os solos constituem os dois
factores principais que são responsáveis pela estrutura das
UnISCED Disciplina: Ecologia

comunidades ecossistemas terrestres, para além dos factores que


resultam das interacções entre as populações que constituem essas
comunidades (Odum, 1997).

A ecologia do solo, por sua vez, examina as interacções entre os


organismos do solo e ambiente do solo. Ela procura “compreender a
dinâmica do solo, enquanto ecossistema, estudando os seus
componentes e as interacções entre outros comonentes” (Oliveira,
1976).

Os organismos do solo, especialmente as minhoca, têm impactos


importantes na decomposição da matéria orgânica e na reciclagem de
nutrientes (Decaens et al, 2006). A ecologia do solo responde às
questões: como o solo funciona? Que nutrientes podem ser reciclados
no solo? Que organismos vivem no solo? Que processos ocorrem no
solo e que relações é que esses processos têm com a produtividade da
vegetação que o solo pode sustentra? ( Coleman&Crossley, 1996;
Kilkham, 1994). A ecologia do solo oferece o conhecimento científico
necessário para evotar a sobre-exploração dos solos da qual resulta a
sua degradação.

UNIDADE Temática 1.3. Princípios metodológicos e abordagens de estudo em


Ecologia.

Homolismo e reducionismo

O reduccionismo e homolismo são duas formas de abordagem


complementares na investigação ecológica. Os holistas consideram os
ecossistemas demasiadamente complexos e para eles, para melhor
investigar os ecossistemas, eles devem ser considerados unidades
funcionais. Contrariramnte, o reducionistas, consideram que se
formos capazes de descobrir como funciona parte de um sistema,
UnISCED Disciplina: Ecologia

então seremos capazes de compreender o funcionamento de todo o


sistema( Smith, 1992; Krohne, 2001)

Krohne (2001) considera que a ciência se desenvolve na base do


reducionismo, uma vez que na base da experimentação, os
investigadores reduzem e controlam diferentes variáveis possíveis e
estudam com detalhe apenas algumas variáveis de cada vez.

Considerando a nossa definição, o interesse da ecologia é de estudar


todo o conjunto de interacções em que um organismo participa.
Imagine todo o conjunto de possíveis interacções entre uma impla e o
meio ambiente num ecossistema do tipo savana em Moçambique. As
possíveis interacções entre a impala e savana são inúmeras e,
compreender como funciona essa rede de interacções no seu
conjunto, seria um dos exemplo dos desafios dos holistas. Portanto,
Krohne (2001) considera a ecologia como sendo uma ciência
basicamente holista, sendo esta uma abordagem que enfatiza a
totalidade das interacções.

Contudo, as duas formas de abordagem(reducionista e holista) são


consideradas complementares e os reconhecimentos que se tem hoje
sobre a natureza foram e continuam sendo conseguidos na base dos
dois métodos de abordagem (Smith, 1992; Krohne, 1991).

Método científico

Lembremo-nos que o método científico estrutura-se basicamente em


cinco etapas:

I. Observação;

II. Definição clara do problema;


UnISCED Disciplina: Ecologia

III. Formulação de hipóteses ( uma hipótese é uma resposta


provisória ao problema que, sendo testada, pode ser
confirmada ou refutada);

IV. Teste de hipóteses; e

V. Formulação das conclusões finais.

As conclusões finais não significam necessariamente o encerramento


definitivo de um detrminado estudo, embora procurem sistematizar
os resultados obtidos. De facto, as conclusões finais pode suscitar mais
perguntas para posteriores investigações. Além do mais, as conclusões
podem servir de base para elaboraç~ao de políticas, de planos de
acção ou recomendações de diversa natureza que possam orientar os
processos de tomada de descisões.

Para testar hipótes em ecologia pode-se utilizar experiências


laboratóriais em que o investigador pode reduzir e controlar as
variáveis, estudando alguns aspectos com maior detalhe. Porém, a
maior parte dos estudos experimentais em ecologia são realizados em
campo. Estes podem envolver a manipulação de algumas variáveis,
como por exemplo, a remoção ou adição de nutrientes ou de algumas
espécies de animais ou de plantas numa dada área, a construção de
cercados de modo a vedar o acesso a u recurso, a marcação de
algumas espécies de animais de modo a monitorar os seus
movimentos e comportamento, de outos tipos de manipulação. Como
pode imaginar, nos estudos de campo muitos factores ambientais
inevitavelmente interferem com o trabalho experimental que se está a
realizar, tornando mais complexa a análise de dados e a formulação
das conclusões (Krohne, 2001).

Para ilustrar estas complicações, Krohne (2001) apresenta o exemplo


da predação de alces (Alces alces) pelos lobos em Isle Royale,
Michigan, Estados Unidos. Os alces, também designados por cervos,
são animais ruminantes, típicos das zonas frias do Hemisfério Norte,
UnISCED Disciplina: Ecologia

América do Norte e Europa, e que se alimentam de rebentos de folhas


de arbustos. O exemplo pode ser adaptado para nossa situação local.
Imagine que se observa uma reduao da população de impalas numa
savana e somos chamados a investigar a causa dessa redução.

Então poderíamos, por exemplo, colocar a seguinte hipótese: porque o


leão se alimenta de impalas, o declíneo da população de impalas é o
resultado da predaçao dos leões. Numa abordagem reducionista
poderíamos simplificar esta relação de predação leão→impala,
estabelecendo uma única ligação e consideraríamos as restantes
possíveis interelações constantes e exeperimentalmente iríamos
manipular a predação para observarmos os efeitos da mesma
predação sobre a população de impalas. Poderíamos propor uma
campanha de abate de leões e observar os efeitos dessa campanha no
aumento sa população de impalas na savana.

Poré, posteriormente a essa campanha, poderíamos não observar o


efeito desejado. Assim, rejeitaríamos essa hipótese e formularíamos
outra até chegarmos a compreender o sistema todo.

De facto, as interacções entre a impala e oleão podem ser bem mais


complexas. Por isso, ao reduzirmos a população de leões pode dar-se
o caso de estarmos a afectar outrs interações que também podem
afectar a população de impalas. A redução da população de leões
pode por exemplo, exercer efeitos sobre outras presas do leão como
as zebras e gazelas. A população destes animais poderia também
aumentar, uma vez que o predador tornar-se-ia pouco frequente.

Contudo, se as gazelas e as zebras competem com as impalas pelo


mesmo alimento (mesmo tipo de capim), a população de impalas, em
relação a qual centramos as nossas atenções e pretendemos
aumentar, pode vir a diminuir por escassez de alimentos.

Então, voltando à nosa manipulação experimental, se ao


manipularmos a população de leões verificarmos uma rdeução no
UnISCED Disciplina: Ecologia

número de impalas ficaríamos na dúvida se de facto essa redução


resulta da manipulação feita ou se a redução se deve a outras causas,
via outras interacções indirectas. Daqui, pode se concluir que é
importante observarmos outras possíveis interacções entre
apopulação de impalas e o meio na savana em questão, para
compreendermos as causas das fluatuações da população de impalas,
ou seja, é necessária também uma abordagem holística do sistema.

Por isso, Krohne (2001) concluiu que devido a xomplexidade das


interacções entre organismo e o meio, em ecologia é difícil assegurar
que um trabalho experimental não seja prejudicado por outrs
interacções. Portanto, para que a abordagem experimental seja bem
sucedida, é necessário:

a) Que se tenha um conhecimento muito detalhado do sistema


sobre o qual se está a trabalhar ou se pretende investigar;

b) Permitir que as interacções mais prováveis sejam previamente


conhecidas de modo a garantir a realização de desenhos
experimentais válidas e uma boa interpretação de dados.

Vários príncipios fundamentais gerais em ecologia são conseguidos na


base da comparação de estudos similares, realizados em regiões
diferentes. Estes estudos respondem às questões como: será que as
conclusões sobre um detrminado estudo podem ser aplicads noutrs
regiões, em situações similares? Portanto, a investigação ecológica
pode prosseguir na base da interferência ecológica. Na base desses
estudos comparativos, se conseguirmos chegar a uma conclusão
comum, podemos inferir que descobrimos um princípio mais
fundamental. A descoberta de temas comuns em sitemas muito
diferentes permite generalizar os príncipios (Krohne, 2001).
UnISCED Disciplina: Ecologia

Explicação, descrição, previsão e controlo

A descrição e a explicação são fundamentais em ecologia. Para


compreendermos algo é necessário descrevermos e explicarmos
devidamente o objecto que pretendemos compreender, o
conhecimento constrói-se através da descrição e explicação (Begon et
al, 1996).

Independemente das formas de abordagem acima descritas (holismo e


reducionismo), os ecologistas preocupam-se em responder a três
questões básicas: o quê, como e porquê? (Smith, 1992)

A resposta à questão o quê implica descrição. As primeiras


publicaç~oes em ecologia eram de natureza descritiva, tendo
possibilitado a descrição da estrutura das florestas, dos diferentes
tipos de graminais, das zonas húmidas, dos processos de sucessão
vegetal, da estrutura social das plantas e dos animais, da dispersão das
populações, de entre outros ambientes e processos ecológicos.
Portanto, a ecologia descritiva caracteriza o que existe e como o que
existe se apresenta: a estrutura da população, das comunidades e dos
ecossistemas. Ela busca o conhecimento sem testar hipóteses (estudos
descritivos) e como deve ser do seu conhecimento, alguns tipos de
pesquisa não requerem a formulação e nem teste de hipóteses. Os
estudos descritivos têm contribuido para o desenvolvimento da
ecologia, abrindo a oportunidade para formulação de questões ou
problemas de pesquisa que impulsionam o desenvolvimentp da
ciência e da ecologia (Smith, 1992).

A ecologia funcional responde às questões: como é que funcionam as


populações, as comunidades e os ecossistemas? Aqui é estudado, por
exemplo, como funciona uma floresta tropical (o fluxo de enercia e
ciclo de nutrientes; como as populações que constituem as
comunidades desses ecossistemas respondem às mudanças climáticas
ou à acção de pertubações diversas como as queimadas, cheias,
ciclones, invasão de pragas, de entre outros numerosos factores. O
UnISCED Disciplina: Ecologia

estudo da função (ecologia funcional)nenvolve a experimentação, que


pode ser feita no ccampo como no laboratório (Smith, 1992).

Falámos, na secção anterior, que as experiências no laboratório ou no


campo envolvem algumas formas de manipiulação (desenhos
experimentais) para testar hipóteses e analisámos alguns aspectos
básicos que devem ser observados para a realização de uma
experimentação.

Os cientistas distinguem duas classes de explicações: a explicação


imediata e a explicação final. Com base na explicação imediata passa-
se a conhecer a causa imediata do fenómeno observado. É com base
na explicação imediata que respondemos às questões do tipo
“como?”; por exemplo, “como funciona um detrrminado fenómeno?”
Estudos enquadrados na ecologia funcional. A explicação final, por
sua vez, responde às questões do tipo “porquê?” e para o efeito é
utilizado o conceito da evoluç~ao ( Begon et al, 1996; Smith, 1992;
Krohne, 2001).

Krohne (2001) apresenta uma abordagem mais abragente ao afirmar


que “as nossas explicações ecológicas actuais sobre a natureza estão
previstas no conceito de evolução”

Begon et al (1996) dão exemplo do que hoje se observa sobre a


distribuição e abundância das espécies de aves e que a seguir
apresentamos.

A explicação imediata para esta observação pode ser dada na base de


factores ambientais diversos como a distribuição dos alimentos, os
parasitas e predadores que atacam as aves. Muitas espécies de aves
tornam-se abundantes num dado local numa dada época porque
abundam os insectos ou sementes que servem de alimento para eles.

A abundância de uma espécie de ave acompanha a da disponibilidade


de fonte alimentar. Esta seria uma possível explicação imediata.
Contudo, poderíamos também perguntar como é que a mesma
UnISCED Disciplina: Ecologia

espécie de ave parece estar “sujeita” a peramnecer sempre nos


mesmos lugares onde ela se encontra? Porque é que um leão ou um
leopardo adopta o mesmo padrão comportamental quando pretende
caçar a presa? Estas questões são explicads com base na evolução.
Neste caso concreto, encontramos a explicação final da presente
distribuição e abundância de uma espécie de ave nas experiências
ecológicas dos seus ancestrais (Begon et al, 1996).

Autores referem ainda que em ecologia existem muitos problemas


que requerem um explicação final e consideram os problemas que
exigem uma explicação final tão importante quanto são as questões
relacionadas com o controlo de pragas ou com a preservação de
espécies raras.

Muitas vezes, os ecologistas tentam fazer previsões do que vai


acontecer a um organismo, uma população ou uma comunidade, um
ecossistema, sob determinadas circunstâncias e com base nessas
previsões tentamos explorar e fazer o controlo dessas populações,
comunidades e ecossistemas. Por exemplo, procura-se minimizar o
efeito da eclosão de uma praga de gafanhotos, fazendo a previsão de
quando é que é mais provável que essa praga ocorra; tentamso
proteger as culturas, fazendo a previsão sobre quando é que as
condições sã favoráveis para o desenvolvimento duma cultura e
desfavoráveis para os inimigos dessa cultura; tentamos proteger uma
espécie rara fazendo uma previsão da política de conservação que nos
vai permitir realizar essa protecção (Begon et al, 1996).

Para facilitar a explicação de fenómenos naturais ou previsões, muitas


vezes os ecologistas desenvolvem modelos. Modelos são abstracções
ou simulações de fenómenos naturais que possibilitam a visualização
mais claar de fenómenos que ocorrem ou a previsão de novos
fenómenos. Modelos podem ser fórmulas matemáticas, por exemplo,
as fórmulas matemáticas existentes sobre crescimento populacional e
que podem ser traduzidos em gráficos (Smith, 1991).
UnISCED Disciplina: Ecologia

É através de modelos matemáticos que os ecologistas foram capazes


de esclarecer o crescimento populacional e sobre previs~oes do
aquecimento global do planeta Terra e elucidar sobre as
consequências desse fenómeno que hoje se traduz nos desastres
naturais que se observam.

UNIDADE Temática 1.4. Aplicação da ecologia

Aplicação da ecologia

A ecologia pode ser aplicada na ciência ambiental, a qual envolve os


estudos da acção humana sobre a natureza. O homem exerce
modificações sobre a natureza, sendo uma delas a poluíção. Os
estudos sobre os efeitos do aquecimento global, da poluíção dos rios,
dos derrames de petróleo nos mares e oceanos, são alguns dos
exemplos de estudo de investigação ambiental que aplicam a ecologia.
Para além da ecologia, na ciência ambiental intervêm várias outras
ciências como a Química, a Geologia, a Sociologia e a Economia
(Krohne, 2001; Smith, 1992).

As ciências de gestão de recursos aplicam conceitos de ecologia para


gerir de forma sustentável os recursos como populações animais e
populações vegetais, de entre outros recursos. A título de exemplo,
através da ciência da gestão da vida da fauna bravia é realizado o
meneio dos animais selvagens nas reservas naturais e outros
habitats,controlando os mecanismos que possam favorecer o
desenvolvimento e a manutenção dessas populações animais de modo
a providenciarem benefícios recreacionais, culturais ou económicos. A
gestão de animais selvagens implica também a necessidade de
conhecimentos de gestão de áreas de pasto, de reprodução e refúgio
desses animais, de modo a garantir que essas áreas sejam capazes de
sustentar a vida das populações animais (Yarrow, 2009).
UnISCED Disciplina: Ecologia

As florestas têm muitas funções. Fornecem a madeira que pode ser


utilizada para o fabrico de vários objectos ou como combustível,
fornecem os frutos, taninos, látex e outros produtos; fornecem
animais que lá civem que podem ser caçados pelo Homem; protegem
o solo, prevenindo a erosão; fornecem o espaço para a recreação e
lazer; alternam a apar^encia da paisagem (Newman, 1993). A gestão
de florestas constitui o conjunto de métodos que permitem explorar
e utilizar de forma sustentável os benefícios directos e indirectos
proporcionados pelas florestas. Similarmente, os conceitos da ecologia
são aplicados na ciência da gestão dos recursos pesqueiros, a qual
regula a actividade pesqueira de um país.

A biologia da conservação é uma área que também aplica a ecologia,


realizando a conservação e a promoção da biodiversidade. Uma
grande pressão é exercida pela população humana para a conversão
de áreas naturais, para acomodar as actividades como a agricultura,
pastagens e exploração florestal. Estas actividades ameaçam e
continuarão a ameaçar durante muito tempo a vida das espécies
selvagens. Por isso, aumentam cada vez mais os desafios dos
ecologistas para o aconselhamento na tomada de decisões sobre que
áreas a preservar, que áreas naturais devem ser sacrificadas e como
minimizar os prejuízos da perda da biodiversidade. A conservação
deve ser feita sempre em prol da conservação da biodiversidade
(Newman, 1993).

Na área da agricultura, os conceitos de ecologia são aplicados, por


exemplo, no controlo biológico ou biocontyrolo também conhecido
por luta biológica. O controlo biológico é o conjunto de métodos que
visam reduzir as populações de pragas utilizando inimigos naturais
dessas pragas, implicando a intervenção do Homem. É necessário
notar que as pragas podem ser eliminadas pela acção de organismos
que ocorrem naturalmente e pelos factores ambientais, sem que seja
necessária a intervenção do Homem; este tipo de controlo é
designado por controlo natural (Shelton, 2010). No controlo biológico
UnISCED Disciplina: Ecologia

aplica-se, muitas vezes, o conceito da predação que é uma interação


biológica em que um organismo (predador) consome outro organismo
(presa).

O emprego de predadores constitui o primeiro sucesso na luta


biológica. Existem muitos exemplos deste sucesso sendo um deles, o
da utilização de besouro (coleóptero) cujo nome científico Rodalia
cardinalis e que é vulgarmente conhecido por “joaninha”. Este besoro
é originário da Austrália e é actualmente cultivado em várias partes do
mundo para ser utilizado no controlo e desenvolvimento da
cochonolha da laranjeira (Icerya puchasi). A cochonilha foi introduzida
acidentalmente em vários países e contibuiu para a eliminação de
plantações de laranjeiras e de limoeiros, de entre outras plantações
(dajoz, 1983) Note que a cochonilha é um insecto que ataca também a
planta da mandioca.

Para que os inimigos naturais sejam eficazes no controlo biológico é


necessário que as populações do inimigo cresçam rapidamente
quando o hospedeiro está dispnível. O inimigo natural deve reunir
alguns requisitos para que seja efectivo no controlo biológico:

• Ocorrer ao mesmo tempo que ocorre o hospedeiro;

• Ser fectivo na procura do seu hospedeiro; e

• Ser específico

Nenhum inimigo natural consegue reunir todos os atributos no seu


conjunto. Contudo, é necessário que reúna a maior parte deles, para
que seja capaz de controlar a população da praga. As aranhas são
geralmente predadoras, no entanto, elas procuram várias espécies
como alimento, por isso não reúnem o critério desejado (Shelton,
2010).

Podemos indicar também a ciência de restauração ecológica como


sendo uma área científica que parte de princípios e conceitos de
UnISCED Disciplina: Ecologia

ecologia já estabelecidos. A restauração ecológica é uma actividade


intencional que inicia ou acelera a recuperação de um ecossistema, no
que respeita a sua saúde, integridade e sustentabilidade (Young et al,
2005). A prática da restauração ecológica lida, por exemplo, com
aspectos relacionados com a recuperação de solos, controlo da
erosão, o reflorestamento de áreas degradadas, melhoramento de
habitats, recuperação de zonas contaminadas ou degradads, durante a
exploração mineira e a recuperação de áreas de pastagem (James,
2010).

EXERCÍCIOS DO TEMA I

1. Busque na literatura outra definição de ecologia diferente das


apresentadas neste manual e faça uma análise crítica da mesma,
comparando-a com uma das definições apresentadas neste capítulo?

2. Pesquise na literatura e descreva 4 áreas de aplicação da ecologia


que sejam diferentes das que estão apresentadas neste manual?

3. Indique duas áreas científicas que contribuiram para o para o


desenvolvimento da ecologia?

4. Explique a importancia de ecologia?

5. Quais são os niveis de organização biológica que conheces?

6. Indique os principais ramos de estudo da ecologia?


UnISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – II: ECOSSISTEMA

UNIDADE Temática 2.1. Conceitos e classificação dos ecossistemas


naturais (Mundiais e de Moçambique).
UNIDADE Temática 2.2. Ecossistemas Artificiais.
UNIDADE Temática 3.3. Ecossistemas degradados.

UNIDADE Temática 2.1. Conceitos e classificação dos ecossistemas naturais


(Mundiais e de Moçambique)

Ecossistema

Um ecossistema é uma sistema ecológico processador de energia que


inclui a comunidade e o seu ambiente fisico. As populações de
organismos do sistema (plantas, animais e outros organismos) são os
objectos através dos quais o sistema funciona. As entradas para
dentro do ecossistema (inputs) são abióticas e bióticas. Os inputs
abióticos são energia e a matéria inorgânica. A energia influencia a
temperatura e a humidade. A matéria inorgânica é constituida pelos
nutrientes que influenciam o crescimento e a reprodução. Os inputs
bióticos incluem outros organismos que entram para o ecossistema
bem como as influências exercidas por outros ecossistemas (Smith,
1992).

Ainda segundo Smith (1992), é muito importante reter que nenhum


ecossistema se encontra isolado de outros ecossistemas. Um
ecossistema é influenciado por outros ecossistemas, como sistemas
abertos, as saidas de um ecossistemas podem ser as entradas de outro
vice versa.

Quando se estuda um ecossistema é preciso estabeler os limites do


ecossistema em estudo, em ecossistema terrestre, aquático, entre
outros. É dificil estabelecer as fronteiras exactas entre os ecossistemas
e pode-se afirmar que não existem limites no que respeita a dimensão
UnISCED Disciplina: Ecologia

de um ecossistema, sendo que o investigador pode estabelecer as


dimensões de um ecossistema de acordo com o seu interesse de
estudo. Assim, os ecossistemas podem variar desde, por exemplo um
vaso contendo solo e plantas, um jardim, uma machamba até as
formas mais amplas como as florestas e savanas; os ecossistemas
podem ser sistemas naturais ou sistemas criados pela acção humana.

Tipos de Ecossistemas

Os ecossistemas segundo a sua origem podem ser classificados em


dois tipos, ecossistemas naturais e ecossistemas artificiais e podem ser
terrestres ou aquáticos.

Ecossistemas Naturais

São aqueles que existem na natureza, resultantes de factores


geológicos e biológicos sem nenhuma intervenção do homem.

Tipos de Ecossistemas naturais

Biomas

Segundo O’ Hare(1988), biomas são definidos como sendo


ecossistemas globais, caracterizados em função da vegetação
predominate. Assim definidos, os biomas, mostram uma relação
estreita entre: ( i) o solo e o clima ( factores abióticos) e ( ii) a
vegetação e os organismos adaptados a ela ( factores bióticos).

Vários ecologistas classificam os biomas de várias maneiras, por


exemplo Whittaker (1975, Apud Morin, 1999) designou 36 biomas
diferentes. Neste capítulo, apresenta-se uma classificação simplificada,
com base em alguns autores como UCMP (2007), Krohne (2001) e
O’Hare (1988). Assim, podemos destinguir no nosso planeta os
seguintes biomas naturais principais: a tundra a floresta de folhagem
UnISCED Disciplina: Ecologia

decidua ou caduca, os graminais, os desertos, os biomas de água doce


e os biomas marinhos.

Tundra

Segundo UCMP (2007) e Krohne ( 2001), o termo tundra provém da


palavra finlandesa, tunturi que significa " planície sem árvores". A
tundura ocorre a partir do limite norte da linha de árvores, na região
sul da massa de gelo do oceano Árctico, estendendo-se até as zonas
montanhosas da América do Norte, Europa e Sibéria,. Compreende
enormes planícies sem árvores, cercadas de lagos e charcos.

A tundura é o bioma que ocorre em regiões de clima mais frio, com


temperaturas que chegam a atingir 40o C negativos durante o inverno
escuro que dura cerca de seis meses; a precipitação annual total é
escassa ( 150 a 250 mm), chegando a ser inferior do que a da maioria
dos desertos quentes.

O solo superficial, até mais ou menos 5 centímetros descongela


durante o verão, mas o sbsolo é permanantemente congelado (
permafrost); o permafrost pode atingir uma profundidade de 400 a
600 metros (Krohne, 2001; UCMP, 2007).

Devido ás caracteristicas do solo, a vegetação é geralmente rasteira de


crescimento lento, algumas espécies que mal se desenvolvem na
tundura, crescem melhor naslatitudes mais baixas. A vegetação varia
conforme as características de região. Em algumas regiões abundam
arbustos anões, musgos e líquenes (Krohne, 2001). As plantas da
tundura reproduzem-se vegetativamente, por meio de rizomas,
bolbos, ou tubérculos que são órgãos que resistem ao frio, que
podem permanecer no estado latent durante o inverno e produzir
rebento no verão, as plantas da tundura estão também adaptadas á
seca, uma vez que a água se encontra congelada e a chuva é escassa
(Krohne, 2001; UCMP, 2007).
UnISCED Disciplina: Ecologia

A fauna adaptada á tundura é contituída por roedores e outros


animais escavadores( vivem por baixo da neve); de entre outros
ani,ais, encontram-se também as renas, as lebre-árcticas, as raposas,
os esquilos as dononhas e várias espécies de aves ( UCMP 2007).

Florestas de coníferas

As florestas de coníferas ocorre no hemisfério norte, entre a tundura (


a norte) e a floresta decidua ( a sul). Encontra-se distribuída pela
América do Norte , Europa e a Ásia. O bioma compreende a taiga, a
floresta boreal, as florestas de coníferas das zonas montanhosas e as
florestas de coníferas das regiões conteiras.

As coníferas constituem um grupo de plantas a que pertencem, por


exemplo, os pinheiros e são assim designadas pelo facto de
apresentarem frutos de forma de cones ( pinhas). As florestas de
coníferas constituem uma vegetação sempre verde ( conservam-se
verdes durante todo ano). As folhas são geralmente pequenas e finas,
modificadas n forma de agulhas ( redução da área foliar) e cobertas
por uma cutícula de cera, que as permite resistir ao frio e á seca
fisiológica; as conífera chegam a suportar temperaturas negativas
extremas, inferiors a -30o C.

Várias espécies de coníferas possuem seiva oleosa, chamada resina,


que não é agradável para muitos insectos que evitam consumer estas
plantas. A resina atrasa a decomposição das folhas, quando came no
chão florestal, por isso, o chão florestal, neste bioma, apresenta uma
boa espessura de manta morta. A resina das coníferas são inflamáveis,
daí resulta a alta susceptibilidade deste bioma ao fogo.

A precipitação media anula na floresta de coníferas varia de 300 a 900


mm e algumas florestas recebem até2,000mm( a quantidade de
precipitação depende da localização da floresta).nas florestas borealis
os invernos são longos, frios secos, enquanto os verões são curtos e
UnISCED Disciplina: Ecologia

moderadamene quentes. Nas latitudes mais baixas , a precipitação é


bem distribuída ao longo do ano.

A taiga ocorre imediatamente a sul do círculo polar árctico. É u tipo de


floresta de coníferas mis dispersas, que estabelece a transição entre a
tundra e a floresta boreal. Tal como a tundra, o solo de algumas
regiões ocupadas pela taiga congeladas durante o inverno, ficando
descongeladas no verão.

A floresta boreal é um tipo de floresta de coníferas luxiriosa, mais


fechada e de crescimento mais vigoroso, que ocorre mais a sul. Nas
zonas montanhosas as espécies de coníferas tornaam-se mais
dispersas e nas zonas costeriras da América do Norte, a florestade
coníferas assemelha-se á floresta boreal, sendo mais vigorosa e
fechada.

Devido ao alto poder de inlfamação da vegetação e as temperaturas


altas de verão, o fogo exerce um factor importante na estrutura da
floresta de coníferas, sendo os relâmpagos a principal causa da
frequência do fogo. Algumas espécies de pinheiros são bem adaptadas
ao fogo, os seus cones abrem quando são atingidos pelo fogo( Krohne
2001).

Ocorrem várias centenas de espécies de coníferas, algumas das quais


com importância económica, sendo aplicada por exemplo na
contrução, fabric de mobiliário e do papel.

De entre as espécies com grande valor económico encontram-se os


pinheiros.

Na floresta de coníferas ocorrem naturalmente, várias espécies de


cogumelos comestíveis, frutas silvestres, flores e espécies de plantas
com valor medicinal. Para além de oferecer a madeira, a floresta de
coníferas é explorada para fins de lazer e ecoturismo, principalmente
na primavera e verão quando várias espécies de aves migram para a
floresta boreal.
UnISCED Disciplina: Ecologia

A fauna da floresta de coníferas é diversificada, devido à variedade de


recursos vegetai (casca, rebentos das árvores, flores. Frutos e
sementes). De entre outros, ocorrem lebres, lobos, alces e raposas
que conseguem permanecer activos no inverno devido à pelagem
espessa e quente. Durante o inverno, alguns mamíferos tornam-se
inactivos como defesa contra frio e os animais escavadores refugiam-
se debaixo do solo para conservaren o calor corporal.

Floresta temperada decídua

A floresta decidua está distribuída pela Europa (noroeste, centro e


leste) a Ásia ( China, Coreia e Japão). O Canadá e o nordeste dos
Estados Unidos da América, em regiões expostas às masas de frio, que
são responsáveis pela ocorrência de quarto estações do ano. As
temperaturas media mensais variam de -30o C a 30o C, sendo a media
annual de 10o C. os verões são quentes e húmidos e os invernos frios.
A precipitação annual é de 750 a 1500 mm de chuva, bem distribuída
ao longo do ano (UCMP, 2007).

Os solos da floresta decidua são geralmente castanhos, com uma boa


espessura de matéria orgânica, ricos em minhocas e outros
decompositores; são solos geralmente férteis, obtendo-¬ase boms
rendimentos agrícolas a partir deles. Os solos suprotam várias espécies
de árvores, arbustos e ervas de folha larga, como o ulmeiro, a faia, a
bétula e o castanheiro (O’Hare, 1988).

Contrariamente às coníferas , a vegetação apresenta folhas largas, que


não possuem protecção especial contra a perda da humidade por
transpiração. Como resposta á redução da luz e temperature que
ocorre durante o outono e o inverno, as plantas deixam cair as suas
folhas. A queda das folhas pela vegetação constitui uma adaptação
que previne contra a perda de água durante o inverno. Esta é a
principal carcterística da vegetação e que confere o nome à floresta (
UnISCED Disciplina: Ecologia

floresta temperada de folhagem de cídua ou floresta de folhagem


caduca). O grande mamífero típico deste bioma é o urso negro.
Ocorrem também as raposas e os esquilos (O’Hare, 1988).

Floresta tropical húmida

A floresta tropical húmida é encontrada perto do equador , entre o


Trópico de Câncer e o Trópico de Capricónio, onde a precipitação
media anual é superior a 2000 milímetros. A chuva é bem distribuída
ao longo do ano e as temperaturas medias anuais são mais ou menos
constants ao longo do ano, podendo entre 20o C a 25o C (UCMP, 2007).
As áreas de dintribuição das floresta tropival húmida incluema Bacia
do Amazónia na Américado Sul, África occidental ( Zaire e Guiné-
Bissau); alguns fragmentos são encontrados na Índia, Indonésia e na
Zona Norte da Austrália (O’Hare, 1988).

A vegetação é muito densa, ocorrendo uma grande diversidade de


espécies. Uma das características importantes da vegetação é a de
apresentar uma maior predominância de plantas epífitas,
comparativamente a outros biomas. É também encontrada uma
grande diversidade de plantas parasitas e plantas trepadeiras (UCMP,
2007, Krohne, 2001).

A vegetação apresenta pelo menos três estratos de vegetação e a


competiçäo pela luz é intesa, dada a alta densidade de espécies. Existe
um estrato de árvores de muito altas gigantes que emerge por cima do
estrato de que forma uma copa fechada ou abóbada ( estrato de
árvores emergentes). Este estrato superior compreende uma grande
diversidade de espécie de árvores muito altas que podem atingir mais
de 60 metros.

Num hectare de floresta podem ser encontradas mais de 100 espécie


de árvores fazendo parte do estrato superior (UCMP, 2007, Krohne,
2001).
UnISCED Disciplina: Ecologia

O estrato imtermédio, é portanto, constituído por trepadeiras (lianas),


árvores menores, fetos e palmeiras. O interior de uma floresta tropical
húmida torna-se escuro, tem pouca luz, devido á sombre produzida
pelas árvores do estrato intermédio e superio( UCMP, 2007, Krohne,
2001).

Como forma de maximizar a captação da luz solar, grande parte das


plantas deste estrato possuem folhas largas.

O estrato inferior compreende árvores de dimensões pequenas,


porém a existência deste estrato, depende do grau de disponibilidade
da luz. Em florestas muto fechadas, este estrato pode não existir, por
falta da luz ( Krohne, 2001).

O chão da floresta é coberto por uma camada de lixo florestal, sempre


húmida devido ás chuvas ntensas, que é composta por folhas mortas e
outros restos de vegetais e animais Krohne, 2001). Poucas plantas
estão presentes no chão florestal, devido á falta de luz.

No entanto, as condições de temperature e humidade e as condições


criadas pelo lixo florestal permitem o desenvolvimento de vários
organismos decompositores como as minhocas bactérias e fungos ( o
lixo florestal funciona como se fosse uma pilha de adubo( Krohne,
2001).

A floresta tropical devido a grande diversidade de recursos e nichos


que oferece, compeende a maior diversidade de espéciaes do mundo.
Por exemplo, uma grande diversidade de aves que ocupa os estratos
superiors encontra uma alta diversidade de recursos alimantares,
como insectos, frutos, sementes, nectar das flores, rebentos de
plantas; varias espécies de animais estão adaptados a viver sobre as
árvores; o chão da floresta é ocupado por animais roedores que se
alimentam de frutos e sementes que came dos estratos superiors; o
chão florestal constitui um ambiente propício para ocorrência de
UnISCED Disciplina: Ecologia

animais como sapos e rãs e por isso, as cobras contituem o principal


grupo de predadores da floresta( O’Hare, 1988).

Graminais

Os graminais são zonas que apresentam um Sistema contínuo ou


menos plano e coberto predominantemente por gramíneas (O’ Hare,
1988; UCMP, 2007).

As gramíneas são plantas herbáceas com folhas, caules aéreos e caules


subterrâneos( rizoma) capazes de resistirá seca e aos incêndios.
Durante a estação seca, os rizomas ficam dormentes; os rizomas
rebentam, formando novas folhas e caules, quando inicia a estação
chuvosa. Os incêndiso tabém interrompem a dormência dos rizomas.

Graminais das Regiões Temperadas

Os graminais temperados compreendem as pradarias dos Grandes


Planaltos da América do Norte, as estepes da Eurásia Central, as
pampas da América do Sul e os celds da África do Sul. Dependente da
latitude, a temperature media annual fica distribuída entre 20 o C a 30o
C (as temperaturas de verão podem ser superiores a 38o C) e a
precipitação annual varia entre 500 e 900 mm. as estações do ano
estão bem demarcadas, no verão ocorre a máxima precipitação (
O’Hare, 1988; UCMP,2007).

Nas zonas mais produticvas, as gramíneas podem atingir 1 metro de


altura; o crescimento rápido da vegetação durante a primavera e o
verão resulta em altos niveis de adição da material orgânica no solo,
proveniente principalmente das raizesç nas zonas menos produtivas as
gramineas apresentam cerca de 50cm de altura. Aptodutividade
depende da precipitação e dos solos de cada região( O’ Hare, 1988).
UnISCED Disciplina: Ecologia

Savanas

Os graminais das regiões tropicais são geralmente designados por


savanas. As savanas ocorrem entre o Trópico de Câncer e o Trópico de
Capricórnio( O’ Hare, 1988).

As savanas estão distribuídas pela África, Austrália, América do Sul e


Índia ( UCMP 2007); e constituem um dos biomas mais vasto do
mundo, e cobrindo cerca de 20% da superfície da terra
(Shorrocks,2007).

A distribuição da precitação ao longo do ano é sazonal; a chuva cai na


época chuvosa e esta é seuida de um longo período seco ( o period das
chuvas altera com o período seco). A precipitação determna uma
maior ou menor predominância da vegetação lenhosa principalmente
as árvores e gramíneas. As savanas são geralmente caracterizadas pela
coexistênia de árvores e gramíneas, apresentam padrões variados de
dispersão de espécies de árvores ( Shorrocks, 2007;Smith, 1992, UCMP
2007).

Em Moçambique, Angola, Tanzânia, Zaire, Zimbabwe, Zâmbia, Malawi,


Angola ocorre a savana do tipo Miombo, cobrindo uma área de 3
milhões de km2. O termo miombo provém do nome da árvores
Muuyombo ( Brachystegia boehmii), que é dominante em toda neste
tipo de savana. As árvores podem atingir 15 a 20 metros de altura,
com um estrato basal de arbustos e de gramíneas (Shorrocks,2007).

A precipitação varia de 1500mm a 2000mm por ano e a maior parte da


chuva cai na época das chuvas ( Novembro a Março/Abril) e ocorre
uma longa estação seca. A temperatura media é de 27oC a 30o C (
Shorrocks, 2007;Smith, 1992, UCMP 2007).

O clima o pastoreio exercem forte influência na estrutura da


vegetação; as queimadas que podem ser naturais ou praticadas pelo
Homem são frequentes na savana.
UnISCED Disciplina: Ecologia

A frequência das queimadas diminui a densidade da vegetação e


mantém as árvores dispersas permitindo a coexistência dos dois
principais estratos da vegetação ( as gramíneas e as árvores). Por isso,
quando as queimadas são bem praticadas, ajudam a manter a
estrutura da savana. O longo período seco favorece uma maior
ocorrência do fogo ( Shorrocks, 2007;Smith, 1992, UCMP 2007).

Os solos são em geral pobres em nutrientes (Smith 1992; Shorrocks,


2007). A pobreza dos solos ( que determina uma comunidade vegetal
de fraco valor nutritivo) e a prolongada seca fazem com que a savana
de miombo supore uma baixa densidade de grandes mamíferos. O que
mais valoriza a importância do miombo para as espécies de maíferos é
a sua extensão ( Shorrocks, 2007).

Várias espécies de animais são endémicas á região do miombo, como


é o caso do antelope roano e do chacal de estria lateral. No entanto, a
maioria das espécies de grandes mamíferos que ocorrem noutros tipos
de savana ocorrem na savana de miombo, nomeadamente o elefante,
rinoceronte, o buffalo. Estes animais compensam a pobreza
nutricional da forragem consumindo grandes de alimento. Os
carnívoros associados ao miombo incluem a chita, o leão, o leopard e
as hienas, dentre outros ( Shorrocks, 2007).

Desertos

Os desertos ocorrem entre as latitudes 15o Norte e 35o C Sul do


equador. São exemplos Sahara ( na Àfrica), os desertos de Mojave,
Sonora, Chihuahua, da Grande Bacia ( na Amèrica); o deserto do
Negev ( no Mèdio Oriente) e o deserto de Gobi ( na Àsia) ( Krohne,
2001).

Os desertos ocorrem em regiões onde a evaporação é superior á


precipitação. São tipicamente secos e quentes, exibindo uma grande
variabilidade da temperature e uma marcante impresibilidade da
UnISCED Disciplina: Ecologia

precipitação ( Krohne, 2001). As temperaturas medias do deserto são


de 20oC a 25oC, sendo as extremas de 44oC a 49oC ( durante o dia ) e
cerca de 18oC negativos (durante a noite ). A temperatura muda
drasticamente, sendo demasiadamente alta durante o dia e
extremamente baixa durante a noite, porque o ar contém muito
pouca humidade; a humidade absorve o calor e a falta de humidade
reduz a possibilidade de aquecimento ( UCM,2007 ).

A precipitação total anual é inferior a 300 mm. No deserto, de


Atacama no Chile, por exemplo nunca chove enquanto algumas áreas
do deserto de Kalahari na África ocorrem nevoeiros; a distribuição da
chuva varia, mesmo dentro da mesma região – no deserto de Sonora ,
no Arizona, pode chover numa parte do deserto e não chover noutras
áreas que ditam apenas 1 km ( Krohne, 2001 ).

Os substratos onde ocorrem os desertos são demasiadamente


variáveis, dependendo da região onde o deserto ocorre. Alguns são
pouco profundos, outros são constituídos de areias brancas, profundas
e antigas, outros são de origem vulcânica. Alguns desertos, o Grande
Lago Salgadona América do Norte, são salgados e derivam da seca de
lagos. O chão de alguns desertos é constituído por pedras, designados
por “pavimentos do deserto” que por vezes ficam cobertos de
materiais brilhantes constituído de argilas e óxidos de ferro e
manganésio ( Krohne, 2001 ).

As plantas que vivem no deserto possuem mecanismos de adaptação


que os permite sobreviver em ambientes de escassez de água.
Ocorrem plantas suculantes como os cactos, pequenas ervas e
arbustos. Os cactos são capazes de conservar água nos seus ramos e
caules e as suas folhas são transformadas em pequenos espinhos (
UCM, 2007 ).

Outras adaptações incluem o desenvolvimento de um número


reduzido de folhas pequenas. Algumas plantas desenvolvem um
sistema de raízes muito profundo que os permite extrair água em
UnISCED Disciplina: Ecologia

profundidade. Várias plantas são efémeras, ou seja têm um ciclo de


vida muito curto, crescem e florescem e produzem sementes no curto
período de chuvas ( algumas semanas ) ( Krohne, 2001).

Para evitar o calor, alguns animais são escavadores e possuem hábitos


nocturnos. Por falta de água, vários animais bebem pouca água e
obtém água a partir dos alimentos que consomem ( leia os exemplos
de adaptações de animais e plantas às condições de temperatura e
escassez de água apresentados da unidade II, capítulo II, páginas 29 e
32 )

Biomas de água doce

A Água doce é definida como tendo uma concentração de sal baixa,


normalmente inferior a 1%. As plantas e os animais de água doce
estão adaptadas ao baixo reor de sal e não são capazes de sobreviver
em ambientes muito salgados ( nos oceanos, por exemplo ) ( UCM,
2007 ).

Os sistemas de água doce podem ser classificados em dois grandes


grupos: sitema de águas paradas ou sistemas lênticos e sistemas de
águas correntes ou sistema lóticos (Odum, 1993 ).

Estes sistemas podem ser agrupados em três tipos principais de


regióes: (i) lagoas e lagos; (ii) fontes, rios e riachos (iii) terras húmidas,
que constituem a transição entre os sistemas aquáticos e os sistemas
terrestres ( Odum, 1993; UCM, 2007 ).

Terras Húmidas

As terras húmidas formam um conjunto de ecossistemas que


constituem a transição entre os sistemas aquáticos e os sistemas
aquáticos e os sistemas terrestres. Alguns destes sistemas podem ficar
UnISCED Disciplina: Ecologia

permanentemente húmidos e assim tornam-se importantes para um


conjunto de organismos que utilizam esses ecossistemas como zonas
de reprodução, de forragem ou de esconderijo ( Krohne,2001).

As terras húmidas suportam diversas espécies de plantas aquáticas.


Comportam também várias espécies de anfíbios, répteis e aves, pelo
que possuem alto valor económico.

As terras húmidas podem ser classificadas de acordo comas suas


condições de drenagem da água do solo e outras características
físicas(Krohne,2001). Por exemplo, os pântanos são bacias planas onde
a água flui lentamente saturando o solo. Uma das diferênças entre os
pântanos e outros tipos de terras húmidas é que os pântanos são
dominados por plantas lenhosas.

Bioma marinhos

Os sistemas marinhos incluem os oceanos, os corais e as zonas


estuarinas; os oceanos compreendem cerca de ¾ da superfície
terrestre, constituindo um habitat potencialmente mais vasto [ara as
comunidades vagetias e animais. Nos biomas marinhos, as algas e as
ervas marinhas são as principais comunidade produtoras. Os oceanos
fornecem a maior parte do vapir de água para a precipitação na terra.
A importância dos oceanos para o ciclo do carbon foi referida no
capítulo I desta unidade.

Oceanos

Os oceanos estão ligados entre si num vasto oceano global e foram


geograficamente divididos em quarto corpos de água: Oceano
Pacífico, Atlântico e Árctico. Os oceanos cobrem mais de 70% da
superfície do Globo ( Odum,1993).
UnISCED Disciplina: Ecologia

O sal ( cloreto de sódio) é o principal compost químico da água do


mar, para além do cloro e do sódio, o magnésio, o potássio, o cálcio e
o enxofre que fazem parte da composição da água do mar. A água do
mar é alcalina, devido a elevada presença de iões de carga positive ou
catiões ( Odum,1993).

Distinguem-se nos oceanos diferentes zonas ou regiões. Das costa


para o mar profundo, distinguee-se a plataforma continental que
começa na linha da costa e desce com um declive suave até ao talude
continental ( onde o declive é muito mais pronunciado); a plataforma
continental atinge a bacia oceânica(Odum,1993).

A região do mar está situada para além da plataforma continental e é


designada por região oceânica ou bacia oceânica; é formada por
planícies abissais e cordilheiras ou fossas oceânicas ( Odum, 1993;
Krohne,2001). A região do declive e da elevação continental é a zona
batipelágica que pode ser active geologicamente, com movimentos
das placas do substrato, actividades vulcânicas e contém trincheiras e
desfiladeiros. A região abissal é a área das profundidades oceânicas
2000 a 5000 metros de profundidade( zona hadal) (Odum,1993).

Em profundidade, as zonas podem ser ecologicamente classificadas


em termos da penetração da luz, sendo a parte superficial onde a luz
penetra facilmente, a zona eufótuca ou fótica- é a zona do corpo de
água que recebe a luz e onde ocorre a fotossíntese ( região
produtora); a zona afótica— a zona que compreende coluna de água
que não recebe luz. A zona eufótica é a mais profunda, onde as águas
da região oceânica são claras ( pode ter 100 a 200 metros de
profundidade), sendo pouco profunda na costa onde ocorre maior
turvação ( cerca de 3 metros de profundidade) (Odum,1993).

A zona pelágica é a zona que compreende a coluna de água onde os


animais não estão fixos, ou não dependem de um substrato ( o
bentos); a zona palágica compreende a plataforma continental e a
zona oceânica (Odum,1993).
UnISCED Disciplina: Ecologia

As temperaturas da águas dos oceanos variam bastante e diminuem


com a profundidade (Odum,1993; Krohne, 2001). Nas zonas tropicais a
temperature media pode atingir os 30o C, enquanto uqe nas regiões
polares a temperature das águas do mar podem estar abaixo das
temperaturas de congelamento das água, porem as águas
permanecem no estado líquido devido ao seu teor de sa ( Krohne,
2001).

Em geral , os organismos que habitam os oceanos estão adaptados ás


correntes de água e á pressão exercida pela água. As correntes podem
ser geradas tanto pelas mudanças de temperature, como pela
salinidade e tanto a temperature como a salinidade influenciam a
densidade da água. As correnytes são importantes para a circulação de
nutrientes do fundo dos oceanos para zonas mais superficiais. A alta
produtividade dos oceanos que se reflecte na alta riqueza do pescado
é o resultado da ocorrência das correntes marinhas frias ascendentes
que trazem á superfíe os nutrientes das camadas mais profundas
(Odum,1993; Krohne, 2001).

Para além de outros organismos, os nutrientes são utilizados pelo


plâncton marinho inclui o fitoplâncton (produtores) e o zooplâncton (
os consumidores). O plâncton contitui uma grande diversidade de
organismos microscópicos que não possuem movimento próprio, são
flutuantes, movidos pelas correntes.

A grande diversidade de organismos marinhos depende do plâncton.


Muitos animais pelágicos ( do alto mar) como as baleias, alimentam-se
de plâncton (Odum,1993; Krohne, 2001).

Ligadas á ocorrência das correntes, várias espécies marinhas de


interesse commercial encontram-se na plataforma continental ou
próximo da mesma e incluem o bacalhau, as anchovas, a sardinha da
África do Sul, o atum (Odum 1993).
UnISCED Disciplina: Ecologia

Por sua vez, as zonas mais profundas do oceano, apresentam uma


grande diversidade de fauna, apesar de ocorrer pouca luz. A
bioluminescência é uma das principais características adaptativas dos
organismos desta zona, dede os microscópicos até aos maiores. A
natureza oferece variados exemplos muito interessantes de
estratégias de utilização da bioluminescência para garantir a
sobrevivência das espécies portadoras dessa característica (Krohne,
2001).

As zonas entre mares das costas arenosas não exibem uma


estratificação acentuada, como acontece nas costas rochosas. Nas
costas arenosas, as ondas do mar movimentam constantemente as
areias, a lama e os organismos adapltados a estas coircunstâncias
incluem os vermes ( exemplo, os poliquetos), os bivalves ( por
exemplo, as amêjoas) e algumas espécies de caranguejos. Várias
espécies de aves visitam as zonbas arenosas entre mares( Krohne,
2001).

Recifes de coral

Recifes de corais são importantes ecossistemas costeiros que ocorrem


em águas pouco profundas das zonas tro[icais e subtropicais, cujas
temperaturas das águas não descem até abaixo de 18oC.

Os recifes podem desenvolver-se em substrates rochosos presentes


nas ilhas e continents; alguns recifes de corais formam autênticas
barreiras ao longo das linhas consteira dos continents, por exemplo, a
Grande Barreira de Corais da Austrália; outros corais formam ilhas ( os
atóis), onde os sedimentos se acumulam e acbam emergindo na
superfície dos oceanos(Krohne, 2001;UCM,2007).

Os recifes de corais constituem os habitais mais produtivos dos


oceanos. Um dos factores que tornam os coprais mais produtivos do
que a água oceânica circunvizinha é a sua associação mutualista com
UnISCED Disciplina: Ecologia

algumas espécies de algas fotossintéticas. Os corais obtêm os seus


nutrientes directamente a partir das algas com as quais vive mem
associação e que realizam a fotossíntese. Os pólipos de corais também
alimantam-se do plâncton. A fauna nos recifes de corais inclui várias
espécies de peixes, ouriços-do- mar, estrelas-do-mar, polvos, de entre
outros animais ( Krohne, 2001).

Outro factor que responde pela alta produtividade dos corais é a sua
proximidade com o interior, a terra do continente, o qual providencia
nutrientes para o system a. o sistema de corais é similar ao da floresta
tropical, onde ocorre também uma eficiência na reciclagem de
nutrientes, de tal modo que ocorrem poucas perdas na sua utilização
ao longo das cadeias alimentares estabelecidas no sistema ( Krohne,
2001).

Vários mariscos, esponjas e algas podem ser encontrados nos recifes


de corais. Muitos animais utilizam o coral como fonte de alimento,
como o peixe papagaio. Outros pequenos peixes, os pepinos do mar,
grandes carnivores como as moreias, barracudas e pequenos tubarões
encontram seus alimentos nos recifes.

Estuários

Estuários são áreas ecológicas importantes onde os cusos de água


doce dos rios misturam-se com água dos oceanos, criando
ecossistemas muito especiais. A camada de água doce que
desemboca dos sistemas dos rios, por ser enos densa, tende a
localizar-se por cima da água salgada( mais densa) e as variações de
salinidade constituem o factor ecológico determinate da vida nos
estuários ( Odum,1993).

Ocorrem enormes amplitudes de variação do teor de sal das águas


estuarinas em função da evaporação da água superficial e das
correntes de água ( doce e salgada) que entram ou saem do sistema.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Em geral, a evaporação tende a aumentar a salinidade e água muito


salgada pode entrar para o interior dos rios, especialmente nas zonas
tropicais, onde ocorrem elevadas taxas de evaporação; as entradas de
água doce tendem a diluir a água salgada (Odum, 1993;Krohne,2001).

O substrato dos estuários está em constant dinâmica. Um factor que é


responsável pela dinâmica das zonas estuarinas é a entrada da água
doce flutuante para o ame e a saida de água salgada sbjacente em
direcção ao rio. Os dois fluxos cobtrários, provocam contracorrentes.
Estas contracorrentes funcionam como espécies de " malha" de
recolha de nutrientes, impedindo o transporte e a perda de nutrientes
e de partículas de materias dos sistemas de água doce para dentro do
mar. quando as correntes de água dos rios são lentas, o material
importado pelos rios é depositado na foz, na forma de um delta. A
acção dos oceanos actua ao contrário, tende a empurrar os mateiais
para dentro dos rios ( Krohne,2001).

Mangais

Os pântanos de mangais são ecossistemas típicos das zonas estuarinas


das regiões tropicais e subtropicais e que possuem uma enorme
importância ecológica e económica.

Os mangais protegem a zona consteira, amortecendo o impacto das


ondas do mar. as raízes das plantas do mangal servem para moderar a
força das correntes de água do mar, o que faz com que os sedimentos
precipitem no fundo e formen um substrato mais ou menos estável. A
medida que o substrato vai ficando estável, outras espécies de árvores
vão se fixando. A dinâmica estuarine faz com que os mangais
funcionem como filtros, colctando vários materiais e poluentes que
cao contrário entrariam directamente para o mar (Krohne,2001).

Os pântanos de mangais functional como viveiros para o


desenvolvimento de vários animais marinhos, alguns deles de elevada
UnISCED Disciplina: Ecologia

importância económica. O camarão desova e passa as primeiras fases


do seu desenvolvimento nos mangais e migra para o oceano aberto na
fase adulta. (Krohne,2001).

Segundo Macne& Kalk (1969), na Ilha de Inhaca em Moçambique,


ocorrem espécies de mangal da família Rhizophoraceae,
representados por três géneros que se distribuem de uma forma
zoneada, do mar para a terra; Rhizophora, Bruguiera e Ceriops.
Avicenna maina é pioneira e alastra-se até a terra firme. As plantas do
mangal apresentam vários mecanismos de adaptação á água e á altos
níveis de alinidade. Para evitar o apodrecimento em água, as suas
sementes germinam antes de cairem para o substrato, formando uma
espécie de “estaca pontiaguda” que permite uma eficaz fixação sobre
o substrato lodoso, quando a semente se desprende da árvore e cai.
Para respirar , as plantas do amgal possuem várias formas de raízes
que emerge da superfície da água.

Rhizophora, tem raízes na forma de estacas; as raizes de Bruguiera


formam curvaturas que lembram joelhos; Avicena possui raízes que
aparecem á superfície na forma de agulhas ( os pneumatóforos).

Principais ecossistemas de Moçambique

A classificação mais simples da vegetação de Moçambique encontra-se


no atlas geográfico de Moçambique (MEC, 1979), que ilustra com o
respectivo mapa a sua distribuição pelo teritório.

Esta classificação apresenta cinco grupos principais da vegetação


natural, e dentro destas as suas respectivas subdivisões.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Florestas

Florestas Sempreverdes de Montanha

Encontram-se desde os 1200 a 1600 m.s.n.m. com precipitações de


1700 a 2000 mm por ano. Nas seguintes regiões: Gurué, Milange,
Chimanimani, Vumba, Gorongonza e outras zonas altas.

Espécies predominantes: Khaya anthoteca, Erythrophleum suaveolens,


Albizia spp e Macaranga spp, entre outras.

Floresta Semi-decídua húmida de baixa altitude

Encontra-se na região sublitoral, na parte norte sul do delta do


Zambeze: em Nicuadala, Namacura e Maganja da Costa ao Norte e em
Cheringoma, Inhaminga e Marromeu ao Sul.

Espécies predominantes: Pteleopsis myrtifolia, Erythrophleum


suavelens, Brachyategia spiciformis, Julbernardia globiflora, e Hirtella
zanguebarica.

Esta é uma das formações vegetais mais ricas e mais diversificadas de


espécies arbóreas de Moçambique.

Florestas Semi-decídua e decídua seca

Ocorre em várias regiões do país:

Ao sul de Maputo, na reserva de Liquati com predominância de Afzelia


quanzensis, Sideroxlon inerme, Balanites maughamii, Dialium
schlechteri, entre outras.

Na região sublitoral, desde a cidade de Maputo até Quissico


(Inhambane) com as mesmas espécies predominantes no sul de
Maputo.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Ao sul do rio Save entre Massingue e Vilanculos, com a predominância


de Adansonia digitata, Cordyla africana entre outras.

Outras várias regiões ao norte do país, entre o Rio Rovuma e


Macomia, e na região costeira da província de Sofala, Zambézia e
Nampula.

Floresta aberta de Miombo

Miombo é o termo usado na Africa Austral para designar as formações


florestais compostas à base de espécies dos géneros Brachystegia e
Julbernardia e Isoberlinia.

O miombo é a formação vegetal mais comum na Africa Central e


Austral especificamente no Zimbabwe, Zambia, Malawi, Tanzania e
Moçambique (Camphel 1996). Ocorre sob diversas formas em quase
todo o norte de Moçambique (Cabo Delgado, Niassa, Nampula e
Zambézia), no norte da província de Tete, no oeste da província de
Manica e na faixa costeira (sublitoral) desde o norte do Save descendo
para o sul até o rio Limpopo.

Nas regiões de média altitude, ocorre o miombo semidecíduo devido a


alta pluviosidade enquanto que em sitios mais baixos ocorre o
miombo decíduo seco.

Savanas arbóreas (em zonas de baixa precipitação)

Savana de Mopane

Mopane deriva do nome científico da espécie dominante,


Colophospermum mopane. Ocorre largamente no vale do Limpopo,
em toda a região Noroeste da província de Gaza desde o Chókwè até
ligeiramente ao norte do rio Save. Outra região é o centro da
província de Tete-no vale do Zambeze. Encontra-se associado a
espécies como Acacia exuvialis, Combretum apiculatum, C. imberbe e
Commiphora Sp.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Savana de Imbondeiros

Ocorre na província de Tete ao Sul do Zambeze com a Adansonia


digitata como espécie predominante.

Savana de Acacia e de folha larga

Ocorre preticamente em todo o sul do rio Limpopo com


predominância de espécies dos gêneros Acacia, Albizia, Combretum,
Strychnos, entre outros.

Savanas herbáceas e arbóreas

Pradaria de aluvião de terras salgadas

Em todas as bacias dos rios principais de Moçambique e com maior


enfase no Delta do Zambeze. A composição específica varia de uma
região para a outra e da distância ao curso de água.

É comum encontrar espécies herbáceas dos géneros Cyperus, Juncus e


Thypha misturadas com algumas árvores dispersas do genero Acácia e
Palmeiras como Phoenix reclinata, Borassus aethiopum, entre outras.

Pastagens de montanha e planalto

Principalmente no planalto de Angonia e nas partes mais altas do


planalto do Chimoio. As espécies predominantes são capins do genero
Panicum, Paspalum, Hyparrhenia, entre outros. Encontram-se árvores
espalhadas, geralmente do género Uapaca, Parinari, Lonchocarpus,
entre outras.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Vegetação Litoral

Mangal

Vegetação típica das zonas costeiras lamacentas e na foz das rios.


Espécies dominantes são: Rhizophora mucronata, Bruguiera
gymnorrhiza, Avicennia marina, Lumnitzera racemosa. Os principais
mangais de Moçambique localizam-se em Nampula (129000 ha),
Sofala (107000 ha) e Zambézia (105000 ha).

Brenha Costeira

Em quase toda a costa de Moçambique povoando as dunas de areia.


As espécies predominantes são Mimusops caffra, Acacia spp.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Figura 1: Mapa de distribuição das principais formações vegetais em


Moçambique (Sitoe, 2003).

Figura 2: Vista parcial de algumas formações vegetais importantes de


Moçambique. a) Floresta Densa Humida em Chimanimani, Manica; b)
Floresta aberta de Miombo em Baruè, Manica; c) Pradaria de Aluvião
no vale do Limpopo, Xai-Xai, Gaza; d) Mangal na foz do rio Zongoene,
Gaza (Sitoe, 2003).
UnISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 2.2. Ecossistemas Artificiais

Ecossistemas Artificiais

Os ecossistemas artificiais resultam da acção do homem sobre os


ecossistemas naturais, criando uma alteração parcial ou completa nos
ecossistemas naturais para dar lugar actividades a actividades do seu
interesse.

Principais tipos de ecossistemas artificiais

Ecossistemas agrícolas

São aqueles que resultam da interferência do homem sobre os


ecossistemas naturais para dar lugar a produção agrícola. Estes
ecossistemas podem ser de curto prazo, em sistemas de produção de
subsistencia com pousio permanente, dando lugar a processos
sucessionais e restauração da vegetação natural ou de longo prazo em
sistemas de produção industrial, em grande escala com intenso uso da
terra e agro-químicos.

Figura 3: Campo de produção de algodão (Tete) (Sitoe, 2003).


UnISCED Disciplina: Ecologia

Ecossistemas urbanos

São lugares que um dia eram ecossistemas naturais, que devido a


actividades de urbanização foram transformados em edifícios e casas.
O crescimento urbano no mundo assim como em Moçambique é uma
das causas do desaparecimento de ambientes naturais em benefício
do cimento.

Figura 4: Imagem da cidade de Maputo, Moçambique


(www.google.co.mz).

Ecossistemas Piscícolas

São ecossistemas que são criados pelo homem, são um lugar onde se
criam artificialmente peixes utilizados para exportação e importação
de peixes em quantidades massivas para o benefício humano.

Figura 5: Parque piscícola (Brasil) (www.google.co.br)


UnISCED Disciplina: Ecologia

Aplicação ambiental- a destruição de ecossistemas

Os biomas mundias representam os principais tipos de habitats


existentes no planeta e albergam as plantas e os animais da terra.
Várias facetas de transformação de ecossistemas e os seus efeitos
sobre a ecologia global, foram analisados nos capítulos anteriore.
Nesta secção são considerados apenas alguns exemplos para ilustra
em que medida a transformação e destruição de habitats ocorre no
planeta, rompendo com o equilíbrio global.

As florestas possuem uma capacidade tampão global e a sua


destruição pode provocar mudanças climáticas globais. As florestas
têm sido reduzidas ou eliminadas, para alimentar as crescents
necessidades de lenha, construção, desenvolvimento da agricultura e
pecuária e outras comodidades.

A taxa de redução da floresta tropical humida está na ordem de 17


milhões de hectares por ano. As áreas são queimadas e convertidas
em parcelas para a prática da agricultura.

O agravante é que as áreas convertidas não conseguem recuperar de


modeo a atingirem o estado inicial de equilibrio. Por outro lado, a
destruição de florestas é responsável pela extinção de 17000 especies
de organismos por ano ( Krohne, 2001).

Por sua vez, os ecossistemas aquáticos ( de água doce e marinho)


fornecem a água para a irrigação e para beber e recursos importanytes
para a vida da humanidade, para alem de exercer um enorme efeito
sobre o clima. A sobrepesca e a poluição tornam estes ecossistemas
em risco de sustentar a vida dos organismos desses ecossistemas.

Arturton et al.(2006) referem que a degradação dos ambientes


consteiros e marinhos da África intensificou nos últimos 50 anos
contribuindo para isso vários factores entre os quais o crescimento
populacional, a sobrepesca, a pobreza e a pressões de impostos pelas
necessidades de desenvolvimento. Por exemplo, cerca de 1/5 dos
UnISCED Disciplina: Ecologia

mangais do mundo ocorrem na África sub- Sahariana e 70% destes


mangais estão distribuídos em 19 países da África Ocidental, com uma
área total de 20144Km2. Nesta região, pelo menos 25% da área do
mangal foi perdida ( UNEP-WCMC,2007;apud Diop et al.,2010).

Estes exemplos reforçam as necessidades de protecção, restauração


de habitats para que a humanidade continue a beneficiar, a longo
prazo, dos recursos e dos serviços que os ecossistemas providenciam
local ou globalmente.

UNIDADE Temática 2.3. Ecossistemas Degradados

Ecossistemas degradados

A preocupação com a reparação de danos provocados pelo homem


aos ecossistemas não é recente. Plantações florestais têm sido
estabelecidas no mundo desde a séculos com diferentes objetivos.
Entretanto, somente nos anos 90, com o desenvolvimento da ecologia
da restauração como ciência, o termo restauração ecológica passou a
ser mais claramente definido, com objetivos mais amplos, passando a
ser o mais utilizado no mundo nos últimos anos (Engel & Parrotta
2003).

Causas da degradação dos Ecossistemas

Queimadas

As queimadas são um factor muito importante na degradação de


ecossistemas. Exiestem várias fontes de queimadas na vegetação: os
relampagos, a lava dos vulcões, os fogos provocados pelo homem
(para a caça e agricultura).
UnISCED Disciplina: Ecologia

Na situação de Moçambique as principais causas das queimadas são as


actividades humanas. Nas regiões norte e centro de Moçambique as
florestas são queimadas pelo menos uma vez por ano (Sitoe, 2003).
Sendo assim é lógico concluir que a vegetação destas zonas está
sujeita a destruição anual e deve se restaurar anualmente.

As queimadas são quase sempre resultado de actividades humanas


para (a) agricultura: o camponês antes de entrar na machamba com a
enxada a capinar primeiro passa fogo sobre o capim que está na
machamba, estes fogos muitas vezes são descontrolados queimando
grandes áreas florestais; (b) caça: para afogentar os animais de uma
área para cairem nas armadilhas dos caçadores; ou depois de apanhar
os animais o processo de conservação comumente usado é a secagem;
esta exige o estabelecimento de uma fogueira, a qual é feita dentro da
própria floresta; depois do trabalho feito, o fogo pode-se alastrar e
ficar descontrolado; (c) pastagem: no período seco, nas zonas onde se
pratica actividade pecuária há deficiência de pastos frescos para os
animais porque o capim está seco; o método que se usa é queimar
largas áreas (muitas vezes descontroladamente); a queimada vai
eliminar a parte aérea das ervas deixando a parte redicular; esta , por
sua vez vai criar condições para a rebrotação de novas folhas
proporcionando uma boa pastagem para os animais.

Factores bióticos

Na natureza nenhum indivíduo vive separado dos outros seres vivos,


há sempre outros indivíduos à sua volta, estes podem ser da mesma
espécie ou de espécie diferente. Como cada indivíduo tem seus
requerimentos em termos de nutrientes e condições de vida que pode
coincidir com as dos outros é fácil concluir que um indivíduo será
sempre influenciado pelos seus vizinhos duma forma directa ou
indirecta. A capacidade competitiva entre indivíduos de difetentes
espécies que leva à não ocorrência de outros é o exemplo mais
UnISCED Disciplina: Ecologia

comum de influência de factores bióticos. Porém alargando o termo


para outros elementos que não só as plantas, observa-se que os
animais, dependemda vegetação como sua principal fonte de
alimentação. Este processo de alimentação representa uma influência
na vegetação. Como exemplo deste caso tem se indicado, a
desertificação verificada nas regiões semi-aridas com maior detalhe
nas regiões subtropicais resultante de processos de sobre-pastoreio.

Factores antrópicos

As acções humanas podem ser analizadas duma maneira geral dentro


de outros factores mas é comum apresentar-se este factor devido as
características particulares que este apresenta: o homem é o animal
que maior influência tem dado sobre os ecossistemas naturais em
geral e à vegetação em particular.

Se recuarmos uns anos atrás e verificarmos quantas áreas naturais


havia no século XIX em todo planeta e observarmos quanto existe
hoje, vamos concluir que houve uma diminuição drástica
principalmente devida às actividades humanas. Uma parte já foi
indicada nos pontos anteriores sobre queimadas mas outras
actividades como agricultura, construção de cidades, aldeias, estradas,
emissão de de gases de resíduos tóxicos, entre outras são resultado da
actividade humana que resulta da destruição das massas naturais de
florestas e outros campos naturais. Não é preciso ir longe nem recuar
muito tempo para dar exemplo do fenómeno de influência humana
nos ecossistemas: Em Moçambique, à volta de grandes cidades já não
se encontra nenhuma floresta como resultado de corte para
fornecimento de combustível lenhoso às populações urbanas e
suburbanas. Duma forma geral toda a actividade agrícola silvícola,
mineira, petrolífera, etc. é uma influência humana na degradação de
ecossistemas.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Restauração de ecossistemas degradados

Consideram-se degradadas áreas que apresentam “sintomas” como:


mineração, processos erosivos, ausência ou diminuição da cobertura
vegetal, deposição de lixo, superfície espelhada...entre outros (SMA
2004). Em 2004 a “Society for Ecological Restoration” - SER publicou
“Os Princípios da SER na Ecologia de Restauração” esse guia define a
restauração ecológica como uma atividade intencional que inicia ou
acelera a recuperação de um ecossistema no que diz respeito a sua
saúde, integridade e sustentabilidade. Ecossistemas que requerem
restauração têm sido degradados, danificados, transformados ou
inteiramente destruídos como resultado direto e indireto das
atividades humanas. Adicionalmente, descreve vários passos a serem
tomados para o desenvolvimento e o manejo de projetos de
restauração ecológica.

Dentre as várias atividades a serem realizadas estão: identificar o local


e o tipo de ecossistema a ser restaurado; identificar o agente causador
da degradação; e identificar se há necessidade de intervenções diretas
para a restauração.

Dentro desses princípios foram desenvolvidos vários modelos para a


restauração de áreas degradadas, dentre eles:

Condução da Regeneração Natural: Restauração através da sucessão


secundária, sendo necessário apenas o abandono da área a ser
restaurada para que esta, naturalmente, se desenvolva através da
regeneração natural (Engel e Parrotta, 2003). No entanto, para que
isso ocorra, há a necessidade de superar barreiras para a regeneração
natural, como a ausência ou a baixa disponibilidade de propágulos
(sementes) para a colonização do local, a falha no recrutamento de
plântulas e jovens (predação de sementes e plântulas e/ou ausência
de um microclima favorável), falta de simbiontes (micorrizas e
UnISCED Disciplina: Ecologia

rizobactérias) e polinizadores e dispersores. Atualmente o método é


um dos indicados para restauração florestal em áreas de preservação
permanente pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Ver:
http://www.mma.gov.br/port/conama/).

Plantio por sementes: Esta técnica supera uma das barreiras à


regeneração natural, pois os propágulos seriam diretamente lançados
no local a ser restaurado. Mas o sucesso no emprego desta técnica
depende de haver condições mínimas para que ocorra o recrutamento
das plântulas e dos juvenis e da manutenção das interações para a
funcionabilidade do ecossistema. No Mato Grosso algumas iniciativas
demonstram que o método da semeadura direta, ainda que com
desempenho não satisfatório para algumas espécies, mostrou-se
viável, o que o recomenda como alternativa econômica de restauração
florestal (Ver: www. socioambiental.org).

Plantio de mudas: Apesar de ser uma forma mais onerosa de


restauração de áreas degradadas, por aumentar as chances de sucesso
do desenvolvimento das plântulas e diminuir a perda das sementes, o
plantio de mudas de espécies nativas de rápido crescimento apresenta
alta eficácia na restauração e com o passar do tempo proporciona o
desenvolvimento de espécies vegetais de outros níveis de sucessão e a
atração de animais frugívoros dispersores de sementes. Pelo alto
índice de sucesso dessa técnica, com a utilização de espécies de rápido
desenvolvimento, cerca de um a dois anos após o plantio têm-se áreas
onde espécies arbóreas venceram a competição com espécies
invasoras herbáceas e gramíneas, através do sombreamento
(Cavalheiro et al., 2002).
UnISCED Disciplina: Ecologia

É possível baixar os custos das atividades de restauração com o plantio


de mudas em “ilhas”. O plantio de mudas pode ser feito conforme
sugerido por Kageyama e Gandara (2000), as ilhas de alta diversidade
são formações de pequenos núcleos onde são colocadas plantas de
distintas formas de vida (ervas, arbustos, lianas e árvores). Com a
utilização de uma alta diversidade e densidades de espécies arbóreas,
essas ilhas serviriam como “trampolins” para restaurar a conectividade
entre os fragmentos e auxiliar o processo de restauração de florestas
nativas (Kageyama, et al., 2003). Ou ainda, com o plantio de árvores
isoladas ou em grupos – de espécies que atraem a fauna, servindo
como dispersores de sementes (SMA 2004).

EXERCÍCIOS DO TEMA II
1. O que entende por ecossistema?
2. Quais são os principais ecossistemas mundiais?
3. Quais são as principais formações vegetais de Mocambique?
4. Dê 3 exemplos de ecossistemas artificiais?
5. Indique as causas de degradação dos ecossistemas?
6. Quais são as principais razões da degradação de ecossistemas em
Moçambique?
7. Que medidas podem ser tomadas para a recuperação de
ecossistemas degradados?
UnISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – III: PRODUÇÃO E FLUXO DE ENERGIA

UNIDADE Temática 3.1. Introdução (Conceitos e Generalidades).


UNIDADE Temática 3.2. Estrutura trófica.
UNIDADE Temática 3.3. Ruptura de cadeias alimentares,
Bioacumulação nas cadeias alimentares e Espécie chave.

UNIDADE Temática 3.1. Introdução (Conceitos e generalidades)

Produção e fluxo de energia

A energia é a capacidade de realizar trabalho, condição inerente à


material. A ernergia manifesta-0se de diversas formas, sendo as mais
importantes: a energia química, a mecânica, a radiante e a calorífica.
Um dos princípios que se baseiam os fenómenos da natureza (físicos,
químicos e biológicos) é o princípio da coservação da energia que
anuncia: a energia não pode ser criada, nem destruída nas reacções
químicas comuns, mas apenas modificada em suas formas.

Lembrando os conceitos da unidade I, estudar ecossistemas implica


analisar o conjunto das interacções entre os organismos vivos (as
comunidades biológicas – os animais, as plantas, ou seja o
componente biótico) e o ambiente físico e químico (os solos, aluz, a
temoeratura, a humidade, o clima em geral – componente abiótico).

Segundo O’Hare (1988), na prática os ecossistemas distinguem-se um


dos outros na base dos componentes que podem ser visualizados,
podendo ser utilizada a vegetação, por exemplo, as florestas, os
graminais, arbustosdesértico ou na base dos habiitats (por exemplo,
lagos, charcos ou pântanos). A estrutura e funcionamento dos
principais ecossistemas globais são descritos na capítulo III.

Ainda segundo O’Hare (1988) os ecossistemas podem ser definidos ou


identificados com base na sua estrutura que é o conjunto de tudo o
que constitui o componente biótico e abiótico e da sua função que é o
UnISCED Disciplina: Ecologia

conjunto de processos e de interacções que têm lugar no ecossistema;


os processos integram o ecossistema de modo que ele constitua uma
unidde integrada. Os processos básicos que fazem funcionar os
ecossistemas são ambos conduzidos pela energia solar. São eles o
fluxo de energia e o movimento de materiais, desigando por ciclo de
nutrientes (O’Hare, 1988).

Segundo Nobel (1991, apud Newman 1993), a radiação emitida pelo


sol (radiação solar) encontra-se dentro das chamadas radiações de
comprimento de onda curto, cujo comprimento de onda varia entre
0,2 a 3μm e quando atinge o topo da atmosfera terrestre, ela pode ter
vários percursos:

i. uma parte da radiação é devolvida – refelectida pelas nuvens


(vapor de água);
ii. outra parte da energia é absorvida por alguns gases presentes
na atmosfera, principalmente o ozono, o dióxido de carbono e
o vapor de água; e
iii. uma fracção atinge a superfície da Terra.

A energia solar que atinge a superfície da terra pode também ter


vários caminhos:

i. Pode eventualmente atingir as plantas;


ii. Pode ser também reflectida pela superfície das plantas;
iii. Pode ser absorvida e utilizada para para o fabrico de glicose
(hidrato de carbono), no processo desigando po fotossínte.

Portanto, a energia entra para os ecossistemas através da radiação


solar que atinge a suoerfície da Terra. É necessário notar também que
apenas cerca de 50% da energia no comprimento de onda curta e que
atinge a terra é activa em termos fotossintéticos, ou seja, está dentro
dos comprimentos de onda de 0,4 a 0,7μm.
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A glicose é o produto básico da fotossíntese e entra na composição


dos principais compostos org^anicos e mais complexos da planta
como é o caso da celulose ( Killham, 1994).

A taxa de conversão da energia em moléculas orgânicas que é


realizada duarante a fotossíntese é designada por produção primária
e essa taxa é medida em unidades de energia por unidade de área por
unidade de tempo (Krohne, 2001).

A produção é designada primária, quando é feita por organismos


fotossintéticos (Newman, 1993). As plantas e outros organismos
fotossintéticos fazem parte do conjunto dos organismos produtores
primários; nos ecossistemas aquáticos (rios e oceanos)os produtores
primários fazem parte do fitoplâcton, organismos microscópicos, de
entre os quais se encontram algas, que constituem a base das cadeias
alimentares nesses sistemas. Deste modo, quando a energia é captada
pelos produtores primários, ela é convertida noutras formas de
energia, através de sistemas metabólicos diversos em que os
carbohidratos são decompostos e a energia neles contida é utilizada,
porexemplo, para sintetizar outros compostos orgânicos necessários
para a vida das plantas.

Os vários processos vitais incluem, de entre outros, o crescimento, a


floração, frutificação e produção de sementes. A energia pode
também ser conservada pelas plantas em órgãos de reserva como nas
raízes e tubérculos (é o caso da mandioca e da batata doce). Portanto,
energia total captada e acumulada é transformada em biomassa viva
da planta e a biomassa viva vai mudando à medida que a planta se vai
desenvolvendo e quando a planta é consumida pelos heteretróficos
(Krohne, 2001). Isto significa que ao realizarem os eus processos vitais,
as plantas perdem parte da energia acumulada. Essa perda pode ser
realizada na forma de calor, uma vez que podem ser formadas
substâncias memos energéticas.
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A produção primária líquida é aprodução da matéria orgânica da


plabta ou de compostos orgânicos da planta, excluindo aquela que é
degradada, ou seja, a que é utilizda pelos produtores primários para a
manutenção doss eus processos vitais. A produtividade primária
líquida é a taxa com que a produção primária líquida é realizada.
Portanto, a produção primária líquida representa o que é
potencialmente disponível para o consumo pelos organismos
heteretróficos. Por isso, nos ecossistemas, a produção primária líquida
durante uma no raramente é igual a que está presente na forma da
biomassa viva no fim desse ano (Newman, 1993).

Quando morrem as plantas, os compostosorgânicos contidos na


biomassa vegetal são decompostos pelos organismos decompositores.
Durante o processo de degradação, a energia contida nesses
compostos vai sendo transformad em substâncias masi simples,
menos energéticos, sendo os produtos finais desse processo, o dióxido
de carbono e água. Assi, pode-se compreender que o movimento da
energia é unidireccinonal. A energia entra para o ecossistema, é
captada pela vegatação, é convertida em carbohidratos e, por fim, é
dissipada na forma de calor. É por isso que se fala de fluxo de energia,
portanto nos ecossistemas, não circula, flui.

Os produtores primários (palantas e outros organismos


fotossintéticos) não utilizam apenas os carbohidratos que produzem
durante a fotossíntese. O seu desenvolvimento e sobrevivência
dependem também dos nutrientes prsentes no solo ou nos meios
aquáticos. Quando os herbívoros se alimentam, incorporam os
nutrientes contidos nos na biomassa vegatal e, quando os carnívoros
se alimentam, os nutrientes contidos nos herbívoros passam para
abiomassa dos carnívoros. Tantos os herbívoros como os carnívoros
são heteretróficos, uma vez que dependem dos comopostos orgânicos
de outros organismos para obterem a energia necessária para a sua
vida.
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UNIDADE Temática 3.2. Estrutura trófica

Estrutura trófica

Um ecossistema pode ser descrito com base nas cadeias alimentares


estabelecidas nesse ecossistema. Por exemplo, numa savana, a
produção primária é realizda pelo capim, algumas árvores eoutras
palntas que lá ocorrem; o capim pode ser consumido pelas zebras que
por sua vez podem ser consumidas pelo leão.

O movimento (fluxo) da energia contida nos alimentos e que se


estabelece dos produtores paar os animais e para os decompositores,
pode ser representada na forma de cadeia alimentar ou cadeia trófica.
As cadeias alimentares, podem ser representadas graficamente de
várias maneiras. Uma delas é a de representar as interacções do tipo
“quem?com quem?”, ou seja as ligações entre as populações
consumidoras e as populações consumidas por meio de setas que
indicam o fluxo de energia que se estabelece nessas interacções, por
exemplo:

Capim → zebra → leão

Assim, no exemplo acima indicado, o capim capta a energia solar para


fabricar os seus alimentos (produtor primário). Quando a zebra come
o capim, parte da energia do capim passa para azebra. Esta é um
consumidor primário. O leão quando consome a zebra é um
consumidor secundário, o que significa que parte da energia
acumulada pela zebra passa para o leão.

Em resumo, o capim (produtor primário) ocupa o primeiro nel trófico,


a zebra (consumidor primário) é dos egundo nível e o leão
(consumidor secundário) ocupa o terceiro nível trófico. Neste
percurso, produz-se uma corrente unidireccional de transferência de
energia.
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Portanto, o caminho que a energia percorre a partir dos produtores


aos consumidores, é designado por cadeia alimentar; a estrutura
trófica. A cadeia alimentar é caracterizada pelos intervenientes dessa
cadeia.

Nível trófico é a posição que ocupa um organismo na cdeia alimentar.


A posição é avaliada através do número de etapas de transferência de
energia para atingir tal nível, por outras palavras, cada etapa de
transferência de energia na cadeia alimentar ou trófica é designada
por nível trófico ( O’Hare, 1988; Krohne, 2001).

Alguns consumidores encontram-se no topo das cadeias alimentres,


ou seja, não constituem presa para nenhum outro predador, por isso
são designados predadores do topo (Krohne, 2001). O leão, o
leopardo, as baleias assassinas e as aves de rapina, são exemplos de
predadores do topo.

O comprimento de uma cadeia alimentar, ou seja, o número de níveis


tróficos numa cadeia alimentar´é determinado pelo número médio de
ligações que se estabelecem entre o produtor e o carnívoro do topo.
Em geral, nenhuma comunidade seja ela aquática, terrestre ou
detritívora exibe mais do que seis níveis tróficos e, a maior parte
possui três ou quatro níveis (Krohne, 2001).

Na natureaza as interacções baseadas na alimentação não são simples,


uma vez que várias espécies podem ocupra vários níveis tróficos e
assim se estabelecem redes alimentares e de transferência de energia
extremamente complexas. Por isso, fala-se també de redes
alimentares. Uma rede alimentar ou teia alimentar é representada
por todas as espécies que intervêm na transferência de energia de
cada nível trófico (Krohne, 2001). Um exemplo de teia alimentar pode
ser visualizado partindo de uma parcela de terra de produção de milho
(machamba de milho). As plantas de milho podem ser consumidas
pelos gafanhotos; os ratos podem roer a maçroca do milho. Os
gafanhotos podem ser condumidos por pássaros. Tanto os ratos como
UnISCED Disciplina: Ecologia

os pássaros podem servir de alimento para s cobras e também para as


aves de rapina (águias e mochos). O homem, alimenta-se de milho e
pode também comer o pássaros; na mesma teia, o Homem pode servir
de presa para um leão. Esta teia pode crescer e tornar-se masi
complicada, à mediada que se estabelecem as conexões na base do
alimento.

Uma outra maneira de reoresentar graficamente a estrutura trófica de


um ecossistema é através de pirâmides ecológicas m designadas por
pirâmides Eltonianas pelo facto de ter sido Elton (1990-1991) quem as
concebeu pela primeira vez. Segundo este modelo, todas as espécies
que pertencem a um determinado nível trófico são colocadas no
mesmo grupo. As pirâmides ecológicas podem representar o número
(pirâmides de números), a biomassa (pirâmides de biomassa) ou de
conteúdo de energia (pirâmides de energia) de cada nível trófico
(Krohne, 2001)

A forma piramidal, deve-se à perda de energia na forma de calor, por


isso, o número de indivíduos, a biomassa e a energia de um
determinado nível trófico de uma cadeia trófica são em geral, sempre
menores do que no nível precedente (anterior) e amaior do que no
nível seguinte. Em geral, na transferência de matéria de um nível para
o outro, somente 10% da energia é transferida, sendo a restante
perdida. Em alguns casos, as pirâmides ficam distorcidas. Por exemplo,
quando numa cultura de milho ocorrem pragas de gafanhotos, o
número de produtores pode ser inferior ao número de consumidores
que neste caso são os gafanhotos que devoram as folhas de milho.

Consumidoressecundarios-Leoes
Consumidoresprimarios-Gado caprino
Produtores-Capim

Figura 6: Representação da cadeia trofica por meio de piramede


UnISCED Disciplina: Ecologia

UNIDADE Temática 3.3. Ruptura de cadeia alimentar, Bioacumulação nas


cadeias alimentares e Espécie Chave

Ruptura de cadeia de alimentos

Quando uma espécie é removida de uma cadeia, a sua ausência pode


provocar efeitos em cadeia para outras espécies, que aquelas que
estão nos níveis tróficos superiores, como aquelas que estão nos níveis
tróficos inferiores. Existe um variado número de exemplos de
rompimento de cadeias alimentares que resultam da actividade
humana .

Um exemplo hipotético pode ser colocado a partir da cadeia alimentar


indicada na seccção anterior, em que a cultura de milho é consumida
por uma praga de gafanhotos. Que consequências produziria a
eliminação completa de gafanhotos?

É muito provável que os gafanhotos sirvam de alimento a pássaros.


Estes por sua vez servem de alimento para as serpentes e estas às
águias. Algumas espécies generalistas poderão mudar o tipo de
alimento, quando outro tipo de alimento é escasso. No entanto, se
uma das espécies da cadeia alimentar for especialista, ou seja,
depender exclusivamente de uma espécie como fonte de alimeto, a
espécie especialista poderá ser eliminada, por falta de alimento.

Supõe-se que em algumas regiões do sul Moçambique exista uma


correlação entre a redução de mochos(animais predadores),
resultante da sua eliminação desenferada por razões culturais, e o
aumento da população de ratos e de pássaros que por sua vez, acaba
afectando a produção de algumas culturas.

Umexemplo, de natureza diferente, é apresentado por Hunter (2008).


Esta autora descreve como as indústrias de produção de salmão
podem afectar os ecossistemas pela ruptura de cadeias alimentares. O
salmão é produzido em aquacultura e é uma espécie muito apreciada
UnISCED Disciplina: Ecologia

em várias partes do mundo, sendo de alto valor económico nos


mercados internacionais. Refere-se que algumas espécies de peixes
(como as anchovas) são muito utilizadas para o fabrico de rações para
produzir outros peixes, incluindo o salmão. Esta sobrexploração de
peixe, tem colocado em risco a sobrevivência de outras espécies de
animais marinhos, como é o caso do bacalhau e das focas.

Bioacumulação

Por via da alimentação, algumas substâncias poluentes e não


degradáveis ou que degradam lentamente podem ser incorporadas e
acumular no interior dos tecidos de um organismo. Este fenómeno é
designado por bioacumulação (Krohne, 2001).

No percurso de uma cadeia alimentar, as substâncias tóxicas


acumuladas nos tecidos de um organismo podem depois passar para o
outro organismo e deste, sucessivamente passarem a ficar acumuladas
nas espéciaes quw fazem parte dos níveis tróficos seguintes.

Quanto mais alto for o nível trófico, maior é a quantidade de químicos


acumulados pelo ser vivo, uma vez que, ao longo da sua vida, o
mesmo vai concentrando substâncias que foram concentradas pelos
organismos que estão nos níveis tróficos inferiores. Verifica-se que nos
animais predadores os valores de concentração de substâncias tóxicas
são mais elevados que nos animais de que os mesmos predadores se
alimentam.

A poluição dos oceanos por substâncias químicas tóxicas, como por


exemplo as dioxinas, os bifenis, policlorados e o DDT, geralmente
conhecidas por poluentes orgânicos persistentes (POP’s) afectam
várias espécies marinhas incluindo os peixes, e as espécies que
consomem o peixe, como os ursos e o próprio Homem. Casos
concretos estão a acontecer com as populações que vivem no Ártico e
UnISCED Disciplina: Ecologia

que se alimentam fundamentelmente de animais gordurosos como as


focas, para além dos peixes.

Quando os POP’s acumulam-se nos tecidos de um amulher, podem


passar da mãe para os filhos atravás da amamentação, prejudicando a
saúde da criança.

Conceito de espécie chave

Algumas espécies são numericamente mais abundantes do que outras,


outras são mais frequentes do que outras, independentemente do seu
número. No entando, algumas espécies exercem maior impacto que as
outras no seio de uma determinada comunidade e, esse impacto não
pode ser explicada apenas pelas suas abundância numérica mas sim
pelo seu papel e impacto nessa comunidade.

Espécies chave são espécies que garantem o equilíbrio na estrutura e


na composição das espécies da comunidade. A extinção de uma
espécie chave pode desencadear efeitos diversos noutras espécies e
na estrutura das comunidades (Newman, 1993).

Por exemplo, vários estudos sobre o efeito dos herbívoros na


abundância de espécies de plantas mostram que a exclusão de
herbívoros em algumas comunidades pode promover o
desenvolvimento de algumas espécies vegetais superiormente
competitivas e prejudicar outras espécies. Newman (1993), cita o
exemplo de coelhos que foram introduzidos e naturalizados na
Inglaterra no século XI ou XII. Durante muito tempo os coelhos
transformaram a vegetação natural, reduzindo a diversidade de
algumas espécies de plantas em alguns habitats.

Em 1950, uma doença quase dizimou a população de coelhos; uma das


consequências da redução drástica da população de coelhos observou-
se no melhoramento da vegetação. Algumas áreas que tinham pouca
UnISCED Disciplina: Ecologia

vegetação, devido a acção herbívora dos coelhos, passaram a ficar


colonizadas por arbustros e árvores e transformaram-se em autênticas
florestas que até hoje se observam em algumas regiões da Inglatera.

O elefante é uma espécie chave nas comunidades vegetais africanas. A


acção do elefante combinada com a acção do fogo jogam um papel
impotante no funcionamento e na formação da estrutura das savanas
africanas. A passagem do elefante pelas áreas de floresta, permite
abrir corredores para os animais de menor porte que, doutra forma,
teriam dificuldades de atravessar as densas florestas e de ter o acesso
às áreas de forragem. O elefante e o fogo podem transformar as
savanas arborizadas em savanas abertas (Shorrocks, 2007).

EXERCÍCIOS DO TEMAIII

1. Definine cadeia alimentar?

2. Oque entende por espécie chave?

3. Quais são níveis da cadeia trófica?

4. Indique os diferentes tipos de piramedes ecológicas que conhece?

5. Explique o que entende por bioacumulação?

6. Quais são as consequências de ruptura da cadeia alimentar?


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TEMA – IV: CICLOS BIOGEOQUÍMICOS.

UNIDADE Temática 4.1. Introduão (Generalidades).


UNIDADE Temática 4.2. Principais cíclos biogeoquímicos.
UNIDADE Temática 4.3. Cíclo de Nutrientes e Aplicação Ambiental.

UNIDADE Temática 4.1. Introdução (Generalidades)

Cíclos biogequímicos

Os organismos sintetizam compostos orgânicos e concentram


elementos químicos diversos na sua biomassa. No decurso das vidas,
os seres vivos (animais, plantas e outros) libertam para o meio
ambiente produtos de excreção de natureza dibversa e, os nutrientes
nos corpos dos organismos podem ser reciclados através dos
processos de decomposição, nos quais intervêm uma grande
diversidade de organismos decompositores. O nutrientes tornam-se
assim, novamente disponíveis para os organismos. Os decompositores
promovem a continuidade da utilização de nutrientesn pelas cadeias
alimentares e assim se estabelecem os nutrientes nos ecossistemas.
Por isso, contrariamente ao que acontece com a energia, num
ecossistema, geralmente os nutrientes movimentam-se de forma
cíclica. Na biosfera, os nutrientes nunca se perdem, embora os
nutrientes possam estar relativamente inacessíveis, quando
permanecem depositados em alguns depósitos durante longos
períodos de tempo (Krohne, 2001).

Os ciclos globais são designados ciclos biogeequímicos, uma vez que


envolvem a circulação de elementos químicos na biosfera entre
compartimentos geológicos, a hidrosfera, a atmosfera e os
compartimentos biológicos (a biomassa dpos organismos).
UnISCED Disciplina: Ecologia

A análise dos ciclos biogeoquímicos permite reconhecer que


globalmente não existem fronteiras na circulação dos elementos
químicos, ou seja, os materiais produzidos localmente produzem
efeitos muito longe da origem de produção desses materiais.

Os ciclos biogeoquímicos podem ser estudados para quase todos os


elementos químicos, no entanto, quatro elementos químicos são
considerados cruciais para avida dos organismos. São eles o carbono, o
nitrogénio, o fosfóro e o enxofre. Estes elementos também designados
por “elementos biológicos”, forma a base da constituição dos tecidos
vivos (Killham, 1994; Krohne, 2001).

UNIDADE Temática 4.2. Principais Cíclos Biogeoquímicos

Cíclo do carbono

A seguir ao hidrógenio, o hélio e o oxigénio, o carbono (C) é o quarto


elemento mais abundante no universo e é a base da constituição da
vida. O carbono é o elemento que compõe a estrutura de todos os
compostos orgânicos. Compostos orgânicos diversos como os
carbohidratos, os lípidos (gorduras), as proteínas, os hidrocarbonetos
(combustíveis fósseis) e o DNA (Ácido Desoxiribonucléico –
responsável pela transmissão de caracteres hereditários de pais para
filhos), contêm átomos de carbono na sua constituição.

Os principais reservatórios de carbono são os ecossistemas aquáticos,


especialmente os oceanso, os quais detêm a maior quantidade de
carbono. Um outro grande reservatório de carbono é a atmosfera,
onde o carbono está presente na forma de dióxido de carbono (CO2),
constituindo cerca de 700 gigatoneladas (Newman, 1993). A
quantidade de carbono ana atmosfera é muito inferior as reservas
contidas nas rochas e nos combustíveis fósseis (veja os dados sobre as
dimensões dos principais reservatórios de carbono na Tabela 1).
UnISCED Disciplina: Ecologia

Gigatoneladas (Gton) =
109ton

Carbono Atmosférico 700

Nos oceanos

• Carbono nas plantas 2

• Carbono em animais e organismos <1


terrestres
40.000

• Carbono inorgânico dissolvido


2.000

• Matéria orgânica dissolvida

• Carbono contido nos combustíveis


10.000

NaTerra

• Carbono contido nas plantas 600

• Carbono contido nos animais e <1


microrganismos terrestres
1.000

• Carbono contido na matéria


75.000.000
orgânica

• Carbono nas rochas e nos


sedimentos marinhos

Fonte: Newman (1993)

Para facilitar a esplicação do ciclo global do carbono ou o ciclo


biogeoquímico do carbono, é utilizado o método de Riebeeck (2011),
em que o autor subdivide o ciclo do carbono em duas partes: O ciclo
rápido (ou ciclo biológico) e o ciclo lento (ou ciclo geológico). Este,
opera numa escala de tempo mais longo, 100-200 milhões de anos
UnISCED Disciplina: Ecologia

(tempo geológico) e o ciclo biológico opera numa escala de tempo


mais curto (dias a milhares de anos). Note, no entanto, que na
natureza, o ciclo opera como um todo.

O ciclo Rápido

O ciclo biológico do carbono é movido através de dois processos, dois


fluxos ou movimentos básicos:

i. a captação ou fluxação do dióxido de carbono durante o


processo da fotossíntese (que é um processo de conservação
da energia solar na forma de carbohidratos); e

ii. a libertação do carbono durante o processo respiratório, no


qual a energia é perdida na forma de calor e dióxido de
carbono.

Como fizémos referência no capítulo I, o carbono atmosférico entra


entra para os ecossistemas (terrestres e aquáticos) durante o processo
da fotossíntese em que o carbono presente na atmosfera é absorvido,
levando à formação de compostos de carbono orgânico (dióxido de
carbono e água formam açucares e oxigénio).

CO2 + H2O → (CH2O) + O2

As plantas degradam os açucares para obterem energia necessária


para a sua vida; os compostos d carbono contidos na biomassa dos
produtores primários passam para os consumidores, ao longo das
cadeiais alimentares e, durante o processo da decomposição dos
organismos mortos os compostos de carbono complexos são
transformados em moléculas mais simples, sendo finalmente o
carbono libertado na forma de dióxido de carbono, energia e água
(CH2O) + O2 → CO2 + H2O + energia. Portanto, os produtores, tanto na
terra como na água, movem o carbono dos reservatórios abióticos
(atmosfera e a água) para compartimentos bióticos dos ecossistemas,
UnISCED Disciplina: Ecologia

onde o carbono é depois transferido ao longo das cadeias alimentares.


O processo da respiração devolve o carbono para a atmosfera. O
carbono é conservado na biomassa dos organismos no decurso das
suas bidas e quando os organismos os organismos morrem, o carbono
acumulado é devolvido para a atmosfera na forma de dióxido de
carbono através da actividade dos decompositadores, parte do
carbono da biomassa dos organismos fica residente fica residente na
matéria orgânica do solo ou húmus.

O ciclo lento

Os compartimentos que participam no ciclo geológico do carbono


compreendem as rochas e os mineirais, os oceanos e atmosfera. O
carbono entra para os oceanos por simples difusão do dióxido de
carbono atmosférico. O dióxido de carbono dissolvido na água dos
oceanos é utilizado durante o processo da fotossíntese pelo
fitoplâcton, sendo assim transferido para os organismos ao longo das
cadeiais alimentares.

Os organismos marinhos mortos sedimentam e são convertidos em


compostos de carbono mais simples; grandes quantidades efezes dos
organismos marinhos também sedimentam nos oceanos. Deste modo,
grandes quantidades de garndes quantidades de acrbono depositam
no fundo dos oceanos. O maior reservatório de carbono é
representado pelos sedimentos marinhos e pelas rochas na forma de
bicarbonatos e combustíveis fosséis (veja as dimensões na Tabela 1).
Estes sedimentos vão-se acumulando ao longo de milhares de anos,
formando as rochas sedimentares como, por exemplo, as rochas
calcárias.

Com os kovimentos das placas tectónicas e as erupções vulcânicas, as


rochas calcárias que estão presentes no fundo dos oceanos vão
surgindo na superfície da terra. O carbono contido nas rochas e nos
UnISCED Disciplina: Ecologia

sedimentos é libertado para atmosfera quando ocorrem erupções


vulcânicas.

Do mesmo modo que o dióxido de carbono reage com a água dos


oceanos, ele também reage com o vapor de água presente na
atmosfera formando o ácido carbónico. Este, pode atingir a superfície
da crosta na forma de precipitação (chuvas, por exemplo).

O ácido carbónico que cai sobre a superfície terrestre, vai reagindo


lentamente com os compostos e elementos contidos nas rochas, por
exemplo com o cálcio e magnésio, formando carbonatos de cálcio e de
magnésio, respectivamente. O processo químico de transformação de
rochas é desigando por meteorização e pode levar à formação de
solos. Pela acção das chuvas, os carbonatos presentes nas rochas e nos
solos podem ser escoados paar os oceanos onde ficam disponíveis
para os organismos marinhos.

A fotossíntese e arespiração também jogam um papel importante no


ciclo geológico do carbono. A presença da vegetação terrestre conduz,
a longo prazo, ao processo de absorção do carbono atmosférico. Nos
oceanos, parte do carbono absorvido pelo fitoplâcton é utilizado para
o fabrico de conchas de carbonato de calcário (CaCO3) dos organismos
marinhos. As conchas sedimentam paar os fundos dos oceanos
quando os organismos morrem. Assim, a matéria orgânica fabricada
durante a fotossíntese acumula lentamente duarante milhões de anos
e forma sedimentos rochosos e os depósitos de combustíveis fósseis.
Portanto, o fluxo de carbono para os oceanos representa uma forma
de remoção e de conservação do carbono em sedimentos geológicos,
sendo essas reservas de carbono enormes.

O balanço entre ameteorização, os movimentos das placas tectónicas


e o vulcanismo, determinam a concentração do carbono numa escala
de milhões de centenas de anos. Antes do aparecimento da vida, a
concentração já foi cem vezes superior aos níveis actuais, daí que as
temperaturas do planeta eram elevadíssimas, impossibilitando a vida.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Porém, há 20.000 anos, a voncentração do carbono na atmosfera era


metade dos níveis exibidos actualmente (o balanço do carbono e
analisado na secção 2.3.1)

Cíclo do nitrogénio

O nitrogénio entra na composição de todos os organismos vivos,


fazendo parte de compostos orgânicos como aminoácidos, proteínas e
ácidos nucléicos; é um recurso nutricional crucial nos ecossistemas,
uamvez que limita a produtividade primária dos mesmos. O nitrogénio
limita a produção primária tanto nos sistemas terrestres como nos
sistemas aquáticos; no mar tanto o nitrogénio como o fósfóro estão
muito diluídos, de tal maneira que a produção de biomassa é limitada
(Killham, 1994; Begon et al, 1990).

O maior reservatório do nitrogénio é a atmosfera (o oxigénio constitui


78% doa ar atmosférico). O nitrogénio entra para os ecossistemas
através do processo desiganado por fixação do nitrogénio. A fixação
do nitrogénio pode ser biológica e não biológica. Na fixação biológica
do nitrogénio intervêm os organismos fixadores do nitrogénio, alguns
dos quais (bactéria s e cianobactérias) vivem livremente no solo ou na
água. Alguns fixadores vivem em simbiose com algumas plantas,
especialmente as leguminosas, por exemplo as bactérias do género
Rhizobium. No precesso da fixação biológica, o nitrogénio atmosférico
(N2) é convertido em nitrogénio orgânico, formando-se os
aminoácidos e por via de outros processos bioquímicos os
aminoácidos vão constituir as proteínas dos organismos (lembre-se
das relações mutualistas entre as bactérias e as leguminosas, referidas
na Unidade II, capítulo I, secção 1.3).

A fixação não biológica do nitrogénio pode ocorrer através da acção da


energia produzida pelos relâmpagos, em as moléculas d nitrogénio
(N2) separam-se e segue-se uma oxidação do nitrogénio, formando-se
UnISCED Disciplina: Ecologia

o monóxido de nitrogénio (NO2). Na atmosfera, este composto reage


com as gotículas de água, formando-se o ácido nítrico que cai na
superfície da terra na forma de precipitação (Begon et al., 1996;
Krohne, 2001).

Quando os organismos são decompostos, o nitrogénio que entra na


composição dos organismos é convertido para amónia (NH3), através
do processo desigano por amonificação; uma das causas do mu cheiro
característico dos animais em putrefacção resulta da volatização da
amónia que se forma durante a composição das proteínas; portanto
parte do nitrogénio perde-se durante este processo. A amónia é
convertida em nitritos (nitritação) e estes são transformados em
nitratos (nitritaçõ). O conjunto da nitritação e nitratação é designado
por nitritificação. Estas trasnsformações são mediadas
biologicamente, participando em cada etapa diversas espécies de
organismos que incluem bactérias, fungos, plantas e animais (Killman,
1994; Krohne,2001).

Tanto os nitratos como os nitritos formados entram na solução do solo


e podem ser depois absorvidos por várias espécies de organismos,
incluindo as planats, através das raízes e esta é uma das formas por via
da qual os produtores podem obter o nitrogénio que é necessário para
a sua subsistência (para além da fixação biológica).

Apesar de que a vegetação pode absorver os nitritos ou nitratos


provenientes da decomposição da manta morta, o nitrogénio é
sempre escasso nos ecossistemas devido à enorme demanda pelos
organismos; existe uma alta taxa de imobilização do nitrogénio na
biomassa dos organismos; outro factor que reduz o teor do nitrogénio
do solo é alta facilidade com que os nitratos presentes na solução do
solo são transportado paar fora dos ecossistemas (Killman, 1994).

Os recifes de corais estão de entre os ecossistemas mais produtivos do


planeta Terra e esta produçao deve-se à taxa de fixação do nitrogénio
que é mais elevada de todos os ecossistemas marinhos (Krohne,
UnISCED Disciplina: Ecologia

2001). O nitrogénio orgânico pode perder-se para a atmosfera através


de um processo natural desigando por desnitrificação, se ndo a
bactéria Pseudomonas denitrificans responsável por este processo.
Contudo, durante as queima de florestas o nitrognénio, presente na
vegetação e no solo, é perdido em grandes quantidades para a
atmosfera.

Figura 7: Representacao esquemática do ciclo de nitrogenio

Cíclo do fósforo

Nos organismos, o fósforo entra na composição do ATP (Adenosina


Trifosfato) que é um composto altamente energético e que constitui a
forma de conservação e transporte de energia dentro das células dos
organismos vivos (Krohne, 2001). O fósforo entra para os sistemas
ecológicos a partir do momento en que o elemento se encontra no
solo na forma disponível. A disponibilidade do fósforo no solodepende
da transformação (meteorização) das rochas que contêm fosfatos. A
UnISCED Disciplina: Ecologia

forma de fósforo disponível para os organismos, tanto nos sistemas


terrestres como marinhos é o ião fosfato (PO4-3) (Krohne, 2001).

O fósforo dissolvido na água dos solos entra para a biomassa dos


produtores primários e deste, ao longo das cadeias tróficas, passa para
os consumidores. Através do processo da decomposição dos
compostos org6anicos contendo fósforo, o fósforo volta a tornar-se
disponível para os produtores primários e outros organismos.

Quando morrem os organismos marinhos, grandes quantidades de


partículas de fósforo precipitam paar o fundo e misturam-se com os
sedimentos, podendo ficar enterrados. Assim enterrado nos
sedimentos, o fósforo pode permanecer não disponível para os
organismos vivos, duarante longos períodos de tempo, até que
eventualmente possa ser trazido à superfície por meio de actividades
geológicas que elevam os sedimentos à superfície da Terra. A
meteorização das rochas torna o fósforo novamente disponível paar
os organismos e o fósforo recicla (Krohne,2001).

Figura 8: Representacao esquematica do ciclo do fosforo


UnISCED Disciplina: Ecologia

Cíclo do enxofre

Do mesmo do como o carbono, o nitrognio e o fósforo, o enxofre é


essencial para a vida dos organismos e ele entyra na composição de
alguns aminoácidos como a cisteína e a metionina, que são essenciais
para asíntese de proteínas (Killman,1994). Contrariamente aos
vegetais, os animais, incluíndo o homem,não conseguem sintetizar
directamente a partir de enxofre atmosférico, os aminoácidos
contendo enxofre. Elês obtêm esses aminoácidos consumindo
vegetais.

A seguir é apresentado um resuno do ciclo do enxofre segundo Krohne


(2001).

As reservas de enxofre encontram-se na atmosfera e nas rochas. Parte


do enxofre presente na atmosfera na forma de H2S é proveniente de
reupções vulcânicas, mas, como é referido nos paragráfos a seguir,
também alguns processos biológicos conduzem à formação de H2S.
Uma outra forma de enxofre presente na atmosfera é dióxido de
enxofre (SO2). As plantas podem absorver directamente o enxofre
presente na atmosfera, porém o processo não é mediado por
bactérias, como acontece com o nitrogénio; o enxofre na forma de
dióxido de enxofre (SO2), entra através do poros das folhas não sendo,
portanto, necessária a participação de bactérias simbióticas.

Tal como o fósforo, os produtores primários obtêm o enxofre a partir


do solo, onde ele está presente à custa do processo à custa do
processo da meteorização das rochas contendo enxofre. O enxofre
dissolvido na água do solo é absorvido pelas plantas na forma do ião
sulfato (SO4-2). O enxofre presente na biomassa dos produtores
primários passa ao longo das cadeia tróficas para os consumidores e
através dos processos de decomposição de organismos mortos, o
enxofre volta a tornar-se disponível na forma de SO4-2 para os
produtores primários e outros organismos.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Nos sistemas aquáticos os iões sulfato podem formar sedimentos no


fundo, no lodo, onde o teor de oxigénio é reduzido (condições
anaeróbicas ou de anaerobiose). Nesses sistemas, em condições
anaeróbias, algumas bactérias (dos géneros Dissulvovibrio e
Dissulfomonas) utilizam o ião sulfato como fonte de oxigénio e como
resultado, forma-se o sulfureto de hidrogénio (H2S) e outras formas
reduzidas de enxofre. É o sulforeto de hidrogénio que é responsável
pelo cheiro típico, natural, dos chrcos e das zonas lodosas. Através da
acção de algumas bactérias especializadas, o sulfureto de enxofre de
hidrogénio pode ser convertido novamente para ião (SO4-2), a forma
que pode ser novamente absorvida e assimilada pelos produtores
primários e o ciclo continua.

UNIDADE Temática 4.3. Cíclo de Nutrientes e Aplicação Ambiental

Cíclo de nutrientes

Os ecossistemas podem ser estudados numa escala geográfica


pequena (local) ou numa escala geográfica global. Numa escala
geográfica pequena distinguem-se as principais fontes ou entradas de
nutrientes e as saídas de nutrientes. Em geral as principais entrdas de
nutrientes para os ecossistemas são provenientes fundamentalmente
de quatro compartimentos:

I. A biomassa viva é a quantidade de matéria viva presente


numecossistema, num dado momento. É referido como sendo
o peso seco de tecidos por unidade de área (ton/ha ou kg/m2)
(O’Hare, 1988). É por exemplo, a biomassa da vegetação de
uma floresta, dos animais de uma savana, ou das culturas de
uma parcela de produção agrícola. Nos sistemas terrestres, a
biomassa compreende os organismos (plantas, animais e
UnISCED Disciplina: Ecologia

outros) presentes na superfície do solo bem como os que estão


no subsolo.

II. A matéria orgânica morta é constituída por animais, plantas e


outros organismos em decomposição. Nos sistemas terrestres
encontra-se por exemplo o lixo floresatl ou a manta florestal,
constituída por folhas, ramos, frutos e animais em
decomposição e também o húmus que representa difersntes
fases de decomposição da matéria orgânica no solo (Killman,
1994). Nos sistemas aquáticos, parte da matéria orgânica
morta precipita para o dundo, nos sedimenros, e outra parte
da matéria orgânica morta dissolve no meio aquático.

III. O Solo é uma fonte importante de nutrientes nos ecossistemas


terrestres. O solo é derivado de rochas e tanto os solos como
as rochas estão em constante alteração, como resulatdo do
clima e das alterações induzidas pelos próprios organismos,
incluindo o Homem.

IV. A atmosfera – poeiras depositadas pela acção dos ventos e


gases na superfície do solo e subsolo.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Figura 9: Modelo conceitual do ciclo de nutrientes

No que se refere às saídas dos nutrientes paar fora dos ecossistemas,


os nutrientes podem ser transportados pela água, quando estão nela
dissolvidos, podendo infiltrar em profundidade no interior do solo,
atingindo a àgua subterrânea. Os nutrientes podem também ser
escoados pelo fluxo da água das chuvas, até aos rios e os oceanos. A
erosão é uma fonte de perda de nutrientes. Portanto, quando são
analisados os movimentos dos nutrientes nos ecossistemas numa
escalapequena, pode-se dizer que alguns nutrientes podem ser
completamente perdidos dos ecossistemas; como resultado, os
nutrientes podem simplesmente fluir e não ser observada a sua
reciclagem.

Pode também ocorrer a interferência entre diferentes nutrientes


provenientes de outros ecossistemas (Krohne, 2001). Neste caso, o
conjunto das saídas é superior às entradas de nutrientes para o
ecossistema (entrdas - saídas = perdas). Em contarpartida, quando as
entradas são iguais às saídas o balanço está em equilíbrio (entradas =
saídas); quando as entradas são superiores às saídas, os nutrientes
UnISCED Disciplina: Ecologia

acumulam-se na biomassa viva, isto acontece por exemolo, durante a


sucessão ecológica, à medida que se vai formando uma floresta clímax
(entras – saídas = acumulação) (Begon et al., 1996).

A pertir de dois exemplos analisa-se, nesta secção, como operam os


ecossiatemas numa escala geográfica pequena. Os padrões são
específicos para cada local. O primeiro exemplo é dado a aprtir da
análise de estudos realizados por vários autores na ilha de
moçambique, localizada na costa de Moçambique, onde podemos
verificar como o percurso de nutrientes de um ecossistema de
dimensão realtivamente pequena, neste caso a de uma machamba,
pode ser estudado.

Segundo Macnae & Kalk (1959), a população da ilha deMoçabique foi


estiamda como sendo de 2000 habitantes em 1950, tendo aumentado
para 5.21 habiatntes em 2007 (INE, 2007).

Na ilha de Inhaca, a terra potencialmente propícia para agricultura é


escassa e os solos da ilha são predominantemente arenosos, pobres
em matéria orgânica e vulneráveis à erosão (Koning & Balkwill, 1995).

A conservação das florestas é necessária para aprotecção da Ilha


contra aerosão, no entanto, a população pratica agricultura de corte e
queima, pondo em risco a estabilidade da ilha e contribuindo mais
para o declíneo dos nutrientes do solo. Por exemplo, os estudos
realizados por José e Lagerlof em 1992-1994, revelam que a queima da
biomassa florestal resulta em perdas do nitrogénio (em 16%) e do
enxofre (em 10%) e vários nutrientes como o magnésio, o cálcio,
potássio e o fósforo que resultam da queima da vegetação, são
adicionados ao solo.

Por outro lado, sabe-se que a adição da matéria orgânica, de lixos


vegetais e estrumes org^anicos no solo é essencial para a
sustentabilidade dos sistemas agrícolas nas regiões tropicais; a matéria
org^anica liberta nutrientes lentamente, protege o o solo contra a
UnISCED Disciplina: Ecologia

erosão e forma a matéria orgânica estabilizada ou húmus; o húmus,


por sua vez, regula a libertação de nutrientes, minimiza a perda de
nutrientes por lixiviação e melhora a estrutura do solo (Weischet &
Caeviedes, 1993; Palm et al., 2001; Tejada et al., 2008). No entanto, na
ilha de inhaca, os resíduos orgânicos produzidos durantes a
preparação da terra para a gricultura ou depois da colheita das
culturas são queimados. Isto contribui para que depois de 2-3 anos de
exploração agrícola ocorra um declíneo acentuado da matéria
orgânica dos solo e dos nutrientes do solo, perde-se fertilidade.

Os estudos realizados por v’arios investigadores revelam que na ilha


de Inhaca, a fertilidade so solo depois de queimar, não recupera,
mesmo passados 20 anos de pousio. A matéria orgânica mineralizada
(liberta nutrientes) rapidamente, os nutrientes tendem a ser
facilmente perdidos pelas acção da água das chuvas – o facto de os
solos serem arenosos, facilita a infiltração e perda de nutrientes
(Campbell et al., 1998; Munisse, 1991; Serra-King & Halton, 1994;
Serra-King, 1995).

Contudo, a gestão dos solos pode ser determinante para recuperação


dos nutrientes dos solos, como revelam os estudos realizados em
1992-1994 por José & Lagerlof. Estes estudos dão aindicação de que a
adição de resíduos orgânicos como restos de milho e folhas de
leguminosas pode ser uma alternativa pra adevolução de alguns
nutrientes paar o solo, embora seja necessária a avaliação dessa
prática a longo prazo e o estudo da sua viabilidade em termos
económicos.

A floresta tropical húmida oferece o segundo exemplo interessante


para analisar como um ciclo de nutriente oprea numa escala geogáfica
local.

O conjunto de condições da floresta tropical húmida (temperatura e


humidade) é favorável ao processo de decompsição, a qual decorre
UnISCED Disciplina: Ecologia

muito rapidamente devolvendo o nutriente para o solo (krohne,


2001).

No ecossistema da floresta trpocal húmida, os nutrientes tendem a


perder-se devido aos elevados níveis de precipitação. Contudo, a
vegetação da floresta possui estratégias que permitem uma imediata
absorção de nutrientes. Por isso, o ciclo de nutrientes na floresta
tropical húmida é demasiadamente fechado, evitando perdas.

Assim, observa-se que na floresta trpical ocorre um grande contraste


entre os solos pobres (cujos nutrientes tendem a ser transportados
pelas águas das chuvas que são intensas) e a elevada produtividade
da floresta tropical (Weischet & Caviedes, 1993).

É este contraste que tem movido a acção humana negativa sobre as


florestas tropicais – a vegetação luxuriosa tem induzido o
desbravamento acelerado das florestas tropicais, com o intuito de
transformá-las em áreas de produção agrícola (veja descrição da
floresta tropical no capítulo III).

Vários mecanismos adapativos sincronizados controlam o fluxo de


nutrientes na floresta tropical húmida, resultando numa eficiente
reciclagem de nutrientes e maximização da utilização dos mesmos.
Como resultado, as perdas para fora do sistema são inimizadas.

Por exemplo, as raízes de akgumas espécies de plantas que se estende


à superfície penetram e extraem os nutrientes directamente dos
materiais em decomposição na manta morta da floresta (este caminho
pode ser também visualizado no ecossistema florestal da ilha de
Inhaca); outras espécies, como é o caso ads plantas epífitas,
intersectam os nutrientes dissolvidos na água das chuvas que escorre
pelos troncos das árvores. Os nutrientes que escorrem são
provenientes dos estratos superiores donde caem vários materiais em
decomposição como os frutos, folhas e sementes, para além dos
produtos de excrecção dos animais que vivem nas árvores. Outro
UnISCED Disciplina: Ecologia

exemplo é a ocorrência de associações mutualistas entre fungos e as


raízes das plantas e as que ocorrem dentro da cadeia dos
decompositores, de tal forma que tudo que é decomposto localmente
é imediatamente absorvido (Weischet & Caviedes, 1993).

Como resultado, na floresta tropical húmida, a maior parte dos


nutrientes dos solo estão fixados na biomassa da vegetação. Quando a
floresta é queimada ocorre uma ruptura dos mecanismos
conservadores de nutrientes e os utrientes são rapidamente
mineralizados, arrastados pela água das chuvas e perdem-se do
sistema. Daí que quando se derruba a floresta tropical húmida para
praticar a agricultura, não são obtidos os rendimentos que seriam de
esperar (Weischet & Caviedes, 1993; Krohne, 2001).

Armazenamento e fluxo de nutruentes

O armazenamento e fluxo de nutrientes é muito importante na


medida em que ajuda a explicar a localização de e a mobilidade dos
nutrientes dentro de um ecossistema. O movimento de nutrientes
entre partes de de um sistema é muito mais importante do que a sua
localização num determinado período de tempo. A reciclagem intra-
sistema ocorre quando a planta absorve e assimila os nutrientes, a
queda de partes vegetais e a sua posterior decomposição biológica.

A rapidez com que os nutrientes passam duma fase para a outra é


muito variável: tanto pode levar apenas uns minutos assim como pode
pode durar séculos ou milénios. Por exemplo, no processo de
fotorespiração a planta capta o carbono da atmosfera e em poucos
minutos torna a colocá-lo na atmosfera (disponível para ser utilizado
por esta ou outras plantas); um elemento incorporado na estrutura de
uma folha de uma planta anual poderá retornar à disponibilidade
anualmente; por outro lado, um elemento incorporado na estrutura
UnISCED Disciplina: Ecologia

lenhosa de uma árvore longeva pode durar muitos séculos a ser


reincorporado na fase mineral.

A localização e circulação de nutrientes num sistema varia de uma


região para outra de acordo com as condições climáticas da

Figura 10: Circulação de nutrients, a) intrassistemas e b) intersistemas.

A circulação dos elementos dá-se por duas vias essenciais: a) aqueles


que apresentam uma grande fase gasosa estão incluidas no ciclo
gasoso que é de ambito regionale inter-sistemas; b) aqueles que
carecem duma fase gasosa e perfazem o seu ciclo nos sedimentos.
Estes últimos são normalmente basicamente de circulação intra-
sistema e o seu cíclo é muito mais lento que os gasosos; a sua
circulação entre sistemas é insignificante e pode realizar-se por meio
de animais ou de errupções que removem a terra e trazem a superfície
os elementos que se haviam sedimentado.

Um desequíbrio (dentro de um sistema) nos elementos de cíclo gasoso


é facilmente compensado por outros sistemas próximos, enquanto
que o desequilíbrio de um elemento de cíclo sedimentar pode ser fatal
para o sistema, pois a sua mobilização desde outros sistemas, ou o seu
retorno dentro do mesmo sistema é muito lento e casual. Alguns
elementos como o enxofre, podem apresentar-se nos cíclos gasoso e
UnISCED Disciplina: Ecologia

no sedimento, porém este deve ser incluido dentro da fase em que se


apresenta disponível para as plantas.

Aplicação ambiental- a interferência humana sobre os ciclos

Aa descrição de ciclos biogeoquímicos apresentada na secção 2.1,


representa o movimento natural dos elementos, sem considerar o
impacto do Homem na alteração desses movimentos. Contudo, o
Homem interfere no movimento natural dos elementos químicos,
aumentando as entradas desses elementos nos sistemas naturais e
interferindo nas taxas de transferência entre os reservatórios naturais
desses elementos. Essa secção analisa como o Homem pode interferir
na alteração do equilibrio dos ciclos biogeoquímicos.

Desbalanço de carbono e aquecimento global

Um dos produtos resultantes da queima de florestas e de


combustíveis fósseis é o dióxido de carbono. O fogo é um dos
resultados de uma reacção violenta entre os compostos de carbono e
oxigénio. Os combustíveis fósseis são queimados para suportar
diversas necessidades da vida e do desenvolvimento humano, por
exemplo, os meios de transporte, a produção de alimentos, o
aquecimento e a produção de energia electrica.

A nível global, a taxa de transferência do carbono como resultado da


queima de combustíveis fósseis é da ordem de 5 Gton de carbono por
ano. A remoção e queima de florestas contribui com uma
transferência do carbono da biomassa viva para atmosfera da ordem
de 1 gton de carbono por ano globalmente. Portanto, no total, 6 Gton
de carbono por ano são emitidos para atmosfera como resultado da
actividade humana. Parte do dióxido de carbono emitido é absorvida
pelos diferentes reservatório, principalmente os oceanos. Porém, são
UnISCED Disciplina: Ecologia

excedentes 3 Gton por ano. Portantanto, a taxa de aumento do


carbono é de 3 Gton por ano (Newman, 1993).

Os dados apresentados por Newman (1993) são muito importantes


para analisar o nível de desbalanço do carbono, apeasr de terem sido
disponibilizados há 21 anos. Hoje, a humanidade continua a adicionar
quantidades enormes de dióxido de carbono na atmosfera e dados
mais recentes indicam que a concentração do carbon tende a
aumentar ( Riebeek 2011).

O dióxido de carbon é um dos gases que contribui para o efeito de


estufa. O aumento da concentração dos gases de estufa altera a
temperature da terra, tornando- a mais quente.

Umas das consequências do aquecimento verifica-se no


comportamento das chuvas. Com o aquecimento, tanto a água dos
oceanos como a água contida nos solos evapora com uma
intensidade; como resultado, grandes quantidades de vapour de água
vão para a atmosfera, provocando grandes quantidades de
precipitação em algumas regiões e a seca dos solos noutras regiões.

Em algumas regiões, grandes quantidades de chuva came de uma só


vez, provocando cheias e catástrofes. Portanto, o aquecimento global
provoca grandes contrasres: não causa apenas maiores quantidades
de chuva, mas também grandes secas.

Segundo a Convenção das Nações Unidades para as Mudanças


Climáticas ( UNCCD 2011), as regiões áridos e semi-áridas são áreas
susceptíveis á cheias,á seca e á desertificação e são especialmemte
vulneráveis ás adversidades das mudanças climáticas.

Eutrofização

A eutrofização pode ser resultante de uma tendência natural, mas


também pode ser causada pela actividade humana quando ela afecta
UnISCED Disciplina: Ecologia

o ciclo do nitrogénio e do fósforo. A adição de fertilizantes nos


sistemas agrícolas, contribui para o aumento do nitrogénio e do
fósforo nos cursos de água ( frequentemente nos rios e lagos),
principalmente através dos processos de escoamento e/ou infiltração
da água das chuvas para os sistemas aquáticos; o fósforo é geralmente
adicionado quando os despejos domésticos são drenados nos sistemas
aquáticos. Geralmente, os despejos domésticos são ricos em fósforo (
Newman,1993;Begon et al., 1996).

Os produtores respondem positivamente ao eriquecimento (


eutrofização) de rios e lagos, pelo fósforo e nitrogénio, aumentando a
produção primária, o que se traduz num maior crescimento e
produção da biomassa do fitoplâncton nos sistemas aquáticos. O
crescimento rápido e explosive dos produtores provoca váriso efeitos
ecológicos em cascata dentro dos sistemas aquáticos (Begon et al.,
1996). Por exemplo, as algas formam uma espécie de “tapete”
superficial, reduzindo a penetração da luz nas camadas inferiors.
Como resultado, grandes quantidades de algas morrem e a demanda
de oxigénio para a decomposição aumenta, provocando a redução do
teor de oxigénio no sistema; consequentemente, ocorre a morte de
organismos e a redução da biodiversidade ( Begon et al., 1996)

Como fizemos referncia na secção 2.1.2, nos ecossistemas terrestres


naturais, a produção primaria e tambem limitada pelo nitrogenio, por
isso as comunidades vegetais naturais estão adaptadas a viver nestas
condiçãoes. Analisando o ciclo do nitrogénio, pode-se facilmente
deduzir que os ecossistemas terrestres naturais podem também ser
enriquecidos pelo nitogénio resultante da actividade antropogénica.
Esta adição pode ser conseguida através da precipitação ou pelo
escoamento da água das chuvas que eventualmete tenham passado
por terreno contend quantidades de fertilizantes azotados. A
eutrofização dos ecossistemas terrestres é um problema menos
conhecido do que a eutrofização dos ecossistemas aquáticos.
Contudo, ele tem provocado profundas alterações de algumas
UnISCED Disciplina: Ecologia

comunidades vegetais , especialmente nos países europeus(Begon et


al., 1996).

Chuvas ácidas

Alguns produtos da combustão de carvões, petróleo e gasolinsa


(combustíveis fósseis) compreendem o dióxido de nitrogénio ( NO2 ) e
o dióxido de enxofre ( SO2 ). Estes compostos são emitidos para
atmosfera onde, em combinação com o vapor de água atmosférico
formam respectivamente, o ácido nítrico e o ácido sulfúrico que
precipitam, dando origem ás chamadas chuvas ácidas (Begon et al.,
1996; Krohne,2001). Outra forma de nitrogénio que contribui para as
chuvas ácidas é a ammonia ( NH3) formada durante o processo da
amonificação. Grandes quantidades de amónia são emitidas para a
atmosfera, por exemplo, quando os estrumes são aplicados para
fertilizar os solos.

As chuvas ácidas são susceptíveis de danificar os ecossistemas


aquáticos. Muitas espécies de peixes morrem quando aumenta a
acidez da água. A acidez pode favorecer a solubilizaçªao de alguns
elementos quimicos tóxicos (como por exemplo, o alumínio)
tornando-os mais concentrados na água; a acidez pode conduzir á
diminuiçªao da concentração de alguns elementos quimicos
necessaries, como e o cas do fosforo que em ambientes acidos,
combina com o ferro, formando complexos insoluveis e por isso,
torna’se pouco disponivel para os organismos (Begon et al., 1996;
Krohne,2001).
UnISCED Disciplina: Ecologia

EXERCÍCIOS DO TEMA IV

1. Explique o que entende por cíclos biogeoquímicos?

2. Quais são os principais cíclos que conheces?

3. Descreve o cíclo do nitrogénio?

4. Descreve o cíclo do enxofre?

5. O que entende por cíclo de nutrientes?

6. Qual é a importância do conhecimento dos cíclos?


UnISCED Disciplina: Ecologia

TEMA – V: SUCESSÃO ECOLÓGICA

UNIDADE Temática 5.1. Conceitos e Generalidades.


UNIDADE Temática 5.2. Tipos de Sucessão.
UNIDADE Temática 5.3. Mecanismos da sucessão e Aplicação
Ambiental.

UNIDADE Temática 5.1. Conceitos e Generalidades.

Sucessão ecológica

Sucessão Ecológica é o processo de mudança contínua (colonização e


extinção), ao longo do tempo, na composição das espécies de uma
comunidade, a qual se verifica depois de uma perturbação natural ou
de origem antropogénica e que envolve três mecanismos: a facilitação,
a tolerância e a inibição (Krohne, 2001).

Grande parte dos tesxtos que discutem as sucessões falam de


mudanças que ocorrem num padrão de tempo de 1-500 anos. Caso
não se verifiquem mudanças significativas na composição das espécies
durante este período, a comunidade é dita madura ou Climax.

Deve-se notar, porém que estas comunidades climax não são


estáticas, elas mudam mas não tem efeito cumulativo. Além disso, as
pequenas mudanças no número de plantas ou mesmo na composição
das espécies, resulta de algumas flutuações a largo prazo. Este é o
estado de equilíbrio dinâmico, similar ao balaço quimico numa
solução.
UnISCED Disciplina: Ecologia

Figura 11: Representação Esquemática dos diferentes estágios da


sucessão ecológica

UNIDADE Temática 5.2. Tipos de Sucessão

Sucessão Primária

Ocorre nos sítios onde a vegetação nunca se estabeleceu antes, sobre


as dunas de areia, rochas ou sobre outro tipo de substratos. O
desmatamento, o fogo, o vento, as cheias, as erupções vulcânicas e
outros factores podem interromper o processo da sucessão ecológica,
passando a ocorrer a sucessão secundária.

Sucessão Secundária

É o processo de colonização de uma área que desprovida de vegetação


mas cujo o solo mantém um banco de sementes viáveis e matéria
orgânica que facilita o estabelecimento da vegetação.
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UNIDADE Temática 5.3. Mecanismos da Sucessão e Aplicação Ambiental

Mecanismos da Sucessão Ecológica

As espécies que colonizam os primeiros estágios da sucessão primária


são designadas por espécies pioneiras. Durante o processo de
colonização, as espécies pioneiras propiciam o melhoramento das
condições do substrato para o estabelecimento de espécies que se vão
desenvolver nos estágios subsequentes, ou seja, facilitam a
colonização por outras espécies. Este mecanismo é designado por
facilitação. Por exemplo as raizes asseguram as areias, a cobertura
vegetal reduz a temperatura no substrato e aumenta o teor de
humidade (Krome, 2001).

O mecanismo da tolerância envolve a substituição de espécies que se


estabeleceram nos primeiros estágios de colonização por espécies
mais tolerantes às condições criadas pelas espécies pioneiras. As
espécies que se vão estabelecendo tendem a inibir a colonização de
outras espécies prolongando assim o tempo da sucessão ecológica.
Este mecanimo é designado por inibição (Krome, 2001).

O último estágio do desenvolvimento em que a comunidade atinge o


estágio de maturação é designado por climax. Contudo, existe o
debate entre ecologistas se um equilíbrio completo chega a ser
atingido ou não na natureza. Vários autores consideram que mesmo
no estágio de maturidade, as comunidades observam um equilíbrio
dinâmico, ou seja, uma constante mudança (Carpenter et. Al. 2001).
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Aplicação Ambiental do Conceito de Sucessão Ecológica

Compreender os mecanismos que governam a sucessão ecológica


permite predizer e acelerar os mecanismos de mudança das
comunidades através da realização de planos de restauração de
habitats perturbados tanto pela acção humana, por exemplo fogo,
como por factores naturais. Na ilha de Inhaca (Moçambique), por
exemplo, a população pratica agricultura de corte e queima, sendo
que em algumas áreas a vegetação foi profundamente alterada. A ilha
é susceptítivel à erosão e o grau de transformação das florestas
primárias em áreas abertas levou a declaração de zonas de protecção
(reservas) em 1976, a qual abarcou algumas áreas que já tinham sido
transformadas em áreas agrícolas e algumas zonas marinhas (Kalk,
1995).

Nas áreas protegidas, foi possivel a recuperação natural da vegetação


por via da sucessão secundária, podendo ser observadas formações de
vegetação secundária de diferentes idades de recuperação. A
vegetação secundária pode ser observada nas dunas da zona leste da
ilha e que estão dentro da área protegida.

O mosaico de vegetação estabelecido na ilha, permite observar e


estudar o efeito da sucessão ecológica, sendo até possível estimar as
idades de alguns mosaicos de vegetação. Os solos da ilha são pobres
por inerência, são arenosos e com um teor de matéria orgânica muito
fraco. Por isso, o processo de corte e queima torna os solos ainda mais
pobres, o que torna difícil o sustento da vegetação e por sua vez, torna
o solo susceptível à erosão.
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EXERCÍCIOS DO TEMA V

1. O que é sucessão ecológica?

2. Indique os tipos de sucessões que conheces?

3. Quando os agricultores deixam as machambas em poseio para a


recuperação da fertilidade do solo, que tipo de sucessão ecológica
estão a promover?

4. Que aplicação ambiental tem o conhecimento das sucessões


ecológicas?

5. Quando é que se considera uma comunidade madura ou climax?

6. Faça a distinção entre uma sucessão primária e uma sucessão


secundária?
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TEMA – VI: RECURSOS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVAVEIS (Conceitos e Generalidades)

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS

Recursos Naturais

Qualquer recurso que o homem usa que é extraído do ambiente para


a sobrevivência ou progresso é considerado um recurso natural.
Recursos são encontrados em todos os lugares, mas diferentes regiões
do mundo são ricas em diferentes variedades. Os recursos naturais em
geral são separados em duas categorias: renováveis e não-renováveis.

Recursos renováveis

Um recurso renovável é algo que está continuamente disponível, ou


que pode ser restabelecido facilmente. Por outro lado recursos
naturais podem ser renovados com a mesma velocidade, ou ainda
mais rápido, do que são consumidos. A água, solo, animais, florestas e
produtos agrícolas são exemplos de recursos renováveis. Enquanto
estes recursos podem ser substituídos — as colheitas são colhidas e
plantadas todo ano, por exemplo —, é importante monitorar o uso
deles e evitar o consumo excessivo, especialmente no caso das
florestas, que levam décadas para se renovarem.

Energia renovável

A energia renovável inclui os recursos continuamente renováveis,


como a luz solar, vento, água e energia geotérmica, todos sendo
restabelecidos naturalmente. Esses recursos são aproveitados por
dispositivos como painéis solares e turbinas eólicas, e são convertidos
em mais fontes de energia utilizável. As energias renováveis são
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consideradas mais limpas e ambientalmente benéficas do que as


fontes tradicionais. Em alguns países, essa energia conta como a maior
parte das fontes de energia. Por exemplo, toda a eletricidade da
Islândia é produzida com energia hidráulica e geotérmica. Muitos
países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento, estão
optando por essas energias renováveis.

Recursos não-renováveis

Os recursos não-renováveis são aqueles que podem acabar, ou que


não podem ser restabelecidos com a mesma velocidade com que são
consumidos. A maioria dos recursos não-renováveis é extraída das
camadas profundas da Terra e leva várias eras geológicas para se
desenvolver. Os principais exemplos incluem o petróleo, urânio, gás
natural e carvão. Esses recursos abastecem a maior parte da energia
do planeta em termos de produção humana. Os recursos não-
renováveis também incluem os minerais, como cobre, diamante e
alumínio. Embora eles sejam finitos, alguns produtos criados a partir
deles podem ser reciclados e reutilizados.

Factores ambientais

O recolhimento e utilização dos recursos naturais afecta o bem-estar


do ambiente de várias maneiras. É importante para o ser humano
praticar a sustentabilidade de recursos renováveis para não perturbar
a produção natural desses materiais no planeta. Infelizmente, as
práticas não-sustentáveis são comuns. O desmatamento, que são as
atividades de exploração de madeira que acabam com grandes áreas
de florestas, contribui para a poluição e põe em perigo os habitats de
animais, assim como a existência de muitas florestas. Também existe
uma controvérsia envolvendo o uso excessivo de recursos não-
renováveis. Quando os combustíveis fósseis são queimados, liberam
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quantidades prejudiciais de gases de efeito estufa para a atmosfera.


Até mesmo a extração de recursos não-renováveis pode causar graves
impactos negativos no meio ambiente, como por exemplo a
mineração a céu aberto, que deixa grandes crateras na superfície da
Terra, destruindo os habitats de ecossistemas inteiros.

EXERCÍCIOS DO TEMA VI

1. O que entende por recurso natural?

2. Distingue recurso natural renovável de recurso natural não


renovável?

3. Dê 3 exemplos de recursos naturais renováveis?

4. Indique as consequências da exploração de recursos naturais para o


ambiente?
UnISCED Disciplina: Ecologia

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