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Feminilidade em Crise

Renato Vargens
Editora Trinitas (Nov 2022)

Etiquetas: K.U.

Você é uma mulher feminina ou feminista?

Vivemos dias polarizados, com mulheres amargas, de difícil trato.


Num extremo, algumas machificam a vida na busca de competir
com os homens no mercado de trabalho; na outra ponta, há aquelas
que sustentam uma visão quase escravocrata da mulher, que deve
viver passivamente, em omissão, calada e com vocação para
tribufu.

Em meio a essas visões antibíblicas, vemos famílias e igrejas sendo


destruídas tanto pelo marxismo cultural e pelo feminismo quanto por
uma falsa visão pretensamente neopuritana.

Em Feminilidade em Crise, o Pr. Renato Vargens busca trazer toda


a sua experiência de décadas no ministério pastoral para encontrar,
nas Sagradas Escrituras, os conceitos bíblicos e absolutos
relacionados à feminilidade, oferecendo aos leitores respostas
claras quanto à dignidade da mulher, ao seu papel na família, na
igreja e na sociedade.

 
Esse livro encorajador ainda inclui perguntas de aplicação e tarefas
práticas que envolvem e desafiam as mulheres, além de muita
sabedoria bíblica para estudos individuais ou em grupo.

----------

"Diferentemente daquilo que é estabelecido pelo movimento


feminista, tanto de dentro quanto de fora da igreja, Vargens aponta o
seguro caminho da Palavra para que toda mulher de Deus saiba
quem é seu Criador e com que fim o Senhor a criou. Tudo isso, de
forma prática, piedosa e clara."

— Wilson Porte

"Pr. Renato Vargens não só quebra o paradigma de que um homem


não tem condições de escrever sobre e para mulheres, como
também enfraquece a narrativa feminista de que homens são
insensivelmente incapazes de perceber os desafios do universo
feminino. O autor foge de extremismos, e consegue unir influência
cristã com piedade bíblica."

— Janeide Ferreira

"No mesmo espírito pastoral, não fundado em premissas sexistas,


mas sim em uma adequada perspectiva bíblica, o presente livro ?
toca nos mais graves distúrbios sociais de nossa época, com
drásticas consequências não apenas para a vida religiosa dos
cristãos de diferentes denominações, mas também para os campos
da moralidade, da cultura, da educação, da política e da economia."

— Alex Catharino

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Editora ‫‏‬: ‎Editora Trinitas (16 novembro 2022)

Idioma ‫‏‬: ‎Português

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Nº 75 em Edições das Mulheres Religião e Espiritualidade

Nº 1,627 em Religião
Copyright © 2022 por Editora Trinitas LTDA

1ª edição 2022
ISBN: 978-65-89129-40-0
Impresso no Brasil
 
Editor: Mauricio Fonseca Preparação de Texto: Cesare Turazzi Revisão de Provas:
Cinthia Turazzi Capa: Tiago Dias Diagramação: Marcos Jundurian Versão ebook: Tiago
Dias

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Livro, SP, Brasil)

Vargens, Renato Feminilidade em crise / Renato Vargens. – 1. ed. – São Paulo :


Editora Trinitas, 2022.
140 p. ; 21cm ISBN 978-65-89129-40-0
1. Mulheres cristãs – Conduta de vida 2. Mulheres cristãs – Oração e

devoção 3. Mulheres cristãs – Vida cristã I. Título.

22-131899 CDD-248.843

Índices para catálogo sistemático: 1. Mulheres cristãs : Vida cristã : Cristianismo


248.843
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

 
Todos os direitos reservados à: Editora Trinitas LTDA São Paulo, SP
www.editoratrinitas.com.br
Em Feminilidade em Crise, o respeitado Pr. Renato Vargens defende de forma
profundamente pastoral quem é a mulher segundo as Escrituras.
Diferentemente daquilo que é estabelecido pelo movimento feminista, tanto de
dentro quanto de fora da igreja, Vargens aponta o seguro caminho da Palavra
para que toda mulher de Deus saiba quem é seu Criador e com que fim o
Senhor a criou. Tudo isso, de forma prática, piedosa e clara, como é típico da
escrita de Renato. Recomendo com muita alegria a leitura deste livro, o qual
espero que chegue às mãos de muitas mulheres que desejam temer a Deus
segundo a sua Palavra.
Wilson Porte Jr.,

pastor da Igreja Batista Liberdade de Araraquara (SP), professor no Seminário


Martin Bucer
Em seu livro Feminilidade em Crise, o Pr. Renato Vargens não só quebra o
paradigma de que um homem não tem condições de escrever sobre e para
mulheres, como também enfraquece a narrativa feminista de que homens são
insensivelmente incapazes de perceber os desafios do universo feminino. O
autor foge de extremismos, e consegue unir influência cristã com piedade
bíblica. Recomendo esta leitura a solteiras, casadas, mães ou viúvas. Trata-se
de um excelente livro tanto para leitura individual quanto para estudos em
grupo.
Janeide Andrade Ferreira, esposa do Pr. Euder Faber, mãe de Rebeca e
Júlia, com especialização em Teologia Sistemática pelo Centro Andrew Jump,
autora dos livros A Mulher Bíblica e o Padrão de Feminilidade, A Mulher Cristã
e seu Guarda-roupa, e A Mulher Cristã e sua Sexualidade
A magistral trilogia escrita pelo Pr. Renato Vargens agora está completa, com
o lançamento do tão esperado Feminilidade em Crise. No mesmo espírito
pastoral, não fundado em premissas sexistas, mas sim em uma adequada
perspectiva bíblica, o presente livro dá continuidade às reflexões elaboradas
nos volumes Masculinidade em Crise e Paternidade em Crise, que tocam nos
mais graves distúrbios sociais de nossa época, com drásticas consequências
não apenas para a vida religiosa dos cristãos de diferentes denominações,
mas também para os campos da moralidade, da cultura, da educação, da
política e da economia. Assim, pois, como nas duas obras anteriores, o autor
faz um adequado diagnóstico do problema em questão, abordando, neste
caso, as contradições entre as teorias feministas e o papel da mulher
enquanto bastião da moralidade, bem como o modo como a visão bíblica
acerca da feminilidade e os ensinamentos oferecidos pelas igrejas cristãs são
a verdadeira solução para essa desoladora crise.
Alex Catharino,

historiador, professor de Filosofia Política, membro da diretoria do Instituto


Brasileiro de Direito e Religião (IBDR), conselheiro acadêmico do Instituto
Liberal (IL), especialista da Fundação da

Liberdade Econômica (FLE)


A mulher sábia edifica a sua casa, mas com as próprias mãos a insensata
derruba a sua. (Pv 14.1, NVI)
Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas joias. O
coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz
bem e não mal, todos os dias da sua vida. Busca lã e linho e de bom grado
trabalha com as mãos. É como o navio mercante: de longe traz o seu pão. É
ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas
servas. Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as
rendas do seu trabalho. Cinge os lombos de força e fortalece os braços. Ela
percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite.
Estende as mãos ao fuso, mãos que pegam na roca. Abre a mão ao aflito; e
ainda a estende ao necessitado. No tocante à sua casa, não teme a neve,
pois todos andam vestidos de lã escarlate. Faz para si cobertas, veste-se de
linho fino e de púrpura. Seu marido é estimado entre os juízes, quando se
assenta com os anciãos da terra. Ela faz roupas de linho fino, e vende-as, e
dá cintas aos mercadores. A força e a dignidade são os seus vestidos, e,
quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações. Fala com sabedoria, e a
instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua
casa e não come o pão da preguiça. Levantam-se seus filhos e lhe chamam
ditosa; seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem
virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas. Enganosa é a graça, e vã, a
formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Dai-lhe do
fruto das suas mãos, e de público a louvarão as suas obras. (Pv 31.10–31)
Dedico este livro à minha esposa, Ana Cristina, uma mulher cuja
feminilidade não só abençoa a minha vida e a vida dos nossos
filhos, como também glorifica a Cristo.
 
SUMÁRIO
PREFÁCIO
 

UM HOMEM ESCREVENDO SOBRE E PARA MULHERES?


 

INTRODUÇÃO
 

CAPÍTULO UM
Uma Breve Explicação sobre o Feminismo
CAPÍTULO DOIS
A Mulher como Último Bastião da Moralidade
CAPÍTULO TRÊS
O que a Bíblia tem a Dizer sobre as Mulheres?
 

CAPÍTULO QUATRO
Bênçãos de que a Mulher Desfruta
CAPÍTULO CINCO
Sensualidade e Exposição
CAPÍTULO SEIS
Breves Questões sobre a Vida da Mulher
CAPÍTULO SETE
Uma Palavra Final: Mulheres, Envelheçam em Paz e com Sabedoria!
 

APÊNDICE
Sugestão de filmes que tratam de aspectos de uma feminilidade saudável
NOTAS
PREFÁCIO

Este é o livro que eu gostaria que algumas pessoas tivessem lido em 2001.

Bem antes disso, quando eu tinha catorze anos, comecei a


estagiar em um escritório de contabilidade, no segundo ano do
Ensino Médio. Aos quinze, finalizei os estudos e, logo depois,
comecei a trabalhar no local onde havia estagiado. Tempos depois,
concluí o tão sonhado curso de Bacharel em Educação Cristã, e,
desde então, tenho servido ao Senhor em algumas instituições
cristãs pela vocação que ele me deu.
Quando me casei, eu trabalhava em tempo integral numa editora
evangélica como redatora de revistas infantis. Continuei trabalhando
na ocasião, por vocação e como contribuição para as finanças do lar
recém-formado. Mas tudo mudou em 2001. Quando a nossa filha
nasceu, meu esposo e eu tomamos uma importante decisão.
Embora o meu salário representasse metade da renda familiar, eu
renunciaria ao meu trabalho em tempo integral para poder me
dedicar à vocação maior que uma mulher pode receber: a
maternidade.
Naquela época, e aqui eu volto ao início desse prefácio, recebi
algumas críticas, incluindo de cristãos, pois estaria abrindo mão de
um bom emprego e uma carreira profissional para ficar em casa
cuidando da minha filha. Essas pessoas achavam que eu, que
comecei a trabalhar na adolescência, estaria desperdiçando meu
tempo e talentos ao me dedicar integralmente à minha família.
Talvez, se tivessem lido este livro do Pr. Renato Vargens, aquelas
pessoas teriam sido mais cuidadosas ao falar comigo, pois, como
ele bem aborda no capítulo 2, “o mundo em que vivemos”, ao
contrário do que nos dizem as Sagradas Escrituras, “desconstrói a
relevância e a importância da união matrimonial, da geração de
filhos e de criá-los da melhor forma possível”. E criar a nossa filha
da melhor forma possível, em nosso entendimento, significava eu ter
mais tempo em casa, sem o compromisso de uma jornada de
trabalho em outro local.
Sim, eu deixei de ter uma posição de destaque no meio onde
trabalhava e passei a viver com um orçamento familiar mais
apertado, mas não me arrependo disso de forma alguma. A
educação e os cuidados que dei à minha filha e o apoio ao meu
marido ainda me são uma recompensa muito melhor do que
qualquer resultado que um emprego ou saldo bancário poderia me
dar.
Contudo, tal como o Pr. Renato Vargens afirma neste livro, é
possível, sim, a mulher conciliar as responsabilidades de cuidar bem
do seu lar e de sua família e, ainda assim, trabalhar fora. É tão
possível que, tempos depois, quando a minha filha já estava maior,
iniciei aos poucos o meu retorno à jornada de trabalho fora de casa.
Embora tivesse começado dando aulas de ensino religioso na
escola onde a minha filha estudava, o desafio maior estava por vir.
Em 2012, participei da fundação do Seminário Martin Bucer, onde
trabalho como diretora acadêmica desde então. Eu jamais sonhei
que um dia trabalharia na formação de pastores, mas foi para esta
área que Deus me conduziu. E em nada me fizeram falta os anos
que fiquei fora do mercado de trabalho formal para me dedicar à
maternidade com exclusividade.
A minha história é única. A sua também. A história de cada mulher
crente em Jesus é única. Cada uma, segundo a vontade do Senhor,
entenderá melhor como exercer a sua feminilidade, sem se entregar
às controvérsias do feminismo. Trabalhar fora ou não é apenas um
dos aspectos dessa conversa franca e direta proposta pelo autor
deste livro. E, mesmo que — a princípio — você não concorde com
tudo o que está escrito nesta obra, perceba que, em todo o tempo,
Renato, como um pastor preocupado com as suas ovelhas, busca
oferecer base bíblica para os seus ensinos e considerações,
apresentando também exemplos de mulheres que, sem perder a
feminilidade, serviram a Deus em situações específicas. Um dos
exemplos citados é o de Catarina von Bora, cuja biografia tanto
aprecio.
Além disso, neste livro, há diversas questões acerca da vida de
uma mulher, como casamento, maternidade, sabedoria,
sensualidade, solteirice, celibato, amargura e envelhecimento. O
autor, todavia, nos chama sobretudo à santificação mediante a
Palavra perante nosso Criador e Senhor, pois só assim
conseguiremos, como bem disse o Pr. Renato, “exalar a doçura e o
perfume de Cristo diante de todos, por meio da Palavra, procurando
ser mulheres genuinamente femininas”.
Aproveite bem esse livro, e não apenas para si mesma, mas
também para ajudar a levar outras mulheres a depositarem a sua
feminilidade aos pés do Senhor.
Marilene A. S. Ferreira,

esposa, mãe, diretora acadêmica do Seminário Martin Bucer


Um Homem Escrevendo sobre e para Mulheres?
 

Em tempos que o marxismo cultural e o feminismo têm tomado


conta da sociedade, incluindo parte da igreja, alguns consideram um
verdadeiro absurdo um homem escrever sobre e para mulheres.
“Esse não é o lugar de fala de um homem”, dirão algumas.
“Homens não podem falar sobre mulheres, pois não conhecem seus
dramas, lutas e dificuldades”, afirmarão as mais radicais. Isso sem
falar daquelas que dirão que um livro escrito por um homem para
mulheres não passa de mansplaining.1
Ainda que, em alguns aspectos, a forma de enxergar a vida por
parte das mulheres difira do modo como os homens a enxergam,
isso não significa que homens não podem escrever para mulheres e
vice-versa. Além disso, como pastor e ministro do Evangelho, é meu
dever diante de Deus proclamar, explicar e aplicar os princípios e
doutrinas das Escrituras Sagradas tanto para homens quanto para
mulheres, de modo que ambos vivam segundo os propósitos do
Senhor.
A Bíblia, que é a inerrante Palavra de Deus, deve ser anunciada e
pregada independentemente a qual gênero, desde que com
honestidade e fidelidade. Por suas inúmeras orientações, o Senhor
ensina tanto a homens quanto a mulheres princípios, pressupostos
e comportamentos que devem ser observados por aqueles que
amam a Deus.
Além disso, as Escrituras nos mostram que aquele que teme ao
Senhor torna-se instrumento de bênçãos, e nos dão vários
exemplos de mulheres virtuosas que causaram um grande impacto
em suas famílias e sociedade.
Assim, Feminilidade em Crise, mais que escrito por um homem, é
um livro pastoral redigido por um pastor cujo ensinamento não está
fundamentado em premissas sexistas, mas na inerrante e
maravilhosa Palavra de Deus — fato que, por si só, já derruba a
falácia feminista de que homens não podem tratar do universo
feminino.
Com tudo isso dito, desarme-se, abra seu coração e deixe que as
palavras deste livro encontrem aconchego em sua alma, de modo
que lhe transmitam graça, sabedoria e esperança.
Renato Vargens
INTRODUÇÃO

Depois que comecei a estudar e escrever sobre o homem e suas


crises, surgiram os livros Masculinidade em Crise2 e Paternidade
em Crise.3 Desde então, tenho também pensado nas mais variadas
crises que envolvem o mundo feminino, tentando, de alguma forma,
à luz da Palavra de Deus, trazer às mulheres que amam ao Senhor
orientações práticas e pastorais quanto àquilo que a Bíblia diz
acerca da feminilidade.
Definitivamente, vivemos num mundo em que o relativismo norteia
a vida de muitas mulheres, incluindo aquelas que confessam a sua
fé em Cristo. Não são poucas aquelas que, influenciadas por
pressupostos absolutamente antagônicos à Palavra de Deus, têm
invertido os valores defendidos pelas Escrituras.
É lamentável perceber que, em nossos dias, um número
incontável de mulheres cristãs não têm se preocupado em serem
femininas, e sim feministas. Assim, se uma mulher tem
pensamentos e comportamentos diferentes dos defendidos pelo
feminismo, desejosa de obedecer aos ensinamentos bíblicos, ela
acaba execrada e rotulada como ultrapassada, subserviente.
Não bastasse isso, a sociedade incentiva a mulher a competir com
o homem, levando-a a abandonar toda e qualquer possibilidade de
constituir família e criar filhos. Sem contar que, influenciado pelo
marxismo cultural, o feminismo tem desconstruído conceitos,
princípios e valores cristãos na mulher, como decência, pudor,
doçura e submissão.
À luz dessa premissa, pode-se afirmar que o feminismo, bem
como a sua ênfase no empoderamento feminino, exerce um papel
preponderante no fato de as mulheres estarem perdendo a
capacidade de agir e se comportar como mulheres. Além disso, no
intuito de conquistar espaço no mercado de trabalho, ou até mesmo
de competir com os homens, não são poucas as mulheres que
“machificaram” a vida, tornando-se amargas e de difícil trato.
Contudo, antes de prosseguirmos, vale ressaltar que não sou
contra a mulher estudar ou mesmo trabalhar fora, uma vez que
acredito que homens e mulheres se complementam, contribuindo
assim para a construção de uma sociedade mais equilibrada.
Todavia, confesso que me preocupa o fato de que muitas mulheres
cristãs, em nome de uma pseudoigualdade, jogam na lata do lixo
qualidades e virtudes relacionadas ao próprio ser da mulher.
A feminilidade é um comportamento projetado e criado por Deus,
um presente dado pelo Senhor à humanidade, e que não consiste
somente em se cuidar, vestir-se adequadamente ou se maquiar.
Bem mais que isso, feminilidade é um conjunto de atitudes e
comportamentos, um estilo de vida pelo qual a família e a sociedade
experimentam doçura, amabilidade, afetividade, beleza e outros
atributos mais.
Por outro lado, outra parte da igreja, influenciada por um tipo de
“neopuritanismo”, defende, nas entrelinhas, a ideia de que a mulher
deve ser passiva, omissa, calada e com vocação para tribufu. Isso
tudo me leva a entender que a igreja brasileira vive em extremos,
ora defendendo o feminismo, ora exaltando uma visão quase
escravocrata da mulher, o que certamente coopera para o
adoecimento das igrejas de nosso país.
Diante do exposto, o livro que você tem em mãos foi escrito não
somente com o propósito de combater os extremos relacionados ao
nosso tempo, mas também com o objetivo de resgatar os conceitos
bíblicos e absolutos relacionados à feminilidade, trazendo aos
leitores respostas claras quanto à dignidade da mulher, ao seu papel
na família, na igreja e na sociedade.
Assim, minha oração é que a presente leitura contribua para o
crescimento de muitas mulheres e a edificação do povo de Deus, a
fim de despojar de nossas famílias e igrejas os estereótipos deste
mundo relativista, construindo assim paradigmas consistentes com o
que a Bíblia* ensina sobre feminilidade e ajudando o leitor a
entender o propósito de Deus para as mulheres.
 
CAPÍTULO UM
 

Uma Breve Explicação sobre o Feminismo


 

Ainda que o propósito deste livro não seja esmiuçar o feminismo,


com sua história, vertentes e consequências, julgo ser fundamental
que façamos uma síntese deste movimento.
Em poucas palavras, os mais variados partidos do movimento
feminista defendem a ideia de que o feminismo afirma existir uma
desigualdade social e econômica entre homens e mulheres, sendo
preciso, portanto, desfazer essa desvantagem por meio de políticas
públicas ou de ações diretas e afirmativas. Na verdade, é possível
afirmar que o feminismo é um movimento social e político que, no
decorrer dos anos, tem assumido características específicas em
suas diferentes etapas, podendo ser, resumidamente, dividido em
três ondas e quatro fases.
O período inicial do movimento feminista é chamado de
protofeminismo, momento que deu início às reivindicações
feministas no âmbito social. Apesar disso, durante esse tempo, os
relatos dizem que não houve militância quanto ao direito ao trabalho
remunerado, o que efetivamente caracteriza a nomenclatura de
protofeminismo (aliás, uma curiosidade: as feministas posteriores
usaram as protofeministas como base para as suas próprias ideias).
Ademais, a pauta do protofeminismo continha a ideia de oposição
à monogamia e ao casamento, e o entendimento de que era
necessário defender a liberdade sexual das mulheres, mostrando-
nos que mesmo esse período já continha os principais pontos que o
feminismo moderno defende.
A primeira onda do feminismo surgiu no século XVIII, quando uma
inglesa de nome Mary Wollstonecraft escreveu um texto cujo título
era Uma Reivindicação dos Direitos da Mulher.4 Um ano depois
dessa publicação, a americana Judith Sargent Murray publicou
Sobre a Igualdade dos Sexos,5 corroborando assim com o
pensamento de Wollstonecraft.
Já no século XIX, em 1848, cerca de cem pessoas se reuniram
numa igreja metodista em uma convenção em Seneca Falls, Nova
Iorque, para ratificar a Declaração dos Sentimentos,6 escrita para
defender os direitos naturais básicos da mulher.
As autoras da Declaração dos Sentimentos reclamavam que as
mulheres estavam impedidas de galgar posições na sociedade com
empregos melhores, além de não receberem pagamentos justos
pelo trabalho que realizavam. Elas perceberam que as mulheres
estavam excluídas de profissões importantes na sociedade e que
eram proibidas de cursar uma universidade. Além disso,
denunciavam um duplo padrão de moralidade, que condenava e
punia as mulheres, enquanto excluía os homens das mesmas
punições, em relação a crimes de natureza sexual.
Já a segunda onda do feminismo surgiu na primeira metade do
século XX. Diferentemente do feminismo da primeira onda, mais
prático, o feminismo da segunda onda apresentava um caráter mais
ideológico, fundamentado em uma base filosófica existencialista,
trazendo em seu bojo uma nova visão do conceito de feminilidade,
em que os padrões sociais relacionados à família, ao casamento e à
maternidade deveriam ganhar um novo significado.
O feminismo da segunda onda foi sobretudo difundido por Simone
de Beauvoir, Betty Friedan e Kate Millett, que, como arautas da
desconstrução familiar e social, defendiam a legalização do divórcio,
a legalização do aborto e o sexo casual.
Simone de Beauvoir, por exemplo, defendia que crianças de onze
anos já se enquadravam na idade de consentimento, mesmo que
não tivessem alcançado a puberdade. Ela e Sartre, seu
companheiro, com quem viveu anos a fio, fizeram parte da Front de
Libération des Pédophiles (Frente de Liberação de Pedófilos),7 o
que por si só expõe aquilo que defendiam e criam. Além de tudo,
Beauvoir cunhou uma sentença que muito influencia as feministas:
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico,
econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário
entre o macho e o castrado que qualifica o feminino.8
Beauvoir também criou a Liga dos Direitos das Mulheres, cujo
objetivo era estabelecer uma legislação antissexista e defender o
divórcio como forma de libertação das mulheres que queriam se ver
livres do jugo do matrimônio.
No início dos anos 1960, Betty Friedan, uma jornalista americana,
publicou A Mística Feminina — livro em que examinava o papel da
mulher norte-americana —,9 com o intuito de tornar os conceitos
filosóficos de Simone de Beauvoir mais palatáveis à mulher
moderna.
De acordo com Friedan, as mulheres daquela época haviam
aprendido a buscar satisfação apenas como esposas e mães, o que
ela própria considerava um erro. Friedan afirmava que “esta mística
do ideal feminino tornou as mulheres infantis e frívolas, quase como
crianças, levianas e femininas; passivas, garbosas no mundo da
cama e da cozinha, do sexo, dos bebês e da casa”.10
Assim como De Beauvoir, Friedan defendia que a única maneira
de uma mulher encontrar-se e conhecer a si mesma como pessoa
humana era mediante uma obra criativa executada por si. Friedan
concordou com Beauvoir que a libertação feminina haveria de
requerer mudanças estruturais profundas na sociedade. Para isto,
as mulheres precisariam ter controle de suas próprias vidas, além
de ditarem seus próprios destinos.
Por fim, a terceira onda do feminismo teve início na década de
1980, tornando-se ainda mais ideológica do que a segunda. Na
verdade, essa onda feminista defende ostensivamente o aborto, a
ideologia de gênero, os direitos dos homossexuais e transsexuais, a
eliminação do conceito de que existem apenas dois gêneros fixos e
imutáveis — sugerindo assim que o gênero é definido pela vontade
da pessoa, não por fatores biológicos —, isso sem contar a
necessidade de eliminar da cultura e da sociedade os princípios
basilares do cristianismo.
Judith Butler, filósofa americana que se destacou por seu trabalho
nas áreas de igualdade de gênero, identidade e poder, embora
concordasse com as ideias de Simone de Beauvoir, entendeu que o
feminismo tradicional ignorava as implicações mais amplas dessa
noção, visto que reforçava os estereótipos de “masculino e
feminino”. Segundo Butler, tanto gênero quanto sexualidade não
podem ser determinados biologicamente, mas devem sê-lo
socialmente. Para ela, o gênero não é uma realidade inata, mas
uma construção.11
Butler vai além de muitas feministas, defendendo a subversão
deliberada e um comportamento que ultrapassa os atos de gênero
convencionais, com aquilo que ela chama de performatividade de
gênero. Em outras palavras, a filósofa norte-americana argumenta
que nascer homem ou mulher não determina o comportamento de
alguém, mas que a pessoa aprende a se portar de uma maneira ou
de outra com o intuito de se encaixar na sociedade. Para ela, a ideia
de gênero é um ato, ou uma atuação. Esse ato, ou performance,
segundo ela, é a maneira como uma pessoa anda, fala, se veste e
se comporta.
A ampliação de Butler do que as feministas até então defendiam
foi um marco, e acabou conhecida como Teoria Queer. De origem
inglesa, a palavra queer surgiu no século XVI, inicialmente com
sentido pejorativo. O termo era usado para se referir às pessoas que
não eram aceitas e que viviam à margem da sociedade, como
prostitutas e desempregados. Séculos depois, na década de 1920, a
palavra passou a ser usada como ofensa e tornou-se um
xingamento aos homossexuais — gays e lésbicas. No entanto, a
comunidade LGBTQIA+ apropriou-se do termo e transformou o
então xingamento em uma forma de representar todos aqueles que
não se encaixam na heterocisnormatividade.
Nesta linha de pensamento, a escritora Ana Caroline Campagnolo
afirma que “feministas como Butler não receiam em admitir que a
teoria de gênero não passa de uma ferramenta de desconstrução de
identidade bem como subversão das identidades”.12
O feminismo e o ódio ao cristianismo Hoje é comum
testemunhar, ao redor do mundo, manifestações agressivas por
parte de muitas feministas contra o cristianismo. Não são poucas
aquelas que consideram o cristianismo como seu inimigo,
pensamento beligerante que se expressa em ataques, xingamentos
ou mesmo invasões e destruições de igrejas.
Um exemplo claro disso se deu no Chile, em 2019, exatamente
uma semana antes do plebiscito constitucional. Na ocasião, a
imprensa de todo o mundo relatou protestos, quebra-quebra,
invasões e depredação de igrejas históricas, incendiadas por
feministas e grupos progressistas.13 Para espanto de muitos, fotos
dessas barbáries correram o mundo, dentre as quais registrou-se
uma feminista comemorando em frente a uma igreja que, aos
poucos, sucumbia às chamas.
Em outra ocasião, feministas decidiram invadir igrejas na
Polônia,14 em protesto contra a decisão do Tribunal Constitucional,
que havia proibido o aborto de bebês com malformações. Nessa
deliberação, os magistrados decidiram que crianças malformadas no
útero possuem direitos à dignidade garantida pelo Estado, assim
como sua proteção, o que gerou uma revolta sem medida entre as
feministas.
Em março de 2020,15 um grupo de feministas causou danos em
espaços e edifícios públicos e privados, como também atacou
templos católicos com extrema violência. Na Arquidiocese de
Hermosillo, no estado mexicano de Sonora, feministas danificaram o
exterior da catedral e tentaram entrar para profanar o templo. Os
fiéis que participavam da celebração da missa foram forçados a
barrar as portas com bancos.
Em mais uma ocorrência, desta vez na Paróquia Santo Inácio de
Loyola, em Medellín, Colômbia,16 os fiéis viveram momentos de
terror, pois, durante uma missa, no momento da comunhão,
manifestantes feministas começaram a protestar em frente àquela
igreja, ocasionando, por fim, a invasão por parte das manifestantes,
que também resolveram pichar as paredes e as portas da
congregação.
No Brasil, em março de 2013, em plena Jornada Mundial da
Juventude, ocorrida no Rio de Janeiro,17 manifestantes se
masturbaram com um crucifixo em praça pública, no meio de
crianças, religiosos e todos que passavam pelo local.
Ao celebrar e festejar a destruição de igrejas históricas, ou mesmo
invadi-las profanando seus símbolos de fé, o movimento feminista
escancara diante da sociedade o ódio que lhes rege a vida,
vociferando aos quatro cantos deste planeta sua repulsa ao
cristianismo, com o álibi de que precisa a todo custo combater e
destruir o patriarcado que as oprime. Mas, apesar de um discurso
cheio de justificativas, o movimento feminista, na prática, só
demonstra ódio, violência e histeria, numa tentativa deliberada de
desconstruir os princípios judaico-cristãos, que, por séculos, têm
regido o Ocidente. Justamente por isso, Campgnolo afirma que é
inevitável não notar a aversão do movimento feminista à fé cristã.18
De fato, não há compatibilidade entre o cristianismo e aqueles que
defendem a pauta feminista.
O feminismo usa uma roupagem politicamente correta que
falsamente transmite a ideia de um movimento justo, enquanto suas
estruturas conceituais defendem o fim do cristianismo, a
relativização do matrimônio, a condenação da monogamia, da
maternidade, da família e a superioridade da mulher, além de
rejeitar com veemência a noção de que homens e mulheres são
iguais diante de Deus, embora criados pelo Eterno de forma
diferente, com papéis distintos, mutuamente complementares. Em
outras palavras, o feminismo detesta o cristianismo porque ambos
são sistemas doutrinários completamente antagônicos.
Simone de Beauvoir, por exemplo, defendia que a Bíblia sempre
foi a responsável pela opressão às mulheres.19 A feminista Betty
Friedman, em sua obra A Mística Feminina,20 condena a
maternidade e os papéis domésticos da mulher. Simone de
Beauvoir, em seu livro O Segundo Sexo,21 condena a maternidade
e defende proibir que mulheres optem por ser mães ou donas de
casa. Há também outro ramo extremista do movimento feminista
que exige a revisão da Bíblia e de seus valores, desejando que
Deus passe a ser chamado por um nome feminino, tirando das
Escrituras toda alusão masculina ao nome do Senhor, e que a
sociedade pare de se referir a Jesus como o Filho de Deus, mas
passe a chamá-lo de a “criança de Deus”.
Além destas questões, no final dos anos 1960, a autora feminista
Kate Millett22 usou o termo “patriarcado” para descrever o chamado
“problema sem nome” que afligia as mulheres. O termo tem sua
origem em duas palavras gregas: pater, que significa “pai”, e arche,
que significa “governo”, ou seja, “governo do pai”, usado para
descrever o domínio social do macho e a inferioridade e a
subserviência da fêmea, tudo isso supostamente justificado pela
Bíblia.
Pensando assim, as feministas entendem que o patriarcado é um
mal social de origem bíblica e que precisa ser desconstruído, a fim
de que haja uma sociedade “mais justa, igualitária e menos
opressora”. De acordo com elas, a destruição do patriarcado as
libertaria de uma opressão milenar proveniente tanto do judaísmo
quanto do cristianismo.
Ironicamente, boa parte daqueles que defendem o ódio ao
patriarcado não sabe dizer o porquê, tampouco explicar à luz da
Palavra de Deus o significado do termo. Conforme escrevi em meu
livro sobre a atual crise da paternidade,23 o patriarcado encontrado
na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, não afirma a
superioridade do homem sobre a mulher, e não é sinônimo de
domínio do macho, nem de um sistema de valores no qual o homem
trata a mulher com descaso, desvalorizando-a opressivamente.
Na visão cristã, totalmente contrária ao ensino feminista e ao
conceito de masculinidade e feminilidade defendido pelo feminismo,
o patriarcado é o sistema em que o homem, em seus papéis de
marido e pai, cuida de sua família, provendo para o seu lar e
protegendo-o de toda ameaça. Ademais, as Escrituras mostram que
o patriarcado é também um “lugar” de amor, de laços pactuais de
bondade e de compaixão.
Obviamente, por não entender isso, ou, em alguns casos, por pura
desonestidade intelectual, o movimento feminista, sob a alegação
de combater um patriarcado imaginário fabricado por suas
ideologias, tem atuado deliberadamente, com o claro objetivo de
angariar para si o maior número de pessoas possível, introjetando
em seus corações uma visão absolutamente antagônica à revelada
pela Palavra de Deus.
Assim, posso resumir afirmando que feministas, por razões
ideológicas e até mesmo políticas, opõem-se com veemência ao
cristianismo pela convicção de que os ensinamentos da Palavra de
Deus são a antítese de tudo aquilo que elas defendem, levando-as a
nutrir uma alma cheia de ódio a Deus e sua Palavra.
Devo advertir, contudo, que esses fatos elencados não dão
abertura para discursos e atitudes de rancor e ódio contra as
feministas, pagando-lhes com a mesma moeda. Pelo contrário, as
Escrituras nos ensinam a orar por aqueles que nos perseguem (Mt
5.43–44), na expectativa de que Deus lhes abra os olhos e as leve a
um encontro genuíno com Cristo, o nosso Salvador.
O feminismo e sua guerra contra o homem O feminismo trava
uma hercúlea batalha contra os homens. Especialmente entre as
líderes do movimento, há mulheres que manifestam um espírito de
extrema beligerância, verbalizando, assim, sempre que podem, sua
oposição e ódio à masculinidade. E, ainda que neguem, muitas
feministas nutrem em seus corações um claro sentimento de
misandria.24
Um exemplo bem conhecido é o de Valerie Solanas, a feminista
radical que atentou contra Andy Warhol, em 1968.25 Solanas criou
um manifesto intitulado SCUM (“Society for Cutting Up Men”,
1967),26 revelando, literalmente, seu desejo de destruir o gênero
masculino.
Explicando cenários como o que acabei de citar, Campagnolo
afirma que, na guerra contra os homens, as feministas investem
tempo, dinheiro e propaganda em atacar tanto meninos quanto
homens adultos, buscando desconstruir conceitos relacionados à
verdadeira feminilidade.27
Já Rodrigo Constantino afirma que há farta evidência da guerra
das feministas contra os homens, citando como prova um ensaio de
Suzanne Venker cujo título é The War on Men [“A Guerra contra os
Homens”]. Em seu texto, Constantino afirma que a tese da autora é
que, em poucas décadas, desde o advento do movimento feminista,
os Estados Unidos rebaixaram os homens de provedores e
protetores respeitados a palhaços supérfluos e desnecessários,
demonstrando o êxito das feministas em sua missão de atacar o
homem, sua masculinidade e seus atributos.28 Não é preciso de
muito para entender que Venker e as demais feministas costumam
retratar a figura masculina como inconveniente, algo que, em breve,
será totalmente dispensável.
Basta navegar pela internet para encontrar textos de feministas
manifestando publicamente seu ódio contra os homens. A página
Feminismo Radical29 apresenta um texto em que a autora diz
claramente que odeia os homens. No site Todas Fridas, há um texto
interessantíssimo que detalha o ódio contra os homens. Exponho
aqui um trecho: Não dá mais para olhar para uma mulher que odeia
homens e fingir que ela não tem motivos para nutrir esse sentimento. É muito
simples: se uma pessoa é mordida por uma cobra uma vez, ela pode
desenvolver medo e repulsa por esse animal. Pois bem, mulheres são
maltratadas por homens durante toda a vida, e é nisso que consiste o
patriarcado. O ódio aos homens é, portanto, uma resposta a tudo aquilo que
vivemos, é um sentimento real com uma base traumática real e não precisa
necessariamente ser desconstruído. Querer viver afastada deles, se recusar a
ser didática e compreensiva (principalmente acerca do feminismo), ser apática
ou até mesmo rude para com eles: isso tudo é totalmente justificável.30
Prevejo mulheres dizendo: “Algumas poucas feministas é que
pensam assim, mas a maioria não acha isso! Só queremos
igualdade e empoderamento!”. E é aí que eu questiono: Será
mesmo? Fosse o caso, Margaret Thatcher, a denominada Dama de
Ferro, teria sido um ícone do feminismo, não é mesmo? No entanto,
a ex-primeira-ministra britânica sofreu, e, mesmo morta, ainda sofre,
todo tipo de ataque, desdém e deboche por parte das feministas.
Isso acontece porque o feminismo é uma ideologia fundamentada
em parte no marxismo, que prega a luta de classes, e que
transporta para dentro da família atitudes beligerantes,
disseminando assim ódio contra o ser masculino.
Quem, por exemplo, nunca ouviu o relato de algumas mulheres
dizendo que homens não prestam, não servem para nada e não
podem ser confiáveis, visto que são opressores, pérfidos,
aproveitadores? Sim, é óbvio que existem homens que não valem o
prato que comem, mas podemos generalizar? É correto colocar
todos os homens no mesmo balaio? Claro que não, pois são muitos
os homens probos, honestos e que tratam suas mulheres e famílias
com respeito e dignidade.
Para o movimento feminista, contudo, é muito mais fácil satanizar
os homens, atacando-os numa guerra que visa desconstruir a
masculinidade e implementar como regra o feminismo. Por isso,
esse levante é uma artimanha sutil e grandiosa do diabo, que,
intentando ludibriar a mulher, incutiu em seu coração e em sua
mente valores absolutamente contrários à Palavra de Deus, com um
sistema de crenças que justifica o ódio aos homens.
QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO

1. O que o feminismo afirma existir? Quais medidas ele propõe para


responder a essa questão?
2. Como o feminismo pode ser dividido de acordo com as
características específicas do decorrer dos anos?
3. Quais são as pautas de cada onda e fase do feminismo?
4. Como surgiu, no que consiste e como se desenvolveu a Teoria
Queer?
5. Por que o feminismo detesta o cristianismo? Como o movimento
mascara esse ódio?
6. Como o feminismo tipifica os homens e quais consequências
práticas essa tipificação tem gerado?
 
CAPÍTULO DOIS
 
A Mulher como Último Bastião da Moralidade
 
Diante de uma sociedade perversa e imoral, a mulher,
normalmente, é a última a sucumbir. Desde que o mundo é mundo,
sociedades têm sido, em parte, sustentadas pela “força” moral das
mulheres. Embora, segundo a Escritura, sejam tão pecadoras
quanto os homens (Rm 3.23, 6.23), as mulheres, em muitas
culturas, foram as últimas a serem vencidas pelo relativismo de um
mundo absorto em pecado. Sinceramente, acredito que elas foram
dotadas por Deus com virtudes específicas, para que, mesmo diante
de um mundo mau, prossigam infundindo em seus filhos e família
qualidades como fé, coragem e empatia.
Guardadas as devidas proporções, eu mesmo, no melhor estilo
“Loide, Eunice e Timóteo” (2Tm 1.5), fui extraordinariamente
abençoado pela influência moral de minha avó, que, de forma
enfática e formidável, mostrou-se um bastião de honestidade,
integridade e moralidade, ensinando-me sobretudo o Evangelho de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Perceba que, assim como
minha avó, existem milhares de mulheres espalhadas por nosso
país que jamais negociariam princípios, virtudes e decência, mesmo
diante de tantos ataques ideológicos e relativistas.
É preciso entender que a influência moral de uma mulher cristã faz
uma enorme diferença no lar. Veja a história de Susanna Wesley,
que, com muito esmero, cuidou da educação de seus dezenove
filhos (nem todos sobreviveram), instruindo-os, ensinando-os e
corrigindo-os na disciplina e na admoestação do Senhor.
Numa era em que a Inglaterra encontrava-se mergulhada em
pecados, Susanna separava dias da semana para instruir cada um
de seus filhos, e a história relata que essa notável mulher de Deus,
num cronograma cuidadosamente ordenado, lutou para que eles
crescessem num ambiente cujos princípios fossem inquestionáveis.
O que falar então de Sarah Edwards, mulher de Deus que entrou
para a história não apenas como uma excelente esposa para
Jonathan Edwards, mas também uma mãe piedosa, exemplo para
seus onze filhos, que acabaram legando importantes figuras aos
Estados Unidos. Não faz muito tempo que foi publicada uma
pesquisa indicando 1.394 descendentes dos Edwards mais
conhecidos. O legado que Sarah e seu marido deixaram é
maravilhoso, e dentre esses 1.394:
1. treze se tornaram presidentes de
universidades,
2. três senadores dos Estados Unidos, 3. trinta juízes,
4. cem advogados,
5. sessenta médicos,
6. sessenta e cinco professores de
universidades,
7. setenta e cinco oficiais de Exército e Marinha, 8. cem
pregadores e missionários, 9. sessenta escritores de destaque,
10. um vice-presidente dos Estados Unidos,
11. oitenta altos funcionários públicos, 12. duzentos e cinquenta
formados em universidades, entre eles governadores de Estados
e diplomatas enviados a outros países.31
Percebe-se, assim, que o modelo moral de uma mulher temente a
Deus pode ser de grande influência para uma cultura e sociedade, e
mães cujos princípios fundamentam-se nas Escrituras podem
exercer uma influência incomparável. Seus filhos, pelo poder do
exemplo e de seus ensinamentos, aprendem a respeitar outras
mulheres e a incorporar disciplina e elevados padrões morais à sua
própria vida; suas filhas aprendem a cultivar a própria virtude e a
defender o que é certo, mesmo que isso ocasione um
“cancelamento” social.
Estando bem consciente de que mulheres fiéis a Cristo e seu
Evangelho cooperam para que ainda mais crianças não se percam
nesse mundo de iniquidade, o inimigo de nossas almas investe
violentamente contra elas, esforçando-se para desconstruir seu
papel e sua relevância na sociedade. Seus ataques sugerem à
mulher que matrimônio, educação de filhos e decência são hábitos e
conceitos ultrapassados. Tristemente, as que fisgam essa isca
passam a encarar a vida no lar com total desprezo, alegando que
ela rebaixa e humilha as mulheres, que as intermináveis demandas
da criação de filhos são um tipo de exploração, e o que importa, na
verdade, é aproveitar a vida, deixando de lado os chamados
princípios judaico-cristãos.
Conforme mencionei no título deste capítulo, por séculos as
mulheres têm sido guardiãs da vida, uma influência civilizadora,
ensinando a cada nova geração a importância da pureza sexual, da
relevância do casamento e da fidelidade no matrimônio. E, contra
elas, por influência maligna, chegaram o feminismo, o marxismo
cultural e o relativismo secular para atacá-las e, consequentemente,
atingir a família e a sociedade. Por isso, não é exagero considerar a
mulher cristã como a última fronteira de uma sociedade saudável.
Sem essa muralha derradeira, sociedade e cultura estarão a um
passo da destruição causada pelas ideias e pelos conceitos
anticristãos.

O que o mundo diz a respeito das mulheres?


Antes de tratarmos especificamente daquilo que o mundo diz a
respeito das mulheres, permita-me explicar a definição de mundo
dada pela Bíblia.
Nas Escrituras, o termo mundo aparece com significados variados.
Num sentido mais amplo, mundo pode ser entendido como o
planeta Terra (Sl 19.4), ou mesmo o conjunto de todas as coisas
criadas por Deus (Rm 1.20). Em outra acepção, o termo mundo
refere-se ao gênero humano (Jo 3.16). E, por fim, temos também o
uso que indica a ordem do sistema caído cujos princípios se opõem
a Deus e à sua vontade. As Escrituras, por exemplo, ensinam que o
padrão deste mundo, influenciado pelo príncipe deste século, é a
rebelião contra o seu Criador (Jo 15.18–19; Jo 16.11).
Com essa prévia em mente, vamos agora àquilo que o mundo (no
sentido secular) tem dito a respeito das mulheres.

1. A mulher precisa competir com os homens, incluindo o


próprio marido.
Como pastor, tenho visto, em várias partes do Brasil, muitas
mulheres que, em nome da carreira profissional e da realização
pessoal, abandonaram seus cônjuges e filhos. No afã de
experimentarem sucesso na profissão, há mulheres que,
influenciadas pelo feminismo, largam seus filhos pequenos nas
mãos de algum parente para curtir a vida, ou, desejosas de
experimentar os prazeres da carne, passam em boates, baladas,
namorando qualquer um, sem compromisso com a constituição de
uma família.
Antes que alguma “feminista de plantão” me xingue, é importante
ressaltar que não sou contra as mulheres trabalharem fora, nem que
estudem ou se realizem profissionalmente. Não considero nada
disso como uma postura incompatível com a missão de ser mãe e
esposa. Contudo, o que temos visto, em nossos tempos, é a
relativização do papel da mulher, tanto na família quanto na
sociedade. A mulher pós-moderna, assim, passou a se
desinteressar por cuidar da casa, dos filhos e do marido.
E quanto às mulheres cristãs? Acaso elas têm se deixado levar
pelo curso deste mundo e relativizado o casamento e a família?
Penso que sim, o que se percebe na forma como muitas delas,
influenciadas por princípios anticristãos, relativizam seus
relacionamentos familiares. Quantas cristãs não passam a competir
com seus maridos, ou, em nome de uma suposta “igualdade”,
deixam de cuidar dos filhos, pois querem “aproveitar a vida”?
Mesmo entre as cristãs, o feminismo tem conseguido convencer a
muitas que o homem é seu inimigo. Quantas não vão dormir com
uma postura beligerante? A consequência são lares que mais
parecem um campo de guerra, onde tudo se resume a receber ou
desferir ataques. Se, por um lado, nossa geração sofre com homens
omissos, afeminados devido à lobotomia causada pelo marxismo
cultural, por outro, vemos mulheres masculinizadas, que, em nome
de uma pseudoliberdade, e desejosas de competir com seus
cônjuges, abandonaram a doçura e a feminilidade, atributos tão
necessários à formação de um lar saudável e de seus filhos.
As Escrituras, porém, declaram que o matrimônio não consiste
numa disputa para ver quem é melhor ou pior, mas em uma união
cuja essência é a cooperação mútua, cada um segundo seu papel e
sua vocação dados por Deus.

2. Casamento, família e filhos são desnecessários.


Infelizmente, a ideia de que casamento, família e filhos são
desnecessários tem ganhado espaço no coração de muitas
mulheres. O mundo em que vivemos desconstrói a relevância e a
importância da união matrimonial, da geração de filhos e de criá-los
da melhor forma possível. No Brasil, por exemplo, cresce o número
de mulheres que dizem não querer ter filhos.
Segundo uma pesquisa global realizada pela farmacêutica Bayer,
com apoio da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia (Febrasgo) e do Think about Needs in Contraception
(TANCO), as mulheres estão optando passar pela vida sem
experimentar a bênção de ser mãe.32 Por mais alarmante que isso
seja, esse comportamento, comum a milhões de mulheres, recebeu
até nome: “Geração NoMo” (abreviação da expressão em inglês No
Mother, no sentido de não se tornar mãe), a saber, mulheres que,
lutando contra aquilo que consideram uma “pressão social”,
decidem não ter filhos. Esse mesmo grupo combate a “crença
absurda” (segundo elas) de que a mulher deve dar à luz ao menos
uma vez. Boa parte dessas mulheres prefere ser “mãe de pet” a
gerar uma vida dentro do próprio útero.
Eu mesmo já ouvi mulheres dizendo algo do tipo: “Não quero gerar
um filho. Prefiro meus cachorros. Eles pelo menos são mais
amorosos e fiéis do que uma criança”. Certa vez, uma moça me
disse: “Tenho medo da responsabilidade de criar e educar filhos…
acho que não estou preparada para essa missão”. E não faz muito
tempo que outra, mesmo se dizendo cristã, me replicou quanto à
minha fala numa palestra que dei sobre a importância de casais
gerarem filhos para a glória de Deus. A moça, cheia de si, me disse:
“Quero mais é viajar, ter experiências fora do país… por isso, meu
marido e eu decidimos que o dinheiro que gastaríamos educando
um filho será, em vez disso, destinado a conquistar nossos sonhos
de conhecer o mundo”.
Esse problema todo, no entanto, não é de hoje. Em 2009 (perceba
como a geração “NoMo” ganhava espaço desde então), a escritora
suíça Corinne Maier publicou o livro Sem Filhos: 40 razões para
você não ter.33 Na obra, a autora, afirmando que “filhos são um pé
no saco”, analisa aquilo que chama de “onda de idealização e
glamourização da maternidade”, colocando, segundo ela, em xeque
um dos tabus mais intocáveis da sociedade: a necessidade de ter
filhos. Maier afirma também que, entre os homens, a opção por não
ter filhos é mais aceita; para as mulheres, no entanto, essa escolha
é acompanhada pela condenação de que é impossível alcançar a
plenitude sem filhos.
Além de tudo, movida pelo politicamente correto, a geração
“NoMo” defende que não gerar uma criança significa cuidar do bem-
estar do planeta, pois, de acordo com essa ideia, o mundo não tem
condições de sustentar mais de dez bilhões de seres humanos —
justificando, assim, a decisão de que mulheres não tenham filhos.34

3. A mulher pode ser “mãe de pet”.


Não bastasse a desconstrução da relevância e importância da
maternidade, eis que surge de forma avassaladora a ideia de que
mulheres podem ser “mães de pet”. Nas redes sociais, mulheres se
autodenominam “mães pet” de cachorros, gatos ou até mesmo
pássaros, e muitas tratam seus animais como se fossem gente,
organizando festas de aniversário, levando-os para passear no
shopping em carrinhos de bebê, ou até mesmo contratando
psicólogos para, é claro, tratar do nada dócil temperamento do
bichano.
Abordando esse assunto, o pastor e escritor Alan Rennê
Alexandrino escreveu em seu blog que a socialite carioca Vera
Loyola promoveu, em 1999, uma festa milionária para comemorar o
aniversário de sua cachorra. Ao falar sobre o episódio, Vera Loyola
afirmou: “Só convidei os filhos (cãezinhos) das amigas mais íntimas.
As mães virão acompanhando seus filhos”.35 Na época, a reação
social foi de horror e espanto. A socialite foi acusada, além de
outras coisas, de gastar dinheiro demais com uma festa para
cachorros, enquanto muitas pessoas passavam fome. Entretanto, a
mesma sociedade que reagiu horrorizada ao episódio ocorrido há
duas décadas, hoje, vê a questão com outros olhos. Um
comportamento anteriormente visto como criticável até mesmo pelos
ímpios, atualmente é considerado benéfico e digno de
encorajamento (até mesmo por muitos ditos cristãos).
As estatísticas dizem que, dos quase 215 milhões de brasileiros,
cerca de 20% são jovens de até catorze anos — o que corresponde
a mais de quarenta milhões de pessoas. No entanto, ao
compararmos esse número com o número de pets, que estão em
torno de 150 milhões, temos a nítida impressão de que o brasileiro
prefere bichinhos a filhos. Estudos mostram que, dos entrevistados,
cerca de 60% das pessoas consideram seus pets como membros
da família, sendo que 30% os consideram como filhos.36 Há
mulheres que conferem a um cachorro o mesmo peso emocional de
ter um filho, ou que dizem ter em seu pet o filho que nunca tiveram
(sem falar naquelas que tratam melhor um bicho do que o próprio
filho). Aliás, sei de uma moça que, por tanto conviver com seus
bichos de estimação, decidiu não ter filhos por causa disso. Para
ela, os animais são mais amorosos, fiéis e companheiros do que um
filho, quem, no futuro, poderia trazer amarguras e decepções.
Agora, lendo tudo isso, você pode se perguntar, extremismos à
parte, qual o problema de tratar um animal de estimação como um
filho. Afinal, existe alguma passagem nas Escrituras proibindo que
cães e gatos sejam chamados de filhos? Pois bem, apesar de não
encontrarmos nada diretamente nas Escrituras sobre “maternidade
ou paternidade pet”, a Palavra de Deus nos traz inúmeros princípios
que devem nos orientar, excluindo a ideia de que seres criados à
imagem de Deus chamem seus animais de estimação de filhos.
Além disso, apesar de a Palavra do Senhor nos incentivar a tratar
bem os animais (Pv 12.10), não encontramos nenhum texto que nos
incentive a nos relacionarmos com eles como seres feitos à Imago
Dei, aquilo que o reformador francês João Calvino dizia distinguir o
ser humano dos animais.

4. O que importa é ser feliz.


Uma das características de nossa sociedade é a busca
desenfreada por prazer. O hedonismo37 se manifesta na forma
como as pessoas enxergam a vida, e não deixa de afetar até
mesmo os cristãos. Assim, há mulheres que, desejosas de
aproveitar os prazeres deste mundo, abandonam deliberadamente
os ensinamentos da Palavra de Deus (2Tm 4.10).
Para se ter uma ideia, já ouvi o relato de uma moça que disse:
“Quero ser feliz e, para isso, estou disposta a romper com tudo
aquilo que me castra. Estou cansada de seguir a Bíblia, até porque
eu a acho ultrapassada. O que eu quero mesmo é ser feliz, e ponto”.
Já outra, uma moça evangélica e educada sobre princípios cristãos,
então vencida pelo relativismo, simplesmente disse: “Desisti do meu
casamento, desisti da monogamia, quero saborear tudo aquilo que a
vida tem a me oferecer. Eu quero mais é ser feliz!”.
Fato é que um número considerável de pessoas entende que a
felicidade está relacionada ao relativismo. Segundo vemos nos
relatos e comportamentos de muitos homens e mulheres, quanto
mais relativista, ou quanto mais tabus quebrados, mais feliz o
indivíduo diz ser. Infelizmente, fundamentados neste contexto,
podemos afirmar que muitos cristãos de nosso tempo tomaram a
forma de uma sociedade descristianizada, distanciada dos
fundamentos bíblicos e cada vez mais encantada com o
neopaganismo.
Um exemplo bíblico claro dos perigos de ser seduzido por este
mundo é a Parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11–32). As Escrituras
registram que o filho mais novo, tomado pela vontade de ser feliz,
rompe com sua família e seus princípios, passando a viver
dissolutamente, consumindo tudo o que tinha, dissipando os seus
bens, acabando assim na mais profunda miséria. Em nome do
relativismo, o moço estava disposto a fazer o que fosse preciso para
encontrar sua suposta felicidade. Suas ações, bem como o mundo
em que vivemos, refletiram a ideia de que vale a pena pagar o preço
para alcançar uma vida de luxúria, soberba e desprovida de
incômodos.
Assim como o filho pródigo, há mulheres que são criadas na
igreja, mas, devido a uma paixão da juventude, abandonam a Deus,
trocando seus princípios pela tal da “felicidade momentânea”. Só
que, boa parte das vezes, não demora muito até que elas se
arrebentem emocionalmente e, com filho no colo, voltem para a
casa dos pais, com a vida toda em frangalhos.
Nossa geração exalta a busca indiscriminada por prazer, cujas
seduções acabam engolindo até mesmo moças que se diziam
cristãs. É muito triste ver como os princípios têm sido subvertidos.

5. O sexo é libertador e, portanto, precisa quebrar tabus.


A década de 1960 contribuiu de forma significativa para a
mudança comportamental da sociedade quanto à visão de
casamento, família e sexo. O feminismo e a sua segunda onda
foram as causas dessa mudança; e a Revolução Sexual foi a
aplicação de uma nova forma de pensar sobre sexo e liberdade à
sociedade, totalmente oposta à visão tradicional de relacionamentos
sexuais.
Até a década de 1970, ideias provenientes dos adeptos e
defensores da ilusória liberdade sexual foram difundidas com
veemência pelos filhos da geração baby boomer, isto é, os hippies,
que, em nome de uma liberdade irrestrita, fizeram apologia ao amor
livre, à paz universal, ao uso de drogas e ao sexo desprovido de
compromisso. Para corroborar com a prática descompromissada do
sexo, a pílula anticoncepcional foi emblemática. Com ela, as
mulheres tinham acesso fácil e seguro à contracepção, tornando-as,
consequentemente, mais “livres” e menos preocupadas em
engravidar. De fato, nunca na história havia sido tão fácil abortar
uma criança como naquele tempo.
Já se afirmou que a própria Revolução Sexual queria indicar que
as leis de Deus não mais governavam o mundo, e sim a volição
humana, chafurdada em contrariedade e transgressão. Com o sexo
instrumentalizado, a indústria cinematográfica passou a investir rios
de dinheiro para injetar na cabeça de moças e rapazes valores que
viriam a destruir uma geração.
Desde então, relacionamentos heterossexuais e monogâmicos
foram ainda mais afetados, a contracepção ganhou destaque e o
sexo antes do casamento, o aborto, a infidelidade conjugal e a
pornografia passaram a ser especialmente incentivados. Tudo isso,
consequentemente, se projeta em ataques contra a instituição do
casamento, da família tradicional. Hoje, a virgindade é alvo de
zombaria. Antigamente, quando iam ao ginecologista, moças ainda
não casadas sentiam vergonha se já tivessem perdido a virgindade;
agora, com um cenário totalmente invertido, elas sentem vergonha
por terem se conservado virgens. E a coisa piora ainda mais: já
soube até mesmo de jovens ditos “cristãos” que do culto vão para a
balada, e da balada vão direto para o motel. Para eles, manter
relações sexuais antes do casamento não representa mal algum,
pois, segundo o liberalismo que seguem, o que importa é o “amor”,
e que não podemos nos apegar a visões ultrapassadas de pureza e
castidade.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 1996 a 2006, o
percentual de garotas que perderam a virgindade antes dos quinze
anos saltou de 11% para 33%.38 Nesta mesma faixa, 47% dos
meninos já tiveram sua iniciação sexual. A erotização tem
começado cada vez mais cedo. Esta geração banaliza a instituição
do sexo dentro do casamento e, em nome de uma suposta
liberdade, defende as mais variadas devassidões, pois o que
importa é sentir prazer.
Em 12 de março de 2003, a revista Veja publicou uma matéria
mostrando que cada vez mais mulheres estavam aderindo a uma
prática que um dia já havia sido exclusiva dos homens: o sexo
casual. No registro, há uma moça, estudante de publicidade, que se
considera uma mulher “totalmente normal” e que não vê nenhum
problema em manter relações sexuais com alguém que acabou de
conhecer. “Para fazer sexo, basta eu ter vontade.” Ela também
conta que, certa vez, flertou com um desconhecido no balcão do
registro de embarque de um voo para o Nordeste. O voo foi
cancelado e a companhia acomodou os passageiros em um hotel.
“Fomos para o quarto e passamos a noite juntos. No dia seguinte,
não trocamos telefones, nada. Foi pura atração física.”
Além disso, uma pesquisa que mapeou o comportamento do
brasileiro na cama mostrou que a população tem feito cada vez mais
sexo sem se preocupar em ter um envolvimento afetivo com o
parceiro. Dos homens entrevistados, 75,8% confessaram que
colocam amor e sexo em lados separados da cama. Os cariocas
foram os campeões: 82,7% deles afirmam que se relacionam
sexualmente sem compromisso numa boa e com frequência.39
Contra tudo isso, enfatizo que Deus não criou o ser humano para
viver um estado de libertinagem. Comportamentos como esses
afrontam os pressupostos bíblicos, e a igreja cristã precisa,
sobretudo em tempos como os nossos, posicionar-se ousadamente
contra a promiscuidade. A santa Palavra de Deus deve ser nosso
ponto de partida, nosso baluarte de vida e santidade.

6. A mulher faz o que quiser com seu próprio corpo — afinal,


“meu corpo, minhas regras” — e, por isso, abortar é um direito
e uma escolha.
Uma das frases mais conhecidas no meio feminista e repetidas
por inúmeras mulheres é: “Meu corpo, minhas regras”. Em outras
palavras, o seguinte pensamento: “Faço do meu corpo o que eu
quiser e ninguém tem absolutamente nada que ver com isso”. Esse
lema, cujo intuito é defender a todo custo a ideia de autonomia
corporal e liberdade de escolha, defende que a mulher tem o direito
de lidar com seu próprio corpo da forma que achar melhor, mesmo
que sua decisão inclua devassidão sexual, homossexualismo, não
engravidar e assassinato de bebês no útero. A legalização do
aborto, por exemplo, sempre representou para o feminismo uma
questão prioritária dos “direitos das mulheres”.
Tendo essa visão de mundo por premissa, eu perguntaria a uma
mulher que defende “meu corpo, minhas regras” o seguinte: se ela
chegasse a um hospital e dissesse a um médico que seu braço a
está incomodando, acaso a ética médica lhe permitiria arrancá-lo
simplesmente por que ela pediu? É óbvio que não. O ponto é que o
feminismo quer fazer uma lavagem cerebral nas mulheres,
convencendo-as de que a vida do bebê está ligada ao seu corpo
pela gestação, o que lhes dá o direito de matá-lo.
Por acaso uma mulher grávida pode se considerar dona da vida e
da morte daquele que se encontra em seu ventre? Não se trata de
flagrante eugenia? Ora, se o aborto é válido, então o que dizer do
assassinato dos incapacitados, inválidos ou daqueles que vegetam
num leito hospitalar? Qualquer um que tenha o mínimo de bom
senso não pode concordar com o assassinato de um serzinho tão
indefeso. O aborto é crime hediondo, e de outro nome não posso
chamá-lo. Abortar consiste em tirar a vida de um ser humano, e a
Bíblia apresenta fartas porções ensinando que a vida se inicia na
concepção. O Eterno forma o ser humano enquanto este se
encontra no ventre de sua mãe: “Tu criaste cada parte do meu
corpo; tu me formaste na barriga da minha mãe” (Sl 139.13, NTLH).
O profeta Jeremias e o apóstolo Paulo foram chamados por Deus
antes mesmo de terem nascido: “Antes do seu nascimento, quando
você ainda estava na barriga da sua mãe, eu o escolhi e separei
para que você fosse um profeta para as nações” (Jr 1.5, NTLH);
“Porém Deus, na sua graça, me escolheu antes mesmo de eu
nascer e me chamou para servi-lo” (Gl 1.15, NTLH). E o salmista diz
com referência a Deus: “Os teus olhos me viram a substância ainda
informe” (Sl 139.16, NAA).40
À luz da ciência e da Bíblia, uma criança não nascida é um ser
completamente formado, no sentido de que toda a informação
genética já foi conferida no momento da concepção. Uma criança
não nascida é uma pessoa completamente distinta de sua mãe, fato
que destrói a ideia descabida de que o feto faz parte do corpo da
mulher, como se, juntos, ambos fossem uma amálgama.41
Devo dizer, por mais triste que seja, que o assassinato de crianças
indefesas, ainda dentro do útero, não começou hoje. Desde a
antiguidade, nações matam crianças ainda não nascidas ou recém-
nascidas como ofertas a seus deuses. Ídolo do passado, deus dos
amonitas e antigamente adorado na terra de Canaã por meio do
sacrifício de crianças, Moloque foi um deles.
Este deus era representado de diversas maneiras. Por vezes,
suas mãos encontravam-se rentes ao chão, de modo a facilitar o
acolhimento das vítimas. Em outras ocasiões, achavam-se elas de
tal forma erigidas que, tão logo recebiam as oferendas, em sua
maioria crianças recém-nascidas, deixavam-nas cair numa fornalha
onde eram carbonizadas. Há também representações e relatos de
que algumas estátuas de Moloque tinham a forma de um corpo
humano com a cabeça de boi, sendo que o ventre da estátua era
um lugar onde o fogo era aceso e crianças queimadas vivas.
Não à toa, as Escrituras reprovam com tanta veemência algo tão
hediondo e bestial.
E da tua descendência não darás nenhum para dedicar-se a Moloque, nem
profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor. (Lv 18.21) Também
dirás aos filhos de Israel: Qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros
que peregrinam em Israel, que der de seus filhos a Moloque será morto; o
povo da terra o apedrejará. (Lv 20.2) Nesse tempo, edificou Salomão um
santuário a Quemos, abominação de Moabe, sobre o monte fronteiro a
Jerusalém, e a Moloque, abominação dos filhos de Amom. (1Re 11.7)
Também profanou a Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que
ninguém queimasse a seu filho ou a sua filha como sacrifício a Moloque.
(2Re 23.10) Edificaram os altos de Baal, que estão no vale do filho de
Hinom, para queimarem a seus filhos e a suas filhas a Moloque, o que
nunca lhes ordenei, nem me passou pela mente que fizessem tal
abominação, para fazerem pecar a Judá. (Jr 32.35) E, acaso, não
levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras
que fizestes para as adorar? Por isso, vos desterrarei para além da
Babilônia. (At 7.43) É terrível dizer, mas, infelizmente, Moloque
continua a ser adorado e cultuado nos dias de hoje, embora de
uma forma diferente: pelo aborto. Sim! Isso mesmo! Aborto é o
nome moderno para o sacrifício a Moloque, e o lema “Meu corpo,
minhas regras” representa as mãos do ídolo prestes a lançar o
bebê na fornalha.

7. A mulher não necessita de Deus.


Um dos conceitos mais difundidos neste mundo é de que a
humanidade não precisa de Deus. Desde o Iluminismo, a ideia de
que a razão deve prevalecer sobre a fé norteia um número
incontável de multidões. Muitos, nesse sentido, são induzidos a
“matar Deus”, acreditando que, se ele está morto, então não pode
haver pecado nem condenação.
Desde cedo, jovens caem na crença de que Deus não passa de
uma invenção humana, um ser criado por pessoas tolas que usaram
a ideia de sua existência para oprimir massas e obter vantagens
sobre os povos. Com o feminismo em voga, mocinhas repetem que
Deus é um produto do patriarcado para oprimir as mulheres como
meio de impedi-las de ter uma vida sexualmente desinibida.
Essas mulheres, todavia, não entendem que Deus não pode ser
morto e que a “liberdade” que acreditam existir não resolve o
problema da culpa, tampouco do vazio existente na alma, a qual só
pode ser preenchida pelo Criador. Nós, seres humanos, fomos
criados para nos relacionarmos com Deus, e toda vez que tenta
negar essa inequívoca verdade a pessoa humana mergulha num
lamaçal de incongruências, dores e pecados.
De fato, nossa sociedade é enganada por Satanás, o inimigo de
nossas almas, que tem semeado nos corações insatisfeitos de
muitas mulheres a triste ideia de que podem viver sem Deus. A fim
de comparação, acredito que, na história das civilizações, ao menos
nos últimos dois mil anos, nunca o diabo obteve tanto êxito em
enganar homens e mulheres como nos dias de hoje.
Minha oração é que Deus tenha misericórdia do seu povo e nos
ajude a sermos firmes em tempos tão difíceis quanto os nossos.

QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO


1. É exagero considerar a mulher cristã como a última fronteira de
uma sociedade saudável? Por quê?
2. As mulheres cristãs têm se deixado levar pelo curso deste mundo
e relativizado o casamento e a família? Se sim, como?
3. De que forma a ideia de que casamento, família e filhos são
desnecessários tem ganhado espaço no coração de muitas
mulheres?
4. Como o hedonismo tem se manifestado no meio cristão?
5. Quais décadas contribuíram de forma significativa para a
mudança comportamental da sociedade quanto à visão de
casamento, família e sexo? Como isso se deu em cada uma?
6. O aborto é algo recente? Explique.
7. O que é uma criança ainda não nascida à luz da Bíblia? A ciência
contradiz o que as Escrituras dizem? Explique.
8. Como é difundido, em nossos tempos, o conceito de que a
humanidade não precisa de Deus?
CAPÍTULO TRÊS
 

O que a Bíblia tem a Dizer sobre as Mulheres?

Num tempo em que tantas vozes têm se levantado para dizer o


que significa ser mulher, tornou-se necessário, mais do que nunca,
entender aquilo que Deus, em sua Palavra, diz acerca das
mulheres.

1. Homens e mulheres são iguais diante de Deus, detentores da


mesma importância e dignidade aos olhos do Criador.
As Escrituras ensinam que Deus criou tanto o homem quanto a
mulher à sua imagem, dando a ambos domínio sobre a terra (Gn
1.26–28).
Segundo a Palavra de Deus, o Senhor concedeu tanto a homens
quanto a mulheres as mesmas capacidades intelectuais e
espirituais. Em nenhum momento a Bíblia afirma que Deus criou
Eva para ser inferior a Adão, mas declara que ela foi formada para
auxiliá-lo em sua missão (Gn 2.18). Ambos, portanto, possuem o
mesmo valor diante do Criador, não havendo, assim, diferenças
entre os sexos no que se refere à sua pessoalidade e à sua
importância. Como bem disse o apóstolo Paulo: No Senhor, todavia,
nem a mulher é independente do homem, nem o homem,
independente da mulher. Porque, como provém a mulher do
homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem
de Deus (1Co 11.11–12).
Além disso, a profecia de Joel cumprida em Pentecostes (At 2.17–
18) envolve homens e mulheres, sem distinção, demonstrando que,
na união com Cristo, não há discriminação. Nas palavras de Paulo
aos gálatas: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre;
não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo” (Gl
3.28, ARC).
Perceba, portanto, que o Senhor ama homens e mulheres da
mesma forma, realidade que refuta a ideia que alguns têm de que,
do ponto de vista das Escrituras, os homens são superiores às
mulheres.

2. Apesar de iguais diante de Deus, homens e mulheres


possuem papéis diferentes.
Apesar de homens e mulheres serem iguais perante Deus, e
usados pelo Senhor segundo seu chamado e vocação, ambos,
complementando-se, possuem papéis diferentes e funções distintas
tanto na família como diante da sociedade: o homem recebeu do
Criador a responsabilidade de ser o líder do lar, de proteger, prover
e amar sua esposa, enquanto a mulher foi criada como sua
auxiliadora e ajudadora idônea (Gn 2.18).42
Gênesis 2.18 nos mostra que Eva foi criada para complementar
Adão. O texto bíblico é claro, e o próprio Criador afirmou que não
era bom que o homem estivesse só, e que, para complementá-lo,
precisaria de uma companheira.
O Eterno Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, criou alguém
que pudesse auxiliar o homem, verdade que desmistifica o erro que
muitos cometem ao interpretar a expressão ezèr kenegdo —
normalmente traduzida para o português como “auxiliadora idônea”
—, crentes de que a ideia bíblica transmitida por esses termos
indica subserviência, ou mesmo inferioridade.
Kathleen Nielson, em seu livro O que Deus diz sobre as mulheres,
afirma que o termo ezèr denota força — com frequência, a força que
vence batalhas. A autora explica que, em todo o Antigo Testamento,
o termo é usado para descrever Deus, na medida em que ele ajuda
seu povo — “O Senhor está comigo entre os que me ajudam; por
isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam” (Sl 118.7). A
ajudadora que Deus deu a Adão, por conseguinte, era uma
extensão da ajuda do próprio Deus, pois ele criou a mulher e a levou
até Adão. Kathleen também diz que a ajudadora é o modo de Deus
tornar o “não é bom” em “muito bom”. Segundo ela, a ajudadora é o
ponto mais alto, o ápice da finalização por Deus na história da
criação.43
Assim, à luz dessa premissa, enfatizo que o termo ezèr não traz
em seu bojo a ideia de que Deus é nosso subordinado ou prestador
de serviços, mas expressa o conceito de que o Senhor age
auxiliando ou mesmo ajudando o ser humano a fazer algo que não
está ao seu alcance. Por isso, ao ajudar seu próprio marido, a
mulher manifesta a verdade bíblica de que o Criador conferiu à
mulher qualidades e atributos que, se postos em prática, glorificam
ao Senhor em seu devido papel.
Como ótimo exemplo de ajudadora cito a notável Catarina Von
Bora, esposa de Martinho Lutero. O reformador alemão costumava
dizer que um dia perfeito culminava em ouvir boa música, comer
uma boa salsicha, e ter uma noite de amor com a mulher amada.
Segundo boa parte dos relatos históricos, Lutero desfrutou de um
bom casamento. Apesar da diferença de idade entre ele e Catarina
Von Bora (vinte e dois anos), eles se relacionavam muito bem.44
Lutero registrou: “Minha [amada esposa] é, em tudo, tão dedicada e
encantadora que eu não trocaria minha pobreza pelas maiores
riquezas do mundo”. E também: “Não há na terra um laço tão doce,
nem uma separação mais amarga como a que ocorre num bom
casamento”. Finalmente, é bem conhecida sua declaração: “Não há
relação mais bela, mais amável e mais desejável, nem comunhão e
companhia mais agradáveis do que a de marido e mulher num
casamento feliz”. O reformador chegou a escrever que louvava a
Deus por sua esposa cuidar das tarefas da casa e da educação dos
filhos, de modo que tudo aquilo não pesava tanto sobre seus
ombros, visto que tinha inúmeras demandas com a Reforma.
Sem dúvida, pode-se dizer que o alemão costumava demonstrar
uma enorme confiança na capacidade de sua esposa de conduzir o
lar. Embora incapaz de estar mais em casa, com a esposa e os
filhos, e dedicando-se ao louvor, à oração e ao ensino, há retratos
da época que mostram Lutero reunido com sua família, tocando um
instrumento em louvor a Deus.
Vale a pena ressaltar que a admiração de Lutero por sua esposa
era tão grande, que ele costumava chamá-la de “a estrela da manhã
de Wittenberg”,45 já que, diariamente, levantava às 4h para dar
conta de suas muitas responsabilidades. A história também relata
que, com frequência, o reformador caía enfermo, e Catarina cuidava
dele não simplesmente como esposa, mas quase como enfermeira,
o que levava o reformador a amá-la mais e mais.
Conta-se que, certa feita, Lutero encontrava-se tão deprimido, que
Catarina ficou extremamente preocupada com o marido. Sendo uma
mulher sensata, sábia e piedosa, a esposa do reformador usou uma
interessante estratégia para despertar a atenção de Lutero e, desta
forma, retirá-lo daquele estado perigoso de angústia e prostração.
Vestindo-se totalmente de preto, a cor do luto, Catarina apareceu
diante do esposo. Intrigado com a repentina aparição da esposa
naqueles trajes inusitados, por um momento Lutero esqueceu suas
próprias desventuras e perguntou à esposa: “Quem foi que
morreu?”. A resposta da esposa atingiu o coração do reformador
alemão como uma lança: “Deus, Deus morreu!”. Refeito do susto
provocado pela resposta, Lutero travou o seguinte diálogo com a
esposa: “Mas, Deus não morre! O que você quer dizer com isso?”
“Ah, é... Lutero! Olha, eu o vi tão cabisbaixo, triste e desanimado, que
pensei que Deus tivesse morrido!”
A história conta que, neste momento, tendo assimilado a preciosa
lição, Martinho Lutero abraçou carinhosamente a esposa e, em
lágrimas, agradeceu a Deus por tê-la usado como instrumento para
restauração da sua fé e confiança na direção divina em sua vida.46
Perceba como uma esposa sábia e temente a Deus faz toda a
diferença. Provérbios ensina que a mulher sábia edifica a sua casa,
mas com as próprias mãos a insensata destrói o seu lar (Pv 14.1).
Ao contrário de Catarina, existem inúmeras mulheres que, em vez
de ajudarem seus maridos em meio a crises, os afundam ainda
mais. Já uma mulher sábia, tal qual a esposa do reformador alemão,
pode ser bênção da parte de Deus na vida do marido. Quando o
Senhor criou Eva, ele estava declarando que o marido necessita de
ajuda, auxílio, conselhos e até mesmo de correção.

3. Segundo as Escrituras, assim como o homem, a mulher foi


criada a fim de ser instrumento para a glória de Deus.
Mesmo após a queda, a mulher em Israel experimentava uma
liberdade atípica, diferentemente de outros povos. As Escrituras
registram que, embora o marido fosse aquele que liderava a família,
a esposa podia avaliar um campo, comprá-lo ou mesmo cultivar nele
um vinhedo; e, caso soubesse fiar e tecer, poderia ter seu próprio
negócio (Pv 31.11, 16–19). Por fazerem parte do povo da aliança, as
israelitas tinham o direito de participar da leitura da lei de Moisés, o
que lhes proporcionava, assim como aos homens, oportunidades de
maturação, crescimento e aprendizado espirituais (Dt 31.12; Ne
8.2,8). Além disso, outro fato interessante é que elas podiam
participar da adoração pública. Por exemplo, algumas mulheres
“prestavam serviço organizado” no tabernáculo, enquanto outras
cantavam num coral misto (Êx 38.8; 1Cr 25.5,6).
É preciso entender que as mulheres sempre foram personagens
importantes tanto na história de Israel como na história da igreja do
Novo Testamento. Elas aparecem na narrativa bíblica em contextos
variados, exercendo as mais diferentes funções e tarefas, atuando
como instrumentos de Deus em um mundo caído. Desde a criação,
a presença e as ações da mulher contribuem com os propósitos do
Senhor ao longo das eras. A Bíblia tem vários exemplos de
mulheres tementes a Deus, que fizeram a diferença no seu tempo.
A rainha Ester, por exemplo, foi uma das personagens mais
importantes de toda a história bíblica. Criada por Mordecai, seu
primo, e relatada como portadora de notória beleza, tornou-se
rainha da Pérsia e foi usada pelo Senhor para salvar o povo de
Deus num tempo de muita dificuldade.
Para imaginarmos a formosura de Ester, vamos voltar um pouco
no registro bíblico. A Escritura relata que, enquanto dava um
banquete, o rei Assuero mandou chamar Vasti, a rainha, ordenando-
a que entrasse em sua presença usando a coroa real. Entretanto, a
rainha, recusando-se a cumprir tal ordem, provocou a ira do rei, e,
após o ocorrido, foi destituída do trono.
Em seguida, Assuero foi aconselhado a encontrar entre as moças
virgens uma que pudesse substituir Vasti. Ester estava lá, e acabou
conduzida por um dos eunucos à presença do rei.
A Palavra do Senhor registra que, ao vê-la, “O rei a amou mais do
que todas as mulheres”, e por isso ela alcançou “favor e
benevolência mais do que todas as virgens” (Et 2.17). Assim, Ester
foi coroada no lugar de Vasti. Agora rainha, Ester passou a viver no
palácio real. Todavia, Hamã, um importante príncipe do Império
Persa, resolveu aniquilar todos os judeus que havia no reino de
Assuero, simplesmente pelo fato de que Mordecai não se inclinava
nem se prostrava perante ele.
Mordecai, então, contou a Ester o terrível plano de genocídio que
Hamã pretendia executar, e lhe pediu que intercedesse perante o
rei. Entretanto, ninguém podia entrar na presença do rei sem que
fosse chamado — nem mesmo a rainha. Fazê-lo poderia custar-lhe
a vida, pois tamanha ousadia representava um “sacrilégio”. Ester,
contudo, resolve arriscar.
Assentado em seu trono, Assuero, tendo avistado Ester parada no
pátio interior da casa real, estende-lhe o cetro de ouro e lhe concede
o favor de aproximar-se. O soberano, então, pergunta o que ela
desejava, ao que Ester convida o rei e Hamã a um banquete; na
ocasião do festejo, ela solicita permissão para dar um segundo
banquete, este no dia seguinte; durante a celebração do segundo,
ela revela ao rei ser judia e relata que todo o seu povo estava
sentenciado à morte, de acordo com um plano tramado por Hamã.
Ao saber disso, o rei se enfurece, deixa o banquete e se dirige ao
jardim do palácio. Hamã, consciente de que a situação era trágica, e
que sua vida estava por um fio, permanece no local, e suplica
misericórdia à rainha. Quando, porém, Assuero retornou ao local do
banquete, encontrou Hamã caído sobre o divã de Ester, fazendo
com que o rei entendesse que ele queria forçá-la (Et 7.8). Devido a
isso, Hamã foi enforcado na própria forca que havia preparado para
Mordecai, pondo fim à ideia maligna de genocídio.
Já parou para pensar o que teria acontecido se Hamã tivesse
conseguido exterminar o povo de Deus? Já imaginou as
consequências disso? Com o extermínio do remanescente de Israel,
o Messias não teria nascido e, portanto, não haveria redenção nem
salvação. Deus, contudo, com sua soberania, usou uma mulher para
que isso não acontecesse.
O que dizer então da mãe de Jesus? Embora a Bíblia não fale
muito a respeito de sua vida, Maria foi escolhida por Deus para que,
mediante o Espírito Santo, se tornasse mãe do Messias prometido e
esperado (Lc 1.30–34), gerando em seu ventre o nosso Salvador.
Maria morava na cidade de Nazaré, na região da Galileia, e, sendo
virgem, estava noiva de um homem chamado José. Lucas relata
que, quando o anjo Gabriel contou-lhe que ela havia sido escolhida
para dar à luz o Salvador do mundo, Maria demonstrou não
entender como isso se daria, visto que era virgem. Com a
explicação do anjo, a Bíblia nos mostra que Maria creu na
mensagem vinda de Deus (Lc 1.38). Então, passado o devido
tempo, como o anjo tinha predito, ela ficou grávida mesmo sendo
virgem, cumprindo assim a profecia do Antigo Testamento: “a virgem
ficará grávida” (Is 7.14, NVT).
E se Maria não tivesse demonstrado nem fé, tampouco a coragem
de gerar em seu ventre o Filho de Deus? Mas não foi o que
aconteceu. Mesmo diante da seriedade da situação, ela não
titubeou, submetendo-se à orientação do anjo de Deus e mudando
para sempre a história de toda a humanidade.
Verdadeiramente, Deus usa homens e mulheres para a sua
própria glória e para o louvor do seu grandioso nome.

4. Mulheres devem ser honradas e tratadas com dignidade e


respeito.
A Palavra de Deus ensina que as leis do Senhor promoviam
respeito e proteção às mulheres. O estupro, por exemplo, era
repudiado e severamente condenado pela lei (Dt 22.25).
Desde cedo, os filhos aprendiam a respeitar a autoridade da mãe,
presente na educação deles até que se tornassem adultos. O
Decálogo, por sua vez, ordena claramente que os filhos devem não
só honrar o pai, como também a mãe (Êx 20.12). A lei incluía
orientações detalhadas sobre a conduta entre pessoas do sexo
oposto, que mostravam respeito pelas mulheres (Lv 18.6,9; Dt
22.25,26), e não houve quem mais valorizasse as mulheres do que
Jesus. A mulher samaritana, por exemplo, aquela que teve cinco
maridos, ou mesmo Maria Madalena, Marta e Maria eram amigas e
discípulas do Salvador.
Perceba, contudo, que, nesse contexto, a sociedade daquela
época e região considerava extremamente impróprio que um
homem, especialmente um rabino, dialogasse com uma mulher em
público. É dito que muitos judeus, ao se levantarem pela manhã,
agradeciam a Deus por terem nascido homens e judeus — o que
talvez justifique a surpresa por parte dos discípulos ao encontrarem
Jesus conversando com uma mulher à beira do poço de Jacó.
Nosso Senhor, porém, tratava homens e mulheres com igual
respeito, dignidade e amor, ensinando a ambos. Nessa ocasião, por
exemplo, Cristo se revela a uma pecadora, dizendo que ele poderia
saciar a sede de sua alma (Jo 4.1–18).
Como tratei em meu livro Masculinidade em Crise, Jesus nos
mostra de que forma Deus enxerga as mulheres. Em Cristo, vemos
que o Senhor valoriza as mulheres assim como valoriza todo ser
humano, visto que ele é o modelo perfeito de masculinidade e
hombridade, lidando com as mulheres com decência e graça —
tanto que, na ressurreição, ele apareceu primeiramente a elas.

5. Deus deseja que as mulheres o glorifiquem com uma vida de


piedade.
Meu intuito não é ser simplista, muito menos “chover no molhado”,
mas as Escrituras nos ensinam que Deus deseja que homens e
mulheres desfrutem uma vida santa e piedosa (1Pe 1.16). Contudo,
por vivermos num mundo absorto em maldade, somos tentados em
todo tempo a negociar os princípios cristãos. É lamentável ver que
muitos que se dizem crentes em Jesus Cristo, quando
ridicularizados na arena pública, fazem concessões espirituais ou
morais, a fim de serem aceitos.
Nesse esforço por aceitação, há cristãs que, vencidas pelo mundo,
sucumbem em sua vida espiritual. Não conseguindo desenvolver
uma vida de santidade, elas acabam cedendo a comportamentos
totalmente contrários à Palavra de Deus.
Um dos meios que o mundo usa para enganá-las é a insistência
feminista de que servir a Deus em santidade não passa de um
dogma ultrapassado. O mote dessa geração é buscar felicidade em
prazeres sensuais e na devassidão, e não numa relação de
intimidade e comunhão com o Senhor. A mulher salva por Cristo,
pelo contrário, aprende que seguir o Salvador, amar a Deus acima
de todas as coisas e obedecer à sua Palavra numa vida de piedade
são atos que satisfazem os mais profundos desejos da alma. A
mulher que segue a Deus é 1) bem-aventurada, pois dedica tempo
para relacionar-se com seu Senhor e glorificá-lo com uma vida
santa; e 2) um canal de bênçãos, diante de sua família, com amigos
e familiares, pois exala o bom perfume de Cristo.
Quanto às mulheres piedosas, a Bíblia registra inúmeros exemplos
de servas do Senhor, que dedicaram suas vidas para servi-lo com
um coração íntegro.
Das muitas que figuram nas Escrituras, cito Ana. Estéril, o que
muito a angustiava, e de uma vida difícil, ela demonstrava não
esmorecer em amargura e rancor. Penina, a outra esposa de seu
marido, e um tipo de rival, era anualmente abençoada com filhos, e
por isso a provocava constantemente, lembrando-a de sua
infertilidade. Ana, porém, amada pelo marido, mostrava-se piedosa,
lançando constantemente suas angústias e ansiedades aos pés do
Senhor.
A Bíblia relata que, em meio às suas tormentas, Ana vai ao templo
e, com sua alma repleta de tristeza, derrama o coração diante de
Deus e ora ao Senhor de todo o seu coração.
Ó Senhor dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te
lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um
filho, então eu o dedicarei ao Senhor por todos os dias de sua vida, e o seu
cabelo e a sua barba nunca serão cortados. (1Sm 1.11, NVI) Enquanto
ela orava, Eli a observava; pelo movimento dos lábios, o profeta a
teve por embriagada, exortando-a a abandonar o vinho (1Sm
1.13). O texto, porém, nos mostra que Ana, em vez de espernear,
gritar ou mesmo mostrar-se injustiçada diante do julgamento do
sacerdote, respondeu a Eli de forma clara, sem ira nem mesmo
rancor (1Sm 1.16), demonstrando ser uma mulher cheia da graça
de Deus.
Aliás, que falar então de Susanna Wesley, que se dedicou com
esmero na educação de seus filhos? Quando jovem, prometeu ao
Senhor que, por cada hora gasta com entretenimentos, ela dedicaria
outra hora em oração e no estudo da Palavra. Susanna, no entanto,
logo descobriu que se tratava de uma promessa excessivamente
difícil de cumprir, haja vista os cuidados do lar e a criação de filhos.
Além disso, ela cultivava hortas, ordenhava vacas e educava os
filhos em casa. Assim, em vez do que já estava proposto, ela
decidiu dar ao Senhor de duas a três horas por dia em oração! Para
ajudar-se neste compromisso, ela estabeleceu um sinal visual para
todos ao redor. Ela orientou seus filhos que, quando a mãe
estivesse com um avental na cabeça, significava que estava em
oração e não podia ser incomodada. Esta era uma regra
inquebrantável em sua casa, a menos que houvesse uma
emergência absoluta (em outras palavras, a menos que alguém
estivesse para morrer).47
Denominada mãe do metodismo, Susanna Wesley considerava a
oração como a principal arma contra a tentação (e, em virtude disso,
desenvolvia esse hábito diariamente). John Wesley, o seu mais
conhecido filho, disse o seguinte da própria mãe: “Aprendi mais
sobre o cristianismo com a minha mãe do que com todos os
teólogos da Inglaterra”.
Com tudo isso em vista, minha oração é que o Senhor, mesmo
dentre essa geração má e pecadora, possa levantar mulheres
piedosas, que amem ao Senhor de o todo coração, como também
dispostas a serem usadas por Deus no lar e na sociedade.

QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO


1. Como a realidade bíblica refuta a ideia que alguns têm de que, do
ponto de vista das Escrituras, os homens são superiores às
mulheres?
2. Quais são os diferentes papéis e distintas funções que homem e
mulher têm tanto na família quanto diante da sociedade?
3. Cite um exemplo de como a mulher israelita experimentava uma
liberdade atípica, diferentemente de outros povos.
4. Cite um exemplo de uma personagem importante no Antigo e o
de uma no Novo Testamento.
5. Como a sociedade judaica considerava as mulheres? E de que
maneira Cristo as considerava?
6. Qual é o mote dessa geração, e qual é o proceder da mulher
salva por Cristo?
 
CAPÍTULO QUATRO
 

Bênçãos de que a Mulher Desfruta


 

A bênção do casamento O mundo banaliza a importância do


casamento e, em especial, nossos dias relativizam sua essência. As
mulheres, é claro, não estão imunes a esse pecado.
Hoje em dia, é comum ouvir de muitas moças o discurso de que
preferem viajar, curtir com as amigas novos lugares e países,
relacionar-se sexualmente a casar e constituir família. Aliás, se e
quando casam, atualmente costuma ser mais tarde. Há trinta,
quarenta anos, as moças se casavam antes dos vinte, enquanto
hoje optam por casar depois dos trinta, visto que muitas elegeram
sua vida acadêmica e profissional como prioridade. Dos motivos
para essa mudança, ressalto dois, citados por jovens de idades
variadas: 1) o casamento passou a ser considerado uma instituição
falida; 2) muitos têm preferido uma vida com mais “autonomia”.
Em 2018, o portal Gospel Prime publicou uma pesquisa indicando
que mesmo jovens cristãos têm adiado o casamento ou
permanecido solteiros indeterminadamente. Os dados mostraram
que, na época, os cristãos tinham duas vezes mais chances do que
em 1978 de nunca se casarem, e duas vezes mais chances de se
divorciarem.48
Com o passar do tempo, muitos desacreditaram de vez do
casamento, e o divórcio é cada vez mais relativizado. Até mesmo
casais cristãos têm acreditado que é lícito divorciar-se por qualquer
motivo.
Lembro que, quando ainda crianças, levei meus filhos a uma
daquelas festinhas de aniversário. Na hora “dos parabéns”, após
cantarem a clássica, a criançada começou a entoar outra canção
famosa: “Com quem será, com quem será, com quem será que ‘Fulano’ vai
casar? Vai depender, vai depender, vai depender se ‘Beltrana’ vai querer”.
Até aí, tudo normal, só que, logo depois, descobri que a música
não havia terminado, uma vez que a meninada aos berros
cantarolava: “Ela aceitou, ela aceitou, tiveram dois filhinhos e depois se
separou”.
Ao final da canção, para meu espanto, todos os presentes na festa
gargalharam. Mesmo as crianças estão tratando o divórcio com
banalidade. É um sinal sintomático da família pós-moderna. Não à
toa, a duração de um casamento atual baseia-se na durabilidade
dos sentimentos. Assim, defeitos tornam-se motivo para jogar todo
um relacionamento conjugal no lixo.
Para ilustrar tamanha crise, em 15 de outubro de 2008, a revista
ISTO É relatou a prática de um novo comportamento social que, na
última década, já ganhou muitos adeptos. Segundo o periódico
nacional, alguns casais, ao chegarem à conclusão de que o
casamento acabou, em vez de chorarem pelo fracasso e pela dor da
separação, optam por reunirem os amigos e familiares para celebrar
o descasamento. Para estes, a “festa” se dá com direito a músicas,
bebidas, quitutes e a presença de muitos daqueles que estiveram na
festa de casamento. Para organizar a “festança”, existe até empresa
especializada em minicaixões para alianças, além de direito a
lembrancinhas, docinhos bem-separados (em vez dos bem-
casados), noivos personalizados guerreando no topo dos bolos e o
que mais a indústria especializada inventar.
A Bíblia, porém, declara que o casamento é uma instituição criada
pelo próprio Deus, segundo sua vontade e decreto, e não uma
invenção humana. O Senhor foi quem primeiro realizou um
matrimônio. Trata-se de uma bênção, o princípio de uma família. Ao
criar Adão e Eva, Deus revelou seu plano básico para o homem: Por
isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se
os dois uma só carne (Gn 2.24). Este plano é claro! Um homem
ligado à sua mulher, numa relação indissolúvel, vivendo juntos,
gerando filhos, desfrutando do prazer que é viver em família.
Por isso, a fim de fugir das paixões deste mundo, é necessário
que muitas mulheres revejam suas posições, pois o casamento é
bênção do Senhor, a consolidação da vontade de Deus para a
humanidade, a formação de uma aliança absorta em amor e
companheirismo que deve perdurar até a morte de um dos
cônjuges. Casamento é muito mais que um “contrato” com prazo de
validade, muito mais que o desfrutar de prazer e sexo; o matrimônio
é uma união perene, em que homens e mulheres se
complementam, geram e criam filhos para a glória de Deus.

A bênção de ser mãe Há mulheres que odeiam a simples ideia de


tornar-se mãe. Mais comum do que se pensa, muitas consideram a
maternidade uma maldição. A denominada geração NoMo considera
os filhos como obstáculos ao desenvolvimento pessoal ou
profissional da mulher, um atraso de vida.
A Palavra de Deus, no entanto, opondo-se aos pensamentos
deste mundo, está repleta de passagens que exaltam a
maternidade, mostrando-a como um papel importantíssimo dado
pelo Senhor, com inúmeros exemplos de mulheres que receberam
da parte de Deus o privilégio, a honra e a responsabilidade de ser
mãe.
O Antigo Testamento mostra que, se estéril, a mulher sofria muito.
Veja, por exemplo, a história de Sara, esposa de Abraão. A Bíblia
registra que, por inúmeros anos, ela, com o coração angustiado e
ansioso, esperou o cumprimento da promessa do Senhor. Veja
Rebeca (Gn 25.21–26) e a esposa de Manoá (Jz 13.1–7,24). Com
isso, perceba que boa parte das histórias bíblicas se desenrolam em
torno de gestações.
Eva, a primeira mãe, foi quem disse que o Senhor a havia ajudado
a ter seu filho (Gn 4.1); Sara era mãe de Isaque (Gn 17.16), um dos
patriarcas de Israel; Raquel, que até mesmo chegou a dizer a Jacó:
“dá-me filhos, se não morro” (Gn 29.31, 30.1, 22–23); no período em
que os filhos de Israel trabalharam como escravos, faraó mandou
matar as crianças recém-nascidas (Gn 1.15–21); a mãe de Sansão
(Jz 13.1–3) recebeu um anjo que a instruiu, declarando que seu filho
viria a ser um libertador de Israel; Ana, mãe do profeta Samuel, foi
outra mulher que desejou muito ter um filho, tanto que compôs uma
oração em gratidão a Deus quando engravidou (1Sm 1.1–28, 2.1–
10); Isabel, prima de Maria, esperou com fé o nascimento de João
Batista (Lc 1.24); Maria foi a mãe do Salvador (Mt 1.18–25); sem
contar que Herodes mandou assassinar os meninos de Belém e
seus arredores, pois não queria que o Messias sobrevivesse.
Por meio da mulher, Deus, o autor da família e da maternidade,
planejou manifestar sua graça de geração em geração, fazendo dela
copartícipe da construção dos rumos do seu povo no decorrer da
história. O Senhor concedeu às mulheres um legado, como também
a oportunidade de servi-lo na edificação de suas famílias, na
educação das crianças e na formação da civilização humana.
Ainda assim, a cultura ocidental secularizada considera ter filhos
um peso, quase uma maldição a ser evitada a todo custo, inclusive
debochando daqueles casais que ousam ter mais de dois filhos. E,
enquanto muitas mulheres cristãs assimilam essas ideias, os
muçulmanos ampliam seu alcance e dominação povoando boa parte
do planeta com muitos filhos.
Ao contrário do que a nossa cultura diz, ter filhos não se trata de
um fardo, mas de uma dádiva perpetuada de geração a geração, e
uma grande bênção.
As Escrituras, portanto, deixam claro que a mulher mais abastada
é aquela com filhos, pois eles valem infinitamente mais do que
dinheiro, do que fama, do que muitas posses — filhos são herança
do Senhor (Sl 127), e os filhos dos filhos, “a coroa dos velhos” (Pv
17.6).

A bênção de servir ao Senhor Apesar de eu entender, à luz da


Palavra, que não foram vocacionadas e chamadas por Deus ao
ministério pastoral,49 compreendo que as mulheres podem e devem
servir a Deus em variadas áreas de atuação na igreja. Aliás, o Novo
Testamento ressalta frequentemente o trabalho que as mulheres
faziam, como Dorcas (At 9.36), Maria, Trifena, Trifosa e Pérside,
(Rm 16.6,12), Evódia e Síntique, que, conforme Paulo escreveu aos
filipenses, “juntas se esforçaram com ele no evangelho” (Fp 4.2–3),
além de Priscila, esposa de Áquila (At 18.1). Outra notável figura
feminina é Ana (Lc 2.38), a profetisa, apresentada como uma mulher
que continuamente servia e adorava ao Senhor no templo. Além
disso, ela “falava a respeito do menino a todos os que esperavam a
redenção de Jerusalém”, indicando que, assim como os homens, as
mulheres também são chamadas a evangelizar, anunciando Jesus
como o único Salvador e Redentor da humanidade.
As Escrituras também nos mostram que Jesus costumava andar
com mulheres, que “o acompanhavam e serviam”, incluindo Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé (Mc
15.40–41). Ademais, o Novo Testamento também nos mostra que,
entre as mulheres que serviam a Jesus, havia algumas, como Joana
e Suzana, que prestavam assistência ao Senhor com os seus bens
(Lc 8.3). Por fim, vemos na Epístola de Paulo aos Romanos uma
recomendação quanto à irmã Febe, serva do Senhor.
Prosseguindo nessa lista, permita-me, agora, dedicar algumas
linhas a Dorcas (At 9.36–43). Embora não saibamos tanto acerca
dessa serva do Senhor, Lucas registra que ela era uma genuína e
fiel seguidora de Cristo. Também conhecida por Tabita, morava em
Jope, uma cidade portuária a pouco mais de 55 km de Jerusalém, e,
costureira, servia suas irmãs com o seu ofício. Em seguida, o texto
bíblico relata que, tendo adoecido, Dorcas faleceu, causando grande
comoção entre aqueles que a conheciam.
Os discípulos, sabendo que Pedro se encontrava em Lida, cidade
próxima de Jope, pediram que ele fosse até onde estava o corpo de
Tabita. Ao chegar lá e vê-la, o apóstolo pediu que todos se
retirassem. Isso feito, ele orou ao Senhor, ordenando que Dorcas
ressuscitasse, o que prontamente aconteceu, restaurando a alegria
daquela comunidade.
Tratava-se, evidentemente, de uma mulher que servia à igreja com
afeto, compromisso e amor. Um exemplo para todas as cristãs de
nossa geração.
Para um exemplo mais recente, cito a notória figura de Frances
Jane Crosby (1820–1915).50 Mais conhecida como Fanny Crosby,
ela perdeu a visão quando criança, devido a uma infecção, mas não
deixou que essa deficiência a impedisse de servir ao Senhor. Autora
de hinos e poetisa prolífica, somos abençoados pelo uso de seus
dons até hoje em nossas igrejas.
Deus, por sua graça, tem usado mulheres, ao longo dos séculos,
para abençoar múltiplas gerações, deixando-nos exemplos de
servas de Cristo que amavam servir ao Senhor com seus dons e
talentos.

A bênção de ser sábia As Escrituras valorizam a importância e a


relevância da sabedoria. Tiago, por exemplo, deixa claro que, se
alguém dela necessita, deve pedir a Deus, que a todos a dá
liberalmente e nada lhes impropera (Tg 1.5). Salomão, rei de Israel,
que, segundo a Palavra de Deus, era um homem sábio (1Re 4.31),
registrou que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv
9.10), que os loucos a desprezam (Pv 1.7) e que é melhor adquirir a
sabedoria do que o ouro, e mais excelente adquirir a prudência do
que a prata (Pv 16.16).
De fato, as Escrituras estão repletas de textos que nos incentivam
a buscar por sabedoria. Em alguns trechos, a Bíblia ressalta a
importância de que não somente os homens, mas também que as
mulheres sejam sábias. Provérbios 14.1, por exemplo, nos ensina
que a sábia edifica a sua casa, mas a tola com as próprias mãos a
destrói. Ao contrário da tola, que abandona os ensinamentos
bíblicos, é a mulher sábia que busca, à luz da Palavra e no temor do
Senhor, valer-se do conhecimento e dos tesouros de Deus para as
mais variadas dimensões da vida, proporcionando fortalecimento à
sociedade.
Perceba que a Bíblia associa a edificação do lar sobretudo à figura
feminina. Porquanto recebeu do Criador atributos que a capacitam a
cuidar e acolher marido e filhos, a mulher é quem confere os
elementos necessários para a construção de um lar fundamentado
em pessoalidade, cuidado, carinho e amor. Um antigo provérbio
chinês diz que “Cem homens podem montar um acampamento, mas
é preciso de uma mulher para formar um lar”. A mulher sábia, isto é,
que teme a Deus e busca obedecer à sua Palavra, é aquela que não
permite que sua casa se torne um acampamento de guerra, mas a
transforma num lar de amor.
A seguir, deixe-me brevemente ordenar cinco características de
uma mulher sábia.

1. A mulher sábia não vive murmurando ou reclamando, nem


costuma causar rixas e conflitos.
Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do Senhor; ouvindo-o o
Senhor, acendeu-se lhe a ira, e fogo do Senhor ardeu entre eles e
consumiu extremidades do arraial. Então, o povo clamou a Moisés, e,
orando este ao Senhor, o fogo se apagou. Pelo que chamou aquele lugar
Taberá, porque o fogo do Senhor se acendera entre eles. E o populacho
que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos
egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e disseram: Quem
nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egito,
comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das
cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma
coisa vemos senão este maná. Era o maná como semente de coentro, e a
sua aparência, semelhante à de bdélio. Espalhava-se o povo, e o colhia, e
em moinhos o moía ou num gral o pisava, e em panelas o cozia, e dele
fazia bolos; o seu sabor era como o de bolos amassados com azeite.
Quando, de noite, descia o orvalho sobre o arraial, sobre este também caía
o maná. Então, Moisés ouviu chorar o povo por famílias, cada um à porta
de sua tenda; e a ira do Senhor grandemente se acendeu, e pareceu mal
aos olhos de Moisés. Disse Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu
servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre
mim a carga de todo este povo? (Nm 11.1–11) Uma das causas para
que o povo de Israel não herdasse a Terra Prometida foi seu
terrível hábito de murmurar, fruto do descontentamento para com
o Senhor e para com sua providência. A Bíblia nos ensina que a
geração do deserto era majoritariamente ingrata. Nada os
satisfazia, reclamavam de tudo e por tudo. Queixavam-se da falta
de carne, dizendo que no Egito comiam com fartura;
resmungavam da escassez de água, da jornada cansativa, do
calor do deserto, das dificuldades do caminho, e até mesmo do
maná, que caía diariamente dos céus. Mesmo assim, durante
todo o período que estiveram no deserto, nada lhes faltou.
Durante quarenta anos o Senhor providenciou tudo de que
necessitavam (Dt 29.5).
Uma das coisas que mais entristece a Deus é a murmuração.
Quando murmuramos, é como se estivéssemos afirmando que não
acreditamos na providência, no sustento e no cuidado do Senhor.
Lembremo-nos do episódio ocorrido a Paulo e Silas na cidade de
Filipos. Lá estavam eles, pregando o Evangelho com intrepidez,
libertando os cativos do diabo e recebendo como pagamento
afrontas, açoites e flagelos no corpo (At 16.24). Ainda assim, em vez
de reclamarem de Deus, ou chiarem por causa do sofrimento
imposto, tanto Paulo como Silas oravam e cantavam louvores de
gratidão (At 16.25–26).
Humanamente falando, Paulo e Silas poderiam ter reclamado com
Deus, dizendo: Poxa, Senhor, não merecíamos isso! Estávamos
fazendo a sua obra! Não é justo! Temos andado corretamente em
seus caminhos, temos sido fiéis em todo tempo. Por que o Senhor
permitiu tudo isso? Pelo contrário, eles não entorpecerem a alma
com amarguras, azedumes e insatisfações, mas oraram e cantaram
louvores a Deus, demonstrando, assim, uma absoluta confiança no
Senhor.
Já a nossa sociedade “ama” reclamar. Quanto mais coisas as
pessoas têm, mais descontentes demonstram estar. E,
lamentavelmente, muitos cristãos não estão livres deste pecado.
Parece que a murmuração e o descontentamento permeiam nossas
casas, escolas, empregos, relações sociais e igrejas.
E você, leitor cristão, tem sido vencido pela murmuração? Não
seria você mais uma pessoa que reclama de tudo? Por acaso você
não é daquelas que só murmura? Para quem tudo está ruim?
A murmuração é um pecado que mostra nosso descontentamento
e ingratidão. Reclamar é um agente que rouba a alegria. Murmurar é
como um buraco negro, que suga toda a luz da vida do crente,
roubando-lhe a esperança e a gratidão, uma tempestade de
desânimo, insatisfação e agonia.
Tenha sempre em mente a gravidade da murmuração. As
Escrituras reprovam aqueles que vivem murmurando. Paulo
escreveu aos filipenses dizendo-lhes que fizessem tudo sem
murmurações (Fp 2.14). Ele também disse à complicada igreja de
Corinto que seus membros não murmurassem (1Co 10.11). Em
outras palavras, o apóstolo aos gentios deixa claro que a
murmuração é o primeiro passo numa estrada escorregadia e
íngreme que pode levar a uma vida desprovida de alegria e
satisfação.
Conforme eu disse há pouco, lembre-se de que uma geração de
israelitas que murmuraram no deserto jamais entrou na Terra
Prometida. O hábito da murmuração pode levar-nos a uma vida
incompleta e triste. Provérbios 25.24 ressalta que é melhor viver
num cantinho simples do que na mansão de uma mulher briguenta.
Assim, peço que, como o salmista, visando glorificar a Deus,
façamos a seguinte oração: “Coloca, Senhor, uma guarda à minha
boca; vigia a porta de meus lábios” (Sl 141.3, NVI).

2. A mulher sábia entende que nem sempre a melhor coisa a ser


feita é responder à ofensa na mesma moeda, pois compreende
que a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura
suscita a ira.
Anos atrás, visitei a famosa “Ópera do Arame”, um dos lugares
mais bonitos da agradável cidade de Curitiba. Naquela época, para
ir ao teatro e desfrutá-lo, era indispensável atravessar uma ponte de
ferro, cujo piso se fazia cheio de pequenos orifícios. Tais aberturas
tinham a finalidade de proporcionar ao visitante uma ampla visão de
um grande lago, o qual compõe um dos cenários mais belos dos
quais já tive o privilégio de contemplar.
Num determinado momento do passeio, percebi que uma senhora,
por volta dos seus cinquenta anos, estava com uma enorme
dificuldade para atravessar a ponte, pois calçava um salto alto, o
que dificultava a passagem pelo gradil do piso.
Diante da inviabilidade prática de caminhar, ela tinha duas opções:
a de tirar os sapatos e ir descalça até o grande teatro, ou de
continuar calçada e não desfrutar da beleza do lugar. Após
considerar por alguns instantes, a senhora desistiu de atravessar a
ponte, pois teria de tirar seus sapatos.
Com aquele ocorrido, lembrei-me imediatamente da existência de
pessoas que não conseguem “descer do salto” em hipótese alguma,
pois não querem despojar-se de sua arrogância e autossuficiência.
Quantos que, por causa de um nariz empinado, não preferem
permanecer “calçados” a desfrutar de momentos belíssimos?
Há mulheres, por exemplo, que detestam perder uma discussão, e
jamais querem se ver erradas em alguma fala. A palavra final
precisa ser delas, mesmo que essa atitude resulte em
relacionamentos quebrados. A língua é afiada; mulheres assim
sempre têm uma resposta pronta a ser dada.
Já a mulher que busca ser sábia de acordo com a Palavra de
Deus, pelo contrário, não responde de imediato, sem pensar, mas,
na medida do possível, procura ter paz com todos, acalmando o
próprio coração e respondendo com mansidão a quem lhe dirige a
palavra (mesmo que ofensivamente).
Tome por alerta aquele tipo de situação em que alguém fala com
extrema raiva e é pego de surpresa pela calma e delicadeza da
resposta de seu “oponente”. Normalmente, quando uma pessoa
responde de forma educada àquele que lhe ofendeu, a ira é
desviada. Contudo, o contrário também é verdadeiro, visto que a
palavra dura suscita a ira.
Uma irmã em Cristo já me relatou que, de fato, estava casada com
um “ogro”, um homem bruto, que não sabia usar as palavras
adequadamente, postura que a deixava extremamente chateada.
Ela, então, costumava rebater na mesma moeda, até perceber que
aquilo só piorava a situação. Quando, porém, essa irmã mudou de
atitude, passando a responder ao marido com brandura e
delicadeza, seu cônjuge, para surpresa daquela mulher, mudou de
comportamento, convertendo aos poucos a aspereza em doçura.
“Descer do salto” não significa ser inferior, nem mesmo mostrar
fraqueza e debilidade diante do outro, mas sim entender que
palavras duras, absortas em arrogância e autoritarismo, podem
produzir estragos significativos nos relacionamentos, sobretudo
conjugais.
Finalmente, Provérbios diz que, assim como o mexer do leite
produz manteiga, o espremer do nariz produz sangue, e assim o
forçar da ira produz contenda (Pv 30.33). O que isso quer dizer?
Simples: que discutir, brigar, ou mesmo pagar aquele que nos
ofende na mesma moeda, em vez de resolver conflitos, agrava e
piora a contenda.

3. A mulher sábia teme ao Senhor, pois entende que esse é o


princípio da sabedoria.
Atualmente, grande parte da população desconhece o significado
de temer a Deus. Mais que isso: não são poucos aqueles que
escarnecem do Senhor, zombando de sua Palavra, ridicularizando o
seu Santo Nome. Inquestionavelmente, nossa sociedade está
repleta de pessoas irreverentes, sem nenhum temor a Deus. Nossa
geração é conhecida por sua flagrante irreverência.
É muito triste, mas chego à conclusão de que até mesmo muitos
cristãos de hoje perderam o temor ao Criador, o Deus Eterno. Mas
nem sempre foi essa a realidade da maioria da igreja. O temor do
Senhor, que é o princípio da sabedoria, estava intensamente
presente no coração dos primeiros cristãos. A igreja primitiva
cresceu e frutificou porque caminhou debaixo do temor do Deus
Altíssimo (1Pe 2.17; At 2.43).
Sem contar que temer a Deus serve de freio natural contra o
pecado. Aqueles que o temem são instruídos acerca do caminho
que devem escolher (Sl 25.12), bem como tomados pela certeza de
que o Senhor é justo e há de julgar a humanidade por suas
transgressões e iniquidades.
Agora, talvez ao ler essas linhas, você se pergunte: Mas que
afinidade existe entre o temor a Deus e o cotidiano de uma mulher?
Para compreender essa relação, basta olhar para aquelas
mulheres que a Bíblia descreve como tementes a Deus, sábias. Mas
não se engane: há muitas mulheres que, embora com aparência de
sabedoria, carregam a tolice dentro de si. São extremamente
inteligentes, capazes, conhecedoras de muitas coisas, mas
desprovidas do temor ao Senhor e da obediência à sua Palavra.
Mulheres assim, apesar da imagem externa que passam, não se
encaixam na sabedoria bíblica.
As Escrituras nos ensinam que o temor do Senhor é o princípio de
uma vida sábia. Temer a Deus significa reconhecer a presença do
Senhor em sua vida e viver com a consciência de que ele nos está
observando, guiando e dirigindo. À medida que você procura viver
debaixo da orientação do Senhor, observando sua Palavra, Deus lhe
concede sabedoria, proporcionando com isso a capacidade não
somente de falar o que é certo, mas de tomar a decisão certa em
meio às dificuldades da vida.

4. A mulher sábia honra, valoriza e respeita seu marido.


Hoje em dia, muitas mulheres consideram a grama do vizinho bem
mais verde. Acaba sendo comum encontrar esposas que, invejando
o cônjuge de outras mulheres, desvalorizam o próprio marido. Para
elas, o próprio companheiro é sempre menos carinhoso, atencioso e
cuidadoso do que o marido das outras. Isso tudo gera reclamação e
uma postura de exaltar erros e diminuir acertos.
Lembro-me de uma mulher que conheci na juventude que sempre
reclamava de que seu marido não tinha habilidades para consertar o
que se quebrava dentro de casa. Ela costumava reclamar dele e
compará-lo a outros maridos. Interessante que ela não valorizava
outras virtudes que ele tinha, mas, sempre que pudesse, o diminuía,
contribuindo assim para o enfraquecimento de seu relacionamento
conjugal.
Valorizar o próprio cônjuge é uma forma sábia de edificar um
matrimônio saudável. Quando valoriza, respeita ou mesmo elogia
seu marido por suas virtudes, a esposa fortalece os vínculos
afetivos que os unem.
Provérbios 31 enumera uma série de atributos de uma mulher
biblicamente valiosa. Perceba que a forma como uma esposa trata
seu marido diz muito a respeito de sua personalidade e vida cristãs.
A mulher sábia e virtuosa, portanto, valoriza o casamento e a família
que Deus lhe deu, tratando o próprio cônjuge com respeito e honra.

5. A mulher sábia fala com verdade, e a bondade encontra-se


em sua língua.
Há muitas esposas que desrespeitam seus maridos. Algumas
mulheres chamam, sem pudor algum, seus esposos de traste,
peste, ou coisa pior, e não são poucas que desenvolvem o péssimo
hábito de falar mal deles para as amigas. Eu mesmo já presenciei
uma senhora denegrindo publicamente a imagem de seu esposo,
chamando-o de irresponsável e infantil. Concluindo sua fala, ela
soltou uma sonora gargalhada, levando as amigas a também rirem
copiosamente.
Mulheres que agem desta forma pecam contra Deus e contra a
família. Quando fala impropérios sobre seu cônjuge, a esposa
afronta os ensinamentos das Escrituras Sagradas. Por mais que, em
algumas situações, a esposa tenha razão em reclamar do
comportamento ou atitude do marido, ela, ainda assim, não tem o
direito de desrespeitá-lo ou humilhá-lo publicamente. De fato, a
língua pode ser tão destrutiva e descontrolada a ponto de
praticamente destruir um casamento.
O teólogo Charles Bridges afirmou em seu comentário sobre
Provérbios que “Muitas são as misérias na vida de um homem; mas
nenhuma se iguala àquela que vem de quem deveria ser o esteio da
sua vida”.51 E continuou dizendo que a esposa petulante é uma
grande calamidade doméstica. Um filho rebelde pode pelo menos
ser posto para fora de casa, diz ele, mas uma má esposa
simplesmente tem de ser suportada.
O livro de Provérbios confirma isso. Uma mulher briguenta,
petulante, indiscreta, que fala mal de seu esposo é uma grande
aflição para o próprio marido e sua família. Salomão diz que seria
melhor suportar o mau tempo do que lidar com uma mulher assim.
Afinal, neste caso, o clima pode estar pior dentro de casa do que
fora dela. Um homem está melhor sozinho do que acompanhado de
uma mulher assim.
O poder da língua é conhecido já de muito tempo. Deixe-me
exemplificá-lo com uma anedota. Conta-se que, por volta de 500
a.C., um mercador grego, rico, queria dar um banquete com iguarias
e alimentos nobres. Ele, então, tendo chamado seu escravo,
ordenou-lhe que fosse ao mercado comprar a melhor iguaria. O
escravo voltou com um belo prato, coberto com fino pano. O
mercador removeu o pano e, assustado, exclamou: “Língua?! Este é o
prato mais delicioso?!”
O escravo, sem levantar a cabeça, respondeu: “A língua é o prato
mais delicioso, sim, senhor. É com a língua que você pede água, diz ‘mamãe’,
faz amizades, conhece pessoas, distribui seus bens, perdoa. Com a língua,
você conquista, reúne as pessoas, se comunica, diz ‘meu Deus’, ora, canta,
conta histórias, guarda a memória do passado, faz negócios, diz ‘eu te amo’.”
O mercador, não muito convencido, quis testar a sabedoria do seu
escravo e o enviou novamente ao mercado, ordenando-lhe que
trouxesse o pior dos alimentos. Voltou, então, o escravo com lindo
prato, coberto por fino tecido, o qual o mercador retirou, ansioso por
conhecer o alimento mais repugnante.
“Língua, outra vez?!” Questionou o mercador, espantado.
“Sim, língua”, respondeu o escravo, agora mais altivo. “É a língua que
condena, separa, provoca intrigas e ciúmes. É com ela que você blasfema
e diz impropérios. A língua expulsa, isola, engana o irmão, responde a
mãe, xinga o pai... A língua declara guerra! É com ela que você pronuncia
a sentença de morte. Não há nada pior que a língua, não há nada melhor
que a língua. Depende do uso que se faz dela.”
Tiago nos diz que, embora seja um pequeno membro do corpo, a
língua exerce um poder destruidor que ultrapassa todos os outros.
Como o leme de um navio ou freio na boca de um cavalo, este
pequeno membro é incrivelmente poderoso. Como uma faísca inicia
um incêndio que pode destruir toda uma floresta, assim a língua
descontrolada pode destruir almas e criar uma miséria terrível para
os outros (Tg 3.7–8).
Já a esposa sábia, virtuosa e bem-aventurada (Pv 31.29) é aquela
que, tal qual uma hábil tecelã, costura relacionamentos saudáveis
em seu lar, expressando graça e beleza pela obra do Espírito em
seu coração, refletindo em amor e cuidado pelo seu marido, seus
filhos, sua família e seus irmãos na fé.

QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO


1. Como o mundo enxerga e trata o casamento, especialmente em
nossos dias?
2. Cite dois motivos para a mudança da visão do casamento que
muitas mulheres manifestam hoje em dia.
3. O que a Bíblia declara a respeito do casamento?
4. De modo geral, como a sociedade moderna considera a
maternidade?
5. O que a Palavra de Deus revela sobre a maternidade?
6. De acordo com a Bíblia, como as mulheres podem e devem servir
à igreja?
7. Cite passagens da Escritura acerca da importância e da
relevância da sabedoria.
8. A Bíblia associa a edificação do lar sobretudo ao homem ou à
mulher? Por quê?
9. Descreva cinco características de uma mulher sábia.
CAPÍTULO CINCO
 

Sensualidade e Exposição
 

Com a pressão dos ideais de beleza imposta pela indústria da


moda e alimentada pela mídia, a valorização do corpo perfeito
tornou-se uma obsessão tupiniquim. Hoje em dia, cresce o número
de pessoas que buscam formas de transformar o físico de acordo
com os padrões mundanos. Doenças como anorexia, bulimia, ou
mesmo vigorexia (transtorno caracterizado pela prática de
exercícios físicos em excesso) tomaram um vulto assustador. São
muitos os que colocam a vida em risco, consumindo remédios para
emagrecer, anabolizantes, ou até mesmo fazendo cirurgias
desnecessárias.
Nesse mesmo âmbito, outro problema que já se tornou endêmico
é a vestimenta indevida e sensual por parte de muitas mulheres. E
ainda mais triste é constatar que um problema cultural, que deveria
ter permanecido no mundo, afetou mesmo a igreja. Algumas
“cristãs” usam certas roupas para sair, com decotes e tecidos justos
ou transparentes, que me deixam escandalizado. Perceba: não
estou defendendo que a mulher use roupas de forma anacrônica,
descontextualizada, como se tivessem de usar burca debaixo do sol
do Rio de Janeiro (sem contar que, com o tempo, modas passam e
mudam).
A questão é que nada disso faz com que a mulher magicamente
receba o direito de descobrir seu corpo com sensualidade. Revelar
nudez, a não ser para o próprio cônjuge, é pecado, e envergonha o
nome do Senhor diante do mundo. Subjugadas pelo relativismo e
influenciadas pela Revolução Sexual e pelo feminismo, boa parte
das mulheres de nossa geração sucumbiram a padrões mundanos.
Ao ler este capítulo, há quem possa achar tudo isso uma grande
tempestade em copo d’água, pois o mundo mudou, o que é belo
precisa ser mostrado, e a maldade está no olho de quem vê, e não
no corpo de quem veste.
Concordo em parte, pois, de fato, o mundo mudou e a maldade
está no coração de quem olha aquilo que não é para olhar. Contudo,
a pessoa que se expõe também manifesta um coração mau.
Há outro agravante: o homem é naturalmente atraído pelo olhar —
e, a depender da situação, não só seduzido, como também
enebriado pelo objeto da vista.
Veja, por exemplo, o caso do rei Davi e Bate-Seba (1Sm 11.1–5).
Davi, o homem segundo o coração de Deus, foi atraído pelo olhar à
nudez de uma linda mulher. Ele se encantou com as curvas de uma
mulher extremamente bela, levando-o a pecar contra o Senhor de
forma hedionda.
A Escritura ensina que a mulher bela mas não discreta é como joia
de ouro em focinho de porco (Pv 11.22). Além disso, em 1Timóteo
2.9, encontramos a seguinte orientação do apóstolo Paulo: “Da
mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com
modéstia e bom senso...”.
Permita-me lembrar que, depois do pecado cometido por Adão e
Eva, o Senhor cuidou de providenciar roupas para cobrir a nudez do
casal (Gn 3.21). Interessantemente, depois da queda, Adão e Eva
fizeram para si roupas de figueira (Gn 3.7) a fim de cobrirem sua
nudez, e, desde então, o padrão da “moda” de um mundo que sofre
as consequências do pecado tem afrontado a Palavra de Deus.
Observe que eles resolveram cozer vestes que cobriam apenas
parte da nudez, o que foi rejeitado pelo Criador. Na verdade, a moda
pós-queda vai expor o corpo dos seres humanos de forma acintosa.
Quando se vestem de forma inapropriada, as mulheres vão contra o
ato divino de cobrir o próprio corpo.
O vestuário do cristão faz parte de seu testemunho ao mundo
quanto àquilo que Cristo fez e operou em sua vida. Em outras
palavras, a forma de um cristão se vestir deve indicar uma mudança
radical de sua cosmovisão acerca da sensualidade.
Fato é que a maneira como o cristão vive, trata sua família, patrão
ou empregados e gasta seu tempo de folga deve apontar
efetivamente para uma mudança radical. Por isso, aquele que foi
salvo por Cristo muda o seu modo de se vestir, visando glorificar a
Deus.
Pelo próprio significado do termo, seguir uma moda52 não é o
problema em si. A questão é seguir a moda deste mundo, que é
sensual, erótica, desconstrutora de diferenças biológicas entre
homens e mulheres, relativista moral, descontrolada, desregrada,
adúltera e pornográfica.
Por isso, insisto em dizer que a santidade nessa área não é um
culto ao desleixo, mas zelo pela Palavra. Ir contra o curso deste
mundo não é sinônimo de descuidar da aparência, do cabelo, da
vestimenta, etc.
As Escrituras em momento nenhum exigem o outro extremo, em
que maquiagem é pecado, e a mulher mais parece estar fazendo
apologia à feiura. Santidade não é negligenciar a própria aparência.
Ainda pior é querer usar versículos fora de contexto para justificar
algo que a Palavra não ordena. Por ser um clássico da
descontextualização, permita-me explicar brevemente o texto de
1Pedro 3.3: “Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como
frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário”.
A história registra que as mulheres romanas, por gostarem muito
de moda, competiam umas contra as outras com roupas e
penteados. Em Roma, era comum encontrar mulheres com
penteados elaborados, cravejados de ouro e prata, e vestindo
roupas finas e caríssimas, tudo com o objetivo de chamar a
atenção.53
Com esse contexto em mente, Pedro não está proibindo o uso
adequado de cosméticos, joias ou penteados. O objetivo do
apóstolo, pelo contrário, é ensinar às mulheres que o fato de
estarem muito bem-vestidas, com o cabelo e as unhas feitas, não
vai fazer com que seus maridos sejam salvos, e que o que pode
levar um marido à experiência da salvação são as ações e o
comportamento da mulher, não a proibição de vestir-se bem ou
mesmo cuidar da aparência. Na verdade, Pedro simplesmente
chama a atenção das cristãs para que não imitem o modelo romano,
em que mulheres usavam dos adornos para convencer seus
maridos (algo bem diferente de fazer apologia à feiura).

Feminilidade, sensualidade e luxúria As redes sociais se


tornaram verdadeiras passarelas de vaidade e luxúria. Infelizmente,
até mesmo muitas cristãs participam desse palanque de exposição.
Fotos sensuais, posições inadequadas, partes do corpo expostas
que só cabem ao marido ver — enfim, tem de tudo. Em parte, isso
acontece porque o conceito de feminilidade tem sido confundido
com sensualidade.
Ao contrário de um charme inocente, sensualidade consiste em
compartilhar sexualidade, algo que só deve ocorrer dentro do
matrimônio. A feminilidade, por sua vez, não consiste em expor
partes do corpo que são de direito somente do marido, mas é
formosa, pura, formidável (Ct 6.10), três adjetivos que Salomão
concilia sem problema nenhum.
Observe, também, que essas palavras foram usadas por um
homem de Deus, e não uma mulher. Homens do Senhor, cuja
masculinidade é pura, valorizam a mulher não por expor o próprio
corpo, mas pela capacidade de unir pureza e formosura.
Outro fator que coopera com o uso indevido da sensualidade é a
imoralidade sexual aflorada de nossos dias. Longe de ser um
problema exclusivamente masculino, a luxúria escraviza também
mulheres. Ninguém está ileso após a queda de Adão e Eva.
No Novo Testamento, a palavra mais usada para transmitir o
conceito de “imoralidade sexual” é porneia, termo que também pode
ser traduzido por “prostituição”, “fornicação” e “idolatria”. Desse
termo grego vem a palavra pornografia, decorrente do conceito de
“venda”. A imoralidade sexual é a “venda” da pureza sexual e
envolve todo tipo de expressão sexual fora dos limites de um
relacionamento conjugal biblicamente definido (Mt 19.4–5).
Visto que o mundo jaz no maligno, o que antes era motivo de
vergonha até mesmo para os ímpios, hoje é natural. A luxúria só
cresce. Por exemplo, certo dia, vi que uma famosa atriz brasileira
compartilhou ser viciada em sexo. Com toda a naturalidade, a moça
declarou, em rede nacional, que já se deitou com centenas de
homens — afinal, dizia ela, “o que importa é ser feliz”. A que custo?
Triste dizer, mas essa suposta felicidade é paga com uma busca
frenética por luxúria. Até mesmo o índice de pessoas viciadas em
relações sexuais cresceu nos últimos anos, como se fosse um
entorpecente.
Consciente dessa propensão à iniquidade, o apóstolo Paulo,
escrevendo sua primeira epístola à igreja de Corinto, enfatiza aos
cristãos da época que fugissem da imoralidade sexual (1Co 6.18–
19).
Perceba quão enganosa é a luxúria. Ao entenderem as
implicações de um relacionamento cristão, muitos questionam se
não é exagero. Afinal, como dois noivos saberão que terão uma boa
vida sexual no casamento? Não é preciso garantir que “rolou a
química”, para não se casarem com a pessoa errada? E o mais
triste é ver jovens que se dizem “cristãos” nutrindo esse tipo de
pensamento, sem nenhuma repreensão por parte dos pais ou
pastores.
A Palavra de Deus é bem enfática quanto à gravidade da
imoralidade sexual (1Co 6.9,10; Ap 21.8). E não pense que por
imoralidade sexual a Escritura se refere unicamente a adultério,
bestialidades, poligamia, consumo de pornografia. Como eu não me
canso de repetir: intimidade sexual fora do casamento também é
imoralidade sexual. Aliás, não é preciso chegar ao ato sexual
consumado para haver esse pecado num relacionamento não
matrimonial. Basta que o “cobiçoso apetite sexual” (1Ts 4.5) seja
nutrido e satisfeito. Por isso, mais uma vez, reforço, especialmente
aos jovens, que a sensualidade é reservada ao matrimônio.
A seguir, cito extensamente alguns versículos que lidam
diretamente com a imoralidade sexual.
[...] mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa e cada
mulher o seu próprio marido. (1Co 7.2, NVI) Entre vocês não deve haver
nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma
espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para
os santos. (Ef 5.3, NVI) Assim, façam morrer tudo o que pertence à
natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos
maus e a ganância, que é idolatria. (Cl 3.5, NVI) Também não se
arrependeram dos seus assassinatos, das suas feitiçarias, da sua
imoralidade sexual e dos seus roubos. (Ap 9.21, NVI) Vocês não sabem
que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar:
nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos
ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores,
nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. (1Co 6.9–10, NVI) Ora, as
obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e
libertinagem... (Gl 5.19, NVI) Entre vocês não deve haver nem sequer
menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de
impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos.
Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que
são inconvenientes, mas, ao invés disso, ações de graças. Porque vocês
podem estar certos disto: nenhum imoral, ou impuro, ou ganancioso, que é
idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. (Ef 5.3–5, NVI) A
vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da
imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de
maneira santa e honrosa... (1Ts 4.3–4, NVI) Amados, exorto-vos, como
peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que
fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no
meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de
malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no
dia da visitação. (1Pe 2.11–12) Percebe? A imoralidade sexual é
enfatizada dessa forma porque é um pecado extremamente
sedutor e traiçoeiro, que mata aos poucos, sem dar maiores
indícios a princípio. Trata-se de uma doença sorrateira. Muitos,
sobretudo os jovens, pensam que não o estão cometendo,
enquanto, na verdade, já foram feitos escravos dele. Por isso, é
imperativo que não deixemos esse pecado entrar em nossos
lares nem em nossas igrejas. Nós, povo de Deus, precisamos nos
posicionar ferrenhamente contra toda sorte de promiscuidade. As
filhas do Senhor devem fugir de todo tipo de sensualidade fora do
casamento.
Mais que isso, os cristãos da nossa geração precisam entender
que nossa missão é anunciar aos perdidos, aqueles que se
encontram escravizados pelo pecado, a mensagem de libertação e
salvação do Evangelho. A pregação da Palavra é suficiente para
libertar o ser humano de seus dramas, dilemas e sofrimentos.
Que não nos curvemos diante da imoralidade que engole nossa
cultura. Nós, discípulos de Jesus Cristo, devemos viver aquilo que
confessamos crer: que o Senhor é o único capaz de satisfazer a
alma humana, transformando desespero em esperança, escravidão
em libertação, libertinagem sexual em liberdade e pureza de vida.

QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO


1. O que o vestuário do cristão deve comunicar ao mundo?
2. Como é a moda deste mundo?
3. Quais os resultados práticos da santidade nessa área? O que a
santidade nessa área não significa?
4. No que consiste a sensualidade?
5. No que consiste a feminilidade?
6. Cite três versículos que chamaram a sua atenção acerca da
imoralidade sexual.
 
CAPÍTULO SEIS
 

Breves Questões sobre a Vida da Mulher


 

A mulher e a solteirice Desde 2010, a população feminina é maior


do que a masculina no Brasil. Segundo o censo do IBGE desse
mesmo ano, as mulheres representavam 51%, enquanto os homens
49% da população brasileira.
Entre os cristãos brasileiros, embora não tenhamos dados
concretos, a impressão que tenho, ao menos quando observo certas
igrejas, é a de que há mais mulheres do que homens em nosso
meio.
E, com um público feminino maior, fica mais nítida a incidência de
solteiras. Muitas são moças piedosas, bonitas, inteligentes,
profissionalmente bem-sucedidas, independentes, mas sozinhas,
mesmo depois dos trinta.
O estado de solteirice por si só não é a questão, pois é lícito; o
problema com que mulheres assim se deparam é a necessidade
natural, biológica, de encontrar um companheiro, alguém com quem
dividir a vida e suas conquistas, ter filhos, constituir família.
A situação torna-se mais dolorosa com pressões da sociedade, da
família, de amigos e da igreja. Devido à pressão, muitas acabam
sentindo uma “desesperança existencial”. Junta-se a isso o fato de
que filmes, séries e novelas costumam enfatizar uma felicidade que
só é encontrada ao lado de um companheiro.
Trata-se, porém, de uma mensagem subliminar falsa, perigosa e
cruel. Dizer que a mulher só se realizará ao lado de um homem
torna aquilo que é natural e bom em idolatria. Tristemente, muitas
jovens cristãs costumam cair nesse engano, de tal forma que suas
forças não se canalizam para a glória de Deus, mas para
conseguirem namorar e casar.
São inúmeras as moças que, por se sentirem indevidamente
pressionadas, acabam azedas e amarguradas; movidas pela
pseudoverdade de que só é possível ser feliz ao lado de alguém,
tais mulheres sucumbem diante da solidão e, desesperadas,
buscam por um romance utópico.
Para exemplificar, em meu livro Namoro.com, conto a história de
uma moça de vinte e cinco anos que, por se sentir velha demais,
estava completamente desesperada para casar-se. Segundo ela, o
tempo havia passado, deixando-a para “titia”. Note o pensamento
por trás dessa conclusão e veja como as proporções estão
totalmente perdidas. “Titia” com vinte e cinco anos? Chega a ser
loucura.
Salomão, em sua sabedoria, afirmou, com absoluta propriedade,
que existe um tempo determinado para todas as coisas. Existe
tempo de abraçar e tempo para deixar de abraçar (Ec 3.1–8). Em
outras palavras, o notável rei de Israel quer dizer que existem
momentos da vida em que a solidão se torna necessária. As
pressões sociais, apesar disso, ignoram o ensino bíblico e fazem
com que muitas cristãs cedam à desesperança. Elas deixam de
perceber que Deus está cuidando delas com carinho e ternura.
Não é de hoje, todavia, que percebo essa tendência. Tendo já
meditado a respeito disso, escrevi sete conselhos a cristãs que
desejam casar-se.
1. Não permita que a ansiedade domine o seu coração. O desejo
de casar-se com um homem de Deus não deve levá-la a viver
escravizada por essa expectativa. Lance, portanto, suas
ansiedades aos pés do Senhor, certa de que ele tem cuidado de
sua vida e de suas emoções (Fp 4.6–8).
2. Não desperte o amor forçosamente. As Escrituras nos ensinam
que existe tempo para todas as coisas (Ec 3.1–2; Ct 8.4).
3. Cuidado com os “lobos”. Lembre-se de que não são poucos
aqueles que, apesar de possuírem fama de cristãos, são lobos
disfarçados, cujo único desejo é desfrutar de uma “paixão do
momento”.
4. Descanse em Deus. A melhor coisa a se fazer é descansar no
Senhor, esperando tranquilamente em sua boa e santa
providência (Sl 37.4).
5. Não ceda às pressões sociais. Quantas não são aquelas que,
devido à pressão, namoram e se casam errado? Espere, seja
sábia e prudente.
6. Quando aparecer alguém que seja do seu interesse, busque
conselhos com pessoas sábias e mais velhas. As Escrituras nos
ensinam que na multidão de conselheiros há sabedoria; portanto,
é sábio e inteligente ouvir pessoas maduras e experimentadas
(Pv 11.14).
7. Pergunte a si mesma se o relacionamento que pretende iniciar
glorificará a Deus. Lembre-se de que as Escrituras nos ensinam
que devemos fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31).
No mais, descanse no Senhor, buscando-o pelo estudo da Palavra
e em oração. Ele cuida do seu coração, e sabe do que você precisa
e quando mais necessita. Deus ama abençoar seu povo com um
cônjuge e filhos.

A mulher e o celibato A Palavra de Deus nos mostra que o


casamento faz parte do propósito divino, sendo que ele mesmo
declarou que não era bom que o homem permanecesse só (Gn
2.18). Sabemos, contudo, que Paulo também aconselhou aos
coríntios quanto à possibilidade de serem celibatários. O apóstolo,
preocupado com a perseguição que se aproximava, queria poupar
os irmãos de maiores dissabores. E, apesar do seu conselho, disse
que, caso os coríntios não conseguissem se dominar, que se
cassassem, visto que o matrimônio era bem melhor do que viver
abrasado (1Co 7.9).
Assim, o apóstolo aos gentios quer dizer que, se alguém não
consegue permanecer solteiro sem ser dominado pelo desejo
sexual, que contraia núpcias. Para Paulo, aqueles que optam pelo
celibato devem fazê-lo por entender que é o melhor para a vida
daquela pessoa. Aliás, vale a pena ressaltar que, segundo a visão
de Paulo, a opção pelo celibato é uma decisão voluntária e que não
pode ser imposta por ninguém.
Agora, de acordo com o ensinamento do apóstolo, podemos
extrair quatro princípios.
1. O estado de solteiro é um dom de Deus (1Co 7.7).
2. Uma pessoa casada se preocupa em agradar o cônjuge, já a
solteira cuida das coisas do Senhor (1Co 7.26–35).
3. O celibato traz a liberdade de servir a Deus sem restrições (v.
32–35).
4. Pessoas não casadas podem desenvolver um relacionamento
com o Senhor com menos impedimentos (1Co 7.35).
Em síntese, o que Paulo diz é o seguinte: Você está casado? Não
procure separar-se. Está solteiro? Não procure esposa. Mas, se vier a casar-
se, não comete pecado; e, se uma virgem se casar, também não comete
pecado. Mas aqueles que se casarem enfrentarão muitas dificuldades na vida,
e eu gostaria de poupá-los disso (1Co 7.27–28).
Reforço, portanto, que a mulher que necessita casar-se para não
ceder à tentação, e por causa de sua própria constituição feminina,
vendo-se em especial necessidade de ter um guia e protetor com
quem dividir a vida, que esta se case. Agora, se você acredita ter
recebido da parte do Senhor o dom do celibato, e deseja servir a
Deus integralmente, busque conselho de seus pastores e líderes e
de mulheres sábias na Palavra e mais velhas.

A mulher e a solidão Sabemos que Deus não criou o ser humano


para viver só, mas como um ser social e relacional. Por isso, em seu
plano original, o Senhor disse a Adão: “Não é bom que o homem
esteja só…” (Gn 2.18). Todavia, com o passar dos anos e com
vários fatores da vida, além da perda de pessoas amadas, a solidão
ganha espaço no coração de muitas mulheres.
É interessante observar que, apesar de vivermos num tempo de
extrema facilidade comunicativa — o que, a princípio, deveria
facilitar os relacionamentos interpessoais —, as pessoas
aparentemente estão mais distantes umas das outras, cooperando
assim com isolamento e solidão.
Elementos que pioram o cenário para muitas mulheres são a
viuvez, a saída dos filhos de casa, ou mesmo o divórcio. A solidão é
um sentimento de profunda sensação de vazio e isolamento; é
penosa, exaustiva e desagradável, e leva um número incontável de
mulheres à depressão. O estado solitário é geralmente
acompanhado de desânimo, inquietação, sensação de isolamento,
ansiedade, desespero e medo.
À luz do exposto, surge a pergunta: O que fazer diante da solidão?
Tenho alguns conselhos para dar a toda mulher que luta com esse
(possível) problema.
1. Entenda que solidão pode ser um sentimento, e não
necessariamente um fato. A pessoa pode sentir-se sozinha, mas
não estar só de fato.
2. Entenda que o problema da solidão nem sempre é superado
com o casamento. Há inúmeras pessoas que se sentem tragadas
pela solidão, mesmo casadas.
3. Busque contentamento em Deus. Conforme já exposto, somos
seres relacionais, feitos pelo Criador para nos relacionarmos com
ele (Gn 1.9). As Escrituras ensinam que a nossa satisfação não
deve estar fundamentada nesse mundo, mas em Deus. O
apóstolo Paulo, enquanto preso em Roma, disse: “Alegrem-se
sempre no Senhor” (Fp 4.4). Ademais, nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo nos mostra que o contentamento deve estar
relacionado à certeza de que o Senhor é aquele quem cuida de
cada uma das nossas necessidades. Em Mateus 6.26–30, o
Senhor nos fala que, se o Pai cuida tão bem das aves e das
flores, nós, que somos filhos dele, não devemos ficar ansiosos
com o que pode ou não acontecer, visto que ele, com toda a
certeza, cuidará de cada uma das nossas necessidades. John
Wesley dizia que nada, exceto Deus, pode satisfazer a alma do
ser humano. Cristo deve ser nosso maior contentamento.
4. Solidão não significa isolamento. Mesmo quem mora sozinho
não precisa viver sozinho. O fato de ser uma mulher viúva,
divorciada, ou cujos filhos não moram mais com você, não implica
necessariamente uma vida solitária. Envolva-se na igreja, saia
com as amigas, visite os netos, viaje, ocupe seu tempo com
irmãos na fé. O problema é quando a solidão implica isolamento,
postura que contribui para uma sensação de inutilidade.
5. Preocupe-se com o seu próximo. Escolha ter uma vida
solidária, e não solitária. Você já percebeu que olhar para as
necessidades dos outros pode ser um belo remédio para as dores
da solidão?
6. Nutra o desejo de conectar-se com pessoas. Muitas mulheres
cristãs, por exemplo, reclamam da solidão, mas não estão
dispostas a fazer conexões na igreja com irmãs na fé. Se deseja
superar a dor e a angústia da solidão, é imperativo que você se
abra a novas amizades e esteja disposta a estreitar laços,
desenvolvendo vínculos e relacionamentos mais profundos.
7. Substitua a solidão pela solitude. Escolha estar com Deus em
momentos de oração, meditação e contemplação, desfrutando da
doce presença do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

A mulher pode trabalhar fora?


Em algumas igrejas e, é claro, nas redes sociais, o seguinte
questionamento tem tomado espaço: A mulher pode trabalhar fora?
Ao contrário do que muitos defendem, sobretudo homens sem
embasamento bíblico, a mulher pode, sim, trabalhar fora de casa.
As Escrituras dão exemplos de mulheres que serviam fora do lar:
Lídia, vendedora de púrpura (At 16.14); Priscila, esposa de Áquila,
fazedora de tendas (At 18.3); Dorcas, a costureira (At 9.39); e, claro,
a mulher de Provérbios 31.
As Escrituras não proíbem a mulher de trabalhar, nem de estudar.
A cristã não peca em tornar-se uma profissional qualificada, que
glorifica a Deus por meio de sua profissão. O Senhor concedeu à
mulher capacidades e habilidades para desenvolver uma vida que
contribui para o enriquecimento da sociedade.
Apesar de tudo isso, a Palavra ensina quais devem ser as
prioridades de uma mulher. Minha esposa, por exemplo, é a prova
de que existe compatibilidade entre trabalhar fora e cuidar da
família. Por quase trinta anos, ela trabalhou numa escola como
professora, sem, no entanto, prejudicar a sua relação familiar.
Nossos filhos e eu somos testemunhas de que ela desenvolveu com
brilhantismo a missão de lecionar e de cuidar da família.
Agora, estou ciente que essa não é a realidade de muitas
mulheres. Devido à carga horária, ou mesmo à profissão escolhida,
não são poucas as que dificultam o relacionamento com o cônjuge e
os filhos, o que em médio ou longo prazo pode trazer prejuízos
irreparáveis à família. Há mulheres que, viciadas em trabalho, optam
pelo sucesso na carreira ou nos estudos em detrimento do bem-
estar da própria família.
A mulher cristã, portanto, buscando por sabedoria na Palavra,
deve saber medir as circunstâncias em que sua família se encontra.
O mais sábio é permanecer em casa, priorizando o marido, os filhos
e os cuidados do lar? Que então ela fique em casa, ajudando ou
não na renda. Agora, ela está apta a trabalhar fora e, ainda assim,
prover um lar amoroso e gracioso para o marido e seus filhos? Não
há, então, problema algum em trabalhar fora.
Seja como for, que a mulher cristã faça tudo para a glória de Deus
e por amor ao próximo.

A mulher e o grave problema da amargura De fato, há mulheres


mais difíceis que outras. Nossos dias também não facilitam as
coisas. Em nome de uma pseudoliberdade, e com um
doutrinamento feminista cada vez mais presente, mesmo muitas
cristãs tendem a um comportamento mais beligerante, indelicado,
competindo com o próprio marido, afrontando colegas de trabalho,
“machificando” a vida e abandonando a doçura e a feminilidade.
Mas entre nós, povo de Deus, as coisas não devem ser assim.
Como forma de nos instruir por sua Palavra, o livro de Provérbios
está repleto da sabedoria do alto, e nele encontramos muitos
versículos que nos advertem do perigo de uma mulher rixosa.
Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda.
(Pv 21.19) O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa
são semelhantes. (Pv 27.15) Melhor é morar no canto do eirado do que
junto com a mulher rixosa na mesma casa.

(Pv 21.9) Permita-me exemplificar o que estou dizendo com a


esposa do notável avivalista John Wesley. Sem dúvidas, o
fundador do metodismo foi um dos homens mais santos de todos
os tempos. Comprometido com as Escrituras, pregador fervoroso,
evangelista ousado, um grande e abençoado homem de Deus,
Wesley cometeu alguns equívocos emocionais.
O registro histórico conta que, antes de casar-se com a senhora
Vazeille, Wesley apaixonou-se por duas moças. Na verdade, pode-
se afirmar que Wesley não foi muito bem-sucedido no domínio dos
sentimentos. Todos os seus “namoros” foram desastrosos. E,
finalmente, ele escolheu aquela que talvez fosse a mulher mais
imprópria nos três reinos (Inglaterra, Irlanda e Escócia) para ser a
sua esposa.
Foi Charles Wesley, seu irmão, quem primeiro conheceu a Sra.
Vazeille, quando na casa de seu colega Perronet, e a descreveu
como “mulher de espírito triste”; qualidade que, mais tarde, seu
infeliz marido descobriu ser simplesmente um gênio para fazer-se a
si mesma e a todos a seu redor infelizes.
Com poucos anos a menos do que John Wesley, era viúva e tinha
três filhos. Ela era, a seu modo desconsolado — naquele tempo,
pelo menos —, mulher religiosa, com alguma capacidade para
fazer-se agradável quando quisesse. Mas era ignorante, de hábitos
egoístas, com uma capacidade semilunática pelo ciúme.
John Wesley foi apresentado à viúva Vazeille por Charles Wesley.
Os eventos se desdobraram com rapidez. Era o caso de uma viúva
e de um homem de meia-idade que julgava ser o seu dever casar,
mas que estava demais ocupado para procurar uma esposa.
Conta a história que Wesley estava prestes a sair em uma viagem,
quando lhe sobreveio um acidente que feriu gravemente o seu pé.
Wesley tentou seguir viagem, mas não conseguiu, e então foi levado
para onde residia a viúva Vazeille, que dele cuidou.
O acidente ocorreu em 10 de fevereiro de 1851. Em 17 de
fevereiro, ele foi levado para a Foundry, e pregou de joelhos,
incapaz de ficar em pé. No dia seguinte, 18 de fevereiro de 1851,
ainda manco, casou-se com a viúva Vazeille.
A mulher de Wesley viveu até 1781, e durante aqueles trinta anos
era para o marido a encarnação de uma tormenta constante. A
princípio ela o acompanhava em suas viagens de pregação, mas o
seu gênio de ficar descontente e de contrariar todos ao seu redor
acabou com isso. Após um mês de casados, o tópico predileto
dessa mulher era conversar sobre as faltas do seu marido, tendo
sido apelidada de “diabo de saias”.54
Naqueles dias, diziam que a Sra. Vazeille “merecia ser classificada
numa tríade com Xantipa e a mulher de Jó como uma das três
esposas más deste mundo”.
Por isso, jamais podemos perder de vista que uma mulher
briguenta, petulante, rixosa, indiscreta, ignorante e amarga é uma
grande aflição para seu marido e sua família. Provérbios não deixa
dúvidas. Seria melhor dormir sobre o teto, ou no deserto, do que
suportar a sua raiva e amargura. Repito o que já disse em outro
capítulo deste livro: Salomão afirma que é melhor suportar o mau
tempo do que lidar com uma mulher beligerante, pois o clima fora do
lar pode estar melhor do que o de dentro de casa. Ao homem é
melhor estar sozinho do que (mal) acompanhado de uma mulher
rixosa.
Mulheres de Deus, não sejam assim! Não sejam como o mundo.
Vocês foram chamadas à santificação, e a uma renovação de vida.
Busquem exalar a doçura e o perfume de Cristo diante de todos, por
meio da Palavra. Procurem ser mulheres genuinamente femininas.
Sigam o exemplo daquele que é manso e humilde de coração,
nosso bendito Salvador.

QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO


1. O estado de solteirice é por si só um problema? Explique.
2. Mulheres solteiras recebem pressões da sociedade, família,
amigos e igreja? Como isso as prejudica?
3. Quais as consequências de a mulher crer que só se realizará na
vida ao lado de um homem?
4. De acordo com o ensinamento do apóstolo Paulo, quais são os
quatro princípios que podemos extrair de 1Coríntios 7.9 acerca do
celibato?
5. O que fazer diante da solidão que ganha espaço no coração de
tantas mulheres?
6. A mulher tem embasamento bíblico para trabalhar fora do lar?
Cite exemplos bíblicos.
7. O que a pseudoliberdade e o doutrinamento feminista cada vez
mais presentes podem gerar no comportamento de uma mulher
cristã?
8. Ao que a mulher cristã foi chamada? Diante disso, qual deve ser
seu curso de ação?
 
CAPÍTULO SETE
 

Uma Palavra Final: Mulheres, Envelheçam em Paz


e com Sabedoria!

A maioria das mulheres morre de medo de envelhecer. Uma


realidade que prova isso é que muitas não gostam de revelar a
própria idade. Há, inclusive, aquelas que ficam ofendidas ao serem
chamadas de senhora, simplesmente porque o uso do termo remete
a uma idade mais avançada. E mulheres costumam sentir mais
medo de envelhecer do que os homens, haja vista que muitas se
enganam achando que, para serem valorizadas, precisam ter a
beleza da juventude.
Deixou de ser incomum ver moças com menos de trinta anos já
dispostas a aplicar botox ou passar por cirurgias plásticas, pois
odeiam a ideia de ver marcas de expressão ou pele enrugada no
rosto. É evidente que o mundo possui um padrão de beleza irreal e
que exige das pessoas medidas e aparência perfeitas. Hoje, a
jovialidade é cultuada; mulheres chegam a rejeitar a maturidade
para se sentirem aceitas ou amadas. O hedonismo reinante estipula
como meta de prazer afugentar os cabelos brancos e as rugas;
manter-se jovial torna-se questão de vida ou morte.
O ponto é que, segundo a Bíblia, envelhecer não é algo
essencialmente negativo. Obviamente, toda mulher deve cuidar de
si, valorizando seu corpo, sua mente e suas emoções. Essa
autovalorização, todavia, deve ser saudável, e não pode ultrapassar
princípios bíblicos e de bom senso.
Envelhecer é um processo natural da vida, e uma dádiva. A beleza
da mulher envelhece com ela ao longo de fases; o amadurecimento
físico e emocional devem se tornar evidentes com o passar dos
anos.
As Escrituras apresentam muitos textos que tratam da dignidade
do envelhecimento, afirmando que a beleza dos jovens está na sua
força; a glória dos idosos, nos seus cabelos brancos; e que o cabelo
grisalho é uma coroa de esplendor (Pv 16.31, 20.19).
Por isso, às cristãs mais jovens, eu relembro: não se deixem
amoldar pelos padrões deste mundo; não se permitam uma falsa
meta de felicidade, e não tenham medo do espelho natural, mas se
comparem pelo reflexo da Palavra.
Já às cristãs mais velhas, mais maduras, deixo três conselhos: 1.
Cuidem de si mesmas. Isso é importante. Sim, tratem de seus
corpos, mas não permitam ser vencidas pela ditadura da beleza e
da juventude.
2. Aprendam a envelhecer. Sejam mulheres de fases, alguém que
soube passar pela adolescência, juventude e, agora, com
equilíbrio, sabe lidar com a maturidade.
3. Não queiram ser o que não são. Sejam vocês em essência, e
vivam os dias do amadurecimento para a glória de Deus.
Além disso, insisto com uma exortação atemporal, a todas as
cristãs: não caiam no engodo da autossuficiência. Não esperem até
quebrar a cara; peçam ajuda, não teimem no caminho incerto, não
insistam no erro, aprendam a admitir que não sabem e que
precisam de ajuda. A vida cristã é feita de irmãos e irmãs na fé, e de
amigos e amigas na jornada rumo à vida eterna. Precisamos uns
dos outros, independentemente da idade ou da fase de vida.
É interessante como anedotas nos fazem pensar a respeito de
questões da vida. Quanto a esse ponto da autossuficiência, conheço
uma que me chamou à atenção. Certa feita, um garoto, enquanto
brincava no quintal de sua casa, inventou de empurrar uma enorme
pedra, claramente superior às suas próprias forças. Empurrou-a
com as mãos, com os pés, com o corpo, de costas, sem, no entanto,
fazer com que a pedra se movesse. O pai, ao observar o inoperante
esforço do menino, lhe disse: “Filho, você ainda não usou todos os
recursos”. “Usei, sim, papai”, retrucou o pequeno, já quase
chorando. “Não”, replicou o pai, “você ainda não pediu a minha
ajuda”.
E também nós não agimos assim quando fazemos de tudo, exceto
pedir a ajuda de nosso Pai Celestial? A Escritura deixa claro que a
soberba precede a ruína, e a altivez de espírito, a queda. O Senhor
resiste ao orgulhoso, mas dá graça ao que se curva diante de sua
Palavra. Os arrogantes não chegam longe. Os mansos e humildes
de coração, pelo contrário, são exaltados por Deus. Diante deste
mundo caído, necessitamos da ajuda de nosso Pai para vencer a
tentação e o pecado.
Por fim, conforme escrevi anteriormente, o trajeto que os
vencedores traçam nunca foi, nem jamais será, o caminho da
presunção e da prepotência, pois aqueles que hão de alcançar o
prêmio da corrida cristã carregam em si a marca indelével da
humildade. Portanto, lembre-se: a pessoa que supera os obstáculos
deste mundo é aquela que, apesar da visão que tem de si, e à parte
do autodiscernimento, opta pelo caminho da modéstia, da
mansidão, da obediência à Palavra, do amor a Jesus Cristo, nosso
Salvador.

QUESTÕES PARA MEDITAÇÃO


1. As mulheres hoje têm medo de envelhecer? Como isso se
manifesta?
2. Segundo a Bíblia, envelhecer é algo essencialmente negativo?
Explique.
3. Reflita nos três conselhos às cristãs mais velhas dados pelo
autor.
 
APÊNDICE
 

Sugestão de filmes que tratam de aspectos de uma


feminilidade saudável
 

Quarto de Guerra Direção: Alex Kendrick Roteiro: Alex Kendrick e


Stephen Kendrick Ano de lançamento: 2015
Sinopse: Quarto de Guerra é uma produção dos irmãos irmãos
Kendrick, que ficaram famosos por participar de produções como
“Desafiando Gigantes” e “A Virada”. A produção de 2015 trata dos
desafios da vida conjugal e familiar em um mundo com valores
subvertidos. Nesse contexto, a protagonista Elizabeth (Priscilla
Evans Shirer) encontra na oração sua principal arma e no Quarto de
Guerra seu local de refúgio e campo de batalha. O filme é inspirador
e nos desafia a colocar a oração como prioridade em nossas vidas.
Quarto de Guerra é um filme cristão sobre casamento, oração,
família, igreja e muito mais! (Fonte: Consciência Cristã)
Um Sonho Possível Direção: John Lee Hancock Roteiro: Michael
Lewis e John Lee Hancock Ano de lançamento: 2010
Sinopse: Michael Oher (Quinton Aaron) era um jovem negro, filho
de uma mãe viciada e não tinha onde morar. Com boa vocação para
os esportes, um dia ele foi avistado pela família de Leigh Anne
Tuohy (Sandra Bullock), andando em direção ao estádio da escola
para poder dormir longe da chuva. Ao ser convidado para passar
uma noite na casa dos milionários, Michael não tinha ideia que
aquele dia iria mudar para sempre a sua vida, tornando-se mais
tarde um astro do futebol americano. (Fonte: Adoro Cinema)

Quando Chama o Coração Direção: Michael Landon Jr.


Roteiro: Michael Landon Jr. e Janette Oke Ano de lançamento: 2013
Sinopse: Elizabeth Thatcher (Poppy Drayton) é uma jovem
professora em 1910. Ela é uma mulher culta e sofisticada, que teme
deixar seu mundo confortável para dar aulas numa cidadezinha da
fronteira. Mas quando ela chega no local, descobre um novo
propósito na vida e o amor com um belo guarda da polícia montada
do Canadá. (Fonte: Adoro Cinema)
Deus Não Está Morto 2
Direção: Harold Cronk Roteiro: Chuck Konzelman e Cary Solomon
Ano de lançamento: 2016
Sinopse: Grace Wesley (Melissa Joan Hart) é uma professora cristã
que, ao responder uma pergunta feita por uma de suas alunas,
Brooke (Hayley Orrantia), acaba falando sobre Jesus Cristo em
plena sala de aula. Tal situação lhe rende um processo
administrativo impulsionado pela diretora Kinney (Robin Givens),
que não quer que assuntos religiosos sejam tratados dentro da
escola. Após se recusar a pedir desculpas pelo ocorrido, Grace é
processada pelos pais de Brooke, que acreditam que a polêmica em
torno do julgamento possa facilitar a entrada da garota em uma
universidade de prestígio. (Fonte: Adoro Cinema)

Esther Direção: Raffaele Mertes Roteiro: Sandy Niemand Ano de


lançamento: 1999
Sinopse: Após a conquista da Babilônia, a Pérsia se torna um
grande império. Para festejar a glória, o rei Assuero oferece um
banquete ao povo e exige a presença de sua esposa, Vasti. Quando
ela se recusa a participar das festividades, o rei decide substitui-la.
No seu harém ele conhece a jovem Ester, por quem se apaixona
imediatamente. Sem saber de sua herança judaica, ele a torna
rainha. O Império Persa cresce e uma lei é instaurada, legalizando a
perseguição e execução dos judeus. Ester encontra uma forma de
salvar seu povo, revelando ao rei sua verdadeira origem. (Fonte:
Filmes Band)
Para Sempre Alice Direção: Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Roteiro: Lisa Genova e Richard Glatzer Ano de lançamento: 2015
Sinopse: A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada
professora de linguistica. Aos poucos, ela começa a esquecer certas
palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada
com Alzheimer, e a doença coloca em prova a força de sua família.
Enquanto a relação de Alice com o marido, John (Alec Baldwinse),
fragiliza, ela e a filha caçula, Lydia (Kristen Stewart), se aproximam.
(Fonte: Adoro Cinema)
À Prova de Fogo Direção: Alex Kendrick Roteiro: Alex Kendrick e
Stephen Kendrick Ano de lançamento: 2008
Sinopse: No trabalho, o bombeiro Caleb Holt (Kirk Cameron) é um
profissional que cumpre com todos os princípios, sendo um deles
nunca deixar um companheiro para trás numa situação de perigo. Já
em sua casa, ao lado da esposa Catherine (Erin Bethea), as coisas
são bem diferentes. Caleb é um marido ausente e depois de sete
anos de união o relacionamento está chegando ao fim. O pai de
Caleb pede então que ele inicie uma experiência de 40 dias,
denominada “O desafio do amor”, na tentativa de salvar o
casamento. (Fonte: Adoro Cinema)
Soul Surfer Direção: Sean McNamara Roteiro: Sean McNamara e
Bethany Hamilton Ano de lançamento: 2011
Sinopse: Bethany Hamilton (AnnaSophia Robb) nasceu
praticamente na praia e é uma jovem e premiada surfista. Ao ser
atacada por um tubarão, ela perde o braço esquerdo, mas conta
com o apoio dos pais (Dennis Quaid e Helen Hunt), da melhor
amiga Sarah (Carrie Underwood) e dos fãs para voltar a cair na
água. (Fonte: Adoro Cinema)
A Dama de Ferro Direção: Phyllida Lloyd Roteiro: Abi Morgan Ano
de lançamento: 2012
Sinopse: Antes de se posicionar e adquirir o status de verdadeira
dama de ferro na mais alta esfera do poder britânico, Margaret
Thatcher (Meryl Streep) teve que enfrentar vários preconceitos na
função de primeira-ministra do Reino Unido em um mundo até então
dominado por homens. Durante a recessão econômica causada
pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder política tomou
medidas impopulares, visando a recuperação do país. Seu grande
teste, entretanto, foi quando o Reino Unido entrou em conflito com a
Argentina na conhecida e polêmica Guerra das Malvinas. (Fonte:
Adoro Cinema)
Retrato de um Campeão Direção: Chi-Man Wan Roteiro: Kai-
Chung Cheung e Sandra Ng Kwan Yue Ano de lançamento: 2021
Sinopse: Este filme mostra a relação do recordista paralímpico So
Wa Wai com a mãe e as dificuldades que eles enfrentaram ao longo
da vida. Baseado em uma história real. (Fonte: Adoro Cinema)
NOTAS
1 Mansplaining é um termo comum dentro do movimento feminista que vai
além de uma simples expressão americanizada que adotamos em nosso
vocabulário. Para as feministas, mansplaining consiste no ato de um homem
tentar explicar o óbvio para uma mulher, fazendo-o de forma didática, como se
ela não fosse capaz de entender. O termo é uma junção das palavras man
(homem) e explaining (explicar, ou explicação), dando o sentido de
“explicação masculina”.
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2 Renato Vargens. Masculinidade em Crise (São José dos Campos: Fiel,


2020).
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3 Renato Vargens. Paternidade em Crise (São Paulo: Trinitas, 2021).


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4 Mary Wollstonecraft. Reivindicação dos Direitos da Mulher (São Paulo:


BoiTempo, 2016).
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5 Judith Sargent Murray’s On the Equality of the Sexes (1790). Disponível em:
https://publicdomainreview.org/collection/equality-of-the-sexes. Acesso em: 30
set. 2022.
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6 Declaração de Sentimentos de Seneca Falls: Convenção dos Direitos da


Mulher de 1848. Disponível em:
https://www.greelane.com/pt/humanidades/historia-cultura/seneca-falls-
declaration-of-sentiments-3530487/. Acesso em: 30 set. 2022.
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7 Quem foi Simone de Beauvoir? Brasil Paralelo. Disponível em:


https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/quem-foi-simone-de-beauvoir.
Acesso em: 30 set. 2022.
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8 Simone de Beauvoir. O Segundo Sexo (Rio de Janeiro: Nova Fronteira,


2012).
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9 Betty Friedan. A Mística Feminina (Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020).
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10 Augustus Nicodemus. O Feminismo Cristão. Tulipa Reformada. Disponível


em: https://tulipareformada.com.br/2020/08/25/o-feminismo-cristao-por-
augustus-nicodemus/. Acesso em: 30 set. 2022.
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11 Tânia Noda. Sobre o feminismo e suas ondas. Apostila.


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12 Ana Caroline Campagnolo. Feminismo: Perversão e subversão (Campinas:


Vide Editorial, 2019), p. 234.
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13 Duas igrejas são incendiadas em protestos esquerdistas no Chile. Pleno


News. Disponível em: https://pleno.news/mundo/politica-internacional/duas-
igrejas-sao-incendiadas-em-protestos-esquerdistas-no-chile.html. Acesso em:
30 set. 2022.
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14 Igrejas são invadidas e vandalizadas por feministas na Polônia. Notícias


Gospel. Disponível em: https://noticias.gospelmais.com.br/igrejas-invadidas-
vandalizadas-feministas-polonia-141502.html. Acesso em 30 set. 2022.
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15 Feministas violentas atacaram igrejas em várias cidades do México.


Acidigital. Disponível em: https://www.acidigital.com/noticias/feministas-
violentas-atacaram-igrejas-em-varias-cidades-do-mexico-71632. Acesso em:
30 set. 2022.
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16 Vândalas feministas ateiam fogo em igreja na Colômbia. O Livre.


Disponível em: https://olivre.com.br/vandalas-feministas-ateiam-fogo-em-
igreja-na-colombia. Acesso em: 30 set. 2022.
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17 Manifestantes quebram imagens sacras na Praia de Copacabana. O


Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/manifestantes-quebram-
imagens-sacras-na-praia-de-copacabana-9220356#ixzz2aIT2ybvX. Acesso
em: 30 set. 2022.
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18 Campagnolo, Feminismo.
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19 Ibid.
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20 Friedan, A Mística Feminina.


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21 De Beauvoir, O Segundo Sexo.


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22 Kate Millett — Conheça a autora da “Bíblia” feminista. Brasil Paralelo.


Disponível em: https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/kate-millett-autora-
da-biblia-feminista. Acesso em: 30 set. 2022.
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23 Renato Vargens. Paternidade em Crise (São Paulo: Trinitas, 2021).


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24 Do grego: μισέω misèō, “odiar”, e ἀνήρ anḕr, “homem”, misandria é o ódio,


o desprezo ou o preconceito contra homens ou meninos.
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25 Misandria: As mulheres que odeiam os homens. Delas. Disponível em:


https://www.delas.pt/misandria-as-mulheres-que-odeiam-os-
homens/atualidade/260617/. Acesso em: 30 set. 2022.
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26 Do inglês, scum significa “escória”, “refugo”, e aqui foi utilizado como um


jogo de palavras, um acróstico, uma vez que esse manifesto pode ser
traduzido por “Sociedade pela Aniquilação dos Homens”.
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27 Campagnolo, Feminismo.
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28 Feminismo: A guerra contra os homens. Gazeta do Povo. Disponível em:


https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/historico-
veja/feminismo-a-guerra-contra-os-homens/. Acesso em: 30 set. 2022.
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29 Ódio aos Homens. Feminismo Radical. Disponível em:


https://crabgrass.riseup.net/radfem/ódio-aos-homens. Acesso em: 30 set.
2022.
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30 Homens: Odiamos ou não? Reflexões afetivas de feministas para com o


sexo masculino. Todas Fridas. Disponível em:
https://www.todasfridas.com.br/2019/01/04/homens-odiamos-ou-nao-
reflexoes-afetivas-de-feministas-para-com-o-sexo-masculino/. Acesso em: 12
jul. 2022.
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31 Noel Piper. Mulheres Fiéis e seu Deus Maravilhoso (São José dos
Campos: Fiel, 2018).
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32 ‘Geração NoMo’: No Brasil, 37% das mulheres não querem ser mães. O
Tempo. Disponível em: https://www.otempo.com.br/interessa/geracao-nomo-
no-brasil-37-das-mulheres-nao-querem-ser-maes-1.2392795. Acesso em: 30
set. 2022.
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33 Corinne Maier. Sem Filhos: 40 razões para você não ter (Rio de Janeiro:
Intrínseca, 2008).
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34 Você está certo(a): não tenha filhos. Hypescience. Disponível em:


https://hypescience.com/nao-quer-ter-filhos-veja-o-que-ciencia-diz-sobre-isto/.
Acesso em: 30 set. 2022.
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35 Alan Rennê. A Trindade e os “pais e mães de pets”. Medium. Disponível


em: https://alanrenn.medium.com/a-trindade-e-os-pais-e-maes-de-pets-
604bf16c-4cb2. Acesso em: 30 set. 2022. Ênfase minha.
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36 O país dos pais de pet? The News. Disponível em:


https://thenewscc.com.br/2022/05/12/os-pais-e-maes-de-pet-estao-
dominando-o-brasil/. Acesso em: 30 set. 2022
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37 Hedonismo consiste na doutrina moral em que a busca pelo prazer é o


único propósito da vida. A palavra hedonismo vem do grego hedonikos, que
significa “prazeroso”, já que hedon significa prazer. Como uma filosofia, o
hedonismo surgiu na Grécia e teve Epicuro e Aristipo de Cirene como alguns
dos nomes mais importantes. Esta doutrina moral teve a sua origem nos
cirenaicos (fundada por Aristipo de Cirene), epicuristas antigos. O hedonismo
determina que o bem supremo, ou seja, o fim último da ação, é o prazer.
Neste caso, “prazer” significa algo mais que o mero prazer sensual. Os
utilitaristas ingleses (Bentham e Stuart Mill) foram os sucessores do
hedonismo antigo.
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38 Renato Vargens. Será que a virgindade é um conceito ultrapassado?


Disponível em: https://renatovargens.blogspot.com/2009/05/virgindade-mito-
obediencia-ou-tabu.html. Acesso em: 30 set. 2022.
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39 Os dados sobre o comportamento sexual do brasileiro foram revelados na


pesquisa Mosaico Brasil. Coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, do
Projeto Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas de São Paulo, o
levantamento ouviu mais de 8.200 brasileiros de dez capitais. Falo mais a
respeito em: https://renatovargens.blogspot.com/2011/05/sexo-um-dos-
principais-deuses-do.html. Acesso em: 30 set. 2022.
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40 Vale salientar que, nesse texto, o salmista utiliza o termo golem, traduzido
por “substância”, para descrever-se a si mesmo enquanto ainda no ventre
materno, o que desconstrói a dupla ideia feminista de que o feto é inerente ou
mesmo parte do seu corpo, ou ainda uma substância sem vida. Aliás, outros
textos bíblicos também indicam que Deus se relaciona com o feto como
pessoa. Jó 31.15 diz: “Aquele que me formou no ventre materno, não os fez
também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?”. E em Jó
10.8,11 lemos: “As tuas mãos me plasmaram e me aperfeiçoaram [...] De pele
e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste”.
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41 A ciência nos mostra que o bebê desenvolve todas as suas características


humanas quando está no ventre. Os cromossomos de uma criança não
nascida são únicos. Toda pessoa é uma criação singular de Deus; assim, se
abortada, a criança jamais voltará à vida, o que caracteriza a quebra do sexto
mandamento.
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42 Complementarismo é a doutrina que afirma que homens e mulheres foram


criados para se complementarem, ou completarem um ao outro.
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43 Kathleen Nielson. O que Deus diz sobre as mulheres (São José dos
Campos: Fiel, 2018).
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44 Renato Vargens. Lutero e Catarina Von Bora: Lições de um casamento


cristão. Disponível em: https://renatovargens.blogspot.com/2017/06/lutero-e-
catarina-von-bora-licoes-de-um.html. Acesso em: 30 set. 2022.
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45 Ruth A. Tucker. A Primeira-dama da Reforma: A extraordinária vida de


Catarina Von Bora (São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017).
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46 Renato Vargens. Lutero: Um dia de angustia e a bênção de ter uma esposa


sábia. Disponível em: https://renatovargens.blogspot.com/2014/09/lutero-um-
dia-de-angustia-e-bencao-de.html. Acesso em: 30 set. 2022.
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47 Um Pouco de História: Uma mãe de oração — Susanna Wesley. A


Mensagem. Disponível em: https://amensagem.org/historia-um-pouco-de-
historia-uma-mae-de-oracao-susanna-wesley/. Acesso em: 30 set. 2022.
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48 Número de divorciados que frequenta a igreja dobrou nas últimas décadas.


Gospel Prime. Disponível em: https://www.gospelprime.com.br/numero-de-
divorciados-que-frequenta-a-igreja-dobrou-nas-ultimas-decadas/. Acesso em:
30 set. 2022.
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49 Nas Escrituras, não vemos Jesus separando “apóstolas”. Paulo, em suas


cartas, não fala de presbíteras, bispas, muito menos pastoras. As referências
a essas vocações nas Escrituras sempre estão relacionadas aos homens.
Portanto, não é preciso muito esforço para perceber que não existiam
pastoras nas igrejas do Novo Testamento. Além disso, é essencial entender
que na nação de Israel não se encontravam “sacerdotisas”, visto que o
ministério sacerdotal israelita, estabelecido pelo próprio Deus, era uma função
exclusivamente masculina. Ainda, Paulo ensinou que o bispo deveria ser
marido de uma só mulher e governar bem sua casa, o que por razões obvias
desconstrói a ideia de que mulheres poderiam ser pastoras (1Tm 3.2,12; Tt
1.6). O apóstolo aos gentios também foi claro em ensinar que a mulher não
possui autoridade sobre o marido (1Tm 2.12). Assim, pode-se concluir que, se
pastora, a mulher fere o princípio bíblico de autoridade e liderança
masculinas.
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50 Para mais, veja: A Vida da Compositora de Hinos Fanny Crosby. Agreste


Presbiteriano. Disponível em: https://agrestepresbiteriano.com.br/a-vida-de-
fanny-crosby/. Acesso em: 30 set. 2022.
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51 Para ler mais deste texto escrito por Nancy Wilson, veja: Mulheres rixosas.
Internautas Cristãos. Disponível em:
https://www.internautascristaos.com/textos/artigos/mulheres-rixosas. Acesso
em: 30 set. 2022.
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52 Moda: 1. Maneira ou estilo de agir ou de se vestir. 2. Sistema de usos ou


hábitos coletivos que caracterizam o vestuário, os calçados, os acessórios
etc., num determinado momento. Michaelis. Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/moda/. Acesso em: 30 set. 2022.
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53 Hernandes Dias Lopes. Comentários Expositivos Hagnos: 1Pedro — Com


os pés no vale e o coração no céu (São Paulo: Hagnos, 2012).
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54 Falo mais a respeito em: Aprendendo com os equívocos sentimentais e


amorosos de John Wesley. Disponível em:
http://renatovargens.blogspot.com/2012/08/aprendendo-com-os-erros-
sentimentais-e.html. Acesso em: 30 set. 2022.
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