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HISTÓRIA
PROPOSTA CURRICULAR DE
HISTÓRIA PARA O
ENSINO MÉDIO
Secretaria de Estado de
Educação e Qualidade do Ensino
Copyright © SEDUC – Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino, 2012
Editor
Isaac Maciel
Coordenação editorial
Tenório Telles
Diagramação
Bruno Raphael
Revisão
Núcleo de Editoração Valer
Normalização
Ycaro Verçosa
122 p.
ISBN 978-85-87707-46-8
CDD 372.89
22 Ed.
2012
Carta ao Professor 9
Introdução 13
Referências 115
HISTÓRIA 7
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DO ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA 9
CARTA AO PROFESSOR
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles
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DO ENSINO MÉDIO
10 C IÊ NCIAS H UMANAS E S UAS TEC N OLOGI AS
cesso, novas respostas, novas atitudes e novos de e atenção com a formação educacional dos
procedimentos de ensino. Dessa forma, com nossos educandos.
compromisso, entusiasmo e consciência de
nosso papel como educadores, ajudaremos a Temos consciência do desafio que temos
construir uma nova realidade educacional em pela frente e entendemos que este é o primeiro
nosso Estado, fundada na certeza de que o co- passo de uma longa jornada, que dependerá da
nhecimento liberta, enriquece a vida dos indi- participação construtiva, não só dos professo-
víduos e contribui para a construção de uma res, corpo técnico e educandos, mas também
consciência cidadã. dos pais, agentes públicos e da sociedade.
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INTRODUÇÃO
A Proposta que chega ao Ensino Médio sur- LDB (Lei nº 9.394/96), que requer um homem
giu das necessidades que se verificam não só cidadão, com capacidades para seguir os es-
no campo educacional, mas também nas de- tudos em um Nível Superior ou que seja capaz
mais áreas do saber e dos segmentos sociais. de inserir-se, com capacidades concretas, no
Dito por outras palavras, a vertiginosidade com mundo do trabalho.
que as mudanças ocorrem, inclusive situando- Mas para que esse homem-cidadão possa
-nos em um novo tempo, cognominado pelos ter o arcabouço teórico exigido, ele precisa
filósofos como pós-modernidade, é o que nos conhecer o seu entorno, ou seja, ele precisa
obriga a repensar os atuais paradigmas e a ins- ser e estar no mundo, daí, então, que ele par-
taurar-se, como se faz necessário, novos. tirá para a construção da sua identidade, da
A mudança, na qual somos agentes e pa- sua região, do seu local de origem. Somente
cientes, não só desestabiliza a permanência após a sua inserção na realidade, com suas
do homem no mundo como também requer emoções, afetos e sentimentos outros, é que
novas bases, o que implica novos exercícios ele poderá compreender o seu entorno em
do pensamento. Considerando que é na Esco- uma projeção, compreendendo as suas des-
la, desde a educação infantil, que também se continuidades mais ampliadas, ou seja: so-
estabelecem os princípios e valores que nor- mente assim ele poderá ser e estar no mundo.
tearão toda a vida, é a ela que, incisivamente, As situações referidas são as norteadoras
as novas preocupações se dirigem. desta Proposta, por isso ela reclama a Inter-
É nesse contexto que esta Proposta se ins- disciplinaridade, a Localização do sujeito no
creve. É em meio a essas inquietantes angús- seu mundo, a Formação, no que for possível,
tias e no encontro com inúmeros caminhos, os integral do indivíduo e a Construção da cida-
quais não possuem inscrições, afirmando ou dania. É, portanto, no contexto do novo, do
não o nível de segurança, que ela busca insti- necessário que ela se organizou, que ela mo-
tuir alguma estabilidade e, ainda, a certeza de bilizou a atenção e a preocupação de todos os
que o saber perdurará, de que o homem conti- que, nela, se envolveram.
nuará a produzir outros/novos conhecimentos. Para finalizar, é opinião comum dos cida-
As palavras acima se sustentam na ideia de dãos, que pensam sobre a realidade e fazem
que a Escola ultrapassa a Educação e a Instru- a sua leitura ou interpretação, que o momen-
ção, projetando-se para o campo da garantia, to é de transição. Essa afirmação é plena de
da permanência, da continuidade do conheci- significados e de exigências, inclusive corre-se
mento do homem e do mundo. o risco maior de não se compreender o que
Os caminhos indicadores para a redefini- é essencial. É assim que o passado se funde
ção das funções da Escola seguem, a nosso com o presente, o antigo se funde com o novo,
ver, a direção que é sugerida. É por isso que criando uma dialética essencial à progessão
a Escola e o produto por ela gerado – o Co- da História. A Proposta Curricular do Ensino
nhecimento – instituem um saber fundado Médio, de 2011, resguarda esse movimento e
em Competências e Habilidades, seguindo a o aceita como uma necessidade histórica.
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A educação brasileira, nos últimos anos, Ensino Médio desenvolveu ações educacio-
perpassa por transformações educacionais nais para fundamentar as discussões acerca
decorrentes das novas exigências sociais, do currículo vigente.
culturais, políticas e econômicas vigentes no Os professores da Rede Estadual de Ensino
país, resultantes do processo de globalização. Médio receberam orientações, por meio de
Considerando esta nova reconfiguração mun- palestras e de uma jornada pedagógica, que
dial e visando realizar a função formadora da proporcionaram aos professores reflexões so-
escola de explicar, justificar e de transformar bre: O fazer pedagógico, sobre os fundamen-
a realidade, a educação busca oferecer ao tos norteadores do currículo e principalmente
educando maior autonomia intelectual, uma sobre o que se deve ensinar. E o que os edu-
ampliação de conhecimento e de acesso a in- candos precisam apreender para aprender?
formações numa perspectiva integradora do Os trabalhos desenvolvidos tiveram, como
educando com o meio. subsídios, os documentos existentes na Secre-
No contexto educacional de mudanças re- taria de Educação, norteados pela Proposta
lativas à educação como um todo e ao Ensino Curricular do Ensino Médio/2005, pelos PCN,
Médio especificamente a reorganização curri- pelos PCN+ e pelos referenciais nacionais. As
cular, dessa etapa do ensino, faz-se necessária discussões versaram sobre os Componentes
em prol de oferecer novos procedimentos que Curriculares constantes na Matriz Curricular
promovam uma aprendizagem significativa e do Ensino Médio, bem como sobre as refle-
que estimulem a permanência do educando xões acerca da prática pedagógica e do papel
na escola, assegurando a redução da evasão intencional do planejamento e da execução
escolar, da distorção idade/série, como tam- das ações educativas.
bém a degradação social desse cidadão. Os resultados colhidos nessas discussões
A ação política educacional de Reestrutu- estimularam a equipe a elaborar uma versão
ração da Proposta Curricular do Ensino Médio atualizada e ampliada da Proposta Curricular
foi consubstanciada nos enfoques educacio- do Ensino Médio, contemplando em um só
nais que articulam o cenário mundial, bra- documento as orientações que servirão como
sileiro e local, no intuito de refletir sobre os referência para as ações educativas dos profis-
diversos caminhos curriculares percorridos na sionais das quatro Áreas do Conhecimento.
formação do educando da Rede Estadual de Foi a partir dessa premissa que se perce-
Ensino Médio. beu a necessidade de refletir acerca do Currí-
Dessa forma, a fim de assegurar a cons- culo, da organização curricular, dos espaços e
trução democrática e a participação dos pro- dos tempos para que, dessa maneira, fossem
fessores da Rede Estadual de Ensino Médio, privilegiados, como destaques:
na Reestruturação do Currículo, a Gerência de
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Para que se chegasse a essa fundamen- gerais, e colegial, com duração de três anos,
tação pedagógica, filosófica, sociológica da que oferecia os cursos Clássico e Científico.
educação, foram concebidas e aperfeiçoadas O cenário político brasileiro de 1964,
Leis de Diretrizes e Bases da Educação Na- que culminou no golpe de Estado, determi-
cional. No contexto legislativo-educacional, nou novas orientações para a política edu-
destacam-se as Leis nº 4.024/61, 5.692/71 e cacional do país. Foram estabelecidos novos
9.394/96 que instituíram bases legais para a acordos entre o Brasil e os Estados Unidos da
educação brasileira como normas estrutura- América, dentre eles o MEC-Usaid. Constava,
doras da Educação Nacional. no referido acordo, que o Brasil receberia re-
Todavia, o quadro da educação brasileira cursos para implantar uma nova reforma que
nem sempre esteve consolidado, pois antes atendesse aos interesses políticos mundiais,
da formulação e da homologação das Leis objetivando vincular o sistema educacional
de Diretrizes e Bases, a educação não era o ao modelo econômico imposto pela política
foco das políticas públicas nacionais, visto norte-americana para a América Latina (ARA-
que não constava como uma das principais NHA, 2010). É no contexto de mudanças sig-
incumbências do Estado garantir escola pú- nificativas para o país, ocasionadas pela nova
blica aos cidadãos. conjuntura política mundial, que é promulga-
O acesso ao conhecimento sistemático, da a nova LDB nº 5.692/71. Essa Lei é gerada
oferecido em instituições educacionais, era no contexto de um regime totalitário, portan-
privilégio daqueles que podiam ingressar em to contrário às aspirações democráticas emer-
escolas particulares, tradicionalmente reli- gentes naquele período.
giosas de linha católica que, buscando seus Nas premissas dessa Lei, o ensino profis-
interesses, defendiam o conservadorismo sionalizante do 2.o grau torna-se obrigatório.
educacional, criticando a ideia do Estado em Dessa forma, ele é tecnicista, baseado no
estabelecer um ensino laico. modelo empresarial, o que leva a educação a
Somente com a Constituição de 1946, o adequar-se às exigências da sociedade indus-
Estado voltou a ser agente principal da ação trial e tecnológica. Foi assim que o Brasil se in-
educativa. A lei orgânica da Educação Primá- seriu no sistema do capitalismo internacional,
ria, do referido ano, legitimou a obrigação do ganhando, em contrapartida, a abertura para
Estado com a educação (Barbosa, 2008). Em o seu crescimento econômico. A implantação
meio a esse processo, e após inúmeras reivin- generalizada da habilitação profissional trou-
dicações dos pioneiros da Educação Nova e xe, entre seus efeitos, sobretudo para o ensino
dos intensos debates que tiveram como pano público, a perda da identidade que o 2.o grau
de fundo o anteprojeto da Lei de Diretrizes passará a ter, seja propedêutica para o Ensino
e Bases, é homologada a primeira LDB, nº Superior, seja a de terminalidade profissional
4.024/61, que levou treze anos para se con- (Parecer CEB 5/2011). A obrigatoriedade do
solidar, entrando em vigor já ultrapassada e ensino profissionalizante tornou-se faculta-
mantendo em sua estrutura a educação de tiva com a Lei nº 7.044/82 que modificou os
grau médio: ginasial, com duração de quatro dispositivos que tratam do referido ensino, no
anos, destinada a fundamentos educacionais 2.o grau.
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Pode-se dizer que o avanço educacional do rização dos Profissionais da Educação – Fun-
país estabeleceu-se com a Lei de Diretrizes e deb, que oferece subsídios a todos os níveis
Bases da Educação nº 9.394/96, que alterou da educação, inclusive ao Ensino Médio.
a estrutura do sistema educacional brasileiro Na atual Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
quando no Titulo II – Dos Princípios e Fins da cação, o Ensino Médio tem por finalidade pre-
Educação Nacional – Art. 2.o, declara: A edu- parar o educando para a continuidade dos es-
cação, dever da família e do Estado, inspira- tudos, para o trabalho e para o exercício da ci-
da nos princípios de liberdade e nos ideais de dadania, primando por uma educação escolar
solidariedade humana, tem por finalidade o fundamentada na ética e nos valores de liber-
pleno desenvolvimento do educando, seu pre- dade, justiça social, pluralidade, solidariedade
paro para o exercício da cidadania e sua qua- e sustentabilidade. As prerrogativas da Lei su-
lificação para o trabalho. pracitada acompanham as grandes mudanças
Essa Lei confere legalidade à condição do sociais, sendo, dessa forma, exigido da escola
Ensino Médio como parte integrante da Edu- uma postura educacional responsável, capaz
cação Básica, descrevendo, no artigo 35, os de forjar homens, não somente preparados
princípios norteadores desse nível de ensino: para integrar-se socialmente, como também
de promover o bem comum, concretizando a
O Ensino Médio, etapa final da educação afirmação do homem-cidadão.
básica, com duração mínima de três anos, Norteadas pela Lei de Diretrizes e Bases
terá como finalidades: I – a consolidação e da Educação, apresentam-se as Diretrizes
o aprofundamento dos conhecimentos ad- Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
quiridos no Ensino Fundamental, possibili- (Parecer CEB 5/2011), que tem como pres-
tando o prosseguimento de estudos; II – a supostos e fundamentos: Trabalho, Ciência,
preparação básica para o trabalho e a cida- Tecnologia e Cultura.
dania do educando, para continuar apren- Quando se pensa em uma definição para
dendo, de modo a ser capaz de se adaptar o conceito Trabalho, não se pode deixar de
com flexibilidade a novas condições de ocu- abordar a sua condição ontológica, pois essa é
pação ou aperfeiçoamento posteriores; III – condição imprescindível para a humanização
o aprimoramento do educando como pes- do homem. É por meio dele que se instaura o
soa humana, incluindo a formação ética e o processo cultural, ou seja, é no momento em
desenvolvimento da autonomia intelectual que o homem age sobre a natureza, transfor-
e do pensamento crítico; IV – a compreen- mando-a, que ele se constitui como um ser
são dos fundamentos científico-tecnológi- cultural. Portanto, o Trabalho não pode ser
cos dos processos produtivos, relacionando desvinculado da Cultura, pois estes se com-
a teoria com a prática, no ensino de cada portam como faces da mesma moeda. Sinte-
disciplina. tizando, pode-se dizer que o homem produz
sua realidade, apropria-se dela e a transfor
Com a incorporação do Ensino Médio à ma, somente porque o Trabalho é uma con-
Educação Básica, entra em vigor, a partir do dição humana/ontológica e a Cultura é o re-
ano de 2007, o Fundo de Manutenção e De- sultado da ação que possibilita ao homem ser
senvolvimento da Educação Básica e de Valo- homem.
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partindo do contexto social, o Currículo se faz teoria única, mas um conjunto de teorias e
presente em formas de organização da socie- saberes, ou seja, o Currículo, desatrelado do
dade. Dessa forma, podemos compreendê-lo aspecto de simples listagem de conteúdos,
como produto de um processo de conflitos passa a ser um processo constituído por um
culturais dos diferentes grupos de professores encontro cultural, de saberes, de conheci-
que o elaboram (LOPES, 2006). Lopes com- mentos escolares na prática da sala de aula,
preende, ainda, que é necessário conhecer local de interação professor e educando.
as várias formas de conceituação de Currículo Nesse sentido, cabe àqueles que condu-
que são elaboradas para nortear o trabalho zem os destinos do país, e, especificamente,
dos professores em sala de aula. Para Lopes aos que gerem os destinos da Educação no
(idem), o Currículo é elaborado em cada esco- Amazonas encontrar o melhor caminho para
la, com a presença intelectual, cultural, emo- o norteamento do que é necessário, conside-
cional, social e a memória de seus participan- rando a realidade local, a realidade regional
tes. É na cotidianidade, formada por múltiplas e a nacional. E, ainda, sem deixar de conside-
redes de subjetividade, que cada um de nós rar os professores, os gestores, os educandos,
forja nossas histórias de educandos e de pro- os pais e a comunidade em geral. Não basta,
fessores. apenas, a fundamentação teórica bem alicer-
Considerando a complexidade da história çada, mas o seu entendimento e a sua aplica-
do Currículo, não é possível conceber uma ção à realidade.
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ser; e nas Diretrizes Curriculares Nacionais – • Localizar, acessar e usar melhor a infor-
Parâmetros Curriculares Nacionais. Todos es- mação acumulada;
ses documentos enfatizam a necessidade de • Planejar, trabalhar e decidir em grupo.
centrar o ensino e a aprendizagem no desen-
volvimento de Competências e de Habilidades Concebe-se que uma pessoa é competen-
por parte do educando, em lugar de centrá-lo, te quando tem os recursos para realizar bem
apenas, no conteúdo conceitual. uma determinada tarefa, ou seja, para resol-
Como se pode comprovar, tanto o Ensino ver uma situação complexa. O sujeito está ca-
Fundamental quanto o Ensino Médio têm tra- pacitado para tal quando tem disponíveis os
dição conteudista. Na hora de falar de Com- recursos necessários para serem mobilizados,
petência mais ampla, carrega-se no conteúdo. com vistas a resolver os desafios na hora em
Não estamos conseguindo separar a ideia de que eles se apresentam. Nesse sentido, educar
Competência da ideia de Conteúdos, porque a para Competências é, então, ajudar o sujeito
escola traz para os educandos respostas para a adquirir as condições e/ou recursos que de-
perguntas que eles não fizeram: o resultado é verão ser mobilizados para resolver situações
o desinteresse. As perguntas são mais impor- complexas. Assim, educar alguém para ser um
tantes do que as respostas, por isso o enfo- pianista competente é criar as condições para
que das Diretrizes/Parâmetros nos conteúdos que ele adquira os conhecimentos, as habili-
conceituais, atitudinais e procedimentais, o dades, as linguagens, os valores culturais e os
que converge para a efetivação dos pilares da emocionais relacionados à atividade específica
Educação para o século XXI. Todavia, é hora de tocar piano muito bem (MORETTO, 2002).
de fazer e de construir perspectivas novas. As- Os termos Competências e Habilidades,
sim, todos nós somos chamados a refletir e a por vezes, se confundem; porém fica mais fá-
entender o que é um ensino que tem como cil compreendê-los se a Competência for vista
uma das suas bases as Competências e Habi- como constituída de várias Habilidades. Mas
lidades. uma Habilidade não “pertence” a determina-
O Ministério da Educação determina as da Competência, uma vez que a mesma Ha-
competências essenciais a serem desenvolvi- bilidade pode contribuir para Competências
das pelos educandos do Ensino Fundamental diferentes. É a prática de certas Habilidades
e Médio: que forma a Competência. A Competência é
algo construído e pressupõe a ação intencio-
• Dominar leitura/escrita e outras lingua- nal do professor.
gens; Para finalizar, convém dizer que esta Pro-
• Fazer cálculos e resolver problemas; posta caminha lado a lado com as necessida-
• Analisar, sintetizar e interpretar dados, des educacionais/sociais/econômicas/filosófi-
fatos, situações; cas e políticas do país, que não deixam de ser
• Compreender o seu entorno social e as do mundo global. Assim sendo, é interesse
atuar sobre ele; dos educadores preparar a juventude amazo-
• Receber criticamente os meios de co- nense para enfrentar os desafios que se apre-
municação; sentam no século XXI, daí ao conhecimento
fundado em Competências e Habilidades.
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rando sua complexidade. Por isso, a Física, Para o Ensino Médio do Estado do Amazo-
por exemplo, pode ser expressa em forma de nas, pensou-se em organizar os Componentes
poema, e a Biologia, que trata da vida dos se- Curriculares fundamentados nas diretrizes nor-
res, pode ser expressa em forma de música. teadoras desse nível de ensino, sem desconsi-
Somente assim o homem poderá falar de um derar as questões de cunho filosófico, psicoló-
homem mais humano, em uma perspectiva gico, por exemplo, que as mesmas implicam,
total, integradora. expressas pelo Ministério da Educação, consi-
Em Ciências Humanas e suas Tecnologias, derando a autonomia das instituições escola-
em que se encontra também a Filosofia, con- res e a aprendizagem dos educandos de modo
templam-se consciências críticas e criativas, efetivo. Os conteúdos apresentam-se por meio
com condições de responder de modo ade- de temas, os quais comportam uma bagagem
quado a problemas atuais e a situações novas, de assuntos a serem trabalhados pelos profes-
destacando-se a extensão da cidadania, o uso sores, conforme as especificidades necessárias
e a produção histórica dos direitos e deveres para cada nível de ensino. As Competências e
do cidadão e, ainda, considerando o outro em Habilidades expressam o trabalho a ser pro-
cada decisão e atitude. O importante é que o posto pelo professor quanto ao que é funda-
educando compreenda a sociedade em que mental para a promoção de um educando mais
vive, como construção humana, entendida preparado para atuar na sociedade. E os pro-
como um processo contínuo. Não poderia dei- cedimentos metodológicos, como sugestões,
xar de ser mais problemática a área de Ciên- auxiliam o professor nas atividades a serem
cias Humanas, pois ela trata do homem. Ten- experienciadas pelos educandos, ressaltando-
do o homem como seu objeto, ela traz para -se que se trata de um encaminhamento que
si muitos problemas, pois pergunta-se: Quem norteará a elaboração de um Planejamento
é o homem? Quem é este ser tão complexo Estratégico Escolar.
e enigmático? Estas são questões propostas Ressalta-se, também, que foram acrescen-
pela própria Área de Conhecimento de Ciên- tadas alternativas metodológicas para o ensi-
cias Humanas. Todavia, ela existe porque o ho- no dos Componentes Curriculares constantes
mem existe e é por isso que ela exige a forma- do Ensino Médio, no intuito de concretizar
ção e a atenção de profissionais competentes. esta Proposta, além de propiciar ao profes-
Considerando-se toda a problemática que a sor ferramentas com as quais poderá contar
envolve é que a atenção sobre a mesma é re- como um recurso a mais no encaminhamento
dobrada e que os cuidados são mais exigidos. de seu trabalho em sala de aula.
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O COMPONENTE CURRICULAR
INTEGRADOR DA MATRIZ DO
ENSINO MÉDIO
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esvaziados e substituídos por Educação Moral em quase todo o país, por meio das Secreta-
e Cívica, disciplina de cunho ufanístico e pa- rias de Educação do Estado e do Município,
triótico, cujo objetivo era legitimar o governo a reformulação das propostas curriculares em
militar implantado no país, em 1964. vigor, tendo como uma das preocupações a
o Com a democratização do país nos anos regionalização do ensino. Era o colocar em
80, começa-se a assistir o retorno da História prática o resultado de anos de crítica feita pe-
e da Geografia, mediante a nova realidade los profissionais do ensino, em particular os
vivida pelo país que apresentava uma inten- professores de História, por meio da Anpuh,
sa movimentação de ideias, de pessoas, mi- nos diversos encontros regionais e nacionais
grações dos campos em direção às cidades, desde os anos de 1970. Esses debates produ-
deslocamentos estaduais, a presença cada ziram reflexões importantes na qual avaliaram
vez mais marcante das novas tecnologias no a produção historiográfica anterior e propuse-
cotidiano das pessoas, a televisão, o rádio e os ram novos encaminhamentos expressos em
computadores. Enfim, a compreensão de uma obras como Repensando a História, História
o
realidade que não mais poderia ser ignorada em quadro-negro, O ensino de História e a
e, portanto, exigia sua entrada na sala de aula. criação do fato, para a pesquisa e o ensino
A nova realidade do país, ancorada por (JANOTTI, 2002, p. 45).
intenso debate entre os movimentos sociais Na educação, os professores de História,
que passaram a ser estudados por pesquisa- durante o regime militar, vivenciaram uma
dores universitários, ampliou o debate e con- separação acentuada da produção historio-
clamou os professores a assumirem um papel gráfica realizada nas universidades brasileiras
mais ativo diante das reformas curriculares, e a produção escolar, sendo que no período
minimizando, dessa forma, o papel e a influ- chamado de “abertura democrática” os pro-
ência dos técnicos em Educação. fessores do Ensino Médio e das universidades
iniciaram uma fase de reaproximação entre os
O reencontro com a democracia e a nova LDB dois níveis de ensino. O novo momento polí-
tico, marcado por críticas ao regime expres-
Brasil, início da década de 1980. O país sas em greves e reivindicações por melhores
finalmente encontra-se com a democracia, condições de trabalho e salários, indicava a
pondo fim a um longo período em que a so- necessidade de mudanças no plano educacio-
ciedade brasileira havia sido silenciada pelos nal visto que, na década de 70, grupos sociais
governos militares, no poder desde os anos oriundos das classes trabalhadoras passaram
de 1964. Historiadores, geógrafos, filósofos, a ocupar os bancos das escolas que, até en-
físicos, sociólogos, cientistas sociais, artistas, tão, haviam sido pensadas e organizadas para
trabalhadores e tantos outros profissionais setores privilegiados ou da classe média as-
em suas associações de classe vinham, desde cendente (BITTENCOURT, 2002, p. 13).
anos anteriores, reivindicando, de diversas O processo de discussão e a reforma cur-
formas, o encontro com o livre pensar. ricular tiveram continuidade agora diante de
Ao iniciar a década de 1980, os governa- uma nova realidade, com características dife-
dores eleitos, em sua maioria de oposição ao rentes das vivenciadas pelo Brasil da década
regime agonizante, começam a implementar, de 70, quando o governo militar propôs a pro-
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dade do debate historiográfico, que tem sido dos indivíduos, rearticulando a subjetividade
intenso, com abordagens diversas sobre an- ao fato de serem produtos de determinado
tigos temas e inclusão de novos objetos que tempo histórico, no qual as conjunturas e as
constituem as múltiplas facetas da produção estruturas estão presentes. A produção histo-
humana, e que se sustentam em uma plurali- riográfica, no momento, busca estabelecer diá-
dade de fundamentos teóricos e metodológi- logos com o seu tempo, reafirmando o adágio
cos. de que “toda história é filha do seu tempo”,
Essa renovação historiográfica pode ser da- mas sem ignorar ser fruto de muitas tradições
tada, a partir do final dos anos de 1920, com de pensamento (PCNEM, 1999, p. 300).
a história dos “Annales”. Sem dúvida, o fazer Dar conta da dimensão dessa relação é
historiográfico, a partir de então, tornou-se também uma responsabilidade do professor
muito mais complexo, tendo como resulta- no seu cotidiano escolar, comprometido com
do novas indagações sobre o funcionamento uma educação de melhor qualidade e imbuí-
das sociedades, integrando as multiplicida- do de compromisso social. Compromisso so-
des temporais, espaciais, sociais e culturais cial, aqui entendido, quando o professor tem
presentes em uma coletividade, favorecendo uma participação ativa e decisiva sobre o quê
estudos sobre a história das mentalidades na e o como ensinar. Ou seja, sobre o conteúdo
interpretação da realidade e das práticas so- e os métodos de ensino aliados à sua concep-
ciais (PCNEM, 1999, p. 300). ção teórica.
Desse desenvolvimento histórico, enfo- Mas é bom deixar claro também para que
cando as questões que os homens iam expe- esses esforços deem certo, é necessário o
rimentando no seu cotidiano, a História foi desenvolvimento de algumas Competências
refinando seus instrumentais na busca de dar a serem adquiridas pelo educando como as
conta das novas dimensões da realidade que ligadas à leitura, análise, contextualização e
nem sempre respondiam, a contento, a todas interpretação das diversas fontes e testemu-
as interrogações, posto que deixava de fora nhos das épocas passadas – também do pre-
da explicação histórica sujeitos importantes sente. Ao exercitar essas competências, temos
na construção da trama histórica. Inseri-los na a clareza de que não estamos constrangendo
explicação histórica passou a ser desafio de nenhum professor a adotar uma determinada
muitos historiadores. Assim, com o afã de in- concepção teórica e/ou metodológica.
troduzir os “vencidos”, as “minorias”, os fatos Com essas preocupações, julgamos que
cotidianos, a História vem construindo novos o educando, no Ensino Médio, seja capaz de
percursos desde inícios do século XX. aprofundar as noções de temas antes discuti-
A História social e cultural tem se imposto dos no Ensino Fundamental, como a constru-
de maneira a rearticular a História econômica e ção dos laços de identidade e a consolidação
a política, possibilitando o surgimento de vozes da formação de cidadania, diferença, e de
de grupos e de classes sociais antes silencia- semelhança, além de ampliar e consolidar as
dos. Mulheres, crianças, grupos étnicos diver- noções de tempo histórico (PCNEM, 1999, p.
sos têm sido objeto de estudos que redimen- 302).
sionam a compreensão do cotidiano em suas Portanto, a proposta de reestruturação
esferas privadas e políticas, a ação e o papel curricular da disciplina História, da área de
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA 39
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
40 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
1ª Série
Objetivos específicos:
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
Eixo Temático: Da fragilidade do homem à aurora do mundo moderno
• Compreender a importância • Identificar os diversos pontos de Estudo da História: a História antes • Realizando leituras de historiadores e de
da História na explicação das vista acerca da História como ciência; da escrita e as sociedades do antigo arqueólogos;
transformações da sociedade e • Analisar o desenvolvimento cultural oriente • Discutindo ideias acerca da História como
as discussões científicas sobre do homem e sua relação com a ciência;
o surgimento do homem nas natureza;
diversas partes do mundo; • Introdução ao estudo da História • Visitando museus in loco e on-line;
• Conhecer a origem da humanidade • Para que serve a História? • Analisando documentos de época,
• Compreender as transformações por meio de diferentes explicações;
dos espaços geográficos • Discussões em torno da pré-história imagens de artefatos e vídeos de
como produto das relações • Caracterizar e diferenciar os escavações arqueológicas;
povoadores de origem asiática e • A formação das sociedades orientais:
socioeconômicas e culturais de • Interpretando, em textos, as diferentes
poder. de origem africana, confrontando explicações sobre a origem da
interpretações distintas sobre suas - As sociedades egípcia, mesopotâmica, humanidade;
identidades; fenícia, hebraica e persa • Interpretando, historicamente e/ou
• Conhecer as explicações históricas • O povoamento da América, do Brasil geograficamente, fontes documentais
1 º BIMESTRE
sobre as sociedades orientais, e a e da Amazônia acerca de aspectos da cultura;
memória destas, na antiguidade;
• Analisando, por meio de textos, as
• Identificar as manifestações da explicações da arqueologia acerca da
diversidade do patrimônio cultural e presença do homem no continente
artístico em diferentes sociedades; americano;
• Analisar o significado da religião e • Interpretando as explicações históricas e
sua relação com o poder; a produção da memória nas sociedades
• Identificar os elementos que orientais da antiguidade;
propiciaram a formação do Estado • Associando as manifestações culturais do
nas sociedades da antiguidade tempo presente aos processos históricos
oriental. dos diferentes povos da antiguidade;
• Analisando a produção de filmes
históricos sobre o período.
HISTÓRIA
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
41
42
DO ENSINO MÉDIO
COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
PROPOSTA CURRICULAR
• Utilizar os conhecimentos • Reconhecer os elementos O nascimento do mundo ocidental • Realizando leituras de estudiosos da História;
históricos para compreender históricos que embasam nosso • O público e o privado no mundo • Analisando fragmentos de documentos de
e valorizar os fundamentos da universo mental e que têm raízes antigo: as polis e a participação época;
cidadania e da democracia, na chamada cultura ocidental; política na sociedade grega
favorecendo uma atuação • Analisando filmes de época;
• Identificar os motivos que • No tempo das demos: a cidadania
consciente do indivíduo na possibilitaram o desenvolvimento • Realizando fichamentos de textos históricos;
sociedade. restrita
do pensamento racional entre os • Analisando, criticamente, as condições
povos gregos; • As formas de governo: a históricas que possibilitaram a formação de
democracia, a tirania e a uma sociedade escravista e das polis;
• Analisar os conflitos históricos, aristocracia
culturais, sociais, políticos e • Identificando, por meio de leitura de textos,
econômicos que contribuíram • A produção cultural grega: ciência as condições que favoreceram os levantes
para a formação de sociedades e filosofia sociais nas sociedades da Antiguidade
escravistas e das polis; • A sociedade romana: patrícios, Clássica;
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
• Analisar a atuação dos movimentos plebeus e escravos • Analisando as diferentes formas de governo
2 º BIMESTRE
sociais que contribuíram para • As instituições políticas: da como resposta aos graves problemas sociais;
mudanças ou rupturas em realeza à República • Destacando, em textos, os aspectos históricos
processo de disputa de poder • O mundo do trabalho na Roma da difusão da cultura grega;
nas sociedades da Antiguidade antiga: A crise agrária • Analisando, de modo comparado, o
Clássica;
• A construção de um império e a significado das cidades-Estado na Grécia e no
• Compreender a formação crise do mundo romano Império Romano;
das cidades-Estados e as
• O nascimento do cristianismo • Identificando, no tempo presente, a herança
contradições que possibilitaram
• Aspectos culturais da sociedade cultural legada pelos povos greco-latinos;
a desestruturação do Império
Romano. romana • Construindo maquetes das cidades do mundo
antigo;
• Desenvolvendo trabalho interdisciplinar sobre
a realidade do mundo antigo, culminando
com exposições.
COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
• Compreender os elementos • Reconhecer o percurso histórico que O mundo medieval • Realizando leituras de estudiosos da
culturais que constituem as possibilitou o surgimento e a ruralização do • Um mundo em transição História;
identidades; mundo feudal; • Realizando fichamentos de textos
• Os reinos germânicos e a
• Compreender a sociedade • Analisar o caráter precário dos reinos formação do mundo medieval históricos;
e a natureza, reconhecendo germânicos; • Redigindo textos históricos, a partir da
suas interações no espaço em • Expansão árabe e a cultura
• Analisar os percursos históricos advindos com mulçumana leitura de paradidáticos;
diferentes contextos históricos a divisão do Império Romano;
e geográficos. • O mundo feudal: as relações • Analisando documentos de época;
• Analisar o significado do declínio das cidades socioeconômicas dos feudos • Analisando filmes sobre a temática;
no mundo medieval;
• O mundo cristão e as Cruzadas • Ouvindo músicas do período;
• Identificar o processo histórico que
possibilitou a expansão da cultura islâmica; • O renascimento comercial e • Realizando competições entre grupos e
urbano entre classes;
• Analisar as estruturas econômicas e políticas
A cultura no mundo medieval • Analisando, por meio de imagens, a
da sociedade feudal;
estrutura produtiva do mundo feudal;
• Analisar os fatores determinantes que
possibilitaram as Cruzadas; As primeiras sociedades • Identificando, em mapas, as rotas
americanas comerciais.
• Analisar o significado do Renascimento
3 º BIMESTRE
urbano; • Sociedades da Mesoamérica,
• Analisar o significado da fé cristã e o papel da América Central e Andina
Igreja no mundo medieval; • Sociedades indígenas da
• Identificar as contradições no mundo Amazônia: a formação das
medieval que levaram à sua dissolução; sociedades complexas
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
43
44
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
• Compreender a produção • Analisar o significado das mudanças O nascimento do mundo moderno • Realizando leituras de estudiosos da
e o papel histórico das ocorridas na Europa Ocidental, na • Renascimento: uma nova História;
instituições sociais, políticas chamada época moderna; sociedade • Analisando documentos de época;
e econômicas, associando- • Analisar o significado histórico do
as aos diferentes grupos, • A formação dos Estados nacionais • Analisando filmes sobre a temática;
Renascimento; e a expansão marítima
conflitos e movimentos • Analisando, criticamente, biografias de
sociais. • Analisar o processo de formação dos • A formação do mundo capitalista personagens históricos;
Estados nacionais e suas principais
características; • Os europeus no Novo Mundo e • Pesquisando as doutrinas religiosas do
as várias “áfricas” mundo moderno;
• Compreender o significado da expansão
marítima e sua relação com o processo • O Estado Moderno: centralização • Pesquisando a arquitetura náutica e as
inicial de formação do capitalismo; e conflitos condições de salubridade existentes no
• Reformas religiosas. tráfico negreiro;
• Analisar o impacto cultural e
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
4 º BIMESTRE
demográfico ocasionado pelo “encontro
de mundos”; cultura africana anterior à expansão
marítima.
• Identificar os processos de centralização
presente nos Estados Modernos;
• Identificar as contradições presentes que
possibilitaram as Reformas religiosas e a
expansão do protestantismo;
• Analisar como a expansão marítima
europeia inseriu os povos das várias
áfricas no tráfico transatlântico;
• Diferençar o tipo de escravidão existente
na África e o tipo implantado nas
Américas.
HISTÓRIA 45
2ª Série
Objetivos específicos
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
46
• Compreender a produção • Identificar as diferentes formas da O Mundo Colonial e suas sociedades • Realizando leituras de historiadores;
e o papel histórico das colonização europeia no mundo • O império hispânico e a colonização • Analisando documentos de época, como
DO ENSINO MÉDIO
instituições sociais, políticas transatlântico; na América portuguesa manuscritos, cartográficos e iconográficos;
e econômicas, associando-
PROPOSTA CURRICULAR
• Compreender a atuação dos Estados • A política do mercantilismo • Analisando filmes, a partir de roteiros
as aos diferentes grupos, nacionais no processo de conquista
conflitos e movimentos • África e o tráfico atlântico previamente construídos;
das Américas;
sociais. • A Conquista da Amazônia (XVI-XVIII): • Descrevendo as convivências e recriações de
• Identificar as diferentes sociedades sociedades no mundo colonial;
coloniais oriundas do encontro de a estruturação administrativa e as
culturas; políticas indigenistas • Visitando comunidades com tradição afro-
• A Igreja na Amazônia: da hegemonia descendente;
• Analisar a organização administrativa
portuguesa estruturada em dois missionária ao fortalecimento do • Interpretando mapas históricos dos
Estados distintos, o Estado do Brasil clero secular e a atuação inquisitorial impérios coloniais nas Américas;
e do Maranhão; • Interpretando mapas sobre a ampliação das
• Identificar o papel das técnicas fronteiras na América portuguesa;
e tecnologias na organização do • Construindo textos sobre as rebeliões
trabalho nas sociedades coloniais; negras na América portuguesa;
• Analisar o significado das várias
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
1 º BIMESTRE
• Comparar o processo de colonização
hispânico e português na América.
COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
• Reconhecer as diversas formas • Analisar as manifestações sociais A crise do Absolutismo e do sistema • Realizando leituras de historiadores;
de pensamentos anteriores e suas relações com a crise do mercantilista • Analisando documentos de época,
e o impacto das mesmas na Absolutismo; • O Iluminismo entre eles manuscritos, cartográficos e
contemporaneidade. • Avaliar o impacto do pensamento iconográficos;
• Absolutismo
iluminista nas sociedades do Antigo • Analisando filmes a partir de roteiros
Regime; • O Império luso-brasileiro em tempos
de crise previamente construídos;
• Reconhecer o império luso-brasileiro • Analisando, criticamente, biografias de
sob os influxos do despotismo • A ditadura de Pombal e suas
reformas: personagens históricos;
esclarecido;
- A criação e implantação da • Realizando seminários sobre os
• Avaliar o significado e o impacto das processos revolucionários;
medidas adotadas por marquês de Capitania de São José do Rio Negro
2 º BIMESTRE
Pombal no império português; - Os indígenas sob o Diretório • Construindo painéis temáticos sobre os
processos revolucionários;
• Identificar as forças sociais - Os tratados de Madri e de Santo
que promoveram as mudanças Idelfonso • Analisando, por meio de textos, a
revolucionárias na Europa e América; conjuntura política que culminou
• Revoluções Burguesas: Inglaterra e nos processos de independência nas
• Avaliar o impacto da Revolução França Américas;
Americana e do Haiti e as razões • Revoluções e Independências nas
para as suas eclosões; • Realizando trabalho interdisciplinar sobre
Américas o pensamento iluminista.
• Avaliar a conjuntura histórico-
política que possibilitou os processos
de independências na América
hispânica e portuguesa.
HISTÓRIA
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
47
48
• Entender as transformações • Identificar, em fontes diversas, O mundo da indústria • Realizando leituras de historiadores;
técnicas, tecnológicas e seu o processo de ocupação dos • A Revolução Industrial e a • Analisando documentos de época, como
impacto nos processos de meios físicos e as relações da vida
DO ENSINO MÉDIO
expansão do capitalismo manuscritos, cartográficos e iconográficos;
produção no desenvolvimento do humana com a paisagem;
• O Império do Brasil e sua • Realizando leitura de textos históricos,
PROPOSTA CURRICULAR
conhecimento e na vida social; • Reconhecer a importância dos formação literários e filosóficos, analisando
• Compreender os fatores valores éticos na estruturação as diferentes abordagens sobre o
sociopolíticos que possibilitaram política das sociedades; • O processo de incorporação da
Amazônia ao Império do Brasil: desenvolvimento do capitalismo;
a emergência das democracias • Relacionar as inovações
modernas, relacionando-os com a - A constituição da Província • Selecionando, em textos, argumentos
tecnológicas no capitalismo com favoráveis ou contrários às modificações
vida em sociedade. a nova divisão internacional do do Pará e a Comarca do Alto
Amazonas impostas pelas novas tecnologias à vida
trabalho; social e ao mundo do trabalho;
• Entender a formação do império - A Província do Amazonas e a
economia extrativista • Realizando trabalho interdisciplinar com
brasileiro, relacionando-o Língua Portuguesa (literatura) e as disciplinas
às tentativas de restauração • O Brasil no tempo da Regência da área de Ciências Humanas sobre os
absolutista na Europa; • As revoltas escravas no Brasil movimentos dos trabalhadores na Europa;
• Compreender a implantação do • As Repúblicas americanas • Analisando, em textos, as condições
regime republicano nas Américas
3 º BIMESTRE
• O nacionalismo na Europa históricas que culminaram na irrupção do
a partir dos diferentes interesses e nacionalismo;
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
• Compreender os processos • Compreender o significado do O mundo burguês em expansão • Realizando leituras de historiadores;
de planetarização e de imperialismo como decorrência • O imperialismo em questão: A • Analisando documentos de época, como
territorialização no uso das do processo de consolidação do partilha da Ásia e da África manuscritos, cartográficos e iconográficos;
matérias-primas, oriundos do capitalismo;
• A expansão norte-americana • Analisando, em textos, o imperialismo na
avanço tecnológico, inerentes • Identificar os diferentes processos de
• A ciência em marcha e as novas Ásia e na África;
ao desenvolvimento capitalista; produção, de circulação de riquezas e
tecnologias • Comparando o expansionismo norte-
• Entender o processo histórico suas implicações socioespaciais;
• A belle époque e seus americano com os países imperialistas
de neocolonização e os • Avaliar o papel dos viajantes e
desdobramentos no Brasil europeus;
conflitos decorrentes entre os naturalistas na consolidação do
impérios na disputa por novas capitalismo; • A belle époque Amazônica: • Criando painéis explicativos sobre a
áreas a conquistar; escalada imperialista no mundo;
• Compreender o significado do regime • Apogeu da economia gumífera e
• Compreender o processo de republicano e o início do processo de a transformação das cidades do • Realizando trabalho interdisciplinar sobre
crise do sistema oligárquico, construção da cidadania no Brasil; Norte o desenvolvimento científico no tempo dos
relacionando-o à ascensão impérios;
• Identificar a atuação dos partidos • Política, economia e conflitos
de novas forças políticas e • Discutindo sobre os direitos sociais e a luta
políticos, o processo eleitoral na sociais na Primeira República: o
econômicas. pela cidadania no Brasil;
república oligárquica e os limites da modelo político, as riquezas (café
cidadania no período; e borracha) • Identificando, em textos, a construção do
• Avaliar o impacto das revoltas do • O Amazonas e as crises políticas novo ideal republicano com as revoltas
da Primeira República ocorridas;
povo na consolidação do regime
republicano; • Revoltas do povo • Discutindo os novos ideais republicanos e os
4 º BIMESTRE
limites de suas propostas.
• Avaliar o movimento dos • O mundo urbano: os
trabalhadores na república na trabalhadores e suas lutas • Relacionando as tendências ideológicas dos
construção de uma sociedade trabalhadores à ampliação dos direitos pela
• O movimento modernista e a cidadania;
democrática;
Revolução de 1930
• Relacionar o movimento modernista • Construindo textos sobre a belle époque
com a busca da nacionalidade na amazônica;
defesa de um Estado forte; • Realizando debates sobre as ideias
• Analisar a sociedade e a economia modernistas e sua relação com a Revolução
no extremo norte no período da belle de 1930;
époque; • Analisando filmes e documentários, a partir
• Analisar as lutas sociais que de roteiros previamente construídos.
culminaram na eclosão da Revolução
de 1930;
• Reconhecer o significado da arte e da
literatura na belle époque, seu papel
na consolidação do modo de vida
burguês de sociedade;
• Avaliar o desenvolvimento da ciência
HISTÓRIA
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
49
50 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
3ª Série
Objetivos específicos
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
Eixo Temático: Um mundo estilhaçado: Revoluções, guerras e os desafios do novo milênio
• Compreender a produção e o • Reconhecer a conjuntura político- Revoluções e Guerras • Realizando leituras de historiadores;
papel histórico das instituições econômica existente, na Europa, • A Primeira Guerra Mundial e o • Analisando documentos de época como
sociais, políticas e econômicas, às vésperas da eclosão da Primeira declínio da Europa manuscritos, cartográficos e iconográficos;
associando-as à busca do Guerra;
diálogo necessário entre povos • Da Revolução Russa ao stalinismo • Construindo textos analíticos sobre a
• Identificar os motivos que levaram o Revolução Russa;
e nações; mundo a viver numa “paz armada”; • O entre guerras e a ascensão dos
• Analisar o papel das instituições Estados Unidos da América • Analisando filmes sobre o Império
• Compreender a conjuntura política americano;
em tempos de crise, que viabilizou a Revolução Russa; • Democracia em xeque: nazismo
relacionando-o à busca de e fascismo • Construindo textos sobre a política
entendimentos e de soluções • Entender o período entre guerras, econômica dos países socialistas;
analisando a produção cultural e a • A Segunda Guerra Mundial: o
dos problemas transnacionais, nazismo domina a Europa • Avaliando a produção cultural que emergiu
experimentados por povos ascensão dos Estados Unidos como
potência mundial; • Novas possibilidades de no mundo entre guerras;
e nações que emergiram do
• Avaliar o impacto da crise de 1929 interpretar o mundo: as artes • Debatendo sobre a crise da economia
novo rearranjo geopolítico
na crença da economia liberal; liberal;
internacional.
• Compreender a emergência e a • Interpretando textos de dramaturgos e
1 º BIMESTRE
conjuntura política do nazi-fascismo cineastas sobre a ascensão do nazismo;
contrapondo-se aos regimes • Comparando, por meio de leitura de textos,
democráticos; a ideologia do nazismo e do fascismo;
• Avaliar o papel das instituições que • Analisando, em mapas, as fronteiras do
surgiram após os conflitos mundiais; nazi-fascismo;
• Avaliar o significado da geopolítica • Organizando grupos de debates sobre a
que emergiu no pós-guerra. política nazi-fascista que levou à eclosão da
Segunda Guerra Mundial;
• Comparando, em mapas, as mudanças
geopolíticas do pós-guerra;
• Trabalhando de modo interdisciplinar, tendo
como tema central os regimes totalitários;
• Realizando seminários sobre o significado
das instituições criadas no pós-guerra.
HISTÓRIA
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
51
52
DO ENSINO MÉDIO
• Compreender a crise • Relacionar as medidas políticas O mundo Pós-Guerra: Descolonização • Construindo textos sobre o período Vargas;
PROPOSTA CURRICULAR
oligárquica, associando-a à do governo Vargas com a e Guerra Fria I • Realizando exposições de painéis sobre as
emergência e à participação de ascensão do nazi-fascismo; • A Era Vargas – do governo provisório principais medidas da Era Vargas;
novas forças políticas, no Brasil, • Identificar as ambiguidades da ao Estado Novo
em defesa de um projeto • Pesquisando, em textos históricos, o
política econômica nacionalista • A política da Era Vargas para o surgimento da Guerra Fria;
político nacional estatista; no governo Vargas; Extremo Norte – a marcha para o • Comparando, por meio de textos, a conjuntura
• Analisar os avanços e • Compreender o contexto Oeste e a “ocupação dos espaços
os recuos da cidadania, político-econômica que possibilitou as
mundial que emergiu a partir da vazios”; revoluções chinesa e cubana;
levando em consideração Guerra Fria;
os direitos sociais, os • Os Acordos de Washington e a • Contextualizando o processo de
trabalhistas, o direito ao voto • Avaliar o significado da corrida “redenção da Amazônia” descolonização da Ásia e da África;
e ao cerceamento dos direitos espacial como componente da • Superintendência de Valorização
Guerra Fria; • Discutindo a cidadania na construção e na
políticos e civis; Econômica da Amazônia – Spvea manutenção de uma sociedade democrática;
• Compreender a nova política • Analisar a conjuntura político- • O Estado e a classe trabalhadora no
econômica que possibilitou as • Discutindo, a partir da mídia, os diferentes e
internacional, oriunda do Brasil complexos problemas enfrentados pelos povos
revoluções socialistas;
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
pós-guerra, associando-a • A nova ordem mundial e a Guerra que vivem no Oriente Médio;
2 º BIMESTRE
à crise da economia liberal • Identificar o processo de Fria
descolonização dos continentes • Relacionando os segmentos sociais, as
e ao surgimento de novas
asiático e africano; • A revolução e o socialismo na China diferentes manifestações culturais num mundo
forças políticas no cenário
• Os caminhos do Vietnã: a influência em conflito;
internacional. • Analisar e identificar o papel
das instituições, como mediador socialista (Norte) e a capitalista (Sul) • Analisando, por meio de textos, as principais
político, econômico social e • A Revolução Cubana e a Doutrina de características da Revolução Iraniana;
cultural dos conflitos do mundo Segurança Nacional • Realizando debates sobre o Oriente Médio
contemporâneo. • A corrida espacial e a cultura no como questão de interesse internacional.
pós-guerra • Identificando, em documentários, o conflito
• O Terceiro Mundo: A descolonização árabe-israelense e as sucessivas tentativas
da Ásia e da África frustradas de soluções;
• O Oriente Médio e seus impasses: o • Analisando roteiros de filmes sobre a
Estado de Israel e o conflito árabe- contracultura e os direitos civis;
israelense
• Em nome do Corão: A Revolução
Iraniana
COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
• Compreender a nova política • Analisar os percursos trilhados O mundo do Pós-guerra: • Interpretando textos de historiadores e de
internacional, oriunda do pós- pelos países da América Latina no Descolonização e Guerra Fria II ciências afins;
guerra, a crise da economia pós-guerra; • A América Latina no contexto do • Analisando a nomenclatura “Terceiro Mundo”
liberal, e os percursos políticos • Comparar os diversos graus do pós-guerra no contexto da Guerra Fria;
e econômicos trilhados pelos nacional desenvolvimentismo e
países da América Latina; • Nacionalismo e • Construindo textos sobre a América Latina no
o militarismo que ocorreram na desenvolvimentismo pós-guerra;
• Entender a importância da América Latina;
participação popular e o • O Brasil e a República democrática • Avaliando a experiência democrática anterior
• Compreender a crise do Estado à tomada do poder pelos militares;
fortalecimento das instituições Novo e os tempos democráticos • Brasil: a República dos generais
como condição necessária à que o sucederam; • O Regime militar e os grandes • Relacionando o nacional desenvolvimentismo
vida democrática; projetos para o Extremo Norte: e o militarismo na América Latina;
• Analisar o papel dos movimentos
• Compreender a importância sociais e a conjuntura política - Desenvolvimentismo • Pesquisando a conjuntura política e os
dos projetos do governo central anterior ao golpe militar; movimentos populares às vésperas do golpe
- Integração nacional militar;
para o desenvolvimento da
Amazônia. • Reconhecer os movimentos - Conflitos pela terra
3 º BIMESTRE
culturais e sua relação na busca da • Relacionando a crise do regime militar com o
- A Zona Franca de Manaus avanço dos movimentos sociais;
identidade amazônica;
• Identificar o crescimento • Discutindo a cidadania na construção e na
econômico do Brasil no auge do manutenção de uma sociedade democrática
regime militar; no contexto brasileiro;
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
53
54
• Reconhecer os fundamentos da • Selecionar argumentos pró ou Novo milênio, novos desafios • Trabalhando, interdisciplinarmente, em
cidadania e da democracia, nas contra as modificações impostas • Tempos de crise e a revolução textos sobre os desafios da revolução
sociedades contemporâneas, para pela adoção de novas tecnologias à técnico-científica técnico-científica;
DO ENSINO MÉDIO
a construção de uma sociedade vida social e ao mundo do trabalho; • Participando, em seminários, sobre a
ética; • A contracultura
PROPOSTA CURRICULAR
• Comparar os novos métodos contracultura num mundo em crise;
• Conhecer diferentes estratégias de trabalho implantados no • A conquista dos direitos civis
• Construindo textos sobre o direito às
que promovam mecanismos capitalismo no pós-guerra; • Brasil: reencontro com a diferenças;
de inclusão social no mundo • Relacionar as tecnologias aos democracia
contemporâneo; • Construindo seminários sobre o viver num
impactos socioambientais, em • A era neoliberal país democrático;
• Relacionar as transformações diferentes contextos histórico- • A globalização e a nova ordem
técnicas e tecnológicas que geográficos; • Debatendo sobre as crises ambientais e o
mundial futuro do planeta;
impuseram novas formas de • Analisar as reformas em curso nos
convivência em sociedade. países socialistas e suas relações • Analisando filmes sobre os direitos civis.
com o mundo globalizado;
• Comparar os distintos movimentos
sociais e culturais em diferentes
contextos histórico-geográficos;
• Avaliar o significado dos
4 º BIMESTRE
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
movimentos sociais e da
participação popular na
consolidação do regime
democrático brasileiro;
• Entender a nova divisão
internacional do trabalho,
resultante da integração entre os
países no mundo globalizado;
• Reconhecer a função dos recursos
naturais na produção do espaço
geográfico, relacionando-os com as
mudanças provocadas pelas ações
humanas;
HISTÓRIA 55
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
56 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA 57
PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
58 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
pretensamente verdadeira, e estória, para nem todos são historiadores. Caberá ao pro-
designar uma narrativa inverídica. fessor estabelecer essa diferenciação, afinal
A escrita da História como disciplina o que torna a História um campo disciplinar
agrega, de uma só vez, os outros dois sig- específico e a distancia da simples narração
nificados (de história das pessoas e da nar- de fatos ocorridos?
rativa) sem lhes tirar a identidade. No en-
tanto, a escrita da História não se dá pelo O que é História?
simples ajuntamento de acontecimentos.
Existem regras que dizem respeito ao mé- O francês Marc Bloch (1886-1944), durante
tier (trabalho) do historiador, que o espe- a Segunda Guerra Mundial, escreveu um ensaio
cializam e o diferenciam de um contador seminal sobre o conhecimento histórico. O livro
de histórias amador. Apologia da História ficou inacabado porque
A História em questão é uma disciplina Bloch foi executado em 1944 durante a ocupação
que teve suas bases conceituais funda- alemã na França. Mesmo assim, foi publicado e
mentadas ao longo do século XIX e é im- é, até hoje, uma das obras fundadoras da histo-
portante para todo professor, historiador riografia contemporânea. Nele, Bloch discute as
ou estudante de História saber diferen- especificidades do conhecimento da História e
ciar o campo de conhecimento, da utiliza- enfatiza a sua importância como uma ciência em
ção cotidiana da palavra história, porque, contínua construção:
além de homônimas, as designações con- Diz-se algumas vezes: ‘A História é a
vergem também em vários aspectos. Sem- ciência do passado’. É [no meu modo de
pre que falamos de história, estamos nos ver] falar errado. [Pois, em primeiro lugar],
referindo ao que já aconteceu, mas que a própria ideia de que o passado, enquanto
é sempre revisto por meio de interpreta- tal possa ser objeto de ciência, é absurda.
ções e reelaborações conforme as per- Como, sem uma decantação prévia, pode-
guntas que cada época faz. Embora toda ríamos fazer de fenômenos que não têm
vez que falamos em história tenhamos o característica comum a não ser não terem
passado como objeto principal, o campo sido contemporâneos, matéria de um co-
disciplinar da História possui regras bem nhecimento racional? [ ... ]
delimitadas para produzir um discurso so- Sem dúvida, nas origens da historiogra-
bre o que já se passou. fia, os velhos analistas não se constrangiam
Não há um conceito único de histó- nem um pouco com tais escrúpulos. Narra-
ria, tampouco um significado que consiga vam, desordenadamente, acontecimentos
abarcar todos os sentidos que a palavra cujo único elo era terem se produzido mais
pode assumir no dia a dia das pessoas. O ou menos no mesmo momento: os eclipses,
importante é estabelecermos diferencia- as chuvas de granizo, a aparição de espan-
ções que consigam tornar clara uma questão tosos meteoros junto com batalhas, trata-
fundamental: a História como campo dis- dos, mortes de heróis e dos reis. Mas nessa
ciplinar diferencia-se de outros tipos de primeira memória da humanidade, confusa
história, porque apresenta técnicas e méto- como a percepção de um bebê, um esforço
dos próprios. Apesar de todos terem história, constante de análise pouco a pouco ope-
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HISTÓRIA 59
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60 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
que serão escolhidos. Durante algum tempo, objetos a partir das tendências teórico-meto-
acreditou-se que a História quantitativa era a dológicas vigentes. Se no fim do século XIX, na
maneira mais “correta” de escrever a História. França, havia o predomínio da chamada Esco-
Dentro dessa perspectiva, foram produzidos la Metódica, a partir dos anos 1940 tornou-se
vários trabalhos. Mas a partir de um debate cada vez mais clara a influência dos Annales,
e da valorização de novos enfoques, os tra- propondo novas formas de utilização de fon-
balhos passaram a dar menos importância à tes e de concepções do tempo. Dentro dos
análise quantitativa e puderam formular no- Annales, é possível encontrar outras correntes
vas formas de escrita, estudar novas temáti- com enfoques diferenciados. A Micro-História,
cas, sempre de acordo com as tendências em a Nova História Política e a História Cultural
voga. Embora a História tenha buscado outras também são vertentes historiográficas que
formas de análise, os trabalhos quantitativos propõem ângulos de visão diferenciados sobre
não perderam seu valor explicativo e sua rele- o passado. Como já foi dito, as correntes his-
vância historiográfica. Examinar a História não toriográficas não devem ser entendidas como
pressupõe fornecer visões mais verdadeiras portadoras de verdades históricas. Seu exercí-
que as anteriores, mas compreender as per- cio é o da aproximação, da tentativa de forne-
guntas que foram importantes no momento cer uma versão ou leitura mais fidedigna do
de elaboração do trabalho. vivido, uma vez que a verdade absoluta é, por
Cabe ao estudo da historiografia, para que definição, inalcançável a qualquer historiador.
possamos entender o funcionamento da pró- Estudar a “História da História” ajuda a
pria disciplina, conhecer as circunstâncias e as entender como o discurso historigráfico não
redes de poder em que os historiadores esta- é neutro, e, sim, sustentado por verdades pro-
vam inseridos quando produziram uma narra- visórias, sempre sujeitas a reavaliações, fato
tiva histórica. É por meio da historiografia que que demonstra de maneira inegável que o
os especialistas conseguem perceber quais passado não é um assunto encerrado e mor-
as concepções de História vigentes, quais as to. Pelo contrário, tem por pressuposto ser
metodologias e quais os aspectos de recupe- capaz de ler a História feita por profissionais
ração do passado estão em voga num deter- também como objeto de crítica e análise: é
minado momento. preciso levar em consideração o contexto em
Questões fundamentais em certas épocas que foi escrita, onde e por quem.
são negligenciadas em outras. O predomínio
das fontes escritas deu lugar às inúmeras pos- Por que reescrever a História?
sibilidades de documentos para a análise do
historiador. Somente pelo estudo desses vá- No trecho a seguir, o historiador brasilei-
rios aspectos é possível entender o porquê de ro José Carlos Reis discute a relação entre
determinadas visões, ou a ausência de discus- passado e presente na construção do conhe-
são sobre certos assuntos. cimento histórico. Por que uma análise, tra-
Quando dizemos que uma historiografia dicionalmente aceita, sofre com frequência
está superada, temos por orientação certos alterações e muitas vezes chega a ser aban-
núcleos de pesquisa que funcionam como donada? Por que os historiadores repensam
referência. Os historiadores repensam seus suas análises? Existe uma verdade histórica
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HISTÓRIA 61
definitiva? Apoiando-se em textos de diversos mentação uns dos outros. A História é capaz
historiadores, Reis lembra que toda leitura do de recuperar tecnicamente os eventos com al-
passado é irremediavelmente afetada pelo guma segurança. Mas a questão da verdade
presente. Também, por isso, a ideia de uma histórica está no juízo que é feito desses fatos.
verdade única e definitiva não é válida para as Que juízo de valor atribuir-lhes? A teoria da
ciências humanas: História é que sustenta o sentido dos fatos e
A representação do passado é incontorna- fontes. A História vai além dos fatos e fontes.
velmente afetada pelo tempo. [ ... ] O passa- Estruturas não são observáveis; são constru-
do é delimitado, selecionado e reconstruído ções teóricas. É a teoria que decide e que con-
criticamente em cada presente. Este sempre ta-se a História é econômica ou teleológica, é
lança sobre o passado um olhar novo, ressig- a teoria que decide. Temos a necessidade da
nificando-o. No presente, o historiador se re- teoria da História, pois é ela que estrutura a
laciona também com o futuro: toma partido, subjetividade do historiador e o leva a fazer
vincula-se a planos e programas políticos, faz falar as fontes.
juízos de valor e age. O desdobramento do Uma verdade histórica caleidoscópica
tempo pode mudar o tipo e a qualidade da exige o exame da historiografia anterior. É
História. O passado é retomado em cada pre- uma representação do passado feita por um
sente sempre sob um ângulo novo. Um fato presente [ ... ] e que dialoga com as outras
pode ser anódino no presente e decisivo no representações desse mesmo passado ou
futuro. O passado é tematizado no presente de outros passados feitas em outros pre-
e reinterpretado. O presente não é um mero sentes. A verdade histórica aqui se aproxi-
receptáculo do passado. Cada presente esta- maria talvez do que se pode obter em uma
belece uma relação particular entre passado galeria de arte: temas selecionados pelo su-
e futuro, isto é, atribui um sentido ao desdobra- jeito ou até mesmo um mesmo tema, cada
mento da História, faz uma representação de presente o reconstrói e representa à sua ma-
si em relação às suas alteridades – o passado neira. Cada presente escolhe o passado e
e o futuro. [ ... ] o pinta ou esculpe com a sua sensibilidade,
Cada representação presente, portanto, com as suas técnicas, com o seu enfoque
é ao mesmo tempo original e inclui como e perspectiva, com as suas perguntas, com
interlocutoras as representações anteriores, as suas paixões e interesses. Verdade e
criando uma verdade caleidoscópica. Além perspectiva temporais são inseparáveis. [
disso, o historiador não é um falsário. E se ... ] O passado é sempre retomado em um
é parcial, não o é sem sabê-lo. A História ângulo novo, mas que supõe o conhecimen-
produz verdades: apoia-se em documen- to e o diálogo com os anteriores. A verdade
tos, busca ser controlável racionalmente. O histórica se relaciona muito com a ‘História da
historiador tem alguma liberdade de cria- História’. [ ... ]
ção: hierarquiza causas; formula problemas e A verdade histórica não pode se reduzir
hipóteses; seleciona fatos, eventos e proces- a um enunciado simples, fechado, homogê-
sos, agenciando-os. Mas a divergência entre neo e atemporal. Obtém-se algo próximo dela
os historiadores é favorável à verdade: os ad- examinando todas as leituras possíveis de
versários filtram a argumentação e a docu- um objeto. O exame exaustivo, multifacetado,
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62 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
nuançado de um tema é que diz a sua ver- presos à opinião segundo a qual o passado
dade. Como as possibilidades novas de abor- não pode mais ser mudado e, por essa razão,
dar um tema histórico são infinitas, as novas parece determinado. De acordo com essa
leituras são múltiplas no presente e ao longo opinião, só o futuro pode ser tido como incer-
do tempo. Conhecer a verdade de um tema to, aberto e, nesse sentido, indeterminado.
histórico é reunir e juntar todas as interpreta- De fato, se os fatos são indeléveis, se não
ções do passado e do presente sobre ele. podemos mais desfazer o que foi feito, nem
(José Carlos Reis. História e Teoria: historicis- fazer com que aquilo que aconteceu não te-
mo, modernidade, temporalidade e verdade, nha ocorrido, em compensação, o sentido do
2003). que aconteceu não é determinado de uma
vez por todas; além de os acontecimentos do
A necessidade de repensar a História passado poderem ser contados e interpreta-
dos de outra forma, a carga moral vinculada à
Paul Ricoeur (1913-2005) foi um dos gran- relação de dívida para com o passado pode se
des filósofos e pensadores franceses pós- tomar mais pesada ou mais leve.
-Segunda Guerra Mundial. No texto a seguir [ ... ] A historiografia também compreende
ele justifica a necessidade de reescrever o o passado como ‘retorno’ de possibilidades
passado sob as demandas do presente do escondidas.
historiador. A compreensão dos acontecimen- Paul Ricoeur. A memória, a história, o esque-
tos muda conforme o tempo e é influenciada cimento, 2000.
também pela conjuntura que cerca a escrita
da História. Por isso, ao contrário do que se C – Novos caminhos da historiografia
pode imaginar, o passado não está morto,
mas, pelo contrário, vivo, na medida em que Na virada dos anos 1970 e no decurso da
pode privilegiar ou negligenciar aspectos con- década de 1980, foram registradas transfor-
forme a época em que foi interpretado. É por mações expressivas nos diferentes campos da
meio de um exercício incessante de reavalia- pesquisa histórica: incorporou-se o estudo de
ção dos acontecimentos que a historiografia temas contemporâneos, revalorizou-se a aná-
repensa seus objetos e explicações lise qualitativa, resgatou-se a importância das
A História escrita hoje pode não ter um experiências individuais, ou seja, deslocou-se
maior grau de verdade que as interpretações o interesse das estruturas para as redes, das
passadas. A compreensão do vivido dá a co- estruturas de classe para as situações vividas,
nhecer aspectos que são mais caros aos histo- das normas coletivas para as situações singu-
riadores atuais, na medida em que responde lares. Paralelamente, ganhou novo impulso a
perguntas ligadas ao presente. Toda escrita História cultural e ocorreu um renascimento
da História deve ser entendida numa estreita do estudo da política.
ligação com o seu tempo de forma a compre- A chamada História cultural, renovada nas
ender as motivações em jogo de cada época: referidas décadas pelo contato com a “Antro-
O caráter retrospectivo da História não po- pologia”, procurou ampliar o conceito de cul-
deria constituir para ela um aprisionamento tura, agora entendido como o conjunto dos
na determinação. Seria o caso se ficássemos costumes, valores e modos de vida que dão
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HISTÓRIA 63
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64 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
sição lógica dos acontecimentos e vidas do forças produtivas; o resto era superestrutura
passado. A memória é também uma cons- e, portanto, mera consequência ou reflexo,
trução do passado, mas pautada em emo- quando não a camuflagem que ocultava as
ções e vivências; ela é flexível, e os eventos verdadeiras realidades.
são lembrados à luz da experiência subse- Os fatos imateriais – as crenças, as convic-
quente e das necessidades do presente. ções, a religião e a política – foram relegados
Todas essas inovações se beneficiaram, de a esta superestrutura. Isto levou os historiado-
forma considerável, de outras disciplinas, re- res, preocupados em encontrar as verdadei-
forçando, assim, a importância das aborda- ras realidades, a de certa forma desvalorizar
gens multidisciplinares com a Sociologia, a um bom número de aspectos da vida coleti-
Antropologia, a Ciência Política, a Linguística va, tais como as instituições, as relações de
e a Psicanálise, por exemplo. As contribuições direito e a vida política. As constituições, por
forneceram novos estímulos para a afirmação exemplo, não passavam de atos cartoriais que
e expansão dos estudos a partir de uma linha traduziam as verdadeiras relações de força.
microanalítica, nas perspectivas abertas pela Deter-se na análise de uma constituição era,
Micro-História. de certa forma, tomar gato por lebre. A rea-
lidade estava em outro lugar. A constituição
O retorno da História política não passava de um decalque das relações de
força. Nessa perspectiva, o político, de certa
René Rémond (1918-2007), presidente do forma, não passava de um engodo, não era
Instituto Nacional de Ciências Políticas), para nada além da transcrição, em um outro regis-
defender a importância da História política tro, de realidades mais fundamentais. O po-
lançou o livro Por uma História política, no lítico, por si só, não podia agir sobre o resto,
qual apresenta as possibilidades de produção estava na dependência das verdadeiras rea-
de uma nova História política: lidades. O paradoxo – abro aqui um rápido
Mas houve ainda algo mais: houve a in- parêntese – é que esta filosofia, que negava à
fluência difusa de uma filosofia que distin- política toda razão de existir, que a declarava
guia as verdadeiras realidades daquelas que, impotente, foi, talvez, a que suscitou os mais
no fundo, não passavam de aparência. Sem políticos dos comportamentos, que levou os
nos referirmos de forma explícita a uma filo- homens a consagrar sua existência à política.
sofia materialista, e particularmente ao mar- Temos aí um enigma, um desses fatos estra-
xismo, é bem verdade que prevaleceu durante nhos, mas que só surpreenderiam aqueles que
muito tempo, de forma difusa, uma visão um imaginam que as ideologias obedecem a uma
tanto materialista, que conjugava os postula- lógica puramente racional.
dos mecanicistas de gerações anteriores com [ ... ]
o determinismo de uma visão que distinguia, Não tentarei definir aqui o que é o polí-
para usarmos o jargão da filosofia, a infra- tico, mas também não podemos perder de
-estrutura da superestrutura. Entendia-se que vista o fato de que existe um campo próprio
a infraestrutura determinava a superestrutu- do político, ainda que variável. A esfera do
ra e constituía a verdadeira realidade. O que político absorve problemas ou questões que
importava eram as relações de produção, as não se colocavam antes e que, aliás, em al-
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HISTÓRIA 65
guns casos, tornam a sair dela. Os contornos de História geral Como dizia Giovanni Levi,
são pouco nítidos, mas hoje em dia poucos ‘nenhum sistema é de fato suficientemente
domínios escapam da política. Basta ver a estruturado para eliminar toda possibilida-
diversidade das chamadas políticas públicas. de de escolha consciente, de manipulação
Existem hoje políticas públicas de saúde, de ou interpretação das regras. Assim, a bio-
biologia, de meio ambiente, enfim, de uma grafia constitui o lugar para se verificar a
série de problemas que nossos antecessores liberdade de que as pessoas dispõem e para
não imaginavam poderem tornar-se um dia se observar como funcionam concretamen-
objeto de debates políticos ou de escolhas po- te os sistemas normativos’.
líticas. Sinto-me tentado a dizer que nunca foi (René Rémond. Por uma História política,
tão difícil como hoje descartar o político como 1994).
um fator superficial ou exterior.
[ ... ] D – Problemas e métodos
Eis alguns elementos de resposta à per-
gunta ‘Por que a História do político?’. É des- As fontes e a crítica do historiador
necessário dizer – embora talvez seja melhor
dizê-lo – que nesta tentativa de reflexão e nes- O trabalho do historiador se faz a par-
te esforço de habilitação do político não vai tir de fontes, que são basicamente os ves-
nenhum tipo de reivindicação de hegemonia a tígios deixados pelos homens ao longo de
seu favor. Se o político é importante, se é pos- sua existência. Sem fontes, não há História.
sível pensar hoje em dia que ele faz necessa- Podem ter as mais distintas origens e cada
riamente parte do percurso, qualquer que seja uma, à sua maneira, traduz aspectos que
a atividade, que ele constitui um dos pontos dão a conhecer elementos do passado.
de condensação da sociedade, é preciso di- Todo trabalho de História pressupõe, em
zer também que nem tudo é político, que não primeiro lugar, uma delimitação temática
se deve reduzir tudo à política, que o político (qual o assunto), temporal (qual o período)
não está sozinho e isolado, mas guarda rela- e espacial (qual a região) do objeto a ser es-
ções com o resto, com as demais expressões tudado. A partir dessas definições, cabe ao
da atividade humana e com a sociedade civil. historiador uma seleção de fontes com as
Reivindico para o político todo o espaço a que quais ele pretende trabalhar. As fontes po-
faz jus, mas nada além desse espaço. Chego dem ser de origem diversa e oferecer ele-
às vezes a ficar preocupado quando constato mentos diferentes e complementares sobre
o sucesso de que ele goza hoje em dia. Temo uma determinada experiência histórica.
que alguns neófitos acabem por esquecer que Embora, de maneira geral, todos os vestí-
o político se inscreve num contexto mais am- gios do passado possam se constituir em
plo e que só se é historiador do político - da fontes para o historiador, nem todas têm a
mesma forma como se é historiador do eco- mesma qualidade, ou seja, dependem de
nômico ou do cultural – sendo-se também um processo de crítica que as classifica em
um historiador, não diria da totalidade, o que termos de importância e representativida-
seria presunçoso, mas um historiador preo- de para as perguntas que o historiador faz
cupado em inscrever este objeto numa visão ao seu objeto de estudo.
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HISTÓRIA 67
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68 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
legitimar como sua as possessões territoriais [Mas] não basta constatar o embuste.
oriundas do Império Romano. Por sua vez, a É preciso também descobrir seus moti-
doação de Constantino, embora não seja ver- vos. Mesmo que, a princípio, para melhor
dadeira, tem muito a dizer da época em que rastreá-lo. Enquanto subsistir uma dúvida
foi produzida. Pode ser utilizada como uma sobre suas origens, ele permanecerá em si
fonte para entender as razões dos falseamen- mesmo algo de rebelde à análise: por con-
tos. A mentira também pode ser objeto de seguinte, de apenas até semicomprovado.
estudo do historiador. A imagem abaixo, do Acima de tudo, uma mentira enquanto tal
século XIII, mostra a importância da doação é, a seu modo, um testemunho. Provar,
de Constantino no imaginário medieval. sem mais, que o célebre diploma de Car-
los Magno para a igreja de Aix-Ia-Chapelle
não é autêntico é poupar-se um erro; não
é adquirir um conhecimento. Conseguire-
mos, em contrapartida, determinar que a
falsificação foi composta pelos círculos de
Frederico Barba-Ruiva? Que iria, por to-
dos os motivos, servir aos grandes sonhos
imperiais? Uma nova visão se abre para
vastas perspectivas históricas. Eis, portan-
to, a crítica levada a buscar, por trás da
impostura, o impostor; ou seja, conforme
a própria divisa da História, o homem.
(Marc Bloch. Apologia da História, 1941-1942).
E História e temporalidade
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HISTÓRIA 69
nas sociedades contemporâneas que parece Por isso os calendários são tão importan-
um dado da natureza. tes como fontes de referência. São eles que
A natureza possui um tempo, por assim possibilitam as noções de passado, presente
dizer, exterior, imortal e homogêneo. O seu e futuro, porque estabelecem pontos fixos de
tempo é a contagem de movimentos naturais: referência e linearidade. Assim, cada dia é
consequentemente, não há passado, presen- único. No entanto, convém esclarecer que to-
te ou futuro. O tempo da Lua é a repetição dos os calendários são convenções sociais,
de seus movimentos naturais: não apresen- não têm valor universal: para os ocidentais, de
ta identidade ou irregularidade, o que foi forte tradição cristã, o nascimento de Jesus
voltará a ser. O tempo humano, por sua vez, é o marco fundador de uma nova contagem
apresenta um forte grau de irreversibilida- do tempo; para os judeus, o Gênesis aconte-
de: o dia de hoje não se repetirá jamais. O ceu em 7 de outubro de 3761 a.C; marcando
ser humano conta seu tempo, consciente de o início do calendário judaico; por sua vez, os
sua morte e, portanto, do fim da sua dura- muçulmanos contam o tempo a partir da Hé-
ção. Os calendários têm justamente esse in- gira, ou seja, a fuga de Maomé de Meca para
tuito: contar a partir do tempo natural (ciclos Medina, em 16 de julho de 622 d. C.
solar e lunar) a duração das coisas. Diferente Há outras formas de medir o tempo: o re-
da natureza, o tempo humano é uma criação. lógio é um utensílio fundamental para os con-
Por meio do calendário, é possível localizar temporâneos, mas é um instrumento de im-
ações ao longo da existência, seja de pessoas, portância muito recente na história da huma-
gerações, culturas ou sociedades. Só a partir nidade. Quando viajamos para o interior, por
da noção de tempo é possível ao historiador exemplo, o tempo parece ter um ritmo menos
produzir conhecimento, tal como adverte acelerado do que nas grandes cidades, onde
Marc Bloch: “a História é a ciência dos ho- as coisas exigem uma rapidez e precisão cada
mens no tempo”. Sem a noção de tempo, não vez maior. O historiador francês George Duby
há noção de História. (1919-1996) chamou a atenção para como as
Por isso, a pergunta “quando aconte- pessoas se orientavam em boa parte da Idade
ceu?” é tão fundamental para os historia- Média: eram os sinos das catedrais que da-
dores (e para qualquer pessoa que queira vam o ritmo de vida das pessoas, anunciando
compreender um fenômeno histórico). Não é o tempo de acordar, rezar, comer, dormir.
possível analisar nada em termos históri- A maneira como determinada sociedade
cos sem levarmos em consideração a época conta o seu tempo diz muito de sua organiza-
em que determinado fato aconteceu. Como a ção. As sociedades urbanas modernas, cada
História se constitui de eventos singulares e vez mais ocupadas, organizam-se por meio de
irrepetíveis, desconsiderar o tempo facilita in- um controle rígido do relógio; embora com-
correr num dos mais graves erros de análise: partilhem de um mesmo calendário, as socie-
comparar eventos e fatos sem levar em con- dades amazônicas, por exemplo, vivenciam
ta a época em que aconteceram. É o que os o tempo de forma bem distinta. Por isso, é
historiadores chamam de anacronismo. Cada possível dizer que dentro de uma realidade
fato histórico deve ser compreendido no tem- de análise existem inúmeras temporalidades.
po em que aconteceu. Essa consciência é fundamental à História.
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70 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
Foi o historiador francês Fernand Braudel ver – pelo menos virtualmente – se seus
(1902-1985) que, num artigo publicado em termos não pudessem ser datados.
1958, chamou a atenção para a importância (Claude Lévi-Strauss. O pensamento selva-
das diferentes temporalidades na análise his- gem, 1962).
tórica. Braudel dividiu o tempo em três gran-
des categorias: o tempo curto, dos eventos; As temporalizações em História
o tempo médio, das conjunturas; e o tempo
longo, das grandes estruturas. A proposta É comum dividir a História em épocas que
de interpretação de Braudel mostra como o supostamente guardam alguma identidade:
tempo histórico, diferente do tempo do calen- Antiguidade, Idade Média e os períodos Mo-
dário, não é linear: em toda análise histórica derno e Contemporâneo. Como todas as con-
convivem diferentes durações, interrupções, venções, essa divisão é discutível e foi conce-
dinâmicas próprias. bida pelos europeus para a História da Euro-
pa Ocidental, tendendo a se impor à História
O tempo como fundamento da História universal, embora, em diversos casos, não
seja pertinente. De acordo com essa divisão
O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss tradicional e eurocêntrica, a Antiguidade co-
faz uma reflexão sobre a importância do tem- meça com o início das sociedades humanas e
po para a História. O estudo da História não termina na Europa Ocidental no século V d. C.,
se resume a datas; no entanto, não é possível com o desaparecimento do Império Romano
prescindir delas. Um dos aspectos que carac- nessa região, ainda que ele tenha continuado
terizam o conhecimento da História é a capa- a existir no Oriente até o século XV. Esse perí-
cidade de situar temporalmente os aconteci- odo de dez séculos foi chamado de Idade Mé-
mentos humanos. dia, à qual sucederam os Tempos Modernos,
assim batizados pelos europeus no momento
Não há História sem datas; para con- em que tomaram consciência, em grande par-
vencermo-nos disso, basta verificar como te graças às informações vindas da América e
o aluno consegue aprender História, redu- dos outros continentes, de que o mundo no
zindo-a a um corpo descarnado cujo es- qual vivia passava por profundas mudanças.
queleto é formado por datas. Não foi sem As revoluções econômica e política do final
motivo que se reagiu contra esse método do século XVIII, na Grã-Bretanha e na França,
maçante, mas caiu-se, frequentemente, no abriram o Período Contemporâneo. Como o
extremo oposto. Se a História não é feita século XIX e o princípio do século XX afastam-
unicamente por datas, que nem são seu as- -se cada vez mais de nós, e com isso nos tor-
pecto mais interessante, elas constituem namos cada vez menos “contemporâneos”,
o aspecto sem o qual a própria História dei- alguns historiadores elaboraram a noção de
xaria de existir, já que sua verdadeira ori- História do tempo presente, para designar o
ginalidade e especificidade encontram-se passado recente, aquele o qual as pessoas vi-
na apreensão da relação entre um ‘antes’ e vas ainda podem testemunhar. Nesse sentido
um ‘depois’, a qual seria votada a se dissol- também podemos entender a diferença arbi-
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HISTÓRIA 71
trária entre História e Pré-História, que seria o A escrita foi muitas vezes contemporânea das
período anterior à invenção da escrita. primeiras menções a calendário uma forma
No texto a seguir, o historiador francês importante de organização do tempo vivido.
Jean Chesneaux (1922-2007) adverte sobre a
importância se ter em mente que cada socie- As temporalidades
dade determina marcos com base em referen-
ciais próprios. É preciso observar com fluidez e Os estudos do alemão Reinhart Koselleck
leveza essas divisões da História: (1923-2006) discutem um tema fundamental
para o historiador: Como se deve entender o
É preciso advertir, desde já, que esse siste- tempo na História? 1492 (o ano do “desco-
ma quadripartido – História Antiga, História brimento” da América define uma dimensão
Medieval, História Moderna e História Con- temporal uniforme para os habitantes da Eu-
temporânea – de organização da História uni- ropa) para os indígenas da América ou para
versal é um fato francês. Em outros países, o os chineses na Ásia? Ou cada sociedade ela-
passado está organizado de modo diferente, bora de maneira diferente sua concepção de
em função de pontos de referência diferentes. tempo? De acordo com Koselleck, as ações
Na Grécia, a Antiguidade grega chega até o humanas e as diferentes dinâmicas sociais são
século XV e a ocupação turca corresponde a aspectos que não podem ser analisados sem
uma espécie de Idade Média. Na China, a His- levar em consideração as várias temporalida-
tória moderna vai das guerras do ópio ao mo- des que integram a experiência histórica.
vimento patriótico de maio de 1919. Começa
com este último a História ‘contemporânea’. Que é o tempo histórico? Essa é uma
Nos Estados Unidos, a História nacional se das perguntas mais difíceis de responder
organiza em dois blocos, em função dos eixos no campo da historiografia. A questão nos
fundamentais que são em função da Guerra leva necessariamente a adentrar o terreno
da Independência, em fins do século XVIII, a da teoria da História, sob uma perspecti-
Guerra de Secessão, em 1860-1864. va ainda mais profunda do que a habitual.
(Jean Chesneaux. Devemos fazer tábula Pois as fontes do passado são capazes de
rasa do passado? 1976). nos dar notícia imediata sobre fatos e ideias,
sobre planos e acontecimentos, mas não so-
Existe uma pré-história bre o tempo histórico em si.
Para tentar responder a essa questão,
O conhecimento histórico se constrói a par- recorrente no campo dos estudos da Histó-
tir das fontes, ou seja, das marcas deixadas pe- ria, precisamos lançar mão de uma aborda-
los homens ao longo do tempo. Por uma divisão gem teórica [ ... ].
arbitrária, é comum nomear de Pré-História o No curso de uma investigação comprome-
período anterior à invenção da escrita porque tida com as circunstâncias históricas não é
as sociedades que adotaram a escrita conser- necessário formular explicitamente a pergun-
varam uma memória do passado reelaborada ta sobre um tempo histórico. Ainda assim, a
e reconstruída ao longo das suas existências datação exata é imprescindível para que se
que as situa claramente num tempo histórico. possa organizar e narrar esse conteúdo cons-
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HISTÓRIA 73
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74 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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HISTÓRIA 75
verão ser tratados com tirania. Teme, porém, de instrumento, o escravo um bem animado
a teu Deus. e algo assim como um instrumento prévio
Os escravos e escravas provirão das outras aos outros instrumentos. Se todos os instru-
nações ou serão comprados dos filhos dos fo- mentos pudessem cumprir seu dever obede-
rasteiros que peregrinam em sua terra. cendo às ordens de outro ou antecipando-se
Eles passarão como herança para teus fi- a elas, como contam das estátuas de Déda-
lhos, servindo tua família perpetuamente. lo ou dos tridentes de Hefesto, dos que diz o
Mas sobre os filhos de Israel não deve pesar poeta que entravam por si só na assembleia
a escravidão. dos deuses,3 se as lançadeiras tecessem sós
Quando o estrangeiro ou peregrino que e os plectros tocassem sozinhos a cítara, os
vive contigo enriquecer, e teu irmão, empo- maestros não necessitariam de ajuda e nem
brecido, tentar se vender a ele, ou alguém de de escravos os amos.
sua família, tu ou outro irmão teu ou tio ou O que é chamado habitualmente de ins-
primo deverá resgatá-lo. A menos que ele o trumento, o é de produção, enquanto que
faça sozinho. os bens são instrumentos de ação; a lança-
Para tanto, acertará contas desde o ano deira produz algo à parte de seu funciona-
em que se vendeu até o ano do jubileu. O pre- mento enquanto que a roupa ou o leito pro-
ço da venda se baseará no número de anos: duzem apenas seu uso. Além disso, como a
como se faz com um jornaleiro. produção e a ação diferem essencialmente
Se, no entanto, faltarem muitos anos, fará e ambas necessitam de instrumentos, estes
uma devolução proporcional ao dinheiro pelo apresentam necessariamente as mesmas di-
qual foi comprado. ferenças. A vida é ação, não produção, e por
(Êxodo 21, 1-11; 20-21; 26-27 e Levítico isso o escravo é um subordinado para a ação.
25, 39-52). Do termo propriedade pode-se falar no mes-
mo sentido que se fala de parte: a parte não
3. A escravidão, segundo Aristóteles somente é parte de outra coisa, senão que
pertence totalmente a esta, assim como a
A PROPRIEDADE É UMA PARTE DA CASA propriedade. Por isso o amo não é do escravo
E A ARTE AQUISITIVA uma parte da admi- outra coisa que amo, porém, não lhe perten-
nistração doméstica, já que sem as coisas ce, enquanto que o escravo não só é escravo
necessárias são impossíveis a vida e o bem- do amo, como lhe pertence por completo. –
-estar; na administração doméstica assim Daqui deduz-se claramente qual é a natureza
como nas artes determinadas, é necessário e a função do escravo: aquele que, por natu-
dispor dos instrumentos adequados se se reza, não pertence a si mesmo, senão a outro,
deseja levar a cabo sua obra. Os instrumen- sendo homem, esse é naturalmente escravo;
tos podem ser animados ou inanimados, por é coisa de outro, aquele homem que, a des-
exemplo, o timão do piloto é inanimado, o vi- peito da sua condição de homem, é uma pro-
gia animado (pois o subordinado faz as vezes priedade e uma propriedade sendo, de outra,
de instrumento nas artes). Assim também os
bens que se possui são um instrumento para
a vida, a propriedade em geral uma multidão 3 A referência é a Homero, Ilíada, XVIII, 376
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DO ENSINO MÉDIO
76 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
apenas instrumento de ação, bem distinta do formes de vime e de couro, forjam seu ferro
proprietário. em forma de espadas e lanças e, para que
não falte nenhum brilho a seu exército, do-
(ARISTÓTELES, Política; Livro I, 4, 1253b 25 ss). mam os bandos que encontram formando
uma cavalaria. Levaram a seu chefe insíg-
4. Espártaco e a revolta dos escravos nias e objetos tirados dos pretores: não os
recusou, este mercenário da Trácia, admiti-
TOLERE CONTUDO A DESONRA DAS do no nosso exército, soldado desertor, ban-
REVOLTAS DOS ESCRAVOS; embora o Des- dido promovido a gladiador por sua força!
tino os faça de joguete, trata-se afinal de Ele chegou mesmo a celebrar funerais de
uma espécie de homens de segunda catego- imperator para seus comandantes mortos
ria, dos quais podemos dispor por causa de em combate, ordenando aos prisioneiros
nossa liberdade. No entanto, como chamar que combatessem entre si perto da foguei-
a guerra que Espártaco iniciou e conduziu? ra, como se lavasse toda a desonra de seu
Escravos soldados sob generais gladiado- passado, passando de gladiador a patroci-
res, os mais vis comandados pelos piores, se nador de jogos.
constituiu no escárnio aliado à calamidade. Começou inclusive a atacar os cônsules nos
Espártaco, Crixo, Enornau, destruíram Apeninos, despedaçou o exército de Lêntulo e
as portas da escola de gladiadores manti- perto de Mutina destruiu o acampamento de
da por Lêntulo, e com trinta (e não mais!) C. Cássio. Orgulhoso de suas vitórias, pensou
companheiros de destino fugiram de Cápua. (e isto basta para nossa vergonha!) em atacar
Tendo chamado os escravos à liberdade, ti- a cidade de Roma. Finalmente, todas as forças
veram consigo imediatamente mais de dez de nosso império são preparadas contra este
mil homens; não lhes bastava mais terem gladiador e Licínío Crasso reivindicou a honra
fugido: eles queriam agora se vingar. To- romana; vencidos e postos em fuga estes... –
maram por assim dizer como primeiro altar tenho vergonha de chamá-las de inimigos – re-
o Vesúvio. E, como Clódio Gláber os man- fugiam-se no extremo da Itália. Lá, confinados
tivesse bloqueados ali, deixaram-se desli- num canto do Brúcio, sem possuir embarca-
sar por cabos feitos de varas para dentro ções, procuram evadir-se para a Sicília tentan-
da montanha, atingindo assim sua base e, do em vão a violenta corrente do estreito sobre
por uma passagem impraticável, surpreen- jangadas de feixes de madeira e de conjuntos
dendo subitamente o chefe (romano), que de potes. Enfim, numa saída, correram eles em
não esperava nada disso, tomaram-lhe seu direção a uma morte digna de homens de va-
acampamento. Em seguida, trocaram de lor; e, como convinha a um general gladiador, a
acampamento: atingem o de Cora, percor- luta foi sem perdão: o próprio Espártaco, com-
rem aos poucos toda a Campanha e, não batendo com muita bravura na primeira fila,
satisfeitos com a pilhagem de fazendas e foi morto como um imperator.
burgos, arrasam terrivelmente Nola e Licé-
ria, Túrios e Metaponto. O afluxo cotidiano (FLORO, lI, 8 [III, 20])
de novas tropas, faz deles, afinal, um ver- Fonte: Obra: PINSK, Jaime. (org.) 100 textos de
dadeiro exército: confeccionam escudos in- História Antiga. Ed. Contexto, São Paulo, 1998.
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HISTÓRIA 77
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78
Tabela I
Distribuição, atuação e expansão das ordens religiosas na Amazônia (séculos XVII e XVIII)
Data de entrada e
expansão na
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Amazônia
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Data de
Demarcação dos distritos
entrada Locais onde se Locais onde Atividades ligadas à
missionários segundo as cartas
na instalaram atuaram ocupação
régias de 1691 e 1693
Amazônia
Missionários
(Ordens religiosas)
Franciscanos da Província de 1616 ou Belém (sítio do • Tudo o que ficasse ao norte do rio • Cabo do Norte • Pacificação e conversão de
Santo Antônio 1617 Uma) Amazonas (margem esquerda), (Amapá) índios Tupinambás, Aruans e
compreedendo os rios Jari, Paru e a • Baixo Tocujus, entre outros
aldeia Urubuquara (atual Prainha) Amazonas • Aldeamentos que, mais tarde,
como limite do distrito
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR
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DO ENSINO MÉDIO
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Capuchos de são 1692 ou 1693 Gurupá (em • Todas as terras e aldeias que circundassem • Baixo e Médio • Organização de um hospital
José ou da Piedade 1749 vieram para a fortaleza de Gurupá e todas as terras Amazonas em Gurupá
(franciscanos da Belém e iniciaram que ficassem para cima da aldeia de
Província de Nossa a construção • Cabo do Norte • Aldeamento e missões que,
Urubuquara, subindo o rio Amazonas, (Amapá) mais tarde, deram origem a
Senhora da Piedade) do convento de compreendendo nesse distrito o rio vilas e cidades
São José, atual • Rio Tocantins
Trombetas e o Gueribi, como limite
presídio)
• Em Belém criaram um
hospital e uma enfermaria
Fonte: quadro organizado por Adélia Engrácia de Oliveira, com base em Azevedo, Estudos Históricos de História Paraense e Os jesuítas no Grão-Pará – suas missões e a colonização. Peçanha, Ação das Ordens
e Congregações Religiosas na Amazônia, Fragoso, Os aldeamentos franciscanos do Grão-Pará (1617-1755). Leite. História da Companhia de Jesus no Brasil. Maués, Congregação religiosas na Amazônia. Ro-
drigues, Os missionários na Amazônia.
Tabela 2
Exemplos de vilas e cidades da Amazônia que se originaram de aldeamentos e fazendas de missionários
Missionários
Aldeamentos
Fazendas de
Nome atual das aldeias
Aldeias (missões) missionários ou Situação geográfica
ou fazendas
engenhos
Fazendas-villas
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Tupinambás) Porto Salvo Salgado – PA
Curuçá Vigia Salgado – PA
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Maracanã Marapanim Salgado – PA
Caeté (São João Batista) Colares Salgado – PA
Aricaru (ou Aricará) Curuçá Salgado – PA
Nossa Senhora de Maracanã Salgado – PA
Assunção de Aracurá (ou Bragança Salgado – PA
Aricará) Melgaço Rio Caeté – PA
Itacuruçá Portel Região das ilhas e dos furos – PA
Pirauiri (Piauori) Vieiros Rio Xingu – PA
Tapajós Pombal Rio Xingu – PA
Ibarari (Borari) Santarém Rio Tapajós – PA
Arapiuns ou Cumaru Alter do Chão Rio Tapajós – PA
Santo Inácio Vila Franca Rio Tapajós – PA
São José de Maitapus Boim Rio Tapajós – PA
Abacaxis Pinhel Rio Tapajós – PA
Trocano Itacoatiara Rio Madeira – AM
Borba Rio Madeira – AM
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
Capuchos da Conceição da Formaram duas aldeias Rio Jari – limite do Pará com o Amapá
Beira e Minho novas
Fonte: Quadro organizado por Adélia Engrácia de Oliveira com base em Peçanha, Ação das Ordens e Congregações religiosas na Amazônia. Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, Maués, Congregações
religiosas na Amazônia, Mello, Topônimos amazonenses. Muniz, Patrimônios dos conselhos municipais do Estado do Pará.
Obs.:*Camutá aparece, também, como um aldeamento importante dos jesuítas. Parece, porém, que seus fundadores foram os franciscanos da Província de Santo Antônio e que os jesuítas depois a
desenvolveram, passando, mais tarde, para a administração dos padres da Piedade.
**Essas missões foram fundadas pelo jesuíta Samuel Fritz, do Peru, e, com a expulsão dos jesuítas espanhóis do rio Solimões, os carmelitas as desenvolveram.
Fonte: Obra: OLIVEIRA, Adelia Engrácia. Ocupação Humana. In Amazônia: desenvolvimento, integração e ecologia. São Paulo, Brasiliense, CNPq, 1983
HISTÓRIA 83
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84 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
TEXTO Competências:
•• Entender a importância das ideias do senso
O tempo histórico, compreendido nessa comum na elaboração de teses científicas;
complexidade, utiliza o tempo cronológico, •• Compreender a correlação entre as ideias
institucionalizado, que possibilita referenciar o produzidas pelas Ciências da Natureza e as
lugar dos momentos históricos em seu processo ideias produzidas pelas Ciências Humanas;
de sucessão e em sua simultaneidade. Fugindo •• Conhecer ideias que transformaram a so-
à cronologia meramente linear, procura ciedade e como elas repercutem nos dias
identificar também os diferentes níveis e ritmos de hoje.
de durações temporais. A duração torna-se,
nesse nível de ensino e nas faixas etárias por ele Habilidades:
abarcadas, a forma mais consubstanciada de •• Diferençar o conhecimento produzido pelo
apreensão do tempo histórico, ao possibilitar senso comum do conhecimento elaborado
que alunos estabeleçam as relações entre segundo critérios científicos;
continuidades e descontinuidades. A concepção •• Conhecer as relações que se estabelecem
de duração possibilita compreender o sentido entre as ideias e que definem as várias
das revoluções como momentos de mudanças ciências;
irreversíveis da História e favorece ainda •• Compreender as sociedades como produ-
que o aluno apreenda, de forma dialética, as tos de transformações sociais.
relações entre presente-passado-presente,
necessárias à compreensão das problemáticas Organize a classe em novos grupos de qua-
contemporâneas, e entre presente-passado- tro ou cinco componentes, formando ao todo
futuro, que permitem criar projeções e utopias. seis grupos. Em seguida, distribua os anexos
(PCNEM, 2002, p. 303). e proponha para discussão as temáticas, con-
forme indicado abaixo, orientando cada gru-
Fonte: Obra: Brasil. Ministério da Educação. po a não tomar conhecimento do conteúdo,
Parâmetros em Ação, Ensino Médio: Ciências tema ou assunto tratado pelos textos dos ou-
Humanas e Suas Tecnologias /Secretaria de tros grupos.
Educação Média e Tecnológica – MEC; Semtec, Grupo 1: Texto A – Temática: Ideia de
2002, 502 p. ciência que temos no “senso comum” e o
modelo científico criado pela Física Clássica
2ª Série (Newton, Galileu) – destacando no texto: “Essa
é uma descrição reducionista, uma estratégia
Atividade 5 amplamente adotada em todas as disciplinas
científicas: dividir e simplificar ao máximo
Objetivo: Proporcionar, aos educandos, um sistema complicado, facilitando assim a
elementos para refletir sobre a complexidade descrição de seu comportamento”.
da realidade histórica. Grupo 2: Texto B – Temática: como a ideia
da relatividade de Einstein aparece em outros
setores do pensamento, como nas elaborações
de teorias e análises sociopolíticas destacando
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HISTÓRIA 85
no texto: “a crença de que não havia mais Quando tiverem terminado, peça para cada
absolutos: de tempo e espaço, de bem e mal, grupo, por meio de um ou mais membros,
de conhecimento, sobretudo de valores”. relatar para a classe os resultados obtidos.
Grupo 3: Texto C – Temática: a procura de Importante: oriente para que os grupos
motivações e explicações psicológicas para os exponham as ideias sem citar os “pais” das
comportamentos, pesquisa do inconsciente mesmas (a fonte original), podendo, se
depois de Freud – destacando no texto: quiserem, citar os autores dos textos:
“Alguns conseguem sem desprazer sublimar o
desejo sexual, ou seja, transformar esse desejo Grupo 1: Newton/Galileu – autor:
em outro” e “O sonho é o reflexo da alma”. Marcelo Gleiser
Grupo 4: Texto D – Temática: a ideia da Grupo 2: Einstein – autor: Carlos
sobrevivência do mais forte e da mutabilidade Alberto Di Franco
ressaltadas nas teorias de Darwin sobre a Grupo 3: Freud – autor: Tostão
evolução das espécies – destacando no texto: Grupo 4: Darwin – autor: Jostein
‘’’sobrevivência’ no lugar de ‘preservação’, Gaardner
outros em ‘esforço pela manutenção da vida’, Grupo 5: Marx – autor: Paulo Freire
em vez de ‘luta pela vida’, que teria um ‘tom Grupo 6: Keynes – autor: Paul Hugon
bélico’”.
Grupo 5: Texto E – Temática: a ideia de Ao final do relato de cada grupo, proponha
Marx sobre a sociedade em constantes que se tente descobrir o autor (fonte) original
transformações provocadas pelas próprias das ideias relatadas.
contradições – destacando no texto: “Da
mesma forma como é, em situação concreta – O objetivo é demonstrar que as teorias
a da opressão – que se instaura a contradição e ideias dos cientistas e pensadores
opressor-oprimidos, a superação desta selecionados ultrapassaram o âmbito
contradição só se pode verificar objetivamente científico ou acadêmico, “contaminando”
também”. vários setores sociais, inclusive o senso
Grupo 6: Texto F – Temática: a necessidade comum. Assim, as pessoas podem não ter
da intervenção do Estado na economia um conhecimento completo e crítico da obra
capitalista, conforme Keynes – destacando no desses pensadores, mas têm, ao menos,
texto: “os mecanismos autorreguladores, nos algumas noções a respeito, além de utilizá-
quais acreditavam os economistas clássicos, los no seu dia a dia.
podem falhar”. Em seguida, solicite que o grupo conclua
Circule entre os grupos, acompanhando sua apresentação com um ligeiro comentário
a leitura dos textos, fornecendo explicações sobre o texto que lhe coube e sobre o autor
e estimulando os debates internos. Oriente- ou sobre a forma ou objetivos da exposição
os a estabelecer, a partir do texto, relações das ideias, bem como sobre o modo como a
entre o conhecimento produzido científica “fonte” aparece nelas.
ou academicamente e a vida cotidiana, isto Após as apresentações de todos os grupos,
é, a forma como esse conhecimento foi mobilize um debate em torno das questões:
incorporado no senso comum.
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86 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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HISTÓRIA 87
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88 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
em ouro, comigo é em confusão que tudo princípios está o melhor antídoto contra aven-
se transforma nos jornais”. O comentário de turas ditatoriais. (...)
Einstein em carta a seu amigo Max Born, em Não se compreende de que modo obtere-
1920, reflete sua angústia. Uma leitura errô- mos uma sociedade mais justa e digna para
nea da Teoria da Relatividade Geral estimulou seres humanos (os adultos) por meio da or-
a crença de que não havia mais absolutos: de ganização da morte de outros seres humanos
tempo e espaço, de bem e mal, de conheci- igualmente vivos (as crianças não nascidas).
mento, sobretudo de valores. Há um elo indissolúvel entre a prática do abor-
Assistiu, atônito, à metamorfose de seu to, o massacre do Carandiru, a chacina da Can-
trabalho na epidemia do relativismo moral, delária e outras agressões à vida: o ser humano
assim como padeceu a dor de ver a sua equa- é encarado como objeto descartável. Os argu-
ção dar à luz o terror nuclear. Houve muitas mentos esgrimidos em defesa dessas ações,
vezes, confidenciou Einstein no final de sua alguns cruéis, outros carregados de eufemis-
vida, em que desejou ter sido um simples re- mos, não conseguem ocultar o desrespeito ao
lojoeiro. primeiro direito humano fundamental, base da
Recentemente, reli a encíclica Veritatis sociedade democrática: o direito à vida. (...)
Splendor, texto obrigatório para quem tem o Trata-se, na verdade, do corolário de um
ofício, comprometedor e fascinante, de tentar silogismo dramaticamente lógico. A vida dei-
iluminar a verdade profunda dos fatos e, ao xa de ser um fato sagrado. Converte-se, sim-
mesmo tempo, defender aquilo que está no plesmente, numa realidade utilitária. (...)
cerne do DNA da raça humana: a liberdade. Uma das doenças culturais do nosso tem-
João Paulo II, um papa dotado de extraordi- po (e certo jornalismo manifesta alguns dos
nária cabeça filosófica, pretende resgatar este seus sintomas) é o empenho em contrapor a
“mundo desconjuntado”, como tristemente verdade e liberdade. As convicções, mesmo
observava Hamlet. Na encíclica, o pontífice quando livremente assumidas, recebem o
adverte para a “decadência do sentido moral” estigma de fundamentalismo. Impõe-se em
na sociedade e suas consequências dramáti- nome da liberdade, o dogma do relativismo.
cas para a democracia. Trata-se, na feliz expressão do cineasta
“Uma democracia sem valores se transfor- marxista Pier Paolo Pasolini, da “intolerância
ma com facilidade num totalitarismo visível dos tolerantes”, que, obviamente, conspira
ou encoberto”, afirma o texto com um realis- contra o sadio pluralismo democrático. (…)
mo cortante. “A origem do totalitarismo mo-
derno deve ser vista na negação da dignidade Carlos Alberto Di Franco, in: Estado de
transcendente da pessoa, sujeito natural de S. Paulo, 22/1/2001.
direitos que ninguém pode violar; nem o indi-
víduo, nem a família, nem a sociedade, nem a Texto C
nação, nem o Estado.” (... )
Qualquer construção democrática, au- Reflexões sobre futebol
têntica e não apenas de fachada, reclama os
alicerces da lei natural. No respeito aos seus Uma semana antes da estreia, tivemos
uma folga de 24 horas para cada um se diver-
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HISTÓRIA 89
tir, aproveitar para fazer o que quisesse; satis- que o que ele fala é importante. (...) Estava vi-
fazer as suas necessidades sexuais. Que eu me vendo um momento frustrante na medicina.
lembre, ninguém levou namorada nem espo- Piorava o nível de ensino, os alunos reclama-
sa, e cada um fez o que quis, à sua maneira, vam, e o hospital universitário, onde eu traba-
acompanhado ou sozinho. Alguns conseguem lhava oito horas por dia, estava cada dia pior.
sem desprazer sublimar o desejo sexual, ou Para sobreviver, a faculdade passou a atender
seja, transformar esse desejo em outro: leitu- como serviço público, recebendo ajuda do go-
ra, cinema, trabalho etc. …assim foi construí- verno. Nós, professores, viramos médicos do
da a civilização; outros, e aí é ruim para o atle- Inamps via faculdade, trabalhando em péssi-
ta, reprimem o desejo sexual na véspera da mas condições e com os alunos insatisfeitos.
partida, com prazer, sem traumas, bebidas al- Sentia-me conivente com todo esse absurdo
coólicas ou perda de sono, é benéfica e deixa que é o sistema de saúde no Brasil, que não
o jogador “levinho”, como disse Romário. (…) tem o mínimo respeito pelo ser humano. Além
Com 26 anos, encerrei a carreira, triste, disso, ganhava um salário indigno. Pensava
mas com o consolo de que era jovem e podia em largar a medicina e dedicar-me à terapia
iniciar uma nova profissão. Renasceram so- psicanalítica, pois tinha acabado de terminar
nhos adolescentes de ter uma profissão libe- o curso teórico e estava entusiasmado com a
ral, estudar e me informar mais sobre o mun- obra de Freud. (...)
do e a vida. Tinha a sensação de que o futebol Na Copa de 1994, matei a saudade do
tinha sido uma passagem, um lazer remune- futebol. Saí do Brasil só para participar da
rado, gostoso e de muitas glórias. mesa-redonda diária e acabei comentando
Agora começaria minha vida real, como várias partidas. (...) Gostei, e aprovaram a
qualquer um, sem fama, e não precisaria ficar minha atuação em frente às câmeras de TV.
constrangido em ser reconhecido, tomar uma Até hoje não entendo como virei comentarista
cerveja no bar, ir ao cinema. Era a conquista de televisão. Sou tímido, sempre tive medo de
da liberdade, da privacidade, e a identificação falar em público (...). Aos poucos fui perden-
como homem. (…) do o medo da TV, principalmente comentando
Passei 21 anos, de 1973 a 1994, longe do partidas, pois não apareço no vídeo. A terapia
futebol. Assistia só aos jogos importantes na pessoal ajudou-me a conviver com essa ansie-
TV e raramente ia aos estádios, não por des- dade, e hoje me sinto quase descontraído.
gosto, raiva, falta de saudade, e sim por co-
modidade, por estar envolvido com a medici- Tostão, Lembranças, opiniões, reflexões
na. Quando o inconsciente se manifestava, so- sobre futebol. São Paulo: DBA, 1997, p. 64,
nhava que estava fazendo gols, dando passes, 97-98, 102-104.
sendo campeão. O sonho é o reflexo da alma,
nossa verdade. (…) Texto D
Dedicava-me ao ensino com entusiasmo e
prazer. Descobrir que todo professor gosta de Teoria da evolução
aplauso e que eu não fugia à verdade núme-
ro um do ser humano: a vaidade. O professor, Já falamos sobre Marx. Vamos agora falar
como o comentarista, sempre tem a ilusão de sobre Darwin. Você certamente ainda se lem-
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90 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
bra de que os pré-socráticos queriam encon- tulo completo é On the origin of species by
trar explicações naturais para os processos da means of natural selection or the preserva-
natureza. Assim como através disso eles que- tion of favoured races in the struggle for life.
riam se libertar das antigas explicações mito- (…). Uma tradução feita hoje poderia ser a
lógicas, também Darwin precisava se libertar seguinte: Sobre “a origem das espécies por
da doutrina cristã sobre a criação do homem e meio da seleção natural ou a preservação
dos animais, vigente em sua época. de raças favorecidas na luta pela vida”. Al-
– Mas ele foi realmente um filósofo? guns preferem falar em “sobrevivência” no
– Darwin era biólogo e pesquisador natu- lugar de “preservação”, outros em “esforço
ral. Mas ele foi o cientista que, mais do que pela manutenção da vida”, em vez de “luta
qualquer outro em tempos mais modernos, pela vida”, que teria um “tom bélico”. (…)
questionou e colocou em dúvida a visão bíbli- ele dizia que todas as espécies de plantas
ca sobre o lugar do homem e da criação. e animais que vivem hoje descendem de
– Então seria bom você falar um pouco so- formas mais primitivas, que viveram em
bre a teoria da evolução de Darwin: tempos passados. Ele pressupõe, portanto,
uma evolução biológica. Em segundo lugar,
Vamos começar pelo próprio Darwin. Ele Darwin explica que esta evolução se deve a
nasceu em 1809 ( ... ). Quando Charles en- “seleção natural”.
trou para o liceu de Shrewsbury, o reitor – Só os mais fortes sobrevivem, não é isso?
dizia que ele era um jovem que vivia dis- – Vamos nos concentrar primeiro na sua
perso, não falava coisa com coisa, se gaba- reflexão sobre a evolução propriamente
va sem ter motivo para isto e não fazia nada dita. Em si, esta ideia não tinha muito de
de sensato. Para o reitor, “sensato” era fi- original (…). Só que nenhum deles [cien-
car decorando vocábulos gregos e latinos. tista como Lamarck e o avô Darwin] tinha
E quando falava em viver disperso, ele es- conseguido dar uma explicação aceitável
tava pensando, entre outras coisas, no fato para como essa evolução se processa. (…).
de Charles colecionar besouros de várias Tanto os membros da Igreja quanto muitos
espécies (…). Paralelamente ao curso de cientistas eram partidários da teoria bíbli-
teologia, porém, ele conseguiu certo reco- ca, segundo a qual as diferentes espécies
nhecimento como pesquisador natural. Da- de plantas e animais eram imutáveis. Para
rwin também interessava-se por geologia eles, cada espécie animal tinha sido criada
(…). Em agosto do mesmo ano [1831] (…) um dia, separadamente das outras e para
recebeu uma carta que viria a determinar todo o sempre, por um ato de criação espe-
todo o seu futuro (…) partiria numa expe- cial. (…) esta visão cristã estava de acordo
dição com a incumbência de fazer o mapa com as concepções de Platão e Aristóte-
cartográfico do extremo sul da América do les (…). A teoria das ideias de Platão tinha
Sul (…) Quando voltou para a casa, aos vin- como ponto de partida a noção de que to-
te e sete anos, já era um pesquisador famo- das as espécies animais eram imutáveis, já
so (…) o livro que suscitou na Inglaterra os que cada uma tinha sido criada, a partir de
mais calorosos debates foi sobre A origem um modelo correspondente a uma ideia ou
das espécies, publicado em 1859. Seu ti- forma eterna. O fato de as espécies serem
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HISTÓRIA 91
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DO ENSINO MÉDIO
92 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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DO ENSINO MÉDIO
HISTÓRIA 93
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DO ENSINO MÉDIO
94 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
Para finalizar, procure orientar um debate A grande indústria criou o mercado mun-
acerca de como as elites amazônicas se be- dial preparado pela descoberta da América: O
neficiaram da economia da borracha e o que mercado mundial acelerou prodigiosamente
essa economia propiciou a região. Como as o desenvolvimento do comércio, da navega-
inovações tecnológicas possibilitaram o uso ção e dos meios de comunicação por terra.
em larga escala da borracha. Após essas dis- Este desenvolvimento reagiu por sua vez so-
cussões compare o que vem acontecendo no bre a extensão da indústria; e, à medida que
tempo presente, quando países estrangeiros a indústria, o comércio, a navegação, as vias
manifestam explícitos interesses pela bio- férreas se desenvolviam, crescia a burguesia,
diversidade amazônica. Qual o papel que a multiplicando seus capitais e relegando a se-
região amazônica pode desempenhar nesse gundo plano as classes legadas pela Idade
cenário do século XXI e manifeste sua opinião Média.
sobre o que vem sendo feito para não repetir- Vemos, pois, que a própria burguesia mo-
mos a realidade vivida pelos homens do final derna é o produto de um longo processo de
do século XIX e primeiras décadas do século desenvolvimento, de uma série de revoluções
XX. no modo de produção e de troca.
Cada etapa da evolução percorrida pela
Manifesto do Partido Comunista – burguesia era acompanhada de um progres-
Karl Marx so político correspondente. Classe oprimida
pelo despotismo feudal, associação armada
A antiga organização feudal da indústria, administrando-se a si própria na comuna – a;
em que esta era circunscrita a corporações aqui, república urbana independente, ali, ter-
fechadas, já não podia satisfazer às necessi- ceiro estado, tributário da monarquia; depois,
dades que cresciam com a abertura de novos durante o período manufatureiro, contrapeso
mercados. A manufatura a substituiu. A pe- da nobreza na monarquia feudal ou absolu-
quena burguesia industrial suplantou os mes- ta, pedra angular das grandes monarquias, a
tres das corporações; a divisão do trabalho burguesia, desde o estabelecimento da gran-
entre as diferentes corporações desapareceu de indústria e do mercado mundial, conquis-
diante da divisão do trabalho dentro da pró- tou, finalmente, a soberania política exclusiva
pria oficina. no Estado representativo moderno. O governo
Todavia, os mercados ampliavam-se cada moderno não é senão um comitê para gerir os
vez mais: a procura de mercadorias aumen- negócios comuns de toda a classe burguesa.
tava sempre. A própria manufatura tornou-se A burguesia desempenhou na História um
insuficiente; então, o vapor e a maquinaria re- papel eminentemente revolucionário.
volucionaram a produção industrial. A grande Onde quer que tenha conquistado o poder,
indústria moderna suplantou a manufatura; a a burguesia calcou aos pés as relações feu-
média burguesia manufatureira cedeu lugar dais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos
aos milionários da indústria, aos chefes de e variados laços que prendiam o homem feu-
verdadeiros exércitos industriais, aos burgue- dal a seus “superiores naturais” ela os despe-
ses modernos. daçou sem piedade, para só deixar subsistir,
de homem para homem, o laço do frio inte-
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HISTÓRIA 95
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96 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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98 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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HISTÓRIA 99
Foi assim que o operariado amazonen- -se pela avenida Eduardo Ribeiro, dando en-
se interpretou e sagrou o Iº de Maio levando tuziasticos vivas ao operariado livre, aos es-
a cabo manifestações diversas quer internas tudantes, e abaixo os tiranos sintetizados no
quer esternas. Aquélas nas associações de clas- Estado salva-guarda da Burguezia infrente.
se, e estas na praça publica, tendo por ponto Pacificamente observando a maior e mais
de partida o largo de S. Sebastião, o qual ás sensata cordura, ás vezes em silencio sepul-
16 oras se juntaram proletários e estudantes cral, interrompido pelas pizadas dos ómens
dando inicio ao comicio o acadêmico Adail do de trabalho a onda umana proletaria cami-
Couto que pronunciou uma bem improvizada nhou serena á rua da Instalação, detendo-se
alocução, discorrendo sobre o Iº de Maio e em frente da pequena bastilha denominada
terminando, saudou o operariado, em nome Fabrica de Roupas Amazonense, onde as ope-
da classe dos estudantes da Universidade de rarias d’aquelas industria receberam os seus
Manáos. Alguns vivas coroavam as palavras companheiros de trabalho como outr’ora, os
deste acadêmico, o qual foi procedido no uso cristãos o fizeram a Jezus cobrindo a rua com
da palavra pelo artista gráfico, J. Azpilicueta, aromaticas flores, que tambem derramaram
fazendo este o resumo historico, não só da sob as cabeças do operariado, desde o alto do
data Iº de Maio como tambem esternando-se edifício, orando em seguida a operaria Ceci-
maravilhozamense sobre a situação social, do lia Miranda que leu um belo discurso no qual
operariado jeral e em particular do operaria- ipoteca a solidariedade de sua classe ao ope-
do amazonense. Verberou com frazes logicas e rario irmão em lúta e em sacrifícios.
sinceras o procedimento dos patrões em todos Da janela da caza Avaneza, tambem orou o
os ramos de trabalho, mostrando a ambição e acadêmico Euclides Bentes pronunciando belis-
falta de escrúpulos destes no sentido desmedi- sima oração cheia de encômios ao trabaljo e
do da esploração a seus empregados que, alem ao operariado, ververando sobranceiramente
de serem mal retribuídos no fim das quinzenas o prodo comercio por conservaras portas aber-
e semanas, não recebiam os salários, passan- tas e estimulando os trabalhadores a seguirem
do, portanto, enormes vicissitudes. sua obra empregando a força para conseguir
Azpilicueta concluiu ezortando os prezen- os fins, se necessário fosse. Terminou saldando
tes a seguirem pelas diversas corporações as operarias da Fabrica e convidando-as a se-
que aguardavam a passagem dos manifes- guirem no préstito dos trabalhadores, pois que
tantes para se incorporar. Seguiu imediata- elas tambem eram esploradas! Uma salva es-
mente o imenso gentio proletário em direção trepidosa de aplauzos encerrou a oração deste
da “Federação Maritima”, na porta da qual acadêmico. Ainda se fez ouvir d’ uma das ja-
orou o camarada Fernández Varela, que, em nelas da Fabrica de Roupas o camarada Tercio
poucas palavras saudou aquela Federação Miranda dissertando sobre o dia 1º de Maio, o
concitando aos marítimos a unirem-se solida- qual era consagrado – disse o orador – como
mente tendo por diviza o Trabalho e por lema o dia de finados do operariado, sintetizando
a Justiça. os crimes ediondos cometidos pelas autorida-
A este orador respondeu o comandante de de Chicago nas pessoas de oito libertarios, e
Cruz, em nome d’aquela corporação, termi- secundados pelos governos de todos os paizes.
nando este os manifestantes encaminhavam- Uma vós fez-se ouvir então, e, de repente, a
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100 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
multidão operária desfilava levando na van- Dissolveu-se, pois o comicio na melhor ordem
guarda o grupo de operarias da fabrica, em deixando na mentede cada trabalhador, gra-
direcão ao teatro Alcazar que fora cedido jen- vada em traços indeleveis a memoria éterna
tilmente pelo proprietario Sr. Fontenelli. Neste da cauza operaria que transformará o regi-
local que ficou totalmente repleto de trabalha- men social de tirania em que atualmente jaz
dores foi celebrada a séssão magna anuncia- o Povo trabalhador.
da, para termo da manifestação esterna, sendo
esta sessão prezidida pelo velho operário An- Fonte: Extraído do Jornal
gel Pérez Caballero o qual uzou da palavra e, A Lucta Social 1914
depois de agradecer a lembrança de seu nome (Obs: O texto mante-se como no original.)
disse que se sentia deverás comovido, que la-
mentava a falta de união dos trabalhadores 3ª Série
por que só com a união jeral poderiam fazer
valer os seus direitos conspurcados pelo capi- Atividade 1
talismo.
O trabalho, – disse P. C. estará sempre Objetivo:
sobre o capital porque é ele o fator direto • Proporcionar aos educandos noções me-
d’aquele; semdo, portanto impossível a ezis- todológicas para que possam compreen-
tencia do capital sem o trabalho:Colocai, – der e diferenciar as diversas concepções
continúa o orador – um milhão um milhão de de tempo e as diversas formas de perio-
libras dentro de uma caixa e tereis ocazião de dização do tempo cronológico reconhe-
ver como elas não se reproduzem, como são cendo-as como construções culturais e
improdutivas, sendo pó consequência o tra- históricas.
balhador a alma do capital.Ao terminar sua
oração foi ovacionado pela assistência. Competência:
Concedida a palavra ao academico Edgar • Atuar sobre os processos de construção
Castro, este leu um brilhante trabalho litera- da memória social, partindo da crítica
rio no qual descreveu com profunda erudição dos diversos “lugares de memória” social-
as fórmas da Sociedade Nova que o operaria- mente instituídos.
do aspirava Na qual predominaria o Amor, a
Verdade e a Justiça. Este orador Foi caloroza- Habilidade:
mente aplaudido. Paulo Euleterio, o moço tão • Situar as diversas produções da cultura, as
simpático dos operários seguiu-se com a pa- linguagens, as artes, a filosofia, as ciências,
lavra, deleitando com seu verbo sonoro e sin- as tecnologias e manifestações sociais, nos
cero o auditorio, que o acolheu entre palmas contextos históricos de sua constituição e
frenéticas. significação.
A ora ia avançando paulatinaMente e por
isso foi encerrada a sessão falando de entre Passo a passo:
outros camaradas Tercio Miranda que agra- Distribua os textos e dê um tempo para a
deceu a presença de todos e fez votos pela leitura dos textos.
emancipação integral dos trabalhadores.
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HISTÓRIA 101
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102 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
satisfatório, porque o fenômeno que essas trução espontânea de uma memória coletiva,
ideologias pretendem justificar não é antigo que se manifesta por meio de comportamen-
ou eterno, mas historicamente novo. Isso é vá- tos, de condutas e de rituais, vivos e abertos à
lido tanto para o fundamentalismo religioso reconstrução permanente da lembrança e do
em suas versões atuais – a versão do aiatolá esquecimento. (...) A tendência nas sociedades
Khomeini de um Estado islâmico não é anterior urbanas e industriais é a predominância da
ao início dos anos 70 – quanto para o nacio- história escrita sobre a memória e o desapa-
nalismo contemporâneo. O passado legitima. recimento progressivo das manifestações es-
O passado fornece um pano de fundo mais pontâneas e lembranças coletivas. (...) Nessas
glorioso a um presente que não tem muito o sociedades complexas, a identidade coletiva,
que comemorar. Eu me lembro de ter visto em constituída através da memória, é substituída
algum lugar um estudo sobre a civilização an- por lugares de memória (museus, bibliotecas,
tiga das cidades do vale dos Indus com o títu- espaços culturais, galerias, arquivos (...) ou
lo “Cinco mil anos de Paquistão”. O Paquistão por uma “grande história”, a história da na-
nem era cogitado antes de 1932-3, quando o ção, que pretende unir todos através de uma
nome foi inventado por alguns militantes estu- trajetória comum. E as datas comemorativas
dantis. Apenas se tornou uma demanda séria a nacionais são marcos históricos do que se
partir de 1940. Como Estado, apenas existiu a considera uma “grande história”, escrita por
partir de 1947. Não há nenhuma evidência de determinados grupos sociais (…) como sendo
haver conexão entre a civilização de Mohenjo elas representantes de um passado glorioso,
Daro e atuais governantes de Islamabad que que deve ser valorizado por toda uma nação.
entre a Guerra de Troia e o governo de Anca-
ra, que no momento reivindica o retorno, ainda (Calazans, Antônia Terra F. História e
que apenas para a exibição pública, do tesouro memória, in Jornal Bolando Aula de Histó-
de Schliemann do rei Príamo de Troia. Mas de ria. nº 13, maio, 1999).
certo modo, 5 mil anos de Paquistão soam me-
lhor do que 46 anos de Paquistão. Texto 4
Nessa situação os historiadores se veem no
inesperado papel de atores políticos. Eu costu- A viagem de Cabral suscita, pelo menos,
mava pensar que a profissão de historiador, dois problemas: O primeiro, muito discutido, é
ao contrário, digamos, da de físico nuclear, que a tradição e a historiografia deram à sua
não pudesse pelo menos produzir danos. Ago- viagem o nome de “descobrimento do Brasil”,
ra sei que pode. o que envolve um claro eurocentrismo. Se os
portugueses descobriram os tupiniquins, tu-
(Eric Hobsbawn. Sobre História: ensaios. São pinambás etc., foram também descobertos
Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 17). pelos índios. Falar em descobrimento do Bra-
sil, como em descobrimento da América, é a
Texto 3 visão do vencedor. Isto tem sido muito discu-
tido. Nos anos 50, o historiador mexicano Ed-
Além das histórias escritas, as comunida- mundo O’Gorman escreveu La invención de Ia
des relembram o seu passado através da cons- América, um belíssimo texto em que diz que
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HISTÓRIA 103
não há descobrimento da América porque ela Fonte: Obra: BRASIL. Ministério da Educa-
não existia; havia sim um território. A América ção. Parâmetros em Ação, Ensino Médio
foi inventada, não descoberta! O Brasil tam- Ciências Humanas e suas Tecnologias/
bém teria que ser inventado. E certamente Secretaria de Educação Média e Tecnológi-
não foi Pedro Álvares Cabral quem inventou o ca – MEC; Semtec, 2002, 502 p.
Brasil, da mesma forma que a América não foi
inventada por Colombo. 1.3.2 Sugestões para pesquisa
O desdobramento dessa ideia dá, por vezes,
lugar a equívocos. Um deles se desenvolveu Biografias
nos anos 60 e 70: se essa é a visão do impe-
rialismo, então nossa História teria que ser BERNSTElN, Serge. A cultura política. ln:
escrita do ponto de vista contrário, isto é, dos RIOUX, Jean-Pierre; SlRINELLI, Jean-Fran-
vencidos, dos índios. Isso é um delírio, porque çois (Org.). Para uma História cultural. Tradu-
não podemos nos converter em índios. Esse ção Ana Moura. Lisboa: Editorial Estampa,
revisionismo – procurar fazer uma história 1998, p. 349-364.
sem etnocentrismo – produziu algumas obras
interessantes, como, por exemplo, os novos BLOCH, Marc. Apologia da História – Ou o ofí-
trabalhos sobre história da Igreja na América cio do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
Latina, escritos na perspectiva da Teologia da 2001, p. 98.
Libertação. Mas se essa obra tem contribuições
notáveis, tem também um viés complicado. A BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. 2ª
Teologia da Libertação diz, por exemplo, que a ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
verdadeira catequese tem que preservar a cul-
tura do índio. Eu perguntei num debate: “Mas BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé. As escolas his-
como vocês vão preservar a cultura do índio, se tóricas. Lisboa: Europa-América, 2000.
nela a religião é fundamental?” Aí os teólogos
da corrente disseram: “Nós acreditamos que o BRAUDEL, Fernand. A Longa Duração. Escritos
cristianismo seja compatível com qualquer ou- sobre a História. São Paulo: Perspectiva, 1992.
tra cultura”. Ora, isso é uma matéria de fé que
não pode ser demonstrada. (...) CAIRE-JABINET, Marie- Paule. Introdução à his-
Os povos daqui eram iletrados, sua histó- toriografia. Tradução Laureano Pelegrin. Bau-
ria era oral, eles não tinham registros escritos. ru: Edusc, 2003.
O que temos de história são os escritos euro-
peus, alguns melhores, outros piores. CARDOSO, Ciro Flamarion. “O tempo das
ciências naturais e o tempo da História”. En-
(Fernando Novais. “A invenção do Brasil”. saios racionalistas. Rio de Janeiro: Campus,
In: Teoria e Debate, ano 13, nº 44, p. 52, abr/ 1988, p. 25-40.
mai/jun. 2000).
CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução à
História. São Paulo: Brasiliense, 1981.
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104 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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HOBSBAWM, Eric J. Sobre História. São Paulo:
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sileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, RÉMOND, René. Por que a História políti-
1998. ca? Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro:
CPDOC-FGV, v. 7, nº 13, p. 7-20, 1994. (Org).
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HISTÓRIA 105
Por uma História política. Tradução Dora Ro- Nesse mesmo site, há ainda, Banco de Teses e
cha. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996. Dissertações. Todas com acesso gratuito:
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esque- Revista Nossa História (Biblioteca Nacional)
cimento. Campinas: Unicamp, 2007. 392-393. Editora Vera Cruz (impressa)
Abaixo uma pequena lista de revistas aces- Estudos Afro-Asiáticos Publicação do Centro
síveis em versão impressa e outras em versão de Estudos Afro-Asiáticos (Ceaa) – Universida-
impressa e digital, on-line. As versões on-line de Cândido Mendes (Ucam)
encontram-se disponíveis em sites próprios
ou na base de dados http://www.scielo.br Revista Afro-Ásia Publicação semestral do
Há, ainda, o portal de periódicos Capes, cujo Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao) –
endereço eletrônico http://www.periodicos. Universidade Federal da Bahia (UFBA)
capes.gov.br, albergando diversas Revistas de
História e de outras áreas do conhecimento.
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106 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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HISTÓRIA 107
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HISTÓRIA 109
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110 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
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HISTÓRIA 111
A avaliação, dessa forma, assume impor- quais teorias nos embasamos para chegar a
tância fundamental, a partir dos seus instru- uma avaliação mais próxima da realidade.
mentos e o professor, por sua vez, precisa estar Além do postulado pedagógico referido,
atento aos objetivos propostos para que a ava- é necessário debruçarmo-nos sobre as novas
liação não destoe daquilo que ele pretende. avaliações que se apresentam, quais os seus
Assim sendo, a avaliação não é neutra no fundamentos, qual a sua forma e quais as
contexto educacional, pois está centrada em suas exigências. É nesse contexto que o Enem
um alicerce político educacional que envol- (Exame Nacional do Ensino Médio), criado em
ve a escola. Assim, para Caldeira (2000 apud 1988, e que tem por objetivo avaliar o desem-
Chueiri, 2008): penho do educando ao término da escolarida-
de básica, apresenta-se como uma proposta
A avaliação escolar é um meio e não um de avaliação digna de ser analisada e assimila-
fim em si mesmo; está delimitada por uma da em seus fundamentos.
determinada teoria e por uma determina- O Enem tomou um formato de “avaliação
da prática pedagógica. Ela não ocorre num nacional”. Isso significa dizer que ele tornou-
vazio conceitual, mas está dimensionada -se o modelo que vem sendo adotado no
por um modelo teórico de sociedade, de país, de norte a sul. Nesse sentido, a ques-
homem, de educação e, consequentemen- tão é saber o motivo pelo qual ele assumiu
te, de ensino e de aprendizagem, expresso o lugar que ocupa. Para compreendê-lo, um
na teoria e na prática pedagógica (p. 122). meio interessante é conhecer a sua “engre-
nagem” e pressupostos. Assim, é necessário
Para contemplar a visão de Caldeira, o pro- decompô-lo nas suas partes, saber o que cada
fessor necessita estar atento aos processos de uma significa, qual a sua relevância e em que
transformação da sociedade, pois estes aca- o todo muda a realidade avaliativa nacional,
bam por influenciar também o espaço da esco- pois ele apresenta-se como algo para além de
la como um todo. Essa constatação é evidente, um mero aferidor de aprendizagens.
quando percebemos o total descompasso da Esse exame constitui-se em quatro pro-
escola com as atuais tecnologias e que, ao que vas objetivas, contendo cada uma quarenta
tudo indica, não estão sendo usadas na sua de- e cinco questões de múltipla escolha e uma
vida dimensão. Por outro lado, quando o pro- proposta para a redação. As quatro provas
fessor não acompanha as transformações re- objetivas avaliam as seguintes áreas de co-
feridas, a avaliação corre o risco, muitas vezes, nhecimento do Ensino Médio e respectivos
de cair em um vazio conceitual. Infelizmente, Componentes Curriculares: Prova I – lingua-
é o que vem ocorrendo em grande parte das gens, Códigos e suas Tecnologias e Redação:
escolas brasileiras. É nesse sentido que cabe a Língua Portuguesa, Língua Estrangeira (Inglês
todos nós repensarmos nossa prática, apren- ou Espanhol), Arte e Educação Física; Prova
dizado e aspirações em termos pedagógicos e, II – Matemática e suas Tecnologias: Mate-
sobretudo, como sujeitos em construção. mática; Prova III – Ciências Humanas e suas
Diante disso, precisamos ter claro o que Tecnologias: História, Geografia, Filosofia e
significa avaliar no atual contexto, que edu- Sociologia; Prova IV – Ciências da Natureza e
candos queremos, baseados em qual ou em suas Tecnologias: Química, Física e Biologia.
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112 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECN OLOGIAS
É por meio da avaliação das Áreas de Co- mos, a sua formulação e o modo como um
nhecimento que se tem o nível dos educan- item é transformado em um aval para o pros-
dos brasileiros e que lhes é permitido ingres- seguimento dos estudos. E não só isso deve
sar no ensino de Nível Superior. Nesse sen- ser levado em consideração, pois alcançar
tido, o Enem não deve ser desprezado; ao um nível de aprovação exige uma formação
contrário, é obrigatório que os professores que inicia desde que uma criança ingressa na
do Ensino Médio conheçam os seus mecanis- Educação Infantil.
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HISTÓRIA 113
Considerações Finais
Após um trabalho intenso, que mobilizou a nossa ação pedagógica. Por isso, os seus
especialistas na área, professores e técnicos, elaboradores foram preparados, por meio de
vê-se concluída a Proposta Curricular para seminários, oficinas e de discussões nos gru-
o Ensino Médio. Esta Proposta justifica um pos que se organizaram, para concretizar os
anseio da comunidade educacional, da qual objetivos definidos.
se espera uma boa receptividade. Inclusive, A Proposta consta de treze Componentes
espera-se que ela exponha com clareza as Curriculares. Todos eles são vistos de forma
ideias, a filosofia que moveu os seus autores. que os professores tenham em suas mãos os
Ela propõe-se a seguir as novas orienta- objetos de conhecimento, assim como uma
ções, a nova filosofia, pedagogia, psicologia forma de trabalhá-los em sala de aula, reali-
da Educação brasileira, daí que ela tem no seu zando a interdisciplinaridade, a transversalida-
cerne o educando, ao mesmo tempo em que de, contextualizando os conhecimentos e os
visa envolver a comunidade, dotando de sig- referenciais sociais e culturais.
nificado tudo o que a envolve. Essa nova pers- E, ainda, ela pretendeu dar respostas às
pectiva da Educação brasileira, que evidencia determinações da LDB que requer um ho-
a quebra ou a mudança de paradigmas, exigiu mem-cidadão, capaz de uma vida plena em
que as leis, as propostas em curso para a Edu- sociedade. Ao se discutir sobre essa Lei e a
cação brasileira fossem reconsideradas. tentativa, via Proposta Curricular do Ensino
Durante o período da sua elaboração, mui- Médio, de concretizá-la, a Proposta sustenta-
tas coisas se modificaram, muitos congressos -se na aquisição e no desenvolvimento de
e debates foram realizados e todos mostra- Competências e Habilidades.
ram que, nesse momento, nada é seguro, É assim que esta Proposta chega ao Ensino
que, quando se trata de Educação, o campo Médio, como resultado de um grande esforço,
é sempre complexo, inconstante, o que nos da atenção e do respeito ao país, aos profes-
estimula a procurar um caminho que nos per- sores do Ensino Médio, aos pais dos educan-
mita realizar de forma consequente e segura dos e à comunidade em geral.
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HISTÓRIA 115
REFERêNCIAS
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PROPOSTA CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTA CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO PARA A REDE
PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS
Coordenação Pedagógica
Lafranckia Saraiva Paz
Neiza Teixeira
Consultoria Pedagógica
Evandro Ghedin
HELOISA DA SILVA BORGES
Assessoria Pedagógica
Maria Goreth Gadelha de Aragão
PROFESSORES COLABORADORES
Adriana Tobar Viana
Ana Célia da Silva Mendes
Antônio Carlos Dias Muniz
Austônio Queiroz dos Santos
Carlos Alexandre R. Oliveira
Celeste Conceição Nascimento Cruz
Cybele Morais da Costa
Elyelza da Silva Brasil
Emerson de Carvalho Braga
Fábio Teixeira Lima
Francirlette Gomes da Silva
Francisca Martins de Aquino
Francisco Eleud Gomes da Silva
Franklin da Rocha Lima
Gisele Rodrigues Carneiro
Ione Maria Souza Alves
João Lopes Pereira
José Fernando de Souza
Lenilson Melo Coelho
Lúcia Aleixo dos Reis do Nascimento
Maria Emília Franco Nascimento
Maria Izanilde da Silva Carneiro
Maria Glória Ferreira da Costa
Maria José C. de Almeida
Maria Williany N. dos Santos
Marly França Miranda
Marilene de Andrade França
Marineide da Silva Ribeiro
Maurício J. Bezerra Mendonça
Nilton Carlos da Silva Teixeira
Rejane de Freitas Damasceno
Rozilda Cordeiro da Silva
Sebastião Álvaro de Lira Falcão
Sebastião Rocha da S. Filho
Silvana da Silva dos Santos
Silvio Martel Cardoso
Wanderluce A. de Souza
Washington Luiz C. de Jesus