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Núcleo Integrado SESI/SENAI de Educação a Distância – NiEAD

PLANO DA SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM (SAP) 01

Curso: Técnico em Segurança do Trabalho Modalidade: Educação a Distância

Unidade Curricular 4: Fundamentos de Segurança e Saúde no Trabalho


Módulos:

( X ) Básico ( ) Específico I ( ) Específico II ( ) Específico III ( ) Específico IV

Estratégia da situação de aprendizagem:

(X) Situação - Problema ( ) Projeto ( ) Pesquisa ( ) Estudo de Caso


Título da situação de aprendizagem: Que resultado desastro!
Capacidades Técnicas: Identificar a terminologia técnica aplicada a Saúde e Segurança do
Trabalho; identificar hierarquia e principais legislações aplicadas a Saúde e Segurança do
Trabalho; interpretar dados estatísticos de acidentes, incidentes e doenças ocupacionais.
Objetivo: Esta situação de aprendizagem foi construída para compreender os procedimentos de
quando ocorre os acidentes de trabalho (Momento AVA), bem como entender como realiza os
cálculos referentes a Horas-Homem de exposição aos riscos de acidentes, taxa de frequência e
taxa de gravidade possibilitando uma comparação entre as empresas e contribuir para o Instituto
Nacional do Seguro Social (Momento Presencial).

ANEXO II – Relato de Acidente

Abaixo mostra o Relato de Acidente na indústria têxtil para realizar o Preenchimento da


Comunicação de Acidente de Trabalho que é o anexo I.

Trabalhador queima metade do corpo após Justiça liberar máquina interditada

Outro funcionário já havia queimado 70% da pele em caldeira semelhante. Juiz


suspendeu a interdição feita por auditor fiscal do trabalho, colocando os trabalhadores
em risco.

No início de março, Joel Valdemiro de Borba teve 70% do corpo queimado em uma
máquina de pintar tecidos na Nobre Indústria Têxtil, em Gaspar, Santa Catarina. Dez dias
depois do acidente, um auditor fiscal do trabalho interditou essa e outras máquinas devido
ao risco de novos acidentes acontecerem. Mas a Justiça liberou o funcionamento
alegando que o auditor não interditou imediatamente as máquinas (portanto, não haveria
risco), que a empresa demonstrava “certa boa vontade” em corrigir o problema e que sua
interrupção traria prejuízos financeiros à empresa e aos trabalhadores.
Oito dias depois da liberação, outro trabalhador, Alexandre Souza da Silva, queimou 45%
do seu corpo em máquina semelhante no mesmo local.
Dois meses após o primeiro acidente, a fábrica continua a funcionar normalmente, ainda
amparada pela mesma medida liminar. Procurada, a empresa, através de nota da sua
advogada, afirmou que “está dando apoio aos acidentados e internamente vem
promovendo sindicância nas máquinas.”
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Figura 1 – Cronologia dos acidentes na Nobre Indústria Têxtil.

Fonte: LOCATELLI, (2017).

O caso é um dos diversos onde magistrados liberaram o funcionamento de máquinas


após auditores fiscais do trabalho apontarem que elas não davam segurança aos
trabalhadores. “A Justiça do Trabalho tem muitas vezes deferido a suspensão das
interdições ambientais sob o argumento de preservação de empregos e de contratos
comerciais das empresas infratores, pondo em risco a integridade física dos obreiros,”
diz um estudo dos procuradores do trabalho André Magalhães Pessoa e Ilan Fonseca de
Souza.
Os procuradores analisaram diversos casos semelhantes, e chegaram à conclusão de
que não há uma relação entre a paralisação temporária das atividades de uma empresa
e a perda de vagas de emprego. Segundo os procuradores, são outros os fatores que
determinam a manutenção dos postos de trabalho, como a demanda das mercadorias
pelos consumidores.

Entenda, passo a passo, como esse caso aconteceu:

07 de março: O primeiro acidente

Joel teve 70% do seu corpo queimado ao ser atingido pelo líquido quente que estava
dentro de uma caldeira usada para tingir tecidos. A máquina que ele operava funciona de
maneira parecida com uma panela de pressão de cerca de dois metros de altura. Dentro
dela, o líquido chega a uma temperatura próxima a duzentos graus.

A máquina não tinha nenhum dispositivo que impedisse sua abertura enquanto estava
pressurizada, segundo o relatório do auditor fiscal do trabalho Pedro Maglioni. Algumas
das caldeiras da fábrica tiveram, inclusive, os dispositivos de segurança retirados pelo
empregador. A empresa, porém, alega que “as máquinas têm diversos dispositivos de
segurança”.

Prestes a completar 53 anos, Joel ficou internado em uma Unidade de Tratamento


Intensivo durante trinta dias, e agora aguarda a melhora em sua casa.
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Figura 2 - Máquina de tintura onde ocorreu o acidente.

Fonte: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) – Santa Catarina.

16 de março: Máquinas são interditadas

Por falta de segurança, as máquinas da fábrica foram interditadas após o acidente pelo
auditor fiscal do trabalho. A falta de um dispositivo que impedisse a abertura da caldeira
sob pressão foi um dos motivos apontados para a medida.

O auditor determinou que a fábrica só poderia voltar a funcionar se segue uma série de
recomendações, cujas soluções deveriam ser apresentadas em 4 dias. Como a empresa
não se adequou nesse tempo, as máquinas foram interditadas após uma semana.

A indústria questionou a interdição na Justiça, alegando que tinha 25 anos de atuação e


128 empregados, mas somente um acidente em caldeiras neste período. Além disso,
também questionava o prazo dado pelo auditor para adequar as máquinas.

Por fim, ela argumentava que a ação atrapalhava a sua atividade econômica. A defesa
da Nobre alegava que o não cumprimento de prazos geraria perda de clientes,
interrupção nas receitas, não pagamento aos empregados e até a falência da empresa.

17 de março: Juiz libera a operação

Às 18:56 de um domingo, o juiz José Lucio Munhoz decidiu que a fábrica poderia voltar
a funcionar. O magistrado argumenta que um caso grave de segurança do trabalho
deveria ter suas atividades imediatamente suspensas, mas esse não teria sido o que foi
presenciado pela fiscalização, já que houve um intervalo entre a visita do auditor à fábrica
e a interdição das máquinas. “Não foi essa a situação presenciada pelo órgão de
inspeção, pois do contrário não teria concedido prazo algum para que a impetrante
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oferecesse documentos. Caso a situação técnica fosse de uma gravidade urgente, a
medida deveria ter sido enérgica”, diz o juiz na liminar.

O magistrado da 3ª Vara Trabalhista de Blumenau disse, em sua liminar, que a empresa


“demonstra[va] certa boa vontade em sanar as irregularidades”, já que havia contratado
um técnico para tratar do problema.
Por fim, o juiz repetiu a falta de histórico de acidentes levantados pela defesa para
argumentar que ela merecia outra chance. “Diante do histórico da empresa, parece ser
razoável conceder-lhe um prazo para solucionar eventuais problemas de segurança e de
possíveis perigos de acidente”.

Em nota enviada à Repórter Brasil, a assessoria de imprensa do Tribunal Regional de


Trabalho de Santa Catarina afirmou que “o juiz concluiu que não seria razoável manter a
interdição, evitando assim o desemprego de 120 pais de família.”

A nota também diz que o magistrado trabalhava em plantão, e o processo foi redistribuído
para a 2ª Vara do Trabalho de Blumenau, “que inclusive não revogou a liminar do juiz
Munhoz. Também não há a indicação nos autos de que a União tenha tentado reverter a
decisão no segundo grau.”

No dia seguinte à medida liminar, uma segunda-feira, a empresa já poderia voltar a


funcionar.

25 de março: Outro trabalhador se acidenta

Uma semana e um dia após a decisão do juiz, Alexandre Souza da Silva sofreu um
acidente semelhante ao de Joel em outra caldeira da empresa. Assim como naquele
caso, a tampa abriu com a máquina ainda pressurizada, e ele foi atingido por um jato de
água quente. Seu braço, sua perna, sua barriga e até suas costas foram queimados.
O operador teve queimaduras de segundo grau em 45% do seu corpo, e também foi
internado, segundo informações do Comunicado de Acidente de Trabalho emitido pelo
médico da empresa.

Após os dois acidentes, as máquinas seguem funcionando e oferecendo riscos aos


funcionários, já que a interdição segue suspensa pela Justiça. Desde então, o Ministério
Público do Trabalho (MPT) pediu que a fábrica voltasse a ser interditada, já que a
empresa não tomou medidas para diminuir os riscos.

Segundo o MPT, a única prova de que a empresa tomou alguma medida foi um “simples
contrato firmado com uma empresa de engenharia” que “não garante em nada que as
medidas protetivas necessárias serão efetivamente implementadas.”

Uma tentativa de conciliação entre as partes está marcada para o dia 15 de maio, com a
presença do Ministério Público do Trabalho. Até lá, a fábrica pode continuar a funcionar
sem restrições.
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REFERÊNCIA

LOCATELLI, P. Trabalhador queima metade do corpo após Justiça liberar máquina


interditada. Repórter Brasil, 20 anos, 05.05.2017. Disponível em:
https://reporterbrasil.org.br/2017/05/trabalhador-queima-metade-do-corpo-apos-juiz-
liberar-maquina-interditada-por-fiscais/. Acesso em: 03/11/21.

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