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Trabalhador sofre acidente em rede de alta tensão e

recebe danos morais e estéticos


Data: 05/12/2016 / Fonte: Tribunal Regional do Trabalho -
24ª Região
Mato Grosso - Ele estava trabalhando na rede de
energia, em cima de um poste de alta tensão, quando
sofreu um acidente que o deixou de cama, refém de
cirurgias e incapaz de trabalhar. Contratado pela
empresa MST Serviços elétricos que prestava serviço
para Energisa, sofreu uma descarga elétrica enquanto
manobrava o disjuntor, o que o deixou por cerca de dois
minutos em chamas, até a rede ser desligada para seu
resgate.

Foi encaminhado para o hospital do município de Denise,


em Mato Grosso, depois para o Hospital das Clínicas, em
Tangará da Serra, onde permaneceu até abril de 2014
quando foi transferido para um hospital especializado em
queimaduras na cidade de Anápolis, em Goiânia.

Durante esse período ficou internado por 120 dias, dos


quais sete foram na Unidade de Tratamento Intensivo
(UTI). Foi submetido a mais de 10 cirurgias e por causa
das consequências da corrente elétrica não possui mais
condições de trabalhar.

Vários enxertos foram realizados em seu corpo e agora já


não pode ficar exposto ao sol e não tem força nos braços
e parte do movimento das mãos. O trabalhador contou,
ainda, que sente vergonha das cicatrizes espalhadas pelo
corpo. No processo trabalhista que ajuizou por causa do
acidente, relatou que não consegue usar nenhum tipo de
calçado por conta das sequelas que ficaram na região dos
pés.
O caso foi julgado pela Juíza da Vara do Trabalho de
Sorriso, Maiza Santos, que condenou as empresas a
pagarem ao trabalhador indenização por danos morais,
estéticos e uma pensão mensal enquanto estiver
impossibilitado para o serviço.

No processo, as empresas confirmaram a ocorrência do


acidente, mas se defenderam alegando culpa exclusiva
da vítima, que deixou de observar os cuidados
necessários para desempenhar suas tarefas. A defesa
argumentou que o acidente somente ocorreu porque o
trabalhador retirou o disjuntor, fazendo com que a
corrente elétrica, ao invés de seguir o curso regular,
retornasse ao aparelho, causando um curto circuito.

Segundo a defesa, o trabalhador não esperou o "ok" da


outra equipe e que ele tinha ciência de que o disjuntor
ainda estava aberto, já que era experiente na função e
conhecedor de todas as fase do processo para a
execução daquele serviço.

A testemunha ouvida nos autos declarou que o acidente


ocorreu em razão do disjuntor ter sido indevidamente
aberto e alguém na sala de comando enxergou como
defeito e comandou a abertura do disjuntor. A
testemunha também afirmou que o encarregado do autor
estava no local, mas não viu.

A empresa recorreu da decisão e a 2ª Turma do Tribunal


Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT) manteve
a condenação aos empregadores, determinando o
pagamento de indenização por danos morais no valor de
40 mil reais, danos estéticos de 20 mil reais e
pensionamento enquanto durar a incapacidade do
trabalhador.
A relatora do processo no Tribunal, desembargadora
Eliney Veloso, confirmou a sentença e afirmou que, com
duas equipe no local, seria difícil supor que o trabalhador
tenha deliberadamente realizado as atividades sem que
ninguém visse o procedimento e o interpelasse.

Diante das declarações da testemunha e das alegações


das partes, a relatora afirmou não ter ficado caracterizada
a culpa exclusiva do empregado, ressaltando que há
elementos que conduzem à responsabilidade civil da
empresa pelo acidente de trabalho na rede de energia. A
magistrada ressaltou, ainda, ser obrigação do empregador
fiscalizar as atividades desenvolvidas pelos seus
empregados. "Cumpre assinalar, ademais, que o
empregador possui o dever de zelar pela integridade
física dos seus empregados, cabendo-lhe orientar seus
empregados (...). Pelo que não tendo os Réus cumprido
com suas obrigações, configurado está o dever de
reparação", afirmou, sendo acompanhada por
unanimidade pelos demais membros da 2ª Turma.

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