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Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0011025-12.2021.5.15.0105


em 20/07/2021 14:09:16 - 64257da e assinado eletronicamente por:
- VALTENCIR PICCOLO SOMBINI

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE CAMPO


LIMPO PAULISTA / SP

VANDERLEY ALVES FERNANDES, brasileiro, casado,


desempregado, portador do RG nº 40.900.853-9 e do CPF n. 426.851.208-07, residente e domiciliado
na Rua Shirley de Almeida Tapias, nº 227, Bairro São José II, na cidade de Campo Limpo Paulista,
SP, CEP nº 13.232-296, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu advogado
subscritor, propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE

TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER LIMINAR

em face de CONTINENTAL AUTOMOTIVE DO BRASIL LTDA., pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ 11.111.752/0001-46, estabelecida na Av. Duque de Caxias, 2422,
na cidade de Várzea Paulista/SP. CEP 13.223-901, pelos motivos de fato e de direito aduzidos a
seguir:

A. DOS FATOS:

O reclamante foi contratado pela reclamada em 04/06/2018, na função de auxiliar


de produção, e dispensado na data de 16/04/2021, com aviso prévio projetado para 22/05/2021,
recebendo como último salário a quantia de R$ 2.468,19.

Ocorre que, no transcurso do contrato de trabalho havido entre as partes, a


reclamada praticou irregularidades que lesaram o reclamante em seus direitos, conforme se
demonstrará.

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B. DO DIREITO:

1. DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS

O exercício da atividade do recte se dava no setor de produção, mais


especificamente, na “galvanoplastia”, fazendo com que o reclamante ficasse exposto ao risco de
desenvolver doenças profissionais, face as condições de trabalho que eram impostas aos
empregados, desfavorecendo a adoção de medidas de proteção.

No desenvolver de suas atividades, o reclamante era responsável por colocar e


tirar peças da “gancheira”, ficando exposto a muito esforço físico, posturas inadequadas e a
movimentos repetitivos envolvendo, principalmente, seus membros superiores. Cumpre dizer que a
empresa reclamada não adotava medidas de prevenção ou proteção de seus empregados no que
tange a minimizar os riscos de acometimento de doenças profissionais.

Desse modo, o reclamante começou a apresentar os primeiros sintomas de


doenças profissionais em meados de 2020, quando passou a sentir dores nos ombros, vide cópia
dos atendimentos em pronto socorro que segue anexa aos autos.

O reclamante, então, veio a realizar, em agosto de 2020, exames em ambos os


ombros, a fim de atestar as reais condições clínicas em que se encontravam, ao passo que o
diagnóstico foi o seguinte:

“ULTRASSONOGRAFIA DO OMBRO ESQUERDO


[...]
IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA:
- Artropatia acrômio-clavicular.
- Tendinopatia do supraespinhal.”

“ULTRASSONOGRAFIA DO OMBRO DIREITO


[...]
IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA:
- Artropatia acrômio-clavicular.
- Tendinopatia do supraespinhal.”

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A reclamada, por sua vez, optou por alterar a atividade do reclamante, passando-o
para atuar na “transpaleteira”, atividade que, no entanto, também exigia esforço físico, posição
inadequada e movimentos repetitivos de membros superiores.

Desta forma, as dores do reclamante não apenas se mantiveram como evoluíram,


fazendo com o mesmo, visando o tratamento de seu quadro clínico, iniciasse a realização de sessões
de fisioterapia.

Não obstante, uma vez que o reclamante seguia exposto ao exercício de


atividades laborais que exigiam movimentos repetitivos, postura inadequada e esforço excessivo de
membros superiores, a fisioterapia não vinha tendo o resultado esperado, permanecendo o
reclamante com um agressivo quadro de dores.

Ao procurar auxílio médico, foi redigido o seguinte laudo médico ao reclamante:

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Além disso, em 23/04/2021, o reclamante também realizou nova ressonância


magnética do ombro esquerdo, cujo resultado segue infratranscrito:

“RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO OMBRO ESQUERDO


[...]
IMPRESSÃO RADIOLÓGICA:
- Diástase da articulação acrômio-clavicular relacionada a irregularidade e
fragmentação da extremidade articular da clavícula, de aspecto sequelar.
- Distensão laminar da Bursa subacromial-subdeltóide.
- Tendinopatia do supraespinhal.”

Vale ressaltar, que esse exame realizado em 23.04.20201, já estava agendado


antes da sua demissão, ocorrida em 16.04.2021. Ou seja, conforme se evidencia dos exames,
laudos médicos e prontuário médico supramencionados, o reclamante se encontrava em
tratamento de moléstias em ambos os ombros.

Não obstante, ainda que tendo plena ciência das moléstias do reclamante e,
inclusive, que o mesmo ainda se encontrava em tratamento, a empresa reclamada decidiu por
demiti-lo, no dia 16/04/2021, de maneira completamente discriminatória e ilegal.

Veja V. Exa. que o exame datado de 23/04/2021 e o


laudo médico datado de 12/05/2021, atestam que o reclamante
estava em tratamento e deveria ser mantido por prazo
indeterminado. Assim, fica evidente que não poderia ter sido
demitido, uma vez que jamais poderia ser considerado apto.
Deste modo, com limitações mecânicas, dores e dificuldades de movimentação, o
reclamante está desempregado e com extrema dificuldade de conseguir um novo emprego, uma vez
que está incapaz de desempenhar as atividades nas quais trabalhou em grande parte de sua vida.

Tais moléstias tornaram o reclamante portador de sequela, em caráter irreversível.

Ressalta-se que o reclamante nunca apresentou problema algum no que se refere


a ombros até o período de meados de 2020, quando já laborava para a reclamada em condições
inadequadas e extremas. Foi admitido apto, sem qualquer problema físico.

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Tudo isto está a demonstrar, em primeiro lugar, que a reclamada, ao impor ao


reclamante a atividade nos moldes como se desenvolvia, olvidou cuidados básicos no sentido de
evitar a incidência de acidentes desta natureza.

E, pior ainda, a reclamada, além de não ter tomado medidas preventivas para
evitar o ocorrido, também não se preocupou em tratar do problema do reclamante, uma vez que
sempre manteve o mesmo em funções que envolviam posturas e movimentos danosos ao seu
quadro.

Resta, portanto, demonstrado que as moléstias e o respectivo nexo causal


existem, o que será ainda mais comprovado pela prova pericial a ser realizada neste feito, o que
desde já se requer, que apontará as agressivas condições de trabalho a que estava submetido o
reclamante e o esforço físico que o mesmo tinha que desempenhar em suas funções.

Diante do acima relatado e das provas juntadas, fica evidente que a dispensa do
reclamante não poderia ocorrer.

Destarte, não é demais lembrar e isto é do conhecimento deste MM Juízo, que são
inúmeros os casos de ex-trabalhadores da empresa reclamada, que trabalhavam na mesma atividade
do ora reclamante ou similar, que apresentam problemas especialmente em membros superiores
(ombros, punhos e cotovelos). Se assim é, como não relacionar a atividade laborativa dos mesmos
com as moléstias encontradas em membros superiores, como no caso do ora reclamante?

Apenas para ilustrar, seguem abaixo vários casos de ex-empregados(as) da


reclamada, que também trabalhavam no setor de produção e que movem processos por conta de
doenças relacionadas a membros superiores:

RENATO DE LIMA REIS – PROCESSO N. 0010728-05.2021.5.15.0105

Problemas em punhos e cotovelos

ALVARO AUGUSTO DOS SANTOS – PROCESSO 0011376-53.2019.5.15.0105

Problemas em ombros / cotovelos / punhos

JECIRLEIDE SILVA LUZ – PROCESSO 0011100-22.2019.5.15.0105

Problemas em punho e ombro

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CARLOS VAGNER DA SILVA – PROCESSO 0010822-84.2020.5.15.0105

Problemas em punho, ombro e coluna

EDSON ALMEIDA – PROCESSO N. 0010557-82.2020.5.15.0105

Problemas em ombros

JULIANDO DAGA – PROCESSO N. 0011445-85.2019.5.15.0105

Problemas em ombros

GLEIDE CARMO DE CARVALHO – PROCESSO 0011257-92.2019.5.15.0105

Problemas em punho, cotovelo e ombro

ANTONIO MARCOS DA SILVA NOGUEIRA – PROCESSO 0010560-


42.2017.5.15.0105

Problemas em cotovelo

MARCELO DE ANDRADE – PROCESSO N. 0011446-70.2019.5.15.0105

Problemas em ombros, cotovelo e coluna

Estes são apenas alguns casos de que tem conhecimento o reclamante e seu
patrono, sendo certo que este MM Juízo tem condições de apurar outras demandas que estejam
tramitando por esta Vara do Trabalho, onde outros ex-empregados da reclamada também pleiteiam
indenizações por conta do acometimento por moléstias similares. Ou seja, não é um caso isolado
do reclamante, mas sim, inúmeros trabalhadores vêm sendo acometidos das mesmas
moléstias envolvendo membros superiores, por conta das condições de trabalho a que são
submetidos na empresa reclamada. Tal fato não pode passar despercebido por este MM Juízo.

2. DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA:

Conforme já devidamente comprovado pela argumentação supra e pela


documentação anexa aos autos, quando de sua demissão, o reclamante estava em tratamento, ou
seja, a reclamada optou por demiti-lo no transcurso de seu tratamento, no dia 16/04/2021, de forma
completamente discriminatória. Diante disto, a dispensa deve ser anulada e deve ser determinada a
reintegração do mesmo.
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a) Da Estabilidade Provisória Prevista em Convenção Coletiva:

O reclamante pertence à categoria abrangida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de


Jundiaí, tendo seu contrato de trabalho vinculado à Convenção Coletiva do “Sindipeças” – Grupo III,
de 2020/2022, devidamente anexa, a qual rege normas específicas à relação de trabalho entre o
reclamante e a reclamada.

Conforme prevê a convenção coletiva anexa, na cláusula 24 - GARANTIA AO


EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA PROFISSIONAL OU OCUPACIONAL, o reclamante tem
direito a uma estabilidade de 33 meses, contados do retorno ao trabalho decorrente de alta médica,
razão pela qual, a demissão praticada pela reclamada não tem validade alguma.

Considerando que o reclamante está em tratamento médico, não há que se falar


em “alta médica”, devendo o mesmo ser reintegrado imediatamente e devidamente tratado.

b) Da Estabilidade Provisória de 1 Ano (Lei n. 8.213/1991):

Ainda que, por hipótese, não se acolha a estabilidade convencional, no mínimo o


reclamante tinha estabilidade de 1 ano, nos termos da Lei 8.213/91. E, tendo-se em vista que o
reclamante ainda não está recuperado, resta evidente que o termo inicial deste período de
estabilidade só se dará quando o reclamante, após reintegrado e devidamente afastado para tratar de
suas lesões, obtiver alta médica que lhe garanta a ciência inequívoca da extensão de suas lesões.

Pedimos vênia para transcrição do referido artigo:

“Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de 12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção
de auxílio acidente.”

Vemos, portanto, que o reclamante gozava de estabilidade provisória, quando da


sua demissão e sendo assim, tem direito a reintegração ou indenização pelo período correspondente,
ou seja, pelos salários, férias, 13º salário, FGTS, etc, de todo o período referente a mencionada
estabilidade.

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Ou seja, resta evidente que, tanto a estabilidade garantida por lei (no artigo 93, da
lei 8.213/91) quanto a estabilidade prevista em CCT, foram ambas descumpridas pela reclamada, que
optou pela dispensa imotivada e ilegal do reclamante.

c) Do Não Recebimento de Auxílio-Doença Acidentário:

Nem se alegue, também, que o reclamante não faria jus a referida estabilidade
(seja a convencional ou a de 1 ano, garantida por lei) face ao mesmo não ter recebido auxílio-doença
acidentário, uma vez que o mesmo não recebeu tal auxílio por culpa única e exclusiva da reclamada.

E assim têm entendido nossos Tribunais:

“DTZ1543585 - Doença Ocupacional - Estabilidade - Indenização - A não-emissão


da CAT pela empresa e a dispensa do empregado acometido de doença
ocupacional com fins a obstar seu direito ao benefício de auxílio-doença
acidentário e, em conseqüência, à garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei
nº 8.213/91, enseja indenização correspondente ao período de estabilidade a que
o obreiro teria direito. (TRT12ª R. - RO-VA 00539-2001-019-12-00-7 - Ac.
05077/04 - 3ª T. - Rel. Juiz Gilmar Cavalheri - DJ 25.05.2004)”

“DTZ1067442 - ESTABILIDADE DO ACIDENTADO - OMISSÃO DO


EMPREGADOR NO FORNECIMENTO DA CAT - EFEITOS - Irrelevante se
mostra, contudo, a exigência de afastamento para os efeitos do art. 118 da Lei nº
8.213/91, quando a concessão do auxílio-doença acidentário vincula-se à
comunicação do acidente do trabalho, que deixou de ser expedido por omissão do
empregador. Possível admitir-se, diante da realidade indesmentida de nossos
dias, que o trabalhador, por sua vez, oculte a moléstia para manter o emprego. O
fato é que o exame demissional não pode assumir feição de mais um formalismo
cartorário que se encerra com a assinatura do clínico. Sua finalidade está,
exatamente, na constatação de possível mal que impeça a dispensa arbitrária.
(TRT2ª R. - RO 20000489233 - Ac. 20010805979 - 8ª T - Rel. Juiz Jose Carlos da
Silva Arouca - DOESP 15.01.2002)”

“DTZ1957910 - ACIDENTE DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DA CAT.


ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. POSSIBILIDADE. A ausência de emissão da
Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT, não obsta o reconhecimento judicial
da estabilidade acidentária prevista no art. 118, da Lei nº 8.213/91, quando resta
provado nos autos que o autor foi acometido de acidente de trabalho.
Cuida-se de preservar a aplicação de medidas legais de proteção à saúde do
trabalhador, sob pena de, a vingar entendimento diverso, patrocinar-se verdadeira
ignorância ao regramento legal específico, verdadeira revogação tácita. Busca-se,
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por fim, manter incólume, tanto quanto possível, os cofres públicos, os quais
somente devem responder por onerações previdenciárias na medida do
imprescindível. Prevenção é dever de todos. (TRT6ª R. - RO
00826.2006.181.06.00.2 - 1ª T. - RelªDesembª Valéria Gondim Sampaio - DJ
12.01.2008)”

Ou seja, no momento em que a reclamada percebeu que o reclamante era


portador de doença profissional, evitou o afastamento acidentário para frustrar a referida estabilidade.
E dessa forma, não pode ser beneficiada pela própria torpeza.

Acresça-se que, quando de sua admissão, o reclamante não era portador de tal
doença profissional, pois gozava de perfeita higidez física, sendo certo que a adquiriu durante o
período de vínculo de emprego com a ora recda.

d) Da ausência de laudo do INSS atestando se tratar de moléstia


profissional:

A título de argumentação, cumpre impugnar o requisito contido na convenção


coletiva em referência, quando prevê a necessidade de apresentação de atestado do INSS,
confirmando a moléstia profissional, para se ter direito a estabilidade ali prevista. Sem sombra de
dúvida, tal requisito pode ser suprido com a perícia médica a ser realizada nos autos.

Além disso, não se pode submeter esta Justiça Especializada a documento


emitido pelo INSS.

A jurisprudência é unânime quanto a tese apresentada pelo recte., conforme


exemplo abaixo:

“RECURSO DE REVISTA. ATESTADO MÉDICO. INSS. EXIGÊNCIA EM


INSTRUMENTO NORMATIVO. O Tribunal Pleno desta Corte Superior Trabalhista,
na sessão de 13/10/2009, apreciando o Incidente de Uniformização de
Jurisprudência (processo n° TST-E-RR-736593/2001.0), por maioria, cancelou a
Orientação Jurisprudencial n° 154 da SBDI-1. Segundo a diretriz da referida
orientação jurisprudencial recentemente cancelada, a doença profissional deve ser
atestada por médico do INSS, se tal exigência consta de cláusula de instrumento
normativo, sob pena de não reconhecimento do direito à estabilidade. Ora, o
direito à estabilidade não pode ser afastado, em face de mera falta de
formalidade quanto à apuração de doença profissional pelo INSS. Com
efeito, a forma como será apurada a doença, se pelo INSS ou por meio de
perícia perante o Poder Judiciário, não pode se sobrepor ao fato de o
trabalhador ser portador de uma enfermidade adquirida durante o contrato
laboral, sob pena de a norma coletiva impedir o direito à estabilidade. Logo,
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ajuizada reclamação trabalhista buscando a reintegração no emprego com


sustentação em doença profissional, e restando constada a moléstia em
juízo, o correspondente provimento judicial não pode ser afastado pelo
simples fato da ausência de atestado do INSS. Ademais, exigir, por meio de
norma coletiva, que a doença profissional deva ser atestada por médico do
INSS, resultaria no impedimento de a parte ter acesso ao Poder Judiciário, o
que é vedado, a teor do art. 5°, XXXV, da CF. Recurso de revista conhecido e
não provido. Processo: RR - 509/2001-461-02-00.3 Data de Julgamento:
28/10/2009, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de
Divulgação: DEJT 03/11/2009. Ementa extraída do site oficial do C.TST.” (grifos e
negrito do recte)

Há ainda que se considerar, que o reclamante comprovou através de laudo


médico aqui acostado, estar acometido das moléstias que alega, bem como em tratamento, quando
da injusta demissão.

3. DA DISPENSA DISCRIMINATÓRIA

Temos, ainda, que a dispensa do reclamante se deu de forma completamente


discriminatória, uma vez que realizada, sem justa-causa, após a ciência da reclamada sobre as
moléstias de seu colaborador e sem que o mesmo fosse devidamente tratado.

Por sua vez, a dispensa discriminatória de empregado portador de doença grave é


passível de reintegração no emprego. Tal entendimento traz preceitos da Constituição Federal, em
seus artigos 3º, IV, e 7º, I, conforme se observa:

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...)


IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos; (...)”

Também neste sentido, se dá o Decreto nº 62.150/68, que recepciona a


Convenção Internacional nº 111 da OIT, dispondo claramente sobre a adoção de medidas que
erradiquem a discriminação em matéria de emprego e profissão.

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Corroborando tal entendimento, a Lei nº 9.029/1995, dispõe:

“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa


para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por
motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência,
reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as
hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art.
7º da Constituição Federal.”

Por tais razões e diante da inequívoca presunção de dispensa discriminatória,


requer seja declara a nulidade da dispensa do reclamante sem justo motivo.

4. DA REINTEGRAÇÃO, EM CARÁTER DE URGÊNCIA, POR DOENÇAS


OCUPACIONAIS E POR DISPENSA DISCRIMINATÓRIA

Conforme supra exposto, a dispensa do reclamante é ineficaz, absolutamente


nula, vez que dispensado sem justa causa após seu acometimento por doenças ocupacionais, em
nítido ato de discriminação.

Vale destacar que o reclamante iniciou suas atividades para a reclamada sem
qualquer problema de saúde, e, em razão das condições de trabalho a que foi submetido e as
doenças profissionais adquiridas, padece hoje de sequela que lhe é impeditiva para o exercício
normal de suas funções habituais.

Com efeito, o evento é impeditivo de continuar o reclamante a exercer as mesmas


funções, sob pena de agravamento do mal, bem como resta óbvio que o reclamante teve sua
capacidade de trabalho reduzida sobremaneira.

Diante das disposições legais supra expostas, impõe-se a reintegração do


reclamante ao emprego, com ressarcimento integral de todo período de afastamento, uma vez que
resta patente a nulidade de sua dispensa, uma vez que claramente discriminatória e que o
reclamante goza de estabilidade convencional de 33 meses.

Sendo assim, resta patente a nulidade da dispensa aplicada ao reclamante,


devendo ser determinada a reintegração do mesmo, bem como devendo a reclamada arcar com os
salários e demais consectários vencidos, desde a injusta dispensa até 33 meses após a efetiva alta
médica do reclamante.

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Ou ainda em hipótese adversa, deve ser considerada a estabilidade da Lei


8213/91, ou seja, de 1 ano após alta médica, a qual ainda não ocorreu, visto que o reclamante segue
em tratamento.

Na ínfima hipótese de Vossa Excelência não entender pela reintegração, o que se


admite apenas a título de argumentação, requer a condenação da reclamada a indenizar todo o
período vencido e vincendo que compreende a estabilidade garantida, desde a data da dispensa,
inclusive os acessórios e reflexos

Deve ainda a reclamada ser condenada a efetuar o pagamento dos salários e


reflexos, do período da demissão até a efetiva reintegração.

5. DO CONVÊNIO MÉDICO

A reclamada vinha concedendo ao reclamante, como a seus demais funcionários,


convênio médico, permitindo que o mesmo realizasse os tratamentos que lhe haviam sido indicados.
Como dito acima, lhe fora indicado tratamento de fisioterapia. Não obstante, com a dispensa e
cancelamento do convênio, o reclamante não poderá mais continuar o seu tratamento, situação
esta por demais grave e que não se pode aceitar.

Sendo assim, como medida de Justiça, mister a determinação de manutenção do


convênio do reclamante por parte da reclamada, até o término do tratamento de suas doenças,
conforme restar apurado em regular perícia médica a ser realizada no feito.

Tendo em vista a gravidade e a urgência do caso, deve a medida ser deferida em


caráter liminar, em sede de antecipação de tutela.

6. DOS DANOS MATERIAIS PELA DOENÇA OCUPACIONAL

O novo Código Civil, trouxe diversas inovações, dentre elas podemos destacar a
teoria da responsabilidade objetiva do empregador, em razão da atividade por ele explorada.

Como ficou demonstrado ao longo do tempo, o empregador que opta por explorar
uma atividade que dentro da normalidade, pela própria natureza dos serviços executados já traz um
risco aos funcionários nada mais justo do que o mesmo responder diretamente pelo referido risco.

Vejamos o artigo 927, parágrafo único, onde se encontra tal previsão:

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“Art.927 Aquele que por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.”

Sobre referidas atividades assim se manifestou o CEJ, através do Enunciado 38:

“A responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda


partes do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa
determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade.”

Assim sendo se o empregador explora serviços com explosivos, nada mais justo
do que a responsabilidade objetiva do mesmo no caso da explosão visto que a própria natureza do
serviço expõe os funcionários a risco de serem feridos no caso de explosão.

O mesmo ocorre se um empregador explora serviços com exposição de


funcionários a elevados níveis de ruído, sendo nada mais justo do que o mesmo indenizar seu
funcionário no caso de perda auditiva.

Deste modo, no caso em tela, se a reclamada explora serviços que envolvam


posturas inadequadas e movimentos repetitivos e com emprego de força, fica claro o risco do
acometimento de moléstias profissionais, como de fato ocorreu, o qual deverá ser indenizado.

Assim sendo, temos que a obrigação da reclamada de indenizar o reclamante se


dá independentemente da culpa daquele pelo dano causado.

Caso assim não entenda V. Exa., ou seja, caso afaste a responsabilidade objetiva
da reclamada, o que só se admite a título de argumentação, mesmo assim, deve a reclamada
indenizar o reclamante com fundamento na responsabilidade subjetiva.

Pedimos vênia para transcrição do ensinamento da brilhante Professora Teresinha


Lorena Pohlmann Saad, em sua obra Responsabilidade Civil da Empresa – Acidente de Trabalho, 3º
edição, 1999, LTr, que bem ratifica os fatos acima transcritos:

“À luz do novo mandamento constitucional, a responsabilidade de direito comum


da empresa pode ter fundamento na conduta negligente, imprudente ou omissa de
medidas elementares na segurança do trabalhador, seguindo assim a regra geral
da responsabilidade subjetiva do artigo 159 do Código Civil, o que sem dúvida
representa um avanço, sobretudo porque em direito civil não importa a

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qualificação da culpa para que o autor do dano seja responsabilizado, somente o


quantum da reparação devida é que deverá ser diferente para cada caso.”

O histórico dos fatos também noticia que estão presentes os requisitos para que à
reclamada se impute a responsabilidade pela indenização dos danos decorrentes.

Além disso, a Constituição Federal, em seu artigo 5º, incisos V e X, consagra


definitivamente o direito à reparação por danos morais, estabelecendo expressamente que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;”

Com efeito, a determinação de trabalho em condições adversas à integridade


física, com a inexistência de dispositivos de segurança desenha um quadro de absoluta
irresponsabilidade da reclamada para com a segurança de seus empregados, devendo ser debitados
à mesma os danos experimentados pelo reclamante.

Assim, foi gerado em favor do reclamante o direito à indenização pelos danos,


sejam aqueles decorrentes da impossibilidade de exercício de sua atividade normal (no trabalho e
fora dele), sejam os decorrentes do dano físico e estético em si mesmos considerados, sejam aqueles
que atingiram seu patrimônio moral.

Não há, por outro lado, como negar a responsabilidade da empresa pelo ocorrido.

Finalmente, temos o Anexo II, do Regulamento da Previdência Social,


aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, que indica a correspondência entre as moléstias profissionais
e os seguimentos das empresas por CNAE. Havendo a correspondência entre a moléstia e a
empresa, considerando-se o seu CNAE, resta comprovado, ainda que por meio de presunção legal,
que a atividade desenvolvida fora responsável por desencadear, ou ao menos por agravar, a
respectiva patologia.

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O reclamante é portador de tendinite nos ombros, que se refere ao código


CID-10 – M75. Já o CNAE da recorrente, é de número “29.43.3 – Fabricação de Peças e
Acessórios para o sistema de freios para veículos automotores”.

Pois bem. Analisando-se o anexo II, do Decreto supramencionado,


verificamos que a referida moléstia coincide com o CNAE da recorrente. Ou seja, resta mais do
que caracterizado o nexo causal, também sob este aspecto.

Isto posto, propõe a presente ação visando obter da reclamada indenização em


danos materiais pelo dano físico e sua repercussão na capacidade de trabalho,
correspondente a prestação mensal e vitalícia equivalente ao último salário nominal do
reclamante, a ser apurado na execução, corrigida na forma da lei, no cálculo se incluindo os salários
diretos e ganhos indiretos, inclusive 13º salário e adicionais que porventura recebia.

Para fins de cálculo as prestações deverão ser calculadas desde a data de


demissão, qual seja, 16/04/2021, tendo como termo final a data em que o reclamante completará a
idade de expectativa de vida apurada pelo IBGE no momento da sentença, a ser apurado na
execução, devendo, porém, ser paga de uma só vez, nos termos do parágrafo único do artigo 950 do
Código Civil.

Caso assim não entenda V. Exa., temos que as prestações deverão ser pagas
mensalmente, mas deverão ser objeto de garantia por um capital a ser fixado por V. Exa. Neste caso,
também deverá ser garantida a correção da pensão, através dos mesmos índices de reajustes
concedidos aos demais empregados da ré (dissídio coletivo).

7. DOS DANOS MORAIS PELA DOENÇA OCUPACIONAL

Pretende ainda, como se viu, seja a reclamada condenada ao pagamento de


indenização pelo dano moral por ele suportado.

A desembargadora Marly Macedônio França, em Acórdão proferido nos autos da


AC nº 13575/99-RJ, publicado no Boletim da AASP 2202, pág. 1748/1749, assim nos ensina sobre o
dano moral:

“Vale lembrar que constitui o dano moral a lesão de interesses não patrimoniais de
pessoa física ou jurídica, provocada por fato lesivo.
Desta feita, na reparação do dano moral, é mister que o julgador examine cada
caso, a seu precavido arbítrio, cotejando os elementos probatórios e analisando as

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circunstâncias, preferindo o desagravo direto ou a compensação não-econômica à


pecuniária, sempre que possível, ou se não houver riscos de novos danos.
Por outro lado, enquanto o dano material repercute sobre o patrimônio, o dano
moral atinge os bens da personalidade, tais como a honra, a liberdade, a saúde, a
integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação
á vítima. Na falta de critérios objetivos, a sua aferição torna-se bastante delicada.”

O ilustre professor R. Limongi França, ex-titular da Faculdade de Direito da


Universidade de São Paulo, membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, assim define o
“dano moral”, em artigo publicado na Revista dos Tribunais, volume 63/29:

“Dano moral é aquele que, direta ou indiretamente, a pessoa física ou jurídica.


bem assim a coletividade, sofre no aspecto não econômico de seus bens jurídicos”

“Todo e qualquer dano causado a alguém, ou ao seu patrimônio, deve ser


indenizado, de tal obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é
o dano moral, que deve automaticamente ser levado em conta.”

No mesmo sentido, segue o entendimento doutrinário, conforme se depreende dos


ensinamentos do mestre Humberto Theodoro Júnior, publicados na Revista dos Tribunais, nº 662/08:

“Elimina-se o materialismo exagerado de só se considerar objeto do direito das


obrigações o dano patrimonial. Assegura-se a uma sanção para melhor tutelar
setores importantes do direito privado, onde a natureza patrimonial não se
manifesta, como os direitos da personalidade, direitos do autor... agora as coisas
se simplificam, pois a razão da reparação não está no patrimônio, mas na
dignidade ofendida, ou na honra afrontada”

Esta também é a lição que nos é dada pelo Ilustre jurisconsulto José Eduardo
Callegari Cenci, em seu claro e bem elaborado artigo entitulado “DANO MORAL E SUA
REPARAÇÃO”, publicado na Revista dos Tribunais, volume 683, páginas 46/48:

“Assim, independentemente do dano material, ocasionado numa determinada


circunstância, ser compensável, o dano moral também o será e, disso devem se
valer, sempre, causídicos e cidadãos brasileiros, sobretudo, porque, exigindo-se,
intransigentemente, do ofensor o direito à reparabilidade pelo dano moral,
certamente se estará, inclusive, trabalhando em prol da coibição dos abusos e
desrespeitos que algumas autoridades, empresas ou pessoas diversas, praticam
para com o indivíduo humano.”

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Cabe ressaltar ainda, que a reparação pelo dano moral apresenta não apenas o
caráter reparador, no sentido de oferecer conforto e consolo à vítima do dano, mas também caráter
punitivo e inibidor, no sentido de coibir a continuidade da conduta lesiva, com vistas à proteção da
sociedade. Assim, cuida-se de técnica que, a um só tempo, sanciona o lesante e oferece exemplo à
sociedade, para que não floresçam condutas que possam ferir valores que o Direito protege.

É fora de dúvida que o reclamante está sendo submetido à profunda humilhação,


por ver-se incapacitado para o trabalho habitual, por obra do acidente que lhe acometeu. Tal
condição lhe diminui perante a família, ainda que subjetivamente, vez que depende dele a
subsistência de seus integrantes.

A angústia que experimenta o reclamante pelo fato de precisar trabalhar para


sustentar sua família e não poder fazê-lo de forma adequada e segura face o mal que lhe acomete, é
indiscutível.

Mais. Está impossibilitado o reclamante de concorrer no mercado de trabalho ante


a sequela de que se tornou portador.

Enfim, o dano moral que vem experimentando o reclamante, resta fortemente


comprovado.

Em relação à indenização, encontramos os artigos 944, caput; 949 e 950, do


Código Civil:

“Art. 944. A extensão mede-se pela extensão do dano.”

“Art 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o


ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.”

“Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da
convalescença incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que
se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.”

Em razão disso, o dever de indenizar, imposto à empregadora, se faz presente de


forma induvidosa.

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Nessas condições, a título de reparação por dano moral, requer indenização, em


montante de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

8. DOS DANOS MORAIS PELA DISPENSA DISCRIMINATÓRIA

Face a presunção de dispensa discriminatória do reclamante, dada a grave


doença que o acomete, o mesmo foi submetido a situações de profundo abalo emocional.

Levando-se em consideração que tais situações foram originadas por ação (e/ou
omissão) da reclamada, que negligenciou a saúde laboral de seu empregado em próprio proveito,
devida a indenização em danos morais pela mesma, pelas razões que seguem.

O reclamante foi exposto, durante todo o pacto laboral havido entre as partes, a
esforço excessivo e a movimentos repetitivos, o que fizeram eclodir suas moléstias em coluna,
ombros e joelho.

A reclamada, por sua vez, mesmo tendo plena ciência do quadro clínico do
reclamante, não se preocupava em tratá-lo, apenas receitando alguns analgésicos e anti-inflamatórios
e já direcionando o reclamante de volta ao trabalho, nas mesmas condições agressivas a sua saúde.

Não bastasse, a reclamada decidiu por dispensar o reclamante, sem justa-causa,


de maneira completamente discriminatória, mesmo sendo portador de doença grave.

A dispensa discriminatória deixou o reclamante sem qualquer amparo material e


financeiro, tendo, portando, a reclamada praticado ato ilícito, gerando o dever de reparação, na forma
dos artigos 186 e 187, do CC.

A responsabilização da reclamada se dá em respeito à dignidade da pessoa


humana e valor social do trabalho (art. 1º, III e IV, da CF) e à função social da empresa e do contrato
(arts. 5º, XXIII, e 170, III, da CF; art. 421, do CC), sendo imperioso que a empregadora assuma os
riscos de sua escolha pela manutenção do reclamante em ambiente e condições de trabalho
abusivas que fizeram eclodir as patologias supramencionadas e, principalmente, por sua dispensa
discriminatória.

Desta forma, requer pela condenação da reclamada ao pagamento de indenização


pelos danos morais originados pela dispensa discriminatória do reclamante, no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais).

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9. DA INSALUBRIDADE

O reclamante desempenhava atividades na qual ficava exposto e em contato


direto com inúmeros produtos químicos, sem proteção adequada.

Por exemplo, tinha contato com cromo, graxa, óleos, selante, soda cáustica etc.,
sem que recebesse luvas de PVC, macacões e/ou creme protetivo adequados para o desempenho
da função.

O reclamante trabalhava no setor de produção, operando máquinas que utilizavam


muito óleo e outros produtos químicos.

A Reclamada, por sua vez, não fornecia e, consequentemente, não repunha, de


maneira adequada, os EPIs necessários para esse tipo de atividade.

Além disso, o reclamante também laborava exposto a níveis excessivos de ruído.

Assim sendo, temos que resta caracterizada a insalubridade, enquadrada em seu


grau máximo (40%), em conformidade com os Anexos 1 (ruído) e 13 (agentes químicos), da NR-15 –
Atividades e Operações Insalubres, da Portaria 3.214/78 TEM.

Ante todo o exposto, pretende ver condenada a reclamada a pagar o respectivo


adicional de insalubridade, em grau máximo, tendo em vista as condições de trabalho totalmente
insalutíferas a que era submetido o reclamante.

O referido adicional deverá ser pago considerando-se todo o período imprescrito,


repercutindo nas demais verbas do contrato, ou seja, férias, 1/3 constitucional, 13º salários, FGTS,
multa fundiária, horas extras, DSR, adicional noturno, entre outros.

10. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Uma das inovações de maior importância introduzidas ao Código de Processo


Civil pela Lei n. 13.105/2015, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, foi, sem sombra de
dúvidas, a que permite ao Juiz conceder liminarcom caráter satisfativo no âmbito do processo de
conhecimento.

A efetivação imediata da pretensão do reclamante, através dessa medida de


natureza antecipatória, depende, contudo, do convencimento do julgador acerca da existência de
certos pressupostos, previstos no artigo 300 do diploma processual vigente, nos termos a seguir
transcritos:
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“Art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.”
O artigo 769 da CLT é claro quanto a aplicação subsidiária do CPF:

“Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária
do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as
normas deste Título.”

À vista do exposto, e objetivando comprovar a inequívoca presença dos requisitos


indispensáveis à concessão initio litis da própria tutela jurisdicional, cumpre o reclamante atribuir a
correta interpretação do termo “probabilidade do direito”, bem assim, demonstrar o concurso dos
demais pressupostos para a concessão da antecipação de tutela, como a seguir passa a aduzir.

A verossimilhança da alegação, conforme bem conclui J.E.Carreira Alvim:

“... se assenta num juízo de probabilidade, que resulta por seu turno, da análise
dos motivos que lhe forem favoráveis (convergentes) e dos que lhe são contrários
(divergentes). Se os motivos convergentes são superiores aos divergentes, o
juízo de probabilidade cresce; se os motivos divergentes são superiores aos
convergentes, a probabilidade diminui.” (cf. Código de Processo Civil Reformado,
Ed. Del Rey, 2a. edição, 1995, p. 108)

No caso, tal juízo de probabilidade da existência do direito pende,


inquestionavelmente para o lado do reclamante. A matéria que se pretende discutir através da
presente, constitui direito líquido e certo do reclamante, uma vez que o mesmo foi demitido em
tratamento médico e também teve seu plano de saúde rescindido.

A prova inequívoca do direito do reclamante consubstancia-se no artigo 30, da lei


9.658/98, já transcrito acima.

Por outro lado, e na verdade, o maior dano no caso do reclamante já está


ocorrendo, qual seja, o mesmo não tem mais condições de subsistência, por estar
desempregado e não está mais coberto por plano de saúde, tendo que fazer as consultas e
demais procedimentos, de forma particular ou através do SUS. Este dano é, sem dúvida, de difícil
reparação, ainda mais se protelada a sua resolução, aguardando-se o julgamento final da demanda.

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Não se pode admitir que o reclamante tenha que se submeter aos caprichos da
reclamada, ou a sua total inércia, e aguardar injustamente o final julgamento do mérito da presente
ação para ver seus direitos reconhecidos. Pois, como leciona Ricardo Pinho, em artigo publicado na
Revista ABPI, n. 19, Nov/Dez 1995, p.4, com os grifos do requerente:

“A ineficácia do provimento final é a possibilidade de, julgado procedente o


pedido, este, em função da demora necessária à tramitação do processo, já se
tenha esvaziado de qualquer utilidade prática para o requerente. Já dizia Rui
Barbosa que “a justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e
manifesta” e, parece-nos, não há maior injustiça do que esvaziar-se de eficácia a
sentença que reconhece o direito do requerente,
(...)
De que vale um direito que não pode ser exercido ou que seu exercício se
mostre ineficaz?”

A não antecipação da tutela com fulcro nos argumentos já apontados pelo


reclamante, além de autorizar o abuso do direito por parte da ré, no dizer de J.E. Carreira Alvim,
“atinge o próprio Estado, na sua tarefa de distribuir justiça, dando ensejo ao entulhamento do foro e
tornando morosa a prestação jurisdicional.” (ob. citada, p. 122)

Assim, demonstra-se imprescindível para a eficácia da prestação jurisdicional, não


só no caso que nesta demanda se apresenta, mas também em casos semelhantes, que os
magistrados não deixem para o momento da prolação da sentença a tutela de uma pretensão que, de
logo, pode ser antecipada.

Para os efeitos da tutela antecipada, requer a imediata reintegração do


reclamante no quadro de empregados da reclamada, ordenando que o mesmo seja remanejado
para função correspondente com suas limitações e condições laborais, com garantia de mesma
remuneração e benefícios do contrato laboral rescindido. Também deverá ser mantido em
convênio médico, tal qual ocorria com o contrato em vigência, de forma vitalícia, tendo em vista
serem moléstias incuráveis, ou seja, demandarão tratamento por toda a vida.

A necessidade do deferimento da antecipação de tutela é emergente, uma vez


que, com a dispensa, o reclamante teve comprometido seu sustento e encontra-se em situação de
perda parcial de capacidade laboral.

11. DA JUSTIÇA GRATUITA

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Requer, finalmente, os benefícios da gratuidade de Justiça, tendo em vista que o


reclamante não dispõe de recursos para arcar com os custos e despesas processuais, sem prejuízo
do próprio sustento e de sua família, nos termos da Declaração anexa.

Ainda que a Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) tenha trazido alterações


quanto ao tema, principalmente pelo artigo 790, § 3º da CLT, que determina a concessão do benefício
ao reclamante que perceba salário inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, cumpre destacar que o reclamante está
desempregado no momento, ou seja, resta preenchido o requisito trazido pela norma em comento.

Ainda que assim não o fosse, ressalta-se que a nova sistemática deve ser
analisada em conformidade com o que determina o artigo 99, par. 2º e 3º, do CPC, cujas redações
seguem infratranscritas.

“Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial,
na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente
por pessoa natural.”

Este é inclusive, o entendimento defendido pelo Egrégio TRT da 2ª Região,


conforme se observa do v. acórdão de agravo de instrumento, do processo n. 1002309-
91.2017.5.02.0521, infra transcrito:

“PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
PROCESSO nº 1002309-91.2017.5.02.0521 (AIRO)
RELATOR: ELIANE APARECIDA DA SILVA PEDROSO
[...]
MÉRITO
A apreciação do requerimento de assistência judiciária gratuita em sentença não
obsta a sua reapreciação posteriormente, porque aquele requerimento não faz
parte do objeto da lide e, portanto, aquela decisão não sofre os efeitos da coisa
julgada material.
Razão assiste ao Agravante.
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Isto porque a concessão da assistência judiciária gratuita obedece à norma própria


inserida na Consolidação das Leis do Trabalho, segundo a qual, conforme
exegese do § 4º do Artigo 790 da CLT, incluído pela lei 13.467/2017, será
concedida à parte que comprovar insuficiência de recursos para o
pagamento das custas do processo.
Entretanto, entendo que a nova sistemática inserida pela lei 13.467/2017 deve
ser interpretada em cumulação com o artigo 99, § 2º do CPC/2015, o qual
dispõe que o juiz somente poderá indeferir o pedido de gratuidade da justiça
se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.
Não é só. O § 3º do mesmo artigo 99 do CPC/2015, dispõe no sentido de que
presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente
por pessoa natural.
Ora, na hipótese vertente, o autor acostou aos autos a declaração de
hipossuficiência, conforme documento de Id 127edcd, não aceita pelo magistrado
de origem, acrescente-se que também não lhe foi dada a oportunidade de
comprovação da miserabilidade, conforme determina o sobredito § 3º do artigo 99
do CPC/2015, o que data venia, não deve prevalecer.
Pelo exposto, concedo ao Agravante os benefícios da Assistência Judiciária
Gratuita, isento-o do recolhimento de custas, e determino o processamento do
recurso ordinário ofertado, passando à sua imediata análise, em conformidade
com o disposto no artigo 897, parágrafo 7º, Consolidado.”

Deste modo, resta o reclamante merecedor do benefício da justiça gratuita, uma


vez que desempregado e sem condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do
sustento de sua família, conforme consta de declaração anexa.

No entanto, caso assim não entenda V. Exa., requer, desde já, a aplicação do §
2º, do artigo 99, do CPC, c/c Súmula nº. 263 do E. TST, devendo o Juízo indicar a documentação que
entende pertinente para a comprovação do direito postulado, abrindo-se prazo para que o reclamante
proceda à respectiva juntada, tudo na forma dos artigos 769, da CLT, e 15, do CPC.

C. DOS PEDIDOS

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ANTE TODO O EXPOSTO, invocando mais, os doutos e indispensáveis subsídios


que Vossa Excelência, certamente carreará para o bojo dos autos, pugna o reclamante se digne
conceder, liminarmente “inaudita altera pars”, a TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, com o fito
de determinar que a reclamada proceda a imediata reintegração do reclamante no seu quadro
de empregados, ordenando que o mesmo seja remanejado para função correspondente com
suas limitações e condições laborais, com garantia de mesma remuneração e benefícios do
contrato laboral rescindido, bem como mantido o seu convênio médico. Deverá ser mantida a
reintegração observando-se a estabilidade devida ao reclamante, conforme restar decidido por
este MM Juízo, com base no pleiteado nos itens abaixo.

Após, determinar a citação da reclamada para que, em querendo, apresente a


defesa que porventura tiver, sob pena de revelia e confissão, seguindo-se a lide até o final quando
deverá a mesma ser julgada PROCEDENTE para:

1. Reconhecer a nulidade da injusta dispensa do reclamante, bem como


reconhecer a estabilidade provisória do mesmo no período de 33 meses após a
alta médica a ser apurada através de perícia, determinando a reintegração do
reclamante, bem como determinando que a reclamada faça as devidas anotações
na CTPS do reclamante, sob pena da Secretaria da MM Vara fazê-lo, devendo
ainda ser condenada ao pagamento de salários, férias, 13º salário, FGTS, etc,
desde a demissão até a reintegração (R$ 100.227,20);

Caso assim não entenda V. Exa;

1.1. Reconhecer a nulidade da injusta dispensa do reclamante, bem como


reconhecer a estabilidade da Lei 8213/91, ou seja, de 1 ano após alta
médica, que será apurada através de perícia, determinando a
reintegração do reclamante, bem como determinando que a recda
faça as devidas anotações na CTPS do reclamante, sob pena da
Secretaria da MM Vara fazê-lo, devendo ainda ser condenada ao
pagamento de salários, férias + 1/3, 13º salário, FGTS, etc, desde a
demissão até a reintegração, ou, caso ultrapassado o prazo, seja a
condenação convertida em indenização (R$ 36.446,26 - valor
englobado no item anterior).

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Na ínfima hipótese de Vossa Excelência não entender pela reintegração, o que se


admite apenas a título de argumentação,

1.2. Condenar a reclamada a indenizar todo o período vencido e vincendo


que compreende a estabilidade garantida, desde a data da dispensa,
inclusive os acessórios e reflexos (valor já considerado nos itens
anteriores);

2. Pagar ao reclamante indenização, pelo dano físico (dano material) e sua


repercussão na capacidade de trabalho, correspondente a prestação mensal
vitalícia equivalente a seu salário nominal, tendo como termo inicial a data de sua
dispensa, qual seja, a data de 16 de abril de 2021, e para fins de cálculo, tendo
como termo final a data em que o reclamante completará a idade de expectativa
de vida apurada pelo IBGE no momento da sentença, a ser apurado na execução,
corrigida na forma da lei, no cálculo se incluindo os salários diretos e ganhos
indiretos, inclusive 13o. salário e adicionais que porventura recebia, determinando-
se o pagamento de uma só vez, nos termos do parágrafo único do artigo 950 do
Código Civil, acrescido de juros. R$ 6.850,80 (vencidos) e R$ 36.446,26
(vincendos – 1 ano);

Caso assim não entenda V. Exa.:

2.1. Determinar o pagamento do atrasado de uma só vez e as prestações


vincendas deverão ser pagas mensalmente, mas deverão ser objeto
de garantia por um capital a ser fixado por V. Exa., devendo referida
pensão ser reajustada pelos índices de reajuste dos empregados da
reclamada (dissídios coletivos);

3. Condenar a reclamada a manter o reclamante em convênio médico, nas


mesmas condições em que era concedido no curso do contrato, de forma vitalícia,
tendo em vista a gravidade do quadro do reclamante e o fato de serem moléstias
incuráveis (obrigação de fazer);

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4. Condenar a reclamada no pagamento de indenização por dano moral pela


doença ocupacional, em montante de R$ 30.000,00 (trinta mil reais);

5. Condenar a reclamada no pagamento de indenização por dano moral pela


dispensa discriminatória, em montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

6. Condenar a reclamada a pagar ao reclamante o respectivo adicional de


insalubridade, em grau máximo, considerando-se todo o período imprescrito,
repercutindo nas demais verbas do contrato, ou seja, férias, 1/3 constitucional, 13º
salários, FGTS, multa fundiária, horas extras, DSR, adicional noturno, entre outros
- totalizando R$ 20.482,00;

7. Condenar a reclamada no pagamento das custas e despesas judiciais, bem


como honorários advocatícios de 15% sobre o valor da condenação (R$
30.600,94).

Os montantes deferidos através da presente demanda, deverão ser acrescidas de


juros e correção monetária.

D. DAS PROVAS

Requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, sem exceção de
qualquer, especialmente pelo depoimento pessoal dos representantes legais da empresa, oitiva de
testemunhas, juntada de documentos, perícia, etc.

E. DO VALOR DA CAUSA

Cumpre salientar que no presente feito existe pedido de pagamento de pensão


mensal vitalícia, ou seja, pagamento de prestações vencidas e vincendas. Sendo assim, quanto ao
valor da causa, não obstante aos valores acima apontados como liquidação, aplica-se
subsidiariamente às normas trabalhistas o artigo 292, parágrafo 1º e 2º do CPC, ensejando o
apontamento somente de uma prestação anual para fins fiscais e processuais.

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Dá-se à causa o valor de R$ 234.607,20 (duzentos e trinta e quatro mil,


seiscentos e sete reais e vinte centavos), referente a parte líquida.

Termos em que,

p. deferimento.

Jundiaí, 20 de julho de 2021.

VALTENCIR PICCOLO SOMBINI VITOR FALCÃO SOMBINI

OAB/SP - 123.416 OAB/SP n. 419.373

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