Você está na página 1de 33

AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE ITAPERUNA RJ.

PRIORIDADE TRAMITAÇÃO
TUTELA DE URGÊNCIA
XXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, operador de má quinas, INVALIDO POR ACIDENTE
DE TRABALHO, portador do RG XXXXXXXXXXXXXXXX, inscrito no CPF nº XXXXXXXXXXX,
CTPS nº XXXXXXX, PIS nº XXXXXXXXXXXX, residente e domiciliado na Rua
XXXXXXXXXXXXX, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C REPARAÇÃO DE DANO DECORRENTE DE ACIDENTE DE
TRABALHO
em face de XXXXXXXXXXXXXX, empresa privada inscrita no CNPJ nº XXXXXXX, situada na
Rodovia XXXXXXX, XXXXXXXXXX, XXXXXXXX, CEP XXXXXXX.
I – DA JUSTIÇA GRATUITA:
Pleiteia o Autor, que lhe seja deferido o benefício de assistência judiciá ria gratuita, eis que,
é pessoa pobre na acepçã o jurídica do termo, nã o dispondo de meios para custear a
presente demanda sem prejuízo da pró pria sobrevivência, pois atualmente se encontra
sequelado por acidente de trabalho, percebendo mínimo garantido, tendo altos custos para
tratamento médico, sequer possuindo meios para buscar fontes extras de receita, em
verdade, atualmente se encontra invalido, diante ter amputado 8 (oito) dedos das mã os,
conforme se comprova através de documentaçã o e declaraçã o em anexo, ademais, motivo
pelo qual, pede que lhe seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do
artigo 98 do Có digo de Processo Civil e art. 5º, LXXIV, da Constituiçã o da Repú blica.
II – DO CONTRATO DE TRABALHO E DO ACIDENTE DE TRABALHO:
O Reclamante começou a prestar atividades para a Reclamada como “alimentador de linha
de produçã o”, funçã o a qual está consubstanciada em alimentar má quinas e separar
materiais para reaproveitamento, iniciando na data de 18.07.2018, tendo carga horá ria
compreendida de segunda a sexta feira, das 7.30h até à s 18h, com 01h de intervalo para
almoço, percebendo remuneraçã o de R$ 1.080,00 (um mil e oitenta reais), contudo,
somente teve sua CTPS assinada em 03.09.2018, restando portanto, período sem o devido
registro, aproximadamente 03 meses.
Nã o obstante, durante toda a relaçã o trabalhista, como de costume a todos os funcioná rios,
o Peticioná rio prestava trabalho extraordiná rio de segunda a quinta feira até à s 21.20h,
para tanto, recebiam adicional de R$ 8,60 (oito reais e sessenta centavos) por hora extra
trabalhada, que referidos valores nã o integravam o contracheque, sendo pagos em espécie
pela Reclamada.
Que em funçã o de sua contrataçã o, diga-se em decorrência do trabalho exercido, o
Reclamante recebeu da Reclamada como ú nica forma de proteçã o (EPI), um par de luvas
de rapa de couro simples, sem qualquer reforço quanto a proteção de perfurações,
cortes ou outros.
Já no início do mês de novembro do ano de 2018, um funcioná rio operador de má quina
“dobradeira” fora dispensado da Empresa Reclamada, abrindo assim, vaga em seu lugar,
por ocasiã o e diante o bom trabalho apresentado, o Reclamante foi promovido a tal funçã o,
contudo, nã o teve alteraçã o do respectivo cargo em sua carteira e tã o pouco recebeu
diferença em sua remuneraçã o.
Nesse sentido, desde já , faz-se um adendo, quanto o novo cargo exercido pelo Obreiro, a
qual está consubstanciado na operaçã o de má quinas dobradeiras, alimentando assim, a
linha de produçã o dos equipamentos que estã o sendo fabricados ou realizando a
manutençã o destes, elencando que tal tipo de má quina possui acionamento hidrá ulico
através de cilindros e acionamento mecâ nico através de freio/embreagem ou engate
chaveta, sendo seu princípio de funcionamento o mesmo das prensas mecâ nicas ou
hidrá ulicas, utilizadas para dobrar chapas de acordo com a matriz que está sendo
empregada, normalmente estreitas e longas.
Para tanto, a má quina operada pelo Reclamante, apesar de mecâ nica complexa, nã o possuía
sensores de segurança, bem como acionada somente através de pedais, consubstanciado
em equipamento antigo e com adaptaçõ es, precá rio dentro da segurança mínima a qual é
esperada, sendo e, por tal razã o, aproximadamente 02 meses antes do Obreiro iniciar sua
atividade na Requerida, outro funcioná rio sofreu acidente neste equipamento, chegando a
ter como consequência uma amputaçã o parcial de membro, destacando inclusive, conforme
relatado por funcioná rios mais antigos, que diversos outros acidentes já haviam ocorrido
no dito equipamento.
Destaque, para que pudesse desempenhar a nova funçã o, haja vista a sua contrataçã o ter
sido para outra á rea, o Reclamante nã o recebeu qualquer treinamento por parte da
Reclamada, tã o pouco novos materiais de EPI para proporcionar a sua segurança no
ambiente de trabalho, se afirme, de alto risco, haja vista a mecâ nica empregada exigir nã o
só a pretensa qualificaçã o, mas bem como equipamentos especializados na proteçã o do
operador quanto a eventuais acidentes.
Sendo oportuno destacar, que em relaçã o à s normas de segurança, capacitaçã o de
funcioná rios e EPI’S (NR 06 e NR 12), estas nunca foram respeitadas pela Empresa e até
mesmo omitidas, razã o onde, conforme se comprovará por diversas provas e bem como
com o decorrer da demanda, a quase totalidade de seus funcioná rios nã o recebem referidas
instruçõ es e equipamentos para manter a linha de produçã o ativa da Empresa, o que coloca
diretamente em risco a coletividade de seus funcioná rios, os quais se diga, ainda sã o
fadigados pela extensa carga horá ria já mencionada, fazendo estes, aproximadamente 04 h
extraordiná rias entre as segundas e quintas feiras, fato que pode ser observado através de
vídeos anexos como provas e, trechos de uma conversa entre uma das testemunha, se diga
ex-funcioná rio da empresa e vítima da mesma má quina e o Representante Legal da
Empresa, qual seja:
Isto posto, no dia 10.01.2019, na parte da manhã , logo apó s iniciar suas atividades de forma
regular e habitual, o Reclamante ao operar sua má quina dobradeira, ao colocar a chapa
sobre o equipamento, alinhando a matéria prima para dobragem, foi surpreendido quando
o equipamento ao qual pressiona a chapa, fora acionado SEM QUALQUER INTERVENÇÃ O,
vindo a prensa, de forma rá pida e sem qualquer meio de reaçã o, a esmagar suas mã os e
consequente lhe amputando OITO DEDOS, Excelência, frise novamente OITO DEDOS!,
conforme expõ e foto abaixo:

Que em choque, o Reclamante gritou por socorro, contudo, nã o havia no local outros
funcioná rios pró ximos, o que só piorou o seu quadro de pâ nico ao se deparar sem os seus
dedos na mã o, razã o onde o trabalhador se deslocou por todo o galpã o até a á rea
administrativa da Empresa, JÁ SEM OS DEDOS E COM QUADRO HEMORRÁ GICO, sendo apó s
acudido por outros funcioná rios, de forma precá ria, uma vez que no local nã o se possuía
qualquer kit de primeiros socorros, como bandagens, bem como meios para estancar todo
o sangramento ou qualquer outro do tipo, sendo deslocado em carro particular até o
hospital, na espera de que o quadro, de alguma forma fosse revertido, contudo, já nã o era
mais tempo pois os membros já tinham sido AMPUTADOS PELA MÁ QUINA.

Destaque, o acidente acometido ao Reclamante, fora ocasionado por falha mecâ nica do
equipamento que operava, situaçã o a qual já era uma tragédia anunciada, haja vista como já
narrado, dito equipamento vitimou outros trabalhadores, de igual forma por problemas
mecâ nicos, o que inclusive pode-se demonstrar através de á udio juntado como “prova
emprestada” pelo ex funcioná rio “Robson Alves de Oliveira”, o qual fora uma das vítimas
(amputaçã o parcial de membro) do referido equipamento, nã o havendo, por parte da
Reclamada, sido adotada qualquer manutençã o no dito equipamento, o que propiciou no
tempo que novo acidente ocorresse, nã o obstante o pró prio maquiná rio em si nã o seguir as
normas de segurança mínimas e ainda nã o serem fornecidos aos Funcioná rios
equipamentos de EPI´s adequados a funçã o.
Neste ínterim, ainda quanto a conduta negligente da Empresa, junta-se como prova vídeos
os quais demonstram a precariedade do equipamento operado pelo Reclamante, inclusive
sendo demonstrado o pró prio sangue do Peticioná rio nas placas que ainda se encontravam
no local, e bem como outros funcioná rios pelo ambiente de trabalho, por ocasiã o onde pode
o Douto Magistrado perceber, nenhum deste, mesmo apó s o fatídico, utilizam luvas, ó culos
e até mesmo capacete, estando todos os funcioná rios laborando em ambiente totalmente
hostil, operando má quinas de alta periculosidade sem o mínimo de segurança, sendo certo
da habitualidade pela Empresa tal permissã o a seus trabalhadores, o que demonstra no
descumprimento das normas legais e bem como a situaçã o de risco a qual envolve todos os
funcioná rios.
Que quando o Reclamante estava no hospital, recebendo atendimento quanto da atrocidade
cometida, fora surpreendido por um Representante da Reclamada, o qual se apresentou a
família e informou que a pagaria todas as despesas e gastos relacionados ao acidente, pelo
o que vem fazendo até o momento.
Destaca-se que as sequelas deixadas no trabalhador decorrentes no acidente de trabalho,
se diga, sã o IRREVERSÍVEIS deixando este INAPTO PARA O TRABALHO bem como para
DIVERSOS ATOS DO DIA A DIA, como por exemplo pegar um simples copo de á gua, razã o
onde, o Reclamante no auge de seu momento produtivo, chefe de família, passa a ser
DEFICIENTE FÍSICO na acepçã o da palavra, assim TOTALMENTE DEPENDENTE DE
TERCEIROS, causando-lhe danos físicos, estéticos e psicoló gicos os quais difícil até de se
graduar diante a natureza HEDIONDA do acidente que acometeu a PERDA DE OITO
DEDOS DAS MÃOS, RESTANDO-LHE SOMENTE OS POLEGARES, conforme documentos e
fotos anexadas.

Excelência, para agravar ainda mais todo o fatídico aqui narrado, passando-se poucos dias
apó s o acidente, funcioná rios da Empresa começaram a ligar para o Reclamante para
perguntar sobre seu estado de saú de, por ocasiã o, informaram que a Reclamada estaria
com técnicos de segurança do trabalho inspecionando o local do acidente e bem
como todo o galpão da empresa, por ocasiã o, seguramente, foram constatadas DIVERSAS
IRREGULARIDADES, tanto na má quina que SEQUELOU O OBREIRO e quanto no ambiente
geral de trabalho, que em decorrência, a Empresa estaria DESMONTANDO a má quina
causadora de todo o fatídico com a FINALIDADE DE OCULTAR DITO EQUIPAMENTO e
consequente frustra uma perícia no local, o que colocaria eventuais direitos do Reclamante
em risco.
Desta forma, temos que a Reclamada violou diversos direitos bá sicos do Trabalhador, entre
eles período nã o anotado na CTPS bem como os devidos reflexos das horas extras, o
pró prio pagamento destas, adicional noturno, piso salarial, anotaçã o funcional, nã o
fornecimento de EPI’S adequados, exposiçã o a equipamentos de risco e sem manutençã o,
DO PRÓPRIO ACIDENTE REPORTADO, entre diversos outros, chegando ao ponto de
tentar ocultar o equipamento que vitimou o Reclamante, na tentativa de se esquivar de
eventuais indenizaçõ es e/ou outras responsabilidade, sendo portanto e de ante mã o devido
ao Obreiro as indenizaçõ es a que perfaz direito.
Dito isto, conforme passa-se a transcorrer, requer desde já que seja a Empresa Reclamada
condenada a todo o pagamento das verbas indenizató rias pleiteadas nos tó picos presentes
nesta peça bem como seja ainda condenada ao pagamento das verbas rescisó rias,
diferenças salaria, hora extras e outros.
III - DA OBRIGATORIEDADE DO EPI:
Primeiramente, temos que destacar que, a aplicaçã o das açõ es prevencionistas na realidade
dos ambientes de trabalho deve ser intensificada, haja vista as mortes e mutilaçõ es (caso
do Peticioná rio) só aumentam, causando nã o só prejuízos financeiros à Empresa, mas
inclusive as pessoas a quais sofrem na pele as consequência dos danos sofridos, o que no
tempo, jamais poderá retornar ao status quo ante, sendo as indenizaçõ es, como uma
simples alternativa somente para amenizar o todo ocorrido.
Dito isto, ressalta-se que um acidente começa muito antes da concepçã o do processo de
produçã o e da instalaçã o da Empresa, pois além dos EPI’s, as má quinas utilizadas
influenciam na possibilidade, o que, se instaurada a prevençã o e se aplicada desde o início
dos processos de produçã o, os acidentes por certo seriam prevenidos. Por conseguinte, o
Ministério do Trabalho, como forma de prevençã o, existe a NR 12 a qual delimitam as
Empresas as normas específicas e meios de prevençã o de acidentes, bem como quais
equipamentos indispensá veis para cada atividade periculosa.

Assim, em relaçã o aos comandos de partida da má quina a norma prevê que se devem
possuir dispositivos que impeçam seu funcionamento automá tico ao serem energizadas,
determinando comando bi manual, o qual possui como objetivo manter as mã os do
operador distante do equipamento com o devido retardo igual ou superior a 0,5 segundos a
fim de evitar burlas, sendo que, em casos de equipamento operado por mais de uma pessoa
exposta ao risco, é necessá rio que a má quina possua o nú mero de acionamentos igual ao
nú mero de pessoas necessá rias para a sua operaçã o, o que diga-se, nunca observado pela
Empresa, sempre negligenciando o mínimo para a segurança de seus funcioná rios.
Conforme demonstrado acima, os comandos bi manuais devem ergonô micos, robustos,
possuir auto teste que devem ser monitorados por controle ló gico programá vel de
segurança para que assim, quando ocorrer a interrupçã o de um dos acionamentos, este,
resultará na sua parada instantâ nea, ou seja, em caso de falha (caso do Reclamante),
atendendo todos os requisitos da NR 12, o dispositivo interromperá o funcionamento da
má quina evitando acidentes, o que diga-se, poderia ter sido evitado se a Empresa
cumprisse com as normas legais.
Destaque inclusive que, de acordo com a NR 12, toda má quina ou dispositivo deve
obrigatoriamente possuir dispositivos de parada de emergência, o que, os dispositivos de
segurança devem ser instalados em locais de fá cil visualizaçã o e jamais utilizados como
partida ou acionamento da má quina, devendo o comando de emergência prevalecer sobre
qualquer comando da má quina, devendo promover a parada de modo imediato.
Neste ínterim, a partir da aná lise de risco, devem ser criados procedimentos de trabalho e
segurança específicos, padronizados, com descriçã o detalhada de cada tarefa, contudo,
estes procedimentos nã o substituem outros tipos de proteçõ es e sim complementam a
informaçã o para um trabalho mais seguro, devendo conter as seguintes características:
data e local de realizaçã o; o nome e funçã o dos trabalhadores; os responsá veis pelo serviço
e pela emissã o da ordem de serviço, sendo certo ainda que, referente ao procedimento de
trabalho, é obrigató rio constar um procedimento para inspeçã o do equipamento a ser
operado.
De acordo com a NR12, é fundamental para o seu cumprimento o uso de artifícios de
segurança para proteger o usuá rio da má quina de suas zonas perigosas cuja funçã o é
proteger a pessoa contra riscos, devendo ser a prova de burla, ademais, em relaçã o a
proteçã o, de acordo com a mesma norma, a má quina deve conter barreira física contra
partes mó veis, nã o se tornando uma á rea de risco, servindo como um sistema de bloqueio
restringindo o acesso ao trabalhador e isolando-o de todo o risco, tudo isso através de um
sistema de Inter travamento, sensores ó pticos e de paradas de emergência, os quais
restringem o movimento da má quina ou a desliga de forma segura para evitar uma
condiçã o de risco, conforme demonstrado abaixo.
Contudo Excelência, todas as seguranças aqui especificadas, jamais foram cumpridas pela
Empresa, mesmo sendo no tempo alertada por funcioná rios (á udio anexo), se negligenciou
assumindo o risco de acidentes, o qual desde já , deverá ser responsabilizada por tudo o que
fora ocasionado no tempo e bem como no caso do Reclamante.
IV – DO DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO:
A indenizaçã o por acidente de trabalho, independentemente dos benefícios acidentá rios
está prevista expressamente na CRFB/88, o que, com efeito, estabelece o artigo 7º “São
direitos dos trabalhados urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social: (...) XXVIII – seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”.
Antes mesmo de se adentrar no mérito em si, insta salutar que o Empregador é responsá vel
pela integridade física do Empregado quando em operaçõ es e processos sob a sua
responsabilidade e, segundo disposiçõ es de aplicaçã o universal, deve promover condiçõ es
justas e favorá veis ao desenvolvimento do trabalho, sendo que, a proteçã o dos
Empregados, nã o deve se limitar ao fornecimento de equipamentos de proteçã o individual,
haja vista a proteçã o em si ser mais ampla, tanto porquê, a Empresa é responsá vel pela
manutençã o de má quinas e equipamentos que oferecem risco ao Trabalhador, além de ter
a obrigaçã o de fornecer treinamento adequado aos empregados com o objetivo de evitar
acidentes de trabalho.
O que se pode extrair é que, toda essa responsabilidade com o Empregado está respaldada
no que se chama de risco empresarial, ou seja, a Empresa existe com a finalidade de lucrar,
porém para exercer a sua finalidade, assume o risco pela integridade física dos funcioná rios
que colaboram para o funcionamento da organizaçã o e obtençã o do lucro.
Por ocasiã o, a indenizaçã o moral visa minimizar a dor sentida pela Vítima compensando-a
de certa forma pelo seu sofrimento, ademais, preceitua o artigo 327 do Có digo Civil que
“Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único.
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem”.
Assim, a indenizaçã o por danos morais em situaçã o de perda de capacidade laborativa deve
permitir a melhor e mais justa compensaçã o do dano ocorrido, pois impossível será
ressarcir absolutamente o mal provocado, uma vez que este se apresenta de forma
imaterial psíquica e emocional, nã o podendo ser dimensionado patrimonialmente, tendo
assim, dois aspectos:
1. Compensaçã o pela dor sofrida
2. Funçã o pedagó gica de coibir a reiteraçã o dos atos dessa natureza;
Neste ínterim, a funçã o pedagó gica fundamenta-se basicamente no fato de que a
indenizaçã o por dano moral é também reconhecida como sançã o pela prá tica de ato ilícito,
ou seja, o dano moral deve servir como liçã o ao Empregador para que invista em prevençã o
e tenha como meta a melhora constante das condiçõ es de trabalho do Trabalhador.
Já quanto aos danos morais, é inegá vel que a situaçã o pela qual passa o Reclamante é
degradante, ofendendo diretamente a sua dignidade ocasionada pela perda de oito dedos
de suas mã o, o que ocasionou danos permanentes e irrepará veis, reduzindo ainda por
completo a sua capacidade laborativa para qualquer outra atividade, inclusive no que tange
ao mercado de trabalho, privando-lhe da busca de melhores condiçõ es de vida e até mesmo
de manter as atuais.
Ademais, o pedido de dano moral resta amplamente caracterizado na presença dos três
requisitos da responsabilidade civil: culpa, dano e nexo causal, por consequência, o que
também deve ser levado em consideraçã o in casu é que além da dor, sofrimento e angustias
pró prios de um acidente de grande porte, também lhe fora ocasionado uma sequela
definitiva, um defeito físico que lhe acompanhará pelo resto de sua existência sem qualquer
possibilidade de reversã o para tal quadro.
Isto posto, quanto ao valor indenizató rio, este deve ser orientado pela gravidade da lesã o
como pela condiçã o das partes envolvidas, pautando-se o Julgador pelo princípio da
razoabilidade, porém há que ser lembrado a todo o momento que o Acidente em si
ocasionou e vem ocasionando danos irrepará veis à vida do Reclamante, assim, o professor
Fernando de Noronha ressalta que:
“A reparação de todos os danos que não sejam suscestíveis de avaliação pecuniária obedece
em regra ao princípio da satisfação compensatória: o quantitativo pecuniário a ser atribuído
ao lesado nunca poderá ser equivalente a um preço, será o valor necessário para lhe
proporcionar um lenitivo para o sofrimento inflingido, ou uma compensação pela ofensa à
vida ou à integridade física.”
Porquanto, o valor deverá ser suficiente tanto para facilitar a que o ofendido obtenha
lenitivos à sua dor, como, também, para cumprir o seu cará ter pedagó gico no intuito de
desestimular a prá tica das condutas lesivas que vem ocorrendo com o tempo pelo
Empregador.
Cabe salientar ainda o que pela doutrina é chamado do princípio do neminem laedere, ou
seja, significa “a ninguém ofender” ou “nã o lesar a outrem”, reflete a filosofia de Epicuro,
que considerava o direito o resultado de um compromisso de utilidade, com o escopo de os
homens nã o se prejudicarem uns aos outros. ”
Cretella Jú nior, ao analisar direito e moral, faz referência aos dizeres de Ulpiano e afirmar:
“Ora, “viver honestamente” é preceito ético e “nã o prejudicar a outrem” interessa até certo
ponto à moral. ” Sob este prisma, fazemos referência aos dizeres de Fá bio Konder
Comparato, que, mencionando os fundamentos da ética sob a ó tica de Kant, trata da
vontade moralmente boa (o que está em sintonia com o “nã o prejudicar a outrem”):
“Não como simples meio para satisfação de nossas necessidades naturais” (...), mas como
aquela vontade “da pessoa que cumpre o seu dever, não porque isso seja do seu interesse,
como sustentou Adam Smith, nem porque haja uma inclinação natural para o cumprimento
do dever, uma simpatia em relação aos que necessitam de auxílio, por exemplo. Tal seria agir
conforme o dever, mas não por dever. ”
Eduardo C. B. Bittar e Guilherme Assis De Almeida trazem à reflexã o a relaçã o entre a ética
e o poder de escolha, e bem colocam a questã o no sentido de que: “Sempre quando se fala
em ética se está a falar em liberdade e em responsabilidade. A capacidade de correlacionar a
esfera íntima de minha liberdade de autodeterminação e a responsabilidade sobre a esfera
exterior dos resultados de minha ação, tem a ver com capacidade ética desenvolvida por
indivíduos dotados de ‘phrónesis’, prudência, na leitura aristotélica. ”
Podemos afirmar, assim, que responsabilidade civil nada mais é do que, uma obrigaçã o de
reparaçã o, que se impõ e ao causador do dano, em benefício da vítima, na proporçã o dos
danos por ela suportados, sejam de ordem material ou moral. Se impossível a restituiçã o à
situaçã o anterior ao dano, tem lugar a fixaçã o de indenizaçã o pecuniá ria, sendo cumulá veis
as indenizaçõ es por dano material e moral oriundos do mesmo fato.
Desta forma, com base nos fatos e fundamentos já exposto, deve o Reclamado ser
condenado ao pagamento de indenizaçã o a título de danos morais decorrente de acidente
de trabalho no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), conforme entendimento
jurisprudencial anexo, eis que qualquer minoraçã o que impeça o ser humano de continuar
realizando suas atividades que lhes eram comuns do acidente sã o cobertas pelo direito
ensejador do dano.
V – DO DANO RICOCHETE:
A dor decorrente do infortú nio é agravada principalmente quando o acidente gera reduçã o
permanente da capacidade laborativa por mutilaçã o de membro ou debilidade física,
todavia, nã o apenas o trabalhador lesado sofre as consequências do acidente do trabalho,
os danos materiais e morais atingem também aqueles com quem o acidentado possui
ligaçã o familiar ou afetiva, seja pela reduçã o na força de trabalho daquele que, em muitas
vezes, é o responsá vel pelo sustento da família, seja pela exposiçã o imposta aos entes
pró ximos em virtude da alteraçã o da harmonia física do acidentado.
É o chamado dano reflexo, ou em ricochete, que consiste no prejuízo que sofre uma pessoa
por dano causado a outra, a doutrina e jurisprudência pá trias, inicialmente, reconheciam o
direito à indenizaçã o de familiares de trabalhadores acidentados apenas para os casos em
que o infortú nio ensejava a morte do obreiro, nestas situaçõ es, os herdeiros/dependentes
buscavam a tutela do Poder Judiciá rio em nome pró prio, ou sucediam o trabalhador
acidentado no caso de este já ter ajuizado a açã o indenizató ria antes do falecimento.
Em decorrência da existência dos danos indiretos causados à s pessoas que convivem com o
Trabalhador que se acidenta, o Poder Judiciá rio tem mudado o seu entendimento para
reconhecer a legitimidade de entes familiares para a propositura de açã o indenizató ria. É o
caso, por exemplo, de familiares que vem testemunhando o sofrimento do Obreiro que
sofreu acidente do trabalho e precisou amputar 08 membros das mã os, fato que o fez
dependente de tudo e da ajuda de terceiros para as mais simples tarefas do dia a dia, além
de acompanharem a sua dor, os dependentes sã o submetidos a evidente constrangimento
em seu meio social, causado pela nova e desarmoniosa aparência física, se relacionando
com o sofrimento psicoló gico que afeta o patrimô nio moral por afeiçã o, trata-se de dano
evidente que prescinde de prova da sua efetiva ocorrência, sendo, pois, in re ipsa.
Isto posto, os requisitos ensejadores da obrigaçã o de indenizar o dano em ricochete sã o os
mesmos exigidos para a reparaçã o dos danos diretos causados ao trabalhador acidentado,
previstos nos arts. 186, 187 e 927 do Có digo Civil (ato ilícito, dano, nexo de causalidade e
culpa, se for o caso de responsabilidade subjetiva).
Diante do exposto, a ocorrência de acidente do trabalho gera ao Empregador nã o apenas o
dever de indenizar o trabalhador lesado, além de ter que arcar com o pagamento de pensã o
correspondente à reduçã o da capacidade laborativa, tratamentos médicos necessá rios e
indenizaçõ es por danos morais/estéticos, a Empresa deve ser condenada a indenizar os
familiares e as pessoas pró ximas ao acidentado, pelos danos em ricochete causados,
consoante vem decidindo os nossos Tribunais pá trios.
A título exemplificativo de como tem se posicionado o Poder Judiciá rio, tem-se a decisã o
proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Regiã o em que a empregadora foi
condenada ao pagamento de indenizaçã o por dano moral reflexo ao esposo de
trabalhadora vítima de acidente do trabalho que amputou seus membros superiores, no
caso concreto, a culpa objetiva do Empregador foi provada nos autos, bem como o fato de o
dano ter extrapolado a pessoa da vítima e ter atingido diretamente o patrimô nio moral de
terceiros, notadamente daqueles que compõ em o círculo familiar.
É possível citar ainda a decisã o prolatada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Regiã o,
sobre a reclamaçã o trabalhista em que o primeiro reclamante (diretamente ofendido) foi
vítima de acidente de trabalho que o invalidou para o labor em razã o de tê-lo deixado
paraplégico, e a segunda reclamante (esposa) nã o buscou direitos que seu companheiro
possuía em face da empresa por conta do acidente laboral, mas, sim, postulou direito
pró prio de ser indenizada pelos abalos na esfera moral que a invalidez de seu esposo lhe
acarretou.
Assim, com o intuito de restringir a abrangência do dano passível de reparaçã o, a doutrina
e a jurisprudência têm entendido que os beneficiá rios da reparaçã o de danos em ricochete
sã o os membros do nú cleo familiar mais íntimo da vítima, isto é, aqueles que residam sob o
mesmo teto, convivam diariamente com o acidentado, pois, para estes indivíduos, há uma
presunçã o de dano, sendo importante registrar neste sentido, que, ainda que nã o tenha
havido o ó bito do trabalhador acidentado, mas que o infortú nio lhe cause invalidez para
suas atividades, é inquestionável que tal situação traz angústia e abalo moral às pessoas de
seu núcleo familiar que participam do sofrimento psíquico em razão do acidente. É indene de
dú vidas que as limitaçõ es funcionais que acometeram o trabalhador o tornarã o dependente
de seus familiares, em maior ou menor grau de invalidez, haja vista tal fato gera mudança
na rotina de toda a família e repercute na vida pessoal de cada um dos entes que coabitam
com o acidentado.
Pelo exposto, a mudança de entendimento da jurisprudência no sentido de reconhecer a
legitimidade de familiares do trabalhador acidentado para requerer indenizaçã o em face da
empresa caracteriza importante avanço na proteçã o do trabalhador, haja vista que a
relaçã o de trabalho nã o se restringe apenas ao que foi pactuado entre empregado e
empregador, mas cria reflexos diretamente e indiretamente na intimidade do nú cleo
familiar como um todo, requer seja condenada a Reclamada ao pagamento no valor de R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) a título de dano Ricochete sofrido por sua família,
qual seja esposa e filhos.
VI – DO DANO PSICOLÓGICO:
O dano psicoló gico é uma deterioraçã o, disfunçã o, distú rbio, transtorno ou
desenvolvimento psicogênico ou psicorgâ nico que afeta a esfera afetiva e/ou volitiva, limita
a capacidade de prazer individual, familiar, laboral, social e/ou recreativa. O dano psíquico,
por também habitar o discurso jurídico, implica presença de: 1) agente que causa o dano;
2) sujeito que sofre o dano; 3) nexo causal entre ambos; 4) demanda judicial de reparaçã o
de danos psicoló gicos.
Assim, o dano psicoló gico pode ser medido com o uso de instrumentos de avaliaçã o,
diferente do dano moral, que é um conceito mais subjetivo, o qual abarca uma percepçã o
pessoal do prejuízo, principalmente na questã o dos bens imateriais da honra e liberdade, o
qual o processo de avaliaçã o do dano psicoló gico deve passar por uma reconstruçã o do
estado de equilíbrio mental do periciado anterior ao trauma, sendo a reconstruçã o dever
responder se o periciado, apó s as perdas do trauma, mantém a mesma habilidade de
funcionar como antes do fato lesivo.
Dito isto, o “nexo causal”, relaçã o entre o dano traumá tico e as sequelas psicoló gicas, deve
ser avaliado, mesmo sendo uma questã o delicada e complexa, nesse sentido o có digo penal,
no seu artigo 13, trata da “relaçã o de causalidade”, e deixa evidente que o resultado do
crime somente é imputá vel a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a açã o ou omissã o sem a qual o resultado nã o teria ocorrido, desse
modo, é fundamental saber se há nexo de causalidade entre a açã o ou omissã o de uma
pessoa e o dano psicoló gico em outro sujeito, só desse modo alguém poderá responder
pelos danos gerados à vítima.
Parte da doutrina entende que o dano psicoló gico nã o é passível de aná lise objetiva,
atribuindo ao julgador o dever de considerar aspectos subjetivos para a aná lise de extensã o
do dano psicoló gico, vejamos:
“A responsabilidade civil, no âmbito do direito de família, recai sobre as formas de interações
familiares que venham a prejudicar algum de seus membros, deste modo, para aferirmos a
incidência da responsabilidade civil no âmbito da família, devemos nos ater ao fato de que as
relações familiares são compostas por uma pluralidade de interações entre seus membros,
como já exposto anteriormente, algumas destas formas de interações podem causar danos a
um ou mais dos componentes desta família, este danos podem ser de natureza material, ou de
natureza psicológica, onde, neste caso são subjetivas, os danos causados à psique de um dos
membros da família, não pode ser aferidos por critérios unicamente objetivos.”
Destaque que, de acordo com estudos computados pela psicologia, pacientes relataram
mudanças causadas pela amputaçã o, como dificuldades com as habilidades bá sicas e
atividades diá rias, perda de independência, sentimentos de inferioridade, problemas
relativos ao bem-estar, mudanças negativas em sua vida profissional, mudanças de
identidade e mudanças em sua vida afetiva ou sexual, tendo ainda diferentes reaçõ es e
sentimentos como tristeza, revolta, choque, aceitaçã o, pensamentos de raiva e ideaçã o
suicida.
Dentre as reaçõ es emocionais comuns, o Paciente amputado pode apresentar quadros de
ansiedade, depressã o e desesperança, sendo a ansiedade é definida como uma emoçã o
desagradá vel caracterizada por preocupaçã o, apreensã o, tensã o e medo. Sintomas
depressivos, apresentam tristeza, pesar, isolamento social, perda de apetite, distú rbios do
sono, entre outros.
A depressã o é considerada um transtorno quando os sintomas se tornam tã o severos que
prejudicam o funcionamento normal do indivíduo e se estendem por vá rias semanas
seguidas, os quais os sintomas físicos da depressã o incluem mudanças de apetite,
perturbaçõ es do sono, fadiga e perda de energia, pode exacerbar pequenas dores e se
preocupar excessivamente com a sua saú de.
Por conseguinte, a desesperança apresenta aspectos de uma visã o pessimista e negativa
referente ao futuro e pensamentos autoderrotistas, caracterizando a por passividade, afeto
e verbalizaçã o diminuídos, e com conteú do desesperançado, apetite diminuído, diminuiçã o
de resposta a estímulos, alteraçõ es no sono, falta de iniciativa e falta de envolvimento no
cuidado.
Assim, a perda de uma parte do corpo pode implicar em profundas desorganizaçõ es na
estrutura psicoló gica do indivíduo, desestruturando seu esquema corporal, fazendo-se
necessá rio um processo complexo de reorganizaçã o da sua vida. Este processo pode ser o
principal responsá vel pela dificuldade de assimilar uma pró tese que possa substituir o
membro perdido.
Ou seja, na amputaçã o, o indivíduo vive a perda de uma parte do corpo como um
aniquilamento, nã o reconhece esse corpo como seu, porque nã o consegue apropriar-se
dele. É considerada uma perda concreta diante da qual o indivíduo nã o encontra
possibilidade de reparaçã o, considerando este quadro como uma depressã o patoló gica. A
percepçã o distorcida e negativa sobre a aparência física (distú rbios de autoimagem
corporal) está relacionada com ansiedade.
O grande impacto psicoló gico da perda de um membro é evidente e vá rios distú rbios
emocionais surgem na adaptaçã o física e social: depressã o, amargura, pena de si mesmo
estã o vá rias vezes presentes em pacientes com membro fantasma pelo modo como se
estrutura e organiza o esquema e a imagem corporal, já que estes sã o alguns dos fatores
fundamentais à compreensã o do vivido corporal. Imprescindível será ainda proceder ao
estudo das consequências subjetivas da amputaçã o, associadas nã o só à personalidade do
amputado, mas também à s suas vivências particulares e específicas.
Segundo Williamson (1996), “o déficit criado pela amputaçã o pode contribuir para a perda
de autoconfiança em geral e em particular no desempenho e relacionamento de cará ter
sexual”. A este nível, a estabilidade da relaçã o pré- amputaçã o parece importante, sendo
que o estado civil se encontra relacionado quer com o impacto da doença na atividade
sexual como com os sintomas depressivos.
Na investigaçã o de Williamson e Walters (1996), sobre a sexualidade de 76 amputados
(com tempos de evoluçã o muito diversos, desde 1 mês aos 50 anos média de 14,6 anos),
10% dos indivíduos declararam estar inativos sexualmente (tendo aqui o fator idade um
papel também influente). Cerca de um terço estava de algum modo insatisfeito com a sua
vida sexual apó s a amputaçã o, sendo que 50% nã o estariam.
Nã o obstante, importante frisar quanto a dor fantasma, sendo definida como aquela
referente à retirada cirú rgica de um membro ou parte dele, porém esse termo nã o tem um
conceito clinico muito bem definido, compreendendo um indefinido e incompará vel
fenô meno sensorial, podendo ainda ocorrer fenô menos sensoriais como parestesias e
feridas nã o podem ser incluídas no termo “dor fantasma”.
A dor do membro fantasma é uma das mais terríveis de todas as síndromes clinicas
dolorosas, é um dos exemplos mais relevantes dor crô nica. Ambroisé Paré a descreveu de
forma brilhante: “Na verdade é uma coisa maravilhosamente estranha e prodigiosa, que
seria difícil acreditar, salvo aqueles que a viram e ouviram que os pacientes se queixam
amargamente, vá rios meses apó s a amputaçã o, de ainda sentirem uma dor excessivamente
forte no membro já amputado”.
Isto posto, ainda nesta esteira, temos que levar em consideraçã o a psique do Reclamante
haja vista de uma hora para outra, se viu totalmente dependente de terceiros para todos os
seus atos bá sicos da vida, inclusive uma simples açã o de ir ao banheiro para realizar as suas
necessidades fisioló gicas precisa do referido auxílio uma vez que através do acidente de
trabalho por este sofrido, somente lhe restou como “lembrança” de seus membros, os dois
“dedos” polegares que, por um milagre, nã o foram amputados, assim, nada mais que
medida de dignidade e justiça, que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento no
valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) pelos danos psicoló gicos sofridos.
VII – DO DANO ESTÉTICO:
Conforme se verifica do acidente de trabalho e bem como fotos anexas, este, infelizmente,
resultou debilidade permanente tanto na sua mã e direita e tanto na sua mã o esquerda
(laudos anexos), haja vista as seguintes amputaçõ es:
• “Amputaçã o total do 2º, 3º, 4º e 5º quirodá ctilos” – Mã o Direita;
• “Amputaçã o total do 2º, 3º, 4º e 5º quirodá ctilos” – Mã o Esquerda;
Destaque com as referidas amputaçõ es, que se diga, decorrentes de um mal funcionamento
da má quina a qual era fornecida pelo Empregador e ainda sem qualquer fornecimento de
uso de EPI adequado, o Obreiro nã o possui mais as suas funçõ es bá sicas e muito menos é
capaz de realizar atos costumeiros do dia a dia, consequentemente, sua harmonia física fora
totalmente alterada e trazendo limitaçõ es graves em sua mobilidade.
Assim, a ilustre doutrinadora Maria Helena Diniz conceitua o dano estético como: “Toda
alteração morfológica do individuo, que, além do aleijão, abrange as deformidades ou
deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, e que impliquem sob qualquer aspecto
um afeiamento da vítima, consistindo numa simples lesão desgostante ou num permanente
motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência
sobre a sua capacidade laborativa (...).
Dito isto, complementando o conceito acima transcrito, pode-se dizer que o dano estético
corresponde a qualquer alteraçã o morfoló gica do acidentado como, por exemplo, a perda
de membros, uma cicatriz ou qualquer mudança corporal que cause repulsa, afeiamento ou
apenas desperte a atençã o por ser diferente, por conseguinte, com esse prejuízo, o
Reclamante nutre complexos de toda ordem catalisado pela rejeiçã o tá cita por parte da
sociedade, diante do dano estético causado pelo acidente de trabalho e, ainda,
desencadeando um complexo de inferioridade.
Porquanto, salienta-se como definitivo o reconhecimento do dano quanto a possibilidade
de cumulaçã o, haja vista estar constitucionalmente previsto tal conduta, uma vez que o
dano estético está compreendido dentro do que se chama dano moral, isso porquê,
enquanto o dano estético está vinculado ao sofrimento pela deformaçã o com sequelas
permanentes, o dano moral diz respeito ao constrangimento, dor, humilhaçã o e todas as
demais consequências provocadas pela doença.
No â mbito dos danos à pessoa, comumente incluídos no conceito de dano moral, estã o a
dor sofrida em consequência do acidente de trabalho, a perda de um projeto de vida, a
diminuiçã o do â mbito das relaçõ es sociais, a limitaçã o das potencialidades do indivíduo, a
“perdre de jouissance de vie”, tudo elevado a um grau superativo quando o desastre se abate
sobre a pessoa com a gravidade que as documentaçõ es anexas comprovam, nã o o que se
falar, por conseguinte, em bis in idem, nem tampouco em ofensa ao art. 1.538 e seu § 2º do
Có digo Civil.
Destaque que nã o estamos aqui narrando uma deformidade ou simples lesã o, mas sim, uma
perda da capacidade de mobilidade definitiva do Obreiro que, de uma hora para outra, se
encontra em um quadro de total dependência de terceiros e bem como sem nada menos
que 08 (oito) membros, causando-lhe danos irreversíveis em sua estética, o que, poderã o
ser diminuídos perante a sociedade através de uma pró tese, porém, em seu íntimo, sempre
saberá que nã o possui mais suas funçõ es bá sicas e que está incapacitado da sua aparência,
haja vista, em nossa medicina, infelizmente, nã o há a possibilidade de reconstruçã o de seus
membros.
Ademais, em relaçã o a aplicabilidade de indenizaçã o por dano estético, já é pacífico em
nossos tribunais quanto ao tema, senã o vejamos:
“Dano Estético. Indenização. Procedência. È devida a indenização por danos estéticos
decorrentes de acidente do trabalho. Sentença que merece confirmação. (TRT-1- RO
00200546920145010070 RJ)
Nã o se pode negar que a beleza impressiona a visã o, abre portas, é a essência da arte, e o
esforço para obtê-la acompanha a vida, desde o início da humanidade. A busca pelo ideal do
belo é um sentimento atá vico, que faz parte da natureza humana. Sã o as flores mais bonitas
justamente as que conseguem atrair mais insetos e, por consequência, sã o as que têm mais
chances de se reproduzir, sã o os pá ssaros com plumagem mais vistosa que despertam
parceiros com maior facilidade, sã o as pessoas com melhor aparência que têm mais
possibilidades de obter uma colocaçã o no mercado de trabalho, e que encontram menos
dificuldade para conseguir pretendentes.
Essa realidade, flagrantemente cruel para quem nã o se enquadra no perfil esperado, é
instintiva, beleza está associada à noçã o de saú de, inconscientemente, a pessoa bela, além
de supostamente saudá vel, por cuidar mais de si, de sua aparência, transmite a impressã o
de que também é uma pessoa que tem maior capacidade, o que eleva suas chances em uma
entrevista de emprego, por exemplo.
A situaçã o é ainda agravada pelo fato de o ser humano ter o aspecto social como um dos
pilares de sua vida, como o homem vive em sociedade, necessita da aceitaçã o no grupo. E
uma das facetas dessa aceitaçã o, em nossa sociedade, é a da beleza. Por vezes, a pessoa
vítima de dano estético tem sua vida social abalada, quando nã o a perde totalmente, por
receio de mostrar, por exemplo, sua deformidade, com esse contexto que rodeia o homem
moderno, nada mais natural que eventual dano estético possa vir a causar graves prejuízos
na vida daquele que, por infelicidade, é vítima de lesã o à sua aparência, o que justifica
alguma forma de compensaçã o.
Ademais, a Constituiçã o da Repú blica assegura, como direito fundamental, a ampla
reparaçã o dos danos extrapatrimoniais, prevendo o art. 5º, inciso X, da Constituiçã o
Federal, a inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, sendo
assegurado o direito a indenizaçã o pelo dano material ou moral decorrente de sua violaçã o.
Acompanhando o entendimento adotado pela Carta Fundamental, o Có digo Civil de 2002
reconheceu a existência do dano extrapatrimonial e o dever de reparaçã o, ao estipular a
obrigaçã o de indenizar à quele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
conforme se depreende da leitura das clá usulas gerais da responsabilidade civil, quais
sejam, o art. 927 conjugado com o art. 186.
No tocante ao dano decorrente de lesã o estética, uma reparaçã o in natura é, de certa forma,
imprová vel de ocorrer, uma vez que, por mais bem sucedida que seja uma eventual cirurgia
plá stica reparató ria, o sofrimento e angú stia que geralmente decorrem desse tipo de lesã o
dificilmente serã o esquecidos. Nã o sendo o dano auferível pecuniariamente, sua reparaçã o
trata-se, na realidade, de uma compensaçã o satisfató ria, cabendo assim ser razoá vel,
condizente com a realidade das circunstâ ncias.
Dito isto, conforme verificado abaixo, o STJ já vem consolidando o seu entendimento em
valores de quantum indenizatório sobre o tema, conforme abaixo:
“ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL E ESTÉTICO.
AMPUTAÇÃO DE MEMBRO SUPERIOR. QUANTUM NÃO DESPROPORCIONAL. SÚMULA 7/STJ.
1. Trata-se, na origem, de ação de indenização por responsabilidade civil com pedido de danos
morais e estéticos decorrentes de omissão da prestação de serviço público de assistência à
saúde, que resultou na amputação do membro superior esquerdo da autora. 2. A revisão dos
valores fixados na instância ordinária a título de danos morais (R$ 50.000,00) e estéticos (R$
100.000,00) só é admitida quando irrisórios ou exorbitantes (precedentes do STJ), o que não
se afigura no caso dos autos. Incidência da Súmula 7/STJ. 3. Agravo Regimental não provido”.
(AgRg no A Resp197285/SE AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
2012/0135646-7,)
“ACIDENTE DE TRABALHO. Processo 717-85.2012.5.08.0117. TST. O valor de R$ 700 mil de
indenização para um trabalhador que perdeu os cinco dedos de uma mão em acidente de
trabalho é excessivo. É o que pensa a 3ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que reduziu
para R$ 300 mil o valor do dano moral devida a um empregado de uma siderúrgica que teve
os cinco dedos da mão esquerda amputados em decorrência de acidente de trabalho. A
empresa foi condenada ainda ao pagamento de indenizações por danos materiais e estéticos
no valor de R$ 100 mil cada. Segundo o relator do recurso, ministro Alberto Bresciani, a
dosimetria do valor da indenização por dano moral está diretamente relacionada com o
princípio da restauração justa e proporcional, levando-se em conta a extensão do dano
sofrido, o grau de culpa e a situação econômica de ambas as partes. Na sua avaliação, ao
condenar a empresa ao pagamento de indenização de R$ 700 mil por dano moral, o Tribunal
Regional não observou esses parâmetros, fixando valor desarrazoado para o caso. Assim,
arbitrou o novo valor indenizatório em R$ 300 mil. O empregado contou que o acidente
ocorreu ao trocar uma peça de uma máquina conhecida por gaiola de alta rotação. Devido à
baixa iluminação no local ele não percebeu que a gaiola ainda estava em rotação depois que
os equipamentos já tinham sido desligados e introduziu a mão esquerda dentro da
engrenagem. Com a sucção, os dedos sofreram esmagamento, trituração e desenluvamento.
Segundo seu relato, somente após o acidente, “que o marcará para o resto da vida”, a empresa
tomou as devidas precauções, instalando o mapa de bloqueio de energias perigosas. O
operário ressaltou que as péssimas condições de visibilidade e a falta de equipamento de
proteção adequada foram determinantes para a ocorrência do acidente. A empresa alegou,
no recurso para o TST, que as indenizações a que foi condenada ao pagamento pelo Tribunal
Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP) foram excessivas, e pediu sua redução para
patamares “condizentes com a realidade”. Com informações da Assessoria de Imprensa do
TST.”
Conforme colacionado acima, em caso aná logo ao do Peticioná rio, uma empresa fora
condenada ao pagamento indenizató rio por danos estéticos no importe de R$ 700.000,00,
contudo, este fora minorado no montante de R$ 300.000,00, entretanto, no caso em
referência, a Empresa tomou todas as medidas e cuidados para que o acidente fosse evitado
através do uso de equipamentos de EPI’s, maquinas especializadas, mapa de bloqueio de
energia perigosas, ou seja, tudo para que nada ocorresse a seus funcioná rios, sendo tal
fatídico, uma mera fatalidade.
Infelizmente, a Empresa Reclamada agiu em completa dissonâ ncia do caso aná logo em
referência, uma vez que conforme já demonstrado, nã o fornecia o uso de equipamentos
EPI’s, nã o realizava vistoria e manutençã o de suas má quinas, estas desde já sem o
dispositivo de segurança, ou seja, se no caso aná logo em que um operá rio perdeu 05 (cinco)
dedos das mã os e a empresa tomando todas as medidas fora condenada no importe de
trezentos mil reais, o Reclamante in casu por ter perdido OITO DEDOS e bem como a
Empresa Reclamada nã o tomou nenhuma medida para que o acidente fosse evitado, agindo
com total descaso, esta, no mínimo, deverá ser indenizada no valor nada menor que R$
1.000.000,00 (um milhã o de reais) pelos danos estéticos decorrentes do acidente de
trabalho por culpa exclusiva e negligente da Requerida.
Portanto, ante o todo exposto, nada mais que medida de dignidade a amortizaçã o por todo
o sofrimento que o Reclamante terá que passar pelo RESTO DE SUA VIDA, que seja a
Reclamada condenada ao pagamento nada mais nada menos que R$ 1.000.000,00 (um
milhã o de reais) a título de danos estéticos causados.
VIII – DO DANO MATERIAL/PENSÃO VITALÍCIA:
1. Da Pensão Vitalícia:
O direito previdenciá rio e do trabalho sempre apresentaram (e ainda apresentam) muita
proximidade. Prova desse liame, dentre tantas outras, é que o conceito (e contornos) do
acidente de trabalho é extraído da pró pria Lei de Benefícios (arts. 19 a 21), assim como a
estabilidade provisó ria acidentá ria (art. 118). Dessa correlata relaçã o do direito
previdenciá rio com o direito do trabalho, podemos sintetizar que aquele volta os seus olhos
para o futuro do trabalhador e este ao presente.
Contudo, entendemos que é impositiva a distinçã o entre os dois ramos do direito quando o
assunto é a fixaçã o da indenizaçã o pelo pensionamento mensal vitalício (agora previsto no
art. 950 do CC; antes, no art. 1.539 do CC/16). A EC 45/04, ao incluir o inciso VI no art. 114
da CF/88, trouxe para a justiça do trabalho a competência material para o processamento e
julgamento das açõ es de indenizaçã o patrimonial ou moral decorrentes da relaçã o de
trabalho.
Por conta disso, ocorrido o acidente do trabalho (arts. 19 a 21 da Lei de Benefícios), e
presentes os demais pressupostos da responsabilidade civil, é obrigaçã o do empregador
indenizar o trabalhador pelos danos morais, estéticos e materiais (danos emergentes e
lucros cessantes) causados.
Para os fins restritos deste estudo, importa apenas atentarmos quanto aos critérios da
indenizaçã o da incapacidade permanente (total ou parcial) decorrente do acidente do
trabalho. Oportuno referir que a CLT nã o traz nenhum dispositivo pertinente à pensã o
vitalícia, mas, por força do seu art. 8º, pará grafo ú nico, é aplicá vel a regra do art. 950 do CC
à s relaçõ es de trabalho.
No campo da responsabilidade civil, a legislaçã o é menos rigorosa do que aquela da Lei
8.213/91 (arts. 42, 59 e 86). A noçã o de incapacidade permanente é outra. E essa conclusã o
é inarredá vel apó s a leitura do art. 950 do CC (parte final), in verbis:
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu [grifo à
parte].
É manifesto que o parâ metro utilizado pelo citado dispositivo para mensurar a
incapacidade permanente (seja total, seja parcial) é tã o-somente a incapacidade para o
trabalho que era realizado na data do acidente do trabalho. Logo, mesmo que seja possível
a reabilitaçã o para outra atividade, mas desde que nã o possa mais desempenhar aquela
habitualmente exercida, a indenizaçã o será fixada na integralidade da remuneraçã o
auferida pelo obreiro.
Nesse exato sentido é a posiçã o do sempre lembrado Sebastiã o Geraldo de Oliveira: “O
Código Civil, com exigência menos rigorosa, estabelece no art. 950 o direito à indenização por
incapacidade permanente quando o ofendido não puder mais exercer o seu ofício ou profissão.
Não menciona a possibilidade de readaptação da vítima para o exercício de outra função
compatível. No âmbito da reparação civil, em princípio, basta demonstrar a incapacidade
para a profissão que o acidentado exercia no momento do infortúnio, conforme dispõe o art.
950 mencionado.”
É a mesma liçã o do jurista Raimundo Simã o de Melo: “Observa-se, do quanto disposto no art.
950, que o legislador estabeleceu como base para fixação da pensão devida à vítima o
trabalho que exercia no dia do acidente, não levando em conta a possibilidade de ela vir a
exercer outra profissão ou ofício compatível com o defeito ou inabilitação para a atividade
atual. Desse modo, devem-se observar a atividade da vítima, os ganhos auferidos no momento
do acidente e o grau da incapacidade para a referida atividade, e não para uma outra,
fixando, assim, uma pensão total ou parcial.”
Sérgio Cavalieri Filho[8] (citando J.M. Carvalho Santos) segue a mesma linha: “O art. 950 do
Código Civil (que corresponde ao art. 1539 do Código revogado) tratou unicamente da
impossibilidade do exercício da profissão ou ofício que exercia o ofendido antes do acidente.
Não levou em conta a possibilidade de exercer ele outra profissão ou atividade compatível
com o defeito que o inabilitou para o serviço que fazia anteriormente. Por isso J. M Carvalho
Santos sustenta ser esta um solução justa e equitativa, uma vez que as profissões ou
atividades que podem ser exercidas por portadores de defeitos físicos de certa monta não
devem ser obrigatórias, por importarem sacrifício imenso, que se não tem o direito de exigir
de ninguém, principalmente quando daí resultar constrangimento e humilhação forçados
pela necessidade (Código Civil interpretado, v. XXI/146)“
Extrai-se desses ensinamentos que a pensã o vitalícia contemplada no art. 950 do CC
contém apenas elementos objetivos., vale dizer: a indenizaçã o nã o está atrelada a uma
situaçã o de desemprego, a especulaçõ es acerca do eventual exercício de atividade diversa
mais ou menos lucrativa; apenas indeniza-se a impossibilidade de desempenho da mesma
atividade (ou a sua reduçã o, no caso de ser parcial).
E é sempre oportuno referir que o valor auferido pelo trabalhador a título de benefício
previdenciá rio decorrente da incapacidade (auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e
auxílio acidente) nã o se compensa com o montante do pensionamento mensal (art. 950,
CC). Trata-se de tema já bastante consolidado (art. 7º, XXVIII, da CF/88; art. 121 da Lei de
Benefícios; sú mula 229 do STF; enunciado nº 48 da 1ª Jornada de Direito Material e
Processual na Justiça do Trabalhado).
Ademais, a jurisprudência do TST também aplica a literalidade do art. 950 do CC, ou seja: a
incapacidade permanente (total ou parcial) será aferida pela possibilidade de desempenho
da mesma atividade que o trabalhador realizava na data do sinistro, senã o vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. DOENÇA
OCUPACIONAL. PENSÃO MENSAL. PERDA DA CAPACIDADE LABORAL. APTIDÃO PARA
OUTRAS ATIVIDADES. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO À DISPOSITIVO DE LEI. 1. Caso em que o
operador de cargas sofreu acidente de trânsito que causou-lhe incapacidade laboral total e
permanente dos membros inferiores, decorrente de sequela de fratura-luxação exposta do
joelho direito. Controvérsia acerca do direito à pensão mensal prevista no art. 950 do Código
Civil. 2. À luz do art. 950 do Código Civil, em caso de incapacidade laboral permanente do
empregado, derivante de doença ocupacional para a qual concorreu culposamente o
empregador, a vítima tem direito a pensão mensal proporcional à importância do trabalho
para que se inabilitou, ainda que volte a trabalhar em atividade diversa para a qual se
habilito e até mesmo, que venha a receber remuneração superior. 3. A lei é expressa ao
assegurar o direito à pensão ao ofendido que "não possa exercer o seu ofício ou profissão", ou
seja, o entendimento é que a incapacidade geradora do dever de indenizar seja a laborativa e
não a capacidade de renda. Precedentes. 4. Assim, o valor da pensão é proporcional à redução
da capacidade laborativa. Logo, se a redução dos membros inferiores é total e permanente
(100%), não viola o art. 950 do Código Civil acórdão que arbitra a pensão em 100% da última
remuneração. 5. Agravo de instrumento interposto pela reclamada de que se conhece e a que
se nega provimento. (TST, AIRR - 793-44.2011.5.24.0006 , Relatora Ministra: Sueli Gil El
Rafihi, Data de Julgamento: 06/08/2014, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/08/2014)
Diante tais fundamentos, conforme laudos médicos anexos e inclusive documentos
emitidos pela Autarquia Federal – INSS, ficou demonstrado que, diante a amputaçã o de
seus membros o “paciente apresenta sequela definitica, impossibilidade permanente de
exercer suas atividades laborativas e grande dependência de terceiros para atividades
rotineiras, mesmo as domésticas, de alimentação e higiene pessoal (CID S68.2)”
Isto posto, considerando o salá rio de R$ 1.218,30 (um mil duzentos e dezoito reais e trinta
centavos) como percepçã o salarial, isso sem atualizaçã o monetá ria no tempo, o qual será
apurada em sede de liquidaçã o, considerando ainda o tempo em que o Empregado
continuaria laborando na Reclamada em sua atual funçã o até efetivamente se aposentar
levando em conta sua atual idade (50 anos – doc anexo) e bem como a sua aposentadoria
de acordo com o fator previdenciá rio se daria aos 70 anos, o Reclamante continuaria
exercendo suas atividades por mais 20 anos, o que desde já deverá ser indenizado, haja
vista os fatores destacados acima, no valor nada menos que R$ 292.392,00 (duzentos e
noventa e dois mil e trezentos e noventa e dois reais) o que desde já requer a condenaçã o
da Reclamada no montante apurado, devendo o quantum sofrer atualizaçã o monetá ria no
tempo.
1. Do Dano Material:
Partindo do mesmo fundamento que determina uma indenizaçã o por danos morais em
caso sequelas decorrentes de acidente de trabalho, temos a obrigaçã o da Empresa em
indenizar o Trabalhador ora acidentado por danos materiais, haja vista o custo que isto
ocasiona no tempo, tampouco com remédios, médicos especializados, fisioterapias e bem
como pró teses.
O prejuízo material compreende a recomposiçã o do prejuízo correspondente à quilo que o
Reclamante efetivamente vem perdendo em razã o do acidente, nos temos do artigo 402 do
Có digo Civil “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar”.
Contudo Excelência, mister ratificar que, cada amputaçã o é específica, nã o tendo assim, no
mercado de antemã o, pró teses para o caso do Reclamante, tendo este que providenciar um
orçamento junto ao seu médico para que se tenha uma noçã o do valor do suporte para sua
mã o, o que desta forma será informado no tempo, haja vista todo o fatídico estar recente,
outrora, mister salientar que todos os laudos e bem como medidas já foram enviadas a
empresa fabricante da referida e solicitada pró tese, o que será acostado nos autos em
momento oportuno.
Destaque que o Peticioná rio, infelizmente, nã o pode mais realizar simples atos, para tanto,
a necessidade da pró tese in casu é primordial, haja vista esta irá lhe proporcionar a pegar
objetos grandes e pequenos, leves e pesados, frá geis e robustos: combinadas com pró teses
de braço controladas de forma mioelétrica, tornando possível que o Usuá rio pegue e segure
objetos e tenha uma vida ativa, podendo as mã os podem abrirem para uma reaçã o rá pida,
em tempo real, de modo semelhante à mã o natural, proporcionando espontaneidade e a
capacidade de utilizar a mã o protética de forma praticamente natural.
Nã o obstante, quanto ao tratamento fisioterá pico, este se engloba como primordial,
utilizando-se de exercícios de condicionamento e recondicionamento aeró bico; exercícios
de desempenho muscular: força, potência e treinamento de resistência à fadiga; técnicas de
alongamento; exercícios de equilíbrio e treinamento de agilidade; exercícios de
relaxamento; exercícios respirató rios; treinamento funcional específico à tarefa, entre
outros, objetivando-se com isso, diminuir a hipersensibilidade local, para que seja
suportá vel a adaptaçã o à pró tese, mediante movimentos lentos e graduais, começando do
estímulo mais fino para o mais á spero, sendo passado de uma fase para outra à medida em
que o paciente relatar nã o ser mais um incô modo o estímulo realizado pelo fisioterapeuta.
Ademais, o enfaixamento do coto é uma técnica indispensá vel na reabilitaçã o do paciente
amputado, sendo com ataduras elá sticas e ú teis tanto na reduçã o do edema como
principalmente para moldar o coto para uma posterior protetizaçã o, tornando-o afunilado
e apto a receber o encaixe protético.
Desta forma, considerando a necessidade especial aplicada ao caso, considerando ainda nã o
se ter um orçamento específico da pró tese e de todo o tratamento médico, requer seja a
Reclamada condenada no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais) estes
englobados todo o custeio médico hospitalar, podendo este valor ser modificado no tempo
de acordo com os novos laudos os quais irã o se insurgir.
IX – DO RECONHECIMENTO DA RELAÇÃO DE EMPREGO:
O Reclamante começou a prestar atividades para a Reclamada como “alimentador de linha
de produçã o”, funçã o a qual está consubstanciada em alimentar má quinas e separar
materiais para reaproveitamento, iniciando na data de 18.07.2018, tendo carga horá ria
compreendida de segunda a sexta feira, das 7.30h até à s 18h, com 01h de intervalo para
almoço, percebendo remuneraçã o de R$ 1.080,00 (um mil e oitenta reais), contudo,
somente teve sua CTPS assinada em 03.09.2018, restando portanto, período sem o devido
registro, aproximadamente 03 meses.
Contudo, ante as inú meras cobranças realizada por parte do Reclamante, a prestaçã o de
serviços, conforme destacado acima, somete fora reconhecida cerca de 03 meses depois,
estando o Obreiro totalmente desamparado durante este período.
Com isso, comprova-se que um direito fundamental do Reclamante foi violado durante todo
esse período, pois de acordo com o artigo 29 da CLT, o registro do contrato de trabalho
deverá ser feito em até 48h apó s a admissã o do empregador, o que até a presente data nã o
ocorreu.
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada,
contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de
quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a
remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema
manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho.
Portanto, ao deixar de reconhecer o vínculo empregatício nã o assinando a CTPS durante o
período em que efetivamente o Reclamante prestou serviços (18.07.2018 – 03.09.2018), a
Reclamada nã o somente violou seu direito fundamental, mas também sonegou diversas
verbas trabalhistas, previdenciá rias, tudo para obtivesse um “menor custo” com o Obreiro,
obtendo assim, certa vantagem econô mica ao nã o precisar repassar o custeio de seu
empregado para com seu ramo de atividade.
Outrossim, no que elenca o artigo 3º da CLT, para que haja a configuraçã o do vínculo
empregatício, deverá possuir a subordinaçã o, a prestaçã o de serviços nã o eventual e
mediante trabalho, desta forma, como o Reclamante prestava serviços a Reclamada
cumprindo todos os requisitos do artigo, nã o resta dú vida da Relaçã o de Emprego.
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Neste sentido, é pacífico o entendimento jurisprudencial quanto ao tema, a seguir:
(VINCULO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO). Para que se configure a relação de emprego é
necessário o preenchimento dos requisitos estabelecidos no artigo 3º da CLT, quais sejam:
pessoalidade, não-eventualidade, onerosidade e subordinação, sendo que a ausência de um
desses requisitos impossibilita o reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes.
Reunidos os requisitos legais, impõe-se a rejeição do apelo patronal. (TRT-1 - RECURSO
ORDINÁRIO: RO 00108684720145010049 RJ)
Desta forma, requer desde já que reconhecido o vínculo empregatício do Reclamante com a
Reclamada na funçã o de alimentador de linha de produçã o, consequente procedida a
assinatura de sua CTPS durante o período de período 18.07.2018 – 03.09.2018, tendo como
salá rio o piso de R$ 1.218,30 (um mil, duzentos e dezoito reais e trinta centavos), como
consequência, ainda e adianta-se ao recolhimento do saldo do FGTS e INSS devidos durante
todos os períodos de contrataçã o.
X – DA DIFERENÇA SALARIAL:
Mediante o comprovado através da pró pria Carteira de Trabalho do Obreiro, este, a título
de verba salaria, somente percebia o montante de R$ 1.080,00 (um mil e oitenta reais) para
todo o serviço (18.07.2018 – até a data do acidente) em que prestava para a Reclamada,
inclusive com a ocorrência do desvio de funçã o ora já comprovado nos autos.
Entretanto, conforme se demonstra através do piso salarial de sua categoria, através de
Convençã o Coletiva anexa, a partir de outubro/2017, o salá rio passaria a ser de R$
1.218,30 (um mil, duzentos e dezoito reais e trinta centavos), consoante o exposto na
Clá usula Terceira (CCT – Metalú rgicos).
Desta forma, comprova-se que o Obreiro, mensalmente percebia verba salarial abaixo do
seu piso, ou seja, o salá rio ora recebido defasava mensalmente no valor de R$ 138,30
(cento e trinta e oito reais e trinta centavos), o que, considerando a data de início da
prestaçã o de serviços até o acidente de trabalho já relatado, cerca de 06 (seis) meses, a
diferença entre o que efetivamente recebeu e deixou de ganhar perfaz-se em R$ 829,80
(oitocentos e vinte e nove reais e oitenta centavos).
Nesse sentido, é pacífico o entendimento perante ao nosso Egrégio Tribunal, senã o
vejamos:
(TRT-1 - RECURSO ORDINÁRIO: RO 00108303520135010028 R) Ementa. Piso normativo.
Demonstrado que a empregada recebia pagamento inferior ao piso salarial normativo
da categoria, faz jus às diferenças salariais relativas.
Portanto, considerando os valores acima descritos referente a diferença salarial durante os
meses em que o Reclamante prestou serviços a Reclamada (18.07.2018 – acidente de
trabalho), destaca-se que o Obreiro faz jus ao montante de R$ 829,80 (oitocentos e vinte e
nove reais e oitenta centavos), o que desde já se requer, bem como que esta diferença
salarial devida possua reflexos nas verbas rescisó rias, saldo FGTS, INSS.
XI – DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE:
O adicional de periculosidade é uma verba destinada ao empregado registrado que presta
qualquer tipo de serviço mantendo contato permanente com elementos que possam
provocar danos à sua integridade física, de acordo com o que determina a legislaçã o
aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
A Constituiçã o Federal estabelece como obrigató rio o adicional de periculosidade no seu
artigo 7, inciso XXII, com a seguinte redaçã o: • Artigo 7º (…) XXIII – Adicional de
remuneraçã o para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
Por seu turno, a Consolidaçã o das Leis do Trabalho (CLT), também contempla o pagamento
de adicional de periculosidade no seu artigo 193: São consideradas atividades ou operações
perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que,
por sua natureza ou método de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis
ou com explosivos em condições de risco acentuado.
Destaque que, quando as atividades expõ em o Trabalhador ao contato permanente com
produtos perigosos, que possam provocar riscos de acidentes ou de morte, como, por
exemplo, o pró prio caso do Reclamante o qual todos os dias em que prestava serviços
corria o risco de amputaçã o de suas mã os haja vista inclusive a falta de proteçã o de
equipamentos de proteçã o individual e bem como maquiná rio especializado, além do seu
salá rio normal, ele deve receber o adicional de periculosidade.
Assim, as normas jurídicas referentes ao direito do trabalho, visam primeiramente
resguardar o trabalhador contra os riscos decorrentes do seu ofício. Isto ocorre por este ser
considerado a parte hipossuficiente da relaçã o contratual, inclusive, o ordenamento
jurídico trabalhista norteia-se com base no princípio da proteção ao trabalhador, o qual
se desdobra segundo a doutrina em alguns outros princípios, como o da condiçã o mais
benéfica, o in dubio pro operario e da norma mais favorável.
Neste sentido, durante todo o período em que o Reclamante prestou serviços para a
Empresa Reclamada jamais teve acrescido em seu salá rio valores respectivos ao adicional
de periculosidade, qual seja de acordo com a lei em 30% sobre o piso salarial da categoria,
dito isto, considerando o salá rio de R$ 1.218,30 (um mil, duzentos e dezoito reais e trinta
centavos), temos que, a título de adicional de periculosidade, o Obreiro deveria
mensalmente receber a mais, o valor de R$ 365,49 (trezentos e sessenta e cinco reais e
quarenta e nove centavos), o qual, no total de 06 meses laborados (18.07.2018 – até o
acidente), perfazem o montante de R$ 2.192,94 (dois mil, duzentos e noventa e dois reais e
noventa e quatro centavos) o que desde já requer a condenaçã o da Reclamada neste
montante e, que tal diferença, sofra os devidos reflexos nas verbas rescisó rias, horas extras
e bem como contribuiçõ es previdenciá rias.
XII – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE:
O adicional de insalubridade é devido ao Empregado que presta serviços em condiçõ es
insalubres, acima dos limites de tolerâ ncia estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, assim, é devido aos que trabalham com incidência de atividades ou operaçõ es
insalubres, acima do limite permitido pelo ó rgã o competente.
Nesse seguimento, Vó lia Bomfim (2013), descreve o Adicional de Insalubridade é devido ao
trabalhador que estiver exposto a situaçõ es nocivas à sua saú de, enquanto executar o
serviço, e que as agressõ es podem ser causadas por agentes físicos, químicos ou bioló gicos,
e para que compensar o trabalho realizado nestas condiçõ es, o Empregador deve pagar ao
empregado adicional legal integral, independentemente do tempo em que o empregado
ficar exposto ao agente nocivo.
Dessa maneira, o Empregador é obrigado a pagar o Obreiro pelas exposiçõ es aos agentes
considerados nocivos à saú de no momento da execuçã o do trabalho, o que, em relaçã o ao
adicional a sua previsã o legal encontra-se no artigo 189 da CLT, nessa situaçã o, o limite de
tolerâ ncia mencionado no artigo anterior é definido pelo Ministério do Trabalho, que
estabelecerá normas e critérios de caracterizaçã o da insalubridade, e os meios de proteçã o
e o tempo má ximo de exposiçã o do empregado aos agentes considerados insalubres.
Dito isto, para caracterizaçã o da insalubridade é preciso: a) exposiçã o a agentes nocivos à
saú de do trabalhador; b) que essa exposiçã o seja acima dos limites de tolerâ ncia fixados em
razã o da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposiçã o, pois se a exposiçã o
estiver nos limites de tolerâ ncia, nã o há direito ao adicional (Martins, 2014).
Por conseguinte, o Empregador fornecer aparelho de proteçã o ao trabalhador, o direito de
recebimento do adicional nã o será mais obrigató rio, porém caso o aparelho nã o seja
adequado para a eliminaçã o da insalubridade, o adicional será devido, ou seja, caso do
Obreiro, uma vez que os aparelhos de proteçã o fornecidos pelo empregador nã o sã o aptos
para o uso (tó pico específico), gerando inclusive o Acidente de Trabalho já transcorrido.
Diante tal enfoque, a natureza jurídica do adicional de insalubridade nã o possui natureza
indenizató ria, mas sim salarial, pois visa remunerar o trabalho prestado sob tal condiçã o,
como forma de compensaçã o ao empregado, à vista disso, o valor pago ao trabalhador é
medido pelo grau de exposiçã o do empregado ao agente nocivo, conforme o artigo 192 da
CLT e bem como inclusive a previsã o em sua CCT da categoria (anexa) a qual possui
previsã o no importe de 20% sobre o salá rio, o que diga-se, jamais percebido pelo
Reclamante.
Dito isto, quanto ao cá lculo a ser realizado para se apurar o montante devido ao
Trabalhador, o Supremo Tribunal Federal já se posicional nesse sentido senã o vejamos:
INCONSTITUCIONALIDADE DE VINCULAÇÃO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE AO
SALÁRIO MÍNIMO: PRECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE DA MODIFICAÇÃO DA BASE DE
CÁLCULO DO BENEFÍCIO POR DECISÃO JUDICIAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE
NEGA PROVIMENTO. O sentido da vedação constante da parte final do inciso IV do art. 7º da
CF/1988 impede que o salário mínimo possa ser aproveitado como fator de indexação (...). A
norma constitucional tem o objetivo de impedir que aumento do salário mínimo gere,
indiretamente, peso maior do que aquele diretamente relacionado com o acréscimo. Essa
circunstância pressionaria reajuste menor do salário mínimo, o que significaria obstaculizar
a implementação da política salarial prevista no art. 7º, IV, da Constituição da República. O
aproveitamento do salário mínimo para formação da base de cálculo de qualquer parcela
remuneratória ou com qualquer outro objetivo pecuniário (indenizações, pensões, etc.)
esbarra na vinculação vedada pela Constituição do Brasil.[RE 565.714, rel. min. Cármen
Lúcia, P, j. 30-4-2008, DJE 147 de 8-8-2008, republicação no DJE 211 de 7-11-2008, Tema 25.]
Nesta esteira, durante todo o período em que o Reclamante prestou serviços para a
Empresa Reclamada jamais teve acrescido em seu salá rio valores respectivos ao adicional
de insalubridade, qual seja de acordo com a CCT (anexa) de 20% sobre o piso salarial da
categoria, dito isto, considerando o salá rio de R$ 1.218,30 (um mil, duzentos e dezoito reais
e trinta centavos), temos que, a título de adicional de insalubridade, o Obreiro deveria
mensalmente receber a mais, o valor de R$ 243,66 (duzentos e quarenta e três reais e
sessenta e seis centavos), o qual, no total de 06 meses laborados (18.07.2018 – até o
acidente), perfazem o montante de R$ 1.461,96 (um mil, quatrocentos e sessenta e um reais
e noventa e seis centavos) o que desde já requer a condenaçã o da Reclamada neste
montante e, que tal diferença, sofra os devidos reflexos nas verbas rescisó rias, horas extras
e bem como contribuiçõ es previdenciá rias.
Entretanto, insta salutar que o Obreiro recebia valores a título de adicional de
insalubridade, entretanto, os valores depositados desde já sã o irrisó rios (R$ 166,33), haja
vista estarem baseados na percepçã o salaria abaixo do que era devido e bem como
percentual menor do que previsto na CCT de sua categoria.
Dito isto, ante os valores com base no percebimento devido e bem como do que
efetivamente recebeu, requer seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento da
diferença de insalubridade de R$ 463,98 (quatrocentos e sessenta e três reais e noventa e
oito centavos).
XIII – POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E
PERICULOSIDADE:
Destaque, a cumulaçã o dos adicionais é possível porque visa à proteçã o da saú de e da vida
dos trabalhadores, pois tal possibilidade está de acordo com os princípios trabalhistas que
visam à proteçã o do trabalhador, sendo tais princípios norteadores do direito trabalhista
que visam proteger a classe e buscam um equilíbrio na relaçã o de trabalho, cumprindo
assim uma funçã o importantíssima, pois os mesmos exigem o cumprimento das normas
mais benéficas ao trabalhador, e nesse caso, a proibiçã o contida em lei infraconstitucional
nã o deve prevalecer. Nesse mesmo viés, a atual doutrina preceitua que a previsã o contida
no artigo 193, § 2º, da CLT nã o foi recepcionada pela Constituiçã o Federal de 1988, ao
proibir a cumulaçã o dos adicionais de insalubridade e periculosidade, e, o artigo que proíbe
a cumulaçã o está previsto no artigo 193, § 2º, da CLT, nesse sentido, observa – se que tal
dispositivo nã o foi recepcionado pela Carta Magna de 1988, pois a mesma trouxe consigo
garantias e direitos que nã o podem ser violados por lei infraconstitucional.
Ora, se expõ e que se as condiçõ es de trabalho do empregado sã o duplamente gravosas, é
cabível o pagamento dos dois adicionais, pois houve exposiçã o a dois agentes diferentes,
que podem ocasionar prejuízos a diversos ó rgã os do corpo humano. Por isto, a
possibilidade de cumulaçã o se justifica em virtude de os fatos geradores serem diversos,
pois na insalubridade o bem tutelado é a saú de do trabalhador, já a periculosidade trata-se
de uma situaçã o de perigo iminente que, uma vez ocorrida, pode ceifar a vida do obreiro,
sendo este o bem a que se visa proteger.
Outro fator importante que sustenta a inaplicabilidade do artigo 193, § 2º, da CLT é a
introduçã o das Convençõ es da Organizaçã o do Trabalho 148 e 155 no sistema jurídico
interno, sendo a convençõ es 148 e 155, da OIT ratificadas pelo Brasil sã o hierarquicamente
superiores à legislaçã o infraconstitucional, portanto, vale consignar que as convençõ es
internacionais da OIT sã o tratados especiais de direitos humanos e têm prevalência sob as
normas domésticas, como é, indubitavelmente, o caso do artigo 193, pará grafo 2º, da CLT,
por isso, a Constituiçã o Federal Brasileira de 1988 ao inserir capítulos relativos aos direitos
humanos, permitiu também que eles fossem ampliados por meio de tratados
internacionais, que no caso de versar sobre direitos humanos, ao serem positivados,
efetivam-se em direitos fundamentais, conforme previstos no artigo 5º, § 2º e 3º da
Constituiçã o da Republica Federativa do Brasil. Assim, os direitos fundamentais devem
prevalecer acima de qualquer norma infraconstitucional, pois os mesmo sã o recheados de
garantias que visam tutelar a vida e a saú de do indivíduo.
A convençã o nº 148 da OIT, ratificada pelo decreto nº. 93.413 -1986 apresenta
recomendaçõ es a respeito da insalubridade de meio ambiente de trabalho e consagra a
proteçã o dos trabalhadores contra os riscos profissionais devidos à contaminaçã o do Ar, do
Ruído e à s Vibraçõ es no local de trabalho. A referida convençã o em seu artigo 8º anexo 3
(1977), aduz os critérios e limites de exposiçã o da seguinte maneira: Os critérios e os
limites de exposiçã o deverã o ser fixados, completados e revistos com regularidade, à luz
dos conhecimentos e dos novos dados nacionais e internacionais, tendo em conta, na
medida do possível, todos os aumentos dos riscos profissionais resultantes da exposiçã o
simultâ nea a vá rios fatores nocivos no local de trabalho. Pelo exposto, as medidas de
prevençã o e proteçã o ao trabalhador devem estar sempre em regularidade, buscando
assegurar um local seguro que nã o venha prejudicar o trabalhador.
Nesse mesmo viés, o TST negou provimento ao recurso interposto pela empresa Whirlpool
S.A, contra decisã o que a condenou ao pagamento cumulativo dos adicionais de
insalubridade e periculosidade ao trabalhador exposto à radiaçã o nã o ionizante e
manipulaçã o de produtos químicos e ruído, havendo, in casu, causas de pedir ou fatos
geradores sã o distintos. Julgando da seguinte maneira: CUMULAÇÃ O DOS ADICIONAIS DE
INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE DECORRENTES DE FATOS GERADORES
DISTINTOS. POSSIBILIDADE.
O TRT manteve a condenaçã o ao pagamento simultâ neo do adicional de periculosidade e
do adicional de insalubridade que, ao adotar os fundamentos da sentença, baseados na
Convençã o nº 155 da OIT, a Corte Regional entendeu que a vedaçã o disposta no artigo 193,
§ 2º da CLT nã o deveria prevalecer na hipó tese dos autos. Tem-se que a SBDI-1 do TST,
(sessã o do dia 28/4/2016, da SBDI-1, E-ARR-1081-60.2012.5.03.0064) ao analisar o
mesmo tema, firmou entendimento quanto à impossibilidade de cumulaçã o dos adicionais
de insalubridade e periculosidade.
Por ocasiã o, a corte do Tribunal Superior do Trabalho, baseada na decisã o da SDI-1 do TST
de abril de 2016, confirmou o entendimento e consentiu que os referidos adicionais fossem
cumulados, entendendo se tratar de fatos geradores diversos, baseando sua decisã o através
das Convençõ es Internacionais ratificadas pelo Brasil.
XIV – DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS:
O Reclamante, conforme já transcorrido, iniciava sua jornada de trabalho segunda a sexta
feira, das 7.30h até à s 18h, com 01h de intervalo para almoço, perfazendo assim de segunda
a sexta 1:30h extraordiná ria durante todo o período de hora extra normal, porquanto, de
segunda a quinta, quanto do “término” da prestaçã o de serviços, continuava laborando até
as 21:30h, o que, a título de hora extra noturna, perfazia 3:30h durante todo o período,
percebendo somente por dia laborado cerca de R$ 55,00 (cinquenta e cinco reais) a título
de todas as horas extras diá rias.
Destaque que de acordo com a CRFB/88, em seu artigo 7º, inciso XIII, garante uma jornada
má xima de oito horas diá rias e quarenta e quatro semanais para todos os obreiros, sem
distinçã o ou exceçã o, ressaltando o princípio da igualdade, constante no artigo 5º desta
Carta Magna.
Art. 7º Sã o direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condiçã o social: (...) XVI - remuneraçã o do serviço extraordiná rio superior,
no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;"
Estabelece, também, o art. 58 da CLT:"A duraçã o normal do trabalho, para os empregados
em qualquer atividade privada, nã o excederá de 8 (oito) horas diá rias, desde que nã o seja
fixado expressamente outro limite".
Diante da leitura dos artigos supramencionados, conclui-se que toda vez que o empregado
prestar serviços apó s esgotar-se a jornada normal de trabalho haverá trabalho
extraordiná rio sem este compreendendo no período noturno, deverá ser remunerado com
o adicional de, no mínimo, 50% superior ao da hora normal.
Assim, destaca-se que o Reclamante trabalhava cerca de 24,30h semanais normais além de
sua jornada, ou seja, a cada semana de serviços prestados para a Reclamada, excluindo-se o
intervalo de intrajornada, a Reclamante prestava o total de 24,30h extraordiná rias.
Contudo, mesmo o Requerente tendo realizado 24,30h extraordiná rias semanais no
período de 18.07.2018 – até o acidente, perfazendo mensalmente o montante de 98h
mensais, se totalizando durante todo o período de 588h, que, considerando o valor da hora
+ 50% de acordo com o piso da categoria (R$ 9,96), está consubstanciado no valor total a
título de hora extra de R$ 5.856,48 (cinco mil, oitocentos e cinquenta e seis reais e quarenta
e oito centavos)
Ora Excelência, destaca-se que o Reclamante era submetido a horas de trabalhos quase
ininterruptas, pois quando era para estar usufruindo de seu descanso, continuava sua
atividade laborativa para que, no recebimento de seu salá rio, recebesse o pagamento de
todas as horas extraordiná rias realizadas, percebendo assim, o montante de somente R$
55,00 (cinquenta e cinco reais) por dia laborado, o que, no mês, se totalizam no montante
de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais).
Portanto, considerando os valores a título de recebimento de hora extraordiná ria e bem
como o montante percebido, o Reclamante faz jus a diferença de R$ 576,48 (quinhentos e
setenta e seis reais e quarenta e oito centavos), protestando desde já pela condenaçã o da
Reclamada ao pagamento de tal verba e bem como esta sofra os devidos reflexos nos
demais pleitos aqui requeridos.
XV – DA CARACTERIZAÇÃO DA RESCISÃO INDIRETA:
O Reclamante mira a sua pretensã o com base no que se prevê a Consolidaçã o das Leis do
Trabalho em seu artigo 483, in verbis: “O empregado poderá considerar rescindido o
contrato e pleitear a devida indenização quando: d) não cumprir o empregador as obrigações
do contrato”.
No caso Excelência, estã o presentes diversas circunstancias que se enquadram
perfeitamente na alínea acima mencionado, primeiramente, pelo acidente de trabalho
propriamente dito o que diga-se totalmente ocasionado por uma falha da Reclamada que
nã o realizada a devida manutençã o de seus equipamentos, nã o fornece EPI’s de forma
adequada, além de nã o realizar o pagamento do piso salarial devido da categoria e muito
menos o pagamento dos adicionais devidos, qual seja insalubridade e periculosidade.
Como já narrado, inconteste é a impossibilidade de manutençã o do contrato de trabalho,
haja vista inclusive o Reclamante se encontra totalmente invá lido para continuar
exercendo suas atividades, o que, inclusive, está sendo objeto de aposentadoria por
invalidez perante a Autarquia INSS.
Dessa forma Excelência, conforme se demonstra, faz se necessá rio a proteçã o do Obreiro
que nã o possui mais condiçõ es de prestar qualquer atividade laborativa, quem dirá , atos
bá sicos da vida cotidiana, devendo portanto, ser declarado desde já , a rescisã o contratual
entre as partes, devendo a Reclamada adimplir com o pagamento de todas as verbas aqui
pleiteadas.
XVI – DAS VERBAS RESCISÓRIAS:
Quanto as verbas rescisó rias, imperioso destacar que como a Reclamada nã o realizou a
anotaçã o na CTPS do Reclamante no período de 18.07.2018 – 03.09.2018, tendo assinado
sua CTPS somente em ato posterior, e levando-se em consideraçã o a rescisã o indireta por
culpa Patronal, temos que o Obreiro faz jus as seguintes verbas de acordo com o piso de sua
categoria:
Período 18.07.2018 – 10.10.2019 (acidente de trabalho)
1. Férias Proporcionais 6/12 avos no valor de R$ 609,15 (seiscentos e nove reais e
quinze centavos) – artigo 130 CLT
1. 1/3 constitucional no valor de R$ 203,05 (duzentos e três reais e cinco centavos)
1. 13º Salá rio Proporcional no valor de R$ 609,15 (seiscentos e nove reais e quinze
centavos);- artigo 452 – A § 6º CLT
1. FGTS mais multa de 40% sobre o saldo (tó pico específico);
1. Recolhimento de INSS (tó pico específico).
1. Aviso Prévio Indenizado no valor de R$ 1.218,30 – artigo 484- A CLT
Assim, considerando as tabelas acima com os valores descriminados a título das
verbas rescisórias antes o vínculo empregatício entre as partes, temos que as
referidas verbas se totalizam no valor de R$ 2.633,65 (dois mil, seiscentos e trinta e
três reais e sessenta e cinco centavos) o que desde já se requer., isso sem mencionar
as verbas previdenciárias e sociais a qual estão sendo abordadas em tópicos
específicos.
Desta forma, considerando que as verbas rescisórias em questão são incontroversas,
requer desde já que tais verbas deverão ser pagas em primeira audiência,
considerando ainda o reflexo da diferença salarial incidente sobre estas, adicional de
insalubridade, periculosidade e horas extras.
Sucessivamente, considerando o inadimplemento dessas verbas em sede de
audiência, requer a incidência da multa prevista no art. 467 da CLT, que assim
dispõe:
“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o
montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de
pagá-las acrescidas de cinquenta por cento. ”
XVII – DOS REFLEXOS E PROJEÇÕES:
Sobre todo o direito reclamado nesta açã o, devem as referidas verbas devem repercutir /
serem projetadas sobre Aviso Prévio, Férias, 13º Salá rio, hora extra, adicionais, (artigos
487, § 3º; 142 § 5º e 6º da CLT e artigo 2º do Decreto nº 57.155/65 respectivamente),
Contribuiçõ es Previdenciá rias, e por fim sobre o FGTS (OJ 195, da SDI -1/TST).
XVIII – DO FGTS E MULTA:
Conforme destacado anteriormente, antes da CTPS do Reclamante ser assinada, este
laborou cerca de 03 meses sem o devido recolhimento de suas verbas, o que, considerando
o salá rio de acordo com o piso de sua categoria (tó pico específico), a Reclamada deveria ter
recolhido o valor de R$ 97,46 (noventa e sete reais e quarenta e seis centavos) por cada
mês, o que, se totalizam em R$ 292,29 (duzentos e noventa e dois reais e vinte nove
centavos), isso sem mencionar os valores que devem repercutir quanto as horas extras e
bem como adicional de insalubridade e periculosidade.
Nesse sentido, mediante a rescisã o do contrato de trabalho por culpa patronal, bem como
reflexos e projeçõ es das verbas discriminadas em tó picos específicos, protesta pela
condenaçã o da Reclamada ao pagamento dos recolhimentos à título de FGTS de todo o
período em que o Obreiro prestou serviços sem devida assinatura de sua CTPS e bem como
as diferenças dos valores recolhidos por meio das verbas aqui pleiteada bem como a multa
de 40% sobre o saldo FTGS.
XIX – DO INSS:
Conforme destacado anteriormente, antes da CTPS do Reclamante ser assinada, este
laborou cerca de 03 meses sem o devido recolhimento de suas verbas previdenciá rias no
importe de 8% do seu salá rio, o que, considerando o salá rio de acordo com o piso de sua
categoria (tó pico específico), a Reclamada deveria ter recolhido o valor de R$ 97,46
(noventa e sete reais e quarenta e seis centavos) por cada mês, o que, se totalizam em R$
292,29 (duzentos e noventa e dois reais e vinte nove centavos), isso sem mencionar os
valores que devem repercutir quanto as horas extras e bem como adicional de
insalubridade e periculosidade.
Nesse sentido, mediante a rescisã o do contrato de trabalho por culpa patronal, bem como
reflexos e projeçõ es das verbas discriminadas em tó picos específicos, protesta pela
condenaçã o da Reclamada ao pagamento dos recolhimentos à título de INSS de todo o
período em que o Obreiro prestou serviços sem devida assinatura de sua CTPS e bem como
as diferenças dos valores recolhidos por meio das verbas aqui pleiteada.
XX – DA MULTA POR NÃO ASSINATURA DA CTPS:
Conforme anteriormente mencionado, o Reclamante prestou serviços para a Reclamada no
período de 18.07.2018 03.09.2018 , nunca tendo o vínculo reconhecido, ficando cerca de 3
meses sem qualquer assinatura em sua Carteira de Trabalho.
Desta forma, elenca o artigo 29 da CLT sobre a obrigatoriedade da anotaçã o sujeita a multa
de 1 (um) salá rio mínimo regional, de acordo com o artigo 54 da CLT.
Assim, considerando a infringência da Reclamada ao artigo 29 da CLT, requer desde já que
a mesma seja condenada ao pagamento do valor de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito
reais) a título de multa de acordo com o artigo 54 da CLT ante o período de 3 meses em que
o Reclamante prestou serviços para a Reclamada sem ter o seu vínculo empregatício
reconhecido em sua CTPS e, consequentemente, que o vínculo seja anotado nas seguintes
datas: 18.07.2018 – 03.09.2018.
XXI – DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS:
Diante da necessidade de ingresso judicial para recebimento das verbas acima pleiteadas, e
considerando as disposiçõ es dos artigos 133 da Constituiçã o Federal, artigos 85 e seguintes
do Có digo de Processo Civil e bem como Art. 791-A da CLT, requer seja acrescido na
condenaçã o da Reclamada, Honorá rios de Sucumbência em percentual de 15 % (quinze por
cento) sobre todo o valor atualizado devido na presente reclamaçã o trabalhista.
“Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus
atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. (Constituição Federal/88)”
“Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. ”
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
XXII – DOS PEDIDOS:
Por todo o exposto e infortú nio aqui demonstrado e fundamentado, requer que:
1. Seja deferida a assistência judiciá ria gratuita ao Reclamante;
2. Seja a Reclamada notificada para comparecer à audiência de conciliaçã o e instruçã o,
para, querendo, apresentar sua defesa, sob pena de revelia e confissã o;
3. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenizaçã o por
danos morais decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais) de acordo com o tó pico IV;
4. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenizaçã o por
dano ricochete decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais) de acordo com o tó pico V;
5. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenizaçã o por
dano psicoló gico decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 300.000,00
(trezentos mil reais) de acordo como tó pico VI;
6. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenizaçã o por
dano estético decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 1.000.000,00 (um
milhã o de reais) de acordo como tó pico VII;
7. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenizaçã o por
dano material por pensã o vitalícia decorrente de acidente de trabalho no valor de R$
292.392,00 (duzentos e noventa e dois mil e trezentos e noventa e dois reais de acordo
como tó pico VIII – alínea a;
8. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenizaçã o por
dano material decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 350.000,00
(trezentos e cinquenta mil reais) de acordo como tó pico VIII – alínea b para que todo o
tratamento do Obreiro bem como pró teses sejam custeadas;
9. Seja a reconhecido o vínculo empregatício entre as partes no período de 18.07.2018 –
03.09.2018 conforme tó pico IX, na funçã o de operador de má quinas;
10. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento das diferenças salariais no
importe de R$ 829.80 (oitocentos e vinte e nove reais e oitenta centavos) de acordo
com o tó pico X;
11. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento do adicional de periculosidade de
todo o período no valor de R$ 2.192,94 (dois mil, cento e noventa e dois reais e
noventa e quatro centavos) de acordo com o tó pico XI;
12. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento do adicional de insalubridade de
todo o período na diferença de R$ 463,91 (quatrocentos e sessenta e três reais e
noventa e um centavos) de acordo com o tó pico XII;
13. Seja reconhecida a possibilidade de cumulaçã o dos adicionais de insalubridade e
periculosidade derivado a sua natureza distinta e aplicabilidade prevista de acordo
com o entendimento do TST conforme destacado no tó pico XIII;
14. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento das horas extras no valor de R$
576,48 (quinhentos e setenta e seis reais e quarenta e oito centavos) de acordo com o
tó pico XIV;
15. Seja reconhecida a rescisã o indireta do contrato de trabalho por culpa patronal,
conforme destacado no tó pico XV;
16. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento das verbas rescisó rias no
montante de R$ 2.633,65 (dois mil, seiscentos e trinta e três reais e sessenta e cinco
centavos) conforme tó pico XVI;
17. Seja aplicado em todas as verbas os reflexos e projeçõ es conforme aduzido no tó pico
XVII;
18. Seja a Empresa Reclamada condenada a realizar o pagamento das verbas a título de
FGTS e MULTA bem como INSS conforme especificado nos tó picos XVIII e XIX;
19. Seja a Empresa Reclamada condenada a realizar o pagamento da multa por nã o
assinatura da CTPS no valor de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais)
conforme aduzido no tó pico XX;
20. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento doas custas processuais e
honorá rios advocatícios no importe de 15% sobre o valor da causa, qual seja R$
390.013,0 (trezentos e noventa mil e treze reais);
21. Que todas as verbas aqui pleiteadas sofram juros e correçã o monetá ria na forma da lei,
a serem apuradas especificamente em sede de liquidaçã o de sentença.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito,
especialmente pelo depoimento pessoal de representante legal das Reclamadas, oitiva de
testemunhas, sem prejuízo de outras eventualmente cabíveis.
Dá se a causa o valor de R$ 2.990.099,78 (dois milhõ es, novecentos e noventa mil, noventa
e nove reais e setenta e oito centavos).
Nestes termos, pede deferimento.
Itaperuna RJ, 18 de fevereiro de 2019.
DRA VICTÓRIA R. COSTA DE ALMEIDA
OAB/RJ 220.653
ROL DE TESTEMUNHA

Você também pode gostar