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Tributario Relatorio
Tributario Relatorio
Relatório
Por sua vez, o Ministro Peluso entendeu haver trechos na lei completamente
compatíveis com a Constituição de 1988; porém, para ele não há praticidade em manter
alguns dispositivos, pois não haveria organicidade, e isso poderia causar confusão na sua
aplicabilidade. Quanto à necessidade de regulamentação infraconstitucional da liberdade
de imprensa, Peluso ressaltou ser plenamente possível a edição de uma nova lei. “Além de
a Constituição não prever, nem sequer em relação à vida, caráter absoluto a direito algum,
evidentemente não poderia conceber a liberdade de imprensa com essa largueza absoluta
e essa invulnerabilidade unímoda” (ADPF no 130, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em
30/4/2009, Plenário, DJE de 6/11/2009). Na abordagem do Ministro Ricardo Lewandowski,
a antiga Lei de Imprensa não tem aplicabilidade e não é necessária, pois o ordenamento
jurídico já comporta legislação suficiente para regular a liberdade de expressão. Segundo
Lewandowski, os direitos fundamentais têm aplicabilidade imediata, o que dispensa norma
infraconstitucional, cabendo ao Judiciário ponderar no caso de colisão de direitos.
O extraordinário, julgado exclusivamente pelo STF, julga se decisões de tribunais
estaduais ou federais que contrariam a CRFB e pode declarar a inconstitucionalidade de
norma estadual ou federal.
Apesar de serem julgados por órgãos distintos, é preciso observar que, se o recurso
extraordinário prejudicar o recurso especial, o relator suspenderá o julgamento deste último,
e, em seguida, enviará os autos ao STF para o julgamento do primeiro.Caso haja
entendimento diferente do relator, o STF devolverá os autos do processo ao STJ, visando
ao julgamento, cuja decisão deverá ser acatada pelo relator.
Dessa forma, ambos recursos têm fundamentação restrita, inerente apenas à ofensa
à matéria constitucional ou à legislação federal.
Os requisitos diferenciados de admissibilidade do recurso especial e extraordinário
são um reflexo da preocupação dos legisladores em evitar o uso incorreto deles. Tais
recursos precisam ser utilizados de forma excepcional, pois seu uso indiscriminado poderia
sobrecarregar os Tribunais Superiores.
A possibilidade de deliberação sobre o controle da divulgação de informações pelo
titular dos dados é o cerne do instituto, sobretudo se os fatos em questão trouxerem
profundo desgosto ou puderem interferir negativamente no convívio ou na reintegração
social do indivíduo. O direito ao esquecimento versa seu amparo, portanto, sobre fatos
adormecidos na lembrança pública, que não têm qualquer tipo de relevância social, dizendo
respeito tão somente à memória individual do sujeito. Não estende jamais sua proteção
sobre fatos históricos que importam à coletividade, como sugerem alguns especialistas.
Em que pese o exposto, o Recurso Extraordinário nº 1.010.606, julgado pelo
Supremo Tribunal Federal do Brasil em fevereiro de 2021, com efeito de repercussão geral,
não recepcionou o direito ao esquecimento no ordenamento jurídico brasileiro. Apesar disso,
o presente trabalho insta demonstrar a importância do instituto, que é reconhecido
internacionalmente, e analisar por quais razões o Supremo Tribunal Federal brasileiro
entendeu pela incompatibilidade do instituto com o texto constitucional vigente no país.
Quanto a tributação da indenização dos requerentes do caso Aída Curi, é pacífico o
entendimento de que não incide imposto de renda sobre a indenização recebida a título de
danos morais (Súmula nº 498 do STJ).
Conforme já dito, a liberdade de expressão, como os demais direitos fundamentais,
pode sofrer restrições coerentes com sua amplitude constitucional, derivadas da colisão
com outros direitos também reconhecidos como essenciais. As restrições também podem
decorrer de regulação, para viabilizar o exercício dos diferentes direitos fundamentais.
Contudo, destaca-se: tais restrições – decorrentes da ponderação ou da regulação – são
exceções à regra da garantia à liberdade de expressão. Se, por um lado, é importante
superar o equívoco da interpretação da liberdade de imprensa e de expressão como
espécies de “sobredireitos”, por outro, é imprescindível que o legislador e o magistrado
acatem a premissa de que toda limitação de direito fundamental apresenta caráter
excepcional. A plenitude da efetivação é a regra, a limitação é sempre excepcional. Uma
liberdade fundamental só pode ser limitada na medida em que sua restrição signifique a
efetivação de outros direitos ou princípios constitucionais.
Os condicionamentos ao exercício devem ser elaborados mediante uma análise
rigorosa de seus impactos limitativos, às vezes não vislumbrados expressamente, e que
podem atingir o conteúdo básico do direito fundamental, tornando-se, assim, espécie de
censura. Em outras palavras, tais condicionamentos devem manter uma posição de
neutralidade quanto ao conteúdo dos discursos comunicativos, visto que limitações ao
conteúdo da liberdade de expressão podem acarretar aos destinatários a privação do
conhecimento de ideias diversas e também impedi-los de construir livremente sua própria
opinião e as razões que a fundamentam.