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REPRESENTAÇÃO DE FIGURAS PLANAS

1. Introdução
A Geometria Descritiva é uma disciplina que necessita de muita análise e domínio no processo de
ensino e aprendizagem.
No presente texto, será feita uma abordagem do tema sobre “Projecções de figuras planas”, que é
uma das componentes da Geometria Descritiva.

Para o estudo das projecções de figuras planas é necessário conhecer as posições da recta e do plano
no espaço. Como é do nosso conhecimento a recta pode ser obtida pelo cruzamento de dois planos e
no espaço pode apresentar-se tomando as seguintes posições:
 Recta de nível; Recta de frente; Recta de topo; Recta vertical; Recta de perfil; Recta de fronto -
horizontal; Recta obliqua e passante.

De igual modo os planos no espaço, tem as seguintes designações:


 Plano de nível; Plano de frente; Plano de topo; Plano vertical; Plano de perfil; Plano de rampa;
Plano oblíquo e plano passante.

Em consideração com as posições de rectas e planos acima descritas, as figuras planas são
classificadas segundo o plano em que estão contidas, podendo deste modo ser designadas como:
 Figuras de nível; Figuras de frente; Figuras de topo; Figuras verticais; Figuras de perfil; Figuras
de rampa e Figuras obliquam.
Com base nas características que as figuras planas apresentam, podem ser classificadas em:
 Polígonos e Circunferências.
2. Objectivos:
a) Geral:
 Analisar formas de Representação das Figuras Planas;
b) Específicos:
 Demonstrar as formas de projecção de figuras planas;
 Identificar as posições duma figura no espaço;
 Diferenciar as diversas formas geométricas;
 Identificar os problemas e as possíveis soluções sobre o estudo de projecção de figuras planas.
3. Generalidades
Em geral considera-se uma figura plana , a região do plano, limitada por uma linha fechada, que pode
ser quebrada (a), curva (b) ou mista (c). ver fig.1

Fig.1: Formas de figuras planas

As figures planas limitadas por linhas quebradas fechadas designam-se por polígonos. Estes são
classificados em função do número de lados – triângulos (três lados), quadriláteros (quatro lados),
pentágonos (cinco lados), hexágonos (seis lados), heptágonos (sete lados), etc. Um polígono tem um
número de ângulos igual ao número de lados que apresenta – o triângulo tem três ângulos, de onde
deriva o seu nome.
Lado – é o segmento de recta que tem, por extremos, dois vértices consecutivos do polígono.
Diagonal – é o segmento de recta que tem por extremos, dois vértices não consecutivos do polígono.
Fig.2.

Fig.2: Elementos do polígono


Os polígonos podem ser regulares (a) ou irregulares (b). Fig.3
 Os polígonos regulares são aqueles que têm lados iguais e ângulos iguais.
 Os polígonos irregulares são aqueles que têm os lados, ou os ângulos, ou os lados e os
ângulos desiguais.

Fig. 3: Tipos de polígonos

Dentro das figures planas há, ainda, a destacar o círculo, que é uma figura plana não poligonal. O
círculo é a superfície plana limitada pela circunferência. A circunferência é uma linha curva plana,
cujos pontos estão equidistantes de um dado ponto do interior, chamado centro. Ver fig.4.

Fig. 4: a) Circulo e b) circunferência

Quando um polígono tem todos seus vértices sobre a circunferência, diz-se que o polígono está
inscrito na circunferência. Neste caso, diz se, também, que a circunferência está circunscrita ao
polígono.

Nota: As projecções de figuras planas obtêm-se determinando as projecções das linhas de contorno e
dos vértices ou dos pontos notáveis. As figuras planas podem estar, no espaço ou assente em qualquer
dos planos de projecção.
4. Condições a observar para a representação de figuras planas:
 Conhecimento do nome da figura;
 Plano onde está assente;
 Medidas de alguns dos seus lados ou do raio da circunferência circunscrita ao polígono ou
coordenadas dos seus vértices;
 Posição da figura em relação aos planos de projecção.

5. Projecção de figuras planas assentes em planos horizontais (de nível) ou frontais (de frente)

Segundo José Rita (1999) podemos afirmar que se uma figura plana pertence a um plano paralelo (ou
coincidente) a um dos planos de projecção, a sua projecção no plano a que é paralela está em
verdadeira grandeza, enquanto que a sua projecção no segundo plano de projecção se reduz a um
segmento de recta.

5.1. Figuras existente em planos de nível ou figuras de nível


Neste plano a figura é paralela ao plano horizontal de projecção, consequentemente projecta-se nesse
plano em verdadeira grandeza, e no plano vertical de projecção projecta-se em forma de um segmento
de recta, pois a figura encontra-se perpendicular ao mesmo plano. Ex. Na fig.5

Fig. 5. Representação de um quadrado de nível


5.2. Figuras existentes em planos de frente ou figurais de frente

Neste plano a figura é perpendicular ao plano horizontal de projecção, sua projecção horizontal é
um segmento de recta paralelo ao plano frontal de projecção, deste modo a sua projecção vertical
estará em verdadeira grandeza. Ver fig.6

Fig. 6: Projecções de um quadrado de Frente

6. Projecção de figuras planas assentes em planos projectantes, não paralelos aos planos de
projecção
Como se observou no estudo anterior, uma figura projecta se em verdadeira grandeza no plano de
projecção ao qual é paralela. Nas situações em que o plano que contém a figura não é paralela a
nenhum, dos planos de projecção, ou seja em planos de topo ou verticais, as suas projecções não
estão em verdadeira grandeza, não podendo ser desenhadas imediatamente, pelo que, para
determinar as suas projecções, tem de recorrer a métodos Geométricos auxiliares (ex. rebatimento).

Fig. 7: Exemplo de rebatimento do hexágono de topo

Contudo, como nos planos de topo as projecções horizontais de segmentos contidos nas suas rectas de
topo e as projecções verticais (sobre o traço) dos segmentos contidos em rectas de frente estão em
verdadeira grandeza, os polígonos cujos lados estejam nesta situação dispensam o uso de rebatimento
como processo auxiliar, embora as suas projecções não estejam em verdadeira grandeza.

Assim acontece também em relação ao plano vertical onde estão em verdadeira grandeza as
projecções verticais e as projecções horizontais (sobre o traço) dos contidos em rectas de nível, sendo
dispensado o rebatimento ao polígono com os lados nestas situações.

Para a representação de polígonos cujos lados não estejam nas situações anteriores, referentes aos
planos projectantes vertical e horizontal, necessitamos de recorrer a processos geométricos auxiliares,
fazendo a inversão do rebatimento – contra-rebatimento – que consiste numa rotação em sentido
inverso da que foi executada para o rebatimento dos planos projectantes. Ver fig. 7.

Representação de uma circunferência assente num plano vertical

Se a circunferência está em planos projectantes, consequentemente uma das projecções se resume a


um segmento de recta igual ao diâmetro e coincide com o traço vertical ou horizontal do respectivo
plano.

No plano em que lhe é oblíquo, a sua projecção é uma elipse, cujo eixo maior é perpendicular a linha
de terra e igual ao diâmetro da circunferência, visto tratar-se de uma recta projectante que passa pelo
centro da figura. Ver na fig. 8

Fig. 8: Projecções duma circunferência vertical


6.1. Figuras existentes em planos verticais ou figuras verticais

Neste plano a projecção horizontal é um segmento de recta que se confunde com o traço horizontal do
plano, pelo facto de serem coincidentes. A projecção vertical é uma figura deformada de área inferior
a figura real, necessitando de um rebatimento para obter-se a verdadeira grandeza. Figs. 9 e 10

Fig.9: Projecções de figuras assentes em planos verticais

6.2. Figuras existentes em planos de topo ou figuras de topo


Segundo Marcelo de Sousa (1996) no plano de topo a figura tem como projecção horizontal uma
figura mais estreita, de área menor, e como projecção vertical um segmento de recta que coincide com
o traço vertical do plano. Ver a fig. 10, abaixo:

Fig.10: Projecções de um rectângulo assente num plano de topo


7. Projecção de figuras assentes em planos de perfil

No plano de perfil, a projecção horizontal é o segmento de recta que se confunde com o traço
horizontal do plano, e a projecção vertical é o segmento de recta que se confunde com o traço vertical
do plano.

Na projecção de figuras planas assentes em planos de perfil, pode se rebater o plano utilizando como
charneira o seu traço vertical ou horizontal, e fazer a rotação para a esquerda ou para a direita.

Deste modo quando o plano roda sobre o seu traço horizontal, todos seus pontos descrevem arcos de
frente de raio igual às cotas. Tais arcos de frente projectam-se verticalmente em verdadeira grandeza,
enquanto as suas projecções horizontais são segmentos perpendiculares à charneira, definindo assim
os pontos de rebatimento. Ver a fig. 11.

Fig.11: Projecções de um triângulo de perfil

OBS.: As projecções dos pontos nas figuras exemplificativas estao sinalizadas com uma plica (‘) ou
duas plicas (“), equivalem a projecção Horizonta (1) e frontal (2) dos pontos. Ex. A’=A1 e A”=A2

FIM

Bibliografia
 CARDOSO, Armando, Projecções Ortogonais Livro II dos Sólidos Geométricos, Edições
Lopes da Silva, 1944;

 DE SOUSA, Marcelo Moreira, Desenho e Geometria descritiva – A 10oano, Plátano Editora,


Lisboa, 1996;

 GOMES, Maria Berta, Geometria Descritiva – (exercícios para o 1oAno do curso


Complementar), 4a edição, Porto Editora, Porto, 1973;

 RITA, José Fernando de Santa, desenho e Geometria Descritiva – A, 10o Ano, Texto Editora,
Lisboa, 1999;

 SANT’ANA, Stella, GOMES, Berta, Desenho e Geometria Descritiva 11o ano de escolaridade
(Exercícios), Porto Editora, Porto, Sd;

 SOARES, Óscar Soeiro, CARVALHO, Luís Filipe, Desenho e Geometria descritiva – A


10oano, Texto Editora, Lisboa, 1996;

 TRINDADE, Maria Júlia, CRISTINA, Carrilho da Graça, Desenho e Geometria Descritiva – A,


11o Ano Ensino Secundário) – Teoria e Exercícios, Lisboa Editora, Lisboa.
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

1. Trabalho prático

1. Escolher 8 exercícios distintos a partir das questões apresentadas nos anexos 1 e 2. Resolva os
exercícios escolhidos em formatos A3, com esquadria e legenda de desenho devidamente executadas
na posição horizontal.

2. Faça a dobragem dos formatos em conformidade com as normas de Desenho Técnico.

3. A entrega dos trabalhos far-se-á na escola, 2a semana do inicio de aulas.


ANEXO 1: EXERCÍCIO
1. Construa as projecções dum hexágono regular existente num plano de nível de cota 3 cm; o centro do polígono é o
ponto (4; 3). Os lados do mesmo medem 3 cm e dois dos lados são de topo.

2. Determine as projecções de um quadrado [ABCD] existente num plano de nível de 4 cm de cota. Os vértices, A e C
tem 2 e 7 cm de afastamento respectivamente; sabendo que o segmento [AC] é uma das diagonais do quadrado e que é um
segmento de topo.

3. Desenhe as projecções de um pentágono regular existente num plano de frente com 3 cm de afastamento, sabendo
que ele não possui nenhuma face paralela ou perpendicular a LT. O raio da circunferência é de 4 cm e o seu centro tem
cota 5 cm.

4. Desenhe as projecções de uma circunferência assente em φ o, sabendo que o seu centro possui 5 cm de cota e o seu
raio mede 3 cm.

5. São dados os pontos A (1; 3; 1) e B (-2; 1; 4). A e B são dois vértices de um triângulo equilátero contido num plano
de topo. Desenhe as projecções do mesmo recorrendo ao processo de mudança de plano.

6. Um losango de diagonais maior e menor respectivamente iguais a 8 cm e 6 cm existe num plano de topo que faz um
ângulo diedro de 45o com o plano horizontal de projecção. Determine as suas projecções sabendo que a diagonal maior é
de topo, e que um dos seus lados tem um dos extremos em νo e outro em φo.

7. Desenhe as projecções de um octógono estrelado, com um vértice de cota nula, que se situa num plano de topo que
faz um diedro de 45o com υo abertura á direita.
 O raio da circunferência circunscrita ao polígono é de 4 cm e a cota do centro é de 3 cm.
Nota: usa o processo de mudança de plano.

8. Desenhe as projecções de um pentágono estrelado assente num plano vertical que faz um ângulo diedro de 55 o à
direita.
Dados:
 O centro é o ponto O (3; 4,5);
 A diagonal faz um ângulo de 45o à direita com a LT;
 O ponto A é o mais à esquerda.

9. Desenhar as projecções de uma circunferência assente num plano projectante horizontal que faz um ângulo de 45 o
com o plano vertical de projecção abertura á esquerda. O centro tem 3,5 de afastamento e 5 de cota.

10. Desenhe as projecções de um triângulo [ABC] equilátero assente num plano de perfil sabendo que os pontos A e B
pertencem ao plano vertical de projecção e plano horizontal de projecção respectivamente. A (0; 2), o lado mede 5cm.

11. Desenhe as projecções de rectângulo de perfil [ABCD] sabendo que: o ponto A existe no plano horizontal de
projecção e tem 6 cm de afastamento. O ponto C é de maior cota e a diagonal AC tem uma inclinação de 70º com o plano
horizontal de projecção e mede 6 cm de comprimento. As diagonais fazem entre elas ângulos verticalmente opostos iguais
a 60º.

12. Desenhe as projecções dum pentágono regular de perfil [ABCDE] sendo o centro o ponto O (6; 5). Uma das arestas
da base do pentágono é de topo e o raio que está circunscrita a base é de 4cm.
20. Desenhe as projecções de uma circunferência assente num plano de perfil sabendo que o centro da base O é um
ponto do plano bissector ímpar e tem 5 cm de cota. Um dos pontos pertencentes a essa circunferência é o ponto A (5; 1,5)

ANEXO 2: EXERCÍCIO

1. Um losango de diagonais respectivamente iguais a 5 e 3 existentes num plano de nível de cota igual a 2 cm,
determine as projecções do mesmo sabendo que a diagonal maior é de topo e que possui um dos ses extremos na LT.
2. Uma circunferência de 3 cm de raio existente num plano de nível de 4 cm de cota construa as suas projecções
sabendo que o seu centro é um ponto do ß1/3.

3. Desenhe as projecções de um quadrado [ABCD] contido num plano de nível de cota igual a 4 cm, que tem dois
lados igualmente inclinados em relação a LT e medem 6 cm.

4. Um losango de diagonais respectivamente iguais a 5 e 3 cm existe num plano de nível de cota igual a 2 cm,
determine as projecções do mesmo sabendo que a diagonal maior é de topo e que possui um dos seus extremos na LT.

5. Construa as projecções de hexágono regular existente num plano de frente de afastamento igual a 3 cm sabendo que:
 O lado do hexágono mede 3 cm e a cota dum dos vértices do hexágono mede 2 cm e dois dos lados do mesmo são
verticais.

6. Construa as projecções de um hexágono regular existente num plano de frente de afastamento igual a 3 cm sabendo
que:
 O lado do hexágono mede 3 cm e a cota dum dos seus vértices mede 2 cm e dois dos seus lados são verticais.

7. Represente pelas suas projecções um quadrado [ABCD] existente num plano de frente de afastamento igual a 2 cm,
as suas diagonais tem como centro um ponto de 4,5 cm de cota, medindo 6 cm e uma delas é vertical.

8. Desenhe as projecções de uma circunferência assente num plano de topo que faz com υ o um ângulo de 60o de
abertura à esquerda.
O centro é o ponto O (4; 5) e o raio mede 3 cm.

9. Desenhe as projecções de um pentágono regular assente num plano de topo que faz um ângulo de 50 o com νo à
direita.
 O centro do polígono é o seu vértice A de maior cota e tem 5 cm de afastamento;
 A circunferência circunscrita ao pentágono tem um ponto de cota nula e o seu raio é de 4 cm.

10. Desenhe as projecções de um hexágono regular existente num plano de topo que faz 30 o com υo de abertura á direita.
Sabendo que:
 O centro é o ponto O (5; 2;5) e o vértice de maior afastamento é o ponto F (8: 2,5).
 Desenhe as projecções de um triângulo regular cujos seus vértices A (0;2) e B (5;1) existem num plano projectante
horizontal que faz 45o com φo de abertura á esquerda.
Desenhe as projecções de um triângulo (ABC) rectângulo.
Nota: usar o processo de mudança de plano.

11. em A sabendo que A existe na LT, o B (6;0). A hipotenusa do triângulo faz com o cateto AB um ângulo de 45º.

12. Recorrendo ao processo de mudança de plano, desenhe as projecções de um pentágono existente num plano vertical
cujo traço horizontal faz um diedro de 45o à direita. O centro é o ponto O (4; 3,5) e o raio da circunferência circunscrita
mede 3 cm.

13. Os pontos A (2; 2; 1) e B (-2; 2; 2) são dois vértices de um triângulo equilátero [ABC], situado no I quadrante e
contido num plano frontal. Desenhe as projecções do triângulo.

14. Desenhe as projecções de um quadrado [ABCD], contido num plano horizontal, sendo dados:
 Q (0; 4; 3) o centro da circunferência circunscrita ao quadrado;
 A (1; 1; 3) é um dos vértices do quadrado.

15. Represente pelas suas projecções um triângulo equilátero existente num plano projectante horizontal que faz um
ângulo diedro de 60o com o plano vertical de projecção. Um dos lados do triângulo é vertical e tem de afastamento 1 cm.
Os extremos, A e B, desse lado têm de cota, respectivamente 1 cm e 6cm.
16. Represente pelos seus traços um quadrado assente num plano de rampa, cujos traço vertical e horizontal medem
respectivamente 4 cm e 8 cm. Os lados fazem ângulos de 45 o com os traços do plano e um dos pontos tem abcissa nula. O
raio mede 2 cm.

17. Desenhe as projecções de um heptágono regular existente num plano de perfil sabendo que:
 O centro é o ponto O (3,5; 6);
 O raio da circunferência é de 3 cm.

18. Desenhe as projecções de um heptágono regular existente num plano de perfil sabendo que:
 O centro é o ponto O (3,5; 6);
 O raio da circunferência é de 3 cm.

FIM

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